Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
UNIVERSIDADE FEEVALE LUANA PINHEIRO ANÁLISE DA INFLUÊNCIA DE ADITIVOS CRISTALIZANTES EM ARGAMASSAS Novo Hamburgo 2020 LUANA PINHEIRO ANÁLISE DA INFLUÊNCIA DE ADITIVOS CRISTALIZANTES EM ARGAMASSAS Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial à obtenção do grau de Bacharel em Engenharia Civil pela Universidade Feevale. Orientadora: Prof.ª Dra. Carina Mariane Stolz Novo Hamburgo 2020 LUANA PINHEIRO Trabalho de Conclusão do Curso de Engenharia Civil, com o título “Análise da influência de aditivos cristalizantes em argamassas”, submetido ao corpo docente da Universidade Feevale, como requisito necessário para obtenção do Grau de Bacharel em Engenharia Civil. Aprovado por: _________________________ Professora Dra. Carina Mariane Stolz Professora orientadora _________________________ Professor Dr. Eduardo Polesello Banca examinadora _________________________ Professora Dra. Juliana Alves de Lima Senisse Niemczewski Banca examinadora Novo Hamburgo, junho de 2020. AGRADECIMENTOS Agradeço à professora Carina, orientadora deste trabalho, por toda a ajuda, pelo conhecimento e pelas ideias partilhadas ao longo dessa trajetória, não somente no que diz respeito ao trabalho, mas ao longo de todo o curso. Agradeço aos meus pais, Joel e Roseli, por todo incentivo que tive durante toda minha vida a cursar o Ensino Superior. Sem vocês eu nunca chegaria até aqui. O exemplo de valores visto em vocês ao longo de toda vida me tornou a pessoa que sou hoje. Agradeço à Letícia, minha irmã e amiga. Você é exemplo de força e desenvoltura ao lidar com as dificuldades da vida. Agradeço também ao Joaquim e à Isabela, meus sobrinhos, responsáveis por trazer luz e alegria à minha vida. Agradeço à Paula Streit por toda a paciência e o auxílio dados durante a reta final deste trabalho. Com a sua ajuda tudo se tornou mais fácil. À minha psicóloga, Luciane Vargas, pelo acompanhamento durante essa jornada, por ser minha ouvinte, por me auxiliar nos momentos de ansiedade e por me ajudar a vencer a depressão. Você tem minha eterna gratidão. Aos professores que tive durante todo o curso, pelos ensinamentos passados. A Alisson, Bruno, Fábio, Izaiano e Naiara, do Laboratório de Técnicas Construtivas, pela atenção e pelo auxílio durante os ensaios realizados neste trabalho. Por fim, agradeço aos amigos que me apoiaram durante todos esses anos assim como aos amigos conquistados nestes anos de graduação, pelo incentivo e pela amizade. Especialmente à Luísa, que esteve ao meu lado durante toda a trajetória desta pesquisa. RESUMO A utilização de argamassa é altamente difundida em todo o território brasileiro, sendo utilizada para diferentes finalidades, como no assentamento de tijolos, blocos e azulejos e na impermeabilização e regularização de superfícies. Diante da grande incidência de manifestações patológicas em revestimentos de argamassa, principalmente da fissuração, existe no meio técnico uma busca crescente de melhoria dos materiais e das técnicas de execução desse sistema. Nesse sentido, a impermeabilização tem grande importância na construção civil, visando prolongar a vida útil e evitar infiltrações, uma vez que o custo para resolução dessas complicações é alto. Em vista disso, os aditivos surgem para auxiliar na qualidade e no desempenho dos materiais de construção, podendo alterar as propriedades das argamassas nos estados fresco e endurecido e evitar, por exemplo, a passagem de água e vapores que causam manifestações patológicas por umidade nas construções. Nesse contexto, observa-se a crescente utilização do aditivo cristalizante como redutor de permeabilidade em estruturas de concreto, mesmo havendo poucos estudos sobre seu uso em argamassas. Logo, torna-se necessário o desenvolvimento de pesquisas nesta área. Diante desse cenário, o presente trabalho analisou a influência do aditivo cristalizante em argamassas através da avaliação de suas propriedades nos estados fresco e endurecido, com teores de aditivo de 0, 0,5 e 1% (em relação à massa de cimento) e examinou o comportamento das argamassas submetidas a ciclos de envelhecimento. As argamassas foram produzidas com dois diferentes traços, 1:1 e 1:3 (cimento:areia, em volume), e foram submetidas à ciclos de envelhecimento de 28 e 56 dias. Nos ensaios foram utilizadas argamassas com e sem a incorporação de aditivos cristalizantes com o intuito de comparar o comportamento de ambos os materiais. Os resultados mostraram que no estado fresco as argamassas parecem não ter sofrido muita influência do aditivo. Nas propriedades do estado endurecido, através da análise estatística, foi possível concluir que a resistência à tração na flexão e absorção por capilaridade foram influenciadas pelo aditivo cristalizante. A resistência à compressão e a densidade de massa não foram influenciadas significativamente pelo aditivo. Palavras-chave: Argamassa. Aditivo cristalizante. Propriedades. Envelhecimento acelerado. ABSTRACT The use of mortar is highly widespread throughout the Brazilian territory, and it is used for different purposes, such as laying bricks, blocks, installing tiles, waterproofing and leveling surfaces. In view of the high incidence of pathological manifestations in mortar coverings, especially cracking, people from the area have been looking for ways to improve material and techniques for using this kind of system. Thus, waterproofing is of great importance for the construction industry, in order to increase service life and avoid infiltration, since solving related problems is expensive. In this scenario, some additives are available to improve both quality and performance of construction material, being able to change properties of mortar in its fresh and hardened states and to avoid, for example, the passage of water and vapors which causes pathological manifestations of humidity in constructions. Therefore, there has been an increasing use of crystallizing additive to reduce permeability in concrete structures, despite the few studies carried out on its use in mortar. Hence, research must be carried out in this area. Based on this scenario, this study analyzed the influence of crystallizing additive in mortar through the assessment of its properties in both fresh and hardened states, with additive contents of 0, 0.5 and 1% (in relation to cement mass) and investigated the behavior of mortar subjected to aging cycles. Mortars were produced with two different mix ratios, 1:1 and 1:3 (cement:sand, in volume), and were subjected to aging cycles of 28 and 56 days. For the assays, mortars with and without the addition of crystallizing additives were used so that the behavior of both materials could be assessed. The results showed that in their fresh state mortars do not seem to have been significantly influenced by the additive. Regarding the properties of the hardened state, based on statistical analysis, it was possible to conclude that tensile strength in flexion and capillary absorption were influenced by the crystallizing additive. Resistance to compression and mass density were not significantly influenced by the additive. Keywords: Mortar. Crystallizing additive. Properties. Accelerated aging. LISTA DE FIGURAS Figura 1 – Representação esquemática da formação dos cristais .......................... 27 Figura 2 – Fluxograma do programa experimental ................................................. 31 Figura 3 – Ensaios de caracterização do cimento: massa unitária ......................... 32 Figura 4 – Ensaios de caracterização do cimento: massa específica..................... 33 Figura 5 – Ensaios nos estados fresco e endurecido das argamassas com diferentes teores de aditivo cristalizante ................................................ 36 Figura 6 – Determinação do Índice de Consistência da argamassa 1:3 0% de aditivo cristalizante ................................................................................ 38 Figura 7 – Ciclo de cura dos corpos de prova de argamassa ................................. 39 Figura 8 – Ensaio de absorção por capilaridade .................................................... 40 Figura 9 – ANOVA da resistência à tração na flexão .............................................. 45 Figura 10 – ANOVA da resistência à compressão com diferentes teores de aditivo ao logo do tempo .................................................................................. 48 Figura 11 – ANOVA da absorção por capilaridade com diferentes teores de aditivo ao longo do tempo................................................................................. 50 Figura 12 – ANOVA da densidade de massa com diferentes teores de aditivo ao longo do tempo ..................................................................................... 53 LISTA DE QUADROS Quadro 1 – Propriedades das argamassas .............................................................. 17 Quadro 2 – Tipos de aditivos ................................................................................... 23 Quadro 3 – Diferentes ciclos de cura utilizados ........................................................ 29 Quadro 4 – Estudo de diferentes autores com a utilização do aditivo cristalizante ... 30 Quadro 5 – Caracterização do aditivo ...................................................................... 36 Quadro 6 – Nomenclatura da análise estatística ...................................................... 43 LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1 – Absorção de água por capilaridade de argamassas com e sem aditivo cristalizante ........................................................................................... 28 Gráfico 2 – Curva granulométrica do agregado miúdo ............................................. 35 LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Resultados para o ensaio de compressão aos 28 dias........................ 28 Tabela 2 – Resultados dos ensaios realizados ..................................................... 29 Tabela 3 – Propriedades do cimento .................................................................... 33 Tabela 4 – Caracterização do agregado miúdo natural ......................................... 34 Tabela 5 – Composição do agregado miúdo ......................................................... 35 Tabela 6 – Quantitativo de materiais utilizados no preparo da argamassa ............ 38 Tabela 7 – Resultados médios das propriedades no estado fresco ...................... 42 Tabela 8 – Resultados médios de resistência à tração na flexão .......................... 44 Tabela 9 – ANOVA da resistência à tração na flexão com diferentes teores de aditivo ao longo do tempo ................................................................... 45 Tabela 10 – Resultados médios de resistência à compressão ................................ 47 Tabela 11 – ANOVA da resistência à compressão com diferentes teores de aditivo ao longo do tempo ................................................................... 47 Tabela 12 – Coeficientes de capilaridade médios ................................................... 49 Tabela 13 – ANOVA da absorção por capilaridade com diferentes teores de aditivo ao longo do tempo ................................................................... 50 Tabela 14 – Resultados médios de densidade de massa ....................................... 52 Tabela 15 – ANOVA da densidade de massa com diferentes teores de aditivo ao longo do tempo ................................................................................... 52 LISTA DE ABREVIATURAS a/c água/cimento cm centímetro cm2 centímetro quadrado cm3 centímetro cúbico dm2 decímetro quadrado g grama h hora kg quilograma l litro m3 metro cúbico MgO óxido de magnésio min. minuto mm milímetro MPa Mega Pascal SO3 óxido sulfúrico oC grau Celsius LISTA DE SIGLAS ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas AC Aditivo Cristalizante AN Areia Natural ANOVA Análise de Variância CP Corpo de Prova CPI Cimento Portland sem adição de fíler calcário CP I Cimento Portland Comum CP II Cimento Portland Composto CP II-F Cimento Portland com adição de fíler calcário CP III Cimento Portland de Alto-forno CP IV Cimento Portland Pozolânico CV Coeficiente de Variação DP Desvio-padrão LABTEC Laboratório de Técnicas Construtivas NBR Norma Técnica Brasileira NM Norma Mercosul PCE Policarboxilato-Éster PF Perda ao Fogo PNS Polinaftaleno-Sulfonatos RI Resíduo Insolúvel LISTA DE SÍMBOLOS μm micrômetro % percentual ± mais ou menos < menor ≤ menor ou igual ≥ maior ou igual SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 14 1.1 OBJETIVOS ................................................................................................ 15 1.1.1 Objetivo geral ............................................................................................ 15 1.1.2 Objetivos específicos ................................................................................ 15 2 REFERENCIAL TEÓRICO .......................................................................... 16 2.1 ARGAMASSAS ........................................................................................... 16 2.1.1 Argamassas de cimento ........................................................................... 19 2.1.2 Argamassas com cal ................................................................................. 20 2.1.3 Argamassas com aditivos ........................................................................ 22 2.2 ADITIVOS CRISTALIZANTES ..................................................................... 26 3 MATERIAIS E MÉTODOS .......................................................................... 31 3.1 MATERIAIS ................................................................................................. 32 3.1.1 Cimento ...................................................................................................... 32 3.1.2 Agregado miúdo natural ........................................................................... 33 3.1.3 Água ........................................................................................................... 35 3.1.4 Aditivo ........................................................................................................ 35 3.2 MÉTODOS .................................................................................................. 36 3.2.1 Ensaios no estado fresco ......................................................................... 37 3.2.2 Ensaios no estado endurecido ................................................................. 38 3.2.2.1 Resistência à tração na flexão e à compressão ........................................... 40 3.2.2.2 Absorção por capilaridade ........................................................................... 40 3.2.2.3 Densidade de massa ................................................................................... 41 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES ................................................................ 42 4.1 ENSAIOS NO ESTADO FRESCO ............................................................... 42 4.2 ENSAIOS NO ESTADO ENDURECIDO...................................................... 43 4.2.1 Resistência à tração na flexão e à compressão ...................................... 44 4.2.2 Absorção por capilaridade ....................................................................... 49 4.2.3 Densidade da massa ................................................................................. 51 5 CONCLUSÃO ............................................................................................. 55 6 SUGESTÕES DE TRABALHOS FUTUROS ............................................... 56 REFERÊNCIAS ........................................................................................... 57 APÊNDICE A – RESULTADOS DO ESTADO ENDURECIDO ................... 62 14 1 INTRODUÇÃO A constante busca por inovações na construção civil vem crescendo, principalmente na área de impermeabilização, devido aos problemas ocasionados pela penetração de água nas edificações, gerando manifestações patológicas. A Norma Técnica Brasileira (NBR) 15.575 define como manifestação patológica a não conformidade do produto em função de falhas de projeto, montagem, execução ou no uso sem devida manutenção, assim como devido à problemas que não decorram do envelhecimento natural da edificação (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2013). As manifestações patológicas, se não resolvidas, reduzem a vida útil das edificações, gerando prejuízos financeiros e à saúde dos ocupantes. Um dos fatores necessários para que se atinja a vida útil de uma edificação é que ela atenda ao requisito de estanqueidade, que é a propriedade que um elemento tem de impedir a passagem ou penetração de fluidos, segundo a NBR 9.575 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2010). Mesmo sendo uma das responsáveis pela proteção, durabilidade e estanqueidade das edificações, a argamassa ainda é objeto de poucas pesquisas. Os problemas provenientes da umidade, uma das principais causas de manifestações patológicas em argamassas, são recorrentes dentro da construção civil e podem prejudicar a durabilidade da construção, causar infiltrações e prejuízos à saúde dos ocupantes. Anilla et al. (2017) citam mofo e umidade como problemas mundiais nas edificações, capazes de causar os mais diversos sintomas em seus ocupantes. À vista disso, uma das formas de minimizar esse problema e evitar manifestações patológicas é através do uso de aditivos impermeabilizantes, dada sua capacidade de redução de permeabilidade. Muito promissor no mercado, o aditivo cristalizante vem sendo grande aliado na redução de permeabilidade, tendo resultados positivos em concreto comprovados através de pesquisas, como corrobora Bianchin (2018). Em suas pesquisas, o autor comprova a capacidade de redução da absorção de água por capilaridade do concreto. Igualmente, Bianchin (2018) constata o ganho de resistência à compressão dos corpos de prova com a presença de aditivo cristalizante, assim como Jantsch (2015) na incorporação dos mesmos em argamassas estabilizadas de 36 e 72 horas. No entanto, os fabricantes de aditivos cristalizantes não recomendam seu uso em argamassas, de forma que existem poucas pesquisas dessa utilização, o que foi 15 comprovado através de pesquisa realizada em agosto de 2019, em plataforma amplamente conhecida de revistas científicas, chamada Science Direct. Através da pesquisa pelo termo “crystallizing additive mortar”, que significa “argamassas com aditivo cristalizante”, 1.980 resultados de artigos dos anos de 2014 a 2019 foram obtidos, sendo apenas dois desses resultados relativos a trabalhos que investigaram o efetivo uso de aditivo cristalizante em argamassa. Os demais resultados contemplavam apenas os termos pesquisados, “cristalizantes” ou “argamassas”, isoladamente. Dessa forma, o presente trabalho visa contribuir para o entendimento do comportamento de argamassas quando incorporado em seu proporcionamento aditivo cristalizante. 1.1 OBJETIVOS Os objetivos gerais e específicos do presente trabalho serão apresentados nos itens a seguir. 1.1.1 Objetivo geral O principal objetivo deste estudo é avaliar a eficiência do uso do aditivo cristalizante em argamassas. 1.1.2 Objetivos específicos Os objetivos específicos deste estudo são: a) avaliar a influência do aditivo cristalizante nas propriedades do estado fresco de argamassas; b) investigar a influência do aditivo cristalizante nas propriedades mecânicas de argamassas; c) analisar a influência de diferentes teores de aditivo cristalizante nas propriedades das argamassas; d) identificar o comportamento das argamassas ao longo do tempo quando submetidas a ciclos de envelhecimento. 16 2 REFERENCIAL TEÓRICO Neste capítulo será apresentado o embasamento teórico deste estudo. Serão abordados, portanto, aspectos como a descrição das argamassas de cimento e cal, os aditivos cristalizantes, suas composições, seus traços e propriedades nos estados fresco e endurecido. 2.1 ARGAMASSAS No ano de 1985, durante a escavação de uma rua em Israel, foi encontrado o que é considerado o mais antigo emprego de argamassa em uma construção, que ocorreu há mais de 11.000 anos, sendo um registro pré-histórico. As argamassas desse período eram produzidas à base de cal e areia (CARASEK, 2010). Atualmente a NBR 13.281 define argamassa como mistura de aglomerantes ou mistura homogênea de agregado(s) miúdo(s) e água. Nesse processo pode-se optar por utilizar ou não aditivos. Tal mistura pode ser dosada em obra ou, inclusive, industrializada (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2005d). Os principais aglomerantes utilizados nas argamassas são o cimento e a cal, responsáveis por inúmeras contribuições nas suas propriedades, tanto no estado fresco quanto endurecido. O material mais empregado na produção das argamassas no Brasil é o cimento Portland (BAUER; SOUSA, 2005), diretamente ligado às propriedades das argamassas, principalmente à resistência mecânica. O aglomerante é composto por finas partículas, colaborando com a retenção de água na pasta e a plasticidade (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CIMENTO PORTLAND, 2002). Nas argamassas onde só há a cal como aglomerante, são beneficiadas as propriedades de trabalhabilidade e absorção de deformações, no entanto, as propriedades de resistência mecânica e aderência são prejudicadas. Todavia, com o uso de cimento e cal nas argamassas, denominadas argamassas mistas, a cal, devido à sua finura, contribui para uma maior retenção de água. Desse modo, pode-se dizer que o uso da cal favorece a hidratação do cimento e também a trabalhabilidade e a capacidade de absorção de deformações do produto (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CIMENTO PORTLAND, 2002). Além disso, faz-se necessário citar o agregado como importante componente na composição da argamassa. Segundo Yazigi (2000), o agregado é um material 17 granular, sem forma e volume definidos, de dimensões e propriedades convencionadas para seu uso em construções, sendo classificado de acordo com sua origem, dimensões e peso unitário. Em argamassas, como explica o autor, utiliza-se o agregado miúdo, com diâmetro máximo igual ou inferior a 4,8 mm, podendo ser natural ou artificial resultante da britagem de rochas. Ademais, levando-se em conta a reação química entre os componentes, torna- se indispensável a presença da água, utilizada nas argamassas como elemento que confere continuidade à mistura, possibilitando as reações com os aglomerantes. A água é utilizada para regular a consistência a fim de obter a trabalhabilidade desejada, porém é necessário utilizar uma quantidade pré-estabelecida desse elemento para que os requisitos estabelecidos nas normas técnicas sejam atendidos. Não é recomendado o uso de água contaminada e com excesso de sais solúveis, o que poderia influenciar o desempenho do composto elaborado (ASSOCIAÇÃOBRASILEIRA DE CIMENTO PORTLAND, 2002). Conforme Baía e Sabatini (2000), através da composição da argamassa, se desejam obter propriedades específicas, tanto no estado fresco quanto no endurecido. O Quadro 1 apresenta as principais propriedades das argamassas. Quadro 1 – Propriedades das argamassas Estado fresco Estado endurecido Massa específica e teor de ar Aderência Trabalhabilidade Capacidade de absorver deformações Retenção de água Resistência mecânica Aderência inicial Resistência ao desgaste Retração na secagem Durabilidade Fonte: adaptado Baía e Sabbatini (2000). As propriedades citadas acima, de maior interesse nas argamassas no estado fresco, segundo Recena (2012), são a trabalhabilidade e a retenção de água. A trabalhabilidade consiste na facilidade da mistura, do transporte, da aplicação e do acabamento de maneira homogênea, tendo-se em vista a melhor aderência à base aplicada e o melhor acabamento possível. Quanto à retenção de água, Do Ó (2004) afirma que esta é a propriedade que proporciona a capacidade da argamassa de não ter seu comportamento reológico alterado de maneira a comprometer a trabalhabilidade, mantendo-a aplicável por um maior período de tempo, até que 18 ocorram solicitações, provocando a perda de água por evaporação, sucção do substrato ou reações de hidratação. A retenção de água pode influenciar as principais propriedades reológicas das argamassas, portanto deve apresentar propriedade compatível com a trabalhabilidade, para que após lançada no substrato tenha coesão, plasticidade e consistência, para que se obtenha uma adesão inicial suficiente para que a argamassa se mantenha aderida ao substrato. Complementarmente, Santiago (2007) se refere às propriedades do estado endurecido afirmando que, para se ter uma argamassa com resistência mecânica e durabilidade adequadas, deve-se atender às seguintes propriedades: a) compacidade: em geral, quanto mais compacta a argamassa, mais resistente ela se torna; b) impermeabilidade: impedir a penetração de água, que é um dos maiores agentes de degradação das edificações; c) aderência: importante para que se tenha uma boa união do sistema, pois, caso isso não ocorra, pode haver descolamento e desplacamento. Assim sendo, como comprovam as pesquisas dos autores citados previamente, são diversas as propriedades fundamentais para que as argamassas tenham um satisfatório desempenho e uma boa interação com as demais camadas do sistema ao qual pertencem. Diante disso, cabe salientar que o sistema de revestimento de argamassa pode ser composto por diversas camadas, como: base ou substrato, chapisco (considerada camada de base), emboço ou regularização e camada de reboco ou acabamento. O sistema de revestimento mais conhecido é formado por camada de chapisco, emboço e reboco, porém vem perdendo mercado para o revestimento camada única devido à necessidade de minimizar etapas, o que possibilita prazos mais curtos de execução (PAGNUSSAT; STOLZ, 2017). A NBR 13.281 esclarece que as argamassas podem ser utilizadas para revestimentos internos e externos, sendo caracterizadas como uma camada de regularização dessas superfícies (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2005d). Também são empregadas como reboco, que é uma massa fina indicada para cobrimento do emboço, podendo depois receber acabamento final. É de grande importância na aplicação da argamassa de revestimento a interação entre argamassa e substrato, pois a rugosidade e a porosidade do substrato são fundamentais no desenvolvimento da aderência. Os substratos rugosos têm uma área 19 de contato potencial maior com a argamassa, podendo aumentar a aderência. Nos momentos iniciais de aplicação, a porosidade é responsável pelo transporte de água, que influencia diretamente no tempo de sarrafeamento (BAUER, 2005). Além disso, através da mistura de seus materiais constituintes, a argamassa tem a função de unir pedras, tijolos ou blocos cerâmicos e também, através do revestimento, de proteger uma gama considerável de elementos construtivos (SANTIAGO, 2007). Visando aprofundar o conhecimento das propriedades das argamassas, nas próximas seções serão apresentadas as principais características e propriedades das argamassas de cimento e cal, assim como das argamassas com a incorporação de aditivos. 2.1.1 Argamassas de cimento Segundo Franciscon (2007), na produção de argamassas os aglomerantes hidráulicos mais utilizados são os cimentos Portland. Conforme a NBR 16.697, o cimento Portland é obtido através da moagem de clínquer Portland, composto por sulfato de cálcio e adições minerais nos teores estabelecidos por norma (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2018). No mercado há uma grande variedade de cimentos, mas os cimentos Portland são os mais utilizados. Temp (2014) indica que os tipos mais empregados são: Cimento Portland Comum (CP I), Cimento Portland Composto (CP II), Cimento Portland de Alto-forno e Cimento Portland Pozolânico (CP IV). Na produção de argamassas, além do cimento, são utilizados água e agregados miúdos. Para Temp (2014), é de suma importância a escolha cuidadosa dos agregados miúdos, pois representam cerca de 60 a 80% do consumo dos materiais da argamassa pronta, resultando em uma significativa influência no estado fresco e no seu desempenho. Além disso, é necessário cuidado na escolha de argamassas com elevado índice de cimento, pois, em geral, mesmo apresentando como característica importante a elevada resistência de aderência, são menos duráveis e possuem baixa extensão da aderência, revelando, portanto, maior probabilidade de desenvolver fissuras (CARASEK, 1996). Também, na proporção em que o teor de cimento aumenta, a argamassa necessita de mais água para obtenção de uma consistência 20 adequada para uso (GULBE; VITINA; SETINA, 2017). De acordo com Fiorito (1994), as argamassas que utilizam apenas o cimento como aglomerante possuem maior resistência e, consequentemente, são utilizadas principalmente em alvenarias de alicerces, devido à sua resistência e à sua condição favorável de endurecimento. Ademais, são utilizadas para chapisco por sua resistência a curto prazo e nos revestimentos onde é necessária uma condição de impermeabilidade, como nas obras hidráulicas. Existem diversos estudos que avaliam as propriedades das argamassas de cimento. Barreto e Brandão (2014), por exemplo, analisaram a resistência de aderência à tração de argamassas de cimento Portland e mistas produzindo quatro painéis de alvenaria e aplicando argamassa de chapisco sobre três destes, com o traço 1:3 (cimento e areia), e argamassa de chapisco rolado industrializado sobre o quarto painel. Sobre os painéis chapiscados foram aplicadas argamassas de revestimento com diferentes traços, sendo eles 1:0:6 e 1:1:4 e 1:2:8 (cimento, cal e areia). Este último traço foi aplicado também no painel com chapisco rolado. Os autores avaliaram a resistência de aderência à tração das argamassas novas e envelhecidas por carbonatação. Com os resultados obtidos, pode-se afirmar que as argamassas com maior percentual de cimento possuem maior resistência de aderência. Quando analisados os tipos de ruptura em argamassas com maior percentual de cimento, a sua forma de ruptura é falha no substrato, o que indica que o sistema de aderência suportou adequadamente a tensão aplicada na ruptura. À vista disso, as argamassas de cimento são mais utilizadas na construção civil, principalmente por atingirem maiores índices de resistência em relação às argamassas que possuem cal em sua composição. Contudo, a cal é responsável por propriedades muito importantes nas argamassas, aspectos que são abordados no próximo item. 2.1.2 Argamassas com cal Até metade do século XX, o tipo mais empregado de argamassa era a argamassa de cal. Essa argamassa é obtida através da misturade cal e agregado miúdo e tem como características a baixa resistência mecânica e um endurecimento lento. Devido à essa baixa resistência mecânica e ao módulo de deformação baixo, esse tipo de argamassa apresenta uma grande capacidade de absorver deformações 21 (RECENA, 2012). Baía e Sabbatini (2000) ressaltam que as argamassas de cal desenvolvem lentamente a resistência mecânica e que os valores de resistência obtidos são baixos, sendo que para atingir tais valores elas necessitam de condições ambientais específicas, como manutenção da umidade e acesso ao dióxido de carbono durante o tempo de endurecimento. As argamassas de cal não são recomendadas para o uso em alvenaria com blocos estruturais, além disso, o endurecimento inicial se dá por meio de perda de água para os elementos e por evaporação. Segundo a NBR 7.175, através do pó de cal virgem, mistura de hidróxido de cálcio e hidróxido de magnésio é obtida a cal hidratada, podendo também ser produzida pela mistura de hidróxido e óxido de magnésio (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2003a). A cal hidratada tem propriedades aglomerantes e juntamente com a água forma uma mistura pastosa que penetra nos vazios dos blocos. Na medida em que a água evapora, as partículas finas de hidróxido se unem formando cristais (GUIMARÃES, 1998). Além disso, no que diz respeito à composição das argamassas com cal, a areia apresenta um papel fundamental, sendo responsável pelo ganho de coesão na ligação dos seus grãos ao ligante. Na mistura, a areia separa as partículas de cal facilitando a reação química de carbonatação, permitindo a distribuição das fissuras que podem ocorrer na argamassa. A dureza, a forma dos grãos, a porosidade e a granulometria são fatores que podem comprometer ou favorecer seu desempenho (MARGALHA; VEIGA; BRITO, 2006). Da mesma forma, de acordo com Santiago (2007), a água denota um essencial componente, uma vez que o percentual de água e cal está ligado à retração da argamassa. Além dessa proporção ter influência na velocidade da carbonatação, é fator de classificação da argamassa quanto à consistência. Portanto, as argamassas, conforme a necessidade da construção, podem ser secas, plásticas ou fluidas. Atualmente a cal é utilizada como aglomerante nas argamassas de cimento por conter uma elevada finura dos grãos (2 μm de diâmetro), proporcionando fluidez, coesão e retenção de água e, consequentemente, melhorando a qualidade das argamassas, conhecidas como argamassas mistas. Esse tipo de composto confere maior plasticidade, permite maiores deformações, evitando fissuração, e proporciona melhor aderência através do aumento de plasticidade (MIRANDA, 2009). Devido à maior plasticidade, às condições mais favoráveis de endurecimento e de elasticidade 22 e ao melhor acabamento oferecidos pela cal, as argamassas mistas são muito utilizadas para emboço e reboco, além de serem aplicadas no assentamento de alvenarias de vedação (FIORITO, 1994). Segundo Yazigi (2000), outra particularidade da utilização da cal é a possível economia na produção de argamassa, por se tratar de um aglomerante com menor custo do que o cimento. O autor também descreve o material como responsável por proporcionar melhores condições de resistência diante do surgimento de fissuras e trincas, oferecendo durabilidade e maior resistência à penetração de água. Portanto, a utilização da cal nas argamassas tem como vantagens o fato de perderem lentamente a água, evitando as retrações iniciais, a melhoria na trabalhabilidade e, por serem mais compactas, a redução das chances de infiltrações. Ademais, as argamassas produzidas com cal hidratada possuem baixa resistência tanto à flexão quanto à compressão, mas quando necessária boa trabalhabilidade e boa aderência a variações térmicas, seu uso se torna vantajoso. Miranda (2009), ao analisar dois diferentes traços em volume de argamassa, 1:1:6 e 1:1:7 (cimento:cal:areia), com a utilização de cal hidráulica e cal hidratada, verificou que nos traços de cal hidráulica as argamassas possuem resistência igual àquelas de cimento. No entanto, conforme a quantidade de cal hidráulica aumenta, a resistência da argamassa tanto à tração quanto à compressão diminui. Tendo em vista a preocupação com a qualidade dos materiais, em geral, utilizados na construção civil, nota-se a contribuição dos aditivos incorporados nas argamassas para que se obtenham algumas propriedades melhoradas, como afirma Santiago (2007). No próximo subcapítulo, o uso de diferentes tipos de aditivos e suas funções nas argamassas são abordados. 2.1.3 Argamassas com aditivos Os aditivos têm como finalidade melhorar uma ou mais propriedades da argamassa no estado fresco ou endurecido, sendo estes utilizados em pequenas quantidades. Através do seu uso busca-se diminuir a retração por secagem e, por consequência, diminuir a fissuração, aumentar o tempo de pega, mantendo a plasticidade, aumentar a retenção de água e aumentar a aderência da argamassa ao substrato (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CIMENTO PORTLAND, 2002). O Quadro 2 apresenta os principais aditivos comercializados para materiais cimentícios, 23 podendo ser fornecidos na forma de solução ou em pó. Quadro 2 – Tipos de aditivos Tipos de aditivos Finalidade Redutores de água (plastificantes) São utilizados para melhorar a trabalhabilidade da argamassa sem alterar a quantidade de água. Retentores de água Reduzem a evaporação e a exsudação da água da argamassa fresca e conferem capacidade de retenção de água frente à sucção por bases absorventes. Incorporador de ar Formam microbolhas de ar, estáveis homogeneamente e distribuídas na argamassa, aumentando a trabalhabilidade e atuando a favor da permeabilidade. Retardadores de pega Retardam a hidratação do cimento, proporcionando um tempo maior de utilização. Aumentadores de aderência Proporcionam aderência química ao substrato. Hidrofugantes Reduzem a absorção de água da argamassa, mas não a tornam impermeável e permitem a passagem de vapor d’água. Fonte: adaptado de Associação Brasileira de Cimento Portland (2002). Os aditivos incorporadores de ar são materiais orgânicos que produzem uma quantidade de bolhas microscópicas de ar uniformemente dispersas. São adicionados às argamassas com a função de melhorar a trabalhabilidade, principalmente em argamassas somente de cimento e areia. O ar incorporado altera a suspensão cimentícia nos estados fresco e endurecido. Alves e Do Ó (2005) destacam os seguintes benefícios nas propriedades da argamassa: a) o módulo de deformação normalmente é reduzido, aumentando a capacidade de deformação do sistema de revestimento; b) a retração, na maioria dos casos, é reduzida; c) a exsudação é menor; d) a massa especifica é reduzida. Ao discorrer sobre esse tipo de substância, Pagnussat e Stolz (2017) ressaltam que os aditivos incorporadores de ar melhoram a trabalhabilidade das argamassas, pela incorporação de ar à mistura, enquanto os aditivos estabilizadores de hidratação têm como efeito retardar o endurecimento. Em pesquisa realizada por Biava, Carneiro e Irrigaray (2018), foram analisadas as propriedades mecânicas e físicas de argamassas de cimento sem presença de cal com a adição do aditivo incorporador de ar. Foram produzidas 18 amostras de argamassa com a utilização de areia de britagem como agregado miúdo e 18 amostras com areia natural, com variação de 0 24 a 0,5% de aditivo. Dentre os resultados obtidos, observou-se que na medida em que o teor do aditivo incorporador de ar aumentou, a resistência mecânica das amostras e a densidade aparente reduziram. Já nas argamassas produzidas com areia de britagem as resistências obtiveram resultados mais elevados devido à menor incorporação do aditivo. Quanto aos aditivos hidrofugantes, que têm a função de diminuir o percentual de água porabsorção capilar, Nascimento e Antunes (2017) afirmam que estes podem alterar a relação água/cimento (a/c) adicionada na mistura, tornando-se de grande importância por esse fator estar ligado diretamente à resistência da argamassa. A utilização desses aditivos não causa alterações consideráveis em relação às propriedades da argamassa nos estados fresco e endurecido, somente nas propriedades de absorção, indicando que é possível produzir argamassas menos permeáveis através do seu uso (GAVA; GASQUES; RIGO, 2016). Gava, Gasques e Rigo (2016) analisaram a influência de aditivos impermeabilizantes e hidrofugantes nos estados fresco e endurecido. Para isso, foram produzidas argamassas mistas de cimento Portland, cal hidratada e areia natural nos traços 1:2:6 e 1:0,5:6 (cimento:cal:areia, em volume) com a incorporação de quatro diferentes aditivos, sendo um hidrofugante e outros três impermeabilizantes. Foram testados dois teores para cada aditivo, sendo eles, respectivamente: 0,5%, 0,75%, 1%, 1,5%, 4%, 4,5%, 4% e 4,5%. A quantidade de água das misturas foi definida de forma que a argamassa de referência obtivesse índice de consistência 250±5mm, sendo mantida constante a relação água/cimento nas demais argamassas. Nas propriedades no estado fresco, os aditivos não tiveram grande influência, já nas propriedades do estado endurecido, o aditivo hidrofugante apresentou significativa redução nos índices de absorção por capilaridade, mostrando que é possível produzir argamassas menos permeáveis com tais aditivos. Os aditivos impermeabilizantes não apresentaram o desempenho desejado. Nesse cenário, há também os aditivos superplastificantes, conhecidos como aditivos redutores de água de alta eficiência devido à sua capacidade de reduzir a água de amassamento de determinada mistura. O seu desenvolvimento ocorreu por volta de 1970, e até hoje observa-se sua ampla aceitação na construção civil. Argamassas que contêm esse aditivo apresentam um aumento da retenção de água, assim como redução das tensões indutoras de fissuras na sua camada superior da argamassa, diminuindo o risco de ruptura plástica (MEHTA; MONTEIRO, 2008). 25 Bastos (2016) verificou a influência de três diferentes tipos de aditivos superplastificantes, polinaftaleno-sulfonatos (PNS) e policarboxilatos-éster (PCE), em argamassas de cimento Portland com adição de fíler calcário (CP II-F) e sem a adição de fíler calcário (CPI). O autor utilizou, para sua análise, o ensaio de resistência à compressão uniaxial e mini-slump, técnicas de calorimetria isotérmica de condução, resistência à compressão e espalhamento, utilizando-se de matriz experimental de 14 traços. Concluiu que a incorporação de aditivos à base de PNS e PCE nas argamassas de CPI e CP II-F reduziu o pico de desenvolvimento da hidratação para todas as dosagens testadas, obtendo um retardo de aproximadamente 12 horas para a argamassa com 0,8% de aditivo PNS. Os três tipos de aditivos influenciaram no ganho de resistência mecânica à compressão. Já o CPI com adição de PCE com teor de 0,4% teve resistência 118% superior à argamassa com referência aos 28 dias, atingindo máximo de 59 MPa. No entanto, o sistema com a utilização do CP II-F com teor de 0,4% de aditivo naftalenosufonatos diminuiu cerca de 42% a resistência à compressão aos 28 dias. Por outro lado, quando incorporado 0,8% do mesmo aditivo, observou-se um aumento de 22% de resistência na mesma idade. De acordo com Do Ó (2004), os aditivos retentores de água são polímeros, cuja função, em contato com a água, é aumentar consideravelmente a viscosidade e a retenção de água. Oliveira et al. (2015) realizaram um estudo no qual foram produzidas argamassas mistas de cimento e cal, com o uso de aditivo retentor de água à base de éter de celulose em diferentes teores (0,00%, 0,03%, 0,06% e 0,09%) em relação à massa total de materiais secos para a avaliação das propriedades da argamassa nos estados fresco e endurecido. Os autores verificaram que o aditivo retentor de água pode ser utilizado para argamassas de assentamento de bloco, visto que houve um aumento da capacidade de retenção de água e que este não influenciou a resistência à compressão das argamassas. Quanto aos aditivos retardadores de pega, Rodriguez (2015) afirma que são utilizados quando há necessidade de longo tempo de transporte, quando se deseja utilizar as argamassas por maior tempo ou, também, quando a temperatura do ambiente for muito alta. A utilização desses aditivos permite maior versatilidade devido à possibilidade de regular os tempos de pega. Porém, eles tendem a aumentar a retração plástica devido ao maior tempo no estado plástico, causando exsudação da água, sem afetar a retração por secagem (NEVILLE; BROOKS, 2013). 26 Como foi possível observar, os aditivos cristalizantes, tema deste trabalho, não fazem parte do Quadro 1, pois ainda não há qualquer regulamentação normativa brasileira que especifique sua utilização. Tendo em vista resultados de estudos em concreto e a grande contribuição que tal aditivo gera nas propriedades, principalmente em relação à permeabilidade, o presente trabalho visa aprofundar a análise do uso de aditivo cristalizante em argamassas, visto que com sua aplicação em concreto obtiveram-se resultados positivos nas pesquisas até então realizadas, como nos estudos de Bianchin (2018) e Cappellesso (2016). Portanto, o próximo capítulo é dedicado às propriedades e aos estudos do aditivo cristalizante. 2.2 ADITIVOS CRISTALIZANTES Segundo Biparva e Yuers (2010), a impermeabilização por cristalização vem sendo utilizada na Europa e América do Norte há mais de 50 anos e, atualmente, é empregada em quase todos os países do mundo. Os autores citam como função básica desses aditivos impedir o movimento de água dentro da superfície cimentícia. Portanto, os aditivos cristalizantes são responsáveis por atenuar o surgimento de fissuras, pois têm a capacidade de impedir a entrada de água. Tais aditivos reagem à umidade da matriz fresca e com os subprodutos de hidratação do cimento, gerando cristais não solúveis dentro dos poros capilares, promovendo um selamento permanente (RODRIGUEZ, 2015). Pereira e Nascimento (2017) explicam que a principal vantagem da impermeabilização por cristalização está relacionada à capacidade de o aditivo proporcionar estanqueidade na matriz, no que diz respeito ao efeito de preenchimento dos poros capilares. Isso auxilia no aumento das características impermeáveis do material, diminuindo a penetração de líquidos e gases. Assim sendo, esse processo se dá através da adição do cristalizante na pasta ou na aplicação dele na superfície já pronta. Os cristalizantes possuem, em sua composição, produtos químicos hidrofílicos que, ao entrar em contato com a água e reagir com as partículas do cimento, produzem as estruturas cristalinas. Enquanto a matriz está em contato com a água ou em presença de umidade, os cristais continuam a crescer; no momento em que estão secos e curados, os cristais param de crescer e ficam adormecidos até que haja outra dose de água, podendo ser através de uma nova fissura, por exemplo, que reiniciaria o ciclo de crescimento dos cristais 27 (BIPARVA; YUERS, 2010). A Figura 1 ilustra a formação de cristais em caso de fissura. Figura 1 – Representação esquemática da formação dos cristais Fonte: Biparva e Yuers (2010). Somado a isso, Ferreira e Pinheiro (2017) analisaram a utilização do aditivo cristalizante em argamassas. Nesse estudo, investigaram o seu desempenho mecânico à compressão no processo de incorporação do aditivo na matriz cimentícia, assim como sua aplicação posterior a pré-fissuração das argamassas. O traço utilizado pelos autores foi 1:2:0,45 (cimento:areia:água). Foram moldados corpos de prova (CPs) referência sem adição do cristalizante e com a adição de 3% de cristalizante.Na análise em questão, foi realizada uma pré-fissuração de dois diferentes tamanhos de abertura de fissura nos corpos de prova, criada através de ensaio de compressão diametral com uma prensa manual. Em seguida, após a aplicação do aditivo cristalizante tanto por colmatação de fissuras quanto por adição mineral, verificou-se que a autocicatrização das fissuras ocorreu de forma parcial. No que diz respeito à verificação de permeabilidade realizada por ensaio de absorção de água por capilaridade, observou-se uma menor absorção de água nos corpos de prova com a presença de aditivo cristalizante na argamassa, conforme apresentado no Gráfico 1. 28 Gráfico 1 – Absorção de água por capilaridade de argamassas com e sem aditivo cristalizante Fonte: elaborado pela autora com base no estudo de Ferreira e Pinheiro (2017). Como pode-se observar no Gráfico 1, os resultados obtidos pelos autores demonstram que o aditivo cristalizante é eficiente quanto à redução de permeabilidade, pois nos corpos de prova com a presença de aditivo ocorreu a redução de absorção de água. Quanto à compressão, os autores não obtiveram o resultado esperado, pois os corpos de prova, tanto por adição mineral (self-healing), quanto por colmatação (self-sealing), apresentaram resistência à compressão menor do que a argamassa de referência, conforme apresentado na Tabela 1. Tabela 1 – Resultados para o ensaio de compressão aos 28 dias CP Imersão em água contínua Ciclos úmidos/secos Referência 39,33 MPa 38,46 MPa CP Imersão em água contínua Ciclos úmidos/secos Abertura de 0,1 cm Abertura de 0,2 cm Abertura de 0,1 cm Abertura de 0,2 cm Self-healing 31,77 MPa 29,55 MPa 31,44 MPa 28,54 MPa Self-sealing 26,57 MPa 22,93 MPa 21,13 MPa 19,93 MPa Fonte: adaptado Ferreira e Pinheiro (2017). Diferentemente de Ferreira e Pinheiro (2017), Jantsch (2015) obteve resultados positivos nas argamassas estabilizadas 36h e 72h aos 40 dias após a moldagem com a aplicação de dois tipos de aditivos cristalizantes P e R distintos em relação ao ensaio de compressão. Na Tabela 2 são apresentados os resultados obtidos. 0,28 0,35 0,44 0,59 0,65 0,39 0,51 0,83 1,10 1,14 0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 1,2 3 6 24 48 62 A b s o rç ã o d e á g u a p o r c a p il a ri d a d e d e C P ( g /c m ²) Tempo (horas) Com aditivo cristalizante Sem aditivo cristalizante 29 Tabela 2 – Resultados dos ensaios realizados Tipo de argamassa 36 h 72 h Referência P R Referência P R Absorção por capilaridade (g/dm².min1/2) 0,30 0,50 1,30 2,30 0,80 0,20 Resistência à compressão (MPa) 12,71 13,87 15,71 4,13 6,19 6,65 Resistência à tração na flexão (MPa) 3,68 4,91 4,41 3,27 2,96 3,02 Fonte: adaptado de Jantsch (2015). Nesse contexto, pode-se acrescentar, conforme Jiang, Li e Yuan (2015), a influência das condições ambientais no processo de autocicatrização, que ocorre por efeito dos íons responsáveis pela cristalização serem drenados pelo fluxo de água no entorno das fissuras. Sobre essa questão, no Quadro 3 estão relacionados diferentes autores que utilizaram cristalizante e são indicados os ciclos de cura analisados. Quadro 3 – Diferentes ciclos de cura utilizados Autor Material cimentício Traço (cimento: agregado miúdo: agregado graúdo: a/c) Condições de cura Ensaios J a n ts c h ( 2 0 1 5 ) Argamassa estabilizada 36h e 72h 11,12%:77,87%:0: 10,85% 13,84%:74,67%:0: 11,24% -Seca 20ºC e umidade 65% -Absorção por capilaridade -Desgaste por abrasão -Permeabilidade à água -Permeabilidade ao vapor -Resistência de aderência; -Resistência à compressão -Resistência à tração na flexão C a p p e lle s s o (2 0 1 6 ) Concreto 1:1,5:2,34:0,41 -Câmara úmida 23±2ºC e umidade maior que 95% -Resistência à compressão -Absorção total -Penetração de água sob pressão -Carbonatação -Penetração de íons de cloreto F e rr e ir a e P in h e ir o (2 0 1 7 ) Argamassa 1:2:0,45 -Imersão contínua em água a 22ºC -Ciclos úmidos/secos: 3,5 dias de imersão em água à 22ºC e 3,5 dias exposto ao ar -Absorção de água por capilaridade -Resistência à compressão axial C a p p e lle s s o e t a l. ( 2 0 1 9 ) Concreto 1:0,85:1,71:0,30 1:1,37:2,18:0,40 1:1,88:2,66:0,50 -Ciclos úmidos/secos: 2 dias em imersão e 12 dias de cura seca a 30ºC e umidade 75% -Medição da cicatrização de trincas por ondas ultrassônicas -Análise de imagem realizada com microscópio óptico Fonte: elaborado pela autora (2020). 30 Devido ao grande número de trabalhos relacionados ao uso de aditivo cristalizante em concreto, no Quadro 4 são apresentados os resultados obtidos por diferentes trabalhos. Quadro 4 – Estudo de diferentes autores com a utilização do aditivo cristalizante Autor Objetivos Ensaios Resultados C a p p e lle s s o ( 2 0 1 6 ) Verificar o comportamento de concretos com tratamento superficial de cristalizante para redução de permeabilidade através do fechamento da porosidade capilar, impedindo os mecanismos de transporte e gerando autocicatrização de fissuras. Resistência à compressão, absorção total, penetração de água sob pressão, carbonatação, penetração de íons de cloreto e autocicatrização de fissuras. Adição de sílica ativa é mais eficiente que o impermeabilizante por cristalização, contribuiu com o aumento da resistência à compressão, reduziu a absorção, a penetração de água sob pressão e a penetração de cloretos. Porém, em relação ao concreto referência, os concretos com adição de cristalizante obtiverem um aumento na resistência à compressão. Todavia, o tratamento superficial de cristalizante na autocicatrização das fissuras se mostrou superior ao concreto com a adição. C o s ta ( 2 0 1 8 ) Avaliar a influência do aditivo cristalizante no concreto com agregados comercializados na cidade de Manaus por meio de propriedades nos seus estados fresco e endurecido. Abatimento do tronco de cone, resistência à compressão axial e absorção. A adição de cristalizante não interferiu na trabalhabilidade e na consistência do concreto. Até os 28 dias não ocorreu ganho de resistência à compressão, em relação ao traço referência. Apresentou melhores índices de absorção em relação ao concreto convencional. O aditivo proporcionou um aumento de durabilidade e vida útil do material, com a redução da permeabilidade. B ia n c h in ( 2 0 1 8 ) Avaliar o potencial de autocicatrização de fissuras características das primeiras idades em concretos produzidos com e sem aditivo cristalizante. Resistência à compressão uniaxial e penetração de íons de cloreto. Concretos com aditivo cristalizante obtiveram aumento em relação à resistência à compressão. Porém, quanto à penetração de íons cloreto, o aditivo não teve influência nos dados obtidos. O cristalizante contribuiu para o aumento do potencial de autocicatrização apenas em relação às matrizes cimentícias dos concretos com relações água/cimento mais baixas. Nas demais relações água/aglomerante o autor constatou aumento da resistência à compressão nos CPs fissurados. Fonte: elaborado pela autora (2020). Através dessa revisão bibliográfica foi desenvolvido o programa experimental deste estudo, apresentado no próximo capítulo, com o intuito de analisar a influência do aditivo cristalizante em argamassas. 31 3 MATERIAIS E MÉTODOS A presente pesquisa tem natureza aplicada, de caráter experimental, e visa analisar a influência de aditivos cristalizantes em argamassas através do método hipotético-dedutivo. À vista disso, foram realizados uma pesquisa experimental, através da caracterização dos materiais e da moldagem dos corpos de prova, e determinados ensaios, com o intuito de obter comprovação ou não das hipóteses de pesquisaatravés de abordagem quantitativa e objetivo exploratório. Os ensaios foram realizados no Laboratório de Técnicas Construtivas (LABTEC) da Universidade Feevale. No presente capítulo são apresentados os materiais e os métodos empregados no programa experimental, detalhado na Figura 2. Figura 2 – Fluxograma do programa experimental Fonte: elaborada pela autora (2019). PROGRAMA EXPERIMENTAL Caracterização dos materiais Definição dos traços e teores de aditivo Dosagem da argamassa Ensaios no estado fresco Índice de consistência Densidade de massa Teor de ar incorporado Moldagem dos corpos de prova Ciclos de cura Ensaios no estado endurecido Resistência à tração na flexão Resistência à compressão Absorção de água por capilaridade Densidade de massa 32 Após os ensaios, a análise de variância (ANOVA) foi realizada com o uso do software Statistica 8.0, com intervalo de confiança de 95%, a fim de verificar se o teor de aditivo cristalizante influencia significativamente as propriedades do estado endurecido das argamassas. 3.1 MATERIAIS Nas seções a seguir estão relacionados os materiais que foram utilizados nesta pesquisa. Além disso, as propriedades físicas e químicas desses itens são caracterizadas e detalhadas. 3.1.1 Cimento O cimento utilizado neste estudo é o cimento Portland composto por fíler (CP II-F 32). A massa unitária e específica do cimento foi determinada em laboratório, conforme a Norma Técnica Brasileira e a Norma Mercosul (NM) 45 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS ABNT, 2006), adaptada para o cimento, e em consonância com a NBR 16.605 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS ABNT, 2017), resultando em 0,99 g/cm3 e 3,03 g/cm3, respectivamente. As imagens a seguir ilustram os ensaios de massa unitária (Figura 3) e de massa específica (Figura 4) do cimento. As demais características físicas, químicas e mecânicas do cimento foram fornecidas pelo fabricante, apresentadas na Tabela 3. Figura 3 – Ensaios de caracterização do cimento: massa unitária Fonte: elaborada pela autora (2019). 33 Figura 4 – Ensaios de caracterização do cimento: massa específica Fonte: elaborada pela autora (2019). Tabela 3 – Propriedades do cimento Características físicas e químicas CP II-F 40 Dados do fabricante NBR 16.697/18 Perda ao fogo (PF) (%) 5,4 ≤ 12,5 MgO (%) 6,2 * SO3 (%) 3,3 ≤ 4,5 Resíduo Insolúvel (RI) (%) 1,2 ≤ 7,5 Finura (%) #200 0 ≤ 10,0 Finura (%) #325 0,3 * Blaine (cm²/g) 4780 ≥ 2800 Água de consistência (%) 30,4 * Início da pega (min.) 230 ≥ 60 Fim da pega (min.) 290 ≤ 600 Resistência à compressão (MPa) 1 dia 24,1 * 3 dias 34,4 ≥ 15 7 dias 42,3 ≥ 25 28 dias 49 ≥ 40 Fonte: elaborada pela autora com base em dados fornecidos pelo fabricante e na NBR 16.697 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2018). Nota: (*) Informação indisponível. 3.1.2 Agregado miúdo natural O agregado miúdo utilizado foi areia quartzosa, comercialmente disponível na região do Vale do Sinos, no Rio Grande do Sul. A massa unitária da areia foi determinada em laboratório, conforme a NBR NM 52 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA 34 DE NORMAS TÉCNICAS, 2009b), e o valor obtido foi de 1,49 g/cm3. A granulometria do agregado miúdo foi determinada de acordo com a NBR NM 248 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2003b). Na Tabela 4, a seguir, está apresentada a distribuição granulométrica da areia natural. Tabela 4 – Caracterização do agregado miúdo natural Abertura da peneira (mm) Peso peneiras (g) Massa retida Massa retida (%) Massa acumulada (%) 4,75 411,5 7,45 0,74 0,74 2,36 377,8 51 5,09 5,84 1,18 451,1 135,3 13,52 19,36 0,6 427,4 189,65 18,95 38,31 0,3 374,6 367,35 36,71 75,026 0,15 417,1 213,2 21,31 96,33 < 0,15 377 36,7 3,67 100 Total 1000,65 Diâmetro máximo (mm) 4,8 Módulo de finura 2,35 Fonte: elaborada pela autora (2019). Visando um maior controle sobre a composição granulométrica da areia e buscando ajustá-la o mais próximo possível dos limites estabelecidos pela NBR 7.211 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2019a), a mesma passou por uma composição manual. Para essa composição se utilizaram valores similares aos percentuais retidos nas peneiras de abertura 1,18 mm, 0,6 mm, 0,3 mm e 0,15 mm, da granulometria da areia natural, com percentuais de 20, 25, 35 e 20 para cada peneira, respectivamente. A massa unitária da areia composta foi determinada em laboratório, em consonância com a NBR NM 52 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2009b). A areia apresentou massa unitária de 1,51 g/cm3, e para o valor da massa específica utilizou-se 2,68 g/cm3, conforme encontrado por Celistre (2019) em ensaio realizado pelo método da NBR NM 52 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2009b). Na Tabela 5 são apresentados os percentuais de composição da areia para a dosagem das argamassas. 35 Tabela 5 – Composição do agregado miúdo Abertura da peneira (mm) Limite inferior (NBR 7.211) (%) Limite superior (NBR 7.211) (%) Composição do agregado miúdo (%) Percentual acumulado do agregado miúdo (%) 1,2 10 45 20 20 0,6 41 65 25 45 0,3 70 92 35 80 0,15 90 100 20 100 Diâmetro máximo (mm) 2,36 Módulo de finura 1,45 Fonte: elaborado pela autora (2019). No Gráfico 2 está representada a curva granulométrica da areia natural e da areia composta em laboratório, assim como os limites estabelecidos pela NBR 7.211 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2019a). Gráfico 2 – Curva granulométrica do agregado miúdo Fonte: elaborado pela autora (2019). 3.1.3 Água A água utilizada na produção das argamassas é proveniente de poço artesiano da Universidade Feevale. 3.1.4 Aditivo Nos ensaios realizados nesta pesquisa foi utilizado um aditivo cristalizante disponível no comércio local. No Quadro 5 são apresentadas as características desse 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 4,75 2,36 1,18 0,6 0,3 0,15 <0,15 % R e ti d o A c u m u la d o Abertura das peneiras (mm) Areia Natural Limite Inferior NBR 7211 Limite Superior 7211 Composição do agregado miúdo 36 aditivo, conforme ficha técnica fornecida pelo fabricante. Quadro 5 – Caracterização do aditivo Massa específica aparente (kg/l) Massa específica absoluta (kg/l) Faixa de dosagem referencial (%) Cura com água Aspecto / Cor 1,02 2,90 0,5, 0,8 e 1 3 vezes por dia durante 3 dias Cinza Fonte: elaborado pela autora com base em dados fornecidos pelo fabricante. 3.2 MÉTODOS No presente item estão apresentados os ensaios realizados no programa experimental, a fim de verificar a influência dos aditivos cristalizantes (ACs) em argamassas. A Figura 5 detalha os ensaios que foram realizados nos estados fresco e endurecido, assim como o número dos CPs e as respectivas normas técnicas. Figura 5 – Ensaios nos estados fresco e endurecido das argamassas com diferentes teores de aditivo cristalizante Fonte: elaborado pela autora (2019). As argamassas que foram produzidas neste programa experimental têm os proporcionamentos 1:1 e 1:3 (cimento:areia, materiais secos, em volume). A escolha do proporcionamento 1:1 foi baseada no fato de o processo de reação do aditivo 37 ocorrer em contato com o cimento, de forma que uma argamassa rica em cimento poderia induzir essa reação. Além disso, argamassas ricas costumam fissurar mais facilmente, devido ao processo de retração por secagem e ao seu alto módulo de elasticidade, o que tornaria o fenômeno de cicatrização das fissuras mais facilmente observável. Já o proporcionamento 1:3 foi escolhido para ser utilizado na pesquisa por ser bastante usual em canteiros de obra e recorrente em trabalhos acadêmicos. Neste estudo foram testadas argamassas com diferentes teores de cristalizante (0,0,5 e 1%) em relação a massa de cimento. Como argamassa de referência foi utilizado o teor de 0%, e os demais teores de aplicação representam o máximo e o mínimo indicados pelo fabricante para concretos. 3.2.1 Ensaios no estado fresco As argamassas foram preparadas com um misturador adaptado, em conformidade com a NBR 16.541 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2016b), devido à indisponibilidade do misturador indicado pela norma no momento da moldagem dos corpos de prova. A quantidade de água nas misturas foi definida de forma que o índice de consistência da argamassa 1:3 de referência fosse de 250±5 mm, conforme utilizado por Gava, Gasques e Rigo (2016). Para a determinação do índice de consistência das argamassas foi utilizada a média das três medidas obtidas através do espalhamento da argamassa. Após a determinação do índice de consistência da argamassa foram determinados a densidade de massa e o teor de ar incorporado, de acordo com a NBR 13.278 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2005a). A relação água/cimento dos corpos de prova foi fixada em 0,76 a partir da moldagem da argamassa intermediária (1:3), com o percentual de 0% de aditivo cristalizante. Essa argamassa apresentou um índice de consistência de 248 mm, valor dentro do limite de 250±5 mm. Na Tabela 6 estão apresentados os traços em volume e os quantitativos de massas utilizadas nas misturas realizadas. 38 Tabela 6 – Quantitativo de materiais utilizados no preparo da argamassa Argamassa Traço em volume Traço em massa (g) Cimento Areia Cristalizante Água a/c A1 0 1:1 2178,00 3322,00 0 1650,92 0,76 A1 0,5 10,89 A1 1 21,78 A3 0 1:3 986,41 4513,6 0 747,49 A3 0,5 4,93 A3 1 9,86 Fonte: elaborada pela autora (2020). Para determinação do índice de consistência das demais argamassas foi adotado o método descrito na NBR 13.276 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2016a). O resultado final é expresso pela média das três medidas obtidas no espalhamento da amostra, ilustrado na Figura 6. Figura 6 – Determinação do Índice de Consistência da argamassa 1:3 0% de aditivo cristalizante Fonte: elaborada pela autora (2020). Após a determinação da consistência da argamassa, foram determinadas a densidade da massa e o teor de ar incorporado, através dos procedimentos descritos na NBR 13.278 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2005a). Os resultados dos ensaios estão apresentados no Capítulo 4 do presente trabalho. 3.2.2 Ensaios no estado endurecido Logo após a realização dos ensaios no estado fresco, foram moldados os CPs, conforme especificação da NBR 13.279 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2005b), com dimensões de 4 cm x 4 cm x 16 cm. Tais CPs foram 39 desmoldados 24 a 48 horas após a moldagem. Foram realizados os ensaios de resistência à tração na flexão, resistência à compressão e absorção de água por capilaridade nas idades de 28 e 56 dias. A cura dos CPs foi realizada através de ciclos de molhagem e secagem, conforme adaptado de Cappellesso et al. (2019), porém, diferentemente do sugerido pela autora, foram utilizados 2 dias em cura úmida e não 2 dias de imersão. Após a desmoldagem, os corpos de prova foram armazenados durante 2 dias em uma câmara úmida, com temperatura de 23±2ºC e umidade de 95% aproximadamente. Em seguida, os CPs ficaram 12 dias em câmara com temperatura de 30±2ºC e umidade relativa de 75±5%. A Figura 7 ilustra o ciclo de cura dos corpos de prova. Figura 7 – Ciclo de cura dos corpos de prova de argamassa Fonte: adaptado de Cappellesso et al. (2019). Após passarem pelos ciclos de envelhecimento de 28 e 56 dias descritos, os corpos de prova foram submetidos aos ensaios de resistência à tração na flexão e à compressão e de absorção por capilaridade, conforme descritos nos itens a seguir. 40 3.2.2.1 Resistência à tração na flexão e à compressão Para análise da resistência à tração na flexão e à compressão das argamassas, os corpos de prova foram rompidos, primeiramente à flexão e depois à compressão, conforme a NBR 13.279 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2005b). Tais ensaios foram realizados no equipamento de aplicação de carga disponível no LABTEC da Universidade Feevale. Os ensaios determinaram as resistências para as idades de 28 e 56 dias, e três corpos de prova foram rompidos para cada argamassa, em cada idade. 3.2.2.2 Absorção por capilaridade O ensaio de absorção por capilaridade foi determinado através da NBR 15.259 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2005e), nas idades de 28 e 56 dias, conforme Figura 8. O ensaio foi realizado através da aferição da massa seca de cada CP (três por proporcionamento) e, aos 10 e 90 minutos, das massas dos CPs em contato com uma lâmina de água de 5 mm, com o auxílio de uma balança de precisão 0,01g. Com os valores obtidos, foi determinado o coeficiente de capilaridade médio das argamassas. Figura 8 – Ensaio de absorção por capilaridade 28 dias (traço 1:3) 28 dias (traço 1:1) 56 dias (traço 1:3) Fonte: elaborada pela autora (2020). 41 3.2.2.3 Densidade de massa Foi determinada a densidade de massa aparente conforme procedimentos descritos na NBR 13.280 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2005c). Os corpos de provas foram medidos com o auxílio de um paquímetro, e suas massas foram aferidas com a finalidade de calcular a densidade de massa, que é a relação de massa por volume. O ensaio foi realizado aos 28 e 56 dias. Através dos ensaios propostos neste capítulo, foram encontrados resultados pertinentes para esta pesquisa sobre a utilização do aditivo cristalizante em argamassas de cimento. Diante disso, foi possível analisar a influência do aditivo cristalizante nas propriedades nos estados fresco e endurecido das argamassas. No capítulo seguinte tais resultados são apresentados. 42 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES No presente capítulo são apresentados os resultados obtidos nos ensaios propostos na metodologia desta pesquisa, conforme descrito no Capítulo 3, assim como a análise estatística de variância realizada pelo software Statistica 8.0. A análise desses dados possibilita a reflexão a respeito da influência do aditivo cristalizante em argamassas nos estados fresco e endurecido. Destaca-se que os resultados com o teor de 1% aos 56 dias são apresentados ao fim do trabalho. 4.1 ENSAIOS NO ESTADO FRESCO Com o intuito de analisar as propriedades no estado fresco, foram realizados os ensaios de índice de consistência, densidade da massa e teor de ar incorporado. Os resultados obtidos nos três ensaios são apresentados na Tabela 7. Tabela 7 – Resultados médios das propriedades no estado fresco Argamassa Teor de cristalizante (%) Índice de consistência (mm) Densidade de massa (kg/m3) Teor de ar incorporado (%) 1:1 0,0 - 913,30 53,90 1:1 0,5 - 920,59 53,47 1:1 1,0 - 930,08 52,92 1:3 0,0 248 986,43 56,46 1:3 0,5 228 986,19 56,43 1:3 1,0 232 986,27 56,39 Fonte: elaborada pela autora (2020). Notas: (-) Não se aplica dado numérico. Não foi possível obter resultados do índice de consistência das argamassas de traço 1:1 devido à relação água/cimento ser elevada, pois, foi determinada a partir do traço 1:3, impossibilitando sua determinação. Quanto às argamassas do traço 1:3, pode-se notar que a presença do aditivo cristalizante mostrou uma tendência de redução dos índices de consistência, com o aumento do seu teor. O índice de consistência do traço 1:3 teve uma variação média de 7,9% entre teores. Santos e Santos (2018), ao examinarem argamassas de traço 1:1:6 com a utilização de três diferentes tipos de aditivos impermeabilizantes, encontraram uma variação de 4% no seu índice de consistência. Nessa pesquisa realizada pelas 43 autoras,foi utilizado 4% de aditivo em relação à massa de cimento para os diferentes aditivos utilizados, diferentemente do presente estudo, que utilizou os teores de 0% e 0,5% de aditivo cristalizante, o que pode sugerir a menor variação encontrada. As autoras explicam que o uso de aditivos impermeabilizantes diminui o teor de ar incorporado nas argamassas e aumenta a densidade de massa, tendendo a reduzir os vazios capilares da argamassa. Nos resultados obtidos, tanto para o traço 1:1 quanto para o traço 1:3, pode-se notar uma diminuição do teor de ar incorporado na medida que elas recebem maior percentual de aditivo. Em relação à densidade de massa, as argamassas de traço 1:1 tiveram um aumento em relação ao teor de 0%, já as argamassas de traço 1:3 mantiveram valores muito aproximados de densidades, em consonância com o observado por Santos e Santos (2018). Apesar das argamassas dos traços 1:1 e 1:3 possuírem densidades diferentes, todas se enquadraram na classificação D1, conforme a NBR 13.281 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2005d). 4.2 ENSAIOS NO ESTADO ENDURECIDO Para verificar as propriedades no estado endurecido das argamassas, foram realizados os ensaios de resistência à tração na flexão e à compressão, absorção por capilaridade e densidade de massa, aos 28 e 56 dias. A fim de diminuir a variabilidade entre os resultados obtidos, realizou-se o tratamento dos dados espúrios, sendo considerados espúrios os valores que estão acima da média mais o desvio padrão e abaixo da média menos o desvio padrão (Apêndice A). Os valores espúrios não foram considerados na análise de variância (ANOVA) e nos resultados apresentados nos próximos itens. A nomenclatura utilizada na análise estatística é apresentada no Quadro 6. Quadro 6 – Nomenclatura da análise estatística Nomenclatura Traço em volume (cimento:areia) Nomenclatura Teor de aditivo Traço 1 1:1 T0 0% Traço 2 1:3 T05 0,50% T1 1% Fonte: elaborado pela autora (2020). 44 4.2.1 Resistência à tração na flexão e à compressão A fim de analisar as propriedades no estado endurecido, foram realizados os ensaios de tração na flexão e de compressão aos 28 e 56 dias. Os resultados médios, obtidos na resistência à tração na flexão, assim como o desvio-padrão (DP) e o coeficiente de variação (CV), encontram-se na Tabela 8. Tabela 8 – Resultados médios de resistência à tração na flexão Idade Traço Variável Teor de aditivo cristalizante 0% 0,50% 1% 28 dias 1:1 Resistência à tração na flexão (MPa) 0,42 0,27 1,39 Desvio-padrão (MPa) 0,01 0,02 0,04 Coeficiente de variação (%) 1,70 8,66 2,55 1:3 Resistência à tração na flexão (MPa) 1,38 1,42 1,37 Desvio-padrão (MPa) 0,03 0,01 0,01 Coeficiente de variação (%) 1,82 1,00 0,84 56 dias 1:1 Resistência à tração na flexão (MPa) 0,35 0,35 0,21 Desvio-padrão (MPa) 0,03 0,05 0,03 Coeficiente de variação 7,56 13,01 12,60 1:3 Resistência à tração na flexão (MPa) 1,31 1,36 1,37 Desvio-padrão (MPa) 0,00 0,02 0,01 Coeficiente de variação (%) 0,00 1,47 1,03 Fonte: elaborada pela autora (2020). Notas: (-) Não se aplica dado numérico. Conforme a ANOVA, apresentada na Tabela 9 e na Figura 9, é possível identificar que ao longo do tempo (28 e 56 dias) o traço, o teor de aditivo e idade exerceram influência significativa sobre a resistência à tração na flexão, assim como a interação entre eles. 45 Tabela 9 – ANOVA da resistência à tração na flexão com diferentes teores de aditivo ao longo do tempo Variáveis Soma quadrática (SQ) Graus de liberdade (GLD) Média quadrática (MQ) Valor calculado de F Fator p Significativo Traço 5,68811 1 5,68811 9031,27 0,000000 Sim Teor de aditivo 0,34162 2 0,17081 271,20 0,000000 Sim Idade (dias) 0,34786 1 0,34786 552,32 0,000000 Sim Traço x Teor de aditivo 0,35172 2 0,17586 279,22 0,000000 Sim Traço x Idade (dias) 0,21666 1 0,21666 344,01 0,000000 Sim Teor de aditivo x Idade (dias) 0,52168 2 0,26084 414,15 0,000000 Sim Traço x Teor de aditivo x Idade (dias) 0,64092 2 0,32046 508,81 0,000000 Sim Erro 0,01197 19 0,00063 Fonte: elaborada pela autora (2020). Figura 9 – ANOVA da resistência à tração na flexão TRAÇO Traço 1 TRAÇO Traço 2 Idade (dias): 28 T e o r d e a d it iv o : T 0 T 0 5 T 1 0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 1,2 1,4 1,6 1,8 2,0 R e s is tê n c ia à t ra ç ã o n a f le x ã o ( M P a ) Idade (dias): 56 T e o r d e a d it iv o : T 0 T 0 5 T 1 Fonte: elaborada pela autora (2020). 46 Através dos resultados obtidos no ensaio realizado de resistência à tração na flexão, pode-se identificar que as argamassas do Traço 2 apresentaram resistência maior do que as argamassas do Traço 1. A única exceção identificada é a argamassa do Traço 1 T1, cuja resistência foi superior às demais. Esse resultado necessita de uma investigação mais aprofundada com a finalidade de explicar tal comportamento, considerando-se a diferença significativa que foi encontrada em relação aos outros teores. Com base nos dados apresentados na Figura 9, notam-se comportamentos diferentes em relação à argamassa T0 de ambos os traços. Além disso, observa-se que o Traço 1 T05 obteve menor resistência à tração se comparado ao T0 e que, no caso do Traço 2 T05, houve um aumento na resistência, com um comportamento inverso no T1 dos dois diferentes traços. O aumento na resistência à tração com o uso de cristalizante também foi observado por Jantsch (2015) em sua análise de argamassas estabilizadas com a aplicação de aditivo cristalizante. Com base nos resultados da ANOVA, na Figura 9 nota-se diminuição da resistência à tração na flexão ao longo do tempo em ambos os traços analisados. Em seu estudo, Silva, Santos e Almeida (2019) utilizaram o teor de aditivo de 1% de diferentes aditivos cristalizantes em concretos de mesmo traço. Os autores analisaram, aos 28 e 56 dias, a resistência à tração e, assim como ocorreu nesta investigação, um dos aditivos empregados interferiu na resistência, diminuindo em 27% os resultados, o que justificaria considerar a possibilidade de tal resultado ter sido uma anomalia devido à redução significativa observada. Em contrapartida, na análise de dois aditivos cristalizantes, Silva, Santos e Almeida (2019) obtiveram um aumento na resistência na ordem de 9%. Na Tabela 10 encontram-se os resultados médios obtidos aos 28 e 56 dias no ensaio de resistência à compressão. 47 Tabela 10 – Resultados médios de resistência à compressão Idade Traço Variável Teor de aditivo cristalizante 0% 0,50% 1% 28 dias 1:1 Resistência à compressão (MPa) 17,46 18,92 17,82 Desvio-padrão (MPa) 0,94 1,45 1,37 Coeficiente de variação (%) 5,37 7,65 7,67 1:3 Resistência à compressão (MPa) 22,53 24,14 23,22 Desvio-padrão (MPa) 0,74 0,79 2,73 Coeficiente de variação (%) 3,27 3,25 11,76 56 dias 1:1 Resistência à compressão (MPa) 14,02 14,91 17,54 Desvio-padrão (MPa) 1,60 0,64 1,38 Coeficiente de variação 11,38 4,26 7,88 1:3 Resistência à compressão (MPa) 20,06 18,93 18,33 Desvio-padrão (MPa) 1,95 2,14 1,29 Coeficiente de variação (%) 9,74 11,29 7,05 Fonte: elaborada pela autora (2020). Notas: (-) Não se aplica dado numérico. De acordo com a ANOVA, apresentada na Tabela 11 e na Figura 10, para a resistência à compressão ao longo do tempo (28 e 56 dias), somente o traço e a idade exerceram influência significativa na propriedade, assim como a interação entre o traço, teor de aditivo e idade. As demais variáveis influenciaram significativamente na resistência à compressão das argamassas analisadas. Tabela 11 – ANOVA da resistência à compressão com diferentes teores de aditivo ao longo do tempo Variáveis Soma quadrática (SQ) Graus de liberdade (GLD) Média quadrática (MQ) Valor
Compartilhar