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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO CENTRO DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS EXATAS E NATURAIS DEPARTAMENTO DE MATEMÁTICA E INFORMÁTICA CURSO DE LICENCIATURA EM MATEMÁTICA CLODONILSON CANTANHEDE DE ALMEIDA GUSTAVO RANGEL ALMEIDA DE OLIVEIRA HELEONILSON SILVA LIMA IVALDO PEREIRA DE CARVALHO JUNIOR JONAS SILVA FRANCA RONILSON MARCELO MENDES VICTOR ASSIS DOS SANTOS DO DESTERRO WESLLEY RAFAEL PAIVA MELO TERMINOLOGIA DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA São Luís 2019 CLODONILSON CANTANHEDE DE ALMEIDA GUSTAVO RANGEL ALMEIDA DE OLIVEIRA HELEONILSON SILVA LIMA IVALDO PEREIRA DE CARVALHO JUNIOR JONAS SILVA FRANCA RONILSON MARCELO MENDES VICTOR ASSIS DOS SANTOS DO DESTERRO WESLLEY RAFAEL PAIVA MELO TERMINOLOGIA DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA Trabalho apresentada à disciplina de LIBRAS na Universidade Estadual do Maranhão como parte das exigências para obtenção da primeira nota. Profª: Dayselene de Castro Ferreira Lima São Luís 2019 INTRODUÇÃO Historicamente, na antiguidade as pessoas com deficiência não eram vistas dignas do convívio social, pois ao nascer eram sacrificadas ou abandonadas à própria sorte, como por exemplo, em Esparta, que as crianças ao nascerem eram entregues para serem educadas nos moldes do exercito, logo os deficientes eram classificados como inúteis e eram lançados de um precipício e mortas. A partir da idade média, a pessoa com deficiência passou a ser vista como uma manifestação do mal, um castigo de Deus, uma provação. Em outro momento eram admiradas e relacionadas com bruxaria. Isto se deve ao pensamento da época por conta do domínio social que a igreja assumiu. Predominou nessa época o sentimento de piedade, de coitadinho nos casos em que a família era detentora de posses. Os mesmos eram segregados e privados do convívio social pelos seus pais e familiares. Isto provoca sentimentos de medo, rejeição e misericórdia que se inicia na família e se espalha por toda a sociedade. Já na idade moderna, apesar desse olhar sobre a pessoa com deficiência ter avançado de forma positiva, as novas visões caminhavam para uma concepção patológica, ou seja, para uma idéia de doença. “A pessoa com deficiência passou a ser „tratada‟ por uma perspectiva terapêutica” (RAMOS, 2016, p.24). Em se tratando de uma descrição linguística, ao longo do tempo a pessoa com deficiência recebeu varias denominações que remete a idéia de doença como: doente, retardado, excepcional, demente, mongolóide, mongol, doido, mudo, especial, portador de deficiência. Isto expressa à forma que a pessoa com deficiência é vista pela sociedade. A própria palavra “deficiência” (não eficiência) possui uma negatividade natural. Neste sentido, ainda não se encontrou uma maneira justa para expressar que uma pessoa tem deficiência. Desse modo, este trabalho objetiva comentar algumas expressões que ainda são utilizadas de forma errada gerando uma diminuição ou discriminação da pessoa com deficiência. A PESSOA A FRENTE DE SUA DEFICIÊNCIA Terminologia é um conjunto determinado de vocábulos próprios de uma ciência, de uma arte, de um ofício ou de uma profissão, sendo o estudo dos termos técnicos usados, por exemplo, em ciências especificas ou artes em geral. Como dito na introdução, este trabalho está direcionado a terminologia da pessoa com deficiência, expondo alguns termos que ainda são uti lizados mesmo com o discurso da inclusão ganhado força na sociedade moderna. Inicialmente, veja o que diz a Lei nº 13.146 de 2015, Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência) em seu Art. 2º: Considera-se pessoa com deficiência aquela que tem impedimento de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas (BRASIL, 2015, p.1). Percebe-se que a pessoa que se enquadra em tais características é uma pessoa com deficiência, mas nem sempre utilizou-se este termo ao se referir a esta parcela da população. Jamais houve ou haverá um único termo correto, válido definitivamente em todos os tempos e espaços, ou seja, latitudinal e longitudinalmente. A razão disto reside no fato de que a cada época são utilizados termos cujo significado seja compatível com os valores vigentes em cada sociedade enquanto esta evolui em seu relacionamento com as pessoas que possuem este ou aquele tipo de deficiência. Desse modo, há alguns termos já considerados ultrapassados, mas que ainda são utilizados por algumas pessoas por ignorância ou discriminação. Quanto à discriminação veja o que diz o Estatuto da Pessoa com Deficiência em seu Art. 4º, inciso I: § 1º Considera-se discriminação em razão da deficiência toda forma de distinção, restrição ou exclusão, por ação ou omissão, que tenho o propósito ou efeito de prejudicar, impedir ou anular o reconhecimento ou o exercício dos direitos ou da liberdade fundamentais de pessoa com deficiência, incluindo a recusa de adaptações razoáveis e de fornecimento de tecnologias assistivas. A seguir listou-se alguns termos e expressões incorretas acompanhadas de comentários e dos equivalentes termos corretos. Vejamos: CEGUINHO: O diminutivo “ceguinho” denota que o cego não é tido como uma pessoa completa. TERMOS CORRETOS: cego; pessoa cega; pessoa com deficiência visual. ALEIJADO, DEFEITUOSO, INCAPACITADO, INVÁLIDO: Estes termos eram utilizados com frequência até a década de 80. A partir de 1981, por influência do Ano Internacional das Pessoas Deficientes, começa-se a escrever e falar pela primeira vez a expressão “pessoa deficiente”. O acréscimo da palavra “pessoa”, passando o vocábulo “deficiente” para a função de adjetivo, foi uma grande novidade na época. No início, houve reações de surpresa e espanto diante da palavra “pessoa”: “Puxa, os deficientes são pessoas?!”. Aos poucos, entrou em uso a expressão pessoa portadora de deficiência, frequentemente reduzida para portadores de deficiência. Por volta da metade da década de 90, entrou em uso o TERMO CORRETO pessoas com deficiência, que permanece até os dias de hoje. PESSOA NORMAL: Desejando referir-se a uma pessoa que não possua deficiência, muitos utilizam a expressão “pessoa normal”. Isto acontecia muito no passado, quando a desinformação e o preconceito a respeito de pessoas com deficiência eram de tamanha magnitude que a sociedade acreditava na normalidade das pessoas sem deficiência. Esta crença fundamentava-se na idéia de que era anormal a pessoa que tivesse uma deficiência. A normalidade, em relação a pessoas, é um conceito questionável e ultrapassado. TERMOS CORRETOS: Pessoa sem deficiência; pessoa não- deficiente. DOENTE MENTAL: Ao se referir a uma pessoa com deficiência intelectual. TERMO CORRETO: Pessoa com deficiência intelectual. O termo “deficiente”, usado como substantivo (por ex.: o deficiente intelectual), tende a desaparecer, exceto em títulos de matérias jornalísticas por motivo de economia de espaço. MONGOLÓIDE: TERMOS CORRETOS: Pessoa com síndrome de Down; criança com Down; uma criança Down. As palavras “mongol” e “mongolóide” refletem o preconceito racial da comunidade científica do século XIX. Em 1959, os franceses descobriram que a síndrome de Down era um acidente genético. MUDINHO: Quando se refere ao surdo, a palavra “mudo” não corresponde à realidade dessa pessoa. O diminutivo “mudinho” denota que o surdo não é tido como uma pessoa completa. TERMOS CORRETOS: surdo; pessoa surda; pessoa com deficiência auditiva. Há casos de pessoas que ouvem (portanto, não são surdas), mas têm um distúrbio da fala (ou deficiência da fala) e, em decorrênciadisso, não falam. PORTADOR DE DEFICIÊNCIA: O termo correto é pessoa com deficiência. No Brasil, tornou-se bastante popular, acentuadamente entre 1986 e 1996, o uso do termo portador de deficiência (e suas flexões no feminino e no plural). Pessoas com deficiência vêm ponderando que elas não portam deficiência; que a deficiência que elas têm não são como coisas que às vezes portamos e às vezes não portamos (por exemplo, um documento de identidade, um guarda-chuva). A partir do que foi observado nas expressões comentadas, fica evidente que busca-se sempre uma expressão que deixe de lado a limitação da pessoa com deficiência valorizando-a como ser humano. A diferença entre esta ou aquela expressão é simples: ressalta-se a pessoa à frente de sua deficiência. Ressalta-se e valoriza-se a pessoa acima de tudo, independentemente de suas condições físicas, sensoriais ou intelectuais. Também em um determinado período acreditava-se como correto o termo "especiais" e sua derivação "pessoas com necessidades especiais". "Necessidades especiais" quem não as tem, tendo ou não deficiência? CONSIDERAÇÕES FINAIS Não se deve rotular a pessoa pela sua característica física, visual, auditiva ou intelectual, mas reforça-se o indivíduo acima de suas restrições. A construção de uma verdadeira sociedade inclusiva passa também pelo cuidado com a linguagem. Na linguagem se expressa, voluntária ou involuntariamente, o respeito ou a discriminação em relação às pessoas com deficiência. Por isso, vamos sempre nos lembrar que a pessoa com deficiência antes de ter deficiência é, acima de tudo e simplesmente: pessoa. REFERÊNCIAS BRASIL, CONGRESSO NACIONAL. Lei nº 13146 de 2015. Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência). Brasília, DF: 2015. RAMOS, Rossana. Inclusão na prática: estratégias eficazes para a educação inclusiva. 3. ed. São Paulo: Summus, 2016. RODRIGUES, Olga Maria Piazentin Rolim; CAPELLINI, Vera Lúcia Messias Fialho. Práticas Inclusivas: fazendo a diferença. RJ: Wak Editora, 2014. SASSAKI, Romeu Kazumi; TERMINOLOGIA SOBRE DEFICIÊNCIA NA ERA DA INCLUSÃO: São Paulo: 2011.