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Teoria da Tridimensionalidade do Direito

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TEORIA DAS TRÊS DIMENSÕES: ANÁLISE CRÍTICA
Criada em 1968 por Miguel Reale, a teoria da tridimensionalidade do direito baseia-se no entendimento de que todo o ordenamento democrático de direito deve ser construído partir de uma visão axiológico-normativa, isto é, de valor moral-legal e constitutivo. E para tal, REALE (1999, p.126) apresenta três elementos factuais que fomentam suas disposições teóricas: o fato, o valor e a norma; sendo estes capazes, segundo ele, de eliminar a parcialidade do direito, que se torna incompleto e inconclusivo quando visto apenas da dimensão normativa.
Desta forma, cabe entender, afim de compreender a teoria aqui relacionada, que o fato, como primeiro pilar de REALE (1999), advém basicamente do nicho social ou histórico daquele envolvido com o direito ou dever jurídico, ao passo que a esfera do valor é baseada no que a sociedade entende por justiça, e por último, mas não menos importante, a norma se baseia no e fundamenta o dever e direito íntimo de se aplicá-la (ABBOUD, 2016). E, por conseqüência, a junção destes três aspecto nas determinações de direitos e deveres criam um direito positivo, onde o estado mostra autenticidade, imparcialidade e legalidade em seus julgamentos.
Portanto, é possível compreender que esta teoria infere-se no culturismo do direito (jurídico), onde, às vistas de MATTA (1994, p.126), a mesma entende que “a produção, em um ser racional, da capacidade de escolher os próprios fins em geral e, conseqüentemente, de ser livre, deve-se à cultura”; e como esta não é estática e nem determinada, é impossível que um direito democrático possa julgar de forma positiva alguém se não baseado nestes fatores (também).
Na literatura, há ainda algumas discussões quanto à devida veracidade da teoria, visto, como citado por FERRAZ (2016), a ausência de autonômica entre os pilares da teoria pode causar dano de direito e dever (já que a percepção lógica existe a compreensão dos três em julgamentos e determinações de direito); entretanto, cabe salientar os pensamentos do próprio autor, REALE (1999), que infere que, de fato, há a necessidade de independência dos fatores, quando da impossibilidade de determiná-los em um ato jurídico. Às vistas desta autoria, nota-se grande e usual aplicabilidade dos entendimentos de REALE (1999), principalmente sob a perspectiva do direito processual penal, tributário supraindividual e de bens coletivos.
Referências
FERRAZ JUNIOR, Tércio Sampaio. Introdução ao estudo do direito: técnica, decisão, dominação, p. 65. São Paulo: AdJum. 2016.
REALE, Miguel. Filosofia do direito. 19. Ed. São Paulo: Saraiva, 1999.
MATTA, Emmanuel. O realismo da teoria pura do direito: tópicos capitais do pensamento kelseniano. Belo Horizonte: Nova Alvorada Edições Ltda., 1994
ABBOUD, Georges. Processo constitucional brasileiro. São Paulo: RT, 2016

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