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texto de TI na cosntrução civil (2)

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Mestranda - Escola Politécnica da USP – Departamento de Engenharia de Construção Civil
Av. Prof. Almeida Prado, trav.2, n. 271, Cidade Universitária - São Paulo - Brasil
e-mail: sofia@pcc.usp.br - Tel. (011) 818-5422 - Fax: 818-5544
9$/7(5�)5,*,(5,�-Ò1,25
Mestrando - Escola Politécnica da USP – Departamento de Engenharia de Produção
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)5$1&,6&2�)(55(,5$�&$5'262
Professor Dr. - Escola Politécnica da USP – Departamento de Engenharia de Construção Civil
e-mail: fcardoso@pcc.usp.br - Tel. (011) 818-5469 - Fax: 818-5715
5HVXPR
Este trabalho visa analisar o papel da tecnologia da informação (TI) como elemento
integrador no setor edificações. O objetivo principal é o de se discutir a possibilidade
da tecnologia da informação deixar de ser somente uma ferramenta de suporte no
setor, e passar a fazer parte da estratégia das empresas que nele atuam, tal como vem
acontecendo na maioria das indústrias.
O estudo consta de uma parte teórica, na qual analisou-se o impacto da TI na fase do
projeto e no processo construtivo, e de um estudo de caso realizado numa empresa
construtora. Finalmente, apresentam-se algumas considerações quanto ao estado da
arte e às expectativas quanto ao futuro do uso dessa tecnologia nesta indústria.
�� ,QWURGXomR
���� 3UREOHPiWLFD
Um dos principais problemas que enfrenta a indústria da construção civil, e em
particular o setor edificações, é seu alto grau de fragmentação. Uma indústria
fragmentada é aquela na qual nenhuma empresa dentro dela exerce suficiente força
para influenciar o mercado. Normalmente é formada por numerosas empresas de
pequeno e médio portes.
Uma conseqüência direta da fragmentação numa indústria é que existem muitos
concorrentes com baixo poder de barganha, o que torna a rentabilidade das empresas
dessa indústria marginal. O'BRIEN; AL-SOUFI (1993) afirmam que nestes casos as
empresas estão praticamente obrigadas a optar por uma estratégia que incremente a
produtividade ou reduza custos.
 
1 In : RESENDE, M. F. et DO. (eds.). 6LPSyVLR�%UDVLOHLUR�GH�*HVWmR�GD�4XDOLGDGH�H
2UJDQL]DomR�GR�WUDEDOKR���$�&RPSHWLWLYLGDGH�GD�&RQVWUXomR�&LYLO�QR�1RYR�0LOrQLR.
Recife, UPE-ANTAC, 22 a 26 agosto 1999. pp 71-80.
Esta fragmentação se projeta também dentro das empresas da indústria. Numa
empresa construtora, por exemplo, pode-se perceber a existência de uma grande
desarticulação interna. Seus diferentes departamentos, ou áreas, normalmente atuam
de formas independente umas das outras.
Nestas empresas, apesar de muitas vezes existirem dados e informações úteis para
diferentes departamentos, os fluxos de informação acontecem de maneira pouco
eficiente e a transferência e intercâmbio de dados e informações é muito pobre,
devido à falta de integração entre departamentos. Esta situação tem como
conseqüência a duplicidade, ruídos e perdas de informações e conhecimentos e,
principalmente, não se consolida um sistema eficiente de informações que sirva para
que se tenha tomadas de decisões rápidas e eficazes.
Um outro caso de fragmentação no setor ocorre entre os diversos participantes ou
agentes da cadeia produtiva. Na indústria da construção civil existem inúmeras
empresas de diversos ramos, quais sejam: fornecedores de materiais, fornecedores de
mão-de-obra, fornecedores de serviços, fornecedores de projetos e engenharia. Cada
um deles agrupa empresas com estruturas distintas, mas todas apresentam como
objetivo comum entregar algum produto ou serviço que seja necessário para o
processo de construção como um todo.
Esta característica PXOWL� �� GLVFLSOLQiULD e PXOWL� �� SDUWLFLSDWLYD do processo de
construção faz com que as relações entre os diversos agentes se desenvolvam de
forma muito complexa.
Como conseqüência, um dos principais requisitos que as empresas do setor deverão
cumprir, para enfrentar eficazmente as características anteriormente mencionadas, é
basear suas operações em sistemas de informação muito bem concebidos.
Entendendo-se como sistema de informação, o conjunto de canais de comunicação e
das formas de emitir, receber e registrar as informações.
Por outro lado, a tecnologia da informação apresenta-se como uma possível resposta
a esta demanda por coordenação e comunicação das empresas do ramo. Atualmente,
a oferta destes produtos no mercado é cada vez maior e seus custos são cada vez
menores. Sendo assim, existe uma tendência crescente por parte das indústrias de
incorporar a TI em seus processos de produção e produtos.
No entanto, na indústria da construção, a maioria das empresas ainda visualiza a
tecnologia de informação como uma ferramenta para resolver problemas pontuais.
Muitas vezes, decide-se pelo uso de sistemas informatizados para se automatizar os
fluxos de informação já existentes sem previamente se analisar ou se discutir a
validade ou a qualidade destes. Obtém-se assim sistemas que somente reproduzem o
que já acontecia de uma maneira mais eficiente, mas não necessariamente de uma
forma realmente eficaz. Não existe uma análise sistêmica que apoie a decisão de se
optar por uma determinada tecnologia de informação e, como conseqüência, ainda
não se reconhece o potencial desta como fonte de vantagem competitiva.
���� 0HWRGRORJLD
Inicialmente, tendo como base um breve referencial teórico, analisa-se as possíveis
aplicações da tecnologia de informação dentro da cadeia produtiva. Para facilitar este
estudo, aborda-se de forma separada as áreas de: projeto, fornecedores e empresas
construtoras.
Para complementar a informação teórica, apresenta-se um estudo de caso realizado
numa empresa construtora de edificações. Finalmente, apresenta-se as considerações
finais a respeito da repercussão da TI no setor.
�� 5HIHUHQFLDO�7HyULFR
���� &ODVVLILFDomR�GD�7HFQRORJLD�GD�,QIRUPDomR
A tecnologia da informação pode-se agrupar em três grandes categorias (AHMAD et
al. (1995)): comunicações (QHWZRUNV�� H�PDLO�� ID[, telefones, telecomunicações,
rádios); acessibilidade aos dados (HOHFWURQLF�GDWD�LQWHUFKDQJH���(',��FRPSXWHU�DLGHG
GHVLJQ�GUDIWLQJ� �� &$', etc.); sistemas comuns de processamento de dados (H[SHUW
V\VWHPV, conferência eletrônica, etc.).
Na construção civil, a TI é basicamente aplicada em programas contábeis e
administrativos, programas de cálculo e simulações, gerenciamento de projetos,
sistemas de orçamentos, planejamento e controle de obras, sistemas &$' e,
ultimamente, está nela se generalizando o uso da ,QWHUQHW e dos correios eletrônicos.
���� 7HFQRORJLD�GD�,QIRUPDomR�H�R�6HWRU�(GLILFDo}HV
Nesta época, o uso intensivo da TI está se tornando comum para a maioria das
empresas das diferentes indústrias. Apesar disso, nas empresas do setor edificações
ainda não se registra um uso intensivo desta nova tecnologia.
Para justificar este fato, PORTER; MILLAR (1985) explicam que os setores que
possuem produtos e processos com alto conteúdo de informação tenderam ao uso
intensivo da TI, como é o caso dos bancos. A intensidade no uso da TI nas demais
indústrias depende assim da quantidade de informação contida tanto nos seus
produtos quanto em seus processos.
Apesar de no setor edificações o produto ter um conteúdo de informação
relativamente baixo, para a obtenção de um bom produto é indispensável que as
atividades e processos nele desenvolvidos sejam respaldados por um sistema de
informações muito eficiente. AHMAD et al. (1995) afirmam que : “D� QDWXUH]D
GLQkPLFD� GR� SURFHVVR� FRQVWUXWLYR�� D� LQWHUGHSHQGrQFLD� HQWUH� YiULRV� DJHQWHV� H� D
QHFHVVLGDGH�GR�WUDEDOKR�HP�HTXLSH��IOH[LELOLGDGH�H�DOWR�JUDX�GH�FRRUGHQDomR�ID]HP
FRP�TXH�D�WHFQRORJLD�GH�LQIRUPDomR�WHQKD�XP�JUDQGH�SRWHQFLDO�GHQWUR�GD�LQG~VWULD
GD�FRQVWUXomR�FLYLO´�
Para analisar o potencial desta tecnologia no setor é importante se conhecer o seu
impacto atual no mesmo. Mc FARLAN (1984) apresenta um esquema que serve para
posicionar as empresas segundo o impacto da TI (figura 1). Segundoeste esquema,
se para uma empresa a TI não é crítica, nem para suas operações atuais nem para as
futuras, nesta empresa a TI estará posicionada no quadrante de suporte; se, pelo
contrário, a TI for crítica, tanto para suas operações vigentes quanto para as
operações futuras, a TI na empresa estará posicionada no quadrante estratégico.
No caso das empresas construtoras, têm-se verificado que, para a maioria delas, a
tecnologia de informação é considerada como uma ferramenta de suporte de suas
operações. Devido ao fato dessas empresas conseguirem continuar trabalhando sem o
uso intensivo desta tecnologia, sua função está restrita principalmente às aplicações
que melhoram a produtividade interna e ainda não estão sendo exploradas as
oportunidades que oferecem a TI no campo da competitividade.
Alto
)iEULFD (VWUDWpJLFR
Baixo
6XSRUWH 7UDQVLomR
,PSDFWR�HVWUDWpJLFR
HP�VLVWHPDV�GH
RSHUDo}HV�H[LVWHQWHV
Baixo Alto
,PSDFWR�HVWUDWpJLFR�HP�VLVWHPDV�GH�RSHUDo}HV
IXWXUDV
)LJXUD����0DWUL]�GR�SRVLFLRQDPHQWR�GD�7,�QDV�HPSUHVDV�VHJXQGR�VHX
LPSDFWR�WDQWR�QR�SUHVHQWH�TXDQWR�QR�IXWXUR���0F�)$5/$1��������
Outro ponto importante é conhecer-se a influência da TI dentro da empresa. GIBSA;
HANNER apud OBRIEN; AL-SOUFI (1993) apresentam na figura 2 uma matriz na
qual se percebe os diversos estágios que se pode atingir com a tecnologia da
informação, e como esta pode ter desde um impacto individual, mecanização da
tarefa, até um impacto maior na organização, inovação do produto.
%HQHILFLiULR
,QGLYtGXR )XQomR�RX
3URFHVVR
2UJDQL]DomR
(ILFLrQFLD Mecanização de
tarefa
Automatização
do processo
Extensão dos limites
(ILFiFLD Melhoria do
trabalho
Melhoria
funcional
Melhoria do serviço
%
HQ
HI
tF
LR
V
7UDQVIRUPDomR Expansão do
papel
Redefinição
funcional
Inovação do produto
)LJXUD�����0DWUL]�EHQHItFLR��EHQHILFLiULR��*LEVD��+DQQHU�DSXG�2¶%5,(1�
$/�628),��������
Analisando o setor de edificações, tem-se que, em grande parte das empresas
construtoras, a introdução dos computadores tem servido para mecanizar seus tarefas
de forma isolada, obtendo-se, assim, uma melhoria na eficiência na condução das
mesmas. Porém, existem outras empresas, nas quais o uso da TI não está restrito
unicamente à mecanização das tarefas mas também utilizam-se redes que integram
funcionalmente os seus departamentos. Nestes casos, o beneficio alcançado pela
introdução da TI nos processos não atingem somente à eficiência mas também à
eficácia dos mesmos.
O que está acontecendo no setor é que a maioria das empresas está introduzindo a TI
como meio de mecanizar seus tarefas. A disseminação da TI em seus processos
dependerá da capacidade das empresas em visualizarem a TI como criadora de
benefícios sistêmicos (modificadora de processos, melhoria da eficácia) e também da
capacidade da empresa em realizar os investimentos necessários para isso acontecer.
Na maioria dos casos, as empresas que estão introduzindo mas rapidamente a TI em
seus processos são as empresas líderes.
�� $SOLFDELOLGDGH�GD�7,�QR�3URMHWR�H�QD�3URGXomR�GH�(GLILFDo}HV
���� 3URMHWR
A etapa do projeto é considerada como uma das mais importantes do processo
construtivo, já que o projeto contém as informações necessárias para se executar a
obra. A qualidade da obra, tanto em termos do prazo quanto de custo, está fortemente
relacionada à qualidade do projeto, a qual depende de uma troca de informação
eficiente e oportuna entre todos os projetistas, a obra e os demais agentes envolvidos.
Por se tratar de uma atividade multi-disciplinar, há a necessidade de um alto grau de
coordenação e integração. Portanto, a TI apresenta-se como uma possível solução
para o cumprimento destes requisitos. No entanto, na maioria dos casos, ainda não se
utiliza a TI para agilizar e otimizar este intercâmbio de informações.
Fazendo-se uma análise com base na matriz benefício / beneficiário (Figura 2),
percebe-se que na maioria dos escritórios ainda utiliza-se a TI como uma ferramenta
para mecanizar as tarefas (passou-se do desenho manual ao uso intensivo dos
sistemas &$') e somente alguns escritórios estão fazendo uso da TI como uma
forma de integrar o trabalho em equipe, tanto dentro do escritório quanto entre os
demais projetistas e o cliente (empresa incorporadora, construtora, etc.).
No entanto, considerando que o produto principal que fornecem estas empresas tem
um alto conteúdo de informação, tanto relativas ao processo quanto ao produto,
existe uma grande probabilidade da TI passar a se constituir, no futuro, numa
ferramenta estratégica neste campo.
���� 3URGXomR
Para o estudo desta etapa serão considerados os principais agentes nela envolvidos.
3.2.1 Fornecedores
Os fornecedores têm uma participação ativa no processo construtivo, principalmente
na etapa da produção, mas ultimamente considera-se importante sua participação
desde a etapa de projeto.
Existem diversas classes de fornecedores, que podem ser agrupados em três grupos
genéricos, quais sejam: fornecedores de materiais, fornecedores de mão-de-obra e
fornecedores de serviços. Estes se constituem num grupo heterogêneo devido à
diversidade de seus produtos e ao porte de suas empresas, influenciando nas formas
de contratação, negociação, entrega, recebimento, etc., o que exige muita
coordenação para o bom andamento das atividades desenvolvidas entre o IRUQHFHGRU
e�R�FDQWHLUR�GH�REUDV�
Esta coordenação dependerá fortemente de uma� troca de informações eficiente e
constante entre estes participantes. A TI poderia auxiliar eficientemente na criação de
uma infra-estrutura adequada para tanto.
Até aqui somente tem sido ressaltado a importância de comunicação e coordenação
entre fornecedor e empresa construtora com foco principal na melhoria da
produtividade interna da empresa, mas existem também outras aplicações possíveis
da TI entre estes agentes. BETTS et al. (1991) apresentam um sistema informatizado
que consiste numa base de dados de preços de suprimentos fornecida pelos membros
inscritos numa rede compartilhada de informações. Neste caso, a abrangência da TI é
muito maior, o impacto não se dando somente numa empresa mas num grupo delas,
sendo beneficiadas tanto as empresas que colocam seus produtos no sistema, quanto
aquelas que os compram. A TI é portanto empregada aqui para a criação de um
verdadeiro “mercado virtual”.
3.2.2 Empresa Construtora
Como já foi apresentado inicialmente, existe uma grande demanda por parte destas
empresas por mecanismos de comunicação e coordenação, tanto dentro do escritório
central quanto no canteiro de obras. A análise será assim aqui dividida em duas
áreas: escritório principal e canteiro de obras.
�������� (VFULWyULR�SULQFLSDO
A maioria dos escritórios principais do ramo apresenta uma fragmentação funcional,
as diversas áreas da empresa não estando integradas, apesar de precisarem dos
mesmos dados e informações. Apresenta-se como nos outros casos um problema de
comunicação que poderia ser solucionado com uma rede que integrasse as diversas
áreas e compartilhasse informações entre elas. Desta maneira, evitar-se-ia
duplicidade de informações e, por outro lado, a rede proporcionaria acessibilidade à
informação num tempo adequado para a tomada efetiva de decisões.
Por outro lado, atualmente as empresas estão percebendo que é indispensável
registrar seus conhecimentos e ter domínio de seu saber fazer, como destacam os
sistemas de gestão da qualidade. Nesse sentido, MELHADO (1994) propõe a criação
de um %DQFR�GH�7HFQRORJLD�&RQVWUXWLYD, o qual consiste numa memória construtiva
para a empresa, que tem como objetivo retroalimentar o desenvolvimento de seus
futuros projetos. Neste caso, a TI poderia servir para que toda a empresa tivesse
acesso a esta informação através de uma rede ou meio similar. Esta rede poderia ser
compartilhada com outros agentes, tendo assim um impacto na cadeia e não somente
na construtora.
�������� &DQWHLUR�GH�2EUDV
No canteiro de obras, a TI é normalmente usada para: planejamento de obras,
controle de estoques e comunicação.
Os canteiros de obras baseiam suasoperações produtivas principalmente em três
tipos de comunicação: com o escritório principal, com seus fornecedores e no interior
do próprio canteiro.
A importância dos dois primeiros já foi previamente explicada. Similarmente, dentro
do canteiro, a exigência de coordenação e comunicação é ainda maior já que é para lá
que convergem todos os agentes, que devem atuar de uma forma planejada e
articulada para o sucesso da obra.
A TI oferece vários produtos que podem auxiliar neste trabalho. De acordo com um
estudo realizado pela empresa Motorola, o uso de sistemas de comunicação
adequados nas obras pode otimizar o recebimento de materiais, reduzir o custo de
roubos e furtos, evitar o desperdício, aproximar encarregados, mestres e engenheiros
e melhorar o gerenciamento da mão-de-obra (COZZA, 1998).
Os sistemas de comunicação mais utilizados nas obras são os rádios, que estabelecem
uma comunicação eficiente, oportuna e barata entre o engenheiro da obra, mestres e
encarregados. THORPE et al.(1995) apresentam uma solução para as reuniões de
coordenação entre projetistas e canteiro através do uso da multimídia; eles propõem
que a obra e os projetistas se comuniquem através de uma conferência com uso de
computadores e câmaras de vídeo e dispositivos de som, que eliminariam a
necessidade do projetista ir ao canteiro para resolver imprevistos e resultaria em
ganhos de tempo, tanto para a obra quanto para os próprios projetistas.
Com essa breve análise feita nas áreas de projeto e produção, pode-se dizer que a TI
ainda continua sendo pouco utilizada no setor. O uso atual da TI é de aplicação direta
e, no melhor dos casos, o seu impacto se dá na melhoria de processos. É importante
ressaltar que para que a TI possa auxiliar na tarefa de otimização dos fluxos de
informação com sucesso, a sua implantação terá que ser acompanhada de um
questionamento e de uma reformulação dos fluxos ou sistemas de informação
existentes, com o objetivo de melhorá-los e de adequá-los às novas tecnologias.
�� (VWXGR�GH�&DVR
O estudo de caso foi realizado numa empresa construtora. Para a escolha do caso,
procurou-se uma que tivesse uma postura inovadora, para que o mesmo possibilitasse
a apresentação de um panorama concreto do estado atual da TI no setor.
Esta companhia caracteriza-se por ser uma empresa construtora líder no setor de
edificações e por estar sempre na vanguarda da introdução de inovações tecnológicas
em seus processos construtivos. Além disso, normalmente seus produtos são
edificações variadas.
A empresa tem um área de informática na qual o gerente se reporta à área financeira.
Na área de desenvolvimento da informática trabalham 5 pessoas, e tem como
terceirizadas as áreas de manutenção e de suporte. Todos os funcionários das
diversas áreas da empresa estão ligados em rede, e os canteiros de obras têm de 1 a 5
computadores, dependendo do tamanho da obra. Existe uma ,QWUDQHW dentro da
empresa, que é utilizada basicamente para colocar "RQ�OLQH" o seu manual de
qualidade e especificar os procedimentos padronizados. A comunicação com os
agentes fora da empresa realiza-se pelos meios convencionais (telefone, ID[) ou pelo
correio eletrônico.
O sistema informatizado estudado permite a execução do orçamentos, planejamento
e controles financeiro e físico das obras. Este sistema integra o escritório principal
com os canteiros de obras. A seguir, apresenta-se uma descrição detalhada dos
alcances deste sistema.
���� 'HVFULomR�GR�6LVWHPD
O sistema consiste em quatro módulos principais: orçamento, planejamento, controle
e suprimentos. O mesmo contém uma base de dados que registra informações acerca
dos materiais, os preços, os fornecedores, sub-empreiteiros, etc. O nível de
detalhamento dos registros é muito preciso e a atualização da base é feita de forma
constante pela área de suprimentos, que no caso desta empresa é centralizada.
Este sistema integra as áreas de orçamentos, suprimentos e contabilidade do
escritório principal com os canteiros de obras. Sendo assim, permite troca de dados
oportuna para a elaboração de diversos relatórios de controle e físico-financeiros nas
obras.
No canteiro de obras, registra-se dados acerca das compras e saídas do almoxarifado
com a finalidade de poder comparar mensalmente o avanço real da obra, com o
projetado inicialmente, permitindo desta maneira a oportuna tomada de decisões no
caso de a obra estar se desviando do orçamento inicial previsto. Estas contas também
são aproveitadas pela área da contabilidade, que possui acesso às compras e gastos
de cada empreendimento. Por outro lado, o módulo planejamento permite a
programação dos recursos da obra durante todo o período de duração da mesma; este
módulo é compatível com o "06�SURMHFW�SODQQHU".
Este programa foi feito com base na forma de trabalho que já existia na empresa. O
motivo principal foi o de que a mudança se desse de forma paulatina e de que os
usuários aceitassem o novo sistema. Depois de certo tempo, foram introduzidas
modificações e foi implantado o sistema nas diversas áreas da empresa e nos seus
canteiros de obras.
Para a criação deste sistema foram realizadas várias reuniões entre os diversos
intervenientes e os futuros usuários com o objetivo de entender a forma de realização
de suas operações, identificar as relações entre as diversas áreas e as informações e
dados que seriam compartilhados e poder otimizar o fluxo de informações existente.
)LJXUD�����(VWUXWXUD�GD�UHGH
���� $QiOLVH�GR�&DVR
Analisando este sistema do ponto de vista estratégico, vemos que a TI está sendo
utilizada como um elemento integrador entre as distintas áreas da empresa e os
canteiros de obras. A empresa não está somente utilizando a TI para mecanizar
Obra 2
Obra 3
Obra n
Obra 1
Obra 1
Obra 2
Obra 3
Obra n
Dados
Corporativos
Escritório Central
Sistemas
Corporativos
Intranet
algumas tarefas individualmente, mas também para melhorar os processos do ponto
de vista organizacional. Tendo como base a matriz beneficio/beneficiário (Figura 2),
pode-se dizer que a empresa está na etapa de melhoria do serviço, já que há impacto
na organização, com melhoria da eficácia.
Pode-se dizer que, neste caso, o sistema afetou e mudou o sistema de informações
que a empresa tinha antes da implementação deste. Este é o ponto de partida para
atingir uma melhoria global na empresa. A empresa passou de uma base individual
de dados a uma base comum, o que criou ganhos, não somente no nível da eficiência,
mas também de eficácia.
�� &RQVLGHUDo}HV�)LQDLV
Apesar do estudo de caso não representar uma amostra significativa, pôde-se
perceber que as empresas do setor ainda não entraram totalmente na era da TI. Os
principais aplicativos são de suporte e, no melhor dos casos, a TI está sendo
empregada para integrar funcionalmente a empresa, como aconteceu na estudada.
Acredita-se que as empresas não atingirão um patamar superior neste campo
enquanto os organismos setoriais não criarem uma oferta de TI, através de redes que
contenham informações que beneficiem um grupo de empresas do setor, ou que
fomentem o intercâmbio de informações entre elas. Somente desta maneira a TI
serviria para modificar a estrutura da indústria, criando barreiras de entrada e, como
conseqüência, diminuindo sua fragmentação.
Enquanto isso não acontecer, as empresas do setor continuarão trabalhando sem uso
intensivo desta tecnologia, e o maior beneficio que poderão atingir será no interior
delas mesmas, mas se estará perdendo a vantagem mais importante que oferece esta
tecnologia, que é a possibilidade de criação de novas formas de realizar transações
entre os diversos agentes da cadeia.
Por último, é importante destacar que as empresas que decidirem pelo uso destas
tecnologias deverão considerar o replanejamento dos fluxos de informações para o
melhor aproveitamento e para obterem ganhos de eficácia nos seus processos, e não
somente de eficiência.
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�� $JUDGHFLPHQWRV
Os autores agradecem à FAPESP pelo apoio financeiro dado para a realização deste
trabalho.

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