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Aplicações e Processamento das Cerâmicas Mestrado em Tecnologias Sustentáveis Fernanda Bianchi Deleprani 20201MTS0043 Ciência e Tecnologia dos Materiais Prof. Dr. André Gustavo de Sousa Galdino VITÓRIA 2020 Introdução Cerâmicas são constituídas por elementos metálicos e não metálicos, que possuem ligação de caráter misto, iônico-covalente. Isolantes térmicos e elétricos Condutores ou semicondutores Duros e frágeis Resistem a elevadas temperaturas Leves em geral Os materiais cerâmicos enquadram se no esquema de aplicação-classificação: Ciência e Tecnologia dos Materiais 2 Comparação entre algumas propriedades Cerâmicas X Metais. 3 Ciência e Tecnologia dos Materiais As cerâmicas estão por toda parte. 4 Ciência e Tecnologia dos Materiais Os processos de fabricação empregados pelos diversos segmentos cerâmicos assemelham-se parcial ou totalmente, sendo o vidro o que mais se diferencia quanto a esse aspecto. Fabricação e Processamento 5 Ciência e Tecnologia dos Materiais 5 6 Ciência e Tecnologia dos Materiais Vidros É um material amorfo que apresenta transição vítrea. O principal tipo de vidro, em termos de volume e valor total de produção é o vidro de sílica. Composição Química: Principal óxido: SiO2 ; outros óxidos: CaO, Na2O, K2O, Al2O3, B2O3, TiO2, entre outros. 7 Ciência e Tecnologia dos Materiais Vidros A primeira etapa para a produção de produtos de vidros é a “fusão” das matérias-primas → reação no estado sólido, formando um material viscoso em altas temperaturas. Os produtos de vidro são conformados (moldados) a quente, quando o material está “fundido” → apresentando-se como um material de elevada viscosidade, que pode ser deformado plasticamente sem se romper. Óxidos tais como SiO2, B2O3, GeO2 e P2O5 são capazes de formar vidros e são chamados de formadores de redes (“network formers”). Outros óxidos são adicionados à composição do vidro com a função de modificar a rede → baixar o ponto de fusão → modificadores (“network modifiers”). 8 Ciência e Tecnologia dos Materiais Vidros 9 Ciência e Tecnologia dos Materiais Vidros Existem elementos cujos óxidos que não são capazes de formar redes, mas podem ser adicionados como substitutos do cátion do óxido formador → intermediários (“intermediates”) → exemplos: Al2O3 e TiO2 . 10 Ciência e Tecnologia dos Materiais Vidros 11 Ciência e Tecnologia dos Materiais Propriedade dos Vidros Matérias-primas são aquecidas a altas temperaturas, resultando em um material viscoso (“fundido”). Não ocorre cristalização (ordenação dos íons em uma estrutura cristalina) durante o resfriamento. Quando o material é resfriado, sua viscosidade vai aumentando (e diminui o seu volume) ao ponto em que começa a apresentar o comportamento mecânico de um sólido. Não existe uma temperatura de fusão cristalina, mas uma temperatura de transição vítrea (Tg) . Nos vidros inorgânicos, a viscosidade η varia com a temperatura de acordo com a equação: onde η0 e Eη são constantes e dependem da composição do vidro. R é a constante dos gases e T é a temperatura em graus Kelvin. Vidros 12 Ciência e Tecnologia dos Materiais Vidros 13 Ciência e Tecnologia dos Materiais Vidros Curva de temperatura versus volume especifico. a) sólido cristalino, com ponto de fusão Tm; b) um vidro com temperatura de transição vítrea Tg; c) os efeitos da taxa de resfriamento na temperatura de transição vítrea. Produção de Produtos de Vidro As características viscosidade-temperatura são importantes para as operações de conformação. 14 Ciência e Tecnologia dos Materiais Vidros 15 Ciência e Tecnologia dos Materiais Vidros Conformação de Produtos de Vidro Tratamentos Térmicos Recozimento - Durante a conformação, como consequência do fato de que a massa de vidro não se esfria por igual, são geradas muitas tensões. Devido a isso o vidro deve ser recozido, ou seja, levado até a temperatura de recozimento para alívio de tensões e em seguida esfriado lentamente, todo por igual. 16 Ciência e Tecnologia dos Materiais Vidros Forno de recozimento de vidro plano e de embalagens. 17 Ciência e Tecnologia dos Materiais Têmpera do Vidro Têmpera térmica Vidros Para causar a fratura de uma peça de vidro temperado, uma tensão de tração externa deverá ser capaz de ser suficientemente grande para superar a tensão residual de natureza compressiva da superfície, e além disso tensionar adicionalmente a superfície o suficiente para criar uma trinca. Essa trinca, para se propagar, deverá conseguir superar as tensões de compressão que existem na camada superficial da peça. Se uma trinca conseguir atingir a região interna, que está submetida a tensões de tração, ela se propagará de forma catastrófica pela grande liberação das tensões existentes → a peça quebrará de forma praticamente instantânea, em cacos pequenos e arredondados. 18 Ciência e Tecnologia dos Materiais Vidros 19 Vidros Ciência e Tecnologia dos Materiais 20 Vidros Vidro temperado X Vidro Laminado Vidro temperado Vidro laminado Têmpera química Consiste na imersão da peça de vidro em um banho contendo íons maiores do que o do modificador presente por exemplo, potássio raio iônico K+ > raio iônico do Na+. A entrada de íons como o K+ na estrutura do vidro leva ao estabelecimento de tensões de compressão na sua superfície. Essas tensões se contrapõem às trincas para se propagarem, as trincas precisam vencer as tensões de compressão induzidas na superfície. 21 Ciência e Tecnologia dos Materiais Vidros 22 Ciência e Tecnologia dos Materiais Vidros 23 Ciência e Tecnologia dos Materiais A maior parte dos materiais cerâmicos é cristalina. Cerâmicas Cristalinas 24 Ciência e Tecnologia dos Materiais Cerâmicas Cristalinas Produtos a base de argila A argila é o principal componente das louças brancas e dos produtos estruturais a base de argila. Outras matérias primas podem ser adicionadas, que influenciam nas mudanças que ocorrem durante o cozimento. 25 Ciência e Tecnologia dos Materiais Cerâmicas Cristalinas Refratários São materiais empregados em temperaturas elevadas e em ambientes reativos. Possuem elevada temperatura de fusão, não reativos e inertes quando exposto a ambientes severos e promovem isolamento térmico. Com base na composição aplicação, são: - Argila refratária (misturas alumina-sílica), sílica (alto teor de sílica), básica (rica em MgO) e refratários especiais. . 26 Ciência e Tecnologia dos Materiais Cerâmicas Cristalinas 27 Ciência e Tecnologia dos Materiais Cerâmicas Cristalinas Abrasivos São as cerâmicas utilizadas para corte, esmeril e polimento de outros materiais macios. Devem apresentar tenacidade e dureza, além de serem capazes de suportar elevadas temperaturas resultantes das forças de atrito. Cimentos Conhecidos como cimentos inorgânicos, possuem a característica especial que, quando misturados com água, formam uma pasta que “pega” e endurece. Atuam como uma fase de união, que aglutina quimicamente agregados particulares para formar uma única estrutura coesa. Cerâmicas avançadas Os processos de fabricação desses matérias podem diferir das cerâmicas tradicionais. Suas matérias primas são caras, pois possuem qualidade melhorada. As aplicações são baseadas em propriedades mais especificas. 28 Ciência e Tecnologia dos Materiais Cerâmicas Cristalinas De um modo geral, os materiais cerâmicos cristalinos são policristalinos, e muito deles (em especial, as cerâmicas tradicionais) são polifásicos. Comumente de microestruturas complexas. Os contornos dos grãos são mais complicados do que aqueles dos metais, pois podem existir fases vítreas. A microestrutura é definida por: Forma e arranjo de grãos (ou de regiões contendo fases vítreas). Tamanho e fração em volume dos poros presentes. 29 Ciência e Tecnologia dos Materiais CerâmicasCristalinas Processo de fabricação dos materiais cerâmicos cristalinos Os materiais cerâmicos cristalinos têm elevado ponto de fusão e não podem ser conformados a partir de um fluído viscoso como os vidros. A plasticidade necessária para sua conformação é conseguida antes da queima, por meio de mistura das matérias primas, em pó, com uma fase líquida. Processamento Preparação das matérias-primas em pó. Mistura do pó com um líquido (por exemplo, água) para obter um material conformável: – suspensão de alta fluidez – massa plástica Conformação da mistura Secagem das peças conformadas. Queima das peças após secagem. Acabamento final. 30 Ciência e Tecnologia dos Materiais Cerâmicas Cristalinas Secagem das peças conformadas Durante o processo de secagem ocorre perda de massa e uma consequente retração pela remoção gradativa do líquido adicionado inicialmente para permitir a conformação. A peça seca pode passar por uma etapa intermediária de processamento antes da queima: -Acabamento superficial e montagem das peças. - Aplicação de vidrado. 31 Cerâmicas Cristalinas Queima das peças após secagem As peças são queimadas geralmente entre 900ºC e 1400ºC. Esta temperatura depende da composição da peça e das propriedades desejadas. Durante a queima ocorre um aumento da densidade e da resistência devido à combinação de diversos fatores: Eliminação de água e de compostos orgânicos eventualmente presentes (dispersantes, ligantes, material orgânico nas argilas). Decomposição de fases existentes na temperatura ambiente e formação de novas fases de acordo com o diagrama de fases do sistema. Sinterização → eliminação da porosidade e consequente densificação. A densificação que ocorre na sinterização pode ser o único fenômeno que ocorre – é o caso de algumas cerâmicas avançadas, onde a matéria-prima já é composta do pó da fase que vai compor o produto final. Exemplo: produtos de alumina , como os corpos isolantes de velas de ignição. 32 Ciência e Tecnologia dos Materiais Cerâmicas Cristalinas Sinterização É um processo utilizado para conformação de produtos metálicos e de produtos cerâmicos a partir de matérias-primas em pó. Consiste em um processo de compactação de partículas sólidas por meio de calor, pressão ou a combinação de ambos, sem que seja atingida a fusão dos materiais constituintes das partículas. Como não atinge a temperatura de fusão, ele é utilizado para conformação de produtos com ponto de fusão muito elevados ( exemplo os metais W e Mo ou produtos cerâmicos, tanto tradicionais quanto avançados). 33 Ciência e Tecnologia dos Materiais Cerâmicas Cristalinas A força motriz para a sinterização é a diminuição da quantidade de superfície por unidade de volume. O transporte de massa ocorre por difusão. 34 Ciência e Tecnologia dos Materiais Cerâmicas Cristalinas Microestruturas compactas que ocorrem durante a queima para um pó . a) Partículas de pó após prensagem. b) Junção de partículas e formação de poros quando a sinterização começa. c) Conforme a sinterização acontece, os poros mudam de tamanho e forma. 1- Empacotamento das partículas de matéria prima. 2- Estágio intermediário de sinterização. 3- Quando uma densificação é atingida, o sistema de “canais” de poros colapsa e formam-se poros isolados. 4- O crescimento dos grão aumenta nas áreas que já estão 100% densificadas, enquanto o processo de densificação continua a eliminar os últimos poros existentes. Essa etapa deve ser muito bem controlada quando se é necessário um material com poros pequenos. 5- Micrografia real de uma cerâmica 100% densa. 35 Ciência e Tecnologia dos Materiais Cerâmicas Cristalinas 1- Tijolo refratário – Podem ser observados entre os grãos a presença da fase vítrea. 2- Alumina 98%Al2O3 utilizada como isolante elétrico. 3- Alumina densa 99,7% Al2O3 com grãos finos. 4- Peça para uso em alta temperatura e condição de alta resistência ao desgaste, em WC-Co. 36 Ciência e Tecnologia dos Materiais Cerâmicas Cristalinas Métodos de conformação 37 Ciência e Tecnologia dos Materiais Cerâmicas Cristalinas Materiais piezoelétricos 38 Cerâmicas Cristalinas Ciência e Tecnologia dos Materiais As almofadas de carregamento sob a cruz coletam energia das vibrações. Painéis de carregamento canalizam energia para baterias de íon de lítio que podem ser usadas posteriormente. 39 Cerâmicas Cristalinas Ciência e Tecnologia dos Materiais Materiais com funções mecânicas e térmicas Ferramentas de corte Principais materiais: Al2O3, TiC, TiN Materiais resistentes em temperaturas elevadas Turbinas, turbo compressores e trocadores de calor. Principais materiais: SiC, Al2O3, Si3N4 40 Cerâmicas Cristalinas Ciência e Tecnologia dos Materiais Sensores de gases Alarme de vazamento de gases venenosos e hidrocarbonetos Sensor de veículos automotores Sensor de oxigênio na fabricação do aço Principais materiais: ZrO2(O2), ZnO, SnO2, Fe2O3(H2O) 41 Cerâmicas Cristalinas Ciência e Tecnologia dos Materiais Aplicações biológicas Próteses e implantes Ossos artificias, dentes e juntas. - Principais materiais: Al2O3 (bionerte), hidroxiapatia (bio-ativa); vitrocerâmicas. 42 Cerâmicas Cristalinas Ciência e Tecnologia dos Materiais Vitrocerâmicas Vitrocerâmicas são materiais policristalinos onde os cristais de uma ou mais fases encontram-se imersos em uma matriz vítrea. São produzidos por meio de uma cristalização controlada (“devitrificação”) que ocorre no seio da matriz vítrea. Existe uma série de sistemas que permitem a formação de vitrocerâmicas: –Sistema LAS → Li2O – Al2O3 – nSiO2 –Sistema MAS → MgO – Al2O3 – nSiO2 –Sistema ZAS → ZnO – Al2O3 – nSiO2 Os processos de conformação são idênticos àqueles empregados em produtos de vidro. 43 Cerâmicas Cristalinas Ciência e Tecnologia dos Materiais A transformação em vitrocerâmica é feita por meio de tratamentos térmicos apropriados – nucleação e crescimento de cristais, que acontecem depois do recozimento feito para aliviar as tensões geradas pelo processo de conformação. 44 Cerâmicas Cristalinas Ciência e Tecnologia dos Materiais 45 Cerâmicas Cristalinas Ciência e Tecnologia dos Materiais Composição e propriedade de algumas vitrocerâmicas 46 Cerâmicas Cristalinas Ciência e Tecnologia dos Materiais 47 Ciência e Tecnologia dos Materiais Referências
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