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Distúrbios de Aprendizagem na Leitura e Escrita: Diagnóstico e Intervenção 02 1. Introdução 5 2. Dificuldades de Aprendizagem na Leitura e na Escrita: Pressupostos Teóricos 8 Concepções da Leitura e da Escrita: dificuldades na aprendizagem 12 O Fazer Docente 14 A contribuição da Família e da Escola no processo de aprendizagem 18 A importância de Pais Leitores 20 A Importância da Leitura e da Escrita 21 3. Destrezas na Leitura e na escrita 24 A Leitura, a Escrita e a Fala 25 Processos da Capacidade Leitora 26 Processos Preceptivos 26 Processos Léxicos 27 4. Possíveis Causas dos Distúrbios e Transtornos de Aprendizagem na Leitura e na escrita 29 Causas Orgânicas 29 Causas Psicológicas 29 Causas Pedagógicas 30 Causas Socioculturais 30 Transtornos da Linguagem 30 Transtorno Fonético 31 Transtorno Fonológico 32 Disglosia ou Dislalia Orgânica 33 Disartria 33 Dispraxia Verbal 33 Taquifemia 34 Disfemia ou Gagueira 34 Disfonia 35 3 Atraso da Linguagem 35 Disfasia 36 Sintomas da Disfasia 36 Classiftcação das Disfasias 36 Afasia Infantil Congênita 37 Transtornos da Linguagem na Educação Infantil 38 Dislexia 39 Intervenção Pedagógica na dislexia 41 Distúrbios de Aritmética 42 Discalculia 42 As Causas da Discalculia 42 Tipos de Discalculia 43 Disgrafta 45 Tipos de Disgrafta 45 Disortografia 47 5. Transtorno do Déficit de Atenção e hiperatividade 50 Intervenções Pedagógicas 55 6. Referências Bibliográficas 57 7. Anexos 04 5 DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM NA LEITURA E ESCRITA: DIAGNÓSTICO E INTERVENÇÃO 1. Introdução Fonte: Info Escola1 análise das dificuldades de leitura e escrita auxilia a com- preender os processos envolvidos nessas habilidades. A tradicional hi- pótese do déficit visual (AJURIA- GUERRA, 1953; ORTON, 1937) atri- buía aos problemas de leitura e es- crita a dificuldade com o processa- mento de padrões visuais. Tal hipó- tese perdurou por cerca de 50 anos, da década de 1920 à década de 1970. A partir da década de 1970, evidên- cias de distúrbios de processamen- 1 Retirado em https://www.infoescola.com/ tos fonológicos subjacentes aos pro- blemas de leitura e escrita começa- ram a acumular-se, enfraquecendo a hipótese do déficit visual. Vários estudos foram conduzi- dos demonstrando que dificuldades fonológicas (dificuldades relaciona- das à percepção e ao processamento automático da fala) e metafonológi- cas (dificuldades relacionadas à seg- mentação e à manipulação intencio- nais de segmentos da fala) são capa- zes de predizer dificuldades ulterio- A 6 DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM NA LEITURA E ESCRITA: DIAGNÓSTICO E INTERVENÇÃO res na aprendizagem de leitura e es- crita, e que procedimentos de inter- venção voltados ao desenvolvimento de habilidades metafonológicas (es- pecialmente procedimentos para de- senvolver a consciência fonológica) são capazes de produzir ganhos sig- nificativos em leitura e escrita. Tais achados levaram à substi- tuição da hipótese do déficit visual pela hipótese do déficit fonológico, segundo a qual os problemas de lei- tura e escrita se devem fundamen- talmente aos distúrbios de processa- mento fonológico. E, é nesse contex- to que desenvolvemos esta discipli- na, objetivando analisar estas ques- tões, bem como, oferecer subsídios para, você aluno e professor de alfa- betização e letramento. Segundo Grégoire e Piérart (1997), os estudos realizados para detectar as habili- dades que se encontram prejudica- das nos maus leitores sugerem que a maioria dos distúrbios situa-se nos mecanismos básicos que tornam possível o reconhecimento das pala- vras escritas (decodificação), e não nos componentes sintáticos ou se- mânticos(compreensão). Com isso, esperamos que você desenvolva seus conhecimentos e que faça, também, uma excelente leitura, obtendo o sucesso que almejas. Outras informações e apro- fundamentos devem ser buscados através da leitura da bibliografia uti- lizada e relacionada ao final desta. 8 DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM NA LEITURA E ESCRITA: DIAGNÓSTICO E INTERVENÇÃO 2. Dificuldades de Aprendizagem na Leitura e na Escrita: Pressupostos Teóricos Fonte: Somos Par2 evido ao fato da leitura assu- mir enorme destaque no pro- cesso de aprendizagem, a mesma se constitui como um dos avanços na busca pelo conhecimento sistemáti- co e aprofundado. Contudo, o que presenciamos em nossas escolas, é uma quase total falta de hábito de leitura, advindo, às vezes, da própria incapacidade de fazê-lo, o que difi- culta enormemente, o desenvolvi- mento da aprendizagem, nas mais diversas áreas do conhecimento. 2 Retirado em https://www.somospar.com.br/ Isto, por que, é através da lei- tura que o aluno desperta para inter- pretação dos fatos e ainda, sente-se estimulado para desenvolver a aprendizagem, posto que, a leitura se encarrega de amadurecer o inte- lecto. Ao fazermos uma retrospec- tiva da história, encontramos ele- mentos preponderantes que se asso- ciam ao fato, do indivíduo desenvol- ver uma leitura, que transcende os D 9 DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM NA LEITURA E ESCRITA: DIAGNÓSTICO E INTERVENÇÃO livros, documentos ou registros e se insere no contexto vivido. Segundo Lecocq (1991, p. 42): Numerosos trabalhos [...] per- mitiram afunilar progressiva- mente o caminho da pesquisa e mostrar que a dificuldade dos disléxicos não reside na pobre- za de vocabulário, nem numa memória semântica medíocre, nem num defeito de sensibili- dade à informação contextual, nem na fraqueza da análise sin- tática, nem em dificuldades de compreensão geral, mas sim na incapacidade de obter certas in- formações fonético-fonológi- cas. Tais pesquisas evidenciam que, os problemas de leitura, ocor- rem devido a dificuldades de decodi- ficação e não de compreensão, mos- trando a importância da rota fonoló- gica para a leitura competente e apontando para a necessidade de desenvolver instrumentos de avalia- ção e procedimentos de intervenção, relacionados às habilidades metafo- nológicas. Os resultados obtidos por A. Capovilla e F. Capovilla (2003) corroboram a hipótese do déficit fo- nológico e demonstram a eficácia de instruções metafonológicas (treino de consciência fonológica) e fônicas (ensino de correspondências entre grafemas e fonemas) para a aquisi- ção de leitura e escrita competentes. Segundo Alegria, Leybaert e Mousty (1997), a análise explícita das pala- vras em unidades fonológicas é in- dispensável para compreender o có- digo alfabético e, por este meio, aprender a ler e escrever. Porém, ainda permanece em aberto a questão de se as dificulda- des dos maus leitores são específicas ao material verbal, ou se são conse- quência de problemas mais gerais de natureza perceptual e/ ou temporal e/ou de armazenamento na memó- ria de longo prazo. Nesse esforço por ampliar o escopo das análises, F. Capovilla e A. Capovilla (2003) demonstraram que crianças com atraso na aquisição de leitura apresentam também proble- mas de discriminação fonêmica, de memória de trabalho fonológica e de velocidade de processamento fono- lógico. De fato, a pesquisa é consis- tente em apontar evidências da rela- ção entre a aquisição de leitura e es- crita e as habilidades metafonológi- cas, mnemônicas e lexicais. Do mesmo modo, estudando o envolvimento de outros fatores cau- sais na produção de problemas de aquisição de leitura e escrita na po- pulação escolar, pesquisa recente tem demonstrado o envolvimento do tipo de ortografia (F. CAPOVIL- LA; A. CAPOVILLA, 2003; GOSWAMI, 2007), bem como os efeitos deletérios de problemas de processamento auditivo central (F.CAPOVILLA, 2009), perda auditiva 10 DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM NA LEITURA E ESCRITA: DIAGNÓSTICO E INTERVENÇÃO (PORTUGAL; CAPOVILLA, 2009) e distúrbios do sistema vestibular (AYRES, 2005), além de outros (SHARE, 2005). Porém, ainda há grande carên- cia de pesquisas sobre as relações entre leitura e escrita e outras habi- lidades cognitivas, como as habilida- des visões parciais, sequenciais e aritméticas, dentre outras. Um pri- meiro estudo objetivando expandir o escopo das habilidades cognitivas avaliadas foi o de A. Capovilla, Smy- the, Capovilla e Everatt (2001) que comparou o desempenho em leitura e escrita com desempenhos em habi- lidades metafonológicas, visões par- ciais e motoras. Os dados desse es- tudo pioneiro com esse teste corro- boraram a hipótese do déficit fono- lógico em detrimento da hipótese do déficit visual. É bem verdade que, as dificul- dades apresentadas pela aprendiza- gem, ganham uma outra conotação, a partir do momento em que identi- ficamos bloqueios referentes à leitu- ra, o que evidencia uma certa defi- ciência no desenvolvimento da mes- ma, como prática escolar. Nesse sentido, Coll et al (1995, p. 24), define os distúrbios de aprendizagem, como, Qualquer difi- culdade observável pelo aluno para acompanhar o ritmo de aprendiza- gem de seus colegas, da mesma faixa etária, seja qual for o determinante desse atraso. Certamente, a popu- lação assim definida, é de uma gran- de heterogeneidade, não sendo sim- ples, encontrar critério que a deli- mite com maior precisão. Portanto, tais dificuldades são presenciadas por nós educadores. O aluno muitas vezes, não se dá conta, o que exige uma orientação e apoio, objetivando inserir o aluno no con- texto educacional, utilizando a aprendizagem em todas as suas di- mensões, o que se configura através de etapas. A criança com dificuldade de aprendizagem é aquela que apresen- ta bloqueios na aquisição do conhe- cimento, na audição, na fala, leitura, raciocínio ou habilidades matemáti- cas. Estas desordens são intrínsecas ao sujeito, presumidamente, devido a uma disfunção do sistema nervoso central, podendo ocorrer apenas por um período na vida. Reconhecendo a importância de se discutir a questão das dificul- dades de aprendizagem, referentes à leitura e a escrita, pretendemos ana- lisar a questão, sob a ótica dos mais diversos autores, bem como, ofere- cer alguns direcionamentos signifi- cativos, voltados ao estímulo da ca- pacidade do aluno em desenvolver a prática da leitura e da escrita, tor- nando, este, um dos pontos prepon- derantes no caminho da aprendiza- 11 DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM NA LEITURA E ESCRITA: DIAGNÓSTICO E INTERVENÇÃO gem, até porque, o aluno encontra- se inserido no contexto que exige uma interpretação sistemática, ad- vinda do hábito de ler e escrever. Por se apresentar como uma barreira no processo de aprendiza- gem, a leitura se difunde através de textos, que fogem um pouco da ca- pacidade do aluno, posto que, são cansativos, desatualizados e apre- sentam muitas vezes uma lingua- gem complexa, o que dificulta seu acesso à leitura e suas manifes- tações. Neste contexto, compreende- mos a necessidade de se desenvolver a leitura, como uma das etapas do processo educativo, enfatizando-se os aspectos norteadores da prática pedagógica. Em sendo, vemos que, o dia a dia apresentado pelos alunos que ingressam nas séries iniciais, mostra-se preocupante, consideran- do que, a cada momento, o educador encontra-se diante de alguns obstá- culos, principalmente quando se re- fere à leitura e suas interpretações. Essa dificuldade, embora co- mum, se difunde em outras, como na interpretação de textos, ditados, cópias etc., o que numa linguagem atual, se reporta às técnicas de redação. Nesse aspecto, entendemos que os alunos apresentam deferen- tes e variadas dificuldades, tais co- mo: bloqueios para escrever; dificul- dades em expressar suas emoções; bloqueios da fala etc. Nessa pers- pectiva, o professor precisa estar atento a essas dificuldades, a fim de se apropriar ou, mesmo, criar meca- nismos para seu enfrentamento, reconhecendo que, na fase inicial, a criança absorve o que lhe é repas- sado e incorpora valores que, no de- correr da vida escolar, se contempo- rizam com outros, podendo gerar conflitos ou dificuldades. Com base nessas situações problema, nos perguntamos: Quais os principais aspectos que interferem no processo de aprendizagem da leitura e na escrita nos alunos nas séries iniciais do ensino fundamen- tal? Quais as dificuldades vivencia- das pelos alunos no processo de aprendizagem da leitura e escrita? Que alternativas metodológi- cas podem ser indicadas para o enfrentamento das dificul- dades de aprendizagem na lei- tura e escrita nas séries iniciais do ensino fundamental? Estas podem, inclusive, serem questões que você, aluno, poderá pesquisar, para a realização do seu Trabalho de Conclusão de Curso. Contudo, tentaremos respondê-las, a seguir. 12 DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM NA LEITURA E ESCRITA: DIAGNÓSTICO E INTERVENÇÃO Concepções da Leitura e da Escrita: dificuldades na aprendizagem Segundo Freire (1989), a lei- tura do mundo precede a leitura da palavra. Não obstante, a posterior leitura da palavra, em certos aspec- tos, pode ou não, prescindir da con- tinuidade da leitura do mundo. Isto porque, linguagem e realidade se prendem, dinamicamente. Nesse sentido, a compreensão do texto, a ser alcançada por sua leitura crítica, implica na percepção das relações entre o texto e o con- texto. Freire também destaca a importância da primeira experiência existencial, a leitura do mundo, do pequeno mundo, na compreensão do ato de ler o mundo particular, que move a criança. De fato, a primeira leitura, que a criança aprende a fa- zer, é a das relações familiares, onde ler é uma gratificação, a promessa e a ameaça. Em sendo, à leitura, é atri- buído um valor positivo absoluto, como detentora de benefícios óbvios e indiscutíveis, ao indivíduo e à so- ciedade. Ela é considerada uma for- ma de lazer e de prazer, bem como, de aquisição de conhecimento e de enriquecimento cultural, além de possibilitar a ampliação das condi- ções de convívio social e de intera- ção. Nesse aspecto, entendemos que a aprendizagem da leitura e es- crita se inicia, desde o nascimento, com a imitação de sons articulados, até a fase adulta, em que há um ver- dadeiro aperfeiçoamento técnico. A linguagem oral e escrita revela-se, imprescindível, ao processo de co- municação. Trata-se de uma questão que deve ser especialmente traba- lhada na fase infantil, durante seu processo de construção de conheci- mento. Outrossim, acerca da leitura e da escrita, Morais (1995, p. 20) argumenta que: A leitura envolve primeiramen- te a identificação dos símbolos impressos letras, palavras e o relacionamento destes símbo- los com os sons que ela re- presenta. No início do processo a criança tem que diferenciar visualmente cada letra impres- sa e, perceber que cada símbolo gráfico tem um correspondente sonoro. Este processo inicial da leitura, que envolve a discrimi- nação visual dos símbolos im- pressos e a associação entre PA- LAVRA IMPRESA E SOM, é chamado de codificação e é es- sencial, para que a criança aprenda a ler. No que se refere à escrita, po- demos afirmar que, este ato é o in- verso da leitura. Se a leitura se esta- belece numa relação entre a PALA- VRA IMPRESSA - SOM -SIGNIFI- CADO, na escrita a relação esta- be- lecida é entre o SOM – SIGNIFICA- 13 DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM NA LEITURA E ESCRITA: DIAGNÓSTICO E INTERVENÇÃO DO PALAVRA IMPRESSA (que é o que se escreve), conforme afirma Morais (1995, p. 21). Assim, cabe à escola propiciar um ambientealfabetizador que fa- voreça esse processo, posto que, é na alfabetização que a criança adquire a base para aprender a ler e a escrever. Nesse sentido, alguns estudiosos afirmam que, a aquisição da escrita e da leitura é algo, muito mais com- plexo, do que um simples processo mecânico de memorização e treino. Sobre essa questão, Cócco e Hailer (1996, p. 7), elucidam que: “apren- der a ler e a escrever é apropriar-se do código linguístico, tornando-se um usuário da leitura e da escrita”. Diante do exposto, podemos afirmar que, a leitura e a escrita são de fundamental importância para o aluno e, a partir desse processo, es- ses alunos poderão criar seu próprio conhecimento, adquirindo uma no- ção do mundo que vivem, podendo contribuir, sobremaneira, para mudanças significativas. Porém, para que isto ocorra, entendemos que, numa fase inicial, as competências da leitura e da es- crita são os conteúdos básicos da aprendizagem. Já numa fase poste- rior, as mesmas constituem-se no suporte e em técnicas a dominar, para que se atinja o restante desem- penho escolar. As competências da leitura e escrita são consideradas, então, co- mo objetos fundamentais de qual- quer sistema educativo. A escolari- dade elementar, a leitura e a escrita constituem aprendizagem de base e funcionam, como uma mola propul- sora, para todas as aprendizagens escolares, bem como, para elevar a autoestima do aluno. Assim, quando existem difi- culdades, a leitura oral é marcada por omissões, distorções e substitui- ções de palavras, com respostas len- tas e vacilantes e com comprometi- mento do texto lido. A perturbação na leitura interfere, significativa- mente, no rendimento escolar. Es- ses transtornos têm sido chamados de dislexia, que, de acordo com Fon- seca (1999), pode ser definida como uma dificuldade duradoura da aprendizagem da leitura e aquisição dos seus mecanismos em crianças inteligentes, escolarizadas sem qual- quer perturbação sensorial e psíqui- ca já existente (FONSECA, 1999, p. 45). As dificuldades de leitura e es- crita, em geral e, da dislexia, em par- ticular, vem suscitando o interesse de psicólogos, professores e outros profissionais, interessados na inves- tigação dos fatores implicados no sucesso ou insucesso educativo. Pensa-se que o ambiente em que se processa a construção da lei- 14 DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM NA LEITURA E ESCRITA: DIAGNÓSTICO E INTERVENÇÃO tura e da escrita deve favorecer a criança a expressar seu pensar, de acordo com o entendimento que ela tem das informações que lhe são apresentadas. Nesse caso, é relevan- te a escola promover um ambiente que favoreça a construçãodaleiturae escrita numa perspectiva favorável a respeito das diferenças de aprendi- zado que a criança apresenta e o pro- fessor é peça fundamental nesse processo. Contudo, é relevante conside- rarmos, também, o ambiente em que a criança vive, pois, quando este am- biente é alfabetizador, melhores oportunidades se expressam para o êxito escolar do aluno, visto que, o ambiente familiar contribui, signifi- cativamente, para o desenvolvimen- to da leitura e escrita, ressaltando em melhoria qualitativa no processo de aprendizagem da criança. Nesse caso, podemos considerálo como um fator articulador, na aquisição do processo de alfabetização, como do- mínio e desenvolvimento da escrita. O Fazer Docente A prática pedagógica centra-se em um caráter contextualizador e histórico. A teoria está em conso- nância com o cotidiano, num cons- tante processo de discussão e refle- xão crítica. A aprendizagem, nesta ótica, torna-se plena de significados. Fonte: https://www.agrandeartedeserfeliz.c om/ O compromisso do professor, comprometido com a desmistifica- ção das relações sociais, torna-se premente a partir do momento em que o professor deve, não só ter cla- reza teórica, mas, entender a sala de aula como espaço que favoreça a presença, a discussão, a pesquisa, o debate e o enfrentamento de tudo que se constitui no ser, na existên- cia, nas evoluções, no dinamismo e na força do mundo, do homem, dos grupos humanos, da sociedade hu- mana, existindo numa realidade lo- calizada geográfica e temporalmen- te, participando de um processo his- tórico em movimento. Mas, para isso é preciso que o professor esteja consciente que: Ensinar já não significa trans- ferir pacotes sucateados, nem mesmo significa meramente, repassar o saber. Seu conteúdo correto é motivar o processo emancipatório, com base em um saber crítico, criativo, atua- 15 DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM NA LEITURA E ESCRITA: DIAGNÓSTICO E INTERVENÇÃO lizado e competente. Trata-se, não de cercear, temer ou con- trolar a competência de quem aprende, mas de abrir-lhe a chance na dimensão maior possível. Não interessa o dis- cípulo, mas o novo mestre. En- tre o professor e o aluno não se estabelece apenas a hierarqui- zação verticalizada, que divide papéis pela forma do autorita- rismo, mas, sobretudo o con- fronto dialético. Este se alimen- ta da realidade histórica, for- mada por entidades concretas que se relacionam, de modo au- tônomo, como sujeitos sociais plenos (DEMO, 1993 p.153). Segundo Queluz, (1999, p.26), A realidade das escolas, mostra o contrário, pois, segundo ele, não é assim que o trabalho do professor se dá na escola. O professor ainda está arrai- gado ao modelo de sua formação e poucos percebem que muitos dos problemas que surgem na sala de aula e na escola, estão inclusos e, ocorrem, em função da própria ação docente, diante do conhecimento. Todas as dificuldades que se apre- senta no trabalho docente com os alunos, muitas vezes são taxadas de: desinteresse da família, repetência, condições econômicas precárias, ou seja, procura-se atribuir a responsa- bilidade a causas externas. Esses condicionamentos são influentes e, em sendo, é preciso ser levado em conta para que seja feito algo, no sentido de se entender tais dificuldades. É preciso trabalhar com o professor, a necessidade de construção de uma nova competên- cia pedagógica, de aperfeiçoamento de recursos humanos, de capacita- ção em serviço etc, posto que, de acordo com Pereira (1992, p. 20), educação em serviço, entendendo-se por: Todas as atividades nas quais os profissionais se envolvam, quan- do estão em serviço e, que são estru- turadas para contribuir com a me- lhoria do seu desempenho. (....) É uma atividade que possui objetivos definidos e está comprometida com mudanças em indivíduos ou siste- mas organizacionais. Isto é alcança- do através de mudanças nas pessoas e não em regras ou estruturas. Fun- ções ou ambientes físico (embora tudo isso possa estar relacionado a essas mudanças) são levados a efei- to, através de seu aperfeiçoamento continuo. Nessavisão, é possível enten- dermos que uma nova competência pedagógica se origina na própria prática, no debruçar-se sobre ela, no movimento dialético ação-reflexão- ação, buscando escapar da dicoto- mia entre teoria e prática, evitando a simples justaposição ou associação que encaminharia para uma ativida- de apenas funcional e operativa. De acordo com Queluz, (1999, p. 28), tanto a teoria quanto a prá- 16 DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM NA LEITURA E ESCRITA: DIAGNÓSTICO E INTERVENÇÃO tica, têm papel assegurado nesse processo, porque, as teorias são co- mo mapas que ajudam a viajar em busca da realidade sem a qual não se faz história. Na verdade, busca-se a construção de uma prática pedagó- gica que seja reflexiva, crítica e criativa. Para isso, é preciso considerar que o planejamento de programas de formação em serviço, exigem a definição do professor e a respectiva competência dele, dentro das abor- dagens de um currículo mais moder- no, dos conhecimentos exigidosatualmente, bem como, dos interes- ses de profissionais envolvidos. Em sendo, é importante a participação direta dos profissionais na elabora- ção e reelaboração do saber e do ace- lerado desenvolvimento tecnológi- co, por que passa a sociedade. A me- lhor maneira de construir a compe- tência pedagógica, então, é possuir a instrumentação para viver e convi- ver com as mudanças nos Contextos, educacional e social. Para Queluz, (1999, p. 28-29), é necessário que haja um trabalho coletivo que propicie, a partir do diá- logo, a atividade na construção e re- construção do conhecimento, o confronto entre pontos de vista dife- renciados e a partir daí, construa-se uma nova competência, tanto profis- sional quanto da escola. Nesse sentido, entendemos que esse profissional reflexivo, em sua prática pedagógica, deve ser sensível a apreensão de possibilida- des e alternativas: deve ter consciên- cia de que é passível de erros; esteja sempre se questionando sobre o seu saber, o seu fazer e o seu saber fazer em sala de aula; ir além das ativida- des imediatistas, tendo em mente o tipo de homem que se quer formar. Além do mais, o professor reflexivo tem de ponderar sobre os resultados inesperados de sua ação, uma vez que, dada a complexidade da prática pedagógica, os imprevistos estão sempre mesclados aos resultados previstos para a ação. Ao considerar os resultados do seu trabalho, não só perguntar-se se os objetivos propôs- tos foram atingidos, mas se está satisfeito com os resultados alcança- dos. Compreendemos que é esse o profissional que, realmente, efetiva- rá uma prática pedagógica reflexiva no âmbito escolar. É a busca cons- tante de dados da realidade em que o professor está inserido, isto é, os dados da prática, do saber e da ex- periência, sem perder os vínculos com a realidade social global, para e pela ação-reflexão, compreendê-la e modificá-la, tendo em vista os fins educativos estabelecidos, coletiva- mente, no projeto político pedagógi- co da escola. 17 DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM NA LEITURA E ESCRITA: DIAGNÓSTICO E INTERVENÇÃO Sobre este aspecto, Ribas et al (1995, p. 9) afirmam que: A prática pedagógica reflexiva no âmbito escolar, é a busca constante de dados da realida- de em que o professor está in- serido isto é, os dados da prá- tica, do saber das experiências em perder os vínculos com a realidade social global, para, pela ação-reflexão-ação, com- preendê-la e modificá-la, tendo em vista os fins educacionais estabelecidos coletivamente no projeto político pedagógico da escola. Nesse sentido, a prática peda- gógica reflexiva, do professor, deve refletir sobre o seu próprio trabalho e as condições sociais em que o seu exercício profissional está situado. Entendemos que a prática pedagó- gica hoje tem de ser mais do que a transmissão de conteúdos sistemati- zados do saber. Com certeza deve in- cluir a aquisição de hábitos e habili- dades ea formação de uma atitude correta frente ao próprio conheci- mento, vez que, o aluno deverá ser capaz de ampliá-lo e de reconstruí- lo, quando necessário, além de apli- cá-lo em situações própria do seu contexto de vida. Portanto, é funda- mental que o educador frente o de- safio de compreender os novos tem- pos, para abarcar os anseios das no- vas gerações. Nesse aspecto, outras questões a serem consideradas, tratam dos recursos para o ensino da leitura e da escrita, bem como, as metodolo- gias para este ensino, posto que, entendemos que os recursos para o ensino da leitura e escrita e as me- todologias de ensino devam ser ob- jetos de amplas reflexões nas esco- las, no sentido de possibilitar a ela- boração de um processo educativo, favorável à aquisição da leitura e da escrita em níveis qualitativos, volta- dos ao aprendizado do aluno. Quan- do os professores desenvolvem pes- quisas no sentido de conhecer, em melhores proporções, as alternati- vas que favoreçam o aprendizado in- fantil, é possível desenvolver opor- tunidades de acesso à leitura em melhores condições dos alunos. A desvalorização do mundo infantil é caracterizada no momento que a professora inibe a manifesta- ção da brincadeira, do jogo, da inte- ração da criança com outras e nesse caso impede-se o desen- volvimento do diálogo entre as crianças. Assim, o quadro apresentado na escola, em diversos momentos, é marcado pela repressão e inibição do processo educativo voltado a emancipação dos sujeitos por isso é necessário se estabelecer na escola condições que facilitem o trabalho pedagógico através de recursos favoráveis a me- lhoria do ensino. Em muitas situa- ções os materiais estão disponíveis, mas o professor não sabe como usá- 18 DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM NA LEITURA E ESCRITA: DIAGNÓSTICO E INTERVENÇÃO los, em outros casos, estão danifi- cados, merecendo de manutenção. O trabalho conjunto entre a adminis- tração e o quadro técnico pode ser favorável à melhoria da qualidade do ensino na perspectiva metodoló- gica apresentada. Isto porque, acreditamos que os recursos, utilizados pelos profes- sores, precisam ser objeto de gran- de reflexão, para que haja um avan- ço na aprendizagem da leitura e da escrita. Para pensar essas questões, torna-se necessário refletir acerca da realidade e de sua transformação, somente porque os conteúdos de um programa assim pretendem e dis- põem. Essa transformação da reali- dade, esperada no processo educati- vo, depende do método e da meto- dologia aplicada, que deve apresen- tar tarefas, obstáculos e conjunturas que exijam transformações e respos- tas criativas. Sendo assim, o cami- nho a seguir nos leva a um método de “aprender fazendo”, como uma proposta pedagógica capaz de de- senvolver processos educativos de análises. Nesse sentido, entendemos que o aprender fazendo supõe expe- rimentar situações de aprendiza- gem, nas quais, os objetivos sejam, suficientemente, operacionais para que sejam traduzidos em atividades e acontecimentos que, mediante procedimentos e técnicas adequa- das, desencadeiam um processo de ser avaliado experimental e cientifi- camente. Portanto, acreditamos que, baseado numa metodologia ativa, o modelo e o processo metodológico garantem permanentemente a con- secução dos objetivos explícitos, nu- ma função educativa desenhada nes- sa metodologia, que necessariamen- te, permite a participação de quem dirige, de quem aprende e de quem ensina. A contribuição da Família e da Escola no processo de apren- dizagem Vygotsky (1995), evidencia essa função da escola para o desen- volvimento do individuo, através do ensino aprendizagem, demonstran- do que é, em seu interior, que serão substanciados os saberes cotidianos em saberes científicos, sendo que aqueles, correspondem aos saberes construídos no âmbito extraescolar e estes, referem-se aos saberes cons- truídos no interior das escolas, o saber sistematizado, bem elaborado, o saber socialmente “aceitável”, que sofrem modificações no âmbito es- cola e, posteriormente, se tornam instrumentos de interação e mudan- ça social. Rego (1994) confirma essa 19 DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM NA LEITURA E ESCRITA: DIAGNÓSTICO E INTERVENÇÃO interrelação de saberes ao afirmar que: Ao interagir com esses conhe- cimentos, o ser humano se trans- forma: aprende a ler e escrever, ob- ter o domínio de formas complexas de cálculos, construir significados a partir das informações descontex- tualizadas, ampliar seus conheci- mentos, lidar com conceitos hierar- quicamente relacionados são ativi- dades extremamente importantes e complexas, que possibilitam novas formas de pensamento, de inserção e atuação em seu meio. Isso quer di- zer que as atividades desenvolvidas e os conceitos aprendidos na escola (que Vygotsky chama de cientifico)introduzem novos modos de opera- ção intelectual: abstrações e genera- lizações mais amplas acerca da rea- lidade (que por sua vez transformam os modos de utilização da lingua- gem) e, consequência, na medida em que a criança expande seus conheci- mentos, modifica sua relação cog- nitiva com o mundo (...) (REGO, 1994, p.104). Nessa perspectiva o mesmo autor ainda afirma que, o desenvol- vimento do aprendizado do aluno incide na participação do adulto, se- ja ele o professor, os pais, ou outros adultos que convivem com os alu- nos. Diante desses aspectos revela- dos, a criança constrói seus conhe- cimentos numa relação dialética com o mundo em que vive. Assim não é apenas a escola que contribui nesse aprendizado, mas é uma so- matória de atividades que a criança vivência permitindo apropriar-se do conhecimento. Portanto, a escola as- sume papel destacado no processo educativo através da elaboração do conhecimento sistematizado que fa- vorece o desenvolvimento do aluno, diante da sociedade. É a partir do domínio da leitura e escrita que o homem constrói a sua sobrevivên- cia. Segundo Martins (2000) a es- cola ao possibilitar o aprendizado da leitura e da escrita auxilia o homem a integrar-se na vida social, de modo que a sua função na sociedade ca- pitalista é instrumentalizar o ho- mem para seu papel social. No pensamento expresso por Nunes (1992) é na escola que se re- velam em muitos casos problemas relacionados aos distúrbios da leitu- ra e da escrita e quando diagnosti- cado a tempo é possível ser corri- gido, de modo que alguns educado- res, ao refletir sobre o papel da esco- la no processo de aquisição da leitu- ra e da escrita, apontam para a ne- cessidade de elevar a qualidade dos recursos humanos para atender os alunos. Entende-se que a escola, atra- vés do acompanhamento sistemáti- co do aprendizado dos alunos, é pos- sível desenvolver um trabalho quali- 20 DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM NA LEITURA E ESCRITA: DIAGNÓSTICO E INTERVENÇÃO tativo, capaz de elevar o nível de apreensão da leitura e escrita. Assim o papel que a escola representa na vida da criança é importante no sentido de oportunizar o acesso ao conhecimento em bases sistematiza- das, visto que em nossa sociedade le- trada é observado o valor dado a aquisição da leitura e escrita de mo- do que o contexto escolar é o espaço favorável a apreensão do conheci- mento. Enfim, é necessário a escola proporcionar condições a criança se apropriar da leitura e escrita em di- mensões favoráveis ao seu aprendi- zado qualitativo, pois o momento que se revela como fator importan- te o domínio dessas dimensões na vida humana é possível a escola cumprir seu papel em elevadas pro- porções, visando o desenvolvimento do homem na sociedade que vive. A importância de Pais Leitores A participação dos pais, junto aos filhos, éa primeira associação possível entre o mundo da família e o da escola para que a criança inicie sua escolarização, é aquela entre a socialização primária e socialização secundária. Nas palavras de Benzer e Luckmann (1973, p. 175), “a sócia- lização primaria é a primeira sócia- lização que o indivíduo apresenta na infância, e em virtude da qual torna- se membro da sociedade. A sociali- zação secundária é qualquer proces- so subsequente que induz um indi- víduo já socializado em novos seto- res do mundo objetivo de sua so- ciedade”. O mundo interiorizado na so- cialização primária, torna-se muito mais entrincheirado na consciência, do que os membros interiorizados nas sociedades secundárias, segun- do Benzer e Luckmann (1973, p. 180). Nesse sentido, podemos afir- mar, inicialmente, que, crianças ad- vindas de lares em que, a leitura é uma constante, conseguem obter maiores sucessos na leitura, em comparação com aquelas, advindas de lares onde não se lê. Nesse caso, o ambiente sociofamiliar, de acordo com o pensamento expresso por Bourdie (1999) impede que o capital cultural seja favorável a ascensão das crianças das classes menos favo- recidas a terem êxito na escola. Em sendo, podemos afirmar que o ambiente familiar representa um papel importante no desenvolvi- mento do ser humano, especialmen- te na formação de atitudes e hábitos. Segundo Rêgo (1998), a imitação desempenha aspecto relevante na formação da personalidade da crian- ça e, o contato com o adulto possibi- lita o aprendizado em dimensões significativas, visto que, vivemos nu- ma sociedade letrada, onde se revela a valorização da leitura e, essa com- 21 DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM NA LEITURA E ESCRITA: DIAGNÓSTICO E INTERVENÇÃO petência na criança, pode ser apre- endida no ambiente familiar quando os pais são bons leitores. Na perspectiva apresentada por Vygotsky, a respeito da influên- cia socio-cultural, no processo de desenvolvimento humano, destaca- se a interação criança-adulto, no sentido de possibilitar avanços do aprendizado contextualizado à reali- dade vivenciada, e nesse leque de in- terações a leitura e escrita pode ser incentivada nas relações familiares. Nesse sentido, entendemos que os processos de aquisição de lei- tura e da escrita, em diversos casos, não são exclusividade da deficiência apresentada pela escola, pois o am- biente familiar, expresso por muitas crianças, não oferece condições de elevar seu aprendizado. Portanto, torna-se necessária a realização de diversos estudos e análises sobre a aquisição da leitura e da escrita, pela escola, acerca dos fatores que impe- dem o desenvolvimento da criança, neste processo construtivo da leitura e da escrita, estabelecendo propôs- tas pedagógicas favoráveis à eleva- ção do nível qualitativo de aprendi- zagem da criança, juntamente com a participação da família. Expressar níveis de domínio de leitura e escrita pode ser favorável para o desenvol- vimento da criança, o que certâmen- te poderá mudar a realidade de suas vidas. A Importância da Leitura e da Escrita A leitura é condição para a ple- na participação no mundo da cultu- ra escrita: Através dela podemos entrela- çar significados, entrar em ou- tros mundos, podemos atribuir sentidos, nos distanciar dos fatos e com uma postura crítica questionar a realidade, não correndo o risco de perder a cidadania da comunidade le- trada. Ler e escrever, porém no sen- tido restrito, ou seja, apenas o ensi- no do código da língua escrita para aquisição das habilidades de ler e escrever. Não se cogita a qualidade nem a profundidade da leitura mui- to menos o papel do futuro cidadão, atuando, positivamente na socieda- de. (MAROTE, 1996, p.49). Nesse contexto, a importância da aquisição da leitura e da escrita desponta como meio articulador pa- ra as classes menos favorecidas rom- perem com as restrições que lhes são impostas e, assim, possibilitam idea- lizar transformações em suas vidas. Nesse caso, o aprendizado é visto co- mo um meio de superação das difi- culdades que os segmentos menos favorecidos se encontram na so- ciedade desigual. De acordo com o pensamento expresso por Freire (2001), a leitura 22 DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM NA LEITURA E ESCRITA: DIAGNÓSTICO E INTERVENÇÃO é importante no sentido de oferecer ao homem a compreensão do mun- do e através dessa relação é possível a descoberta da realidade sobre a vida. Observa-se que na infância a leitura expressa um mundo particu- lar da criança, dando significado às coisas que lhe cercam. No momento que o homem aprende sobre as coi- sas que se expressam em seu mun- do, revela-se no seu processo de alfabetização uma tarefa criadora e nessa perspectiva revela-se, de acor- do com Freire (2001, p. 28), “a leitu- ra do mundo precede sempre a leitu- ra da palavra, a leitura do mundo e a leitura da palavra estão, dominante- mente, juntas.Omundo da leitura e da escrita se dá a partir de palavras e temas significativos”. Nesse aspecto, entendemos que a leitura e a escrita oferecem meios necessários ao homem para se comunicar e compreender o mundo, oferecendo a oportunidade de trans- formar suas relações. De acordo com Martins (1999), o ato de ler é usual- mente relacionado com a escrita e a esse respeito é possível de se efetivar diversas formas de leitura, tais como ler o olhar de alguém, ler o tempo, ler o espaço, e assim a importância da leitura e da escrita se destaca co- mo importante fator a ser conside- rado no desenvolvimento humano, posto que o conceito de leitura está, geralmente, restrito a decifração da escrita e sua aprendizagem. Em sendo, entendemos que a leitura e a escrita são indispensáveis ao processo de desenvolvimento hu- mano, especialmente no momento que o conhecimento se expressa co- mo fator fundamental para mudan- ças na vida social. Por conta disso, a escola deve priorizar, no contexto de sua atuação, o aprendizado da leitu- ra e da escrita, de acordo com a rea- lidade que o aluno vivencia e essa reflexão pode ser benéfica no senti- do de elevar o nível socio-cultural dos sujeitos na sociedade. Contudo, para que haja um verdadeiro avanço na prática da leitura e da escrita é preciso que os professores sejam comprometidos com a desmistificação das relações sociais, tenham clareza teórica e estimulem a presença, a discussão, a pesquisa, o debate e o enfrentamen- to de tudo que constrói o ser. Além disso, que esse profissional seja re- flexivo em sua prática pedagógica, sendo sensível à apreensão de pos- sibilidades e alternativas, tendo consciência de que é passível de erros e que, portanto, deve estar sempre questionando o seu fazer em sala de aula, indo além das ativida- des imediatistas, tendo em mente o tipo de homem que quer formar. 24 DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM NA LEITURA E ESCRITA: DIAGNÓSTICO E INTERVENÇÃO 3. Destrezas na Leitura e na escrita Fonte: Revista Galileu3 s habilidades da linguagem verbal são: a audição, a fala, a leitura e a escrita. Dentre estas, po- demos considerar a leitura como a mais difícil habilidade a ser adquiri- da. Por ser parte fundamental no processo de aquisição da lectoescri- ta, a leitura requer do indivíduo habilidade para decodificar e com- preender. Através da decodificação é possível identificar um signo (sím- bolo) gráfico pelo nome ou pelo som. Trata-se de uma competência lin- 3 Retirado em https://revistagalileu.globo.com/ guística que todo leitor possui, para reconhecer as letras gráficas e tradu- zi-las oralmente ou através de sig- nos. Habilidades como o conhecer do alfabeto, o domínio de leitura oral e a capacidade para transcrever um texto, caracterizam a aprendiza- gem da decodificação. No entanto, devemos nos lembrar de que conhe- cer o alfabeto, não significa simples- mente reconhecer as letras, mas e evolução da escrita (pictográfica, ideográfica...), como já fizemos ante- A 25 DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM NA LEITURA E ESCRITA: DIAGNÓSTICO E INTERVENÇÃO riormente, enquanto estudávamos “Os Fundamentos Teóricos da Alfa- betização e do Letramento”. Vimos que toda palavra possui uma origem e advêm de uma motivação. A habilidade para compreen- der permite que o indivíduo entenda o sentido ou conteúdo de mensagens escritas. A compreensão é uma habi- lidade que se desenvolve na medida em que o indivíduo progride na prá- tica da leitura de textos cada vez mais complexos. A Leitura, a Escrita e a Fala No processo de aprendizagem da fala é natural e ocorre nos grupos sociais do qual a criança faz parte. JOSÉ (1997, p. 75), constatou em suas pesquisas para que o êxito da criança no processo aprendizagem da escrita e da leitura está intima- mente ligado a questões como: o seu desenvolvimento fisiológico, emo- cional, intelectual e social. Concluiu ainda que a aquisição destas habili- dades (ler e escrever) pode apresen- tar semelhança com o processo que permite que o aluno desenvolva seu vocabulário verbal por meio da prá- tica pedagógica adequada. Sabemos que a fala antecede o processo de aquisição da lectoescri- ta. No entanto, devemos ter cons- ciência de que a fala influencia no pensar e agir da criança e, portanto pode interferir no processo de aprendizagem. A fala, a leitura e a escrita não podem ser consideradas como funções au tônomas e isoladas, mas sim como manifestações de um mesmo sis tema, que é o sistema funcional de língua- gem. A fala, a leitura e a escrita resultam da harmonia, do de- senvolvimento e da integração das várias funções que servem de base ao sistema funcional da linguagem desde o início de sua organização. (POPPO- VIC, 1997, p.76). Ainda segundo Poppovic (19 97), o homem possui três sistemas verbais, que são: a prática da fala (auditiva), a prática da visão (pala- vra lida) e a prática da escrita. Dos sistemas verbais citados, a audição é o primeiro a se manifestar, conside- rando que este exige menor maturi- dade psiconeurológica, além de seu processo de aprendizagem ser mais simples. No entanto, para ler e es- creve o indivíduo passará por um processo menos simples. Para aprender a falar a criança precisa ter uma palavra equivalente que a aprendizagem da fala necessita de uma palavra equivalente, para que só então seu vocabulário possa ser utilizado. A criança que apresenta algum tipo de transtorno de linguagem in- 26 DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM NA LEITURA E ESCRITA: DIAGNÓSTICO E INTERVENÇÃO terna possivelmente apresentará di- ficuldades em compreender os signi- ficados das palavras e consequente- mente terá problemas para elaborar símbolos verbais, como no caso das crianças com afasia global. Quando o educador recebe a criança na escola, este espera que ela já possua habilidade para expressar- se através da fala e para compreen- der a fala do outro. Estas são habi- lidades que contribuem significan- temente com o êxito do processo de alfabetização, visto que tanto a fala quanto a compreensão permitem que os estágios superiores da língua- gem (leitura, compreensão da pala- vra impressa e escrita). Processos da Capacidade Leitora A habilidade da leitura depen- de do desenvolvimento e atuação dos processos cognitivo-linguísticos em diversos níveis. O primeiro estí- mulo a ser explorado quando a criança inicia a aprendizagem da lei- tura é a visão que deve estar acom- panhada da capacidade de decodifi- cação e compreensão, sobre os quais já falamos anteriormente. Aqui, bus- caremos entender os processos que ocorrem nos níveis básicos e nos ní- veis superiores da capacidade lei- tora. Também chamados de “Pro- cessos de Nível Inferior”, os Proces- sos básicos tem a função compreen- der e reconhecer a palavra, sendo de grande importância nas primeiras fases vivenciadas pela criança no processo de alfabetização. Estes, merecem atenção maior do educa- dor e devem ser assimilados no pri- meiro ciclo do Ensino Fundamental. Caso isso não ocorra a criança pode ter sérios problemas no nível. Já os Processos de Nível Superior, busca a habilidade para compreender. Este nível é indispensável na aprendiza- gem da lecto-escrita, como já men- cionamos e também nas atividades de Literatura, pois funcionam de maneira interdependente ou intera- tiva. Processos Preceptivos A forma mais específica em que a percepção se manifesta no leitor é através da visão (percepção visual). A criança aprende a ler com os olhos, os quais se movimentam em “movimentos oculares sacádicos”. Os movimentos oculares ganham destrezas durante o processo de aprendizagemda leitura. A criança então alterna as fixações oculares, pois o indivíduo entender aquilo que lê se fixar o olhar. 27 DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM NA LEITURA E ESCRITA: DIAGNÓSTICO E INTERVENÇÃO Processos Léxicos Através do processo léxico, o educador poderá trabalhar a leitura oral. O primeiro passo é a soletração das palavras com adequada ento- nação. Existem duas rotas que condu- zem ao reconhecimento das pala- vras, as quais veremos a seguir: Rota Fonológica ou Via Indireta – VI: Suas principais fun- ções são: Identificar as letras através da análise visual; Recuperar os sons mediante a consciência fonológica; Pronunciar os sons da fala fazendo uso do léxico auditivo; Chegar ao significado de todas as palavras no léxico interno (vocabulário). A rota fonológica permite a leitura de tex- tos segmentando-os por força da metalinguagem, em seus compo- nentes (parágrafos, períodos, ora- ções, frases, sintagmas, palavras, morfemas), como também em síla- bas ou em sons da fala (fonemas). É através da rota fonológica o indiví- duo poderá alcançar a consciência fonológica e então, poderá ler as palavras escritas. Rota Visual, Léxica ou Via Direta – VD: Suas principais fun- ções são: Analisar globalmente a palavra escrita: análise visual; Ativar as notações léxicas; Chegar ao signi- ficado no léxico interno (vocabulá- rio); Recuperar a pronunciação no caso de leitura em voz alta. Esta rota é mais rápida que a anterior e permite o reconhecimento global da palavra assim como, sua pronuncia sem que seja preciso ana- lisar os signos que a compõe. O modelo de leitura através da rota direta permite explicar a facilidade que temos para reco- nhecer as palavras cuja imagem visual tem visto com muita fre- quência. Isto é, através desta rota podemos ler palavras que nos são familiares em nível de escrita. A rota direta é base para a prática do método global de leitura, também chamado cons- trutivista. (MARTINS, 2002, p. 03). 28 29 DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM NA LEITURA E ESCRITA: DIAGNÓSTICO E INTERVENÇÃO 4. Possíveis Causas dos Distúrbios e Transtornos de Aprendizagem na Leitura e na escrita Fonte: Diário da Manhã4 árias causas podem ser atribuí- das aos distúrbios de aprendi- zagem. Algumas delas serão citadas neste capítulo. Causas Orgânicas Envolve as cardiopatias, as en- cefalopatias, as deficiências senso- riais (visuais e auditivas), deficiên- cias motoras (paralisia infantil, pa- 4 Retirado em https://diariodamanha.com/ ralisia cerebral etc.), deficiências in- telectuais (baixo nível de inteligên- cia), disfunção cerebral e outras de- ficiências, transtornos e doenças que podem ser enfermidades permanen- tes ou não. Causas Psicológicas V 30 DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM NA LEITURA E ESCRITA: DIAGNÓSTICO E INTERVENÇÃO Ocasionadas por desajustes emocionais advindos da limitação que a criança apresenta no processo de ensino aprendizagem. Normal- mente está acompanhado de ansie- dade, insegurança e baixa autoes- tima. Causas Pedagógicas Esta causa está intimamente ligada as metodologias e interven- ções realizadas de forma inadequada pelos educadores; envolve ações co- mo: falta de estimulação das habili- dades necessárias na aprendiza- gem da leitura e à escrita na etapa da Educação Infantil; falta de percep- ção e atenção dos educadores que não diagnosticam os sintomas na pratica da sala de aula, alfabetização precoce (desconsideração do nível de maturidade da criança); deficiên- cia da relação entre educador e edu- cando; falta de capacitação profis- sional; inadequação de material di- dático e espaço físico (sala lotadas, livros ultrapassados e indisponibili- dade de brinquedos e jogos pedagó- gicos. Causas Socioculturais Deficiência de estímulos ade- quados por parte da família; desnu- trição; carência de contato cultural com o meio; marginalização ocasio- nada pelo sistema de ensino comum (escolas públicas eprivadas). Transtornos da Linguagem É difícil precisar o limite do “normal” e “patológico” no desen- volvimento da linguagem devido, sobretudo, aos diferentes ritmos que envolvem este processo. Ao abordar- mos questões advindas dos trans- tornos da linguagem, constatamos que os padrões normais de aquisição da linguagem estão alterados desde os estágios precoces do desenvolvi- mento. Tais desordens são caracteri- zadas por déficits na compreensão ou produção, os quais não são re- sultado de uma estimulação linguís- tica pobre, perda auditiva, deficiên- cia intelectual ou motora, ou doença neurológica. (...) uma criança tem um trans- torno de linguagem se a sua expressão e/ou compreensão da mesma são considerados de- ficientes, sempre que isso não puder ser explicado por uma perda auditiva, uma lesão cere- bral evidente, um transtorno emocional ou uma exposição inadequada à linguagem (RA- PIN, 2003, p.195.). Para que você entenda melhor as diferentes dificuldades que po- dem ocorrer na linguagem e influen- ciar o processo de alfabetiza da criança, a seguir, vamos analisar os 31 DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM NA LEITURA E ESCRITA: DIAGNÓSTICO E INTERVENÇÃO tipos linguísticos que compõem o sistema linguístico oral: Nível Fonológico: refere-se a or- ganização dos sons dentro de um sistema, atendendo ao seuvalor; Nível Semântico: Recebe influên- cia das relações sociais e caracterís- ticas culturais. Refere-se dos signifi- cados dos sinais linguísticos; ou se- ja, o conteúdo e significado das pala- vras e suascombinações; Nível Pragmático: refere-se a lin- guagem em relação com o indivíduo e as circunstâncias da comunicação (textos sociais, situacionais e comu- nicativos). Envolve o conhecimento prático, aplicado à fala ou a ação de permanecer em silêncio; Nível Sintático: Orienta na prática de expressão de conceitos através da elaboração de orações (unir e coor- denar palavras); Nível Morfológico: refere-se ao estudo das sílabas das palavras, as quais determinam a estrutura das mesmas segundo suas regras e for- mas variadas. Transtornos Específicos da Linguagem Oral Alterações de Linguagem com Maior Inci- dência na Área Expressiva Alterações da Linguagem que Afetam a Expressão e a Compreensão 1. Transtorno Fonético; 2. Transtorno Fonológico; 3. Gisglosia; 4. Disartria; 5. Dispraxia daLinguagem; 6. Taquifermia; 7. Disfemia; 8. Disfonia. 1. Atraso daLinguagem; 2. Disfasia; 3. AfasiaInfantil. Transtorno Fonético Estes transtornos afetam a produção da linguagem e conse- quentemente dificulta o processo de aquisição da escrita e leitura. A difi- culdade está localizada na área mo- tora, articulatória. Durante o desen- volvimento da linguagem podem aparecer diferentes tipos de trans- tornos fonéticos; isto ocorre porque a criança ainda não possui as ima- gens acústicas adequadas ou tam- bém porque seus órgãos de articula- ção ainda não estejam capacitados para realizar certos movimentos complexos com precisão. Os trans- tornos fonéticos são chamados de disfalias do desenvolvimento e ten- dem a desaparecer no processo de 32 DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM NA LEITURA E ESCRITA: DIAGNÓSTICO E INTERVENÇÃO evolução da linguagem, sem a neces- sidade de uma intervenção terapêu- tica. No entanto, se persistirem os sintomas, estes passam a serem con- siderados Transtornos Fonéticos, os quais ocorrem devido a um déficit cognitivo, sensorial ou sociocultural, ou a um Transtorno Emocional. Os seguintes sintomas devem ser obser- vados: Omissões: falta de emissão de um som; Substituições: de um som para o outro; Distorções: substituição de um som por outro que não perten- ce ao sistema fonético doidio- ma; Adição de som: aumento des- necessário de um determinado fonema. Transtorno Fonológico Dificuldade na oralidade de palavras. Ocorre precisamente no nível perceptivo e organizacional. Afeta a discriminação auditiva per- turbando os mecanismos de discri- minação dos sons. A expressão oral da criança com Transtorno Fonoló- gico é bastante pobre. Os erros são variáveis e geralmente a criança po- de pronunciar bem os sons isolada- mente, no entanto o erro pode vir a ocorrer na pronuncia da palavra. Os processos que podemos encontrar dentro deste transtorno são os se- guintes: Processos Substitutivos: afe- tam os sons produzindo mu- danças quanto ao ponto de ar- ticulação, no modo de pronun- ciar e nasonoridade; Processos Assimilativos: trata- se da assimilação de um som por outro por sua proximidade dentro da palavra; Processos que Afetam a estru- tura da Sílaba: falamos de uma tendência para reproduzir as sílabas ao esquema básico consoante - vogal e a simplifi- cação do numero total de síla- bas que formam a palavra. Da mesma forma que nos transtornos fonéticos, todos os pro- cessos assinalados são encontrados nas crianças, neste caso, até aproxi- madamente os 3 anos. Se persisti- rem após esta idade requer atenção por parte do adulto. Apesar do prog- nóstico deste transtorno normal- mente ser positivo é importante en- caminhar a criança a um programa de terapia da linguagem aos 5 anos no intuito de evitar dificuldades pos- teriores na aquisição da lectoescrita; também para evitar repercussões emocionais já que a criança com es- tas dificuldades pode sentir-se inibi- da para falar, evitando comunicar-se pela vergonha que sente em não conseguir expressar-se com clareza. A diferença entre um trans- torno fonético e um transtorno fo- 33 DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM NA LEITURA E ESCRITA: DIAGNÓSTICO E INTERVENÇÃO nológico é que no primeiro a altera- ção da pronuncia é permanente, seja linguagem espontânea ou na repe- tição. No transtorno fonético as alte- rações da pronuncia aparecem na linguagem espontânea; a criança normalmente é capaz de pronunciar adequadamente os elementos foné- ticos emseparado. Disglosia ou Dislalia Orgânica Encontramos alterações na ar- ticulação dos fonemas devido a pro- blemas congênitos ou adquiridos dos órgãos envolvidos na fala como a linguagem, os lábios, os dentes, a mandíbula e opalato. Disartria Este transtorno abrange as dificuldades que se apresentam no ato motor da emissão oral. A causa encontra-se numa alteração no con- trole muscular dos mecanismos as- sociados com a fala. Isto normal- mente ocorre devido a uma lesão no sistema nervoso central. Afeta a arti- culação, o ritmo, a acentuação. A causa mais frequente é a paralisia cerebral e seu tratamento deve ser enfocado do ponto de vista médico assim comologopédico. Entre as características da di- sartria podemos citar as seguintes: Movimentos orais afetados; Sintomas observáveis tanto nas emissões voluntárias nas automáticas; Alterações tanto no inicio da emissão quanto ao longo da mesma; Vozforçada; Dificuldade na coordenação respiratória; Movimento involuntários na língua e nos lábios; Presença de espasmos de glote; Articulação defeituosa por mobilidade restrita (ritmo de emissão muito lento, tom e volume da fala, alteração na duração dos sons, alterações na situação e duração das pau- sas); Os principais erros são de omissão e deformação. Dispraxia Verbal Refere-se a uma alteração gra- ve na articulação que consiste numa impossibilidade de executar movi- mentos complexos; esta dificuldade não se deve a transtornos motores. As características são as seguintes: Grande dificuldade para exe- cutar movimentos voluntários da língua, lábios e outros ór- gãos envolvidos na articu- lação; Alteração na gesticulação e na mímica voluntária; Fluidez verbal escassa poden- do chegar à ausência da fala; 34 DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM NA LEITURA E ESCRITA: DIAGNÓSTICO E INTERVENÇÃO Quando falam o fazem com expressões muito curtas; Alterações na organização dos fonemas, sílabas epalavras; Os principais erros ocorrem na substituição dos fonemas; Alterações no ritmo e na ve- locidade; A compreensão normalmente é conservada. Taquifemia Refere-se a uma forma desor- denada e rápida de falar. O nível es- trutural da linguagem não costuma ser afetado. As características da ta- quifemia são as seguintes: Tendência a falar muito rapi- damente; Omissão de sons e, inclusive, palavras completas dentro de uma frase; Omissões ocasionais de uma palavra dentro de uma frase; Repetição de sílabas e palavras de uma forma inconsciente; Falta de coordenação respira- tória que provoca um bloqueio na emissão. Fonte: https://www.vittude.com/ Disfemia ou Gagueira Refere-se a uma alteração no ritmo da fala que se manifesta com interrupções na fluidez da palavra. As alterações observadas são de dois tipos: Gagueira Clônica: repetições da primeira sílaba ou palavra de uma frase; Gagueira Tônica: refere-se a uma fala entre cortada. Advêm de um estado de imobilidade muscular por um espasmo, que não permite a emissão da palavra. Uma vez terminado o espasmo a palavra é pronun- ciada. Não está clara para os pes- quisadores a causa deste transtorno. Em todo caso podem influenciar fa- tores genéticos ou orgânicos ou fa- tores adquiridos. Como em outros transtornos da linguagem existe uma fase dentro do desenvolvimen- to da linguagem da criança onde sur- ge a disfemia evolutiva. 35 DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM NA LEITURA E ESCRITA: DIAGNÓSTICO E INTERVENÇÃO É importante ter claro que nos casos de disfemia a criança não consegue eliminar voluntariamente a sua dificuldade. O mais aconselhá- vel é não demonstrar impaciência, estar tranquilo e atento a mensagem que a criança quer nos transmitir. É muito importante não interromper nem corrigir, nem tentar terminar a mensagem pela criança. O mais im- portante é que ela tenha satisfação em falar. Transtornos da Linguagem que afetam a Expressão ea Compreensão Transtorno Etiologia Áreas Afetadas Atraso da Linguagem Transtorno do tipo neurológico, sensorial afetivo. Pouco conhecida e imprecisa. Expressão; Fonologia,morfologia. Compreensão. Orações de estrutura complexa e explicações longas. Disfasia Transtorno de tipo neurológico, cognitivo, sensorial e afetivo. Pouco conhecida e variada. Expressão. Fonética, fonologia, morfossintaxe e semântica conforme o déficit. Compreensão. Orações de estrutura complexa e explicações longas. Afasia Congênita Transtorno do tipo neurológico. Alteração massiva da expressão e da compreensão. Disfonia Refere-se a alteração da voz tanto na sua intensidade como no tom e timbre. As alterações que po- dem ocorrer são: Incômodo ao engolir ou mas- tigar; Rouquidão persistente; Voz de resfriado com emissão incorreta de M-N; Dificuldade nos agudos ou gra- ves; Tendência a respiração bucal; Voz apagada; Fadiga ao falar; Descordenação entre respira- ção e fonação. Atraso da Linguagem Esta é uma alteração determi- nada por critérios evolutivos: a lin- guagem surge mais tarde que o habitual e progride mais lentamen- te. A fala destas crianças lembra a de uma criança menor. Normalmente apresenta-se como um atraso homo- gêneo nas áreas fonológicas, mor- fossintática e semântica, ou seja, afeta a pronuncia dos fonemas, a estrutura interna das palavras e do 36 DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM NA LEITURA E ESCRITA: DIAGNÓSTICO E INTERVENÇÃO significado das palavras. Não se sabe com certeza qual a sua origem, mas é normalmente detectada na escola. Entretanto,apesar da detecção e tra- tamento precoce, essas crianças po- dem ter dificuldades na aprendiza- gem lectoescrita. As características mais impor- tantes deste transtorno são: Ausência do jargão espontâ- neo entre o 1º e 2º ano de idade; Surgimento das primeiras pa- lavras depois dos anos; Surgimento das primeiras combinações de palavras de- pois dos três anos; Linguagem ininteligível de- pois dos três anos e meio; Vocabulário pobre; A compreensão superior à ex- pressão; Possibilidade de um leve atra- so psicomotor; Estrutura de frases excessiva- mente simples depois dos 4 anos. Disfasia Também conhecido como atraso de linguagem. Afeta especí- fica de expressão; a compreensão é diminuída em menor grau. Não exis- te certeza sobre uma origem desta dificuldade. Uma linguagem aparece mais tarde que o habitual, entre dois anos e meio ou três anos e não segue os padrões normais de evolução. Sintomas da Disfasia a. Surgimento das primeiras pa- lavras depois dos três anos; b. Surgimento das primeiras combinações de palavras depois dos quatro anos; c. Expressão oral esquemática e simples depois dos seisanos; d. Dificuldades sérias nos níveis morfossintáticos e semânticos co- mo, por exemplo: Dificuldade para conjugar ver- bos; Dificuldade na concor- dância, gênero número; Pro- dução de Enunciados longos, po rém sem nexo de união nem flexão verbal. Dificuldade na evocação; Uso de bordões que substi- tuem palavras que não recor- dam; Permanência de ecolalia antes de responder; Rigidez no uso de estruturas sintáticas já conhecidas; Podem ser observados trans- tornos associados do tipo- temporal percepção visual, memória, atenção e outros. Classiftcação das Disfasias Rapim e Allen (2003), fazem a seguinte classificação das disfasias: a. Déftcitfonológico-sintático Nível de compreensão supe- rior à expressão; Dificuldade para entender 37 DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM NA LEITURA E ESCRITA: DIAGNÓSTICO E INTERVENÇÃO enunciados longos, complexos e ambíguos, fora de contexto ou expressos com certa ra- pidez; Problemas na fluidez; uso de frases curtas e expressões li- mitadas; Alterações naarticulação; Ø Pouca utilização decoerências; Nível morfológicoinadequado. b. Déftcit léxico –sintático Dificuldade para evocar, para encontrar as palavrasa pro- priadas; Déficit na compreensão de enunciado- complexo; Poucas alterações na pronun- cia; Fala fluida com algumas alte- rações de ritmo; Morfossintaxe afetada, ima- tura; Dificuldade para manter uma ordem temporal na frase. c. Déftcit SemânticoPragmático: O desenvolvimento da lingua- gem pode estar dentro de pa- râmetros normais; A linguagem expressiva costu- ma ser fluida, às vezes do ti- pologoréica; Pode existir uma pronuncia adequada; Frases bem estrutura das sin- taticamente; Existe uma falta de ajuste da sua expressão com o entorno, ou seja, que afeta, sobre tudo o uso da linguagem; Dificuldades de compreensão dos enunciados verbais com- plexos; Costuma apresentar ecolalia ou perserverações (repetição de sons, palavras ou frase). Os sintomas da disfasia nos permitem detectá-la tanto na escola como em casa. Uma detecção preco- ce é imprescindível para assegurar um melhor prognóstico. Afasia Infantil Congênita É a mais grave patologia den- tro dos transtornos na aquisição da linguagem. Apresenta uma lingua- gem pouco fluida e uma articulação deficiente. São capazes de produzir pouquíssimas palavras; em alguns casos ocorre uma ausência total da linguagem oral. Apesar de ter a audi- ção conservada a criança não pode processar a informação que lhe é apresentada pelo canal auditivo; o curioso é que se esta mesma infor- mação lhe for apresentada visual- mente pode chegar a entendê-la. As características da afasia in- fantil congênita são as seguintes: Surgimento da linguagem oral aos cinco ou seis anos, no mí- nimo. Expressão oral limitada à pa- lavras únicas ou frases curtas; No caso de haver linguagem a articulação está alterada; Dificuldades severas de com- preensão verbal; 38 DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM NA LEITURA E ESCRITA: DIAGNÓSTICO E INTERVENÇÃO Dificuldade associadas do tipo instrumental; Dificuldades associadas de comportamento. Não existem certezas sobre as causas da afasia. O diagnóstico é di- fícil e normalmente é feito descar- tando-se outras dificuldades. Transtornos da Linguagem na Educação Infantil Crianças com Transtornos de Linguagem sofrem prejuízos consi- deráveis no processo de alfabetiza- ção. O educador e/ou a família pode confundir os Transtornos com pro- blemas de atenção, comportamento, concentração ou até mesmo indisci- plina; o diagnóstico equivocado po- de ocasionar uma intervenção ina- dequada que poderá agravar ainda mais o problema. Por isso, é necessário que o educador conheça os sintomas e características dos diversos distúr- bios da linguagem para que possa elaborar estratégias e metodologias eficazes. Veremos a seguir, três aspec- tos que influenciam na linguagem da criança, afetando seu desempenho escolar: Aspecto Fonológico Sintático: Claro atraso na consciência fo- nológica. Isto influenciará di- retamente no processo de aprendizagem da língua escri- ta nos seus aspectos alfabéti- cos e ortográftcos (crianças dislálicas); Falhas morfogramaticais; Utilização equivocada dos tempos verbais; Pode apresentar linguagem te- legráfica. AspectoSemântico: Parafasias e anomias; Compreensão pobre da língua- gem; Comprometimento do uso e da compreensão da lógica grama- tical. AspectoPragmático: Falta de atenção diante de in- formações não verbais. Não consegue contextualizar suas próprias mensagens não ver- bais emconversas; Apresenta comprometimento do raciocínio e, consequente- mente, nas atividade saritmé- ticas; Em sala de aula pode apre- sentar sinais como: A leitura odesagrada; Não participa de discussões orais; Demonstra dificuldade para explicar coerentemente con- ceitos e significados; Utiliza uma linguagem e voca- bulário “pobres”; Não apresenta fluidez verbal; Encontra dificuldade para vo- calizar rapidamente; 39 DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM NA LEITURA E ESCRITA: DIAGNÓSTICO E INTERVENÇÃO Estabelece pouca interação em sala de aula e quando a faz, apresenta inadequação; Demonstra insegurança ao dialogar com os colegas de classe; Demonstra dificuldade para recordar palavras; Encontra grande dificuldade na estruturação gramatical. Dislexia A dislexia é um dos termos mais utilizados dentro das dificul- dades de aprendizagem. Sendo a aprendizagem da lectoescrita tão complexa como foi mencionado, as dificuldades que podem se apre- sentar neste processo são igualmen- te complexas. A Dislexia é conside- rada uma síndrome, porque o dis- léxico nunca tem só um problema, podendo ser considerados vários fatores causados da incapacidade de ler, escrever e de lidar com números, além de vários sintomas por meio dos quais ela se manifesta. O traço mais comum entre os disléxicos é a confusão da ortografia de letras si- métricas, isto é, a disortografia (QUEIRÓS, 1978, p.111). Compreender as causas pelas quais uma criança tem dificuldade na sua lecto-escrita é de suma im- portância para encontrar estratégias adequadas para enfrentar sua difi- culdade. Nem todas as crianças que tem dislexia apresentam as mesmas características, sendo a única carac- terística comum, apresentarem difi- culdade na lectoescrita. Ao ser a lei- tura e escrita os mediadores do ensi- no na grande maioria das escolas, encontramos uma alta porcentagem de crianças que carecem dos instru- mentos básicos para uma escolari-zação bem sucedida. A dislexia re- presenta um déficit na capacidade de simbolizar, começa a se definir a partir da necessidade que tem a criança de lidar receptivamente ou expressivamente com a representa- ção da realidade, ou antes, com a simbolização da realidade, ou pode- ríamos também dizer, com a no- meação do mundo (MYKLE- BUST, 1997, p. 83-84). A capacidade intelectual da pessoa com dislexia muitas vezes está acima da média. Cada pessoa com dislexia possui pelo menos mais um parente com comprometimento na leitura e na escrita, por isso a hereditariedade é considerada pelos estudiosos. Alguns casos podem ser mal interpretados. É necessário esclare- cer que a dislexia não está relaciona- da a toda e qualquer dificuldade na leitura e na escrita. O diagnóstico deve ser realizado com cautela para que não seja confundido com uma fase de adaptação às primeiras re- gras de escrita. 40 DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM NA LEITURA E ESCRITA: DIAGNÓSTICO E INTERVENÇÃO Como já vimos, no decorrer do processo de aprendizagem é comum que a criança apresente trocas, in- versões, aglutinação de palavras, entre outros. No entanto, tais difi- culdades são superadas com o tem- po. Existem, no entanto, casos em que as dificuldades relacionadas à leitura e a escrita permanecem ape- sar da criança possuir um nível de habilidades cognitivas e inteligência normal. Nesta situação podemos es- tar lidando com um caso de dislexia. São considerados sintomas da dislexia: O atraso na aprendizagem de algumas atividades de vida diária como, por exemplo: se- gurar a colher corretamente, amarrar o cadarço sem auxilio, manusear a escova de entes de forma adequada, entre outros; Comprometimento na aquisi- ção de habilidades para loco- mover-se; Erros por confusões na proxi- midade especial: confundi le- tras simétricas, confusão por rotação e por inversão de síla- bas. Confusões por proximidade articulatória e sequelas de dis- túrbios de fala: Confundi por proximidade ar- ticulatória, omite grafemas e sílabas. As características linguísticas mais marcantes que envolvem as habilidades de leitura escrita, das crianças disléxicas, são: Fazem uso dos dedos das mãos para realizar cálculos; Apresentam comprometimen- to nas situações que requerem dele habilidade para sequen- ciar, como por exemplo:orga- nizar objetos na forma cres- cente e decrescente, dias da se- mana, meses do ano, horários, letras do alfabeto, entre ou- tros; Têm dificuldade para recordar acontecimentos do passado - memória recente comprome- tida; Apresentam dificuldade acima da média nos ditados e produ- ções de texto, no entanto, con- seguem fazer cópias adequa- damente; A dislexia é mais frequente em meninos; Acúmulo e persistência de er- ros que envolvem soletração, leitura e ortografia; Quando é solicitado que ele leia alguma coisa, o faz mur- murando; Confundem letras, sílabas ou palavras simples que apresen- tam alguma semelhança co- mo: C - O; i - j; F - T; H - N; E - C; M - N; V – U; A -O; Confundem letras, sílabas ou palavras simples, que apresen- tam alguma semelhança, no entanto, com diferenças com relação a orientação no espa- ço, como: B - D; B - P; D - B; D - P; D - Q; N - U; W - M; A -E. 41 DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM NA LEITURA E ESCRITA: DIAGNÓSTICO E INTERVENÇÃO Confundem letras que pos- suem um ponto de articulação, em comum, além de sons so- noros parecidos como: D - T; J - X; C - G; M – B - P; V -F. Invertem silabas ou palavras total ou parcialmente, tais co- mo : ME - EM;SOL- LOS; SOM - MOS; SAL - LAS; PAL - PLA. Como vimos, erros gramati- cais são muito comuns e, sua fre- quência, torna impossível a compre- ensão das ideias para quem lê e para quem escreve, pois, a dislexia não implica somente, na dificuldade de leitura, mas também, na dificuldade da escrita. Observe o texto a seguir: “O galo e o cachorro viajavam juntos. Tinham atravessado montanhas e rios e encontra- vam-se num bosque quando foram surpreendidos pela noi- te. O galo acocorou-se num ca- valo enquanto um cachorro decidiu proteger-se num bura- co de uma árvore e vigiar dali. Ao amanhecer, quando o galo cantou, a raposa que andava por ali respondeu e deitou-se ao pé da árvore.” É assim que uma pessoa com dislexia visualiza o texto A dislexia é também denomi- nada como “atraso leitor”. Habitual- mente, diz-se que uma criança é dis- léxica, quando encontra dificuldades na aprendizagem da leitura, apesar de ter um desenvolvimento intelec- tual adequado para esse processo. Lunay (1984, p. 115) admite que, a dislexia é concebida como um distúrbio psicopedagógico, com anamne-se frequente, mas não cons- tante dos distúrbios da linguagem ou da orientação espacial, dos fato- res iniciais, constitucionais uns e dependentes do meio outros (...). Entre os fatores do meio ocupa um lugar o fator pedagógico, e não cer- tamente porque uma pedagogia ina- dequada possa por si só criar uma dislexia, mas porque pode encami- nhar uma criança com uma matu- ridade medíocre para o caminho da dislexia. Intervenção Pedagógica na dislexia No caso da dislexia a interven- ção tem caráter de urgência e o pro- fessor deve trabalhar em parceria com a família e o psicopedagogo. O aluno deve ser integrado tanto na sala de aula, quanto no seio familiar e na sociedade, de modo que seja possível desenvolver sua autonomia como indivíduo responsável e com- petente. Estimular sua autoestima 42 DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM NA LEITURA E ESCRITA: DIAGNÓSTICO E INTERVENÇÃO também é importante, para que ocorra o processo em que este des- frute de seu direito de educar-se. Distúrbios de Aritmética Alguns alunos apresentam di- ficuldade para compreender os enunciados matemáticos e opera- ções aritméticas expressados através linguagem matemática. Estas difi- culdades, das limitações na leitura e escrita que devem ser solucionadas para que posteriormente o aluno consiga vencer os desafios matemá- ticos. Discalculia A disciplina de Matemática sempre causou pânico em muitos alunos. Eles não compreendem as atividades e apresentam baixo ren- dimento. É bem verdade que em muitos desses casos a dificuldade não está no aluno, mas no professor que não adéqua suas atividades às neces- sidades e capacidade dos alunos. Em muitos casos o problema não está na criança, mas no professor que elabo- ra problemas com enunciados ina- dequados para a idade cognitiva da criança. Carraher afirma que: Vários estudos sobre o desen- volvimento da criança mostram que termos quantitativos como “mais”, “menos”, maior”, “me- nor” etc. são adquiridos grada- tivamente e, de início, são uti- lizados apenas no sentido ab- soluto de “o que tem mais”, “o que é maior” e não no sentido relativo de” ter mais que” ou “ser maior que”. A compreen- são dessas expressões como in- dicando uma relação ou uma comparação entre duas coisas parece depender da aquisição da capacidade de usar da lógica que é adquirida no estágio das operações concretas “...” O pro- blema passa então a ser algo sem sentido e a solução, ao in- vés de ser procurada através do uso da lógica, torna-se uma questão de adivinhação. (CAR- RHER, 2002 p.72). As Causas da Discalculia Causas Pedagógicas: Habilidade intelectual abaixo do nível e com- prometimento das funções do siste- ma nervoso central. Memória auditiva e aritmética: A criança não consegue recordar os números com agilidade, devido a: comprometimentos na capaci- dade de reorganização audi- tiva; reconhece o número quando o ouve, mas não consegue pro- nunciá-lo quando deseja; nem sempre consegue dizê-lo quando quer. Essas características podem ser consideradas por pais e profes- sores como uma postura
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