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! 1 PUBLICADO NO LIVRO BANDAGEM TERAPÊUTICA -‐ CONCEITO DE ESTIMULAÇÃO TEGUMENTAR. EDITORA ROCA GRUPO GEN. 2013. MORINI, NELSON JR ! EFEITO DO TREINAMENTO EM ESTEIRA ASSOCIADO AO MÉTODO THERAPY TAPING® NA PARALISIA CEREBRAL- ESTUDO DE CASO Carina Prata*, Maria Angélica da Rocha Diz**, Nelson Morini Junior***, Juliana W. Marmo Luiz****. ! * Fisioterapeuta graduada pela Faculdade Anhanguera Educacional de Limeira ** Fisioterapeuta, Docente do Curso de Fisioterapia da Faculdade Anhanguera Educacional de Limeira e Santa Barbara D´Oeste. *** Fisioterapeuta, Instrutor Senior da Therapy Taping Association ****Acadêmica do Curso de Fisioterapia da Faculdade Anhanguera Educacional de Limeira ! 1. INTRODUÇÃO A aquisição da marcha é um dos focos de atenção na reabilitação de indivíduos com Paralisia Cerebral (PC) e diversas abordagens vêm sendo utilizadas a fim de favorecer o controle motor seletivo e a coordenação da ação muscular na realização dessa função. A Paralisia Cerebral é definida como “um distúrbio de postura e do movimento persistente, porém não progressivo causado por lesão no sistema nervoso em desenvolvimento, antes, durante o nascimento ou nos primeiros meses” (CLARK; MILLER, 2002). Alterações motoras como encurtamentos e hipertonia muscular acarretam frequentemente um andar sobre os artelhos e uma marcha em tesoura em crianças com PC tetraparéticas espásticas. Na marcha em tesoura, uma das pernas passa à frente, produzindo um movimento cruzado das pernas durante o caminhar (CLARK; MILLER, 2002). O treinamento em esteira ergométrica vem sendo aplicado no tratamento da marcha de crianças com PC há alguns anos e tem sido muito benéfico no que diz respeito à melhora das variáveis cinemáticas da marcha como comprimento do passo, número de ciclos e velocidade do andar bem como do condicionamento cardiovascular (DAY et al., 2004; PHILLIPIS et al. 2007;CERNACK et al., 2008). ! 2 Além disso, quando esse tipo de treinamento é auxiliado pelo Suporte de Suspensão de Peso Corporal (SSPC), ocorre maior efetividade na marcha. Juntamente com esse tipo de tratamento, outros recursos são associados para a melhora da marcha como a bandagem terapêutica, com intuito de melhorar o alinhamento e facilitar a ação muscular (ALMEIDA et al., 2007; FOOTER, 2006). Porém há poucos estudos que comprovem a efetividade da bandagem terapêutica na melhora da espasticidade, e menos ainda, na melhora dos padrões marcha. Assim, este estudo teve como objetivo verificar o efeito combinado do treinamento na esteira com a bandagem funcional elástica na melhora da marcha de uma criança com Paralisia Cerebral Tetraparética. ! 2. MATERIAIS E MÉTODO ! Participou do estudo uma criança, 8 anos, diagnosticada como tendo Paralisia Cerebral devido ao quadro de prematuridade e baixo peso, tetraparética espástica, deambulante não funcional, classificada como Nível III no Sistema de Classificação da Função Motora (GMFCS) (PALISIANO et al., 1997) e cognitivo preservado. A pesquisa foi aprovada nos termos do Comitê de Ética e Pesquisa da Instituição com número de protocolo 245/2010 e realizada nas dependências da Clínica Escola de Fisioterapia da Anhanguera Educacional Unidade de Limeira. A marcha livre foi avaliada pela Escala Observacional da Marcha (EOM) (ARAÚJO, KIRKWOOD; FIGUEIREDO, 2009), com a criança usando um andador. Duas câmeras digitais 7.2 megas foram posicionadas sobre tripés no plano sagital (direito e esquerdo) da criança que foi instruída a caminhar uma distancia de 4,5 metros de comprimento. O treinamento na esteira com Suporte de Suspensão de Peso Corporal consistiu de duas fases que estão descritas na Tabela 1 abaixo: ! Tabela 1. Esquema do Protocolo de Treinamento Fase Treinamento Carga Corporal Sustentada pelo SSPC Sessões Tempo (Min) Velocidade Esteira (Km/H) A SSPC 60%- 50% 10 5 a 10 1,7 ! 3 *BT (Bandagem Terapêutica) ! A bandagem foi aplicada em extensores de joelhos e eversores de pé bilateralmente ilustrados na Figura 1, seguindo os conceitos do método adotados por Morini (2010). O princípio do método foi ativar músculo antagonista, inibindo o músculo espástico, facilitando a extensão dos joelhos e dorsiflexão com eversão durante a tarefa com a técnica em I. A bandagem era mantida por três dias consecutivos após a aplicação e o membro descansava um dia sem bandagem. Foram utilizados 3 rolos de bandagem elástica da marca Sports Tex®. Um dia após o término de cada fase foi realizada uma nova avaliação (pós-tratamento) com a aplicação das mesmas escalas aplicadas no pré-tratamento para comparação dos dados que foram computados de forma descritiva, comparando-os com dados existentes na literatura. ! ! Figura 1. Colocação da Bandagem em membros inferiores ! 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO Os resultados evidenciaram melhora nas características cinemáticas da marcha após o treinamento na esteira com SSPC como diminuição no número de ciclos e de passos e aumento da velocidade média quando da marcha no solo. Esta melhora se intensifica após o treinamento associado com a bandagem funcional para os dois membros inferiores avaliados. Nota-se também, um efeito de melhora imediata causado pela bandagem na marcha (Tabela 2). O treinamento da locomoção em esteira associado ao SSPC permitiu um maior controle da B SSPC + BT 60% - 50% 10 5 a 10 1,7 ! 4 velocidade e da simetria dos passos no solo, e adicionalmente, o estímulo passivo fornecido pela esteira e o suporte fornecido pelo colete facilitou a propulsão gerada pela flexão plantar na fase de apoio terminal concordando com os estudos de Gardner et al. (1998) e Lindquist et a. (2007). ! ! ! ! ! ! Tabela 2. Média das variáveis espaço-temporais antes e após protocolo Os resultados demonstrados nas Tabelas 3 e 4 revelaram melhora do alinhamento dos segmentos tornozelo/pé e joelho após o treinamento na esteira com SSPC sendo mais evidente no membro inferior esquerdo. Entre os segmentos, os joelhos apresentaram melhora logo após a aplicação da bandagem principalmente nas fases de resposta carga, apoio médio e balanço. Esta melhora se intensifica após o treinamento associado com a bandagem funcional para os dois membros inferiores avaliados. A bandagem funcional elástica em nosso estudo teve como objetivo a facilitação da ativação muscular de extensores de joelhos, dorsiflexores e eversores de pés, retornando ao paciente uma maior resposta de contração ao estímulo sensorial através das terminações nervosas livres. A bandagem quando aplicada Variáveis Pré-avaliação Pós- treinamento com SSPC Efeito imediato da bandagem Pós- treinamento com SSPC associado à BF MID MIE MID MIE MID MIE MID MIE No. Ciclos 16 17 12 12 10 11 10 10 No. Passos 37 37 24 23 22 22 21 21 Tempo (s) 63 63 35,07 35,07 36,85 36,85 27,29 27,29 Velocidade Média (m/s) 0,072 0,072 0,128 0,128 0,125 0,125 0,166 0,166 ! 5 sobre a fáscia promove uma orientação ao músculo aumentando o impulso sensorial e consequentemente facilitando o deslocamento articular. Embora os receptores cutâneos não sejam proprioceptivos, as informações destes receptores contribuem para a percepção da posição e do movimento das articulações. (MORINI, 2010). Isto sugere que devido à incapacidade de realização das fases da marcha, como por exemplo, dorsiflexão no apoio inicial e extensão de joelhos na fase de apoio final causada pela espasticidade dos músculos agonistas em nosso paciente, à bandagem quando aplicada nos grupos musculares antagonistas permitiu um maior controle seletivo muscular e neural durante a marcha no solo concordando com o estudo de Perez et al. (2001) e de Yasukawa, Patel e Sisung (2006) na melhora da funcionalidade do membro superior parético em crianças com PC. ! Tabela 3. Desvios observados em segmento joelho dos membrosinferiores durante a avaliação da marcha *MID-membro inferior direito; MIE- membro inferior esquerdo. ! Tabela 4. Desvios observados no segmento tornozelo/pé em membros inferiores durante a avaliação da marcha. ! Desvios Pré- Avaliação Pós-treinamento com SSPC Avaliação com BF Imediata Pós-Treinamento com SSPC/BF MID MIE MID MIE MID MIE MID MIE A p o i o inicial F l e x ã o acentua da (>5°) F l e x ã o acentuada (>5°) F l e x ã o acentuada (>5°) F l e x ã o acentuada (>5°) F l e x ã o acentuada (>5°) F l e x ã o acentuada (>5°) Normal ( 5 ° d e extensã o a 5 ° d e flexão) Normal(5° d e extensão a 5 ° d e flexão) Resposta à carga F l e x ã o acentua d a (>15°) F l e x ã o acentuada (>15°) N o r m a l (5° a 15° de flexão) N o r m a l (5° a 15° de flexão) F l e x ã o acentuada (>15°) N o r m a l (5° a 15° de flexão) Norma l (5° a 15° d e flexão) N o r m a l (5° a 15° de flexão) A p o i o Final F l e x ã o acentua da (> 5°) F l e x ã o acentuada (> 5°) F l e x ã o acentuada (> 5°) Normal(5° d e extensão a 5 ° d e flexão) F l e x ã o acentuada (> 5°) Normal(5° d e extensão a 5 ° d e flexão) F l e x ã o acentuad a (> 5°) Normal(5° d e extensão a 5 ° d e flexão) P r é - balanço/ B a l . M . / Bal. Final F l e x ã o acentua d a ( > 60°) F l e x ã o acentuada (> 60°) N o r m a l (25°a 60° de flexão) N o r m a l (25°a 60° de flexão) N o r m a l (25°a 60° de flexão) N o r m a l (25°a 60° de flexão) Norma l ( 2 5 ° a 6 0 ° d e flexão) N o r m a l (25°a 60° de flexão) ! 6 *MID- membro inferior direito; MIE- membro inferior esquerdo; FP- flexão plantar; DF- dorsiflexão. ! ! CONCLUSÃO ! Neste estudo, foi comprovado que os efeitos da bandagem são imediatos na ação muscular e quando associada ao treino da marcha na esteira com o SSPC teve uma melhora intensificada na realização das fases da marcha que antes a criança não exercia. Concluímos então que a bandagem funcional é um método que se associado ao treino de marcha na esteira com SSPC promoveu um feedback positivo para o paciente facilitando a aprendizagem motora. ! REFERENCIA BIBIOGRAFICA 1. ALMEIDA, A. et al. O efeito da aplicação de ligaduras funcionais no padrão de marcha e controlo postural em crianças hemiplégicas espásticas por Paralisia Cerebral. Revista Portuguesa Ciências Desporto. v.7, n.1, p.48-58, 2007. ! 2. ARAUJO P. A., KIRKWOOD R. N., FIGUEREDO E. M.; Desenvolvimento, Validade e Confiabilidade da Escala Observacional de Marcha para Crianças com Paralisia Cerebral Espástica; Tese. UFMG; 2007. Desvios Pré- Avaliação Pós-treinamento com SSPC Avaliação com BF Imediata Pós-Treinamento com SSPC/BF MID MIE MID MIE MID MIE MID MIE A p o i o inicial C o n t a t o c o m a n t e p é em FP C o n t a t o c o m antepé em FP C o n t a t o c o m antepé em FP C o n t a t o c o m antepé em FP C o n t a t o c o m antepé em FP C o n t a t o c o m antepé em FP Contato c o m a n t e p é em FP Contato c o m a n t e p é em FP Respost a à carga F P acentuada (> 5°) F P acentuada (> 5°) N o r m a l (5° de DF a 5 ° d e FP) N o r m a l (5° de DF a 5 ° d e FP) F P acentuada (> 5°) F P acentuada (> 5°) N o r m a l ( 5 ° d e DF a 5° de FP) N o r m a l ( 5 ° d e DF a 5° de FP) A p o i o Final F P acentuada (>15°) F P acentuada (>15°) N o r m a l (5° a 15° de FP) F l e x ã o P l a n t a r acentuada (>15°) N o r m a l (5° a 15° de FP) N o r m a l (5° a 15° de FP) N o r m a l (5° a 15° de FP) N o r m a l ( I n i c i o da faze AT) P r é - balanço/ B a l . Inicial S e m contato de calcanhar S e m contato de calcanhar N o r m a l (início da f a s e d e AT) Ret i rada p r e c o c e d o calcanhar ( D F acentuad a >5°) Ret i rada p r e c o c e d o calcanhar ( D F acentuad a >5°) S e m contato de calcanhar N o r m a l ( i n í c i o da fase de AT) N o r m a l (5° a 15° FP) ! 7 ! 3. CERNACK, K. et al. Locomotor Training using Body-Weight Support on a Treadmill in conjuction with ongoing phsycal Therapy in Child with severe Cerebellar Ataxia. Physical Therapy. Vol. 88. N. 1, p. 88-97, 2008. ! 4. CLARK, G.; MILLER, G. D. Paralisias Cerebrais: Causas, consequências e conduta. 1ª edição, Editora Manole, São Paulo, 2002, 410p. ! 5. DAY, J. A. et al. Locomotor Training with Partial Body Weight Support on a Treadmill in a Nonambulatory Child with Spastic Tetraplegic Cerebral Palsy: A Case Report . Pediatric Physical Therapy. Vol. 16 - Issue 2 – p. 106-113, 2004. ! 6.FOOTER, C.B. The effects of therapeutic taping on gross motor function in children Cerebral Palsy. Pediatric Physical Therapy. v.18, n.4, p. 245-52, 2006. ! 7.GARDNER, M.B. et al. Partial Body Weight support with treadmill locomotion to improve gait after incomplete spinal cord injury: a single-subject experimental design. Physical Therapy, v. 78, no 4, p- 361374, 1998.. ! 8.LINDQUIST, A.R.R. et al. Gait Training Combining Partial Body-Weight Support, aTreamill, and Functional Electrical Stimulation: Effects on Poststroke gait. Physical Therapy, v. 87, no 9, p- 1144-1154, 2007. ! 9. MORINI, N.J. Bandagem Terapêutica. In: Reabilitação em Paralisia Cerebral. Valéria Cury; Marina Brandão. Editora: Medbook, Rio de Janeiro, 2010, 480p. ! 10. PALISANO RJ, HANNA SE, ROSENBAUM PL, RUSSELL DJ, WALTER SD, WOOD EP, et al. Validation of a model of gross motor function for children with cerebral palsy. Phys Ther.v.80, no 10, p. 974-85, 2000. ! 11. PEREZ, V., GREVE, P., YOSHIZUMI, L., MORINI, J. Effect of the bandage kinesio taping in spasticity in cerebral palsy of dipareticcase report. Department of Physical Therapy of University Mogi das Cruzes. Palau de Congressos WCPT RR-PO-1673, 2001. ! 12. YASUKAWA, A., PATEL, P.; SISUNG, C. Pilot Study: Investigating the Effects of Kinesio Taping in an Acute Pediatric Rehabilitation Setting. American Journal of Occupational Therapy 60, no.1. 2006.
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