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Participação e Controle Social Autor: Flávia Mello Magrini Tema 05 A Redemocratização no Brasil e as Configurações da Participação Social Tema 06 Conselhos – Ocorrências Históricas e Emergência dos Conselhos Gestores Índice Índice Tema 05: A Redemocratização no Brasil e as Configurações da Participação Social 4 Tema 06: Conselhos – Ocorrências Históricas e Emergência dos Conselhos Gestores 22 seç ões Tema 05 A Redemocratização no Brasil e as Configurações da Participação Social Como citar este material: MAGRINI, Flávia Mello. Participação e Controle Social: A Redemocratização no Brasil e as Configurações da Participação Social . Caderno de Atividades. Valinhos: Anhanguera Educacional, 2014. SeçõesSeções Tema 05 A Redemocratização no Brasil e as Configurações da Participação Social 7 CONTEÚDOSEHABILIDADES Conteúdo Nessa aula você estudará: • A formalização das conquistas das organizações da Sociedade Civil na Constituição Federal de 1988. • O papel das ONGs neste contexto de participação social. • Os novos desafios encontrados pelas organizações da Sociedade Civil. Introdução ao Estudo da Disciplina Caro(a) aluno(a). Este Caderno de Atividades foi elaborado com base no livro “Conselho Gestores e Participação Sociopolítica”, da autora Maria da Glória Gohn, Editora Cortez, 2011, Livro- Texto n°. Roteiro de Estudo: Profa Flávia Mello MagriniParticipação e Controle Social 8 CONTEÚDOSEHABILIDADES A Redemocratização no Brasil e as Configurações da Participação Social Conforme você estudou na aula anterior, a participação dos indivíduos nos processos decisórios no Brasil só irá aparecer na década de 1980, com os movimentos sociais surgidos desde meados da década de 1970. Nesta aula 5, o foco será justamente esta participação social no Brasil a partir da década de 1980 e suas configurações. Sob as mazelas do autoritarismo do regime militar, e tendo como eixo a oposição a ele, portanto, vê-se o surgimento de movimentos substancialmente unificados de auto- organização da sociedade. Fenômeno este responsável pela emergência de experiências de construção de espaços públicos em que se debatem temas e interesses até então excluídos de uma agenda pública, como significam espaços de ampliação e democratização da gestão estatal (DAGNINO, 2002). No bojo destas transformações, surge também a figura das Organizações Não Governamentais (ONGs). Atuantes enquanto Assessorias de Educação Popular, elas acompanham e assessoram os movimentos organizados, buscando a horizontalidade Habilidades Ao final, você deverá ser capaz de responder as seguintes questões: • Sobre as transformações que acompanharam a redemocratização brasileira, quais as principais conquistas dos movimentos sociais? • E quais seus maiores desafios? • Qual o papel das ONGs nos anos 1980? • Este papel sofreu alterações a partir da década de 1990? LEITURAOBRIGATÓRIA 9 LEITURAOBRIGATÓRIA de conhecimentos para fortalecer o protagonismo e o conhecimento popular. Pautam sua atuação, portanto, mais no sentido da valorização e sistematização do conhecimento produzido pelos movimentos e organizações sociais, apresentando-se, neste momento, como coadjuvantes aos atores sociais populares – situação esta que passará por grande transformação nos anos 1990 (POLIS-INESC, 2011). De acordo com Sallum Jr. (2003), o esgotamento deste modelo de Estado que levou à sua reconfiguração numa nova forma, emergida entre os anos de 1980 e 1990, foi marcado pela ocorrência de dois processos-chave: a democratização política e a liberalização econômica. De um lado, a atuação de uma sociedade civil que passava a ocupar o status de sujeito político, exigindo não só a volta ao regime democrático, mas uma ampliação do conceito de democracia e de outro um processo de descentralização institucional que, além de prezar pela democratização do Estado e seus aparelhos, buscava imprimir maior eficiência e eficácia às ações estatais. O marco formal da consolidação de todo este processo veio com a promulgação da Constituição Federal em 1988. Fortemente organizada e mobilizada em torno das discussões constituintes, a sociedade civil conseguiu a aprovação de diversos dispositivos jurídico- legais que institucionalizavam suas demandas em torno de um alargamento da democracia. A Constituição de 1988 consagrou os novos princípios de reestruturação do sistema de políticas sociais, segundo as orientações valorativas então hegemônicas: o direito social como fundamento da política; o comprometimento do Estado com o sistema, projetando um acentuado grau de provisão estatal pública e o papel complementar do setor privado; a concepção da seguridade social (e não de seguro) como forma mais abrangente de proteção e, no plano organizacional, a descentralização e a participação social como diretrizes do reordenamento institucional do sistema (DRAIBE, 2003b, p. 69). Assim, várias foram as mudanças: por meio da aprovação das chamadas “iniciativas populares”, criaram-se as bases legais para a criação de mecanismos de participação dos cidadãos nas arenas políticas, inclusive, nos processos de formulação, implementação e gestão de políticas públicas (SOUZA, 2009; BARBOSA DA SILVA; JACCOUD; BEGHIN, 2005), assim como na execução dessas políticas – principalmente por meio da atuação de entidades privadas de fins não lucrativos. Além disso, as políticas públicas ganharam destaque e centralidade nas estratégias de desenvolvimento, transformação e mudança social (GOHN, 2006). No que diz respeito à política social brasileira, com a incorporação dos princípios da seguridade social e da garantia de direitos mínimos e vitais à reprodução 10 social, esta passa a operar sob a ideia de seguridade e universalização dos direitos – antes restritos ao vínculo empregatício-contributivo (IPEA, 2007). Essas transformações no âmbito do Estado e da sociedade civil implicaram, em última instância, na mudança da relação estabelecida entre ambos: se antes era marcada por forte antagonismo e oposição, agora assumia uma postura de negociação, apostando na possibilidade de atuação conjunta. Assim, as mudanças proporcionadas pelo processo de democratização resultaram num deslocamento tanto do discurso quanto da atuação estratégica dos movimentos sociais: de uma autonomia completa em relação ao Estado (afinal tratava-se de um regime autoritário) passam por um processo de interlocução com o Estado - quando não de inserção institucional. Esta nova configuração impõe outros desafios aos movimentos sociais. Dentre eles, a necessidade de se familiarizarem e se adaptarem com uma racionalidade até então externa a eles, pois acabam esbarrando nos limites que a linguagem técnica e a burocracia do aparelho de Estado começam a representar a suas ações. Ainda mais árduo quando se projeta este quadro na conjuntura internacional de expansão do neoliberalismo na década de 1980 (conforme já estudado em aulas anteriores). Mediante este contexto, com a eleição de Fernando Collor para a presidência da República, em 1989, ocorreu a emergência de um projeto de Estado Mínimo, que se isenta progressivamente de seu papel de garantidor de direitos, por meio do encolhimento de suas responsabilidades sociais e sua transferência para a sociedade civil (DAGNINO, 2004). Assim, quando o governo peessedebista de Fernando Henrique Cardoso assume o governo federal em 1994, adota como prioridades indispensáveis de seu mandato: assegurar as condições de estabilidade macroeconômica, realizar a reforma do Estado e retomar o crescimento econômico sob as novas condições de abertura da economia e elevada competição. Em linhas gerais, portanto, pode-se dizer que a década de 1990 no Brasil é marcada pela redefinição do papel do Estado que deixa de ser o responsável direto pelo desenvolvimento econômico e social pela via da produção de bens e serviços para fortalecer-se na função de promotor e regulador desse desenvolvimento (BRASIL/MARE,1995, p.12). No que diz respeito às políticas sociais, isto propicia o fortalecimento do protagonismo de novos atores políticos denominados por alguns autores como Terceiro Setor – LEITURAOBRIGATÓRIA 11 LEITURAOBRIGATÓRIA Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIPs), Organizações Sociais (OSs) e Organizações Não Governamentais (ONGs) que, ocupando espaços autônomos, assim como espaços de cogestão com setores do Estado, passam a atuar principalmente enquanto parceiros do Estado na execução de políticas sociais. Quando a questão da participação social fica restrita a esta parceria, quando um governo que se diz participativo está dando peso à sociedade civil apenas enquanto executor de políticas públicas, têm-se um reducionismo e um empobrecimento muito grande da participação social. Este reducionismo do sentido da participação é o que pode ser observado na década de 1990. Durante a década de 1990 fortaleceu-se no Brasil uma leitura e uma prática da participação social associadas menos à questão da democratização do processo de deliberação das políticas sociais e mais à problemática da gestão e da descentralização das ações. Em reação ao diagnóstico que identificava a baixa capacidade estatal de implementação de políticas sociais – seja em seus aspectos gerenciais, seja no que se refere ao seu uso político –, fortaleceram-se experiências de execução de projetos sociais pelo chamado “terceiro setor”, identificado enquanto detentor de maior competência técnica alternativa à capacidade de mobilização de recursos privados (BARBOSA DA SILVA; JACCOUD; BEGHIN, 2005, p.391). Nesse momento, surge o campo que marcará a complexidade do processo de contínua construção democrática brasileira. Para Dagnino (2004), esta complexidade seria potencializada pelo fato de ter ocorrido uma confluência perversa entre um projeto político democratizante, participativo, e o projeto neoliberal, provocando deslocamentos de sentido em três noções, Sociedade Civil, Participação e Cidadania. Apesar de apontarem para direções opostas e, até, antagônicas, ambos os projetos requerem uma sociedade civil ativa e propositiva1. 1 Redefinição da noção de Sociedade Civil: marginalização dos movimentos sociais e novo papel desempenhado pelas ONGs; cresce sua identificação com o termo Sociedade Civil e passa a assumir o papel de interlocução junto ao Estado; Participação: ao invés de uma participação realmente propositiva, “participação solidária” e a ênfase no trabalho voluntário e na “responsabilidade social” e em relação à Cidadania: o conceito de cidadania ampliada, que assume uma redefinição da ideia de direitos, cujo ponto de partida é a concepção de um direito a ter direitos, acaba passando por uma redefinição neoliberal e tornar-se cidadão passa a significar a integração individual ao mercado, como consumidor e como produtor (DAGNINO, 2004). 12 Quer saber mais sobre o assunto? Então: Sites Acesse o site: Associação Brasileira de Organizações não Governamentais (ABONG). Disponível em: <http://abong.org.br/>. Acesso em: 2 jan. 2014. Neste site você terá acesso a diversas notícias sobre atuações das ONGs que fazem parte desta associação. Leia o artigo: CARVALHO, Maria do Carmo. Participação Social no Brasil hoje. Disponível em: <www.abdl.org.br/.../43/Participacao_Social_no_Brasi_Hoje.pdf>. Acesso em: 2 jan. 2014. A autora traz uma importante discussão sobre o tema. Leia a publicação: TEIXEIRA, Ana Cláudia. Identidades em Construção: as organizações não governamentais no processo brasileiro de democratização. Disponível em: <http://cutter.unicamp.br/document/?code=vtls000214828>. Acesso em: 2 jan. 2014. Neste trabalho, a autora analisa a importância das ONGs no processo de democratização brasileiro. Leia a resenha: RIZEK, Cibele. Sociedade civil e espaços públicos no Brasil: um balanço necessário. Revista Brasileira de Ciências Sociais. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid =S0102-69092003000100011>. Acesso em: 2 jan. 2014. A autora pontua e analisa as principais contribuições do livro “Sociedade civil e espaços públicos no Brasil” de Evelina Dagnino. LINKSIMPORTANTES http://abong.org.br/ www.abdl.org.br/.../43/Participacao_Social_no_Brasi_Hoje.pdf http://cutter.unicamp.br/document/?code=vtls000214828 http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-69092003000100011 http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-69092003000100011 13 LINKSIMPORTANTES Vídeos Importantes: Assista o vídeo: 07- Redemocratização - História do Brasil por Boris Fausto. Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=a4nuiRG52W4&feature=fvst>. Acesso em: 2 jan. 2014. Neste vídeo, o importante historiador brasileiro Boris Fausto explica todo o contexto da redemocratização no Brasil. Instruções: Chegou a hora de você exercitar seu aprendizado por meio das resoluções das questões deste Caderno de Atividades. Essas atividades auxiliarão você no preparo para a avaliação desta disciplina. Leia cuidadosamente os enunciados e atente-se para o que está sendo pedido e para o modo de resolução de cada questão. Lembre-se: você pode consultar o Livro-Texto e fazer outras pesquisas relacionadas ao tema. AGORAÉASUAVEZ http://www.youtube.com/watch?v=a4nuiRG52W4&feature=fvst 14 AGORAÉASUAVEZ Questão 1: A Constituição Federal de 1988 é chama- da por muitos estudiosos como a Consti- tuição Cidadã. Explique o sentido desta denominação. Questão 2: Sobre as estruturas institucionais de par- ticipação, surgidas na década de 1980, é correto afirmar: a) Foram construídas a partir de arcabouços institucionais existentes, permeados por velhos hábitos populistas e, em alguns casos, o processo se resumiu a um grande discurso. b) Foram construídas sem nenhum resquício institucional autoritário. c) Desde o início, propiciaram total autonomia aos novos sujeitos dentro do aparelho de estado. d) Conseguiram assegurar uma participação efetiva da sociedade no processo de decisão econômica no país. e) Não enfrentaram nenhum tipo de resistência dos grupos políticos no poder. Questão 3: Considere os seguintes itens: I. Valores como o clientelismo; o paternalismo. II. Descrença na eficácia das leis. III. Forte institucionalização de canais de participação. IV. Linguagem técnica e a burocracia do aparelho de Estado. A alternativa que contém apenas itens que se referem às dificuldades encontradas pe- los cidadãos diante das novas práticas par- ticipativas é: a) Apenas III. b) I e IV. c) I, II e IV. d) Apenas I. e) Todas as alternativas. Questão 4: Na participação cidadã, a categoria central deixa de ser a _______ e passa a ser a sociedade. Seu conceito está lastreado na ________ dos direitos sociais, na amplia- ção do conceito de cidadania e em uma nova compreensão sobre o papel e o ca- ráter do ________, remetendo à definição das prioridades nas políticas públicas a partir de um __________. Assinale a alternativa que contém as pala- vras adequadas para preencher as lacunas das frases acima: 15 a) Comunidade; universalização; Estado; debate público. b) Pessoa; universalização; governante; plebiscito. c) Comunidade; exclusividade; governan- te; plebiscito. d) Pessoa; universalização; Estado; de- bate público. e) Comunidade; universalização; gover- nante; debate público. Questão 5: Sobre as prioridades do governo peesse- debista de Fernando Henrique Cardoso, assim que assumiu o governo federal em 1994, é correto afirmar: a) Promoção da industrialização; criação de agências estatais reguladoras. b) Promoção de políticas redistributivas; criação de agências estatais reguladoras. c) Condições de estabilidade macroeconômica; promoção de políticas redistributivas; criação de agências estatais reguladoras. d) Condições de estabilidade macroeconômica; Reforma do Estado – Estado Mínimo; retomar o crescimento econômico. e) Criação de canais de participação; estatização de empresasmultinacionais. Questão 6: Como forma de aprofundar a análise aqui exposta, leia o artigo: As ONGs: origens e (des)caminhos, de Joana Coutinho. Dispo- nível em: <http://www.pucsp.br/neils/down- loads/v13_14_joana.pdf>. Acesso em: 2 jan. 2014. Em poucas palavras, apresente os princi- pais pontos de mutação na configuração das ONGs nas décadas de 1980 e 1990. Questão 7: Gohn (2011) analisa algumas categorias dentro da Participação Social que, a partir da década de 1990, perdem seu conteúdo político. Um exemplo é a mobilização so- cial que passa a ser vista como energia a ser canalizada para objetivos comuns. É possível analisar esta situação a partir do conceito de confluência perversa de Eveli- na Dagnino? Questão 8: O Movimento Sanitarista, que lutava por um sistema de saúde universal e de qualidade no país, com sua demanda pela descentra- lização da administração e dos serviços de saúdes, bem como por uma participação efetiva da população nos três níveis fede- rativos, demarca uma importante inflexão para a criação de espaços de participação na direção da fiscalização e controle das políticas públicas de saúde: AGORAÉASUAVEZ http://www.pucsp.br/neils/downloads/v13_14_joana.pdf http://www.pucsp.br/neils/downloads/v13_14_joana.pdf 16 Em 1986 foi realizada a VIII Conferência Nacional de Saúde, que alcançou pelo menos duas conquistas: foi o primeiro momento da história em que o Poder Executivo brasileiro chamou a sociedade civil organizada para debater e formular políticas públicas de Saúde, já que as Conferências anteriores eram marcadamente técnicas e com baixíssima representação social. Foi também nessa Conferência que, por meio de grupos de trabalho, foram formulados dois documentos para contribuir com a Constituinte, determinando em grande medida o desenho institucional de participação em Conselhos e a o próprio Sistema Único de Saúde: “Propostas do conteúdo saúde para a Constituição” e “Proposta de conteúdo para uma nova lei do Sistema Nacional de Saúde” (idem). As demandas de participação da sociedade civil nas três esferas do Estado deram novos contornos ao debate sobre a relação da sociedade civil com o Estado e a questão dos conselhos (POLIS-INESC, 2011, p.17). Mediante a leitura do texto acima, faça uma rápida pesquisa sobre a instituição do Sis- tema Único de Saúde (SUS) e relacione com o que foi estudado nesta aula. Questão 9: Considere que você é membro de um mo- vimento social que, após muito ativismo e muita luta, consegue finalmente institucio- nalizar um canal de participação que legiti- me o debate em torno de suas demandas. Quais as principais limitações que você imagina encontrar? Questão 10: Aponte um argumento contrário à atuação das ONGs enquanto cogestoras de políti- cas sociais. AGORAÉASUAVEZ 17 Nesta aula, você estudou as conquistas das organizações da sociedade civil, institucionalizadas na Constituição Federal de 1988, assim como o processo de mudança nas configurações da participação social no país pós-redemocratização. Caro aluno, agora que o conteúdo dessa aula foi concluído, não se esqueça de acessar sua ATPS e verificar a etapa que deverá ser realizada. Bons estudos! SILVA, Frederico Barbosa da; JACCOUD, Luciana; BEGHIN, Nathalie. Políticas Sociais no Brasil: Participação Social, Conselhos e Parcerias. In: JACCOUD, Luciana (Org.). Questão Social e Políticas Sociais no Brasil Contemporâneo. Brasília: IPEA, p. 373-407, 2005. BRASIL. Presidência da República. Ministério da Administração Federal e da Reforma do Estado (BRASIL/MARE). Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado. Brasília: MARE, 1995. DAGNINO, Evelina (org.). Sociedade civil e espaços públicos no Brasil. São Paulo: Paz e Terra/Unicamp, 2002. DAGNINO, Evelina. Sociedade civil, participação e cidadania: do que estamos falando? In: MATO, Daniel. Políticas de ciudadania y sociedad civil en tiempos de globalización. Cara- cas: FACES - Universidad Central de Venezuela, 2004. DRAIBE, Sônia M. A política social no período FHC e o sistema de proteção social. Tempo Soc. São Paulo, vol.15, n.2, p.63-101, 2003b. REFERÊNCIAS FINALIZANDO 18 REFERÊNCIAS GOHN, Maria da Glória. Conselhos Gestores e Gestão Pública. SP. Ciências Sociais Uni- sinos, n.1, vol.42, jan-abr, 2006. INSTITUTO DE PESQUISAS ECONÔMICAS APLICADAS (IPEA). Políticas Sociais: Acompanhamento e Análise. Edição Especial 13, 2007. PÓLIS-INESC. Projeto/Pesquisa: Governança Democrática no Brasil Contemporâneo: Estado e Sociedade na Construção de Políticas Públicas - Arquitetura da Participação no Brasil: avanços e desafios. Ago/2011. SALLUM Jr, Brasílio. Metamorfoses do Estado brasileiro no final do século XX. RBCS. vol.18, n.52, São Paulo, 2003. SOUZA, Rafael. Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social do Brasil: Uma expe- riência democratizante? SP: Dissertação. Universidade Federal de São Carlos, Programa de Pós-Graduação em Ciência Política, 2009. Mazelas: descaso dos governos autoritários com as questões sociais resultou em condições de pauperização extrema da sociedade, entre outras situações brutais. Provisão: abastecimento de coisas necessárias e úteis. Universalização dos direitos: os direitos sociais no Brasil eram corporativos, ou seja, restritos a categorias profissionais e passíveis de comprovação por meio da carteira de trabalho. Com a universalização dos direitos, findou-se este pré-requisito e todos os cidadãos passaram a ter direitos mínimos garantidos constitucionalmente. Burocracia: forma de organização caracterizada por procedimentos regularizados. Execução de Políticas Públicas: colocar em prática, transpor para a realidade. GLOSSÁRIO 19 Questão 1 Resposta: A CF de 1988 foi batizada de Constituição Cidadã devido à intensa mobilização e participação social em torno do seu processo constituinte. Envolveu diversos atores dos mais variados setores e realmente mobilizou o país em torno da sua elaboração. Como resultado, várias foram as conquistas e garantias dos grupos sociais no pacto final desta Carta Magna. Questão 2 Resposta: Alternativa A. Justificativa: como você já estudou, nenhum fenômeno surge descolado de sua realidade social, assim como nenhuma instituição é criada a partir do nada. Considerando, portanto, todo o contexto da década de 1980, com as diversas forças sociais em disputa, Gohn (2011) apresenta como as estruturas institucionais de participação foram criadas na década de 1980 permeadas por valores e vícios já enraizados no aparelho estatal. Questão 3 Resposta: Alternativa C. Justificativa: todos os itens trazem as dificuldades encontradas nas práticas de participação pelos cidadãos, exceto o item III que não traz uma dificuldade e, sim, uma necessidade para que a participação ocorra de forma efetiva. Questão 4 Resposta: Alternativa A. Justificativa: Gohn (2011) apresenta as características da participação cidadã contempladas na alternativa A: comunidade; universalização; Estado; debate público. GABARITO 20 Questão 5 Resposta: Alternativa D. Justificativa: no contexto de grave crise econômica, índices inflacionários exorbitantes, alinhamento do sistema internacional no sentido de políticas neoliberais que Fernando Henrique Cardoso assume a presidência do país, ele adota como prioridades: condições de estabilidade macroeconômica; Reforma do Estado – Estado Mínimo; retomar o crescimento econômico. Questão 6 Resposta: Nas décadas de 1960/1970, as ONGs surgiram como centros de “educação popular” e de assessorias a movimentos sociais, com ênfase na “conscientização” e “transformação social”. A partir dos anos 1990, elas passam a estar submetidas a outra lógica: priorizam trabalhos em “parceria” com o Estado e/ou empresas, assumindo a função de executora de políticas sociais. Questão 7 Resposta: Sim. Como Gohn (2011) ressalta, há uma transfiguração da mobilização em processo para atingir resultados. Ou seja, existe sim uma disputa semântica em torno das questõesenvolvidas na participação social e, em muitos casos, a participação será apartada de seu potencial transformador, sendo utilizada como parte de uma estrutura política conservadora. Questão 8 Resposta: O Sistema Único de Saúde (SUS) - sistema público de saúde brasileiro - foi institucionalizado na CF de 1988 é resultado da forte mobilização social em torno do tema. Contribuindo com o alargamento do conceito de cidadania, significa a efetivação do direito à saúde como um “direito de todos” e um “dever do Estado”. Ou seja, foi criado a partir de demandas da sociedade civil organizada e no sentido de universalizar direitos sociais dos cidadãos. Questão 9 Resposta: A partir do momento em que os movimentos sociais se vêem diante de formas institucionalizadas de participação, novos desafios são colocados. Surge a necessidade de GABARITO 21 GABARITO lidar com processos burocráticos, linguagens técnicas que não faziam parte da expertise destes cidadãos, além de valores como o clientelismo, o paternalismo e o corporativismo, permeando atuações tanto de representantes do governo, como de representantes da sociedade civil e fazendo com que o processo não seja simples. Questão 10 Resposta: Conforme você já estudou, a possibilidade desta forma de atuação das ONGs é resultado da mudança no papel do Estado brasileiro que: deixa de ser o responsável direto pelo desenvolvimento econômico e social pela via da produção de bens e serviços para fortalecer-se na função de promotor e regulador desse desenvolvimento (BRASIL/MARE, 1995, p.12). Assim, a reforma do Estado no sentido de promover um Estado Mínimo passa a comportar espaços de cogestão de políticas sociais. Com isso, o Estado se isenta da responsabilidade direta por estas políticas (que passam a ser de responsabilidade das ONGs e OSCIPs), o formato de seleção das ONGs para esta parceria estimula a profissionalização das mesmas e ocorre um afastamento dos movimentos sociais de base. Tem-se, portanto, a criação de verdadeiras pequenas empresas que muito pouco representam os grupos sociais, mas que são apontadas pelo governo como interlocutoras. seç ões Tema 06 Conselhos – Ocorrências Históricas e Emergência dos Conselhos Gestores Como citar este material: MAGRINI, Flávia Mello. Participação e Controle Social: Conselhos – Ocorrências Históricas e Emergência dos Conselhos Gestores. Caderno de Atividades. Valinhos: Anhanguera Educacional, 2014. SeçõesSeções Tema 06 Conselhos – Ocorrências Históricas e Emergência dos Conselhos Gestores 25 CONTEÚDOSEHABILIDADES Conteúdo Nessa aula você estudará: • Ocorrências históricas dos conselhos. • O surgimento dos Conselhos Gestores e a redemocratização brasileira. • Principais características dos Conselhos Gestores. Introdução ao Estudo da Disciplina Caro(a) aluno(a). Este Caderno de Atividades foi elaborado com base no livro “Conselho Gestores e Participação Sociopolítica”, da autora Maria da Glória Gohn, Editora Cortez, 2011, Livro- Texto n°. Roteiro de Estudo: Profa Flávia Mello MagriniParticipação e Controle Social 26 CONTEÚDOSEHABILIDADES Conselhos – Ocorrências Históricas e Emergência dos Conselhos Gestores A existência de “conselhos” enquanto estruturas presentes em organizações sociais, seja para gestão de bens públicos ou em coletivos organizados da sociedade civil, não é recente. Historicamente, várias foram as experiências envolvendo este tipo de instituição: a Comuna de Paris, os sovietes russos, conselhos na democracia norte-americana, entre outros. Segundo Gohn (2011), é possível afirmar que, na modernidade, os conselhos surgem em épocas de crises políticas institucionais, em oposição a organizações tradicionais. A Comuna de Paris é considerada a primeira experiência de autogestão operária por meio de conselhos populares (ocorreu na França, em 1871, e teve a duração de dois meses). (GOHN, 2011). Habilidades Ao final, você deverá ser capaz de responder as seguintes questões: • Quais as principais diferenças entre a Comuna de Paris e os conselhos norte- americanos? • Acompanhando o período de efervescência dos movimentos sociais, a partir da década de 1970, e as transformações políticas e sociais a partir de então, quais os tipos de conselhos surgidos no Brasil? • A redemocratização no Brasil, assim como a Constituição Federal de 1988, tiveram relevância no surgimento dos conselhos gestores? • Qual a principal garantia legal que propiciou a proliferação de conselhos no Brasil a partir da década de 1990? LEITURAOBRIGATÓRIA 27 LEITURAOBRIGATÓRIA [...] novidade histórica que ela inaugurou: a autogestão da coisa pública pelos próprios demandatários, a possibilidade da participação direta da população na gestão da cidade e, principalmente, a possibilidade da gestão pública estatal, articulada com a gestão da produção, em um projeto político emancipatório. (GOHN, 2011, p. 70). Os conselhos norte-americanos, por sua vez, desenvolveram-se em torno de grupos e comunidades de interesses, objetivando constituir grupos de pressão na defesa de seus interesses. Enquanto os conselhos socialistas ou as experiências revolucionárias da primeira metade do século XX ocorreram no setor da produção, os conselhos americanos acontecem na esfera do consumo de bens, serviços e equipamentos coletivos públicos, ou de moradia familiar. (GOHN, 2011, p. 73). Quando se pensa na realidade brasileira no século XX, é possível observar a ocorrência de três tipos de conselho: criados pelo poder público; populares e institucionalizados. Os conselhos comunitários, criados no final dos anos 1970, são exemplos de conselhos criados “de cima para baixo”, ou seja, criados pelo próprio poder público executivo, muitas vezes esvaziado politicamente quando se pensa em sociedade civil. Os conselhos populares, por sua vez, foram observados no final dos anos 1970 e início dos anos 1980, na conjuntura de emergência e efervescência de movimentos sociais no país. Compostos exclusivamente de representantes da sociedade civil, seu poder estava na força da mobilização e da pressão. E, finalmente, os conselhos institucionalizados são aqueles surgidos após pressão da sociedade civil por canais institucionalizados de participação. Os conselhos gestores surgidos a partir da redemocratização no Brasil são exemplos deste tipo de conselho. Para maiores detalhes, informações e exemplificações acerca dos dois primeiros tipos, leia a ótima análise de Maria da Glória Gohn (2011) no capítulo 4 do seu Livro-Texto. A partir de agora você verá as especificidades dos conselhos gestores (terceiro tipo), também a partir de análise de Gohn (2011). Os conselhos gestores fazem parte das conquistas das organizações da sociedade civil fortemente atuantes no país desde 1970 e que tiveram grande importância no sentido da redemocratização brasileira. A garantia constitucional – Constituição Federal de 1988 – de participação social na gestão e no controle de políticas públicas é uma importante inovação na gestão pública. Pode-se afirmar que a potencialidade deste tipo de conselho está na “possibilidade de reordenamento das políticas públicas brasileiras na direção de formas de governança democráticas.” (GOHN, 2011, p. 87). 28 Como destaca Tatagiba (2002, p. 47), esse discurso de participação “busca articular a democratização do processo com a eficácia dos resultados.” Assim, a democratização do processo em torno das políticas públicas possibilitaria também uma alteração no cenário de incapacidade do Estado em responder às demandas sociais. A partir da década de 1990, leis orgânicas específicas passaram a regulamentar este direito constitucional à participação através da criação de conselhos gestores. Como forma de estimular a criação, assim como de consolidar a existência e o desenvolvimento dos conselhos gestores enquanto realidade política brasileira, garantias jurídicas passaram a articular a existência de conselhos ao repasse de recursos financeirosdo nível federal ao estadual e ao municipal. Com isso, é possível verificar que desde a década de 1990 houve uma proliferação na criação de conselhos pelo país (importante ressaltar, mais uma vez, que sua implementação depende de leis ordinárias estaduais e municipais). Como destaca Gohn (2011, p. 92): Trata-se de um novo padrão de relações entre Estado e sociedade, porque eles viabilizaram a participação de segmentos sociais na formulação de políticas sociais e possibilitam à população o acesso aos espaços nos quais se tomam as decisões políticas. Esta forma de ação política teria, portanto, grande potencial emancipatório no combate às políticas neoliberais que marginalizam as políticas sociais, reduzindo-as ao campo do assistencialismo. Isso porque essa maior proximidade do Estado através da participação das organizações da sociedade civil “provocaria um tensionamento nas agências estatais, tornando-as mais transparentes, mais responsáveis, mais suscetíveis ao controle da sociedade.” (TATAGIBA, 2002, p. 47) Ou seja, possibilitariam também uma maior efetividade na fiscalização e controle do Estado pela Sociedade Civil. Você passará a estudar agora, de forma pontual, as principais características gerais dos conselhos gestores – sistematizadas em estudo de Luciana Tatagiba (2002). A legislação impõe que os conselhos gestores sejam criados com composição paritária entre representantes do poder público e de instituições da sociedade civil (GOHN, 2011), como mecanismo de equilíbrio nas decisões (TATAGIBA, 2002). A representação governamental é feita normalmente por agentes públicos responsáveis pelas áreas das políticas sociais em questão ou que atuem em áreas afins. Os representantes da sociedade civil são escolhidos por seus pares – entre organizações relevantes na área; as LEITURAOBRIGATÓRIA 29 Quer saber mais sobre o assunto? Então: Sites Leia o artigo Conselhos Gestores e gestão Pública, de Maria da Glória Gohn (2006). Disponível em: <http://www.unisinos.br/publicacoes_cientificas/images/stories/Publicacoes/ ciencias_sociais_v42n1/maria_gohn.pdf>. Acesso em: 2 jan. 2014. Neste artigo a autora analisa os conselhos no contexto da construção da democracia e da participação popular. Leia o artigo A gestão descentralizada e participativa das políticas públicas no Brasil, de Roberto Rocha (2009). Disponível em: <http://www.ppgcsoc.ufma.br/index.php?option=com_content&view=arti cle&id=318&catid=72&Itemid=114>. Acesso em: 2 jan. 2014. O autor contribui com uma análise deste novo formato da gestão das políticas públicas. LINKSIMPORTANTES LEITURAOBRIGATÓRIA especificidades na composição destes representantes devem ser previstas por lei específica que leve em consideração a particularidade de cada contexto. A função de conselheiro não deve ser remunerada (com exceção dos membros do conselho tutelar), uma vez que é considerada como atividade de “relevância pública”. E suas reuniões devem ser abertas à comunidade – que não tem direito a voto (TATAGIBA, 2002). O funcionamento dos conselhos é regido por um regimento interno – elaborado por cada conselho – que deve ser aprovado em plenária e posteriormente apreciado e aprovado através de decreto pelo Poder Executivo. Suas decisões devem ter a forma de resolução e precisam ser publicadas em Diário Oficial (TATAGIBA, 2002). O entendimento acerca dessas características e de seu funcionamento será importante, principalmente para entender os limites e as dificuldades enfrentadas pelos conselhos gestores. Discussão que será realizada na próxima aula. http://www.unisinos.br/publicacoes_cientificas/images/stories/Publicacoes/ciencias_sociais_v42n1/maria_gohn.pdf http://www.unisinos.br/publicacoes_cientificas/images/stories/Publicacoes/ciencias_sociais_v42n1/maria_gohn.pdf http://www.ppgcsoc.ufma.br/index.php?option=com_content&view=article&id=318&catid=72&Itemid=114 http://www.ppgcsoc.ufma.br/index.php?option=com_content&view=article&id=318&catid=72&Itemid=114 30 Leia o artigo Perfil da produção acadêmica sobre os Conselhos Gestores de Políticas Públicas no Brasil, de Carla Cecília Rodrigues Almeida e Domitila Costa Cayres (2012). Disponível em: <http://www.anpocs.org/portal/index.php?option=com_docman&task=doc_ view&gid=7867&Itemid=76>. Acesso em: 2 jan. 2014. Neste artigo as autoras trazem importantes análises sobre a produção acadêmica brasileira no tema abordado nesta aula. Acesse o site do Núcleo de Pesquisa em Movimentos Sociais (NPMS) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Disponível em: <http://www.npms.ufsc.br/>. Acesso em: 2 jan. 2014. Neste site você terá acesso a diversas informações sobre as pesquisas realizadas pelo Núcleo, assim como de suas importantes publicações. Vídeos Importantes: Assista ao programa Política em Foco sobre “Política e Conselhos Gestores”. Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=f7rDYCb31j8>. Acesso em: 2 jan. 2014. Neste vídeo você poderá acompanhar a discussão muito relevante sobre o tema dos conselhos gestores. LINKSIMPORTANTES http://www.anpocs.org/portal/index.php?option=com_docman&task=doc_view&gid=7867&Itemid=76 http://www.anpocs.org/portal/index.php?option=com_docman&task=doc_view&gid=7867&Itemid=76 http://www.npms.ufsc.br http://www.youtube.com/watch?v=f7rDYCb31j8 31 Instruções: Chegou a hora de você exercitar seu aprendizado por meio das resoluções das questões deste Caderno de Atividades. Essas atividades auxiliarão você no preparo para a avaliação desta disciplina. Leia cuidadosamente os enunciados e atente-se para o que está sendo pedido e para o modo de resolução de cada questão. Lembre-se: você pode consultar o Livro-Texto e fazer outras pesquisas relacionadas ao tema. Questão 1: Em poucas palavras, descreva as princi- pais características da Comuna de Paris. Questão 2: Considerando os Conselhos que se torna- ram famosos na história, é incorreta a al- ternativa: a) Conselhos Iugoslavos. b) Sovietes Russos. c) Comuna de Paris. d) Conselhos Operários de Turim. e) Comunidades Eclesiais de Base Questão 3: Considere os seguintes itens: I. Sua criação teve forte influência de um encontro de entidades cujo resultado foi a elaboração do documento Carta de São Paulo. II. Sua finalidade era discutir o orçamen- to municipal e participar na elaboração de programas e projetos dos órgãos da muni- cipalidade. III. Eram estratégias de organização de um poder popular autônomo, estruturado a partir de movimentos sociais da sociedade civil. IV. Foram criados na administração petista. AGORAÉASUAVEZ 32 A alternativa que contém apenas itens que se referem aos Conselhos comunitários em São Paulo é: a) Apenas I. b) Apenas I e IV. c) I, II e IV. d) Apenas I e II. e) Nenhuma alternativa. Questão 4: Sobre os Conselhos Gestores assinale a alternativa INCORRETA: a) Fruto de lutas e demandas populares. b) Devem possuir composição paritária entre representantes do poder público e representantes da sociedade civil. c) Trazem como novidade a possibilidade de estabelecer formas de governança democráticas no que diz respeito às políticas públicas. d) O repasse de recursos federais aos estados e municípios está articulado à existência de conselhos gestores. e) Todas as suas experiências permitem afirmar que são conselhos inoperantes criados pelo poder Executivo como forma de controle da dinâmica social. Questão 5: Os Conselhos Populares devem _________ a administração pública no processo de gestão para _________ do serviço público; ser restauradores da influência ______ do cidadão comum nos negócios da cidade. Assinale a alternativa que contém as pala- vras adequadas para preencher as lacunas das frases acima: a) fiscalizar e auxiliar; melhoria; direta. b) observar e respeitar; melhoria; indireta. c) contemplar e elogiar; melhoria; indireta. d) fiscalizar e auxiliar; eficiência; indireta. e) observar e respeitar; eficiência; direta. Questão 6: Todos os conselhos que existiram até hoje são iguais?Explique a partir de uma análi- se entre os conselhos socialistas e os con- selhos norte-americanos. Questão 7: Imagine que você faz parte de um movi- mento social na década de 1980 em São Paulo – estando organizado e atuante des- de meados da década de 1970 – em uma realidade de repressão política, de inexis- tência de canais de participação e expres- são das demandas da sociedade civil junto AGORAÉASUAVEZ 33 ao poder público. Após muita luta e mobili- zação, você e os demais membros de mo- vimentos sociais verificam uma sinalização de alterações nesse cenário com a criação pelo poder executivo de um conselho co- munitário. Você veria com descrédito esta alteração institucional ou apostaria suas fi- chas, buscando participar deste conselho? Justifique. Questão 8: Você estudou em sua Leitura Obrigatória que: A função de conselheiro não deve ser remu- nerada (com exceção dos membros do con- selho tutelar), uma vez que é considerada como atividade de “relevância pública”. Explique o que é um conselho tutelar e faça uma rápida pesquisa a respeito do direito à remuneração de seus conselheiros. Questão 9: Maria da Gloria Gohn (2011) traz no seu Li- vro-Texto uma análise a respeito dos Con- selhos Populares na administração petista (1989-1992). Ao assumir o governo federal em 2003, Luiz Inácio Lula da Silva – o primeiro pre- sidente do Partido dos Trabalhadores (PT) eleito no país –, em diversos discursos, as- sim como em diversas práticas, estimulou a criação de mecanismos participativos, dentre eles os Conselhos. Faça um texto pequeno que contextualize o PT dentro desse período de transforma- ções políticas e sociais ocorridas no Brasil desde a década de 1970. Questão 10: Quando se pensa no contexto de refor- mas neoliberais que ocorreram no Estado brasileiro, quais as maiores críticas que podem ocorrer em relação aos conselhos gestores? AGORAÉASUAVEZ 34 Nesta aula você estudou algumas ocorrências históricas do conselho, até chegar ao modelo de Conselho Gestor. Passando por uma rápida contextualização sobre sua emergência, estudou as suas principais características e sua importância enquanto instrumento de controle social. Caro aluno, agora que o conteúdo dessa aula foi concluído, não se esqueça de acessar sua ATPS e verificar a etapa que deverá ser realizada. Bons estudos! BOBBIO, N.; MATTEUCCI, H.; PASQUINO, G. Dicionário de Política. 5ª Ed. Brasília: Edi- tora Universidade de Brasília, 2000. GOHN, Maria da Glória. Conselhos Gestores e Participação Sociopolítica. Editora Cortez, 2011. MORI, Celso Cintra. Lei complementar não se confunde com Lei orgânica. Revista Con- sultor Jurídico. 2006. Disponível em: <http://www.conjur.com.br/2006-set-29/lei_comple- mentar_nao_confunde_lei_organica?pagina=7>. Acesso em: 2 jan. 2014. TATAGIBA, Luciana. Os conselhos gestores e a democratização das políticas públicas no Brasil. In: DAGNINO, Evelina (org.). Sociedade civil e espaços públicos no Brasil. São Paulo: Paz e Terra; 2002. p. 47-103. REFERÊNCIAS FINALIZANDO http://www.conjur.com.br/2006-set-29/lei_complementar_nao_confunde_lei_organica?pagina=7 http://www.conjur.com.br/2006-set-29/lei_complementar_nao_confunde_lei_organica?pagina=7 35 Sovietes: a palavra russa soviete significa exatamente “conselho”. Os sovietes russos consistem nos conselhos operários instituídos pela primeira vez durante a revolução russa de 1905, e foram fortalecidos mais tarde, na revolução de 1917. (BOBBIO et al., 2000). Lei Orgânica: é identificada pelo seu conteúdo. Ela confere estrutura e organização à determinada atividade do Estado ou instituto de Direito Público. (MORI, 2006). Composição Paritária: pressupõe a equivalência entre os representantes que comporão o conselho. Ou seja, 50 % do total de conselheiros deverão ser de representantes do poder público e 50% de representantes da sociedade civil. Eficácia: está relacionada ao nível gerencial, neste contexto, das políticas públicas. Ou seja, diz respeito à decisão do caminho a seguir (planejamento) para que no fim os resultados – das políticas – correspondam às necessidades reais – da sociedade. Potencial emancipatório: neste contexto, o termo remete à possibilidade de transformações sociais. GLOSSÁRIO 36 Questão 1 Resposta: Você deverá destacar algumas das principais características da Comuna de Paris: - Considerada a primeira experiência histórica de autogestão operária por meio de conselhos populares. - Propunha substituir a organização de trabalho capitalista por uma organização nova (ideais anarquistas). - Projeto político emancipatório. Para aprofundar sua exposição sobre o tema, leia o texto A Comuna de Paris, 1971, de Peter Kropotkin, disponibilizado pelo prof. Luiz Arnaut. Disponível em: <http://www.fafich. ufmg.br/~luarnaut/Kropotkin_Comuna%20de%20Paris.pdf>. Acesso em: 2 jan. 2014. Questão 2 Resposta: Alternativa E. Todas as alternativas possuem exemplos históricos de conselhos (apresentados por Gohn (2011) no capítulo 4 do seu Livro-Texto), exceto a alternativa E. As Comunidades Eclesiais de Base (CEB) foram comunidades ligadas principalmente à Igreja Católica. Espalharam-se sobretudo na década de 1970, tendo influência da Teologia da Libertação, e impulsionaram diversos movimentos sociais na época – clubes de mães, associações de moradores, entre outros. Questão 3 Resposta: Alternativa D. Apenas as alternativas I e II dizem respeito aos conselhos comunitários. Conforme você estudou, as alternativas III e IV dizem respeito aos conselhos populares. GABARITO http://www.fafich.ufmg.br/~luarnaut/Kropotkin_Comuna de Paris.pdf http://www.fafich.ufmg.br/~luarnaut/Kropotkin_Comuna de Paris.pdf 37 Questão 4 Resposta: Alternativa E. Todas as alternativas dizem respeito aos conselhos gestores, exceto a alternativa E. Apesar de todos os limites encontrados na atuação dos conselhos gestores (que serão estudados na próxima aula), não é correto afirmar que são conselhos inoperantes. Além disso, mesmo institucionalizados, não são prerrogativas do poder Executivo, e sim direitos participativos garantidos constitucionalmente. Questão 5 Resposta: Alternativa A. Os conselhos gestores visam, mediante participação direta dos cidadãos, garantir uma melhoria nas políticas públicas. Questão 6 Resposta: Como já estudado, não se pode generalizar processos sociais. Todas as ocorrências históricas devem ser analisadas a partir de seu contexto sócio-político para que não sejam cometidos etnocentrismos com prejuízo de valor nas análises. Dessa forma, não é possível afirmar que todas as ocorrências de conselhos são iguais. Todas devem ser analisadas a partir do contexto em que ocorreram. Um bom exemplo para compreender essas variações é justamente pensar nas ocorrências dos conselhos socialistas e os conselhos norte-americanos. Enquanto estes acontecem na esfera do consumo de bens, serviços e equipamentos coletivos públicos (funcionando a partir de grupos de interesse), os conselhos socialistas ocorreram no setor da produção, buscando transformações sociais profundas. Questão 7 Resposta: O acerto desta questão não está na resposta afirmativa ou negativa, e sim na justificativa que você construir. Esta questão da institucionalização dos movimentos sociais foi ponto de intensa discussão e controvérsia. Muitos eram os movimentos sociais que pregavam a necessidade de afastamento total do aparelho de estado (aproximando- se das experiências de conselhos populares), mas muitos eram os movimentos que viam as possibilidades de participação como uma possibilidade real de iniciar um processo de democratização dos espaços públicos. Claro que, na realidade apontada, muitas foram GABARITO 38 as experiências mal sucedidas, de espaços que se mostraram inoperantes, frustrando as expectativas dos movimentos sociais. De qualquer forma, a escolha para a participação ou não foi uma realidade do período, resultado da heterogeneidade dessa sociedade civil – heterogeneidade e pluralidadetão necessárias ao exercício democrático. Questão 8 Resposta: O Conselho Tutelar foi criado junto com o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e instituído pela Lei n. 8.069/1990. Trata-se de um órgão municipal, autônomo, responsável por zelar pelos direitos da criança e do adolescente. Recentemente foi sancionada a Lei n. 12.696/2012, que torna obrigatória a remuneração e o pagamento de direitos trabalhistas aos conselheiros tutelares. Para maiores informações, leia o artigo Conselheiros Tutelares terão direito à remuneração e direitos sociais. Disponível em: <http://www.brasil.gov.br/noticias/arquivos/2012/07/27/ conselheiros-tutelares-terao-direito-a-remuneracao-e-direitos-sociais>. Acesso em: 2 jan. 2014. E consulte a referida lei na íntegra: Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ ccivil_03/_Ato2011-2014/2012/Lei/L12696.htm>. Acesso em: 2 jan. 2014. Questão 9 Resposta: O Partido dos Trabalhadores (PT) foi fundado em 1980, em São Paulo. Surgiu da organização sindical autônoma de operários paulistas, liderados por Luiz Inácio Lula da Silva e outras lideranças de trabalhadores, no final da década de 1970. A criação desse partido, portanto, também se encontra inserida no contexto de emergência de movimentos sociais, sendo, na verdade, fruto de segmentos destes movimentos. Dada essa realidade, pode-se pensar o porquê do PT partilhar de valores participativos. Questão 10 Resposta: Como você já estudou em aulas anteriores, a reforma neoliberal do Estado, ocorrida na década de 1990, aconteceu com o objetivo de construir um modelo de Estado Mínimo. Dessa maneira, ele se retira como responsável pelas políticas sociais e, utilizando do artifício de mecanismos ditos participativos, passa estas responsabilidades para a sociedade civil – mais especificamente, terceiriza estas atividades deixando sob tutela do Terceiro Setor. Nesse contexto todo, os conselhos podem vir a funcionar como uma válvula de escape, atuando diretamente junto a esse processo. GABARITO http://www.brasil.gov.br/noticias/arquivos/2012/07/27/conselheiros-tutelares-terao-direito-a-remuneracao-e-direitos-sociais http://www.brasil.gov.br/noticias/arquivos/2012/07/27/conselheiros-tutelares-terao-direito-a-remuneracao-e-direitos-sociais http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2012/Lei/L12696.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2012/Lei/L12696.htm
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