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. 1 MP-SP Analista Jurídico do MP Direitos Políticos. Direitos fundamentais e direitos políticos; Privação dos direitos políticos. Direito Eleitoral. Conceito e fundamentos; Fontes do Direito Eleitoral; Princípios de Direito Eleitoral; Hermenêutica eleitoral. Poder representativo. Sufrágio; Natureza; Extensão do sufrágio; Valor do sufrágio; Modo de sufrágio; Formas de sufrágio. Organização eleitoral. Distribuição territorial; Sistemas eleitorais .................................................. 1 Justiça Eleitoral. Características institucionais; Órgãos e composição; Diversificação funcional das atividades da Justiça Eleitoral; Competências; Justiça Eleitoral e o controle da legalidade das eleições ....... 12 Ministério Público Eleitoral. Composição; Atribuições; Ministério Público Eleitoral e lisura do processo eleitoral................................................................................................................................................... 24 Capacidade eleitoral. Requisitos; Limitações decorrentes de descumprimento do dever eleitoral ..... 27 Alistamento eleitoral. Ato de alistamento; Fases do alistamento; Efeitos do alistamento; Cancelamento e exclusão .............................................................................................................................................. 31 Revisão do eleitorado ........................................................................................................................ 40 Elegibilidade ...................................................................................................................................... 43 Registro de candidaturas; Convenção Partidária; Coligação Partidária; Processo de Registro de Candidatura. Impugnações ao Registro de Candidatura ........................................................................ 44 Inelegibilidades; Inelegibilidades constitucionais; Inelegibilidades infraconstitucionais ou legais; Arguição judicial de inelegibilidade ......................................................................................................... 88 Partidos políticos. Sistemas partidários; Criação, fusão e extinção dos partidos políticos; Órgãos partidários; Filiação partidária; Fidelidade partidária; Financiamento dos partidos políticos, controle de arrecadação e prestação de contas ...................................................................................................... 100 Garantias eleitorais. Liberdade de escolha; Proteção jurisdicional contra a violência atentatória à liberdade de voto; Contenção ao poder econômico e ao desvio e abuso do poder político; Transporte de eleitores das zonas rurais ..................................................................................................................... 116 Campanha eleitoral. Financiamento de campanha eleitoral e prestação de contas; Modelo brasileiro de financiamento de campanha eleitoral .............................................................................................. 127 Propaganda eleitoral. Conceito; Pesquisas e testes pré-eleitorais; Propaganda eleitoral em geral; Propaganda eleitoral em outdoor; Propaganda eleitoral na internet; Propaganda eleitoral na imprensa; Propaganda eleitoral gratuita no rádio e na televisão ........................................................................... 129 Direito de resposta ........................................................................................................................... 142 Permissões e vedações no dia da eleição; Condutas vedadas aos agentes públicos em campanhas eleitorais; Captação irregular de sufrágio ............................................................................................. 145 Procedimento Preparatório Eleitoral. Atos preparatórios à votação. Processo de votação. Apuração eleitoral. Diplomação; Recurso contra expedição de diploma; Candidato eleito com pedido de registro sub judice e realização de eleição suplementar .......................................................................................... 149 1489363 E-book gerado especialmente para MONICA BORGES MARTINS . 2 Ações judiciais eleitorais. Ação de impugnação de registro de candidatura. Representações por propaganda ilícita ou irregular; Ação de Impugnação de registro ou divulgação de pesquisas eleitorais; Ação de investigação judicial eleitoral por abuso de poder de autoridade, político e econômico; Ação por captação ilícita de sufrágio; Ação por conduta vedada a agentes públicos; Ação por captação ou gasto ilícito de recursos para fins eleitorais; Ação de impugnação de mandato eletivo. Ação por doação acima dos limites legais .................................................................................................................................. 161 Recursos eleitorais. Perda do mandato eletivo e eleições suplementares ....................................... 172 Crimes eleitorais. Princípios constitucionais aplicáveis aos crimes eleitorais; Crimes eleitorais puros ou específicos; Crimes eleitorais acidentais; Crimes cometidos no alistamento eleitoral; Crimes cometidos no alistamento partidário; Crimes eleitorais em matéria de inelegibilidades; Crimes eleitorais na propaganda eleitoral; Corrupção eleitoral; Coação eleitoral; Crimes eleitorais na votação; Crimes eleitorais na apuração; Crimes eleitorais no funcionamento do serviço eleitoral; Crimes eleitorais que podem ser cometidos em qualquer fase do processo eleitoral; Crimes eleitorais e sanções penais ...................... 179 Processo penal eleitoral. Prisão e período eleitoral; Competência, conexão e continência em matéria eleitoral; Medidas despenalizadoras; Ação penal eleitoral .................................................................... 194 Recursos ......................................................................................................................................... 208 Candidatos ao Concurso Público, O Instituto Maximize Educação disponibiliza o e-mail professores@maxieduca.com.br para dúvidas relacionadas ao conteúdo desta apostila como forma de auxiliá-los nos estudos para um bom desempenho na prova. As dúvidas serão encaminhadas para os professores responsáveis pela matéria, portanto, ao entrar em contato, informe: - Apostila (concurso e cargo); - Disciplina (matéria); - Número da página onde se encontra a dúvida; e - Qual a dúvida. Caso existam dúvidas em disciplinas diferentes, por favor, encaminhá-las em e-mails separados. O professor terá até cinco dias úteis para respondê-la. Bons estudos! 1489363 E-book gerado especialmente para MONICA BORGES MARTINS . 1 Caro(a) candidato(a), antes de iniciar nosso estudo, queremos nos colocar à sua disposição, durante todo o prazo do concurso para auxiliá-lo em suas dúvidas e receber suas sugestões. Muito zelo e técnica foram empregados na edição desta obra. No entanto, podem ocorrer erros de digitação ou dúvida conceitual. Em qualquer situação, solicitamos a comunicação ao nosso serviço de atendimento ao cliente para que possamos esclarecê-lo. Entre em contato conosco pelo e-mail: professores@maxieduca.com.br DIREITOS POLÍTICOS Direitos políticos são as regras que disciplinam o exercício da soberania popular e a participação nos negócios jurídicos do Estado. São os direitos de participar da vida política do País, da formação da vontade nacional incluindo os de votar e ser votado. Os direitos políticos consistem no exercício da soberania popular das mais diversas formas. Conforme preceitua o doutrinador Edson de Resende Castro, os Direitos Políticos são, para o cidadão, o reconhecimento da lei quanto à sua capacidade de participação na formação do governo e na tomada de decisões estatais. Para Afonso Schmidt1, tendo como parâmetro a Constituição Federal de 1988, podem serdefinidos ainda como os direitos e garantias que permitem o exercício da soberania popular pelo cidadão (Artigo 14 da CF/1988). Sintetizando, os Direitos Políticos são as regras estabelecidas para que o cidadão possa participar: * do processo de escolha dos governantes; * das decisões políticas do Estado. Direitos Fundamentais e Direitos Políticos Apesar dos Princípios Eleitorais admitirem interpretação relativa, já que também podem ser originários de legislação infraconstitucional, em sua maioria, os mesmos se originam da Constituição Federal de 1988. Direitos Políticos na Constituição Federal de 1988 Primeiramente, conceituaremos o que seria cidadão. Enquanto povo ou pessoa representa um termo mais genérico, cidadão refere-se ao brasileiro no gozo dos seus direitos políticos. É em decorrência dos direitos políticos que o cidadão pode votar, ajuizar ação popular, etc. Os Direitos Políticos têm origem no próprio conceito de democracia. O parágrafo único do Artigo 1º da CF/88 assinala que: “Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição”. Instrumentos para o Exercício dos Direitos Políticos Entre os principais instrumentos para o exercício da soberania popular estão, de acordo com o Artigo 14 da CF/88: * sufrágio universal; * voto direto e secreto; * plebiscito, referendo e iniciativa popular. 1 SCHMIDT, Afonso. Direito Eleitoral para Concursos. Rio de Janeiro: Elsevier, 2012, p. 7 – 10. Direitos Políticos. Direitos fundamentais e direitos políticos; Privação dos direitos políticos. Direito Eleitoral. Conceito e fundamentos; Fontes do Direito Eleitoral; Princípios de Direito Eleitoral; Hermenêutica eleitoral. Poder representativo. Sufrágio; Natureza; Extensão do sufrágio; Valor do sufrágio; Modo de sufrágio; Formas de sufrágio. Organização eleitoral. Distribuição territorial; Sistemas eleitorais 1489363 E-book gerado especialmente para MONICA BORGES MARTINS . 2 Observa-se, portanto, que a democracia brasileira é exercida pela participação popular: * indireta – exercendo o poder por meio dos representantes eleitos pelo voto; * direta – plebiscito, referendo e iniciativa popular. Importante! A Ação Popular (Artigo 5º, LXXIII, da CF/88) e o controle da administração pública, através de denúncia ao Tribunal de Contas da União (Artigo 74, §2º, CF/88), também são instrumentos que permitem a participação popular direta. Uma exceção ao voto direto ocorre no caso de vacância aos caros de Presidente e Vice- Presidente, nos últimos dois anos do mandato presidencial (Artigo 81, §1º, CF/88). Neste caso, é realizada uma eleição indireta entre os membros do Congresso Nacional, para a escolha daqueles que irão encerrar os mandatos de Presidente e Vice. Sobre os instrumentos para o exercício da soberania popular, cabem algumas observações: * A Iniciativa Popular de leis é prevista no Artigo 61, §2º, CF/88; * O Sufrágio Universal representa o direito ao voto para todos. Por meio do mesmo, os cidadãos participa dos rumos do Estado, escolhendo os seus representantes. O sufrágio se divide em Capacidade Eleitoral Ativa (direito de votar) e Capacidade Eleitoral Passiva (direito de receber votos); * O voto secreto, direto, universal e periódico constitui cláusula pétrea, ou seja, não pode ser alterado nem mesmo por uma emenda à Constituição (Artigo 60, §4º, CF/88). Sua mudança somente poderia ocorrer no caso da promulgação de uma nova Constituição. Diferença entre Plebiscito e o Referendo: No Plebiscito, faz-se uma consulta prévia aos cidadãos a respeito de um determinado assunto. Assim, ocorrerá antes de se elaborar uma lei ou normativo. A competência para convocação de plebiscitos é exclusiva do Congresso Nacional. Exemplo de plebiscito foi o que definiu a forma e o sistema de governo, em 1993: república presidencialista. (Caso fosse escolhida uma monarquia parlamentarista, esta foram e sistema de governo seriam implantados após o plebiscito). Já o Referendo ocorre depois da elaboração da lei ou da constituição de determinada situação jurídica. O cidadão poderá então ratifica-la ou rejeita-la. A convocação para o referendo deve ocorrer em até 30 dias após a promulgação da lei ou adoção do ato administrativo. Exemplo de referendo foi o que rejeitou, em 2005, a proibição do comércio de armas no país. Dica para Memorizar: Plebiscito Prévio Referendo Depois Privação dos Direitos Políticos Outro ponto relevante sobre os direitos políticos é que os mesmos jamais podem ser cassados. Somente é possível a sua suspensão ou perda. Isto é importante, pois a Constituição fala expressamente que os direitos políticos não podem ser cassados. Em uma questão que trate da letra da lei, tal assunto pode ser cobrado. Também é fundamental compreender que a perda dos direitos políticos somente ocorrerá nos casos de brasileiros naturalizados. E tal perda é decorrência direta do cancelamento da naturalização (Artigo 15, §1º, CF/88). Portanto, enquanto brasileiro, não há hipótese de perda dos Direitos Políticos, mas apenas da sua suspensão. Brasileiro nato, em suma, não perde os seus Direitos Políticos. Já os estrangeiros não possuem direitos políticos. As causas para a Suspensão dos Direitos Políticos estão no Artigo 15 da CF/88: “II – incapacidade civil absoluta; III – condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem seus efeitos; IV – recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação alternativa, nos termos do artigo 5º, VIII; V – improbidade administrativa, nos termos do artigo 37, §4º”. 1489363 E-book gerado especialmente para MONICA BORGES MARTINS . 3 Com relação à condenação criminal transitada em julgado, vale destacar que envolve condenação por crime culposo ou doloso e até mesmo por contravenção penal. Além disso, os direitos políticos ficam suspensos independentemente da pena aplicada, ou seja, pena privativa de liberdade, restritiva de direitos, pena pecuniária. A suspensão dos direitos políticos ainda se mantém no caso de suspensão condicional da pena ou no caso de livramento condicional. Enfim, enquanto durarem os efeitos da condenação criminal transitada em julgado, os direitos políticos estrão suspensos. É importante observar que a condenação penal transitada em julgado pode até mesmo resultar da perda de mandato eletivo ainda em curso, conforme entendimento do STF (RE 418876 MT). Questões 01. (TCE/RN – Conhecimentos Básicos – CESPE/2015) No que se refere às disposições da Constituição Federal de 1988 (CF) acerca de direitos políticos, julgue o próximo item. Os direitos políticos poderão ser cassados na hipótese de condenação judicial transitada em julgado por ato de improbidade administrativa. (....) Certo (....) Errado 02. (TCE/CE – Analista de Controle Externo – FCC/2015) Sobre o mecanismos de controle social previstos pela Constituição Federal de 1988, é correto afirmar que o (A) plebiscito deve ser realizado depois da aprovação do projeto de lei. (B) plebiscito deve ser realizado depois da elaboração do projeto de lei para dar subsídios a sua elaboração. (C) referendo deve ser realizado antes da aprovação do projeto de lei para dar subsídios a sua elaboração. (D) referendo deve ser realizado depois da elaboração do projeto de lei. (E) referendo deve ser realizado depois da aprovação do projeto de lei. 03. (MPOG – Atividade Técnica – FUNCAB/2015) Sobre os direitos políticos, é correto afirmar que: (A) são inelegíveis, de acordo com o art. 14, § 4º, da Constituição Federal, os inalistáveis e os analfabetos. (B) a idade mínima de vinte e um anos é requisito de elegibilidade para candidatura a vereador. (C) o alistamento eleitoral e o voto são facultativos para os maiores de setenta anos e para os maiores de dezesseis e menores dedezoito anos, mas não para os analfabetos. (D) para concorrer a outro cargo, prefeitos devem renunciar ao mandato até três meses antes do pleito. (E) não podem alistar-se com o eleitores os estrangeiros e os brasileiros naturalizados. 04. (TRE/RR – Analista Judiciário – FCC/2015) A Constituição Federal NÃO admite a perda ou suspensão dos Direitos Políticos no caso de (A) cancelamento de naturalização por sentença transitada em julgado. (B) incapacidade civil absoluta. (C) militares da ativa e da reserva. (D) recusa de votar e de cumprir prestação alternativa, por motivo de convicção religiosa, àquele obrigado a tanto. (E) condenação criminal transitada em julgado que esteja produzindo seus efeitos. Gabarito 01. Errado/02. E/03. A/04. C Comentários 01. Errado. Art. 15, CF/88: É vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda ou suspensão só se dará nos casos de: I - cancelamento da naturalização por sentença transitada em julgado (perda); II - incapacidade civil absoluta (suspensão); III - condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem seus efeitos (suspensão); IV - recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação alternativa, nos termos do art. 5º, VIII (perda); V - improbidade administrativa, nos termos do art. 37, § 4º (suspensão). 1489363 E-book gerado especialmente para MONICA BORGES MARTINS . 4 02. Resposta: E. O referendo é uma consulta popular feita depois da aprovação de uma lei, seja ela complementar, ordinária ou emenda à Constituição. No plebiscito, ao contrário, a consulta é feita antes da elaboração da lei. 03. Resposta: A. Art. 14 § 4º, CF. São inelegíveis os inalistáveis e os analfabetos; 04. Resposta: C. Art. 15. É vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda ou suspensão só se dará nos casos de: I - cancelamento da naturalização por sentença transitada em julgado; (Letra A) II - incapacidade civil absoluta; (Letra B) III - condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem seus efeitos; (Letra E) IV - recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação alternativa, nos termos do art. 5º, VIII; (Letra D) V - improbidade administrativa, nos termos do art. 37, § 4º. Portanto militares da ativa e da reserva é a resposta: CF, Art., 14, § 8º - O militar alistável é elegível, atendidas as seguintes condições: I - se contar menos de dez anos de serviço, deverá afastar-se da atividade; II - se contar mais de dez anos de serviço, será agregado pela autoridade superior e, se eleito, passará automaticamente, no ato da diplomação, para a inatividade. Prezados Candidatos, conteúdo referente aos Direitos Políticos será complementado na apostila de Direito Constitucional e o Ministério Público. Conceito e Fundamentos O Direito Eleitoral é um ramo do Direito Público que tem como finalidade regular o exercício da soberania popular. É visto por muitos como uma “especialização do direito constitucional”. No conceito de Joel José Cândido, “O Direito Eleitoral é o ramo do Direito Público que trata de institutos relacionados com os direitos políticos e as eleições, em todas as suas fases, como forma de escolha dos titulares dos mandatos políticos e das instituições do Estado” (Cândido, 2006, p. 27). Ao ver de Djalma Pinto, “O Direito Eleitoral é o ramo do Direito Público que disciplina a criação dos partidos, o ingresso do cidadão no corpo eleitoral para fruição dos direitos políticos, o registro das candidaturas, a propaganda eleitoral, o processo eletivo e a investidura no mandato” (Pinto, 2006, p.16). Fávila Ribeiro assevera que, “O Direito Eleitoral, precisamente, dedica-se ao estudo das normas e procedimentos que organizam e disciplinam o funcionamento do poder de sufrágio popular, de modo a que se estabeleça a precisa equação entre a vontade do povo e a atividade governamental”. Para Afonso Schmidt2, em verdade, o Direito é uma ciência indivisível. No entanto, para facilitar o seu estudo, o mesmo é fracionado em diversos ramos. O Direito Eleitoral representa, em suma, o ramo jurídico que regula o exercício da democracia. Estabelece as regras para a escolha dos representantes do povo, buscando que a vontade de todos seja convertida em governantes legítimos, eleitos de forma transparente e de acordo com os anseios da coletividade. Em tese seria esta definição, porém, na prática, pode não sê-la. É importante observar que o Direito Eleitoral integra o campo do Direito Público, uma vez que regula as relações entre o Estado e a sociedade, ultrapassando o âmbito dos interesses particulares de cada indivíduo. Nas disciplinas de Direito Público, como o Direito Eleitoral, prevalece o interesse público sobre o interesse individual. Afonso Schmidt ilustra a localização do Direito Eleitoral no campo de Direito, com o seguinte diagrama: 2 SCHMIDT, Afonso. Direito Eleitoral para Concursos. Rio de Janeiro: Elsevier, 2012, p. 01 – 05. Direito Eleitoral 1489363 E-book gerado especialmente para MONICA BORGES MARTINS . 5 Direito Direito Público Direito Constitucional; Direito Administrativo; Direito Eleitoral Direito Privado Direito Civil Pode-se compreender o objeto do Direito Eleitoral como sendo a normatização de todo o chamado “processo eleitoral”, que se inicia com o alistamento do eleitor e a consequente distribuição do corpo eleitoral e se encerra com a diplomação dos eleitos. Neste ínterim, torna-se objeto do Direito Eleitoral todo o conjunto de atos relativos à organização das eleições, ao registro de candidatos, à campanha eleitoral (principalmente no que se refere ao combate ao abuso de poder econômico por parte dos candidatos), à votação, à apuração e à proclamação dos resultados. O Direito Eleitoral tem como objetivo a garantia da normalidade e da legitimidade do procedimento eleitoral, viabilizado a democracia. A normalidade significa a plena garantia da consonância do resultado apurado nas urnas com a vontade soberana expressada pelo eleitorado. A legitimidade, por sua vez, significa o reconhecimento de um resultado justo, de acordo com a vontade soberana do eleitor. Vale ressaltar que a expressão “procedimento eleitoral” utilizada refere-se não apenas às eleições, mas também às consultas populares, a exemplo do plebiscito e do referendo, sobre as quais também incidem as normas de direito eleitoral. A competência privativa para legislar sobre Direito Eleitoral é da União, segundo o artigo 22 da Constituição Federal de 1988. Fontes do Direito Eleitoral As Fontes do Direito Eleitoral definem a origem das regras previstas para esta matéria. De forma objetiva, basta saber que as fontes são os elementos de onde são obtidas as normas eleitorais. Em síntese, as fontes formais do Direito Eleitoral são: * Constituição Federal de 1988; * Leis Federais; * Resoluções do TSE (Possuem força de Lei Ordinária). Além destas, existem as fontes não formais ou indiretas, como: a doutrina e a jurisprudência. No entanto, no caso de uma questão de prova, que considere apenas as fontes formais, devem ser consideradas somente as destacadas anteriormente. A Constituição, as Leis exclusivamente Federais e as Resoluções do TSE são, portanto, as fontes do Direito Eleitoral. Fora isso, na prática, podem ser considerados como os principais normativos de Direito Eleitoral: * Constituição da República Federativa do Brasil; * Código Eleitoral (Lei nº 4.737/1965); * Lei das Eleições (Lei nº 9.504/1997); * Lei dos Partidos Políticos (Lei nº 9.096/1995); * Lei das Inelegibilidades (Lei Complementar nº 64/1990); * Lei da Ficha Limpa (Lei Complementar nº 135/2010); * Resoluções do TSE (possuem força de Lei Ordinária). Importante destacar que os normativos mencionados são considerados como os principais, mas não são os únicos. Existem diversas outras leis federais sobre Direito Eleitoral que também são importantes, como a leique trata dos transportes e da alimentação dos eleitores (Lei nº 6.091/1974). Esta lei, inclusive, é muito cobrada em provas. 1489363 E-book gerado especialmente para MONICA BORGES MARTINS . 6 Recomenda-se uma leitura cuidadosa das normas relacionadas anteriormente. Com relação à Constituição, de início, vale destacar os artigos 1º, 14 a 17, 118 a 121, que tratam dos direitos políticos, órgãos e composição da Justiça Eleitoral, dentre outros. Quanto ao Código Eleitoral, é importante saber que possui status de lei complementar. Editado em 1965, originalmente tinha natureza de lei ordinária. No entanto, a partir de 1988, com a promulgação da Constituição Federal, foi recepcionado com status de lei complementar. Assim, caso haja algum questionamento, o Código Eleitoral possui status de lei complementar, a partir da Constituição Federal de 1988. Com relação às Resoluções do TSE, é necessário ter em mente que compõem o poder regulamentar da Justiça Eleitoral, e são fundamentadas, especialmente, no Código Eleitoral (Artigo 23, IX) e na Lei das Eleições (Artigo 105 da Lei nº 9.504/97). Normalmente, por meio dessas Resoluções, o TSE: * Estabelece instruções para a execução do Código Eleitoral; * Preenche lacunas nas leis federais e Constituição, regulamentando matérias referentes aos procedimentos eleitorais. As Resoluções podem estabelecer, por exemplo, procedimentos eleitorais como registro de candidaturas e propaganda eleitoral. Uma das principais Resoluções do TSE é a de número 21.538/2003. Ela dispõe sobre diversos procedimentos das eleições e é frequentemente cobrada em concursos. Por fim, lembramos que as Resoluções do TSE possuem força de lei ordinária, conforme jurisprudência do próprio TSE. Importante! Compete privativamente à União legislar sobre Direito Eleitoral (Artigo 22, I, da CF/88); A União poderá delegar aos estados, por meio de Lei Complementar, a competência para legislar sobre questões específicas de Direito Eleitoral (Artigo 22, parágrafo único, da CF/88); É proibida a edição de Medidas Provisórias sobre Direito Eleitoral (Artigo 62, §1º, I, a, da CF/88); Leis Delegadas não podem tratar de Direitos Eleitorais (Artigo 68, §1º, II, da CF/88). Em síntese, podemos concluir que as leis federais sobre Direito Eleitoral não podem ser elaboradas exclusivamente pelo Presidente da República. Elas obrigatoriamente devem ser apreciadas pelo Congresso Nacional. Isso porque o Direito Eleitoral não pode ser tratado por meio de medidas provisórias (editadas pelo Presidente da República) e leis delegadas. Sobre as chamadas Leis Delegadas, as mesmas são previstas no artigo 68 da Constituição, e representam leis elaboradas diretamente pelo Presidente da República, a partir de delegação expressa do Congresso Nacional. É importante ressaltar, sobre elas, que não podem tratar de Direitos Eleitorais, conforme o artigo 68, §1º, inciso II, da CF/88. O dispositivo constitucional em questão estabelece um rol de matérias que não podem ser delegadas pelo Congresso Nacional ao Presidente da República. Dentre elas, estão incluídas as matérias eleitorais. Atenção! Existe diferença entre a delegação da competência para legislar da União para os Estados (permitida), e a delegação do Congresso Nacional para o Presidente da República (proibida): Delegação União – Estados: Permitida Congresso Nacional – Presidente: Proibida Com relação ao conceito e as fontes do Direito Eleitoral, observamos que, normalmente, não são temas muito cobrados em concursos. Referências Bibliográficas: NETO, Jaime Barreiros; BARRETO, Rafael. Direito Eleitoral. 3ª edição. Editora JusPodivm, 2015. Princípios de Direito Eleitoral3 Relevante destacarmos a conceituação de que os princípios são verdadeiros alicerces do ordenamento jurídico, servindo como inspiração à elaboração e interpretação das normas, trazendo em sua essência não só uma característica filosófica, mas alta carga valorativa e histórica de uma sociedade. 3 CHALITA, Savio. Manual Completo de Direito Eleitoral. Editora Foco. 1489363 E-book gerado especialmente para MONICA BORGES MARTINS . 7 A palavra “princípio”, neste enfoque, não deve refletir a ideia de início ou começo, mas sim a noção de “mandamento nuclear de um sistema”. Citando Miguel Reale, GOMES leciona que “sob o enfoque lógico, os princípios são identificados como verdades ou juízos fundamentais, que servem de alicerce ou de garantia de certeza a um conjunto de juízos, ordenados em um sistema de conceitos relativos a dada porção da realidade”. Ainda que a doutrina cuide de explorar características e classificações dos princípios, bem como elencar inúmeros outros já conhecidos em diversos ramos (princípios da oralidade, contraditório, isonomia, identidade física do juiz, publicidade etc.) trataremos aqui, de maneira objetiva, dos principais princípios do direito eleitoral, que facilmente poderemos visualizá-los neste pré-conceito de “mandamento nuclear de um sistema”. Vejamos: Princípio da vedação da restrição de direitos políticos Este princípio possui conceituação semelhante ao do já conhecido in dubio pro reo, amplamente abordado no Direito Processual Penal e no estudo do Direito Constitucional (Direitos e Garantias, art. 5º da CF), uma vez que traz a ideia de que não poderá o intérprete da lei estender sua aplicação além do que efetivamente se presta, de maneira a aumentar restrição de direitos políticos do indivíduo (seja do candidato ou do eleitor). Diante da dúvida deverá o intérprete ou julgador (juiz ou tribunal) prezar pela não restrição de direitos políticos, aplicando-se a norma restritivamente. Princípio da democracia Como bem assevera a melhor doutrina, ainda que a democracia tenha sido experimentada por diversos povos e culturas, é reservada à Grécia a identificação de berço da democracia. Pelo sentido do vocábulo, originado de demokratia, compreendemos “o poder ao povo”. Caberiam laudas numerosas em interpretação aprofundada sobre a democracia propriamente. No entanto, alcançando a objetividade compreendemos que não se trata tão somente de um princípio, mas um verdadeiro fundamento e valor essencial das sociedades ocidentais, como assinala Jairo José Gomes. O princípio da democracia estaria associado a esta verdadeira premissa da sociedade, vez que a partir dele é que se desenvolverá diversos institutos e objetos de estudo que são comportados pelo Direito Eleitoral. Historicamente percebemos notável citação de Habermas, onde na oportunidade comemorativa de seus 80 anos, classificou a democracia como sendo a responsável necessária da existência de suas grandes obras (Teoria do Agir Comunicativo e Democracia e Direito), pois foi quem possibilitou que tudo transcorresse como fora. Aliás, uma das maiores contribuições deste grande pensador contemporâneo é construído sobre os fundamentos e reflexões democráticos (HABERMAS, Jürgen. Direito e democracia: entre facticidade e validade. Rio de Janeiro: Edições Tempo brasileiro, 1997). Princípio da democracia partidária Como vimos, a democracia remonta a concepção grega de “o poder ao povo”. Desta forma podemos compreender a efetividade da democracia implantada sob 3 óticas distintas: Democracia direta, indireta e semidireta (ou temperada). A democracia direta é ilustrada pela organização, deveras eficiente, observada em Atenas durante os séculos V e VI, onde efetivamente os cidadãos participavam das decisões, o chamado autogoverno, completamente inviável se pensarmos nossa realidade. Na democracia indireta os cidadãos elegem seus representantes, que investidos em um mandato específico, desempenharão a respectiva função pública, representando seu eleitorado até o final do seu mandato. Na democracia semidireta ou temperada ocorre um temperamento, como sugere sua classificação, sendo o modelo que experimentamos no Brasil. Aqui os cidadãosnão encerram participação na vida pública simplesmente na escolha de seus representantes, mas têm a seu dispor outros instrumentos representativos como a participação em plebiscitos, referendos e iniciativa popular. Contudo, tanto na democracia indireta como na semidireta (adotada no Brasil), necessariamente percebemos a figura do partido político (criado e difundido pelos movimentos socialistas na Inglaterra) como um intermediário ao complexo funcionamento do sistema democrático. 1489363 E-book gerado especialmente para MONICA BORGES MARTINS . 8 Princípio da anualidade eleitoral ou da anterioridade da lei eleitoral Também podemos encontrá-lo na nomenclatura de “antinomia eleitoral” ou “conflito de leis no tempo”. É a expressão do princípio do rules of game (traz a ideia de que não se pode mudar as “regras do jogo” durante o campeonato). O art. 16 da CF consolida o princípio da anualidade ao dispor que “a lei que alterar o processo eleitoral entrará em vigor na data de sua publicação, não se aplicando à eleição que ocorra até um ano da data de sua vigência”. Por este princípio, toda lei que vier a alterar o processo eleitoral entrará em vigor na data de sua publicação, porém apenas será aplicada ao pleito que correr até um ano após a data de sua vigência. Segundo o STF, a concepção de lei abrangeria tanto leis infraconstitucionais quanto leis constitucionais (Emendas Constitucionais). Princípio da celeridade da justiça eleitoral Quando tratamos de Direito Eleitoral, especificamente quanto aos mandatos, exigências e etc., verificamos a questão temporal como grande constante. Por esta razão, o Poder Judiciário (Justiça Eleitoral) tratará com maior prioridade, aos demais casos, as questões que tratem acerca de matéria eleitoral, com exceção da natural prioridade do habeas corpus e mandado de segurança. Como reflexo deste princípio na norma eleitoral, podemos destacar o prazo de 3 dias para a interposição da maioria dos Recursos (art. 258 do Código Eleitoral), o prazo de 24 horas para recorrer às instâncias superiores no caso de decisão sobre o exercício do direito de resposta (art. 58, § 5º, da Lei das Eleições), a irrecorribilidade da decisões do Tribunal Superior Eleitoral (observadas as exceções: art. 121, § 3º, da CF), bem como a preclusão instantânea, salvo matéria de ordem constitucional ou legal de ordem pública (concluída uma fase, dentre as previstas a um assunto hipotético – registro de candidatura, propaganda eleitoral, votação etc., não se pode mais impugnar ocorridos pretéritos). Princípio da periodicidade da investidura nas funções eleitorais O § 2º art. 121 da CF dispõe que “os juízes dos tribunais eleitorais, salvo motivo justificado, servirão por dois anos, no mínimo, e nunca por mais de dois biênios consecutivos, sendo os substitutos escolhidos na mesma ocasião e pelo mesmo processo, em número igual para cada categoria”. Ou seja, os magistrados são “emprestados” à Justiça Eleitoral ao serem investidos nas funções eleitorais, pelo interregno de 2 anos, sendo admitidos uma recondução consecutiva (ele poderá servir por mais que dois biênios, desde que respeitado o limite de única recondução consecutiva). Por esta razão, quando tratamos das garantias aos juízes eleitorais (e aqui compreendemos os advogados nomeados para esta função) dizemos que gozarão, no exercício de suas funções, de plenas garantias, com algumas exceções, além de vedações, como se verá ao destacarmos especificidades acerca da justiça eleitoral e sua composição orgânica. Princípio da responsabilidade solidária entre candidatos e partidos políticos O art. 241 do Código Eleitoral ilustra o princípio da responsabilidade solidária entre os candidatos e seus respectivos partidos políticos, especificamente quanto à propaganda eleitoral, ao dispor que: “Toda propaganda eleitoral será realizada sob a responsabilidade dos partidos e por eles paga, imputando-lhes solidariedade nos excessos praticados pelos seus candidatos e adeptos.” Importante notar que tal responsabilidade não é extensiva às coligações partidárias, não apenas pela falta de previsão legal neste sentido (sabemos que a solidariedade não pode ser presumida), mas também pela confirmação trazida pelo legislador através da minirreforma eleitoral (Lei 12.891/2013) ao incluir o parágrafo único naquele dispositivo do Código Eleitoral no sentido de que “A solidariedade prevista neste artigo é restrita aos candidatos e aos respectivos partidos, não alcançando outros partidos, mesmo quando integrantes de uma mesma coligação”. Podemos observar outras incidências deste princípio na Lei das Eleições (Lei 9.504/1997) quando na ocasião dos arts. 17, 21 e 38, caput, por exemplo. A minirreforma eleitoral (Lei 12.891/2013) além de introduzir limitação quanto à solidariedade tratada no art. 241 do Código Eleitoral, também alterou o disposto no art. 15-A da LOPP (Lei 9.096/1995), incluindo solidariedade quanto à responsabilidade trabalhista e inserindo o parágrafo único, como se vê com nossos grifos: “Art. 15-A. A responsabilidade, inclusive civil e trabalhista, cabe exclusivamente ao órgão partidário municipal, estadual ou nacional que tiver dado causa ao não cumprimento da obrigação, à violação de direito, a dano a outrem ou a qualquer ato ilícito, excluída a solidariedade de outros órgãos de direção partidária. (Redação dada pela Lei 12.034, de 2009) 1489363 E-book gerado especialmente para MONICA BORGES MARTINS . 9 Parágrafo único. O órgão nacional do partido político, quando responsável, somente poderá ser demandado judicialmente na circunscrição especial judiciária da sua sede, inclusive nas ações de natureza cível ou trabalhista. (Incluído pela Lei nº 12.891, de 2013) Importante consideração é feita por Roberto Moreira de Almeida ao tratar sobre a eventualidade de responsabilidade criminal e a impossibilidade de ser assumida pelo partido político (pessoa jurídica de direito privado, nos termos do art. 1º da Lei 9.096/1995): “Incumbe acrescentar, por último, que, eventual responsabilidade penal por crime eleitoral será individual do infrator (sempre pessoa física), pois não há previsão legal de punição por prática de aludido delito por pessoa jurídica.” Hermenêutica eleitoral4 Hermenêutica é a ciência que tem por objeto a pesquisa dos pressupostos e das condições de compreensão da linguagem e do sentido. Discute, portanto, as possibilidades e condições da interpretação. Esta, por sua vez, constitui objeto da hermenêutica, traduzindo-se no complexo processo pelo qual se conhece ou se alcança a inteligibilidade e o sentido de algo. Pode-se dizer que a interpretação busca tornar o objeto em que incide – evento, documento – claro e inteligível, permitindo a fixação de seu sentido, ou de seus sentidos possíveis. Nesse processo, destaca- se a participação ativa do intérprete, porquanto ele próprio se insere na perspectiva da compreensão. Ademais, não se pode descurar do contexto, ou seja, das circunstâncias em que se manifesta o objeto considerado. Uma adequada compreensão só pode ser alcançada criticamente, o que implica a percepção das múltiplas relações do objeto conhecido com o mundo circundante, com o ambiente em que se encontra imerso. Em jogo também se encontra a pré-compreensão que o intérprete traz consigo, não havendo neutralidade absoluta nesses domínios. Assinala Dworkin (2010, p. 69-71) que a interpretação expressa um relato no qual é proposta “uma forma de ver o que é interpretado – uma prática social ou uma tradição, tanto quanto um texto ou uma pintura – como se este fosse o produto de uma decisão de perquirir um conjunto de temas, visões e objetivos, uma direção em vez de outra. [...]”. O quadro delineado pelo intérprete inserir-se-á no âmbito da intenção do autor da obra se a esta se ajustar ou com ela for compatível, de maneira a iluminá-la, torná-la melhor ou otimizá-la. Aí, portanto, é abandonada a concepção de quea intenção do autor deve ser perscrutada em seu “estado mental consciente”, pois, tal intenção não é propriamente o que o autor quis conscientemente, mas o que se ajusta ao contexto e propósito de sua obra. Quanto à interpretação jurídica, tradicionalmente, firmaram-se quatro cânones com o escopo de traçar caminhos seguros para a determinação do direito. Trata-se dos métodos gramatical, lógico, histórico e sistemático. Formulados pelo pandectista Friedrich Karl von Savigny, foram desenvolvidos sob o signo de um sistema jurídico fechado e tinham por fim propiciar a reconstrução do pensamento imanente à norma. Não se pode negar que ainda hoje são muito relevantes na argumentação e na prática jurídicas. Todavia, com a superação do positivismo legalista, passou-se a proclamar a insuficiência – o equívoco, para alguns – de tais métodos, próprios de uma concepção objetivista do Direito como sistema fechado de normas. Para além do extraordinário desenvolvimento experimentado pela hermenêutica jurídica, outras correntes de pensamento disputam a primazia na fundamentação do Direito, a exemplo da tópica (teoria do pensamento problemático), das doutrinas da argumentação jurídica, dos “general principles of law” (Ronald Dworkin), da analítica. O Direito contemporâneo é pensado da ótica de um sistema aberto, sendo os princípios admitidos como normas vinculantes, e a criação judicial do direito, aceita. Chega-se mesmo a duvidar que a determinação do direito possa ser levada a cabo com exatidão lógica e alcançada tão só pela via racional. Nesse contexto, a par dos cânones aludidos, relevam novos argumentos na fundamentação dos juízos jurídicos, a exemplo do princípio da segurança jurídica, da ponderação, da finalidade, das consequências, da equidade, dos precedentes, da razoabilidade, da proporcionalidade. Em linhas gerais, a interpretação jurídica volta-se sempre para duas realidades bem distintas, a saber: a norma (que comumente é veiculada em um texto legal) e os fatos da vida submetidos a exame. O labor interpretativo – que, certamente, não está imune à subjetividade do intérprete-juiz – desenvolve-se com a conjugação dessas duas realidades: o ser (fato) e o dever-ser (norma). De sorte que o caso e a norma devem ser aproximados um do outro, estabelecendo-se entre eles um fecundo diálogo. A intermediar essa relação, está o ingrediente axiológico (valorativo) haurido no ambiente sócio-jurídico-cultural; daqui emerge o sentido jurídico da resposta a que se chega. Não se trata, está claro, de uma asséptica operação silogística, de pura subsunção do fato à norma. Esta, na verdade, 4 GOMES, José Jairo. Direito eleitoral / José Jairo Gomes. – 11. ed. rev. atual. e ampl. – São Paulo: Atlas, 2015. 1489363 E-book gerado especialmente para MONICA BORGES MARTINS . 10 é apenas o ponto de partida da interpretação, e não a sua chegada. Cuida-se antes de uma complexa interação axiológica entre o caso concreto e a hipótese normativa, donde resulta o direito a ser observado in concreto. Este não é propriamente dado, mas construído na realidade da experiência jurídica. Note-se que a interpretação não constitui atividade totalmente livre, pois o raciocínio e a decisão do intérprete-juiz devem sempre ser guiados por determinados cânones, a exemplo da plausibilidade, da coerência, da juridicidade, da ética, da racionalidade, da hierarquia legal, dos princípios e conceitos atinentes ao setor jurídico a que o caso examinado encontra-se referido. Além desses fatores regulatórios, o próprio texto normativo (intentio operis) e o contexto em que ele se insere delimitam os sentidos hauríveis pela interpretação jurídica. Naturalmente, o Direito Eleitoral não está alheio a tudo isso. Não lhe é estranho o uso dos argumentos aludidos, sejam clássicos ou contemporâneos. Quanto a isso, não se pode olvidar inexistirem critérios que obriguem o uso de qualquer deles, estando, pois, a escolha da via hermenêutica a depender das convicções e da subjetividade do intérprete. A qualidade da interpretação apoia-se em sua melhor justificação racional. E tal ocorre não só nos domínios do Direito Eleitoral, mas em todos os ramos do Direito. Questões 01. (TRE/RR – Técnico Judiciário – FCC/2015) Incluem-se dentre as fontes diretas do Direito Eleitoral: (A) os entendimentos doutrinários relativos ao Direito Eleitoral. (B) as resoluções do Tribunal Superior Eleitoral. (C) as leis estaduais. (D) as leis municipais. (E) os julgados que compõem a jurisprudência dos Tribunais Eleitorais. 02. (TRE/AC – Técnico Judiciário – AOCP/2015) Em relação à legislação eleitoral, assinale a alternativa correta. (A) O Código Eleitora! é a legislação central do regime jurídico eleitoral, sendo as demais legislações acessórias naquilo em que ele for omisso. (B) A Lei que alterar o processo eleitoral deve respeitara regra da anualidade eleitoral. (C) É inaplicável, dentro do sistema processual eleitoral, qualquer disposição do código de processo civil, em razão da sua incompatibilidade com o que dispõe o código eleitoral. (D) A cada eleição, será publicada, pelo Tribunal Superior Eleitoral, Lei específica dispondo a respeito do pleito a ser realizado. (E) Além das disposições constitucionais, somente Lei complementar pode dispor acerca de matéria eleitoral. 03. (TRE/RS – Analista Judiciário – CESPE/2015) Quando se trata de direito, os primeiros desafios que enfrentam os seus operadores e estudiosos são as questões relacionadas às fontes e aos princípios utilizados para que o juiz tenha condições de decidir sobre quaisquer matérias que lhe forem propostas. Em se tratando de matéria relacionada mais especificamente a direito eleitoral, também não é pequeno o esforço que se faz para deixar claro à sociedade as funções precípuas que exerce a justiça eleitoral. Com relação a esse assunto, assinale a opção correta. (A) As resoluções do TSE, por tratarem de legislação mais específica, devem prevalecer sobre quaisquer das demais fontes do direito eleitoral, em se tratando de matérias relacionadas às eleições. (B) O princípio da anterioridade tem como escopo proteger o processo eleitoral, garantindo que qualquer lei que altere esse processo somente entrará em vigor na data de sua publicação, não se aplicando à eleição seguinte à data de sua vigência. (C) Os juízes eleitorais são órgãos da justiça eleitoral, juntamente com as juntas eleitorais, os tribunais regionais eleitorais e o TSE. (D) A transferência de domicílio do eleitor, a adoção de medidas para coibir a prática de propaganda eleitoral irregular e a emissão de segunda via do título eleitoral são exemplos de funções judiciárias da justiça eleitoral que devem ser apreciadas por juiz eleitoral e, na ausência deste, por um juiz da respectiva seccional. (E) As fontes do direito eleitoral têm como objetivo principal assegurar que não haja mudanças no ordenamento jurídico, mantendo-o estático, como deveria ser desde o princípio, pois se exige, cada vez mais, um ambiente legislativo seguro e simplificado. 1489363 E-book gerado especialmente para MONICA BORGES MARTINS . 11 04. (TRE/SP – Técnico Judiciário – FCC/2017) Acerca das fontes de Direito Eleitoral, (A) a função normativa da Justiça Eleitoral autoriza que sejam editadas Resoluções Normativas pelo Tribunal Superior Eleitoral com a finalidade de criar direitos e estabelecer sanções, possibilitando a revogação de leis anteriores que disponham sobre o mesmo objeto da Resolução Normativa. (B) as normas eleitorais devem ser interpretadas em conjunto com o restante do sistema normativo brasileiro, admitindo-se a celebração de termos de ajustamento de conduta, previstos na Lei n° 7.346/85, que disciplina a Ação Civil Pública, desde que os partidos políticos transijam, exclusivamente, sobre as prerrogativas que lhes sejam asseguradas. (C) o Código Eleitoral define a organização e a competênciada Justiça Eleitoral, podendo ser aplicado apesar de a Constituição Federal prever a necessidade de lei complementar para tanto. (D) as Resoluções Normativas do TSE, as respostas às Consultas e as decisões do Tribunal Superior Eleitoral são fontes de Direito Eleitoral de natureza exclusivamente jurisdicional e aplicáveis apenas ao caso concreto dos quais emanam. (E) o Código Eleitoral, a Lei de Inelegibilidades, a Lei dos Partidos Políticos, a Lei das Eleições, as Resoluções Normativas do TSE e as respostas a Consultas são fontes de Direito Eleitoral de mesma estatura, hierarquia e abrangência, podendo ser revogadas umas pelas outras. Gabarito 01. B/02. B/03. C/04. C Comentários 01. Resposta: B. São as principais fontes formais do direito eleitoral, conhecidas como fontes diretas, com superioridade hierárquica: Os preceitos constitucionais [Arts. 14 a 17 e 118 a 121]; Ademais, fazem parte do rol o Código Eleitoral [Lei 4.737/1965], a Lei das Eleições [Lei 9.504/1997], a Lei das Inelegibilidades [Lei Complementar 64/1990] e a Lei dos Partidos Políticos [Lei 9.096/1995]; Também possuem a natureza de fonte formal do direito eleitoral as respostas às consultas elaboradas pelos Tribunais Regionais e pelo Tribunal Superior Eleitoral. Da mesma forma, as Resoluções do Tribunal Superior Eleitoral. Vale citar também as denominadas fontes indiretas do direito eleitoral, que são a doutrina e a jurisprudência sobre a matéria".5 02. Resposta: B. A regra ou princípio da anualidade eleitoral ou da anterioridade da lei eleitoral está encartada no art. 16 da CF, assim redigido: “a lei que alterar o processo eleitoral entrará em vigor na data de sua publicação, não se aplicando à eleição que ocorra até 1 (um) ano da data de sua vigência”. Destarte, a lei que alterar o processo eleitoral deve respeitar a regra da anualidade eleitoral. 03. Resposta: C. Art. 118, CF. São órgãos da Justiça Eleitoral: I - o Tribunal Superior Eleitoral; II - os Tribunais Regionais Eleitorais; III - os Juízes Eleitorais; IV - as Juntas Eleitorais. 04. Resposta: C. O Código Eleitoral, apesar de ser lei ordinária, na parte que trata da Justiça Eleitoral foi recepcionado com status de lei complementar. Isso porque a CF/88 exige que haja a edição de lei complementar para tratar de organização e competências da Justiça Eleitoral. 5 Autor: Andrea Russar Rachel, Juíza de Direito - Tribunal de Justiça do Paraná. 1489363 E-book gerado especialmente para MONICA BORGES MARTINS . 12 ÓRGÃOS DA JUSTIÇA ELEITORAL CÓDIGO ELEITORAL - LEI Nº 4.737, DE 15 DE JULHO DE 1965 Institui o Código Eleitoral. (....); PARTE SEGUNDA DOS ÓRGÃOS DA JUSTIÇA ELEITORAL Art. 12. São órgãos da Justiça Eleitoral: I – o Tribunal Superior Eleitoral, com sede na Capital da República e jurisdição em todo o País; II – um Tribunal Regional, na capital de cada Estado, no Distrito Federal e, mediante proposta do Tribunal Superior, na capital de Território; III – Juntas Eleitorais; IV – Juízes Eleitorais. Art. 13. O número de Juízes dos Tribunais Regionais não será reduzido, mas poderá ser elevado até nove, mediante proposta do Tribunal Superior, e na forma por ele sugerida. Art. 14. Os Juízes dos Tribunais Eleitorais, salvo motivo justificado, servirão obrigatoriamente por dois anos, e nunca por mais de dois biênios consecutivos. § 1º Os biênios serão contados, ininterruptamente, sem o desconto de qualquer afastamento, nem mesmo o decorrente de licença, férias, ou licença especial, salvo no caso do § 3º. § 2º Os Juízes afastados por motivo de licença, férias e licença especial, de suas funções na Justiça comum, ficarão automaticamente afastados da Justiça Eleitoral pelo tempo correspondente, exceto quando, com períodos de férias coletivas, coincidir a realização de eleição, apuração ou encerramento de alistamento. § 3º Da homologação da respectiva convenção partidária até a diplomação e nos feitos decorrentes do processo eleitoral, não poderão servir como juízes nos Tribunais Eleitorais, ou como juiz eleitoral, o cônjuge ou o parente consanguíneo ou afim, até o segundo grau, de candidato a cargo eletivo registrado na circunscrição. (Redação dada pela Lei nº 13.165, de 2015) § 4º No caso de recondução para o segundo biênio, observar-se-ão as mesmas formalidades indispensáveis à primeira investidura. Art. 15. Os substitutos dos membros efetivos dos Tribunais Eleitorais serão escolhidos, na mesma ocasião e pelo mesmo processo, em número igual para cada categoria. TÍTULO I DO TRIBUNAL SUPERIOR Art. 16. Compõe-se o Tribunal Superior Eleitoral: I – mediante eleição, pelo voto secreto: a) de três Juízes, dentre os Ministros do Supremo Tribunal Federal; e b) de dois Juízes, dentre os membros do Tribunal Federal de Recursos (taxado nosso); IMPORTANTE! Gostaríamos de esclarecer que apesar da Constituição Federal de 1988 ser posterior ao Código Eleitoral, atualmente, a norma reguladora é o Código Eleitoral, que foi pela CF recepcionado como lei material complementar em algumas de suas partes. Assim, a letra da lei (Código Eleitoral) continua a mesma, aplicando-se porém, a CF/88 nesses casos específicos. Justiça Eleitoral. Características institucionais; Órgãos e composição; Diversificação funcional das atividades da Justiça Eleitoral; Competências; Justiça Eleitoral e o controle da legalidade das eleições 1489363 E-book gerado especialmente para MONICA BORGES MARTINS . 13 Observe a interpretação correta para o Art. 16, I, b, do Código Eleitoral: → CF/1988, art. 119, I, b: eleição entre os ministros do Superior Tribunal de Justiça. II – por nomeação do Presidente da República de dois dentre seis advogados de notável saber jurídico e idoneidade moral, indicados pelo Supremo Tribunal Federal. § 1º Não podem fazer parte do Tribunal Superior Eleitoral cidadãos que tenham entre si parentesco, ainda que por afinidade, até o quarto grau, seja o vínculo legítimo ou ilegítimo, excluindo-se neste caso o que tiver sido escolhido por último. § 2º A nomeação de que trata o inciso II deste artigo não poderá recair em cidadão que ocupe cargo público de que seja demissível ad nutum; que seja diretor, proprietário ou sócio de empresa beneficiada com subvenção, privilégio, isenção ou favor em virtude de contrato com a administração pública; ou que exerça mandato de caráter político, federal, estadual ou municipal. Art. 17. O Tribunal Superior Eleitoral elegerá para seu Presidente um dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, cabendo ao outro a Vice-Presidência, e para Corregedor-Geral da Justiça Eleitoral um dos seus membros. § 1º As atribuições do Corregedor-Geral serão fixadas pelo Tribunal Superior Eleitoral. § 2º No desempenho de suas atribuições, o Corregedor-Geral se locomoverá para os Estados e Territórios nos seguintes casos: I – por determinação do Tribunal Superior Eleitoral; II – a pedido dos Tribunais Regionais Eleitorais; III – a requerimento de partido deferido pelo Tribunal Superior Eleitoral; IV – sempre que entender necessário. § 3º Os provimentos emanados da Corregedoria-Geral, vinculam os Corregedores Regionais, que lhes devem dar imediato e preciso cumprimento. Art. 18. Exercerá as funções de Procurador-Geral, junto ao Tribunal Superior Eleitoral, o Procurador- Geral da República, funcionando, em suas faltas e impedimentos, seu substituto legal. Parágrafo único. O Procurador-Geral poderá designar outros membros do Ministério Público da União, com exercício no Distrito Federal, e sem prejuízo das respectivas funções, para auxiliá-lo junto ao Tribunal Superior Eleitoral, onde não poderão ter assento. Art. 19. O Tribunal Superior delibera por maioria de votos, em sessão pública, com a presença da maioria de seus membros. Parágrafo único. As decisões do Tribunal Superior, assim na interpretação do Código Eleitoral em faceda Constituição e cassação de registro de partidos políticos, como sobre quaisquer recursos que importem anulação geral de eleições ou perda de diplomas, só poderão ser tomadas com a presença de todos os seus membros. Se ocorrer impedimento de algum Juiz, será convocado o substituto ou o respectivo suplente. Art. 20. Perante o Tribunal Superior, qualquer interessado poderá arguir a suspeição ou impedimento dos seus membros, do Procurador-Geral ou de funcionários de sua Secretaria, nos casos previstos na lei processual civil ou penal e por motivo de parcialidade partidária, mediante o processo previsto em regimento. Parágrafo único. Será ilegítima a suspeição quando o excipiente a provocar ou, depois de manifestada a causa, praticar ato que importe aceitação do arguido. Art. 21. Os Tribunais e Juízes inferiores devem dar imediato cumprimento às decisões, mandados, instruções e outros atos emanados do Tribunal Superior Eleitoral. Art. 22. Compete ao Tribunal Superior: I – processar e julgar originariamente: a) o registro e a cassação de registro de partidos políticos, dos seus Diretórios Nacionais e de candidatos à Presidência e Vice-Presidência da República; b) os conflitos de jurisdição entre Tribunais Regionais e Juízes Eleitorais de Estados diferentes; c) a suspeição ou impedimento aos seus membros, ao Procurador-Geral e aos funcionários da sua Secretaria; d) os crimes eleitorais e os comuns que lhes forem conexos cometidos pelos seus próprios Juízes e pelos Juízes dos Tribunais Regionais; 1489363 E-book gerado especialmente para MONICA BORGES MARTINS . 14 e) o habeas corpus ou mandado de segurança, em matéria eleitoral, relativos a atos do Presidente da República, dos Ministros de Estado e dos Tribunais Regionais; ou, ainda, o habeas corpus, quando houver perigo de se consumar a violência antes que o Juiz competente possa prover sobre a impetração; f) as reclamações relativas a obrigações impostas por lei aos partidos políticos, quanto à sua contabilidade e à apuração da origem dos seus recursos; g) as impugnações à apuração do resultado geral, proclamação dos eleitos e expedição de diploma na eleição de Presidente e Vice-Presidente da República; h) os pedidos de desaforamento dos feitos não decididos nos Tribunais Regionais dentro de trinta dias da conclusão ao Relator, formulados por partido, candidato, Ministério Público ou parte legitimamente interessada; i) as reclamações contra os seus próprios Juízes que, no prazo de trinta dias a contar da conclusão, não houverem julgado os feitos a eles distribuídos; j) a ação rescisória, nos casos de inelegibilidade, desde que intentada dentro do prazo de cento e vinte dias de decisão irrecorrível, possibilitando-se o exercício do mandato eletivo até o seu trânsito em julgado; II – julgar os recursos interpostos das decisões dos Tribunais Regionais nos termos do art. 276 inclusive os que versarem matéria administrativa. Parágrafo único. As decisões do Tribunal Superior são irrecorríveis, salvo nos casos do art. 281. Art. 23. Compete, ainda, privativamente, ao Tribunal Superior: I – elaborar o seu Regimento Interno; II – organizar a sua Secretaria e a Corregedoria-Geral, propondo ao Congresso Nacional a criação ou extinção dos cargos administrativos e a fixação dos respectivos vencimentos, provendo-os na forma da lei; III – conceder aos seus membros licença e férias, assim como afastamento do exercício dos cargos efetivos; IV – aprovar o afastamento do exercício dos cargos efetivos dos Juízes dos Tribunais Regionais Eleitorais; V – propor a criação de Tribunal Regional na sede de qualquer dos Territórios; VI – propor ao Poder Legislativo o aumento do número dos Juízes de qualquer Tribunal Eleitoral, indicando a forma desse aumento; VII – fixar as datas para as eleições de Presidente e Vice-Presidente da República, Senadores e Deputados Federais, quando não o tiverem sido por lei; VIII – aprovar a divisão dos Estados em Zonas Eleitorais ou a criação de novas Zonas; IX – expedir as instruções que julgar convenientes à execução deste Código; X – fixar a diária do Corregedor-Geral, dos Corregedores Regionais e auxiliares em diligência fora da sede; XI – enviar ao Presidente da República a lista tríplice organizada pelos Tribunais de Justiça, nos termos do art. 25; XII – responder, sobre matéria eleitoral, às consultas que lhe forem feitas em tese por autoridade com jurisdição federal ou órgão nacional de partido político; XIII – autorizar a contagem dos votos pelas Mesas Receptoras nos Estados em que essa providência for solicitada pelo Tribunal Regional respectivo; XIV – requisitar força federal necessária ao cumprimento da lei, de suas próprias decisões ou das decisões dos Tribunais Regionais que o solicitarem, e para garantir a votação e a apuração; XV – organizar e divulgar a súmula de sua jurisprudência; XVI – requisitar funcionários da União e do Distrito Federal quando o exigir o acúmulo ocasional do serviço de sua Secretaria; XVII – publicar um boletim eleitoral; XVIII – tomar quaisquer outras providências que julgar convenientes à execução da legislação eleitoral. Art. 24. Compete ao Procurador-Geral, como chefe do Ministério Público Eleitoral: I – assistir às sessões do Tribunal Superior e tomar parte nas discussões; II – exercer a ação pública e promovê-la até final, em todos os feitos de competência originária do Tribunal; III – oficiar em todos os recursos encaminhados ao Tribunal; IV – manifestar-se, por escrito ou oralmente, em todos os assuntos submetidos à deliberação do Tribunal, quando solicitada sua audiência por qualquer dos Juízes, ou por iniciativa sua, se entender necessário; V – defender a jurisdição do Tribunal; 1489363 E-book gerado especialmente para MONICA BORGES MARTINS . 15 VI – representar ao Tribunal sobre a fiel observância das leis eleitorais, especialmente quanto à sua aplicação uniforme em todo o País; VII – requisitar diligências, certidões e esclarecimentos necessários ao desempenho de suas atribuições; VIII – expedir instruções aos órgãos do Ministério Público junto aos Tribunais Regionais; IX – acompanhar, quando solicitado, o Corregedor-Geral, pessoalmente ou por intermédio de Procurador que designe, nas diligências a serem realizadas. TÍTULO II DOS TRIBUNAIS REGIONAIS Art. 25. Os Tribunais Regionais Eleitorais compor-se-ão: I – mediante eleição, pelo voto secreto: a) de dois Juízes, dentre os Desembargadores do Tribunal de Justiça; e b) de dois Juízes de Direito, escolhidos pelo Tribunal de Justiça; II – do Juiz Federal e, havendo mais de um, do que for escolhido pelo Tribunal Federal de Recursos; III – por nomeação do Presidente da República, de dois dentre seis cidadãos de notável saber jurídico e idoneidade moral, indicados pelo Tribunal de Justiça. § 1º A lista tríplice organizada pelo Tribunal de Justiça será enviada ao Tribunal Superior Eleitoral. § 2º A lista não poderá conter nome de Magistrado aposentado ou de membro do Ministério Público. § 3º Recebidas as indicações o Tribunal Superior divulgará a lista através de edital, podendo os partidos, no prazo de cinco dias, impugná-la com fundamento em incompatibilidade. § 4º Se a impugnação for julgada procedente quanto a qualquer dos indicados, a lista será devolvida ao Tribunal de origem para complementação. § 5º Não havendo impugnação, ou desprezada esta, o Tribunal Superior encaminhará a lista ao Poder Executivo para a nomeação. § 6º Não podem fazer parte do Tribunal Regional pessoas que tenham entre si parentesco, ainda que por afinidade, até o 4º grau, seja o vínculo legítimo ou ilegítimo, excluindo-se neste caso a que tiver sido escolhida por último. § 7º A nomeação de que trata o nº II deste artigo não poderá recair em cidadão que tenha qualquer das incompatibilidades mencionadas no art. 16, § 4º. Art. 26. O Presidente e o Vice-Presidente do Tribunal Regional serão eleitospor este dentre os três Desembargadores do Tribunal de Justiça; o terceiro Desembargador será o Corregedor Regional da Justiça Eleitoral. § 1º As atribuições do Corregedor Regional serão fixadas pelo Tribunal Superior Eleitoral e, em caráter supletivo ou complementar, pelo Tribunal Regional Eleitoral perante o qual servir. § 2º No desempenho de suas atribuições o Corregedor Regional se locomoverá para as Zonas Eleitorais nos seguintes casos: I – por determinação do Tribunal Superior Eleitoral ou do Tribunal Regional Eleitoral; II – a pedido dos Juízes Eleitorais; III – a requerimento de partido, deferido pelo Tribunal Regional; IV – sempre que entender necessário. Art. 27. Servirá como Procurador Regional junto a cada Tribunal Regional Eleitoral o Procurador da República no respectivo Estado, e, onde houver mais de um, aquele que for designado pelo Procurador- Geral da República. § 1º No Distrito Federal, serão as funções de Procurador Regional Eleitoral exercidas pelo Procurador- Geral da Justiça do Distrito Federal. § 2º Substituirá o Procurador Regional, em suas faltas ou impedimentos, o seu substituto legal. § 3º Compete aos Procuradores Regionais exercer, perante os Tribunais junto aos quais servirem, as atribuições do Procurador-Geral. § 4º Mediante prévia autorização do Procurador-Geral, podendo os Procuradores Regionais requisitar, para auxiliá-los nas suas funções, membros do Ministério Público local, não tendo estes, porém, assento nas sessões do Tribunal. Art. 28. Os Tribunais Regionais deliberam por maioria de votos, em sessão pública, com a presença da maioria de seus membros. 1489363 E-book gerado especialmente para MONICA BORGES MARTINS . 16 § 1º No caso de impedimento e não existindo quórum, será o membro do Tribunal substituído por outro da mesma categoria, designado na forma prevista na Constituição. § 2º Perante o Tribunal Regional, e com recurso voluntário para o Tribunal Superior qualquer interessado poderá arguir a suspeição dos seus membros, do Procurador Regional, ou de funcionários da sua Secretaria, assim como dos Juízes e escrivães eleitorais, nos casos previstos na lei processual civil e por motivo de parcialidade partidária, mediante o processo previsto em regimento. § 3º No caso previsto no parágrafo anterior será observado o disposto no parágrafo único do art. 20. § 4º As decisões dos Tribunais Regionais sobre quaisquer ações que importem cassação de registro, anulação geral de eleições ou perda de diplomas somente poderão ser tomadas com a presença de todos os seus membros. (Incluído pela Lei nº 13.165, de 2015) § 5º No caso do § 4º, se ocorrer impedimento de algum juiz, será convocado o suplente da mesma classe. (Incluído pela Lei nº 13.165, de 2015) Art. 29. Compete aos Tribunais Regionais: I – processar e julgar originariamente: a) o registro e o cancelamento do registro dos Diretórios Estaduais e Municipais de partidos políticos, bem como de candidatos a Governador, Vice-Governadores, e membro do Congresso Nacional e das Assembleias Legislativas; b) os conflitos de jurisdição entre Juízes Eleitorais do respectivo Estado; c) a suspeição ou impedimentos aos seus membros, ao Procurador Regional e aos funcionários da sua Secretaria assim como aos Juízes e Escrivães Eleitorais; d) os crimes eleitorais cometidos pelos Juízes Eleitorais; e) o habeas corpus ou mandado de segurança, em matéria eleitoral, contra ato de autoridades que respondam perante os Tribunais de Justiça por crime de responsabilidade e, em grau de recurso, os denegados ou concedidos pelos Juízes Eleitorais; ou, ainda, o habeas corpus, quando houver perigo de se consumar a violência antes que o Juiz competente possa prover sobre a impetração; f) as reclamações relativas a obrigações impostas por lei aos partidos políticos, quanto à sua contabilidade e à apuração da origem dos seus recursos; g) os pedidos de desaforamento dos feitos não decididos pelos Juízes Eleitorais em trinta dias da sua conclusão para julgamento, formulados por partido, candidato, Ministério Público ou parte legitimamente interessada, sem prejuízo das sanções decorrentes do excesso de prazo; II – julgar os recursos interpostos: a) dos atos e das decisões proferidas pelos Juízes e Juntas Eleitorais; b) das decisões dos Juízes Eleitorais que concederem ou denegarem habeas corpus ou mandado de segurança. Parágrafo único. As decisões dos Tribunais Regionais são irrecorríveis, salvo nos casos do art. 276. Art. 30. Compete, ainda, privativamente, aos Tribunais Regionais: I – elaborar o seu Regimento Interno; II – organizar a sua Secretaria e a Corregedoria Regional, provendo-lhes os cargos na forma da lei, e propor ao Congresso Nacional, por intermédio do Tribunal Superior a criação ou supressão de cargos e a fixação dos respectivos vencimentos; III – conceder aos seus membros e aos Juízes Eleitorais licença e férias, assim como afastamento do exercício dos cargos efetivos, submetendo, quanto àqueles, a decisão à aprovação do Tribunal Superior Eleitoral; IV – fixar a data das eleições de Governador e Vice-Governador, Deputados Estaduais, Prefeitos, Vice- Prefeitos, Vereadores e Juízes de Paz, quando não determinada por disposição constitucional ou legal; V – constituir as Juntas Eleitorais e designar a respectiva sede e jurisdição; VI – indicar ao Tribunal Superior as Zonas Eleitorais ou Seções em que a contagem dos votos deva ser feita pela Mesa Receptora; VII – apurar, com os resultados parciais enviados pelas Juntas Eleitorais, os resultados finais das eleições de Governador e Vice-Governador, de membros do Congresso Nacional e expedir os respectivos diplomas, remetendo dentro do prazo de 10 (dez) dias após a diplomação, ao Tribunal Superior, cópia das atas de seus trabalhos; VIII – responder, sobre matéria eleitoral, às consultas que lhe forem feitas, em tese, por autoridade pública ou partido político; IX – dividir a respectiva circunscrição em Zonas Eleitorais, submetendo esta divisão, assim como a criação de novas Zonas, à aprovação do Tribunal Superior; 1489363 E-book gerado especialmente para MONICA BORGES MARTINS . 17 X – aprovar a designação do ofício de Justiça que deva responder pela Escrivania Eleitoral durante o biênio; XI – (Revogado); XII – requisitar a força necessária ao cumprimento de suas decisões e solicitar ao Tribunal Superior a requisição de força federal; XIII – autorizar, no Distrito Federal e nas capitais dos Estados, ao seu Presidente e, no interior, aos Juízes Eleitorais, a requisição de funcionários federais, estaduais ou municipais para auxiliarem os Escrivães Eleitorais, quando o exigir o acúmulo ocasional do serviço; XIV – requisitar funcionários da União e, ainda, no Distrito Federal e em cada Estado ou Território, funcionários dos respectivos quadros administrativos, no caso de acúmulo ocasional de serviço de suas Secretarias; XV – aplicar as penas disciplinares de advertência e de suspensão até 30 (trinta) dias aos Juízes Eleitorais; XVI – cumprir e fazer cumprir as decisões e instruções do Tribunal Superior; XVII – determinar, em caso de urgência, providências para a execução da lei na respectiva circunscrição; XVIII – organizar o fichário dos eleitores do Estado; XIX – suprimir os mapas parciais de apuração, mandando utilizar apenas os boletins e os mapas totalizadores, desde que o menor número de candidatos às eleições proporcionais justifique a supressão, observadas as seguintes normas: a) qualquer candidato ou partido poderá requerer ao Tribunal Regional que suprima a exigência dos mapas parciais de apuração; b) da decisão do Tribunal Regional qualquer candidato ou partido poderá, no prazo de três dias, recorrer para o Tribunal Superior, que decidirá em cinco dias; c) a supressão dos mapas parciais de apuração só será admitida até seis meses antes da data da eleição; d) os boletins e mapas de apuração serão impressos pelosTribunais Regionais, depois de aprovados pelo Tribunal Superior; e) o Tribunal Regional ouvirá os partidos na elaboração dos modelos dos boletins e mapas de apuração a fim de que estes atendam às peculiaridades locais, encaminhando os modelos que aprovar, acompanhados das sugestões ou impugnações formuladas pelos partidos, à decisão do Tribunal Superior. Art. 31. Faltando num Território o Tribunal Regional, ficará a respectiva circunscrição eleitoral sob a jurisdição do Tribunal Regional que o Tribunal Superior designar. TÍTULO III DOS JUÍZES ELEITORAIS Art. 32. Cabe a jurisdição de cada uma das Zonas Eleitorais a um Juiz de Direito em efetivo exercício e, na falta deste, ao seu substituto legal que goze das prerrogativas do art. 95 da Constituição. Parágrafo único. Onde houver mais de uma Vara, o Tribunal Regional designará aquela ou aquelas, a que incumbe o serviço eleitoral. Art. 33. Nas Zonas Eleitorais onde houver mais de uma serventia de Justiça, o Juiz indicará ao Tribunal Regional a que deve ter o anexo da Escrivania Eleitoral pelo prazo de dois anos. § 1º Não poderá servir como Escrivão Eleitoral, sob pena de demissão, o membro de Diretório de partido político, nem o candidato a cargo eletivo, seu cônjuge e parente consanguíneo ou afim até o segundo grau. § 2º O Escrivão Eleitoral, em suas faltas e impedimentos, será substituído na forma prevista pela lei de organização judiciária local. Art. 34. Os Juízes despacharão todos os dias na sede da sua Zona Eleitoral. Art. 35. Compete aos Juízes: I – cumprir e fazer cumprir as decisões e determinações do Tribunal Superior e do Regional; II – processar e julgar os crimes eleitorais e os comuns que lhe forem conexos, ressalvada a competência originária do Tribunal Superior e dos Tribunais Regionais; 1489363 E-book gerado especialmente para MONICA BORGES MARTINS . 18 III – decidir habeas corpus e mandado de segurança, em matéria eleitoral, desde que essa competência não esteja atribuída privativamente à instância superior; IV – fazer as diligências que julgar necessárias à ordem e presteza do serviço eleitoral; V – tomar conhecimento das reclamações que lhe forem feitas verbalmente ou por escrito, reduzindo- as a termo, e determinando as providências que cada caso exigir; VI – indicar, para aprovação do Tribunal Regional, a serventia de Justiça que deve ter o anexo da Escrivania Eleitoral; VII – (Revogado); VIII – dirigir os processos eleitorais e determinar a inscrição e a exclusão de eleitores; IX – expedir títulos eleitorais e conceder transferência de eleitor; X – dividir a Zona em Seções Eleitorais; XI – mandar organizar, em ordem alfabética, relação dos eleitores de cada Seção, para remessa à Mesa Receptora, juntamente com a pasta das folhas individuais de votação; XII – ordenar o registro e cassação do registro dos candidatos aos cargos eletivos municipais e comunicá-los ao Tribunal Regional; XIII – designar, até 60 (sessenta) dias antes das eleições os locais das Seções; XIV – nomear, 60 (sessenta) dias antes da eleição, em audiência pública anunciada com pelo menos 5 (cinco) dias de antecedência, os membros das Mesas Receptoras; XV – instruir os membros das Mesas Receptoras sobre as suas funções; XVI – providenciar para a solução das ocorrências que se verificarem nas Mesas Receptoras; XVII – tomar todas as providências ao seu alcance para evitar os atos viciosos das eleições; XVIII – fornecer aos que não votaram por motivo justificado e aos não alistados, por dispensados do alistamento, um certificado que os isente das sanções legais; XIX – comunicar, até as 12 horas do dia seguinte à realização da eleição, ao Tribunal Regional e aos Delegados de partidos credenciados, o número de eleitores que votarem em cada uma das Seções da Zona sob sua jurisdição, bem como o total de votantes da Zona. TÍTULO IV DAS JUNTAS ELEITORAIS Art. 36. Compor-se-ão as Juntas Eleitorais de um Juiz de Direito, que será o Presidente, e de 2 (dois) ou 4 (quatro) cidadãos de notória idoneidade. § 1º Os membros das Juntas Eleitorais serão nomeados 60 (sessenta) dias antes da eleição, depois de aprovação do Tribunal Regional, pelo Presidente deste, a quem cumpre também designar-lhes a sede. § 2º Até 10 (dez) dias antes da nomeação, os nomes das pessoas indicadas para compor as Juntas serão publicados no órgão oficial do Estado, podendo qualquer partido, no prazo de 3 (três) dias, em petição fundamentada, impugnar as indicações. § 3º Não podem ser nomeados membros das Juntas, escrutinadores ou auxiliares: I – os candidatos e seus parentes, ainda que por afinidade, até o segundo grau, inclusive, e bem assim o cônjuge; II – os membros de Diretórios de partidos políticos devidamente registrados e cujos nomes tenham sido oficialmente publicados; III – as autoridades e agentes policiais, bem como os funcionários no desempenho de cargos de confiança do Executivo; IV – os que pertencerem ao serviço eleitoral. Art. 37. Poderão ser organizadas tantas Juntas quantas permitir o número de Juízes de Direito que gozem das garantias do art. 95 da Constituição, mesmo que não sejam Juízes Eleitorais. Parágrafo único. Nas Zonas em que houver de ser organizada mais de uma Junta, ou quando estiver vago o cargo de Juiz Eleitoral ou estiver este impedido, o Presidente do Tribunal Regional, com a aprovação deste, designará Juízes de Direito da mesma ou de outras Comarcas, para presidirem as Juntas Eleitorais. Art. 38. Ao Presidente da Junta é facultado nomear, dentre cidadãos de notória idoneidade, escrutinadores e auxiliares em número capaz de atender à boa marcha dos trabalhos. § 1º É obrigatória essa nomeação sempre que houver mais de dez urnas a apurar. § 2º Na hipótese do desdobramento da Junta em Turmas, o respectivo Presidente nomeará um escrutinador para servir como Secretário em cada Turma. 1489363 E-book gerado especialmente para MONICA BORGES MARTINS . 19 § 3º Além dos Secretários a que se refere o parágrafo anterior será designado pelo Presidente da Junta um escrutinador para Secretário-Geral competindo-lhe: I – lavrar as atas; II – tomar por termo ou protocolar os recursos, neles funcionando como Escrivão; III – totalizar os votos apurados. Art. 39. Até 30 (trinta) dias antes da eleição o Presidente da Junta comunicará ao Presidente do Tribunal Regional as nomeações que houver feito e divulgará a composição do órgão por edital publicado ou afixado, podendo qualquer partido oferecer impugnação motivada no prazo de 3 (três) dias. Art. 40. Compete à Junta Eleitoral: I – apurar, no prazo de 10 (dez) dias, as eleições realizadas nas Zonas Eleitorais sob a sua jurisdição; II – resolver as impugnações e demais incidentes verificados durante os trabalhos da contagem e da apuração; III – expedir os boletins de apuração mencionados no art. 179; IV – expedir diploma aos eleitos para cargos municipais. Parágrafo único. Nos Municípios onde houver mais de uma Junta Eleitoral, a expedição dos diplomas será feita pela que for presidida pelo Juiz Eleitoral mais antigo, à qual as demais enviarão os documentos da eleição. Art. 41. Nas Zonas Eleitorais em que for autorizada a contagem prévia dos votos pelas Mesas Receptoras, compete à Junta Eleitoral tomar as providências mencionadas no art. 195. Justiça Eleitoral - Introdução6 A Justiça Eleitoral é um órgão de jurisdição especializada que integra o Poder Judiciário e cuida da organização do processo eleitoral (alistamento eleitoral, votação, apuração dos votos, diplomação dos eleitos, etc.). Logo, trabalha para garantir o respeito à soberania popular e à cidadania. Para que esses fundamentos constitucionais – previstos no art. 1º da CF/1988 – sejam devidamente assegurados, são distribuídas competências e funções entre os órgãos que formam a Justiça Eleitoral. Aliás, são eles: o Tribunal Superior Eleitoral, os tribunais regionais eleitorais, os juízes eleitorais
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