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DESCRIÇÃO Neste tema, são abordadas a distinção entre linguagem verbal e linguagem não verbal, as principais concepções de linguagem e as implicações dessas concepções no uso da língua. Esses elementos são fundamentais para compreensão da linguagem e de suas interferências no uso da Língua Portuguesa. PREPARAÇÃO Este tema tem como propósito a compreensão da diferença entre linguagem verbal e não verbal, as concepções de linguagem que geralmente adotamos, e as consequências de tais concepções no uso cotidiano da língua. OBJETIVOS MÓDULO 1 Distinguir linguagem verbal e linguagem não verbal MÓDULO 2 Reconhecer as três principais concepções de linguagem MÓDULO 3 Identificar implicações de diferentes concepções de linguagem no uso do português INTRODUÇÃO Você já parou para pensar em quantos anos estudou a Língua Portuguesa na escola? Sabe a quantidade de regras gramaticais que tentou decorar ou de páginas que escreveu nas aulas de redação? Para muita gente, estudar Português é algo chato, relacionado à decoreba de regras gramaticais ou à produção de textos com pouca conexão com o mundo real da comunicação. Se essa foi a sua experiência, já adiantamos que você é convidado a olhar a Língua Portuguesa de outra forma. Caso sua relação com o idioma ao longo de vários anos na escola tenha contribuído para melhorar o uso da nossa língua, aqui você vai aprender ainda mais. MÓDULO 1 Distinguir linguagem verbal e linguagem não verbal Vamos começar com a leitura de um poema para pensar um pouco sobre nossa experiência com a Língua Portuguesa. O título do poema é Aula de Português e foi escrito por Carlos Drummond de Andrade. CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE Poeta mineiro, foi um dos principais nomes do Modernismo brasileiro. Entre suas principais obras, estão os livros: Alguma Poesia (1930), Sentimento do Mundo (1940) e A Rosa do Povo (1945). Um de seus poemas mais conhecidos é No meio do caminho, que tem os famosos versos No meio do caminho tinha uma pedra / tinha uma pedra no meio do caminho. AULA DE PORTUGUÊS Carlos Drummond de Andrade A linguagem na ponta da língua, tão fácil de falar e de entender A linguagem na superfície estrelada de letras, javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) sabe lá o que ela quer dizer? Professor Carlos Góis, ele é quem sabe, e vai desmatando o amazonas de minha ignorância. Figuras de gramática, esquipáticas, atropelam-me, aturdem-me, sequestram-me. Já esqueci a língua em que comia, em que pedia para ir lá fora, em que levava e dava pontapé, a língua, breve língua entrecortada do namoro com a prima. O português são dois; o outro, mistério. O PORTUGUÊS QUE VOCÊ APRENDEU NA ESCOLA AINDA É UM MISTÉRIO, ALGO DISTANTE? O poema apresenta dois tipos de linguagem: a linguagem informal do cotidiano, que não precisa ser aprendida na escola, e a linguagem formal do professor ou dos livros, aprendida na sala de aula. No último verso, isso é resumido na frase “O português são dois”. LINGUAGEM INFORMAL LINGUAGEM FORMAL Assim como Drummond entende que existem duas linguagens (formal e informal), precisamos entender que há diversos tipos de linguagem. Vamos conhecê-los para compreender por que o português é uma das que dispomos para a comunicação. LINGUAGEM VERBAL E LINGUAGEM NÃO VERBAL A linguagem constitui todos os sistemas de sinais ou signos convencionais que nos permite a comunicação. Mas, espera... Signo? O que é isso? Vídeo com libras Assim como os signos podem ser de diversas naturezas ou tipos, há diferentes tipos de linguagem. A linguagem humana, por exemplo, pode ser verbal e não verbal. SAIBA MAIS Gestos, imagens e sons são exemplos de linguagem não verbal. O semáforo é outro exemplo de linguagem não verbal. Vejamos mais detalhes sobre a relação das linguagens verbais e não verbais na galeria a seguir: Imagem: Shutterstock.com LÍNGUA E LINGUAGEM VERBAL SÃO TERMOS CORRESPONDENTES. A partir da caracterização da linguagem verbal como uma linguagem humana que utiliza a palavra, perceba que a língua é um tipo de linguagem, mas ela não é a única linguagem de que dispomos. Ou seja, a língua é uma linguagem humana específica, baseada na palavra. Foto: Shutterstock.com EXPRESSÃO CORPORAL? LINGUAGEM MUSICAL? A música, a pintura, a dança, o teatro e o cinema usam signos que pertencem a outro tipo de linguagem humana, já denominada aqui como linguagem não verbal. Por isso, são comumente usadas expressões como linguagem da música, linguagem corporal, linguagem pictórica> etc. Foto: Shutterstock.com javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) ASSOCIAÇÃO INERENTE “Que outro ser tem gestos significativos, pinta, fotografa, faz cinema? Compreende-se, assim, que o homem e a linguagem se relacionam de forma a não se conceberem um sem o outro e que a linguagem está indissoluvelmente associada com a atividade mental humana, a qual, absolutamente, não se manifesta só pelo verbal” (PALOMO, 2001). Imagem: Shutterstock.com INTEGRAÇÃO ENTRE AS LINGUAGENS VERBAL E NÃO VERBAL Quando você conversa com outra pessoa, por exemplo, faz uso da linguagem verbal (a fala) e da linguagem não verbal (gestual, postura corporal, tom da voz etc.). A história em quadrinhos é outro exemplo de integração de linguagem verbal e não verbal. LINGUAGEM PICTÓRICA Linguagem pictórica é toda e qualquer manifestação de linguagem imagética – fotografia, pinturas, desenhos, iluminuras – que possuem características singulares em relação ao duplo processo de produção e reprodução da própria produção. O texto representado pelas figuras que marcam e estruturam para nós significados são, no limite, a linguagem imagética. A distinção entre linguagem verbal e não verbal não deve levar você a concluir que a comunicação acontece sempre e apenas por meio de um único tipo de linguagem. LINGUAGEM HIPERMIDIÁTICA Com as tecnologias digitais e a internet, essa integração entre linguagem verbal e não verbal fica muito evidente e interessante, pois usamos palavras, imagens, sons e outros recursos para interagir nas redes sociais. É cada vez mais comum trocarmos mensagens em que a escrita se mistura com emojis ou emoticons. ATENÇÃO Este material didático é um exemplo de integração entre diferentes tipos de linguagem, articulando texto escrito com vídeo, podcast , imagens e símbolos. Tudo isso é possível por causa de outra integração: convergência entre diferentes mídias formando o que tem sido chamado de hipermídia. É como se o livro impresso, o rádio, a televisão e o computador estivessem todos reunidos com suas diferentes linguagens. Assim, hoje em dia, fala-se de uma linguagem hipermidiática, um bom exemplo dessa integração de linguagem verbal e não verbal. É verdade que a linguagem verbal, falada ou escrita, predomina nos atos de comunicação. Mas você deve reconhecer que a linguagem não verbal está associada intimamente a nossas atividades e possui também sua relevância. Nossos gestos ao falar ou uma imagem ilustrativa num texto escrito também dizem muito e, às vezes, até contradizem o que falamos ou escrevemos. Imagine alguém dizendo que está calmo e tranquilo, mas, ao mesmo tempo, pisca os olhos num ritmo acelerado, tem as mãos trêmulas ou balança pernas e pés num movimento frenético. Dificilmente essa pessoa vai convencer o outro de que está calma. Assim, ao fazermos a distinção entre linguagem verbal e não verbal não queremos sugerir que apenas uma delas seja importante e precise ser cuidada. Imagem: Shutterstock.com. Adaptado por João Paulo Gonçalves Até aqui, você aprendeu que a linguagem é constituída de sinais ou signos, que permitem a comunicação entre os seres humanos. Quando o signo é centrado na palavra escrita ou oral, ele é identificado como linguagem verbal. Os demais tipos de signos formam outro conjunto de linguagens denominado linguagem não verbal, como é o caso da pintura e dos gestos. A integração entre diferentestipos de linguagem é algo muito antigo, mas que se intensificou com as tecnologias digitais ou a chamada linguagem hipermidiática. VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. ASSINALE A OPÇÃO QUE DESCREVE A SITUAÇÃO EM QUE APARECE APENAS O USO DA LINGUAGEM VERBAL. A) Um gerente gesticulando e falando alto. B) A escrita do professor na lousa. C) Um ator representando uma ação dramática no palco. D) Um instrutor sinalizando com as mãos para o operador de máquinas. 2. É CORRETO AFIRMAR QUE A LÍNGUA: A) Corresponde à linguagem verbal. B) Constitui exemplo de linguagem não verbal. C) Deve ser considerada linguagem verbal somente na modalidade falada. D) Não é utilizada integrada ou articulada com outras formas de linguagem. GABARITO 1. Assinale a opção que descreve a situação em que aparece apenas o uso da linguagem verbal. A alternativa "B " está correta. A escrita é uma linguagem verbal. Nas demais alternativas, temos a presença de linguagem não verbal, como é o caso dos gestos na alternativa A, da representação teatral na alternativa C e do gestual na opção D. 2. É correto afirmar que a língua: A alternativa "A " está correta. A língua é linguagem verbal, ou seja, baseada na palavra. A palavra, elemento central da linguagem verbal, pode ser tanto oral quanto escrita, por isso, a alternativa C está incorreta. A opção D está incorreta porque a língua pode ser utilizada de forma integrada a outras linguagens, como acontece nas histórias em quadrinhos. MÓDULO 2 Reconhecer as três principais concepções de linguagem Depois de fazer a distinção entre linguagem verbal e não verbal, é hora de prosseguir e apresentar as três principais concepções de linguagem. Veja quais são elas a seguir. LINGUAGEM COMO EXPRESSÃO DO PENSAMENTO De acordo com essa concepção, a linguagem corresponde a uma expressão que se constrói no interior da mente e tem, na exteriorização, apenas uma tradução. A linguagem é entendida como uma forma de expressar pensamentos, sentimentos, intenções, vontades, ordens, pedidos etc. Foto: Shutterstock.com. Adaptado por João Paulo Gonçalves Nessa forma de entender a linguagem, a intenção de expressar alguma coisa é um ato monológico. Isso quer dizer que a enunciação ou o ato de fala (o modo como nos expressamos) está centrado na pessoa que se expressa por meio da linguagem, sem dar tanta importância ao outro e às circunstâncias sociais nas quais a enunciação acontece. javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) MONOLÓGICO O uso do termo monológico (mono = um, único; logos = discurso racional) não se apresenta como a fundamentação de um tipo de teoria da comunicação, que defende o discurso como ato centrado apenas no emissor da fala. Apenas quer mostrar que, nesta concepção da linguagem, tal ato ainda está centrado na necessidade individual de se comunicar. O USO DA LÍNGUA É VISTO COMO ALGO QUE SE LIMITA A QUEM FALA OU ESCREVE. Não há preocupação sobre como o outro vai ler ou ouvir nossa mensagem. Assim, a exteriorização do “pensamento por meio de uma linguagem articulada e organizada” depende da capacidade de organizar, de maneira lógica, esse mesmo pensamento (TRAVAGLIA, 2003, p. 21). Imagem: Shutterstock.com. Adaptado por João Paulo Gonçalves Nessa concepção de linguagem, a correção no uso da língua (falar e escrever bem conforme a gramática normativa) depende das regras às quais o pensamento lógico deve estar sujeito. Dessa forma, se as pessoas não se expressam bem ou não usam a língua corretamente, isso acontece porque elas não estão pensando corretamente. A solução, então, para expressar adequadamente o que se está pensando é a internalização das regras gramaticais e de seu adequado uso. ATENÇÃO Mas há um problema: esta concepção acaba sendo uma forma parcial de entender como a linguagem funciona, pois há outros aspectos envolvidos além da intenção de exteriorizar o que pensamos. Não é o caso de afirmar que a concepção está errada. Precisamos avançar e verificar outras formas complementares de compreender a linguagem. LINGUAGEM COMO INSTRUMENTO DE COMUNICAÇÃO A linguagem deve ser compreendida além de sua função de expressar o que pensamos ou sentimos, pois, ao nos expressarmos, nos dirigimos a alguém, ou seja, comunicamos algum tipo de mensagem para uma ou mais pessoas. Por isso, há outra concepção de linguagem que compreende a língua, por exemplo, como um código por meio do qual elaboramos nossas mensagens para serem comunicadas. A língua é tomada predominantemente como um código, que deve ser utilizado com eficiência, ou seja, deve tornar inteligível a mensagem que se quer comunicar, levando o receptor a responder adequadamente ao objetivo da comunicação. javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) CÓDIGO O código é entendido como “um conjunto de regras que permite a construção e a compreensão de mensagens. É, portanto, um sistema de signos. A linguagem é, por conseguinte, um dentre outros códigos (código marítimo, código rodoviário)”. Dentre todos os outros códigos, a linguagem verbal, seja escrita ou oral, é o único código que “pode falar dos próprios signos que os constituem ou de outros signos” (VANOYE, 1987). Foto: Shutterstock.com. Adaptado por João Paulo Gonçalves Para que haja a comunicação, o código que utilizamos, seja ele a língua ou outro, precisa ser conhecido ou dominado pelo nosso interlocutor para que a comunicação se realize. O uso do código, no caso, a própria língua, “é um ato social, envolvendo consequentemente pelo menos duas pessoas”. Por isso, “é necessário que o código seja utilizado de maneira semelhante, preestabelecida, convencionada para que a comunicação se efetive” (TRAVAGLIA, 2003, p. 22). ATENÇÃO A concepção da linguagem como instrumento de comunicação tem, porém, uma limitação. É uma concepção centrada no código, ou seja, voltada principalmente para o funcionamento interno da língua ou de outra linguagem utilizada, deixando de lado aspectos como a relação entre a linguagem e o contexto social e histórico. Por isso, você precisa conhecer outra concepção de linguagem, que permita avançar na compreensão da linguagem e seus usos. LINGUAGEM COMO LUGAR OU EXPERIÊNCIA DE INTERAÇÃO HUMANA Nessa concepção, a língua é mais do que tradução e exteriorização do pensamento e, também, vai além da transmissão de informação ou da comunicação. Ao usar a língua, o indivíduo realiza ações, age, atua sobre o interlocutor. A linguagem, aqui, é um “lugar de interação humana, de interação comunicativa pela produção de efeitos de sentido entre interlocutores, em uma dada situação de comunicação e em um contexto sócio-histórico e ideológico” (TRAVAGLIA, 2003, p. 23). Quem utiliza a língua não expressa apenas o pensamento, não comunica somente alguma coisa, na verdade, ao usar a língua, o indivíduo ou os interlocutores “interagem enquanto sujeitos que ocupam lugares sociais e ‘falam’ e ‘ouvem’ desses lugares de acordo com as formações imaginárias (imagens) que a sociedade estabeleceu para tais lugares sociais” (TRAVAGLIA, 2003, p. 23). Para ilustrar, veja um exemplo: Todos já observaram uma situação em que a identificação apenas da linguagem oral entre dois sujeitos corresponderia a um ato comunicativo direto. No entanto, notamos que a interação social faz com que aquilo que é dito seja muito maior. Imagem: Shutterstock.com. Adaptado por João Paulo Gonçalves Isso ocorre, por exemplo, quando estamos em um espaço e observamos mãe e filha interagindo, em que a primeira faz referência ao comportamento da segunda, com uma ordem direta. Imagem: Shutterstock.com. Adaptado por João Paulo Gonçalves A reação da filha cria em nós, observadores, uma série de julgamentos, leituras, valores e interações que nos remetem à própria relação familiar. Imagem: Shutterstock.com. Adaptado por João Paulo Gonçalves TUDO QUE FALAMOS E OUVIMOS TEM O PODER DE PROVOCAR REAÇÕES, PRODUZIR MUDANÇAS, DESPERTAR SENTIMENTOS E PAIXÕES,DESENCADEAR PROCESSOS E AÇÕES. Se um agente da lei, dirigindo-se a uma pessoa, dá voz de prisão e diz “esteja preso!”, ele não está simplesmente exteriorizando seu pensamento ou comunicando uma novidade, não é mesmo? Imagem: Shutterstock.com. Adaptado por João Paulo Gonçalves Quando consideramos as palavras de um juiz ao proferir essa célebre frase clássica, temos um exemplo de que o uso da língua pode ser mais do que expressão do pensamento ou comunicação de uma informação. Nesse caso, a fala da autoridade faz surgir ou realiza um ato social e jurídico. Imagem: Shutterstock.com. Adaptado por João Paulo Gonçalves ATENÇÃO O diálogo também caracteriza a concepção de linguagem como interação social, constituindo-se numa dimensão privilegiada do uso da língua. Para estar inserido na vida em sociedade, é preciso que a língua seja utilizada para favorecer a abertura ao diálogo, a interação entre as pessoas. Além disso, a própria língua é dialógica, ou seja, o que falamos e escrevemos se relaciona com aquilo que lemos e ouvimos ao longo da vida. DIÁLOGO (Dia = separação, confronto; logos = discurso racional) apresenta-se como a exigência de, pelo menos, dois interlocutores no ato da fala, que é diferente da concepção monológica vista anteriormente. Trata-se, sem dúvida, de apresentar uma intencionalidade por parte daquele que fala. Como você viu até aqui, é preciso avançar na compreensão da linguagem para além da sua finalidade de comunicação e da divisão entre linguagem verbal e não verbal. A linguagem pode ser concebida como expressão do pensamento, como instrumento de comunicação e, mais adequadamente, como lugar de interação humana. As três concepções da linguagem podem ser resumidas da seguinte forma: EXPRESSÃO DO PENSAMENTO A expressão se constrói no interior da mente Ato monológico, individual javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) Regras para a organização lógica do pensamento: gramática normativa Para quem se fala, em que situação e para que se fala não são preocupações no uso da língua COMUNICAÇÃO Meio objetivo para a comunicação A expressão nasce da necessidade de se comunicar Troca de mensagens entre emissor e receptor Existência de códigos para a eficiência da comunicação Preocupação com o meio, o destinatário, a mensagem e a utilização eficiente do código INTERAÇÃO HUMANA Experiência de interação humana A expressão é também ação Privilegia o diálogo e a interatividade Valorização do contexto dos usuários da língua e adequação no uso da língua Preocupação com as dimensões afetivas e sociais VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. A LINGUAGEM COMO EXPRESSÃO DO PENSAMENTO É: A) Concepção que enfatiza o código utilizado na comunicação de uma mensagem. B) Conceito que se caracteriza pela preocupação com o modo pelo qual o outro vai ler ou ouvir a mensagem. C) Entendimento mais amplo da língua, que valoriza o contexto social e histórico da situação de comunicação. D) Abordagem centrada na pessoa, que se expressa por meio da linguagem, sem dar tanta importância ao outro e às circunstâncias sociais nas quais a enunciação acontece. 2. A CONCEPÇÃO DE LINGUAGEM COMO EXPERIÊNCIA DE INTERAÇÃO HUMANA ESTÁ ASSOCIADA A SEGUINTE AFIRMAÇÃO: A) O uso da língua serve apenas para expressar o pensamento. B) O diálogo, a interação e a atuação sobre o outro são características importantes da linguagem. C) Falamos ou escrevemos corretamente somente quando pensamos corretamente. D) A internalização das regras gramaticais serve para adestrar e organizar o pensamento. GABARITO 1. A linguagem como expressão do pensamento é: A alternativa "D " está correta. A opção correta é a letra D porque a concepção da linguagem como expressão do pensamento valoriza quem se expressa, deixando de lado o interlocutor e o contexto em que a linguagem é usada. A opção A corresponde à concepção de linguagem como instrumento de comunicação. As opções B e C referem-se à concepção de linguagem como experiência de interação humana. 2. A concepção de linguagem como experiência de interação humana está associada a seguinte afirmação: A alternativa "B " está correta. Alternativa correta é a opção B porque o diálogo e a interação são privilegiados na concepção de linguagem como lugar de interação. As opções A, C e D estão incorretas porque se referem à concepção de linguagem como expressão do pensamento. A opção B está correta porque trata de uma característica da concepção de linguagem como forma de interação. MÓDULO 3 Identificar implicações de diferentes concepções de linguagem no uso do português SOBRE AS CONCEPÇÕES DE LINGUAGEM Para começarmos a explorar este assunto, o professor Luíz Cláudio Dallier propõe uma reflexão. Vídeo com libras No módulo anterior, tratamos dos diversos tipos de linguagem. Para perceber como elas possuem um aspecto prático no uso cotidiano do idioma, compreendemos como a concepção da linguagem como interação pode nos auxiliar nessa construção. Se a linguagem é interação, então, o que ouvimos pode afetar muito nossa vida e nosso humor. O que falamos também provoca efeitos e reações no outro. Imagem: Shutterstock.com Veja o que diz a linguista Ingedore Villaça Koch em seu livro A interação pela linguagem sobre esse aspecto: INGEDORE VILLAÇA KOCH Doutora em Língua Portuguesa, professora universitária e autora de diversas obras sobre Linguística Aplicada, coerência textual, argumentação e linguagem. Fonte: Escavador. javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) DURANTE SÉCULOS, A LINGUAGEM FOI CONSIDERADA UM INSTRUMENTO PASSIVO DE COMUNICAÇÃO, QUE PERMITIA AO SER HUMANO APENAS DESCREVER O QUE PERCEBIA, SENTIA OU PENSAVA. HOJE SE RECONHECE QUE, AO FALAR, O INDIVÍDUO NÃO SÓ DESCREVE O QUE OBSERVA, MAS ATUA NO MUNDO E FAZ COM QUE CERTAS COISAS ACONTEÇAM. POR MEIO DA LINGUAGEM, ELE TAMBÉM PODE MODIFICAR SUAS RELAÇÕES COM OS DEMAIS E DESENVOLVER SUA PRÓPRIA IDENTIDADE. (...) É PRECISO PENSAR A LINGUAGEM HUMANA COMO LUGAR DE INTERAÇÃO, DE CONSTITUIÇÃO DAS IDENTIDADES, DE REPRESENTAÇÃO DE PAPÉIS, DE NEGOCIAÇÃO DE SENTIDOS, POR PALAVRAS, É PRECISO ENCARAR A LINGUAGEM NÃO APENAS COMO REPRESENTAÇÃO DO MUNDO E DO PENSAMENTO OU COMO INSTRUMENTO DE COMUNICAÇÃO, MAS SIM, ACIMA DE TUDO, COMO FORMA DE INTERAÇÃO SOCIAL. (KOCH, 2003) AS IMPLICAÇÕES NO USO DO PORTUGUÊS Quando entendemos que a linguagem é mais do que expressão ou espelho do pensamento, que vai além de ser veículo de comunicação, devemos considerar nossas intenções na produção dos textos e o impacto naqueles que vão ouvir ou ler nossas palavras. Também devemos dar atenção ao contexto em que a mensagem é produzida e às possíveis situações em que será recebida. Se a linguagem é interação, pois produz reações e resultados, alguns elementos podem ser desejáveis no seu uso: Clareza e precisão no que queremos comunicar Cortesia, polidez e tom cordial Abertura ao diálogo Sustentação de um posicionamento sem desmerecer a opinião do outro Uso de recursos persuasivos Se queremos manter o diálogo e construir pontes, devemos cuidar da maneira como falamos, escolhendo as palavras e o tom mais apropriado. Por isso, ao estudar a linguagem é preciso compreender que não basta escrever e falar com correção gramatical, coerência, coesão e clareza. Além dessas qualidades importantes, nosso texto escrito ou oral deve promover o diálogo, a interação e as condições para mantermos relações civilizadas. É interessante lembrar, por exemplo, que há concursos ou exames em que o candidato pode ser desclassificado ao escrever de forma desrespeitosa aos direitos humanos ou usando linguagem antissocial e inadequada. VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. COMPREENDER O CONCEITO DE LINGUAGEM COMO EXPERIÊNCIA DE INTERAÇÃO HUMANA E SOCIAL IMPLICA OS SEGUINTES CUIDADOS NO USO DA LÍNGUA PORTUGUESA: A) Aplicar regras gramaticais para deixar os textos muito formais. B) Dizer sempre o que pensamos sem nos preocuparmos como ooutro vai nos ouvir. C) Deixar de lado nossas intenções e o contexto histórico-social na produção dos textos. D) Falar ou escrever buscando abertura ao diálogo e se posicionando sem desmerecer a opinião do outro. 2. SE EM UMA REUNIÃO DE TRABALHO VOCÊ PRECISAR DISCORDAR DE UM COLEGA, MANTENDO ABERTURA AO DIÁLOGO E INTERAGINDO SEM DESMERECER A OPINIÃO DO OUTRO, O QUE NÃO SERIA APROPRIADO DIZER? A) Sua opinião está completamente errada e vai prejudicar totalmente o projeto. B) É possível que sua opinião precise ser revista, já que sua ideia pode trazer algum prejuízo ao projeto. C) Tenho dificuldades de concordar com sua opinião, pois ela me parece trazer dificuldades ao projeto. D) Talvez você tenha se equivocado, pois não consigo identificar de que modo sua proposta contribui para o projeto. GABARITO 1. Compreender o conceito de linguagem como experiência de interação humana e social implica os seguintes cuidados no uso da Língua Portuguesa: A alternativa "D " está correta. A opção correta é a letra D porque compreender a linguagem como interação é ter cuidado com efeitos e reações provocados no outro diante do que dizemos e da forma como dizemos. 2. Se em uma reunião de trabalho você precisar discordar de um colega, mantendo abertura ao diálogo e interagindo sem desmerecer a opinião do outro, o que não seria apropriado dizer? A alternativa "A " está correta. A alternativa A é a mais apropriada porque ela evidencia uma fala em que se sustenta um posicionamento ou uma opinião sem abertura para algum questionamento ou mesmo diálogo. As demais alternativas apresentam formas de expressar a discordância em que se destacam a cortesia, a polidez e a abertura ao diálogo e/ou continuidade de debate. CONCLUSÃO CONSIDERAÇÕES FINAIS Para que tenhamos uma experiência enriquecedora e proveitosa com a Língua Portuguesa na expressão do nosso pensamento, nas situações de comunicação e nas interações com as pessoas, precisamos conhecer a língua e aproveitar os recursos que ela nos oferece. Aqui, você pôde observar parte desse conhecimento. Use o que você aprendeu para vivenciar novas experiências com a Língua Portuguesa. AVALIAÇÃO DO TEMA: REFERÊNCIAS DA SILVA. Filosofia da linguagem (1) - Da Torre de Babel a Chomsky. Disponível em: https://educacao.uol.com.br/ disciplinas/ filosofia/filosofia-da-linguagem-1- da-torre-de-babel- a-chomsky.htm. Acesso em: 08 dez. 2019. KOCH, Ingedore. V. A interação pela linguagem. 8. ed. São Paulo: Contexto, 2003. MARCHEZINI-CUNHA, Vivian; TOURINHO, Emmanuel Zagury. Assertividade e Autocontrole: Interpretação Analítico-Comportamental. Psicologia: Teoria e Pesquisa. abr-jun 2010. vol. 26 n. 2, p295-304. Disponível em: https://www.scielo.br/ pdf/ptp/ v26n2/a11v26n2.pdf. ORLANDI, Eni P. O que é Linguística. 2. ed. São Paulo: Brasiliense, 2009. PALOMO, Sandra M. S. Linguagem e linguagens. In: Eccos Revista Científica. São Paulo, UNINOVE, vol. 3, n. 2, dez. 2001. PETTER, Margarida. Linguagem, língua, Linguística. In: FIORIN, José L. (org.). Introdução à Linguística I. São Paulo: Contexto, 2003. TRAVAGLIA, Luiz C. Gramática e interação: uma proposta para o ensino de gramática. 9. ed. São Paulo: Cortez, 2003. TRIGUEIRO, Osvaldo. O estudo científico da comunicação: avanços teóricos e metodológicos ensejados pela escola latino-americana. Pensamento Comunicacional Latino Americano, v. 2, n. 2, jan.–mar., 2001. VANOYE, F. Usos da linguagem: problemas e técnicas na produção oral e escrita. São Paulo: Martins Fontes, 1987. EXPLORE+ Assista: Documentário As origens da linguagem, produzido pela Crescendo Films – NHK em 2008. Disponível no Youtube. Vídeo Comunicação animal da Khan Academy para uma breve e interessante abordagem da Biologia Comportamental. Disponível no Youtube. CONTEUDISTA Luis Claudio Dalier Saldanha CURRÍCULO LATTES javascript:void(0); javascript:void(0); javascript:void(0); javascript:void(0); javascript:void(0); DESCRIÇÃO Conhecimento de variação linguística, seus tipos e ocorrências. Apresentação da norma culta e seu uso na comunicação. PROPÓSITO Apresentar os diferentes casos de variação linguística e as implicações do conceito de norma culta no uso adequado da língua portuguesa. OBJETIVOS MÓDULO 1 Reconhecer diferentes tipos e manifestações da variação linguística no português MÓDULO 2 Esclarecer o conceito de norma culta e suas implicações no uso da língua portuguesa MÓDULO 1 Reconhecer diferentes tipos e manifestações da variação linguística no português INTRODUÇÃO O professor Luís Cláudio Dallier faz uma breve contextualização deste tema. INTRODUÇÃO Vídeo com libras. VARIAÇÃO LINGUÍSTICA: O QUE É? A língua sofre variações ao longo do tempo, conforme o espaço geográfico, a estrutura social e a situação ou o contexto de uso. Isso significa dizer que uma língua está sujeita a passar por modificações no tempo e no espaço a fim de satisfazer às necessidades de expressão e de comunicação, individuais ou coletivas, de seus usuários. ISSO É O QUE SE CHAMA VARIAÇÃO LINGUÍSTICA. Podemos abordar a variação linguística sob diversas perspectivas. Se levarmos em conta uma situação de comunicação qualquer, teremos alguns elementos que vão apontar para variedades no uso da língua. Essas perguntas evidenciam que nossa fala pode variar de acordo com a situação ou com o contexto, conforme o falante e as pessoas que ouvem (interlocutores), o assunto tratado ou a intenção da mensagem. Perceba que a variação linguística corresponde a diferentes ocorrências de uma mesma língua. TIPOS DE VARIAÇÕES LINGUÍSTICAS Sem nos preocuparmos muito com classificações técnicas e exaustivas, próprias da Sociolinguística, podemos dizer que a variação linguística pode ser de, pelo menos, três tipos: SOCIOLINGUÍSTICA Sociolinguística é uma área da Linguística que trata das relações entre linguagem e sociedade, estudando a função social da linguagem e a influência dos fatores sociais sobre a língua. javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) ABORDAREMOS CADA UM DESSES TIPOS A SEGUIR. Imagem: Shutterstock.com REGIONAL Variações da língua numa perspectiva geográfica, originando os regionalismos. Manifestam-se, principalmente, pelo sotaque e por palavras ou expressões utilizadas pelos falantes de determinada região. Um exemplo desse tipo de variação são os falares ou dialetos. Veja a diferença entre alguns falares no Brasil: DIALETOS São variações faladas por comunidades geograficamente definidas. Também denominados “falares” por alguns linguistas. javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) Êta que esse curso é bem arretado! Imagem: Shutterstock.com Caraca! Esse curso é muito maneiro! Imagem: Shutterstock.com Nossinhora! Esse curso é bom demais da conta, sô! Imagem: Shutterstock.com Bah, esse curso é tri! Imagem: Shutterstock.com As diferentes designações no Brasil para um mesmo referente ou aspecto da realidade é outro exemplo de variação linguística na dimensão geográfica: macaxeira no nordeste, mandioca em São Paulo e aipim no Rio de Janeiro correspondem à mesma raiz utilizada na culinária nacional. O professor Luís Cláudio Dallier explora mais essas diferenças entre as cidades do Rio de Janeiro e São Paulo. Vídeo com libras. ATENÇÃO Não podemos afirmar que determinada região do país fala “o português mais correto”. Tal afirmação é falsa, pois o que há são variações da língua portuguesa. A pronúncia do cearense ou do carioca, por exemplo, não é errada ou certa, mas, simplesmente, o modo próprio de articular os sons numa determinada comunidade linguística. Sendo o português uma língua falada por diversas nações, em diferentes continentes, é interessante lembrar que a língua também varia de um país para outro, tanto na fala quanto na escrita. Ainda que o Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa procure padronizar a grafia das palavras, há alguns aspectos na escrita quesão peculiares em Portugal e outros no Brasil. Imagem: Shutterstock.com Imagem: Shutterstock.com DE REGISTRO Variações relacionadas com modalidades expressivas adotadas por um mesmo falante ou segmento social em função do contexto, do interlocutor e das expectativas sociais. De acordo com Coseriu (1980, p. 110-111), os registros linguísticos, ou estilos, são diferentes porque as situações e os interlocutores diferem muito, bem como as expectativas sociais, influenciadas pela cultura. Por isso, podemos perceber que, além dos registros individuais, há aqueles que expressam a identidade de grupos profissionais ou biológicos (homens, mulheres, jovens, crianças). Os registros ou estilos se classificam em pelo menos três tipos: GRAU DE FORMALISMO Representa uma escala de formalidade no uso dos recursos da língua. Podemos ir de um estilo muito informal e popular (troca despretensiosa de mensagens no WhatsApp, por exemplo) até um excessivo grau de formalidade no uso da língua (redação de um ofício, por exemplo). Simplificando, podemos afirmar que há pelo menos dois registros alusivos à formalidade: formal e informal. Logo, os diferentes estilos corresponderão ao grau de formalismo do contexto comunicativo, determinando as diferentes maneiras de usar a língua. MODO Representa as duas modalidades da língua: a oral e a escrita. A língua falada pode usar recursos como entonação, ênfase de termos ou sílabas, duração dos sons, velocidade em que se dizem as sequências linguísticas etc. Além disso, a oralidade se caracteriza pelas hesitações, repetições, retomadas, correções e outras marcas que não são comuns à escrita. A escrita tende a ser mais formal e a fala mais informal, embora existam exceções; há textos altamente formais na língua falada e outros extremamente informais na língua escrita. SINTONIA Representa o ajustamento na estruturação das mensagens do falante, com base em informações específicas acerca do ouvinte ou leitor (status do interlocutor, tecnicidade do conteúdo da mensagem, necessidade de cortesia no trato com o outro, norma a ser seguida etc.). Imagine que um profissional da saúde, ao preparar ou orientar uma criança para determinado procedimento, usará um registro ou estilo de linguagem distinto da linguagem usada com um paciente adulto. Com a criança, por exemplo, o vocabulário será mais simples, com algumas palavras no diminutivo, e o tom de voz mais afetivo. Pense em outra situação: você precisa recusar dois convites que recebeu, um da pessoa que você namora e outro do diretor da empresa em que trabalha. Faz sentido usar as mesmas expressões ou estilo ao responder a pessoas com as quais você tem diferentes graus de intimidade? Certamente vamos usar estilos ou registros diferentes. Imagem: Shutterstock.com SOCIAL As diferentes formas de falar marcam os grupos sociais ou, até mesmo, a faixa etária de determinado conjunto de pessoas. Ao ouvir alguém falando “percurá” (no lugar de procurar), “iorgute” (em vez de iogurte), “os hôme” (e não os homens) ou “pra mim fazer” (no lugar de para eu fazer), certamente você associará esse falante a um grupo social com baixa ou nenhuma escolaridade. A FALTA DE DOMÍNIO DA LÍNGUA PADRÃO, PRESTIGIADA SOCIALMENTE, É UM INDICADOR DE PERTENCIMENTO A DETERMINADO GRUPO SOCIAL. As gírias usadas por um falante podem revelar também a que grupo social e à qual faixa etária ele pertence. Do mesmo modo, os jargões técnicos podem indicar a atividade profissional de quem os utiliza. javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) JARGÕES TÉCNICOS Jargão é o modo de falar específico de um grupo, geralmente ligado à profissão. Daí que podemos falar em jargão dos médicos, jargão dos militares etc. SAIBA MAIS Ao ouvir expressões típicas do juridiquês ou do economês, por exemplo, você deve concluir que os falantes são adultos, com alta escolaridade e pertencentes a determinado grupo profissional. JURIDIQUÊS Juridiquês é uma palavra criada para designar o uso rebuscado e exagerado de jargão e termos técnicos da área jurídica. ECONOMÊS Economês designa os termos técnicos ou jargões utilizados pelos economistas. javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) Note que o poema apresenta construções da língua portuguesa que são típicas de falantes de classes sociais menos escolarizadas, revelando pronúncias contrárias à ortoepia, ou seja, distintas do que a norma gramatical determina. As pronúncias fora da norma gramatical, no entanto, não impedem a comunicação e muito menos a construção dos telhados. Embora se trate de uma variedade linguística desprestigiada socialmente, o poema não estigmatiza essa variante linguística, pois sugere uma valorização do trabalho das pessoas mais simples com o verso final: “E vão fazendo telhados”. ORTOEPIA Ortoepia é a parte da gramática que estabelece a pronúncia correta das palavras, conforme a língua culta ou padrão. A LINGUAGEM DA INTERNET Além das variações linguísticas que você acabou de conhecer, também é importante prestar atenção às alterações que a língua portuguesa apresenta nos meios digitais. Com a Internet e os diversos recursos para escrever e falar usando um computador ou celular, surge uma variedade linguística que recebeu o nome de Internetês. javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) Algumas características da variedade linguística na Internet são: Imagem: Shutterstock.com Abundância de siglas e abreviaturas não convencionais, dando mais agilidade e velocidade à escrita. Criação de palavras novas e uso de gírias, com mais liberdade para expressar novos conceitos ou adaptar termos de outras línguas. Imagem: Shutterstock.com Estrangeirismos, usando e incorporando termos de outra língua, frequentemente do inglês. Imagem: Shutterstock.com Uso de caracteres especiais (@, #) e emoticons (ou emojis) para adequação aos códigos utilizados em meios digitais ou como alternativa para expressar emoções e intuitos. Imagem: Shutterstock.com Integração ou hibridismo entre escrita, sons, imagens e outras linguagens (hipertexto, por exemplo) para maior expressividade. A informalidade e a irreverência da linguagem na Internet acabam se distanciando da formalidade da língua que utilizamos nos documentos, nos livros, na escola ou nas relações mais formais no trabalho. Por isso mesmo, haverá inadequação no uso da língua quando escrevermos um trabalho acadêmico ou redigirmos um e-mail na empresa em que trabalhamos com a informalidade ou alguma característica do Internetês. SAIBA MAIS Algumas pessoas acham que o uso despreocupado da língua portuguesa na Internet, em relação às normas gramaticais, seria um tipo de deformação que contribuiria para um empobrecimento linguístico e cultural. Quer saber o motivo por trás desse pensamento? Leia mais! javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) LEIA MAIS A invasão de palavras inglesas, ligadas à informática e à Internet, é vista como ameaça à língua portuguesa, levando os usuários a incorporarem expressões e valores culturais estrangeiros que redundariam em prejuízo à cultura nacional e local. Conforme diz Saldanha (2001, p. 35), deve-se ter o cuidado de não se impor um único registro da língua, elegendo-se determinada variação ou modalidade linguística padrão para a Internet, nem tampouco fechar-se temerariamente a qualquer tipo de contribuição linguística vinda de fora. Valer-se criteriosamente da contribuição de outras línguas é, na verdade, o recomendável nessa questão; reconhecendo-se, dessa forma, uma prática histórica que ocorre no seio da língua portuguesa em relação a línguas como o grego, o italiano, o francês e outras mais desde muito tempo. “A INTERNET, PELA SUA ESPECIFICIDADE, EXIGE OU PROPICIA UM TIPO DE TEXTO ESPECIAL. TAMBÉM AQUI A INADEQUAÇÃO CONSISTE EM QUERER REDIGIRUM TEXTO QUALQUER FORA DA INTERNET COMO SE FORA PARA ELA, OU VICE-VERSA. TODO TEXTO – NA INTERNET OU NÃO –, COMO TODA EXPRESSÃO LINGUÍSTICA, DEVE ESTAR ADEQUADO ÀS IDEIAS, AO INTERLOCUTOR E ÀS CIRCUNSTÂNCIAS.” (BECHARA, 2000) Constatar que a língua varia, seja em seu uso na Internet ou na diversidade de espaços e situações comunicativas, deve nos levar a reconhecer a legitimidade das diferentes linguagens e evitar o preconceito ou a estigmatização de falares, dialetos ou qualquer variedade linguística. Ao mesmo tempo, precisamos reconhecer que a língua aprendida na escola constitui a norma para comunicação e convívio no ambiente acadêmico e profissional, além daqueles espaços e das interações sociais em que a língua padrão é a mais adequada. NO PRÓXIMO MÓDULO, VOCÊ CONHECERÁ ALGUMAS CARACTERÍSTICAS DA LÍNGUA PADRÃO, TAMBÉM CHAMADA NORMA CULTA, ALÉM DE REFLETIR SOBRE SEU USO NAS SITUAÇÕES EM QUE ELA É NECESSÁRIA. Imagem: Shutterstock.com VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. IDENTIFIQUE A OPÇÃO QUE APRESENTA UM EXEMPLO DE VARIAÇÃO LINGUÍSTICA DO PORTUGUÊS EM FUNÇÃO DO BAIXO GRAU DE ESCOLARIDADE DO FALANTE. A) Depois daquele post misterioso, resolvi estalquear o Face dele. B) Que menino lindinho, vamos abrir a boquinha para a tia ver se o dentinho já está nascendo? C) Os dono pediu pra mim fazer a obra. D) #sextou! Partiu encontrar os amigos da facul no happy hour! 2. CONSIDERE O TEXTO A SEGUIR: MANDIOCA: MAIS UM PRESENTE DA AMAZÔNIA AIPIM, CASTELINHA, MACAXEIRA, MANIVA, MANIVEIRA. AS DESIGNAÇÕES DA MANIHOT UTILISSIMA PODEM VARIAR DE REGIÃO, NO BRASIL, MAS UMA DELAS DEVE SER LEVADA EM CONTA EM TODO O TERRITÓRIO NACIONAL: PÃO-DE-POBRE – E POR MOTIVOS ÓBVIOS. RICA EM FÉCULA, A MANDIOCA – UMA PLANTA RÚSTICA E NATIVA DA AMAZÔNIA DISSEMINADA NO MUNDO INTEIRO, ESPECIALMENTE PELOS COLONIZADORES PORTUGUESES – É A BASE DE SUSTENTO DE MUITOS BRASILEIROS E O ÚNICO ALIMENTO DISPONÍVEL PARA MAIS DE 600 MILHÕES DE PESSOAS EM VÁRIOS PONTOS DO PLANETA, E EM PARTICULAR EM ALGUMAS REGIÕES DA ÁFRICA. (O MELHOR DO GLOBO RURAL, FEV. 2005). DE ACORDO COM O TEXTO, HÁ NO BRASIL UMA VARIEDADE DE NOMES PARA A MANIHOT UTILISSIMA, NOME CIENTÍFICO DA MANDIOCA. ESSE FENÔMENO REVELA QUE: A) A planta é nomeada conforme as particularidades que apresenta, recebendo diversos nomes porque se trata de uma planta diferente em cada caso e, ainda, porque não é comum uma língua possuir mais de um nome para uma mesma planta ou ingrediente. B) Existem variedades regionais para nomear uma mesma espécie de planta, exemplificando a ocorrência da variação linguística. C) Os nomes designam espécies diferentes da planta, conforme a região, confirmando a uniformidade da língua portuguesa. D) A expressão “pão-de-pobre” confirma a uniformidade da língua, demonstrando a unidade e não variação da língua portuguesa. GABARITO 1. Identifique a opção que apresenta um exemplo de variação linguística do português em função do baixo grau de escolaridade do falante. A alternativa "C " está correta. A alternativa C apresenta marcas da variedade linguística em função da classe social e baixa escolaridade como: falta de concordância nominal e verbal em “os dono pediu” e uso de “pra mim fazer” no lugar de “para eu fazer”. As alternativas A e D apresentam características do Internetês. A opção B retrata um registro ou forma de falar ajustados ao interlocutor e à situação (verificação da saúde bucal de uma criança). 2. Considere o texto a seguir: Mandioca: mais um presente da Amazônia Aipim, castelinha, macaxeira, maniva, maniveira. As designações da Manihot utilissima podem variar de região, no Brasil, mas uma delas deve ser levada em conta em todo o território nacional: pão-de-pobre – e por motivos óbvios. Rica em fécula, a mandioca – uma planta rústica e nativa da Amazônia disseminada no mundo inteiro, especialmente pelos colonizadores portugueses – é a base de sustento de muitos brasileiros e o único alimento disponível para mais de 600 milhões de pessoas em vários pontos do planeta, e em particular em algumas regiões da África. (O melhor do Globo Rural, fev. 2005). De acordo com o texto, há no Brasil uma variedade de nomes para a Manihot utilissima, nome científico da mandioca. Esse fenômeno revela que: A alternativa "B " está correta. A variedade de nomes para a mesma planta revela a existência da variação linguística, mais especificamente, a variação produzida pelos regionalismos. MÓDULO 2 Esclarecer o conceito de norma culta e suas implicações no uso da língua portuguesa CONTEXTUALIZAÇÃO Quando constatamos que a língua portuguesa varia em função da diversidade dos falantes, do espaço, do tempo, da situação de comunicação e de outros fatores, podemos nos perguntar se toda forma de usar a língua é válida, desde que as pessoas se entendam; ou indagar se esses diferentes usos da língua não seriam desvios e incorreções da língua padrão, da norma culta. Tais questionamentos são importantes porque todos nós aprendemos na escola a chamada língua culta, mas convivemos boa parte do tempo com usos da língua distantes ou diferentes da norma padrão, que estudamos nos livros de gramática. É PRECISO ENTENDER O QUE É A NORMA CULTA E QUAL O OBJETIVO DA GRAMÁTICA NO APRENDIZADO DA LÍNGUA PARA, ENTÃO, RESPONDERMOS SOBRE QUE TIPO DE LÍNGUA USAR NAS DIVERSAS SITUAÇÕES DE COMUNICAÇÃO DO DIA A DIA. Imagem: Shutterstock.com NORMA CULTA A norma culta é aquela formada por um conjunto de estruturas concebidas como corretas, que podem ser usadas tanto para falar quanto para escrever. Trata-se da chamada variante padrão ou norma padrão. Ela é tão valorizada socialmente que, quando estão em um ambiente mais formal, os indivíduos com alto nível de escolaridade procuram monitorar sua fala. Vamos entender melhor como funciona a norma culta da língua, que tem prestígio social. Vídeo com libras. Como você pôde perceber, os registros informais e distintos da norma culta caracterizam o papel social do falante da língua. Se o falante tem baixa escolaridade e pertence a uma comunidade linguística que se comunica dessa forma, o uso que ele faz da língua evidencia exatamente o grupo social ao qual pertence. Nesse caso, não deve haver uma expectativa de uso da língua padrão. Por outro lado, se o falante teve acesso à educação formal e possui alto grau de escolaridade, a expectativa é de que ele utilize a norma culta como a opção mais adequada para se expressar em situações formais de comunicação. Caso isso não aconteça, ele frustrará a expectativa em função da classe social e comunidade linguística às quais pertence. Imagine um professor universitário em uma videoaula dizendo o seguinte: Imagem: Shutterstock.com EMBORA O USO DO PRONOME ELA COMO OBJETO DIRETO SEJA COMUM NA FALA DE MUITAS PESSOAS – MESMO ESCOLARIZADAS –, NÃO É PRESCRITO PELA GRAMÁTICA. LOGO, A FORMA ADEQUADA CONFORME A NORMA CULTA É: Imagem: Shutterstock.com ATENÇÃO Usar o pronome oblíquo A substituindo um substantivo é algo formal, mas, uma boa alternativa seria optar pelo uso de um termo equivalente ou sinônimo: “A exposição foi encerrada, mas eu vi as obras de arte no ano passado”. A língua pode ser comparada a um guarda-roupa, com vestimentas para diversas ocasiões e finalidades. A norma culta seria comparada a vestuários convenientes em situações formais, com diferentes graus de formalidade, como cerimônia de casamento, audiência num tribunal, entrevista de emprego, ambiente de trabalho, ambiente acadêmico etc. Terno, gravata, vestido longo, tailleur, terninho e alguns acessórios e adereços seriam adequados a algumas dessas situações. Não é adequado comparecer a esses ambientes ou participar dessas situações como se fôssemos à praia, usando sunga ou biquíni, por exemplo. ESSA IMAGEM OU COMPARAÇÃO DA LÍNGUA COM O GUARDA-ROUPA NOS AJUDA A COMPREENDER O CONCEITO DE ADEQUAÇÃO NO USO DA LÍNGUA. SAIBA MAIS Quem faz uma analogia similar é o linguista brasileiro Marcos Bagno (2005), que comparaa língua padrão ao molde de um vestido. Leia mais. É adequado usar a norma culta quando essa é a expectativa da sociedade ou da comunidade linguística em função do nosso status, classe social, formação acadêmica ou atividade profissional. Também é adequado o seu uso nas situações de comunicação formais, oficiais, nas atividades escolares e acadêmicas, na atividade profissional etc. Em situações mais informais ou quando a expectativa da comunidade linguística em que interagimos for de uma comunicação coloquial, então usaremos a língua num registro menos formal, ainda que não inteiramente distante da norma culta. É preciso cuidado com as escolhas linguísticas que fazemos para que nosso interlocutor não as interprete como erro ou grosseria. Também devemos atentar para a escrita, pois algumas liberdades ou licenças numa fala mais informal podem ser inadequadas na escrita. Por exemplo, não fica bem escrever nas redes sociais ou num e-mail expressões ou incorreções gramaticais muito comuns na fala coloquial ou descuidada. javascript:void(0); javascript:void(0); javascript:void(0); Imagem: Shutterstock.com A seguir, reunimos dois jeitos de comunicar a mesma coisa: de acordo com o Registro culto (ou seja, a norma culta da língua) e de acordo com o Registro coloquial, que representa os usos mais comuns na oralidade, mas que têm que ser evitados – principalmente em textos escritos. O QUE DEFINE A NORMA CULTA DA LÍNGUA? De acordo com o professor e linguista Luiz Travaglia (2001, p. 25-26), os argumentos ou as justificativas para o estabelecimento da norma culta são os seguintes: ESTÉTICOS Uso de critérios como elegância, colorido, beleza, finura, expressividade. Rejeição de vícios como a cacofonia, colisão, eco, pleonasmo etc. ELITISTAS OU ARISTOCRÁTICOS Opção pelo uso da língua pertencente à classe de prestígio em detrimento do uso das classes populares. POLÍTICOS Critério de purismo e vernaculidade. Rejeição de estrangeirismo ou qualquer aspecto que “ameace” a identidade ou soberania da nação ou da cultura nacional. COMUNICACIONAIS Critérios relacionados com a facilidade de comunicação e compreensão. As construções e o léxico devem resultar na “expressão do pensamento”. HISTÓRICOS Recorre-se à tradição para critérios de exclusão e permanência de usos da língua. Imagem: Shutterstock.com A NORMA CULTA OU LÍNGUA PADRÃO É DEPENDENTE DA OBSERVÂNCIA E USO DAS REGRAS ESTABELECIDAS PELA GRAMÁTICA NORMATIVA. POR ISSO, VALE ENTENDER UM POUCO MELHOR O QUE É E COMO ELA FUNCIONA. GRAMÁTICA NORMATIVA A gramática normativa é a gramática da escola, por meio da qual você aprendeu as principais regras ou normas da língua padrão, principalmente da modalidade escrita. Ela prescreve o que é considerado correto e reprova o que é errado de acordo com a norma culta, a única considerada como válida. Por isso mesmo, a gramática normativa também é denominada “gramática prescritiva”. “A GRAMÁTICA NORMATIVA TENDE A CONSIDERAR APENAS OS FATOS DA LÍNGUA ESCRITA, TOMANDO A VARIEDADE ORAL DA NORMA CULTA COMO IDÊNTICA À ESCRITA. APRESENTA UMA DESCRIÇÃO DO PADRÃO CULTO DA LÍNGUA E DITA NORMAS DE BEM FALAR E ESCREVER, VALORIZANDO A CORREÇÃO GRAMATICAL.” (TRAVAGLIA, 2001, p. 30-31) Oswald de Andrade (1890-1954), no poema Pronominais, publicado em 1925, já retratava de forma irreverente e provocativa a imposição das regras da gramática normativa e a dificuldade de seu uso na fala das pessoas despreocupadas com a norma culta ou mesmo sem o seu domínio. Vamos ler o poema a seguir: O poema é um interessante registro literário da variação linguística em função de diferentes modalidades (escrita e oralidade) e diferentes grupos ou classes sociais (letrados e não letrados). O poema opõe os usos do pronome “me”: DÊ-ME UM CIGARRO REGISTRO FORMALO Ênclise Norma culta: não se inicia frase com pronome átono antes do verbo (próclise), pois o correto é o pronome átono após o verbo (ênclise). ME DÁ UM CIGARRO javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) REGISTRO INFORMAL Próclise Forma coloquial: inadequação gramatical, a gramática prescreve a ênclise. ÊNCLISE Quando o pronome é colocado após o verbo. PRÓCLISE Quando o pronome é colocado antes do verbo. Segundo Travaglia (2001, p. 24), a gramática normativa pode ser entendida, também, como “um manual com regras de uso da língua a serem seguidas por aqueles que querem se expressar adequadamente”. Assim, somente é abonado ou aceito pela gramática o que obedece às normas do bom uso da língua, configurando o falar e o escrever corretamente. Por isso, todas as outras formas de uso da língua são consideradas desvios, erros, deformações ou degenerações. SAIBA MAIS Para encerrarmos os estudos deste módulo, observe um exemplo de como a gramática normativa indica a formalidade de uso da língua. javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0); javascript:void(0); javascript:void(0); VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. QUAL OPÇÃO APRESENTA O USO DA LÍNGUA PORTUGUESA CONFORME A NORMA CULTA E A GRAMÁTICA NORMATIVA? A) Eu vi ela ontem na biblioteca. B) A gente sempre vamos naquele barzinho. C) Me empresta o carregador de celular. D) Nós vamos ao cinema. 2. CONHECER E DOMINAR A NORMA CULTA IMPLICA: A) Utilizar indistintamente as prescrições da gramática normativa em qualquer situação, formal e informal, e com qualquer interlocutor, letrado e não letrado, não importando se somos compreendidos ou não. B) Comparar a língua a um guarda-roupa no qual existem somente vestuário a ser usado em situações muito formais. C) Usar a língua adequadamente, conforme cada situação e interlocutor, como se fosse um guarda-roupa no qual existem vestuários para diversas ocasiões. D) Frustrar as expectativas da comunidade linguística à qual pertencemos, ou seja, os segmentos sociais com alto grau de escolaridade. GABARITO 1. Qual opção apresenta o uso da língua portuguesa conforme a norma culta e a gramática normativa? A alternativa "D " está correta. A opção D deve ser assinalada porque o uso do pronome pessoal “nós” e a da forma verbal “vamos” é aceito pela gramática normativa. A opção A deveria trazer “Eu a vi” no lugar de “Eu vi ela”. A alternativa B deveria ser, de acordo com a norma culta, “Nós sempre vamos àquele barzinho”. A opção C deveria trazer “Empresta-me” em vez de “Me empresta”. 2. Conhecer e dominar a norma culta implica: A alternativa "C " está correta. A língua pode ser comparada a um guarda-roupa que dispõem de peças para usarmos em qualquer situação. Quando dominamos a norma culta, teremos vestimenta adequada para qualquer situação formal. A alternativa A está incorreta porque as situações informais e os interlocutores não letrados podem exigir eventualmente de nós um uso coloquial da língua para que a comunicação aconteça. A opção B está incorreta porque a imagem da língua como um guarda-roupa deve incluir peças para qualquer situação, tantos as formais quanto as informais. A opção D está incorreta porque o domínio da norma culta não frustra uma comunidade linguística altamente letrada ou escolarizada. CONCLUSÃO CONSIDERAÇÕES FINAIS Como temos visto, a gramática normativa está mais voltada para a variedade escrita da língua e se ocupa com a manutenção de regras consideradas próprias da língua culta ou de prestígio. Há, sem dúvida, uma tradição em se prestigiar a língua escrita. Possivelmente por ter características mais conservadoras, transformar-se mais lentamente e estar sob a proteção da ortografia. A escrita manifesta-se sempre em descompasso com as transformações da fala, cuja dinâmica do uso lhe traz alterações contínuas, naturais e bem mais velozes. Mas, como você aprendeu aqui, tanto a escrita quanto a fala de uma língua apresentam variações e mudam com o tempo e com os inúmeros estímulos que recebem. Estudar a língua portuguesa levando em conta o fenômeno da variação linguística e o entendimentodo que vêm a ser a norma culta e a gramática normativa ajudará, certamente, você a se apropriar cada vez mais dos recursos da língua para um uso adequado às diversas situações comunicativas. AVALIAÇÃO DO TEMA: REFERÊNCIAS BAGNO, M. A língua de Eulália: novela sociolinguística. São Paulo: Contexto, 2005. BECHARA, E. 3 questões sobre língua portuguesa. In: Folha de S. Paulo. São Paulo, 2 jul. 2000. Mais!, p. 3 COSERIU, E. Lições de linguística geral. Rio de Janeiro: Ao livro técnico, 1980. SALDANHA, L. C. D. Bibliotecas imaginárias e o livro eletrônico: possiblidades do texto no ciberespaço. In: Revista Philologus, Rio de Janeiro, v. 21, p. 26-37, 2001. TRAVAGLIA, L. C. Gramática e interação: uma proposta para o ensino de gramática. 9. ed. rev. São Paulo: Cortez, 2003. EXPLORE+ Sobre variação linguística regional, leia: Português do Brasil e português de Portugal. Veja também a charge de Roberto Kroll e reflita sobre o uso da língua. robertokroll.com.br CONTEUDISTA Luís Cláudio Dalier CURRÍCULO LATTES javascript:void(0); javascript:void(0); javascript:void(0); javascript:void(0); javascript:void(0); javascript:void(0); javascript:void(0); DESCRIÇÃO Este tema aborda o conceito de texto e discurso, bem como a distinção e a complementaridade entre eles, além de apresentar uma caracterização dos gêneros textuais e alguns cuidados necessários na produção e leitura de textos. PROPÓSITO Compreender o conceito de texto, discurso e gênero textual para identificar estratégias e cuidados necessários à elaboração e à leitura de um texto. OBJETIVOS MÓDULO 1 Distinguir os conceitos de texto e de discurso MÓDULO 2 Identificar aspectos da distinção entre texto e discurso na produção textual MÓDULO 3 Reconhecer o conceito de gêneros textuais e suas implicações na leitura de textos MÓDULO 1 Distinguir os conceitos de texto e de discurso INTRODUÇÃO Todas as vezes em que você se comunica ou interage com alguém, há sempre uma intenção ao falar ou ao escrever. Imagem: Shutterstock.com Dependendo dessa intenção ou da finalidade do ato de comunicação, haverá maneiras diferentes de construir sua fala e sua escrita, ou seja, você acabará usando modos específicos para se expressar ou interagir por meio da língua. Imagem: Shutterstock.com VEJAMOS A SEGUINTE SITUAÇÃO: Imagine que Rodrigo chegou em casa ansioso por contar algo que aconteceu no trabalho, uma situação ocorrida que lhe deu muita esperança de ser promovido. Imagem: Shutterstock.com Falamos e escrevemos com as mais diferentes intenções, adequando nosso ato de comunicação a partir delas, por isso devemos concluir que há diversas formas de organizar o discurso. Isso também implica dizer que existem diversos gêneros textuais, além daquelas modalidades que você deve ter aprendido na escola, como narração, descrição e dissertação. No diálogo acima, qual modalidade você acha que Rodrigo utilizou para contar o fato ocorrido? NARRAÇÃO DESCRIÇÃO DISSERTAÇÃO Ao contar o episódio, tentando mostrar as chances de ter uma promoção, ele utilizou aspectos característicos da narração, que é um tipo específico de se organizar o discurso, assim como nós também fazemos comumente no dia a dia. Enquanto ele contava sua história, provavelmente nem se deu conta de elementos típicos da narração, como: personagem, espaço, tempo etc. FECHAR Pense mais uma vez e tente novamente! FECHAR ENUNCIAÇÃO O termo enunciação refere-se à atividade social e interacional em que a língua é colocada em funcionamento por um enunciador (aquele que fala ou escreve), tendo em vista um enunciatário (aquele para quem se fala ou se escreve). FECHAR Para compreender tudo isso e identificar possíveis aplicações no uso da língua, você aprenderá os conceitos de discurso e de texto para, então, verificar como o conhecimento dos diferentes gêneros textuais o ajudará a escrever e a ler melhor. Imagem: Shutterstock.com CONCEITO DE TEXTO E DISCURSO Para distinguir texto e discurso, primeiramente é preciso conceituá-los, além de identificar a utilidade dessa distinção. Mas, em vez de começar logo com uma definição, vamos pensar um pouco sobre a prática, ou seja, vamos considerar uma situação concreta de uso da língua. Imagine que alguém diga a um colega o seguinte: Imagem: Shutterstock.com A resposta "sei" provavelmente frustrou quem perguntou. A decepção ou mesmo o estranhamento diante de tal resposta ocorre porque a intenção de quem pergunta não é obter uma informação sobre o conhecimento ou não do horário, mas pedir um dado que traga sentido, referência e clareza. A INTENÇÃO DE QUEM PERGUNTA É UM ELEMENTO FUNDAMENTAL NA ENUNCIAÇÃO, ASSIM COMO A FORMA COM QUE O TEXTO É RECEBIDO PELO ENUNCIATÁRIO. O produto da enunciação é chamado enunciado. No campo dos estudos da linguagem, o conceito de enunciação, assim como tantos outros, apresenta variações na forma como é definido, conforme a abordagem teórica em que seja tomado. A enunciação está presente na maioria dos textos. No caso da nossa hipotética situação de comunicação, pode-se imaginar a presença explícita dessa enunciação do seguinte modo: Imagem: Shutterstock.com ENUNCIAÇÃO O termo enunciação refere-se à atividade social e interacional em que a língua é colocada em funcionamento por um enunciador (aquele que fala ou escreve), tendo em vista um javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) enunciatário (aquele para quem se fala ou se escreve). Imagem: Shutterstock.com É possível que um texto não explicite as intenções do autor, ou seja, a enunciação pode estar implícita. Nesse caso, será preciso ouvir ou ler o texto, entendê-lo e perceber as intenções do autor. Teremos, então, uma decodificação desse texto. Além da intenção, que pode estar implícita ou explícita na interação por meio da linguagem, temos sujeitos que interagem em determinado tempo ou contexto a partir de um texto ou mensagem. OS ASPECTOS RELACIONADOS COM A PESSOA (QUEM FALA/OUVE OU QUEM ESCREVE/LÊ) E COM O TEMPO (EM QUE MOMENTO OU CONTEXTO A COMUNICAÇÃO SE DÁ) TAMBÉM FAZEM PARTE DA ENUNCIAÇÃO. Imagem: Shutterstock.com Mesmo que esses aspectos nem sempre estejam explicitados ou claros no texto, a produção textual envolve os seguintes elementos da enunciação: Imagem: Shutterstock.com Imagem: Shutterstock.com A partir dessa abordagem inicial sobre enunciação, vamos a uma primeira caracterização de texto e de discurso. Segundo Abreu (2004), podemos dizer que: Imagem: Shutterstock.com O texto é um produto da enunciação, estático, definitivo e, muitas vezes, com algumas marcas da enunciação que nos ajudarão na tarefa de decodificá-lo. Imagem: Shutterstock.com O discurso, por sua vez, é dinâmico: principia quando o emissor realiza o processo de codificação e só termina quando o destinatário cumpre sua tarefa de decodificá-lo. Por isso, também se afirma que o discurso é histórico. Quando um texto é escrito, finalizado pelo seu autor, pode ser considerado algo acabado e estático. No entanto, o discurso teve seu início juntamente com o texto e vai se completando à medida que o texto vai sendo lido por seus leitores. Por isso, Abreu (2004) nos diz que o discurso é sempre dinâmico e pode ser repetido infinitamente, sempre de formas diferentes, dependendo do repertório de seus leitores. AS CONCEPÇÕES DE TEXTO E DE DISCURSO NOS PERMITEM, ENTÃO, MAIS DO QUE FAZER UMA DISTINÇÃO, PERCEBER QUE ELES SÃO COMPLEMENTARES. Por isso, podemos afirmar: Discurso é o texto em atividade comunicativa; vindo a público e se realizando. É bom observar que o texto pode ser escrito ou oral, embora enfatizemos na maioria das vezes o texto escrito. O discurso também pode se realizar tanto a partir de um texto escrito quanto de um texto oral. ATENÇÃO Não confunda discurso com a fala de um orador! O professor Luís Cláudio Dallier e o linguista Antônio Suárez Abreu retomam o conceito de texto e discurso com alguns exemplos práticos. Vídeo com librasPodemos, então, concluir que todas as vezes que escrevemos ou falamos temos um texto que se realiza como discurso. Isso acontece porque quem fala e escreve tem uma intenção ou objetivo contido na mensagem e até na forma de comunicá-la. Quem ouve e lê precisa decifrar (compreender) a mensagem e a sua intenção a partir do próprio conhecimento de mundo e, claro, do próprio texto. Mas, você pode se perguntar: PARA QUE SERVE DEFINIR TEXTO E DISCURSO, ALÉM DE FAZER A DISTINÇÃO ENTRE ELES? QUAL A UTILIDADE DESSES CONCEITOS? Essas perguntas são muito importantes e serão respondidas na continuidade deste tema. Mas antes, verifique se você de fato aprendeu o que é um texto e um discurso realizando a atividade a seguir. Imagem: Shutterstock.com VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. A ENUNCIAÇÃO É UM CONCEITO IMPORTANTE PARA COMPREENDER O QUE É UM DISCURSO, ALÉM DA DISTINÇÃO E COMPLEMENTARIDADE ENTRE TEXTO E DISCURSO. SOBRE A ENUNCIAÇÃO, É CORRETO AFIRMAR QUE: A) Refere-se à atividade social e interacional em que a língua é colocada em funcionamento por um enunciador (aquele que fala ou escreve), tendo em vista um enunciatário (aquele para quem se fala ou se escreve), produzindo um enunciado. B) A intenção tem pouca importância na produção do texto e, consequentemente, na forma como ele será lido. C) O produto da enunciação é chamado enunciatário. D) O produto da enunciação é chamado enunciatário. E) No campo dos estudos da linguagem, assim como tantas outras noções, a de enunciação apresenta uma única forma de ser apresentada, sendo resumida a dois elementos: enunciador e enunciatário. 2. TEXTO E DISCURSO SÃO CONCEITOS QUE DEVEM SER COMPREENDIDOS COMO DISTINTOS E AO MESMO TEMPO COMPLEMENTARES PORQUE: A) O texto é a parte abstrata e o discurso é a parte concreta. B) O texto é escrito e o discurso é oral. C) O discurso é o texto em atividade comunicativa, vindo a público e se realizando. D) O texto é dinâmico e indefinido enquanto o discurso é estático e definitivo. E) O texto pode ser repetido infinitamente, sempre de formas diferentes, dependendo da bagagem cultural de seus leitores, já o discurso pode ser considerado algo acabado e estático. GABARITO 1. A enunciação é um conceito importante para compreender o que é um discurso, além da distinção e complementaridade entre texto e discurso. Sobre a enunciação, é correto afirmar que: A alternativa "A " está correta. A intenção de quem pergunta é um elemento fundamental na enunciação, assim como a forma com que o texto é recebido pelo enunciatário. O termo enunciação refere-se à atividade social e interacional em que a língua é colocada em funcionamento por um enunciador (aquele que fala ou escreve), tendo em vista um enunciatário (aquele para quem se fala ou se escreve). O produto da enunciação é chamado enunciado. No campo dos estudos da linguagem, o conceito de enunciação, assim como tantos outros, apresenta variações na forma como é definido, conforme a abordagem teórica em que seja tomado. 2. Texto e discurso são conceitos que devem ser compreendidos como distintos e ao mesmo tempo complementares porque: A alternativa "C " está correta. O texto é um produto da enunciação, estático, definitivo. O discurso, por sua vez, é dinâmico: principia quando o emissor realiza o processo de codificação e só termina quando o destinatário cumpre sua tarefa de decodificá-lo. O discurso é histórico. Quando um texto é escrito, finalizado pelo seu autor, pode ser considerado algo acabado e estático. No entanto, o discurso teve seu início juntamente com o texto e vai se completando à medida que o texto vai sendo lido por seus leitores. Por isso, o discurso “é sempre dinâmico e pode ser repetido infinitamente, sempre de formas diferentes, dependendo do repertório de seus leitores”. MÓDULO 2 Identificar aspectos da distinção entre texto e discurso na produção textual CUIDADOS NA ELABORAÇÃO DO TEXTO Compreender a relação entre texto e discurso deve levá-lo a determinados cuidados na produção do texto e na sua leitura. Em relação à leitura, você deve lembrar que o discurso é um conceito relacionado com as intenções presentes no texto (de forma explícita ou implícita) e outros elementos da comunicação como: Quem escreve; Quem lê; Em que contexto o texto foi produzido; O momento em que o texto é lido. Imagem: Shutterstock.com Isso quer dizer que o discurso é algo situado, ou seja, ele é produzido por alguém, com determinada intenção, em algum contexto e tendo em vista o interlocutor. PARA A COMPREENSÃO OU INTERPRETAÇÃO ADEQUADA DO TEXTO, SERÁ PRECISO CONSIDERAR TAMBÉM ESSES ELEMENTOS OU ASPECTOS, MUITAS VEZES ESCONDIDOS NAS ENTRELINHAS. O linguista Antônio Suárez Abreu fala sobre cuidados na elaboração do texto a partir da noção de discurso. Vídeo com libras Imagem: Shutterstock.com Você certamente percebeu o quão importante é a construção do discurso e a relevância de refletir sobre ele. Mas sejamos um pouco mais práticos, trataremos agora da elaboração do texto. Imagem: Shutterstock.com ELABORAÇÃO DO TEXTO Ao elaborar um texto, você deve ter em mente que não escreve para si mesmo, pois seu texto é produzido para que outros o leiam, ele se transformará em discurso. Por isso, deve haver cuidado na elaboração, na forma pela qual suas intenções estarão marcadas ou presentes na mensagem. Se escrevemos e falamos para que outros nos entendam ou mesmo atendam aos objetivos de nossa comunicação, precisamos nos esforçar para irmos além da simples expressão do que temos em mente. Isso tem a ver com um importante mecanismo da comunicação, que foi resumido pelo professor Blikstein (1990), em seu livro Técnicas de comunicação escrita, da seguinte forma. Os princípios do mecanismo da comunicação seriam: I Toda comunicação escrita deve gerar uma resposta a uma determinada ideia ou necessidade que temos em mente. II A comunicação escrita será correta e eficaz se produzir uma resposta igualmente correta. III Resposta correta é a que esperamos, isto é, aquela que corresponde à ideia ou necessidade que temos em mente. IV Para avaliarmos a correção e a eficácia de uma comunicação escrita, temos que verificar sempre se houve uma resposta e se ela corresponde à ideia ou necessidade que queremos passar ao leitor. Veja o exemplo: Imagem: Shutterstock.com É preciso, então, cuidado em relação a vários aspectos no uso da língua nas situações de comunicação. Vejamos três deles: 1. VOCABULÁRIO Imagem: Shutterstock.com Preferir palavras e expressões que, além de expressar o que pensamos, ajudem o leitor ou ouvinte a identificar a nossa intenção ou o objetivo do texto. Palavras pouco conhecidas ou rebuscadas, termos técnicos e vocabulário restrito a uma área diferente da do nosso interlocutor podem oferecer alguma dificuldade. O vocabulário sempre deve estar adequado ao contexto em que comunicamos nossa mensagem e ao nosso interlocutor. Se precisarmos usar alguma palavra difícil ou pouco conhecida, é recomendável que ela venha acompanhada de alguma explicação, evitando deixar o texto pedante ou pretencioso. Não é um vocabulário excessivamente formal ou com preciosismos que vai demonstrar nosso domínio da língua. Imagem: Shutterstock.com 2. ADEQUAÇÃO DA LINGUAGEM ÀS SITUAÇÕES E AOS LEITORES QUE TEMOS EM VISTA O estilo e o nível de linguagem que usamos em nossa escrita ou fala devem estar adequados ao contexto da comunicação, ao objetivo ou à intenção da nossa mensagem e ao interlocutor (o receptor, a pessoa com quem nos comunicamos): Imagem: Shutterstock.com Se o objetivo, por exemplo, for escrever um manual com procedimentos e orientações para o uso de um celular, o texto deverá ter um estilo que respeite a língua culta, mas que será simples, objetivo e claro, com predomínio de verbos no imperativo ou infinitivo, além de descrições e outras características desse gênero textual. Imagem: Shutterstock.com Se escrevermos um bilhete ou enviarmos um recado por um aplicativode mensagens, usaremos uma linguagem mais coloquial, um tom pessoal e talvez algumas abreviaturas, entre outras características. Mais adiante você aprenderá outros aspectos importantes na produção e na elaboração do texto em função de seu gênero. 3. CONSTRUÇÃO DAS FRASES E CORREÇÃO GRAMATICAL Organizar cada parágrafo do texto, os períodos e as frases que o compõem é uma forma de deixar o texto claro, coeso e coerente. Imagem: Shutterstock.com Escrever e falar sem incorreções gramaticais também contribui para o melhor entendimento da mensagem, além de dar credibilidade ao autor em virtude do seu domínio da língua padrão. Há outros cuidados na elaboração do texto que destacamos para ajudá-lo a escrever melhor. São aspectos que o ajudarão a perceber características que devem estar presentes em todos os textos e, além disso, a aprender uma outra forma de definir o que é um texto. Vamos, então, conhecer quatro importantes recomendações que você precisa considerar ao escrever e ao ler um texto: NÃO CONFUNDA TEXTO COM A MERA SOMA OU AGLOMERADO DE FRASES Um texto deve ser um todo orgânico com encadeamentos que interliguem as suas partes. Isso im- plica, na leitura, que não devemos tomar as frases ou partes do texto isoladamente, sem considerar o seu contexto. Se o texto é um todo orgânico, então sua compreensão não pode se basear apenas em um fragmento isolado do contexto. DELIMITE O SEU TEXTO! Os professores Platão e Fiorin (2003) nos lembram em seu livro Para entender o texto que o texto deve ser “delimitado por dois espaços de não sentido, dois brancos, um antes de começar o texto e outro depois”, ou seja, tem início e fim, está delimitado num determinado espaço. Isso implica uma organização textual. Se o texto é uma unidade, ele deve ter começo, meio e fim. FAÇA COM QUE SEU TEXTO SEJA UM GERADOR DE SENTIDO O que você escreve tem que fazer sentido para quem vai ler. Caso isso não aconteça, não se produzirá um discurso, o texto não se realizará. Os sentidos têm de ser marcados pela coerência; devem ser, também, confirmados a partir de seu contexto. ESTEJA ATENTO A ELEMENTOS DO CONTEXTO DURANTE A PRODUÇÃO De acordo com Platão e Fiorin (2003), o texto é o produto de um sujeito que pertence “a um grupo social num tempo e num espaço”, alguém que expõe em seus textos as ideias, os anseios, os temores, as expectativas de seu tempo e de seu grupo social. Assim, é necessário entender as concepções existentes na época e na sociedade em que o texto foi produzido para não correr o risco de compreendê-lo de maneira distorcida. Esses cuidados na elaboração do texto correspondem a uma forma de entender o que é um texto. Por isso, é hora de apresentar a seguinte definição: O texto é um todo orgânico gerador de sentido. Essa definição nos ajuda a perceber que um texto tem que fazer sentido e possui princípio e fim, mesmo que ele seja um texto muito pequeno. Imagem: Shutterstock.com Imagine que alguém, diante de um princípio de incêndio, grite: FOGO. Imagem: Shutterstock.com Ou vamos supor que uma professora, diante de uma sala de aula muito barulhenta, escreva numa lousa a palavra: SILÊNCIO. Nos dois casos temos um exemplo de texto, por menor que seja sua estrutura. Isso acontece porque nessas situações de comunicação existe uma unidade linguística delimitada e que produz sentido a partir da intenção de quem fala ou escreve. Imagem: Shutterstock.com LINGUÍSTICA Estudo científico da linguagem e das línguas naturais. A utilização deste termo depende das perspectivas metodológicas, das teorias e das disciplinas que estudam os diferentes fenômenos. Fonte: Portal da língua portuguesa. Compreender que o texto é um todo orgânico que produz sentido também traz como desdobramento estabelecer correspondência e articulação entre suas partes. As frases não podem ser soltas ou simplesmente amontoadas numa sequência sem sentido e sem unidade. DICA javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) A palavra TEXTO está relacionada, emsua origem, com a palavra TECIDO. Daí que podemos falar na "tecitura de um texto",em "tecer um texto". É preciso tecer os fios, ou tecer as palavras, de tal forma que o texto se apresente coeso e orgânico: uma unidade articulada. O processo de articulação do texto, que permite a integração entre suas partes, é chamado de encadeamento semântico (semântico = sentido). Ele é que produz a textualidade ou a “trama semântica”. A coesão, segundo Abreu (1999), é exatamente esse processo de encadeamento que produz a textualidade, que cuida da estruturação da sequência superficial do texto. Conforme nos ensinam Platão e Fiorin (2003), podemos também dizer que a coesão textual é a ligação, a relação, a conexão entre as palavras, expressões ou frases do texto, por meio de “elementos formais que assinalam o vínculo entre os componentes do texto”. Quando um conteúdo escrito apresenta repetições desnecessárias, retomando uma palavra ou ideia sempre com o mesmo termo, temos um caso de falta de coesão. O exemplo a seguir, retirado do livro Curso de redação, do professor Antônio Suarez Abreu, é uma boa oportunidade para verificar a falta de coesão num texto. Imagem: Shutterstock.com Se você levar em conta que o termo “revendedoras de automóveis” pode ser substituído por agência, concessionária ou loja, e “automóveis” pode ser substituído por carros, veículos, produto ou mercadoria, é possível reescrever o texto estabelecendo a coesão. Veja: Imagem: Shutterstock.com Perceba que, além de evitar a repetição de “revendedoras de automóveis” e da palavra “automóveis”, substituindo esses termos por sinônimos, foram utilizados mecanismos de coesão como a elipse, ou seja, omissão de um termo. Nesse exemplo, na oração desiste de comprar o automóvel, foi omitido o complemento da forma verbal “desiste”, sem prejuízo à compreensão do texto. Também se substituiu o termo “os automóveis” na frase para vender os automóveis mais caro pelo pronome oblíquo átono junto ao verbo vender: “para vendê-los mais caro”. Outro mecanismo de coesão utilizado foi a retomada do termo “revendedora de automóveis” valendo-se de um advérbio, no caso, o advérbio de lugar “lá”: “o cliente vai lá...”. Há diversas outras formas de articular as partes de um texto, as sentenças ou frases que formam cada período ou parágrafo, garantindo a coesão textual. Se queremos, por exemplo, articular duas sentenças com o sentido de oposição, podemos usar conectores ou articuladores como: Mas Porém Contudo No entanto Todavia Se a ideia for articular sentenças diferentes com o sentido de causalidade, usaremos articuladores como: Porque Uma vez que Já que Visto que Devido a Por causa de Veja o exemplo a seguir: A DIRETORA DA ESCOLA CONVOCOU OS PAIS E OS RESPONSÁVEIS DOS ALUNOS PARA UMA REUNIÃO ONTEM À TARDE, PORÉM POUCOS COMPARECERAM, JÁ QUE UMA FORTE CHUVA INUNDOU OS PRINCIPAIS ACESSOS AO COLÉGIO. Perceba que duas informações iniciais estão articuladas com a ideia de oposição: a convocação e o não comparecimento de quem foi convocado. Em seguida, apresenta-se a causa para o não comparecimento: a forte chuva. A coesão também se manifesta ao se evitar a repetição desnecessária da expressão “os pais e os responsáveis” na oração: porém poucos compareceram, além de se retomar o termo “escola” pelo sinônimo “colégio” na última oração. Imagem: Shutterstock.com Confira outras explicações e exemplos sobre coesão textual com o linguista Antônio Suárez Abreu. Vídeo com libras Imagem: Shutterstock.com DICA! O Quiz de Português é um aplicativo de perguntas e respostas que abrangem as divisões da gramática e as regras gerais de construção textual, como os recursos de coerência e coesão. É voltado para todos que querem melhorar ou apenas testar o seu conhecimento na língua portuguesa, além de educadores e alunos da área. Baixe nas versões: javascript:void(0); javascript:void(0); javascript:void(0); javascript:void(0); Imagem:
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