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Petção - Atividade 4 Maria Liduina Brandão

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Prévia do material em texto

EXMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA CÍVEL DA COMARCA DE FORTALEZA – CE.
PEDE PRIORIDADE NA TRAMITAÇÃO DA AÇÃO –
AUTOR DA AÇÃO PORTADOR DE DOENÇA GRAVE
(art. 1.048, inc. I do CPC) 
 
 
DISTRIBUIÇÃO DE URGÊNCIA
PROCEDIMENTO CIRÚRGICO NEGADO
JOANA SANTOS, … (nacionalidade), … (estado civil), … (profissão), portador do CPF/MF nº …, com Documento de Identidade de n° …, residente e domiciliado na Rua …, n. …, … (bairro), CEP: …, … (Município – UF), vem, com o devido respeito à presença de V. Exa., por meio do seu advogado ao final assinado, nos termos do instrumento de procuração em anexo (Doc. 01), com escritório profissional à Av. (...), endereço digital (...), onde receberá as notificações e intimações relativas a esse processo, pelas razões de fato e de direito abaixo elencadas, propor as presente 
AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER
COM PEDIDO DE ANTECIPAÇÃO DE TUTELA E DANOS MORAIS
 
Em face do PLANO DE SAÚDE TRATAMENTOS INTEGRAL, com CPF/CNPJ de n.…, com sede na Rua…, n.…,… (bairro), CEP: …,… (Município– UF), pelas razões de fato e de direito que passa a aduzir e no final requer:
I – DA PROCEDÊNCIA DA JUSTIÇA GRATUITA.
Preliminarmente, requer a autora o benefício da Justiça Gratuita, nos termos do preconiza o disposto no artigo 4º da Lei nº 1.060/50, declara ser pobre, na forma da lei, bem como, portadora de DOENÇA GRAVE, que impede o exercício de qualquer atividade profissional, e dependente de tratamento de elevado valor, o que a impossibilita de arcar com a custa judicial, sob pena de não prover o sustento próprio e de sua família.
II – DOS FATOS.
Conforme se observa de toda a documentação anexada aos autos, em especial o relatório médico em anexo, a demandante é portadora câncer de sangue, denominado cientificamente como “Leucemia Mielóide Aguda” (CID C92.0).
Esse tipo de câncer ataca os glóbulos brancos e pode, no curto prazo, levar a paciente e óbito, não sem antes submetê-la a terrível sofrimento. A cura desta doença só pode ser alcançada com o devido tratamento. A taxa de mortalidade, está devidamente atrelada à realização ou não, do tratamento no prazo adequado.
(O relatório médico retro mencionado, recomenda expressamente, o tratamento com o medicamento importado chamado MIDOSTAURIN (RYDAPT), com dose de 50mg a cada 12 doze) horas, durante 14 dias, concomitantemente com o tratamento de quimioterapia. Sendo este, o único medicamento conhecido, associado à quimioterapia, com chances reais de exterminar o câncer que acomete a autora.
Cabe esclarecer inicialmente, que os custos do medicamento em questão, encontram-se muito além do poder aquisitivo da autora, e esta não tem condições de adquiri-lo, ainda de sacrifique a sua própria subsistência e de sua família.
Ocorre que, inobstante o acima exposto, e conforme se depreende da notificação recebida do Plano de Saúde ora Réu, cuja cópia sem anexo, este “ NEGOU ” o tratamento, sob duas alegações. 
A primeira, de que o medicamento tem alto custo. A segunda, de que o índice de cura, associada ao referido medicamento, é de 80% (oitenta por cento) dos casos tratados, não garantindo à paciente alcance a cura.
O referido tratamento é composto de vários ciclos, variando o numero de ciclos, de acordo com a evolução da doença e estado do paciente. Segundo as recomendações do relatório médico em anexo, o estado da paciente ora autora, é grave e requer urgência no início do tratamento.
É fato inquestionável que, salvo caso de raríssimas exceções previstas expressamente em lei, os Planos de Saúde têm o dever de arcar com as despesas hospitalares, ambulatoriais e outras de natureza terapêutica indispensáveis à reabilitação do paciente, independentemente do seu custo e complexidade.
A certeza inequívoca da gravidade do estado de saúde da paciente, e da necessidade premente de iniciar com “urgência” o referido tratamento, justificam o ingresso e cabimento da presente demanda judicial, com pedido de tutela de urgência, cumulado com a indenização pelos danos morais, conforme será demonstrado adiante.
São estes os fatos, corroborados pelos documentos e outros meios de provas trazidos aos autos, que fundamenta a presente medida judicial.
III – DO DIREITO.
A atuação dos Planos de Saúde no Brasil é regida pela Lei Federal nº 9.656/98, e demais normas legais posteriores, que regulam determinados aspectos específicos.
O artigo específico da citada lei, que fundamenta o pedido em tela, é o artigo 10, “caput” que determina a “obrigação” dos planos de saúde, no tratamento das “doenças listadas na Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde, da Organização Mundial de Saúde”, conforme abaixo.
Art. 10.  É instituído o plano-referência de assistência à saúde, com cobertura assistencial médico-ambulatorial e hospitalar, compreendendo partos e tratamentos, realizados exclusivamente no Brasil, com padrão de enfermaria, centro de terapia intensiva, ou similar, quando necessária à internação hospitalar, das doenças listadas na Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde, da Organização Mundial de Saúde, respeitadas as exigências mínimas estabelecidas no art. 12 desta Lei, exceto.
O artigo acima mencionado traz em seus incisos, as possibilidades de exceções, dentre as quais inexiste a possibilidade excepcionar o tratamento em razão da eficácia do medicamento. 
Preliminarmente, cabe explanar aqui, que não se trata o presente caso, de tratamento clínico experimental, muito menos de um medicamento importado não nacionalizado, vez que o MIDOSTAURIN (RYDAPT), trata-se de medicamento devidamente nacionalizado, com registro no Ministério da Saúde. Únicas razões que poderiam obstar o tratamento pretendido, nos termos do que dispõe Lei Federal nº 9.656/98.
Tal alegação, a prevalecer, configurará, inequívoca infração a direito fundamental do consumidor, visto que a lei nº 8.078/90 é lei complementar à constituição federal e estipula o direito ao consumidor, como norma de ordem pública e de interesse social, e mais ainda, como direito fundamental. Especialmente em razão da sua vulnerabilidade na relação de consumo. Principalmente, quando se trata de problemas relacionados à saúde, como no presente caso.
Como podemos depreender dos seus artigos 1º e 4º, inciso I, que hora reproduzimos. 
“Art. 1° O presente código estabelece normas de proteção e defesa do consumidor, de ordem pública e interesse social, nos termos dos arts, 170, inciso V, da Constituição Federal e art. 48 de suas Disposições Transitórias.
Art. 4º A Política Nacional das Relações de Consumo tem por objetivo o atendimento das necessidades dos consumidores, o respeito à sua dignidade, saúde e segurança, a proteção de seus interesses econômicos, a melhoria da sua qualidade de vida, bem como a transparência e harmonia das relações de consumo, atendidos os seguintes princípios: (Redação dada pela Lei nº 9.008, de 21.3.1995)
   ”I - reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor no mercado de consumo;”
No que se refere à jurisprudência dominante em nosso país, em especial no Superior Tribunal de Justiça, o entendimento não é diferente, conforme podemos depreender de decisão do Ministro Carlos Alberto Menezes que assim sentenciou:
1. Processo 2004.0099909-0 – REsp 668216 / SP - O plano de saúde pode estabelecer quais doenças estão sendo cobertas, mas não que tipo de tratamento está alcançado para a respectiva cura. Se a patologia está coberta, no caso, o câncer, é inviável vedar a quimioterapia pelo simples fato de ser esta uma das alternativas possíveis para a cura da doença. A abusividade da cláusula reside exatamente nesse preciso aspecto, qual seja, não pode o paciente, em razão de cláusula limitativa, ser impedido de receber tratamento com o método mais moderno disponível no momento em que instalada a doença coberta. (grifos nossos).
“AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. PLANO DE SAÚDE. OMISSÃO E CONTRADIÇÃO. VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO CPC/73. ARGUMENTAÇÃO GENÉRICA. SÚMULA 284/STF. NEGATIVA DE PROCEDIMENTO DE DOENÇA PREVISTACONTRATUALMENTE. CLÁUSULA ABUSIVA. SÚMULA 83/STJ. DANO MORAL. RECUSA INJUSTIFICADA. CARACTERIZAÇÃO. QUANTUM INDENIZATÓRIO RAZOÁVEL. AGRAVO NÃO PROVIDO. um. A alegação genérica de violação a dispositivo de lei, no âmbito especial, configura deficiência de fundamentação recursal. Incidência da Súmula 284/STF. 2. O Superior Tribunal de Justiça possui entendimento de que, havendo cobertura para a doença, consequentemente deverá haver cobertura para procedimento ou medicamento necessário para assegurar o tratamento de doenças previstas no referido plano. Precedentes. 3. Nas hipóteses em que há recusa injustificada de cobertura por parte da operadora do plano de saúde para tratamento do segurado, como ocorrido no presente caso, em que a autora, portadora de câncer de mama, teve negado atendimento em situação de urgência e emergência, é assente a caracterização de dano moral, não se tratando apenas de mero aborrecimento. 4. Não se mostra exorbitante a condenação da recorrente no valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais) a título de reparação moral em virtude dos danos sofridos pela agravada em decorrência de recusa à realização de procedimento médico necessário. 5. Agravo interno a que se nega provimento. (STJ - Acórdão Agint no Aresp 1001663 / RJ, Relator (a): Min. Raul Araújo, data de julgamento: 16/02/2017 data de publicação: 07/03/2017, 4ª Turma)” (grifos nossos).
O Direito, enquanto Ciência Social que é, deve submeter-se ao princípio da Razoabilidade, em cuja esfera torna-se inaceitável a simples e injustificável vantagem empresarial, em detrimento do paciente moribundo.
No domínio das Justiças Estaduais, os entendimentos acerca do tema não são diferentes, senão vejamos:
SANTA CATARINA
DIREITO CIVIL. AÇÃO ORDINÁRIA. SEGURO EM GRUPO DE ASSISTÊNCIA À SAÚDE. INDEVIDA RECUSA DE FORNECIMENTO DE MEDICAMENTOS SOB ALEGAÇÃO DE LEGÍTIMA EXCLUSÃO CONTRATUAL. IMPOSSIBILIDADE. APLICAÇÃO DAS DISPOSIÇÕES CONSUMERISTAS. CONTRADIÇÃO ENTRE CLÁUSULAS CONTRATUAIS (ART. 47 DO CDC). INTERPRETAÇÃO FAVORÁVEL AO CONSUMIDOR. RECURSO DESPROVIDO.
1. Em tema de seguro saúde, como tem entendido o STJ e esta Corte, se o plano é concebido para atender os custos pertinentes a tratamento de determinadas doenças, o que o contrato tem de dispor é sobre quais as patologias cobertas, não sobre os tipos de tratamentos cabíveis a cada uma delas. Se assim não fosse, estar-se-ia concebendo, igualmente, que a empresa que gerencia o plano de saúde substituísse ao médico na escolha da terapia mais adequada.
2. Assim, é ilógico e atenta contra o princípio da razoabilidade, a circunstância de haver, no plano de saúde, previsão de cobertura quanto a doença – câncer – e respectivo tratamento quimioterápico e, contraditoriamente, no entanto, restrição ao pagamento dos custos quanto aos medicamentos indicados pelo médico para uso domiciliar – TEMODAL e Zofran.
(Apelação Cível nº 2008.007636-4 – Quarta Câmara de Direito Civil. Relator Eládio Torret Rocha)
RIO GRANDE DO SUL
PLANO DE SAÚDE. UNIMED PORTO ALEGRE. MEDULOBLASTOMA. TRATAMENTO COM TEMODAL.
Preliminar de ilegitimidade ativa repelida. Os contratos de plano de saúde podem estabelecer as doenças sujeitas à cobertura, mas não podem limitar o tipo de tratamento ou de medicamento a ser alcançado ao paciente. Ademais, não obstante o contrato excluir tratamento experimental e domiciliar, o quadro clínico do autor é delicado…
(Apelação Cível nº 70027339779 – Relator Leo Lima)
RIO DE JANEIRO
OBRIGAÇÃO DE FAZER. PLANO DE SAÚDE. TRATAMENTO QUIMIOTERÁPICO REALIZADO VIA ORAL NA RESIDÊNCIA DO PACIENTE. COBERTURA RECUSADA. LIMINAR DEFERIDA. AUSÊNCIA DE TERATOLOGIA NA DECISÃO AGRAVADA.
Inaplicabilidade, no caso concreto, de cláusula exonerativa de responsabilidade, pois a quimioterapia realizada através de medicamentos ministrados por via oral, como é o caso do Temodal, se inclui no próprio tratamento quimioterápico, substituindo o tratamento tradicional, que é a internação com aplicação intravenosa. Assim, o fornecimento da medicação não viola o contrato firmado entre as partes, não se aplicando ao caso a cláusula de exclusão de fornecimento de medicamentos para uso domiciliar, tudo em nome da dignidade humana e respeito à boa-fé objetiva.
(Agravo de Instrumento nº 2008.002.34057 – Décima Segunda Câmara Cível – Relator Des. Lúcia Maria Miguel da Silva Lima)
Desta forma, podemos vislumbrar que o direito pleiteado pela paciente, ora autora, é amplamente amparado pela legislação e doutrina pátria, que sem exceção, em todos os níveis, gozam do mesmo entendimento.
IV - DA ANTECIPAÇÃO DO EFEITO DA TUTELA
A antecipação dos efeitos da tutela encontra guarida no art. 300 e seguintes do novo CPC, a requerimento da parte interessada, cabendo ao juiz se convencer da verossimilhança da alegação, à vista de prova inequívoca.
Restou aqui devidamente comprovado por meio dos documentos acostados a verossimilhança do direito alegado e o perigo de dano irreparável, haja vista à gravidade da doença a autora, cujo tratamento exige administração de medicamento de alto custo, para preservação da sua vida. Razão pela qual requer seja a Ré, compelida em regime de urgência que adquira e forneça o medicamento MIDOSTAURIN (RYDAPT), em conformidade com a prescrição e relatório medico que segue em anexo, sem prejuízo de outros procedimentos complementares.
A urgência se justifica pelo próprio motivo da petição, ou seja, a gravidade da doença e a rapidez com que a mesma provoca danos irreversíveis, comprometendo a sobrevivência da paciente ora autora.
Portanto, deferir-se a tutela antecipada, no presente caso, significa preservar a saúde do paciente e respeitar a sua condição de ser humano e de cidadão, que tem o direito de cobrar da Operadora o atendimento integral à saúde.
O fumus boni iuris, ou seja, a plausibilidade do direito invocado, sobretudo na informação médica e na notícia do estado atual da paciente, que necessita urgentemente do medicamento MIDOSTAURIN (RYDAPT), para que possa conquistar a sobrevida decorrente do respectivo tratamento.
O periculum in mora é notório e transcorre do risco de o paciente ir a óbito em virtude da gravidade do seu quadro clínico, em razão da demora na aplicação dos procedimentos recomendados pelo médico, em caráter de urgência.
Assim sendo, tem se por imprescindível a concessão de tutela antecipada initio litis e inaudita altera pars, determinando à requerida o imediato tratamento pleiteado, conforme dispõe o relatório e receituário médico acostados, em quantidade suficiente para cobrir todo o período relativo ao respectivo tratamento, sem prejuízo de outras formas de reabilitação, tudo sob pena de multa diária a ser cominada por Vossa Excelência, com a manutenção dos efeitos dessa medida até o trânsito em julgado da decisão meritória a ser proferida na presente demanda.
V - DO DANO MORAL
O dano moral é objeto de amplos estudos, que melhor permitem avaliar sua natureza e efeitos, vale salientar-se os ensinamentos trazidos pelos mais renomados doutrinadores, senão vejamos:
Aguiar Dias distingue os danos patrimoniais e morais afirmando que a distinção:
"Ao contrário do que parece, não decorre da natureza do direito, bem ou interesse lesado, mas do efeito da lesão, do caráter de sua repercussão sobre o lesado", anotando, ainda, o seguinte:
Assim sendo, a reparação do dano moral não visa reparar a dor no sentido literal, mas, sim, aquilatar um valor compensatório que amenize o sofrimento provocado por aquele dano.
José Afonso da Silva, comentando o Art. 5º, X da CF/88, elucida:
“A vida humana não é apenas um conjunto de elementos materiais. Integram-na, outrossim, valores imateriais, como os morais”.
É correto que a Constituição Federal de 1988 em seu art. 5º, incisos V e X, garante reparação indenizatória por dano sofrido, que assim dispõem:
"Art. 5° - Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
[...]V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano matéria, moral ou à imagem; (destacamos).
[...]
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;
Ademais, o Código Civil assegura o direito à reparação econômica por dano material e moral:
"Art. 186, CC. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral comete ato ilícito. 
Art. 927, CC. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo. 
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.
Art. 942, CC. Os bens do responsável pela Ofensa ou violação do direito de outrem ficam sujeitos á reparação do dano causado; e, se a ofensa tiver mais de um autor, todos responderão solidariamente pela reparação."
Comprova-se, no caso em tela, a imprescindível relação de consumo entre as partes, fazendo-se aplicar as normas atinentes à lei 8078/90 – Código de Defesa do Consumidor.
“Art. 6º: São direitos do consumidor:
(...)
VI - a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos e difusos”.
O Direito à reparação de danos com base no Código de Defesa do Consumidor é bem respaldado na Jurisprudência exposta seguir:
Para as seguradoras, o prejuízo em recusar o tratamento pode ser ainda maior que o pagamento do custo do procedimento médico em si. Foi o que ocorreu com a Golden Cross Assistência Internacional de Saúde. Depois de negar a cobertura de cirurgia bariátrica a uma segurada, a empresa se viu ré em uma ação de obrigação de fazer cumulada com dano moral.
[...]
No STJ, a Terceira Turma atendeu ao recurso da segurada (Resp 1.054.856). A relatora, ministra Nancy Andrighi, afirmou que a recusa indevida do plano de saúde de cobrir o procedimento pode trazer consequências psicológicas bastante sérias. Daí a ocorrência do dano. No mesmo recurso, a ministra constatou que, para casos semelhantes, a indenização foi fixada entre R$ 7 mil e R$ 50 mil. Na hipótese analisada, a Turma entendeu ser razoável o valor de R$ 10 mil pelo dano moral sofrido. (em:<http://www.stj.gov.br/portal_stj/publicacao/engine. wsp? tmp. area=398&tmp. texto=101222).
A nossa jurisprudência é farta acerca de dano moral, em total harmonia com a doutrina predominante.
“Causando o dano moral, fica o responsável sujeito às consequências de seu ato, a primeira das quais será essa de pagar uma soma que for arbitrada, conforme a gravidade do dano e a fortuna do responsável, a critério do poder judiciário, como justa reparação do prejuízo sofrido...” - Revista Forense, 93/529.
Pela ansiedade de necessitar de urgente do tratamento ora requerido, por meio da disponibilização do medicamento, por se sentir prejudicada e injustiçada pela constante negativa por parte do plano de saúde em oferta-lo, pela dor e sofrimento sentidos e ainda pelo desgaste de procurar seus direitos estando com doença grave que a impossibilita trabalhar e locomover-se, ou seja, ter uma vida normal, ainda, como medida pedagógica para empresas que desrespeitam o consumidor; exige-se indenização por danos morais em valores a serem determinados por V. Exa, com base na sua experiência, bom senso e justiça.
VI- DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS
Diante de todo o acima exposto, dos documentos e provas trazidos aos autos, e de toda a exposição aqui apresentada, requer a autora, que V. Exa se digne a:
1. Conceder-lhe os benefícios da Justiça Gratuita, na forma da Lei nº 1.060/50, por se tratar de situação excepcional em que pessoa enferma, e sem condições de prover renda própria, que tem ainda o dever de preservar o sustento de sua família;
2. A concessão de tutela antecipada, initio litis e inaudita altera pars, compelindo a requerida à imediata aquisição e fornecimento do fármaco MIDOSTURIN (RYDAPT), em conformidade com a indicação médica, para o tratamento completo, e outros procedimentos clínicos que se façam necessários, sob pena de multa diária proporcional aos danos causados pela omissão ou recusa;
3. A citação da ré para que, querendo, responder à presente demanda;
4. Ao final, a procedência total da ação proposta na exordial, confirmando os efeitos da antecipação da tutela anteriormente deferida, com a condenação da requerida, em definitivo, para cumprimento da prestação sobejamente discutida na presente peça, garantindo-se a gratuidade continuada ao impetrante;
5. Que a empresa ré seja condenada ao pagamento de indenização pelos danos morais sofridos pelo descumprimento contratual e por todo sofrimento causado ao autor, em valor a ser arbitrado por este douto Juízo, para tanto sugerindo R$ 40.000,00 (quarenta mil reais);
6. A condenação do réu ao ônus sucumbencial.
Requer o direito de provar o alegado mediante todos os meios que são admitidos em Direito, em especial através dos documentos ora anexados.
Dá-se à causa o valor de  R$ 10.000,00 (dez mil reais)
Nestes termos,
Pede e espera deferimento.
Fortaleza, 29 de junho de 2020.
_________________________________
ADVOGADO
OAB-CE n°.. –
13

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