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TCC na Infância e Adolescência: técnicas elementares e conceitualização Marília Mariano Terapia Cognitivo-Comportamental: fundamentos históricos e filosóficos - 1960: há primeiras descrições do papel da cognição na depressão e da TC - Progresso contínuo no desenvolvimento da TC - Características essenciais da TC: - 1. Ênfase na influência do pensamento distorcido - 2. Avaliação cognitiva irreal de eventos, sentimentos e comportamentos TCC: fundamentos históricos e filosóficos - Aaron Beck - Fundador da terapia cognitiva (TC) - Formulou uma base teórica coerente com o desenvolvimento de estratégias terapêuticas. TCC: fundamentos históricos e filosóficos (A. Beck) Diretrizes de um sistema envolvendo psicopatologia e psicoterapia: 1) Teoria abrangente de psicopatologia que dialogasse bem com a abordagem psicoterapeutica; 2) Pesquisar as bases empíricas para a teoria; 3) Estudos empíricos sobre a eficácia da terapia TCC: fundamentos históricos e filosóficos (A. Beck) Pesquisas subseqüentes envolveram diversos estágios: 1. Tentativa de identificar os elementos cognitivos idiossincráticos derivados de dados clínicos em vários transtornos; 2. Desenvolver e testar medidas para sistematizar essas observações clínicas; 3. Preparar planos de tratamento e diretrizes para terapia; TCC: fundamentos históricos e filosóficos (A. Beck) - Resultados das pesquisa e a prática clínica mostraram que a TC é efetiva na redução de sintomas e taxas de recorrência, com ou sem medicação, em uma ampla variedade de transtornos psiquiátricos. Transtornos: depressão, suicídio, transtornos de ansiedade e fobias, síndrome do pânico, transtornos da personalidade e abuso de substâncias, problemas interpessoais e raiva, hostilidade e violência. TCC: fundamentos históricos e filosóficos - Trabalhos mais recentes mostraram um efeito adicional sobre o tratamento medicamentoso de doenças psiquiátricas graves, como esquizofrenia, e transtorno bipolar - Adaptações em andamento da TCC para transtornos médicos e psicológicos como dor crônica, relação conjugal conflituosa, transtornos somáticos na infância, bem como para bulimia e problemas de comer compulsivo TCC: fundamentos históricos e filosóficos - Hoje há mais de 400 artigos de resultados de intervenções cognitivo-comportamentais, e a produção de pesquisas continua - Alguns estudos com neuroimagem recentemente discutirem que as TCCs produzem mudanças fisiológicas e funcionais em muitas áreas cerebrais - Uma diversidade de abordagens da TCC emergiu ao longo das décadas subseqüentes, atingindo vários graus de aplicação e sucesso TCC: fundamentos históricos e filosóficos - As TCCs podem ser classificadas em três divisões principais: 1) terapias de habilidades de enfrentamento, que enfatizam o desenvolvimento de um repertório de habilidades que objetivam fornecer ao paciente instrumentos para lidar com uma série de situações problemáticas; TCC: fundamentos históricos e filosóficos - As TCCs podem ser classificadas em três divisões principais: 2) terapia de solução de problemas, que enfatiza o desenvolvimento de estratégias gerais para lidar com uma ampla variedade de dificuldades pessoais; TCC: fundamentos históricos e filosóficos - As TCCs podem ser classificadas em três divisões principais: 3) terapias de reestruturação, que enfatizam a pressuposição de que problemas emocionais são uma conseqüência de pensamentos mal adaptativos, sendo a meta do tratamento reformular pensamentos distorcidos e promover pensamentos adaptativos. Vamos discutir esses modelos conceituais de modificação cognitivo- comportamental e também a TC de Aaron Beck TCC: fundamentos históricos e filosóficos Terapia Racional Emotiva Comportamental (TREC), uma terapia de reestruturação desenvolvida por Albert Ellis - Considerada como uma das primeiras TCCs. - Ellis desenvolveu o chamado modelo ABC Qualquer determinada experiência ou evento ativa (A) crenças individuais (B), que, por sua vez, geram conseqüências (C) emocionais, comportamentais e fisiológicas. TCC: fundamentos históricos e filosóficos - O objetivo da terapia é identificar crenças irracionais e, por meio de questionamento, desafio, disputa e debate lógico-empíricos, modificá-las pelo convencimento. Sugestão de leitura: Razão e Emoção em Psicoterapia TCC: fundamentos históricos e filosóficos Video https://www.youtube.com/watch?v=sgnTZ6wbxd8 Técnica ABC A = evento ativador B = crença (pensamento) C = consequências sentimentos C = consequências comportamentos Escuto a janela sacudindo Alguém está tentando entrar na minha casa Ansiedade Tranco a porta, chamo a polícia Escuto a janela sacudindo Está ventando lá fora, a janela está velha e frouxa Levemente irritado Tento afirmar a janela, volto a dormir O mesmo evento origina diferentes pensamentos, que levam a diferentes sentimentos e comportamentos. O pensamento é verdadeiro ao examinar os fatos? Terapia Cognitivo Comportamental As abordagens atuais em TCC compartilham proposições fundamentais Papel mediacional da cognição: há sempre um processamento cognitivo e avaliação de eventos internos e externos que pode afetar a resposta a esses eventos; ❖ Atividade cognitiva pode ser monitorada, avaliada e medida; ➢Mudança de comportamento pode ser mediada por essas avaliações cognitivas e, desta forma, pode ser uma evidência indireta de mudança cognitiva (vice e versa) Terapia Cognitivo-Comportamental Para ser TCC: - MODELO MEDIACIONAL Os sintomas e comportamentos disfuncionais são cognitivamente mediados e, logo, a melhora pode ser produzida pela modificação do pensamento e de crenças disfuncionais. Terapia Cognitivo-Comportamental - TEMPO Limite de tempo de tratamento, com muitos manuais de tratamentos recomendam - 12-16 sessões para depressão e ansiedade não complicadas - 1 a 2 anos para pacientes bipolares ou transtorno de personalidade Terapia Cognitivo-Comportamental - FOCO: TCCs são aplicadas a problemas ou transtornos específicos - Herança da terapia comportamental - Esforço contínuo em documentar efeitos terapêuticos, estabelecer fronteiras terapêuticas e identificar a terapia mais eficaz para um determinado problema Terapia Cognitivo-Comportamental CONTROLE DO PACIENTE o paciente é o agente ativo de seu tratamento determinação do foco transtornos e problemas específicos problemas de autocontrole habilidades de solução de problemas Terapia Cognitivo-Comportamental EDUCATIVO (explícito ou implicitamente) - o modelo terapêutico pode ser ensinado - comunica-se lógica para a intervenção ao paciente - objetivo é que o paciente aprenda sobre o processo terapêutico ao longo da terapia. TCC – em resumo ... - Método científico - Procedimentos e estratégias terapêuticos - Estrutura da sessão - Terapeuta ativo - Estabelecimento de objetivos para toda a terapia - 1 pauta para cada sessão - Formulação e teste de hipóteses - Obtenção de feedback - Uso de técnicas de solução de problemas - Treinamento de habilidades sociais - Prescrição de tarefas de casa - Medição de variáveis mediacionais e desfechos Terapia Cognitivo-Comportamental - Mais do que superar os problemas na terapia, é aprender a prevenir recorrências - O paciente se torna seu próprio terapeuta Terapia Cognitiva - Princípios 1. Processamento de informações - A maneira como os indivíduos percebem e processam a realidade influenciará a maneira como eles se sentem e se comportam Terapia Cognitiva - Princípios 2. Objetivo terapêutico da TC: reestruturar e corrigir pensamentos distorcidos e colaborativamente desenvolver soluções pragmáticas para produzir mudança e melhorar transtornos emocionais Terapia Cognitiva: Princípios 3. Há pensamentos nas fronteiras da consciência que ocorrem espontânea e rapidamente e são uma interpretação imediata de qualquersituação Terapia Cognitiva - Princípios - Distintos do fluxo normal de pensamentos do raciocínio reflexivo ou na livre associação - São geralmente aceitos como plausíveis e verdadeiros - A maioria das pessoas não estão imediatamente consciente da presença de pensamentos automáticos, a não ser que estejam treinadas para monitorá-los e identificá-los Terapia Cognitiva - Princípios - De acordo com Beck... “É tão possível perceber um pensamento, focar nele e avaliá-lo, como é possível identificar e refletir sobre uma sensação, como a dor” Distorções Cognitivas Catastrofização Pensar que o pior de uma situação irá acontecer, sem levar em consideração a possibilidade de outros desfechos. Acreditar que o que aconteceu ou irá acontecer será terrível e insuportável Raciocínio emocional (emocionalização) Presumir que sentimentos são fatos. Pensar que algo é verdadeiro porque tem uma emoção (na verdade, um pensamento) muito forte a respeito. Deixar sentimentos guiarem a interpretação da realidade. Presumir que as reações emocionais necessariamente refletem a situação verdadeira. Distorções Cognitivas Polarização (pensamento tudo- ou-nada, dicotômico) Ver a situação em duas categorias apenas, mutualmente exclusivas, ao invés de um continuum. Perceber eventos ou pessoas em termos absolutos. Abstração seletiva (visão em túnel, filtro mental, filtro negativo) Um aspecto de uma situação complexa é o foco de atenção, enquanto outros aspectos relevantes da situação são ignoradas. Uma parte negativa (ou mesmo neutra) de toda uma situação é realçada, e todo o restante positivo não é percebido. Distorções Cognitivas Leitura Mental Presumir, sem evidências, que sabe o que os outros estão pensando, desconsiderando outras hipóteses possíveis. Rotulação Colocar um rótulo global, rígido em si mesmo, numa pessoa, ou situação, ao invés de rotular a situação ou comportamento específico. Minimilização e maximização Características e experiências positivas em si mesmo, no outro ou nas situações são minimizadas enquanto o negativo é magnificado Distorções Cognitivas Imperativos (“Deveria” e “Tenho-que”) Interpretar eventos em termos de como as coisas deveriam ser, ao invés de simplesmente focar em como as coisas são. Afirmações absolutistas na tentativa de prover motivação ou modificar um comportamento. Demandas feitas a si mesmo, aos outros e ao mundo para evitar as consequências do não cumprimento destas demandas . Terapia Cognitiva - Princípios - Modelam o estilo de pensamento de um indivíduo - Promovem erros cognitivos, podem levar a psicopatologia - São adquiridos ao longo da vida, agindo como “filtros” pelos quais as informações e experiências atuais são processadas Terapia Cognitiva Princípios - Moldadas por experiências pessoais - Derivam da percepção das atitudes das outras pessoas em relação ao indivíduo - Influenciam a formação subseqüente de novas crenças Terapia Cognitiva - Princípios Crenças Centrais: - Mesmo que latente ou inativo as crenças centrais são ativados por situações análogas àquelas experiências que o produziram - A ativação das crenças interfere na capacidade da avaliação objetiva de eventos e o raciocínio torna-se prejudicado - Distorções cognitivas sistemáticas ocorrem à medida que esquemas disfuncionais são ativados Terapia Cognitiva - Princípios Crenças Centrais - Como estratégias de enfrentamento para tentar evitar o contato com suas crenças nucleares e subjacentes, os pacientes podem empregar estratégias compensatórias - Embora essas manobras cognitivas e comportamentais aliviem seu sofrimento emocional momentaneamente, a longo prazo as estratégias compensatórias podem reforçar e piorar crenças disfuncionais - Certas crenças constituem uma vulnerabilidade a distúrbios emocionais (modelo diátese-estresse) PENSAMENTO AUTOMÁTICO “Esse trabalho é muito difícil, impossível” SITUAÇÃO Reunião de trabalho, chefe divulga metas REAÇÕES EMOCIONAL: tristeza FISIOLÓGICA:sudorese CPT: esquiva da reunião CRENÇA INTERMEDIÁRIA “Se não entendo o que meu chefe fala é porque sou burro” CRENÇA CENTRAL “Sou incompetente” Estratégia Compensatória: atrasos, faltas, etc Terapia Cognitiva Procedimentos e Técnicas - Conforme Beck ressalta, em primeiro lugar e antes de tudo, é importante estabelecer uma boa relação de trabalho com o paciente, em prol do empirismo colaborativo - Paciente e terapeuta trabalham como uma equipe Terapia Cognitiva - Procedimentos e Técnicas Terapeuta Cognitivo - Desempenha um papel ativo para auxiliar o paciente a identificar e focar em áreas importantes - Propor e ensaiar técnicas cognitivas e comportamentais - Planejar colaborativamente tarefas entre as sessões - Desenha um plano de tratamento para toda a terapia e a pauta para cada sessão Terapia Cognitiva - Procedimentos e Técnicas Terapeuta Cognitivo - Oferece feedback dos pensamentos do paciente sobre a sessão em andamento e o tratamento como um todo - Criar a oportunidades de tratar e manejar concepções equivocadas e mal-entendimentos que possam surgir durante a terapia - Bom estrategista para planejar procedimentos terapêuticos que tenham mais chance de produzir mudanças específicas Terapia Cognitiva - Procedimentos e Técnicas Terapeuta Cognitivo - Incentiva os pacientes a adotar a abordagem empírica de solução de problemas - Serve de modelo para seus pacientes ao incentivar a auto-eficácia, o entusiasmo e a esperança com relação ao trabalho desafiador de alterar cognições mal adaptativas - Qualquer manifestação de resistência ao tratamento é lidada e tratada como crenças subjacentes disfuncionais. TCC para crianças e adolescentes Com crianças pequenas (abaixo de 5 anos, aproximadamente), é sempre indicado optar por orientação parental e estratégias comportamentais A criança ou adolescente devem participar ativamente ao processo terapêutico É importante sempre utilizar feedback para se certificar que a criança ou adolescente está compreendendo o processo TCC com crianças e adolescentes Fluxograma do processo psicoterápico 1. Entrevista inicial com os pais ou responsáveis Principal fonte de coleta de informações 1 ou 2 sessões para conhecer a família e a criança Levantamento de informações sobre a história da criança, seguindo a ordem cronológica (ideal) 1. Entrevista inicial com os pais ou responsáveis 1. Entrevista com os pais ou responsáveis Levantamento de informações sobre a história da criança Gravidez (remete a história dos pais da criança, família) História Médica da Criança Desenvolvimento Neuropsicomotor Histórico acadêmico e social Relacionamento familiar 1. Entrevista inicial com os pais ou responsáveis 1. Entrevista com os pais ou responsáveis Problemas atuais: qual a queixa dos pais? Qual a queixa da criança? Qualidades da criança Interações da criança com pais, amigos na escola Rotina da criança Habilidades acadêmicas Quantas pessoas moram na casa 1. Entrevista inicial com os pais ou responsáveis Explicar o que é psicoterapia infantil: uma técnica lúdica para ajudar a criança a compreender sentimentos, pensamentos e comportamentos, produzindo autocontrole, autoconsciência, autoconhecimento. Sigilo: O que é? Quando é quebrado? Dia, horário, atrasos, faltas e reposições Orientação aos pais e escola 1 Entrevista com os pais ou responsáveis 1. Entrevista inicial com os pais ou responsáveis Objetivo 1: vínculo Terapeuta se apresenta: nome, profissão e explicações Promover um ambiente para o estabelecimento do vínculo O terapeuta deve entrar no mundo da criança (brincar do que ela gosta, desenhar, jogar os jogos ela se interessa etc) 2. Entrevista com a criança 2. Entrevista com a criança Levantamento da queixas da criança A criança sabe por que os paisa levaram na terapia? A criança concorda com os pais? Dificuldades que ela percebe no cotidiano O que ela gostaria que a família fizesse e não faz? O que a família faz que a criança não gosta O que a criança acha da escola? Dificuldades com amigos na escola? Dificuldades com as matérias na escola? 2. Entrevista com a criança 2. Entrevista com a criança Explicar para a criança a importância do trabalho em equipe entre ela, o terapeuta, a família, escola Quais são os diferentes papeis? 2. Entrevista com a criança 2. Entrevista com a criança Papel do terapeuta Solução de problemas Melhorar habilidades Diminuir sofrimento Ensinar ferramentas para controlar a raiva 2. Entrevista com a criança Papel da criança 2. Entrevista com a criança Praticar Brincar Divertir Desenhar Falar o que pensa Escutar Chorar Conversar 2. Entrevista com a criança 2. Entrevista com a criança Papel dos pais e escola Auxiliar a criança a treinar as habilidades e estratégias aprendidas na terapia Qual papel você acha que seu pai e professores poderiam assumir? Como eles podem te ajudar? 2. Entrevista com a criança 2. Entrevista com a criança Contrato terapêutico - Combinados Sigilo Duração, dia, horário, atividades Tempo da terapia versus tempo de brincadeira Caderno da terapia ou Fichário Tarefas de casa Feedback “Alta” 2. Entrevista com a criança Pais ou responsáveis na sala de espera: tranquiliza a criança Contar que os pais dela a procuraram devido a queixa dos pais Perguntar o que a criança pensa sobre e se sabe o que é psicoterapia Enfatizar que a sessão de terapia é um espaço que criança pode usar como quiser, desde que não se machuque, não machuque o psicólogo e não quebre nada na sala 2. Entrevista com a criança 2. Entrevista com a criança TCC - Procedimentos e Técnicas Psicoeducação Estrutura das sessões Benefícios de estabelecer uma rotina de trabalho em todas as sessões Estabilidade para a criança promove sensação de segurança e estabilidade Estabelecimento de um foco/objetivo bem delimitado Ajuda a criança e terapeuta a enfatizar os pontos a serem trabalhados Evita digressões Estrutura das sessões Estrutura das sessões Modelo de Ficha para anotações da terapia Auxilia no raciocínio clínico Auxilia na estruturação das intervenções Auxilia na avaliação semanal das intervenções Estrutura das sessões ✓ Crianças menos motivadas se envolvem menos nas atividades da sessão e têm dificuldade em escutar e compreender o que a terapeuta fala ✓ Organização da agenda permitem que o terapeuta negocie efetivamente o conteúdo da sessão com a criança ou adolescente ✓ Deve utilizar uma linguagem adequada ao desenvolvimento da criança ✓ Instruções precisam ser descritas com verbos e sempre de maneira simples Agenda do Dia Agenda do Dia ou da Terapia Agenda do Dia ou da Terapia • Prepara o ambiente para o trabalho terapêutico e orienta a direção, o caminho • Requer a identificação de itens ou tópicos a serem tratados durante a sessão • Permite que as crianças tragam seus próprios problemas para a discussão Técnicas cognitivas-comportamentais - Aumento da consciência por parte do paciente de seus pensamentos automáticos - Foco nas crenças centrais e intermediárias. Como? Processo? Técnica? 1) PSICOEDUCAÇÃO Técnicas em TCC Pensamentos Comportamentos Emoções COMPORTAMENTOS = AÇÕES EXERCÍCIO IDENTIFIQUE NO QUADRO OS PENSAMENTOS DO MENINO. ESSES PENSAMENTOS SÃO AGRADÁVEIS E POSITIVOS OU DESAGRADÁVEIS? QUE EMÕÇÕES ELE PODE SENTIR PENSANDO ASSIM? QUE COMPORTAMENTOS ELE DEMONSTRA TER COM ESSES PENSAMENTOS? CARTÕES SOBRE EMOÇÕES EMOJIS Como identificar sentimentos e pensamentos? Mapa de rostos (1) Peça que a criança desenhe rostos feliz, triste, irritado e com medo/ preocupado (2) Em seguida ela identifica os rostos parecidos com situações que ela viveu Feliz Triste Raiva Medo, Preocupação Identificar EMOÇÕES Escreva o nome da emoção que cada personagem está expressando. RAIVA NOJO MEDO TRISTEZA SURPRESA ALEGRIA Identificar emoções Identificar emoções Escreva o nome da emoção que o personagem está expressando Psicoeducação Psicoeducação Psicoeducação Psicoeducação Psicoeducação Psicoeducação Identificar e associar sentimentos, pensamentos e comportamentos ✓ Qual é o sentimento expresso no rosto do personagem? ✓ É raiva que está simbolizado no rosto do Capital América? ✓ Que coisas você observou no rosto dele que fazem você pensar em raiva? ✓ O que significa sentir raiva? Identificar e associar sentimentos, pensamentos e comportamentos Quais são os sentimentos expressos nos rostos dos personagens? Você consegue pensar em hipóteses, motivos, para esses sentimentos? Que fatos, que coisas, você observa no desenho que o fazem pensar assim? Quais são os comportamentos dos sentimentos? Sentimento: Comportamento: preocupação lento, parado Sentimento: Comportamento: Sentimento: Comportamento: Sentimento: Comportamento: reprovação críticas admiração elogios tristeza chora Identificar emoções Intensidade dos sentimentos: Farol dos Sentimentos Vermelho: alta intensidade emocional Amarela: média intensidade do sentimento Verde: baixa intensidade do sentimento Identificar emõções Intensidade dos sentimentos: Termómetro/Régua dos Sentimentos 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Menos intenso Mais intenso Técnicas cognitivas-comportamentais Registro de Pensamento Disfuncional (RPD) - Auxilia a rastrear os pensamentos que foram ativados pela situação estimuladora e que geraram a emoção e o comportamento subseqüentes - Capacita os pacientes a descobrir, esclarecer e alterar os significados que atribuíram eventos perturbadores para compor uma resposta alternativa ou racional Registro do Diário dos Pensamentos e Sentimentos (RDPS) - O que você sentiu? - Com qual intensidade? - O que você pensou? - Como se comportou? Instrumento restrito a habilidade de escrita Com crianças e adolescentes que gostem ou prefiram escrever No início identificar os sentimentos e pensamentos é uma tarefa difícil É papel do terapeuta auxiliar a construção dessa habilidade Identificar e associar sentimentos, pensamentos e comportamentos Frases incompletas podem sugestionar as respostas e auxiliar a criança e adolescente. • O que neste momento eu desejaria era... • Fiquei feliz quando... Frases incompletas podem sugestionar as respostas e auxiliar a criança e adolescente Tenho medo de... Sinto orgulho em... O meu objetivo era... Sinto muita raiva quando... A maioria das pessoas que conheço pensam que... Uma boa coisa que me aconteceu esta semana foi... Identificar e associar sentimentos, pensamentos e comportamentos Gráfico de Humor: ferramenta para identificar alterações no humor Identificar e associar sentimentos, pensamentos e comportamentos VERIFICAÇÃO DE HUMOR – INDICADOR E AVALIAÇÃO DA SESSÃO VERIFICAÇÃO DE HUMOR – INDICADOR E AVALIAÇÃO DA SESSÃO Terapia Cognitiva Procedimentos e Técnicas - Descoberta guiada - O terapeuta usa o questionamento socrático como um meio de guiar o paciente em um questionamento consciente que produzirá um insight sobre seu pensamento distorcido TCC ❖ Influência dos filósofos estóicos gregos: os seres humanos são perturbados pelos significados que atribuem aos fatos, e não pelos fatos em si ❖Carl Rogers: terapia centrada no cliente, inspirou o estilo terapêutico de questionamento gentil e aceitação incondicional do paciente ● Reflexão sobre os pensamentos automáticos que ocorrem em cada situação em prol de uma interpretação mais racional ● Questionamento sistemático Questionamento Socrático O paciente, juntamente com o terapeuta, faz um exame das evidências que apoiam o seu pensamento e das evidências que são contrárias, a fim de descobrir formas alternativas de interpretar suas sensações físicas Após a análise das probabilidades, elaboram-se novas alternativas, que são chamadas de “lembretes” (por exemplo: “estou tendo um ataque que não mata nem enlouquece” ou, ainda, “é um ataque que passa em pouco tempo”) Teste de evidência ✓ Estimula a criança a avaliar os fatos que apoiam suas percepções e aqueles que discordam ✓ É uma estratégia útil para testar generalizações exageradas, conclusões falhas e inferências infundadas Questionamento Socrático A análise do pensamento automático produz pistas sobre crenças centrais Pensamento automático Crença intermediária Crença central “Todas as mulheres que se aproximam de mim são interesseiras” "Sou feio, não digno de ser amado." "Se todos são interesseiros, logo não posso me relacionar com ninguém." Cebolinha na terapia ... Da - ta Situa ção O que sentiu? Avalie o quanto você acredita- va neste sentiment o de 0 a 10 Quais mudan- ças sentiu no seu corpo? O que passou na sua cabeça? (Pensament o automático (ruim) disfuncio- nal) O que você fez (Comportament o) Evidência s que confirma m seu pensa- mento? Evidências que não confirmam seu pensament o Como será seu novo comportament o E agora, o que sentirá? Avalie o quanto passará a acredita r no seu novo senti- mento de 0 10 Num encontr o no parque com a Mônica Medo 10 Meu coração começou a bater rápido Ela vai me bater Ela vai me acertar um “direto” na cara Comecei a chorar Aprontei com ela Escrevi no muro da rua que ela é dentuça e bobona Ela estava com uma flor na mão, sorridente e querendo conversar comigo Não chorarei mais antes da nossa conversa, e vou deixar ela primeiro falar o que quer, assim não preciso me “entregar” Ou Não vou mais ficar escrevendo nos muros coisas feias sobre ela , assim ela não me bate Ficarei somente com um pouco de medo 5 Cebolinha na terapia ... Da - ta Situa ção O que sentiu? Avalie o quanto você acredita- va neste sentiment o de 0 a 10 Quais mudan- ças sentiu no seu corpo? O que passou na sua cabeça? (Pensament o automático (ruim) disfuncio- nal) O que você fez (Comportament o) Evidência s que confirma m seu pensa- mento? Evidências que não confirmam seu pensament o Como será seu novo comportament o E agora, o que sentirá? Avalie o quanto passará a acredita r no seu novo senti- mento de 0 10 Num encontr o no parque com a Mônica Medo 10 Meu coração começou a bater rápido Ela vai me bater Ela vai me acertar um “direto” na cara Comecei a chorar Aprontei com ela Escrevi no muro da rua que ela é dentuça e bobona Ela estava com uma flor na mão, sorridente e querendo conversar comigo Não chorarei mais antes da nossa conversa, e vou deixar ela primeiro falar o que quer, assim não preciso me “entregar” Ou Não vou mais ficar escrevendo nos muros coisas feias sobre ela , assim ela não me bate Ficarei somente com um pouco de medo 5 RPD-sistema-verdadeiro ou falso – Medo de dormir Quando aparece? O que sinto? O que fiz? Pensamentos Ruins O que senti No meu corpo? Às vezes, quando Apaga a luz do quarto Medo Nota - 7 Tentei dormir, mas fiquei chorando até minha mãe vir Vai aparecer Monstros; O bicho papão vai me pegar Posso não acordar; Tremores; Dor de barriga; Coração bateu forte Verdadeiro ou falso para o pensamento: Vai aparecer monstros É verdadeiro (Evidências que apóiam o pensamento) • Vejo uma sombra escura perto da janela • Meu amigo me disse que a noite tem vários bichinhos no quarto dele • Minha mãe diz que criança que responde o bicho papão vem a noite visitar É falso? (Evidências que não apóiam o pensamento) • Quando vou para o quarto da minha mãe, o monstro não vai até lá. • Sempre acordo igual todos os dias • A sombra fica sempre parada no mesmo lugar • Meu pai disse que pode ser que a sombra é reflexo da luz da rua • Quando meu primo ou algum amigo meu dorme em casa, não vejo nada. E X E R C Í C I O Quais foram as possíveis perguntas que o terapeuta fez ao paciente que subsidiaram a construção de pensamentos alternativos? RECAPTULANDO: - TCC É UMA TERAPIA FOCA NA DESCRIÇÃO DE QUAIS 3 ASPECTOS DA NOSSA COGNIÇÃO? - QUAL TÉCNICA BÁSICA O TERAPEUTA UTILIZA NA DESCOBERTA GUIADA? - QUAL A FUNÇÃO DO RPD? Técnica da Flecha Descendente Objetivo: desvelar as implicações da situação e interpretações não imediatamente acessíveis, bem como as crenças mais profundas A partir dos pensamentos automáticos de um paciente sobre uma situação particular, perguntar: "Se isto fosse verdade, (1) por que seria tão perturbador?; ...(2) o que isto diria sobre você mesmo?; ...(3) o que isto significaria para _______ (a outra pessoa com quem o paciente estiver interagindo na situação)?; (4) o que isto representaria para a sua vida/o mundo?". - Seta descendente até a implicação do pensamento Evento: estou pensando se vou a festa Pensamento: “Ficarei ansioso se me aproximar da garota na festa” Implicação O que você acha que acontecerá? Serei rejeitado Se isso acontecer, então significa que... Eu sou um fracasso Se for um fracassado, isso significa que... Jamais encontrarei alguém para me relacionar Se jamais encontrar alguém, então... Estarei sempre sozinho Se estiver sempre sozinho, o incomodaria porque... Serei sempre muito infeliz Qual é o pressuposto subjacente? Preciso de outras pessoas para ser feliz Técnicas em TCC Reestruturação cognitiva - Técnica de análise e correção das crenças mais arraigadas, alterando a organização dessas crenças - Procurar evidências que sustente as crenças e corrigí-las com o teste de realidade Identificar e Resignificar Reestruturação cognitiva Reestruturação Cognitiva ❖ Alterar o conteúdo do pensamento ❖ O foco é substituir pensamentos mal-adaptados por pensamentos adaptados A criança é instruída a desenvolver novas orientações ou regras para o seu próprio comportamento que a ajudará passar por situações estressantes Reestruturação Cognitiva Identificação e registro de pensamentos automáticos e crenças disfuncionais Análise dos “erros de lógica” inerentes às interpretações catastróficas Considerar os pensamentos como hipóteses e não como fatos A forma mais usual de corrigir erros de lógica é o questionamento socrático Reestruturação Cognitiva A transformação da lagarta em borboleta Qual o pensamento da lagarta? Quais são as provas a favor e contra? O que eu diria a um amigo nessa situação? Qual o pensamento da borboleta? Como ensinar a pensar em formas novas e alternativas de ver o mundo. Registro de Pensamento de Borboleta (De Friedber e McClure-2002) Evento Sentimento Pensamento de Lagarta Este pensamento de Lagarta pode se transformar em um pensamento de Borboleta? Pensamento de Borboleta Esqueci de fazer minhas tarefas e minha mãe brigou comigo Triste – 8 Ela me odeia porque acha que sou preguiçoso e mimado Sim Esqueci de fazer minhas tarefas. Preciso melhorar e me lembrar. Ela está desapontada comigo, mas ainda me ama. Reestruturação Cognitiva Como ensinar a pensar em novas e alternativas formas de ver o mundo. Reestruturação Cognitiva Brincando de Gangorra Reestruturação Cognitiva Brincando de Gangorra Reestruturação CognitivaVideo https://www.youtube.com/watch?v=54TPl_63DfI https://www.youtube.com/watch?v=54TPl_63DfI Em suma... Tarefas para casa Exercícios de fixação das habilidades aprendidas na sessão Estímulo extra consultório para que o paciente extrapole as aprendizagens intra consultório o É importante discutir e revisar a tarefa na sessão o Mostrar para a criança a importância de realizá-la o Enfatizar o papel da criança no processo de tratamento o Reforçar a realização da tarefa Tarefas para casa Ênfase ao conteúdo de cada sessão Deve ser combinada com a criança e sempre associada a queixa atual Quando a criança participa da programação da tarefa: Apropriação do material Aumenta o nível de responsabilidade Tarefas para casa o Explicar a relação entre a tarefa de casa e a dificuldade/queixa o Dividir a tarefa em etapas graduais que levem a um objetivo possível de ser (realmente) alcançado o Tarefas simples são, probabilisticamente, mais aceitas e realizadas o Ensaie a tarefa no consultório, se possível Tarefas para casa Tarefas para casa A não realização da tarefa de casa: ✓ Oportuniza descobrir as motivações e razões que estão por trás do comportamento da criança ✓ Tentar identificar o que atrapalhou a realização “O que aconteceu para você não fazer seu compromisso com a terapia?” ✓ É importante não punir se as crianças não fizerem as tarefas ✓ Tarefas escritas, com registro, podem ser substituídas por tarefas comportamentais, com registro em terapia Crianças podem reagir negativamente frente a tarefa de casa deve ser habilmente planejadas para envolver as crianças Tarefas para casa Gameficação Estratégia ou ferramenta que cria experiências de jogos on-line em jogos off-line O objetivo é aumentar o envolvimento da criança com as tarefas Aplica-se a lógica dos jogos eletrônicos para resolver problemas Token Economy Exemplo Gameficação https://www.youtube.com/watch?v=ZUJsc3rQAYc Gameficação: para casa! https://www.youtube.com/watch?v=ZUJsc3rQAYc Técnicas de Relaxamento: Respiração Diafragmática Técnicas de Relaxamento: Respiração Diafragmática Orienta-se o paciente de que a respiração deve partir do diafragma, inspirando pelas narinas uma quantidade suficiente de ar e expirando pela boca. Os movimentos devem ser pausados para facilitar a desaceleração da respiração, contando-se até três para cada fase: inspiração, pausa, expiração e pausa para nova inspiração. Devem-se utilizar os músculos do abdome, sem movimentar o tórax (empurrando o abdome para fora enquanto inspira e contraindo-o para dentro enquanto expira). Para que o paciente aprenda essa nova forma de respirar, recomenda-se a sua prática várias vezes na ausência de sintomas de ansiedade, estando sentado ou deitado, a fim de observar a movimentação abdominal e concentrando-se na contagem dos movimentos. Com crianças: Enche a barriga de ar em 4 segundos Tira o ar da barriga em 4 segundo Ferramentas auxiliares: bexiga, olho de sogra, bolha de sabão. Técnicas de Relaxamento: Respiração Diafragmática Video respiração com balão https://www.youtube.com/watch?v=P2SNigbSJ1I Técnicas de Relaxamento: Respiração Diafragmática Exercício que envolve a prática de tensão e relaxamento progressivo dos principais grupos musculares do corpo. Orientar o paciente uma postura confortável para a prática do exercício. Solicitar que feche os olhos e focalize a sensação de tensão, que deve iniciar nos pés, passando pelas pernas, quadris, abdome, mãos, braços, ombros e pescoço até chegar à face. Manter essa tensão por um período de 5 a 10 segundos e, então, relaxam-se todos os músculos ao mesmo tempo. Deve-se induzir a descoberta das sensações de conforto que surgem após o relaxamento. O paciente pode repetir várias vezes o exercício, até que se sinta completamente relaxado, inclusive mentalmente, pensando em algo agradável e respirando lentamente. Após 1 ou 2 minutos, pode-se abrir os olhos e alongar os músculos, movendo-os lentamente. Técnicas de Relaxamento: Relaxamento Muscular Video https://www.youtube.com/watch?v=C2hFGeJj48k Técnicas de Relaxamento: Relaxamento Muscular Técnicas de Relaxamento: Relaxamento Muscular Com crianças, faz-se as brincadeiras: Macarrão Cru versus Macarrão Cozido Robô versus Boneco de Pano Duro versus Mole x x Conceitualização de caso - Desde o início do tratamento, o terapeuta desenvolve (idealmente de forma colaborativa) uma conceitualização cognitiva do paciente - Uma avaliação histórica e prospectiva de padrões e estilos de pensamento - Procurar e agrupar denominadores cognitivos comuns em diversas situações de vida - Identificar um padrão cognitivo Conceitualização de caso - Entender o conjunto de crenças disfuncionais e as vulnerabilidades específicas individuais - Entender as estratégias comportamentais que os pacientes usam para lidar com as crenças - Alterar e atualizar conforme necessário, conforme novos dados clínicos importantes são trazidos para a terapia - Preparar um plano de tratamento: guia para as intervenções terapêuticas Plano de tratamento com TCC na clínica (1) conceituação do problema (2) desenvolvimento de relação colaboradora (3) motivação para o tratamento (4) formulação do problema (5) estabelecimento de metas (6) educação do paciente sobre o modelo cognitivo-comportamental (7) intervenções cognitivo-comportamentais (8) prevenção de recaída Plano de tratamento com TCC na clínica ➔A efetividade clínica do terapeuta cognitivo-comportamental depende de sua relação com o paciente: vínculo ➔Ainda que desenvolva uma excelente formulação, é necessário uma relação na qual o cliente se sinta aceito, compreendido e confortável para fornecer as informações e mostrar a cooperação necessária ➔O clínico precisa de uma boa relação para continuar testando, reformulando e retestando hípóteses Aumento da probabilidade da eficácia do tratamento! Conceitualização de caso Pode-se definir a conceituação como uma teoria: (1) relaciona as queixas entre si de uma forma lógica, orgânica e significativa; (2) expliqua porque o indivíduo desenvolveu as dificuldades e o que as mantêm; (3) forneça predições sobre seu comportamento, dadas certas condições; (4) possibilite o desenvolvimento de um plano de trabalho; ❖Promove a aliança terapêutica e da adesão ao tratamento Conceitualiação de caso É importante lembrar que uma conceitualização deve atender certos critérios: 1.Utilidade 2.Simplicidade 3.Coerência 4.Explicar o comportamento passado 5.Fazer sentido ao comportamento atual 6.Capaz de predizer o comportamento futuro 7.Passível de "experimentos clínicos": (verificar hipóteses formuladas sobre o caso). 1.Validade: validar o conhecimento Nome: MCD Idade: 11 anos Sexo: masculino Encaminhamento da escola: queixa de indisciplina, baixo rendimento escolar e agressividade com professores, colaboradores e amigos; houve uma suspensão por ter agredido um colega. QUEIXAS DOS PAIS: Bastante indisciplinado na escola com muitas notas baixas. Agressividade na escola e em casa É esquecido e disperso; Não gosta de estudar e fazer lições É ansioso e tem baixa tolerância a frustração É teimoso, persistente no que quer e desafiador DADOS DA ANAMESE História e etapas do desenvolvimento: M desenvolvimento neuro-psico-motor normal Desde pequeno apresenta “ansiedade” Quando bebê não frequentou creche Iniciou sua vida escolar na pré-escola e não observaram nenhuma “ansiedade de separação” Não usa medicações Mãe ansiosa e exigente em relação aos cuidados, limpeza e ordem da casa. Mãe relata ter traços do TDAH - falta de atenção e agitação constante (SEM DIAGNÓSTICO) Não era uma dos melhores alunos da sala, mas, sempre mostrou muito inteligente em relação às coisas e temas que o chama atenção. Hoje diz não gosta de estudar e não se preocupanem um pouco em relação ao futuro. Notas muito baixas – recuperação Joga futebol e quer aprender a tocar guitarra. Gosta de assistir televisão e de brincar com jogos no computador. Raramente é convidado para festas de aniversário Não possuem amizades com vizinhos e colegas na escola Falas de M: “Sou o diferente e o excluído e eles (amigos) são os mais inteligentes”; “nos momentos que fico nervoso não quero saber, quero meu LAP”; Ninguém da escola gosta de mim porque sempre tomo lanche sozinho”; “Eles querem ser mais espertos, mas não deixo”; “Eu tenho que estar alerta constantemente, senão eles vão me trapacear”; “ as vezes explodo em acessos de raiva para aliviar“; ”às vezes bato neles porque eles me provocam”; “Eles não querem ficar comigo, mas também não ligo para eles, acham que são mais esperto do que eu (rsss)” ; “Sou uma criança sem amigos”. AMBIENTE FAMILIAR: Pais não são rígidos em cobrança de práticas disciplinares: não possui responsabilidades como tirar prato da mesa, organizar quarto, guardar brinquedos e roupas O pai tem papel controlador e de autoridade na casa Irmã de 17 anos, que participa da educação de M. Mãe permissiva, mãe ausente – ambiente “informal” → todos falam e discutem sobre todos os assuntos Práticas parentais são pouco eficazes Não há punições: não batem, nem deixam de castigo. Mãe apresenta irritabilidade, especialmente ao final do dia, há gritos. CONFLITOS FAMILIARES: Conflitos conjugais intensos (suposta traição da esposa) Pensamentos automáticos: Distorções cognitivas: Pensamento de tudo ou nada - “ não quero saber, quero meu LAP” Generalização excessiva – Ninguém da escola gosta de mim” Rotulação: “Eles querem ser mais espertos, mas não deixo” CRENÇA CENTRAL: Crença Intermediária: Pensamentos automáticos: Situação I PA- Comportamento: Desamor / Desamparo / Incompetência: “Sou o diferente e o excluído e eles (amigos) são os mais inteligentes” Eu tenho que estar alerta constantemente, senão eles vão me trapacear” “As crianças da escola não gostam de mim” O que significa? Sou o mais excluído da turma Bato neles na classe e no jogo de futebol, coloco o pé na frente para tomar um “tombasso”. Pensamentos automáticos: SITUAÇÃO II Pa – O que significa? Comportamento: Estratégias comportamentais: “Sou uma criança sem amigos” Eles não querem ficar comigo, mas também não ligo para eles, acham que são mais esperto do que eu (rsss) Bater Explode em acessos de raiva para aliviar sua ansiedade. Tem medo de não conseguir o que quer -> reage com ameaças e agressividade (enfrentamento) Estudo de Caso Del Prette, A. (2012). Atendimento a uma criança que relatava ver o espírito da avó: Um estudo de caso. Estudos de Psicologia(Campinas, SP), 29(2), 285-292. http://www.scielo.br/pdf/estpsi/v29n2/a14v29n2.pdf Contexto e queixa A criança, uma menina aqui designada por Satiko, tinha oito anos de idade quando foi trazida pela mãe para “conversar com o psicólogo”. A mãe havia emigrado do Japão, já adulta, juntamente com o marido. O casal possuía um sítio onde trabalhava o dia todo. Além de ajudar o marido, a mãe atendia a freguesia e cuidava das tarefas domésticas. A mãe professava o zen-budismo, mas seu marido parecia ter pouco interesse nas práticas religiosas. A casa onde residiam tinha uma varanda, sala, três quartos, um banheiro, cozinha e um cômodo anexo, usado como depósito. Tanto Satiko como seu irmão, após as tarefas escolares, tinham atividades junto aos pais, na casa ou no sítio. O atendimento psicológico da criança foi realizado em ambiente da escola que fez o encaminhamento. Ao entrar na sala, segurando a mão da filha, a mãe disse: “Satiko vê a vó dela, minha mãe que faleceu”. A partir das entrevistas com a menina e com os professores, e também a partir das observações colhidas, foi possível estabelecer uma avaliação inicial do caso. Estudo de Caso Avaliação inicial Satiko era considerada pelos professores como boa aluna, disciplinada, educada e atenta às aulas. No recreio, suas preferências incluíam atividades de leitura, pintura em folhas de papel e amarelinha, mais do que brincadeiras de roda, jogos com bola e as que envolviam correrias. A mãe não conseguia auxiliá-la nas tarefas escolares de casa e Satiko recorria à ajuda do irmão ou de algumas colegas que residiam nas proximidades de sua casa. A menina e as colegas se revezavam durante a semana para fazer, cada dia em uma das casas, as tarefas escolares. Segundo Satiko, as colegas gostavam de ir à sua casa também porque comiam doces japoneses. Dois itens na avaliação inicial registram somente as respostas do ambiente, sem especificar comportamentos da paciente. No primeiro item (orações da mãe), porque ele podia estar relacionado tanto à insistência da menina em relatar que via a avó, quanto à pressão que a situação exercia sobre a mãe. No segundo item, porque a menina não sabia precisar se ela própria havia contado à professora ou se isso teria sido feito por alguma de suas colegas. Os recursos da cliente e do ambiente também foram especificados a partir das entrevistas (professores, mãe e criança) e de observações, sendo resumidos como se segue. - Paciente: comportamentos atentivos bem estabelecidos, desempenho acadêmico compatível com a idade, comportamentos cooperativos em diferentes ambientes, comportamentos de iniciar e manter interação com adultos e pares (cumprimenta, agradece, usa o termo “por favor” ao fazer pedidos, narra acontecimentos). - Ambiente: no cotidiano familiar, os pais de Satiko haviam estabelecido um conjunto de normas, supervisionadas pelo casal, sobre tarefas no sitio e em casa. O pai aparentava maior dificuldade de contato social do que a mãe, possivelmente porque trabalhava a maior parte do tempo isolado, tinha pouco domínio do português, mas era mantido informado sobre os acontecimentos pela mulher. A mãe de Satiko mantinha contato direto com a comunidade (atendia a freguesia de verduras, fazia compras e pagamentos); quando necessário, recorria à ajuda de conhecidos. Quanto à escola, dois dos professores pareciam ter assumido a tarefa de apoiar a aluna. Algumas pessoas da vizinhança, provavelmente pais de colegas de Satiko, ficaram sabendo do problema. Duas apresentaram sugestões: uma que a família chamasse o padre para benzer a residência, e outra, que se levasse a menina a um centro espírita de uma cidade próxima. Estudo de Caso Agora é com vocês! 1. Descrevam os objetivos das primeiras sessões e suas atividades. Considerem os objetivos da cliente! Satiko relatou também seus principais interesses e objetivos no atendimento: a) saber quanto tempo um espírito permanece na casa em que residira; b) voltar a se encontrar com as amigas em sua casa, pois elas se ajudavam nas tarefas e, além disso, achava “muito legal porque elas gostavam dos doces que a mãe fazia”; c) recuperar as boas notas que tinha antes na escola. 2. Como seria uma orientação aos pais. 3. Quais brincadeiras poderiam ser feitas, considerando os objetivos da terapia? Agora é com vocês! GABARITO 1. Objetivos das primeiras sessões e suas atividades Nas primeiras sessões, foi possível também observar comportamentos da mãe e da criança. As sessões envolveram: a) solicitação para Satiko mostrar seu material escolar e falar sobre suas preferências de assuntos escolares; b) desafio para Satiko separar alguns brinquedos que desconhecia e adivinhar como eles eram usados (que brincadeiras geravam); c) brincadeiras com “bonecos falantes” que faziam e respondiam perguntas (papel feito primeiramente pelo terapeuta e depois por Satiko); d) solicitação para Satiko reproduzir, com giz, no piso da sala, um esquema representativo de sua casa (vista por dentro), incluindo a localização de sua cama e as coisas que mais gostava em cada ambiente. Foi feita uma hierarquia de medo de Satiko, do maior para o menor, para entrar e permanecer nos diferentes ambientes da casa: pouco tempo, regular e bastantetempo, com e sem a presença de outra pessoa. Sobre o primeiro objetivo, optou-se por uma resposta tranquilizadora imediata, evitando, contudo, qualquer posição contrária à ideia da possibilidade de “ver um espírito”. Nesse sentido, foi dito à paciente que talvez fosse melhor ela não prestar muita atenção ao espírito da avó, que possivelmente estava buscando algum lugar para ir. Quanto aos outros objetivos, foi afirmado em expressão de desafio que ela própria poderia, com sua participação no atendimento, recuperar a presença das amigas em sua casa e organizar um esquema de estudo para voltar a obter boa nota escolar. Em seguida, o terapeuta propôs visitas à sua casa, onde conversaria com sua mãe e também fariam outras brincadeiras, com a participação de algumas de suas amigas. Como seria uma orientação aos pais. Na primeira sessão, foi sugerido que Satiko ficasse esperando suas colegas no portão do sítio. Esse tempo foi utilizado para orientar seus pais e irmão para: a) não fazer nenhum comentário, caso Satiko relatasse a presença da avó, devendo apenas eles se ocuparem de alguma tarefa e conversarem sobre outro assunto qualquer; b) conversar com a menina sobre assuntos diversos, mas não sobre as visões; c) que o irmão não fizesse brincadeiras sobre espíritos, porém a ajudasse quando solicitado; d) caso a menina se dirigisse à noite para a cama dos pais, a mãe deveria fazê-la retornar, acompanhando-a e permanecendo no quarto até ela conciliar o sono e nada comentar nos dias seguintes. A ênfase na orientação para conversarem bastante com Satiko tinha como objetivo garantir consequências para outros comportamentos da criança e, ao mesmo tempo, diminuir a probabilidade de que a mãe generalizasse para outros comportamentos a recomendação de não reagir às verbalizações sobre o espírito da avó. Agora é com vocês! GABARITO Quais brincadeiras poderiam ser feitas, considerando os objetivos da terapia? - Quente frio: o terapeuta cochichava ao ouvido de Satiko para ela trazer um objeto não muito grande, retirado um de cada vez da sala, cozinha, de seu quarto ou do quarto dos pais, envolvidos em uma toalha para não serem identificados de imediato. Depois de fazer “suspense”, pedia para uma das crianças esconder o objeto embrulhado na toalha, em algum local. O terapeuta indicava a mesma sequência de ambientes (conforme a hierarquia do medo), porém repetindo alguns para garantir maior exposição de Satiko naquele local. Enquanto as crianças procuravam o objeto, o terapeuta oferecia dica de proximidade do local escondido, usando palavras, tais como quente, muito quente, quentíssimo, ou frio, muito frio e gelou para sinalizar distanciamento. - Pinturas sobre a natureza: cada criança devia decidir qual seria a pintura, reproduzi-la em um cartão de mais ou menos 20 x 15cm. Após o término, as pinturas eram sorteadas entre elas (ninguém ficaria com a própria pintura) para que colocassem em seus quartos. Na sequência, Satiko servia chá para as amigas, que se despediam e retornavam às suas casas, como estava combinado. Após a saída das colegas, foi solicitado que Satiko escolhesse o lugar em seu quarto para colocar a pintura e, em seguida chamasse a mãe para ver como ficou o quarto. Satiko alterou a instrução recebida e, ao retornar, pediu para a mãe adivinhar onde ela havia colocado a figura. Em outra sessão, as crianças realizaram primeiramente a tarefa escolar. Após isso, a atividade consistiu, conforme o combinado, em adivinhar o local em que cada uma delas havia colocado a pintura. Satiko perguntou ao terapeuta se podia mostrar seu quarto com a figura para as colegas. O terapeuta respondeu que sim e que o quarto devia estar mais bonito. As brincadeiras foram repetidas em outras sessões, variando-se os objetos e graduando o tempo de permanência nos ambientes nos quais Satiko, anteriormente entrava com acompanhamento. Na brincadeira “quente frio”, por exemplo, variou-se a condução, ora por uma das colegas, sorteada, e ora conduzida por Satiko. Outras brincadeiras com os “bonecos falantes” foram também repetidas, variando-se o conteúdo. Agora é com vocês! GABARITO Referências bibliográficas Knapp, P., & Beck, A. T. (2008) .Fundamentos, modelos conceituais, aplicações e pesquisa da terapia cognitiva. Rev Bras Psiquiatr.; 30(Supl II):S54-64. Araujo, C. F.; Shinohara, H. (2002). Avaliação e diagnóstico em terapia cognitivo-comportamental. Interação em Psicologia, 6(1), p. 37-43. Rangé, B. & Silvares, E. F. M. (2001). Avaliação e formulação de casos clínicos adultos e infantis. Em B. Rangé (Org.), Psicoterapias cognitivo-comportamentais: um diálogo com a psiquiatria (p. 79-100). Porto Alegre: Artmed. Reinecke, M. A.; Dattilio, F. M. & Freeman, A. (1999) (Orgs.).Terapia cognitiva com crianças e adolescentes: Manual para a prática clínica. Porto Alegre: Artmed. Beck, J. S. (2013). Terapia Cognitivo-Comportamental: teoria e prática. 2 ed. Artmed. Leahy, R. L. (2006). Técnicas de Terapia Cognitiva: manual do terapeuta. Porto Alegre: Artmed.
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