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APRESENTAÇÃO..........................................................03
DEPOIMENTOS.............................................................05
DIREITO CIVIL................................................................20
PROCESSO CIVIL..........................................................55
DIREITO DO CONSUMIDOR.................................105
ECA...................................................................................131
DIREITO PENAL..........................................................155
PROCESSO PENAL.....................................................178
DIREITO CONSTITUCIONAL ................................203
DIREITO ELEITORAL.................................................244
DIREITO EMPRESARIAL..........................................282
DIREITO TRIBUTÁRIO.............................................313
DIREITO AMBIENTAL..............................................355
DIREITO ADMINISTRATIVO ................................375
PROCESSO COLETIVO.......................................416
HUMANÍSTICA...........................................................436
THUNDERSTORM IMAGENS...............................500
Olá, Amigos!
Segue a edição do nosso trabalho Raios de fim de ano.
Breve explicação: O Raios Retrospectiva foi uma ideia que ocorreu em final de 2020, para
ser realizado durante o recesso. Está é a 3º Edição. Para isso reúno uma pequena Equipe de
amigos onde fazemos a compilação, edição e revisão de dicas jurídicas para compartilhamento
posterior de maneira voluntária e gratuita. Me baseei na ideia dos Raios anteriores que eram
feitos para TJs específicos na semana da prova (geralmente somente com as dicas no
WhatsApp ou no máximo algo em word). Então resolvi aprimorar a ideia e formar um compilado
de Revisão anual, composta por dicas aleatórias e informais. Isso é possível por conhecer
pessoas com espírito mais altruístas, com habilidades técnicas e jurídicas pois isto é necessário
para transformar todas as dicas que são lançadas no presente Arquivo.
O Compilado RAIOS consiste em um conjunto de dicas jurídicas montadas por vários
concurseiros solidários e, que infelizmente não há como nominar pois é um grupo formado
pela união de pessoas que na sua maioria não se conhecem. É inspirado no chamado
Brainstorming (tempestade de ideias). Isto significa, aqui em nosso “juridiquês”, reunir o
máximo de informações possíveis num curto espaço de tempo. Para tal, forma-se um Grupo
temporário com mais de 200 pessoas onde são convidados amigos de amigos ou de pequenos
grupos de estudo, a fim de manter a qualidade do trabalho. O “evento” este ano ocorreu dia
18 de dezembro, no intervalo das 20h às 21.10h. Ao final começa o trabalho interno para
elaborar a Edição final pela nossa pequena “Equipe Raios”.
Formamos aqui um ótimo Arquivo de
Revisão, numa leitura leve, contando com uma
parte escrita como objeto principal do estudo e
algumas imagens. A Edição/Sumário toma por
base o Concurso da Magistratura, mas também
com a matéria de Processo Coletivo tendo em
vista a sua importância atual. Serve, claro, para
outros concursos, especialmente Ministério
Público, pois muitos participantes do Raios
estudam para esta carreira e até mesmo alguns
Depoimentos são de membros da Instituição.
Deixamos nosso enorme agradecimento a cada um que colaborou para nosso trabalho.
Porque o espírito do Raios e justo ser feito por vários concurseiros que lançam dicas sejam próprias
ou retiradas de material, livros , professores , instas, etc. Não há como sabermos e nem citar as mais
de 200 pessoas do Grupo, até porque nem todos efetivamente atuam. Quem teve o seu trabalho em
separar uma dica carinhosamente saibam que sem vocês o trabalho não seria possível. Então os
principais colaboradores são aqueles que voluntariamente se esforçaram em separar a sua preciosa
dica, seja um de nós da Equipe Raios sejam os demais que compuseram o Grupo Raios.
A Equipe de trabalho Raios foi irretocável como sempre. Este ano foram 10 pessoas muito bem
preparadas na Revisão e aqui destaco a professora Renata Chamma que participou na matéria de
Ambiental, aceitando gentilmente o convite feito. E o querido Yan @tecendoatoga além de revisor
sempre ali na divisão do horário da “adrenalina” comigo Duas pessoas na parte da compilação de
dicas e imagens. E o querido amigo Fred, impecável na arte final do trabalho e sempre fazendo o
melhor em seus primorosos trabalhos de edição.
Por fim, agradeço a quem dedicou seu tempo elaborando nossos lindos Depoimentos. São
pessoas todas muito especiais e registro o quanto de carinho e preocupação que eles tiveram para
fazer. Acredito dar um toque especial no nosso trabalho, ver pessoas que ontem estavam juntos ali
na caminhada (muitas vezes no dia a dia em grupos de estudos) e hoje membros do Poder. Sabemos
o quanto as palavras de cada um inspiram a todos, às vezes se amoldando a como uma luva para
cada pessoa seja por que motivo for.
Nota final: O presente trabalho não tem qualquer pretensão autoral. Nós, da Equipe Raios,
elaboramos com zelo por ser natural a quem está aqui no Projeto, cientes de que tudo que fazemos
deve ser feito com responsabilidade principalmente quando utilizados por terceiros. A maioria está
acostumada a lidar com elaboração de material ou mesmo área acadêmica, em especial : Ana Beatriz,
Ana Paula , Andreza, Daiane , Eduardo , Fred, Renata, Tadeu e Yan). É um humilde compilado para
estudos que esperamos ser útil para todos que o acessem.
FORÇA, FÉ EM DEUS E UMA CAMINHADA DE PAZ
Rio de Janeiro (RJ), 14 de janeiro de 2022.
BEATRIZ BARROS
COORDENAÇÃO COMPILAÇÃO EDIÇÃO
Beatriz Barros Danielle Z. Fred Cezar
Juliana Brancalhão
REVISÃO
Ana Paula Martins Andreza Tauane
Beatriz Barros Daiane Medino Wotkoski
Eduardo Belisário Teixeira Luana Santana
Renata Chamma Thadeu Guerra
Tiago de Carvalho Bini Yan Walter
MENÇÃO HONROSA
Antes de iniciar os Depoimentos deste ano, gostaria de fazer uma pequena homenagem a duas
pessoas tendo em conta que foram importantes na jornada concurseira de muitas pessoas de um jeito
ou de outro.
Uma é a conhecida de muitos e muitos concurseiros pelo seu hoje extinto
instagram, chamado @conquistandoatoga. A querida Carol, posso dizer que teve
uma passagem rápida pela vida concurseira pois alcançou o tão sonhado cargo de
Promotora de Justiça onde hoje se encontra realizada. Ajudou demais a comunidade
enquanto esteve no instagram disponibilizando gratuitamente muito material de
estudo, foi um trabalho lindo e altruísta, deixando saudades para muitos. Logrou êxito
em chegar até a fase oral de três MP praticamente ao mesmo tempo, onde hoje está
no Amapá.
E já a Tatiane pela participação aqui no nosso lindo trabalho de fim de ano que é o RAIOS onde
foi revisora nestes dois anos e....agora é Juíza no Rio Grande do Sul, com posse em 2022. Pois sendo o
Raios um trabalho voluntario que acontece durante o Recesso não são todas as pessoa que querem
“perder” um tempo ali para nada ganhar em troca. Mas é o tal negócio: perder ou ganhar? Hehehe.
Enfim e as duas apresentam a mesma história de resiliência tendo um ponto peculiar em comum,
embora em tempos diferentes, atingiram a meta! No mais todos os depoimentos são escolhidos como
uma maneira de prestigiar a trajetória de uma pessoa querida e especialmente quem esteve junto ali
em nosso grupo de estudos. Até porque a jornada não é fácil para ninguém.
Vamos lá! (Bia)
LOCAIS ONDE O ARQUIVO PODE SER ENCONTRADO
O arquivo pode ser compartilhado abertamente, em grupos, drives públicos, amigos, enfim... Seguem alguns DRIVES
PÚBLICOS onde este trabalho poderá ser encontrado:
Renata: @ems_concurseira / Thadeu: @brocandoasbancasJoão: @cadernomagis / Francisco: @compartilhando_magis
Eduardo: @eduardobelisarios.teixeira / Juliana: @concurdiva
Gracelia: @graceliamenezes
Olá, amigos, tudo bem? Meu nome é Átilla de Oliveira, sou Procurador do Estado
na PGE-CE, empossado no dia 10/06/2022, aprovado em 4º lugar. Também fui aprovado
em 1º lugar para Promotor de Justiça do MPCE, certame concluído no ano de 2022, após
uma longa jornada de suspensões e retomadas em decorrência da pandemia.
Atualmente, sou um dos Procuradores integrantes da Procuradoria de Execuções
e Precatórios, mas também atuo na advocacia privada (principalmente no ramo de
servidores e concursos públicos) e ministro aulas/mentorias voltadas para os concursos
jurídicos de MP, TJ e PGE.
Há poucos dias, eu estava conversando com meus pais e disse que, há um ano, no
final de 2021, eu jamais imaginaria que estaria onde estou hoje, tampouco que seria
possível alcançar resultados tão expressivos em dois concursos jurídicos de áreas
distintas (Promotor de Justiça e Procurador do Estado). Sem sombra de dúvidas, eu estou
vivendo a realidade de um sonho que “foi sonhado” com muita luta e abdicação.
Falo com tranquilidade que, hoje, as noites mal dormidas, as lágrimas derramadas
por pífios resultados em provas passadas, o dinheiro gasto com bilhetes aéreos e hotéis
em concursos que reprovei, as ausências nas saídas com amigos e familiares, bem como
todo o “pacote de dificuldades” que acompanha o concurseiro que almeja passar em
concursos de alto rendimento, não passam de uma vaga lembrança que ficou ofuscada
pelo sentimento de realização que sinto no exercício da minha profissão. Eu não tenho
como falar outra coisa, a não ser: CONTINUEM NA LUTA, POIS VAI VALER A PENA!
Um dos grandes desafios de todo concurseiro é saber organizar toda a gama de
conhecimento que lhe será necessário para marcar o gabarito correto, para escrever boas
respostas e para responder perguntas orais com desenvoltura e assertividade. Cada vez
mais, a quantidade de conhecimento exigida é absurdamente grande, e nós precisamos
nos municiar de materiais que possam, de alguma forma, auxiliar na construção e no
enraizamento do conteúdo em nossa memória.
Falar de um material não significa necessariamente afirmar que ele é o melhor, ou
o mais completo, ou o mais profundo, em detrimento de todos os demais materiais. Eu
particularmente não gosto de generalizações. No entanto, em respeito à minha
própria sistemática de estudos, percebi mais vantagens em materiais que se mostraram
concisos, assertivos e com uma boa amplitude horizontal de conhecimento, ainda que
houvesse eventual déficit de profundidade a ser posteriormente preenchido, e, nesse
contexto, só tenho elogios a fazer ao material do RAIOS!
Eu utilizei esse material em dois momentos bem específicos: na preparação para a
prova discursiva e para a prova oral. A ampla variedade de temas abordados facilita que
o concurseiro obtenha uma visão holística do conteúdo programático, de modo a
evidenciar, para nós mesmos, os eventuais pontos de fraqueza que devem ser
fortalecidos. Por isso que, várias vezes, meu grupo de amigos utilizou as perguntas e
respostas do RAIOS para fazer simulações de provas orais (e eu super recomendo que
isso seja feito!). Com certeza, isso nos auxiliou bastante a atingir boas notas no concurso
do MPCE e, no meu caso particular, a atingir a primeira colocação, fato que sempre
pareceu impossível aos meus olhos de outrora!
Confesso que sempre gostei bastante de ler e acompanhar a rotina de aprovados,
como forma de guiar a administração da minha própria rotina e do meu próprio jeito de
estudar. Sei que existem altos e baixos, momentos de euforia e momentos de profunda
solidão, mas, mesmo com essas dificuldades, peço que sempre façam uma reflexão
interior na busca de encontrar a força e o empenho necessário para seguir no caminho.
Se a jornada parecer muito longa e a angústia de sequer conseguir ver o final do caminho
se fizer presente, faça a única coisa que pode ser feita: concentre-se apenas no seu
próximo passo, depois no próximo, no próximo, no próximo e no próximo... A arte de
fazer um pouquinho a cada dia é a grande arquitetura das majestosas construções.
Força e constância, meus amigos! Vocês chegam lá!
Átilla de Oliveira
Procurador do Estado (PGE-CE) – Aprovado em 4º lugar – Posse em 10/06/2022
Aprovado em 1º lugar para Promotor de Justiça (MPCE)
Olá, eu sou o Bernardo Girardi Sangoi, Juiz de Direito no TJRJ, e aprovado para
Promotor de Justiça no MPDFT. Hoje, venho aqui compartilhar um pouco da minha
trajetória no mundo dos concursos. Agradeço à Bia, que é uma das organizadoras deste
trabalho (nos conhecemos no dia de minha prova oral no Rio), por esse convite. Fico
muito feliz, pois sempre lia as histórias dos aprovados, o que é uma motivação para
seguir firme nos estudos.
Minha jornada começou no segundo semestre de 2018, quando eu estava
finalizando o Mestrado. Eu queria ser juiz, desde pequeno, mas não fazia ideia de como
me preparar para o tão sonhado cargo público. No âmbito acadêmico, ao qual estava
acostumado, o estudo é vertical, isto é, com muita profundidade, porém, sobre poucos
temas. Diferentemente, no concurso público, o estudo é horizontal, isto é, de forma mais
sintética e expansiva, para se conseguir abarcar conhecimento máximo dos temas do
edital. Isso faz total diferença, e foi uma das dificuldades iniciais que tive, até me
encontrar nos estudos.
Eu queria vencer rápido o edital, buscava atalhos, e ficava extremamente ansioso
por não conseguir me planejar de forma adequada. A sensação que eu tinha era de estar
sempre “correndo atrás da máquina”, que o que eu fazia não era suficiente.
Neste sentido, o ano de 2019 foi um divisor de águas em minha vida. Minha
dedicação se deu de forma integral. Aprendi a não ser tão rigoroso comigo mesmo. Fui
aprendendo, em muitas tentativas, a estabelecer metas atingíveis para os dias de estudo,
com várias pausas ao longo do dia, e descanso semanal aos sábados. Aos domingos,
tirava o dia para fazer simulados e corrigi-los.
Por favor, lembre-se sempre disso: É imprescindível ser disciplinado, nunca cruel
consigo mesmo. Há uma linha tênue entre isso. A rotina precisa ser pensada, construída,
repensada, por cada um de nós, de forma que haja a tão sonhada evolução nos estudos.
Mas, isso não pode se transformar em um caminho supostamente inatingível, com
sofrimento desnecessário ante metas inatingíveis. Isso é ser algoz de si mesmo.
Após algumas provas, prestei TJPA, em outubro de 2019. Queria muito ir para uma
segunda fase. Estava com uma pontuação muito boa nos simulados que fazia em casa,
mais calmo. Fiz a prova muito tranquilo, saí com a sensação de que “tinha dado”. Porém,
quando cheguei ao aeroporto, soube que, em um dos locais de prova, havia tido um
ruído/estrondo, pessoas saíram correndo do prédio, inclusive fiscais. Em questão de
horas, o comunicado formal da banca: a prova havia sido anulada... Pelo gabarito
extraoficial, eu estava entre os primeiros colocados. Isso me angustiou tanto, que me
senti muito mal, por cerca de 1 semana.
“Quando viria a aprovação”? Refleti muito sobre a jornada ao longo desse tempo,
mas, ao fim e ao cabo, serviu para reforçar o que eu queria para minha vida: ser juiz.
Tenho muita fé em Deus e em Nossa Senhora Aparecida. Pedia todos os dias pela
aprovação. Em uma de minhas orações, senti uma paz, uma sensação de que as coisas
dariam certo no tempo certo. Eu faria a minha parte, onde e quando eram perguntas que
não estavam em minha alçada.
Decidi que me prepararia para o TJRJ, cuja prova seria em dezembro, com bastante
calma. 1 dia de cada vez. Tinha que estudar Direitos Difusos e Coletivos, matéria esta
que, até então, não estava no meu cronograma de estudos. Busquei prioridades, e depois
passei à revisão, com disciplinae serenidade.
O resultado veio: a tão sonhada aprovação na primeira fase chegou! Para mim, essa
era a fase mais difícil do concurso, por envolver muitas decorebas de lei seca. Mas, é uma
parte do caminho. Trata-se de um passo. De uma parte do caminho. É preciso lê-la, de
forma integral e fracionada, no que o estudo vai ficando mais palatável ao longo dos
dias, sem aquela sensação de desgaste mental e exaustão de energias. Algo que me
ajudava a pensar dessa forma era a fábula da cigarra e da formiga: ser como a formiga,
devagar e sempre, sem pressa, na velocidade que eu conseguia ler.
Em 2020, a maior dificuldade foi conciliar a preparação com a ansiedade, em um
cenário incerto da pandemia. A prova discursiva do TJRJ estava marcada para março,
passagens compradas, hotel reservado, faltava 1 semana, mas veio a notícia do
cancelamento, sem qualquer perspectiva de marcação de nova data, nem de novos
concursos.
Um dia de cada vez. Esse pensamento me deu muita força para seguir em frente
nos 15 meses subsequentes, sem prova alguma. Quando temos um propósito, não é a
intensidade que faz a diferença, mas a constância. Eu diminuí o ritmo, em prol da saúde
mental. Mas, mantive a disciplina e o foco durante todo este tempo. Melhorei muito na
técnica de sentença cível, por exemplo, que me era um tema sensível. Fiz vários simulados
desta etapa ao longo de toda a pandemia. E, incrivelmente, estudei a jurisprudência do
STJ sobre bem de família, em um simulado de sentença de embargos à execução, e, na
prova de sentença do TJRJ, a sentença cível foi embargos de terceiro sobre tal tema...
Embora tivesse sido uma prova densa e extremamente difícil, a experiência dos
simulados me ajudou a ter a calma para o raciocínio e a fluidez das ideias.
Nesse processo todo, optei por estudar, também, para a carreira de Promotor de
Justiça, ampliar o espectro de concursos públicos, mas com a manutenção de matérias
afins. A primeira prova pós-pandemia foi o MPDFT, uma das provas (se não a mais difícil)
mais difíceis da minha vida.
Os dois concursos, o do MPDFT e do TJRJ, andaram, praticamente juntos. Algo que
muito me ajudou a manter o equilíbrio, principalmente nos momentos mais difíceis e de
incertezas, foi buscar elevar os pensamentos, agradecer pela aprovação, e me visualizar
no cargo público, já de toga. Isso me revigorava, e é algo que me ajudava a manter-me
firme na maratona concursal. Lembre-se sempre: não é sobre a conquista, mas sobre a
jornada, que é única, de cada um, e que faz o sonho valer a pena. Grande abraço, siga
firme, e bons estudos!
Bernardo Sangoi
Juiz de Direito
TJRJ 2019 (Posse em 2022)
Prezados colegas, Me chamo Carlos Eduardo Pimentel e sou juiz do TJRJ. Gostaria,
primeiramente, de agradecer o convite carinhoso feito pela querida amiga Bia, o que me
permitiu estar aqui e poder falar com vocês. Quero contar um pouco sobre a minha
trajetória até a aprovação e, quero muito falar com vocês sobre os sentimentos e as
angústias que passamos para chegar até lá. Espero que este breve relato seja um
estímulo para que todos vocês continuem em busca dos seus sonhos, em todos os
campos da vida. Então vamos lá....
Eu passei e tomei posse como magistrado aos 37 anos!!! Após mais de 10 anos de
estudo, quase 50 provas de primeira fase, umas tantas outras de segunda fase e
sentenças. Não, não foi fácil!! Mas quem disse que seria?...rsrsrs. Eu apenas persisti e
jamais desisti.
Depois de sair da faculdade, ingressei na EMERJ no ano de 2009, com a finalidade
de me preparar para os concursos da magistratura. Mesmo cursando a Escola, continuei
trabalhando como advogado durante algum tempo. Em 2015, comecei a passar para as
segundas fases dos concursos.
E o sentimento era uma mistura de alegria com desespero...rsrsrs. E agora como
estudar para segunda fase e para as provas de sentenças? Meu Deus, eu não sei nada de
direito, quanto mais escrever!!..rsrsrs. Esses foram alguns questionamentos que foram
surgindo conforme fui avançando nas fases dos concursos.
Mas acreditem....vocês sabem o conteúdo e as matérias. E é óbvio que bate aquele
desespero de como começar a estudar para segunda fase e para as sentenças. Fazer um
curso de como fazer sentenças é importante porque trata-se de uma peça técnica e ao
mesmo tempo com conteúdo profundo de direito material e processual. E resolver as
questões processuais postas no caso concreto apresentado com certeza fará parte da
sua aprovação.
Então, de 2015 em diante passei a flertar com as provas de segunda fase e com as
sentenças. Contudo, sempre parava nessas fases. Nunca conseguia chegar em uma prova
oral. Até que no ano de 2018 eu simplesmente não consegui passar para nenhuma
segunda fase! Todas as provas que fazia ficava por 1, 2, ou 3 questões do corte.....e o
corte sempre subindo. Comecei a duvidar de mim e das minhas capacidades. Pensei em
desistir diversas vezes. Quase desisti.... Foi neste momento que, por uma indicação de
uma paciente (e concurseira) da minha mulher, fiz um coaching com um cara que mudou
minha vida e a forma de eu ver tudo ao meu redor.
Em nosso primeiro encontro expus todas a minhas angústias para ele e que sempre
ficava por pouco de passar, que me sentia um fracassado, que não conseguiria. E a
resposta dele foi simples e direta: “Você já parou para pensar que está muito mais perto
do sucesso do que do fracasso?” Neste momento eu fiquei sem palavras. E ele
prosseguiu: “Você está a uma questão da aprovação para a próxima fase... o que te falta
é corrigir detalhes....e sua aprovação chegará”.
Essa pessoa mudou minha vida para sempre e faz parte da minha aprovação e da
minha mudança de perspectiva de vida. Então, essa é a mensagem que quero deixar para
quem está próximo de passar para a próxima fase e pensa em desistir: LEMBRE-SE QUE
VOCÊ ESTÁ MUITO MAIS PERTO DO SUCESSO DO QUE DO FRACASSO”.
E, assim, no ano de 2019 eu passei para a segunda fase de todas a provas de
magistratura que fiz e até para o MPSP...rsrsrs. Em dezembro de 2019, fiz a prova do TJRJ
e fui aprovado para a segunda fase. Porém, uma semana antes da prova discursiva, tudo
foi cancelado por conta da pandemia. O concurso só seria retomado com a realização
da prova discursiva no dia 11/07/21.
Durante a pandemia, decidi que minha vida pessoal começaria a acontecer. Saí do
Rio de Janeiro, fui morar em Goiânia com minha mulher. Um dia depois de chegar em
Goiânia, saiu o resultado da prova e eu estava nas sentenças. Uma semana antes das
sentenças descobrimos que estávamos grávidos....rsrsrs. Tudo aconteceu ao mesmo
tempo, no tempo de Deus. Passei pelas provas de sentenças já sabendo que seria pai da
Alice e que tudo que eu faria a partir desse momento seria por ela.
Passei para magistratura do meu Estado. Voltei para casa. Com minha mulher,
nossa filha e nossa cachorra Luna. Foi preciso que eu desse andamento nas minhas
realizações pessoais para que o sonho da magistratura acontecesse. Termino este breve,
sincero e carinhoso depoimento com algumas palavras para todos vocês:
PERSISTAM!! RESISTAM!! SEJAM RESILIENTES!! CONQUISTEM SEUS SONHOS E
OBJETIVOS!! COMBATAM O BOM COMBATE!! SEJAM SEMPRE CORRETOS E HONESTOS!!
GUARDEM A FÉ (SEJA NO QUE E EM QUEM FOR). VIVAM!! TENHAM EQUILÍBRIO!! A VIDA
NÃO É SÓ CONCURSO!! COMEMOREM CADA APROVAÇÃO!! SE AJUDEM SEMPRE!!
CONTEM SEMPRECOMIGO!! COM CARINHO,
Carlos Eduardo Pimentel
Juiz de Direito
Posse no TJRJ em 2022
Olá!!!
Meu nome é Carolina Oliveira (mais conhecida como “Toguinha”). Sempre quando
alguém me perguntava há quanto tempo eu estudava para concurso, eu dizia: “desde os
meus seis anos”. Muitos enxergavam como falta de educação, mas posso dizer do fundo
do meu coração que eu acredito exatamente nisso. O meu estudo foi acumulado por
toda a minha vida.
Nunca acreditei nos concurseiros que dizem ter passado com “seis meses”, “um
ano”, p. ex.O estudo é acumulado ao longo da vida.
Sou filha de analfabetos funcionais e pessoas pobres. Passei por toda a sorte de
dificuldades na vida. Sem o estudo, hoje eu nada teria e nada seria. Fiz a minha faculdade
com bolsa integral pelo PROUNI (formei com láurea acadêmica), comecei a estagiar com
16 anos, passei no meu primeiro concurso com 20 anos e sempre fui impulsionada pela
disciplina.
Quanto mais eu estudava, mais eu notava que a minha vida melhorava. Quanto
mais a minha vida melhorava, mais vontade eu tinha de estudar para melhorar ainda
mais a minha vida. Moral da história: estudar sempre foi um ato prazeroso para mim
(lamento se não sou mais uma a pregar que “estudar não é prazeroso”.
Aliás, eu sou o oposto de tudo que ensinam e pregam por aí. Nunca gostei de
cronogramas, estudava escrevendo (e muito!), usava muitas canetas coloridas, não
seguia metodologia de ninguém (e na verdade eu detesto “método de estudo”) e ainda
assim eu passei e fui nomeada várias vezes ao longo da vida.
E reprovar? Claro que reprovei. A reprovação que mais doeu foi a que tive em 2018
(para analista judiciário do STJ). A outra foi na prova oral para Promotor de Justiça do
MPMG em 2022 (nessa não doeu a reprovação em si, mas o fato de ver o quanto o ser
humano pode ser doente e apático). Contudo, nenhuma reprovação nunca me parou.
Eu tenho um defeito que sempre foi descarregar todas as minhas dores/frustrações
no estudo. Logo, quanto pior eu estava internamente, mais eu estudava. Posso dizer que
em 2022 eu estudei como nunca estudei na vida e não me arrependo de nada.
Nunca deixei de fazer nada que eu quisesse para estudar, mas o fato é que estudar
é o que de verdade eu mais queria fazer e isso tornou a caminhada mais leve. Não
acredito na frase “só não passa quem desiste”. Não existem vagas para todos. Eu acredito
que só passa quem tem MUITA disciplina. A banca examinadora não tem a função de
nos ajudar, de ser nossa amiga, de se importar com os nossos problemas pessoais. A
partir do momento que a pessoa passa a ter a consciência de que reclamar e ficar inerte
não mudará nada, ela terá novos olhos para a realidade.
As pessoas hoje em dia querem o atalho, o cronograma milagroso, o “coach” não
sei do quê, mas esquecem do básico: ler a lei, resolver milhares de exercícios e estar
MUITO afiado com a jurisprudência (saindo, ademais, do lugar comum dos informativos
e “julgados dos dois últimos anos”).
Olhando para a vida que eu poderia ter tido sem os estudos e olhando para a
minha vida atual depois de ter tido MUITO ESTUDO, eu garanto: VALEU MUITO A PENA
e eu faria tudo de novo (faria até mais).
Seu melhor “colti” será a sua DISCIPLINA. Disciplina é liberdade. Quem quiser saber
detalhes da minha história, vá ao Instagram do @brocandoasbancas e leia a “carta aberta
da Carol aos concurseiros”.
Posso dizer que estou no melhor MP desse Brasil. A infraestrutura, a carreira e todo
o suporte são surreais. Valeu MUITO cada minuto de bunda na cadeira. E posso dizer
que foram milhares deles, com vontade ou sem vontade, animada ou desanimada,
“motivadinha” ou sem a “motivaçãozinha”.
Fuja de métodos mágicos. Eles simplesmente não existem.
“Conhece a ti mesmo”.
Carolina Oliveira
Promotora de Justiça do MPE-AP.
Posse em 28/11/2022
Oi, gente!
Confesso que não sei direito por onde começar….e porquê? Porque realização
desse sonho já conta com longa data….e isso me gerou uma grande dificuldade para
escrever essas linhas aqui... ….pensei: puxa, será que eu tenho realmente algo a contribuir
com eles? Foi aí que percebi que as ansiedades e dificuldades do concurseiro não
mudam!
Os cursinhos realmente estão cada vez melhores, as informações chegam na palma
da mão e em tempo real...simmm tudo isso é verdade….mas a boa e velha prova de
múltipla escolha continua a mesma…..a “receita do bolo do concurseiro” continua a
mesma: dúvidas, incertezas, angustias, choro, desesperado, vontade de desistir, cafés,
horas de estudos a fio, uma jornada solitária….sim, solitária, mas que não pode ser feita
sozinha….e uma dose muito grande de FÉ e MOTIVAÇÃO!
Simmmmm…..posso dizer que esses dois últimos foram o meu segredo….fé e
minha maior motivação: Duda!
Peço licença pra compartilhar um pouquinho mais da minha vida….e depois
voltamos ao caminho do concurso e da aprovação… Já na faculdade sonhava em ser
Promotora de Justiça….aliás, fiz direito para isso! Mas no quarto ano da faculdade
engravidei! 21 anos, mãe solteira...nem vou entrar nos detalhes dos julgamentos sobre
isso...mas fato é que ouvi da minha família: “Pronto!
Agora não vai mais ser Promotora de Justiça!”...”Escolhe um concurso mais
fácil….afinal, que homem vai querer se casar depois com uma mãe solteira e promotora
de justiça (caso você seja aprovada)”….e outras tantas frases “motivacionais”…
Fato é que algumas lágrimas depois estava lá eu sentada e estudando….olhava pra
Duda e pensava: vou fazer isso por mim e por você! Foi fácil? Não! Foi mais difícil do que
muito gente pode imaginar…..ser mãe, trabalhar e ser concurseira...lidar com febre da
filha, estudar em horários ultra alternativos enquanto ela dormia, ouvir lei seca enquanto
fazia de conta que estava ali assistindo um desenho com ela….tomar banho juntas para
ter um “tempo de qualidade” com ela, porque logo depois já tem que voltar a estudar….e
outras tantas peculiaridades da vida de mãe solteira concurseira…
Ao mesmo tempo tive uma conversa séria com Deus….combinei com Ele que eu
faria a minha parte aqui embaixo e que Ele por favor fizesse o milagre lá de cima…. E
assim foi….entre a formatura e a posse quatro anos se passaram….muitas e muitas
lágrimas vieram, a vontade de desistir era frequente….medo, insegurança e pensamentos
do tipo: não sou inteligente o suficiente para ser Promotora de Justiça eram constantes!
Mas lá estava ela...sempre ela: Duda! Era ela que me dava forças….eu precisava
passar logo para poder ter mais tempo com ela...poder dar uma vida boa que um bom
salário pode proporcionar….e precisava realizar o meu sonho: ser Promotora de Justiça!
E lá sempre esteve Ele...Deus! Sempre me fazendo ressurgir a cada reprovação e a não
desistir! (E como sua representante aqui na Terra, estava minha mãe….me ajudando com
minha pequena e me incentivando todas as vezes que pensava em desistir!).
Uma vez, diante de uma reprovação no TJPR brigamos feio! Ou melhor, eu briguei
sozinha com Ele! Questionei aos berros o que Ele queria de mim já que eu estudava,
estudava e não passava.
Um mês depois da nossa briga, eu já tinha pedido perdão (pedi no dia seguinte e
entreguei nas mãos dele)….a minha aprovação começou a vir….fui aprovada na primeira
fase do concurso que tomei posse….e depois nas subsequentes…. E em cada uma delas
Ele estava comigo! Em cada uma delas, Ele me dava um sinal de que eu iria conseguir….e
literalmente me levou pelas mãos até a minha aprovação!
Hj, Promotora de Justiça há 14 anos só posso te dizer o seguinte: os planos de
Deus são infinitamente melhores do que os nossos...a caminhada até a aprovação é longa
e difícil (não vou dizer que não), então, não a faça sozinho….e relembre-se TODOS os
dias qual sua motivação para não desistir….e tenha fé! Acredite! Não duvide nem um
minuto de que se você pode sonhar com isso você pode realizar! Sim! Eu sei que você
vai pensar em desistir…. ao longo do caminho também existirão “problemas” enquanto
você estuda….a vida não pára e não fica perfeita pra você estudar….mas é justamente
essa sua trajetória que faz de você um ser único e que contribuirá para o profissional que
você será!
E por fim, se eu puder te dar mais um conselho….não desista!!!! Vale muito a
pena!!!! O nome no diário, a posse, e dia a dia exercendo a função que você sonhou e
lutou por ela formam um conjunto incrível a ponto de fazer você “esquecer” todo o
sacrifício que fez para conquistar!FERNANDA DA SILVA SOARES
PROMOTORA DE JUSTIÇA NO PARANÁ
Posse 05/11/2008
@prof.fersoares
Sou Fellipe Abrahão e em 01 de julho de 2022 ingressei na magistratura do Tribunal
de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul.
Poderia dizer, resumidamente, que li lei seca e doutrina, fiz anotações, ouvi áudios,
resolvi questões, fiz diversos cursinhos, principalmente para as fases discursivas e de
sentenças, e fui reprovado em dezenas de concursos antes de me tornar magistrado, que
nunca desisti, mas acho que isso pouco te ajudaria.
Fiz tudo isso, é verdade, mas acredito que minha aprovação é fruto de tudo o que
vivi nos meus 40 anos até aqui.
Sou de origem humilde, minha mãe me sustentou com muito sacrifício no interior
do Rio de Janeiro e, como boa professora, me convenceu da importância do estudo na
vida do pobre. Como o ilícito nunca foi opção, havia em mim uma necessidade de
superar aquela situação e conquistar tudo o que meus sonhos podiam alcançar (e eles
foram se expandindo com o tempo). Assim, estudei muito para frequentar boa parte do
ensino fundamental e o ensino médio em escola particular com bolsa de estudos, passei
em vestibular de universidades públicas, ingressei na EsPCEx (e desisti), cursei
biomedicina na UFRJ (e saí na metade), tomei posse no cargo de técnico de atividade
judiciária do TJRJ em 09/07/2003, cursei Direito na UFF de 2005 a 2009, tomei posse no
cargo de oficial de justiça do TJRJ em 29/01/2013, fiz mestrado em Direito Processual
Constitucional na Argentina e fui aprovado para Defensor Público do Estado do
Maranhão.
Pelo roteiro, consegue perceber que ser magistrado não era o único objetivo e
nem uma meta clara desde sempre na minha vida? A ideia de ser magistrado nasceu
durante os 17 anos em que assessorei uma incrível magistrada do TJRJ e percebi que a
atividade jurisdicional era capaz de transformar a vida de tantas pessoas. Imaginei que a
atividade que já me fazia feliz como assessor deveria ser ainda melhor como magistrado,
mas acho que também poderia ser feliz como defensor público.
Na verdade, acredito que nossa felicidade depende de nós mesmos e, como minha
amiga Flávia Martins, tenho o compromisso de ser e de me fazer feliz. Por isso nunca
parei de tentar e de insistir, nunca me conformei com uma situação que não me
desafiasse ou trouxesse felicidade, me arrependi quando pensei em desistir e me diverti
enquanto trilhava meu caminho até a magistratura.
O percurso não foi fácil, foi sofrido, foi inconstante, mas foi se tornando cada vez
mais leve à medida que eu descobria um propósito que me fazia feliz. A jornada foi
enriquecida pela diversidade de histórias dos demais concurseiros que conheci por esse
Brasil afora e pelas incríveis amizades que fiz durante esse período.
Por isso, não tenho uma fórmula para aprovação ou um roteiro de sucesso para te
apresentar, mas apenas um convite: descubra o que te faz feliz e siga em frente, ajuste a
rota sempre que se fizer necessário, não se culpe por sua história, busque motivação
diariamente e seja gentil consigo mesmo. Repito, seja gentil consigo mesmo.
Só você pode descobrir o caminho da sua aprovação. E eu espero que descubra e
se encante com sua vida e sua carreira. Grande abraço
FELLIPE ALVES DIVINO LIMA MESQUITA ABRAHÃO
Juiz de Direito do TJRS desde 2022
Quem é Jorge Arbex Bueno, hoje juiz de direito no Tribunal de Justiça de Minas
Gerais? Natural de Varginha, sul de Minas Gerais, mudei para São Paulo com 15 (quinze)
anos de idade para treinar natação no Esporte Clube Pinheiros. Quando atleta de
natação, fui campeão mineiro em 03 (três) provas (200 nado medley, 100 e 200 nado
costas). Na minha trajetória outras diversas vitórias no estado de São Paulo, inclusive
com atuação no exterior (Coral Spring – Florida), também várias derrotas. Apenas com
27 anos, após formado, iniciei os estudos para concurso público.
Sem maiores delongas, distante do juridiquês ou da linguagem rebuscada vamos
ao que interessa sem romantizar. Foram mais de 50 provas, superando 30 aprovações
em provas objetivas e 04 aprovações para provas orais, com 02 (duas) reprovações –
magistratura do TJMG e promotoria do MPSP. Consegui, nos anos de preparação, atingir
uma performance que me possibilitou chegar aos 90 pontos na prova objetiva para juiz
do TJSP, também 86 para juiz no TJMG, 80 pontos para Promotor no MPSP, 78 pontos
no MP/GO e 74 no MPMT (6º colocado na primeira fase). Durante a caminhada, também
fui aprovado em 03 (três) provas objetivas para juiz federal (TRF da 2ª região, da 3ª região
e com 77 pontos no da 4ª região).
Em síntese, não vai ser fácil, a concorrência externa e interna é pesada, o sistema é
bruto. Para poucos pode ser simples, mas essa não é a regra. No mundo do homem
médio é preciso sim de disciplina, garra e temperança. Na minha jornada dois foram os
diferenciais, um alinhado à disciplina e garra (talvez do esporte), outro à temperança.
Sempre tive uma rotina diária, uma programação semanal de estudos, passando
por todas as matérias. Foi quando decorei os cadernos que consegui superar a primeira
fase. Cadernos? Sim, estudei por cursos, na época o melhor era o LFG. O bom é inimigo
do ótimo. O homem médio precisa revisar e com doutrina extensa isso se torna quase
impossível. Nessa toada cheguei a duas provas orais em 2015, quando reprovado em
ambas. Embora disciplinado e com muita garra ainda me faltava algo, a temperança. Não
era falta de conteúdo, já que tinha todos os pontos do edital consolidados. Com as
reprovações no TJMG e TJSP urgia a pergunta: o que estaria faltando?
Em meados de 2016 minhas forças haviam acabado, quando recebi a ligação de
uma amiga de estudos. A partir de um sonho ela sentiu a necessidade de me falar sobre
espiritualidade e direcionamento de Deus. A partir daquele momento iniciei uma nova
jornada, crendo em um desígnio diante daquilo tudo. Foram 03 (anos) de atividade
espiritual até a minha aprovação. Entre glórias e desertos, consegui superar medos até
minha fase final nos concursos públicos. Eis a temperança.
Em pílulas, deixo alguns conselhos aos futuros colegas: i) monte uma base de
estudos, por videoaulas ou apostilas, no máximo sinopses; ii) livros apenas para consultas
pontuais em temas de predileção de examinadores, isso se verificar que o caderno não
é suficiente; iii) rotina de estudos e um esporte 06 (seis) dias por semana, descansaria
domingo; iv) pode resumir ou apenas grifar, mas evite perfeccionismo, pois seu material
é apenas um instrumento para sua aprovação; v) estude todas as matérias durante a
semana; vi) faça questões apenas quando já tiver a doutrina de revisão consolidada,
criando caderno de erros; vii) jamais troque de material; viii) faça um polimento final.
Enfim, fiquem a vontade para me chamarem no direct (Jorge Arbex Magistrado).
Nunca deixei de responder um colega de concurso público. Conheço bem o sentimento
de esperança e desespero jungidos. Fiquem com Deus.
“Irmãos, não penso que eu mesmo já o tenha alcançado, mas uma coisa faço:
esquecendo-me das coisas que ficaram para trás e avançando para as que estão adiante,
prossigo para o alvo, a fim de ganhar o prêmio do chamado celestial de Deus em Cristo
Jesus.” Filipenses 3:13-14
Jorge Arbex Bueno
JUIZ NO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE MINAS GERAIS (TJMG posse em 2019)
@jorgearbex.magistratura
Cristão, casado, ex-nadador e juiz no TJMG
Fala pessoal, beleza? Meu nome é Rafael Cabral e estou aprovado no MPPR e
MPTO. Acredito que as nomeações acontecerão ainda no primeiro semestre de 2023.
Lembro que, quando eu comecei a estudar, eu buscava no depoimento dos aprovados a
fórmula mágica da aprovação. Se existe isso, eu não descobri até hoje. O caminho
demanda um estudo estratégico, focado na carreira e disciplinado.
Eu me formei no ano de 2013, em uma faculdade particular, na minha cidade (Vila
Velha/ES). Ainda durantea graduação, fiz alguns concursos, orientado por boas dicas
que recebi no caminho (quando fui estagiário do MPF) e saí da graduação praticamente
concursado, exercendo o cargo de Analista do MPES (Junho de 2014). Na sequência, fui
aprovado para Oficial de Justiça do TRT/MG, sendo nomeado e empossado em
Dezembro de 2015, exercendo o cargo neste momento em que escrevo (Janeiro de
2023).
Tive algumas idas e vindas nos estudos para o Ministério Público entre 2014 e 2016,
mas nada muito focado. Acabei relaxando no cargo que assumi no TRT/MG, em vista da
flexibilidade de horários e boa remuneração. Mas a vontade de voltar a estudar foi
crescendo, porque eu sentia a necessidade de produzir intelectualmente no exercício do
trabalho. Enferrujei bastante no tempo em que fiquei parado. Mas em Março de 2020,
início da pandemia, eu resolvi que iria voltar a estudar. E voltei com tudo.
Eu poderia dizer que estudei por dois anos e três meses até a aprovação no MPPR
(Junho de 2022). Mas esse número não seria verdadeiro se eu não contasse para vocês
minha trajetória no mundo dos concursos. Isso porque embora eu tenha de fato
estudado esse tempo, eu trazia alguma bagagem comigo. Enferrujada, claro. Entretanto,
com a volta ao estudo, eu basicamente relembrava coisas que já havia estudado.
Obviamente, precisei aprender muita coisa nova, mas o grosso, sobretudo o como fazer,
eu já conhecia.
E no concurso eu digo sem medo de errar: O que mais te faz ganhar tempo para
ser aprovado logo é saber como fazer. E é um pouco disso que eu vim compartilhar com
vocês.
Desde já peço que vocês não tomem a minha realidade e as minhas palavras como
verdades absolutas e incontestáveis. Cada pessoa tem sua história, sua forma de
aprendizado. Peguem aqui o que se encaixa em sua realidade e descarte o resto.
Ninguém é senhor da razão. Entretanto, preciso dizer algumas verdades que podem ser
incômodas para algumas pessoas. Mas juro que a intenção é apenas ajudar. Vamos lá.
Primeira Verdade: Não se estuda para um monte de carreira ao mesmo tempo. Ou
você estuda para o Ministério Público, ou para a Defensoria Pública, ou para a
Magistratura, ou para Delegado de Polícia, ou para Juiz Federal, ou Para o Ministério
Público Federal, ou para Analista de Tribunais, etc. Não tente abraçar o mundo. Você não
vai conseguir.
No meu estudo, eu fui extremamente pragmático. Eu estudei especificamente para
a carreira do Ministério Público. E isso já ajuda bastante. Afinal, se eu estudo para o
Ministério Público, não faz sentido eu estudar um Manual imenso de Direito Tributário
ou Empresarial. O negócio é sinopse mesmo ou caderno de um cursinho preparatório,
nessas matérias menores. Então, a primeira dica que eu dou é que vocês definam uma
carreira. Isso não te impede de fazer uma prova ou outra que surja. Eu mesmo fiz algumas
magistraturas, mas só estudei Humanística e Sentença quando avancei para a segunda
fase. Não estudava isso no meu estudo regular.
Definida a carreira, o segundo passo é a escolha do material. Deixa eu mandar logo
a segunda verdade: você não vai passar com um reta final. Os cursinhos tentam te fazer
acreditar nisso, mas lembre-se que o cursinho é uma empresa e a empresa visa ao lucro.
Eles querem e precisam vender. Tem concurseiro por aí que estuda há cinco ou seis anos
e não passa. Quando você vai perguntar, o cara pula de reta final em reta final,
acreditando que vai passar.
Pode até acontecer de passar, mas vai levar aí uns sete a oito anos. Penso que é
melhor passar em dois ou três anos do que em sete ou oito. Ao escolher o seu material
doutrinário, você não precisa ler Pontes de Miranda. Você precisa ler o que seu concurso
demanda (sinopse nas matérias menores, manuais concurseiros nas matérias maiores).
Ou pode ser um curso em videoaula também. Mas o que eu te aconselho é você definir
uma bibliografia (com livros voltados para concursos – nada de ler Canotilho), ou pegar
um bom curso extensivo anual, seja em PDF, seja em videoaula. Ou seja, um curso
completo. Pare um ano sem fazer provas, leia seus livros ou faça seu curso com calma.
Leia, grife, produza seu material de revisão (com grifos, resumos ou cadernos). Feita essa
base, releia esse material produzido até chegar o ponto em que você sabe o que tem na
página seguinte antes mesmo de ter chegado nela.
Não troque o seu material por nada nesse mundo. Atualize ele você mesmo, com
caneta, post-it ou editando seu caderno digitado. Nenhum material tem tudo e você não
precisa saber tudo para passar. Quem passa não é o especialista, mas o generalista.
Quem sabe de tudo um pouco e não quem sabe tudo de um tema só. E nesse primeiro
ano de estudo, inclua a leitura de lei seca e jurisprudência. A primeira fase é 90% lei seca
e jurisprudência. A doutrina você estuda para conseguir entender bem a lei seca e para
ter bagagem para quando você avançar para a segunda fase e para a fase oral.
E eu aconselho que seu estudo seja de fato global. Não dá tempo de ter bagagem
doutrinária entre a primeira e a segunda fase. O estudo para segunda fase basicamente
é escolher pontos de predileção da banca, treinar a escrita e orar para que aquela seja a
sua prova.
Então, o seu estudo tem que estar focado em doutrina (cujo material você vai me
prometer que não vai trocar, a menos que ele seja muito ruim), lei seca (que você pode
ler no seu vade mecum, site do planalto, material do Belisário ou pelo Legislação
Destacada), Jurisprudência (no site do Dizer o Direito – acho válido assinar o buscador)
e questões (conheço apenas a plataforma do Qconcursos).
Feito isso, acho bem difícil que você não passe, se a sua dedicação for real.
Basicamente, foi isso que apliquei durante meu estudo. Meu dia de estudo era feito mais
ou menos da seguinte maneira (eu nunca cronometrei): aproximadamente duas horas
de lei seca (legislação destacada), umas três horas de doutrina (sinopses, cadernos,
manuais para concursos), uma hora da jurisprudência dos últimos três anos do tema que
estudei na doutrina e uma hora de resolução de questões do tema que estudei na
doutrina e li na jurisprudência. Como dito, é um tempo médio, não cronometrado.
Na primeira leitura dos meus materiais doutrinários, eu levava por volta de três
horas para avançar 50 a 60 páginas. Com os grifos feitos, em três horas (lendo só os
grifos), eu avançava 200 a 300 páginas. Ficou rápido revisar. Conseguia repassar toda a
matéria com três a quatro meses. O mesmo efeito se tem com cadernos, fichas, etc. E é
aqui que você nota a importância de produzir o SEU material de revisão. Não adianta ler
livros ou fazer cursos e sair sem um material de revisão. Você vai esquecer metade ou
mais do que estudou e não vai ter nada para revisar.
Fiz muitas provas e, mesmo nas que eu reprovei, fiquei por pouco, seja na primeira,
seja na segunda fase. Até agora não reprovei em oral. Como eu tive o período da
pandemia para estudar, voltei a fazer provas quando os concursos voltaram. Comecei
com o MPDFT, MPMG e DPERJ (todos ali entre Junho e Julho de 2021). Reprovei nos três
na primeira fase e nos três por três questões. Analisei e anotei TUDO o que errei em cada
uma das provas (matéria, tema dentro da matéria, se era lei seca, jurisprudência, doutrina,
etc) e estudei em cima disso por um mês. Resultado: Passei em 20º na primeira fase do
MPSC que foi em Setembro de 2021 (e reprovei depois na segunda fase... rs). A partir
dessa prova (MPSC), passei em todas as primeiras fases que fiz (TJGO, TJSP, MPPR, MPTO,
MPSP, MPRJ, MPPE e o MPMG de 2022), exceto o MPGO. Reprovei na sentença cível do
TJSP, na 2ª fase do MPSP e na 3ª prova da 2ª fase do MPRJ. Aprovei no MPPR, MPTO e
estou, neste momento, na oral do TJGO e MPPE e aguardando resultado da 2ª fase do
MPMG de 2022.
O diferencial, na minha história, foi ser pragmático, não trocar de material e fazer
muitas provas. Não sei se teriaconseguido rápido se me prendesse apenas ao meu
Estado ou a Estados próximos. Muitas pessoas se prendem a isso e acabam também
levando anos. Claro que você também deve pensar no pós posse e, nesse sentido, o meu
limite de distância foi o Estado do Tocantins.
Espero que conhecer minha história e meu método possa te ajudar. Como dito,
não há aqui uma verdade absoluta, mas uma diretriz que pode te servir ou não. Mas de
uma coisa eu tenho certeza: Estudo direcionado, com matéria bem revisada, com lei seca
e jurisprudência em dia, torna a sua aprovação inevitável. É um processo que você deve
aceitar viver. Não dá para queimar etapas (acreditando que vai passar em seis meses com
um reta final). Se você jogar direitinho o jogo, vai dar certo. Acredito muito que a
dedicação vence o talento. Você não precisa ser um gênio para passar, precisa, sim, ser
obstinado. Fica aqui o meu desejo de força e de boa sorte.
Rafael Francisco Simões Cabral
Aprovado no MPPR e MPTO
Olá pessoal!! Sei bem com é estar nesse momento de estudos, a vida do
concurseiro não é fácil né? porém acreditem, é possível sim ser aprovado. Em minha
jornada de estudos sempre sonhei em ser magistrado, o foco sempre foi esse apesar de
ter sido aprovado e atuado em outras carreiras (Delegado de Polícia em Minas Gerais e
Cartório no TJPR).
Sei bem como é difícil estudar muito, se sacrificar profundamente e ser
compreendido por poucos, nossos familiares e amigos nem sempre facilitam nossas
vidas, mas, apesar dos obstáculos, a única coisa que não se pode perder nesse caminho
é o foco. Chorar, gritar, brigar, beber, surtar, tudo é possível, só não desistir.
Atualmente sou magistrado no Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, sou grato
a Deus por ter finalmente conseguido ser aprovado no cargo dos meus sonhos e
principalmente em um Tribunal que sempre admirei.
Nesta caminhada em busca da aprovação, conheci pessoas extraordinárias,
pessoas abençoadas, uma delas, tenho a obrigação de mencionar aqui é a Bia do
Magisemáudio. Ela sabe o quanto sou grato pela ajuda que me proporcionou, desde
quando iniciamos e agitamos o grupo de estudos no Facebook. Bia, fica aqui meu
reconhecimento e agradecimento público, continue sendo essa pessoa abençoada e
atenciosa com todos nós, eternos concurseiros e estudantes de direito.
Bom pessoal, é isso! Realmente não exite fórmula mágica para aprovação, o
negócio é colocar sangue no olho e mergulhar de cabeça, ler materiais bons como esse
aqui do RAIOS, planejar, revisar, treinar e esperar sua vez chegar, e sim ela vai chegar!!!!
Não vou me estender muito, mas eu desejo a todos os concurseiros simplesmente
a tão sonhada aprovação, que todos tenham êxito assim como eu tive, que todos possam
sentir a felicidade que eu senti.
Abraços!
Roberto Nazario
Juiz de direito no Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (posse em 2022).
Foram dez anos de luta até a posse. Nesse caminho passei na prova oral do TJRS
em 2014 e fiquei fora do número de vagas para o “curso de seleção” (que, na época, era
uma etapa do concurso). Rodei na prova oral do TJSP em 2018 e, quatro anos depois,
finalmente veio a aprovação e a posse como Juíza de Direito no TJRS, depois de sete
anos de concurso (sim, eu sou da Turma que refez a prova de sentença depois de
reprovada em 2017).
E nesse caminho foram inúmeras reprovações em provas objetivas e provas
dissertativas, pois eu tinha a árdua tarefa de conciliar trabalho e estudos. Muita coisa
mudou quando eu comecei a estudar a partir de questões objetivas e Informativos,
questões comentadas e novidades legislativas e jurisprudenciais. A tarefa teria sido
menos árdua se eu tivesse um norte para seguir desde o início dos meus estudos. Isso
me tirou pontos valiosos quando eu ia avançando nos concursos.
Conheci o “Raios” a partir do grupo “Magisemáudio”. Fui revisora do “Raios” por
diversas edições, material muito querido dos colegas para revisar na véspera de prova.
Eu sabia que os colegas confiavam a nós a tarefa de retirar textos legais ou julgados
repetidos ou desatualizados, função que consumia muita atenção e cuidado, mas que se
transformava em um material excelente para revisão.
Hoje estou no cargo dos meus sonhos, no Tribunal dos meus sonhos: sou Juíza de
Direito no Rio Grande do Sul. Eu estou em casa. E isso foi difícil, foi demorado, foi árduo.
Mas todo esse esforço valeu à pena.
Tatiane Levandowski
Juíza de Direito
TJRS POSSE EM 2022
20
DIREITO CIVIL
LINDB
De acordo com a LINDB, no silêncio da lei, a
regra é a IRRETROATIVIDADE. (MPE-SE/2022 -
CESPE).
* “De acordo com as LINDB, decisão acerca da
validade de determinado contrato
administrativo deve ser tomada considerando-se
as circunstâncias práticas que condicionaram a
ação do agente público.” (MPE-AP/2021 - CESPE)
*“Em razão da denominada ultratividade da
norma, mesmo revogado, o Código Civil de 1916
tem aplicação às sucessões abertas durante a sua
vigência, ainda que o inventário tenha sido
proposto após o advento do Código Civil de
2002” (TJPB/2015 - CESPE)
*“A contagem do prazo para ENTRADA EM
VIGOR DAS LEIS que estabeleçam período de
vacância, far-se-á com a INCLUSÃO DA DATA DA
PUBLICAÇÃO e do ÚLTIMO DIA DO PRAZO,
entrando em VIGOR no DIA SUBSQUENTE à sua
consumação integral.” (art. 8º, § 1º da LC 95/98).
*Princípio da operabilidade: esse princípio tem
dois sentidos. Primeiro, o de simplicidade dos
institutos jurídicos, como ocorreu com a
prescrição e decadência. Segundo o de
efetividade, por meio do sistema de cláusulas
gerais e conceitos indeterminados adotado pela
atual codificação.
*A revogação é gênero da qual ab-rogação e
derrogação são espécies.
a) ab-rogação: é a revogação total da lei.
b) derrogação: é a revogação parcial da lei.
A revogação necessariamente se dará por outra
lei, que revogará expressa ou tacitamente, no
todo ou em parte, a lei antiga.
PARTE GERAL
*Princípio da eticidade: a codificação atual
preocupou-se precipuamente com a ética e a
boa-fé, sobretudo com a boa-fé objetiva, aquela
que existe no plano da conduta de lealdade dos
participantes negociais
*Princípio da socialidade: o Novo Código Civil
distancia-se do caráter individualista da
codificação anterior. O “nós” prevalece sobre o
“eu”. Todos os institutos civis têm função social,
caso do contrato e da propriedade
* Conceito legal indeterminado: são palavras
ou expressões indicadas na lei, de conteúdo e
extensão altamente vagos, imprecisos e
genéricos, e por isso mesmo esse conceito é
vago e lacunoso. Preenchido o conceito legal
indeterminado, a solução já está estabelecida na
própria norma legal, competindo ao juiz apenas
aplicá-la, sem exercer qualquer outra função
criadora. Exemplos: atividade de risco, para
caracterizar a responsabilidade objetiva (art. 927,
pú); caso de urgência (art. 251, pú); perigo
iminente como excludente da ilicitude do ato
(188, II); coisas indispensáveis à economia
doméstica, que dispensam a autorização
conjugal para serem compradas, ainda que a
crédito (art. 1643, I).
* Cláusulas Gerais: são normas orientadoras sob
a forma de diretrizes, dirigidas precipuamente ao
juiz, vinculando-o ao mesmo tempo em que lhe
dão liberdade para decidir. Distinguem-se dos
conceitos legais indeterminados pela finalidade
e eficácia, pois aqueles, uma vez diagnosticados
pelo juiz no caso concreto, já têm a solução
estabelecida na lei. Estas, ao contrário, se
diagnosticadas pelo juiz, permitem-lhe
preencher os casos com valores designados para
aquele caso, para que se lhe dê a solução que ao
juiz parecer mais correta. As cláusulas gerais têm
função de dar mobilidade ao sistema
21
(paradigma: operabilidade). Exemplos: função
socialdo contrato como limite da autonomia
privada (art. 421); as partes terem de contratar
observando a boa-fé objetiva (art. 422).
* Personalidade: A determinação para que os
provedores de busca na internet procedam a
desvinculação do nome de determinada pessoa,
sem qualquer outro termo empregado, com fato
desabonador a seu respeito dos resultados de
pesquisa não se confunde com o direito ao
esquecimento, objeto da tese de repercussão
geral 786/STF, razão pela qual não há que se
falar em descumprimento da referida tese por
esta Corte Superior. STJ, Processo em segredo
judicial, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, Terceira
Turma, por maioria, julgado em 21/06/2022, DJe
30/06/2022 (Info. 743).
*A personalidade jurídica é a aptidão genérica
para se titularizar direitos e contrair obrigações
na órbita jurídica. Tanto a pessoa física quanto a
jurídica é dotada de personalidade. É atributo e
não qualidade de todo ser humano, já que as
pessoas jurídicas também são dotadas de
personalidade.
*#CIVIL Esta Corte Superior estabeleceu, para
situações de conflito entre a liberdade de
expressão e os direitos da personalidade,
entre outros, os seguintes elementos de
ponderação: "(I) o compromisso ético com a
informação verossímil; (II) a preservação dos
chamados direitos da personalidade, entre os
quais incluem-se os direitos à honra, à imagem,
à privacidade e à intimidade; e (III) a vedação de
veiculação de crítica jornalística com intuito de
difamar, injuriar ou caluniar a pessoa (animus
injuriandi vel diffamandi)" (REsp 801.109/DF, Rel.
Ministro Raul Araújo, Quarta Turma, DJe de
12/03/2013).
*Segundo interpretação dada pela
jurisprudência do Supremo Tribunal Federal
(STF), o direito ao esquecimento,
compreendido como a impossibilidade de
divulgação de determinado fato ou dado
verdadeiro em razão do decurso do tempo, seria
incompatível como o regime constitucional
brasileiro, ressalvada a possibilidade de proteção
casuística contra eventuais abusos e excessos
praticados no exercício da liberdade de
expressão ou de informação.
*Da relativização ao direito ao esquecimento
quando a notícia não se enquadra como de
interesse público e passado grande lapso de
tempo. No caso, pleiteia-se a desindexação do
nome da recorrente, em resultados nas
aplicações de busca na internet, de notícia sobre
fraude em concurso público, no qual havia sido
reprovada. Atualmente, o fato referido já conta
com mais de uma década, e ainda hoje os
resultados de busca apontam como mais
relevantes as notícias a ela relacionadas, como
se, ao longo desta década, não houvesse
nenhum desdobramento da notícia nem fatos
novos relacionados ao nome da autora. Quanto
ao assunto, a jurisprudência desta Corte Superior
tem entendimento reiterado no sentido de
afastar a responsabilidade de buscadores da
internet pelos resultados de busca apresentados,
reconhecendo a impossibilidade de lhe atribuir a
função de censor e impondo ao prejudicado o
direcionamento de sua pretensão contra os
provedores de conteúdo, responsáveis pela
disponibilização do conteúdo indevido na
internet. Há, todavia, circunstâncias
excepcionalíssimas em que é necessária a
intervenção pontual do Poder Judiciário para
fazer cessar o vínculo criado, nos bancos de
dados dos provedores de busca, entre dados
pessoais e resultados da busca, que não
guardam relevância para interesse público à
informação, seja pelo conteúdo eminentemente
privado, seja pelo decurso do tempo. Essa é a
essência do direito ao esquecimento: não se
trata de efetivamente apagar o passado, mas de
permitir que a pessoa envolvida siga sua vida
22
com razoável anonimato, não sendo o fato
desabonador corriqueiramente rememorado e
perenizado por sistemas automatizados de
busca. Por outro vértice, aqueles que quiserem
ter acesso a informações relativas a fraudes em
concurso público, não terão seu direito de
acesso impedido, porquanto as fontes que
mencionam inclusive o nome da autora
permanecerão acessíveis. Contudo, sua busca
deverá conter critérios relativos a esse conteúdo,
seja em conjunto com o nome da autora, seja de
forma autônoma. Informativo n. 628. (REsp
1.660.168-RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi, Rel. Acd.
Min. Marco Aurélio Bellizze, por maioria, julgado
em 08/05/2018, DJe 05/06/2018)
*DOMICÍLIO: A habitação em prédio
abandonado de escola municipal pode
caracterizar o conceito de domicílio em que
incide a proteção disposta no art. 5º, inciso XI da
Constituição Federal. STJ. 5ª Turma. AgRg no HC
712.529-SE, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em
25/10/2022 (Info 755).
*AUSÊNCIA: *Se o ausente tem mais que 80
anos e há mais de 5 anos não se tem notícias
dele, será possível requerer diretamente a
sucessão definitiva, sem necessidade de
sucessão provisória.
*Alteração legislativa: Lei 14.382/2022
(entrou em vigor em 28/06/2022)
Art. 56. A pessoa registrada poderá, após ter
atingido a maioridade civil, requerer pessoalmente
e imotivadamente a alteração de seu prenome,
independentemente de decisão judicial, e a
alteração será averbada e publicada em meio
eletrônico.
*REGISTRO (art. 9º): Nascimento, casamento,
ausência, morte real (óbito) ou presumida,
emancipação e interdição. • Frase para fixação:
No registro, a pessoa nasce, se emancipa, some,
casa, enlouquece e morre.
*AVERBAÇÃO (art. 10º): Sentença que decrete
a nulidade ou anulação do casamento, o
divórcio, a separação judicial e atos que
declaram ou reconhecem a filiação.
*Tema 1066, Repetitivos STJ: a) A
disponibilização de equipamentos em quarto de
hotel, motel ou afins para a transmissão de obras
musicais, literomusicais e audiovisuais permite a
cobrança de direitos autorais pelo Escritório
Central de Arrecadação e Distribuição - ECAD. b)
A contratação por empreendimento hoteleiro de
serviços de TV por assinatura não impede a
cobrança de direitos autorais pelo Escritório
Central de Arrecadação e Distribuição - ECAD,
inexistindo bis in idem.
*BENS IMÓVEIS: o solo e tudo que se lhe
incorporar natural ou artificialmente; os direitos
reais sobre imóveis e as ações que os asseguram;
o direito à sucessão aberta; as edificações que,
separadas do solo, mas conservando sua
unidade, forem removidas para outro local; os
materiais provisoriamente separados de um
prédio para nele se reempregarem.
*BENS MÓVEIS: bens suscetíveis de movimento
próprio, ou de remoção por força alheia, sem
alteração da substância ou da destinação
econômico-social; energias que tenham valor
econômico; direitos reais sobre objetos móveis e
ações correspondentes; direitos pessoais de
caráter patrimonial e as respectivas ações;
materiais destinados à construção, enquanto
não forem empregados; materiais provenientes
da demolição de prédio.
*Principal: é o bem que existe sobre si, abstrata
ou concretamente.
Acessório: é o bem cuja existência supõe a
existência do bem principal (princípio da
gravitação jurídica - o acessório acompanha o
principal)
23
Pertença: o bem que, não constituindo parte
integrante, se destina, de modo duradouro, ao
uso, ao serviço ou ao aformoseamento de outro
(não se sujeita ao princípio da gravitação jurídica,
salvo lei, manifestação da vontade ou
circunstâncias do caso)
*CONDIÇÃO: evento futuro e incerto.
Condição – deriva exclusivamente da vontade
das partes: acessoriedade e voluntariedade (TJCE
2018). Se divide em:
Suspensiva: não há aquisição do direito
enquanto não se verificar.
Resolutiva: vigora o NJ enquanto a condição
não ocorrer. Ex Nunc.
- Invalidam o Negócio jurídico:
I) condição impossível, se suspensiva.
II) condição ilícita.
III) condição incompreensível.
Consideram-se inexistentes as condições
impossíveis se resolutivas e asde não fazer coisa
impossível.
TERMO
Evento futuro e certo. Pode ser:
1) certo: sabe-se que o evento ocorrerá e
quando ocorrerá.
2) incerto: sabe-se que o evento ocorrerá, mas
não se sabe quando.
*ENCARGO: considera-se não escrito o encargo
ilícito ou impossível, salvo se constituir o motivo
determinante da liberalidade, caso em que se
invalida o NJ.
Encargo não cumprido: há revogação.
ESTADO DE PERIGO
1) perigo de dano grave atual ou iminente, sobre
a própria pessoa do declarante, de alguém da
sua família ou pessoas próximas.
2) Há a necessidade do conhecimento do perigo
da outra parte - dolo de aproveitamento.
3) Assunção de obrigação excessivamente
onerosa.
O perigo é CONHECIDO.
Não exige desequilíbrio entre contraprestações.
Pode ocorrer em NJ unilateral. Ex. promessa de
recompensa. Ex. cheque-caução exigido em
internação hospitalar.
LESÃO
1) premente necessidade ou por inexperiência;
2) prestação manifestamente desproporcionaL
ao valor da prestação oposta. Exige desequilíbrio
entre as contraprestações.
Não há situação emergencial e NÃO há dolo de
aproveitamento. Não há perigo. Pode ocorrer
em contrato aleatório. A lesão não pode ser
justificada pela teoria da imprevisão.
REVERSA MENTAL OU RETICÊNCIA
ESSENCIAL
Quando lícita e conhecida do destinatário, é vício
social que gera a nulidade do negócio. É a
emissão intencional de uma declaração não
querida em seu conteúdo. Se o declarante diz o
que não pretende e o destinatário não sabia que
o declarante estava blefando, subsiste o ato. Se
o destinatário conhecia o blefe, não pode
subsistir o ato. O NJ é nulo.
24
VÍCIOS REDIBITÓRIOS
Sempre ocultos. Contrato oneroso. Aplicável à
doação onerosa. Pode pedir abatimento do
preço.
Prazo decadencial:
a) móvel: 30 dias da entrega. Se já estava na
posse, 15 dias da alienação.
b) imóvel: 1 ano da entrega. Se já estava na
posse, 6 meses da alienação.
Se o vício só puder ser conhecido mais tarde:
a) móvel: 180 dias da ciência do vício;
b) imóvel: 1 ano da ciência do vício.
Venda de animais – usos locais.
Não correrão os prazos na constância de
cláusula de garantia; mas o adquirente deve
denunciar o defeito ao alienante nos 30 dias
seguintes ao seu descobrimento.
1º flui garantia contratual.
Nos contratos aleatórios, admite-se a alegação
de vício redibitório quanto aos seus elementos
comutativos.
Ações edilícias: abatimento (ação estimatória)
ou resolução (ação redibitória).
Não há responsabilidade: a) garantia foi
renunciada; b) doação pura simples; c) adquirido
em hasta pública.
*EVICÇÃO: Subsiste esta garantia ainda que a
aquisição se tenha realizado em hasta pública.
DAÇÃO: a evicção restabelece a obrigação pelo
valor original. Fica sem efeito quitação. Não
restabelece a fiança.
Podem as partes excluir a responsabilidade pela
evicção.
As benfeitorias necessárias ou úteis, não
abonadas ao que sofreu a evicção, serão pagas
pelo alienante.
Para que o evicto possa exercer seu direito, não
é necessário o trânsito em julgado da decisão
que determinou a perda da coisa.
A responsabilidade pela evicção é objetiva. A
evicção não obriga a denunciação à lide.
Prazo decadencial: 3 anos, contados da perda
da coisa, judicial ou administrativamente.
Há evicção se incluído gravame (ex. penhora)
capaz de impedir a transferência livre e
desembaraçada do bem.
PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA
*Nos termos do art. 202, caput, do Código Civil,
a prescrição pode ser interrompida somente
uma única vez. Logo, em razão do princípio da
unicidade da interrupção prescricional, mesmo
diante de uma hipótese interruptiva extrajudicial
(protesto de título) e outra em decorrência de
ação judicial de cancelamento de protesto e
título executivo, apenas admite-se a interrupção
do prazo pelo primeiro dos eventos. STJ. 4ª Turma.
REsp 1786266-DF, Rel. Min. Antonio Carlos Ferreira, julgado
em 11/10/2022 (Info 754).
Art. 201, CC: Suspensa a prescrição em favor de
um dos credores solidários, só aproveitam os
outros se a obrigação for indivisível.
* Sob a égide do Código de Civil de 1916, o prazo
prescricional para propor ação de nulidade de
partilha amigável em que se incluiu no inventário
pessoa incapaz de suceder é de 20 anos. A
preterição de herdeiro ou a inclusão de terceiro
estranho à sucessão merecem tratamento igual,
considerando que são situações
antagonicamente idênticas, submetendo-se à
mesma regra prescricional prevista no art. 177
do Código Civil de 1916, qual seja, o prazo
vintenário, vigente à época da abertura da
sucessão para hipóteses de nulidade absoluta,
que não convalescem. STJ. 2ª Seção.EAREsp 226.991-
SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em
10/06/2020 (Info 675).
25
* No contrato de mútuo com alienação fiduciária,
o prazo quinquenal de prescrição é contado da
data em que consolidada a propriedade do
imóvel em nome da instituição financeira
(transferência definitiva da propriedade do
imóvel), e não da data em que instituída a
garantia da alienação fiduciária. REsp 2.018.619-
SP, Rel. Min. Raul Araújo, Quarta Turma, por
unanimidade, julgado em 04/10/2022. (Info 752)
Caso hipotético: Valdir comprometeu-se a
administrar a fazenda de Paulo e, como
contrapartida, quando este a vendesse, o
administrador teria direito a 20% do valor
obtido. Em 01/04/2013, Paulo celebrou, com a
CEF, contrato de mútuo com alienação fiduciária.
A fazenda foi instituída como garantia da
alienação fiduciária, ou seja, passou à
propriedade resolúvel da CEF. Como Paulo não
pagou o mútuo, em 25/05/2015, houve a
consolidação da propriedade do imóvel rural em
nome da CEF. Qual é o prazo para Valdir cobrar
os 20% a que ele teria direito? 5 anos. É de 5 anos
o prazo prescricional para a pretensão de
cobrança de dívidas líquidas constantes de
instrumento particular (art. 205, § 5º, I, do Código
Civil). Esse prazo teve início com a instituição
da garantia da alienação fiduciária ou com a
consolidação da propriedade do imóvel em
nome do banco? Com a consolidação da
propriedade. No contrato de mútuo com
alienação fiduciária, o prazo quinquenal de
prescrição é contado da data em que
consolidada a propriedade do imóvel em nome
da instituição financeira (transferência definitiva
da propriedade do imóvel), e não da data em
que instituída a garantia da alienação fiduciária.
STJ. 4ª Turma. REsp 2.018.619-SP, Rel. Min. Raul Araújo,
julgado em 04/10/2022 (Info 752).
* A pretensão de repetição de indébito por
cobrança indevida de valores referentes a
serviços de TV por assinatura não previstos no
contrato sujeita-se à norma geral do lapso
prescricional de dez anos. REsp 1.951.988-RS,
Rel. Min. Antonio Carlos Ferreira, Quarta Turma,
por unanimidade, julgado em 10/05/2022, DJe
16/05/2022. (Info 737)
*Não é possível a interrupção do prazo
prescricional em razão do ajuizamento de ação
declaratória de inexigibilidade dos débitos pelo
devedor quando já tiver havido anterior
interrupção do prazo prescricional pelo protesto
das duplicatas. STJ. 3ª Turma. REsp 1.963.067-MS, Rel.
Min. Nancy Andrighi, julgado em 22/02/2022 (Info 727).
Exemplo hipotético: Montago Ltda deveria
pagar, em setembro de 2012, R$ 300 mil à Galícia
Comércio Ltda. Essa quantia estava materializada
em três duplicatas mercantis de R$ 100 mil cada.
Não houve pagamento na data do vencimento.
Logo, iniciou-se a contagem do prazo
prescricional para a credora exigir o pagamento
da quantia. Em outubro de 2012, a credora
(Galícia) levou as duplicatas a protesto. Isso
interrompeu a prescrição (art. 202, III, do CC). Em
dezembro de 2014, a devedora (Montago)
ajuizou, contra a credora, ação declaratória de
inexigibilidade dos débitos. O pedido foi julgado
improcedente.Isso, em tese, tem o condão de
interromper a prescrição. No entanto, no caso
concreto, essa ação não teve o condão de
interromper porque a prescrição já havia sido
interrompido uma vez antes e o art. 202 do CC
somente admite uma única interrupção da
prescrição.
* A prescrição somente obstará a compensação
se ela for anterior ao momento da coexistência
das dívidas. Se o prazo prescricional se
completou posteriormente a esse fato, tal
circunstância não constitui empecilho à
compensação dos débitos. Logo, houve um
período de coexistência de dívidas exigíveis. STJ.
3ª Turma. REsp 1.969.468-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi,
julgado em 22/02/2022 (Info 726).
Caso hipotético: João deve R$ 100 mil a Pedro.
Essa dívida surgiu em 2018. Como não houve o
pagamento, em 2022, Pedro ajuizou ação de
26
cobrança contra ele. Ao ser citado, João
apresentou contestação admitindo que existe a
dívida. Alegou, contudo, que Pedro também lhe
deve R$ 80 mil. Essa dívida surgiu em 2014.
Diante disso, João pediu a compensação das
obrigações e que, ao final, só tenha que pagar
R$ 20 mil. Pedro se insurgiu contra isso
argumentando que esses R$ 80 mil que João está
cobrando estão prescritos desde 2019. Logo, não
é mais possível exigir a quantia ainda que para
fins de compensação. O argumento de Pedro
deve ser acolhido? Não. A prescrição somente
obstará (impedirá) a compensação se ela for
anterior ao momento da coexistência das
dívidas. Se o prazo prescricional se completou
posteriormente a esse fato, tal circunstância não
constitui empecilho à compensação dos débitos.
Foi justamente o exemplo dado acima. No
momento em que surgiu a dívida de João para
com Pedro (2018), a dívida de Pedro para com
João ainda existia. Logo, houve um período de
coexistência de dívidas exigíveis. STJ. 3ª Turma.
REsp 1.969.468-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi,
julgado em 22/02/2022 (Info 726).
* Na ação de nulidade de doação inoficiosa (ação
de redução), o prazo prescricional de 10 anos é
contado a partir do registro do ato jurídico que
se pretende anular, salvo se houver anterior
ciência inequívoca do suposto prejudicado. STJ. 3ª
Turma. REsp 1.933.685-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi,
julgado em 15/03/2022 (Info 729). (no caso o autor da
ação havia assinado a escritura pública de
doação na qualidade de testemunha)
* Nos contratos de seguro em geral, a ciência do
segurado acerca da recusa da cobertura
securitária é o termo inicial do prazo
prescricional da pretensão do segurado em face
da seguradora. STJ. 3ª Turma. REsp 1.970.111-MG, Rel.
Min. Nancy Andrighi, julgado 15/03/2022 (Info 729).
* Prazo prescricional de 3 anos para pedir a
restituição da caução prestada em contrato de
locação com fundamento no art. 206, § 3º, I, do
Código Civil. STJ. 3ª Turma. REsp 1.967.725-SP, Rel. Min.
Marco Aurélio Bellizze, julgado em 15/02/2022 (Info 725)
(caução é acessório, pelo princípio da gravitação
jurídica, segue o prazo trienal da ob. principal).
* REGRA: em regra, o prazo de prescrição
quinquenal, previsto no Decreto nº 20.910/1932
e no Decreto-Lei nº 4.597/1942, não se aplica
para as sociedades de economia mista e
empresas públicas. EXCEÇÃO: Aplica-se a
prescrição quinquenal do Decreto Nº
20.910/1932 às empresas estatais prestadoras de
serviços públicos essenciais, não dedicadas à
exploração de atividade econômica com
finalidade lucrativa e natureza concorrencial. STJ.
1ª Turma. REsp 1635716-DF, Rel. Min. Regina Helena Costa,
julgado em 04/10/2022 (Info 753).
*Em ação indenizatória que se origina de
alegado ilícito concorrencial, uma vez verificada
inexistência de decisão do CADE sobre a
formação de cartel, o prazo prescricional é de
três anos - art. 206, § 3º, V, CC/2002 - e o termo
inicial para sua contagem é a data da ciência do
fato danoso. STJ. 4ª Turma. REsp 1971316-SP, Rel. Min.
Luis Felipe Salomão, julgado em 25/10/2022 (Info 756).
DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE
JURÍDICA
*Fundo de Investimento em Participações (FIP).
Natureza jurídica. Condomínio especial.
Desconsideração da personalidade jurídica.
Cotas. Constrição judicial. Possibilidade. Fundo
de investimento pode sofrer os efeitos da
aplicação do instituto da desconsideração da
personalidade jurídica. Inf. 733.
O fato de ser o Fundo de Investimento em
participação (FIP) constituído sob a forma de
condomínio e de não possuir personalidade
jurídica não é capaz de impedir, por si só, a
aplicação do instituto da desconsideração da
personalidade jurídica em caso de comprovado
abuso de direito por desvio de finalidade ou
27
confusão patrimonial. O patrimônio gerido pelo
Fundo de Investimento em Participações
pertence, em condomínio, a todos os
investidores (cotistas), a impedir a
responsabilização do fundo por dívida de um
único cotista, de modo que, em tese, não poderia
a constrição judicial recair sobre todo o
patrimônio comum do fundo de investimento
por dívidas de um só cotista, ressalvada a
penhora da sua cota-parte. As cotas dos fundos
de investimento podem ser objeto de penhora
em processo de execução por dívidas pessoais
dos próprios cotistas, mas não podem ser
penhoradas por dívidas do fundo, tampouco de
outros cotistas que não tenham nenhuma
relação com o verdadeiro devedor. A
impossibilidade de responsabilização do fundo
por dívidas de um único cotista, de obrigatória
observância em circunstâncias normais, deve
ceder diante da comprovação inequívoca de que
a própria constituição do fundo de investimento
se deu de forma fraudulenta, como forma de
encobrir ilegalidades e ocultar o patrimônio de
empresas pertencentes a um mesmo grupo
econômico. Comprovado o abuso de direito,
caracterizado pelo desvio de finalidade (ato
intencional dos sócios com intuito de fraudar
terceiros), e/ou confusão patrimonial, é possível
desconsiderar a personalidade jurídica de uma
empresa para atingir o patrimônio de outras
pertencentes ao mesmo grupo econômico. STJ. 3ª
Turma. REsp 1.965.982-SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas
Cueva, julgado em 05/04/2022 (Info 733)
*Em razão do princípio da unicidade da
interrupção prescricional, mesmo diante de uma
hipótese interruptiva extrajudicial (protesto de
título) e outra em decorrência de ação judicial de
cancelamento de protesto e título executivo,
apenas admite-se a interrupção do prazo pelo
primeiro dos eventos. (STJ 754/22)
OBRIGAÇÕES E CONTRATOS
PRINCÍPIO DA AUTONOMIA PRIVADA
Princípio desenvolvido inicialmente pela escola
jusnaturalista. Para essa escola, a autonomia
privada significava que o homem poderia dispor
livremente de suas ações como bem entendesse
– era anteriormente chamada de “autonomia da
vontade”. Vale dizer que a autonomia privada
não é instituto exclusivo do direito contratual.
Trata-se de um princípio que envolve todo o
Direito Civil. No direito contratual, a autonomia
privada é erigida como um princípio basilar,
traduzido na liberdade de contratar. Preconiza
que as partes podem estipular como melhor lhes
convier, mediante acordo de vontades, a
disciplina de seus interesses, envolvendo a
liberdade de criação do contrato, na escolha do
outro contratante e no conteúdo do contrato
(neste último caso, chama-se liberdade
contratual).
* Segundo a teoria da base objetiva do negócio,
as obrigações recíprocas dos contratantes são
fixadas sob determinada realidade fática, que
assegura a equivalência e a finalidade do
contrato. Se essas circunstâncias forem
substancialmente modificadas, é permitida a
revisão, rescisão ou resilição do contrato. A
teoria da base objetiva do negócio diferencia-se
da teoria da imprevisão porque na teoria da base
do negócio não há o advento de vantagem
exagerada em prol de uma das partes do
contrato.
* O termo inicialdos juros de mora incidentes
sobre as diferenças entre os valores do aluguel
estabelecido no contrato e aquele fixado na ação
renovatória será:
a) a data para pagamento fixada na própria
sentença transitada em julgado (mora ex re); ou
b) a data da intimação do devedor para
pagamento na fase de cumprimento de sentença
(mora ex persona).
28
Deve-se perquirir se a sentença da ação
renovatória fixa prazo para o pagamento do
saldo devedor, haja vista que, se o fizer, a mora
do devedor se dará com o trânsito em julgado
(mora ex re), mas caso o título executivo judicial
não faça referência ao prazo para adimplemento,
caberá ao credor interpelar o devedor para
pagamento (mora ex persona). STJ. 3ª Turma. REsp
1888401-DF, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em
22/03/2022 (Info 732).
*A pessoa segurada não pode ajuizar ação de
exigir contas contra a seguradora para obter
esclarecimentos sobre o valor da indenização
securitária a ela paga. Em suma: nos contratos de
seguro, o valor de indenização a ser recebido na
hipótese de ocorrência do evento segurado é
estabelecido previamente no contrato e, por
isso, não há a “guarda” dos prêmios. STJ. 3ª Turma.
REsp 1.738.657-DF, Rel. Min. Moura Ribeiro, julgado em
14/06/2022 (Info 741).
*Em caso de perda total do bem segurado, a
indenização securitária deve corresponder ao
valor do efetivo prejuízo experimentado no
momento do sinistro, observado, contudo, o
valor máximo previsto na apólice do seguro de
dano, nos termos dos arts. 778 e 781 do
CC/2002. STJ, REsp 1.955.422-PR, Rel. Min. Antonio
Carlos Ferreira, Quarta Turma, por maioria, julgado em
14/06/2022. STJ. 4ª Turma. REsp 1.955.422-PR, Rel. Min.
Antonio Carlos Ferreira, julgado em 14/06/2022 (Info 742).
*É cabível revisão judicial de contrato de locação
não residencial - empresa de coworking - com
redução proporcional do valor dos aluguéis em
razão de fato superveniente decorrente da
pandemia da covid-19. STJ, REsp 1.984.277-DF, Rel.
Min. Luis Felipe Salomão, Quarta Turma, por unanimidade,
julgado em 16/08/2022 (Info. 745).
*A caracterização da sucessão empresarial
fraudulenta não exige a comprovação formal da
transferência de bens, direitos e obrigações à
nova sociedade, admitindo-se sua presunção
quando os elementos indiquem que houve o
prosseguimento na exploração da mesma
atividade econômica, no mesmo endereço e com
o mesmo objeto social. Inf. 737.
*Ação renovatória de contrato de locação
comercial. Pretensão do locador de ver repetido
o prazo do contrato original. Impossibilidade.
Prazo máximo de prorrogação de cinco anos. O
prazo máximo da renovação compulsória do
contrato de locação comercial será de cinco
anos, ainda que a vigência da avença locatícia
supere esse período. Inf. 737.
*No contrato de financiamento garantido por
cédula rural hipotecária, na forma do Decreto-Lei
n. 73/1966, a ausência de previsão específica do
seguro por morte não conduz à quitação do
contrato. Inf. 736.
*Na hipótese em que as dimensões de imóvel
adquirido não correspondem às noticiadas pelo
vendedor, cujo preço da venda foi estipulado por
medida de extensão (venda ad mensuram),
aplica-se o prazo decadencial de 1 (um) ano,
previsto no art. 501 do CC/2002, para exigir o
complemento da área, reclamar a resolução do
contrato ou o abatimento proporcional do
preço. STJ. 3ª Turma. REsp 1.890.327/SP, Rel. Min. Nancy
Andrighi, julgado em 20/04/2021 (Info 693).
O prazo é DECADENCIAL: 1 (um) ano.
*(I) O infortúnio qualificado como acidente de
trabalho pode também ser caracterizado como
sinistro coberto pelo seguro obrigatório
(DPVAT), desde que estejam presentes seus
elementos constituintes: acidente causado por
veículo automotor terrestre, dano pessoal e
relação de causalidade, e (II) Os sinistros que
envolvem veículos agrícolas passíveis de
transitar pelas vias públicas terrestres estão
cobertos pelo seguro obrigatório (DPVAT). (STJ,
REsp 1.937.399-SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva,
Segunda Seção, julgado em 28/09/2022, DJe de 03/10/2022
- Tema 1111)
29
*É válida e eficaz a cláusula de reversão em favor
de terceiro, aposta em contrato de doação
celebrado à luz do CC/16, ainda que a condição
resolutiva se verifique apenas sob a vigência do
CC/02.
*Simulação: Enunciado 294/CJF: sendo a
simulação uma causa de nulidade do negócio
jurídico, pode ser alegada por uma das partes
contra a outra. Enunciado 293/CJF: na
simulação relativa, o aproveitamento do negócio
jurídico dissimulado não decorre tão somente do
afastamento do negócio, mas do necessário
preenchimento de todos os requisitos
substanciais e formais de validade daquele.
*Na análise do vício da simulação, devem ser
considerados os seguintes elementos: a
consciência dos envolvidos na declaração do ato
simulado, sabidamente divergente de sua
vontade íntima, a intenção enganosa em relação
a terceiros, e o conluio entre os participantes do
negócio danoso. No caso concreto, ficou
demonstrado que as circunstâncias evidenciam
seguramente a ocorrência de simulação no
negócio jurídico envolvendo a compra e venda
de um imóvel em prejuízo à meação da ex-
esposa. STJ. 3ª Turma. REsp 1969648-DF, Rel. Min. Moura
Ribeiro, julgado em 18/10/2022 (Info 754).
*Nos seguros de pessoas, é vedada a exclusão
de cobertura na hipótese de sinistros ou
acidentes decorrentes de atos praticados pelo
segurado em estado de insanidade mental, de
alcoolismo ou sob efeito de substâncias tóxicas.
(STJ, REsp 1.999.624-PR, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, Rel.
Acd. Min. Raul Araújo, Segunda Seção, julgado em
28/09/2022).
JDC 152 – Toda simulação, inclusive a inocente,
é invalidante.
JDC 578 – Sendo a simulação causa de nulidade
do negócio jurídico, sua alegação dispensa ação
própria.
*"A falta de notificação do devedor sobre a
cessão do crédito não torna a dívida inexigível
(art. 290 do CC/02)" (REsp 1.882.117/MS, Rel.
Ministra Nancy Andrighi, Terceira Turma, DJe
12/11/2020).
*É possível a cobrança, perante a justiça
brasileira, de dívida de jogo contraída em
cassino, por brasileiro em estabelecimento
estrangeiro com funcionamento de acordo com
a lei estrangeira, não ofendendo a soberania
nacional.
* Enunciado n. 348 da IV Jornada de Direito Civil:
“O pagamento parcial não implica, por si só,
renúncia à solidariedade, a qual deve derivar dos
termos expressos da quitação ou,
inequivocamente, das circunstâncias do
recebimento da prestação pelo credor”
Art. 275, CC. O credor tem direito a exigir e
receber de um ou de alguns dos devedores, parcial
ou totalmente, a dívida comum; se o pagamento
tiver sido parcial, todos os demais devedores
continuam obrigados solidariamente pelo resto.
Art. 280, CC. Todos os devedores respondem
pelos juros da mora, ainda que a ação tenha sido
proposta somente contra um; mas o culpado
responde aos outros pela obrigação acrescida.
Art. 138, CC. São anuláveis os negócios jurídicos,
quando as declarações de vontade emanarem de
erro substancial que poderia ser percebido por
pessoa de diligência normal, em face das
circunstâncias do negócio.
OBRIGAÇÕES: Teoria dualista/binária: schuld
(débito) e haftung (responsabilidade). (Origem
alemã). Atribuída a Alois Brinz. (essa teoria foi
cobrada na dissertação da prova do TJSP/2021.
Prova aplicada em 2022).
Pela teoria dualista, o débito e a
responsabilidade podem recair em pessoas
distintas (ex.: fiança, que pode ser realizada sem
o consentimento do devedor ou até mesmo
contra a sua vontade).
30
Ou um pode existir sem o outro (ex.: dívida
prescrita, razão pela qual não cabe repetição de
indébito em dívida prescrita).
Teoria unitária/monista: obrigação e
responsabilidadesão indissociáveis. (superada).
DIFERENÇA ENTRE DEVER JURÍDICO,
OBRIGAÇÃO, ÔNUS E DIREITO
POTESTATIVO:
Dever jurídico: contrapõe-se a um direito
subjetivo de exigi-lo. Engloba não só as relações
obrigacionais como também aquelas de
natureza real, de Família, Sucessões, Empresa e
personalidade.
Obrigação: um dever jurídico mais restrito,
oriundo de relação jurídica creditória (pessoal,
obrigacional). Em correspondência a este dever
jurídico de prestar (do devedor), estará o direito
subjetivo à prestação (do credor). E se violado,
há responsabilidade patrimonial. Relaciona-se a
prazos prescricionais.
Ônus jurídico: é a necessidade de agir de certo
modo para a tutela de interesses próprios. Ex.:
levar o contrato a registro de títulos e
documentos para ter validade perante terceiros.
Direito potestativo: é aquele que se contrapõe
a um estado de sujeição; é o poder que a pessoa
tem de influir na esfera jurídica de outrem, sem
que este possa fazer algo que não se sujeitar. Ex.:
impedimentos matrimoniais (art. 1521 do
Código Civil), causas de anulabilidade do
casamento (art. 1550 do CC) e a exigência legal
para certos atos, de outorga do outro consorte
(art. 1647 do CC). O direito potestativo está
relacionado a prazos decadenciais.
*A restituição de quantia recebida
indevidamente é um dever de quem se
enriqueceu sem causa (art.884 do CC). De acordo
com as alegações do ente público, a vantagem
econômica foi auferida pelos herdeiros do ex-
servidor. O ex-servidor público não tinha mais
personalidade jurídica quando o Distrito Federal
depositou a quantia ora pleiteada considerando
que estava morto (art. 6º do CC). Se o saque
indevido da quantia disponibilizada pelo Poder
Público não pode ser imputado ao falecido (não
foi decorrente de qualquer ato do falecido), o
espólio não pode ser obrigado a restituir. Isso
porque o espólio é obrigado a cumprir as dívidas
do autor da herança por força do art. 796 do
CPC/2015. Logo, se o espólio não pode ser
vinculado, nem mesmo abstratamente, ao dever
de restituir, ele não pode ser considerado parte
legítima nesta ação nos termos do art. 17 do
CPC/2015. O espólio não possui legitimidade
passiva ad causam na ação de ressarcimento de
remuneração indevidamente paga após a morte
de ex-servidor e recebida por seus herdeiros. STJ.
2ª Turma. REsp 1.805.473-DF, Rel. Min. Mauro Campbell
Marques, julgado em 03/03/2020 (Info 667).
*Segundo a teoria da base objetiva do negócio,
as obrigações recíprocas dos contratantes são
fixadas sob determinada realidade fática, que
assegura a equivalência e a finalidade do
contrato. Se essas circunstâncias forem
substancialmente modificadas, é permitida a
revisão, rescisão ou resilição do contrato. A
teoria da base objetiva do negócio diferencia-se
da teoria da imprevisão porque na teoria da base
do negócio não há o advento de vantagem
exagerada em prol de uma das partes do
contrato.
*Acrescente-se que a subsunção do CDC não
afasta a aplicação do CC/2002, em diálogo das
fontes, forma correta de se interpretar os
contratos eletrônicos ou digitais no plano
legislativo. Em relação ao Código Civil, não se
pode esquecer a regra do seu art. 425, segundo
o qual é lícita a estipulação de contratos atípicos,
aqueles sem previsão legal específica, incidindo
a teoria geral dos contratos consagrada pela
codificação geral privada.
31
*Como terceiro importante fenômeno da
atualidade, os contratos cativos de longa
duração, na feliz expressão de Claudia Lima
Marques, são aqueles negócios que se
consolidam de forma continuada no tempo,
baseados na estrita confiança depositada pelas
partes por anos a fio. Vejamos as palavras da
jurista a respeito da nova categoria: “Trata-se de
uma série de novos contratos ou relações
contratuais que utilizam os métodos de
contratação de massa (por meio de contratos de
adesão ou de condições gerais dos contratos)
para fornecer serviços especiais no mercado,
criando relações jurídicas complexas,
envolvendo uma cadeia de fornecedores
organizados entre si e com uma característica
determinante: a posição de ‘catividade’ ou
‘dependência’ dos clientes, consumidores”.
RESPONSABILIDADE CIVIL
*O atraso, por parte de instituição financeira, na
baixa de gravame de alienação fiduciária no
registro de veículo não caracteriza, por si só,
dano moral in re ipsa. (REsp. 1.881.453-RS, Rel. Min.
Marco Aurélio Bellizze, Segunda Seção, por unanimidade,
julgado em 30/11/2021, DJe 07/12/2021. (Tema 1078)
* Configura dano moral, sujeito à indenização, a
veiculação, em rede nacional de TV, de imagem
de pessoa nua em praia de naturismo, sem
autorização e com atribuição de conotação
pejorativa. STJ, Processo sob segredo judicial, Rel. Min.
Maria Isabel Gallotti, Quarta Turma, por unanimidade,
julgado em 23/08/2022 (Info. 746).
*Incide a Súmula n. 326/STJ, no caso de
discrepância entre o valor indicado no pedido e
o quantum arbitrado na condenação, não
havendo falar em sucumbência dos autores da
demanda, vencedores em seu pedido
indenizatório. No caso sob exame, os pedidos -
indenização por danos morais e à imagem -
foram integralmente acolhidos, de sorte que a
parte recorrente, vencida na demanda, sucumbiu
à integralidade. STJ, REsp 1.837.386-SP, Rel. Min.
Antonio Carlos Ferreira, Quarta Turma, por unanimidade,
julgado em 16/08/2022 (Info. 746).
* A concessionária de rodovia não deve ser
responsabilizada por roubo com emprego de
arma de fogo cometido contra seus usuários em
posto de pedágio. REsp 1.872.260-SP, Rel. Min. Marco
Aurélio Bellizze, Terceira Turma, por unanimidade, julgado
em 04/10/2022, DJe 07/10/2022. (Info 752)
*É descabido imputar ao banco responsabilidade
por reparar danos morais suportados por
clientes que tiveram seus nomes citados em
reportagem feita por jornal que relatava
supostas fraudes na concessão de empréstimos.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.761.078-MS, Rel. Min. Ricardo Villas
Bôas Cueva, julgado em 22/02/2022 (Info 727).
*Responde civilmente por danos morais o
provedor de aplicação de internet que, após
formalmente comunicado de publicação
ofensiva a imagem de menor, se omite na sua
exclusão, independentemente de ordem judicial.
STJ. 4ª Turma. REsp 1.783.269-MG, Rel. Min. Antonio Carlos
Ferreira, julgado em 14/12/2021 (Info 723). (por se tratar
de menor não pode haver aplicação isolada do
art. 19 do MCI, que condiciona a
responsabilização civil do provedor ao prévio
descumprimento de ordem judicial.
*Não se aplica o art. 21 do Marco Civil da Internet
para os casos de divulgação não autorizada de
imagens de nudez produzidas para fins
comerciais. STJ. 3ª Turma. REsp 1930256-SP, Rel. Min.
Nancy Andrighi, relator p/ acórdão Min. Marco Aurélio
Bellizze, julgado em 07/12/2021 (Info 721).
*MCI: A remoção de conteúdo gerado por
terceiro se dá por ordem judicial (19 do MCI) e,
excepcionalmente, por notificação extrajudicial
(art. 21 do MCI) se o conteúdo divulgado for de
caráter privado.
Caso concreto: “F”, modelo, realizou ensaio
fotográfico de nudez para uma revista masculina.
Ocorre que ela passou a encontrar suas fotos de
nudez em blogs hospedados pela Google sem
32
que tivesse autorizado. Ela fez então a
notificação extrajudicial da Google para a
retirada dos materiais dos blogs. O STJ decidiu
que, neste caso, não era suficiente a notificação,
sendo necessária a ordem judicial. Em outras
palavras, não se aplica o art. 21, sendo situação
que se amolda ao art. 19.
*O possuidor de aeronave acidentada é
considerado explorador e, nessa condição,
responsável pelos danos provocados aos a
terceiros em superfície advindos de sua queda.
STJ, REsp 1.984.282-SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão,
Quarta Turma, por unanimidade, julgadoem 16/08/2022
(Info. 745).
*STJ - Resp 1136885/SP – CIVIL E PROCESSUAL
CIVIL. RESPONSABILIDADE CIVIL. TRANSPORTE
DE PESSOAS. CASO FORTUITO. CULPA DE
TERCEIRO. LIMITES. APLICAÇÃO DO DIREITO À
ESPÉCIE. NECESSIDADE DE REEXAME DE PROVA.
IMPOSSIBILIDADE. 1. A cláusula de incolumidade
é ínsita ao contrato de transporte, implicando
obrigação de resultado do transportador,
consistente em levar o passageiro com conforto
e segurança ao seu destino, excepcionando-se
esse dever apenas nos casos em que ficar
configurada alguma causa excludente da
responsabilidade civil, notadamente o caso
fortuito, a força maior ou a culpa exclusiva da
vítima ou de terceiro. 2. O fato de um terceiro ser
o causador do dano, por si só, não configura
motivo suficiente para elidir a responsabilidade
do transportador, sendo imprescindível aferir se
a conduta danosa pode ser considerada
independente (equiparando-se a caso fortuito
externo) ou se é conexa à própria atividade
econômica e aos riscos inerentes à sua
exploração. 3. A culpa de terceiro somente
romperá o nexo causal entre o dano e a conduta
do transportador quando o modo de agir
daquele puder ser equiparado a caso fortuito,
isto é, quando for imprevisível e autônomo, sem
origem ou relação com o comportamento da
própria empresa. 4. Na hipótese em que o
comportamento do preposto da transportadora
é determinante para o acidente, havendo clara
participação sua na cadeia de acontecimentos
que leva à morte da vítima - disparos de arma de
fogo efetuados logo após os passageiros
apartarem briga entre o cobrador e o atirador -,
o evento não pode ser equiparado a caso
fortuito. 5. Quando a aplicação do direito à
espécie reclamar o exame do acervo probatório
dos autos, convirá o retorno dos autos à Coorte
de origem para a ultimação do procedimento de
subsunção do fato à norma. Precedentes. 6.
Recurso especial provido.
*Responsabilidade civil. Indenização por
danos materiais e morais. Prescrição. Termo
inicial. Ciência inequívoca dos efeitos do ato
lesivo. Teoria da actio nata. Viés subjetivo.
Critérios. São critérios que indicam a tendência
de adoção excepcional do viés subjetivo da
teoria da actio nata: a) a submissão da pretensão
a prazo prescricional curto; b) a constatação, na
hipótese concreta, de que o credor tinha ou
deveria ter ciência do nascimento da pretensão,
o que deve ser apurado a partir da boa-fé
objetiva e de standards de atuação do homem
médio; c) o fato de se estar diante de
responsabilidade civil por ato ilícito absoluto; e
d) a expressa previsão legal a impor a aplicação
do sistema subjetivo. Inf. 736.
*Procedimento cirúrgico. Falecimento do
paciente. Riscos. Consentimento genérico
(blanket consent). Insuficiência.
Consentimento informado.
Autodeterminação do paciente.
Imprescindibilidade. Falha no dever de
informação. Responsabilidade civil do
médico. O médico é civilmente responsável por
falha no dever de informação acerca dos riscos
de morte em cirurgia. Com efeito, não se admite
o chamado “blanket consente”, isto é, o
consentimento genérico, em que não há
individualização das informações prestadas ao
33
paciente, dificultando, assim, o exercício de seu
direito fundamental à autodeterminação. Inf.
733.
*O roubo de carga em transporte rodoviário,
mediante uso de arma de fogo, exclui a
responsabilidade da transportadora perante a
seguradora do proprietário da mercadoria
transportada, quando adotadas todas as
cautelas que razoavelmente dela se poderia
esperar, assim como a conduta direta do
segurado que agravar o risco da cobertura
contratada, por ato culposo ou doloso, acarreta
a exoneração do dever da seguradora do
pagamento da indenização. (STJ, EREsp 1.577.162-SP,
Rel. Min. Moura Ribeiro, Segunda Seção, julgado em
10/08/2022).
TEORIA DA ACTIO NATA
A teoria da *ACTIO NATA* pode ser examinada
sob duas vertentes:
a) VERTENTE OBJETIVA - que se relaciona com
o momento em que ocorre a violação do direito
subjetivo e que se torna exigível a prestação.
b) VERTENTE SUBJETIVA - que se relaciona
com o momento em que aquela violação de
direito subjetivo passa a ser de conhecimento
inequívoco da parte que poderá exigir a
prestação.
DIREITO DE FAMÍLIA E SUCESSÕES
* Possibilidade ou não de penhora integral de
valores depositados em conta bancária
conjunta, na hipótese de apenas um dos
titulares ser sujeito passivo de processo
executivo. Penhora de saldo em conta corrente
conjunta. Extensão. Presunção relativa de rateio
em partes iguais. Integralidade dos valores.
Pessoa física ou jurídica distinta da instituição
financeira mantenedora. Demonstração dos
valores que integram o patrimônio de cada um.
(Tema IAC 12/STJ).
A) É presumido, em regra, o rateio em partes
iguais do numerário mantido em conta corrente
conjunta solidária quando inexistente previsão
legal ou contratual de responsabilidade solidária
dos correntistas pelo pagamento de dívida
imputada a um deles.
B) Não será possível a penhora da integralidade
do saldo existente em conta conjunta solidária
no âmbito de execução movida por pessoa (física
ou jurídica) distinta da instituição financeira
mantenedora, sendo franqueada aos cotitulares
e ao exequente a oportunidade de demonstrar
os valores que integram o patrimônio de cada
um, a fim de afastar a presunção relativa de
rateio.
*Na falta de descendentes e ascendentes, será
deferida a sucessão por inteiro ao cônjuge ou
companheiro sobrevivente, não concorrendo
com parentes colaterais do de cujus. STJ. 3ª Turma.
REsp 1.357.117-MG, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva,
julgado em 13/03/2018 (Info 622). #IMPORTANTE
* O laudo médico, previsto no art. 750 do
CPC/2015 como necessário à propositura da
ação de interdição, pode ser dispensado na
hipótese em que o interditando resiste em se
submeter ao exame.
* ENUNCIADO 48 – O inventariante nomeado
pelos interessados poderá, desde que
autorizado expressamente na escritura de
nomeação, formalizar obrigações pendentes do
falecido, a exemplo das escrituras de
rerratificação, estremação e, especialmente,
transmissão e aquisição de bens móveis e
imóveis contratados e quitados em vida,
mediante prova ao tabelião”.
* Inexiste qualquer vedação legal ao
reconhecimento da fraternidade/irmandade
socioafetiva, ainda que post mortem, pois a
declaração da existência de relação de
parentesco de segundo grau na linha colateral é
admissível no ordenamento jurídico pátrio,
34
merecendo a apreciação do Poder Judiciário.
Processo sob segredo de justiça, Rel. Min. Marco
Buzzi, Quarta Turma, por maioria, julgado em
04/10/2022. (Info 753) (a afetividade é fonte de
parentesco, assim a prévia declaração judicial de
filiação (linha reta) socioafetiva não é condição
essencial à caracterização do parentesco
colateral por afetividade).
*É legal a ordem judicial de exumação de restos
mortais do de cujus, a fim de subsidiar exame de
DNA para averiguação de vínculo de
paternidade, diante de tentativas frustradas de
realizar-se o exame em parentes vivos do
investigado, bem como de completa
impossibilidade de elucidação dos fatos por
intermédio de outros meios de prova. Processo
sob segredo de justiça, Rel. Min. Paulo de Tarso
Sanseverino, Terceira Turma, por unanimidade, julgado em
04/10/2022. (Info 752).
* É possível que os nubentes/companheiros, por
meio de pacto antenupcial, ampliem o regime de
separação obrigatória e proíbam até mesmo a
comunhão dos bens adquiridos com o esforço
comum, afastando a Súmula 377 do STF. A mens
legis do art. 1.641, II, do Código Civil é conferir
proteção ao patrimônio do idoso que está se
casando e aos interesses de sua prole,
impedindo a comunicação dos aquestos. Por
uma interpretaçãoteleológica da norma, é
possível que o pacto antenupcial venha a
estabelecer cláusula ainda mais protetiva aos
bens do nubente septuagenário, preservando o
espírito do Código Civil de impedir a comunhão
dos bens do ancião. Súmula 377-STF: No regime
de separação legal de bens, comunicam-se os
adquiridos na constância do casamento. STJ. 4ª
Turma. REsp 1.922.347-PR, Rel. Min. Luis Felipe Salomão,
julgado em 07/12/2021 (Info 723)
E o contrário, seria permitido? Seria possível
fazer um pacto antenupcial autorizando a
comunicação dos bens mesmo sem o esforço
comum? NÃO. Aí, não. Não se mostra possível a
vulneração (mitigação) do regime restritivo e
protetivo previsto no art. 1.641, II, do CC, seja
para afastar a incidência do regime da separação
obrigatória, seja para adotar pacto que o torne
regime mais ampliativo e comunitário em
relação aos bens.
*Os valores depositados em planos abertos de
previdência privada durante a vida em comum
do casal, integram o patrimônio comum e devem
ser partilhados. STJ. 4ª Turma. REsp 1.545.217-PR, Rel.
Min. Luis Felipe Salomão, Rel. Acd. Min. Maria Isabel Gallotti,
julgado em 07/12/2021 (Info 723).
*A Quarta Turma do Superior Tribunal de Justiça
(STJ) entendeu que as contribuições feitas para
plano de previdência fechada, em percentual do
salário, aportadas pelo beneficiário e pelo
patrocinador – na forma definida pelo estatuto
da entidade –, não integram o patrimônio sujeito
à comunhão de bens, a ser partilhado quando da
extinção do vínculo conjugal.
"no segmento fechado, os proventos de
complementação de aposentadoria e o resgate
de reserva de poupança realizado após a
extinção do vínculo matrimonial, nos termos da
legislação específica e regulamentos que regem
esse modalidade, não se confundem com
investimentos em instituição financeira, mas
possuem nítido feitio previdenciário,
enquadrando-se nas definições de pensões,
meios-soldos, montepios e outras rendas
semelhantes – verbas excluídas da comunhão
nos regimes da comunhão universal ou parcial
de bens".
*Sob a égide do CPC/1973, inexiste
incompatibilidade lógica entre o acordo
efetuado quanto à pretensão principal de
separação conjugal e o prosseguimento do feito
quanto às pretensões conexas. STJ. 4ª Turma. REsp
1.560.520/SP, Rel. Min. Marco Buzzi, julgado em 15/03/2022
(Info 729).
35
Caso hipotético: Soraya ajuizou ação de
separação judicial litigiosa contra Ferdinando
pedindo: a) separação; b) alimentos; c) a
regulamentação da guarda dos filhos; d) a
condenação do réu cônjuge ao pagamento de
danos morais e materiais. Na audiência de
conciliação, as partes celebraram transação na
qual houve acordo quanto à: separação (houve a
conversão da separação litigiosa em consensual),
guarda dos filhos e alimentos. O juiz homologou
o acordo, mas extinguiu o processo sem
resolução do mérito quanto aos pedidos
condenatórios. O STJ não concordou com a
decisão. A circunstância de ter sido celebrado
acordo no que tange à separação, aos alimentos,
visitas e guarda da prole comum (resultado da
transformação consensual do pedido original de
separação judicial), não impede a apreciação
judicial das demais pretensões inicialmente
deduzidas, neste caso, de cunho condenatório.
Não existe qualquer incompatibilidade lógica
entre o acordo efetuado quanto à pretensão
principal (separação) e o prosseguimento do
feito quanto às pretensões conexas. STJ. 4ª Turma.
REsp 1.560.520/SP, Rel. Min. Marco Buzzi, julgado em
15/03/2022 (Info 729).
*Exceto no regime de separação absoluta de
bens, a fiança prestada sem outorga conjugal
conduz à nulidade do contrato mesmo que o
indivíduo tenha prestado a fiança na condição de
empresário.
É necessária a exigência geral de outorga do
cônjuge para prestar fiança, sendo indiferente o
fato de o fiador prestá-la na condição de
comerciante ou empresário, considerando a
necessidade de proteção da segurança
econômica familiar. STJ. 4ª Turma. REsp 1.525.638-SP,
Rel. Min. Antonio Carlos Ferreira, julgado em 14/06/2022
(Info 742).
Se a previsão do art. 1.642, I, do CC fosse
analisada isoladamente, isso implicaria
reconhecer que o fiador poderia comprometer o
patrimônio comum do casal se prestasse a fiança
no exercício da atividade profissional ou
empresarial, mas não poderia fazê-lo em outras
situações. Essa interpretação não faz sentido.
Embora a exigência de outorga conjugal
constitua embaraço ao dinamismo próprio das
relações comerciais e empresariais, essa
exigência leva em consideração a finalidade de
proteção e manutenção do patrimônio comum.
STJ. 4ª Turma. REsp 1.525.638-SP, Rel. Min. Antonio Carlos
Ferreira, julgado em 14/06/2022 (Info 742).
* Se o ausente tem mais que 80 anos e há mais
de 5 anos não se tem notícias dele, será possível
requerer diretamente a sucessão definitiva, sem
necessidade de sucessão provisória.
*O herdeiro que seja autor, coautor ou partícipe
de ato infracional análogo ao homicídio doloso
praticado contra os ascendentes fica excluído da
sucessão. É juridicamente possível o pedido de
exclusão do herdeiro em virtude da prática de
ato infracional análogo ao homicídio, doloso e
consumado, contra os pais, à luz da regra do art.
1.814, I, do CC/2002. STJ. 3ª Turma. REsp 1.938.984-PR,
Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 15/02/2022 (Info 725).
(interpretação teleológica-finalística para não
esvaziar o conteúdo da norma).
*Havendo conflito de interesses entre os
herdeiros, as despesas de verba honorária do
advogado constituído pelo inventariante não
devem ser suportadas pelo espólio. STJ, AgInt no
AREsp 1.924.962-CE, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, Quarta
Turma, por unanimidade, julgado em 08/08/2022, DJe
12/08/2022 (Info. 746).
Não havendo interesses em conflito entre os
interessados, os honorários do advogado
contratado pela inventariante constituem
encargo da herança. Por outro lado, havendo
conflito de interesses entre os herdeiros, as
despesas de verba honorária do advogado
constituído pelo inventariante não devem ser
suportadas pelo espólio. Se os interesses dos
demais herdeiros eram antagônicos em relação
36
ao inventariante, os honorários do advogado por
este contratado, não constituem ônus do
espólio, cada qual respondendo pelo
pagamento do trabalho dos respectivos
procuradores. Obs: no caso concreto, o conflito
de interesses não estava relacionado
diretamente com divergências entre os herdeiros
a respeito da herança, mas sim com a
discordância quanto à representação realizada
pelo escritório de advocacia. STJ. 4ª Turma. AgInt no
AREsp 1.924.962-CE, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, julgado
em 08/08/2022 (Info 746).
*CRIOGENIA – ÚLTIMA VONTADE DO
INDIVÍDUO – INTEGRAÇÃO DA NORMA POR
MEIO DE ANALOGIA. EMENTA RECURSO
ESPECIAL. AÇÃO ORDINÁRIA. 1. DISCUSSÃO
TRAVADA ENTRE IRMÃS PATERNAS ACERCA DA
DESTINAÇÃO DO CORPO DO GENITOR.
ENQUANTO A RECORRENTE AFIRMA QUE O
DESEJO DE SEU PAI, MANIFESTADO EM VIDA,
ERA O DE SER CRIOPRESERVADO, AS
RECORRIDAS SUSTENTAM QUE ELE DEVE SER
SEPULTADO NA FORMA TRADICIONAL
(ENTERRO). 2. CRIOGENIA. TÉCNICA DE
CONGELAMENTO DO CORPO HUMANO
MORTO, COM O INTUITO DE REANIMAÇÃO
FUTURA. 3. AUSÊNCIA DE PREVISÃO LEGAL
SOBRE O PROCEDIMENTO DA CRIOGENIA.
LACUNA NORMATIVA. NECESSIDADE DE
INTEGRAÇÃO DA NORMA POR MEIO DA
ANALOGIA (LINDB, ART. 4º). ORDENAMENTO
JURÍDICO PÁTRIO QUE, ALÉM DE PROTEGER AS
DISPOSIÇÕES DE ÚLTIMA VONTADE DO
INDIVÍDUO, COMO DECORRÊNCIA DO DIREITO
AO CADÁVER, CONTEMPLA DIVERSAS NORMAS
LEGAIS QUE TRATAM DE FORMAS DISTINTAS DE
DESTINAÇÃO DO CORPO HUMANO EM
RELAÇÃO À TRADICIONAL REGRA DO
SEPULTAMENTO. NORMAS CORRELATAS QUE
NÃO EXIGEM FORMA ESPECÍFICA PARA
VIABILIZAR A DESTINAÇÃO DO CORPO
HUMANO APÓS A MORTE, BASTANDO AANTERIOR MANIFESTAÇÃO DE VONTADE DO
INDIVÍDUO. POSSIBILIDADE DE
COMPROVAÇÃO DA VONTADE POR QUALQUER
MEIO DE PROVA IDÔNEO. LEGITIMIDADE DOS
FAMILIARES MAIS PRÓXIMOS A ATUAREM NOS
CASOS ENVOLVENDO A TUTELA DE DIREITOS
DA PERSONALIDADE DO INDIVÍDUO POST
MORTEM. 4. CASO CONCRETO: RECORRENTE
QUE CONVIVEU E COABITOU COM SEU
GENITOR POR MAIS DE 30 (TRINTA) ANOS,
SENDO A MAIOR PARTE DO TEMPO EM CIDADE
BEM DISTANTE DA QUE RESIDEM SUAS IRMÃS
(RECORRIDAS), ALÉM DE POSSUIR
PROCURAÇÃO PÚBLICA LAVRADA POR SEU PAI,
OUTORGANDO-LHE AMPLOS, GERAIS E
IRRESTRITOS PODERES. CIRCUNSTÂNCIAS
FÁTICAS QUE PERMITEM CONCLUIR QUE A SUA
MANIFESTAÇÃO É A QUE MELHOR TRADUZ A
REAL VONTADE DO DE CUJUS. 5. CORPO DO
GENITOR DAS PARTES QUE JÁ SE ENCONTRA
SUBMETIDO AO PROCEDIMENTO DA
CRIOGENIA HÁ QUASE 7 (SETE) ANOS.
SITUAÇÃO JURÍDICA CONSOLIDADA NO
TEMPO. POSTULADO DA RAZOABILIDADE.
OBSERVÂNCIA. 6.RECURSO PROVIDO. REsp
1693718/RJ.
ENUNCIADO 671 – Art. 1.583, §2º: “A tenra
idade da criança não impede a fixação de
convivência equilibrada com ambos os pais”.
Justificativa: O regime de convivência da criança
com os genitores deve ser equilibrado e o mais
amplo possível, contemplando a divisão
equânime de tempo indicada pela Lei n.
13.058/2014 (art. 1.583, §2o, CC). A lei não faz
menção ou restrição à idade da criança como
limitador ao direito de convivência. Todavia, em
fixação de convivência de bebês ou crianças de
tenra idade, o que se vê é o estabelecimento de
regimes restritíssimos, com a fixação de poucas
horas mensais para o convívio. A situação é
especificamente grave quanto à convivência
fixada em favor dos pais homens, tendo em vista
a questão sociológica enraizada que,
37
equivocadamente, atribui apenas à mulher a
capacidade para o cuidado.
O bebê, que está começando a descobrir o
mundo, tem condições psicoemocionais de criar
laços de afinidade com seus familiares e demais
pessoas que o cercam. É, portanto, na tenra
idade que o petiz construirá os vínculos mais
fortes e duradouros de sua vida. O tempo tem
outra dimensão para as crianças pequenas. Cada
dia perdido por um dos genitores é um
momento de exploração, aprendizado e
vinculação. O infante precisa de sua mãe e de seu
pai para que seu desenvolvimento seja saudável.
Isso porque “nenhuma criança nasce educada,
sendo necessário que os pais, num esforço
cotidiano, lhe formem o caráter e lhes infundam
bons princípios. Como poderá o pai ou mãe
afastado do filho contribuir na transmissão de
seus valores?” (RAMOS, Patrícia Pimentel de
Oliveira Chambers. A moderna visão da
autoridade parental – Guarda compartilhada –
dois lares é melhor que um. Editora Equilíbrio).
Fonte: CJF.
*A concessão de guarda do menor não implica
automática destituição do poder-dever familiar
dos pais para representá-lo em juízo. A
representação legal do filho menor é uma das
vertentes do poder familiar e deverá ser exercida,
em regra, pelos pais, conforme prevê o art. 1.634,
VII, do Código Civil. Assim, somente em algumas
hipóteses é que o menor poderá deixar de ser
representado pelos seus pais. O fato de ter sido
concedida a guarda do menor para uma outra
pessoa que não compõe o núcleo familiar não
significa que tenha havido a destituição
automática do poder familiar. Logo, mesmo em
tais casos, a competência para representar este
menor em juízo é do pai ou da mãe (e não da
guardiã). STJ. 3ª Turma. REsp 1.761.274-DF, Rel. Min.
Nancy Andrighi, julgado em 04/02/2020 (Info 664).
Quem faz a representação judicial do filho
menor é os pais, com fulcro no art. 1.634, VII CC:
Art. 1.634. Compete a ambos os pais, qualquer que
seja a sua situação conjugal, o pleno exercício do
poder familiar, que consiste em, quanto aos filhos:
(...) VII - representá-los judicial e
extrajudicialmente até os 16 (dezesseis) anos, nos
atos da vida civil, e assisti-los, após essa idade, nos
atos em que forem partes, suprindo-lhes o
consentimento;
Exceções: A regra acima exposta possui
exceções. Assim, haverá hipóteses em que o
menor não poderá ser representado pelos seus
pais. Exemplos:
a) quando os pais forem destituídos do
poder familiar;
b) quando forem declarados ausentes;
c) quando estiverem impossibilitados de
representar adequadamente o menor;
d) quando houver colisão de interesses
entre pais e filhos. Fonte: Info 664 STJ
DOD
*ENUNCIADO 664 – Art. 1.240-A: O prazo da
usucapião contemplada no art. 1.240-A só
iniciará seu curso caso a composse tenha
cessado de forma efetiva, não sendo suficiente,
para tanto, apenas o fim do contato físico com o
imóvel.
Justificativa: Em que pese o referido dispositivo
legal refira-se ao abandono do lar pelo ex-
cônjuge ou ex-companheiro, por tratar-se de
hipótese de composse (art. 1.199, CC/2002),
somente quando está efetivamente cessar, a
usucapião familiar poderá consumar-se. Assim,
ainda que não mais exerça a posse direta sobre
o imóvel, o ex-cônjuge ou ex-companheiro não
deixará de ser compossuidor caso siga arcando
com despesas do imóvel, tais como cobranças de
cota condominial ou IPTU. Em tal caso, haveria,
na verdade, um desdobramento da posse entre
direta e indireta, e não o fim da composse,
passível de dar ensejo ao decurso do prazo de
38
prescrição aquisitiva em favor do ex-cônjuge ou
companheiro que segue residindo no imóvel.
* ENUNCIADO 672 – Art. 1.589, parágrafo único:
“O direito de convivência familiar pode ser
estendido aos avós e pessoas com as quais a
criança ou adolescente mantenha vínculo
afetivo, atendendo ao seu melhor interesse. (O
enunciado cancela o enunciado 333, da IV JDC)”.
Justificativa: Embora seja da tradição do Direito
de Família nomear o direito do pai ou mãe,
mesmo dos avós ou outros, que não detém a
guarda, como direito de visita, a expressão legal
não corresponde ao direito de convivência
familiar assegurado à criança, ao adolescente e
ao jovem no art. 227, caput, da Constituição da
República. O direito-dever de convivência
familiar estende-se a todos aqueles que mantém
vínculo afetivo com a criança e adolescente.
Sendo um direito autônomo (TEPEDINO,
Gustavo; BROCHADO, Ana Carolina.
Fundamentos do Direito Civil, vol. 6. Rio de
Janeiro: GEN, 2021, p. 331), como tal precisa ser
protegido. Propõe-se assim a alteração do
Enunciado 333 da IV Jornada de Direito Civil,
para substituir o “direito de visita” pelo “direito
de convivência familiar”. A proposta justifica-se
na medida em que a interação familiar com
vistas ao desenvolvimento de cada um ocorre
não apenas entre pais e filhos.
*Mesmo em caso de adoção à brasileira,
havendo a socioafetividade, é possível a
multiparentalidade, mantendo-se a paternidade
biológica e a socioafetiva.
*Obrigação de alimentos. Prisão civil do
devedor. Inadequada e ineficaz no caso
concreto. Afastamento excepcional. Legalidade.
A prisão civil do devedor de alimentos pode ser
excepcionalmente afastada, quando a técnica de
coerção não se mostrar a mais adequada e eficaz
para obrigá-lo a cumprir suas obrigações. Inf. 733.
No caso concreto, o STJ decidiu afastar a prisão
civil com base nas seguintes particularidades: (i)
o credor é maior de idade, com formação
superior e inscrito no respectivo conselho de
classe; (ii) o devedor de alimentos está com a
saúde física e psicológica fragilizada, razão pela
qual não consegue manter regularidade no
exercício de atividade laborativa; e (iii) a dívida se
prolongou no tempo e se tornou gravoso exigir
todo seu montante para afastar o decreto de
prisão. De acordo com o quadro fático
delineado, a medida extrema da prisão civil, no
caso, não vai conseguir compelir o devedor a
cumprir a obrigação alimentar na medida em
que, pelo menos desde 2017, nada foi pago aocredor, mesmo com a ameaça concreta de sua
constrição, com a expedição do mandado de
prisão civil em 2019, que só não foi efetivada em
virtude da pandemia causada pelo Covid-19. A
medida coativa extrema, no caso concreto,
revela-se desnecessária e ineficaz, pois o risco
alimentar e a própria sobrevivência do credor,
não se mostram iminentes e insuperáveis,
podendo ele, por si só, como vem fazendo,
afastar a hipótese pelo próprio esforço. STJ. 3ª
Turma. RHC 160.368-SP, Rel. Min. Moura Ribeiro, julgado
em 05/04/2022 (Info 733).
*Na cobrança de obrigação alimentar, é cabível
a cumulação das medidas executivas de coerção
pessoal e de expropriação no âmbito do mesmo
procedimento executivo, desde que não haja
prejuízo ao devedor nem ocorra qualquer
tumulto processual. STJ. 4ª Turma. REsp 1930593/MG,
Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 9/8/2022 (Info
744).
*É admissível a cumulação, em um mesmo
processo, de cumprimento de sentença de
obrigação de pagar alimentos atuais, sob a
técnica da prisão civil, e alimentos pretéritos, sob
a técnica da penhora e da expropriação. STJ. 3ª
Turma. REsp 2004516/RO, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado
em 18/10/2022 (Info 756).
39
*A prerrogativa de ser recolhido em sala de
estado-maior não pode incidir na prisão civil do
advogado devedor de alimentos, desde que lhe
seja garantido um local apropriado, separado de
presos comuns. (STJ, Processo sob segredo judicial, Rel.
Min. Luis Felipe Salomão, Segunda Seção, julgado em
26/10/2022).
*A herança jacente é um procedimento especial
de jurisdição voluntária que consiste na
arrecadação judicial de bens da pessoa falecida,
com declaração, ao final, da herança vacante,
ocasião em que se transfere o acervo hereditário
para o domínio público, salvo se comparecer em
juízo quem legitimamente os reclame. Esse
procedimento pode ser iniciado por qualquer
interessado, pelo Ministério Público, pela
Defensoria Pública e pela Fazenda Pública, bem
como pelo juiz, de ofício (art. 738 do CPC/2015).
Se um legitimado ingressar com petição ao juiz
requerendo a instauração do procedimento de
herança jacente, o magistrado não deverá
indeferir a inicial sob o argumento de que o
requerente não juntou todas as provas
necessárias à comprovação dos fatos alegados.
Antes de extinguir o feito, o magistrado deverá
diligenciar, ainda que minimamente, para obter
as informações necessárias considerando que
ele tem o poder-dever de instaurar, ainda que de
ofício, esse procedimento. STJ. 3ª Turma. REsp
1812459/ES, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em
09/03/2021 (Info 688).
*Alimentos com base no princípio da
solidariedade: Os alimentos não se esgotam
com a maioridade, a partir da maioridade a
pessoa é devedora de alimentos com base no
princípio da solidariedade e relação de
parentesco. Dessa forma, não há o cancelamento
automático da pensão alimentícia.
*É admissível a exclusão de prenome da criança
na hipótese em que o pai informou, perante o
cartório de registro civil, nome diferente daquele
que havia sido consensualmente escolhido pelos
genitores. STJ. 3ª Turma. REsp 1.905.614-SP, Rel. Min.
Nancy Andrighi, julgado em 04/05/2021 (Info 695).
*O prazo prescricional para propor ação de
petição de herança conta-se da abertura da
sucessão. (...) A ausência de prévia propositura
de ação de investigação de paternidade,
imprescritível, e de seu julgamento definitivo não
constitui óbice para o ajuizamento de ação de
petição de herança e para o início da contagem
do prazo prescricional. A definição da
paternidade e da afronta ao direito hereditário,
na verdade, apenas interfere na procedência da
ação de petição de herança. (STJ 757/22 2
SEÇAO) ATENÇÃO NESTE JULGADO POIS
PACIFICOU O TEMA EM EMBARGOS DE
DIVERGENCIA!
*A cessação da incapacidade civil de um dos
cônjuges, que impunha a adoção do regime da
separação obrigatória de bens sob a égide do CC
de 16, autoriza a modificação do regime de bens
do casamento (STJ, 2021).
*Regime da Comunhão Universal de bens: são
excluídos da comunhão as dívidas anteriores ao
casamento, salvo de provierem de despesas com
seus aprestos, ou reverterem em proveito
comum.
*Constitui direito subjetivo da mãe, após o
divórcio, a retificação do seu sobrenome no
assento do nascimento dos filhos
*Informativo nº 637 / 2018 A melhor
interpretação do caput do art. 1.911 do
Código Civil de 2002 é aquela que conduz ao
entendimento de que:
a) HÁ POSSIBILIDADE DE IMPOSIÇÃO
AUTÔNOMA DAS CLÁUSULAS DE
INALIENABILIDADE, IMPENHORABILIDADE E
INCOMUNICABILIDADE, A CRITÉRIO DO
DOADOR/INSTITUIDOR;
40
b) UMA VEZ APOSTO O GRAVAME DA
INALIENABILIDADE, PRESSUPÕE-SE, ex vi lege,
AUTOMATICAMENTE, A IMPENHORABILIDADE E
A INCOMUNICABILIDADE;
c) A INSERÇÃO EXCLUSIVA DA PROIBIÇÃO DE
NÃO PENHORAR E/OU NÃO COMUNICAR NÃO
GERA A PRESUNÇÃO DA INALIENABILIDADE;
d) A INSTITUIÇÃO AUTÔNOMA DA
IMPENHORABILIDADE NÃO PRESSUPÕE A
INCOMUNICABILIDADE E VICE-VERSA
Ref. legal:
Art. 1.911, CC. A cláusula de inalienabilidade,
imposta aos bens por ato de liberalidade, implica
impenhorabilidade e incomunicabilidade.
A doutrina esclarece que "o art. 1.911 do Código
Civil estabelece que a cláusula de
inalienabilidade gravada sobre bens que
compõem a herança implica, automaticamente,
nas cláusulas de 'impenhorabilidade e
incomunicabilidade'.
A RECÍPROCA, ENTRETANTO, NÃO É
VERDADEIRA.
BEM DE FAMÍLIA
*É impenhorável o bem de família oferecido
como CAUÇÃO em contrato de locação
comercial. STJ. 4a Turma. REsp 1.789.505-SP, Rel. Min.
Marco Buzzi, julgado em 22/03/2022 (Info 732).
*É impenhorável o bem de família oferecido
como caução em contrato de locação comercial.
Isso porque a exceção prevista no art. 3º, VII, da
Lei nº 8.009/90 não se aplica à hipótese de
caução, mas apenas para os casos de fiança. O
instituto do bem de família é um corolário da
dignidade da pessoa humana e tem o condão de
proteger o direito fundamental à moradia (arts.
1º, III, e 6º da Constituição Federal). Assim, o
imóvel no qual reside o sócio não pode, em
regra, ser objeto de penhora pelo simples fato
de pertencer à pessoa jurídica, ainda mais
quando se trata de sociedades empresárias de
pequeno porte. Em tais situações, mesmo que no
plano legal o patrimônio de um e outro sejam
distintos - sócio e sociedade -, é comum que tais
bens, no plano fático, sejam utilizados
indistintamente pelos dois. Se a lei tem por
escopo a ampla proteção ao direito de moradia,
o fato de o imóvel ter sido objeto de caução, não
retira a proteção somente porque pertence à
pequena sociedade empresária. Caso contrário,
haveria o esvaziamento da salvaguarda legal e
daria maior relevância do direito de crédito em
detrimento da utilização do bem como
residência pelo sócio e por sua família. STJ. 3ª
Turma. REsp 1.935.563-SP, Rel. Min. Ricardo
Villas Bôas Cueva, julgado em 03/05/2022 (Info
735).
*É constitucional a penhora de bem de família
pertencente a fiador de contrato de locação, seja
residencial, seja comercial. STF. (Repercussão
Geral – Tema 1127) (Info 1046). STJ. (Recurso
Repetitivo - Tema 1091) (Info 740).
* Admite-se a penhora do bem de família para
saldar o débito originado de contrato de
empreitada global celebrado para promover a
construção do próprio imóvel. STJ. 3ª Turma. REsp
1.976.743-SC, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em
08/03/2022 (Info 728).
*Para o bem de família instituído nos moldes da
Lei nº 8.009/1990, a proteção conferida pelo
instituto alcançará todas as obrigações do
devedor, indistintamente, ainda que o imóvel
tenha sido adquirido no curso de uma demanda
executiva. STJ. 4ª Turma. REsp 1.792.265-SP, Rel. Min. Luis
Felipe Salomão, julgado em 14/12/2021 (Info 723).
*Ahasta pública para alienação de vaga de
garagem em condomínio se restringe aos
demais condôminos, salvo autorização expressa
na convenção condominial. STJ. 2ª Turma. REsp
2.008.627-RS, Rel. Min. Assusete Magalhães, julgado em
13/09/2022 (Info 749).
41
*O terreno cuja unidade habitacional está em
fase de construção, para fins de residência, está
protegido pela impenhorabilidade por dívidas,
por se considerar antecipadamente bem de
família. REsp 1.960.026-SP, Rel. Min. Marco Buzzi, Quarta
Turma, por unanimidade, julgado em 11/10/2022. (Info 753)
*Para o bem de família instituído nos moldes da
Lei nº 8.009/90, a proteção conferida pelo
instituto alcançará todas as obrigações do
devedor, indistintamente, ainda que o imóvel
tenha sido adquirido no curso de uma demanda
executiva. STJ. 4ª Turma. REsp 1.792.265-SP, Rel. Min. Luis
Felipe Salomão, julgado em 14/12/2021 (Info 723).
Exceção: hipótese do art. 4º da Lei nº
8.009/90:
Art. 4º Não se beneficiará do disposto nesta lei
aquele que, sabendo-se insolvente, adquire de
má-fé imóvel mais valioso para transferir a
residência familiar, desfazendo-se ou não da
moradia antiga.
DIREITOS REAIS – POSSE - PROPRIEDADE
* Se forem preenchidos os requisitos do art. 1238
do CC/2002, a pessoa terá direito à usucapião
extraordinária e o fato de o imóvel em questão
não atender ao mínimo dos módulos urbanos
exigidos pela legislação municipal para a
respectiva área (dimensão do lote) não é motivo
suficiente para se negar esse direito, pois não há
na legislação ordinária própria à disciplina da
usucapião regra que especifique área mínima.
STJ. 2ª Seção. REsp 1667842/SC, Rel. Min. Luis Felipe
Salomão, julgado em 03/12/2020 (Tema 985 - Repetitivo).
* A copropriedade anterior à abertura da
sucessão impede o reconhecimento do direito
real de habitação, visto que de titularidade
comum a terceiros estranhos à relação
sucessória que ampararia o pretendido direito "
(EREsp 1.520.294/SP, Rel. Ministra Maria Isabel Gallotti,
Segunda Seção, DJe 02/09/2020).
*O direito real de habitação possui como
finalidade precípua garantir o direito à moradia
ao cônjuge/companheiro supérstite,
preservando o imóvel que era destinado à
residência do casal, restringindo
temporariamente os direitos de propriedade
originados da transmissão da herança em prol
da solidariedade familiar. A copropriedade
anterior à abertura da sucessão impede o
reconhecimento do direito real de habitação,
visto que de titularidade comum a terceiros
estranhos à relação sucessória que ampararia o
pretendido direito. Como o direito real de
habitação já é uma exceção criada pelo
legislador, não pode haver interpretação
extensiva para incluir no mesmo tratamento
situações não previstas em lei, como, por
exemplo, a hipótese em que o imóvel seja objeto
de copropriedade anterior com terceiros. O
direito real à habitação limita (restringe) os
direitos de propriedade e, portanto, só quem
deve suportar tal limitação são os herdeiros do
de cujus (quem recebeu o bem na herança), e
não quem já era proprietário do imóvel antes do
óbito. Caso concreto: o STJ negou o pedido de
uma viúva que pretendia ver reconhecido o
direito real de habitação sobre o imóvel em que
morava, comprado pelo seu falecido marido em
copropriedade com um filho dele, antes do
casamento. STJ. 2ª Seção. EREsp 1520294-SP, Rel. Min.
Maria Isabel Gallotti, julgado em 26/08/2020 (Info 680).
No mesmo sentido é a Tese 10 do Jurisprudência
em Teses (Ed. 50): 10) Não subsiste o direito real
de habitação se houver copropriedade sobre o
imóvel antes da abertura da sucessão ou se,
àquele tempo, o falecido era mero usufrutuário
do bem.
* Dissolvida a sociedade conjugal, o bem imóvel
comum do casal rege-se pelas regras relativas ao
condomínio, ainda que não realizada a partilha
de bens, possuindo legitimidade para usucapir
em nome próprio o condômino que exerça a
posse por si mesmo, sem nenhuma oposição dos
demais coproprietários. STJ. 3ª Turma. REsp 1.840.561-
42
SP, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 03/05/2022
(Info 739).
*O fato de os possuidores serem proprietários de
metade do imóvel usucapiendo não faz incidir a
vedação de não possuir "outro imóvel" urbano,
contida no artigo 1.240 do Código Civil. REsp
1.909.276-RJ, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, Terceira
Turma, por unanimidade, julgado em 27/09/2022, DJe
30/09/2022. (Info 753)
*A existência de bem público não demarcado em
condomínio pro indiviso com particulares não
impede ação de usucapião parcial. REsp
1.504.916-DF, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, Rel.
Acd. Min. Raul Araújo, Quarta Turma, por
maioria, julgado em 27/09/2022. (Info 752).
Sobre o case: tratava-se de condomínio e a
Terracap era uma das proprietárias, sem divisão
explícita de sua parte. Os bens pertencentes às
empresas públicas e sociedades de economia
mista não se incluem no rol de bens públicos.
Apesar disso o STJ considera que os bens
administrados pela Terracap, empresa pública
do DF que gerencia os bens dominicais, são
públicos e insuscetíveis de usucapião (EREsp
695.928/DF, Rel. Ministro José Delgado, Corte Especial,
julgado em 18/10/2006, DJ 18/12/2006).
*Não é possível usucapião de imóvel vinculado
ao Sistema Financeiro de Habitação, ainda que
em situação de abandono. STJ. 3ª Turma. REsp
1874632-AL, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em
25/11/2021 (Info 720).
*A ação demarcatória é a via adequada para
dirimir a discrepância entre a realidade fática dos
marcos divisórios e o constante no registro
imobiliário. REsp 1.984.013-MG, Rel. Min.
Ricardo Villas Bôas Cueva, Terceira Turma, por
unanimidade, julgado em 27/09/2022, DJe
30/09/2022. (Info 752) (no caso o
georreferenciamento mostrou área maior.
Tribunal de origem entendeu pela usucapião. STJ
pela demarcação).
*A Segunda Seção do Superior Tribunal de
Justiça (STJ) estabeleceu que o que define a
responsabilidade pelo pagamento das
obrigações condominiais não é o registro do
compromisso de compra e venda, mas a relação
jurídica material com o imóvel, representada
pela imissão do promissário comprador na posse
e pela ciência inequívoca do condomínio acerca
da transação. Recurso repetitivo (tema 886) e
passa a orientar as demais instâncias do
Judiciário na solução de casos idênticos.
No caso de compromisso de compra e venda
não levado a registro, dependendo das
circunstâncias, a responsabilidade pelas
despesas de condomínio pode recair tanto sobre
o promitente vendedor quanto sobre o
promissário comprador. Entretanto, se ficar
comprovado que o promissário comprador se
imitiu na posse e que o condomínio teve ciência
inequívoca da transação, deve ser afastada a
legitimidade passiva do promitente vendedor
para responder por despesas condominiais
relativas ao período em que a posse foi exercida
pelo promissário comprador. REsp 1345331.
Ainda que a cota condominial seja obrigação
propter rem, se houver compromisso de compra
e venda não registrado, a responsabilidade pelas
despesas pode recair tanto sobre o promitente
vendedor quanto o promissário comprador. Não
é o registro, mas a relação material com o imóvel,
representada pela imissão na posse e ciência
inequívoca do condomínio acerca da transação
(Tema 886)
SOBRE BENFEITORIAS FEITAS PELO
POSSUIDOR
NO CÓDIGO CIVIL
Art. 1.219, CC. O possuidor de boa-fé tem direito
à indenização das benfeitorias necessárias e úteis,
bem como, quanto às voluptuárias, se não lhe
forem pagas, a levantá-las, quando o puder sem
detrimento da coisa, e poderá exercer o direito de
43
retenção pelo valor das benfeitorias necessárias e
úteis.
Art. 1.220, CC. Ao possuidor de má-fé serão
ressarcidas somenteas benfeitorias necessárias;
não lhe assiste o direito de retenção pela
importância destas, nem o de levantar as
voluptuárias.
DE BOA-FÉ
- NECESSÁRIAS: Indenização e direito de
retenção.
- ÚTEIS: Indenização e direito de retenção.
- VOLUPTUÁRIAS: Indenizáveis, podendo
levantar se não afetar a estrutura.
DE MÁ-FE
- NECESSÁRIAS: Ressarcimento, sem direito de
retenção.
- VOLUPTUÁRIAS: Não são indenizáveis e não
tem direito de levantar.
NA LEI DE LOCAÇÕE
Art. 35. Salvo expressa disposição contratual em
contrário, as benfeitorias necessárias introduzidas
pelo locatário, ainda que não autorizadas pelo
locador, bem como as úteis, desde que
autorizadas, serão indenizáveis e permitem o
exercício do direito de retenção.
Art. 36. As benfeitorias voluptuárias não serão
indenizáveis, podendo ser levantadas pelo
locatário, finda a locação, desde que sua retirada
não afete a estrutura e a substância do imóvel.
SALVO EXPRESSA DISPOSIÇÃO CONTRATUAL
EM CONTRÁRIO - (SÚMULA 335 STJ - Nos
contratos de locação, é válida a cláusula de
renúncia à indenização das benfeitorias e ao
direito de retenção.):
- NECESSÁRIAS: Indenização e direito de
retenção, mesmo que não autorizada.
- ÚTEIS: Indenização e direito de retenção, desde
que autorizada.
- VOLUPTUÁRIAS: Não são indenizáveis,
podendo levantar se não afetar a estrutura.
*CUIDADO*
*Compromissos de Compra e Venda de
Imóvel Loteado - LEI 6766/79*
Art. 34. Em qualquer caso de rescisão por
inadimplemento do adquirente, as benfeitorias
necessárias ou úteis por ele levadas a efeito no
imóvel deverão ser indenizadas, sendo de nenhum
efeito qualquer disposição contratual em
contrário.
§ 1º Não serão indenizadas as benfeitorias feitas
em desconformidade com o contrato ou com a lei.
*É possível o manejo de ação possessória,
fundada em cláusula resolutiva expressa,
decorrente de inadimplemento contratual do
promitente comprador, sendo desnecessário o
ajuizamento de ação para resolução do contrato.
(STJ 686/21)
*CONDOMÍNIO: Os promissários compradores
têm legitimidade para participar das
assembleias, ordinária ou extraordinária, desde
que tenha havido a imissão na posse da unidade
imobiliária e a cientificação do condomínio
acerca da transação. STJ. 3ª Turma. REsp 1.918.949-RJ,
Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 07/12/2021
(Info 722).
*Não cabe o arbitramento de aluguel em
desfavor da coproprietária vítima de violência
doméstica, que, em razão de medida protetiva
de urgência decretada judicialmente, detém o
uso e gozo exclusivo do imóvel de co-
titularidade do agressor. A imposição judicial de
uma medida protetiva de urgência - que procure
cessar a prática de violência doméstica e familiar
contra a mulher e implique o afastamento do
agressor do seu lar - constitui motivo legítimo a
que se limite o domínio deste sobre o imóvel
utilizado como moradia conjuntamente com a
vítima, não se evidenciando, assim, eventual
44
enriquecimento sem causa, que legitime o
arbitramento de aluguel como forma de
indenização pela privação do direito de
propriedade do agressor. STJ. 3ª Turma. REsp
1.966.556-SP, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em
08/02/2022 (Info 724).
*Morador que não é associado da associação de
moradores nem anuiu expressamente com a
cobrança não pode ser obrigado a pagar taxa de
manutenção de loteamento fechado. É inválida a
cobrança de taxa de manutenção de loteamento
fechado - por administradora constituída sob a
forma de associação, de proprietários de lote
não associados ou que a ela não anuíram
expressamente - às relações jurídicas
constituídas antes da entrada em vigor da Lei n.
13.465/2017 ou de anterior lei municipal.
A anuência expressa com o encargo pode ser
manifestada, por exemplo, mediante contrato,
previsão na escritura pública de compra e venda
do lote ou de estipulação em contrato-padrão
depositado no registro imobiliário do
loteamento. Após a entrada em vigor da Lei nº
13.465/2017 ou de anterior lei municipal
disciplinando a matéria, é possível a cobrança,
por associação de moradores, de taxa de
manutenção de titulares de direito sobre lotes
localizados em loteamento de acesso controlado
desde que, já possuindo lote, adiram ao ato
constitutivo da associação ou sendo novos
adquirentes de lotes, o ato constitutivo da
obrigação esteja registrado no competente
Registro de Imóveis. Tema 882/STJ e Tema
492/STF. Na espécie, a associação recorrida foi
constituída antes da entrada em vigor da Lei nº
13.465/2017, de modo que não se aplica à
relação jurídica ora debatida. STJ, REsp 1.991.508-SP,
Rel. Min. Nancy Andrighi, Terceira Turma, por unanimidade,
julgado em 09/08/2022, DJe 12/08/2022 (Info. 746).
*Condomínio multipropriedade: O
multiproprietário pode ceder a fração de tempo
em locação ou comodato. Pode alienar. Não
haverá direito de preferência na alienação de
fração de tempo, salvo se estabelecido em
contrário. A multipropriedade não se extinguirá
automaticamente se todas as frações de tempo
forem do mesmo multiproprietário. A
transferência do direito de multipropriedade não
depende da anuência dos demais
multiproprietários. Cada fração de tempo é
indivisível. O período correspondente a cada
fração de tempo será de, no mínimo, 7 dias.
*Da possibilidade de se discutir a propriedade
na ação possessória (exceptio proprietatis):
Há três correntes:
1ª corrente: ortodoxa: Para essa corrente, não
há a possibilidade de se discutir propriedade nas
ações possessórias.
2ª corrente: Se ambas as partes estão discutindo
a posse com base na propriedade, o juiz poderia
analisar a propriedade na fundamentação e não
no dispositivo. Daí teríamos a incidência da
súmula 487 STF. A coisa julgada seria só da parte
da posse e não da propriedade.
Súmula 487 STF: Será deferida a posse a quem,
evidentemente, tiver o domínio, se com base
neste for ela disputada
3ª corrente: Na ação possessória pode-se
discutir propriedade indistintamente.
O professor Carlos Elias alega que o STJ é
tendencioso na 2ª corrente, ou seja, a ação
possessória é para discutir posse, mas se ambas
as partes discutem propriedade, não custa ao
juiz analisar o aspecto do domínio, desde que
seja analisada a propriedade na fundamentação.
* Multipropriedade é o regime de condomínio
em que cada um dos proprietários de um mesmo
imóvel é titular de uma fração de tempo, à qual
corresponde a faculdade de uso e gozo, com
exclusividade, da totalidade do imóvel, a ser
exercida pelos proprietários de forma alternada
45
e não se extingue automaticamente se todas as
frações de tempo forem do mesmo
multiproprietário. Não haverá direito de
preferência na alienação de fração de tempo,
salvo se estabelecido no instrumento de
instituição ou na convenção do condomínio em
multipropriedade em favor dos demais
multiproprietários ou do instituidor do
condomínio em multipropriedade. O atraso, por
parte de instituição financeira, na baixa de
gravame de alienação fiduciária no registro de
veículo não caracteriza, por si só, dano moral in
re ipsa. O reconhecimento da usucapião
extraordinária, mediante o preenchimento dos
requisitos específicos, não pode ser obstado em
razão de a área usucapienda ser inferior ao
módulo estabelecido em lei municipal.
*É vedado o uso de unidade condominial com
destinação residencial para fins de hospedagem
remunerada, com múltipla e concomitante
locação de aposentos existentes nos
apartamentos, a diferentes pessoas, por curta
temporada. STJ. 4ª Turma. REsp 1819075-RS, Rel. p/
acórdão Min. Raul Araújo, julgado em 20/04/2021 (Info
693).
NOTA RAIOS: CASO AIRBNB (Vale ressaltar, no
entanto, que a convenção do condomínio pode
autorizar a utilização das unidadespara essa
modalidade de aluguel. Assim, o ponto principal
a ser analisado é a convenção do condomínio.)
*Teoria da aparência: incide através da figura
do administrador tácito ou aparente, que é
aquele que cria uma falsa aparência de que se
trata do administrador (síndico). Em razão da
teoria da aparência, o condômino se
responsabiliza pelos atos praticados pelo
administrador tácito, perante terceiros de boa-
fé. O administrador assume o papel de um
verdadeiro mandatário aparente, pois se
apresenta aos olhos de todos como se fosse o
verdadeiro mandatário.
*Imóvel financiado. Hipoteca. Posse.
Modificação da natureza jurídica. Benfeitorias.
Indenização. Possibilidade. Direito de retenção.
Inexistência. Promovido o leilão do bem pelo
credor hipotecário, a permanência do mutuário
no imóvel caracteriza posse de má-fé. Inf. 735
Situação hipotética: João tomou um empréstimo
junto à Caixa Econômica para adquirir um
imóvel, comprometendo-se a pagar a dívida em
180 prestações. Como garantia, o imóvel ficou
hipotecado para a Caixa Econômica. Ocorre que,
por dificuldades financeiras, o adquirente se
tornou inadimplente. Diante disso, a instituição
financeira iniciou a execução hipotecária
extrajudicial e o imóvel foi levado a leilão. No
caso, quando foi comprado o bem, ainda que
mediante contrato de financiamento, não havia
tecnicamente nenhum impedimento para que
fosse adquirida a propriedade do imóvel, pelo
que de boa-fé a posse; ao revés, no momento
em que, em razão do inadimplemento das
parcelas daquele contrato, a credora hipotecária
promove o leilão do bem, ao permanecer o
particular de maneira irregular no imóvel, a
posse passa a se caracterizar como de má-fé. STJ.
1ª Turma. AREsp 1.013.333-MG, Rel. Min. Gurgel de Faria,
julgado em 03/05/2022 (Info 735).
* Teoria Subjetiva – Savigny. Posse = “corpus”
+ “animus”. Regra no CC/1916. Usucapião no
CC/02. Ex. locatário é detentor.
* Teoria objetiva – Jhering. Posse é “corpus”.
Poder de fato. Regra no CC/02. Propriedade –
poder de direito. Ex. locatário é possuidor direto.
*A posse transmite-se aos herdeiros ou
legatários do possuidor com os mesmos
caracteres (sucessio possessionis).
*O sucessor universal continua de direito a posse
do seu antecessor; e ao sucessor singULar é
facULtado Unir sua posse à do antecessor, para
efeitos legais.
46
a) Sucessio possessionis: há a passagem de um
patrimônio inteiro, como ocorre na sucessão. É
posse derivada, conservando a mesma natureza
da posse anterior.
Se era injusta, a posse sucedida será também
injusta.
b) Acessio possessionis: ocorre sempre inter
vivos e por meio de relação jurídica, sendo
facultado aos sucessores singulares unir a sua
posse à de seu antecessor.
Tanto a acessio quanto a sucessio são aptas a
ensejar a usucapião ordinária e a extraordinária.
*Constituto possessório: é forma de aquisição
e perda da posse e se verifica quando aquele que
possuir a posse plena transfere a outrem a posse
indireta e reserva para si a posse direta. Ex.
proprietário vira locatório. Ex. quando uma
pessoa vende um imóvel, mas contrata seu
aluguel, continuando nele. O comprador passará
a ter a posse indireta e o alienante perderá a
posse plena para ter a posse direta. A “cláusula
constituti” deverá ser expressa no contrato.
*ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA: O credor fiduciário
de bem imóvel que tem um título executivo em
seu favor pode optar por propor a execução
extrajudicial da Lei 9.514/97 ou ajuizar ação de
execução.
O credor de dívida garantida por alienação
fiduciária de imóvel não está obrigado a
promover a execução extrajudicial de seu crédito
na forma determinada pela Lei nº 9.514/97. A
constituição de garantia fiduciária como pacto
adjeto ao financiamento instrumentalizado por
meio de Cédula de Crédito Bancário em nada
modifica o direito do credor de optar por
executar o seu crédito de maneira diversa
daquela estatuída na Lei nº 9.514/97 (execução
extrajudicial). STJ. 3ª Turma. REsp 1.965.973-SP, Rel. Min.
Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 15/02/2022 (Info
725).
*É firme o entendimento dessa Corte de que,
havendo inadimplemento do devedor em
contrato de alienação fiduciária em garantia de
bens imóveis, a quitação da dívida deve se dar
na forma dos arts. 26 e 27 da Lei 9.514/1997 -
norma posterior e mais específica -, afastando-
se, por consequência, a regra genérica e anterior
prevista no art. 53, do Código de Defesa do
Consumidor. Contudo, deve-se observar que,
diante da ausência de registro do pacto adjeto
de alienação fiduciária junto ao cartório de
registro de imóveis competente, não há a
constituição da garantia na modalidade
alienação fiduciária, como ressaltado no capítulo
anterior. Nessa situação, o direito real de
garantia não se perfectibiliza e, portanto, a
relação existente entre as contratantes continua
sendo uma relação de direito pessoal, o que
afasta, portanto, a incidência do art. 27 da Lei
9.514/1997, que prevê o leilão extrajudicial para
a alienação do imóvel. STJ, REsp 1.976.082-DF, Rel.
Min. Nancy Andrighi, Terceira Turma, por unanimidade,
julgado em 09/08/2022, DJe 12/08/2022 (Info. 746).
*Em contrato de compra e venda de imóvel com
garantia de alienação fiduciária devidamente
registrado em cartório, a resolução do pacto, na
hipótese de inadimplemento do devedor,
devidamente constituído em mora, deverá
observar a forma prevista na Lei nº 9.514/97, por
se tratar de legislação específica, afastando-se,
por conseguinte, a aplicação do Código de
Defesa do Consumidor. STJ. 2ª Seção. REsp 1.891.498-
SP, Rel. Min. Marco Buzzi, julgado 26/10/2022 (Recurso
Repetitivo – Tema 1095) (Info 755).
INCORPORAÇÃO IMOBILIÁRIA: *ENUNCIADO
653 – Art. 483: “O quadro-resumo a que se refere
o art. 35-A da Lei n. 4.591/1964 é obrigação do
incorporador na alienação de imóveis em fase de
construção ou já construídos”.
Justificativa: A Lei n. 13.786/2018 incluiu na Lei
n. 4.591/1964, que trata das incorporações
imobiliárias, o art. 35-A, que prevê a
47
obrigatoriedade de inserção, nos contratos de
compra e venda, promessa de venda, cessão ou
promessa de cessão de unidades autônomas
integrantes de incorporação imobiliária, do
quadro-resumo, que deverá conter os itens
exigidos nos incisos do citado dispositivo.
A expressão "unidades autônomas integrantes
de incorporação imobiliária" tem gerado dúvida
no sentido de se interpretar que o quadro-
resumo só é obrigatório nos contratos em que o
objeto da venda seja a unidade autônoma ainda
em construção.
Embora o imóvel objeto da incorporação já
esteja pronto, a primeira realizada pelo
incorporador ao adquirente-consumidor é
objeto de relação de consumo. Assim, todos os
itens exigidos para o quadro-resumo (art. 35-A)
devem constar também nos contratos de
compra e venda, promessa de venda, cessão ou
promessa de cessão de unidades autônomas,
ainda que o imóvel já esteja pronto e a obra já
devidamente averbada, tendo em vista o
princípio da boa-fé objetiva e da transparência.
Dispensa-se apenas os itens que digam respeito
à fase de execução da obra, tais como o que se
encontra previsto nos incisos IX e XII, do art. 35-
A. Fonte: CJF.
*Não é cabível a adjudicação compulsória de
imóvel pelos promitentes compradores de
unidades autônomas adquiridas de
incorporadora não titular do domínio do terreno
e sem o devido registro do memorial de
incorporação no Cartório de Registro de Imóveis.
Inf. 736.
*Usufruto legal: Criado por força de lei.
Exemplo: Art. 1.693 do CC Usufruto constituído
em favor dos pais em relação aos bens de seus
filhos menores. É uma espécie de
contraprestação em razão das obrigações que
decorrem do poder familiar.
* ANTICRESE: É um direito real degarantia
sobre bem imóvel frugíferos (aquele que produz
frutos). Através da anticrese, o credor anticrético
vai receber a posse do bem a fim de que possa
retirar os frutos da coisa e imputá-los no
pagamento da dívida. O sujeito não retira os
frutos para si, mas para abater a dívida. Se há
juros estipulados, ele primeiro abate dos juros, e
depois do principal.
*Posse do imóvel x desapropriação: O
expropriado que detém apenas a posse do
imóvel tem direito a receber a correspondente
indenização”. (REsp 1.118.854/SP, 2ª Turma, DJe
28/10/2009.
*Informativo nº 613 - 8 de novembro de 2017 -
TERCEIRA Há perda de objeto da ação de
usucapião proposta em juízo cível na hipótese
em que juízo criminal decreta a perda do
imóvel usucapiendo em razão de ter sido
adquirido com proventos de crime.
ARBITRAGEM
*A impugnação ao cumprimento de sentença
arbitral, devido à ocorrência dos vícios
elencados no art. 32 da Lei nº 9.307/96, possui
prazo decadencial de 90 dias.
#OBS: Tema já apreciado nos Infos 691 e 709-
STJ.
*A declaração de nulidade da sentença arbitral
pode ser pleiteada, judicialmente, por duas vias:
a) ação declaratória de nulidade de sentença
arbitral (art. 33, § 1º, da Lei nº 9.307/96) em 90
dias; ou
b) impugnação ao cumprimento de sentença
arbitral (art. 33, § 3º, da Lei nº 9.307/96). Lei
omissa quanto ao prazo.
Diante disso, indaga-se: o prazo de 90 dias do
§ 1º do art. 33 também se aplica para a
hipótese do § 3º? A impugnação ao
cumprimento de sentença arbitral também
48
deve ser apresentada no prazo de 90 dias?
Depende:
• se a parte executada quiser alegar algum dos
vícios do art. 32 da Lei nº 9.307/96: ela possui o
prazo de 90 dias. Assim, se já tiver se passado 90
dias da notificação da sentença, ela não poderá
apresentar impugnação alegando um dos vícios
do art. 32.
Art. 32. É nula a sentença arbitral se:
I - for nula a convenção de arbitragem;
II - emanou de quem não podia ser árbitro;
III - não contiver os requisitos do art. 26 desta Lei;
IV - for proferida fora dos limites da convenção de
arbitragem;
V - (Revogado pela Lei nº 13.129/2015)
VI - comprovado que foi proferida por
prevaricação, concussão ou corrupção passiva;
VII - proferida fora do prazo, respeitado o disposto
no art. 12, inciso III, desta Lei; e
VIII - forem desrespeitados os princípios de que
trata o art. 21, § 2º, desta Lei.
* mesmo que já tenha se passado o prazo de 90
dias, a parte ainda poderá alegar uma das
matérias do § 1º do art. 525 do CPC. STJ. 3ª Turma.
REsp 1900136/SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em
06/04/2021 (Info 691).
Art. 525 (...)
§ 1º Na impugnação, o executado poderá alegar:
I - falta ou nulidade da citação se, na fase de
conhecimento, o processo correu à revelia;
II - ilegitimidade de parte;
III - inexequibilidade do título ou inexigibilidade
da obrigação;
IV - penhora incorreta ou avaliação errônea;
V - excesso de execução ou cumulação indevida
de execuções;
VI - incompetência absoluta ou relativa do juízo da
execução;
VII - qualquer causa modificativa ou extintiva da
obrigação, como pagamento, novação,
compensação, transação ou prescrição, desde que
supervenientes à sentença.
*Não é cabível a impugnação ao cumprimento
da sentença arbitral, com base nas nulidades
previstas no art. 32 da Lei nº 9.307/96, após o
prazo decadencial nonagesimal. STJ. 3ª Turma. REsp
1.900.136/SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em
06/04/2021 (Info 691). STJ. 3ª Turma. REsp 1.862.147-MG,
Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 14/09/2021
(Info 709). STJ. 3ª Turma. REsp 1.928.951-TO, Rel. Min.
Nancy Andrighi, julgado em 15/02/2022 (Info 727).
DAS PREFERÊNCIAS E PRIVILÉGIOS
CREDITÓRIOS
*Concurso de credores. Art. 962 do Código Civil.
Múltiplas penhoras. Idêntico privilégio. Forma de
rateio. Proporcionalidade em relação ao valor
dos respectivos créditos. A solvência dos
créditos privilegiados detidos por credores
concorrentes (concurso particular) independe de
se perquirir acerca da anterioridade da penhora,
devendo o rateio do montante constrito ser
SÚMULAS
Súmula STF 149: É imprescritível a ação de
investigação de paternidade, mas não o é a de
petição de herança.
Súmula 412-STJ: A ação de repetição de
indébito de tarifas de água e esgoto sujeita-se
ao prazo prescricional estabelecido no Código
Civil. O prazo prescricional para as ações de
repetição de indébito relativo às tarifas de
serviços de água e esgoto cobradas
indevidamente é de: a) 20 (vinte) anos, na forma
do art. 177 do Código Civil de 1916; ou b) 10
(dez) anos, tal como previsto no art. 205 do
Código Civil de 2002, observando-se a regra de
direito intertemporal, estabelecida no art. 2.028
do Código Civil de 2002. STJ. 1ª Seção. REsp
1.532.514-SP, Rel. Min. Og Fernandes, Primeira Seção,
julgado em 10/5/2017 (recurso repetitivo) (Info 603).
49
Súmula 487 STF: Será deferida a posse a quem,
evidentemente, tiver o domínio, se com base
neste for ela disputada
Súmula 642, STJ: O direito à indenização por
danos morais transmite-se com o falecimento do
titular, possuindo os herdeiros da vítima
legitimidade ativa para ajuizar ou prosseguir a
ação indenizatória.
Súmula 655, STJ: Aplica-se à união estável
contraída por septuagenário o regime da
separação obrigatória de bens, comunicando-se
os adquiridos na constância, quando
comprovado o esforço comum.
Súmula 656-STJ: É válida a cláusula de
prorrogação automática de fiança na renovação
do contrato principal. A exoneração do fiador
depende da notificação prevista no art. 835 do
Código Civil. STJ. 2ª Seção. Aprovada em
09/11/2022.
Súmula 358-STJ: O cancelamento de pensão
alimentícia de filho que atingiu a maioridade está
sujeito à decisão judicial, mediante contraditório,
ainda que nos próprios autos.
TESES REPERCUSSÃO GERAL
Tema 312, RE 580963, julgado em 19/04/2013 -
É inconstitucional, por omissão parcial, o
parágrafo único do art. 34 da Lei 10.741/2003
(Estatuto do Idoso).
Tema 349, RE 611639, julgado em 21/10/2015 -
É constitucional o § 1º do artigo 1.361 do Código
Civil no que revela a possibilidade de ter-se
como constituída a propriedade fiduciária de
veículos com o registro do contrato na
repartição competente para o licenciamento do
bem.
Tema 492, RE 695911, julgado em 18/12/2020 -
É inconstitucional a cobrança por parte de
associação de taxa de manutenção e
conservação de loteamento imobiliário urbano
de proprietário não associado até o advento da
Lei nº 13.465/17, ou de anterior lei municipal que
discipline a questão, a partir da qual se torna
possível a cotização dos proprietários de
imóveis, titulares de direitos ou moradores em
loteamentos de acesso controlado, que i) já
possuindo lote, adiram ao ato constitutivo das
entidades equiparadas a administradoras de
imóveis ou (ii) sendo novos adquirentes de lotes,
o ato constitutivo da obrigação esteja registrado
no competente Registro de Imóveis.
Tema 622, RE 898060, julgado em 21/09/2016 -
A paternidade socioafetiva, declarada ou não em
registro público, não impede o reconhecimento
do vínculo de filiação concomitante baseado na
origem biológica, com os efeitos jurídicos
próprios.
Tema 782, RE 778889, julgado em 10/03/2016 -
Os prazos da licença adotante não podem ser
inferiores aos prazos da licença gestante, o
mesmo valendo para as respectivas
prorrogações. Em relação à licença adotante, não
é possível fixar prazos diversos em função da
idade da criança adotada.
Tema 786, RE 1010606, julgado em 11/02/2021
- É incompatível com a Constituição a ideia de
um direito ao esquecimento, assim entendido
como o poder de obstar, em razão da passagem
do tempo, a divulgação de fatos ou dados
verídicos e licitamente obtidose publicados em
meios de comunicação social analógicos ou
digitais. Eventuais excessos ou abusos no
exercício da liberdade de expressão e de
informação devem ser analisados caso a caso, a
partir dos parâmetros constitucionais -
especialmente os relativos à proteção da honra,
da imagem, da privacidade e da personalidade
em geral - e as expressas e específicas previsões
legais nos âmbitos penal e cível.
50
Tema 791, RE 670422, julgado em 15/08/2018 -
I) O transgênero tem direito fundamental
subjetivo à alteração de seu prenome e de sua
classificação de gênero no registro civil, não se
exigindo, para tanto, nada além da manifestação
de vontade do indivíduo, o qual poderá exercer
tal faculdade tanto pela via judicial como
diretamente pela via administrativa; II) Essa
alteração deve ser averbada à margem do
assento de nascimento, vedada a inclusão do
termo 'transgênero'; III) Nas certidões do
registro não constará nenhuma observação
sobre a origem do ato vedada a expedição de
certidão de inteiro teor, salvo a requerimento do
próprio interessado ou por determinação
judicial; IV) Efetuando-se o procedimento pela
via judicial, caberá ao magistrado determinar de
ofício ou a requerimento do interessado a
expedição de mandados específicos para a
alteração dos demais registros nos órgãos
públicos ou privados pertinentes, os quais
deverão preservar o sigilo sobre a origem dos
atos.
Tema 809, RE 878694, julgado em 10/05/2017 -
É inconstitucional a distinção de regimes
sucessórios entre cônjuges e companheiros
prevista no art. 1.790 do CC/2002, devendo ser
aplicado, tanto nas hipóteses de casamento
quanto nas de união estável, o regime do art.
1.829 do CC/2002. (A mesma tese foi fixada para
o Tema 498
Tema 815, RE 422349, julgado em 29/04/2015 -
Preenchidos os requisitos do art. 183 da
Constituição Federal, o reconhecimento do
direito à usucapião especial urbana não pode ser
obstado por legislação infraconstitucional que
estabeleça módulos urbanos na respectiva área
em que situado o imóvel (dimensão do lote).
Tema 932, RE 828040, julgado em 05/09/2019 -
O artigo 927, parágrafo único, do Código Civil é
compatível com o artigo 7º, XXVIII, da
Constituição Federal, sendo constitucional a
responsabilização objetiva do empregador por
danos decorrentes de acidentes de trabalho, nos
casos especificados em lei, ou quando a
atividade normalmente desenvolvida, por sua
natureza, apresentar exposição habitual a risco
especial, com potencialidade lesiva e implicar ao
trabalhador ônus maior do que aos demais
membros da coletividade.
Tema 985, Repetitivos STJ: O reconhecimento
da usucapião extraordinária, mediante o
preenchimento dos requisitos específicos, não
pode ser obstado em razão de a área
usucapienda ser inferior ao módulo estabelecido
em lei municipal.
Tema 1127, RE 1307334, julgado em 10/03/2022
- É constitucional a penhora de bem de família
pertencente a fiador de contrato de locação, seja
residencial, seja comercial.
PERGUNTAS E RESPOSTAS
A - O direito real de habitação exige o registro
imobiliário? O registro não é exigido. Conforme
a jurisprudência do STJ, o direito real de
habitação é decorrente do direito sucessório e,
ao contrário do direito instituído inter vivos, não
necessita ser registrado no Cartório de Registro
de Imóveis. Nesses termos, há direito sucessório
exercitável desde a abertura da sucessão, de
sorte que, a partir desse momento, terá o
cônjuge ou companheiro sobrevivente
instrumentos processuais para garantir o
exercício do direito de habitação, inclusive, por
meio dos interditos possessórios.
B - A companheira sobrevivente faz jus ao
direito real de habitação? A companheira faz
jus ao direito real de habitação. Conforme
jurisprudência do STJ, ainda que o Código Civil
tenha silenciado quanto à extensão desse direito
ao companheiro sobrevivente, a regra contida no
art. 226, §3º, da Constituição Federal reconhece
51
a união estável entre homem e mulher como
entidade familiar, não se permitindo extrair
efeitos discriminatórios entre cônjuge e
companheiro, considerando-se, outrossim, que
o Supremo Tribunal Federal reconheceu a
inconstitucionalidade do art. 1.790 do CC tendo
em vista a marcante e inconstitucional
diferenciação entre os regimes sucessórios do
casamento e da união estável, inclusive na
hipótese de união homoafetiva. Ademais, ainda
de acordo com a Corte Superior, o direito real de
habitação sobre o imóvel que servia de
residência do casal deve ser conferido ao
companheiro sobrevivente não apenas quando
houver descendentes comuns, mas também
quando concorrerem filhos exclusivos do de
cujos.
C - Ainda que tenha adquirido outro imóvel
residencial com o dinheiro recebido do
seguro de vida do de cujus, caberia tal direito
à companheira sobrevivente? O fato de a
companheira ter adquirido outro imóvel
residencial com o dinheiro recebido pelo seguro
de vida do de cujus não resulta exclusão do
direito real de habitação referente ao imóvel em
que residia com seu companheiro, ao tempo da
abertura da sucessão, uma vez que, segundo o
art. 794 do CC, no seguro de vida, para o caso de
morte, o capital estipulado não está sujeito às
dívidas do segurado, nem se considera herança
para todos os efeitos de direito. Dessa forma, se
o dinheiro do seguro não se insere no
patrimônio do de cujus, não há falar em restrição
ao direito real de habitação, porquanto o imóvel
adquirido pela companheira sobrevivente não
faz parte dos bens a inventariar.
*Em relação à ação de sonegados, responda,
justificadamente:
1 – Qual o conceito de sonegados? Qual a sua
previsão legal?
Sonegados são os bens que deveriam ter sido
inventariados ou trazidos à colação, sendo
ocultados pelo inventariante ou por algum dos
herdeiros, vale dizer, é tudo aquilo que deveria
entrar em partilha, porém foi ciente e
conscientemente omitido na descrição de bens
pelo inventariante, não restituído pelo mesmo
por sucessor universal, ou doado a herdeiro e
não trazido à colação pelo beneficiado pela
liberalidade. A pena de sonegados encontra
previsão no art. 1.992, do CCB 2002, de sorte que
vem a ser uma sanção ou penalidade civil
imposta para os casos mencionados, de
ocultação de bens da herança, gerando a perda
do direito sobre os bens ocultados.
2 – Qual o pressuposto para aplicação da pena
de perda do direito sobre os bens sonegados?
A intenção de ocultação dos bens pelo
inventariante ou dos herdeiros é pressuposto
para aplicação da pena de perda do direito sobre
os bens sonegados. Ademais, para que haja
interesse processual para propositura de ação de
sonegados, é necessário que haja uma
declaração da inventariante no sentido de não
existir mais nada a acrescer ao inventário. Cabe
menção ao recente entendimento do STJ, no
sentido de que é possível aplicar a pena de
perdimento da herança aos herdeiros, ainda que
estes não tenham sido interpelados
pessoalmente, quando comprovados o
conhecimento acerca da ocultação de bens da
herança e o dolo existente na conduta de
sonegação desses bens
3 - Imóvel omitido em ação de inventário
pode ser bloqueado se houver suspeita de
sonegação? Cite exemplo.
É possível, ainda que tenha transcorrido todo o
processo de inventário, caso não haja a
comunicação nos autos quanto à existência de
eventual bem que deveria ter sido inventariado
ou trazido à colação. A título de exemplo, cite-se
52
bem doado por ascendente à descendente, o
que importa adiantamento da legítima,
consoante art. 544 do Código Civil, e que o
obriga, para igualar as legítimas, a conferir o
valor da mencionada liberalidade, sob pena de
sonegação, especialmente se a medidacautelar
não acarretar prejuízo ao herdeiro supostamente
beneficiado.
*Conceitue o abuso de direito, aponte seu
fundamento legal no Código Civil e cite suas
modalidades específicas, conceituando-as:
SUGESTÃO DE RESPOSTA: Trata-se de
modalidade de responsabilidade civil
extracontratual (ou aquiliana) prevista no art.
187, do CC. Pela análise do dispositivo, conclui-
se que a definição do abuso de direito está
baseada em quatro cláusulas gerais que devem
ser preenchidas pelo Juiz no caso concreto, quais
sejam: fim social, fim econômico, boa-fé e bons
constumes. É considerado, portanto, um ato
jurídico de objeto lícito, mas cujo exercício,
levado a efeito sem a devida regularidade,
acarreta um resultado que se considera ilícito.
Em outros termos, o ato é lícito pelo conteúdo;
porém, ilícito pelas consequências. Apontam-se
como principais modalidades específicas: 1)
proibição do comportamento contraditório, que
surge da violação ao princípio da confiança, o
qual obsta que alguém possa contradizer o seu
próprio comportamento, após ter produzido em
outra pessoa, por conta de uma conduta inicial,
uma determinada expectativa; 2) supressio e
surrectio, de modo que supressio é o fenômeno
da perda, supressão de determinada faculdade
jurídica pelo decurso do tempo, ao revés da
surrectio, que se refere ao fenômeno inverso,
vale dizer, o surgimento de uma situação de
vantagem para alguém em razão do não
exercício, por outrem, de um determinado
direito, cerceada a possibilidade de vir a exercê-
lo posteriormente; 3) tu quoque, que ocorre
quando alguém viola uma determinada norma
jurídica e, posteriormente, busca tirar proveito
da situação, como ocorre, a título de exemplo, na
exceção de contrato não cumprido; 4) dever de
mitigar o prejuízo, o qual impõe um
comportamento ético por parte do credor,
consistente em não prejudicar o devedor,
buscando-se evitar o agravamento desse último,
mediante colaboração na tomada de medidas
cabíveis para buscar que o dano sofrido se
restrinja as menores proporções possíveis.
* O que é a teoria do absenteísmo? “No
âmbito da teoria da responsabilidade civil, tem
aplicação no seguro de danos automobilísticos,
em que o segurado deve se portar como se não
houvesse seguro em relação ao interesse
segurado (princípio do absenteísmo). Isso é,
deve abster-se de tudo que possa incrementar,
de forma desarrazoada o risco contratual,
sobretudo se confiar o automóvel a outrem, sob
pena de haver no âmbito do direito securitário
uma espécie de “salvo conduto” para terceiros
que queiram dirigir embriagados, o que feriria a
função social do contrato de seguro, por
estimular comportamentos danosos à
sociedade.” (AgInt. No AREsp. 1.039.613/SP)
ATUALIZAÇÕES LEGISLATIVAS
*Alteração legislativa: Lei 14.382/2022 (entrou
em vigor em 28/06/2022)
Art. 56. A pessoa registrada poderá, após ter
atingido a maioridade civil, requerer pessoalmente
e imotivadamente a alteração de seu prenome,
independentemente de decisão judicial, e a
alteração será averbada e publicada em meio
eletrônico.
• agora, o art. 56 só trata de alteração de
prenome (o art. 57 disciplina mudança de
sobrenome).
• não precisa declarar qualquer motivo (continua
sendo uma troca imotivada).
53
• pode ocorrer a qualquer tempo depois de
atingida a maioridade civil (depois de 18 anos
até a morte da pessoa).
* Atualizações legislativas
- Revogada a EIRELI
- Assembleia geral por meio eletrônico
Art. 48-A. As pessoas jurídicas de direito privado,
sem prejuízo do previsto em legislação especial e
em seus atos constitutivos, poderão realizar suas
assembleias gerais por meio eletrônico, inclusive
para os fins do disposto no art. 59 deste Código,
respeitados os direitos previstos de participação e
de manifestação. (Incluído pela Lei nº 14.382, de 2022)
- Prescrição intercorrente
Art. 206-A. A prescrição intercorrente observará o
mesmo prazo de prescrição da pretensão,
observadas as causas de impedimento, de
suspensão e de interrupção da prescrição
previstas neste Código e observado o disposto no
art. 921 da Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015
(Código de Processo Civil). (Redação dada pela Lei nº
14.382, de 2022)
- Administrador não sócio
Art. 1.061. A designação de administradores não
sócios dependerá da aprovação de, no mínimo,
2/3 (dois terços) dos sócios, enquanto o capital
não estiver integralizado, e da aprovação de
titulares de quotas correspondentes a mais da
metade do capital social, após a integralização.
(Redação dada pela Lei nº 14.451, de 2022)
- Mudança de quórum de deliberação na
Limitada
Art. 1.076. Ressalvado o disposto no art. 1.061, as
deliberações dos sócios serão tomadas (Redação
dada pela Lei nº 13.792, de 2019)
II - pelos votos correspondentes a mais da metade
do capital social, nos casos previstos nos incisos II,
III, IV, V, VI e VIII do caput do art. 1.071 deste
Código; (Redação dada pela Lei nº 14.451, de 2022)
Hipóteses:
II - a designação dos administradores, quando
feita em ato separado;
III - a destituição dos administradores;
IV - o modo de sua remuneração, quando não
estabelecido no contrato;
V - a modificação do contrato social;
VI - a incorporação, a fusão e a dissolução da
sociedade, ou a cessação do estado de liquidação;
VIII - o pedido de concordata.
- Estabelecimento
Art. 1142, § 1º O estabelecimento não se
confunde com o local onde se exerce a atividade
empresarial, que poderá ser físico ou virtual.
(Incluído pela Lei nº 14.382, de 2022)
§ 2º Quando o local onde se exerce a atividade
empresarial for virtual, o endereço informado para
fins de registro poderá ser, conforme o caso, o
endereço do empresário individual ou o de um
dos sócios da sociedade empresária. (Incluído pela Lei
nº 14.382, de 2022)
§ 3º Quando o local onde se exerce a atividade
empresarial for físico, a fixação do horário de
funcionamento competirá ao Município,
observada a regra geral prevista no inciso II do
caput do art. 3º da Lei nº 13.874, de 20 de
setembro de 2019. (Incluído pela Lei nº 14.382, de 2022)
- Designação do objeto social facultativa
Art. 1.160. A sociedade anônima opera sob
denominação integrada pelas expressões
‘sociedade anônima’ ou ‘companhia’, por extenso
ou abreviadamente, facultada a designação do
objeto social. (Redação dada pela Lei nº 14.382, de 2022)
Parágrafo único. Pode constar da denominação o
nome do fundador, acionista, ou pessoa que haja
concorrido para o bom êxito da formação da
empresa.
Art. 1.161. A sociedade em comandita por ações
pode, em lugar de firma, adotar denominação
aditada da expressão ‘comandita por ações’,
54
facultada a designação do objeto social.
(Redação dada pela Lei nº 14.382, de 2022)
- Condomínio – quórum e assembleia eletrônica
Art. 1.351. Depende da aprovação de 2/3 (dois
terços) dos votos dos condôminos a alteração da
convenção, bem como a mudança da destinação
do edifício ou da unidade imobiliária. (Redação dada
pela Lei nº 14.405, de 2022)
Art. 1.354-A. A convocação, a realização e a
deliberação de quaisquer modalidades de
assembleia poderão dar-se de forma eletrônica,
desde que: (Incluído pela Lei nº 14.309, de 2022)
I - tal possibilidade não seja vedada na convenção
de condomínio; (Incluído pela Lei nº 14.309, de 2022)
II - sejam preservados aos condôminos os direitos
de voz, de debate e de voto. (Incluído pela Lei nº
14.309, de 2022)
§ 1º Do instrumento de convocação deverá
constar que a assembleia será realizada por meio
eletrônico, bem como as instruções sobre acesso,
manifestação e forma de coleta de votos dos
condôminos. (Incluído pela Lei nº 14.309, de 2022)
§ 2º A administração do condomínio não poderá
ser responsabilizada porproblemas decorrentes
dos equipamentos de informática ou da conexão
à internet dos condôminos ou de seus
representantes nem por quaisquer outras
situações que não estejam sob o seu controle.
(Incluído pela Lei nº 14.309, de 2022)
§ 3º Somente após a somatória de todos os votos
e a sua divulgação será lavrada a respectiva ata,
também eletrônica, e encerrada a assembleia
geral. (Incluído pela Lei nº 14.309, de 2022)
§ 4º A assembleia eletrônica deverá obedecer aos
preceitos de instalação, de funcionamento e de
encerramento previstos no edital de convocação e
poderá ser realizada de forma híbrida, com a
presença física e virtual de condôminos
concomitantemente no mesmo ato. (Incluído pela Lei
nº 14.309, de 2022)
§ 5º Normas complementares relativas às
assembleias eletrônicas poderão ser previstas no
regimento interno do condomínio e definidas
mediante aprovação da maioria simples dos
presentes em assembleia convocada para essa
finalidade. (Incluído pela Lei nº 14.309, de 2022)
§ 6º Os documentos pertinentes à ordem do dia
poderão ser disponibilizados de forma física ou
eletrônica aos participantes. (Incluído pela Lei nº 14.309,
de 2022)
- Condomínio de Lotes
Art. 1358-A, § 2º Aplica-se, no que couber, ao
condomínio de lotes: (Redação dada pela Lei nº 14.382,
de 2022)
I - o disposto sobre condomínio edilício neste
Capítulo, respeitada a legislação urbanística; e
(Incluído pela Lei nº 14.382, de 2022)
II - o regime jurídico das incorporações
imobiliárias de que trata o Capítulo I do Título II da
Lei nº 4.591, de 16 de dezembro de 1964,
equiparando-se o empreendedor ao incorporador
quanto aos aspectos civis e registrários. (Incluído
pela Lei nº 14.382, de 2022)
- Direito de Laje
Art. 1.510-E. A ruína da construção-base implica
extinção do direito real de laje, salvo: (Incluído pela
Lei nº 13.465, de 2017)
I - se este tiver sido instituído sobre o subsolo;
(Incluído pela Lei nº 13.465, de 2017)
II - se a construção-base for reconstruída no prazo
de 5 (cinco) anos. (Redação dada pela Lei nº 14.382, de
2022)
55
PROCESSO CIVIL
* Após a alteração do art. 921, § 5º, do CPC/15,
promovida pela Lei n. 14.195/2021, o
reconhecimento da prescrição intercorrente e
a consequente extinção do processo obstam
a condenação da parte que deu causa à ação
ao pagamento de honorários sucumbenciais.
Info 759/22 STJ.
* Informativo nº 663 - 14 de fevereiro de 2020 -
TERCEIRA TURMA – Processo - REsp 1.738.656-
RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi, Terceira Turma, por
unanimidade, julgado em 03/12/2019, DJe
05/12/2019 - Ramo do Direito - DIREITO CIVIL E
PROCESSUAL CIVIL – Tema - Ação de inventário.
Negócio jurídico entre os herdeiros. Inexistência
de celebração de negócio jurídico processual
atípico (art. 190 do CPC/2015). Objeto e
abrangência que não podem ser subtraídas do
Poder Judiciário – DESTAQUE - A fixação de
determinado valor a ser recebido
mensalmente pelo herdeiro a título de
adiantamento de herança não configura
negócio jurídico processual atípico na forma
do art. 190, caput, do CPC/2015.
INFORMAÇÕES DO INTEIRO TEOR: Cinge-se a
discussão a definir se a fixação de determinado
valor a ser recebido mensalmente pelo herdeiro
a título de adiantamento de herança configura
negócio jurídico processual atípico na forma do
art. 190, caput, do CPC/2015.
O CPC/2015, AO ESTABELECER, EM SEU ART.
190, CAPUT, UMA CLÁUSULA GERAL DE
NEGOCIAÇÃO POR MEIO DA QUAL SE
CONCEDEM ÀS PARTES MAIS PODERES PARA
CONVENCIONAR SOBRE MATÉRIA
PROCESSUAL, MODIFICA, SUBSTANCIALMENTE,
A DISCIPLINA LEGAL SOBRE O TEMA, DE MODO
QUE, A PARTIR DE SUA ENTRADA EM VIGOR, É
ADMISSÍVEL A CELEBRAÇÃO DE NEGÓCIOS
PROCESSUAIS NÃO ESPECIFICADOS NA
LEGISLAÇÃO, ISTO É, ATÍPICOS.
Assim, O QUE SE PRETENDE PERMITIR UMA
MAIOR PARTICIPAÇÃO E CONTRIBUIÇÃO DAS
PARTES PARA A OBTENÇÃO DA TUTELA
JURISDICIONAL EFETIVA, CÉLERE E JUSTA, SEM
DESPIR O JUIZ, TODAVIA, DE UMA GAMA
SUFICIENTEMENTE AMPLA DE PODERES
ESSENCIAIS PARA QUE SE ATINJA ESSE
RESULTADO.
Na hipótese, convencionaram os herdeiros que
todos eles fariam jus a uma retirada mensal para
custear as suas despesas ordinárias, a ser
antecipada com os frutos e os rendimentos dos
bens pertencentes ao espólio, até que fosse
ultimada a partilha, não tendo havido consenso,
contudo, quanto ao exato valor da retirada
mensal de um dos herdeiros, de modo que
coube ao magistrado arbitrá-lo.
A CONCLUSÃO DO ACÓRDÃO PROFERIDO POR
OCASIÃO DO JULGAMENTO DOS EMBARGOS
DE DECLARAÇÃO FOI DE QUE A MODIFICAÇÃO
DO VALOR ARBITRADO JUDICIALMENTE NÃO
SERIA POSSÍVEL EM VIRTUDE DA CONVENÇÃO
PROCESSUAL QUE HAVIA SIDO CELEBRADA
ENTRE AS PARTES.
OCORRE QUE A SUPERVENIENTE PRETENSÃO
DO HERDEIRO, QUE BUSCA A MAJORAÇÃO DO
VALOR QUE HAVIA SIDO ARBITRADO
JUDICIALMENTE EM MOMENTO ANTERIOR,
FUNDADA NA POSSIBILIDADE DE AUMENTO
SEM PREJUÍZO AO ESPÓLIO E NA NECESSIDADE
DE FIXAÇÃO DE UM NOVO VALOR EM RAZÃO
DE MODIFICAÇÃO DE SUAS CONDIÇÕES NÃO
ESTÁ ABRANGIDA PELA CONVENÇÃO
ANTERIORMENTE FIRMADA.
ADMITIR QUE O REFERIDO ACORDO, QUE
SEQUER SE PODE CONCEITUAR COMO UM
NEGÓCIO PROCESSUAL PURO, POIS O SEU
OBJETO É O PRÓPRIO DIREITO MATERIAL QUE
SE DISCUTE E QUE SE PRETENDE OBTER NA
AÇÃO DE INVENTÁRIO, IMPEDIRIA NOVO
EXAME DO VALOR A SER DESTINADO AO
HERDEIRO PELO PODER JUDICIÁRIO,
56
RESULTARIA NA CONCLUSÃO DE QUE O JUIZ
TERIA SE TORNADO IGUALMENTE SUJEITO DO
NEGÓCIO AVENÇADO ENTRE AS PARTES e,
como é cediço, O JUIZ NUNCA FOI, NÃO É E
NEM TAMPOUCO PODERÁ SER SUJEITO DE
NEGÓCIO JURÍDICO MATERIAL OU
PROCESSUAL QUE LHE SEJA DADO
CONHECER NO EXERCÍCIO DA JUDICATURA,
ESPECIALMENTE PORQUE OS NEGÓCIOS
JURÍDICOS PROCESSUAIS ATÍPICOS
AUTORIZADOS PELO NOVO CPC SÃO
APENAS OS BILATERAIS, ISTO É, ÀQUELES
CELEBRADOS ENTRE OS SUJEITOS
PROCESSUAIS PARCIAIS.
Desse modo, a interpretação acerca do objeto e
da abrangência do negócio deve ser restritiva, de
modo a não subtrair do Poder Judiciário o exame
de questões relacionadas ao direito material ou
processual que obviamente desbordem do
objeto convencionado entre os litigantes, sob
pena de ferir de morte o art. 5º, XXXV, da
Constituição Federal e do art. 3º, caput, do novo
CPC.
* Informativo nº 686 - 1º de março de 2021 -
QUARTA TURMA – Processo - REsp 1.810.444-
SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, Quarta Turma,
por unanimidade, julgado em 23/02/2021 -
Ramo do Direito - DIREITO PROCESSUAL CIVIL –
Tema - Negócio jurídico processual. Art. 190 do
CPC/2015. Limites. Contraditório.
Vulnerabilidade da parte. Inexistência. Requisito
de validade. Transação de ato judicial.
Aquiecência do juiz. Necessidade – DESTAQUE -
O negócio jurídico processual que transige
sobre o contraditório e os atos de titularidade
judicial se aperfeiçoa validamente se a ele
aquiescer o juiz.
INFORMAÇÕES DO INTEIRO TEOR - A
CONTROVÉRSIA DOS AUTOS CONSISTE NA
VERIFICAÇÃO DOS POSSÍVEIS LIMITES
IMPOSTOS PELO DIPLOMA LEGAL AO OBJETO
DO NEGÓCIO JURÍDICO PROCESSUAL.
Na hipótese, A QUESTÃO É DEFINIR A
POSSIBILIDADE DAS PARTES ESTIPULAREM, EM
NEGÓCIO JURÍDICO PROCESSUAL PRÉVIO, QUE
HAVERÁ, EM CASO DE INADIMPLEMENTO
CONTRATUAL, O BLOQUEIO DE ATIVOS
FINANCEIROS PARA FINS DE ARRESTO E
PENHORA, EM CARÁTER INAUDITA ALTERA
PARTE E SEM NECESSIDADE DE SE PRESTAR
GARANTIA.
De acordo com a doutrina, o negócio jurídico
processual é "O INSTRUMENTO POR
EXCELÊNCIA DA AUTONOMIA PRIVADA,
CORRESPONDENDO JUSTAMENTE À
MODALIDADE DE ATO LÍCITO QUE PERMITE AO
PARTICULAR ESCOLHER OS EFEITOS A SEREM
PRODUZIDOS, OS QUAIS SERÃO TÃO SOMENTE
RECONHECIDOS E TUTELADOS PELO
ORDENAMENTO NA MEDIDA EM QUE SE
MOSTREM COMPATÍVEIS, ESTRUTURAL E
FUNCIONALMENTE, COM OS LIMITES DA
LEGALIDADE".
O ART. 190 DO CPC/2015 FORMALIZOU A
ADOÇÃODA TEORIA DOS NEGÓCIOS
JURÍDICOS PROCESSUAIS, CONFERINDO,
ASSIM, CERTA FLEXIBILIZAÇÃO
PROCEDIMENTAL AO PROCESSO, tendo em mira
a promoção efetiva do direito material discutido.
É certo que não é de hoje a existência de
hipóteses isoladas e tipificadas de negócios
jurídicos processuais.
Todavia, GANHA DESTAQUE A
SISTEMATICIDADE COM QUE O NOVO CÓDIGO
DE PROCESSO CIVIL ARTICULOU UMA
CLÁUSULA GERAL DE NEGOCIAÇÃO,
CONSAGRANDO A ATIPICIDADE COMO MEIO
APTO À ADEQUAÇÃO DAS DEMANDAS ÀS
ESPECIFICIDADES DA CAUSA E SEGUNDO A
CONVENIÊNCIA DOS LITIGANTES, sempre, é
claro, moldada pelos limites impostos pelo
ordenamento jurídico.
Assim, NÃO SE SUJEITA A UM JUÍZO DE
CONVENIÊNCIA PELO JUIZ, PREVISTA A
57
RECUSA DE SUA APLICAÇÃO "SOMENTE NOS
CASOS DE NULIDADE OU DE INSERÇÃO
ABUSIVA EM CONTRATO DE ADESÃO OU EM
QUE ALGUMA PARTE SE ENCONTRE EM
MANIFESTA SITUAÇÃO DE
VULNERABILIDADE".
A DOUTRINA PRECONIZA QUE, NADA
OBSTANTE, QUANDO EVIDENCIADO UM
CONFLITO ENTRE ALGUMA DAS TÍPICAS
GARANTIAS PROCESSUAIS FORMADORAS DA
TUTELA JUSTA (CONTRADITÓRIO, IGUALDADE,
AMPLA DEFESA) E A MANIFESTAÇÃO VOLITIVA
DAS PARTES, O MAGISTRADO, DIANTE DO
CASO CONCRETO, DEVERÁ REALIZAR UM
EXAME DE PONDERAÇÃO ENTRE OS VALORES
COLIDENTES.
No caso, no exercício da função fundamental de
conferir efetividade às convenções, preservando
a materialidade da garantia constitucional,
consideram-se transpostos os limites impostos à
celebração, em razão de seu objeto.
Ademais, O OBJETO DE NEGOCIAÇÃO
INVESTIGADO MERECE REPRIMENDA TAMBÉM
PELO FATO DE TRANSIGIR SOBRE ATOS DE
TITULARIDADE JUDICIAL.
Nessa linha de intelecção, no que respeita ao
caso concreto, é possível afirmar que TODAS AS
VEZES QUE A SUPRESSÃO DO
CONTRADITÓRIO CONDUZIR À
DESIGUALDADE DE ARMAS NO PROCESSO, O
NEGÓCIO PROCESSUAL, OU A CLÁUSULA
QUE PREVIR TAL SITUAÇÃO, DEVERÁ SER
CONSIDERADO INVÁLIDO.
Noutro ponto, VISLUMBRANDO O JUIZ, NA
ANÁLISE DO INSTRUMENTO, QUE A
TRANSAÇÃO ACERCA DO CONTRADITÓRIO
NÃO TORNA UMA DAS PARTES
VULNERÁVEL, DADA AS PECULIARIDADES
DO CASO, É POSSÍVEL RECONHECER-LHE
VALIDADE.
* Aplicam-se as regras previstas no CPC/1973
para o arbitramento de honorários
advocatícios quando a sentença tenha sido
proferida na vigência deste diploma, ainda
que este título judicial venha a ser reformado,
com a inversão da sucumbência, na vigência
do CPC/2015. STJ. 4ª Turma. EDcl no AgInt no AREsp
674270-SP, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 08/11/2022
(Info 756).
* A superveniência de sentença no processo
principal não conduz, necessariamente, à
perda do objeto do agravo de instrumento
contra decisão interlocutória do mesmo
processo, devendo-se considerar em cada caso
o teor da decisão interlocutória agravada e o
conteúdo da sentença superveniente para o fim
de se verificar prejudicialidade.
CPC – ATUALIZAÇÃO LEGISLATIVA
- Associação de representação de municípios
Art. 75. Serão representados em juízo, ativa e
passivamente: (...)
III - o Município, por seu prefeito, procurador ou
Associação de Representação de Municípios,
quando expressamente autorizada; (Redação dada
pela Lei nº 14.341, de 2022)
§ 5º A representação judicial do Município pela
Associação de Representação de Municípios
somente poderá ocorrer em questões de
interesse comum dos Municípios associados e
dependerá de autorização do respectivo chefe
do Poder Executivo municipal, com indicação
específica do direito ou da obrigação a ser
objeto das medidas judiciais. (Incluído pela Lei nº
14.341, de 2022)
*DIFERENCIAR CAUSAS DE IMPROCEDÊNCIA
LIMINAR DO PEDIDO DAS HIPÓTESES DE
INDEFERIMENTO DA INICIAL*
1º) IMPROCEDÊNCIA LIMINAR DO PEDIDO
(julgamento COM resolução do mérito - art.
487, I)
Art. 332, CPC. Nas causas que dispensem a fase
instrutória, o juiz, independentemente da citação
58
do réu, julgará liminarmente improcedente o
pedido que contrariar:
I - enunciado de súmula do Supremo Tribunal
Federal ou do Superior Tribunal de Justiça;
II - acórdão proferido pelo Supremo Tribunal
Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça em
julgamento de recursos repetitivos;
III - entendimento firmado em incidente de
resolução de demandas repetitivas ou de
assunção de competência;
IV - enunciado de súmula de tribunal de justiça
sobre direito local.
2º) INDEFERIMENTO DA PETIÇÃO INICIAL
(julgamento SEM resolução do mérito - art.
485, I)
Art. 330, CPC. A petição inicial será indeferida
quando:
I - for inepta;
II - a parte for manifestamente ilegítima;
III - o autor carecer de interesse processual;
IV - não atendidas as prescrições dos arts. 106 e
321.
* Na tutela cautelar antecedente, o prazo para
formulação do pedido principal possui natureza
jurídica decadencial, sendo contados em dias
corridos. Assim, é decadencial o prazo de 30
dias para o ajuizamento de ação principal
oriunda de pedido formulado na tutela
cautelar antecedente. STJ.
* Conflito negativo de competência. Juízos
estadual e federal. Direito à saúde. Não inclusão
da União. Opção da parte requerente.
Solidariedade dos entes federados. Competência
da Justiça Estadual. Em demandas relativas a
direito à saúde, é incabível ao juiz estadual
determinar a inclusão da União no polo
passivo da demanda se a parte requerente
optar pela não inclusão, ante a solidariedade
dos entes federados. Inf. 742.
* Execução de título extrajudicial. Bloqueio on
line em conta-corrente e poupança. Quantia de
até 40 (quarenta) salários-mínimos.
Impenhorabilidade. Art. 833, X, do CPC. É
possível ao devedor poupar valores sob a
regra da impenhorabilidade no patamar de
até quarenta salários-mínimos, não apenas
aqueles depositados em cadernetas de
poupança, mas também em conta-corrente
ou em fundos de investimento, ou guardados
em papel-moeda. Inf. 742.
* É válida a penhora do bem de família de
fiador apontado em contrato de locação de
imóvel, seja residencial, seja comercial, nos
termos do inciso VII, do art. 3º da Lei n.
8.009/1990. Inf. 740.
* A prerrogativa de prazo em dobro para as
manifestações processuais também se aplica
aos escritórios de prática jurídica de
instituições privadas de ensino superior. Inf.
740.
* A interferência do Poder Judiciário em regras
de elevada especificidade técnica do setor
elétrico por meio de liminar configura grave
lesão à ordem e à economia pública,
justificando o instituto da suspensão de liminar.
Inf. 739.
* A mera pendência de ação judicial no Brasil
não impede a homologação da sentença
estrangeira, mas a existência de decisão
judicial proferida no Brasil contrária ao
conteúdo da sentença estrangeira impede a
sua homologação. Inf. 739.
* Nas sentenças que reconheçam o direito à
cobertura de tratamento médico e ao
recebimento de indenização por danos
morais, os honorários advocatícios
sucumbenciais incidem sobre as condenações
ao pagamento de quantia certa e à obrigação
de fazer. Inf. 739.
59
* Recuperação judicial. Impugnação à habilitação
de crédito. Contagem do prazo. Dias corridos. O
prazo de 10 (dez) dias, previsto no art. 8º da
Lei n. 11.101/2005, para apresentar
impugnação à habilitação de crédito, deve ser
contado em dias corridos. Inf. 739.
* Litisconsorte passivo. Exclusão. Julgamento
parcial da lide. Honorários advocatícios
sucumbenciais. Fixação de forma proporcional a
matéria decidida. Ofensa ao art. 85, § 2º, do CPC
não caracterizada. Nas hipóteses de
julgamento parcial, como ocorre na decisão
que exclui um dos litisconsortes passivos sem
por fim a demanda, os honorários devem
observar proporcionalmente a matéria
efetivamente apreciada. Inf. 738.
* Nulidade de processo de demarcação.
Discussão da posse indígena de terras.
Litisconsórciopassivo necessário. Comunidade
indígena. Funai. MPF. A comunidade indígena
cuja posse fundiária é questionada em ação
de nulidade de demarcação tem o direito
subjetivo de ser ouvida no processo, na
qualidade de litisconsorte passivo necessário.
Inf. 737.
* O início da execução de sentença proferida
em ação coletiva referente à obrigação de
fazer, em regra, não influi no prazo
prescricional da execução da obrigação de
pagar, salvo se reconhecida a dependência na
decisão transitada em julgado ou no juízo da
execução. Inf. 736.
* Execução. Obrigação de fazer e de pagar.
Pretensões autônomas. Independência dos
prazos prescricionais. O ajuizamento de
execução da obrigação de fazer não
interrompe o prazo para a execução da
obrigação de pagar. Inf. 729.
* Na hipótese de desistência da ação de
desapropriação por utilidade pública, face a
inexistência de condenação e de proveito
econômico, os honorários advocatícios
sucumbenciais observam o valor atualizado
da causa, assim como os limites da Lei das
Desapropriações. Inf. 736.
* Precatórios em favor dos Estados e Municípios.
FUNDEF/FUNDEB. Juros de mora. Pagamento de
honorários advocatícios. Possibilidade. Os juros
de mora incidentes sobre o valor do
precatório devido pela União em ações
propostas em favor dos Estados e dos
Municípios relativos às verbas destinadas ao
FUNDEF/FUNDEB podem ser utilizados para
pagamento de honorários advocatícios
contratuais. Inf. 735.
* Concurso de credores. Art. 962 do Código Civil.
Múltiplas penhoras. Idêntico privilégio. Forma de
rateio. Proporcionalidade em relação ao valor
dos respectivos créditos. A solvência dos
créditos privilegiados detidos por credores
concorrentes (concurso particular) independe
de se perquirir acerca da anterioridade da
penhora, devendo o rateio do montante
constrito ser procedido de forma
proporcional ao valor dos créditos (art. 962 do
CC). Inf. 735.
* Não é cabível extinção da execução pela
ausência de juntada das avenças anteriores e
subjacentes ao contrato de confissão de
dívida. O
instrumento de confissão de dívida constitui
título executivo extrajudicial, sendo que a
possibilidade de discussão dos contratos que
lhe antecedem não retira a sua força executiva,
conforme se pode inferir das Súmulas 286 e
300/STJ. Inf. 735.
* A falta de indicação expressa da norma
constitucional que autoriza a interposição do
recurso especial (alíneas a, b e c do inciso III do
art. 105 da CF) implica o seu não conhecimento
pela incidência da Súmula 284 do STF, salvo,
60
em caráter excepcional, se as razões recursais
conseguem demonstrar, de forma inequívoca, a
hipótese de seu cabimento. Inf. 734.
* Citação. Pessoa Jurídica. Mudança de endereço
comunicada à junta comercial. Ausência de
atualização do endereço no sítio eletrônico da
internet. Carta citatória entregue no endereço
antigo. Nulidade. Inaplicabilidade da teoria da
aparência. Não é possível considerar válida a
citação de pessoa jurídica em seu antigo
endereço, cuja mudança fora comunicada à
Junta Comercial, mas sem alteração no sítio
eletrônico da empresa. Inf. 734.
* Gratuidade de justiça. Microempreendedor
individual - MEI e empresário individual.
Hipossuficiência financeira. Comprovação.
Desnecessidade. Impugnação pela parte adversa
e solicitação de documentos pelo magistrado.
Possibilidade. A concessão da gratuidade de
justiça ao microempreendedor individual -
MEI e ao empresário individual prescinde
(DISPENSA) de comprovação da
hipossuficiência financeira. Inf. 734.
* A prisão civil do devedor de alimentos pode
ser excepcionalmente afastada, quando a
técnica de coerção não se mostrar a mais
adequada e eficaz para obrigá-lo a cumprir
suas obrigações. Inf. 733.
* A declaração de ilegalidade de tarifas
bancárias, com a consequente devolução dos
valores cobrados indevidamente, em ação
ajuizada anteriormente com pedido de forma
ampla, faz coisa julgada em relação ao pedido
de repetição de indébito dos juros
remuneratórios incidentes sobre as referidas
tarifas. Inf. 733.
* Honorários sucumbenciais. Valores da
condenação, da causa ou proveito econômico da
demanda elevados. Fixação por apreciação
equitativa. Impossibilidade. Tema 1076. I) A
fixação dos honorários por apreciação
equitativa não é permitida quando os valores
da condenação, da causa ou o proveito
econômico da demanda forem elevados. É
obrigatória nesses casos a observância dos
percentuais previstos nos §§ 2º ou 3º do artigo
85 do CPC - a depender da presença da Fazenda
Pública na lide, os quais serão
subsequentemente calculados sobre o valor: (a)
da condenação; ou (b) do proveito econômico
obtido; ou (c) do valor atualizado da causa. II)
Apenas se admite arbitramento de honorários
por equidade quando, havendo ou não
condenação: (a) o proveito econômico obtido
pelo vencedor for inestimável ou irrisório; ou (b)
o valor da causa for muito baixo. Inf. 730.
* Existindo interesse jurídico da União no feito,
na condição de assistente simples, a
competência afigura-se da Justiça Federal,
conforme prevê o art. 109, I, da Constituição da
República, motivo pelo qual compete ao
Tribunal Regional Federal o julgamento de
embargos de declaração opostos contra
acórdão proferido pela Justiça Estadual. Inf.
731.
* Nas ações de improbidade administrativa, a
competência da Justiça Federal é definida em
razão da presença das pessoas jurídicas de
direito público previstas no art. 109, I, da
Constituição Federal na relação processual, e
não em razão da natureza da verba federal
sujeita à fiscalização da Tribunal de Contas da
União. Inf. 724.
* Ação civil pública. Restituição de valores
indevidamente pagos a título de empréstimo
compulsório sobre a aquisição de automóveis.
Ministério Público. Ilegitimidade ativa ad
causam. O Ministério Público não tem
legitimidade ativa para ajuizar ação civil
pública objetivando a restituição de valores
indevidamente recolhidos a título de
61
empréstimo compulsório sobre aquisição de
automóveis de passeio e utilitários. Inf. 731.
* Mando de Segurança. Defesa dos interesses
transindividuais e do patrimônio público
material ou imaterial. Ministério Público.
Legitimidade ativa. O Ministério Público possui
legitimidade ativa para impetrar Mandado de
Segurança a fim de promover a defesa dos
interesses transindividuais e do patrimônio
público material ou imaterial. Inf. 732.
* É incabível a interposição de recurso
ordinário contra apelação em mandado de
segurança. Inf. 731.
* Conflito de coisas julgadas. Prevalência da
última decisão que transitou em julgado.
Exceção. Execução ou início da execução do
primeiro título. Prevalência da primeira coisa
julgada. Nos casos em que já executado o
título formado na primeira coisa julgada, ou
se iniciada sua execução, deve prevalecer a
primeira coisa julgada em detrimento
daquela formada em momento posterior. Inf.
728.
* O Município prejudicado é o legitimado para
a execução de crédito decorrente de multa
aplicada por Tribunal de Contas estadual a
agente público municipal, em razão de danos
causados ao erário municipal. Inf. 725.
* O art. 200 do CC/2002 assegura que o prazo
prescricional não comece a fluir antes do
trânsito em julgado da sentença penal,
independentemente do resultado da ação na
esfera criminal. Inf. 732.
* O termo inicial dos juros de mora incidentes
sobre os honorários sucumbenciais dá-se no
dia seguinte ao transcurso do prazo recursal,
ainda que interposto recurso manifestamente
intempestivo. Inf. 731.
* Interesses individuais homogêneos. Execução
coletiva. Associação. Legitimidade ativa
subsidiária. Recuperação fluida (fluid recovery).
Art. 100 do CDC. A legitimidade subsidiária daassociação e dos demais sujeitos previstos no
art. 82 do CDC em cumprimento de sentença
coletiva fica condicionada, passado um ano do
trânsito em julgado, a não haver habilitação
por parte dos beneficiários ou haver em
número desproporcional ao prejuízo, nos
termos do art. 100 do CDC. Inf. 729.
* Doação inoficiosa. Ação de nulidade. Prazo
prescricional. Termo inicial. Regra geral. Data do
registro do ato jurídico. Flexibilização. Ciência
inequívoca anterior ao registro. Na ação de
nulidade de doação inoficiosa, o prazo
prescricional é contado a partir do registro do
ato jurídico que se pretende anular, salvo se
houver anterior ciência inequívoca do
suposto prejudicado. Inf. 729.
* A escolha entre a ação de nulidade e a
impugnação ao cumprimento de sentença em
nada interfere na cristalização ou não da
decadência, de modo que, escoado o prazo de
90 dias para o ajuizamento da ação de nulidade,
não poderá a parte suscitar as hipóteses de
nulidade previstas no art. 32 da Lei de
Arbitragem pela via da impugnação. Inf. 727.
* Apenas a prescrição superveniente à
formação do título pode ser alegada em
cumprimento de sentença. Inf. 726.
* Anterior coexistência de dívidas. Prescrição.
Compensação espontânea. Possibilidade.
Negativa de prova pericial. Cerceamento de
defesa. A prescrição somente obsta a
compensação se for anterior ao momento da
coexistência das dívidas. Inf. 726.
* A interposição de agravo de instrumento
contra decisão que, em ação de exclusão de
sócio, homologa transação quanto à saída da
62
sociedade e fixa critérios para apuração dos
haveres constitui erro grosseiro, inviabilizando
a aplicação do princípio da fungibilidade
recursal. Inf. 725.
* Ação declaratória de reconhecimento de
indignidade com pedido de exclusão de
herdeiro. Possibilidade jurídica do pedido.
Condição da ação no CPC/1973. Questão de
mérito no CPC/2015. Resolução do processo
com mérito. Aptidão para formar coisa julgada
material. Divergência sobre a natureza do rol do
art. 1.814 do CC/2002 e sobre as técnicas
hermenêuticas admissíveis para a sua
interpretação. Pedido juridicamente possível.
Vedado o julgamento de improcedência liminar.
É juridicamente possível o pedido de exclusão
do herdeiro em virtude da prática de ato
infracional análogo ao homicídio, doloso e
consumado, contra os pais, à luz da regra do
art. 1.814, I, do CC/2002. Inf. 725.
* Cooperativa de crédito. Liquidação pelo Banco
Central do Brasil. Submissão ao processo de
falência. Cabimento. Especialidade da Lei n.
6.024/1974 ante a Lei n. 11.101/2005. É possível
a submissão de cooperativa de crédito ao
processo de falência. Inf. 722.
* Locação comercial. Bem de família oferecido
em caução. Impenhorabilidade. É impenhorável
o bem de família oferecido como caução em
contrato de locação comercial. Inf. 732.
* Ação civil pública. Legitimidade ativa ad
causam. Administração pública indireta.
Pertinência temática. Necessidade. A
legitimidade ativa na ação civil pública das
pessoas jurídicas da administração pública
indireta depende da pertinência temática
entre suas finalidades institucionais e o
interesse tutelado. Inf. 731.
* É possível aplicar alteração jurisprudencial aos
recursos pendentes. A alteração de
entendimento jurisprudencial é aplicável aos
recursos pendentes, ainda que tenham sido
interpostos antes da mudança
jurisprudencial. STJ. 3 Turma. AgInt-AREsp 1.996.917/
MT, Rel. Min. Moura Ribeiro, DJE 15/06/2022.
* Para aplicação da multa, prevista no art.
1.021, § 4º, do CPC, exige-se a configuração
da manifesta inadmissibilidade ou
improcedência do recurso. Em regra, descabe a
imposição da multa, prevista no art. 1.021, § 4º,
do Código de Processo Civil de 2015, em razão
do mero improvimento do Agravo Interno em
votação unânime, sendo necessária a
configuração da manifesta inadmissibilidade ou
improcedência do recurso a autorizar sua
aplicação. STJ. 1ª Turma. AgInt-RMS 68.524; Proc.
2022/0076557-1; GO; Relª Min. Regina Helena Costa; DJE
25/05/2022
* A autocomposição judicial, em qualquer de
suas modalidades, pode operar-se por (a)
documento elaborado extrajudicialmente,
que, uma vez juntado aos autos, dispensa a sua
redução a termo; por (b) termo elaborado por
escrivão ou chefe de secretaria (c) durante a
audiência, quando constará em ata. A
autocomposição pode ser homologada
enquanto o processo estiver pendente (art. 139,
V, CPC).
* É possível que a autocomposição seja parcial
- envolva apenas parte do mérito. Nestes casos,
a homologação judicial, que será possível,
não implicará a extinção do processo, mas,
sim, a solução parcial do mérito e o
prosseguimento da causa para o julgamento do
restante. Não será, pois, sentença, mas decisão
interlocutória, impugnável por agravo de
instrumento (art. 354, par. ún., CPC).
* Também é possível que a autocomposição
verse sobre aspecto que esteja fora dos
limites do objeto litigioso. Nada impede que se
incorpore à transação, p. ex., outra lide, estranha
63
a que está sendo discutida, assim como outros
sujeitos (art. 515, § 2º, CPC).
* Essa possibilidade de ampliação do objeto
litigioso para fim de conciliação enfraqueceu
a preclusão determinada no art. 329, II, CPC,
que impõe certa rigidez na alteração objetiva
da demanda. É que agora, antes ou após a
citação, pouco importa o momento, é possível
ampliar o objeto litigioso do processo, ainda que
apenas para que possa ser objeto de um acordo
judicial.
* É possível que a conciliação ocorra fora do
âmbito do processo de conhecimento. É
frequente a autocomposição em processo de
execução (art. 924, III e IV, CPC).
* É vedado, em embargos de declaração, a
inovação recursal. É vedado, em embargos de
declaração, ampliar as questões veiculadas no
recurso para incluir teses que não foram
anteriormente suscitadas, ainda que se trate de
matéria de ordem pública, por configurar
inovação recursal e revelar falta de
prequestionamento, pois o cabimento dessa
espécie recursal restringe-se às hipóteses em
que existe vício no julgado. STJ. 5 Turma. AgRg no
AREsp n. 2.075.781/SP, Rel. Ministro Ribeiro Dantas, DJe de
16/5/2022.
* O prévio recolhimento da multa imposta por
embargos protelatórios é pressuposto
recursal objetivo de admissibilidade de
qualquer impugnação recursal. O prévio
recolhimento da multa processual imposta com
base no art. 1.026, § 2º, do CPC é pressuposto
recursal objetivo de admissibilidade de qualquer
impugnação recursal. STJ. 2ª Seção. AgInt nos EAREsp
1.864.501/SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado
em 3/05/2022.
Art. 356. O juiz decidirá parcialmente o mérito
quando um ou mais dos pedidos formulados ou
parcela deles:
I - mostrar-se incontroverso;
II - estiver em condições de imediato julgamento,
nos termos do art. 355.
§ 1º A decisão que julgar parcialmente o mérito
poderá reconhecer a existência de obrigação
líquida ou ilíquida. A decisão somente pode ser
ilíquida quando a sentença também puder sê-la
§ 2º A parte poderá liquidar ou executar, desde
logo, a obrigação reconhecida na decisão que
julgar parcialmente o mérito, independentemente
de caução, ainda que haja recurso contra essa
interposto.
§ 3º Na hipótese do § 2º, se houver trânsito em
julgado da decisão, a execução será definitiva.
§ 4º A liquidação e o cumprimento da decisão que
julgar parcialmente o mérito poderão ser
processados em autos suplementares, a
requerimento da parte ou a critério do juiz.
§ 5º A decisão proferida com base neste artigo é
impugnável por agravo de instrumento
* A Corte Especial do STJ firmou o entendimento
de que o equívoco na indicação do término do
prazo recursal contido no sistema eletrônico
mantido exclusivamente peloTribunal não
pode ser imputado ao recorrente (EREsp
1805589/MT, relator Ministro Mauro Campbell
Marques, Corte Especial, DJe de 25/11/2020).
Entretanto, também conforme o entendimento
deste Tribunal Superior, para a prorrogação do
prazo é necessária a configuração da justa
causa, que deve ser demonstrada de maneira
efetiva.
O STJ também já reconheceu que apenas o
“print” do sistema não serve para
efetivamente demonstrar justa causa (AgInt
no AREsp 1.640.644/MT, Rel. Ministro Gurgel de
faria, Primeira Turma, julgado em 31/08/2020).
Diante desse cenário, tem-se exigido que a parte
recorrente demonstre, de maneira efetiva, a
justa causa para obter o excepcional
afastamento da intempestividade recursal. STJ.
4ª Turma. AgInt nos EDcl no AREsp 1837057/PR, Rel. Min.
Luis Felipe Salomão, julgado em 29/3/2022 (Info 733).
64
* Não cabe agravo de instrumento contra
decisão interlocutória que verse sobre
instrução probatória; também não cabe
mandado de segurança; essa decisão deverá
ser impugnada por ocasião da apelação. As
decisões interlocutórias sobre a instrução
probatória não são impugnáveis por agravo de
instrumento ou pela via mandamental, sendo
cabível a sua impugnação diferida pela via da
apelação. STJ. 2ª Turma. RMS 65943-SP, Rel. Min. Mauro
Campbell Marques, julgado em 26/10/2021 (Info 715).
* As intervenções de terceiro cabem no
procedimento comum do processo de
conhecimento. Essa é a regra. A assistência, a
intervenção de amicus curiae e o incidente de
desconsideração da personalidade jurídica
também cabem em execução. Há outras
intervenções de terceiro, exclusivas para o
processo de execução. Há intervenção de
terceiro típica para o julgamento de casos
repetitivos, que é a intervenção do membro de
grupo. Há leis que vedam intervenções de
terceiro em determinados procedimentos,
como é o caso dos processos de controle
concentrado de constitucionalidade (art. 7º,
Lei n. 9.868/1999) e no procedimento especial
para o exercício do direito de resposta ou
retificação do ofendido (art. 5º, § 2º, III, Lei n.
13.188/2015).
* A Defensoria Pública não detém legitimidade
para impetrar mandado de segurança coletivo. A
Defensoria Pública não detém legitimidade
para impetrar mandado de segurança
coletivo, não se enquadrando no rol taxativo
dos artigos 5°, LXX, da CF e 21 da Lei
12.016/2009. STJ. 1ª Turma. RMS 51.949/ES, Rel. Min.
Benedito Gonçalves, julgado em 23/11/2021.
* O indeferimento da gratuidade da justiça
depende de prévia intimação para que a parte
requerente proceda à juntada de documentos
hábeis a comprovar a sua hipossuficiência. O
indeferimento da gratuidade da justiça depende
de prévia intimação para que a parte requerente
proceda à juntada de documentos hábeis a
comprovar a sua hipossuficiência, conforme
determina o art. 99, § 2º, do CPC/2015. STJ. 1ª
Turma. AgInt no AgInt no AREsp 1.921.390/SP, Rel. Min.
Manoel Erhardt (Desembargador Convocado do TRF5ª),
julgado em 9/05/2022.
* Falência. É um processo de execução coletiva
que se caracteriza pela universalidade: os
credores concorrem em igualdade, respeitada
a natureza do seu crédito. Embora a menção à
falência possa ser interpretada restritivamente,
para abranger apenas a insolvência comercial,
entende-se que a ressalva constitucional
também se aplica à insolvência civil e à
recuperação judicial.
* O artigo 93, inciso IX, da Constituição
Federal não determina que o órgão judicante
se manifeste sobre todos os argumentos
apresentados pelas partes. O artigo 93, inciso
IX, da Constituição Federal não determina que o
órgão judicante se manifeste sobre todos os
argumentos apresentados pelas partes, mas sim
que ele explicite as razões que entendeu
suficientes à formação de seu convencimento.
STF. Plenário. Ag-RE-AgR 1.374.117-MG. Rel.
Min. Presidente Luiz Fux, DJE 27/05/2022.
* Prevalece a segunda certidão de coisa julgada
para fins de prescrição da pretensão executiva.
Em caso de coexistência de duas certidões de
coisa julgada, deve prevalecer a segunda para
fins de prescrição da pretensão executiva. STJ.
2 Turma, Resp 1.921.188/DF, Rel. Min. Sérgio Kukina,
Julgado em 17/05/2022.
* O princípio do juiz natural não é absoluto. O
princípio do juiz natural não é um obstáculo a
afastamentos justos do juiz que presidiu a
instrução, tais como aposentadoria, licença
por motivo de saúde e até mesmo a morte.
STF. 2ª turma. RHC 212.229 AgR-ED, Rel. Min.
Gilmar Mendes, julgado em 23/05/2022.
65
* A adequação jurisdicional do processo deve ser
precedida de uma intimação às partes, para
preservar o contraditório e respeitar o modelo
cooperativo de processo. As partes não podem
ser surpreendidas com mudanças do
procedimento, sem que se lhes dê a chance de
se adaptarem a elas, alterando, se for o caso,
as suas estratégias processuais. A adequação
jurisdicional do processo de execução está
expressamente prevista em três cláusulas gerais
executivas (arts. 139, IV, 297 e 536, §1 º, CPC).
* O concurso de preferência entre os entes
federados na cobrança judicial dos créditos
tributários e não tributários, previsto no
parágrafo único do art. 187 da Lei no 5.172/66
(Código Tributário Nacional) e no parágrafo
único do art. 29 da Lei no 6.830/80 (Lei de
Execuções Fiscais), não foi recepcionado pela
Constituição Federal de 1988. A Súmula 563 do
STF [O concurso de preferência a que se refere
o parágrafo único, do art.187, do Código
Tributário Nacional, é compatível com o
disposto no art. 9º, inciso I, da Constituição
Federal] foi cancelada. O entendimento contido
na Súmula 497 do STJ [os créditos das
autarquias federais preferem aos créditos da
Fazenda estadual desde que coexistam
penhoras sobre o mesmo bem] está superado.
STF. Plenário. ADPF 357/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado
em 24/6/2021 (Info 1023).
* O Ministério Público é parte legítima para
ajuizar ação civil pública contra a cobrança
abusiva de honorários advocatícios em
demandas previdenciárias envolvendo pessoa
idosa. O Ministério Público é parte legítima para
ajuizar ação civil pública contra a cobrança
abusiva de honorários advocatícios em
demandas previdenciárias envolvendo pessoa
idosa. STJ. 4ª Turma. AgInt no AREsp 1860919/PR, Rel. Min.
Luis Felipe Salomão, julgado em 25/04/2022.
* O estacionamento de veículo em vaga
reservada à pessoa com deficiência não
configura dano moral coletivo. No caso
concreto, o condutor estacionou,
indevidamente, em vaga reservada à pessoa com
deficiência e, por conta disso, foi multado pela
autoridade de trânsito. A despeito da relevância
da tutela coletiva dos direitos da pessoa com
deficiência ou idosa, não há como se afirmar que
a conduta em tela tenha agredido, de modo
intolerável, os valores essenciais da sociedade.
No caso concreto, não há outros elementos que
permitam dizer que a conduta do motorista
tenha atributos de gravidade e intolerabilidade.
A situação se amolda a uma mera infringência à
lei de trânsito, o que é insuficiente para a
caracterização do dano moral coletivo. STJ. 2ª
Turma. AREsp 1927324-SP, Rel. Min. Francisco Falcão,
julgado em 05/04/2022 (Info 732).
PRINCÍPIO DA INEVITABILIDADE
O Princípio da Inevitabilidade é analisado sob
dois aspectos, quais sejam:
a) Citação – ordem de integração compulsória
do processo. Ao ser citado é inevitável a
integração ao processo;
b) Efeitos da jurisdição – as partes estão em
“estado de sujeição no processo”. Ou seja, em
uma situação processual passiva, tendo em vista
que, inevitavelmente, sujeitam-se à decisão do
processo.
* No âmbito do direito privado, é de cinco anos
o prazo prescricional para ajuizamento da
execução individual em pedido de
cumprimento de sentença proferida em ação
civil pública(Tema 515). STJ. 4ª Turma. EDcl no REsp
1569684-SP, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 25/10/2022
(Info 756).
* DEVER DE FUNDAMENTAÇÃO. Incorre em
negativa de prestação jurisdicional o tribunal
que prolata acórdão que, para resolver a
controvérsia, apoia-se em princípios jurídicos
sem proceder à necessária densificação, bem
como emprega conceitos jurídicos
66
indeterminados sem explicar o motivo
concreto de sua incidência no caso. STJ, REsp
1.999.967-AP, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, Segunda
Turma, por unanimidade, julgado em 17/08/2022 (Info.
745).
CITAÇÃO
A juntada nos autos de simples manifestação
da União informando o envio de ofício para
cumprir a liminar, antes de despacho
determinando a sua citação para responder a
ação, não configura comparecimento
espontâneo apto a suprir a falta de citação,
nos termos do art. 239, § 1º, do CPC. Houve
quebra de legítima expectativa da União de que
seria citada para oferta da contestação. Isso
porque depois de a União ter informado sobre a
expedição do ofício, o magistrado determinou a
expedição de mandado de citação, o que não
aconteceu. STJ. 2ª Turma. REsp 1.904.530-PE, Rel. Min.
Francisco Falcão, julgado em 08/03/2022 (Info 728).
Na ação de reintegração exige-se a citação de
todos os que exercem a posse simultânea do
imóvel, considerando que são litisconsortes
passivos necessários. A ausência da citação de
litisconsorte passivo necessário enseja a
nulidade da sentença. Na linha da
jurisprudência desta Corte, o vício na citação
caracteriza-se como vício transrescisório, que
pode ser suscitado a qualquer tempo, inclusive
após escoado o prazo para o ajuizamento da
ação rescisória, mediante simples petição, por
meio de ação declaratória de nulidade (querela
nullitatis) ou impugnação ao cumprimento de
sentença. STJ, REsp 1.811.718-SP, Rel. Min. Ricardo Villas
Bôas Cueva, Terceira Turma, por unanimidade, julgado em
02/08/2022, DJe 05/08/2022 (Info. 743).
COMPETÊNCIA
A competência para julgar mandado de
segurança contra ato do ato do Controlador-
Geral do Distrito Federal é do juízo de 1ª
instância (Vara da Fazenda Pública), ele não é
considerado Secretário de Governo, para fins de
competência do TJDFT. STJ. 2ª Turma. RMS 57.943-DF,
Rel. Min. Francisco Falcão, julgado em 08/03/2022 (Info
728).
PROCEDIMENTOS
É inconstitucional lei estadual que institua
sanções por litigância de má-fé e que altere
critérios para gratuidade judicial; por outro
lado, a lei estadual pode fixar custas mais
elevadas para causas consideradas de alto
valor ou alta complexidade. STF. Plenário. ADI
7063/RJ, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 3/6/2022 (Info
1057).
O sócio executado possui legitimidade e
interesse recursal para impugnar a decisão
que defere o pedido de desconsideração
inversa da personalidade jurídica dos entes
empresariais dos quais é sócio. Na
desconsideração inversa da personalidade
jurídica, por sua vez, verifica-se que o resultado
do respectivo incidente pode interferir não
apenas na esfera jurídica do devedor (decorrente
do surgimento de eventual direito de regresso
da sociedade em seu desfavor ou do
reconhecimento do seu estado de insolvência),
mas também na relação jurídica de material
estabelecida entre ele e os demais sócios do ente
empresarial, como porventura a ingerência na
affectio societatis. Desse modo, sobressaem o
interesse e a legitimidade do sócio devedor,
tanto para figurar no polo passivo do incidente
de desconsideração inversa da personalidade
jurídica, quanto para recorrer da decisão que lhe
ponha fim, seja na condição de parte vencida,
seja na condição de terceiro em relação ao
incidente, em interpretação sistemática dos arts.
135 e 996 do Código de Processo Civil de 2015,
notadamente para questionar sobre a presença
ou não, no caso concreto, dos requisitos
ensejadores ao deferimento do pedido. STF, REsp
1.980.607-DF, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, Terceira
Turma, por unanimidade, julgado em 09/08/2022, DJe
12/08/2022 (Info. 744).
67
O comparecimento de advogado com o
escopo de juntar procurações somente tem o
condão de configurar comparecimento
espontâneo se houver, na procuração,
poderes específicos para receber citação, ou
para atuação específica naquele processo, o
que não ocorreu no caso em tela. STJ, RHC 168.440-
MT, Rel. Min. Raul Araújo, Quarta Turma, por unanimidade,
julgado em 16/08/2022 (Info. 745).
Às entidades beneficentes prestadoras de
serviços à pessoa idosa, em razão do seu
caráter filantrópico ou sem fim lucrativo e da
natureza do público atendido, é assegurado o
direito ao benefício da assistência judiciária
gratuita, independentemente da
comprovação da insuficiência econômica. STJ,
REsp 1.742.251-MG, Rel. Min. Sérgio Kukina, Primeira
Turma, por unanimidade, julgado em 23/08/2022 (Info.
746).
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS
Verificada a existência de sucumbência
recíproca, os honorários e ônus decorrentes
devem ser distribuídos adequada e
proporcionalmente, levando-se em
consideração o grau de êxito de cada um dos
envolvidos, bem como os parâmetros dispostos
no art. 85, § 2º, do CPC/2015. STJ, EDcl no AgInt nos
EDcl no AREsp 1.553.027-RJ, Rel. Min. Marco Buzzi, Quarta
Turma, por unanimidade, julgado em 03/05/2022, DJe
06/05/2022 (Info 739).
Os honorários advocatícios de sucumbência,
quando vencedora a Fazenda Pública,
integram o patrimônio da entidade estatal,
não constituindo direito autônomo do
procurador judicial. Assim, ao contrário do que
afirmou o agravante, a jurisprudência
consolidada do STJ é no sentido de que os
"honorários advocatícios de sucumbência,
quando vencedora a Fazenda Pública, integram
o patrimônio da entidade estatal, não
constituindo direito autônomo do procurador
judicial, o que viabiliza sua compensação" (RCD
no REsp 1861943/DF, Rel. Ministro Og
Fernandes, Segunda Turma, julgado em
05/10/2021, DJe 26/10/2021), e ainda prevalece
nos recentes julgados desta Corte. STJ, AgInt no
AREsp 1.834.717-SP, Rel. Min. Mauro Campbell Marques,
Segunda Turma, por unanimidade, julgado em 10/05/2022,
DJe 19/05/2022 (Info 743).
O STF na ADI 6053/DF declarou a
constitucionalidade da percepção de
honorários de sucumbência pelos advogados
públicos e conferiu interpretação conforme à
Constituição ao art. 23 da Lei 8.906/1994, ao art.
85, § 19, da Lei 13.105/2015, e aos arts. 27 e 29 a
36 da Lei 13.327/2016, estabelecer que a
somatória dos subsídios e honorários de
sucumbência percebidos mensalmente pelos
advogados públicos não poderá exceder ao
teto dos Ministros do Supremo Tribunal
Federal.
No processo de Mandado de Segurança
individual, não cabem honorários
advocatícios, na esteira do disposto no art. 25
da Lei n. 12.016/2009 e na Súmula 105/STJ, não
havendo ressalva à fase de cumprimento de
sentença. AgInt no REsp 1.968.010-DF, Rel. Min. Manoel
Erhardt (Desembargador convocado do TRF da 5ª Região),
Primeira Turma, por unanimidade, julgado em 09/05/2022,
DJe 11/05/2022. (Info 753)
É cabível condenação em honorários
advocatícios no julgamento de reclamação
indeferida liminarmente se a reclamante
recorreu do indeferimento e a parte adversa
compareceu espontaneamente para
apresentar contrarrazões. STJ. 2ª Seção. Rcl 41.569-
DF, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em
09/02/2022 (Info 724)
NULIDADES
É nulo o processo em que não houve a
intimação e a intervenção do MP em primeiro
grau de jurisdição, apesar da presença de
parte com enfermidade psíquica grave e cujos
legitimados para pedir a interdição possuem
68
conflitos de interesses. Caso adaptado: Maria
padece de enfermidade psíquica grave
(esquizofrenia). Ela ajuizou ação de obrigação de
fazer contraseu ex-cônjuge Eduardo e seus
filhos Jeferson, Daniel e Michele pedindo que os
réus fossem condenados a arcar com os custos
de sua internação em um estabelecimento
adequado. O Ministério Público não foi intimado
para intervir no processo. A sentença julgou
improcedente o pedido. A autora interpôs
apelação. O MP foi intimado para intervir em 2º
grau e o TJ/SP manteve a sentença. Três
conclusões importantes:
1) O art. 178, II, do CPC, ao prever a
necessidade de intervenção no processo que
envolva interesse de incapaz, não se refere
apenas ao juridicamente incapaz (legal ou
judicialmente declarado como tal). Essa regra
abrange, igualmente, o faticamente incapaz.
Assim, ainda que a autora não estivesse
declarada formalmente como incapaz, como isso
já era alegado na petição inicial, era
indispensável a intimação do MP.
2) A ausência de intimação do MP em 1º grau
de jurisdição causou prejuízo concreto
porque o Parquet poderá ter promovido
pedido para a interdição da autora.
3) Em regra, se houve a intervenção do
Ministério Público em 2º grau, essa
participação já supre a falta de intimação do
Parquet no 1º grau de jurisdição. No entanto,
caso concreto, a intervenção desde o início se
fazia necessária não apenas para a efetiva
participação do Parquet na fase instrutória (por
exemplo, requerendo diligências para melhor
elucidar a situação econômica dos filhos e a
suposta impossibilidade de prestar auxílio à
mãe), mas também para, se necessário, propor a
ação de interdição apta a, em tese, influenciar
decisivamente o desfecho desta ação. STJ. 3ª
Turma. REsp 1.969.217-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi,
julgado em 08/03/2022 (Info 729).
LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA
Nas liquidações de sentença, no âmbito da
Justiça Federal, a correção monetária deve ser
calculada segundo os índices indicados no
Manual de Orientação de Procedimentos para
os Cálculos da Justiça Federal para os meses
nos quais houve expurgos inflacionários, salvo
decisão judicial em contrário. STJ. 3ª Turma. REsp
1.904.401-RJ, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em
07/12/2021 (Info 723).
CUMPRIMENTO DE SENTENÇA
A regra do art. 191 do CPC/1973 - que prevê a
contagem em dobro dos prazos processuais
para litisconsortes com procuradores diferentes
- aplica-se ao prazo de apresentação da
impugnação ao cumprimento de sentença
previsto no art. 475-J, § 1º, do CPC/1973. O
mesmo entendimento vale para o CPC/2015,
havendo regra expressa nesse sentido no art.
525, § 3º do atual Código. STJ. 3ª Turma. REsp
1.964.438-SP, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em
07/12/2021 (Info 723).
É inconstitucional o cancelamento
automático — realizado diretamente pela
instituição financeira oficial depositária e sem
prévia ciência do beneficiário ou formalização
de contraditório — de precatórios e RPV
federais não resgatados em dois anos. A Lei nº
13.463/2017 tratou sobre os recursos destinados
aos pagamentos decorrentes de precatórios e de
RPV federais. O art. 2º, caput e § 1º previu o
cancelamento de precatórios e RPVs cujos
valores não tenham sido levantados e estejam
depositados há mais de dois anos em instituição
financeira oficial com a transferência dos valores
depositados para a Conta Única do Tesouro
Nacional. O STF julgou inconstitucionais o art. 2º,
caput e o § 1º, da Lei nº 13.463/2017 por infração
ao princípio da separação dos Poderes (a gestão
de recursos destinados ao seu pagamento
incumbe ao Judiciário por decorrência do texto
constitucional (art. 100, da CF/88), o qual não
69
deixou margem limitativa do direito de crédito
ao legislador infraconstitucional; violação aos
princípios da segurança jurídica, do respeito à
coisa julgada (art. 5º, XXXVI) e do devido
processo legal (art. 5º, LIV), sendo certo que a
simples previsão da faculdade do credor
requerer posteriormente a expedição de novo
ofício requisitório com a conservação da ordem
cronológica anterior não repara os vícios
inerentes ao cancelamento. Ademais, como
nesse momento processual da tutela executiva a
Fazenda Pública não detém a titularidade da
quantia, a previsão legal ofende o direito de
propriedade (art. 5º, XXII), além de conferir
tratamento mais gravoso ao credor, criando
distinção que deriva automaticamente do
decurso do tempo, sem averiguar as reais razões
do não levantamento do montante, afastando-
se da necessária obediência à isonomia. STF.
Plenário. ADI 5755/DF, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 29
e 30/6/2022 (Info 1061).
É devido o pedido de complementação do
crédito de natureza alimentícia, dotado de
superpreferência, na forma dos arts. 100, § 2º, da
CF/1988 e 102, § 2º, do ADCT, com a adoção dos
limites estabelecidos por lei local que majorou o
teto para as obrigações de pequeno valor. Nesse
contexto, o entendimento da jurisprudência do
Superior Tribunal de Justiça é no sentido de que
é "possível que a credora seja beneficiada
novamente com a antecipação de crédito
dotado de superpreferência, porquanto se
trata apenas de complementação do valor
anteriormente recebido, com base no mesmo
motivo - idade - e nos exatos limites
autorizados pelo art. 102, § 2°, do ADCT, sem
extrapolar o valor permitido" (STJ, RMS 61.180/DF,
Rel. Ministro Herman Benjamin, Segunda Turma, DJe de
11/10/2019). STJ, RMS 68.549-DF, Rel. Min. Assusete
Magalhães, Segunda Turma, por unanimidade, julgado em
02/08/2022 (Info. 743).
ALIMENTOS
O alimentante pode propor ação de exigir
contas contra a guardiã do
menor/alimentado para obtenção de
informações acerca da destinação da pensão
paga mensalmente?
4ª Turma do STJ: SIM
O poder-dever fiscalizatório do genitor que não
detém a guarda com exclusividade tem por
objetivo evitar que ocorram abusos e desvios de
finalidade no que tange à administração da
pensão alimentícia. Para isso, esse genitor
poderá verificar se as despesas e gastos estão
sendo realizados para manutenção e educação
da prole. STJ. 4ª Turma. REsp 1.911.030-PR, Rel. Min. Luis
Felipe Salomão, julgado em 01/06/2021 (Info 699).
3ª Turma do STJ: NÃO
O alimentante não possui interesse processual
em exigir contas da detentora da guarda do
alimentando porque, uma vez cumprida a
obrigação, a verba não mais compõe o seu
patrimônio, remanescendo a possibilidade de
discussão do montante em juízo com ampla
instrução probatória. STJ. 3ª Turma. REsp 1767456-MG,
Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 25/11/2021
(Info 720).
Na cobrança de obrigação alimentar, é
cabível a cumulação das medidas executivas
de coerção pessoal e de expropriação no
âmbito do mesmo procedimento executivo,
desde que não haja prejuízo ao devedor nem
ocorra qualquer tumulto processual, ambos a
serem avaliados pelo magistrado no caso
concreto. Por outro lado, é recomendável que
credor especifique, em tópico próprio, a sua
pretensão ritual em relação a eles, assim
como o mandado de citação/intimação
deverá prever as diferentes consequências de
acordo com as diferentes prestações. A defesa
do requerido, por sua vez, poderá se dar em
tópicos ou, separadamente, com a justificação
70
em relação as prestações atuais e impugnação
ou embargos para se opor às prestações
pretéritas. [...] STJ, Processo sob segredo judicial, Rel.
Min. Luis Felipe Salomão, Quarta Turma, por unanimidade,
julgado em 09/08/2022 (Info. 744).
EXECUÇÃO
Sobre a penhora de valores depositados em
conta bancária conjunta, na hipótese de apenas
um dos titulares é sujeito passivo da execução:
1) Para fins de execução, em regra, considera-
se que os valores existentes na conta corrente
conjunta solidária são divididos, em partes
iguais, entre os cotitulares.
2) Essa presunção é relativa. A parte exequente
pode comprovar que o executado temum
percentual maior e assim conseguir uma
penhora em percentual superior à presunção.
De igual modo, o cotitular que não é executado
pode provar que ele é proprietário de um
percentual superior ao da mera divisão das
cotas.
3) Essa presunção também pode ser afastada
se houver algum dispositivo de lei ou
contrato dizendo que, naquele caso, os
cotitulares são devedores solidários.
4) Se o exequente for o banco no qual os
valores estão depositados, será possível a
penhora da integralidade dos valores. Isso
porque todos os cotitulares da conta são
considerados devedores solidários em relação
ao banco por força do contrato de conta-
corrente. STJ. Corte Especial. REsp 1.610.844-BA, Rel. Min.
Luis Felipe Salomão, julgado em 15/06/2022 (Tema IAC 12)
(Info 741).
O art. 3º da Lei nº 9.469/97, que condiciona a
concordância do Advogado-Geral da União e
dirigentes máximos das empresas públicas
federais com pedido de desistência de ação à
expressa renúncia ao direito em que se funda
a ação, não se aplica na execução de título
judicial. STJ. 1ª Turma. REsp 1.769.643-PE, Rel. Min. Sérgio
Kukina, julgado em 07/06/2022 (Info 742).
A propositura da ação revisional pelo devedor
interrompe o prazo prescricional para o
ajuizamento da ação executiva. STJ, REsp
1.956.817-MS, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, Terceira
Turma, por unanimidade, julgado em 14/06/2022, DJe
17/06/2022 (Info. 743).
Na execução, o depósito efetuado a título de
garantia do juízo ou decorrente da penhora
de ativos financeiros não isenta o devedor do
pagamento dos consectários de sua mora,
conforme previstos no título executivo,
devendo-se, quando da efetiva entrega do
dinheiro ao credor, deduzir do montante final
devido o saldo da conta judicial. STJ. Corte Especial.
REsp 1.820.963-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em
19/10/2022 (Recurso Repetitivo – Tema 677) (Info 755).
RECURSOS
Não cabe recurso ordinário em mandado de
segurança com fundamento no art. 105,
inciso II, alínea “b”, da Constituição da
República, na hipótese em que houver a
concessão da segurança e a parte impugna
capítulo que havia tão-somente excluído a multa
cominatória para o cumprimento da liminar. STJ.
2ª Turma. RMS 69.727-RJ, Rel. Min. Mauro Campbell
Marques, julgado em 18/10/2022 (Info 755). (não cabe
porque o resultado não foi denegatório. DOD
PLUS Caberia recurso especial, nos termos do art.
105, III, da CF/88.
A ausência de assinatura na petição de
ratificação do recurso de apelação interposto
prematuramente não o torna inexistente, mas
revela irregularidade formal que pode ser
sanada pela parte peticionante, nos termos do
art. 13 do CPC/1973. STJ. 1ª Turma. REsp 1.712.851-PA,
Rel. Min. Gurgel de Faria, julgado em 14/12/2021 (Info 723).
Para comprovação de prequestionamento,
não se admite que a certidão de julgamento,
71
de caráter administrativo, subscrita por
servidor desprovido de poder jurisdicional,
sirva como integrante do acórdão para
aferição dos fundamentos do julgado. No caso
concreto, o acórdão recorrido apenas fez
referência a um julgamento de outra Turma do
Tribunal, em processo diverso, que deveria ser
“acostado” a estes autos. Tal assertiva, porém,
constou apenas da certidão de julgamento.
Logo, neste caso, não se pode dizer que o
Tribunal tenha enfrentado a questão. Não houve,
portanto, prequestionamento. Não se pode dizer
sequer que o Tribunal tenha enfrentado a
questão mediante motivação per relationem. A
técnica de fundamentação por referência é
legítima quando o julgador se reportar a
documento anteriormente lançado nos autos
tecendo considerações próprias minimamente
justificadoras da conexão entre os provimentos.
No caso em tela, a referência é afirmada em ato
administrativo, reporta-se a decisão externa aos
autos e não tece nenhuma consideração própria
justificadora da suposta incorporação. Não se
preenche, assim, nenhum dos requerimentos
aptos a tornar legítima a técnica. STJ. 2ª Turma.
AgInt no REsp 1.809.807-RJ, Rel. Min. Og Fernandes,
julgado em 15/02/2022 (Info 725).
É cabível a interposição de agravo de
instrumento contra decisões que versem sobre
o mero requerimento de expedição de ofício
para apresentação ou juntada de documentos
ou coisas, independentemente da menção
expressa ao termo “exibição” ou aos arts. 396 a
404 do CPC/2015. STJ. 1ª Turma. REsp 1.853.458-SP, Rel.
Min. Regina Helena Costa, julgado em 22/02/2022 (Info
726).
Caso haja pedido de destaque em processos
com julgamento iniciado no ambiente virtual,
os votos lançados por ministros que,
posteriormente, deixarem o exercício do
cargo, por aposentadoria ou outro motivo,
serão válidos. STF. Plenário. ADI 5399/SP, Rel. Min.
Roberto Barroso, julgado em 9/6/2022 (Info 1058).
No caso concreto, após o julgamento do
recurso especial, a parte opôs embargos de
declaração pretendendo prequestionar
dispositivos constitucionais. Entretanto, não
cabe ao STJ apreciar a alegada violação a
dispositivos constitucionais, em sede de recurso
especial, ainda que para fins de
prequestionamento, sob pena de usurpação da
competência do STF, não se mostrando omisso
o acórdão que deixa de fazê-lo. STJ. 2ª Turma. EDcl
no AgInt no RMS 66.940-RJ, Rel. Min. Assusete Magalhães,
julgado em 21/06/2022 (Info 742).
Não cabe sustentação oral no julgamento de
agravo regimental no agravo em recurso
especial, mesmo após a inovação introduzida no
Estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil pela
Lei nº 14.365/2022. STJ. 5ª Turma. EDcl no AgRg no
AREsp 2.170.433.
Não é cabível a sustentação oral no agravo
interno interposto contra decisão do
Presidente do Tribunal que defere ou
indefere a contracautela em suspensão de
liminar de sentença ou suspensão de
segurança. A suspensão de segurança ou a
suspensão de liminar e de sentença não são
recursos, muito menos são hipóteses de ação de
competência originária. Não existe uma nova
lide (pretensão resistida) havida entre as partes.
Cuida-se da análise de um efeito (lesão ou não à
ordem pública em decisão lançada em lide já
existente) da mesma lide que tramita
ordinariamente. Ademais, do ponto de vista
prático, se ação se tratasse, as partes
necessariamente deveriam ser citadas, o que não
ocorreu. A suspensão de liminar e sentença é
mero incidente processual utilizado em favor
exclusivo do Poder Público, como forma de
garantir a prevalência da ordem pública, da
economia pública ou da saúde pública sobre
interesses privados, quando preenchidos os
requisitos legais, se naquela lide houver uma
decisão que possa atingir o coletivo na forma
preconizada em legislação própria. Portanto,
72
formalmente, a alteração legislativa em análise,
ao conceder a prerrogativa da sustentação oral
nos recursos interpostos contra decisões
lançadas nos recursos listados na lei ou em ações
de competência originária, exclui a extensão da
possibilidade para os recursos manejados contra
decisão monocrática nos incidentes de
suspensão. STJ, QO no AgInt na SLS 2.507-RJ, Rel. Min.
Humberto Martins, Corte Especial, por unanimidade,
julgado em 15/06/2022, DJe 22/06/2022 (Info. 743).
A expansão subjetiva dos efeitos do recurso
pode ocorrer em três hipóteses: quando (I) há
litisconsórcio unitário (art. 1.005, caput, c/c o
art. 117 do CPC/2015); II) há solidariedade
passiva (art. 1.005, parágrafo único, do
CPC/2015); e III) a ausência de tratamento
igualitário entre as partes gerar uma situação
injustificável, insustentável ou aberrante (art.
1.005, caput, do CPC/2015). STJ, REsp 1.993.772-PR,
Rel. Min. Nancy Andrighi, Terceira Turma, por unanimidade,
julgado em 07/06/2022, DJe 13/06/2022 (Info. 743).
Se o embargante invocar, como paradigmas,
julgado de órgão fracionário de diferente
Seçãoe também julgado de órgão fracionário
da mesma Seção que prolatou o acórdão
embargado, caberá à Corte Especial proferir
juízo negativo de admissibilidade dos
embargos de divergência se ausentes seus
requisitos, somente devendo ser cindido o
julgamento na hipótese em que for admissível o
pronunciamento de mérito da Seção à qual estão
vinculados os órgãos fracionários que proferiram
os acórdãos paradigma e embargado. STJ, EAREsp
1.681.737-PR, Rel. Min. Nancy Andrighi, Corte Especial, por
unanimidade, julgado em 03/08/2022, DJe 09/08/2022
(Info. 744).
A habilitação de crédito é um incidente
processual, que tramitará apensado ou
vinculado ao inventário, sem características
de ação autônoma. Na vigência da nova
legislação processual, o pronunciamento
judicial que versa sobre a habilitação do
crédito no inventário é uma decisão
interlocutória e, desse modo, é impugnável
por agravo de instrumento com base no art.
1.015, parágrafo único, do CPC/2015. STJ, REsp
1.963.966-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, Terceira Turma, por
unanimidade, julgado em 03/05/2022, DJe 05/05/2022
(Info. 744).
O recurso que insiste em não atacar
especificamente os fundamentos da decisão
recorrida seguidamente é manifestamente
inadmissível (dupla aplicação do art. 932, III, do
CPC/2015), devendo ser penalizado com a multa
prevista no art. 1.021, §4º, do CPC/2015. STJ, AgInt
no AREsp 2.092.094-GO, Rel. Min. Assusete Magalhães,
Segunda Turma, por unanimidade, julgado em 16/08/2022
(Info. 745).
Não cabe agravo de instrumento em
execuções fiscais cujo valor não supera
cinquenta Obrigações Reajustáveis do
Tesouro Nacional - ORTNS. (AgInt no AREsp
1831509/SP, Rel. Ministro Gurgel de Faria, Primeira Turma,
julgado em 27/09/2021, DJe 07/10/2021). STJ, AREsp
1.751.847-SP, Rel. Min. Francisco Falcão, Segunda Turma,
por unanimidade, julgado em 16/08/2022 (Info. 745).
Não cabe recurso especial contra acórdão
proferido pelo Tribunal de origem que fixa
tese jurídica em abstrato em julgamento do
IRDR, por ausência do requisito
constitucional de cabimento de “causa
decidida”, mas apenas naquele que aplique a
tese fixada, que resolve a lide, desde que
observados os demais requisitos constitucionais
do art. 105, III, da Constituição Federal e dos
dispositivos do Código de Processo Civil que
regem o tema. STJ. Corte Especial. REsp 1.798.374-DF,
Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 18/05/2022
(Info 737).
MANDADO DE SEGURANÇA
Não cabe mandado de segurança contra ato
de dirigente de federação esportiva,
sobressaindo o caráter privado dessas
atividades, declarando-se a ilegitimidade
passiva a obstar o exame de mérito do mandado
73
de segurança. STJ. 4ª Turma. REsp 1.348.503-SE, Rel. Min.
Marco Buzzi, julgado em 22/02/2022 (Info 726).
OUTROS
Não é possível a Turma Recursal nos Juizados
Especiais da Fazenda Pública realizar juízo
prévio de admissibilidade de Pedido de
Uniformização de Interpretação de Lei (PUIL)
a ser julgado pelo STJ. De início, cumpre
destacar que a Lei n. 12.153/2009, que trata dos
Juizados Especiais da Fazenda Pública, disciplina
um sistema próprio de uniformização
jurisprudencial, mediante o denominado pedido
de uniformização de interpretação de lei, o qual
poderá ser processado e julgado tanto pelo
Poder Judiciário local quanto pelo Superior
Tribunal de Justiça, a depender da divergência
apontada. Se instaurada entre acórdãos de
Turmas Recursais de um mesmo Estado, o
pedido será apreciado pela reunião dessas
Turmas Recursais, sob a presidência de um
desembargador indicado pelo Tribunal de
Justiça (art. 18, § 1º); se instaurada entre
acórdãos de Turmas Recursais de diferentes
Estados ou quando o acórdão recorrido estiver
em desacordo com súmula do STJ, a este caberá
decidir (art. 18, § 3º). Esta, na hipótese de o STJ
decidir a reclamação, não prevê juízo prévio de
admissibilidade pela turma recursal, cabendo-
lhe apenas processar o pedido, intimar a parte
recorrida para responder ao reclamo e, depois
disso, remeter os autos ao STJ. No caso, o
Incidente de Uniformização de Interpretação de
Lei não foi admitido por Turma Recursal da
Fazenda Pública dos Juizados Especiais Estadual
sob o fundamento de que a matéria não era
reiterada. Assim, fica evidenciada a usurpação da
competência do STJ, ante a imposição de óbice
indevido ao trâmite do Pedido de Uniformização
de Interpretação de Lei. STJ, Rcl 42.409-RS, Rel. Min.
Herman Benjamin, Primeira Seção, por unanimidade,
julgado em 22/06/2022, DJe 29/06/2022 (Info. 743).
* Na ação em que se requer a concessão do
benefício de pensão por morte, há
litisconsórcio passivo necessário e unitário
entre o administrador do plano de
previdência complementar e os demais
beneficiários do falecido participante. REsp
1.993.030-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, Terceira Turma, por
unanimidade, julgado em 27/09/2022, DJe 30/09/2022.
(Info 752)
* A pré-existência de ações penais
envolvendo, de um lado, o juiz, e de outro lado,
a parte ou o seu advogado, é causa típica de
impedimento (art. 144, IX, do CPC/2015) que
obsta a eventual decretação de prisão civil por
dívida de alimentos, ainda que presentes os
requisitos para adoção da medida coativa
extrema. Ainda que, nas ações penais públicas
condicionadas à representação ou nas
incondicionadas, o juiz não seja, tecnicamente, o
autor de ação penal em face da parte ou de seu
advogado, impõe-se o reconhecimento de sua
suspeição com base no art. 145, I, do CPC/15,
especialmente quando se depreende do
contexto fático a existência de evidente
inimizade. O juiz que reconheceu sua suspeição
com fundamento em inimizade com a parte ou
advogado tem a sua neutralidade e
imparcialidade comprometidas em relação a
quaisquer processos que os envolvam, ainda que
a suspeição apenas tenha sido reconhecida em
um desses processos. STJ. 3ª Turma. HC 762105/SP,
Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 25/10/2022 (Info 755).
* No arrolamento sumário, a homologação da
partilha ou da adjudicação, bem como a
expedição do formal de partilha e da carta de
adjudicação, não se condicionam ao prévio
recolhimento do imposto de transmissão causa
mortis, devendo ser comprovado, todavia, o
pagamento dos tributos relativos aos bens do
espólio e às suas rendas, a teor dos arts. 659, §
2º, do CPC/2015 e 192 do CTN. STJ. 1ª Seção. REsp
1.896.526-DF, Rel. Min. Regina Helena Costa, julgado em
26/10/2022 (Recurso Repetitivo – Tema 1074) (Info 755).
74
* Ações possessórias imobiliárias =
competência absoluta. Ex.: ação de
reintegração de posse. (art. 47, §2º, do CPC: “A
ação possessória imobiliária será proposta no
foro de situação da coisa, cujo juízo tem
competência absoluta.”)
* Os tribunais podem, diante do recurso de
apelação, aplicar a técnica do julgamento
antecipado parcial do mérito. STJ, REsp 1.845.542-
PR, Terceira Turma.
* A multa e os honorários advocatícios, no
cumprimento de sentença (art. 523, § 1º, do
CPC), serão excluídos apenas se o executado
depositar voluntariamente a quantia devida
em juízo, sem condicionar seu levantamento a
qualquer discussão do débito. REsp 2007874/DF
* Recebidos os Embargos de Declaração como
Agravo Interno, dele não se conhece quando a
parte requerente, intimada a complementar as
razões recursais, não se manifesta no prazo
legal (arts. 1.021, § 1º, c/c art. 1.024, § 3º, do
CPC/2015). AgInt no REsp 2007343 - 2a T- J. 17/10/22.
MINISTÉRIO PÚBLICO – ACP
TEMA 510 DO STJ
“Não é possível se exigir do Ministério Público
o adiantamento de honorários periciais em
ações civis públicas. Ocorre que a referida
isenção conferida ao Ministério Público em
relação ao adiantamento dos honorários
periciais não pode obrigar que o perito exerça
seu ofício gratuitamente,tampouco transferir ao
réu o encargo de financiar ações contra ele
movidas. Dessa forma, considera-se aplicável,
por analogia, a Súmula n. 232 desta Corte
Superior ("A Fazenda Pública, quando parte no
processo, fica sujeita à exigência do depósito
prévio dos honorários do perito"), a determinar
que a Fazenda Pública ao qual se acha
vinculado o Parquet arque com tais despesas.”
(REsp 1253844 SC, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL
MARQUES, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 13/03/2013, DJe
17/10/2013)
*Informativo nº 734 - 2 de maio de 2022. -
CORTE ESPECIAL – Processo - REsp 1.758.708-
MS, Rel. Min. Nancy Andrighi, Corte Especial, por
unanimidade, julgado em 20/04/2022 - Ramo do
Direito - DIREITO DO CONSUMIDOR, DIREITO
PROCESSUAL CIVIL – TEMA - AÇÃO CIVIL
PÚBLICA. LIQUIDAÇÃO DA SENTENÇA COLETIVA
PROMOVIDA PELO MINISTÉRIO PÚBLICO.
ILEGITIMIDADE. INTERRUPÇÃO DO PRAZO
PRESCRICIONAL DA PRETENSÃO INDIVIDUAL
DOS CREDORES. INOCORRÊNCIA. MODULAÇÃO
DOS EFEITOS DA DECISÃO - DESTAQUE - A
liquidação da sentença coletiva, promovida
pelo Ministério Público, não tem o condão de
interromper o prazo prescricional para o
exercício da pretensão individual de
liquidação e execução pelas vítimas e seus
sucessores.
INFORMAÇÕES DO INTEIRO TEOR - Cinge-se a
controvérsia em decidir se a liquidação da
sentença coletiva, promovida pelo Ministério
Público, tem o condão de interromper o prazo
prescricional para o exercício da pretensão
individual de liquidação e execução pelas vítimas
e seus sucessores.
O OBJETO DA LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA
COLETIVA, EXARADA EM AÇÃO CIVIL
PÚBLICA QUE VERSA SOBRE DIREITOS
INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS, É MAIS
AMPLO, PORQUE NELA SE INCLUI A
PRETENSÃO DO REQUERENTE DE OBTER O
RECONHECIMENTO DE SUA CONDIÇÃO DE
VÍTIMA/SUCESSOR E DA EXISTÊNCIA DO
DANO INDIVIDUAL ALEGADO, ALÉM DA
PRETENSÃO DE APURAR O QUANTO LHE É
DEVIDO (QUANTUM DEBEATUR).
RESSALVADA A HIPÓTESE DA REPARAÇÃO
FLUIDA DO ART. 100 DO CDC*, O MINISTÉRIO
PÚBLICO NÃO TEM LEGITIMIDADE PARA
PROMOVER A LIQUIDAÇÃO CORRESPONDENTE
75
AOS DANOS INDIVIDUALMENTE SOFRIDOS
PELAS VÍTIMAS OU SUCESSORES, TAMPOUCO
PARA PROMOVER A EXECUÇÃO COLETIVA DA
SENTENÇA, SEM A PRÉVIA LIQUIDAÇÃO
INDIVIDUAL, INCUMBINDO A ESTES - VÍTIMAS
E/OU SUCESSORES - EXERCER A RESPECTIVA
PRETENSÃO, A CONTAR DA SENTENÇA
COLETIVA CONDENATÓRIA.
Nesse contexto, A ILEGITIMIDADE DO
MINISTÉRIO PÚBLICO SE REVELA PORQUE: (i) a
liquidação da sentença coletiva visa a
transformar a condenação pelos prejuízos
globalmente causados em indenizações pelos
danos particularmente sofridos, TENDO, POIS,
POR OBJETO OS DIREITOS INDIVIDUAIS
DISPONÍVEIS DOS EVENTUAIS BENEFICIADOS;
(ii) A LEGITIMIDADE DAS VÍTIMAS E SEUS
SUCESSORES PREFERE À DOS ELENCADOS NO
ROL DO ART. 82 DO CDC, conforme prevê o art.
99 do CDC; (iii) A LEGITIMAÇÃO PARA
PROMOVER A LIQUIDAÇÃO COLETIVA É
SUBSIDIÁRIA, na forma do art. 100 do CDC, E OS
VALORES CORRESPONDENTES REVERTERÃO EM
FAVOR DO FUNDO FEDERAL DE DIREITOS
DIFUSOS, OU DE SEUS EQUIVALENTES EM NÍVEL
ESTADUAL E/OU MUNICIPAL.
Ainda que se admita a possibilidade de o
Ministério Público promover a execução
coletiva, ESTA EXECUÇÃO COLETIVA A QUE SE
REFERE O ART. 98 DIZ RESPEITO AOS DANOS
INDIVIDUAIS JÁ LIQUIDADOS.
Assim, UMA VEZ CONCLUÍDA A FASE DE
CONHECIMENTO, O INTERESSE COLETIVO, QUE
AUTORIZA O MINISTÉRIO PÚBLICO A PROPOR A
AÇÃO CIVIL PÚBLICA NA DEFESA DE DIREITOS
INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS, ENQUANTO
LEGITIMADO EXTRAORDINÁRIO, CEDE LUGAR,
NUM PRIMEIRO MOMENTO, AO INTERESSE
ESTRITAMENTE INDIVIDUAL E DISPONÍVEL,
CUJA LIQUIDAÇÃO NÃO PODE SER PERSEGUIDA
PELA INSTITUIÇÃO, SENÃO PELOS PRÓPRIOS
TITULARES.
NUM SEGUNDO MOMENTO, DEPOIS DE
PASSADO UM ANO SEM A HABILITAÇÃO DOS
INTERESSADOS EM NÚMERO COMPATÍVEL
COM A GRAVIDADE DO DANO, A LEGISLAÇÃO
AUTORIZA A LIQUIDAÇÃO COLETIVA - e, em
consequência, a respectiva execução - PELO
PARQUET, VOLTADA À QUANTIFICAÇÃO DA
REPARAÇÃO FLUIDA, PORQUE DESSE CENÁRIO
EXSURGE, NOVAMENTE, O INTERESSE PÚBLICO
NA PERSEGUIÇÃO DO EFETIVO
RESSARCIMENTO DOS PREJUÍZOS
GLOBALMENTE CAUSADOS PELO RÉU, A FIM DE
EVITAR O ENRIQUECIMENTO SEM CAUSA DO
FORNECEDOR QUE ATENTOU CONTRA AS
NORMAS JURÍDICAS DE CARÁTER PÚBLICO,
LESANDO OS CONSUMIDORES.
Consequência direta da conclusão de que não
cabe ao Ministério Público promover a
liquidação da sentença coletiva para satisfazer,
um a um, os interesses individuais disponíveis
das vítimas ou seus sucessores, por se tratar de
pretensão não amparada no CDC e que foge às
atribuições institucionais do Parquet, É
RECONHECER QUE ESSE REQUERIMENTO -
ACASO SEJA FEITO - NÃO É APTO A
INTERROMPER A PRESCRIÇÃO PARA O
EXERCÍCIO DA RESPECTIVA PRETENSÃO PELOS
VERDADEIROS TITULARES DO DIREITO
TUTELADO.
Em homenagem à segurança jurídica e ao
interesse social que envolve a questão, e diante
da existência de julgados anteriores desta Corte,
nos quais se reconheceu a interrupção da
prescrição em hipóteses análogas à destes autos,
gerando nos jurisdicionados uma expectativa
legítima nesse sentido, faz-se a modulação dos
efeitos desta decisão, com base no § 3º do art.
927 do CPC/15, para decretar a eficácia
prospectiva do novo entendimento, atingindo
apenas as situações futuras, ou seja, as ações civil
públicas cuja sentença seja posterior à
publicação deste acórdão.
76
Convém alertar que a liquidação das futuras
sentenças coletivas, exaradas nas ações civis
públicas propostas pelo Ministério Público e
relativas a direitos individuais homogêneos,
deverão ser promovidas pelas respectivas
vítimas e seus sucessores, independentemente
da eventual atuação do Parquet, sob pena de se
sujeitarem os beneficiados à decretação da
prescrição.
* É descabida a reclamação ao Superior
Tribunal de Justiça com fundamento em
inobservância de acórdão proferido em recurso
especial em Incidente de Resolução de
Demandas Repetitivas - IRDR. (STJ, Rcl 43.019-SP, Rel.
Min. Marco Aurélio Bellizze, Segunda Seção, julgado em
28/09/2022, DJe 03/10/2022 – INFO 758).
* Não se exige o esgotamento da instância
ordinária como pressuposto de conhecimento
da reclamação fundamentada em
descumprimento de acórdão prolatado em
Incidente de Assunção de Competência (IAC).
(STJ, Rcl 40.617-GO, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze,
Segunda Seção, julgado em 24/08/2022).
* Não cabe reclamação para o controle da
aplicação de entendimento firmado pelo STJ
em recurso especial repetitivo. Rcl 36.476-SP, Rel.
Min. Nancy Andrighi, Corte Especial, por maioria, julgado
em 05/02/2020, DJe 06/03/2020
* Reclamação: Deve esgotar instância ordinária
antes de reclamar:
a) omissão;
b) ato da administração pública; ex. exige
depósito prévio em proc. Adm.
c) julgamento de REsp/RE repetitivos ou RE com
repercussão geral.
NÃO cabe reclamação contra LEI.
* Na execução, o depósito efetuado a título de
garantia do juízo ou decorrente da penhora
de ativos financeiros não isenta o devedor do
pagamento dos consectários de sua mora,
conforme previstos no título executivo,
devendo-se, quando da efetiva entrega do
dinheiro ao credor, deduzir do montante final
devido o saldo da conta judicial. (STJ, REsp
1.820.963-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, Corte
Especial, julgado em 19/10/2022 – Tema 677).
*O indeferimento da petição inicial, quer por
força do não-preenchimento dos requisitos
exigidos nos arts. 319 e 320 do CPC/2015,
quer pela verificação de defeitos e
irregularidades capazes de dificultar o
julgamento de mérito, reclama a concessão
de prévia oportunidade de emenda pelo
autor, nos termos do art. 321 do CPC/2015.
(STJ, REsp 2.013.351-PA, Rel. Min. Nancy Andrighi, Segunda
Seção, julgado em 14/09/2022, DJe 19/09/2022).
* QUERELA NULLITATIS (AÇÃO
DECLARATÓRIA). “Ação rescisória. Processual
civil.Não cabimento de ação rescisória diante
da nulidade decorrente de vício/inexistência
de citação. Litisconsorte passivo necessário.
Proprietário do imóvel. Ação demolitória. Cabível
ação declaratória – querela nullitatis.
Inadequação da via eleita. Ação extinta.
Condenação da parte autora em honorários
advocatícios e custas processuais. Necessário o
recolhimento de 5% (cinco por cento) sobre o
valor da causa nos termos do artigo 488, II, do
CPC. À unanimidade. 1. De acordo com a
jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, é
cabível ação declaratória de nulidade (querela
nullitatis) para se combater sentença
proferida com nulidade ou inexistência de
citação, sendo inadequado o uso da ação
rescisória. 2. Não estando prevista tal causa de
pedir dentre as taxativas hipóteses constantes
dos incisos do art. 485 do CPC, o expediente
processual adequado para corrigir o suposto
equívoco praticado no primeiro grau de
jurisdição é a querela nullitatis. 3. Precedentes
jurisprudenciais do Superior Tribunal de Justiça.
4. Ação Rescisória julgada extinta. À
77
unanimidade. Prejudicado o Agravo Regimental
interposto pela parte autora. 5. Condenação da
parte autora ao pagamento das custas
processuais e honorários advocatícios, estes
arbitrados em R$ 500,00 (quinhentos reais). 6.
Deve, ainda, a parte autora fazer o pagamento
do depósito de 5% (cinco por cento) sobre o
valor da causa, conforme previsto no artigo 488,
II, do Código de Processo Civil” (TJPE, Grupo de
Câmaras de Direito Público, AGR 3254235/PE,
Rel. Erik de Sousa Dantas Simões, j. 05.08.2015,
data de publicação 14.08.2015)
* Se, na mesma decisão, é reconhecida a
ilegitimidade passiva de autarquia federal e,
em razão disso, é determinada a remessa do
processo para a Justiça Estadual, a
competência para processar o cumprimento
quanto aos honorários sucumbenciais nela
fixados é da Justiça Federal. (STJ, CC 175.883-PR,
Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, Segunda Seção, julgado em
24/08/2022, DJe 26/08/2022).
Prescrição de petição de herança começa a
correr mesmo sem prévia investigação de
paternidade. A Segunda Seção do Superior
Tribunal de Justiça (STJ), por maioria, decidiu que
a ausência de prévia propositura da ação de
investigação de paternidade, que é
imprescritível, e de seu julgamento definitivo não
constitui obstáculo para o início da contagem do
prazo prescricional para o ajuizamento da ação
de petição de herança.
No caso dos autos, um homem propôs ação de
reconhecimento de paternidade post
mortem com pedido de herança contra os
herdeiros de seu suposto pai. O inventário foi
aberto em 1989, mas somente após 22 anos da
morte do suposto pai, o autor resolveu ajuizar a
ação com o objetivo de anular a partilha, que já
havia sido concluída muitos anos antes.
(Segredo de justiça)
* Extinta a ação rescisória, por indeferimento
da petição inicial, sem apreciação do mérito, por
meio de deliberação monocrática, o relator
poderá facultar, ao autor, o levantamento do
depósito judicial previsto no art. 968, II, do
CPC/2015. (STJ, Processo sob segredo judicial, Rel. Min.
Marco Buzzi, Segunda Seção, julgado em 10/08/2022).
* “Não viola a coisa julgada o ajuizamento de
ação ressarcitória pelo Incra, sob o
fundamento de que a indenização paga na
desapropriação foi percebida por quem não
detinha o domínio do imóvel expropriado”,
afirmou o relator ao anular as decisões do TRF1
e determinar o retorno dos autos para que seja
realizada nova apreciação com base nos
fundamentos indicados pelo STJ. REsp 1590807
* PROCESSO CIVIL – AÇÃO POPULAR – STF: São
imprescritíveis as ações de ressarcimento ao
erário fundadas na prática de ato doloso
tipificado na Lei de Improbidade
Administrativa. STF. Plenário. RE 852475/SP, Rel. orig.
Min. Alexandre de Moraes, Rel. para acórdão Min. Edson
Fachin, julgado em 08/08/2018 (repercussão geral) (Info
910).
Atenção: Lei 4.717.
Art. 21. A ação prevista nesta lei prescreve em 5
(cinco) anos. [Mas o ressarcimento por ato doloso
é imprescritível.]
* Sucessão processual – a demanda é contra
Henrique. Houve a substituição da ré Fernanda
pelo terceiro adquirente Henrique.
* Substituição processual (legitimação
extraordinária) – a demanda continua contra
Fernanda que estará em nome próprio
defendendo direito alheio (a coisa é de
Henrique) .
* Os Juizados Especiais da Fazenda Pública
não têm competência para o julgamento de
ações decorrentes de acidente de trabalho em
78
que o Instituto Nacional do Seguro Social
figure como parte. Tema 1053, Repetitivos STJ.
* Não cabe Pedido de Uniformização de
Interpretação de Lei Federal - PUIL em
questões de direito processual. (STJ, AgInt no PUIL
1.192-DF, Rel. Min. Manoel Erhardt (Desembargador
convocado do TRF5), Primeira Seção, julgado em
25/05/2022).
* Na fase de cumprimento de sentença, não há
óbice à interposição direta do recurso de
agravo de instrumento contra decisão que
determina a penhora de bens sem a prévia
utilização do procedimento de impugnação
previsto no art. 525, § 11, do CPC/2015. STJ. 3ª
Turma. REsp 2023890-MS, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado
em 25/10/2022 (Info 757).
* Conceito jurídico indeterminado: É aquele
cujo conteúdo, cuja extensão é em larga medida
incertos, como por exemplo: interesse público,
dignidade da pessoa humana, preço vil, bem
comum. No caso do art. 489, § 1º II do CPC, se o
juiz for aplicar conceito jurídico indeterminado
em suas decisões, haverá uma dupla
necessidade: i) função interpretativa, é o juiz
explicar o que ele entende por aquele conceito;
ii) função argumentativa, é comprovar qual é a
relação desse conceito que ele acabou de
densificar com o caso concreto.
Art. 489. (...) § 1º Não se considera fundamentada
qualquer decisão judicial, seja ela interlocutória,
sentença ou acórdão, que: (...) II - empregar
conceitos jurídicos indeterminados, sem explicar o
motivo concreto de sua incidência no caso;
* A ação é composta por três elementos: partes,
causa de pedir e pedido, os quais são
responsáveis pela sua identificação, permitindo a
comparação entre ações, assim teremos:
• Ações diferentes – partes, causa de pedir e
pedido diversos;
• Ações parecidas – um ou dois elementos
diferentes, acarreta conexão, continência,
prejudicialidade
• Mesma ação – todos os elementos são iguais,
o que acarreta litispendência, perempção, coisa
julgada.
Não existe ações iguais, quando os três
elementos são iguais se trata da mesma ação.
* Desde que prováveis a existência da relação
jurídica entre as partes e de documento ou
coisa que se pretende seja exibido, apurada
em contraditório prévio, poderá o juiz, após
tentativa de busca e apreensão ou outra
medida coercitiva, determinar sua exibição
sob pena de multa com base no art. 400,
parágrafo único, do CPC/2015. Tema 1000,
Repetitivos STJ.
* Informativo nº 506 - 4 a 17 de outubro de 2012
- SEGUNDA TURMA - DIREITO PROCESSUAL
CIVIL. AÇÃO COLETIVA AJUIZADA POR
SINDICATO. EXECUÇÃO INDIVIDUAL POR NÃO
FILIADO - Servidor público integrante da
categoria beneficiada, desde que comprove
essa condição, tem legitimidade para propor
execução individual de sentença proferida em
ação coletiva, ainda que não ostente a
condição de filiado ou associado do sindicato
autor da ação de conhecimento.
NOS TERMOS DA SÚM. N. 629/STF, AS
ASSOCIAÇÕES E SINDICATOS, NA QUALIDADE
DE SUBSTITUTOS PROCESSUAIS, TÊM
LEGITIMIDADE PARA A DEFESA DOS INTERESSES
COLETIVOS DE TODA A CATEGORIA QUE
REPRESENTAM, SENDO DISPENSÁVEL A
RELAÇÃO NOMINAL DOS AFILIADOS E SUAS
RESPECTIVAS AUTORIZAÇÕES.
A COISA JULGADA ORIUNDA DA AÇÃO
COLETIVA DE CONHECIMENTO PROPOSTA POR
SINDICATO, NA QUALIDADE DE SUBSTITUTO
PROCESSUAL, ABARCARÁ TODOS OS
SERVIDORESDA CATEGORIA, TORNANDO-OS
79
PARTES LEGÍTIMAS PARA PROPOR A EXECUÇÃO
INDIVIDUAL DA SENTENÇA,
INDEPENDENTEMENTE DA COMPROVAÇÃO DE
SUA FILIAÇÃO. Precedentes: AgRg no REsp 1.153.359-
GO, DJe 12/4/2010; REsp 1.270.266-PE, DJe 13/12/2011, e
REsp 936.229-RS, DJe 16/3/2009. AgRg no AREsp 232.468-
DF, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 16/10/2012
* A denunciação é classificada como
incidente, pois instaurada em processo já
existente; regressiva, eis que fundada no
direito de regresso da parte; eventual, porque
se relaciona com a demanda originária e no
caso de se constatar que não houve dano ao
denunciante, a denunciação não terá sentido; e
antecipada, considerando a economia
processual.
* A denunciação a lide encontra amparo no
direito regressivo da parte que traz o terceiro
eventualmente responsável pelo ressarcimento
dos danos ocasionados pelo processo.
* Colisão entre regra e princípio: Embora a
questão seja polêmica, prevalecem, a priori, as
regras, dado que se presume que o legislador, ao
editá-la, já estabeleceu critério de ponderação
em abstrato. O princípio, portanto, teria
aplicação subsidiária. Quando muito, serviria
como vetor de interpretação (SANTOS, Silas
Silva. CPC Comentado. RT, 2020). Mas nem
sempre, há casos em que o princípio pode
prevalecer sobre a regra.
Art. 300, § 3º CPC: A tutela de urgência de natureza
antecipada não será concedida quando houver
perigo de irreversibilidade dos efeitos da decisão.
Essa regra conflita com o princípio da
inafastabilidade da jurisdição no sentido do
acesso a uma ordem jurídica justa, de maneira
que ao analisar o caso concreto o juiz possa
afastar essa regra para possibilitar o acesso à
jurisdição e evitar um mal ainda maior caso não
se conceda aquela tutela de urgência.
Vide enunciado 25 da ENFAN: “A vedação da
concessão de tutela de urgência cujos efeitos
possam ser irreversíveis (art. 300, § 3º, do
CPC/2015) pode ser afastada no caso concreto
com base na garantia do acesso à Justiça (art.
5º, XXXV, da CRFB).”
* Nas ações monitórias, havendo conversão do
mandado monitório em título executivo
judicial, na forma do art. 701, §2º do CPC, a
decisão que deferiu o mandado monitório,
somada à certificação do decurso do prazo sem
a oposição dos embargos e pagamento, poderá
ser levada a protesto, depois de transcorrido o
prazo para pagamento voluntário previsto no
art. 523 do CPC/15.
* Não se aplica o art. 308 do CPC/2015, que
exige o ajuizamento de ação principal no
prazo de trinta dias, à medida protetiva de
alimentos deferida com fundamento na Lei n.
11.340/2006, que possui natureza satisfativa, e
não cautelar. STJ, RHC 100.446/MG, Terceira Turma
* A aplicação da garantia de
impenhorabilidade do valor depositado em
conta corrente, sem repercussão alguma acerca
do atributo do valor executado, evidencia erro
de percepção, autorizando a rescisão do
julgado, consoante o previsto no art. 485, IX, do
CPC/1973
* Pelo PRINCÍPIO DA INEVITABILIDADE,
tratando-se, a jurisdição, de emanação do
próprio poder estatal, as partes hão de se
submeter ao que for decidido pelo órgão
jurisdicional, posicionando-se em verdadeira
sujeição perante o Estado-Juiz. Assim, não
podem as partes evitar os efeitos decorrentes da
decisão estatal.
O PRINCÍPIO DO DISPOSITIVO representa a
regra de que, no processo, a atuação do juiz
depende da iniciativa das partes, conforme
dispõe o artigo 2º do NCPC, segundo o qual “o
80
processo começa por iniciativa da parte e se
desenvolve por impulso oficial, salvo as exceções
previstas em lei”.
O PRINCÍPIO DA ADEQUAÇÃO determina que
o processo devido é aquele cujas normas sejam
adequadas aos direitos que serão tutelados
(adequabilidade objetiva), aos sujeitos que
participam do processo (adequabilidade
subjetiva) e aos fins para os quais foram criados
(adequabilidade teleológica).
* O paradigma COOPERATIVO adotado pelo
CPC/15 traz como decorrência os deveres de
esclarecimento, de prevenção e de assistência
ou auxílio.
* A pretensão executória de obrigações de
fazer previstas em Termo de ajustamento de
conduta (TAC) firmado para reparação de danos
ambientais decorrentes de empreendimento
imobiliário, quando relacionadas a questões
meramente patrimoniais, não visando a
restauração de bens de natureza ambiental,
sujeita-se à prescrição quinquenal. (STJ
744/22) 1ª T - AREsp 1.941.907-RJ, Rel. Min.
Benedito Gonçalves, julgado em 09/08/2022
* Informativo nº 580 - 2 a 13 de abril de 2016 -
RECURSOS REPETITIVOS - DIREITO PROCESSUAL
CIVIL. TERMO A QUO DO PRAZO
PRESCRICIONAL DAS EXECUÇÕES INDIVIDUAIS
DE SENTENÇA COLETIVA. RECURSO REPETITIVO
(ART. 543-C DO CPC/1973 E RES. STJ N. 8/2008).
TEMA 877 - O prazo prescricional para a
execução individual é contado do trânsito em
julgado da sentença coletiva, sendo
desnecessária a providência de que trata o
art. 94 da Lei n. 8.078/1990.
O art. 94 do CDC dispõe que,
"Proposta a ação, será publicado edital no órgão
oficial, a fim de que os interessados possam
intervir no processo como litisconsortes, sem
prejuízo de ampla divulgação pelos meios de
comunicação social por parte dos órgãos de
defesa do consumidor".
Realmente, ESSA PROVIDÊNCIA (DE AMPLA
DIVULGAÇÃO MIDIÁTICA) É DESNECESSÁRIA
EM RELAÇÃO AO TRÂNSITO EM JULGADO DE
SENTENÇA COLETIVA.
Isso porque o referido dispositivo DISCIPLINA A
HIPÓTESE DE DIVULGAÇÃO DA NOTÍCIA DA
PROPOSITURA DA AÇÃO COLETIVA, PARA QUE
EVENTUAIS INTERESSADOS POSSAM INTERVIR
NO PROCESSO OU ACOMPANHAR SEU
TRÂMITE, NADA ESTABELECENDO, PORÉM,
QUANTO À DIVULGAÇÃO DO RESULTADO DO
JULGAMENTO.
Diante disso, o marco inicial do prazo
prescricional aplicável às execuções individuais
de sentença prolatada em processo coletivo é
contado, ante a inaplicabilidade do art. 94 do
CDC, a partir do trânsito em julgado da sentença
coletiva.
Note-se, ainda, que O ART. 96 DO CDC,
SEGUNDO O QUAL "TRANSITADA EM JULGADO
A SENTENÇA CONDENATÓRIA, SERÁ
PUBLICADO EDITAL, OBSERVADO O DISPOSTO
NO ART. 93", FOI OBJETO DE VETO PELA
PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA, o que torna
infrutífero o esforço de interpretação analógica
para aplicar a providência prevista no art. 94 com
o fim de promover a ampla divulgação midiática
do teor da sentença coletiva transitada em
julgado, ANTE A IMPOSSIBILIDADE DE O PODER
JUDICIÁRIO, QUAL LEGISLADOR ORDINÁRIO,
DERRUBAR O VETO PRESIDENCIAL OU,
EVENTUALMENTE, CORRIGIR ERRO FORMAL
PORVENTURA EXISTENTE NA NORMA.
Assim, EM QUE PESE O CARÁTER SOCIAL QUE SE
BUSCA TUTELAR NAS AÇÕES COLETIVAS, NÃO
SE AFIGURA POSSÍVEL SUPRIR A AUSÊNCIA DE
PREVISÃO LEGAL QUANTO À AMPLA
DIVULGAÇÃO MIDIÁTICA DO TEOR DA
SENTENÇA, SEM ROMPER A HARMONIA ENTRE
OS PODERES.
81
Ressalte-se que, embora essa questão não tenha
sido o tema do REsp 1.273.643-PR (Segunda
Seção, DJe 4/4/2013, julgado no regime dos
recursos repetitivos) - no qual se definiu que,
"No âmbito do Direito Privado, é de cinco anos
o prazo prescricional para ajuizamento da
execução individual em pedido de cumprimento
de sentença proferida em Ação Civil Pública" -,
percebe-se que a desnecessidade da providência
de que trata o art. 94 da Lei n. 8.078/1990 foi a
premissa do julgamento do caso concreto no
referido recurso, haja vista que, ao definir se
aquela pretensão executória havia prescrito,
considerou-se o termo a quo do prazo
prescricional como a data do trânsito em julgado
da sentença coletiva. Precedentes citados: AgRg
no AgRg no REsp 1.169.126-RS, Quinta Turma, DJe
11/2/2015; AgRg no REsp 1.175.018-RS, Sexta Turma, DJe
1º/7/2014; AgRg no REsp 1.199.601-AP, Primeira Turma,
DJe 4/2/2014; e EDcl no REsp 1.313.062-PR, Terceira Turma,
DJe 5/9/2013). REsp 1.388.000-PR, Rel.Min. Napoleão
Nunes Maia Filho, Rel. para acórdão Min. Og Fernandes,
Primeira Seção, julgado em 26/8/2015, DJe 12/4/2016
O que significa a parte final do parágrafo 3º do
art. 489 CPC?
§ 3º A decisão judicial deve ser interpretada a
partir da conjugação de todos os seus elementos
e em conformidade com o princípio da boa-fé.
A boa-fé um critério hermenêutico, um
critério interpretativo. Uma decisão em
conformidade com o princípio da boa-fé é uma
decisão que deve ser consentânea com aquilo
que foi debatido no processo, que seja
compatível com a legítima expectativa das
partes, naquilo que foi objeto de discussão no
processo. E se houver mais de uma interpretação
possível, que seja aplicada aquela que se
harmoniza com o que foi debatido e condizente
com o ordenamento jurídico pátrio. Exemplo: “é
adequada a inclusão dos honorários periciais em
conta de liquidação mesmo quando o
dispositivo de sentença com trânsito em julgado
condena o vencido, genericamente, ao
pagamento de custas processuais” (STJ, informativo
598, REsp. 1.558.185/2017). Em princípio,
honorários não são custas, mas
interpretando-se o julgado com a boa-fé, não
parece razoável aplicar-se custas somente no
seu significado trivial, mas nas demais
despesas do processo, incluindo-se os
honorários periciais.
* Segundo o inciso VII do art. 1.015, do
CPC/2015: “cabe agravo de instrumento contra
as decisões interlocutórias que versarem sobre
exclusão de litisconsorte”. Essa previsão
abrange somente a decisão que exclui o
litisconsorte. Assim, cabe agravo de
instrumento contra a decisão interlocutória que
exclui o litisconsorte. Por outro lado, não cabe
agravo de instrumento contra a decisão que
indefere o pedido de exclusão de litisconsorte
(decisão que mantém o litisconsorte). STJ. 3ª
Turma. REsp 1724453-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado
em 19/03/2019 (Info 644).
* PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE – IAC 1 DO STJ
Questão submetida a julgamento (julgado em
27/06/2018. TJ em 24/05/2022).
1.1. Cabimento de prescrição intercorrente e
eventual imprescindibilidade de intimação
prévia do credor;
1.2. Necessidade de oportunidade para o autor
dar andamento ao processo paralisado por
prazo superior àquele previsto para a prescrição
da pretensão veiculada na demanda.
TESES FIRMADAS
1.1. Incide a prescrição intercorrente, nas
causas regidas pelo CPC/73, quando o
exequente permanece inerte por prazo
superior ao de prescrição do direito material
vindicado, conforme interpretação extraída
do art. 202, parágrafo único, do Código Civil
de 2002.
1.2. O termo inicial do prazo prescricional, na
vigência do CPC/1973, conta-se do fim do
82
prazo judicial de suspensão do processo ou,
inexistindo prazo fixado, do transcurso de 1
(um) ano (aplicação analógica do art. 40, § 2º, da
Lei 6.830/1980).
1.3. O termo inicial do art. 1.056 do CPC/2015
tem incidência apenas nas hipóteses em que
o processo se encontrava suspenso na data da
entrada em vigor da novel lei processual, uma
vez que não se pode extrair interpretação que
viabilize o reinício ou a reabertura de prazo
prescricional ocorridos na vigência do revogado
CPC/1973 (aplicação irretroativa da norma
processual).
1.4. O contraditório é princípio que deve ser
respeitado em todas as manifestações do
Poder Judiciário, que deve zelar pela sua
observância, inclusive nas hipóteses de
declaração de ofício da prescrição intercorrente,
devendo o credor ser previamente intimado para
opor algum fato impeditivo à incidência da
prescrição.
* Conceitos relacionados aos institutos atinentes
aos precedentes
• Precedente: é uma decisão judicial
proferida por um tribunal da qual eu posso
extrair um elemento normativo generalizável,
que sirva de base para julgamento de casos
análogos;
• Precedentes persuasivos: não são
vinculantes, mas apenas como fator de
persuasão, eles indicam qual pode ser uma boa
solução para aquele caso, mas não vinculam os
demais órgãos jurisdicionais, como ocorre por
exemplo em uma decisão isolada da 1ª turma do
STJ poderia ser indicada como um precedente
persuasivo;
Precedentes vinculantes: são decisões judiciais
das quais possamos extrair o elemento
normativo que precisa ser seguido. Onde temos
os precedentes vinculantes? Art. 927 CPC. É
incorreto falar em jurisprudência vinculante,
porque o que é vinculante é a norma extraída do
precedente.
Jurisprudência: ela é a aplicação reiterada de
um precedente. Quando eu tenho um
precedente reiteradamente aplicado eu tenho
uma jurisprudência;
Súmulas: são enunciados normativos de uma
jurisprudência dominante, que por sua vez é a
reiteração de um precedente. Por isso o correto
é falar enunciado da súmula do tribunal.
Art. 995. Os recursos não impedem a eficácia da
decisão, salvo disposição legal ou decisão judicial
em sentido diverso.
Súmula 283 do STF - É inadmissível o recurso
extraordinário, quando a decisão recorrida
assenta em mais de um fundamento suficiente
e o recurso não abrange todos eles.
Art. 1.026. Os embargos de declaração não
possuem efeito suspensivo e interrompem o
prazo para a interposição de recurso.
Art. 1005. O recurso interposto por um dos
litisconsortes a todos aproveita, salvo se
distintos ou opostos os seus interesses.
A retratação em relação aos recursos apenas
pode ocorrer quando houver previsão legal.
Além disso, não são todos os recursos que
comportam o juízo regressivo ou de retratação.
*SÃO DOIS OS FUNDAMENTOS DO
LITISCONSÓRCIO NECESSÁRIO – I - A
EXISTÊNCIA DE ESPECÍFICA DETERMINAÇÃO
LEGAL, EM RAZÃO DO JUÍZO DE CONVINIÊNCIA
FORMULADO PELO LEGISLADOR; OU II, A
INCIDIBILIDADE DAS SITUAÇÕES JURÍDICAS
DE DOIS OU MAIS SUJEITOS (ART. 114 DO
CPC/ 2015. O SEGUNDO FUNDAMENTO REFERE-
SE AOS CASOS DE LITISCONSÓRCIO PASSIVO
ÚNITÁRIO, NOS QUAIS NÃO É POSSÍVEL QUE
UM SUJEITO DA RELAÇÃO JURÍDICA SUPORTE
DETERMINADO EFEITO SEM ATIGIR TODOS OS
QUE DELA PARTICIPAM.
83
* Os honorários advocatícios, que possuem
natureza jurídica de verba alimentícia, se dividem
em três espécies, quais sejam, os
convencionados, os fixados por arbitramento
judicial e os sucumbenciais. Os honorários
convencionados chamados, também, de
contrato de honorário, são os fixados através de
um contrato entre o profissional e seu cliente. Os
fixados por arbitramento judicial resultam da
falta de estipulação específica ou de divergência
entre os sujeitos do contrato de trabalho. Já os
honorários sucumbenciais são aqueles fixados,
por ocasião da sentença, em razão do
acolhimento, total ou parcial, mas em proporção
maior que o reconhecido ao adversário,
portanto, não decorrem do direito próprio da
parte, mas sim, da vitória desta na causa, graças
ao trabalho prestado pelo advogado.
* A impugnação ao cumprimento de sentença
arbitral também deve ser apresentada no
prazo de 90 dias? Depende: • se a parte
executada quiser alegar algum dos vícios do art.
32 da Lei nº 9.307/96: ela possui o prazo de 90
dias. • mesmo que já tenha se passado o prazo
de 90 dias, a parte ainda poderá alegar uma das
matérias do § 1º do art. 525 do CPC. STJ. 2021 (Info
691).
* Ato atentatório à dignidade da Justiça (até
20%) ou 10 x SM
- cumprir com exatidão as decisões
jurisdicionais, de natureza provisória ou final, e
não criar embaraços à sua efetivação;
- não praticar inovação ilegal no estado de fato
de bem ou direito litigioso (pode proibir a parte
de falar nos autos).
A multa é revertida ao fundo de
modernização do Poder Judiciário.
Exceção: A multa por ato atentatório à dignidade
da justiça praticado pelo executado no curso da
execução será revertida em proveito do
exequente.
* Litigante de má-fé (1% a 10%) ou 10 x SM
- deduzir pretensão ou defesa contra textoexpresso de lei ou fato incontroverso;
- alterar a verdade dos fatos;
- usar do processo para conseguir objetivo ilegal;
- opuser resistência injustificada ao andamento
do processo;
- proceder de modo temerário em qualquer
incidente ou ato do processo;
- provocar incidente manifestamente infundado;
- interpuser recurso com intuito manifestamente
protelatório.
A pena por litigância de má-fé deve ser
aplicada à parte, e não ao seu advogado,
ainda que incorra em falta profissional.
A multa por ED protelatórios é cumulável com
a sanção prevista de litigância de má-fé.
É desnecessária a COMPROVAÇÃO de
prejuízo para que haja condenação ao
pagamento de indenização por litigância de
má-fé.
Litisconsórcio SimpLes e Necessário = Lei e
relação jurídica divisíveL
Litisconsórcio Unitário e Necessário =
iNdivisível.
Assistência simples ou adesiva: Sendo revel ou
omisso o assistido, o assistente será considerado
seu substituto processual. Ex. intervenção do
sublocatário na ação despejo promovida pelo
locador contra o locatário. É uma legitimação
extraordinária subordinada.
Assistência litisconsorcial ou qualificada: Há
litisconsórcio facultativo unitário ulterior - o
assistente litisconsorcial sofrerá os efeitos da
coisa julgada material, intervindo ou não no
processo. Não é substituto processual, pois
defende em nome próprio interesse próprio. É
84
admitida na ação popular. Ex. promovida
demanda por um dos sócios para anulação de
assembleia, os demais sócios poderão intervir
como assistentes litisconsorciais. Demanda
envolvendo condôminos, alienação de coisa
litigiosa.
* Improcedência liminar do pedido
Nas causas que dispensem a fase instrutória,
o juiz, independentemente da citação do réu,
julgará liminarmente improcedente o pedido
que contrariar:
I - enunciado de súmula do STF ou do STJ;
II - acórdão do STF ou STJ em julgamento de
recursos repetitivos;
III - entendimento firmado em IRDR ou de IAC;
IV - enunciado de súmula de TJ/TRF sobre
direito local.
- se verificar a ocorrência de decadência ou de
prescrição (não se exige dispensa da fase
instrutória).
Cabe improcedência liminar parcial. Caso
algum dos pedidos esteja em dissonância com
entendimento firmado em súmula, repetitivo,
IAC, IRDR.
* Liquidação por arbiTramento – perito.
* O contrato de mútuo bancário ou de
abertura de crédito FIXO constitui título
executivo extrajudicial.
STF: A execução provisória de obrigação de
fazer em face da Fazenda Pública não atrai o
regime constitucional dos precatórios.
* Não cabe RE contra decisão proferida no
processamento de Precatórios.
* Não cabe em embargos de terceiro a
declaração de nulidade do ato jurídico que
verse sobre fraude contra credores.
STJ: Comprador de imóvel litigioso não tem
legitimidade para opor embargos de terceiro.
* Agravo de instrumento: Cabível contra as
decisões interlocutórias que versem:
I - tutelas provisórias; ex. majora multa fixada em
limitar.
II - mérito do processo; ex. rejeita prescrição (se
não recorre haverá coisa julgada); acolhe/rejeita
alegação de impossibilidade jurídica do pedido.
III - rejeição da alegação de arbitragem;
procedente a alegação de arbitragem a apelação
não tem efeito suspensivo.
IV - incidente de desconsideração da
personalidade jurídica;
V - rejeição da gratuidade da justiça ou
acolhimento do pedido de sua revogação;
VI - exibição ou posse de documento ou coisa;
decisão proferida em ação de exibição ou em
razão de pedido no bojo do processo.
VII - exclui litisconsorte; STJ: não cabe AI contra
decisão que indefere a exclusão REsp 1.724.453.
VIII - rejeição do pedido de limitação do
litisconsórcio;
IX - admissão ou inadmissão de intervenção de
terceiros;
X - concessão, modificação ou revogação do
efeito suspensivo aos embargos à execução; STJ:
não concessão também cabe AI.
XI - redistribuição do ônus da prova; CPC ou CDC.
Todas as decisões interlocutórias proferidas
em liquidação de sentença ou de
cumprimento de sentença, no processo de
execução e no inventário. Taxatividade
mitigada só na fase de conhecimento.
* Recurso ordinário:
- MS, HD, MI e HC decididos em única instância
pelos tribunais superiores:
a) RO para o STF se a decisão for denegatória.
85
b) RE para o STF se a decisão for concessiva.
- MS e HC decidido em única instância pelos
TRFs ou TJs:
a) RO para o STJ se a decisão for denegatória.
b) REsp para o STJ e/ou RE para o STF se a
decisão for concessiva.
- processos em que forem partes Estado
estrangeiro ou organismo internacional X
Município ou pessoa residente ou domiciliada
no País – da sentença do JF 1º grau caberá RO
para o STJ.
ATO local x LEI federal – REsp.
Lei/Ato local x CF = RE.
LEI local x LEI federal = RE.
*REPERCUSSÃO GERAL - ART. 118, § 3º, DO
REGIMENTO INTERNO DO STM E LAVRATURA
DE ACÓRDÃO:
O TRIBUNAL DEU PROVIMENTO A RECURSO
EXTRAORDINÁRIO INTERPOSTO CONTRA
DECISÃO PROFERIDA PELO SUPERIOR TRIBUNAL
MILITAR - STM QUE, COM BASE NO ART. 118, §
3º, DE SEU REGIMENTO INTERNO (“Art. 118 ...
§3º O resultado do julgamento será certificado
nos autos pela Secretaria do Tribunal Pleno”),
DEIXARA DE LAVRAR ACÓRDÃO RELATIVO A
AGRAVO REGIMENTAL E DEMAIS RECURSOS
QUE A ELE SE SEGUIRAM, REGISTRANDO O
JULGAMENTO DOS MESMOS POR MEIO DE
CERTIDÕES.
Entendeu-se que A FALTA DE FORMALIZAÇÃO
DO ACÓRDÃO, COM BASE EM NORMA
REGIMENTAL, CONFIGURA ATO
ATENTATÓRIO À GARANTIA
CONSTITUCIONAL DA PUBLICIDADE DOS
ATOS PROCESSUAIS, BEM COMO AFRONTA O
DIREITO CONSAGRADO NO ART. 93, IX, DA
CF, SEGUNDO O QUAL TODAS AS DECISÕES
JUDICIAIS DEVEM SER FUNDAMENTADAS.
CONSIDEROU-SE NÃO OBSERVADA, também, A
GARANTIA PREVISTA NO ART. 8º, 5, DA
CONVENÇÃO AMERICANA DE DIREITOS
HUMANOS, INTERNALIZADA PELO DECRETO
678/92, QUE ESTABELECE QUE “O PROCESSO
PENAL DEVE SER PÚBLICO, SALVO NO QUE FOR
NECESSÁRIO PARA PRESERVAR OS INTERESSES
DA JUSTIÇA”.
Esclareceu-se, no ponto, que O PACTO DE SAN
JOSÉ DA COSTA RICA INGRESSOU NO
ORDENAMENTO LEGAL PÁTRIO COMO REGRA
DE CARÁTER SUPRALEGAL OU, ATÉ MESMO,
COMO NORMA DOTADA DE DIGNIDADE
CONSTITUCIONAL, SEGUNDO RECENTE
ENTENDIMENTO EXPRESSADO POR
MAGISTRADOS DO SUPREMO (HC 87585/TO e
RE 466343/SP, j. em 4.12.2008).
Aduziu-se que O PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE
É GARANTIA ESSENCIAL DE TODO O
CIDADÃO, QUE INTEGRA O DEVIDO
PROCESSO LEGAL E DÁ EFETIVIDADE AOS
PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DA AMPLA
DEFESA E DO CONTRADITÓRIO.
Asseverou-se, ademais, que QUALQUER
RESTRIÇÃO AOS DIREITOS E GARANTIAS
FUNDAMENTAIS, QUANDO
EXPRESSAMENTE AUTORIZADA PELO TEXTO
CONSTITUCIONAL, SOMENTE PODE SER
CONCRETIZADA POR MEIO DE LEI FORMAL.
Por fim, afirmou-se que, em razão de o
dispositivo regimental questionado não vedar,
em nenhum momento, a lavratura de acórdão da
decisão colegiada em agravo regimental, não
caberia falar em inconstitucionalidade da norma,
pois o problema não estaria na lavratura da
certidão, mas na falta de lavratura do acórdão,
único documento hábil a tornar pública a
vontade da Corte. RE provido para determinar
seja lavrado o respectivo acórdão da decisão em
comento.
86
Vencido, parcialmente, o Min. Marco Aurélio,
que dava provimento ao recurso e também
declarava a inconstitucionalidade da norma
questionada. Outros precedentes citados: RE
235487/RO (DJU de 21.6.2002); HC 71551/MA (DJU de
6.12.92); MI 284/DF (DJU de 26.6.92); RMS 23036/RJ (DJU
de 25.8.2006); RE 540995/RJ (DJE de 2.5.2008). RE
575144/DF, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 11.12.2008. (RE-
575144) - INFORMATIVO STF - Brasília, 8 a 12 de dezembro
de 2008 - Nº 532.
* A desistência do recurso por um dos
recorrentes em litisconsórcio unitário
somente será eficaz se os demaislitisconsortes anuírem a ela. Segundo art. 998
do CPC, o recorrente, poderá, a qualquer tempo,
sem a anuência do recorrido ou dos
litisconsortes, desistir do recurso. Apesar do CPC
mencionar que a desistência possa ser efetuada
a qualquer tempo, se já houve o julgamento do
recurso, ocorreu preclusão na possibilidade da
desistência, pois proferida decisão, o ato
decisório torna-se perfeito e o juiz não poderá
voltar atrás. Ademais, segundo entendimento do
STJ: Não é possível a homologação de pedido de
desistência de recurso já julgado, pendente
apenas de publicação de acórdão. STJ. 2ª Turma.
AgRg no AgRg no Ag 1392645-RJ, Rel. Min. Herman
Benjamin, julgado em 21/2/2013 (Info 517).
* Após a afetação do recurso especial pela
sistemática do recurso repetitivo, surge o
interesse público pelo julgamento da
demanda, circunstância que mesmo assim
não impede a desistência do recurso pela
parte recorrente.
* Relação direta entre ônus da prova e ônus
do tempo
Vejamos o que diz o art. 314, IV do CPC:
Art. 311. A tutela da evidência será concedida,
independentemente da demonstração de perigo
de dano ou de risco ao resultado útil do processo,
quando:
IV - a petição inicial for instruída com prova
documental suficiente dos fatos constitutivos do
direito do autor, a que o réu não oponha prova
capaz de gerar dúvida razoável.
Esse dispositivo traz uma relação direta entre o
ônus da prova e o ônus do tempo, em que
sentido?
Imagine que o réu apresente uma defesa
indireta, trazendo fatos impeditivos,
modificativos ou extintivos do direito do autor,
mas não traz nenhuma prova concreta das suas
alegações. Ora, se é o réu que precisa de
dilação probatória, porque é dele o ônus da
prova sobre esses fatos, quem tem que
suportar o ônus do tempo é ele, e não o autor.
Se o ônus da prova é exclusivamente do réu,
o ônus do tempo também deve ser dele. É
comumente uma relação que deve ser feita.
No art. 311 temos 4 situações de probabilidade
qualificada do direito do autor. Quatro situações
em que se vislumbra a proteção de um direito
quase certo daquele que o afirma, merecendo
destaque o inciso IV no que concerne ao ônus
do tempo.
*Qual é o termo inicial para a contagem do
prazo de 30 dias previsto no art. 308 do CPC
para formulação do pedido principal na
hipótese em que a tutela cautelar é cumprida
de forma parcial? A contagem do prazo de 30
(trinta) dias previsto no art. 308 do CPC/2015
para formulação do pedido principal se inicia na
data em que for totalmente efetivada a tutela
cautelar.
Art. 308 Efetivada a tutela cautelar, o pedido
principal terá de ser formulado pelo autor no
prazo de 30 (trinta) dias, caso em que será
apresentado nos mesmos autos em que deduzido
o pedido de tutela cautelar, não dependendo do
adiantamento de novas custas processuais.
Exemplo: a Agrex S/A celebrou contrato com
uma cooperativa para que ela fornecesse 250 mil
87
sacas de soja. A contratante pagou o valor
devido, no entanto, a cooperativa não entregou
a soja. Diante disso, a Agrex formulou pedido de
tutela cautelar antecedente contra a cooperativa,
objetivando o sequestro das 250 mil sacas de
soja contratadas. O magistrado deferiu a tutela
pleiteada, determinando o sequestro da soja
mencionada. Ocorre que somente se conseguiu
a apreensão de 150 mil sacas de soja. Em outras
palavras a tutela cautelar foi parcialmente
efetivada. O prazo de 30 dias para a autora
formular o pedido principal não se iniciou. Isso
porque só houve a efetivação parcial da tutela
cautelar. STJ. 3ª Turma. REsp 1954457 GO, Rel. Min. Moura
Ribeiro, julgado em 9/11/2021 (Info 718).
* Segundo a mens legis os embargos na ação
monitória não têm “natureza jurídica de
ação”, mas se identificam com a contestação.
Não se confundem com os embargos do
devedor, em execução fundada em título judicial
ou extrajudicial, vez que, inexiste ainda título
executivo a ser desconstituído. (STJ).
* Para o Superior Tribunal de Justiça é
inadmissível a conversão, de ofício ou a
requerimento das partes, da execução em
ação monitória após ter ocorrido a citação.
(Tese julgada sob o rito do art. 543-C do CPC/73
– TEMA 320) Jurisprudência em Teses – Edição nº
21.
* Multa moratória = obrigação principal +
multa
Multa compensatória = obrigação principal ou
multa
* Decisão que admite (positiva) RE ou Resp =
irrecorrível, uma vez que o Tribunal Superior
ainda irá reexaminar novamente esta
admissibilidade;
→ Se o presidente ou vice negar seguimento
ao RE ou RESP, com base em entendimento
firmado em recurso repetitivo ou em regime de
repercussão geral (art.1.030, I, “a’ “b”), cabe
AGRAVO INTERNO (art. 1021)
→ Se o presidente ou vice negar seguimento
de modo geral por ausência de pressuposto
de admissibilidade (art. 1.030, V), cabe
AGRAVO em RE ou RESP (art. 1.042)
TEORIAS DO PROCESSO
A seguir iremos analisar as Teorias que buscam
conceituar o processo.
TEORIAS CIVILISTAS
As Teorias Civilistas tentaram explicar o processo
sob os seguintes enfoques:
• Processo é um mero procedimento
estabelecido para que o direito material reaja a
uma agressão ou a uma ameaça;
• Processo é um contrato, a citação era um
convite para o réu participar do processo. Ao
aceitar, estava configurado o contrato;
• Processo é um quase-contrato, já que não se
enquadrava no contrato e nem no delito.
* Sobre a coisa julgada a que se refere o art. 15
da Lei 5.478/68:
Coisa julgada e relações jurídicas
continuativas: Relações jurídicas continuativas
são aquelas que se prolongam no tempo (ex.:
relações de família, tributárias, previdenciárias
etc.).
Muita gente entende que, nesses casos, não
haveria coisa julgada porque podem ser revistas
no futuro, se houver a mudança nos fatos – trata-
se de um erro absurdo!!!
Há coisa julgada SIM, porque fatos
posteriores à coisa julgada não guardam
relação com a coisa julgada (se trata de novos
fatos, que exigem uma nova análise e uma nova
decisão, que será proferida com base nessa nova
e modificada relação jurídica); mas, quanto aos
88
fatos já decididos, haverá sim coisa julgada
que, como é proferida numa relação jurídica
continuativa, é chamada de coisa julgada
‘rebus sic standibus’ (vale enquanto durar a
situação observada). Fonte: Fredie Didier
* O recurso adesivo pode ser interposto pelo
autor da ação de indenização julgada
procedente, quando arbitrado, a título de
danos morais, valor inferior ao que era
almejado. Isso porque, neste caso, estará
configurado o interesse recursal do demandante
em ver majorada a condenação, hipótese
caracterizadora de sucumbência material. STJ.
Corte Especial. REsp 1.102.479-RJ, Rel. Min. Marco Buzzi,
Corte Especial, julgado em 4/3/2015 (recurso repetitivo)
(Info 562).
* INFOR 705 STJ. É cabível a interposição de
agravo de instrumento contra decisão
relacionada à definição de competência, a
despeito de não previsto expressamente no
rol do art. 1.015 do CPC/2015. Não é razoável
que o processo tramite perante um juízo
incompetente por um longo período e, somente
por ocasião do julgamento da apelação, seja
reconhecida a incompetência e determinado o
retorno ao juízo competente. O julgado tomou
por base a tese da taxatividade mitigada do rol
do agravo de instrumento, tendo em vista a
situação de urgência.
PRECLUSÃO
Tradicionalmente são TRÊS modalidades:
TEMPORAL - a perda da possibilidade de prática
do ato processual em razão de decurso de prazo.
Há alguns casos de preclusão temporal
expressamente previstas no CPC, como ex o art.
209, § 2º.
É comum se afirmar que só existe preclusão
temporal para as partes e que os prazos
jurisdicionais seriam impróprios. Isto, porém, não
é sempre verdadeiro, basta ver o art.235
(representação por excesso de prazo contra o
magistrado), temos aqui preclusão temporal
para o juiz.
LÓGICA - quando o sujeito do processo em
razão da pratica de um determinado ato, perde
a oportunidade de praticar outro com ele
incompatível. É uma manifestação da boa fé
processual.
Também há preclusão logica para o juiz, ex:
indefere a prova testemunhal alegando que o
fato já esta provado por documento, esta
decisão impede que o juiz no futuro julgue
contra a parte que pretender produzir esta prova
oral ao fundamento de que havia insuficiência de
provas acerca daquele mesmo fato.
CONSUMATIVA - quando o sujeito do processo
por já ter praticado o ato, perde a oportunidade
de praticar novamente ou de complementar.
Também para o juiz, há tal preclusão. Ex. um caso
onde se tornou estável a decisão de saneamento
do processo, dai preclui para ele a possibilidade
de se decidir o que já fora decidido naquele
momento
Pode-se cogitar de uma QUARTA
modalidade:
PRECLUSÃO POR FASES DO PROCESSO -às
vezes um ato processual se torna uma prática
impossível, por ter se alcançado fase processual
que com ele é incompatível.
Ex: Não se pode cogitar do julgamento de
improcedência liminar do pedido, se o réu já foi
citado; não é possível o julgamento antecipado
parcial do mérito se toda a instrução já se
concluiu e é possível a prolação de sentença.
PERITOS
Os peritos são escolhidos entre os
profissionais legalmente habilitados e os
órgãos técnicos ou científicos devidamente
inscritos em cadastro mantido pelo tribunal
ao qual o juiz está vinculado.
89
Na localidade onde não houver inscrito no
cadastro disponibilizado pelo tribunal, a
nomeação do perito é de livre escolha pelo juiz
e deverá recair sobre profissional ou órgão
técnico ou científico comprovadamente detentor
do conhecimento necessário à realização da
perícia.
As partes podem, de comum acordo, escolher o
perito, mediante requerimento dirigido ao
magistrado, desde que sejam plenamente
capazes e a causa admitir autocomposição.
Inexistindo consenso entre os litigantes, o
profissional indicado por uma das partes e
rejeitado por outra não pode realizar a prova
pericial nos autos.
STJ. 3ª Turma. REsp 1924452-SP, Rel. Min. Ricardo Villas
Bôas Cueva, julgado em 04/10/2022 (Info 755).
APLICAÇÃO
Apelação (resultado não unânime)
Ação Rescisória (resultado não unânime rescisão
de sentença)
Agravo de instrumento (resultado não unânime
decisão que julgar parcialmente o mérito)
NÃO APLICAÇÃO
IAC (incidente de assunção de competência)
IRDR (incidente de resolução de demandas
repetitivas)
Remessa necessária
Julgamento de Plenário ou Corte Especial
* Com previsão nos artigos 113 e ss do NCPC,
litisconsórcio consiste na possibilidade de
diversos sujeitos atuarem em um dos polos de
uma relação processual, seja ativo/passivo,
inicia/ulterior, simples/unitário ou
facultativo/necessário.
Obs. litisconsórcio eventual, alternativo e
sucessivo são temas tratados com os pedidos
* A gratuidade da justiça passou a poder ser
concedida a estrangeiro não residente no
Brasil após a entrada em vigor do CPC/2015.
STJ. Corte Especial. Pet 9.815-DF, Rel. Min. Luis Felipe
Salomão, julgado em 29/11/2017 (Info 622).
Artigos do CPC:
Art. 99. O pedido de gratuidade da justiça pode
ser formulado na petição inicial, na contestação,
na petição para ingresso de terceiro no processo
ou em recurso
§ 1º Se superveniente à primeira manifestação da
parte na instância, o pedido poderá ser formulado
por petição simples, nos autos do próprio
processo, e não suspenderá seu curso.
§ 2º O juiz somente poderá indeferir o pedido se
houver nos autos elementos que evidenciem a
falta dos pressupostos legais para a concessão de
gratuidade, devendo, antes de indeferir o pedido,
determinar à parte a comprovação do
preenchimento dos referidos pressupostos.
§ 3º Presume-se verdadeira a alegação de
insuficiência deduzida exclusivamente por pessoa
natural.
§ 4º A assistência do requerente por advogado
particular não impede a concessão de gratuidade
da justiça.
§ 5º Na hipótese do § 4º, o recurso que verse
exclusivamente sobre valor de honorários de
sucumbência fixados em favor do advogado de
beneficiário estará sujeito a preparo, salvo se o
próprio advogado demonstrar que tem direito à
gratuidade.
§ 6º O direito à gratuidade da justiça é pessoal,
não se estendendo a litisconsorte ou a sucessor do
beneficiário, salvo requerimento e deferimento
expressos.
§ 7º Requerida a concessão de gratuidade da
justiça em recurso, o recorrente estará dispensado
de comprovar o recolhimento do preparo,
incumbindo ao relator, neste caso, apreciar o
requerimento e, se indeferi-lo, fixar prazo para
realização do recolhimento.
* A jurisprudência da Corte já assentou ser
possível o pedido de justiça gratuita em
90
qualquer fase do processo, incluída a
execução. É inadmissível o indeferimento
automático do pedido de gratuidade da justiça
apenas por figurar a parte no polo passivo em
processo de execução.
*Informativo nº 720 - 6 de dezembro de 2021 -
SEGUNDA SEÇÃO – Processo - REsp 1.325.857-
RS, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, Segunda
Seção, por maioria, julgado em 30/11/2021 -
Ramo do Direito - DIREITO PROCESSUAL CIVIL –
Tema - Ação civil pública. Legitimidade.
Associações. Apresentação do rol de filiados.
Substituição processual. Desnecessidade –
DESTAQUE - É desnecessária a apresentação
nominal do rol de filiados para o ajuizamento
de Ação Civil Pública por associação.
INFORMAÇÕES DO INTEIRO TEOR - Cinge-se a
controvérsia na verificação da legitimidade das
associações para propor ação civil pública, tendo
em vista a não apresentação do rol de seus
filiados.
Outrossim, faz-se indispensável estudo detido
da tese firmada pela Suprema Corte, no
julgamento do RE 573.232/SC, relativa à
necessidade de apresentação de nominata de
associados para ajuizamento de ações coletivas.
É que A ANÁLISE PROPOSTA PERMITIRÁ
DESVENDAR SE TAL EXIGÊNCIA REFERE-SE
APENAS ÀS AÇÕES COLETIVAS ORDINÁRIAS, OU
SE TAMBÉM AS AÇÕES CIVIS PÚBLICAS DEVEM
OBEDIÊNCIA ÀQUELA CONDICIONANTE.
SALUTAR É A INVESTIGAÇÃO SOBRE A QUE
TÍTULO A ASSOCIAÇÃO ATUA NO PROCESSO, SE
EM SUBSTITUIÇÃO OU REPRESENTAÇÃO DOS
ASSOCIADOS, resposta que orientará a definição
da obrigatoriedade ou não da apresentação do
rol de possíveis beneficiários da demanda, sob
pena de indeferimento da inicial.
Sobre o tema, é o entendimento do egrégio
Superior Tribunal de Justiça:
"INDEPENDENTEMENTE DE AUTORIZAÇÃO
ESPECIAL OU DA APRESENTAÇÃO DE RÉ/AÇÃO
NOMINAL DE ASSOCIADOS, AS ASSOCIAÇÕES
CIVIS, CONSTITUÍDAS HÁ PELO MENOS UM
ANO E QUE INCLUAM ENTRE SEUS FINS
INSTITUCIONAIS A DEFESA DOS INTERESSES E
DIREITOS PROTEGIDOS PELO CDC, GOZAM DE
LEGITIMIDADE ATIVA PARA A PROPOSITURA DE
AÇÃO COLETIVA. (Superior Tribunal de Justiça,
Terceira Turma, REsp. 805277/RS, Rel. Min.
Nancy Andrighi, j. 23/09/2008, DJe 08/10/2008)
Referindo-se à específica atuação das
associações, A DOUTRINA ELUCIDA A QUESTÃO,
DIFERENCIANDO OS INSTITUTOS DA
REPRESENTAÇÃO E SUBSTITUIÇÃO
PROCESSUAL, nos seguintes termos: "A
DISTINÇÃO ENTRE REPRESENTAÇÃO E
SUBSTITUIÇÃO PROCESSUAL É CLÁSSICA, E
AMBAS ESTÃO RELACIONADAS COM A NÃO
COINCIDÊNCIA ENTRE O TITULAR DO DIREITO
MATERIAL E AQUELE QUE DEFENDE ESSE
DIREITO EM JUÍZO. OCORRE REPRESENTAÇÃO
QUANDO O REPRESENTANTE AGE EM NOME
DO REPRESENTADO, NA TUTELA DO DIREITO
DESTE; já NA SUBSTITUIÇÃO PROCESSUAL O
SUBSTITUTO AGE EM NOME PRÓPRIO, NA
DEFESA DO DIREITO DO SUBSTITUÍDO. NA
HIPÓTESE DE ATUAÇÃO JUDICIAL DE ENTIDADE
ASSOCIATIVA A TÍTULO DE REPRESENTANTE, O
ENTE VAI A JUÍZO EM NOME E NO INTERESSE
DOS ASSOCIADOS, DE MODO QUE HÁ
NECESSIDADEDE APRESENTAR AUTORIZAÇÃO
PRÉVIA PARA ESSA ATUAÇÃO E OS EFEITOS DA
SENTENÇA FICAM CIRCUNSCRITOS AOS
REPRESENTADOS. Trata-se da previsão do art. 5,
inc. XXI, da Constituição Federal. TRATA-SE DE
LEGITIMAÇÃO ORDINÁRIA.
JÁ NA SUBSTITUIÇÃO PROCESSUAL, O QUE
OCORRE É UMA ATUAÇÃO PELO ENTE
COLETIVO QUE TEM COMO FUNÇÃO PRECÍPUA
A DEFESA DOS INTERESSES COMUNS DO
GRUPO DE SUBSTITUÍDOS; DAÍ A
DESNECESSIDADE DE AUTORIZAÇÃO EXPRESSA
E PONTUAL DOS SEUS MEMBROS PARA A SUA
91
ATUAÇÃO EM JUÍZO, COMO TAMBÉM OCORRE
COM A TRADICIONAL LEGITIMIDADE
EXTRAORDINÁRIA DOS SINDICATOS. E DAÍ,
TAMBÉM, A EXTENSÃO DOS EFEITOS DA
SENTENÇA A TODOS OS SUBSTITUÍDOS,
APLICANDO-SE AS REGRAS DA COISA JULGADA
PRÓPRIAS DOS PROCESSOS COLETIVOS (ARTS.
103 E 105 DO CDC). NESTE CASO, A
LEGITIMAÇÃO É EXTRAORDINÁRIA."
A atuação das associações em processos
coletivos pode se verificar de duas maneiras: (a)
POR MEIO DA AÇÃO COLETIVA ORDINÁRIA,
HIPÓTESE DE REPRESENTAÇÃO PROCESSUAL,
com base no permissivo contido no artigo 5º,
inciso XXI, da CF/1988; ou (b) OU NA AÇÃO
CIVIL PÚBLICA, AGINDO A ASSOCIAÇÃO NOS
MOLDES DA SUBSTITUIÇÃO PROCESSUAL
prevista no Código de Defesa do Consumidor
e na Lei da Ação Civil Pública.
No caso analisado, vale dizer que A AÇÃO
PROPOSTA NA ORIGEM TEM COMO ESCOPO A
DEFESA DE DIREITOS E INTERESSES
HOMOGÊNEOS DE UMA UNIVERSALIDADE DE
CONSUMIDORES QUE, EMBORA TAMBÉM
SEJAM, ONTOLOGICAMENTE, DIREITOS
INDIVIDUAIS, MERECERAM TRATAMENTO
ESPECIAL DO ORDENAMENTO JURÍDICO, QUE
SE EXPRESSA PELA LEGITIMAÇÃO
EXTRAORDINÁRIA DO SUBSTITUTO
PROCESSUAL.
Com base em todo exposto, verifica-se a
impossibilidade de, no caso em análise, incidir o
entendimento firmado no RE 573.232/SC, em
sede de repercussão geral.
Isto porque, O PRECEDENTE DA CORTE
SUPREMA SE DIRECIONOU EXCLUSIVAMENTE
ÀS DEMANDAS COLETIVAS EM QUE AS
ASSOCIAÇÕES AUTORAS ATUAM POR
REPRESENTAÇÃO PROCESSUAL, NÃO TENDO
APLICAÇÃO AOS CASOS EM QUE AGEM EM
SUBSTITUIÇÃO.
Dessarte, na pretensão deduzida na presente
demanda, diversamente do julgamento do STF,
a atuação da entidade autora deu-se, de forma
inequívoca, no campo da substituição
processual, sendo desnecessária a apresentação
nominal do rol de seus filiados para ajuizamento
da ação
*PROCESSO REsp 1.577.047-MG, Rel. Min.
Gurgel de Faria, Primeira Turma, por
unanimidade, julgado em 10/05/2022, DJe
25/05/2022. RAMO DO DIREITO DIREITO
ADMINISTRATIVO, DIREITO PROCESSUAL CIVIL.
TEMA Desapropriação. Extensão. Área contígua.
Impossibilidade. Atualização monetária.
Parâmetro. Último laudo judicial. Juros
compensatórios. Incidência sobre o imóvel
efetivamente expropriado. Cabimento.
DESTAQUE: Há violação aos limites das
matérias que podem ser discutidas em ação
de desapropriação direta quando se admite o
debate - e até mesmo indenização - de área
diferente da verdadeiramente expropriada,
ainda que vizinha.
* O cancelamento da distribuição, a teor do
art. 290 do CPC, prescinde da citação ou
intimação da parte ré, bastando a constatação
da ausência do recolhimento das custas
iniciais e da inércia da parte autora, após
intimada, em regularizar o preparo.
(...) Não bastasse ser indevida a citação da parte
adversa, é imperioso observar que, nesse
momento procedimental, em regra, qualquer
alusão à intimação da outra parte revela-se
tecnicamente imprecisa, ante a inexistência de
relação jurídica processual triangular ou angular:
o réu ainda não integra o processo. Desse modo,
constatada a ausência de recolhimento das
custas iniciais e quedando-se inerte o autor após
intimado para regularizar o preparo, deve o juiz,
sem a oitiva da outra parte - que, em regra,
sequer integra a relação jurídica processual -,
92
cancelar a distribuição do processo, extinguindo
o feito sem resolução do mérito. REsp 1.906.378-
MG, Rel. Min. Nancy Andrighi, Terceira Turma,
por unanimidade, julgado em 11/05/2021.
* Relativamente à intervenção de terceiros no
processo civil, a assistência pode ser
reconhecida em qualquer procedimento e em
todos os graus de jurisdição. Essa modalidade
de intervenção de terceiros pode se apresentar
de duas formas: simples e litisconsorcial.
Art. 120. Não havendo impugnação no prazo de
15 (quinze) dias, o pedido do assistente será
deferido, salvo se for caso de rejeição liminar.
Parágrafo único. Se qualquer parte alegar que falta
ao requerente interesse jurídico para intervir, o juiz
decidirá o incidente, sem suspensão do processo.
* REPERCUSSÃO GERAL - DIREITO PROCESSUAL
- REPRESENTAÇÃO PROCESSUAL - Propositura
da ação: associação e momento para a filiação -
A eficácia subjetiva da coisa julgada formada
a partir de ação coletiva, de rito ordinário,
ajuizada por associação civil na defesa de
interesses dos associados, somente alcança os
filiados, residentes no âmbito da jurisdição do
órgão julgador, que o fossem em momento
anterior ou até a data da propositura da
demanda, constantes da relação jurídica
juntada à inicial do processo de
conhecimento.
Com base nesse entendimento, o Plenário,
apreciando o Tema 499 da repercussão geral,
por maioria, negou provimento ao recurso
extraordinário e declarou a constitucionalidade
do art. 2º-A (1) da Lei 9.494/1997.
No caso, determinada associação propôs ação
coletiva ordinária contra a União.
O objetivo era a repetição de valores
descontados a título de imposto de renda de
servidores, incidente sobre férias não usufruídas
por necessidade do serviço.
Com a procedência do pleito no processo de
conhecimento e o subsequente trânsito em
julgado, foi deflagrado, por associação, o início
da fase de cumprimento de sentença.
Nesta, o tribunal de origem assentou, em agravo,
a necessidade de a primeira peça da execução vir
instruída com documentação comprobatória de
filiação do associado em momento anterior ou
até o dia do ajuizamento da ação de
conhecimento, conforme o art. 2º-A, parágrafo
único, da Lei 9.494/1997, incluído pela Medida
Provisória 2.180-35/2001 (vide Informativo 863).
O Plenário ressaltou que, ante o conteúdo do art.
5º, XXI (2), da Constituição Federal,
AUTORIZAÇÃO EXPRESSA PRESSUPÕE
ASSOCIADOS IDENTIFICADOS, COM ROL
DETERMINADO, APTOS À DELIBERAÇÃO.
Nesse caso, A ASSOCIAÇÃO, ALÉM DE NÃO
ATUAR EM NOME PRÓPRIO, PERSEGUE O
RECONHECIMENTO DE INTERESSES DOS
FILIADOS.
DECORRE DAÍ A NECESSIDADE DA COLHEITA DE
AUTORIZAÇÃO EXPRESSA DE CADA
ASSOCIADO, DE FORMA INDIVIDUAL, OU
MEDIANTE ASSEMBLEIA GERAL DESIGNADA
PARA ESSE FIM, considerada a maioria formada.
Enfatizou que A ENUMERAÇÃO DOS
ASSOCIADOS ATÉ O MOMENTO
IMEDIATAMENTE ANTERIOR AO DO
AJUIZAMENTO SE PRESTA À OBSERVÂNCIA DO
PRINCÍPIO DO DEVIDO PROCESSO LEGAL,
inclusive sob o enfoque da razoabilidade.
POR MEIO DA ENUMERAÇÃO, PRESENTE A
RELAÇÃO NOMINAL, É QUE SE VIABILIZAM O
DIREITO DE DEFESA, O CONTRADITÓRIO E A
AMPLA DEFESA.
Reputou que A CONDIÇÃO DE FILIADO É
PRESSUPOSTO DO ATO DE CONCORDÂNCIA
COM A SUBMISSÃO DA CONTROVÉRSIA AO
JUDICIÁRIO.
93
Vencido o ministro Ricardo Lewandowski, que
deu provimento ao recurso para afastar a
exigência de prévia filiação para que o associado
possa executar a sentença proferida em ação
coletiva de rito ordinário. Para o magistrado, o
legislador ordinário restringiu, indevidamente, o
alcance dos dispositivos constitucionais que
garantem o amplo acesso à Justiça e a
representatividade das associações quanto aos
seus associados.
Vencido, em parte, o ministro Edson Fachin, que
deu parcial provimento ao recurso
extraordinário, na linha do ministro Ricardo
Lewandowski, mas restringiu a condição de
filiado até a época da formação do título
exequendo.
Vencido, em parte, o ministro Alexandre de
Moraes que proveuparcialmente o
extraordinário para dar interpretação conforme
quanto à circunscrição.
Lei 9.494/1997: Art. 2º-A. A sentença civil
prolatada em ação de caráter coletivo proposta
por entidade associativa, na defesa dos interesses
e direitos dos seus associados, abrangerá apenas
os substituídos que tenham, na data da
propositura da ação, domicílio no âmbito da
competência territorial do órgão prolator.
Parágrafo único. Nas ações coletivas propostas
contra a União, os Estados, o Distrito Federal, os
Municípios e suas autarquias e fundações, a
petição inicial deverá obrigatoriamente estar
instruída com a ata da assembleia da entidade
associativa que a autorizou, acompanhada da
relação nominal dos seus associados e indicação
dos respectivos endereços.”
CF/1988: “Art. 5º (...) XXI – as entidades
associativas, quando expressamente autorizadas,
têm legitimidade para representar seus filiados
judicial ou extrajudicialmente;” RE 612043/PR, rel.
Min. Marco Aurélio, julgamento em 10.5.2017. (RE-
612043) – INFORMATIVO STF - Brasília, 8 a 12 de maio
de 2017 - Nº 864
* STF - Tema 836. Não é condição para o
cabimento da ação popular a demonstração
de prejuízo material aos cofres públicos, dado
que o art. 5º, inciso LXXIII, da Constituição
Federal estabelece que qualquer cidadão é
parte legítima para propor ação popular e
impugnar, ainda que separadamente, ato
lesivo ao patrimônio material, moral, cultural
ou histórico do Estado ou de entidade de que
ele participe.
* O rol do art. 1.015 do CPC é de taxatividade
mitigada, por isso admite a interposição de
agravo de instrumento quando verificada a
urgência decorrente da inutilidade do
julgamento da questão no recurso de
apelação. STJ. Corte Especial. REsp 1704520-MT, Rel.
Min. Nancy Andrighi, julgado em 05/12/2018 (recurso
repetitivo) (Info 639).
Art. 189. Os atos processuais são públicos, todavia
tramitam em segredo de justiça os processos:
I - em que o exija o interesse público ou social;
II - que versem sobre casamento, separação de
corpos, divórcio, separação, união estável, filiação,
alimentos e guarda de crianças e adolescentes;
III - em que constem dados protegidos pelo
direito constitucional à intimidade;
* LITISCONSÓRCIO ATIVO NECESSÁRIO:
Fredie Didier entende que não é possível a
existência de litisconsórcio ativo necessário, já
que ninguém é obrigado a propor uma
demanda. O direito de ação é individual,
autônomo e indisponível. Portanto, o
litisconsórcio ativo decorre da vontade dos
autores, sendo facultativo.
* LITISCONSÓRCIO MULTITUDINÁRIO: Trata-
se do litisconsórcio formado por um número
significativo de sujeitos. Nos casos de
litisconsórcio necessário todos devem ser
integrados, porém se tratando de litisconsórcio
facultativo, nos termos do art. 113, §§1º e 2º, é
possível que ocorra uma limitação no número de
litisconsortes.
94
* A ineficácia do negócio jurídico decretada
no juízo falimentar não impede
prosseguimento da execução fiscal. Caso
hipotético: Fazenda Nacional ajuizou execução
fiscal contra a empresa Alfa. A Alfa alienou seu
estabelecimento empresarial para Delta. Foi
decretada a falência de Alfa e o juízo falimentar
decretou a ineficácia desse negócio jurídico.
Mesmo assim, o juízo da execução fiscal
entendeu que houve responsabilidade tributária
decorrente de sucessão empresarial e
redirecionou a execução fiscal contra a Delta. O
STJ considerou que a decisão foi correta. Os atos
considerados ineficazes pelo juízo falimentar não
produzem qualquer efeito jurídico perante a
massa. Por outro lado, isso não vincula o juízo da
execução fiscal. A decretação da ineficácia do
negócio jurídico por parte do juízo falimentar
não impede que o juízo da execução fiscal
continue decidindo que houve responsabilidade
tributária decorrente de sucessão empresarial.
STJ. 2ª Turma. REsp 1822226-RJ, Rel. Min. Herman
Benjamin, julgado em 27/09/2022 (Info 753).
Art. 186. A Defensoria Pública gozará de prazo em
dobro para todas as suas manifestações
processuais.
Art. 203. Os pronunciamentos do juiz consistirão
em sentenças, decisões interlocutórias e
despachos.
§ 1º Ressalvadas as disposições expressas dos
procedimentos especiais, sentença é o
pronunciamento por meio do qual o juiz, com
fundamento nos e, põe fim à fase cognitiva do
procedimento comum, bem como extingue a
execução.
* O NCPC consagrou a figura do Amicus
Curiae como uma das modalidades de
intervenção de terceiro, forma de
democratização do debate judicial, em que
ingressa no processo para fornecer subsídios
para o magistrado proferir melhores decisões.
Sua atuação pode decorrer de requerimento da
parte, do terceiro ou do próprio magistrado. Não
há deslocamento de competência. Difere-se da
assistência que exige interesse jurídico, sempre é
espontânea, o assistente tem amplitude recursal
e há deslocamento de competência
* O termo final para a remição da execução é
a assinatura do auto de arrematação. REsp
1.862.676-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, Terceira Turma, por
unanimidade, julgado em 23/02/2021.
A remição da execução consiste na satisfação
integral do débito executado no curso do
processo e impede a alienação do bem
penhorado. Essa prerrogativa está prevista no
art. 826 do CPC/2015, cuja primeira parte
estabelece que "antes de adjudicados ou
alienados os bens, o executado pode, a todo
tempo, remir a execução (...)". Embora o
dispositivo legal colacionado faça referência à
alienação, não se pode olvidar que a
arrematação se trata de um ato complexo que,
nos termos do art. 903 do CPC/2015, só se
considera perfeita e acabada no momento da
assinatura do auto de arrematação pelo juiz, pelo
arrematante e pelo leiloeiro. Nessa linha de
pensamento, a doutrina pondera que "mesmo
depois de encerrado o pregão, mas enquanto
não se firma o auto de arrematação, ou não se
publica a sentença de adjudicação, ainda é
possível ao devedor remir a execução". Logo, a
arrematação do imóvel não impede o devedor
de remir a execução, caso o auto de arrematação
ainda esteja pendente de assinatura. (Informativo
n. 686)
* Os honorários fixados na sucumbência
recíproca são independentes entre si, isto é,
trata-se de obrigações de natureza cindível na
qual o recurso de uma parte, ou de seu
advogado, não pode prejudicar o recorrente,
sob pena de se majorar indevidamente a
verba honorária já fixada em favor do
patrono da parte contrária, não recorrente,
resultando em reformatio in pejus.
95
Caso adaptado: em 1ª instância, o juiz
reconheceu que houve sucumbência recíproca e
condenou o autor e a ré a pagarem, divididos
pela metade, honorários advocatícios fixados
por equidade (art. 85, § 8º). Somente o autor
recorreu. Alegou que o juiz deveria ter
condenado ao pagamento de honorários fixado
em 10% sobre o valor da causa (art. 85, § 2º). O
TJ concordou e disse que autor e ré deveriam
pagar advocatícios sobre o valor da causa,
divididos igualmente pela metade em razão da
sucumbência recíproca. STJ não concordou com
o TJ. Isso porque nesse caso haveria reformatio
in pejus, piorando a situação do recorrente. STJ.
4ª Turma. AgInt no REsp 1944858-DF, Rel. Min. Luis Felipe
Salomão, Rel. Acd. Min. Raul Araújo, julgado em 27/09/2022
(Info 751).
* Informativo nº 471 - 2 a 6 de maio de 2011 -
TERCEIRA TURMA - CONDOMÍNIO.
LEGITIMIDADE. DANO MORAL.
EM REGRA, A LEGITIMIDADE DA PARTE É
AUFERIDA POR SUA VINCULAÇÃO COM O
DIREITO MATERIAL EM QUESTÃO, MAS HÁ
EXCEÇÕES NO CPC DECORRENTES DE
SITUAÇÕES EXCLUSIVAMENTE PROCESSUAIS
(LEGITIMIDADE EXTRAORDINÁRIA).
Não se olvida que os arts. 1.348, II, do CC/2002 e
22, § 1º, a, da Lei n. 4.591/1964 conferem
legitimidade extraordinária ao condomínio
(massa patrimonial desprovidade personalidade
jurídica de direito material) para que busque, em
juízo ou fora dele, a defesa dos interesses
comuns, como a reparação de dano material
oriundo de área comum ou a cobrança de
encargos não pagos por certo condômino.
Anote-se haver precedentes do STJ que preveem
até a legitimidade do condomínio para pleitear
danos materiais decorrentes de defeitos que
atinjam tanto a área comum quanto as áreas
individuais, por guardarem relações vinculadas
entre si, revelando homogeneidade.
Contudo, ressalte-se que A DOUTRINA
MAJORITÁRIA E O ART. 6º DO CPC EXIGEM
AUTORIZAÇÃO EXPRESSA EM LEI PARA O
RECONHECIMENTO DE LEGITIMIDADE
EXTRAORDINÁRIA e nem esse diploma ou
mesmo a Lei n. 4.591/1964 trazem previsão que
legitime o condomínio a atuar, mediante a figura
do síndico, como parte em demanda que postule
compensação por danos extrapatrimoniais
sofridos pelos condôminos, tal como se busca na
hipótese, de abalo psicológico resultante de
prolongados defeitos de construção em edifício.
Isso vem reafirmar a própria natureza
personalíssima do dano extrapatrimonial, que
diz respeito mesmo ao foro íntimo do ofendido.
Por último, vê-se que os danos morais sofridos
por cada condômino podem possuir dimensões
diferentes, o que não justificaria o tratamento
isonômico, mostrando-se irrelevante o fato de a
assembleia ter conferido autorização para o
ajuizamento da ação. Ao final, esses foram os
fundamentos acolhidos, por maioria, pela Turma.
Precedentes citados: REsp 10.417-SP, DJ 24/2/1992;
REsp 66.565-MG, DJ 24/11/1997; REsp 198.511-RJ, DJ
11/12/2000, e AgRg no REsp 783.360-SP, DJe 12/11/2009.
REsp 1.177.862-RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em
3/5/2011
Art. 775. O exequente tem o direito de desistir de
toda a execução ou de apenas alguma medida
executiva.
Parágrafo único. Na desistência da execução,
observar-se-á o seguinte:
I - serão extintos a impugnação e os embargos
que versarem apenas sobre questões processuais,
pagando o exequente as custas processuais e os
honorários advocatícios;
II - nos demais casos, a extinção dependerá da
concordância do impugnante ou do embargante.
* Embargos à execução para rebater questões
processuais --> INDEPENDE DE
CONCORDÂNCIA DO EXECUTADO PARA
EXTINÇÃO DA EXECUÇÃO
96
Embargos à execução para rebater questões
materiais --> DEPENDE DA CONCORDÂNCIA
DO EXECUTADO.
* Não há nulidade no despacho saneador que
se limita a postergar o exame das matérias
preliminares, quando essas se confundem com
a pretensão meritória e há necessidade de prévia
instrução probatória. STJ. 1ª Turma. REsp 1945660-SP,
Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 27/09/2022 (Info
751).
* Compete ao Tribunal Regional Federal
processar e julgar ação rescisória proposta
pela União com o objetivo de desconstituir
sentença transitada em julgado proferida por
juiz estadual, quando afeta interesses de
órgão federal. STF - Tema 775.
* O CPC/15 trouxe previsão expressa de que
não cabe agravo para o STJ contra decisão
que inadmite REsp quando o acórdão
recorrido decidiu em conformidade com
recurso repetitivo (art. 1042). Tal disposição
legal aplica-se aos agravos apresentados contra
decisão publicada após a entrada em vigor no
novo CPC, em conformidade com o princípio
tempus regit actum. Caso o Tribunal de origem
decida em conformidade com o entendimento
fimado no STJ em REsp repetitivo, a parte deverá
interpor agravo interno. Se em vez disso
interpuser o agravo em REsp para o STJ (art.
1042), cometerá erro grosseiro.
* Técnica de ampliação do colegiado (artigo
942 do CPC)
Aplica-se também ao julgamento da apelação
interposta contra sentença proferida em
Mandado de Segurança. (REsp 1.868.072/RS.
Rel. Min. Francisco Falcão, 2ª Turma).
Embora a técnica de ampliação do colegiado,
prevista no art. 942 do CPC/2015, e os embargos
infringentes, revogados junto com Código de
Processo Civil de 1973, possuam objetivos
semelhantes, os referidos institutos não se
confundem, sobretudo porque o primeiro
compreende técnica de julgamento, já o
segundo consistia em modalidade de recurso.
Por isso que a vedação de embargos infringentes
prevista no artigo 25 da Lei 12.016/2009 não
pode conduzir a interpretação de que não são
cabíveis a técnica de ampliação de colegiado.
Observe que a ampliação do colegiado NÃO É
UMA MODALIDADE DE RECURSO!!! E SIM
UMA TÉCNICA DE JULGAMENTO!!!
* STJ 3ª TURMA - AÇÃO DECLARATÓRIA DE
EXISTÊNCIA DE RELAÇÃO DE PARENTESCO
ENTRE IRMÃOS. LEGITIMIDADE ATIVA.
EXISTÊNCIA. IRMÃOS UNILATERAIS.
PARENTESCO NATURAL COM IRMÃ PRÉ-
MORTA. DIREITO PERSONALÍSSIMO. EXERCÍCIO
DE DIREITO SUCESSÓRIO. INTERESSE
PROCESSUAL. EXISTÊNCIA. AÇÃO
DECLARATÓRIA ADEQUADA. INVIABILIDADE DE
EXAME DA QUESTÃO NO BOJO DO PRÓPRIO
INVENTÁRIO. IMPOSSIBILIDADE JURÍDICA DO
PEDIDO COMO CONDIÇÃO DA AÇÃO NO
CPC/1973. QUESTÃO DE MÉRITO NO CPC/2015.
INAPLICABILIDADE DA REGRA DO ART. 1.614 DO
CC/2002 - Irmãos unilaterais possuem
legitimidade ativa e interesse processual para
propor ação declaratória de reconhecimento
de parentesco natural com irmã pré-morta,
ainda que a relação paterno-filial com o pai
comum, também pré-morto, não tenha sido
reconhecida em vida.
Cinge-se a controvérsia a saber se é admissível,
sob a ótica da legitimidade ativa, do interesse
processual e da possibilidade jurídica do pedido,
a petição inicial de ação declaratória de
reconhecimento do vínculo biológico de
irmandade, em que os irmãos unilaterais
pretendem o reconhecimento de vínculo
biológico com a irmã pré-morta cuja relação
paterno-filial com o pai comum, também pré-
morto, não foi pleiteada ou reconhecida em vida.
97
OS IRMÃOS UNILATERAIS POSSUEM
LEGITIMIDADE ATIVA PARA PROPOR AÇÃO
DECLARATÓRIA DE RECONHECIMENTO DE
PARENTESCO NATURAL COM IRMÃ PRÉ-
MORTA, AINDA QUE A RELAÇÃO
PATERNOFILIAL COM O PAI COMUM, TAMBÉM
PRÉ-MORTO, NÃO TENHA SIDO RECONHECIDA
EM VIDA, POIS A AÇÃO VEICULA ALEGADO
DIREITO PRÓPRIO, AUTÔNOMO E
PERSONALÍSSIMO EM VER RECONHECIDA A
EXISTÊNCIA DA RELAÇÃO JURÍDICA FAMILIAR E,
EVENTUALMENTE, CONCORRER NA SUCESSÃO
DA IRMÃ FALECIDA.
O fato de o hipotético acolhimento da pretensão
deduzida revelar a existência de outros vínculos
biológicos não desvendados em vida por outros
familiares não pode obstar o exercício de direito
próprio e autônomo dos irmãos, QUE APENAS
SERIAM PARTES ILEGÍTIMAS SE PRETENDESSEM
O RECONHECIMENTO, EM CARÁTER PRINCIPAL,
DO SUPOSTO VÍNCULO BIOLÓGICO ENTRE A
FALECIDA IRMÃ E O PAI COMUM.
Quanto ao interesse processual, percebe-se que
a pretensão de natureza declaratória deduzida
pelos recorrentes se bastaria em si mesma, na
forma do art. 19, I, do CPC/2015,
independentemente de quaisquer outras
postulações ou finalidades que com ela se
quisesse atingir, pois possuem o direito
autônomo de investigar os seus próprios
vínculos familiares, a sua origem genética e a sua
própria história.
Daí se conclui que os recorrentes necessitam da
prestação jurisdicional para ver reconhecida a
existência da relação jurídica de parentesco,
valendo-se da via adequada - a ação declaratória
- para tal finalidade.
Para além disso, sublinhe-se que a necessidade
do reconhecimento da existência da relação
jurídica de irmandade também decorre de
propósito específico, a saber, concorrer, se
porventura acolhido o pedido, na sucessão da
suposta irmã falecida.
TRATA-SE DE QUESTÃO QUE DEVE MESMO SER
EXAMINADA E DEFINIDA EM AÇÃO
AUTÔNOMA, DE ÍNDOLE DECLARATÓRIA E
PRÉVIA AO EFETIVO INGRESSO NO INVENTÁRIO
EM VIRTUDE DAS RESTRIÇÕES COGNITIVAS LÁ
EXISTENTES, NA MEDIDA EM QUE O
RECONHECIMENTO DO VÍNCULO BIOLÓGICO
DE PARENTESCO EXIGE ATIVIDADE
PROBATÓRIA DISTINTA DA DOCUMENTAL, POR
ISSO MESMO INCOMPATÍVEL COM O RITO
ESPECIALDO INVENTÁRIO (art. 612 do
CPC/2015), razão pela qual não há dúvida acerca
da adequação da via eleita.
A IMPOSSIBILIDADE JURÍDICA DO PEDIDO, QUE
ERA CONSIDERADA CONDIÇÃO DA AÇÃO NO
CPC/1973, PASSOU A SER CONSIDERADA UMA
QUESTÃO DE MÉRITO A PARTIR DA ENTRADA
EM VIGOR DO CPC/2015, como se depreende da
exposição de motivos do novo Código, da
doutrina majoritária e da jurisprudência desta
Corte.
NÃO HÁ, NO ORDENAMENTO JURÍDICO
BRASILEIRO, VEDAÇÃO EXPRESSA OU
IMPLÍCITA À PRETENSÃO DE DIREITO
AUTÔNOMO À DECLARAÇÃO DE EXISTÊNCIA
DE RELAÇÃO DE PARENTESCO NATURAL
ENTRE PESSOAS SUPOSTAMENTE
PERTENCENTES À MESMA FAMÍLIA, calcada
nos direitos personalíssimos de investigar a
origem genética e biológica e a ancestralidade
(corolários da dignidade da pessoa humana) e
do qual pode eventualmente decorrer direito de
natureza sucessória, não se aplicando à hipótese
a regra do art. 1.614 do CC/2002 - REsp
1.892.941-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, Terceira
Turma, por unanimidade, julgado em
01/06/2021 (INFO 699)
* A desistência da execução antes do
oferecimento dos embargos independe da
anuência do devedor. A apresentação de
98
desistência da execução quando ainda não
efetivada a citação do devedor provoca a
extinção dos embargos posteriormente opostos,
ainda que estes versem acerca de questões de
direito material. O credor não responde pelo
pagamento de honorários sucumbenciais se
manifestar a desistência da execução antes da
citação e da apresentação dos embargos e se
não houver prévia constituição de advogado nos
autos. STJ. 2ª Turma. REsp 1.682.215/MG, Rel. Min. Ricardo
Vilas Bôas Cueva, julgado em 06/04/2021 (Info 692).
Com previsão nos artigos 149 e seguintes,
auxiliares da justiça são:
i) Escrivão e Chefe de secretária: art. 152, CPC.
ii) Oficial de justiça: art. 154, CPC.
iii) Perito: art. 156, CPC.
iv) Depositário e Administrador: art. 159, CPC.
v) Intérprete e Tradutor: art. 162, CPC
vi) Mediador e Conciliador: art. 165, CPC.
vii) Partidor: art. 651, CPC – organiza esboço de
partilha
viii) Distribuidor / Contabilista:
ix) Regulador de avarias: art. 707, CPC.
x) Outros com atribuições determinadas pelas
normas de organização judiciária
Art. 986. A revisão da tese jurídica firmada no
incidente far-se-á pelo mesmo tribunal, de ofício
ou mediante requerimento dos legitimados
mencionados no art. 977, inciso III.
É possível, no entanto, que seja instaurado
um IRDR diretamente no STJ nos casos de:
• competência recursal ordinária (art. 105, II, CF);
e de
• competência originária (art. 105, I, CF).
Art. 976, § 4º: É incabível o incidente de resolução
de demandas repetitivas quando um dos tribunais
superiores, no âmbito de sua respectiva
competência, já tiver afetado recurso para
definição de tese sobre questão de direito material
ou processual repetitiva.
Conforme artigo 176, exercendo o direito de
ação, o Parquet atuará na defesa da ordem
jurídica, do regime democrático e dos interesses
e direitos sociais individuais indisponíveis.
Atuando como fiscal da ordem jurídica, será
intimado para intervir nas hipóteses do art.
178, CPC.
* A falta de intimação é causa de nulidade
processual a ensejar, inclusiva, ação rescisória
(art. 967, III, CPC).
* As causas de impedimento e de suspeição
são aplicadas ao membro do Ministério
Público, sendo processada em apartado pelo
juiz sem suspensão do processo, consoante art.
148, CPC.
ENUNCIADOS
FPPC 512: A decisão ilíquida referida no §1º do
art. 356 somente é permitida nos casos em que
a sentença também puder sê-la.
FPPC 513: Postulado o despejo em cumulação
com outro(s) pedido(s), e estando presentes os
requisitos exigidos pelo art. 356, o juiz deve
julgar parcialmente o mérito de forma
antecipada, para determinar a desocupação do
imóvel locado.
FPPC 630: A necessidade de julgamento
simultâneo de causas conexas ou em que há
continência não impede a prolação de decisões
parciais.
CJF 117: O art. 356 do CPC pode ser aplicado
nos julgamentos dos tribunais.
CJF 125: A decisão parcial de mérito não pode
ser modificada senão em decorrência do recurso
que a impugna.
CJF 126: O juiz pode resolver parcialmente o
mérito, em relação à matéria não afetada para
julgamento, nos processos suspensos em razão
99
de recursos repetitivos, repercussão geral,
incidente de resolução de demandas repetitivas
ou incidente de assunção de competência.
CJF 127: O juiz pode homologar parcialmente a
delimitação consensual das questões de fato e
de direito, após consulta às partes, na forma do
art. 10 do CPC.
TESES DE REPERCUSÃO GERAL
Tema 017, RE 571572, julgado em 08/10/2008 -
Compete à Justiça estadual julgar causas entre
consumidor e concessionária de serviço público
de telefonia, quando a ANATEL não seja
litisconsorte passiva necessária, assistente, nem
opoente.
Tema 043, RE 573202, julgado em 21/08/2008 -
Compete à Justiça comum processar e julgar
causas instauradas entre o Poder Público e seus
servidores submetidos a regime especial
disciplinado por lei local editada antes da
Constituição Federal de 1988, com fundamento
no artigo 106 da Constituição de 1967, na
redação que lhe deu a Emenda Constitucional
1/1969
Tema 045, RE 573872, julgado em 24/05/2017 -
A execução provisória de obrigação de fazer em
face da Fazenda Pública não atrai o regime
constitucional dos precatórios.
Tema 050, RE 575144, julgado em 11/12/2008 -
O artigo 118, § 3º, do Regimento Interno do
Superior Tribunal Militar — que prevê que o
resultado do julgamento de agravo interposto
perante aquela Corte será certificado nos autos
pela Secretaria do Tribunal Pleno — não pode
implicar a ausência de lavratura do acórdão, sob
pena de afronta às garantias constitucionais da
motivação e da publicidade dos
pronunciamentos judiciais.
Tema 058, RE 592619, julgado em 8/09/2010 - É
vedado o fracionamento do valor de precatório
em execução de sentença, com o objetivo de
efetuar o pagamento das custas processuais por
meio de requisição de pequeno valor (RPV).
Tema 077, RE 576847, julgado em 20/05/2009 -
Não cabe mandado de segurança das decisões
interlocutórias exaradas em processos
submetidos ao rito da Lei 9.099/1995.
Tema 082, RE 573232, julgado em 14/05/2014 -
I – A previsão estatutária genérica não é
suficiente para legitimar a atuação, em Juízo, de
associações na defesa de direitos dos filiados,
sendo indispensável autorização expressa, ainda
que deliberada em assembleia, nos termos do
artigo 5º, inciso XXI, da Constituição Federal;II –
As balizas subjetivas do título judicial,
formalizado em ação proposta por associação,
são definidas pela representação no processo de
conhecimento, limitada a execução aos
associados apontados na inicial.
Tema 096, RE 579431, julgado em 19/04/2017 -
Incidem os juros da mora no período
compreendido entre a data da realização dos
cálculos e a da requisição ou do precatório.
Tema 116, RE 581160, julgado em 20/06/2012 -
É inconstitucional o art. 29-C da Lei 8.036/1990,
introduzido pelo art. 9º da MP 2.164-41/2001,
que veda a condenação em honorários
advocatícios nas ações entre o FGTS e os titulares
de contas vinculadas, bem como naquelas em
que figuram os respectivos representantes ou
substitutos processuais.
Tema 128, RE 590409, julgado em 26/08/2009 -
Cabe ao respectivo Tribunal Regional Federal
dirimir conflitos de competência entre Juizado
Especial e Juízo Federal de primeira instância que
pertençam a uma mesma Seção Judiciária.
Tema 135, RE 594116, julgado em 03/12/2015 -
Aplica-se o § 1º do art. 511 do Código de
Processo Civil para dispensa de porte de remessa
e retorno ao exonerar o seu respectivo
recolhimento por parte do INSS.100
Tema 136, RE 590809, julgado em 22/10/2014 -
Não cabe ação rescisória quando o julgado
estiver em harmonia com o entendimento
firmado pelo Plenário do Supremo à época da
formalização do acórdão rescindendo, ainda que
ocorra posterior superação do precedente.
Tema 137, RE 590871, julgado em 11/11/2019 -
É compatível com a Constituição da República de
1988 a ampliação para 30 (trinta) dias do prazo
de oposição de embargos à execução pela
Fazenda Pública.
Tema 149, RE 594435, julgado em 05/2018 -
Compete à Justiça comum o julgamento de
conflito de interesses a envolver a incidência de
contribuição previdenciária, considerada a
complementação de proventos.
Tema 159, RE 586789, julgado em 16/11/2011 -
Compete às Turmas Recursais o julgamento de
mandado de segurança utilizado como
substitutivo recursal contra decisão de juiz
federal no exercício de jurisdição do Juizado
Especial Federal.
Tema 170, RE 597133, julgado em 17/11/2010 -
Não viola o postulado constitucional do juiz
natural o julgamento de apelação por órgão
composto majoritariamente por juízes
convocados, autorizado no âmbito da Justiça
Federal pela Lei 9.788/1999.
Tema 190, RE 586453, julgado em 20/03/2013 -
Compete à Justiça comum o processamento de
demandas ajuizadas contra entidades privadas
de previdência com o propósito de obter
complementação de aposentadoria, mantendo-
se na Justiça Federal do Trabalho, até o trânsito
em julgado e correspondente execução, todas as
causas dessa espécie em que houver sido
proferida sentença de mérito até 20/2/2013.
Tema 258, RE 595332, julgado em 31/06/2016 -
Compete à Justiça Federal processar e julgar
ações em que a Ordem dos Advogados do Brasil,
quer mediante o Conselho Federal, quer
seccional, figure na relação processual.
Tema 294, RE 612359, julgado em 14/08/2010 -
Cabe o julgamento monocrático no âmbito dos
Juizados Especiais, desde que possível sua
revisão pelo Órgão Colegiado.
Tema 295, RE 612360, julgado em 14/08/2010 -
É constitucional a penhora de bem de família
pertencente a fiador de contrato de locação, em
virtude da compatibilidade da exceção prevista
no art. 3°, VII, da Lei 8.009/1990 com o direito à
moradia consagrado no art. 6° da Constituição
Federal, com redação da EC 26/2000.
Tema 305, RE 607520, julgado em 25/11/2011 -
Compete à Justiça comum estadual processar e
julgar as ações de cobrança ou os feitos
executivos de honorários advocatícios arbitrados
em favor de advogado dativo em ações cíveis e
criminais.
Tema 355, RE 693112, julgado em 09/02/2017 -
É válida a penhora em bens de pessoa jurídica de
direito privado, realizada anteriormente à
sucessão desta pela União, não devendo a
execução prosseguir mediante precatório.
Tema 358, RE 601146, julgado em 08/06/2020 -
A competência constitucional do tribunal para
decidir sobre a perda do posto e da patente dos
oficiais e da graduação das praças é específica,
nos termos do artigo 125, § 4º, não autorizando
a concessão de reforma de policial militar
julgado inapto a permanecer nas fileiras da
corporação.
Tema 360, RE 611503, julgado em 20/09/2018 -
São constitucionais as disposições normativas do
parágrafo único do art. 741 do CPC, do § 1º do
art. 475-L, ambos do CPC/73, bem como os
correspondentes dispositivos do CPC/15, o art.
525, § 1º, III e §§ 12 e 14, o art. 535, § 5º. São
dispositivos que, buscando harmonizar a
garantia da coisa julgada com o primado da
Constituição, vieram agregar ao sistema
101
processual brasileiro um mecanismo com
eficácia rescisória de sentenças revestidas de
vício de inconstitucionalidade qualificado, assim
caracterizado nas hipóteses em que (a) a
sentença exequenda esteja fundada em norma
reconhecidamente inconstitucional, seja por
aplicar norma inconstitucional, seja por aplicar
norma em situação ou com um sentido
inconstitucionais; ou (b) a sentença exequenda
tenha deixado de aplicar norma
reconhecidamente constitucional; e (c) desde
que, em qualquer dos casos, o reconhecimento
dessa constitucionalidade ou a
inconstitucionalidade tenha decorrido de
julgamento do STF realizado em data anterior ao
trânsito em julgado da sentença exequenda.
Tema 361, RE 631537, julgado em 22/05/2020 -
A cessão de crédito alimentício não implica a
alteração da natureza.
Tema 374, RE 627709 julgado em 20/08/2014 -
A regra prevista no § 2º do art. 109 da
Constituição Federal também se aplica às ações
movidas em face de autarquias federais.
Tema 380, RE 600658, julgado em 08/04/2011 -
O art. 17 do ADCT alcança as situações jurídicas
cobertas pela coisa julgada.
Tema 408, ARE 637975, julgado em 10/06/2011
- É compatível com a Constituição o art. 34 da Lei
6.830/1980, que afirma incabível apelação em
casos de execução fiscal cujo valor seja inferior a
50 ORTN.
Tema 411, AI 841548, julgado em 10/06/2011 -
É incompatível com a Constituição o
reconhecimento às entidades paraestatais dos
privilégios processuais concedidos à Fazenda
Pública em execução de pagamento de quantia
em dinheiro.
Tema 414, RE 638483, julgado em 10/06/2011 -
Compete à Justiça Comum Estadual julgar as
ações acidentárias que, propostas pelo segurado
contra o Instituto Nacional do Seguro Social
(INSS), visem à prestação de benefícios relativos
a acidentes de trabalho.
Tema 435, AI 842063, julgado em 17/06/2011 -
É compatível com a Constituição a aplicabilidade
imediata do art. 1º-F da Lei 9.494/97, com
alteração pela Medida Provisória nº 2.180-
35/2001, ainda que em relação às ações
ajuizadas antes de sua entrada em vigor.
Tema 451, RE 635729, julgado em 01/07/2011 -
Não afronta a exigência constitucional de
motivação dos atos decisórios a decisão de
Turma Recursal de Juizados Especiais que, em
consonância com a Lei 9.099/1995, adota como
razões de decidir os fundamentos contidos na
sentença recorrida.
Tema 455, RE 1263641, julgado em 13/10/2020
- A exigência de garantia para o exercício da
profissão de leiloeiro, prevista nos artigos 6º a 8º
do Decreto 21.981/1932, é compatível com o
artigo 5º, XIII, da CF/1988.
Tese 499, RE 612043, julgado em 10/05/2017 -
A eficácia subjetiva da coisa julgada formada a
partir de ação coletiva, de rito ordinário, ajuizada
por associação civil na defesa de interesses dos
associados, somente alcança os filiados,
residentes no âmbito da jurisdição do órgão
julgador, que o fossem em momento anterior ou
até a data da propositura da demanda,
constantes da relação jurídica juntada à inicial do
processo de conhecimento.
Tema 511, RE 657686, julgado em 23/10/2014 -
É constitucionalmente vedada a compensação
unilateral de débitos em proveito exclusivo da
Fazenda Pública ainda que os valores envolvidos
não estejam sujeitos ao regime de precatórios,
mas apenas à sistemática da requisição de
pequeno valor.
Tema 530, RE 669367, julgado em 02/05/2013 -
É lícito ao impetrante desistir da ação de
mandado de segurança, independentemente de
aquiescência da autoridade apontada como
102
coatora ou da entidade estatal interessada ou,
ainda, quando for o caso, dos litisconsortes
passivos necessários, a qualquer momento antes
do término do julgamento, mesmo após
eventual sentença concessiva do ‘writ’
constitucional, não se aplicando, em tal hipótese,
a norma inscrita no art. 267, § 4º, do CPC/1973.
Tema 544, RE 846854, julgado em 25/05/2017 -
A justiça comum, federal ou estadual, é
competente para julgar a abusividade de greve
de servidores públicos celetistas da
Administração pública direta, autarquias e
fundações públicas.
Tema 549, ARE 648629, julgado em 25/04/2013
- A prerrogativa processual da Fazenda Pública
Federal de receber intimações pessoais, nos
termos do art. 17 da Lei 10.910/2004,não tem
aplicação no âmbito do procedimento dos
Juizados Especiais Federais.
Tema 550, RE 606003, julgado em 28/09/2020 -
Preenchidos os requisitos dispostos na Lei
4.886/65, compete à Justiça Comum o
julgamento de processos envolvendo relação
jurídica entre representante e representada
comerciais, uma vez que não há relação de
trabalho entre as partes.
Tema 572, RE 684169, julgado em 31/08/2012 -
Compete à Justiça comum estadual processar e
julgar causas alusivas à parcela do imposto de
renda retido na fonte pertencente ao Estado-
membro, porque ausente o interesse da União.
Tema 606, RE 655283, julgado em 15/03/2021 -
A natureza do ato de demissão de empregado
público é constitucional-administrativa e não
trabalhista, o que atrai a competência da Justiça
comum para julgar a questão. A concessão de
aposentadoria aos empregados públicos
inviabiliza a permanência no emprego, nos
termos do art. 37, § 14, da CRFB, salvo para as
aposentadorias concedidas pelo Regime Geral
de Previdência Social até a data de entrada em
vigor da Emenda Constitucional nº 103/19, nos
termos do que dispõe seu art. 6º.
Tema 722, RE 726035, julgado em 25/04/2014 -
Compete à justiça federal comum processar e
julgar mandado de segurança quando a
autoridade apontada como coatora for
autoridade federal, considerando-se como tal
também os dirigentes de pessoa jurídica de
direito privado investidos de delegação
concedida pela União.
Tema 727, RE 797905, julgado em 16/05/2014 -
Compete ao Supremo Tribunal Federal julgar
mandado de injunção referente à omissão
quanto à edição da lei complementar prevista no
art. 40, § 4º, da Constituição de 1988.
Tema 739, ARE 791932, julgado em 11/10/2018
- É nula a decisão de órgão fracionário que se
recusa a aplicar o art. 94, II, da Lei 9.472/1997,
sem observar a cláusula de reserva de Plenário
(CF, art. 97), observado o art. 949 do Código de
Processo Civil.
Tema 755, ARE 723307, julgado em 09/08/2014
- É vedado o fracionamento da execução
pecuniária contra a Fazenda Pública para que
uma parte seja paga antes do trânsito em
julgado, por meio de Complemento Positivo, e
outra depois do trânsito, mediante Precatório ou
Requisição de Pequeno Valor.
Tema 775, RE 598650, julgado em 11/10/2021 -
Compete ao Tribunal Regional Federal processar
ação rescisória proposta pela União com o
objetivo de desconstituir sentença transitada em
julgado proferida por juiz estadual, quando afeta
interesses de órgão federal.
Tema 793, RE 855178, julgado em 06/03/2015 -
Os entes da federação, em decorrência da
competência comum, são solidariamente
responsáveis nas demandas prestacionais na
área da saúde, e diante dos critérios
constitucionais de descentralização e
hierarquização, compete à autoridade judicial
103
direcionar o cumprimento conforme as regras de
repartição de competências e determinar o
ressarcimento a quem suportou o ônus
financeiro.
Tema 810, RE 870947, julgado em 20/09/2017 -
1) O art. 1º-F da Lei nº 9.494/97, com a redação
dada pela Lei nº 11.960/09, na parte em que
disciplina os juros moratórios aplicáveis a
condenações da Fazenda Pública, é
inconstitucional ao incidir sobre débitos
oriundos de relação jurídico-tributária, aos quais
devem ser aplicados os mesmos juros de mora
pelos quais a Fazenda Pública remunera seu
crédito tributário, em respeito ao princípio
constitucional da isonomia (CRFB, art. 5º, caput);
quanto às condenações oriundas de relação
jurídica não-tributária, a fixação dos juros
moratórios segundo o índice de remuneração da
caderneta de poupança é constitucional,
permanecendo hígido, nesta extensão, o
disposto no art. 1º-F da Lei nº 9.494/97 com a
redação dada pela Lei nº 11.960/09; e 2) O art.
1º-F da Lei nº 9.494/97, com a redação dada pela
Lei nº 11.960/09, na parte em que disciplina a
atualização monetária das condenações
impostas à Fazenda Pública segundo a
remuneração oficial da caderneta de poupança,
revela-se inconstitucional ao impor restrição
desproporcional ao direito de propriedade
(CRFB, art. 5º, XXII), uma vez que não se qualifica
como medida adequada a capturar a variação de
preços da economia, sendo inidônea a promover
os fins a que se destina.
Tema 820, RE 860508, julgado em 08/03/2021 -
A competência prevista no §3º do artigo 109 da
Constituição Federal, da Justiça comum,
pressupõe inexistência de Vara Federal na
Comarca do domicílio do segurado.
Tema 831, RE 889173, julgado em 08/08/2015 -
O pagamento dos valores devidos pela Fazenda
Pública entre a data da impetração do mandado
de segurança e a efetiva implementação da
ordem concessiva deve observar o regime de
precatórios previsto no artigo 100 da
Constituição Federal.
Tema 858, RE 1010819, julgado em 26/05/2021
- I - O trânsito em julgado de sentença
condenatória proferida em sede de ação
desapropriatória não obsta a propositura de
Ação Civil Pública em defesa do patrimônio
público, para discutir a dominialidade do bem
expropriado, ainda que já se tenha expirado o
prazo para a Ação Rescisória; II - Em sede de
Ação de Desapropriação, os honorários
sucumbenciais só serão devidos caso haja
devido pagamento da indenização aos
expropriados.
Tema 859, RE 678162, julgado em 22/09/2020 -
A insolvência civil está entre as exceções da parte
final do artigo 109, I, da Constituição da
República, para fins de definição da competência
da Justiça Federal.
Tema 873, ARE 925754, julgado em 18/12/2015
- Não viola o art. 100, § 8º, da Constituição
Federal a execução individual de sentença
condenatória genérica proferida contra a
Fazenda Pública em ação coletiva visando à
tutela de direitos individuais homogêneos.
Tema 877, RE 938837, julgado em 19/04/2017 -
Os pagamentos devidos, em razão de
pronunciamento judicial, pelos Conselhos de
Fiscalização não se submetem ao regime de
precatórios.
Tema 961, ARE 1038507, julgado em
21/12/2020 - É impenhorável a pequena
propriedade rural familiar constituída de mais de
01 (um) terreno, desde que contínuos e com área
total inferior a 04 (quatro) módulos fiscais do
município de localização.
Tema 1075, RE 1101937, julgado em
08/04/2021 - I - É inconstitucional a redação do
art. 16 da Lei 7.347/1985, alterada pela Lei
9.494/1997, sendo repristinada sua redação
original. II - Em se tratando de ação civil pública
104
de efeitos nacionais ou regionais, a competência
deve observar o art. 93, II, da Lei 8.078/1990
(Código de Defesa do Consumidor). III -
Ajuizadas múltiplas ações civis públicas de
âmbito nacional ou regional e fixada a
competência nos termos do item II, firma-se a
prevenção do juízo que primeiro conheceu de
uma delas, para o julgamento de todas as
demandas conexas.
Tema 1092, RE 1265549, julgada em 05/06/2020
- Compete à Justiça comum processar e julgar
causas sobre complementação de aposentadoria
instituída por lei cujo pagamento seja,
originariamente ou por sucessão, da
responsabilidade da Administração Pública
direta ou indireta, por derivar essa
responsabilidade de relação jurídico-
administrativa.
Tema 1119, ARE 1293130, julgado em
18/12/2020 - É desnecessária a autorização
expressa dos associados, a relação nominal
destes, bem como a comprovação de filiação
prévia, para a cobrança de valores pretéritos de
título judicial decorrente de mandado de
segurança coletivo impetrado por entidade
associativa de caráter civil.
Tema 1142, RE 1309081, julgado em
07/05/2021 - Os honorários advocatícios
constituem crédito único e indivisível, de modo
que o fracionamento da execução de honorários
advocatícios sucumbenciais fixados em ação
coletiva contra a Fazenda Pública,
proporcionalmente às execuções individuais de
cada beneficiário,viola o § 8º do artigo 100 da
Constituição Federal.
Tema 1154, RE 1304964, julgado em
25/06/2021 - Compete à Justiça Federal
processar e julgar feitos em que se discuta
controvérsia relativa à expedição de diploma de
conclusão de curso superior realizado em
instituição privada de ensino que integre o
Sistema Federal de Ensino, mesmo que a
pretensão se limite ao pagamento de
indenização.
Súmula 339-STJ: É cabível ação monitória
contra a Fazenda Pública.
Súmula 247-STJ: O contrato de abertura de
crédito em conta-corrente, acompanhado do
demonstrativo de débito, constitui documento
hábil para o ajuizamento da ação monitória.
Súmula 504-STJ: O prazo para ajuizamento de
ação monitória em face do emitente de nota
promissória sem força executiva é
quinquenal, a contar do dia seguinte ao
vencimento do título.
Súmula 503-STJ: O prazo para ajuizamento de
ação monitória em face do emitente de
cheque sem força executiva é quinquenal, a
contar do dia seguinte à data de emissão
estampada na cártula.
105
CONSUMIDOR
* Nos termos do art. 178 da Constituição da
República, as normas e os tratados
internacionais limitadores da
responsabilidade das transportadoras aéreas
de passageiros, especialmente as Convenções
de Varsóvia e Montreal, têm prevalência em
relação ao Código de Defesa do Consumidor.
(Tema 210, RE 636331, julgado em 25/05/2017)
* A responsabilidade civil decorrente de
extravio de mercadoria importada objeto de
contrato de transporte celebrado entre a
importadora e a companhia aérea se encontra
disciplinada pela Convenção de Montreal. (STJ,
EREsp 1.289.629-SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, Segunda
Seção, julgado em 25/05/2022).
* A inexistência de responsabilidade solidária
por fato do produto entre os fornecedores da
cadeia de consumo impede a extensão do
acordo feito por um réu em benefício do
outro. A ingestão parcial de produto
contaminado configura hipótese de fato do
produto, situação na qual o comerciante não
possui responsabilidade solidária, mas sim
subsidiária (art. 13 do CDC). Sendo a
responsabilidade do supermercado subsidiária,
o acordo por ele firmado não se estende
necessariamente à fabricante porque não se
aplica o § 3º do art. 844 do CC (este dispositivo
afirma que se a transação foi feita entre um dos
devedores solidários e seu credor, ela extingue a
dívida em relação aos codevedores). STJ. 3ª Turma.
REsp 1.968.143-RJ, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado
em 08/02/2022 (Info 724).
* A empresa patrocinadora de evento, que não
participou da sua organização, não pode ser
enquadrada no conceito de fornecedor para
fins de responsabilização por acidente de
consumo ocorrido no local. STJ. 3ª Turma. REsp
1.955.083-BA, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em
15/02/2022 (Info 727).
SERVIÇOS BANCÁRIOS
A inadequada prestação de serviços
bancários, caracterizada pela reiterada
existência de caixas eletrônicos inoperantes,
sobretudo por falta de numerário, e pelo
consequente excesso de espera em filas por
tempo superior ao estabelecido em legislação
municipal, é apta a caracterizar danos morais
coletivos. STJ. 3ª Turma. REsp 1.929.288-TO, Rel. Min.
Nancy Andrighi, julgado em 22/02/2022 (Info 726).
O limite de desconto do empréstimo
consignado não se aplica aos contratos de
mútuo bancário em que o cliente autoriza o
débito das prestações em conta-corrente. São
lícitos os descontos de parcelas de empréstimos
bancários comuns em conta-corrente, ainda que
utilizada para recebimento de salários, desde
que previamente autorizados pelo mutuário e
enquanto esta autorização perdurar, não sendo
aplicável, por analogia, a limitação prevista no §
1º do art. 1lllkº da Lei nº 10.820/2003, que
disciplina os empréstimos consignados em folha
de pagamento. STJ. 2ª Seção. REsp 1.863.973-SP, Rel.
Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 09/03/2022
(Recurso Repetitivo – Tema 1085) (Info 728).
PLANO DE SAÚDE
Após o prazo de 30 dias do nascimento, o
neonato submetido a tratamento terapêutico
e não inscrito no plano de saúde deve ser
considerado usuário por equiparação, o que
acarreta para ele o direito manter a cobertura
recolhendo as mensalidades. Então, se, de um
lado, a lei exime a operadora da obrigação de
custear o tratamento médico prescrito para o
neonato, após o 30º dia do parto, se ele não foi
inscrito como beneficiário do plano de saúde,
impede, de outro lado, que se interrompa o
tratamento ainda em curso, assegurando, pois, a
cobertura assistencial até a sua alta hospitalar.
Nesse contexto, após o prazo de 30 (trinta) dias
do nascimento, o neonato submetido a
tratamento terapêutico e não inscrito no plano
106
de saúde deve ser considerado usuário por
equiparação. Em outras palavras, deve ser
considerado como se inscrito fosse, ainda que
provisoriamente, o que lhe acarreta não o
ressarcimento de despesas conforme os valores
de tabela da operadora, mas o recolhimento de
quantias correspondentes a mensalidades de
sua categoria, a exemplo também do que
acontece aos beneficiários sob tratamento
assistencial em planos extintos. STJ. 3ª Turma.
REsp 1.953.191-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi,
julgado em 15/02/2022 (Info 727).
É ilegal a cobrança, pelo plano de saúde, de
coparticipação em forma de percentual no
caso de internação domiciliar não alusiva a
tratamento psiquiátrico. STJ. 3ª Turma. REsp
1.947.036-DF, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em
22/02/2022 (Info 727).
A operadora de plano de saúde tem o dever
de cobrir parto de urgência, por complicações
no processo gestacional, ainda que o plano
tenha sido contratado na segmentação
hospitalar sem obstetrícia. STJ. 3ª Turma. REsp
1.947.757-RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em
08/03/2022 (Info 728).
É abusiva a rescisão do contrato de plano de
saúde pela operadora com fundamento na
inadimplência, se quando da notificação exigida
pela Lei n. 9.656/1998 o consumidor não mais se
encontra inadimplente, tendo adimplido todas
as parcelas devidas com correção monetária e
juros de mora. A conduta da operadora ao
cancelar o contrato quando as parcelas, embora
com atraso, estavam todas pagas à época da
rescisão, afrontou os deveres de cooperação e
de solidariedade. Além disso, tal atitude revelou
comportamento contraditório considerando
que a operadora, depois de aceitar os
pagamentos com atraso durante anos, rescindiu
o contrato em 2020, em meio à crise sanitária da
Covid-19. STJ, REsp 2.001.686-MS, Rel. Min. Nancy
Andrighi, Terceira Turma, por unanimidade, julgado em
16/08/2022, DJe 18/08/2022 (Info. 746).
É devida a limitação do reembolso, pelo preço
de tabela, ao usuário que utilizar para o
tratamento de terapia coberta, os
profissionais e estabelecimentos não
credenciados, estejam eles dentro ou fora da
área de abrangência do município/área
geográfica e de estar ou não o paciente em
emergência ou urgência. STJ. 4ª Turma. AgInt no REsp
1.933.552-ES, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, Rel. Acd. Min.
Marco Buzzi, julgado em 15/03/2022 (Info 729).
São constitucionais os prazos para conclusão
dos procedimentos administrativos de
atualização do rol de procedimentos e eventos
em saúde suplementar (art. 10, §§ 7º e 8º, da Lei
nº 9.656/98), por inexistir incompatibilidade
entre a sua definição e a urgência dos
pacientes na obtenção de um tratamento. STF.
Plenário. ADI 7088/DF, Rel. Min. Roberto Barroso,
julgado em 9/11/2022 (Info 1075). STF. Plenário.
ADI 7183/DF, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado
em 9/11/2022 (Info 1075).
O formato adotado para a composição da
Comissão de Atualização do Rol de
Procedimentos e Eventos em Saúde
Suplementar (art. 10-D, §§ 1º, 2º e 4º, da Lei nº
9.656/98) não fere a ConstituiçãoFederal, ante
a ausência da alegada exclusão de participantes
usuários de planos de saúde ou discriminação de
qualquer natureza. STF. Plenário. ADI 7088/DF, Rel. Min.
Roberto Barroso, julgado em 9/11/2022 (Info 1075). STF.
Plenário. ADI 7183/DF, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado
em 9/11/2022 (Info 1075).
São constitucionais os critérios a serem
considerados no relatório elaborado pela
referida Comissão (art. 10-D, § 3º, da Lei nº
9.656/98), uma vez que não há submissão do
direito à saúde à interesses econômicos e
financeiros. STF. Plenário. ADI 7088/DF, Rel. Min. Roberto
Barroso, julgado em 9/11/2022 (Info 1075). STF. Plenário.
107
ADI 7183/DF, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em
9/11/2022 (Info 1075).
A operadora, mesmo após o exercício regular do
direito à rescisão unilateral de plano coletivo,
deverá assegurar a continuidade dos cuidados
assistenciais prescritos a usuário internado ou
em pleno tratamento médico garantidor de
sua sobrevivência ou de sua incolumidade
física, até a efetiva alta, desde que o titular
arque integralmente com a contraprestação
devida. (Tema 1082, Repetitivos STJ)
Salvo disposição contratual expressa, os planos
de saúde não são obrigados a custear o
tratamento médico de fertilização in vitro.
Tema 1067, Repetitivos STJ.
Reiterando seu entendimento, a Turma decidiu
que A OPERADORA DE PLANO DE SAÚDE É
SOLIDARIAMENTE RESPONSÁVEL PELA SUA
REDE DE SERVIÇOS MÉDICO-HOSPITALAR
CREDENCIADA. Reconheceu-se sua
legitimidade passiva para figurar na ação
indenizatória movida por segurado, em razão da
má prestação de serviço por profissional
conveniado. Assim, AO SELECIONAR MÉDICOS
PARA PRESTAR ASSISTÊNCIA EM SEU NOME,
O PLANO DE SAÚDE SE COMPROMETE COM
O SERVIÇO, ASSUMINDO ESSA OBRIGAÇÃO,
E POR ISSO TEM RESPONSABILIDADE
OBJETIVA PERANTE OS CONSUMIDORES,
PODENDO EM AÇÃO REGRESSIVA
AVERIGUAR A CULPA DO MÉDICO OU DO
HOSPITAL. Precedentes citados: AgRg no REsp
1.037.348-SP, DJe 17/8/2011; AgRg no REsp 1.029.043-SP,
DJe 8/06/2009, e REsp 138.059-MG, DJ 11/6/2001. REsp
866.371-RS, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 27/3/2012.
(Informativo nº 494 - 26 de março a 3 de abril de 2012 -
QUARTA TURMA - RESPONSABILIDADE. PLANO DE SAÚDE.
PRESTAÇÃO. SERVIÇO)
* Considera-se fortuito externo a queda de
passageiro em via férrea de metrô, por
decorrência de mal súbito, não ensejando o
dever de reparação do dano por parte da
concessionária de serviço público, mesmo
considerando que não houve adoção, por parte
do transportador, de tecnologia moderna para
impedir o trágico evento. Não é a regra que trens
de metrôs, inclusive em países com altíssimo
nível de desenvolvimento econômico e social,
tenham as denominadas “portas de plataforma”
(Platform Screen Doors - PSD). STJ. 4ª Turma. REsp
1.936.743-SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em
14/06/2022 (Info 741). (no caso a vítima teve uma
crise epiléptica, caiu e faleceu).
* A empresa aérea que disponibilizar a opção
de resgate de passagens aéreas com "pontos"
pela internet é obrigada a assegurar que o
cancelamento ou reembolso dessas seja
solicitado pelo mesmo meio. A companhia
aérea informou que o reembolso de passagens
adquiridas com pontos só poderia ser feito no
aeroporto, ou por intermédio da central de
vendas, por telefone, mas não pelo site. O STJ
considerou que a conduta foi abusiva (art. 39, V,
do CDC). STJ. 4ª Turma. REsp 1.966.032-DF, Rel. Min. Luis
Felipe Salomão, julgado em 16/08/2022 (Info 745).
* Não é abusiva a cláusula constante de
programa de fidelidade que impede a
transferência de pontos/bônus de milhagem
aérea aos sucessores do cliente titular no caso
de seu falecimento. REsp 1.878.651-SP, Rel. Min.
Moura Ribeiro, Terceira Turma, por unanimidade, julgado
em 04/10/2022, DJe 07/10/2022. (Info 753).
(Fundamentos: o contrato é unilateral (obriga
apenas a instituidora do programa), gratuito
(exige interpretação restritiva cf 114 do CC) e
intuito personae.
* A previsão de solidariedade prevista no art. 25,
§1º, do CDC [Sendo o dano causado por
componente ou peça incorporada ao produto ou
serviço, são responsáveis solidários seu
fabricante, construtor ou importador e o que
realizou a incorporação] deve ser interpretada
restritivamente.
108
Caso adaptado: consumidor celebrou contrato
de financiamento para aquisição de casa própria
com a empresa “L”, tendo a Caixa Econômica
Federal intervindo no ajuste como agente
financeiro do SFH. Posteriormente, o
consumidor ajuizou ação contra empresa e a CEF
pedindo a restituição de valores pagos a mais em
razão de cálculos incorretos feitos pela empresa.
A sentença julgou o pedido procedente para
condenar os réus a devolver as quantias pagas a
mais.
O consumidor iniciou cumprindo de sentença
cobrando o valor integral da CEF. O STJ não
concordou com o pedido. A execução deve ser,
quantitativamente, dividida, em partes iguais e
distintas, entre a CEF e a outra empresa.
Havendo condenação de mais de um réu, e
sendo omissa a sentença em relação à parcela de
responsabilidade de cada demandado, a solução
para essa omissão, na execução, deve partir da
premissa de que “a solidariedade não se
presume; resulta da lei ou da vontade das partes”
(art. 265 do CC).
No caso, inexiste qualquer previsão legal e/ou
convencional quanto à obrigação solidária entre
os corréus, pelo que aplicável a norma do art.
257 do CC, segundo a qual “havendo mais de um
devedor ou mais de um credor em obrigação
divisível, esta presume-se dividida em tantas
obrigações, iguais e distintas, quantos os
credores ou devedores”.
A norma do art. 25, §1º, do CDC, rege a
responsabilidade solidária daqueles que
provocam dano ao consumidor por vício do
produto ou do serviço, não sendo esta a relação
jurídica estabelecida entre as partes, decorrente
de revisão de contrato de mútuo, de modo que,
por se tratar de exceção à regra geral do art. 265
do CC, a previsão de solidariedade contida no
supracitado dispositivo deve ser interpretada
restritivamente. STJ. 1ª Turma.REsp 1647238-RJ, Rel.
Min. Gurgel de Faria, julgado em 17/05/2022 (Info 737).
DIREITO DE CRÉDITO RESPONSÁVEL
O direito ao crédito responsável, incluído pela
Lei 14.181/2021, direciona o ordenamento
jurídico em favor de práticas negociais
saudáveis abrangentes das mais variadas formas
de crédito. Trata-se de conceito já admitido pela
doutrina e pela jurisprudência. Segundo Pablo
Stolze, é norma que impõe condutas tendentes
a que se alcance um estado de coisas
caracterizado pelo atendimento de três
principais diretrizes:
• A primeira mira o Poder Público. Cabe-lhe
direcionar seus atos normativos, suas políticas
públicas e suas atividades de fiscalização no
sentido de reprimir práticas que contrariem o
crédito responsável.
• A segunda dirige-se aos credores. Há um dever
jurídico dos credores de não fornecer créditos
irresponsáveis, assim entendidos aqueles que,
por um exame prévio do caso concreto, não
são factivelmente pagáveis pelo devedor. Esse
dever jurídico tem conexão com o dever de boa-
fé objetiva, que exige comportamento ético de
todos os particulares. Um dos desdobramentos
da boa-fé objetiva é o duty to mitigate the loss,
segundo o qual o credor tem o dever de
cooperar com o devedor e adotar um
comportamento que não estimule o aumento da
dívida. Em síntese, o credor não deve estimular o
endividamento imprudente do devedor.
• A terceira endereça-se aos próprios devedores.
O devedor tem o dever jurídico de adotar um
comportamento de prudência ao contrair
dívidas, buscando abster-se de assumir
compromissos além de sua capacidade de
pagamento.
* Para fins de aplicação da Teoria Menor da
desconsideração da personalidade jurídica, o
§ 5º do art. 28 do CDCnão dá margem para
admitir a responsabilização pessoal de quem
não integra o quadro societário da empresa
109
(administrador não sócio). STJ. 3ª Turma. REsp
1862557/DF, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado
em 15/6/2021. STJ. 4ª Turma. REsp 1860333-DF, Rel. Min.
Marco Buzzi, julgado em 11/10/2022 (Info 754).
* CIVIL – STJ - Resp 1.737.412/SE - DANO MORAL
COLETIVO - É cabível indenização por danos
morais em caso de demora excessiva para
atendimento na fila do banco? RECURSO
ESPECIAL. CONSUMIDOR. TEMPO DE
ATENDIMENTO PRESENCIAL EM AGÊNCIAS
BANCÁRIAS. DEVER DE QUALIDADE,
SEGURANÇA, DURABILIDADE E DESEMPENHO.
ART. 4º, II, "D", DO CDC. FUNÇÃO SOCIAL DA
ATIVIDADE PRODUTIVA. MÁXIMO
APROVEITAMENTO DOS RECURSOS
PRODUTIVOS. TEORIA DO DESVIO PRODUTIVO
DO CONSUMIDOR. DANO MORAL COLETIVO.
OFENSA INJUSTA E INTOLERÁVEL. VALORES
ESSENCIAIS DA SOCIEDADE. FUNÇÕES.
PUNITIVA, REPRESSIVA E REDISTRIBUTIVA.
1. Cuida-se de coletiva de consumo, por meio da
qual a recorrente requereu a condenação do
recorrido ao cumprimento das regras de
atendimento presencial em suas agências
bancárias relacionadas ao tempo máximo de
espera em filas, à disponibilização de sanitários e
ao oferecimento de assentos a pessoas com
dificuldades de locomoção, além da
compensação dos danos morais coletivos
causados pelo não cumprimento de referidas
obrigações.
2. Recurso especial interposto em: 23/03/2016;
conclusos ao gabinete em: 11/04/2017;
julgamento: CPC/73.
3. O propósito recursal é determinar se o
descumprimento de normas municipais e
federais que estabelecem parâmetros para a
adequada prestação do serviço de atendimento
presencial em agências bancárias é capaz de
configurar dano moral de natureza coletiva.
4. O dano moral coletivo é espécie autônoma
de dano que está relacionada à integridade
psico-física da coletividade, bem de natureza
estritamente transindividual e que, portanto,
não se identifica com aqueles tradicionais
atributos da pessoa humana (dor, sofrimento
ou abalo psíquico), amparados pelos danos
morais individuais.
5. O dano moral coletivo não se confunde com
o somatório das lesões extrapatrimoniais
singulares, por isso não se submete ao
princípio da reparação integral (art. 944, caput,
do CC/02), cumprindo, ademais, funções
específicas
6. No dano moral coletivo, a função punitiva -
sancionamento exemplar ao ofensor - é, aliada
ao caráter preventivo - de inibição da
reiteração da prática ilícita - e ao princípio da
vedação do enriquecimento ilícito do agente,
a fim de que o eventual proveito patrimonial
obtido com a prática do ato irregular seja
revertido em favor da sociedade.
7. O dever de qualidade, segurança,
durabilidade e desempenho que é atribuído
aos fornecedores de produtos e serviços pelo art.
4º, II, d, do CDC, tem um conteúdo coletivo
implícito, uma função social, relacionada à
otimização e ao máximo aproveitamento dos
recursos produtivos disponíveis na sociedade,
entre eles, o tempo.
8. O desrespeito voluntário das garantias
legais, com o nítido intuito de otimizar o lucro
em prejuízo da qualidade do serviço, revela
ofensa aos deveres anexos ao princípio boa-
fé objetiva e configura lesão injusta e
intolerável à função social da atividade
produtiva e à proteção do tempo útil do
consumidor.
9. Na hipótese concreta, a instituição financeira
recorrida optou por não adequar seu serviço aos
padrões de qualidade previstos em lei municipal
e federal, impondo à sociedade o desperdício de
tempo útil e acarretando violação injusta e
intolerável ao interesse social de máximo
110
aproveitamento dos recursos produtivos, o que
é suficiente para a configuração do dano
moral coletivo. 10. Recurso especial provido. (REsp
1737412/SE, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA
TURMA, julgado em 05/02/2019, DJe 08/02/2019).
* Em contrato de compra e venda de imóvel
com garantia de alienação fiduciária
devidamente registrado em cartório, a
resolução do pacto, na hipótese de
inadimplemento do devedor, devidamente
constituído em mora, deverá observar a forma
prevista na Lei n. 9.514/1997, por se tratar de
legislação específica, afastando-se, por
conseguinte, a aplicação do Código de Defesa
do Consumidor. (STJ, REsp 1.891.498-SP, Rel. Min.
Marco Buzzi, Segunda Seção, julgado 26/10/2022 - Tema
1095)
*1 - O rol de Procedimentos e Eventos em Saúde
Suplementar é, em regra, taxativo;
2 - A operadora de plano ou seguro de saúde
não é obrigada a arcar com tratamento não
constante do rol da ANS se existe, para a cura
do paciente, outro procedimento eficaz,
efetivo e seguro já incorporado ao rol;
3 - É possível a contratação de cobertura
ampliada ou a negociação de aditivo
contratual para a cobertura de procedimento
extra rol;
4 - Não havendo substituto terapêutico ou
esgotados os procedimentos do rol da ANS,
pode haver, a título excepcional, a cobertura do
tratamento indicado pelo médico ou
odontólogo assistente, desde que (i) não tenha
sido indeferido expressamente, pela ANS, a
incorporação do procedimento ao rol da
Saúde Suplementar; (ii) haja comprovação da
eficácia do tratamento à luz da medicina
baseada em evidências; (iii) haja
recomendações de órgãos técnicos de
renome nacionais (como CONITEC e NATJUS) e
estrangeiros; e (iv) seja realizado, quando
possível, o diálogo interinstitucional do
magistrado com entes ou pessoas com
expertise técnica na área da saúde, incluída a
Comissão de Atualização do rol de
Procedimentos e Eventos em Saúde
Suplementar, sem deslocamento da
competência do julgamento do feito para a
Justiça Federal, ante a ilegitimidade passiva ad
causam da ANS. STJ, EREsp 1.886.929-SP, Rel. Min. Luis
Felipe Salomão, Segunda Seção, julgado em 08/06/2022.
* O contrato de programa de fidelidade é um
contrato de adesão. Vale ressaltar, contudo,
que nos contratos de adesão não existe
ilegalidade intrínseca, razão pela qual só serão
declaradas abusivas e, portanto, nulas, aquelas
cláusulas que estabeleçam obrigações
consideradas iníquas, que coloquem o
consumidor em desvantagem exagerada, que
tragam desequilíbrio de direitos e obrigações
típicos àquele contrato específico, que frustrem
os interesses básicos das partes presentes
naquele tipo de relação, ou sejam incompatíveis
com a boa-fé ou equidade, nos termos do art.
51, IV, do CDC. A adesão ao programa de
fidelidade deve ser considerado como
contrato unilateral e benéfico considerando
que dispensa contraprestação pecuniária do
seu beneficiário e prevê responsabilidade
somente ao seu instituidor. Os contratos
benéficos, que por sua natureza são intuito
personae, devem ser interpretados
restritivamente, consoante disposto no art. 114
do CC/02. STJ. 3ª Turma. REsp 1878651-SP, Rel. Min.
Moura Ribeiro, julgado em 04/10/2022 (Info 753).
TEORIA MAXIMALISTA OU OBJETIVA
Destinatário final é o consumidor que retira o
produto do mercado de consumo (destinatário
fático). Não importa o destino que é dado ao
bem de consumo, podendo ser utilizado para
consumo próprio ou para a produção de outros
produtos. Por exemplo, a empresa que adquire
um maquinário para utilizar em sua produção
têxtil é considerada consumidora. Conceito
111
jurídico de consumidor. Conceito objetivo.
Destinatário fático. Retirado o produto ou
serviço de mercado do consumo, será
consumidor, independentemente de colocar fim
à cadeia econômica. É um conceito amplo.
Pessoa jurídica pode ser consumidora. Críticas: a
Teoria Maximalista amplia demais o conceito de
consumidor, abrangendo pessoas que não são
vulneráveis.
TEORIA FINALISTA OU SUBJETIVA
Destinatário final não é apenas o destinatário
final, para ser considerado consumidordeve
adquirir o produto ou serviço para a satisfação
de uma necessidade pessoal, importa a
destinação econômica. É a teoria adotada pelo
CDC. Com base na Teoria Finalista, o STJ não
aplicou o CDC para o caso que uma boate
comprou um ar-condicionado. O STF não aplicou
para o caso de uma empresa que adquiriu
algodão com o intuito de utilizar em sua
produção têxtil. Conceito econômico de
consumidor. Conceito subjetivo. Restritivo.
Destinatário fático e econômico = coloca fim na
cadeia de produção. Não permite considerar
pessoa jurídica como consumidora, pois jamais é
destinatária final.
TEORIA FINALISTA /
PROFUNDADA/MITIGADA
Destinatário final será aquele que, mesmo não
sendo o destinatário final, por ser vulnerável, terá
a proteção do CDC. O STJ reconhece a Teoria
Finalista Mitigada. Cita-se, como exemplo, o caso
do taxista que celebra um contrato de
financiamento com uma instituição financeira
para a aquisição de um veículo que será
empregado em sua atividade profissional.
Embora não seja ele o destinatário final do
produto, poderá ser considerado consumidor
por ser vulnerável (fática, jurídica e
tecnicamente) frente ao fornecedor. Conceito
híbrido. PJ pode ser consumidora se provar
vulnerabilidade e desde que não utilize
diretamente o produto ou serviço em sua
produção. Inclui PJ de direito público.
* Na hipótese em que o consumidor/autor
impugnar a autenticidade da assinatura
constante em contrato bancário juntado ao
processo pela instituição financeira, caberá a
esta o ônus de provar a sua autenticidade
(CPC, arts. 6º, 368 e 429, II). Tema 1061,
Repetitivos STJ.
* O atraso, por parte de instituição financeira,
na baixa de gravame de alienação fiduciária
no registro de veículo não caracteriza, por si só,
dano moral in re ipsa. Tema 1078, Repetitivos
STJ
* VULNERABILIDADE X HIPOSSUFICIÊNCIA:
Todo consumidor é vulnerável, mas nem todo
consumidor é hipossuficiente.
- VULNERABILIDADE: Conceito de direito
material.
PRESUNÇÃO ABSOLUTA: o consumidor é a parte
vulnerável na relação de consumo.
- HIPOSSUFICIÊNCIA (inversão do ônus da
prova): conceito de direito processual
PRESUNÇÃO RELATIVA: precisa ser comprovada
no caso concreto diante do juiz.
* Vício no automóvel – responsabilidade do
banco que financiou a compra.
Banco varejo: não tem responsabilidade. Logo, o
arrendamento mercantil não pode ser
rescindido.
Banco de montadora: tem responsabilidade.
Logo, o arrendamento mercantil pode ser
rescindido. (Instituição financeira vinculada à
concessionária do veículo – banco de montadora
– possui responsabilidade solidária por vício do
produto, vez que parte integrante da cadeia de
consumo. Obs.: há responsabilidade solidária
112
entre toda a cadeia de fornecimento pela
garantia da qualidade e adequação). STJ. 3ª Turma.
REsp 1946388/SP. Rel., Min. Paulo de Tarso Sanseverino,
julg. em 07/12/2021 (Inform. 722).
Outros argumentos:
1. boa-fé do consumidor (consumidor não
pode continuar arcando com os juros da
operação, se o automóvel for imprestável e o
contrato de compra e venda tiver sido
rescindido).
2. teoria da base do negócio jurídico:
obrigações recíprocas dos contratantes são
fixadas sob determinada realidade fática, que
assegura a equivalência e a finalidade do
contrato. Quando substancialmente
modificadas, é permitida sua revisão.
* Na ação de busca e apreensão de que trata o
Decreto-Lei nº 911/1969, a análise da
contestação somente deve ocorrer após a
execução da medida liminar. Tema 1040,
Repetitivos STJ.
* A vendedora de passagem aérea NÃO
RESPONDE solidariamente pelos danos morais
experimentados pelo passageiro em razão do
extravio de bagagem
Art. 101, II, CDC: o réu que houver contratado
seguro de responsabilidade poderá chamar ao
processo o segurador, vedada a integração do
contraditório pelo Instituto de Resseguros do
Brasil.
Produto = gratuito (brinde) ou remunerado –
CDC.
$erviço = remunerado – CDC.
Consumidor stricto sensu ou standard:
consumidor é toda pessoa física ou jurídica
que adquiriu ou utiliza produto ou serviço
como destinatário final.
CONSUMIDOR EQUIPARADO
a) a coletividade de pessoas, ainda que
indetermináveis, que haja intervindo nas
relações de consumo.
b) todas as vítimas de danos ocasionados pelo
fornecimento de produto ou serviço
defeituoso – chamados de bystanders –
vítima de acidente de consumo. Ex. morador
que tem casa atingida por avião que cai.
Fato do produto ou serviço. Não incluiu
vício.
c) todas as pessoas determináveis ou não,
expostas às práticas comerciais ou
contratuais abusivas – consumidor potencial
ou virtual. Ex. atingidos por publicidade.
Grupos societários e sociedades controladas =>
Subsidiária.
ConSorciada → Solidária.
CoLigadas → Só responde por cuLpa.
* UF, E, DF e M, tomando conhecimento da
periculosidade ou insegurança de produtos ou
serviços deverão alertar os consumidores
diretamente.
FATO DO PRODUTO
Fabricante, produtor, construtor e importador –
responsabilidade solidária. Comerciante –
subsidiária.
VÍCIO DO PRODUTO
Responsabilidade solidária do comerciante. Ex.
vício em carro zero – solidariedade entre
concessionária e fabricante. Comerciante só
responde de forma subsidiária no fato do
produto.
APLICA-SE O CDC
1) condomínio e concessionária de serviço
público;
113
2) contratos de plano de saúde, salvo os
administrados por entidades de autogestão;
3) às entidades abertas de previdência privada;
4) aos serviços remunerados uti singuli, mas não
se aplica aos serviços públicos uti universi. Ex.
serviço de água e esgoto (prescrição – CC).
5) na compra de veículo por taxista. O taxista é
destinatário final fático e não econômico, mas
vulnerável.
6) na relação entre o canal de TV e seu público;
7) contratos SFH sem cláusula FCVS;
8) empreendimentos habitacionais promovidos
pelas sociedades cooperativas;
9) para as sociedades e associações sem fins
lucrativos quando fornecem produtos ou
prestam serviços remunerados.
10) na doação de sangue em banco de sangue.
11) no contrato de seguro celebrado por
microempresa para proteção do patrimônio
próprio contra roubo e furto;
12) no financiamento para comprar ações.
13) contratos de fundos de investimentos.
14) aos usuários do serviço dos correios;
15) contrato de administração firmado entre
locador e imobiliária.
16) empresa que comprou avião para uso
próprio, não se incorporando ao serviço
prestado aos clientes;
17) na corretagem de valores e títulos
imobiliários;
18) ao condomínio de adquirentes de edifício em
construção na defesa dos interesses dos
condôminos frente à construtora.
NÃO SE APLICA O CDC:
a) no crédito educativo. FIES;
b) no contrato de locação predial urbana.
c) na atividade notarial (cartórios).
d) contrato de franquia, na relação entre
franqueador e franqueado.
e) na aquisição de bens ou utilização de serviços
para implemento ou incremento da atividade
comercial. Ex. aquisição de insumos agrícolas
para investimento da atividade produtiva, não
como destinatário final. Se houver
vulnerabilidade é possível caracterizar relação de
consumo.
CESPE: não é considerada relação de consumo,
mas atividade de consumo intermediária, a
aquisição de bens ou a utilização de serviços por
pessoa jurídica para incremento de sua atividade
empresarial.
f) na relação entre contador e condômino.
g) entre representante comercial autônomo e a
sociedade representada.
g) nas relações entre condômino e condomínio
quanto às despesas de manutenção deste;
h) na relação entre sócio/acionista ou entre eles
e a sociedade.
i) nos contratos entre postos e distribuidores de
combustíveis.
j) na relação entre lojistas e a administração deshopping center.
k) nos serviços advocatícios.
114
l) DPVAT. Seguro facultativo aplica-se CDC.
m) no ato cooperativo típico.
n) no transporte de insumos;
o) contrato com factoring;
p) contratos do PAR;
q) relações associativas.
r) contrato de transação do CC;
s) na relação entre acionistas investidores e a S/A
de capital aberto com ações negociadas no
mercado de valores mobiliários.
TAMBÉM NÃO SE APLICA O CDC
Autarquia previdenciária e seus beneficiários
Aos contratos administrativos, tendo em vista
que a Administração Pública já goza de outras
prerrogativas asseguradas pela lei. Da mesma
forma não se aplica ao contrato de fiança
acessório ao contrato administrativo. STJ
14/05/2019 (Info 649)
Partes que se juntam para construir (regime de
administração ou de preço de custo)
Aplicações financeiras para ampliar capital de
giro (não caracteriza o consumidor)
PUBLICIDADE ENGANOSA
- Comunicação falsa;
- Induz em erro;
- Omissão de dado essencial.
PUBLICIDADE ABUSIVA
- Discriminatória;
- Incite à violência;
- Explore o medo ou a superstição;
- Se aproveita da inexperiência de criança ou
idoso (vulnerabilidade);
- desrespeita valores ambientais;
- Induz comportamentos perigosos;
- Fere valores sociais básicos, antiética;
Ex.: é abusiva a publicidade de alimentos
direcionada, de forma explícita ou implícita, a
crianças.
* Sistema OPT-IN: o consumidor aceita
previamente receber e-mails e ofertas.
Sistema OPT-OUT: quando o consumidor
automaticamente recebe propagandas e
mensagens e, para ele ser excluído da “mailing
list” ele deverá requerer, seja através de um
botão ou questionário de descadastramento.
* A vedação à denunciação da lide prevista no
art. 88 do CDC não se restringe à
responsabilidade de comerciante por fato do
produto (art. 13 do CDC), sendo APLICÁVEL
também nas demais hipóteses de
responsabilidade civil por acidentes de
consumo. (arts. 12 e 14 do CDC). STJ. 4ª Turma.
AgRg no AREsp 694980/MS, Rel. Min. Antonio Carlos
Ferreira, julgado em 22/09/2015.
* Os fornecedores de produtos de consumo
duráveis ou não duráveis respondem
solidariamente pelos vícios de qualidade ou
quantidade que os tornem impróprios ou
inadequados ao consumo a que se destinam
ou lhes diminuam o valor, assim como por
aqueles decorrentes da disparidade, com as
115
indicações constantes do recipiente, da
embalagem, da rotulagem ou da mensagem
publicitária, respeitadas as variações
decorrentes de sua natureza, podendo o
consumidor exigir a substituição das partes
viciadas.
*Da competência no âmbito do Direito do
consumidor
- Da competência para as ações coletivas
Art. 93. Ressalvada a competência da Justiça
Federal, é competente para a causa a justiça local:
I - no foro do lugar onde ocorreu ou deva ocorrer
o dano, quando de âmbito local;
II - no foro da Capital do Estado ou no do Distrito
Federal, para os danos de âmbito nacional ou
regional, aplicando-se as regras do Código de
Processo Civil aos casos de competência
concorrente.
- Da competência para a execução da sentença
nas ações coletivas
§ 2° É competente para a execução o juízo:
I - da liquidação da sentença ou da ação
condenatória, no caso de execução individual;
II - da ação condenatória, quando coletiva a
execução.
- Da competência para as ações individuais em
face do fornecedor de produtos ou serviços
Art. 101. Na ação de responsabilidade civil do
fornecedor de produtos e serviços, sem prejuízo
do disposto nos Capítulos I e II deste título, serão
observadas as seguintes normas:
I - a ação pode ser proposta no domicílio do autor;
GARANTIA LEGAL
- É obrigatória, não podendo o fornecedor dela
se exonerar. Independe de termo escrito.
- É nula qualquer cláusula exoneratória.
- Prazos no CDC da garantia legal:
BENS NÃO DURÁVEIS: 30 dias
BENS DURÁVEIS: 90 dias
GARANTIA CONTRATUAL
- É complementar à legal e será facultativa.
- Será conferida mediante termo escrito.
* Não é ilegal ou abusiva a cláusula que prevê
a cobertura adicional de invalidez funcional
permanente total por doença (IFPD) em
contrato de seguro de vida em grupo,
condicionando o pagamento da indenização
securitária à perda da existência independente
do segurado, comprovada por declaração
médica. (Tema 1068, Repetitivos STJ)
* É pacífico o entendimento no Superior Tribunal
de Justiça segundo o qual a sanção
administrativa prevista no artigo 57 do
Código de Defesa do Consumidor funda-se no
Poder de Polícia que o PROCON detém para
aplicar multas relacionadas à transgressão
dos preceitos da Lei n. 8.078/1990,
independentemente da reclamação ser realizada
por um único consumidor, por dez, cem ou
milhares de consumidores. (AgInt no REsp
1594667/MG, Rel. Ministra REGINA HELENA COSTA,
PRIMEIRA TURMA, julgado em 04/08/2016, DJe
17/08/2016).
* A situação decorrente da pandemia pela Covid-
19 não constitui fato superveniente apto a
viabilizar a revisão judicial de contrato de
prestação de serviços educacionais com a
redução proporcional do valor das
mensalidades. STJ. 4ª Turma. REsp 1998206-DF, Rel.
Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 14/06/2022 (Info 741).
O QUE SIGNIFICA CAVEAT EMPTOR?
Caveat emptor é uma locação em latim que,
se traduzida literalmente, seria algo como
“comprador, tome seus cuidados”. A regra do
caveat emptor significa que o cliente (o
116
comprador ou tomador de serviços) é quem
deve tomar os cuidados de se informar no
momento da contratação para se resguardar de
eventuais danos. Assim, o cliente que teria o
ônus de perguntar tudo do fornecedor e, se ele
não perguntasse, teria que arcar com as
consequências disso. O CDC não aceita essa
regra do caveat emptor. O CDC afirma que o
consumidor tem o direito de ser informado. O
STJ, ao se pronunciar sobre o tema, dispôs
expressamente que "o dever de informação
exige comportamento positivo e ativo, pois o
CDC afasta a regra do caveat emptor e não
aceita que o silêncio equivalha à informação,
caracterizando-o, ao contrário, como
patologia repreensível, que só é relevante em
desfavor do fornecedor, inclusive como
oferta e publicidade enganosa por omissão,
punida civil, administrativa e criminalmente
no CDC. Comportamento positivo e ativo quer
dizer que o microssistema de proteção do
consumidor não se coaduna com meia-
informação, semi-informação, proto-informação
ou informação parcial, qualquer que seja o termo
que se escolha. Informação ou é prestada de
forma completa, ou não é informação no sentido
jurídico (e prático) que lhe atribui o CDC." (vide
REsp nº 586.316/MG)
* "(...) AgInt nos EDcl nos EDcl no REsp n.
1.627.962/SP - 3. Nos contratos de aluguel de
cofre, não é abusiva a cláusula que impõe
limite aos valores e objetos que podem ser
armazenados, sobre os quais incidirá a
obrigação de segurança e proteção (...)".
*Informativo nº 586 - 1º a 31 de julho de 2016 -
TERCEIRA TURMA - DIREITO CIVIL.
COPARTICIPAÇÃO DO USUÁRIO DE PLANO DE
SAÚDE EM PERCENTUAL SOBRE O CUSTO DE
TRATAMENTO MÉDICO SEM INTERNAÇÃO -
Não é abusiva cláusula contratual de plano
privado de assistência à saúde que estabeleça
a coparticipação do usuário nas despesas
médico-hospitalares em percentual sobre o
custo de tratamento médico realizado sem
internação, desde que a coparticipação não
caracterize financiamento integral do
procedimento por parte do usuário, ou fator
restritor severo ao acesso aos serviços.
De fato, O ART. 16, VIII, DA LEI N. 9.656/1998
PERMITIU A INCLUSÃO DE FATORES
MODERADORES, PARALELOS ÀS
MENSALIDADES, NO CUSTEIO DOS PLANOS DE
SAÚDE, COMO A COPARTICIPAÇÃO, A
FRANQUIA E OS LIMITES FINANCEIROS, QUE
DEVEM ESTAR DEVIDAMENTE PREVISTOS NO
CONTRATO, DE FORMACLARA E LEGÍVEL,
DESDE QUE TAMBÉM NÃO ACARRETEM O
DESVIRTUAMENTO DA LIVRE ESCOLHA DO
CONSUMIDOR.
Nos termos do art. 3º, I e II, da Resolução n.
8/1998 do Conselho de Saúde Suplementar
(CONSU), franquia é o valor estabelecido no
contrato de plano de saúde até o qual a
operadora não tem responsabilidade de
cobertura, e A COPARTICIPAÇÃO É A PARTE
EFETIVAMENTE PAGA PELO CONSUMIDOR À
OPERADORA REFERENTE À REALIZAÇÃO DE
DETERMINADO PROCEDIMENTO, QUE SE SOMA
À MENSALIDADE.
Cumpre destacar que ESSES FATORES
MODERADORES DE CUSTEIO, ALÉM DE
PROPORCIONAR MENSALIDADES MAIS
MÓDICAS, SÃO MEDIDAS INIBITÓRIAS DE
CONDUTAS DESCUIDADAS E PRÓDIGAS DO
USUÁRIO, VISTO QUE O USO INDISCRIMINADO
DE PROCEDIMENTOS, CONSULTAS E EXAMES
AFETARÁ NEGATIVAMENTE O SEU
PATRIMÔNIO.
A prudência, portanto, figura como importante
instrumento de regulação do seu
comportamento.
Desse modo, pela própria natureza do instituto,
A ADOÇÃO DA COPARTICIPAÇÃO NO PLANO
DE SAÚDE IMPLICA DIMINUIÇÃO DO RISCO
117
ASSUMIDO PELA OPERADORA, O QUE
PROVOCA REDUÇÃO DO VALOR DA
MENSALIDADE A SER PAGA PELO USUÁRIO,
QUE, POR SUA VEZ, CASO UTILIZE
DETERMINADA COBERTURA, ARCARÁ COM
VALOR ADICIONAL APENAS QUANTO A TAL
EVENTO.
Logo, NÃO HÁ FALAR EM ILEGALIDADE NA
CONTRATAÇÃO DE PLANO DE SAÚDE EM
REGIME DE COPARTICIPAÇÃO, SEJA EM
PERCENTUAL SOBRE O CUSTO DO
TRATAMENTO SEJA EM MONTANTE FIXO, ATÉ
MESMO PORQUE "PERCENTUAL DE CO-
PARTICIPAÇÃO DO CONSUMIDOR OU
BENEFICIÁRIO" (art. 16, VIII, da Lei n. 9.656/1998)
É EXPRESSÃO DA LEI.
O QUE É VEDADO, todavia, É A INSTITUIÇÃO
DE FATOR QUE LIMITE SERIAMENTE O
ACESSO AOS SERVIÇOS DE ASSISTÊNCIA À
SAÚDE, A EXEMPLO DE FINANCIAMENTOS
QUASE INTEGRAIS DO PROCEDIMENTO PELO
PRÓPRIO USUÁRIO, A EVIDENCIAR
COMPORTAMENTO ABUSIVO DA
OPERADORA.
Em outras palavras, NÃO É POSSÍVEL ATRIBUIR
AO USUÁRIO DE PLANO DE SAÚDE, SOB O
DISFARCE DA COPARTICIPAÇÃO, O CUSTEIO DA
MAIOR PARTE DAS DESPESAS MÉDICAS,
IMPEDINDO-O DE USUFRUIR DOS SERVIÇOS DE
ASSISTÊNCIA À SAÚDE CONTRATADOS.
Ademais, ESPECIFICAMENTE SOBRE A
COPARTICIPAÇÃO EM PERCENTUAL SOBRE O
CUSTO DO TRATAMENTO, cabe ressaltar que
SUA PREVISÃO É PROIBIDA APENAS NOS
CASOS DE INTERNAÇÃO, E SOMENTE PARA
OS EVENTOS QUE NÃO TENHAM RELAÇÃO
COM A SAÚDE MENTAL, DEVENDO, NO
LUGAR, SER OS VALORES PREFIXADOS.
É o que determinam os arts. 2º, VII e VIII, e 4º, VII,
da Resolução n. 8/1998 do CONSU: "Art. 2° Para
adoção de práticas referentes à regulação de
demanda da utilização dos serviços de saúde,
estão vedados: [...] VII - estabelecer co-
participação ou franquia que caracterize
financiamento integral do procedimento por
parte do usuário, ou fator restritor severo ao
acesso aos serviços; VIII - estabelecer em casos
de internação, fator moderador em forma de
percentual por evento, com exceção das
definições específicas em saúde mental. [...] Art.
4º As operadoras de planos ou seguros privados
de assistência à saúde, quando da utilização de
mecanismos de regulação, deverão atender às
seguintes exigências: [...] VII - estabelecer,
quando optar por fator moderador em casos de
internação, valores prefixados que não poderão
sofrer indexação por procedimentos e/ou
patologias."
Por fim, o afastamento de cláusula de
coparticipação equivaleria a admitir-se a
mudança do plano de saúde para que o
usuário arcasse com valores reduzidos de
mensalidade sem a necessária contrapartida,
o que causaria grave desequilíbrio contratual.
REsp 1.566.062-RS, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas
Cueva, julgado em 21/6/2016, DJe 1/7/2016.
RESPONSABILIDADE DE MÉDICOS E DE
HOSPITAIS:
O hospital enquadra-se no caput do art. 14 do
CDC, como fornecedor. Sendo sua
responsabilidade objetiva. Ao passo que o
médico, está enquadrado no § 4º, como
profissional liberal, responde mediante culpa,
sendo sua responsabilidade subjetiva. Com
isso, ficava o duelo entre o médico (subjetiva) e
o hospital (objetiva), chegou ao STJ que possui
três entendimentos:
1º Quando o dano é causado pelo hospital (ex.:
falha na segurança, intoxicação alimentar,
infecção hospitalar), responsabilidade apenas
do hospital e na forma objetiva.
118
2º Quando o dano é causado pelo médico, a
responsabilidade do hospital deverá ser
analisada da seguinte forma:
a) Há vínculo do médico com o hospital:
responde pelo dano causado junto com
médico. Ressalta-se que não se exige vínculo
empregatício. Aqui, o hospital responde
objetivamente pela culpa do médico. Nota-se
que é necessário comprovar a culpa do
médico.
b) Não há vínculo do médico com o
hospital: não responde pelo dano causado
pelo médico. São as hipóteses em que o
médico utiliza apenas o espaço do hospital.
Atenção! O STJ entendeu que é possível,
excepcionalmente, a denunciação à lide pelo
hospital em caso de erro médico.
* Dever do comerciante de receber e enviar os
aparelhos viciados para a assistência técnica
ou para o fabricante. Atualize o Info 557-STJ: Se
o produto que o consumidor comprou apresenta
um vício, ele tem o direito de ter esse vício
sanado no prazo de 30 dias (art. 18, § 1º do CDC).
Para tanto, o consumidor pode escolher para
quem levará o produto a fim de ser
consertado: a) para o comerciante; b) para a
assistência técnica ou c) para o fabricante. Em
outras palavras, cabe ao consumidor a escolha
para exercer seu direito de ter sanado o vício do
produto em 30 dias: levar o produto ao
comerciante, à assistência técnica ou
diretamente ao fabricante. STJ. 3ª Turma. REsp
1.634.851-RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em
12/09/2017. Fonte: Info 619 STJ
FENÔMENO DA COMPLEXIDADE
CONTRATUAL
Esse fenômeno surge ao lado da manifestação
social principiológica e em razão dos anseios da
sociedade.
O fenômeno da complexidade contratual
manifesta-se de três maneiras:
1. Conexão ou coligação contratual
(contratos conexos, coligados ou redes
contratuais)
2. Contratação eletrônica ou digital
3. Contratos cativos de longa duração
CONTRATOS CONEXOS/COLIGADOS/REDES
CONTRATUAIS
Trata-se de uma categoria de contrato
classificado quanto à independência
funcional, ao lado dos contratos principais e
acessórios. Conceito: são aqueles que, embora
distintos e independentes, estão ligados por
uma cláusula acessória, implícita ou explícita.
Encontram-se ligados por um nexo funcional.
Situam-se em uma zona intermediária entre os
contratos principais e os acessórios. (natureza
híbrida).
Os contratos coligados em sentido amplo
dividem-se em três espécies:
1. Contratos coligados em sentido
estrito: são aqueles unidos por alguma
disposição legal que determine a
coligação.
2. Contratos coligados por cláusula
expressamente prevista pelos
contratantes: figura comum nos
contratos de construção imobiliária.
3. Contratos conexos: estes são
subdivididos em redes contratuais
(presentes nos contratos de consumo) e
contratos conexos em sentido estrito
(figuras existentes naquelas relações que
não são de consumo).
Ex.: Contrato de trabalho entre clube e atleta
profissional (negócio principal) e o contrato de
exploração de imagem (contrato coligado).
Contrato entre a empresa de telefonia e a
prestadora do “Disk Amizade” (no caso há um
elo direto nas obrigações pactuadas, cujos
119
efeitos são totalmente interligados, no tocante à
disponibilização e cobrança dos serviços, sendo
coligadas economicamente, integrantes de um
mesmo e único negócio por ação conjunta,
havendo conexão e entrelaçamento de suas
relações jurídicas.)
Entre os civilistas de geração contemporânea,
Carlos Nelson Konder procura relacionar a
realidade dos contratos coligados ou conexos à
função social e à causa do contrato. São suas
palavras: “o conceito