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José Maurício Conti DEDALUS - Acervo - FD 20400018607 Federalismo Fiscal e Fundos de Participação EG OU m P .G I T O I ■.t' ï :'7 .‘■TGITiT'RO 200-1 r e d i to r a f - j .Juarez de Oliveira 20400018607 1. NOÇÕES FUNDAMENTAIS 1.1. Introdução O objetivo desta tese & analisar os fundos de participação, figuras de fundamental im portância no contexto do federalismo fiscal brasileiro como instrumentos de manutenção do equilíbrio federativo, c as diversas questões a eles relacionadas. De início, far-se-á um a introdução com um a prévia visão acerca da atividade financeira do Estado, a fim de que se justifique a necessidade de sua existência, bem com o os desdobram entos que ela provoca. Ver-se-á mue o Estado tem de realizar um a atividade financeira para que possa atender [às necessidadeipúb licas, e a partir daí surgem as diversas form as de orga nização do Estado, despontando com o a principal delas o Estado Federal. f A manutenção desta forma de organização do Estado exige uma distri- /buição de com petências e de recursos que mais adequadam ente atendam [os objetivos a serem alcançados, qual seja, a satisfação das necessidades públicas com a melhor relação custo-benefício, de modo que os recursos públicos sejam bem aproveitados. Passa-sc então ao estudo deste tópico, o chamado federalismo fiscal, contexto dentro do qual se inserem as transferências im ergovernam entais, sendo os fundos de participação, no ordenam ento jurídico nacional, a prin cipal form a pela qual estas transferências sc materializam. A p a r tir da í e s tu d a r-se -ão os fundos de p a rtic ip ação e as d iv e r sas q u estõ es a eles relacionadas. 1,2.0 Estado e a atividade financeira y A evolução histórica da vlrin-cm snriedarlc. que provoca o surgimento de diversas formas de organização das pessoas, leva à criação do Estado, entidade destinada a gerir a vida desta sociedade e atender as necessidades Silvia Pereira termo interessante a ser usado Silvia Pereira Necessidade da formulação de Estado E d i t o r a J u a r e z d e O l i v e i r a públicas, prom ovendo o bem comum. O Estado passa, desta forma, a orga nizar e, conseqüentem ente, interferir na vida de cada uma das pessoas. A intervenção do Estado na vida social sempre se mostrou necessá ria, havendo várias teorias que divergem quanto à sua extensão, forma e intensidade. Existem teorias que defendem uma participação mínima, preva lecendo as atividades de iniciativa privada, e outras propondo um Estado com predom ínio das atividades públicas, sugerindo um estado mais inter vencionista. Independentem ente da teoria que se queira adotar, o fato é que, em todas elas, bem com o na realidade da conform ação dos Estados modernos f existentes, há uma significativa intervenção do Estado nas atividades sociais [_ e económicas. M esmo os Estados modernos que adotam uma organização voltada ã menor interferência têm várias formas de atuação na econom ia, não só pela prestação direta de vários serviços como na fiscalização de atividades entre gues à iniciativa privada. A im prescindibilidade desta intervenção é fato incontroverso, na medida em que há vários fatores que exigem esta participação do Estado na vida da sociedade. É o caso, por exem plo, das cham adas "falhas de mercado": situações em que “as condições que asseguram o funcionam ento do mercado não são cum pridas e, conseqüentem ente, o sistem a de preços não sinaliza aos agen tes a quantidade ólima a ser produzida” 1. Nestes casos, o Estado deve intervir para garantir a produção de bens c/ou servjços não supridos natu ralmente pelo mercado. É o que ocorre com os chamados "bens públicos" (ou bens coletivos, segundo parte dos estudiosos), que são bens cujo consum o é do tipo “não rival" (o consum o por qualquer indivíduo não reduz a quantidade disponí vel para outros indivíduos) c "não cxcludenle” (não é possível excluir agentes que desejem consum ir o bem). Caso típico da segurança pública. Na prestação deste tipo de serviço, não é possível fazer com que o uso por parte de um beneficiário reduza a quantidade disponível para outro indiví duo. Também não se pode prestar o serviço para alguns e excluir outros do benefício, pois neste tipo de serviço o benefício é necessariamente dado a uma determ inada comunidade, sem que seja possível separar alguns para serem beneficiados e outros não.. I . L o n g o e T r o s ie r , E co n o m ia .,,, p. 29 Silvia Pereira Importante Silvia Pereira Atividade financeira do Estado convidado Realce importante H F e d e r a l i s m o F i s c a l e F u n d o s d e P a r t i c i p a ç ã o - J o s é M a u r íc io C o n t i ^ | | São lamfaém falhas de m ercado os cham ados "monopólios naturais": determinados tipos de bens que, pelas suas características, acabam sendo fornecidos em situação de monopólio. E o caso, por exemplo, do saneamento básico, serviço que, pela sua natureza, torna difícil o estabelecimento de concorrência. Além das razões económicas mencionadas, há outras, de caráter funda mentalmente social. A busca da Justiça Social induz a uma intervenção do Estado nas ativi dades da com unidade, haja vista que tem ele uma importante função como redislribuidor da renda. D eixar a distribuição dos recursos por conta das leis naturais de mercado seguramente não leva a siLuações de justiça social, tornan do necessária a intervenção do Estado para ajustar estas circunstâncias, Há ainda que se considerar existirem funções que necessariamente devem ser cum pridas pelo Estado, dada sua natureza de atividade pública, sendo dever do Estado prestá-las, como ocorre com o exemplo já citado da segurança pública2. O Estado brasileiro faz constar expressamente este dever em sua C onstituição, consoante se pode verificar do disposto no art. 144 ("A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da incolum idade das pessoas e do patrim ônio (...)")■ Deste modo, vemos desde logo várias razões que tornam imprescindí vel a atuação do Estado na sociedade, quer com o rpgulado^de-ati-vidades, quer como_pi£SiadarJÍe_seiyiç.as e fornecedor de. hens, ou ainda como redisiribiiidor de riquezas e prom otor de justiça social. Este conjunto de atividades atribuídas ao Estado pela sociedade, que “podem os denom inar dc necessidades públicas2, obriga o Estado a arreca dar recursos para fazer frente às despesas geradas por ocasião do cum pri mento destas obrigações. Daí surge a atividade financeira do Estado, com preendida como sen do o conjunto das atividades relacionadas à arrecadação, gerência c dis pêndio de recursos públicos'1. 2. V ide d e c l a r a ç ã o d e v o lo do M in . A l io m o r B a l e e i ro no RE 7 7 ,9 4 0 -S P (in RTJ 6 9 / 9 0 2 , p. 9 1 1 ) . 3. N e c e s s id a d e p ú b l ic a 6 " tu d o a qu i lo q u e in c u m b e a o E s ta d o prestar , e m deco r ' rÉticia de u m a d e c i s ã o p o l í t i c a ” (In R cg is d e O l iv e i r a . M tin m !,.., p. 15). 4 . " A t i v i d a d e f i n a n c e i r a é o c o n ju n to d a s a ç õ e s d o E s t a d o p a ra n o b te n ç ã o da r e ce i ta c a r e a l i z aç ã o dos g a s to s p a ra o a te n d im e n to das nece ss idade s púb l icas” (R ica rdo L o b o T o r re s . C u iw .. . , p. 3), Silvia Pereira justificativa de interferência do Estado na sociedade Silvia Pereira importante E d i t o r a J u a r e z d e O l i v e i r a O Estado deve ter formas pelas quais possa arrecadar recursos e, assim, fazer frente a todos os gastos necessários para que cum pra as funções que lhe são atribuídas pela sociedade. Assim é que verificamos, modernamente, existirem algumas maneiras pelas quais isto é realizado. Pode o Estado, por exem plo, arrecadar recursos realizando atividades próprias dos particulares, que atendem precipuamente aos interesses individuaisdos cidadãos, obtendo as cham adas receitas originárias. Ou a in d a -e principalmente ~ pela via da tributação. A impossibilidade de se arrecadar recursos suficientes por outras vias, circunstância presente na grande maioria dos Estados existentes, torna necessária a atribuição, ao Estado, do poder de tributar - ou seja, arrecadar recursos legítima mas coerciiivam ente dos c idadãos, exig indo-lhes que en treguem quantias em dinheiro nas situações previam ente estabelecidas pelo ordenam en to jurídico. Mas esta não é ainda a única questão a ser analisada no estudo acerca da atuação do Estado na vida econômica. Uma questão de fundam ental im portância é saber com o organizar o Estado de modo que atenda às necessidades públicas com a melhor relação cuslo-benefício, a fim de que possa oferecer aos m em bros da sociedade bens e serviços que m elhor satisfaçam seus interesses com o menor gasto possível de recursos públicos. ' O fornecimento de bens e serviços públicos apresenta peculiaridades relativam ente aos aspectos alocativos que, como se verá a seguir, levam à form ação de uma estrutura descentralizada. Assim, cada tipo de necessida de pública será melhor atendida se estabelecida um aestrutura espacialmen- te organizada, com diversas esferas de governo. Isto levar-nos-á ao estudo do federalismo, que será realizado no item subseqüente, com destaque para o federalismo fiscal, quando serão abor dados os aspectos relacionados à organização da atividade financeira no Estado Federal. 1.3 .0 Federalismo OjÊíieralismo, nas palavras de Sampaio Dória, é "a fórmula histórico- programática de com posição política que permita harm onizar a coexistên Silvia Pereira Importante definição. Federalismo F e d e r a l i s m o F i s c a l e F u n d o s d e P a r t i c i p a ç ã o - J o s é M a u r I c io C o s t i cia, sobre idêm ico território, de duas ou mais ordens de poderes autôno mos, em suas respectivas esferas de com petência"5. Uma visão do conceito de federação vem delineado com precisão e síntese nas palavras de José Nilo de Castro: “A noção de Federação (latim: foedus, em , aliança, associação, ou pacto) vincula-se à idéia de união, de modo permanente, de dois ou mais Estados em um só, o Estado federal. Os Esta- dos-M embros ou federados conservam a sua autonom ia interna, debaixo, l porém, da autoridade central, a União ou Estado federal. E esta união é [m aterializada na Constituição federal"1'. Far-sc-d, a seguir, um a breve análise sobre os diversos aspectos rela cionados ao Federalism o: formas, tipos, modos de organização etc., para a seguir iniciar-se o estudo específico do que mais interessa, que são as razões íjustificadoras e as form as de distribuição de recursos entre as unidades da [Federação - o cham ado Federalism o Fiscal. Em prim eiro lugar, cabe esclarecer o£onccito de F.starin Fedem ), Relativam ente aos tipos de Estado, a doutrina iá consagrou a existên- cia de basicam ente duas espécies: a) O Estado U nitário, que corresponde ao Estado em que a “descen tralização nele existente (administrativa, legislativa e/ou política) está à mercê do poder central. Este, por decisão sua (em geral por forma de lei), pode suprimir essa descentralização, ampliá-la, restringi-la etc"’. b) O Estado Federal, composto por uma agregação de Estados-mem- bros, estando esta estrutura delim itada constitucionalm ente, na qual se asseguram .poderes autônom os a estas entidades, havendo um a participa ção delas no poder central por meio de câm ara que os represente.— Esta é a classificação sobre a qual tem sido estudada a organização dos Estados quanto á distribuição espacial do poder. No entanto, esta clas sificação dicotôm ica não se coaduna com o que seobserva na conformação dos Estados modernos, mostrando-se insuficiente e imprecisa. É possível, por exemplo, reconhecer uma terceira figura, a Confedera ção, que, segundo os doutrinadores, vem a ser não uma modalidade de Estado Federai, mas sim uma união de Estados soberanos, na qual a auto ridade central basicam ente coordena as decisões a serem tomadas pelos 5. Sam paio Dtìria. D iscrim inação.... p.9. 6. C o n sid era çõ es.... p. 46. 1. F e r r e i r a F i lho . C urso ..., p. 49 Silvia Pereira Atividade Financeira do Estado Silvia Pereira CMP Silvia Pereira CMP Silvia Pereira CMP E d i t o r a J u a r e z d e O l iv e ir a confederados. A característica fundam ental é a de que, na Confederação, f os Estados Confederados conservam sua soberania, e não apenas a auto- j nom ia, com o ocorre com as entidades descentralizadas (ou unidades jsubnacionais) nos Estados Federados. A agregação dos Estados Confede rados, 110 entanto, tem força menor, haja vista serem mais flexíveis as regras que permitem a um Estado desligar-se da união, ao passo que no Federalis mo a indissolubilidade é característica fundamental. M ais recentemente, têm-se desenvolvido ainda os grandes acordos internacionais, que, para seu fiel cumprimento, acabam exigindo um a perda de parcela da soberania dos Estados. É o caso típico da Com unidade Eco nôm ica Européia, que recentem ente im plantou a moeda única para seus m em bros - o EURO, c não hú com o se negar que a retirada dé um Estado do poder de em itir e controlar sua própria moeda seja um indício de perda de parte da sua soberania. Paulo Casseb, em texto recente, identifica precisa m ente esta situação: “A União Européia está delineando o aparecim ento de um novo tipo de forma de Estado, vez que a m esm a não sc enquadra como confederação, nem tão pouco como federação, embora ainda se aproxime m ais da prim eira (...) É bom frisar que a globalização não se identifica com um autêntico federalismo, pois este encontra-se calcado no princípio da subsidiariedade, pressupondo o fortalecim ento das sociedades inLermediá- rias entre os indivíduos c o Estado, bem como na autonom ia dos entes políticos interm ediários, preservados de um poder central padronizador”*. Além destas figuras associadas e assem elhadas ao Estado Federal, há ainda que se reconhecer a falta de precisão na classificação m encionada, que divide os Estados em U nitários e Federais, pois, na realidade, o que se observa é não existir uma distinção absolutamente nítida entre Estado Unitá rio e Estado Federal, e nem m esm o entre as outras formas de organização anteriorm em e citadas9. Isto porque, ao se analisarem os Estados dito Unitá rios, constata-se que estes, em especial os que têm uma grande extensão territorial, também, de algum a forma, estabelecem divisões territoriais de poder, com maior ou menor grau de autonom ia relativam ente ao podercen- r trai. E a observação dos Estados Federais mostra que há diversos tipos e \ formas pelas quais se organizam, existindo desde os Estados que conferem ^ elevado grau de autonom ia ás unidades subnacionais, até aqueles em que a 8, P a u lo C a s s e b . F erferttlisnw .,-. p. 87. 9. " A d o u t r i n a m o s t ra q u e n i o e x i s t e d e f in i ç ã o un ive rsa l d o f e d e ra l i s m o , lendo c in v is ta n d iv e r s id a d e d a s p ro p o s ta s f e d e ra t iv a s " { B aracho , J o s é A . O . A fe d e n tç ü o .,.. p. 50 ) . Silvia Pereira CMP Silvia Pereira Federalismo Silvia Pereira CMP F e d e r a l i s m o F i s c a l e F u n d o s d e P a r t i c i p a ç ã o - J o s è M a u r íc io C o m ti /^autonom ia dos membros da Federação é reduzida. Sendo assim, muitas vezes são por demais sutis as diferenças enlre um Estado Unitário descen tralizado e um Estado Federal em cuja organização se constate a pequena autonomia dos entes federados, impedindo que se possa traçar umtç linha divisória nítida entre estas form as de organização dos Estados. Há estudiosos já reconhecendo inclusive a figura do Estado Rcgio- JLtd, uma organização intermediária entre o Estado Unitário e o Estado Fede ral, na qual há a figura do Estado Unitário,mas com organizações adminis trativas regionais às quais se reconhece algum grau de autonomia. Incluem nesta categoria, por exem plo, a E spanha10. O que se constata nos Estados modernos é uma infinidade de formas de se auio-organizarem , cada um a com suas peculiaridades. O estudo deste aspecto do conhecim ento hum ano leva, como ocorre também cm outras áreas, a estabelecerem -se classificações, nas quais se procura agrupar ele mentos com características sem elhantes para facilitar a com preensão de determinado assunto. Assim ocorre com o estudo dos Estados c suas formas dc organização, que levou à criação das figuras do Estado Unitário e do Estado Federal. Há que se reconhecer, 110 entanto, que atualmente esta classificação não representa fielm ente as formas existentes de organização do Estado. O qüe a realidade nos mostra é que existem inúmeras formas de organização e, relativam ente à distribuição territorial do poder, são vários os graus de autonomia concedidos às entidades que compõem cada um dos Estados, e muitas as formas de distribuição e verticalização do poder (Esia- dos-membros, municípios, ayunM mentos, comunidades autônomas, regiões metropolitanas, m icrorregiões, sub-prefeituras etc.). Uma com paração superficial dos diversos tipos dc Federação poderá ser observada no item 2.3, no qual, ao se analisarem as várias formas de ■ discrim inação de rendas entre as esferas de governo, ler-sc-d uma noção que permita dem onstrar o que foi acim a mencionado. Em assim sendo, caberá á doutrina estabelecer outros critérios de classificação dos Estados, relativam ente à Forma pela qual se organizam no aspecto espacial. Admitindo-se que praticamente todos os Estados modernos têm algum grau de descentralização, e cada um deles estabelece vários grnus de esfe ras adm inistrativas, o qu j.se m ostra mais adequado ê classificar os Estados 101 M o a c i r d e S o u z a , Do E siario ..., p, 131: D al la r i , E lem en ii/í..., p. 215. Silvia Pereira Federalismo Brasileiro Silvia Pereira Federalismo E d i t o r a J u a r e z d e O l iv e ir a segundo os graus de descentralização que estabelecem em sua organiza ção. Há que se estabelecer um critério mais preciso sobre o conceito de autonom ia, a fim de identificar o que se possa considerar um a unidade subnacional, ou Estado-m em bro, ou ainda ente federado. Considerando-se í com o unidade subnacional toda aquela que gozar de autonom ia administra- liva (capacidade de se auto-organizar), política (capacidade de eleger seus ̂próprios governantes) e financeira (capacidade de se auto-sustem ar), os E stados poderiam se r c la ss if ic ad o s segundo os n íveis de unidades subnacionais que utilizam em sua organização. Neste sentido teríamos as seguintes categorias de Estados: a) Estados de 1L’ grau. São os Estados em que há apenas um a esfera adm inistrativa, sem qualquer tipo de descentralização. É de se adm itir que seria cabível apenas nos casos de Estados com mínima extensão territorial, como é o caso, por exemplo, do Vaticano, de Mônaco e outros casos análogos; b) Estados de 2kl grau. São os Estados que estabelecem dois graus dc descentralização. Há uma unidade superior, responsável pelos bens e servi ços de interesse de toda a com unidade, e outras entidades descentraliza das, responsáveis pelos bens e serviços de interesse regional; c) Estados de 3o grau. São aqueles que estabelecem três graus de esfe ras adm inistrativas, cada um a responsável pelo fornecim ento de bens c serviços em determinada área de atuação, conforme delimitação estabelecida pela Constituição, com o ocorre no Brasil; d) Estados de 4“ grau e sucessivos. Denom inar-se-iam os Estados conform e os diversos graus de esferas adm inistrativas criadas cm sua orga nização, na forma estabelecida pela Constituição. Teríamos, desta forma, Estados de 4o grau, caso nele existissem quatro esferas administrativas. Seria de 4agrau, por exemplo, um Estado que se organizasse estabelecendo a esfera adm inistrativa superior e central, a União, esferas administrativas regionais, com oEstados-m em bros, que por sua vez seriam subdivididos em Regiões M etropolitanas, c estas subdivididas em M unicípios. Admitindo- se que a Constituição trouxesse previsão de divisão dos M unicípios em Administrações Regionais, teríamos a figura de um E sp d o d e 5 '’grau. E não 6 hipótese desarrazoada, na m edida em que, se analisarmos o caso brasileiro, verificamos que, objetivam ente, esta situação já pode ser observada em cidades com o São Paulo. Considerando, no entanto, não estar esta figura prevista constitucionalm ente, não se pode considerar com o integrante da organização do Estado, sendo, por ora, apenas uma forma própria de orga nização a ser estabelecida por um M unicípio em particular. É de se ressaltar que a Constituição brasileira vigente prevê, em seu art. 25, § 3“, a possibili dade de criação de figuras com o a das regiões m etropolitanas e outras Silvia Pereira Conti define os graus de Estado conforme a separação da administração dos bens públicos e da concessão de poder para outro ente que não seja o federado Silvia Pereira Salert define isso melhor, ver F e d e r a l i s m o F i s c a l e F u n d o s d e P a r t i c i p a ç ã o - J o s é M a u r íc io C o n t i análogas (aglom erações urbanas, m icrorregiõcs) que podem signi Ficar a inclusão de ouiros graus na organização territorial administrativa, mostran do assim o quanto são com plexas e diversificadas as possibilidades de organização territorial do poder11. Esta classificação tam bém não atenderá precisam ente a todas as circunstâncias, haja vista que haverá Estados com o mesmo grau, ou seja, classi ficar-se-iam na m esm a categoria, mas que confiram graus diversos de autonomia para as várias esferas. Assim, é possível que dois Estados estabe leçam três graus de esferas administrativas; no entanto, a autonomia conferida a cada uma destas esferas seja diverso, um conferindo m aior autonomia às entidades descentralizadas, outro menor. Deste modo, seriam Estados com organizações diferentes e classificados em uma mesma categoria. No entanto, em bora distorções como esta possam ocorrer, esta classi ficação mostra-se mais adequada do que a atual, em que Estados com caracte rísticas bastante sem elhantes classificam -se em categorias diferentes. É o caso, por exem plo, do Brasil e da Espanha, em que a organização de ambos prevê esferas adm inistrativas bastante assemelhadas, sendo o Brasil clas sificado na categoria de Estado Federal e a Espanha sendo considerado um Estado Unitário. Ou o caso dos EU A e da Suíça, ambos Estados que confe rem um grau elevado de autonom ia às entidades descentralizadas, e grande parte dos estudiosos consideram os EUA como sendo um Estado Federal e a Suíça uma Confederação. Esta forma de classificação, no entanto, tende a ser mais eficaz para a compreensão do federalismo e seguramente adaptar-se-á com mais facilida de aos avanços da sociedade e suas formas de organização, bem como aos efeitos da globalização. Nesta linha de pensamento 6 interessante notar a referência que Moacir de Souza faz às figuras do federalismo letradimensional c pemadimensionalF É importante ressaltar, como já mencionado anteriormente, serem prati- f cam ente infinitas as possibilidades de os Estados se auto-organizarem com I relação à divisão espacial do poder, dando origem a uma organização própria \ para cada Estado hoje existente, organização esta que se altera contiaua- 1 I. A t í t u lo d e e x í m p l i f i c a ç n o , c a b e d c s ln c n r q u e jií h o u v e a c r i a ç ã o d e s ta s f ig u r a s . O E s t a d o d e S ão P a u lo , p o r m e i o d a Lei C o m p l e m e n t a r E s ta d u a l n. 870, de 1 6 .6 .2 0 0 0 , c r io u a R e g i ã o M e t r o p o l i t a n a d e C a m p i n a s . 12. D o E sm d o p. 135 a 137. Silvia Pereira Importante convidadoTexto digitado convidado Realce importante definição E d i t o r a J u a r e z d e O l i v e i r a mente, haja vista a dinâm ica das relações econôm icas, culturais e sociais a que se sujeitam com o decorrer.do tempo. Feitas estas considerações acerca das classificações dos Estados, e justificadas as críticas a ejas endereçadas, há que sc avançar nos estudos para o fim de se atingir o objeto central desta tese. Para isto, considerando- se que a doutrina até agora existente uLiliza a figura do Estado Federal como categoria de classificação dos tipos de Estado, e considerando estar o Brasil nela incluído, figurando inclusive a Federação com o-cldusula.pétrea em nossa Constituição (Constituição Federal, ari. 60, § 4", inciso I), passaremos ao estudo da figura do Estado Federal. 1.3.1. O Estado Federai 1.3.1.1. Origem e características • O Estado Federal surgiu formalmente com a Constituição dos Estados l Unidos da América, em 1787, na qual se formalizou a união de várias coleti vidades - no caso, treze colônias inglesas, que até então tinham existência autônoma e independente. A lgum as caractecLSLicas são intrínsecas à organização de um determ i nado Estado na forma federativa. Entre elas podem ser consideradas funda mentais as seguintes: a) existência de, ao menos, duas esferas de governo; b) autonom ia das entidades descentralizadas, que com preende as autonomias política, administrativa e financeira: c) organização do Estado expressa em um a Constituição; d) repartição de com petências entre as entidades descentralizadas; e) participação das entidades descentralizadas na formação da vonta de nacional; f) indissolubilidade A seguir, serão analisadas estas características do Estado Federal A existência dc duas esferas de governo Este é, na verdade, o fundamento da própria existência do Estado Federal, que, com o já chegou a ser mencionado anteriormente, consiste na união de coletividades sob um comando único e soberano, mas que conser- vam sua autonomia, de modo a terem uma capacidade de governar que só é ;1 Ô ; F e d e r a l i s m o F i s c a l e F u n d o s d e P a r t i c i p a ç ã o - J o s é M a u r íc io C o n t i limitada pelas regras fixadas pelo poder soberano, quando, por meio da Constituição, estabeleceu a forma de organização daquela sociedade. Portanto, o Estado Federal supõe necessariam ente a convivência Íarm ônica de, ao menos, duas esferas de governo, Um governo central, om poderes sobre Lodo o território do Estado, e os governos das eniida- cs descentralizadas, que se uniram na formação do Estado Federal. K» J £J jTtJ c/j Cabe aqui registrar a crítica já feita anLenormente quanto ã "quanti dade” de esferas de governo, pois, segundo a doutrina vigente, há “Estados U nilários” e "Estados Federais", caso existam, respeclivamcnte, uma ou duas esferas de governo. No entanto, com o já demonstrado, modernamente Íhá um a m ultiplicidade de formas de organização territorial do poder nos Estados, com várias esferas, até m esm o nos Estados dito Unilários.Assim, é de se considerar como característica fundamental do Estado Federal a existência Ar . ao nmnnx. duas esferas de governo, No entanto, esta característica, considerada isoladam ente, é insuficiente para determ i nar que um Estado seja ou não do tipo Federal. É imprescindível que se considere presentes outras características, com o as que serão analisadas posteriorm ente, a Fim de que se possa concluir estarm os ou não diante de um Estado Federal. Autonomia das entidades descentralizadas Q uando diversas coletividades regionais se unem na formação de um único Estado, pressupõe-se a existência de um governo central, que exerça fo poder soberano, ou seja, o poder máximo, acim a do qual não se admita ^existir qualquer outro. r , , :,yu,v^n.j f As entidades descentralizadas, por sua vez, abdicam de uma parcela de poder em favor do poder soberano, sem que com isto fiquem totalmente ^subm etidas ao poder central, haja vista conservarem também outra parcela de poder, conform e as diretrizes estabelecidas pela Constituição, mantendo, assim, a cham ada “autonom ia”, cujos principais desdobram entos (autono mia política, adm inistrativa e financeira) serão analisados a seguir. Há também neste ponto alguns aspectos críticos. Os conceitos de soberania e autonomia, por exem plo, são por demais controversos, não sendo o caso de se aprofundar no tema por fugir ao escopo deste trabalho, registrando-se tão-som ente suas idéias básicas. Segundo José Afonso da Silva, "A utonom ia envolve capacidade normativa sobre assuntos de compe- ftência exclusiva da entidade autônom a. Para que uma entidade possa ser ^considerada autônom a é necessário, no mínimo, a existência de governo E d i t o r a J u a r e z d e O l i v e i r a Ti próprio e existência de com petência exclusiva, conform e ensina Charles \D urand , que acrescente que governo próprio significa governo formado |sem interferência de outra entidade, isto é, governo proveniente de escolha jda própria com unidade autônoma. C om petência exclusiva constitui-se de |uma área de poder próprio, outorgado à entidade autônoma para desen vo lv im en to de sua capacidade norm ativa"13. A análise dos Estados modernos m ostra a dificuldade na separação dos conceitos de autonom ia e soberania. Há organizações territoriais que formalmente se consideram "confederações", com o 6 o caso da Suíça. Assim se auto-definem por estabelecerem que as entidades descentralizadas conser vam sua "soberania", e não apenas "autonom ia". No entanto, a análise da Constituição da Confederação Sufça dem onstra que, ao se reunirem, as entidades descentralizadas estão, em vários aspectos, cedendo parcela de poder em favor de um poder central, de m odo que fica difícil saber até que ponto isto im porta em continuarem sendo entidades “soberanas” ou apenas "auiônoinas” N. f A globalização c o crescente increm ento nos acordos internacionais I também influenciam nesta questão. É o caso de se perguntar se abrir mão de | um instrumento fundamental para que um a nação se considere soberana, i com o por exem plo ter o controle sobre sua própria moeda, im porta ou não '^em perda da soberania. D iversos Estados “soberanos" europeus estão perdendo este poder diante da criação da m oeda única pela Comunidade Econôm ica Européi a. ^ Deste modo, esta característica - soberania ao poder central e auto nomia às entidades descentralizadas — continua sendo intrínseca à organi zação de um Estado na forma federativa. No entanto, também não pode ser •) analisada isoladam ente, devendo ser considerada no conjunto das demais características do Estado em questão. Q uanto à autonom ia das unidades descentralizadas, esta engloba vários aspectos, que podem ser sistem atizados em três categorias: a auto nomia política, a autonomia adm inistrativa e a autonom ia financeira. 13. P a rtic ip a ç ã o — . p. 32. 14. O art . 3° d a C o n s t i tu iç ã o S u fça d iz q u e o s " C a n t õ e s " c o n s e r v a m s u a s o b e r a n ia , n ã o e s t a n d o l i m i t a d o s p e l a C o n s t i t u i ç ã o : n o e n t a n t o , e s t a b e l e c e m f u n ç õ e s q u e c n b c m a o p o d e r f e d e r a l , c o s " C h n r õ c s " p o d e m e x e r c e r a s ta reFns q u e n ã o e s t e j a m d e leg ad as a o p o d e r federa l . O a n . 24 , p o r e x e m p lo , e s ta b e le c e u m a siírie d e c o m p e tê n c ias l e g i s la t i v a s p r õ p r i a s d a C o n f e d e r a ç ã o . F e d e ra lis m o F i s c a l e F u n d o s de P a r t ic ip a ç ã o - J o sé M au r íc io C o n ti g Q a) Autonom ia politica A autonom ia politica manìfesta-se pela demarcação, na Constituição, dos poderes da entidade descentralizada. A autonomia política pode ser vista lato sensu, abrangendo inclusive os poderes de obter recursos e de auto-organização. Estes dois últimos itens,no entanto, serão considerados como m anifestações da autonomia financeira e da autonomia adminislrati- íva, respectivamente. Assim, podemos considerar a autonomia política stridii sensu com o a com petência para legislar, criando normas para determinados assuntos previam ente delimitados na Constituição; a com petência para participar nas decisões do Poder Central, o que será visto a seguir por ocasião da análise de uma das características do federalismo, que é a ju sta mente esta participação nas decisões do Estado; a delimitação de com pe tências privativas relativamente à função de fornecim ento de bens e servi ços públicos; e a existência de órgãos próprios, com os quais exercerá as funções que lhe foram delim itadas„pííía Constituição. Josó Afonso da Silva re _ jhece esta característica: "Realm ente, o federalismo se caracteriza fundamentalmente pela divisão do poder político entre a com unidade centufl e as com unidades regionais, importando numa atribuição de autonom ia às entidades federativas. Essa autonomia fed era tiva com preende dois .elementos básicos: a) existência de órgãos próprios ; b) existência de um m ínim o de com petência privativa . Nestas, há que incluir-se a outorgai de fontes tributárias próprias e capacidade de gerir os próprios assuntos/tributários e financeiros, que exatam ente servirão de bases econôm icas da autonom ia"15. Em sentido sem elhante, em sua obra j “Curso de D ireito Constitucional P ositivo” : "A autonom ia fed era tiva I assenta-se cm dqfis elem entos básicos: a) na existência de órgãos governa- j mentais próprios, isto é, que não dependam dos órgãos federais quanto à forma de seleção e investidura; b) na posse de competências exclusivas, um ^m ínim o, ao menos, que não seja ridiculam ente reduzido"15. b) Autonom ia administrativa A autonomia administrativa manifesta-se pela capacidade que a Cons tituição confere às entidades descentralizadas de se auto-organizarem , ou seja, de estabelecerem os órgãos, meios e formas pelas quais se encarrega rão de cum prir as tarefas que lhe foram atribuídas pela Constituição. 15. T rib u m s..., p. 2. 16. C ii r .m ., . , p. 102. E d i t o r a J u a r e z d e O l iv e ir a Considerando que a Federação se com põe de um a união de enlidades que representem parcelas do território do Estado, e que esta união, embora tenha resultado no estabelecim ento de um poder único e centralizado, tem com o fundamento a m anutenção de parte do poder nas unidades descen tralizadas, há que se delinear qual 6 esta parcela de poder a ser exercida por estas entidades. As entidades descentralizadas gozam, em um Estado Federal, de auto nomia. Já se falou anteriorm ente sobre a dificuldade de conceituar autono mia, bem com o na diferenciação com o conceito de soberania. N o entanto, algumas características podem ser reconhecidas nesta figura jurídica. Entre as características intrínsecas do poder autônomo está a capacida de de auto-organização de que devem ser dotadas as entidades autonomas. r Estas entidades devem, por conseguinte, deter uma parcela de poder ( que lhes perm ita estabelecer, segundo seus próprios desígnios, a sua orga- , nização interna, observadas apenas diretrizes genéricas oriundas do poder ^central, com órgãos governam entais próprios c respectivos servidores. c) Autonom ia financeira A organização do Estado na form a federativa importa na criação de entidades autônomas, que, para cumprirem suas funções constitucional- ' m ente delim itadas, dependem de recursos próprios para tanto. Im prescindí vel, portanto, para a m anutenção desta forma de organização do Estado, que se assegure ajm tonom ia financeira das enlidades que com põem a fede ração. Devem estas entidades, pois, dispor de fontes de recursos próprias e constitucionalm ente asseguradas. Assim é que, m odernam ente, tanto Estados-membros quanto M unicí- f pios são dotados de fontes próprias de arrecadação, com o os tributos de 1 sua com petência, bem com o de fontes indiretas de arrecadação, garantidas por norma constitucional, com o é o caso das diversas formas de transferên cias constitucionais, entre as quais se encontram os Fundos de Participação. j vA r^0L ' À autonomia Financeira é de fundamental importância. Nao e exagero v1 dizer ser ela quem garante a sobrevivência da federação. Sem recursos para se manter, as entidades federadas estão fadadas ao fracasso. Não poderão ( exercer as funções que lhe com petem , e passarão a depender do podei f central para financiar suas atividades, circunstância que aniquila todo e ’̂ qualquer poder autônom o que se lhes atribua. A doutrina é uníssona quanto a isto. Neste sentido já se m anifes tou Sampaio Dória, fazendo referência ao modelo de federalismo americano: "O poder político, distribuído pelas camadas da federação, encontra seu necessário embasamento na sim ultânea atribuição de poder financeiro, sem o qual de pouco vale: autonom ia na percepção, gestão e d ispèndio das rendas próprias. Essa competência financeira autônoma, conforme já obser vado, constilui-se em verdade no traço diferencial típico da primeira federa ção moderna, a dos Estados Unidos da A m érica” ' 1. Na mesma linha de raciocínio está o pensam ento de Carvalho Pinto, f em sua clássica obra sobre a discrim inação de rendas: "Subtrair, portanto, a lindependência financeira a um a unidade a que se queira atribuir efetiva .autonom ia político-adm inistraliva, seria negar-lhe o elem ento substancial ^dessa própria autonom ia, assim com o o procedim ento inverso importaria em outorgar-lhe condições de vida própria, extensivas ou remarcantes desse seu atributo. Esta sim ples reflexão põe em destaque a íntim a conexão exis tente entre o regime discrim inatório c a respectiva organização estatal, denunciando as conseqüências que a natureza daquele regim e pode trazer à conceiluação do Estado, c demonstrando, num sentido inverso, a força im perativa que a fixação desse último tem na conform ação do sistema distributivo de rendas entre as suas unidades po líticas"1“. Reafirma, mais adiante: Num regim e federativo, isto é, onde, com o vimos, o poder se exerce também sob a form a das autonom ias locais, c onde estas autonom i as, pela própria natureza do sistema, têm irrecusáveis garantias, - o sistema de percepção de rendas das várias unidades políticas deve assumir, eviden temente, o caráter que m elhor se coadune com aquela prerrogativa local c m elhor ampare estas garantias substanciais do regime. Ora, a forma mais segura de alcançar esse objetivo é aquela que proporciona recursos inde- jpendentes a cada uma das unidades"[t>. (...) "A outorga de receitas distintas Ja cada um a das unidades é, pois, um imperativo do regim e federativo, cuja [subsistência estaria condenada num sistem a de franca concorrência tribù- ; tária”20. — -Vi*"-; W. 1'W .aiJTL-M Cantizano ressalva ainda que "A autonom ia político-adm inistraliva c a suficiência dé recursos formam um binomio indissociável. Uma não pode existir sem a outra”21. F e d e r a l i s m o F i s c a l e F u n d o s d e P a r t i c ip a ç A o . - J o s é M a u r íc io C o n t i 17. D ú r ia . D iscriim íitiç iiti..., p. I I . 18. D isc rim in a çã o ...,^p , 16. 19. Id e m , p, 39, 20 . Id e m . p. 42. 2 1 . O nova ..., p. [ I. m E d i t o r a J u a r e z d e O l iv e ir a As entidades descentralizadas que, unidas, compõem a federação, têm, necessariamente, que dispor de recursos suficientes para se m anier. o que im plica em. fontes de arrecadação oue independam ria inie.rferênaia-dn poder central, constituindo esta um a característica fundam ental do Estado Federal. Em geral, há, como já m encionado, duas formas de assegurar a autonom ia financeira: a prim eira é a atribuição de com petência para a insti tuição de tributos; ouLra são as transferências intergovernam entais assegu radas peio texto constitucional, com cláusulas que asseguremo fiel cum pri mento deste dispositivo. As fontes de receitas atribuídas às entidades da Federação, incluindo a com petência tributária e as transferências in tergovernam entais, são aspectos fundamentais - determ inantes a t é - d o federalismo. Não se conce be a existência de entidades federadas sem que lhes sejam asseguradas receitas que permitam fazer frente às suas necessidades, e, por conseguin te, m anter sua autonomia. As transferências intergovernam entais serão objeto de estudo nos capítulos subseqüentes, razão pela qual fica feita, por ora, apenas esta breve referência. Organização do Estado expressa em uma Constituição Tendo em vista que o fundam ento do Estado Federal consiste em várias esferas dc governo coexistindo harm onicam enle, imprescindível se torna um diplom a normativo que estabeleça as regras que darão ordem e coesão a esse sistem a de organização da sociedade. Assim, o Estado Federal surge a partir do momento em que várias coletividades se unem em torno de uma ordem jurídica comum, consubstan ciadas neste documento juríd ico cham ado Constituição. Difere a Constituição de um sim ples Tratado, pois a Constituição, com o o próprio nome sugere, constitui, cria, faz surgir uma determ inada ordem jurídica, enquanto o Tratado apenas importa em um acordo entre Estados soberanos acerca de um ou mais assunLos de interesse comum, sobre os quais estabelecem regras a serem por eles obedecidas. E claro que uma análise mais profunda das diferenças entre uma Cons tituição e um Tratado poderá levar a uma dificuldade em se estabelecer uma linha divisória absolutamente nítida, na medida cm que toda vez que nações soberanas formalizam determ inadas regras a serem observadas por ambos estão se obrigando perante outras a realizar determ inados atos que, depen dendo do objeto do Tratado, podem importar em perda de poder. Tratados F e d e r a l i s m o F i s c a l e F u n d o s d e P a r t i c i p a ç ã o - J o s é M a u r íc io C o n t i que levaram à criação da Com unidade Econômica Européia, por exemplo, com o já mencionado, im portaram na criação de um a moeda única para os diversos países signatários, o que indiscutivelm ente importou em perda de poder. Determ inar a linha divisória entre o que vem a ser um Tratado, que estabelece regras entre Estados soberanos, e o que é um a Constituição, docum ento que representa a vontade única de um a nação soberana, não é tarefa das mais simples. Não constitui, outrossim, a m eta perseguida por . este trabalho. Há casos de países que são por muitos considerados confederações, com o é o já citado exem plo suíço, em que há um a Constituição regendo a vida de um a Confederação, de m odo a ressaltar novamente a falta de uma especificação exala da distinção entre Constituição e Tratado. Feitas estas ressalvas, não se pode dispensar este requisito na confor m ação de um Estado Federal, qual seja, a existência de um a Constituição, no , sentido de um docum ento juríd ico que contenha os principais elem entos caracierizadores da organização do Estado, com as regras delim itadoras do poder central e das entidades descentralizadas. Repartições de competências entre as entidades descentralizadas Um a vez estabelecida a divisão territorial do poder, com a criação de unidades responsáveis pelo exercício de parcela desse poder entre as diver sas panes do território do Estado, há que se estabelecer quais serão as funções a serem exercidas.pelas unidades federadas. Como já visto anteriorm ente, e será analisado mais profundam ente no ' item dedicado ao estudo do federalismo fiscal, a própria necessidade de divisão territorial do poder advém deste interesse em tornar mais eficiente a provisão de bens e serviços públicos com a criação de esferas diferentes de administração. Desta forma, a organização do Estado Federal im plica em estabele- cerem -se as com petência-; p róprias de cnda.uma.das esferas de governo, a fim de que se delim ite não só a parcela de poder que será exercida, como também as atribuições de cada um quanto ao fornecimento de bens c servi ços públicos. f Este item é bastante relevante, pois a divisão das competências, alia da à repartição dos recursos entre as unidades que compõem a federação, são o fator determinante no equilíbrio federativo e consequente coexistên- m E d i t o r a J u a r e z d e O l j v e ír a > t L e ia harm ônica entre eles, e, portanto, da própria m anutenção da federação, f Sobre este aspecto convém ressaltar o alerta de Carvalho Pinto: "Receita c 1 despesa ou, equivale dizer, discrim inação de rendas e distribuição de fun ções, constituem assim os dois termos de um a equação indispensável ao equilíbrio das unidades do Estado. Qualquer atuação num desses extremos, ^“sem a devida com pensação do outro, precipitaria o equilíbrio da balança. | Qualquer objetivo, pois, de alterar o sistem a discrim inatório de una país, j traz, como a mais elementar exigência, uma prévia revisão da paralela distri- L buição de encargos, deslocando dessa forma a tarefa para um terreno fran camente constituinte, com preensivo de toda estruturação política e consti tucional do país e cujo desconhecim ento ou abstração não seria admissível em qualquer trabalho criterioso e construtivo’’1-. Participação das entidades descentralizadas na formação da vontade nacional Na organização do Estado Federal, a fim de que se preserve ao máximo a coesão das unidades que o compõem, é fundam ental que sc assegure um /" instrum ento de participação da vontade destas unidades na formação da [ vontade do todo, ou seja, na formação da vontade do Estado. Em geral, isto se faz por meio de um órgão destinado a representar os interesses destas unidades na formação da vontade nacional, o que ocorre por meio do Poder Legislativo Federal, órgão máxim o responsável por este desiderantm, No nosso ordenamento, o Senado Federal, uma das casas que com põem o Congresso Nacional, consubstanciação do Poder Legisla tivo Federal, é o órgão representativo das unidades federadas, tendo como função defender os interesses da federação, sendo indispensável na forma ção da vontade da nação. Carlos Velloso chama a atenção para este ponto: “Se o Estado Federal constitui forma de descentralização do poder, certo é, entretanto, que so mente isto não basta para caracterizá-lo. José Alfredo de O liveira Baracho, dissertando a respeito do tema, ensina que são dois os princípios básicos do federalismo: o da autonomia das coletividades territoriais distintas do poder central, e o da participação dessas coletividades na vida dos órgãos centrais”” . 22 . D isc r im in a ç ã o ..., p. 9 7 . 2 3 . E stado F ed era l..., p. 5. F e d e r a l i s m o F i s c a l e F u n d o s d e P a r t i c i p a ç ã o - J o s é M a u r íc io C o n t i Indissolubilidade a inrlidmlnbiUrtnflp £ pré-requisito do Estado Federal, haja visia que este se define pela união indissolúvel de Estados federados, de modo que, ‘em havendo possibilidade de separação de um a das entidades, perde-se esta característica essencial do federalismo. Estar-se-ia, por conseguinte, 'diante de outra figura, que não a de um Estado Federal. Esta união deve, portanto, estar expressa na Constituição do Estado, com o item insuscetível de alteração. E o que ocorre na Constituição brasileira, que prevê ser a República Federativa do Brasil formada pela união indissolúvel dos Esta dos e M unicípios e do Distrito Federal (art. 1L1) . ] ,3.1.2. C lassificações dos Estados Federais Um a vez vista esta noção acerca do que vem a ser o Estado Federal, c quais sejam suas principais características, cabe agora esm iuçar este conceito, Ver-sc-á a seguir diversas classificações que tornam mais nítidas as várias características que individualizam o Estado Federal. A doutrina reconhece a existência de diversos tipos de Estados Fede rais. É im portante ser feita uma breve e prévia noção destasclassificações, a fim de que se possa m elhor com preender a form a adotada para o Estado Federal brasileiro, e, conseqüentem ente, os m elhores cam inhos para que sc organize a federação nacional, inclusive e principalmente quanto ã forma de distribuição dos recursos entre os seus com ponentes. 1-3.1.2.1. Tipos de Estado Federal conforme a forma pela quai se originaram Identificam -sc basicam ente dois tipos de Estado Federal, conforme sua origem: a) O Estado Federal por agregação, que surge a partir da união de estruturas pré-existentes, que se agregam e formam uma Federação, como ocorreu, por exem plo, com os Estados Unidos e A lem anha14. Neste caso, o que se tem é uma série de com unidades, que até então gozavam de soberania, e resolvem reunir-se formando um outro Estado, 3 * 24 . M a n o e l G o n ç a l v e s F e r r e i r a Fi l lio , C urso ..., p. 51. E d i t o r a J u a r e z d e O l iv e ir a atribuindo a esLa figura o poder soberano, passando a viver sob um a única ordem iuridica. conservando.cada uma delas a autonom ia, na Forma conven cionada na Constituição que as organize. b) O Estado Federal por segregação, oue surge a partir de um a estru tura única, que estabelece divisões territoriais e se desm em bra em várias outras unidades, concedendo-lhes autonom ia, com o é o caso do Brasil. N este caso, há uma ordem única, que, por razões diversas, resolve prom over a descentralização territorial do poder, de modo que um Estado inicialm ente Unitário passa a ser Federal. 1.3.1.2.2. Tipos dc Estado Federal conform e o modo pelo qual se organizam Identificam -se basicamente as seguintes categorias: : ha ■>? z a) Federalism o dual (ou dualista) ' ’ '“ ' u‘£ O Federalismo dualista é caracterizado pela repartição horizontal do ooder. Há um a rígida separação entre o poder central e os estados federados, f Sua característica fundamental & "a de separar, radicalmente, a competência | dos entes federativos, por meio da atribuição a cada um deles de um a ‘área1 [ própria, consistente em toda um a ‘m atéria’ (do geral ao particular ou espe cífico), a ele privativa, a ele reservada, com exclusão absoluta da participa ção, no seu exercício, por parte de outro ente. Daí falar-se, a propósito de tais com petências, em com petências ‘privativa s’ ou ‘reservadas’"25. No m esm o sentido é a lição de Paulo Casseb: “Realm ente, ao poder federal não é perm itida a penetração no campo reservado à atuação dos Estados-m em bros e vice-versa. Existe, então, dois campos de poderes exclusivos: um ao poder federal e outro ao poder estadual, cam pos estes rigidam ente estipulados e que limitam a esfera de ação desses poderes. . Esse é o chamado federalismo dual ou dualista que com porta um a rígida separação entre o governo central e o local, tendo em vista que um atua independentem ente do outro em seu campo exclusivo"3ft. Hã ainda referências a esta form a dc organização com a denominação de federalism o centrífugo27. 25 . M a n o e l G o n ç a lv e s F e r r e i r a F i lh o . O E studo ..., p. 7. 2 6 F ed era lism o .., p, 9. 27. Velloso. Estada..., p. 8 . F e d e r a l i s m o F i s c a l e F u n d o s d e P a r t i c i p a ç ã o - J o s é M a u r íc io C o n t i b) Federalism o por integração ou cooperativo, O federalismo de integração ou cooperativo tem a característica de [“dividir um a m esm a ‘m atéria ', em diferentes níveis, entre diversos enLcs federativos. Assim, um a mesma 'm atéria ' é atribuída concorrentem ente a i entes federativos diversos, sem pre, porém, em níveis diferentes: g_um atri- bui-se o estabelecim ento de normas g e r a i s ; n-m ura, das norm as particula res ou específicas ( ,..)”3Í. N este tipo de federalism o, há um a m aior interpenetração entre as unidades da federação c o poder central. M odernam ente, observa-se uma tendência dos Estados de estabele cerem esta forma de organização territorial do poder, não fixando duas esfe ras absolutam ente distintas, estanques c independentes, m as sim esferas .que se interpenetrem , auxiliando-se m utuamente c perm itindo m aior flexi bilização, não somente no campo da repartição de com petências, mas princi palm ente no que se refere à distribuição de recursos. Assim é que se desenvolveram as relações in tergo vernamen tais, hoje presentes na maior parte dos Estados, as quais incluem o aspecto financeiro, com o as transferências de reeursos^entre.as_unidades.da federação. Schultze esquem atiza de m aneira didática estes tipos de federalism o, dem onstrando que, de um lado, estão as alianças entre os Estados, como ocorre com os Tratados e as Confederações, direção na qual cam inha o federalism o centrífugo, cujo objetivo supremo é a independência e a diver sidade; de outro, está o Estado U nitário, direção para a qual cam inha o federalismo centrípeto, cujo objetivo m aior é a integração e a igualdade das condições de vida39. 1.3.2. O Federalism o Brasileiro 1.3.2.1. Evolução histórico-constitucional Desde o descobrim ento até a prom ulgação da prim eira Constituição, em 1824, o que se observa no Brasil é um governo basicamente centraliza do, vinculado a Portugal. Pode-se admitir com o sendo o início formal da história do federalismo nacional a publicação da prim eira Constituição, de 1824. O ari. 2" do texto 28 . M a n o e l G o n ç a lv e s F e r r e i r a F i lh o . O E sta d o ..., p. 7. 29 . F ed era lism o , p. 15. m E d i t o r a J u a r e z d e O l i v e i r a previa: “O seu território é dividido em Províncias na forma em que atualmen te se acha, as quais poderão ser subdivididas com o pedir o bem do Estado”. Embora houvesse esia divisão do território em Províncias, o Governo linha características bastante centralizadoras, não sendo possível conside rar existir, nesta época, um regime do tipo federativo. - ! Efetivamente, o Brasil é constituído em República Federativa pela Consti- | tuição de 1891, que. em seu art. 1", estabelece: “A Nação brasileira adota ' como forma de Governo, sob o regime representativo, a República Federativa, proclamada a 15 de novem bro de 1889, c constitui-se, por união perpétua e indissolúvel das suas antigas Províncias, em Estados Unidos do Brasil"-^. Desde então o Brasil manteve-se com ò um a federação, havendo, no entanto, diversas C onstituições até o período atual que fizeram com que as autonomias dos Estados Federados fossem diferentes ao longo do tem po, sendo possível reconhecer períodos em que a federação tinha caracterís ticas mais centralizadoras, outras vezes m enos centralizadoras, com uma autonomia mais significativa aos Estados-m em bros. A Constituição de 1934, com o anota Dallari'1' , em bora mantivesse a organização federativa, teve tendências nitidam ente centralizadoras, como se pode notar da redação do art. 5°, no qual estão enum erados os atos de competência privativa da União, em extensa lista. E ainda aumentaram-se as possibilidades de intervenção nos Estados, com parativam ente ao que havia sido previsto na Constituição de 1891. !” Já a partir da Constituição de 1946 com eçou-se a observar um crcsci- ! mento da autonom ia dos Estados, principalm ente pelo incremento de sua I autonomia financeira. Além da competência privativa para a instituição de diversos impostos {art. 19), tinham também participação na arrecadação de impostos federais (an. 15, § - participação no im posto único sobre combustíveis e m inerais; art. 15, § 4 " - participação no im posto sobre a renda). Passou-se a adotar, de maneira mais clara, um federalismo do tipo cooperativo, em contraposição ao federalismo dualista que marcou o início do federalismo brasileiro. Com a Emenda_Consüuicional4g. de 1965, houve um incremento ainda m aior na distribuição das receitas tributárias e surgiram os Fundos de Parti- 3 0 . C u m p r e d e s t a c a r q u e h o u v e , c m 15 d e n o v e m b r o d e 1S89, p o r m e io do D e c r e to n. 1,a d e e h r a ç f l o d a R ep ú b l ic a F e d e ra t iv a d o Brasil . 31 . Os E stadas..., p. 10. F e d e r a l i s m o F i s c a l e F u n d o s d e P a r t i c i p a ç ã o - J o s é M a u r íc io C o n t i cipação (ari. 2 1 ), cujos recursos tiveram tendência crescente ao longo do tempo, até culm inarem na forma atual. f A C onstituição atualm ente vigente é a que confere maior autonomia [aos Estados-m em bros, especialm ente sob o aspecto financeiro, embora, com o veremos a seguir, não possa ser considerado um grau de autonomia tão significativo quanto ao que é encontrado em outros pafses, [ No aspecto federativo, a Constituição promulgada em 5.10.88 trouxe | como novidade a inclusão dos M unicípios com o integrantes da Federação. Embora esta inclusão provoque a lgum njo lêm ica no que se refere ás teorias sobre o federalism o, há que se reconhecer/terem os M unicípios conquis tado, a partir de 1988, um m aior grau de [autonomia e um maior aporte de recursos. ^ -U..4f' i 1.3.2.2. Situação atuai Considerando as classificações anteriorm ente mencionadas, o Estado Federal Brasileiro atual pode ser considerado, com relação à sua origem, como sendo um federalismo o or segregação. Sendo o Estado Federal brasi leiro do tipo federalismo por segregação, a primeira e importante característi ca que se nota é a autonom ia relativam ente peouena dos Estados-m em bros. Consoante se pode depreender do texto constitucional, os Estados- membros, embora mantenham os requisitos mínimos exigíveis para um Esta do descentralizado, pois têm autonomia financeira e razoável capacidade de auto-organização, na medida em que possuem fontes próprias de recursos, com petências adm inistrativas e legislativas delim itadas pela Constituição, não têm efetivam ente um poder comparável ao de outras nações. Vê-se, por , exemplo, que sua autonomia no cam po legislativo é mínima, cabendo à [ União legislar sobre a grande maioria dos assuntos. Financeiram ente, o poder dos Estados-m em bros nunca foi grande, sendo possível observar nas últimas décadas um aumento na sua capacida de financeira, com o será melhor analisado posteriorm ente. A organização atual do Estado brasileiro vem delineada, basicamente, nos arts. 18 a 31 . nos quais estão especificados os bens, a competência funcional e a compecência.legislativa da União, Estados, Distrito Federal e M unicípios. * r A análise destes dispositivos m ostra o significativo poder da União e [ o reduzido poder dos.Estados. Praticamente estes têm as atribuições que se C i Olili.;! a E d i t o r a J u a r e z d e O l iv e ir a referem a seus interesses locais. No Texto Constitucional temos a previsão expressa de que cabe aos Estados explorar o serviço de gás canalizado (ari. 25, § 2"). Afora isto, podem instituir regiões m etropolitanas (art. 25, § 3U). No mais, o que se encontra é uma competência concorrente em matéria legislativa. Já a U nião tem uma extensa lista de bens que lhe pertencem (art. 20), um a igualm ente ex tensa lista de com petências funcionais exclusivas (art, 2 1 ) e uma vasta competência exclüsiva em matéria legislativa (art. 2 2 ). Na parte de prestação de serviços, cabe aos Estados e M unicípios um a com petência comum com a U nião para cuidar dos assuntos enum era dos no art. 23. Cum pre destacar que o federalismo brasileiro, relativam ente ao modo pelo qual está organizado, tem algumas caracterfsticas_de.um Jcdcralism o ^dualista, na m edida em que estabelece campos específicos de atuação para cada um a das entidades, delim itando a área de atuação da União, dos Esta- dos-m em bros e dos M unicípios. Por outro lado, também adota técnicas de um federalismo coopcra- • tivo, ao estabelecer cam pos de atuação concorrentes. Portanto, vc-se que o modelo brasileiro adota um sistema misto, incor porando tanto técnicas próprias do federalism o dualista quanto técnicas do federalism o cooperativo. É de se considerar predominante, no entanto, o aspecto cooperativo, que se vem observando de m odo cada vez mais signi ficativo nos Estados m odernos, sendo esta um a tendência do federa lism o atual. r E neste ponto cabe destaque às transferências intergovernam entais [ com o instrum entos do federalismo financeiro cooperativo, tema que será abordado oportunam ente. 1 .4 .0 federalismo fiscal Vistas as razões e justificativas que levam a sociedade a organizar o . Estado na form a federativa, há que se ingressar no estudo de um dos mais - se não o mais - im portante aspecto do federalism o, que é o aspecto Financeiro. f O estudo da maneira pela qual as esferas de governo se relacionam do ponto de vista financeiro, que podemos denom inar de federalismo fiscal. I engloba a análise da maneira pela qual está organizado o Estado, qual é o F e d e r a l i s m o F i s c a l e 'F u n d o s d e P a r t i c i p a ç ã o - J o s é M a u r íc io C o u t i Ítipo de federação adoiado, qual é o grau de autonomia dos seus membros, as incum bências que lhe são airibufdas e, fundamentalmente, a forma pela qual serão financiadas. 1.4.1. A necessidade da organização do Estado na fo rm a federa tiva f A limitação espacial da incidência dos benefícios proporcionados pelo I fornecim ento de bens e serviços é um fator determ inante na organização l^dos Estados sob a form a federativa. Certos bens e serviços, quando forne cidos, têm a capacidade de atingir um a am pla extensão territorial, de modo que devem ser prestados por um a estrutura cuja organização abranja refe rido território. Veja-se o caso, por exem plo, da defesa nacional ou de gastos com pesquisas científicas (químicas, módicas, tecnológicas etc.). É mínima a lim itação geográfica destes bens e serviços. Podem eles atingir extensões territoriais vastas e até m esm o indeterm inadas. E são necessários. Logo, alguém deverá fornecê-los. Outros tipos de bens e serviços sofrem um a determ inada limitação territorial. Por exemplo, a construção de uma usina hidrelétrica destinada ao fornecim ento energia poderá atingir m aior ou menor extensão territorial, dependendo de sua capacidade; no entanto, haverá sem pre e necessaria mente um a extensão territorial a que ficará limitada. E há ainda bens e serviços que atingem pequenas áreas. Coleta de lixo, corpo de bombeiros e ilum inação pública são exem plos que ilustram esta hipótese. Diante disto, já se pode observar a necessidade de esferas diferentes de governo para prover as necessidades públicas. A lgum as deverão ser satisfe itas por níveis de adm inistração que atuem em e sfera nacional, outras por uma adm inistração organizada em nível regional, e outras por órgãos locais. Richard e Peggy M usgrave constatam estas circunstâncias” . Carlos Alberto Longo e Roberto Troster também o fazem: “A função alocativaé a principal no que se refere ít eficácia do federalismo fiscal. O problema básico é o fornecimento de bens e serviços públicos de acordo com as preferen cias dos habitantes da região beneficiada e que os benefícios sejam por eles r financiados. Alguns beps ou serviços públicos beneficiam a população de 32. F itu m çu s P úblicas. S 3 o P a u lo ; E D U S P , 1980, p. 532 . E d i t o r a J u a r e z d e O l iv e ir a iodo o pais, coino a segurança nacional, a polílica exiem a frente a ouiros países etc. Esses tipos de serviços devem ser da com petência da União. rJá outros serviços com o a iluminação pública c o serviço dc bombeiros beneficiam diretam em e uma com unidade, sendo, portanto, bens ou servi ços públicos locais"” . r Ou ira questão im portante refere-se às preferências pessoais dos resi- j dentes. Por razões variadas, as pessoas têm necessidades e interesses dife- [ rentes conform e o local em que se encontram, e isto leva no mais das vezes a alterações na dem anda por serviços públicos, Um local seco, com pouca cliuva, soliciia serviços de fornecim ento de água em proporções maiores do queum local úm ido, onde a água não chega a ser um problem a preocupante. O mesmo ocorre em sentido inverso. Uma área urbana com alLo índice p luviom étrico pode dem andar, por exem plo, obras contra enchentes, o que não ocorre em local árido. Ouiros fatores de natureza cultural também podem influenciar neste aspecto. Vê-se que uma adm inistração organizada.sotneme.em nível nacional, em áreas territoriais de grande extensão, terá dificuldade em captar estas _djvcrsidades regionais, o que seguram ente im portará em m enor eficiência no atendim ento das necessidades públicas. Reconhece-se ainda que a descentralização administrativa permite que ocorra o fenômeno do “voto com os pés", ou seja, adm itindo-se que os indivíduos que apresentam preferências sem elhantes tendem a fixar resi dência nos locais em que a prestação de serviços existentes m elhor atende às suas necessidades particulares, haverá deslocam entos que promoverão a formação de com unidades m elhor ajustadas a seus habitantes. Assim, nestas com unidades o atendimento das necessidades públicas será melhor realizado, na m edida em que os integrantes têm interesses próximos. Por todas estas razões, é de se concluir que a natureza dos diversos bens a serem fornecidos faz com que se torne mais adequado o seu forneci mento por esferas diferentes de governo, criando-se uma estrutura adm i nistrativa descentralizada, haja vista a existência de bens cujo fornecimento deve se dar em uma am pla área e outros cujo fornecim ento deve se dar em área mais restrita. Como sintetizam Richard e Peggy M usgrave com precisão, “o fato da incidência dos benefícios ser lim itada espacialm ente requer a existência de 33 . E c o n o m i a , p . 2 3 . B358gBBfln F e d e r a l i s m o F i s c a l e F u n d o s d e P a r t i c i p a ç ã o - J o s é M a u r íc io C o .v n | uma estrutura fiscal com posta por múltiplas unidades de prestação de ser viços, cada uma delas cobrindo uma região de um certo tamanho na qual a ofena de um serviço específico é determ inada e financiada"3,1, Esta é questão pacífica entre os estudiosos das finanças públicas, como se pode constatar deste excerto: "A limitação espacial da incidência dos benefícios das despesas públicas requer, por razões de eficiência, uma estrutura fiscal descentralizada, cabendo a cada governo jurisdições de diferentes tamanhos, dentro das quais o nível e a com posição dos serviços f públicos seriam determinados e financiados. Então, uma justificativa econô mica para o sistem a federal é baseada, essencialm ente, na capacidade que unidades de governos descentralizados têm para m elhorar a alocação de recursos do setor público, através da diversificação dos serviços públicos '^de acordo com as preferências locais"-13. No mesmo sentido estão as palavras de Vera M artins Silva: “O federa lismo é um tipo de regime político onde há várias instâncias governam en t a i s presentes. O federalism o fiscal é a form a com o essas instâncias se organizam em term os de atribuições de encargos e receitas para a execução I das funções governam entais, A ocorrência de diversos níveis de governo dentro da estrutura do Estado varia conform e as peculiaridades de cada país. Isso porque existem várias formas de federalism o, desde a clássica, adotada nos Estados Unidos, como muitas outras que também podem ser chamadas de regim es federativos, incluindo-se o caso de uma confedera ção como a Suíça. Neste caso, o sentido de federalism o é bastante solto e indica uma estrutura em que'a integração ocorre em um nível supranacional, adotando-se um aparato mínimo necessário ao bom funcionamento do con junto, resguardando-se, contudo, boa parcela de autonom ia entre as unida- ídes. A existência de diversos níveis de governo é teoricam ente desejável | para o desem penho eficiente da função alocativa no governo na medida em ] que, se as funções utilidade e renda são diferentes entre as localidades, deter minados bens ou serviços são mais eficientem ente ofertados por níveis sub-nacionais, enquanto outros são relativam ente melhor ofertados pelo nível federal. É claro, também, que ao lado de questões de eficiência alocativa, há também critérios históricos e políticos que determ inam qual será a divi são de encargos e receitas públicos."3*. j ' 3 4 . F in a n ç a s ,.., p. 5 3 2 . 3 5 . L o n g o c T r o s i e r . E co n o m ia ..., p . 148. 36 . O s M u n ic íp io s ..., p. 15. E d i t o r a J u a r e z d e O l i v e i r a Há teorias que chegam inclusive a estabelecer critérios destinados a determ inar o tamanho ótimo de um a com unidade, avaliando as variáveis de custo do serviço, tamanho da com unidade e nível de serviço, com o se pode observar em M usgrave c M usgrave31. M enciono este dado por conside rá-lo relevante sem, no entanto, aprofundar no tema, a fim de não fugir ao objeto central deste trabalho. 1.4.2. F undam entos sócio-econôm icos do fed era lism o fisca l Os estudiosos de Ciência das Finanças reconhecem alguns funda mentos que devem nortear a formação do Estado Federal, fundamentos estes denom inados por alguns com o sendo “princípios do federalism o fis cal". Entre eles estão os seguintes3s: “ —>Princípio do benefício Segundo este princípio, os serviços públicos devem ser federais, es taduais ou m unicipais conform e o benefício por ele produzido atinja todo o território nacional, ou apenas parte dele, em nível estadual ou municipal. Assim, serviços com o o da segurança nacional, por exem plo, são necessa riam ente federais, haja vista que o benefício decorrente da prestação deste serviço se dá em toda a extensão do território nacional. Já serviços como o de coleta de lixo tendem a ser organizados em nível municipal, por benefici arem apenas determ inada coletividade. '- -^P r in c íp io da compensação fisca l f Segundo este princípio, devem ser criadas formas pelas quais sejam 1 atenuados determ inados desajustes que venham a ocorrer em função de L circunstâncias peculiares a determ inados tipos de serviços, que geram as chamadas "externalidades". Ou seja, pode ocorrer de determinado integrante da federação ser beneficiado - ou prejudicado - por uma atividade que deva necessariam ente ser realizada em benefício de toda uma comunidade, f Um m unicípio que esteja localizado em um a região em que se tenha um f interesse de preservação ambiental, por exemplo, poderá ficar sujeito a uma 37 . F in a n ç a s ..., p. 5 3 2 / 5 3 7 . 38, E s t a q u e s t ã o 6 s i s t e m a t i z a d a c o m p r e c i s ã o c m L o n g o c T r o s i c r ( .E ttin o nna .,., p. 148). F e d e r a l i s m o F i s c a l e F u n d o s d e P a r t i c i p a ç ã o - J o s é M a u r íc io Comi ^ série de limitações de òrdcm legal que o impeça de ver instalados em seu I território indústrias'e comércio. Neste caso, o M unicípio será fortemente i^prejudicado em sua receita, haja vista as restrições a que Fica sujeito e que im pedem a existência em seu território de atividades que poderiam vir a gerar receitas, e o benefício gerado —manutenção do meio ambiente sadio - não atingirá somente essa com unidade, mas sim toda uma região na qual estão várias outras com unidades, que não são afetadas pela queda de recei ta, mas beneficiadas pela preservação do meio ambiente. Esta necessidade Ide preservação do meio ambiente gera o que se pode denom inar em ciência econôm ica de “externalidade negativa” , circunstância a ser compensada de algum a forma, sob pena de provocar injustiças sob o ponto de vista da I distribuição de riquezas entre as unidades da federação, em prejuízo, portan to, da eqüidade federativa e, por conseguinte, do próprio espírito para o ' qual foi criada a federação - que é a de m elhorar a vida das pessoas de uma determ inada sociedade, e não prejudicar alguns em benefício de outros. — ^ Princípio da distribuição centralizada Adm ite-se que o mais adequadoé concentrar a d istribuiç.ã_o_dcj:enda- no governo ceniral, pois assim as m edidas redislribulivas ganham maior eficácia e eficiência. Assim, determinados tributos que têm importante função com o instrum entos de redistribuição de rendas, como 6 o caso do imposto de renda, devem ser de com petência da União. 1.4.3. O federa lism o como instrum ento da ju s tiç a social inter-regional Na já citada obra de R icharde Peggy M usgrave, deparamo-nos com a seguinte indagação: “Em bora seja evidente que as medidas redistributivas m ais importantes devam ser impIemeniE|das a nível nacional, cabe indagar 'se o governo federal deve se restringir aos ajustes redistributivos entre indivíduos ricos e indivíduos pobres ou tam bém deve se preocupar com ajustes entre comunidades ricas e com unidades pobres?”31*. I A resposta a esta questão leva à| reflexão sobre um dos aspectns fu n d am en ta is do federalismo, que é a ,sua funcao como insirum ento-dc eqüidade inter-regional. Ora, um dos objetivos fundamentais do federalis mo fiscal é a manutenção da eqüidade entre as regiões. D erivados próprios 39 . F in a n ç a s ..., p. 540 . E d i t o r a J u a r e z d e O l iv e ir a objetivos do Estado, que tem, entre suas principais funções, buscar sem pre levar seus cidadãos em direção à igualdade. tzLiVL, TAF, JA y.ir '-55 Sem querer ingressar na árdua e possivelm ente infindável tarefa dc extrair o exato conteúdo do princípio da igualdade, é possível adm itir como segura a tese de que a igualdade deve ser buscada de form a a atenuar as diferenças entre as pessoas, ainda que para isto seja necessário o tratam en to dèsigual entre elas. “A regra da igualdade não consiste senão em quinhoar desigualm ente aos desiguais, na m edida em que se desigualam. N esta desi- J gualdadersocial, proporcionada à desigualdade natural, é que se acha a verdadeira lei da igualdade. O rnais são desvarios da inveja, do orgulho e da ( loucura. T ratar com desigualdade a iguais, ou a desiguais com igualdade, \ seria desigualdade flagrante, e não igualdade real. Os apetites humanos çao, pretendendo, não dar a esmo a todos, com o se todos conceberam inverter a norma universal da crii cada um, na razão do que vale, mas atribuir o rrt se equivalessem "''0. sel.vfsuc.vl fl1, f-'r'■'[ oov.*l. Nada mais razoável, na busca do caminho que leve à Justiça Socialj do que reconhecer ser aplicável esta noção da igualdade não apenas aos indi víduos com o tais, considerados isoladam ente, mas também às comunida- d e^n a qual vivem. Como bem ressalta Lobo Torres, "existe certo consenso em torno da necessidade de tratam ento desigual conform e as diferenças existentes en tre regiões, pelo que os benefícios m aiores para as áreas pobres ficam ple namente justificados". Destaca ainda o autor os diversos artigos da Cons tituição que determ inam a observância desta eqüidade entre regiõesJ |. Em sentido semelhante está o pensam ento de Sampaio Dória: “Neste, f a redistribuição de rendas, succionadas pela aparelhagem arrecadadora fede- t ral das regiões mais afluentes e bombeadas, através dos canais da despesa [ ou da m era transferência, para aquelas inaptas a gerá-las autonom am ente, é Im periosa norma de política federativa. (...) Concedido que a U nião deva a tuar com o agente_de nivp.lam&nirt-de-ijms-rleKlgiialriadcs, quando menos por falta de outro elemento catalisador ou fertilizador de forças adorm e cidas locais, põe-se a seguir o problem a do como, quanto e onde se deve program ar essa atuação, m atéria de definição casuística e contingente, que refoge de nosso propósito básico de fixar a prem issa dessa intervenção. (...) Historicamente, o federalismo sempre se inclinou a equilibraras descompen 4 0 , R u y B a r b o s a . O ração tm x m oços, p. 32. 4 ] . C u r r o . , . , p. 9 2 . F e d e r a l i s m o F i s c a l e F u n d o s d e P a r t i c i p a ç ã o - J o s é M a u r íc io C o n t i sações regionais do país, com o grau de intensidade das medidas Finan ceiras próprias de cada um dos ciclos que atravessou, como temos assina lado no decorrer desse trabalho"42. O princípio da igualdade deve, por conseguinte, ser aplicado à organi zação do Estado na forma federativa, o que nos leva à conclusão de que deve ser estendido aos com ponentes da Federação, a fim de que possa vir a atingir sua meta final, que é o cidadão.s ^ T-v Logo, é fundamental que o Esiaao se organize de forma a manter eqüidade entre seus mem bros, o que importa na adoção de um a série dc me.dj daj;j^dUüikuJiv.as, Estas podem ocorrer por meio da com petência própria para arrecada ção e de diversos sistemas de transferências. No entanto, a medida mais comum e eficiente é estabelecer um sistem a de transferências intergoverna: mentais que prom ova a red istribuição.das.ciquezas^arrecadadas, de modo a fazer com que as unidades da federação que m ais arrecadem rep.asse.tn. p.ar.te dos recursos às unidades menos favorecidas. Sem que se utilize somente o critério da arrecadação, e sim todos aqueles que promovam a Justiça Fiscal, no sentido mais amplo do termo. Pode a redistribuição basear-se, por exem plo, no critério da necessidade, ou seja, receberiam recursos as unidades que deles m ais necessitassem , ainda que pudessem por qualquer razão ter um a arrecadação não inferior àquela da qual esteja recebendo o recurso, ou, caso o recurso provenha do poder centra], venha a receber proporcional mente mais do que outra unidade com menor arrecadação. É o que pode ocorrer em face de diferenças naturais. Uma região desértica, que pouco produzirá na agricultura, pode ter um a arrecadação razoável (produz petró leo, por exemplo), mas, m esm o assim, terá necessidade de um aporte maior de recursos para que se desenvolva satisfatoriamente e m antenha um padrão de vida adequado a seus habitantes, A própria Com issão de Refom ta do M inistério da Fazenda, criada na década de 60 para formular propostas e realizar estudos destinados à elabo ração de um projeto para uma nova ordem constitucional, já reconhecia esta situação; “(...) Se o produto da renda nacional se caracterizasse por sua uniformidade no território, não haveria maior problema. Ocorre, porém, que é p.vtrnnrrtirprinmentp- rle.sianal a. prnHnçãn hn renrin nacional Presente mente, a União procura corrig ira falta de uniformidade, redistribuindo o que arrecada através da presXaçãn-de^serviçns-nu rle auxílios financeiros. É um 42. Snm paio Dória. Diserim m iiçtla..., p. 157/160. E d i t o r a J u a r e z d e O l iv e ir a procedimento com preensível, que não deixa, entretanto, de envolver certa concentração de deliberações, conflitante com a alm ejada autonomia finan- ! ceira dos Estados e dos M unicípios. Não liá no alegado escrúpulo de auto nomia um idealism o forçado contra a realidade dos fatos. O que existe, na afirmação que acabo de fazer, é 0 desejo de ver assegurada a descentralização administrativa, que se impõe em nosso País, em face da enorm e extensão territorial e das m arcantes peculiaridades regionais j A própria Constituição brasileira vigente reconhece serem as transfe- / rências i n tergo vern a m e n ta i s instrumentos de equilíbrio federativo ao estabe lecer, em seu art. 161, inciso II, que os Fundos de Participação têm como objcd- vo "prom over o equilíbrio sócio-econôm ico entre estados e municípios". Vemos, assim , a im portância que têm as transferências intergoverna- menlais como instrum entos fundamentais do federalism o fiscal. 1.4.4. O federa lism o f is c a l e a com plexidade na distribuição de com pe tências fu n c io n a is Uma das questões, que pode ser considerada a mais complexa na organização dos Estados Federais, 6 a da repartição das com petências entre o poder central e as diversas unidades subnacionais. Considerando que a distribuição dos recursos pelos diversos m eca nismos anteriormente m encionados visa assegurar um equilíbrio federa tivo,
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