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MÓDULO 1 – QUESTÕES GERAIS SOBRE LINGUAGEM E REDAÇÃO 
 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
 O homem, como membro de uma sociedade, não apenas vive, 
mas também convive, participa, comunica emoções, sentimentos e ideias. 
 
 A boa comunicação, de forma clara e elegante, causa boa 
impressão e respeito geral. 
 
 Por outro lado, a má comunicação, com erros grotescos de 
linguagem e emprego de gírias, pode ser motivo de riso, repulsa e isolamento. 
 
 Qualquer pessoa é potencialmente capaz de escrever e de 
redigir bem. E quase todos, nos mais diversos ambientes e situações, têm 
necessidade de comunicar alguma coisa por escrito: empresários, executivos, 
profissionais liberais, estudantes, políticos, servidores públicos, etc. Cada um de 
acordo com as circunstâncias e necessidades a serem atendidas. 
 
 E o profissional do Direito? 
 
 Da mesma forma que um bisturi a é para um cirurgião, a 
redação é a ferramenta de trabalho do advogado. A sua importância é incontestável. 
O vocabulário jurídico é a mais antiga terminologia profissional que se conhece. 
 
 É rigorosamente técnico e exige a máxima precisão nos seus 
termos. O domínio do idioma é o instrumento de comunicação e de trabalho do 
advogado. 
 
 Da mesma forma como ideias confusas não geram um discurso 
claro e elegante, deve o profissional, ao elaborar suas petições, ter ideias claras e 
segurança na argumentação. 
 
 Afinal, o instrumento de trabalho do advogado, do magistrado, 
do próprio legislador, do profissional da área jurídica, enfim, é o idioma falado ou 
escrito. 
 
 Muitos falam e não dizem nada. Outros, escrevem sem redigir. 
Escrever, nem sempre significa expressar pensamentos coordenados e claros, pois 
é possível escrever textos desconexos, obscuros e sem sentido. 
 
 Por isso, redigir significa expressar com clareza, precisão e 
fluência uma ideia fixada na mente. Significa comunicar, transmitir tal ideia com 
propriedade e eficácia. 
 
 Para tanto, são necessárias duas operações mentais básicas: 
 a) formular, com nitidez, a ideia a expor; 
 b) desenvolver tal ideia com método lógico. 
 
 
2. NÍVEIS DE LINGUAGEM 
 
 Os estudiosos resumem em três os níveis de linguagem da 
população: 
 a) linguagem especial ou culta – empregada pelas pessoas 
mais favorecidas intelectualmente, quase sempre na forma escrita. Exige rigor na 
observância de normas e regras gramaticais. É a linguagem utilizada nos 
documentos oficiais, no meio forense, no magistério, na imprensa, etc. 
 b) linguagem coloquial ou comum – utilizada no cotidiano, 
com o objetivo de comunicação e interação imediata. Geralmente é usada 
oralmente, apresentando dois subníveis: 
 - coloquial (familiar): caracteriza-se pelo emprego de um 
vocabulário comum, de caráter afetivo, com a utilização de diminutivos; 
compreensível para a média das pessoas, sendo relativa a obediência às normas 
gramaticais; 
 - popular: não há qualquer preocupação com normas 
gramaticais. Permite a utilização de gírias e neologismos. Geralmente, é utilizada 
por pessoas mais humildes, de baixa escolaridade ou, mesmo, analfabetas. 
 c) linguagem grupal – típica de pequenos grupos sociais. 
Caracteriza-se por conter expressões, gírias e termos próprios do respectivo grupo. 
 
 
3. ESPÉCIES DE LINGUAGEM 
 
 O ser humano desenvolveu quatro espécies de linguagem: 
 a) mímica – consistente em gestos. É peculiar aos atores de 
teatro, jogadores de voleibol, árbitros, aprendizado de surdos-mudos (Libras), 
mímicos, etc. 
 b) tátil – utilizada no aprendizado de deficientes visuais (Braille) 
 c) oral (falada) – consistente em sons emitidos pelo aparelho 
fonador, a serem captados pelo aparelho auditivo daquele a quem se transmite a 
mensagem – Oratória. 
 d) escrita (gráfica) – representada por letras, algarismos e 
sinais variados, a serem captados pela leitura. 
 
 Dentre as espécies de linguagem, merecem atenção, em 
especial para o profissional da área jurídica, a linguagem oral e a escrita. Cada qual 
apresenta formas, gramática e recursos expressivos diferentes. 
 
 Veja-se o quadro de características e elementos diferenciadores 
daquelas duas formas de linguagem, elaborado por Maria José Constantino Petri (in 
Manual de Linguagem Jurídica, Saraiva, SP, 2009): 
 
 
Linguagem oral: 
a) É mais abrangente – mesmo pessoas não alfabetizadas, mas que conheçam o código, 
são capazes de se comunicar, fazendo uso dessa modalidade; 
b) faz uso de recursos da linguagem não-verbal – gestos, olhares, etc.; 
c) possui entonação e ritmo – ao mudar a entonação, pode-se mudar o significado de uma 
frase; 
d) maior interação – o receptor (ouvinte) pode interromper o emissor (falante); 
e) o emissor pode perceber a reação do receptor, pois estão face a face; 
f) a repetição de palavras é abundante; suporta vocabulário limitado, sem preocupação 
com normas gramaticais; 
g) não há possibilidade de apagamento, como ocorre com a modalidade escrita, pois a sua 
transmissão é instantânea; 
h) é grande a ocorrência de anacolutos (inversões) ou rupturas de construção: a frase 
desvia-se de sua trajetória, o complemento esperado não aparece, a frase parte em outra 
direção; 
i) a presença de pausas é constante, ora vazias, ora preenchidas por expressões como “hã”, 
“hum”, dentre outras; 
j) é constante o uso de marcadores conversacionais, isto é, expressões usadas para 
confirmar a atenção do ouvinte, como “né?”, “viu?”, “certo?”, “ta?”, etc.; 
k) as palavras sofrem, muitas vezes, processo de redução, ou são omitidas no interior das 
frases; 
l) emprega pouco – ou não emprega – certos tempos verbais, como o pretérito mais-que-
perfeito do indicativo; 
m) suprime, de modo geral, certas construções, por exemplo, o emprego de orações 
relativas com o pronome “cujo”; 
n) recorre mais às onomatopéias (zum-zum, brum-brum, etc), às exclamações; 
o) possibilita o emprego de expressões populares, gírias e neologismos. 
 
Linguagem escrita: 
a) é menos abrangente – só as pessoas alfabetizadas podem fazer uso dela; 
b) não se aproveita dos recursos da linguagem não-verbal; 
c) é impossível ao emissor perceber a reação do leitor; 
d) não há – ou não deve haver –, normalmente, repetição de palavras; 
e) existe a possibilidade de correção e de apagamento; 
f) não faz uso de marcadores conversacionais; 
g) pouco uso de gírias e expressões populares; 
h) é mais formal e permanente que a modalidade oral; 
i) faz uso da pontuação para representar, de alguma forma, a entonação e o ritmo da 
modalidade oral; 
j) pressupõe vocabulário rico e variado, com emprego de sinônimos; 
k) clareza na redação, sem omissões ou ambigüidades; 
l) exige maior riqueza vocabular e precisão gramatical; 
m) é mais prestigiada socialmente. 
 
 Da análise de tais características, verifica-se que nunca se deve 
redigir como se fala, porque a linguagem escrita é feita para os olhos, mediante 
sinais que permanecerão indeléveis e submetidos a permanente crítica. Os antigos 
já diziam: As palavras voam, os escritos permanecem. 
 
 Isto não significa, todavia, que, ao escrever, deva-se ficar preso 
a uma precisão terminológica radical, sujeitando-se a um vocabulário rígido em 
demasia. 
 
 O que se deve buscar é o desenvolvimento gradativo de um 
estilo preciso e elegante, empregando-se termos e vocabulário compatíveis e 
adequados à atividade a ser desenvolvida. 
 
 Cada pessoa, em especial o advogado, consolidará um estilo 
pessoal, que o tornará conhecido e até respeitado. Por isso, deve zelar para que 
esse estilo seja o melhor possível, o mais correto, claro e coerente que possa ser. 
 
4. LINGUAGEM, VOCABULÁRIO E DISCURSO JURÍDICO 
 
 De acordo com Maria José Constantino Petri, a linguagem 
jurídica tem como um de seus objetivos a interação com o direito, ou seja, “a ação 
do direito sobre a linguagem como a ação da linguagem sobre o direito.” 
 
 À primeira vista, a linguagem jurídica pode não ser 
imediatamente compreendida por pessoa leiga, que não é da área jurídica, do que 
resulta que, às vezes, é possívelimaginar-se que “a linguagem do direito existe para 
não ser compreendida”. 
 
 Essa dificuldade de compreensão e de interpretação da 
linguagem jurídica faz com que, muitas vezes, ela seja confundida com o 
“juridiquês”, denominação dada à utilização exagerada de vocabulário e expressões 
arcaicas e incompreensíveis, outrora dominantes no meio forense. 
 
 A existência da linguagem jurídica decorre da atribuição de 
sentido particular a determinados termos, a cujo conjunto dá-se o nome de 
vocabulário jurídico. 
 
 Esse vocabulário engloba os termos que, além de possuírem 
um sentido no uso ordinário, têm ao menos um sentido diferente, exclusivo, para o 
direito. 
 
 Maria José Constantino Petri, na obra acima referida, resume 
da seguinte forma os tipos de termos que compõem o vocabulário jurídico: 
 
1) termos que possuem o mesmo significado na língua corrente e na linguagem jurídica, 
por exemplo, hipótese, estrutura, confiança, reunião, critério, argumentos, etc.; 
2) termos de polissemia externa, isto é, termos que possuem um significado na língua 
corrente e outro significado na linguagem jurídica. Por exemplo: 
 - sentença – na língua corrente significa uma frase, uma oração; já na linguagem 
jurídica, significa a decisão de um juiz singular ou monocrático; 
 - ação – na língua corrente significa qualquer ato praticado por alguém; na linguagem 
jurídica, é a manifestação do direito subjetivo de agir, isto é, de solicitar a intervenção do 
Poder Judiciário na solução de um conflito, podendo, assim, ser sinônimo de processo, 
demanda. 
3) termos de polissemia interna, isto é, termos que possuem mais de um significado no 
universo da linguagem do Direito. Por exemplo: 
 - prescrição (prescrever) – pode significar na linguagem jurídica: determinação, 
orientação (por exemplo: A lei prescreve em tais casos que se aplique o art. ...); pode, 
também, significar a perda de um direito pelo decurso do prazo (por exemplo: O direito de 
agir, em tais casos, prescreve em dois anos). 
4) termos que só têm significado no âmbito do Direito; não têm outro significado a não ser 
na linguagem jurídica. Por exemplo: usucapião, enfiteuse, anticrese, acórdão, etc. 
5) termos latinos de uso jurídico. Por exemplo: caput, data venia, ad judicia, periculum in 
mora, fumus boni iuris, etc. 
 
         
 
 
REFERÊNCIAS 
 
DAMIÃO, Regina Toledo; HENRIQUES, Antônio. Curso de Português Jurídico. 
 São Paulo: Atlas. 
BITTAR, Eduardo C.B. Linguagem Jurídica. 4. ed. São Paulo, Saraiva. 
NASCIMENTO, Edmundo D. Linguagem Forense. 12. ed. São Paulo, 
Saraiva. 
ACQUAVIVA, Marcus Cláudio. Redação forense e petições iniciais. 2. ed. 
rev. e ampl. São Paulo: Ícone. 142 p 
PETRI, Maria J. C. Manual de Linguagem Jurídica. São Paulo: Saraiva 
XAVIER, Ronaldo Caldeira. Português no direito: linguagem forense. Rio 
de Janeiro: Forense. 
ABREU, Antônio Suárez. Curso de redação. 11. ed. São Paulo: Ática. 144 p. 
MENDES, Gilmar Ferreira, e FOSTER JR., Nestor José. Manual de Redação 
da Presidência da República. 2a ed. rev. e atual. Brasília: Presidência da 
República. (www.planalto.gov.br) 
 
http://www.planalto.gov.br/

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