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Distúrbios-de-Aprendizagem-na-Leitura-e-Escrita--Diagnóstico-e-Intervenção-1

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Distúrbios de 
Aprendizagem na Leitura 
e Escrita: Diagnóstico 
e Intervenção
 
 02 
 
 
 
1. Introdução 5 
 
2. Dificuldades de Aprendizagem na Leitura 
e na Escrita: Pressupostos Teóricos 8 
Concepções da Leitura e da Escrita: dificuldades 
na aprendizagem 12 
O Fazer Docente 14 
A contribuição da Família e da Escola 
no processo de aprendizagem 18 
A importância de Pais Leitores 20 
A Importância da Leitura e da Escrita 21 
 
3. Destrezas na Leitura e na escrita 24 
A Leitura, a Escrita e a Fala 25 
Processos da Capacidade Leitora 26 
Processos Preceptivos 26 
Processos Léxicos 27 
 
4. Possíveis Causas dos Distúrbios e Transtornos 
de Aprendizagem na Leitura e na escrita 29 
Causas Orgânicas 29 
Causas Psicológicas 29 
Causas Pedagógicas 30 
Causas Socioculturais 30 
Transtornos da Linguagem 30 
Transtorno Fonético 31 
Transtorno Fonológico 32 
Disglosia ou Dislalia Orgânica 33 
Disartria 33 
Dispraxia Verbal 33 
Taquifemia 34 
Disfemia ou Gagueira 34 
Disfonia 35 
 
 
 
 3 
 
 
 
Atraso da Linguagem 35 
Disfasia 36 
Sintomas da Disfasia 36 
Classiftcação das Disfasias 36 
Afasia Infantil Congênita 37 
Transtornos da Linguagem na Educação Infantil 38 
Dislexia 39 
Intervenção Pedagógica na dislexia 41 
Distúrbios de Aritmética 42 
Discalculia 42 
As Causas da Discalculia 42 
Tipos de Discalculia 43 
Disgrafta 45 
Tipos de Disgrafta 45 
Disortografia 47 
 
5. Transtorno do Déficit de Atenção e hiperatividade 50 
Intervenções Pedagógicas 55 
 
6. Referências Bibliográficas 57 
 
7. Anexos 
 
 
 04 
 
 
 
 
 
 5 
DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM NA LEITURA E ESCRITA: DIAGNÓSTICO 
E INTERVENÇÃO 
1. Introdução 
 
 
Fonte: Info Escola1 
 
análise das dificuldades de 
leitura e escrita auxilia a com-
preender os processos envolvidos 
nessas habilidades. A tradicional hi-
pótese do déficit visual (AJURIA-
GUERRA, 1953; ORTON, 1937) atri-
buía aos problemas de leitura e es-
crita a dificuldade com o processa-
mento de padrões visuais. Tal hipó-
tese perdurou por cerca de 50 anos, 
da década de 1920 à década de 1970. 
A partir da década de 1970, evidên-
cias de distúrbios de processamen- 
 
1 Retirado em https://www.infoescola.com/ 
tos fonológicos subjacentes aos pro-
blemas de leitura e escrita começa-
ram a acumular-se, enfraquecendo a 
hipótese do déficit visual. 
Vários estudos foram conduzi-
dos demonstrando que dificuldades 
fonológicas (dificuldades relaciona-
das à percepção e ao processamento 
automático da fala) e metafonológi-
cas (dificuldades relacionadas à seg-
mentação e à manipulação intencio-
nais de segmentos da fala) são capa-
zes de predizer dificuldades ulterio- 
A 
 
 
6 
DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM NA LEITURA E ESCRITA: DIAGNÓSTICO 
E INTERVENÇÃO 
res na aprendizagem de leitura e es-
crita, e que procedimentos de inter-
venção voltados ao desenvolvimento 
de habilidades metafonológicas (es-
pecialmente procedimentos para de-
senvolver a consciência fonológica) 
são capazes de produzir ganhos sig-
nificativos em leitura e escrita. 
Tais achados levaram à substi-
tuição da hipótese do déficit visual 
pela hipótese do déficit fonológico, 
segundo a qual os problemas de lei-
tura e escrita se devem fundamen-
talmente aos distúrbios de processa-
mento fonológico. E, é nesse contex-
to que desenvolvemos esta discipli-
na, objetivando analisar estas ques-
tões, bem como, oferecer subsídios 
para, você aluno e professor de alfa-
betização e letramento. Segundo 
Grégoire e Piérart (1997), os estudos 
realizados para detectar as habili-
dades que se encontram prejudica-
das nos maus leitores sugerem que a 
maioria dos distúrbios situa-se nos 
mecanismos básicos que tornam 
possível o reconhecimento das pala-
vras escritas (decodificação), e não 
nos componentes sintáticos ou se-
mânticos(compreensão). 
Com isso, esperamos que você 
desenvolva seus conhecimentos e 
que faça, também, uma excelente 
leitura, obtendo o sucesso que 
almejas. Outras informações e apro- 
 
fundamentos devem ser buscados 
através da leitura da bibliografia uti-
lizada e relacionada ao final desta. 
 
 
 
 
 
 
 8 
DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM NA LEITURA E ESCRITA: DIAGNÓSTICO 
E INTERVENÇÃO 
2. Dificuldades de Aprendizagem na Leitura e 
na Escrita: Pressupostos Teóricos 
 
 
Fonte: Somos Par2 
 
evido ao fato da leitura assu-
mir enorme destaque no pro-
cesso de aprendizagem, a mesma se 
constitui como um dos avanços na 
busca pelo conhecimento sistemáti-
co e aprofundado. Contudo, o que 
presenciamos em nossas escolas, é 
uma quase total falta de hábito de 
leitura, advindo, às vezes, da própria 
incapacidade de fazê-lo, o que difi-
culta enormemente, o desenvolvi-
mento da aprendizagem, nas mais 
diversas áreas do conhecimento. 
 
2 Retirado em https://www.somospar.com.br/ 
Isto, por que, é através da lei-
tura que o aluno desperta para inter-
pretação dos fatos e ainda, sente-se 
estimulado para desenvolver a 
aprendizagem, posto que, a leitura 
se encarrega de amadurecer o inte-
lecto. 
Ao fazermos uma retrospec-
tiva da história, encontramos ele-
mentos preponderantes que se asso-
ciam ao fato, do indivíduo desenvol-
ver uma leitura, que transcende os 
D 
 
 9 
DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM NA LEITURA E ESCRITA: DIAGNÓSTICO 
E INTERVENÇÃO 
livros, documentos ou registros e se 
insere no contexto vivido. 
Segundo Lecocq (1991, p. 42): 
 
Numerosos trabalhos [...] per-
mitiram afunilar progressiva-
mente o caminho da pesquisa e 
mostrar que a dificuldade dos 
disléxicos não reside na pobre-
za de vocabulário, nem numa 
memória semântica medíocre, 
nem num defeito de sensibili-
dade à informação contextual, 
nem na fraqueza da análise sin-
tática, nem em dificuldades de 
compreensão geral, mas sim na 
incapacidade de obter certas in-
formações fonético-fonológi-
cas. 
 
Tais pesquisas evidenciam 
que, os problemas de leitura, ocor-
rem devido a dificuldades de decodi-
ficação e não de compreensão, mos-
trando a importância da rota fonoló-
gica para a leitura competente e 
apontando para a necessidade de 
desenvolver instrumentos de avalia-
ção e procedimentos de intervenção, 
relacionados às habilidades metafo-
nológicas. Os resultados obtidos por 
A. Capovilla e F. Capovilla (2003) 
corroboram a hipótese do déficit fo-
nológico e demonstram a eficácia de 
instruções metafonológicas (treino 
de consciência fonológica) e fônicas 
(ensino de correspondências entre 
grafemas e fonemas) para a aquisi-
ção de leitura e escrita competentes. 
Segundo Alegria, Leybaert e Mousty 
(1997), a análise explícita das pala-
vras em unidades fonológicas é in-
dispensável para compreender o có-
digo alfabético e, por este meio, 
aprender a ler e escrever. 
Porém, ainda permanece em 
aberto a questão de se as dificulda-
des dos maus leitores são específicas 
ao material verbal, ou se são conse-
quência de problemas mais gerais de 
natureza perceptual e/ ou temporal 
e/ou de armazenamento na memó-
ria de longo prazo. 
Nesse esforço por ampliar o 
escopo das análises, F. Capovilla e A. 
Capovilla (2003) demonstraram que 
crianças com atraso na aquisição de 
leitura apresentam também proble-
mas de discriminação fonêmica, de 
memória de trabalho fonológica e de 
velocidade de processamento fono-
lógico. De fato, a pesquisa é consis-
tente em apontar evidências da rela-
ção entre a aquisição de leitura e es-
crita e as habilidades metafonológi-
cas, mnemônicas e lexicais. 
Do mesmo modo, estudando o 
envolvimento de outros fatores cau-
sais na produção de problemas de 
aquisição de leitura e escrita na po-
pulação escolar, pesquisa recente 
tem demonstrado o envolvimento 
do tipo de ortografia (F. CAPOVIL-
LA; A. CAPOVILLA, 2003; 
GOSWAMI, 2007), bem como 
os efeitos deletérios de problemas de 
processamento auditivo central (F.CAPOVILLA, 2009), perda auditiva 
 
 10 
DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM NA LEITURA E ESCRITA: DIAGNÓSTICO 
E INTERVENÇÃO 
(PORTUGAL; CAPOVILLA, 2009) e 
distúrbios do sistema vestibular 
(AYRES, 2005), além de outros 
(SHARE, 2005). 
Porém, ainda há grande carên-
cia de pesquisas sobre as relações 
entre leitura e escrita e outras habi-
lidades cognitivas, como as habilida-
des visões parciais, sequenciais e 
aritméticas, dentre outras. Um pri-
meiro estudo objetivando expandir 
o escopo das habilidades cognitivas 
avaliadas foi o de A. Capovilla, Smy-
the, Capovilla e Everatt (2001) que 
comparou o desempenho em leitura 
e escrita com desempenhos em habi-
lidades metafonológicas, visões par-
ciais e motoras. Os dados desse es-
tudo pioneiro com esse teste corro-
boraram a hipótese do déficit fono-
lógico em detrimento da hipótese do 
déficit visual. 
É bem verdade que, as dificul-
dades apresentadas pela aprendiza-
gem, ganham uma outra conotação, 
a partir do momento em que identi-
ficamos bloqueios referentes à leitu-
ra, o que evidencia uma certa defi-
ciência no desenvolvimento da mes-
ma, como prática escolar. 
Nesse sentido, Coll et al (1995, 
p. 24), define os distúrbios de 
aprendizagem, como, Qualquer difi-
culdade observável pelo aluno para 
acompanhar o ritmo de aprendiza-
gem de seus colegas, da mesma faixa 
etária, seja qual for o determinante 
desse atraso. Certamente, a popu-
lação assim definida, é de uma gran-
de heterogeneidade, não sendo sim-
ples, encontrar critério que a deli-
mite com maior precisão. 
Portanto, tais dificuldades são 
presenciadas por nós educadores. O 
aluno muitas vezes, não se dá conta, 
o que exige uma orientação e apoio, 
objetivando inserir o aluno no con-
texto educacional, utilizando a 
aprendizagem em todas as suas di-
mensões, o que se configura através 
de etapas. 
A criança com dificuldade de 
aprendizagem é aquela que apresen-
ta bloqueios na aquisição do conhe-
cimento, na audição, na fala, leitura, 
raciocínio ou habilidades matemáti-
cas. Estas desordens são intrínsecas 
ao sujeito, presumidamente, devido 
a uma disfunção do sistema nervoso 
central, podendo ocorrer apenas por 
um período na vida. 
Reconhecendo a importância 
de se discutir a questão das dificul-
dades de aprendizagem, referentes à 
leitura e a escrita, pretendemos ana-
lisar a questão, sob a ótica dos mais 
diversos autores, bem como, ofere-
cer alguns direcionamentos signifi-
cativos, voltados ao estímulo da ca- 
pacidade do aluno em desenvolver a 
prática da leitura e da escrita, tor-
nando, este, um dos pontos prepon-
derantes no caminho da aprendiza- 
 
 11 
DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM NA LEITURA E ESCRITA: DIAGNÓSTICO 
E INTERVENÇÃO 
gem, até porque, o aluno encontra-
se inserido no contexto que exige 
uma interpretação sistemática, ad-
vinda do hábito de ler e escrever. 
Por se apresentar como uma 
barreira no processo de aprendiza-
gem, a leitura se difunde através de 
textos, que fogem um pouco da ca-
pacidade do aluno, posto que, são 
cansativos, desatualizados e apre-
sentam muitas vezes uma lingua- 
gem complexa, o que dificulta seu 
acesso à leitura e suas manifes-
tações. 
Neste contexto, compreende-
mos a necessidade de se desenvolver 
a leitura, como uma das etapas do 
processo educativo, enfatizando-se 
os aspectos norteadores da prática 
pedagógica. Em sendo, vemos que, o 
dia a dia apresentado pelos alunos 
que ingressam nas séries iniciais, 
mostra-se preocupante, consideran-
do que, a cada momento, o educador 
encontra-se diante de alguns obstá-
culos, principalmente quando se re- 
fere à leitura e suas interpretações. 
Essa dificuldade, embora co-
mum, se difunde em outras, como 
na interpretação de textos, ditados, 
cópias etc., o que numa linguagem 
atual, se reporta às técnicas de 
redação. 
Nesse aspecto, entendemos 
que os alunos apresentam deferen-
tes e variadas dificuldades, tais co- 
mo: bloqueios para escrever; dificul-
dades em expressar suas emoções; 
bloqueios da fala etc. Nessa pers-
pectiva, o professor precisa estar 
atento a essas dificuldades, a fim de 
se apropriar ou, mesmo, criar meca-
nismos para seu enfrentamento, 
reconhecendo que, na fase inicial, a 
criança absorve o que lhe é repas-
sado e incorpora valores que, no de- 
correr da vida escolar, se contempo-
rizam com outros, podendo gerar 
conflitos ou dificuldades. 
Com base nessas situações 
problema, nos perguntamos: 
 Quais os principais aspectos 
que interferem no processo de 
aprendizagem da leitura e na 
escrita nos alunos nas séries 
iniciais do ensino fundamen-
tal? 
 Quais as dificuldades vivencia-
das pelos alunos no processo 
de aprendizagem da leitura e 
escrita? 
 Que alternativas metodológi-
cas podem ser indicadas para 
o enfrentamento das dificul-
dades de aprendizagem na lei-
tura e escrita nas séries iniciais 
do ensino fundamental? 
 
Estas podem, inclusive, serem 
questões que você, aluno, poderá 
pesquisar, para a realização do seu 
Trabalho de Conclusão de Curso. 
Contudo, tentaremos respondê-las, 
a seguir. 
 
 
 12 
DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM NA LEITURA E ESCRITA: DIAGNÓSTICO 
E INTERVENÇÃO 
Concepções da Leitura e 
da Escrita: dificuldades na 
aprendizagem 
 
Segundo Freire (1989), a lei-
tura do mundo precede a leitura da 
palavra. Não obstante, a posterior 
leitura da palavra, em certos aspec-
tos, pode ou não, prescindir da con-
tinuidade da leitura do mundo. Isto 
porque, linguagem e realidade se 
prendem, dinamicamente. 
Nesse sentido, a compreensão 
do texto, a ser alcançada por sua 
leitura crítica, implica na percepção 
das relações entre o texto e o con-
texto. 
Freire também destaca a 
importância da primeira experiência 
existencial, a leitura do mundo, do 
pequeno mundo, na compreensão 
do ato de ler o mundo particular, que 
move a criança. De fato, a primeira 
leitura, que a criança aprende a fa-
zer, é a das relações familiares, onde 
ler é uma gratificação, a promessa e 
a ameaça. Em sendo, à leitura, é atri-
buído um valor positivo absoluto, 
como detentora de benefícios óbvios 
e indiscutíveis, ao indivíduo e à so-
ciedade. Ela é considerada uma for-
ma de lazer e de prazer, bem como, 
de aquisição de conhecimento e de 
enriquecimento cultural, além de 
possibilitar a ampliação das condi-
ções de convívio social e de intera-
ção. 
Nesse aspecto, entendemos 
que a aprendizagem da leitura e es-
crita se inicia, desde o nascimento, 
com a imitação de sons articulados, 
até a fase adulta, em que há um ver-
dadeiro aperfeiçoamento técnico. A 
linguagem oral e escrita revela-se, 
imprescindível, ao processo de co-
municação. Trata-se de uma questão 
que deve ser especialmente traba-
lhada na fase infantil, durante seu 
processo de construção de conheci-
mento. Outrossim, acerca da leitura 
e da escrita, Morais (1995, p. 20) 
argumenta que: 
 
A leitura envolve primeiramen-
te a identificação dos símbolos 
impressos letras, palavras e o 
relacionamento destes símbo-
los com os sons que ela re-
presenta. No início do processo 
a criança tem que diferenciar 
visualmente cada letra impres-
sa e, perceber que cada símbolo 
gráfico tem um correspondente 
sonoro. Este processo inicial da 
leitura, que envolve a discrimi-
nação visual dos símbolos im-
pressos e a associação entre PA- 
LAVRA IMPRESA E SOM, é 
chamado de codificação e é es-
sencial, para que a criança 
aprenda a ler. 
 
No que se refere à escrita, po-
demos afirmar que, este ato é o in-
verso da leitura. Se a leitura se esta-
belece numa relação entre a PALA-
VRA IMPRESSA - SOM -SIGNIFI-
CADO, na escrita a relação esta- be-
lecida é entre o SOM – SIGNIFICA-
 
 13 
DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM NA LEITURA E ESCRITA: DIAGNÓSTICO 
E INTERVENÇÃO 
DO PALAVRA IMPRESSA (que é o 
que se escreve), conforme afirma 
Morais (1995, p. 21). 
Assim, cabe à escola propiciar 
um ambientealfabetizador que fa-
voreça esse processo, posto que, é na 
alfabetização que a criança adquire a 
base para aprender a ler e a escrever. 
Nesse sentido, alguns estudiosos 
afirmam que, a aquisição da escrita 
e da leitura é algo, muito mais com-
plexo, do que um simples processo 
mecânico de memorização e treino. 
Sobre essa questão, Cócco e Hailer 
(1996, p. 7), elucidam que: “apren-
der a ler e a escrever é apropriar-se 
do código linguístico, tornando-se 
um usuário da leitura e da escrita”. 
Diante do exposto, podemos 
afirmar que, a leitura e a escrita são 
de fundamental importância para o 
aluno e, a partir desse processo, es-
ses alunos poderão criar seu próprio 
conhecimento, adquirindo uma no-
ção do mundo que vivem, podendo 
contribuir, sobremaneira, para 
mudanças significativas. 
Porém, para que isto ocorra, 
entendemos que, numa fase inicial, 
as competências da leitura e da es-
crita são os conteúdos básicos da 
aprendizagem. Já numa fase poste-
rior, as mesmas constituem-se no 
suporte e em técnicas a dominar, 
para que se atinja o restante desem-
penho escolar. 
As competências da leitura e 
escrita são consideradas, então, co-
mo objetos fundamentais de qual-
quer sistema educativo. A escolari-
dade elementar, a leitura e a escrita 
constituem aprendizagem de base e 
funcionam, como uma mola propul-
sora, para todas as aprendizagens 
escolares, bem como, para elevar a 
autoestima do aluno. 
Assim, quando existem difi-
culdades, a leitura oral é marcada 
por omissões, distorções e substitui-
ções de palavras, com respostas len-
tas e vacilantes e com comprometi-
mento do texto lido. A perturbação 
na leitura interfere, significativa-
mente, no rendimento escolar. Es-
ses transtornos têm sido chamados 
de dislexia, que, de acordo com Fon-
seca (1999), pode ser definida como 
uma dificuldade duradoura da 
aprendizagem da leitura e aquisição 
dos seus mecanismos em crianças 
inteligentes, escolarizadas sem qual- 
quer perturbação sensorial e psíqui-
ca já existente (FONSECA, 1999, p. 
45). 
As dificuldades de leitura e es-
crita, em geral e, da dislexia, em par-
ticular, vem suscitando o interesse 
de psicólogos, professores e outros 
profissionais, interessados na inves-
tigação dos fatores implicados no 
sucesso ou insucesso educativo. 
Pensa-se que o ambiente em 
que se processa a construção da lei-
 
 14 
DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM NA LEITURA E ESCRITA: DIAGNÓSTICO 
E INTERVENÇÃO 
tura e da escrita deve favorecer a 
criança a expressar seu pensar, de 
acordo com o entendimento que ela 
tem das informações que lhe são 
apresentadas. Nesse caso, é relevan-
te a escola promover um ambiente 
que favoreça a construçãodaleiturae 
escrita numa perspectiva favorável a 
respeito das diferenças de aprendi-
zado que a criança apresenta e o pro-
fessor é peça fundamental nesse 
processo. 
Contudo, é relevante conside-
rarmos, também, o ambiente em que 
a criança vive, pois, quando este am-
biente é alfabetizador, melhores 
oportunidades se expressam para o 
êxito escolar do aluno, visto que, o 
ambiente familiar contribui, signifi-
cativamente, para o desenvolvimen-
to da leitura e escrita, ressaltando 
em melhoria qualitativa no processo 
de aprendizagem da criança. Nesse 
caso, podemos considerálo como um 
fator articulador, na aquisição do 
processo de alfabetização, como do-
mínio e desenvolvimento da escrita. 
 
O Fazer Docente 
 
A prática pedagógica centra-se 
em um caráter contextualizador e 
histórico. A teoria está em conso-
nância com o cotidiano, num cons-
tante processo de discussão e refle-
xão crítica. A aprendizagem, nesta 
ótica, torna-se plena de significados. 
 
Fonte: 
https://www.agrandeartedeserfeliz.c
om/ 
 
O compromisso do professor, 
comprometido com a desmistifica-
ção das relações sociais, torna-se 
premente a partir do momento em 
que o professor deve, não só ter cla-
reza teórica, mas, entender a sala de 
aula como espaço que favoreça a 
presença, a discussão, a pesquisa, o 
debate e o enfrentamento de tudo 
que se constitui no ser, na existên-
cia, nas evoluções, no dinamismo e 
na força do mundo, do homem, dos 
grupos humanos, da sociedade hu-
mana, existindo numa realidade lo-
calizada geográfica e temporalmen-
te, participando de um processo his-
tórico em movimento. Mas, para 
isso é preciso que o professor esteja 
consciente que: 
 
Ensinar já não significa trans-
ferir pacotes sucateados, nem 
mesmo significa meramente, 
repassar o saber. Seu conteúdo 
correto é motivar o processo 
emancipatório, com base em 
um saber crítico, criativo, atua-
 
 15 
DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM NA LEITURA E ESCRITA: DIAGNÓSTICO 
E INTERVENÇÃO 
lizado e competente. Trata-se, 
não de cercear, temer ou con-
trolar a competência de quem 
aprende, mas de abrir-lhe a 
chance na dimensão maior 
possível. Não interessa o dis- 
cípulo, mas o novo mestre. En-
tre o professor e o aluno não se 
estabelece apenas a hierarqui-
zação verticalizada, que divide 
papéis pela forma do autorita-
rismo, mas, sobretudo o con- 
fronto dialético. Este se alimen-
ta da realidade histórica, for-
mada por entidades concretas 
que se relacionam, de modo au-
tônomo, como sujeitos sociais 
plenos (DEMO, 1993 p.153). 
 
Segundo Queluz, (1999, p.26), 
A realidade das escolas, mostra o 
contrário, pois, segundo ele, não é 
assim que o trabalho do professor se 
dá na escola. 
O professor ainda está arrai-
gado ao modelo de sua formação e 
poucos percebem que muitos dos 
problemas que surgem na sala de 
aula e na escola, estão inclusos e, 
ocorrem, em função da própria ação 
docente, diante do conhecimento. 
Todas as dificuldades que se apre-
senta no trabalho docente com os 
alunos, muitas vezes são taxadas de: 
desinteresse da família, repetência, 
condições econômicas precárias, ou 
seja, procura-se atribuir a responsa-
bilidade a causas externas. 
Esses condicionamentos são 
influentes e, em sendo, é preciso ser 
levado em conta para que seja feito 
algo, no sentido de se entender tais 
dificuldades. É preciso trabalhar 
com o professor, a necessidade de 
construção de uma nova competên-
cia pedagógica, de aperfeiçoamento 
de recursos humanos, de capacita- 
ção em serviço etc, posto que, de 
acordo com Pereira (1992, p. 20), 
educação em serviço, entendendo-se 
por: 
Todas as atividades nas quais 
os profissionais se envolvam, quan-
do estão em serviço e, que são estru-
turadas para contribuir com a me-
lhoria do seu desempenho. (....) É 
uma atividade que possui objetivos 
definidos e está comprometida com 
mudanças em indivíduos ou siste-
mas organizacionais. Isto é alcança-
do através de mudanças nas pessoas 
e não em regras ou estruturas. Fun-
ções ou ambientes físico (embora 
tudo isso possa estar relacionado a 
essas mudanças) são levados a efei-
to, através de seu aperfeiçoamento 
continuo. 
Nessavisão, é possível enten-
dermos que uma nova competência 
pedagógica se origina na própria 
prática, no debruçar-se sobre ela, no 
movimento dialético ação-reflexão-
ação, buscando escapar da dicoto-
mia entre teoria e prática, evitando a 
simples justaposição ou associação 
que encaminharia para uma ativida-
de apenas funcional e operativa. 
De acordo com Queluz, (1999, 
p. 28), tanto a teoria quanto a prá-
 
 16 
DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM NA LEITURA E ESCRITA: DIAGNÓSTICO 
E INTERVENÇÃO 
tica, têm papel assegurado nesse 
processo, porque, as teorias são co-
mo mapas que ajudam a viajar em 
busca da realidade sem a qual não se 
faz história. Na verdade, busca-se a 
construção de uma prática pedagó-
gica que seja reflexiva, crítica e 
criativa. 
Para isso, é preciso considerar 
que o planejamento de programas 
de formação em serviço, exigem a 
definição do professor e a respectiva 
competência dele, dentro das abor-
dagens de um currículo mais moder-
no, dos conhecimentos exigidosatualmente, bem como, dos interes-
ses de profissionais envolvidos. Em 
sendo, é importante a participação 
direta dos profissionais na elabora-
ção e reelaboração do saber e do ace-
lerado desenvolvimento tecnológi-
co, por que passa a sociedade. A me-
lhor maneira de construir a compe- 
tência pedagógica, então, é possuir a 
instrumentação para viver e convi-
ver com as mudanças nos Contextos, 
educacional e social. 
Para Queluz, (1999, p. 28-29), 
é necessário que haja um trabalho 
coletivo que propicie, a partir do diá-
logo, a atividade na construção e re-
construção do conhecimento, o 
confronto entre pontos de vista dife-
renciados e a partir daí, construa-se 
uma nova competência, tanto profis-
sional quanto da escola. 
Nesse sentido, entendemos 
que esse profissional reflexivo, em 
sua prática pedagógica, deve ser 
sensível a apreensão de possibilida-
des e alternativas: deve ter consciên-
cia de que é passível de erros; esteja 
sempre se questionando sobre o seu 
saber, o seu fazer e o seu saber fazer 
em sala de aula; ir além das ativida-
des imediatistas, tendo em mente o 
tipo de homem que se quer formar. 
Além do mais, o professor reflexivo 
tem de ponderar sobre os resultados 
inesperados de sua ação, uma vez 
que, dada a complexidade da prática 
pedagógica, os imprevistos estão 
sempre mesclados aos resultados 
previstos para a ação. Ao considerar 
os resultados do seu trabalho, não só 
perguntar-se se os objetivos propôs-
tos foram atingidos, mas se está 
satisfeito com os resultados alcança- 
dos. 
Compreendemos que é esse o 
profissional que, realmente, efetiva-
rá uma prática pedagógica reflexiva 
no âmbito escolar. É a busca cons-
tante de dados da realidade em que 
o professor está inserido, isto é, os 
dados da prática, do saber e da ex-
periência, sem perder os vínculos 
com a realidade social global, para e 
pela ação-reflexão, compreendê-la e 
modificá-la, tendo em vista os fins 
educativos estabelecidos, coletiva-
mente, no projeto político pedagógi-
co da escola. 
 
 17 
DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM NA LEITURA E ESCRITA: DIAGNÓSTICO 
E INTERVENÇÃO 
Sobre este aspecto, Ribas et al 
(1995, p. 9) afirmam que: 
 
A prática pedagógica reflexiva 
no âmbito escolar, é a busca 
constante de dados da realida-
de em que o professor está in-
serido isto é, os dados da prá-
tica, do saber das experiências 
em perder os vínculos com a 
realidade social global, para, 
pela ação-reflexão-ação, com-
preendê-la e modificá-la, tendo 
em vista os fins educacionais 
estabelecidos coletivamente no 
projeto político pedagógico da 
escola. 
 
Nesse sentido, a prática peda-
gógica reflexiva, do professor, deve 
refletir sobre o seu próprio trabalho 
e as condições sociais em que o seu 
exercício profissional está situado. 
Entendemos que a prática pedagó-
gica hoje tem de ser mais do que a 
transmissão de conteúdos sistemati-
zados do saber. Com certeza deve in-
cluir a aquisição de hábitos e habili-
dades ea formação de uma atitude 
correta frente ao próprio conheci-
mento, vez que, o aluno deverá ser 
capaz de ampliá-lo e de reconstruí-
lo, quando necessário, além de apli-
cá-lo em situações própria do seu 
contexto de vida. Portanto, é funda-
mental que o educador frente o de-
safio de compreender os novos tem-
pos, para abarcar os anseios das no-
vas gerações. 
Nesse aspecto, outras questões 
a serem consideradas, tratam dos 
recursos para o ensino da leitura e 
da escrita, bem como, as metodolo-
gias para este ensino, posto que, 
entendemos que os recursos para o 
ensino da leitura e escrita e as me- 
todologias de ensino devam ser ob-
jetos de amplas reflexões nas esco-
las, no sentido de possibilitar a ela-
boração de um processo educativo, 
favorável à aquisição da leitura e da 
escrita em níveis qualitativos, volta-
dos ao aprendizado do aluno. Quan- 
do os professores desenvolvem pes-
quisas no sentido de conhecer, em 
melhores proporções, as alternati-
vas que favoreçam o aprendizado in-
fantil, é possível desenvolver opor-
tunidades de acesso à leitura em 
melhores condições dos alunos. 
A desvalorização do mundo 
infantil é caracterizada no momento 
que a professora inibe a manifesta-
ção da brincadeira, do jogo, da inte-
ração da criança com outras e nesse 
caso impede-se o desen- volvimento 
do diálogo entre as crianças. Assim, 
o quadro apresentado na escola, em 
diversos momentos, é marcado pela 
repressão e inibição do processo 
educativo voltado a emancipação 
dos sujeitos por isso é necessário se 
estabelecer na escola condições que 
facilitem o trabalho pedagógico 
através de recursos favoráveis a me-
lhoria do ensino. Em muitas situa-
ções os materiais estão disponíveis, 
mas o professor não sabe como usá-
 
 18 
DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM NA LEITURA E ESCRITA: DIAGNÓSTICO 
E INTERVENÇÃO 
los, em outros casos, estão danifi-
cados, merecendo de manutenção. O 
trabalho conjunto entre a adminis-
tração e o quadro técnico pode ser 
favorável à melhoria da qualidade 
do ensino na perspectiva metodoló-
gica apresentada. 
Isto porque, acreditamos que 
os recursos, utilizados pelos profes-
sores, precisam ser objeto de gran-
de reflexão, para que haja um avan-
ço na aprendizagem da leitura e da 
escrita. Para pensar essas questões, 
torna-se necessário refletir acerca da 
realidade e de sua transformação, 
somente porque os conteúdos de um 
programa assim pretendem e dis-
põem. 
Essa transformação da reali-
dade, esperada no processo educati-
vo, depende do método e da meto-
dologia aplicada, que deve apresen-
tar tarefas, obstáculos e conjunturas 
que exijam transformações e respos-
tas criativas. Sendo assim, o cami-
nho a seguir nos leva a um método 
de “aprender fazendo”, como uma 
proposta pedagógica capaz de de-
senvolver processos educativos de 
análises. 
Nesse sentido, entendemos 
que o aprender fazendo supõe expe-
rimentar situações de aprendiza-
gem, nas quais, os objetivos sejam, 
suficientemente, operacionais para 
que sejam traduzidos em atividades 
e acontecimentos que, mediante 
procedimentos e técnicas adequa-
das, desencadeiam um processo de 
ser avaliado experimental e cientifi-
camente. 
Portanto, acreditamos que, 
baseado numa metodologia ativa, o 
modelo e o processo metodológico 
garantem permanentemente a con-
secução dos objetivos explícitos, nu-
ma função educativa desenhada nes-
sa metodologia, que necessariamen-
te, permite a participação de quem 
dirige, de quem aprende e de quem 
ensina. 
 
A contribuição da Família e da 
Escola no processo de apren-
dizagem 
 
Vygotsky (1995), evidencia 
essa função da escola para o desen-
volvimento do individuo, através do 
ensino aprendizagem, demonstran-
do que é, em seu interior, que serão 
substanciados os saberes cotidianos 
em saberes científicos, sendo que 
aqueles, correspondem aos saberes 
construídos no âmbito extraescolar 
e estes, referem-se aos saberes cons-
truídos no interior das escolas, o 
saber sistematizado, bem elaborado, 
o saber socialmente “aceitável”, que 
sofrem modificações no âmbito es-
cola e, posteriormente, se tornam 
instrumentos de interação e mudan-
ça social. Rego (1994) confirma essa 
 
 19 
DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM NA LEITURA E ESCRITA: DIAGNÓSTICO 
E INTERVENÇÃO 
interrelação de saberes ao afirmar 
que: 
Ao interagir com esses conhe-
cimentos, o ser humano se trans-
forma: aprende a ler e escrever, ob-
ter o domínio de formas complexas 
de cálculos, construir significados a 
partir das informações descontex-
tualizadas, ampliar seus conheci-
mentos, lidar com conceitos hierar-
quicamente relacionados são ativi- 
dades extremamente importantes e 
complexas, que possibilitam novas 
formas de pensamento, de inserção 
e atuação em seu meio. Isso quer di-
zer que as atividades desenvolvidas 
e os conceitos aprendidos na escola 
(que Vygotsky chama de cientifico)introduzem novos modos de opera-
ção intelectual: abstrações e genera- 
lizações mais amplas acerca da rea-
lidade (que por sua vez transformam 
os modos de utilização da lingua-
gem) e, consequência, na medida em 
que a criança expande seus conheci-
mentos, modifica sua relação cog-
nitiva com o mundo (...) (REGO, 
1994, p.104). 
Nessa perspectiva o mesmo 
autor ainda afirma que, o desenvol-
vimento do aprendizado do aluno 
incide na participação do adulto, se-
ja ele o professor, os pais, ou outros 
adultos que convivem com os alu-
nos. Diante desses aspectos revela-
dos, a criança constrói seus conhe-
cimentos numa relação dialética 
com o mundo em que vive. Assim 
não é apenas a escola que contribui 
nesse aprendizado, mas é uma so-
matória de atividades que a criança 
vivência permitindo apropriar-se do 
conhecimento. Portanto, a escola as-
sume papel destacado no processo 
educativo através da elaboração do 
conhecimento sistematizado que fa-
vorece o desenvolvimento do aluno, 
diante da sociedade. É a partir do 
domínio da leitura e escrita que o 
homem constrói a sua sobrevivên-
cia. Segundo Martins (2000) a es-
cola ao possibilitar o aprendizado da 
leitura e da escrita auxilia o homem 
a integrar-se na vida social, de modo 
que a sua função na sociedade ca- 
pitalista é instrumentalizar o ho-
mem para seu papel social. 
No pensamento expresso por 
Nunes (1992) é na escola que se re-
velam em muitos casos problemas 
relacionados aos distúrbios da leitu-
ra e da escrita e quando diagnosti-
cado a tempo é possível ser corri- 
gido, de modo que alguns educado-
res, ao refletir sobre o papel da esco-
la no processo de aquisição da leitu-
ra e da escrita, apontam para a ne-
cessidade de elevar a qualidade dos 
recursos humanos para atender os 
alunos. 
Entende-se que a escola, atra-
vés do acompanhamento sistemáti-
co do aprendizado dos alunos, é pos-
sível desenvolver um trabalho quali-
 
 20 
DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM NA LEITURA E ESCRITA: DIAGNÓSTICO 
E INTERVENÇÃO 
tativo, capaz de elevar o nível de 
apreensão da leitura e escrita. Assim 
o papel que a escola representa na 
vida da criança é importante no 
sentido de oportunizar o acesso ao 
conhecimento em bases sistematiza-
das, visto que em nossa sociedade le-
trada é observado o valor dado a 
aquisição da leitura e escrita de mo-
do que o contexto escolar é o espaço 
favorável a apreensão do conheci-
mento. Enfim, é necessário a escola 
proporcionar condições a criança se 
apropriar da leitura e escrita em di-
mensões favoráveis ao seu aprendi-
zado qualitativo, pois o momento 
que se revela como fator importan-
te o domínio dessas dimensões na 
vida humana é possível a escola 
cumprir seu papel em elevadas pro-
porções, visando o desenvolvimento 
do homem na sociedade que vive. 
 
A importância de Pais Leitores 
 
A participação dos pais, junto 
aos filhos, éa primeira associação 
possível entre o mundo da família e 
o da escola para que a criança inicie 
sua escolarização, é aquela entre a 
socialização primária e socialização 
secundária. Nas palavras de Benzer 
e Luckmann (1973, p. 175), “a sócia-
lização primaria é a primeira sócia-
lização que o indivíduo apresenta na 
infância, e em virtude da qual torna-
se membro da sociedade. A sociali-
zação secundária é qualquer proces-
so subsequente que induz um indi- 
víduo já socializado em novos seto-
res do mundo objetivo de sua so-
ciedade”. 
O mundo interiorizado na so-
cialização primária, torna-se muito 
mais entrincheirado na consciência, 
do que os membros interiorizados 
nas sociedades secundárias, segun-
do Benzer e Luckmann (1973, p. 
180). Nesse sentido, podemos afir-
mar, inicialmente, que, crianças ad-
vindas de lares em que, a leitura é 
uma constante, conseguem obter 
maiores sucessos na leitura, em 
comparação com aquelas, advindas 
de lares onde não se lê. Nesse caso, o 
ambiente sociofamiliar, de acordo 
com o pensamento expresso por 
Bourdie (1999) impede que o capital 
cultural seja favorável a ascensão 
das crianças das classes menos favo-
recidas a terem êxito na escola. 
Em sendo, podemos afirmar 
que o ambiente familiar representa 
um papel importante no desenvolvi-
mento do ser humano, especialmen-
te na formação de atitudes e hábitos. 
Segundo Rêgo (1998), a imitação 
desempenha aspecto relevante na 
formação da personalidade da crian- 
ça e, o contato com o adulto possibi-
lita o aprendizado em dimensões 
significativas, visto que, vivemos nu-
ma sociedade letrada, onde se revela 
a valorização da leitura e, essa com-
 
 21 
DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM NA LEITURA E ESCRITA: DIAGNÓSTICO 
E INTERVENÇÃO 
petência na criança, pode ser apre-
endida no ambiente familiar quando 
os pais são bons leitores. 
Na perspectiva apresentada 
por Vygotsky, a respeito da influên-
cia socio-cultural, no processo de 
desenvolvimento humano, destaca-
se a interação criança-adulto, no 
sentido de possibilitar avanços do 
aprendizado contextualizado à reali-
dade vivenciada, e nesse leque de in-
terações a leitura e escrita pode ser 
incentivada nas relações familiares. 
Nesse sentido, entendemos 
que os processos de aquisição de lei-
tura e da escrita, em diversos casos, 
não são exclusividade da deficiência 
apresentada pela escola, pois o am-
biente familiar, expresso por muitas 
crianças, não oferece condições de 
elevar seu aprendizado. Portanto, 
torna-se necessária a realização de 
diversos estudos e análises sobre a 
aquisição da leitura e da escrita, pela 
escola, acerca dos fatores que impe- 
dem o desenvolvimento da criança, 
neste processo construtivo da leitura 
e da escrita, estabelecendo propôs-
tas pedagógicas favoráveis à eleva-
ção do nível qualitativo de aprendi-
zagem da criança, juntamente com a 
participação da família. Expressar 
níveis de domínio de leitura e escrita 
pode ser favorável para o desenvol-
vimento da criança, o que certâmen-
te poderá mudar a realidade de suas 
vidas. 
A Importância da Leitura e da 
Escrita 
 
A leitura é condição para a ple-
na participação no mundo da cultu-
ra escrita: 
 
Através dela podemos entrela-
çar significados, entrar em ou-
tros mundos, podemos atribuir 
sentidos, nos distanciar dos 
fatos e com uma postura crítica 
questionar a realidade, não 
correndo o risco de perder a 
cidadania da comunidade le-
trada. 
 
Ler e escrever, porém no sen-
tido restrito, ou seja, apenas o ensi-
no do código da língua escrita para 
aquisição das habilidades de ler e 
escrever. Não se cogita a qualidade 
nem a profundidade da leitura mui-
to menos o papel do futuro cidadão, 
atuando, positivamente na socieda-
de. (MAROTE, 1996, p.49). 
Nesse contexto, a importância 
da aquisição da leitura e da escrita 
desponta como meio articulador pa-
ra as classes menos favorecidas rom-
perem com as restrições que lhes são 
impostas e, assim, possibilitam idea-
lizar transformações em suas vidas. 
Nesse caso, o aprendizado é visto co-
mo um meio de superação das difi-
culdades que os segmentos menos 
favorecidos se encontram na so-
ciedade desigual. 
De acordo com o pensamento 
expresso por Freire (2001), a leitura 
 
 22 
DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM NA LEITURA E ESCRITA: DIAGNÓSTICO 
E INTERVENÇÃO 
é importante no sentido de oferecer 
ao homem a compreensão do mun-
do e através dessa relação é possível 
a descoberta da realidade sobre a 
vida. Observa-se que na infância a 
leitura expressa um mundo particu-
lar da criança, dando significado às 
coisas que lhe cercam. No momento 
que o homem aprende sobre as coi-
sas que se expressam em seu mun-
do, revela-se no seu processo de 
alfabetização uma tarefa criadora e 
nessa perspectiva revela-se, de acor-
do com Freire (2001, p. 28), “a leitu-
ra do mundo precede sempre a leitu-
ra da palavra, a leitura do mundo e a 
leitura da palavra estão, dominante-
mente, juntas.Omundo da leitura e 
da escrita se dá a partir de palavras e 
temas significativos”. 
Nesse aspecto, entendemos 
que a leitura e a escrita oferecem 
meios necessários ao homem para se 
comunicar e compreender o mundo, 
oferecendo a oportunidade de trans-
formar suas relações. De acordo com 
Martins (1999), o ato de ler é usual-
mente relacionado com a escrita e a 
esse respeito é possível de se efetivar 
diversas formas de leitura, tais como 
ler o olhar de alguém, ler o tempo, 
ler o espaço, e assim a importância 
da leitura e da escrita se destaca co-
mo importante fator a ser conside-
rado no desenvolvimento humano, 
posto que o conceito de leitura está, 
geralmente, restrito a decifração da 
escrita e sua aprendizagem. 
Em sendo, entendemos que a 
leitura e a escrita são indispensáveis 
ao processo de desenvolvimento hu-
mano, especialmente no momento 
que o conhecimento se expressa co-
mo fator fundamental para mudan-
ças na vida social. Por conta disso, a 
escola deve priorizar, no contexto de 
sua atuação, o aprendizado da leitu-
ra e da escrita, de acordo com a rea-
lidade que o aluno vivencia e essa 
reflexão pode ser benéfica no senti-
do de elevar o nível socio-cultural 
dos sujeitos na sociedade. 
Contudo, para que haja um 
verdadeiro avanço na prática da 
leitura e da escrita é preciso que os 
professores sejam comprometidos 
com a desmistificação das relações 
sociais, tenham clareza teórica e 
estimulem a presença, a discussão, a 
pesquisa, o debate e o enfrentamen-
to de tudo que constrói o ser. Além 
disso, que esse profissional seja re-
flexivo em sua prática pedagógica, 
sendo sensível à apreensão de pos-
sibilidades e alternativas, tendo 
consciência de que é passível de 
erros e que, portanto, deve estar 
sempre questionando o seu fazer em 
sala de aula, indo além das ativida-
des imediatistas, tendo em mente o 
tipo de homem que quer formar. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 24 
DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM NA LEITURA E ESCRITA: DIAGNÓSTICO 
E INTERVENÇÃO 
3. Destrezas na Leitura e na escrita 
 
 
Fonte: Revista Galileu3 
 
s habilidades da linguagem 
verbal são: a audição, a fala, a 
leitura e a escrita. Dentre estas, po-
demos considerar a leitura como a 
mais difícil habilidade a ser adquiri-
da. Por ser parte fundamental no 
processo de aquisição da lectoescri-
ta, a leitura requer do indivíduo 
habilidade para decodificar e com-
preender. 
Através da decodificação é 
possível identificar um signo (sím-
bolo) gráfico pelo nome ou pelo som. 
Trata-se de uma competência lin-
 
3 Retirado em https://revistagalileu.globo.com/ 
guística que todo leitor possui, para 
reconhecer as letras gráficas e tradu- 
zi-las oralmente ou através de sig-
nos. 
Habilidades como o conhecer 
do alfabeto, o domínio de leitura 
oral e a capacidade para transcrever 
um texto, caracterizam a aprendiza-
gem da decodificação. No entanto, 
devemos nos lembrar de que conhe-
cer o alfabeto, não significa simples- 
mente reconhecer as letras, mas e 
evolução da escrita (pictográfica, 
ideográfica...), como já fizemos ante-
A 
 
 25 
DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM NA LEITURA E ESCRITA: DIAGNÓSTICO 
E INTERVENÇÃO 
riormente, enquanto estudávamos 
“Os Fundamentos Teóricos da Alfa-
betização e do Letramento”. Vimos 
que toda palavra possui uma origem 
e advêm de uma motivação. 
A habilidade para compreen-
der permite que o indivíduo entenda 
o sentido ou conteúdo de mensagens 
escritas. A compreensão é uma habi-
lidade que se desenvolve na medida 
em que o indivíduo progride na prá-
tica da leitura de textos cada vez 
mais complexos. 
 
A Leitura, a Escrita e a Fala 
 
No processo de aprendizagem 
da fala é natural e ocorre nos grupos 
sociais do qual a criança faz parte. 
JOSÉ (1997, p. 75), constatou em 
suas pesquisas para que o êxito da 
criança no processo aprendizagem 
da escrita e da leitura está intima-
mente ligado a questões como: o seu 
desenvolvimento fisiológico, emo-
cional, intelectual e social. Concluiu 
ainda que a aquisição destas habili-
dades (ler e escrever) pode apresen-
tar semelhança com o processo que 
permite que o aluno desenvolva seu 
vocabulário verbal por meio da prá-
tica pedagógica adequada. 
Sabemos que a fala antecede o 
processo de aquisição da lectoescri-
ta. No entanto, devemos ter cons-
ciência de que a fala influencia no 
pensar e agir da criança e, portanto 
pode interferir no processo de 
aprendizagem. 
 
A fala, a leitura e a escrita não 
podem ser consideradas como 
funções au tônomas e isoladas, 
mas sim como manifestações 
de um mesmo sis tema, que é o 
sistema funcional de língua-
gem. A fala, a leitura e a escrita 
resultam da harmonia, do de-
senvolvimento e da integração 
das várias funções que servem 
de base ao sistema funcional da 
linguagem desde o início de sua 
organização. (POPPO- VIC, 
1997, p.76). 
 
Ainda segundo Poppovic (19 
97), o homem possui três sistemas 
verbais, que são: a prática da fala 
(auditiva), a prática da visão (pala-
vra lida) e a prática da escrita. Dos 
sistemas verbais citados, a audição é 
o primeiro a se manifestar, conside-
rando que este exige menor maturi-
dade psiconeurológica, além de seu 
processo de aprendizagem ser mais 
simples. No entanto, para ler e es-
creve o indivíduo passará por um 
processo menos simples. Para 
aprender a falar a criança precisa ter 
uma palavra equivalente que a 
aprendizagem da fala necessita de 
uma palavra equivalente, para que 
só então seu vocabulário possa ser 
utilizado. 
A criança que apresenta algum 
tipo de transtorno de linguagem in- 
 
 
 26 
DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM NA LEITURA E ESCRITA: DIAGNÓSTICO 
E INTERVENÇÃO 
terna possivelmente apresentará di- 
ficuldades em compreender os signi-
ficados das palavras e consequente-
mente terá problemas para elaborar 
símbolos verbais, como no caso das 
crianças com afasia global. 
Quando o educador recebe a 
criança na escola, este espera que ela 
já possua habilidade para expressar-
se através da fala e para compreen-
der a fala do outro. Estas são habi-
lidades que contribuem significan-
temente com o êxito do processo de 
alfabetização, visto que tanto a fala 
quanto a compreensão permitem 
que os estágios superiores da língua-
gem (leitura, compreensão da pala-
vra impressa e escrita). 
 
Processos da Capacidade 
Leitora 
 
A habilidade da leitura depen-
de do desenvolvimento e atuação 
dos processos cognitivo-linguísticos 
em diversos níveis. O primeiro estí-
mulo a ser explorado quando a 
criança inicia a aprendizagem da lei-
tura é a visão que deve estar acom- 
panhada da capacidade de decodifi-
cação e compreensão, sobre os quais 
já falamos anteriormente. Aqui, bus-
caremos entender os processos que 
ocorrem nos níveis básicos e nos ní-
veis superiores da capacidade lei-
tora. 
 
Também chamados de “Pro-
cessos de Nível Inferior”, os Proces-
sos básicos tem a função compreen-
der e reconhecer a palavra, sendo de 
grande importância nas primeiras 
fases vivenciadas pela criança no 
processo de alfabetização. Estes, 
merecem atenção maior do educa-
dor e devem ser assimilados no pri-
meiro ciclo do Ensino Fundamental. 
Caso isso não ocorra a criança pode 
ter sérios problemas no nível. Já os 
Processos de Nível Superior, busca a 
habilidade para compreender. Este 
nível é indispensável na aprendiza-
gem da lecto-escrita, como já men-
cionamos e também nas atividades 
de Literatura, pois funcionam de 
maneira interdependente ou intera-
tiva. 
 
Processos Preceptivos 
 
A forma mais específica em 
que a percepção se manifesta no 
leitor é através da visão (percepção 
visual). 
A criança aprende a ler com os 
olhos, os quais se movimentam em 
“movimentos oculares sacádicos”. 
Os movimentos oculares ganham 
destrezas durante o processo de 
aprendizagemda leitura. A criança 
então alterna as fixações oculares, 
pois o indivíduo entender aquilo que 
lê se fixar o olhar. 
 
 
 27 
DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM NA LEITURA E ESCRITA: DIAGNÓSTICO 
E INTERVENÇÃO 
Processos Léxicos 
 
Através do processo léxico, o 
educador poderá trabalhar a leitura 
oral. O primeiro passo é a soletração 
das palavras com adequada ento-
nação. 
Existem duas rotas que condu-
zem ao reconhecimento das pala-
vras, as quais veremos a seguir: 
Rota Fonológica ou Via 
Indireta – VI: Suas principais fun-
ções são: Identificar as letras através 
da análise visual; Recuperar os sons 
mediante a consciência fonológica; 
Pronunciar os sons da fala fazendo 
uso do léxico auditivo; Chegar ao 
significado de todas as palavras no 
léxico interno (vocabulário). A rota 
fonológica permite a leitura de tex-
tos segmentando-os por força da 
metalinguagem, em seus compo-
nentes (parágrafos, períodos, ora-
ções, frases, sintagmas, palavras, 
morfemas), como também em síla-
bas ou em sons da fala (fonemas). É 
através da rota fonológica o indiví-
duo poderá alcançar a consciência 
fonológica e então, poderá ler as 
palavras escritas. 
Rota Visual, Léxica ou Via 
Direta – VD: Suas principais fun-
ções são: Analisar globalmente a 
palavra escrita: análise visual; Ativar 
as notações léxicas; Chegar ao signi-
ficado no léxico interno (vocabulá-
rio); Recuperar a pronunciação no 
caso de leitura em voz alta. 
Esta rota é mais rápida que a 
anterior e permite o reconhecimento 
global da palavra assim como, sua 
pronuncia sem que seja preciso ana-
lisar os signos que a compõe. 
 
O modelo de leitura através da 
rota direta permite explicar a 
facilidade que temos para reco-
nhecer as palavras cuja imagem 
visual tem visto com muita fre-
quência. Isto é, através desta 
rota podemos ler palavras que 
nos são familiares em nível de 
escrita. A rota direta é base para 
a prática do método global de 
leitura, também chamado cons-
trutivista. (MARTINS, 2002, p. 
03). 
 
 
 
28 
 
 
 
 29 
DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM NA LEITURA E ESCRITA: DIAGNÓSTICO 
E INTERVENÇÃO 
4. Possíveis Causas dos Distúrbios e 
Transtornos de Aprendizagem na Leitura e na 
escrita 
 
 
Fonte: Diário da Manhã4 
 
árias causas podem ser atribuí-
das aos distúrbios de aprendi-
zagem. Algumas delas serão citadas 
neste capítulo. 
 
Causas Orgânicas 
 
Envolve as cardiopatias, as en-
cefalopatias, as deficiências senso-
riais (visuais e auditivas), deficiên-
cias motoras (paralisia infantil, pa-
 
4 Retirado em https://diariodamanha.com/ 
ralisia cerebral etc.), deficiências in-
telectuais (baixo nível de inteligên-
cia), disfunção cerebral e outras de-
ficiências, transtornos e doenças que 
podem ser enfermidades permanen-
tes ou não. 
 
Causas Psicológicas 
 
V 
 
 30 
DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM NA LEITURA E ESCRITA: DIAGNÓSTICO 
E INTERVENÇÃO 
Ocasionadas por desajustes 
emocionais advindos da limitação 
que a criança apresenta no processo 
de ensino aprendizagem. Normal-
mente está acompanhado de ansie-
dade, insegurança e baixa autoes-
tima. 
 
Causas Pedagógicas 
 
Esta causa está intimamente 
ligada as metodologias e interven-
ções realizadas de forma inadequada 
pelos educadores; envolve ações co-
mo: falta de estimulação das habili-
dades necessárias na aprendiza- 
gem da leitura e à escrita na etapa da 
Educação Infantil; falta de percep-
ção e atenção dos educadores que 
não diagnosticam os sintomas na 
pratica da sala de aula, alfabetização 
precoce (desconsideração do nível 
de maturidade da criança); deficiên-
cia da relação entre educador e edu- 
cando; falta de capacitação profis-
sional; inadequação de material di-
dático e espaço físico (sala lotadas, 
livros ultrapassados e indisponibili-
dade de brinquedos e jogos pedagó-
gicos. 
 
Causas Socioculturais 
 
Deficiência de estímulos ade-
quados por parte da família; desnu-
trição; carência de contato cultural 
com o meio; marginalização ocasio-
nada pelo sistema de ensino comum 
(escolas públicas eprivadas). 
 
Transtornos da Linguagem 
 
É difícil precisar o limite do 
“normal” e “patológico” no desen-
volvimento da linguagem devido, 
sobretudo, aos diferentes ritmos que 
envolvem este processo. Ao abordar-
mos questões advindas dos trans-
tornos da linguagem, constatamos 
que os padrões normais de aquisição 
da linguagem estão alterados desde 
os estágios precoces do desenvolvi-
mento. Tais desordens são caracteri-
zadas por déficits na compreensão 
ou produção, os quais não são re-
sultado de uma estimulação linguís-
tica pobre, perda auditiva, deficiên-
cia intelectual ou motora, ou doença 
neurológica. 
 
(...) uma criança tem um trans-
torno de linguagem se a sua 
expressão e/ou compreensão 
da mesma são considerados de-
ficientes, sempre que isso não 
puder ser explicado por uma 
perda auditiva, uma lesão cere- 
bral evidente, um transtorno 
emocional ou uma exposição 
inadequada à linguagem (RA-
PIN, 2003, p.195.). 
 
Para que você entenda melhor 
as diferentes dificuldades que po-
dem ocorrer na linguagem e influen-
ciar o processo de alfabetiza da 
criança, a seguir, vamos analisar os 
 
 31 
DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM NA LEITURA E ESCRITA: DIAGNÓSTICO 
E INTERVENÇÃO 
tipos linguísticos que compõem o 
sistema linguístico oral: 
 
Nível Fonológico: refere-se a or-
ganização dos sons dentro de um 
sistema, atendendo ao seuvalor; 
Nível Semântico: Recebe influên-
cia das relações sociais e caracterís-
ticas culturais. Refere-se dos signifi-
cados dos sinais linguísticos; ou se-
ja, o conteúdo e significado das pala-
vras e suascombinações; 
Nível Pragmático: refere-se a lin- 
guagem em relação com o indivíduo 
e as circunstâncias da comunicação 
(textos sociais, situacionais e comu-
nicativos). Envolve o conhecimento 
prático, aplicado à fala ou a ação de 
permanecer em silêncio; 
Nível Sintático: Orienta na prática 
de expressão de conceitos através da 
elaboração de orações (unir e coor-
denar palavras); 
Nível Morfológico: refere-se ao 
estudo das sílabas das palavras, as 
quais determinam a estrutura das 
mesmas segundo suas regras e for-
mas variadas. 
 
 
Transtornos Específicos da Linguagem Oral 
 
Alterações de Linguagem com Maior Inci-
dência na Área Expressiva 
Alterações da Linguagem que Afetam a 
Expressão e a Compreensão 
1. Transtorno Fonético; 
2. Transtorno Fonológico; 
3. Gisglosia; 
4. Disartria; 
5. Dispraxia daLinguagem; 
6. Taquifermia; 
7. Disfemia; 
8. Disfonia. 
1. Atraso daLinguagem; 
2. Disfasia; 
3. AfasiaInfantil. 
 
Transtorno Fonético 
 
Estes transtornos afetam a 
produção da linguagem e conse-
quentemente dificulta o processo de 
aquisição da escrita e leitura. A difi-
culdade está localizada na área mo-
tora, articulatória. Durante o desen-
volvimento da linguagem podem 
aparecer diferentes tipos de trans-
tornos fonéticos; isto ocorre porque 
a criança ainda não possui as ima-
gens acústicas adequadas ou tam-
bém porque seus órgãos de articula-
ção ainda não estejam capacitados 
para realizar certos movimentos 
complexos com precisão. Os trans-
tornos fonéticos são chamados de 
disfalias do desenvolvimento e ten-
dem a desaparecer no processo de 
 
 32 
DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM NA LEITURA E ESCRITA: DIAGNÓSTICO 
E INTERVENÇÃO 
evolução da linguagem, sem a neces-
sidade de uma intervenção terapêu- 
tica. No entanto, se persistirem os 
sintomas, estes passam a serem con-
siderados Transtornos Fonéticos, os 
quais ocorrem devido a um déficit 
cognitivo, sensorial ou sociocultural, 
ou a um Transtorno Emocional. Os 
seguintes sintomas devem ser obser-
vados: 
 Omissões: falta de emissão de 
um som; 
 Substituições: de um som para 
o outro; 
 Distorções: substituição de um 
som por outro que não perten-
ce ao sistema fonético doidio-
ma; 
 Adição de som: aumento des-
necessário de um determinado 
fonema. 
 
Transtorno Fonológico 
 
Dificuldade na oralidade de 
palavras. Ocorre precisamente no 
nível perceptivo e organizacional. 
Afeta a discriminação auditiva per-
turbando os mecanismos de discri-
minação dos sons. A expressão oral 
da criança com Transtorno Fonoló-
gico é bastante pobre. Os erros são 
variáveis e geralmente a criança po-
de pronunciar bem os sons isolada-
mente, no entanto o erro pode vir a 
ocorrer na pronuncia da palavra. Os 
processos que podemos encontrar 
dentro deste transtorno são os se-
guintes: 
 Processos Substitutivos: afe-
tam os sons produzindo mu- 
 
danças quanto ao ponto de ar-
ticulação, no modo de pronun-
ciar e nasonoridade; 
 Processos Assimilativos: trata-
se da assimilação de um som 
por outro por sua proximidade 
dentro da palavra; 
 Processos que Afetam a estru-
tura da Sílaba: falamos de uma 
tendência para reproduzir as 
sílabas ao esquema básico 
consoante - vogal e a simplifi-
cação do numero total de síla-
bas que formam a palavra. 
 
Da mesma forma que nos 
transtornos fonéticos, todos os pro-
cessos assinalados são encontrados 
nas crianças, neste caso, até aproxi-
madamente os 3 anos. Se persisti-
rem após esta idade requer atenção 
por parte do adulto. Apesar do prog- 
nóstico deste transtorno normal-
mente ser positivo é importante en-
caminhar a criança a um programa 
de terapia da linguagem aos 5 anos 
no intuito de evitar dificuldades pos-
teriores na aquisição da lectoescrita; 
também para evitar repercussões 
emocionais já que a criança com es-
tas dificuldades pode sentir-se inibi-
da para falar, evitando comunicar-se 
pela vergonha que sente em não 
conseguir expressar-se com clareza. 
A diferença entre um trans-
torno fonético e um transtorno fo-
 
 33 
DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM NA LEITURA E ESCRITA: DIAGNÓSTICO 
E INTERVENÇÃO 
nológico é que no primeiro a altera-
ção da pronuncia é permanente, seja 
linguagem espontânea ou na repe-
tição. No transtorno fonético as alte-
rações da pronuncia aparecem na 
linguagem espontânea; a criança 
normalmente é capaz de pronunciar 
adequadamente os elementos foné-
ticos emseparado. 
 
Disglosia ou Dislalia Orgânica 
 
Encontramos alterações na ar-
ticulação dos fonemas devido a pro-
blemas congênitos ou adquiridos 
dos órgãos envolvidos na fala como 
a linguagem, os lábios, os dentes, a 
mandíbula e opalato. 
 
Disartria 
 
Este transtorno abrange as 
dificuldades que se apresentam no 
ato motor da emissão oral. A causa 
encontra-se numa alteração no con-
trole muscular dos mecanismos as-
sociados com a fala. Isto normal-
mente ocorre devido a uma lesão no 
sistema nervoso central. Afeta a arti-
culação, o ritmo, a acentuação. A 
causa mais frequente é a paralisia 
cerebral e seu tratamento deve ser 
enfocado do ponto de vista médico 
assim comologopédico. 
Entre as características da di-
sartria podemos citar as seguintes: 
 Movimentos orais afetados; 
 Sintomas observáveis tanto 
nas emissões voluntárias nas 
automáticas; 
 Alterações tanto no inicio da 
emissão quanto ao longo da 
mesma; 
 Vozforçada; 
 Dificuldade na coordenação 
respiratória; 
 Movimento involuntários na 
língua e nos lábios; 
 Presença de espasmos de 
glote; 
 Articulação defeituosa por 
mobilidade restrita (ritmo de 
emissão muito lento, tom e 
volume da fala, alteração na 
duração dos sons, alterações 
na situação e duração das pau-
sas); 
 Os principais erros são de 
omissão e deformação. 
 
Dispraxia Verbal 
 
Refere-se a uma alteração gra-
ve na articulação que consiste numa 
impossibilidade de executar movi-
mentos complexos; esta dificuldade 
não se deve a transtornos motores. 
As características são as seguintes: 
 Grande dificuldade para exe-
cutar movimentos voluntários 
da língua, lábios e outros ór-
gãos envolvidos na articu-
lação; 
 Alteração na gesticulação e na 
mímica voluntária; 
 Fluidez verbal escassa poden-
do chegar à ausência da fala; 
 
 34 
DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM NA LEITURA E ESCRITA: DIAGNÓSTICO 
E INTERVENÇÃO 
 Quando falam o fazem com 
expressões muito curtas; 
 
 Alterações na organização dos 
fonemas, sílabas epalavras; 
 Os principais erros ocorrem na 
substituição dos fonemas; 
 Alterações no ritmo e na ve-
locidade; 
 A compreensão normalmente 
é conservada. 
 
Taquifemia 
 
Refere-se a uma forma desor-
denada e rápida de falar. O nível es-
trutural da linguagem não costuma 
ser afetado. As características da ta-
quifemia são as seguintes: 
 Tendência a falar muito rapi-
damente; 
 Omissão de sons e, inclusive, 
palavras completas dentro de 
uma frase; 
 Omissões ocasionais de uma 
palavra dentro de uma frase; 
 Repetição de sílabas e palavras 
de uma forma inconsciente; 
 Falta de coordenação respira-
tória que provoca um bloqueio 
na emissão. 
 
 
Fonte: 
https://www.vittude.com/ 
Disfemia ou Gagueira 
 
Refere-se a uma alteração no 
ritmo da fala que se manifesta com 
interrupções na fluidez da palavra. 
As alterações observadas são de dois 
tipos: 
 Gagueira Clônica: repetições 
da primeira sílaba ou palavra 
de uma frase; 
 Gagueira Tônica: refere-se a 
uma fala entre cortada. Advêm 
de um estado de imobilidade 
muscular por um espasmo, 
que não permite a emissão da 
palavra. Uma vez terminado o 
espasmo a palavra é pronun-
ciada. 
 
Não está clara para os pes-
quisadores a causa deste transtorno. 
Em todo caso podem influenciar fa-
tores genéticos ou orgânicos ou fa-
tores adquiridos. Como em outros 
transtornos da linguagem existe 
uma fase dentro do desenvolvimen-
to da linguagem da criança onde sur-
ge a disfemia evolutiva. 
 
 35 
DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM NA LEITURA E ESCRITA: DIAGNÓSTICO 
E INTERVENÇÃO 
É importante ter claro que 
nos casos de disfemia a criança não 
consegue eliminar voluntariamente 
a sua dificuldade. O mais aconselhá-
vel é não demonstrar impaciência, 
estar tranquilo e atento a mensagem 
que a criança quer nos transmitir. É 
muito importante não interromper 
nem corrigir, nem tentar terminar a 
mensagem pela criança. O mais im-
portante é que ela tenha satisfação 
em falar. 
Transtornos da Linguagem que afetam a Expressão ea Compreensão 
 
Transtorno Etiologia Áreas Afetadas 
Atraso da Linguagem Transtorno do tipo 
neurológico, sensorial afetivo. 
Pouco conhecida e 
imprecisa. 
Expressão; 
Fonologia,morfologia. 
Compreensão. 
Orações de estrutura 
complexa e explicações 
longas. 
Disfasia Transtorno de tipo 
neurológico, cognitivo, 
sensorial e afetivo. 
Pouco conhecida e variada. 
Expressão. 
Fonética, fonologia, 
morfossintaxe e semântica 
conforme o déficit. 
Compreensão. 
Orações de estrutura 
complexa e explicações 
longas. 
Afasia Congênita Transtorno do tipo 
neurológico. 
Alteração massiva da 
expressão e da compreensão. 
 
Disfonia 
 
Refere-se a alteração da voz 
tanto na sua intensidade como no 
tom e timbre. As alterações que po-
dem ocorrer são: 
 Incômodo ao engolir ou mas-
tigar; 
 Rouquidão persistente; 
 Voz de resfriado com emissão 
incorreta de M-N; 
 Dificuldade nos agudos ou gra-
ves; 
 Tendência a respiração bucal; 
 Voz apagada; 
 Fadiga ao falar; 
 Descordenação entre respira-
ção e fonação. 
 
Atraso da Linguagem 
 
Esta é uma alteração determi-
nada por critérios evolutivos: a lin-
guagem surge mais tarde que o 
habitual e progride mais lentamen-
te. A fala destas crianças lembra a de 
uma criança menor. Normalmente 
apresenta-se como um atraso homo-
gêneo nas áreas fonológicas, mor-
fossintática e semântica, ou seja, 
afeta a pronuncia dos fonemas, a 
estrutura interna das palavras e do 
 
 36 
DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM NA LEITURA E ESCRITA: DIAGNÓSTICO 
E INTERVENÇÃO 
significado das palavras. Não se sabe 
com certeza qual a sua origem, mas 
é normalmente detectada na escola. 
Entretanto,apesar da detecção e tra-
tamento precoce, essas crianças po-
dem ter dificuldades na aprendiza-
gem lectoescrita. 
As características mais impor-
tantes deste transtorno são: 
 Ausência do jargão espontâ-
neo entre o 1º e 2º ano de 
idade; 
 Surgimento das primeiras pa-
lavras depois dos anos; 
 Surgimento das primeiras 
combinações de palavras de-
pois dos três anos; 
 Linguagem ininteligível de-
pois dos três anos e meio; 
 Vocabulário pobre; 
 A compreensão superior à ex-
pressão; 
 Possibilidade de um leve atra-
so psicomotor; 
 Estrutura de frases excessiva-
mente simples depois dos 4 
anos. 
 
Disfasia 
 
Também conhecido como 
atraso de linguagem. Afeta especí-
fica de expressão; a compreensão é 
diminuída em menor grau. Não exis-
te certeza sobre uma origem desta 
dificuldade. Uma linguagem aparece 
mais tarde que o habitual, entre dois 
anos e meio ou três anos e não segue 
os padrões normais de evolução. 
Sintomas da Disfasia 
 
a. Surgimento das primeiras pa-
lavras depois dos três anos; 
b. Surgimento das primeiras 
combinações de palavras depois dos 
quatro anos; 
c. Expressão oral esquemática e 
simples depois dos seisanos; 
d. Dificuldades sérias nos níveis 
morfossintáticos e semânticos co-
mo, por exemplo: 
 Dificuldade para conjugar ver-
bos; Dificuldade na concor-
dância, gênero número; Pro-
dução de Enunciados longos, 
po rém sem nexo de união nem 
flexão verbal. 
 Dificuldade na evocação; 
 Uso de bordões que substi-
tuem palavras que não recor-
dam; 
 Permanência de ecolalia antes 
de responder; 
 Rigidez no uso de estruturas 
sintáticas já conhecidas; 
 Podem ser observados trans-
tornos associados do tipo- 
temporal percepção visual, 
memória, atenção e outros. 
 
Classiftcação das Disfasias 
 
Rapim e Allen (2003), fazem a 
seguinte classificação das disfasias: 
a. Déftcitfonológico-sintático 
 Nível de compreensão supe-
rior à expressão; 
 Dificuldade para entender 
 
 37 
DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM NA LEITURA E ESCRITA: DIAGNÓSTICO 
E INTERVENÇÃO 
enunciados longos, complexos 
e ambíguos, fora de contexto 
ou expressos com certa ra-
pidez; 
 Problemas na fluidez; uso de 
frases curtas e expressões li-
mitadas; 
 Alterações naarticulação; Ø 
Pouca utilização decoerências; 
 Nível morfológicoinadequado. 
b. Déftcit léxico –sintático 
 Dificuldade para evocar, para 
encontrar as palavrasa pro-
priadas; 
 Déficit na compreensão de 
enunciado- complexo; 
 Poucas alterações na pronun-
cia; 
 Fala fluida com algumas alte-
rações de ritmo; 
 Morfossintaxe afetada, ima-
tura; 
 Dificuldade para manter uma 
ordem temporal na frase. 
 
c. Déftcit SemânticoPragmático: 
 O desenvolvimento da lingua-
gem pode estar dentro de pa-
râmetros normais; 
 A linguagem expressiva costu-
ma ser fluida, às vezes do ti-
pologoréica; 
 Pode existir uma pronuncia 
adequada; 
 Frases bem estrutura das sin-
taticamente; 
 Existe uma falta de ajuste da 
sua expressão com o entorno, 
ou seja, que afeta, sobre tudo o 
uso da linguagem; 
 Dificuldades de compreensão 
dos enunciados verbais com-
plexos; 
 Costuma apresentar ecolalia 
ou perserverações (repetição 
de sons, palavras ou frase). 
 
Os sintomas da disfasia nos 
permitem detectá-la tanto na escola 
como em casa. Uma detecção preco-
ce é imprescindível para assegurar 
um melhor prognóstico. 
 
Afasia Infantil Congênita 
 
É a mais grave patologia den-
tro dos transtornos na aquisição da 
linguagem. Apresenta uma lingua-
gem pouco fluida e uma articulação 
deficiente. São capazes de produzir 
pouquíssimas palavras; em alguns 
casos ocorre uma ausência total da 
linguagem oral. Apesar de ter a audi-
ção conservada a criança não pode 
processar a informação que lhe é 
apresentada pelo canal auditivo; o 
curioso é que se esta mesma infor-
mação lhe for apresentada visual-
mente pode chegar a entendê-la. 
As características da afasia in-
fantil congênita são as seguintes: 
 Surgimento da linguagem oral 
aos cinco ou seis anos, no mí-
nimo. 
 Expressão oral limitada à pa-
lavras únicas ou frases curtas; 
 No caso de haver linguagem a 
articulação está alterada; 
 Dificuldades severas de com-
preensão verbal; 
 
 38 
DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM NA LEITURA E ESCRITA: DIAGNÓSTICO 
E INTERVENÇÃO 
 Dificuldade associadas do tipo 
instrumental; 
 Dificuldades associadas de 
comportamento. 
 
Não existem certezas sobre as 
causas da afasia. O diagnóstico é di-
fícil e normalmente é feito descar-
tando-se outras dificuldades. 
 
Transtornos da Linguagem na 
Educação Infantil 
 
Crianças com Transtornos de 
Linguagem sofrem prejuízos consi-
deráveis no processo de alfabetiza-
ção. O educador e/ou a família pode 
confundir os Transtornos com pro-
blemas de atenção, comportamento, 
concentração ou até mesmo indisci-
plina; o diagnóstico equivocado po-
de ocasionar uma intervenção ina-
dequada que poderá agravar ainda 
mais o problema. 
Por isso, é necessário que o 
educador conheça os sintomas e 
características dos diversos distúr-
bios da linguagem para que possa 
elaborar estratégias e metodologias 
eficazes. 
Veremos a seguir, três aspec-
tos que influenciam na linguagem da 
criança, afetando seu desempenho 
escolar: 
Aspecto Fonológico Sintático: 
 Claro atraso na consciência fo-
nológica. Isto influenciará di-
retamente no processo de 
aprendizagem da língua escri-
ta nos seus aspectos alfabéti- 
cos e ortográftcos (crianças 
dislálicas); 
 Falhas morfogramaticais; 
 Utilização equivocada dos 
tempos verbais; 
 Pode apresentar linguagem te-
legráfica. 
 
AspectoSemântico: 
 Parafasias e anomias; 
 Compreensão pobre da língua-
gem; 
 Comprometimento do uso e da 
compreensão da lógica grama-
tical. 
 
AspectoPragmático: 
 Falta de atenção diante de in-
formações não verbais. Não 
consegue contextualizar suas 
próprias mensagens não ver-
bais emconversas; 
 Apresenta comprometimento 
do raciocínio e, consequente-
mente, nas atividade saritmé-
ticas; 
 Em sala de aula pode apre-
sentar sinais como: 
 A leitura odesagrada; 
 Não participa de discussões 
orais; 
 Demonstra dificuldade para 
explicar coerentemente con-
ceitos e significados; 
 Utiliza uma linguagem e voca-
bulário “pobres”; 
 Não apresenta fluidez verbal; 
 Encontra dificuldade para vo-
calizar rapidamente; 
 
 39 
DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM NA LEITURA E ESCRITA: DIAGNÓSTICO 
E INTERVENÇÃO 
 Estabelece pouca interação em 
sala de aula e quando a faz, 
apresenta inadequação; 
 Demonstra insegurança ao 
dialogar com os colegas de 
classe; 
 Demonstra dificuldade para 
recordar palavras; 
 Encontra grande dificuldade 
na estruturação gramatical. 
 
Dislexia 
 
A dislexia é um dos termos 
mais utilizados dentro das dificul-
dades de aprendizagem. Sendo a 
aprendizagem da lectoescrita tão 
complexa como foi mencionado, as 
dificuldades que podem se apre-
sentar neste processo são igualmen-
te complexas. A Dislexia é conside-
rada uma síndrome, porque o dis-
léxico nunca tem só um problema, 
podendo ser considerados vários 
fatores causados da incapacidade de 
ler, escrever e de lidar com números, 
além de vários sintomas por meio 
dos quais ela se manifesta. O traço 
mais comum entre os disléxicos é a 
confusão da ortografia de letras si-
métricas, isto é, a disortografia 
(QUEIRÓS, 1978, p.111). 
Compreender as causas pelas 
quais uma criança tem dificuldade 
na sua lecto-escrita é de suma im-
portância para encontrar estratégias 
adequadas para enfrentar sua difi-
culdade. Nem todas as crianças que 
tem dislexia apresentam as mesmas 
características, sendo a única carac-
terística comum, apresentarem difi-
culdade na lectoescrita. Ao ser a lei-
tura e escrita os mediadores do ensi-
no na grande maioria das escolas, 
encontramos uma alta porcentagem 
de crianças que carecem dos instru-
mentos básicos para uma escolari-zação bem sucedida. A dislexia re-
presenta um déficit na capacidade 
de simbolizar, começa a se definir 
a partir da necessidade que tem a 
criança de lidar receptivamente ou 
expressivamente com a representa-
ção da realidade, ou antes, com a 
simbolização da realidade, ou pode-
ríamos também dizer, com a no-
meação do mundo (MYKLE- 
BUST, 1997, p. 83-84). 
A capacidade intelectual da 
pessoa com dislexia muitas vezes 
está acima da média. Cada pessoa 
com dislexia possui pelo menos mais 
um parente com comprometimento 
na leitura e na escrita, por isso a 
hereditariedade é considerada pelos 
estudiosos. 
Alguns casos podem ser mal 
interpretados. É necessário esclare-
cer que a dislexia não está relaciona-
da a toda e qualquer dificuldade na 
leitura e na escrita. O diagnóstico 
deve ser realizado com cautela para 
que não seja confundido com uma 
fase de adaptação às primeiras re-
gras de escrita. 
 
 40 
DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM NA LEITURA E ESCRITA: DIAGNÓSTICO 
E INTERVENÇÃO 
Como já vimos, no decorrer do 
processo de aprendizagem é comum 
que a criança apresente trocas, in-
versões, aglutinação de palavras, 
entre outros. No entanto, tais difi-
culdades são superadas com o tem-
po. Existem, no entanto, casos em 
que as dificuldades relacionadas à 
leitura e a escrita permanecem ape-
sar da criança possuir um nível de 
habilidades cognitivas e inteligência 
normal. Nesta situação podemos es-
tar lidando com um caso de dislexia. 
São considerados sintomas da 
dislexia: 
 O atraso na aprendizagem de 
algumas atividades de vida 
diária como, por exemplo: se-
gurar a colher corretamente, 
amarrar o cadarço sem auxilio, 
manusear a escova de entes de 
forma adequada, entre outros; 
 Comprometimento na aquisi-
ção de habilidades para loco-
mover-se; 
 Erros por confusões na proxi-
midade especial: confundi le-
tras simétricas, confusão por 
rotação e por inversão de síla-
bas. 
 Confusões por proximidade 
articulatória e sequelas de dis-
túrbios de fala: 
 Confundi por proximidade ar-
ticulatória, omite grafemas e 
sílabas. 
 
As características linguísticas 
mais marcantes que envolvem as 
habilidades de leitura escrita, das 
crianças disléxicas, são: 
 Fazem uso dos dedos das mãos 
para realizar cálculos; 
 Apresentam comprometimen-
to nas situações que requerem 
dele habilidade para sequen-
ciar, como por exemplo:orga-
nizar objetos na forma cres-
cente e decrescente, dias da se-
mana, meses do ano, horários, 
letras do alfabeto, entre ou-
tros; 
 Têm dificuldade para recordar 
acontecimentos do passado - 
memória recente comprome-
tida; 
 Apresentam dificuldade acima 
da média nos ditados e produ-
ções de texto, no entanto, con-
seguem fazer cópias adequa- 
damente; 
 A dislexia é mais frequente em 
meninos; 
 Acúmulo e persistência de er-
ros que envolvem soletração, 
leitura e ortografia; 
 Quando é solicitado que ele 
leia alguma coisa, o faz mur-
murando; 
 Confundem letras, sílabas ou 
palavras simples que apresen-
tam alguma semelhança co-
mo: C - O; i - j; F - T; H - N; E 
- C; M - N; V – U; A -O; 
 Confundem letras, sílabas ou 
palavras simples, que apresen-
tam alguma semelhança, no 
entanto, com diferenças com 
relação a orientação no espa-
ço, como: B - D; B - P; D - B; D 
- P; D - Q; N - U; W - M; A -E. 
 
 41 
DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM NA LEITURA E ESCRITA: DIAGNÓSTICO 
E INTERVENÇÃO 
 Confundem letras que pos-
suem um ponto de articulação, 
em comum, além de sons so-
noros parecidos como: D - T; J 
- X; C - G; M – B - P; V -F. 
 Invertem silabas ou palavras 
total ou parcialmente, tais co-
mo : ME - EM;SOL- LOS; SOM 
- MOS; SAL - LAS; PAL - PLA. 
 
Como vimos, erros gramati-
cais são muito comuns e, sua fre-
quência, torna impossível a compre-
ensão das ideias para quem lê e para 
quem escreve, pois, a dislexia não 
implica somente, na dificuldade de 
leitura, mas também, na dificuldade 
da escrita. Observe o texto a seguir: 
 
“O galo e o cachorro viajavam 
juntos. Tinham atravessado 
montanhas e rios e encontra-
vam-se num bosque quando 
foram surpreendidos pela noi-
te. O galo acocorou-se num ca-
valo enquanto um cachorro 
decidiu proteger-se num bura-
co de uma árvore e vigiar dali. 
Ao amanhecer, quando o galo 
cantou, a raposa que andava 
por ali respondeu e deitou-se ao 
pé da árvore.” 
 
É assim que uma pessoa com 
dislexia visualiza o texto 
 
 
A dislexia é também denomi-
nada como “atraso leitor”. Habitual-
mente, diz-se que uma criança é dis-
léxica, quando encontra dificuldades 
na aprendizagem da leitura, apesar 
de ter um desenvolvimento intelec-
tual adequado para esse processo. 
Lunay (1984, p. 115) admite 
que, a dislexia é concebida como um 
distúrbio psicopedagógico, com 
anamne-se frequente, mas não cons-
tante dos distúrbios da linguagem 
ou da orientação espacial, dos fato-
res iniciais, constitucionais uns e 
dependentes do meio outros (...). 
Entre os fatores do meio ocupa um 
lugar o fator pedagógico, e não cer-
tamente porque uma pedagogia ina-
dequada possa por si só criar uma 
dislexia, mas porque pode encami-
nhar uma criança com uma matu- 
ridade medíocre para o caminho da 
dislexia. 
 
Intervenção Pedagógica na 
dislexia 
 
No caso da dislexia a interven-
ção tem caráter de urgência e o pro-
fessor deve trabalhar em parceria 
com a família e o psicopedagogo. O 
aluno deve ser integrado tanto na 
sala de aula, quanto no seio familiar 
e na sociedade, de modo que seja 
possível desenvolver sua autonomia 
como indivíduo responsável e com-
petente. Estimular sua autoestima 
 
 42 
DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM NA LEITURA E ESCRITA: DIAGNÓSTICO 
E INTERVENÇÃO 
também é importante, para que 
ocorra o processo em que este des-
frute de seu direito de educar-se. 
 
Distúrbios de Aritmética 
 
Alguns alunos apresentam di-
ficuldade para compreender os 
enunciados matemáticos e opera-
ções aritméticas expressados através 
linguagem matemática. Estas difi-
culdades, das limitações na leitura e 
escrita que devem ser solucionadas 
para que posteriormente o aluno 
consiga vencer os desafios matemá-
ticos. 
 
Discalculia 
 
A disciplina de Matemática 
sempre causou pânico em muitos 
alunos. Eles não compreendem as 
atividades e apresentam baixo ren-
dimento. 
É bem verdade que em muitos 
desses casos a dificuldade não 
está no aluno, mas no professor que 
não adéqua suas atividades às neces-
sidades e capacidade dos alunos. Em 
muitos casos o problema não está na 
criança, mas no professor que elabo-
ra problemas com enunciados ina-
dequados para a idade cognitiva da 
criança. 
Carraher afirma que: 
 
Vários estudos sobre o desen-
volvimento da criança mostram 
que termos quantitativos como 
“mais”, “menos”, maior”, “me-
nor” etc. são adquiridos grada-
tivamente e, de início, são uti-
lizados apenas no sentido ab-
soluto de “o que tem mais”, “o 
que é maior” e não no sentido 
relativo de” ter mais que” ou 
“ser maior que”. A compreen-
são dessas expressões como in-
dicando uma relação ou uma 
comparação entre duas coisas 
parece depender da aquisição 
da capacidade de usar da lógica 
que é adquirida no estágio das 
operações concretas “...” O pro-
blema passa então a ser algo 
sem sentido e a solução, ao in-
vés de ser procurada através do 
uso da lógica, torna-se uma 
questão de adivinhação. (CAR-
RHER, 2002 p.72). 
 
As Causas da Discalculia 
 
Causas Pedagógicas: Habilidade 
intelectual abaixo do nível e com-
prometimento das funções do siste- 
ma nervoso central. 
Memória auditiva e aritmética: 
A criança não consegue recordar os 
números com agilidade, devido a: 
 comprometimentos na capaci-
dade de reorganização audi-
tiva; 
 reconhece o número quando o 
ouve, mas não consegue pro-
nunciá-lo quando deseja; 
 nem sempre consegue dizê-lo 
quando quer. 
 
Essas características podem 
ser consideradas por pais e profes-
sores como uma postura

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