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Princípios básicos de Hidráulica Elaborado pelo Prof. Paulo T. Nakayama para o curso de Eng. Civil da FESP 1-1 1 PRINCÍPIOS BÁSICOS DA HIDRÁULICA 1.1 Conceito de Hidráulica A palavra HIDRÁULICA vem do termo grego hydor e aulos, que significam, respectivamente, água e condução. Atualmente, a HIDRÁULICA tem sentido mais amplo e é definida como a ciência que estuda o comportamento da ÁGUA e de outros líquidos, quer em repouso (HIDROSTÁTICA), quer em movimento (HIDRODINÂMICA). A MECÂNICA DOS FLUIDOS, ciência correlata à hidráulica, trata dos problemas relativos a líquidos e gases em geral. 1.2 Evolução da Hidráulica A aplicação da ciência Hidráulica remonta a centenas de anos a.C. Alguns exemplos de obras hidráulicas estão relacionados a seguir: 3750 a.C – coletores de esgoto na cidade de Nipur (Babilônia); 691 a.C – primeiro sistema público de abastecimento de água (aqueduto de Jerwan – Assíria); 450 a.C – drenagem (Grécia); 250 a.C – parafuso de Arquimedes. 150 a.C – aquedutos romanos; 120 a.C – bomba de pistão (HERO); 1600 – prensa hidráulica (S.Stevin) – Holanda; 1643 – barômetro (E. Torricelli) – Itália; 1654 – compressor de ar (O. von Gueriche) – Alemanha; 1664 – tubo de fºfº (J. Jordan) – França; 1680 – bomba centrífuga (J. Jordan) – França; 1775 – bacia sanitária (J Brabah) – Inglaterra; 1846 – manilha cerâmica (Francis) – Inglaterra; 1867 – tubo de concreto armado (J. Monier) – França; 1913 – tubo de cimento amianto (A. Mazza) – Itália. 1.3 Símbolos adotados e unidades usuais Tradicionalmente, na Hidráulica tem sido utilizado o sistema Métrico-Gravitacional, conhecido como sistema MKS técnico (MKS*), cujas unidades fundamentais são: de Princípios básicos de Hidráulica Elaborado pelo Prof. Paulo T. Nakayama para o curso de Eng. Civil da FESP 1-2 força F – o kilograma-força (kgf); de comprimento – o metro (m) e de tempo – o segundo (s). Recentemente, estão em vias de abandono o sistema MKS*, em favor do chamado Sistema Internacional de Unidades – SI (conhecido também como sistema MKS), em que as unidades fundamentais são o quilograma-massa (ou simplesmente quilograma) (kg), metro (m) e segundo (s). As grandezas mais utilizadas em Hidráulica estão relacionadas na Tabela 1.1 abaixo, no Sistema Internacional (SI) e MKS*. Tabela 1.1 – Grandezas mais utilizadas em Hidráulica. Sistema Grandezas SI MKS* Massa kg utm Massa específica (ρ) kg/m3 utm/m3 Peso específico (γ) N/m3 kgf/m3 Força N = m.kg/s2 kgf Pressão Pa = N/m2 kgf/m2 Obs: utm significa unidade técnica de massa. A relação entre kg e utm é de 1:9,81, ou seja, 1 utm vale 9,81 kg. 1.4 Peso e Massa A massa é a quantidade de matéria que um corpo contém, ou seja, é a inércia que o corpo oferece ao movimento. O peso é a força exercida por um corpo pela ação da gravidade (g). Matematicamente, tem-se: P = m.g (1.1) Exemplo: Se um corpo tem 10 kg de massa, o seu peso (P) será: P = 10 x 9,81 = 98,1 N no sistema SI e kgf P 1081,9 81,9 10 =×= no sistema MKS*. 1.5 Propriedades físicas dos líquidos 1.5.1 Massa Específica ( ρ ) A massa específica ou densidade absoluta de um material homogêneo é definida como sua massa por unidade de volume. V m =ρ (1.2) Princípios básicos de Hidráulica Elaborado pelo Prof. Paulo T. Nakayama para o curso de Eng. Civil da FESP 1-3 Exemplo: na temperatura ambiente (no SI) • mercúrio: ρHg = 13.600 kg/m 3 • água: ρágua = 1.000 kg/m 3 • gelo: ρgelo = 920 kg/m 3 No sistema MKS*, ρ da água vale 3/102 81,9 1000 mutm ==ρ . 1.5.2 Peso específico (γγγγ) O peso específico de um material homogêneo é definido como seu peso por unidade de volume. g.ργ = (1.3) Água: 3/981081,91000. mN g =×== ργ (SI) 3/kgf 100081,9 81,9 1000 . mg =×== ργ (MKS*) 1.5.3 Densidade Relativa (δδδδ) A densidade relativa de um material é a relação entre a massa específica desse material e a massa específica de uma substância tomada por base. No caso dos líquidos, essa substância é a água. É uma quantidade adimensional (sem dimensões). Exemplo: a densidade relativa do mercúrio é 13,6. 1.5.4 Viscosidade ( µ ) Quando um líquido escoa, verifica-se um movimento relativo entre as suas partículas, resultando um atrito entre as mesmas. Este atrito interno ou viscosidade é a propriedade dos líquidos responsável pela resistência à deformação. Suponhamos que no interior de um líquido as partículas contidas em duas placas paralelas de área A, distanciadas de “y”, movem-se com velocidades diferentes v e v+∆v: A v + ∆v y A v Força tangencial decorrente dessa diferença de velocidade será: y v AF ∆ = ..µ (1.4) Princípios básicos de Hidráulica Elaborado pelo Prof. Paulo T. Nakayama para o curso de Eng. Civil da FESP 1-4 onde µ é o coeficiente de viscosidade dinâmica. Dividindo-se o valor desse coeficiente pela massa específica do líquido, obtém-se o coeficiente de viscosidade cinemática: ρ µ ν = (1.5) Para água com t = 20ºC (SI): ρ = 1000 kg/m3 γ = 9810 N/m3 23 /.10005,1 msN−×=µ ν = 1,01 x 10-6 m2/s Unidades da viscosidade (µµµµ) e viscosidade cinemática (νννν) As seguintes grandezas têm suas unidades já conhecidas: Força: F � N Distância: y � m Área: A � m2 Diferença de velocidade: ∆v � m/s A força tangencial é dada por: y v AF ∆ ⋅⋅= µ Isolando µ e fazendo-se a análise dimensional, tem-se: 22 m sN mm smN vA yF ⋅ = ⋅ ⋅⋅ → ∆⋅ ⋅ =µ Pela análise dimensional, tem-se para ν: kg msN kg m m sN ⋅⋅ =⋅ ⋅ →= 3 2ρ µ ν Por outro lado, 2s m kgNamF ⋅=→⋅= Substituindo N, chega-se à unidade de ν: s m kg ms s mkg kg msN 2 2 = ⋅ ⋅ ⋅ = ⋅⋅ =ν 1.5.5 Compressibilidade e elasticidade Princípios básicos de Hidráulica Elaborado pelo Prof. Paulo T. Nakayama para o curso de Eng. Civil da FESP 1-5 Compressibilidade á propriedade que tem os corpos de reduzir seus volumes sob a ação de pressões externas. Inversamente, elasticidade é a propriedade que têm os líquidos de aumentar seu volume quando a pressão é diminuída. 1.5.6 Adesão Observa-se esta propriedade quando um líquido está em contato com um sólido, por exemplo um tubo de vidro. A atração exercida pelas partículas do vidro pode ser maior que a atração existente entre as partículas do próprio líquido. Na figura abaixo é mostrada esta propriedade. Figura 1.1 1.5.7 Coesão É a propriedade das partículas do líquido de resistir a pequenos esforços de tensão. A formação de uma gota d´água deve-se à coesão. Esta propriedade no mercúrio é mostrada na figura ao lado. Figura 1.2 1.5.8 Tensão de vapor d’água A tensão de vapor é a pressão exercida pelo vapor em determinado espaço. O espaço diz-se saturado quando não comportar mais vapor. A tensão de vapor de água saturado aumenta com a temperatura, tornando-se igual à pressão atmosférica no ponto de ebulição. A máxima altura de coluna de água, h, que, a dada temperatura, pode ser suportada pela pressão atmosférica (p0) é a altura correspondente à pressão atmosférica (h0) menos a altura hv, correspondente à tensão de vapor a essa temperatura.Figura 1.3
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