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Mecânica dos Sólidos – Profª Bárbara Drumond Mecânica dos Sólidos – Propriedades mecânicas dos materiais Profª Bárbara Drumond PROPRIEDADES MECÂNICAS DOS MATERIAIS E ENSAIO DE TRAÇÃO Todos os campos da tecnologia, especialmente aqueles referentes à construção de máquinas e estruturas, estão intimamente ligados aos materiais e às suas propriedades. Tomando como base as mudanças que ocorrem nos materiais, essas propriedades podem ser classificadas em dois grupos: físicas e químicas. Entre as propriedades físicas, destacam-se as propriedades mecânicas. A determinação e/ou conhecimento das propriedades mecânicas é muito importante para a escolha do material para uma determinada aplicação, bem como para o projeto e fabricação do componente. As propriedades mecânicas definem o comportamento do material quando sujeitos à esforços mecânicos, pois estas estão relacionadas à capacidade do material de resistir ou transmitir estes esforços aplicados sem romper e sem se deformar de forma incontrolável. Principais Propriedades Mecânicas • Resistência mecânica: Capacidade que um material tem de suportar esforços externos (tração, compressão, flexão etc.) sem se romper. Exemplos: Uma viga de uma ponte rolante deve suportar esforços de flexão sem se romper; o cabo de aço tem uma alta resistência à tração; o concreto é fraco sob tração, mas forte sob compressão. • Elasticidade: Pode ser definida como a capacidade que um material tem de retornar à sua forma e dimensões originais quando cessa o esforço que o deformava. Mecânica dos Sólidos – Profª Bárbara Drumond Exemplo: Quando você solta o pedal da embriaguem do carro, ele volta à posição de origem graças à elasticidade da mola ligada ao sistema accionador do pedal. • Plasticidade: Capacidade que um material tem de se deixar moldar, sofrer deformação permanente apreciável, sem se romper. Exemplo: A estampagem de uma chapa de aço para fabricação de um capô de automóvel, por exemplo, só é possível em materiais que apresentem plasticidade suficiente. • Dureza: Resistência ao desgaste, penetração e a ser riscado. • Fragilidade: Materiais muito duros tendem a se quebrar com facilidade, não suportando choques, enquanto que os materiais menos duros resistem melhor aos choques. Assim os materiais que possuem baixa resistência aos choques são chamados frágeis. • Ductilidade: Capacidade dos materiais de se deformarem sem se romperem. Pode ser medida por meio da estricção (redução na área da seção transversal de um corpo de prova), ou por meio do alongamento. Quanto mais dútil o material, maior será a redução da área da seção transversal e maior será o alongamento antes da ruptura. Logo, a ductilidade é uma medida da extensão da deformação que ocorre até a fratura. Tipos de tensões que uma estrutura está sujeita • Tração • Compressão • Cisalhamento • Torção Como determinar as Propriedades Mecânicas? Mecânica dos Sólidos – Profª Bárbara Drumond • A determinação das propriedades mecânicas é feita através de ensaios mecânicos. • Utiliza-se normalmente corpos de prova (amostra representativa do material) para o ensaio mecânico, já que por razões técnicas e econômicas não é praticável realizar o ensaio na própria peça, que seria o ideal. • Geralmente, usa-se normas técnicas para o procedimento das medidas e confecção do corpo de prova para garantir que os resultados sejam comparáveis. • Pode-se classificar os ensaios mecânicos, quanto a integridade, em ensaios destrutivos e ensaios não destrutivos. Ensaios destrutivos são aqueles que deixam algum sinal na peça ou corpo de prova submetido ao ensaio, mesmo que estes não fiquem inutilizados (tração, compressão, flexão, dureza, fluência e etc). Os ensaios não destrutivos são aqueles que após sua realização não deixam nenhuma marca ou sinal e, por consequência, nunca inutilizam a peça ou corpo de prova. Por essa razão, podem ser usados para detectar falhas em produtos acabados e semi-acabados (ultra-som, líquido penetrante, visual e etc). • Pode-se classificar os ensaios mecânicos, quanto a velocidade, em ensaios estáticos, dinâmicos e de carga constante. Nos ensaios estáticos a carga é aplicada lentamente (tração, compressão, flexão, dureza e torção), já nos ensaios dinâmicos a carga é aplicada de forma rápida ou cíclica (fadiga e impacto). Os ensaios de carga constante são realizados aplicando as cargas por longos períodos de tempo (fluência). Testes mais comuns para se determinar as propriedades mecânicas dos materiais • Resistência à tração (Teste mais comum, determina a elongação) • Resistência à compressão • Resistência à torção • Resistência ao choque • Resistência à fadiga (A solicitação cíclica de um carregamento por um determinado período de tempo pode levar o material à falha mecânica em níveis de tensão inferiores aos nominalmente previstos. Resistência a fadiga é a capacidade de um material suportar a estes carregamentos cíclicos) • Dureza Ensaio de tração Mecânica dos Sólidos – Profª Bárbara Drumond A relação entre as tensões e as deformações, para um determinado material, é encontrada por meio de um ensaio de tração. Esquema de máquina para ensaio de tração • Sistema de aplicação de carga • dispositivo para prender o corpo de prova • Extensômetro: sensor que permite medir a tensão aplicada e a deformação promovida. Um corpo de prova que pode ser uma barreta circular ou retangular, é colocado na máquina de testar e submetido à tração. A força atuante e as deformações resultantes são medidas à proporção que a carga aumenta. Obtém-se as tensões dividindo as forças pela área da seção transversal da barra, e a deformação específica dividindo o alongamento pelo comprimento ao longo do qual ocorre deformação. Tensão normal atuante: = F/A0, onde é dado em Kgf/cm2 ou Kgf/mm2 ou N/ mm2 A0 é a área inicial da seção reta transversal F é a Força ou cargaDeformação (variação dimensional): onde l0 - comprimento inicial lf - comprimento final ε- deformação (adimendional) Deste modo, obtém-se um diagrama tensão x deformação completo para o material em estudo. 00 0 l l l ll f = − = Mecânica dos Sólidos – Profª Bárbara Drumond De O até A, as tensões são diretamente proporcionais às deformações e o diagrama é linear. A partir deste ponto, a proporcionalidade já não existe mais e o ponto A é chamado limite de proporcionalidade. Com o aumento da carga, as deformações crescem mais rapidamente do que as tensões, até um ponto B, onde uma deformação considerável começa a aparecer, sem que haja aumento apreciável da força de tração. Este fenômeno é conhecido como escoamento do material e a tensão no ponto B é denominada tensão de escoamento ou ponto de escoamento. Na região BC, diz-se que o material tornou-se plástico e a barra pode realmente, deformar-se plasticamente, da ordem de 10 a 15 vezes o alongamento ocorrido até o limite da proporcionalidade. No ponto C, o material começa a oferecer resistência adicional ao aumento da carga, acarretando acréscimo de tensão para um aumento da deformação, atingindo o valor máximo ou tensão máxima (também conhecida como tensão de ruptura ou tensão de tração) , no ponto D. Além deste ponto, a deformação aumenta ocorrendo diminuição da carga até que aconteça, finalmente, a ruptura do corpo-de-prova no ponto E do diagrama. Durante o alongamento da barra, há uma contração lateral, que resulta na diminuição da área de seção transversal. Isto não tem nenhum efeito no diagrama tensão x deformação até o ponto C, porém, deste ponto em diante, a diminuição da área afeta de maneira apreciável o cálculo da tensão. Ocorre estrangulamento (estricção) na barra que no caso de ser considerado no cálculo de σ, tomando-se a áreareal da seção reduzida, fará com que a curva do diagrama tensão x deformação verdadeiro siga a linha interrompida CE’ da figura. A carga total que a barra suporta diminui depois de atingir a tensão máxima, linha DE, porém tal diminuição decorre da redução da área e não por perda da resistência do material. Este resiste realmente a um acréscimo de tensão até o ponto de ruptura. Entretanto, para fins práticos, o diagrama tensão x deformação convencional, OABCDE, baseado na seção transversal original, dá informações satisfatórias para fins de projeto. É possível traçar diagramas análogos aos de tração, para vários materiais sob compressão, estabelecendo-se tensões características, tais como limite de proporcionalidade, escoamento, e tensão máxima. Os materiais costumam ser divididos em dúcteis e frágeis. Os materiais dúcteis que compreendem o aço estrutural e outros metais, se caracterizam por apresentarem um patamar de escoamento bem definido (diagramas a e b). Já os materiais Mecânica dos Sólidos – Profª Bárbara Drumond frágeis, como ferro fundido, vidro e pedra, são caracterizados por uma ruptura que ocorre sem nenhuma mudança sensível no modo de deformação do material (diagrama c). Elasticidade Os diagramas tensão x deformação apresentados anteriormente, ilustram o comportamento de vários materiais, quando carregados por tração. Quando um corpo-de-prova do material é descarregado, isto é, a carga é gradualmente diminuída até zero, a deformação sofrida durante o carregamento desaparecerá parcial ou completamente. Esta propriedade do material, pela qual ele tende a retornar à forma original, é denominada elasticidade. Quando a barra volta completamente à forma original, perfeitamente elástica; mas se o retorno não for total, é parcialmente elástica. Neste último caso, a deformação que permanece depois de retirada a carga é denominada deformação permanente. Ao se fazer um ensaio de tração em determinado material, a carga pode ser levada até um certo valor (pequeno) e, em seguida, removida. Não havendo deformação permanente, isto é, se a deformação da barra voltar a zero, o material é elástico até aquele valor atingido pela carga. Este processo de carregar e descarregar o material pode ser repetido para sucessivos valores, cada vez mais alto. Em certo momento, atingir-se-á um valor que fará com que a deformação não volte a zero quando se retirar o carregamento da barra. Desta maneira, pode- se determinar a tensão que representa o limite superior da região elástica; esta tensão é chamada limite elástico. Lei de Hooke A relação linear entre tensão e deformação pode ser expressa por: = ε E Mecânica dos Sólidos – Profª Bárbara Drumond onde E é uma constante de proporcionalidade conhecida como módulo de elasticidade ou módulo de Young. É o coeficiente angular da parte linear do diagrama σ x ε e é diferente para cada material. Tensão Admissível Ao projetar uma estrutura, é necessário assegurar-se que, nas condições de serviço, ela atingirá o objetivo para o qual foi calculada. Do ponto de vista da capacidade de carga, a tensão máxima na estrutura é, normalmente, mantida abaixo do limite de proporcionalidade, porque somente até aí não haverá deformação permanente, caso as cargas sejam aplicadas e, depois, removidas. Para permitir sobrecargas acidentais, bem como para levar em conta certas imprecisões na construção e possíveis desconhecimentos de algumas variáveis na análise as estrutura, normalmente emprega-se um coeficiente de segurança, escolhendo-se uma tensão admissível, ou tensão de projeto, abaixo do limite de proporcionalidade. Há outras situações em que a tensão admissível é fixada tomando-se um coeficiente de segurança adequado sobre a tensão máxima do material. Isto é normal quando se trata de materiais quebradiços, tais como o concreto ou a madeira. Em geral, quando se projeta em função da tensão admissível, uma das equações seguintes deve ser usada no cálculo da tensão admissível, σadm, onde σe e σlim representam, respectivamente, a tensão no ponto de escoamento e a tensão máxima do material, e n1 e n2, os coeficientes de segurança.
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