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INSTRUMENTAÇÃO W BA 07 57 _v 1. 0 22 © 2019 POR EDITORA E DISTRIBUIDORA EDUCACIONAL S.A. Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, da Editora e Distribuidora Educacional S.A. Presidente Rodrigo Galindo Vice-Presidente de Pós-Graduação e Educação Continuada Paulo de Tarso Pires de Moraes Conselho Acadêmico Carlos Roberto Pagani Junior Camila Braga de Oliveira Higa Carolina Yaly Giani Vendramel de Oliveira Juliana Caramigo Gennarini Nirse Ruscheinsky Breternitz Priscila Pereira Silva Tayra Carolina Nascimento Aleixo Coordenador Nirse Ruscheinsky Breternitz Revisor Rosana Yasue Narazaki Editorial Alessandra Cristina Fahl Beatriz Meloni Montefusco Daniella Fernandes Haruze Manta Hâmila Samai Franco dos Santos Mariana de Campos Barroso Paola Andressa Machado Leal Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Lopes, Giancarlo Michelino Gaeta L864i Instrumentação/ Giancarlo Michelino Gaeta Lopes, – Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A. 2019. 130 p. ISBN 978-85-522-1496-0 1. Medição. 2. Indústria. I. Lopes, Giancarlo Michelino Gaeta. II. Título. CDD 620 Responsável pela ficha catalográfica: Thamiris Mantovani CRB-8/9491 2019 Editora e Distribuidora Educacional S.A. Avenida Paris, 675 – Parque Residencial João Piza CEP: 86041-100 — Londrina — PR e-mail: editora.educacional@kroton.com.br Homepage: http://www.kroton.com.br/ mailto:editora.educacional%40kroton.com.br?subject= http://www.kroton.com.br/ 3 3 INSTRUMENTAÇÃO SUMÁRIO Apresentação da disciplina 4 Parâmetros e terminologia de instrumentação 6 Métodos e características de medição 24 Medição de grandezas físicas em processos industriais 41 Válvulas de controle de pressão e vazão 59 Atuadores 74 Aquisição e interpretação de dados 90 Aplicações de sensores na indústria 110 44 Apresentação da disciplina Dentro de um processo industrial, a medição das grandezas físicas ali presentes é essencial para que o controle e automação do processo funcionem satisfatoriamente. Assim, conhecer os sensores e transdures que podem ser utilizados na automação, sabendo determinar qual tecnologia utilizar em cada aplicação, é fundamental para aquele profissional que trabalha na indústria. Desta forma, essa disciplina vem apresentar desde a terminologia e representação gráfica utilizada para a representação dos instrumentos de medição até os modelos de equipamentos que podem ser utilizados para a medição das mais diversas grandezas pertinentes a um processo industrial, passando pelos tipos de atuadores e válvulas que podem ser utilizadas para o controle desse processo. O foco dos estudos da disciplina se dá sobre os equipamentos que são utilizados para uma medição, porém também são apresentadas noções de eletrônica que permitem o condicionamento de sinais de sensores, por exemplo. Portanto, conhecendo os tipos e tecnologias de sensores para as mais diversas medições, você estará apto a montar o seu próprio sensor e realizar a instrumentação de qualquer processo. No decorrer da disciplina são apresentados os principais tipos de sensores utilizados na indústria para medição de temperatura, nível, pressão, força, vazão, proximidade/posição, dentre outros. Além disso, são apresentadas metodologias para a instalação desses sensores, bem como o tipo de sinais que eles podem gerar e a forma em que esses dados coletados podem ser visualizados dentro da automação. É fundamental para o estudo da disciplina que você tenha uma noção geral da operação de uma indústria e consiga perceber como a medição de alguns parâmetros é obrigatória em alguns casos. Desta forma, você conseguirá fazer analogias entre os conceitos estudados e a sua aplicabilidade dentro de um sistema de controle. 55 5 Não deixe de resolver os exercícios ao final de cada tema e consultar as leituras complementares, pois elas são fundamentais para o seu futuro profissional. Também tente resolver os problemas propostos no Teoria em Prática antes de assistir aos vídeos para você comparar o resultado que chegou com aquele apresentado na aula. Bons estudos! 666 Parâmetros e terminologia de instrumentação Autor: Giancarlo Michelino Gaeta Lopes Objetivos • Adquirir conhecimento da terminologia básica relacionada à instrumentação industrial. • Reconhecer os principais parâmetros físicos de processos industriais. • Conhecer as principais classificações dos instrumentos. • Identificar a simbologia associada aos instrumentos e equipamentos. 77 7 1. Introdução A instrumentação utiliza-se de instrumentos que medem, indicam, registram, transmitem, monitoram e controlam processos industriais. Neste sentido, compreender os diferentes conceitos que concernem à instrumentação é de grande relevância estratégica, pois, segundo Amaral (2012), permitem, entre outras características: • Otimizar processos; • Incrementar e controlar a qualidade de produtos de forma mais econômica e rápida; • Aumentar a produção; • Reduzir nocividades ao meio ambiente; • Substituir o trabalho humano em tarefas repetitivas ou perigosas. Neste estudo serão abordados os principais parâmetros físicos envolvidos no processo de controle industrial. Também serão expostas a terminologia e simbologia básica utilizada em instrumentação. 2. Parâmetros físicos Formalmente, um parâmetro, ou grandeza física, pode ser definido como a “propriedade de um fenômeno, de um corpo ou de uma substância que pode ser expressa quantitativamente sob a forma de um número e de uma referência” (INMETRO, 2012, p.2). Tais parâmetros físicos possuem normalmente um valor numérico, uma indeterminação e uma unidade. Por exemplo, uma temperatura pode ser indicada por 500 ± 3 °C e uma pressão pode ser denotada como 200 ± 2 bar (FIALHO, 2010). Em todos os processos industriais, conhecer e controlar parâmetros físicos como pressão, vazão, temperatura, nível, pH, condutividade, velocidade, umidade, dimensão, concentração de gases e massa são altamente desejáveis, ou até mesmo indispensáveis. 88 ASSIMILE Conhecer a indeterminação da grandeza física é de extrema importância em processos que exigem grande precisão. Neste caso, é necessária a adoção de equipamentos especiais. Por exemplo, em medições de dimensão, o uso de um paquímetro pode ser preferível ao uso de uma régua ou trena. Por sua vez, um micrômetro pode ser preferível a um paquímetro. Outro exemplo seria a adoção de uma balança analítica para a medição de massa em casos em que a precisão de uma balança semianalítica não é suficiente. Nas indústrias, os parâmetros físicos são normalmente denominados variáveis de processo. Os instrumentos que verificam e controlam as variáveis permitem mantê-las constantes, objetivando o aumento de produção, a melhor qualidade e a diminuição dos riscos. Uma possível classificação dessas variáveis é de acordo com relação a suas características físicas, conforme (BALBINOT; BRUSAMARELLO, 2011): • Variáveis térmicas: associadas às características dependentes da energia térmica do material. Por exemplo: temperatura, entropia, calor específico; • Variáveis de força: associadas com modificações dos corpos em relação ao movimento (ou repouso). Por exemplo: peso, momento de torque, pressão, vácuo; • Variáveis de radiação: associadas aos fenômenos de absorção, emissão, propagação e reflexão, energia no espaço, em materiais ou de forma corpuscular. Por exemplo: radiações nuclear e eletromagnética, raios X, raios cósmicos; • Variáveis de quantidade: associadas à porção de material presente em determinado momento ou entre limites particulares. Por exemplo: massa a uma gravidade local, mols de material, volume; 999 • Taxa de variáveis: associadas ao afastamento ou à aproximação de um material em relação a uma referência ou à repetição de um evento. Por exemplo: vazão de um fluido, aceleração, vibração mecânica, frequência, velocidade angular; • Variáveis de propriedades físicas: como o próprio nome diz, estão associadas às características físicas do material, com exceção de quando se referem à composição química ou massa. Por exemplo: dureza, densidade, viscosidade, características estruturais; • Variáveis elétricas: associadas às características de eletricidade. Por exemplo: corrente, tensão, impedância, indutância, capacitância; • Variáveis de composição química: associadas ao exame de substâncias químicas, bem como de suas propriedades. Por exemplo: análise quantitativa de CH4, NOx, CO2, pH, solventes. 3. Classificação dos instrumentos Segundo o Vocabulário Internacional de Metrologia (INMETRO, 2012), um instrumento de medição consiste em um dispositivo designado para efetuar medições, de forma individual ou em conjunto com outros dispositivos. Um instrumento de medição pode ser um sistema eletrônico, mecânico ou eletromecânico, que abrange um ou mais sensores (ou um ou mais transdutores) a dispositivos com funções específicas de processamento de determinada variável (BALBINOT; BRUSAMARELLO, 2011). Há diferentes métodos de classificação de instrumentos. Uma sugestão é sua classificação por: • Localização; • Função; • Tipo de sinal. 1010 3.1 Localização Em relação à localização, os instrumentos podem ser classificados em 2 categorias: • Instrumentos de painel ou uso interno; • Instrumentos de campo ou uso externo. 3.2 Função Para que seja realizada uma tarefa específica, pode ser necessária a combinação de diferentes instrumentos. A composição dos instrumentos é denominada malha e seus instrumentos são classificados de acordo com a função exercida (VIANA, 1999). As diferentes funções que proporcionam o funcionamento de uma malha de forma esperada são executadas por instrumentos para controle de processos (ALVES, 2017). Segundo Alves (2017) e NBR 8190 (ABNT, 1983), de acordo com a função desempenhada, os instrumentos mais comumente encontrados numa malha de controle são: • Elemento primário, sensor ou detector: parte de uma malha ou de um instrumento que primeiro percebe o ambiente e pelo qual pode-se detectar as modificações do valor da variável de processo; • Transmissor: dispositivo que percebe uma variável por meio de um elemento primário e produz uma saída no instrumento receptor de valor geralmente proporcional ao valor da variável de processo; • Indicador: dispositivo que mostra o valor de uma variável de processo, sem interferir no processo; • Registrador: dispositivo que armazena os valores de uma variável de processo de forma digital ou gráfica; • Controlador: dispositivo cuja função é manter uma variável de processo em um valor predeterminado. O dispositivo geralmente compara os valores medidos e predeterminado e, baseado na diferença, envia um sinal para corrigir a variável manipulada até que a diferença seja nula; 1111 11 • Unidade aritmética: dispositivo que efetua operações nos sinais de entrada baseado em expressões e gera uma saída que exprime o resultado da operação; • Integrador: dispositivo que integra quantidades medidas em relação ao tempo e indica o valor resultante; • Conversor: dispositivo que gera uma saída padronizada, diferente do sinal de entrada; • Elemento final de controle: dispositivo que modifica o valor de uma variável de processo, levando-o ao valor desejado. Válvulas são os exemplos mais comuns desse tipo; • Chave: dispositivo que conecta, desconecta ou transfere circuitos de forma automática ou manual. Sua saída pode ser usada para atuar alarmes, lâmpadas-piloto, intertravamento ou sistema de segurança. PARA SABER MAIS Controladores lógicos programáveis (CLPs) integram algumas das funcionalidades descritas acima e são muito utilizados por sua robustez e praticidade. Esses dispositivos possuem entradas e saídas (analógicas ou digitais), memória, unidade de processamento, visores, permitem comunicação, entre outras vantagens. Há diferentes formas de programá-los, entre elas linguagens textuais – lista de instruções (IL) e texto estruturado (ST) – e linguagens gráficas – de blocos funcionais (FBD), diagrama sequencial (SFC ou Grafcet) e diagrama de escada (Ladder). Normalmente, cada fabricante permite a utilização de algumas delas. 1212 3.3 Tipo do sinal Os principais tipos de sinais transmitidos em processos de instrumentação resumem-se em pneumático, hidráulico, elétrico analógico e digital, conforme apresentado em Viana (1999) e Amaral (2012). Tipo pneumático Em um instrumento do tipo pneumático, a pressão de um gás comprimido é modificada com o objetivo de atender ao valor a ser representado. A variação da pressão do gás é realizada de forma linear em uma faixa específica, padronizada internacionalmente, para representar a variação de uma grandeza partindo de seu limite inferior até atingir seu limite superior. As principais vantagens e desvantagens desse sinal encontram-se no Quadro 1. Quadro 1 – Vantagens e desvantagens do tipo de sinal pneumático. Vantagens Desvantagens Pode-se operar com segurança em áreas de risco de explosão (centrais de gás ou refinarias de petróleo, por exemplo). Necessita de tubulação de ar comprimido (ou outro gás) para seu funcionamento e suprimento. Equipamentos auxiliares como compressor, filtro, desumidificador e unidade de tratamento são necessários para o fornecimento de ar seco e sem partículas sólidas aos instrumentos. Não pode ser enviado à longa distância (acima de 100 m) devido ao atraso que ocorre na transmissão do sinal, tornando necessário o uso de reforçadores. Há uma dificuldade na detecção de vazamentos ao longo da linha de transmissão ou mesmo nos instrumentos. Não permite conexão direta a computadores. É um fluido compressível. Fonte: Baseado em Viana (1999) e Amaral (2012). Tipo hidráulico Em um instrumento do tipo hidráulico, a variação de pressão exercida em óleos hidráulicos é utilizada para transmitir o sinal. Esse tipo de sinal é especialmente solicitado em aplicações onde é necessário um torque elevado ou quando o processo envolve pressões elevadas. As principais vantagens e desvantagens desse sinal encontram-se no Quadro 2. 1313 13 Quadro 2 – Vantagens e desvantagens do tipo de sinal hidráulico Vantagens Desvantagens Podem acionar equipamentos de grande peso e dimensão. Possuem resposta rápida. Fluido incompressível. Tubulações de óleo para transmissão e suprimento são necessárias. Necessita de troca e inspeção periódica do nível de óleo. Equipamentos auxiliares, tais como reservatório, filtros e bombas são necessários. Fonte: Baseado em Viana (1999) e Amaral (2012). Tipo elétrico analógico Em um instrumento do tipo elétrico analógico, o sinal é linearmente modulado em uma faixa padronizada de corrente ou tensão, representando o conjunto de valores de uma variável partindo de seu limite inferior até atingir seu limite superior. As principais vantagens e desvantagens desse sinal encontram-se no Quadro 3. Quadro 3 – Vantagens e desvantagens do tipo de sinal elétrico analógico Vantagens Desvantagens Permite transmissão para longas distâncias sem atenuações. A alimentação de instrumentos pode ser feita pelos próprios condutores que levam o sinal de transmissão. Necessita de poucos equipamentos auxiliares. Permite fácil conexão aos computadores. Fácil implantação de circuitos para a realização de operações matemáticas. Instalações localizadas em áreas de riscos exigem a utilização de instrumentos e cuidados especiais. É necessária proteção dos cabos de sinal contra ruídos elétricos. Fonte: Baseado em Viana (1999) e Amaral (2012). Tipo elétrico digital Em um instrumento do tipo elétrico digital, o sinal correspondente a informações sobre avariável medida ou relacionadas ao processo são enviados para uma estação receptora através de sinais digitais modulados e padronizados, utilizando protocolos de comunicação (por exemplo Hart, Fieldbus, Profbus, Modbus e CAN). As principais vantagens e desvantagens desse sinal encontram-se no Quadro 4. 1414 Quadro 4 – Vantagens e desvantagens do tipo de sinal elétrico digital Vantagens Desvantagens Pode utilizar diferentes meios (cabos elétricos, fibra óptica, wireless) para a transmissão dos dados. É relativamente imune a ruídos externos. Permite diferentes configurações, identificação de falhas e reparos em qualquer ponto da malha. Existência de vários protocolos e tecnologias no mercado, dificultando a comunicação entre equipamentos de marcas diferentes. No caso de rompimento no cabo de comunicação sem redundância, pode-se perder a informação ou controle de malha. Fonte: Baseado em Viana (1999) e Amaral (2012). 4. Terminologia e simbologia dos instrumentos A norma NBR 8190, elaborada pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT, 1983), apresenta uma simbologia gráfica para representar os instrumentos e suas funções nas malhas de controle e instrumentação (THOMAZINI; ALBUQUERQUE, 2011). Conhecer tal simbologia é importante, pois permite a identificação de todos os instrumentos presentes em um sistema quando analisamos o seu diagrama. Segundo essa norma, a identificação funcional de cada instrumento ocorre primariamente por um conjunto de letras para classificá-lo funcionalmente. O significado de cada letra pode ser observado no Quadro 5. Quadro 5 – Identificação funcional de cada instrumento Le tr as Primeira letra Letras subsequentes Variável medida ou inicial Modificadora Função de Informação ou passiva Função Final Modificadora A Analisador - Alarme - - B Chama de queimador - Indefinida Indefinida Indefinida C Condutividade Elétrica - - Controlador - 1515 15 D Densidade ou massa específica Diferencial - - - E Tensão elétrica - Elemento primário - - F Vazão Razão (fração) - - - G Medida dimensional - Visor - - H Comando manual - - - Alto I Corrente elétrica - Indicador - - J Potência Varredura ou seletor - - - L Nível - Lâmpada piloto - Baixo M Umidade - - - Médio N Indefinida - Indefinida Indefinida Indefinida O Indefinida - Orifício de restrição - - P Pressão ou vácuo - Ponto de teste - - Q Quantidade ou evento Integrador ou totalizador - - - R Radioatividade - Registrador - - S Velocidade ou frequência Segurança - Chave - T Temperatura - - Transmissor - U Multivariável - Multifunção Multifunção Multifunção V Viscosidade - - Válvua - W Peso ou força - Poço - - X Não classificada - Não classificada Não classificada Não classificada Y Indefinida - - Relé ou computação - Z Posição - - Elemento final de controle não classificado - Fonte: ABNT (1983, p. 53). 1616 Conforme o Quadro 5, a primeira letra de identificação está relacionada à variável medida pelo instrumento. Por exemplo, E indica tensão elétrica, F indica vazão e M indica umidade. A primeira letra pode estar acompanhada de uma modificadora, que pode ser diferencial (D), Razão/Fração (F), Varredura do seletor (J), Integrador/Totalizador (Q) ou Segurança (S). As letras subsequentes indicam, nesta ordem, a função de informação ou passiva e a função final. Esse par de letras também pode ser acompanhado de uma letra modificadora. Adicionalmente, pode-se seguir um número para identificar a malha a qual determinado instrumento pertence e, se há mais de um instrumento com a mesma função em uma mesma malha, adota-se um sufixo. O Quadro 6 mostra um exemplo dessa notação. Quadro 6 – Exemplo do uso da identificação funcional de um instrumento I IC 1 A Primeira letra (passível de uma segunda letra modificadora) Letras subsequentes Número da malha Sufixo (opcional) Identificação funcional Identificação da malha Fonte: Elaborado pelo autor baseado em ABNT (1983, p.6). O instrumento no exemplo do Quadro 6 representa um controlador e indicador de corrente elétrica, localizado na malha 1. Nessa malha há mais de um instrumento desse tipo, por isso foi necessário o acréscimo do sufixo A após o número da malha. Além da identificação por letras e números quanto à funcionalidade do instrumento, há diferentes símbolos utilizados. Para linhas de instrumentos, adota-se a referência apresentada na Figura 1. 1717 17 Figura 1 – Símbolo dos sinais de instrumentação. Fonte: Alves (2017, p. 17). Além disso, diagramas de Piping and Instrumentation (P&I) são amplamente utilizados para ilustrar as etapas em um processo de instrumentação, descrevendo os elementos de medida utilizados, tipos de controle e interconexão com o processo propriamente dito (ROURE, 2018). ou 1818 Pela convenção da norma Instrumentation Symbols and Identification (ISA) -S5.1 (ANSI, 2009), o formato do símbolo (círculo, círculo com quadrado, hexágono, losângulo com quadrado) identifica o tipo de instrumento. Por sua vez, de acordo com os elementos internos do símbolo, é possível determinar sua localização, como mostra a Figura 2. Figura 2 – Símbolos gerais de instrumentos Fonte: Alves (2017, p.18). A identificação do instrumento por letras e números convencionalmente situa-se internamente dos símbolos de P&I. Por exemplo, um transmissor de densidade conectado externamente na malha 3 se simboliza tal qual na Figura 3. 1919 19 Figura 3 – Exemplo de símbolo de instrumento externo DT 3 Fonte: Elaborada pelo autor. Por outro lado, um registrador de densidade localizado no painel é simbolizado como na Figura 4. Figura 4 – Exemplo de símbolo de instrumento interno. DR 3 Fonte: Elaborada pelo autor. Nesses exemplos foi possível verificar a utilização da terminologia e simbologia básica de instrumentação. Além disso, nessa leitura fundamental foram apresentadas as principais classificações de instrumentos (quanto à localização, função e tipo de sinal). Não obstante, verificou-se a importância de parâmetros físicos em processos industriais e sua classificação quanto às características físicas, mostrando a relevância da instrumentação dentro de um processo industrial. TEORIA EM PRÁTICA Considere que você foi recém contratado para ser o responsável pelo sistema de automação de uma indústria química. A sua primeira tarefa é realizar a manutenção em uma malha de controle de pressão, que possui o diagrama conforme o apresentado na Figura 5. 2020 Figura 5 – Malha de controle de pressão industrial. Fonte: Adaptada de Trierweiler (S.N., p.9). Para que consiga prestar a manutenção, você deve conhecer todos os dispositivos que integram essa malha de controle. Quais são os dispositivos presentes nessa automação? Qual a instrumentação utilizada? Como é feita a ligação desses dispositivos? VERIFICAÇÃO DE LEITURA 1. Diferentes parâmetros físicos podem estar envolvidos em um processo de controle industrial. De acordo com Balbinot e Brusamarello (2011), assinale a alternativa que relaciona corretamente o tipo de variável com seu exemplo: a. Térmica – entropia 2121 21 b. Força – dureza c. Quantidade – densidade d. Composição química – raios X e. Elétricas – frequência 2. Os instrumentos podem ser classificados em relação ao tipo de sinal transmitido, sendo os sinais pneumático, hidráulico, elétrico e digital os principais entre eles. Das alternativas a seguir, qual representa uma desvantagem do tipo de sinal digital? a. Possibilidade de transmissão de dados por diferentes meios. b. Existência de diferentes protocolos no mercado. c. Possibilidade de diferentes configurações do instrumento. d. Sensibilidade a ruídos relativamente alta. e. Necessidade de tubulações com fluidos. 3. A NBR 8190 propõe uma norma para a identificação de instrumentos, que é considerada o padrão na indústria. Qual seria a nomenclatura de um registrador controlador de umidade localizado na malha 2? a. RCU2. b. U2CR. c. 2RCU.d. MRC2. e. M2RC. 2222 Referências bibliográficas ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 8190/1983. Disponível em: http://www.unifieo.br/files/20134249941.pdf. Acesso em: 02 mar. 2019. ALVES, J. L. L. Instrumentação, Controle e Automação de Processos. 2. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2017. AMARAL, C. Conceitos Básicos de Instrumentação. 2012. Disponível em: http:// paginapessoal.utfpr.edu.br/camaral/instrumentacao-industrial/2%20-%20 Simbologia.pdf/view. Acesso em: 05 mar. 2019. ANSI. American National Standard. ISA-5.1-2009, Instrumentation Symbols and Identification. Disponível em: https://www.academia.edu/29405724/ Instrumentation_Symbols_and_Identification. Acesso em: 18 mar. 2019. BALBINOT, A.; BRUSAMARELLO, J. V. Instrumentação e Fundamentos de Medidas. v. 1. 2. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2011. FIALHO, A. B. Instrumentação Industrial - Conceitos, Aplicações e Análises. 7. ed. São Paulo: Érica, 2010. ROURE, M. de. Instrumentação Industrial – Entenda de uma vez por todas. 2018. Disponível em: https://instrumentacaoecontrole.com.br/instrumentacao-industrial- guia-completo/. Acesso em 02 mar. 2019. THOMAZINI, D.; ALBUQUERQUE, P. U. B. de. Sensores Industriais - Fundamentos e Aplicações. 8. ed. São Paulo: Érica, 2011. VIANA, U. B. Instrumentação Básica – Pressão e Nível – Instrumentação. Departamento Regional do Espírito Santo, SENAI, Espírito Santo, 1999. INMETRO. Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia. Vocabulário Internacional de Metrologia: Conceitos fundamentais e gerais e termos associados. Duque de Caxias, RJ, 2012. TRIERWEILER, J. O. Instrumentação na indústria química. GIMSCOP, Departamento de Engenharia Química, UFRGS. Disponível em: http://www. producao.ufrgs.br/arquivos/disciplinas/492_pei_3.pdf. Acesso em 08 mar. 2019. Gabarito Questão 1 – Resposta: A Dureza se refere a variáveis de propriedades físicas, bem como densidade (portanto, (b) e (c) estão erradas). Raios X se enquadram na categoria variáveis de radiação na classificação apresentada. Frequência se refere a uma taxa de variável, não a uma propriedade elétrica. Entropia é uma variável térmica, de tal forma que a leta (a) é a correta. http://paginapessoal.utfpr.edu.br/camaral/instrumentacao-industrial/2%20-%20Simbologia.pdf/view http://paginapessoal.utfpr.edu.br/camaral/instrumentacao-industrial/2%20-%20Simbologia.pdf/view http://paginapessoal.utfpr.edu.br/camaral/instrumentacao-industrial/2%20-%20Simbologia.pdf/view https://www.academia.edu/29405724/Instrumentation_Symbols_and_Identification https://www.academia.edu/29405724/Instrumentation_Symbols_and_Identification https://instrumentacaoecontrole.com.br/instrumentacao-industrial-guia-completo/ https://instrumentacaoecontrole.com.br/instrumentacao-industrial-guia-completo/ http://www.producao.ufrgs.br/arquivos/disciplinas/492_pei_3.pdf http://www.producao.ufrgs.br/arquivos/disciplinas/492_pei_3.pdf 2323 23 Questão 2 – Resposta: B As letras (a) e (c) indicam vantagens do sinal digital. A letra (d) não é uma verdade sobre o sinal digital, que na realidade é relativamente imune a ruídos. A letra (e) é uma desvantagem dos sinais pneumáticos e hidráulicos. A alternativa (b) de fato representa uma desvantagem dos sistemas digitais, pois a existência de diferentes protocolos dificulta a comunicação entre equipamentos de marcas diferentes. Questão 3 – Resposta: D A primeira letra da nomenclatura indica a variável controlada pelo instrumento, umidade nesse caso que é representada pela letra M. Em seguida, a função de informação (registrador, R) e a função final (controlar, C). Após a indicação funcional, acrescenta-se a indicação de malha. Portanto, a letra (d) é a alternativa correta. 242424 Métodos e características de medição Autor: Giancarlo Michelino Gaeta Lopes Objetivos • Reconhecer os fatores envolvidos em processos de medição; • Tomar conhecimento das principais unidades internacionais de medida; • Definir os principais métodos de medição; • Compreender a caracterização metrológica de sistemas de medição. 2525 25 1. Introdução O processo de medição pode ser definido como a aquisição experimental do valor momentâneo de uma grandeza física (mensurando), envolvendo a comparação de grandezas com um padrão ou a contagem de entidades (INMETRO, 2012; ALBERTAZZI; SOUZA, 2008). Assim, é possível afirmar que medir traz grandes vantagens como a possibilidade de monitorar grandezas, controlá-las e ainda investigar novos fenômenos. Quanto mais rápidas, precisas e exatas forem as medições, maior o poder de controle sobre processos e maior a eficiência. Neste estudo serão abordados os fatores envolvidos no ato de medir e os principais métodos de medição. Também serão expostas as principais características metrológicas de sistemas de medição. 2. Sistema internacional de unidades Muito antes da existência de instrumentação industrial, a preocupação em medir já fazia parte da humanidade, mas apenas a partir do século XVIII começou-se a adotar um sistema padronizado de pesos e medidas a fim de evitar fraudes e promover o desenvolvimento científico (LIRA, 2014). Em 1799, a Academia de Ciência da França apresentou o Sistema Métrico Decimal, que inicialmente consistia de três unidades básicas: o metro, o quilograma e o segundo. O avanço na ciência e tecnologia causou a necessidade de medições mais precisas e diversificadas, culminando no Sistema Internacional de Unidades (SI), mundialmente aceito nas relações internacionais, no ensino e na ciência (INMETRO, 2012). O SI é baseado em 7 unidades principais: comprimento, massa, tempo, corrente elétrica, temperatura, quantidade de substância e intensidade luminosa. As unidades e definições correspondentes são mostradas na Tabela 1. 2626 Tabela 1 – Unidades de base do Sistema Internacional de Unidades Grandeza Unidade Símbolo Definição Comprimento metro m Comprimento do trajeto percorrido pela luz no vácuo durante o tempo de 1/299.792.458 de segundo. Massa quilograma ou kilograma kg Massa do protótipo internacional do quilograma. Tempo segundo s Duração de 9.192.631.770 períodos da radiação correspondentes à transição entre os dois níveis hiperfinos do estado fundamental do átomo de césio 133. Corrente elétrica ampere A Intensidade de uma corrente elétrica constante mantida em dois condutores paralelos, retilíneos, de comprimento infinito, seção circular desprezível, situados à distância de 1 metro entre si, no vácuo, produz entre estes condutores uma força igual a 2 x 10-7 newton por metro de comprimento. Temperatura termodinâmica kelvin K Fração 1/273,16 da temperatura termodinâmica do ponto triplo da água. Quantidade de substância mol mol Quantidade de substância de um sistema que contém tantas entidades elementares quantos átomos existem em 0,012 kilograma de carbono 12. Intensidade Luminosa candela cd Intensidade luminosa numa dada direção, de uma fonte que emite uma radiação monocromática de frequência 540 x 1012 hertz e que tem uma intensidade radiante nessa direção de 1/683 watt por esferorradiano. Fonte: Adaptada de INMETRO, 2013b, p. 2. PARA SABER MAIS As unidades de base do SI, bem como as unidades derivadas e fora do SI, podem ser encontradas a partir do documento Unidades Legais de Medidas (INMETRO, 2013a). O documento também apresenta os múltiplos e submúltiplos decimais das unidades, além de regras e símbolos associados às grandezas. 2727 27 3. Processo de medição O processo de medição envolve um conjunto de métodos e meios: a definição do mensurando, o procedimento de medição, as condições ambientais, o operador e o sistema de medição (Figura 1). Dessa forma, é possível afirmar que a confiabilidade de um resultado de medição depende desses fatores e de como eles foram levados em consideração durante a realização de uma medida. Figura 1 – Fatores envolvidos no processo de medição Fonte: Elaborada pelo autor baseada em (ALBERTAZZI; SOUSA, 2008, p. 169). Esses elementospossuem uma grande importância para a medição e podem ser determinantes para caracterizar e diferenciar um bom processo de medição de um ruim. A importância de cada um desses elementos está elencada a seguir (ALBERTAZZI; SOUZA, 2008): • Definição do mensurando: para que o resultado de uma medição esteja de acordo com a grandeza que se deseja mensurar, a definição do mensurando deve ser específica e enunciada de forma clara. Exemplo: ao se medir velocidade, especificar se se trata de velocidade mínima, máxima, média, instantânea, entre outros. 2828 • Procedimento de medição: a preparação da medição, o planejamento da sequência de operações, a quantidade de amostras a serem tomadas, os cálculos envolvendo a medição, entre outros, pode otimizar o processo de medição e permitir que outro operador reproduza o procedimento. Exemplo: ao planejar a medição, o operador percebe a falta de algum componente ou que inverter a ordem de certos procedimentos pode agilizar a medição. • Condições ambientais: medições em diferentes condições ambientais podem influenciar no resultado de medição. Exemplo: a mudança de temperatura do ambiente pode dilatar ou contrair o mensurando, e também modificar o sistema de medição. • Operador: saber usar corretamente os sistemas de medição, as formas de operar os instrumentos e o cuidado ao realizar uma medição podem influenciar grandemente nos resultados da medida. Além das habilidades de operação, as condições físicas do operador também podem influenciar. Exemplo: se o operador está cansado, sua acuidade visual e concentração diminuem, em especial quando estiver operando um instrumento analógico. • Sistema de medição: como normalmente os sistemas de medição são calibrados em laboratório, diferentemente das condições normais de uso, erros sistemáticos e aleatórios advém de sua utilização. Os elementos apresentados podem ser fonte de incerteza para o resultado em maior ou menor grau. É importante que os erros sistemáticos sejam reduzidos ao máximo pelo controle e compensação deles. Quando se trata de sistemas de medição, três elementos são comuns à maioria deles: transdutor (ou sensor), unidade de tratamento de sinal e um dispositivo mostrador (ou registrador) (ALBERTAZZI; SOUSA, 2008), como visto na Figura 2. 2929 29 Figura 2 – Elementos comuns a sistemas de medição Fonte: Elaborada pelo autor baseada em (ALBERTAZZI; SOUSA, 2008, p. 99). O transdutor é o elemento do sistema que está em contato com a grandeza a ser medida, gerando um valor proporcional ao mensurando. O sinal de saída do transdutor normalmente necessita de condicionamento. A unidade de tratamento de sinais é responsável pela amplificação do sinal obtido no transdutor. Ela também pode realizar o processamento e o tratamento do sinal (como, por exemplo, filtrar). O dispositivo mostrador é responsável pela tradução do sinal em forma tangível ao usuário de forma analógica ou digital. Nos casos em que a variação do mensurando ocorre muito rápida são utilizados registradores que apresentam de forma gráfica a medição do sinal. 4. Métodos de medição Os métodos de medição podem ser classificados em: método por indicação (ou deflexão); método por comparação (ou zeragem) e método diferencial. A ideia geral deles é encontrar “o número de vezes em que a unidade de medição está contida dentro do mensurando” (ALBERTAZZI; SOUSA, 2008, p.91). 3030 Os sistemas baseados no método de indicação mostram de forma visual e proporcional o valor do mensurando. Comumente esses sistemas incrementam mostradores digitais ou produzem deflexão em ponteiros (sugerindo o nome alternativo ao método de indicação). Exemplo: termômetro de bulbo. Por outro lado, os sistemas baseados no método de comparação utilizam um artefato de referência para comparar com o mensurando. Esse método utiliza medidas materializadas de valor conhecido e um comparador: quando o comparador indica diferença zero entre o mensurando e a medida materializada, o valor da medida materializada é o resultado da medição. Exemplo: balança de prato. Uma variação desse método é o método de medição por substituição, em que o mensurando é substituído por um elemento de valor conhecido e que cause no sistema de medida o mesmo efeito do mensurando. Além disso, sistemas baseados no método diferencial combinam características da zeragem e da deflexão: uma medida materializada é utilizada para comparação com o mensurando. A saída da diferença do comparador é então mostrada ao usuário pelo método da indicação. A Tabela 2 compara diferentes características desses 3 métodos de medição. Tabela 2 – Comparação dos métodos de medição de acordo com algumas características Característica Comparação Indicação Diferencial Velocidade de medição Muito lento Muito rápido Rápido Possibilidade de medição computadorizada Muito difícil Muito fácil Muito fácil Incerteza e sua estabilidade com o tempo Muito estável Instável Estável 3131 31 Custo Elevado Moderado a elevado Moderado Principal local de utilização Laboratórios de calibração Industrias de pequeno e médio porte Industrias de grande porte Fonte: Adaptada de ALBERTAZZI; SOUSA, 2008, p. 98. Os métodos de medição ainda podem ser classificados em medição direta ou indireta. Em uma medição direta, o próprio sistema de medição indica o valor do mensurando. Exemplos: a utilização de uma régua para medir o comprimento de uma borracha ou de uma balança para medir a massa de um objeto. Em uma medição indireta, medidas referentes a diferentes características dos mensurandos são utilizadas como termos de cálculos matemáticos. Como neste método não é necessário o contato com o mensurando, é frequentemente usado em situações em que a medição direta seria difícil ou perigosa. Exemplo: a determinação de resistência de um componente pela razão entre queda de tensão sobre ele e a corrente que passa por ele ou o volume de um paralelepípedo pela multiplicação da altura pelo comprimento e pela profundidade. 5. Caracterização metrológica de sistemas de medição O comportamento e o desempenho de sistemas de medição podem ser descritos em um conjunto de parâmetros denominados características metrológicas (ALBERTAZZI; SOUSA, 2008). Essas características podem ser estáticas ou dinâmicas, e diferentes autores discorrem sobre elas (INMETRO, 2012; BALBINOT; BRUSAMARELLO, 2011; ALVES, 2017; FRANCHI, 2015; AGUIRRE, 2013; CARR; BROWN, 2001). O conhecimento delas é essencial ao profissional que trabalha com instrumentação e serve como base aos estudos seguintes da disciplina. Desta forma, estão elencadas a seguir as características metrológicas pertinentes à instrumentação: 3232 Faixa de indicação: valores contidos entre limites que o instrumento pode indicar (caso a indicação seja analógica) ou o número de dígitos que um indicador pode mostrar (caso a indicação seja digital). Exemplo: uma régua comum possui faixa de indicação de 0 a 30 cm ou um mostrador de 0 a 99 possui faixa de indicação de 2 dígitos. Faixa nominal: valores contidos entre duas indicações extremas obtidos a partir do posicionamento de comandos de um sistema de medição. Exemplo: a seleção em um voltímetro de faixas de -2 a 2 V ou -20 a +20 V. Faixa de medição: valores que podem ser medidos por um instrumento, mostrando a sua capacidade. Exemplo: sensor de temperatura que detecta variações de 1 a 20 ºC. A faixa de indicação e de medição podem – mas não necessariamente devem – coincidir. Entretanto, para que um instrumento seja aproveitado de melhor forma possível, é necessário que a faixa de indicação seja maior que ou igual a faixa de medição. Valor de uma divisão (de escala): diferença entre duas marcas de indicação consecutivas. Exemplo: em uma régua comum de 30 cm, o valor de divisão é 1 cm. Incremento digital: menor variação que um mostrador digital consegue apresentar. Resolução: menor variação entre indicações de um indicador que pode ser percebido.Em sistemas de indicação digital, a resolução e o incremento digital são correspondentes. Sensibilidade: razão entre a variação na saída (resposta) e a variação na entrada (entrada). Também pode ser entendida como a derivada parcial da função que representa a entrada-saída em estado estacionário em relação à variação da entrada. Exemplo: a sensibilidade de um termômetro pode ser expressa por 0,1 mm/ºC. 3333 33 Zona morta: intervalo máximo de valores em que uma grandeza pode variar em qualquer sentido sem variar a resposta na indicação do instrumento de medição. Rangeabilidade (largura de faixa): razão entre os valores máximo e mínimo lidos com a mesma exatidão na escala de um instrumento. Exemplo: uma rangeabilidade de 5:1 com exatidão de 1% para um sensor de temperatura de 1 a 20 ºC, a exatidão é mantida entre os valores de 4 a 20 ºC. Linearidade: máxima diferença entre uma reta que melhor descreve os pontos reais e uma curva correspondente à relação entre a entrada e saída. Histerese: máxima diferença entre as leituras de um mesmo mensurando em uma excursão de entrada crescente ou decrescente. Deriva (drift): mudança que ocorre no instrumento ao longo do tempo, devido a fatores externos ou intrínsecos ao sistema, levando à desconfiguração da característica metrológica. Exemplo: uma variação de 0,01 ºC a cada ano. Estabilidade: de forma complementar à deriva, indica a capacidade de um instrumento manter no decorrer do tempo suas características metrológicas. Confiabilidade: período em que um instrumento funciona sem a ocorrência de falhas. Relação sinal-ruído (SNR): razão entre a potência do sinal e a potência do ruído contido nesse sinal. Normalmente é expressa em decibéis. Tendência: diferença entre a média de medidas tomadas repetitivamente e o valor verdadeiro de referência da grandeza medida. Correção: valor que ao ser somado ao resultado original da medição, buscando compensar o erro sistemático. 3434 Repetitividade: capacidade de repetir o valor de saída em medições consecutivas de uma mesma grandeza e estímulo de entrada, com fatores de medição mantidos constantes e curto período entre medições. Reprodutibilidade: variação entre medições do mesmo mensurando com o mesmo instrumento a partir de condições de medição variadas. Erro: diferença entre o valor medido e o valor real da grandeza. Todas as medições e instrumentos de medida estão sujeitos a erros, que não devem ser entendidos como falhas ou descuido ao se tomar uma medida. Erro máximo admissível: valor de erro aceito por regulamentações ou especificações para determinado sistema de medição. Precisão: concordância entre valores medidos consecutivamente. Um sistema com alta precisão apresenta dispersão pequena entre as diferentes medidas. Exatidão: concordância entre o valor medido e o valor real da grandeza de interesse. Um sistema com alta exatidão apresenta pequeno erro. ASSIMILE Algumas das características podem parecer bastante similares e até serem usadas como sinônimos erroneamente no cotidiano. Exatidão e precisão são termos que são comumente utilizados como sinônimos, mas possuem significados diferentes: um instrumento exato não é necessariamente preciso, nem um instrumento preciso é necessariamente exato. Dentro da instrumentação, o conhecimento da diferença entre esses dois termos é fundamental. 3535 35 Além dessas, as características metrológicas exclusivamente dinâmicas são (mas não se restringem a elas): Tempo de resposta: intervalo de tempo necessário para que a resposta atinja e permaneça em determinada faixa de valor após uma variação abrupta de um estímulo. Tempo de subida: tempo em que a saída demora para atingir certa porcentagem do seu valor final. Frequência de corte: frequência em que há uma atenuação (frequência de corte inferior) ou um ganho (frequência de corte superior) de 3 dB. Os valores das características metrológicas podem ser expressos tanto em forma absoluta quanto relativa. Quando representada de forma absoluta, o valor possui a mesma unidade do mensurando (por exemplo, um erro máximo de 0,05 cm ou 0,002 ºC). Quando representada em termos relativos, podem ser apresentados em relação a um valor de referência (fundo final de escala, faixa de indicação, valor prefixado ou valor verdadeiro convencional). Exemplo: erro máximo de 0,01% do valor final de fundo de escala ou da faixa de indicação. A vantagem de utilizar o primeiro é a identificação imediata do desempenho do sistema. A vantagem de utilizar a segunda forma é a facilidade de comparação de sistemas com faixas de medida distintas. Nesta leitura fundamental foram abordadas as principais características metrológicas de sistemas de medição. Além disso, foram discutidos os principais métodos de medição (direto e indireto; por indicação, por comparação e diferencial) e os principais elementos de um processo de medição. Também foram apresentadas a importância de medir e as principais unidades de medida do SI. 3636 TEORIA EM PRÁTICA Considere que você é um profissional que trabalha na manutenção preditiva de uma linha de produção de uma indústria e no seu dia a dia, a medição de grandezas elétricas é algo básico. Para realizar essas medições você utiliza um alicate amperímetro para aferir tensão e corrente das máquinas e motores. Sabendo de sua experiência no manuseio de instrumentos de medição e realização de medidas, um colega de trabalho da equipe de desenvolvimento o questionou sobre a precisão e exatidão dos instrumentos. Ele gostaria de saber se é mais importante um equipamento ser exato ou preciso e se é possível corrigir a inexatidão de um equipamento por meio de algum processo. Como responder aos questionamentos do seu colega de trabalho? Seria possível ter na prática um equipamento que seja somente exato ou somente preciso? Como essas duas características podem interferir em uma medida? VERIFICAÇÃO DE LEITURA 1. Os métodos de medição podem ser baseados nos princípios de comparação ou indicação, ou ainda a combinação dos dois. Considere as afirmações a seguir: ( ) O método da comparação também é conhecido por zeragem; 3737 37 ( ) O método de indicação também pode ser chamado de diferencial; ( ) O método de zeragem determina o valor comparando o mensurando com um artefato de referência; ( ) Os sistemas baseados no método de deflexão indicam visual e proporcional o valor do mensurando. Qual das sequências a seguir indica, respectivamente, quais afirmações são verdadeiras (V) ou falsas (F)? a. F-F-V-F. b. F-V-F-V. c. F-V-F-F. d. V-F-V-F. e. V-F-V-V. 2. Considerando os conceitos de precisão e exatidão, analise a Figura 3, em que os pontos pretos representam medidas e o centro do alvo representa o valor real: Figura 3 – Exemplificação do resultado de medições i) ii) Fonte: Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Incerteza_de_ medi%C3%A7%C3%A3o. Acesso em: 13 mar. 2019. https://pt.wikipedia.org/wiki/Incerteza_de_medi%C3%A7%C3%A3o https://pt.wikipedia.org/wiki/Incerteza_de_medi%C3%A7%C3%A3o 3838 Qual alternativa melhor descreve as Figuras 3.i) e 3.ii)? a. As medidas apresentadas na Figura 3.i) são mais exatas do que as medidas da Figura 3.ii). b. As medidas apresentadas na Figura 3.i) são mais precisas do que as medidas da Figura 3.ii). c. Ambas as figuras são exemplos de alta precisão. d. Ambas as figuras são exemplos de alta exatidão. e. A Figura 3.ii) apresenta alta precisão. 3. Diferentes parâmetros caracterizam sistemas de medição. A razão entre a variação na saída e a variação na entrada corresponde à definição de: a. Sensibilidade. b. Relação sinal-ruído. c. Resolução. d. Alcance. e. Linearidade. Referências bibliográficas AGUIRRE, L. A. Fundamentos de Instrumentação. 1. ed. São Paulo: Pearson, 2013. ALBERTAZZI, A.; SOUSA, A. R. de. Fundamentos de Metrologia Científica e Industrial. 1. ed. Barueri, SP: Manole, 2008. ALVES, J. L. L. Instrumentação,Controle e Automação de Processos. 2. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2017. 3939 39 BALBINOT, A.; BRUSAMARELLO, J. V. Instrumentação e Fundamentos de Medidas. v. 1. 2.ed. Rio de Janeiro: LTC, 2011. CARR, J. J.; BROWN, J. M. Introduction to Biomedical Equipment Technology. 4. ed. Pearson Prentice Hall, 2001. FRANCHI, C. M. Instrumentação de Processos Industriais – Princípios e Aplicações. 1. ed. São Paulo: Érica, 2015. INMETRO. Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia. Vocabulário Internacional de Metrologia: Conceitos fundamentais e gerais e termos associados. Duque de Caxias, RJ, 2012. INMETRO. Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia. Portaria nº 590, de 02 de dezembro de 2013 – aprova a atualização do Quadro Geral de Unidades de Medida adotado pelo Brasil. 2013a. Disponível em: http://www. inmetro.gov.br/legislacao/rtac/pdf/RTAC002050.pdf. Acesso em: 02 abr. 2019. INMETRO. Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia. Quadro Geral de Unidades de Medida no Brasil. 2013b. Disponível em: http://www.inmetro.gov. br/legislacao/rtac/pdf/RTAC002050.pdf. Acesso em: 15 mar. 2019. LIRA, F. A. de. Metrologia - Conceitos e Práticas de Instrumentação. 1. ed. São Paulo: Érica, 2014. Gabarito Questão 1 – Resposta: E A afirmação I é verdadeira. A afirmação II é falsa: o método de indicação pode ser chamado de deflexão; o método diferencial é uma combinação dos métodos de indicação e comparação. A afirmação III é verdadeira, pois apresenta uma definição do método de comparação (ou zeragem). A afirmação IV também é verdadeira, pois apresenta a definição do método de indicação (ou deflexão). Assim, a sequência correta, em ordem, é V-F-V-V. Questão 2 – Resposta: B A Figura 3.i) mostra os pontos bem agrupados, indicando uma alta precisão, porém não estão tão próximos do centro, i.e., não são tão exatos. Por sua vez, a Figura 3.ii) mostra os pontos espalhados (baixa precisão), porém mais próximos do centro – maior exatidão - do que a Figura 3.i). Assim, a alternativa b) é a que melhor descreve as Figuras. http://www.inmetro.gov.br/legislacao/rtac/pdf/RTAC002050.pdf http://www.inmetro.gov.br/legislacao/rtac/pdf/RTAC002050.pdf http://www.inmetro.gov.br/legislacao/rtac/pdf/RTAC002050.pdf http://www.inmetro.gov.br/legislacao/rtac/pdf/RTAC002050.pdf 4040 Questão 3 – Resposta: A A sensibilidade é a razão entre a variação da saída e da entrada, sendo, portanto, a alternativa correta. A relação sinal-ruído, como o próprio nome indica, é a razão entre a potência do sinal e a potência do ruído presente nesse sinal. A resolução indica a menor variação na grandeza de entrada, que resulta em uma modificação perceptível no indicador. O alcance é a diferença entre extremos superior e inferior da faixa de medição do instrumento. A linearidade é a máxima diferença entre uma reta que melhor descreve os pontos reais e uma curva correspondente à relação entre a entrada e saída. 4141 41 Medição de grandezas físicas em processos industriais Autor: Giancarlo Michelino Gaeta Lopes Objetivos • Reconhecer os princípios físicos das principais grandezas relacionadas ao controle de processos industriais; • Identificar os princípios construtivos e operacionais dos sistemas de medição dessas grandezas; • Associar as unidades de medida relacionadas às variáveis; • Verificar características comuns envolvidas na especificação dos sistemas medição. 4242 1. Introdução A medição e o monitoramento de grandezas físicas em processos industriais são tarefas inerentes à instrumentação. Por meio dos valores indicados por essas medições, é possível, entre outros: • Contabilizar a produção; • Obter informação sobre estoque; • Manter os processos industriais de acordo com critérios específicos. Nesse estudo serão abordadas as grandezas físicas mais medidas em processos industriais e será verificado como estão relacionadas a outras grandezas. Também serão apresentadas as principais abordagens utilizadas pelos seus respectivos sistemas de medição. 2. Medição de grandezas físicas Para a escolha e especificação do melhor tipo de medição para determinada aplicação (FRANCHI, 2015), em geral, é necessário estarem claros e definidos: • A grandeza a ser medida; • Os valores máximos e mínimos da grandeza; • A exatidão, o erro máximo admitido, tempo de resposta e outras características metrológicas desejadas; • O ambiente em que estará instalado; • As condições de operação; • As vantagens e desvantagens dos sistemas de medição; • Os sinais de saída e de entrada; • O orçamento destinado à compra dos componentes necessários para realizar a medição. 4343 43 Existem diferentes grandezas medidas nos processos industriais: pressão, vazão, temperatura, nível, pH, condutividade, velocidade, umidade, dimensão, massa. As grandezas pressão, temperatura, vazão e nível são as mais importantes e comumente utilizadas (ROURE, 2018), motivando abordá-las de forma mais detalhada. 2.1 Temperatura Temperatura (T) pode ser definida, em um sistema em equilíbrio termodinâmico, como a derivada parcial da energia interna (U) em relação à entropia (S), isto é: Suas principais unidades de medida são o K (Kelvin), ºC (graus Celsius) e o ºF (graus Fahrenheit). A Figura 1 mostra um exemplo de medição nas 3 unidades. Figura 1 – Exemplo de medição de temperatura em Kelvin, graus Celsius e graus Fahrenheit Fonte: KAMURAN AĞBABA/iStock.com. 4444 Para converter da escala Celsius para Kelvin (ou de Kelvin para Celsius), basta utilizar a relação: K = oC + 273 Para converter da escala Celsius para Fahrenheit (e vice-versa), é possível utilizar a expressão: oF = 1,8 oC + 32 Por fim, a conversão de Kelvin para Farenheit se dá por: oF – 32 9 K – 273 5 = Segundo Franchi (2015, p. 51), temperatura é “uma variável crítica para plantas de processamento químico, petroquímico, polímeros, plásticos, alimentícia, entre outras”, pois grande parte dos processos químicos necessitam do controle de temperatura. De fato, diferentes características fisico-químicas são modificadas pela temperatura, tais como dimensão, densidade, condutividade, pH, estado físico e resistência mecânica (ROURE, 2017). Os sistemas de medição dessa grandeza baseiam-se na dilatação ou compressão de materiais (sejam eles líquidos, gases ou sólidos) ou por termoresistores, conforme apresentado em Gonçalves (2003) e Alves (2017): • Sistemas baseados na dilatação de líquidos: utilizam o princípio de expansão volumétrica do conteúdo presente em um recipiente fechado de vidro ou metal. No caso do recipiente de vidro, existe um reservatório soldado a um tubo capilar fechado na parte superior. Tanto o reservatório quanto o capilar são preenchidos com um líquido (mercúrio, tolueno, álcool ou acetona). A parede do tudo capilar é graduada de forma a mostrar o valor da temperatura. No caso do recipiente de metal, o líquido preenche todo o recipiente, e conforme ele se dilata/ comprime com o aumento da temperatura, muda a indicação de um elemento extensível, como um ponteiro; 4545 45 • Sistemas baseados na dilatação de gases: possuem um bulbo, um elemento de medição e um capilar, responsável pela conexão entre eles. Um gás de alta pressão preenche o recipiente. Com a variação da temperatura, a pressão do gás varia. Como o volume é constante, por meio da lei dos gases perfeitos e um medidor de pressão, é possível calcular a variação na temperatura; • Sistemas baseados no princípio bimetálico: possuem dois metais sobrepostos com diferentes coeficientes de dilatação, formando uma só peça com apenas uma extremidade livre. Ao variar a temperatura, um dos metais ficará mais dilatado do que o outro, fazendo com que ocorra uma flexão por temperatura na extremidade livre. Normalmente são utilizadas lâminas bimetálicas no formato de espiral ou helicoidal; • Sistemas baseados em termoresistência: utilizam a propriedade de mudança de resistência elétrica com a mudança de temperatura.Os bulbos de resistência são fabricados principalmente de platina, níquel ou cobre. Dentre as termoresistências, é possivel elencar dois grandes grupos de elementos: RTDs (resistance temperature detectors), que possuem uma resposta praticamente linear, faixa de operação entre -200 ºC e 850 ºC e o modelo mais utilizado é o PT-100; e termistores, que se dividem em duas categorias, os NTCs (negative temperature coeficient) e PTCs (positive temperature coeficient) e possuem uma grande estabilidade térmica e sensibilidade, limitados a faixa de operação entre -100 ºC e 300 ºC; • Sistemas baseados em termopar: um termopar é construído por dois metais distintos unidos em uma junta de medição (ou junta quente), na qual estão soldados fios. A variação de temperatura na junção gera uma força eletromotriz na outra extremidade (junta de referência), que possui um elemento capaz de medi-la. 4646 PARA SABER MAIS Os termopares possuem ótimo custo-benefício, levando- os a serem utilizados de forma ampla. Eles possuem variados tipos: K, E, J, N, B, R, S e T, que são compostos de combinação de diferentes duplas de metais (por exemplo, cromel/alimel ou cobre/constantan). Essa variedade de combinações permite distintas faixas de medição de temperatura, tolerâncias e faixas de tensão de saída. 2.2 Pressão Pressão (P) pode ser definida como a força perpendicular (F) exercida em uma determinada área (A), isto é: P = F A Além de ser a variável mais medida no controle de processos, pressão serve como base para medir volume e densidade, por exemplo (ROURE, 2018). Suas principais unidades de medida são kgf/cm² (quilograma- força por centímetro quadrado), lbf/in² (libra-força por polega quadrada, psi), N/m² (newton por metro quadrado, ou Pa, pascal), bar (do grego barys, pesado) ou alturas de colunas líquidas, como é o caso de mmHg (milímetros de mercúrio) e m.c.a. (metros de coluna d’água). ASSIMILE Apesar da existência do sistema internacional de medidas, instrumentos que medem a mesma grandeza física podem possuir saídas em unidades diferentes, principalmente se são originários de países que adotam sistemas métricos 4747 47 distintos entre si. Um exemplo claro disso é um manômetro que permite a visualização da pressão medida em escalas de diferentes unidades. Assim, ele pode exibir a pressão em Pa (pascal), a unidade padrão do sistema internacional de unidades, adotado no Brasil, e também em psi, derivado do sistema imperial, adotado nos Estados Unidos. Alves (2017) e Fialho (2010) apresentam alguns termos intrisecamente associados à pressão: • Pressão absoluta: pressão que representa a diferença da pressão medida em um ponto específico em relação à pressão zero absoluto (vácuo absoluto); • Pressão atmosférica: pressão resultante do peso das camadas de ar existentes na atmosfera, a qual os corpos na Terra estão sujeitos. A pressão atmosférica no nível do mar é de 760 mmHg absolutos, que equivale a 1 bar; • Pressão manométrica (ou pressão relativa): pressão obtida relativamente à pressão atmosférica do local em que se efetua a medida. Suas unidades normalmente possuem a letra g no final; • Pressão diferencial: pressão que representa a diferença da pressão medida em dois pontos que não sejam a pressão atmosférica. Existem diferentes tipos de sistemas de medição dessa grandeza de forma direta ou indireta, conforme abordado por Gonçalves (2003) e Alves (2017): • Sistemas baseados na deformação elástica dos materiais: o principal representante desse tipo é o tubo de Bourdon (Figura 2). Ele é constituído de um tubo com uma extremidade aberta e outra fechada. Quando uma pressão é exercida sobre o tubo, 4848 sua extremidade fechada é movimentada. A transmissão do movimento é feita a um ponteiro que indica o valor da pressão. Os manômetros, que indicam a pressão local, baseiam-se nesse princípio e podem ser encontrados em dois modelos, o convencional e o preenchido com gel em seu visor, que possui uma maior imunidade a vibrações se comparado ao modelo convencional sem gel. Figura 2 – Exemplo de aplicação do tubo de Bourdon em um manômetro Fonte: scanrail/iStock.com. • Sistemas baseados na capacitância elétrica: possuem uma célula capacitiva, que consiste de uma câmara de baixa e outra câmara de alta pressão. A diferença entre as câmeras move um diafragma isolador, deformação que muda a capacitância entre o diafragma sensor e as placas isoladas, gerando um sinal eletrônico proporcional à pressão diferencial capacitiva; • Sistemas baseados em condutores elétricos distendidos (extensômetro ou, do inglês, strain gauge): utilizam a propriedade de variação de resistência de um condutor com a variação da dimensão. O sensor é montado no formato de uma tira 4949 49 extensiométrica. Uma das extremidades do sensor é fixa, ao passo que na outra é aplicada a força. A deformação causada pela força muda o comprimento do fio fixado, alterando a resistência; • Sistemas baseados em coluna de líquido: um tubo é preenchido por um líquido com massa específica conhecida (água ou mercúrio, por exemplo), sendo o formato em U a configuração mais comum. Quando uma pressão é aplicada em um lado da coluna, ocorre o deslocamento do líquido de forma proporcional à pressão aplicada; • Sistemas baseados em piezoelétricos: baseado no acúmulo de cargas elétricas em áreas específicas de uma estrutura cristalina ao sofrer uma deformação causada por pressão. A saída do cristal é linear em relação à variação de pressão. 2.3 Nível A grandeza de nível está associada à avaliação da altura do conteúdo armazenado em um reservatório ou tanque, seja de líquidos, sólidos, gases ou vapores. Exemplos de aplicação dessa grandeza são a medição de nível de grãos em silos, quantidade de combustível ou água em reservatórios e o nível de oceanos e lagos (BALBINOT; BRUSAMARELLO, 2011). Suas principais unidades de medida são lineares como o metro, polegadas e seus derivados. Os sistemas de medição dessa grandeza baseiam-se em métodos diretos, indiretos ou de forma descontínua (GONÇALVES, 2003; ALVES, 2017; FIALHO, 2010): • Sistemas baseados em régua (ou gabarito): uma régua graduada é introduzida no conteúdo do reservatório cujo nível deseja ser medido, como exemplificado na Figura 3. A marcação de maior valor que teve contato com o líquido é definada como a altura do conteúdo; 5050 Figura 3 – Exemplo de medidor de nível baseado em gabarito Fonte: lesterbee/iStock.com. • Sistemas baseados em visor de nível: é composto de uma estrutura de aço ligada a dois pontos do vaso de processo e um visor de vidro reflex ou transparente. O nível é obtido pela observação do visor; • Sistemas baseados em boia: uma boia é ligada a um cabo com um contra-peso. É possível obter o valor da medição pela existência de um um ponteiro conectado ao contrapeso. Esse sistema de boia também é utilizado em conjunto com um sensor resistivo ou indutivo, onde a boia fica presa em um eixo que permite o seu deslocamento conforme a presença ou não de líquido. Esse deslocamento é detectado pelo sensor, que gera um sinal lógico conforme a posição da boia. • Sistemas baseados em pressão diferencial (ou hidrostática): utiliza um transmissor de pressão diferencial para obter a diferença de pressão entre as câmaras de alta e baixa pressão; 5151 51 • Sistemas baseados em borbulhador: utiliza um gás ou ar e uma pressão superior à máxima pressão hidrostática do líquido que se deseja medir o nível. A vazão de gás ou ar é ajustada até que haja algumas bolhas. Essa vazão de gás é transportada ao fundo do vaso por meio de um tubo que contém um indicador de pressão; • Sistemas baseados em capacitância: um eletrodo é colocado no líquido e conforme o nível do tanque varia, o valor da capacitância também varia, pois o isolante do capacitor troca de ar para líquido (se o nível aumenta) ou de líquido para ar (se o nível diminui). Também pode ser utilizada uma sonda de proximidadecapacitiva para a realização da medição sem a necessidade de contato; • Sistemas baseados em ultrassom: uma onda de frequência superior à faixa audível pelo ouvido humano é enviada na direção do conteúdo. Por meio do tempo de excursão de ida e volta da onda, é possível determinar a distância entre o emissor e o conteúdo, com a vantagem de não necessitar contato entre o medidor e o mensurando; • Sistemas baseados em empuxo (ou deslocador): um corpo flutuante (deslocador) é disposto no líquido. O empuxo varia de forma proporcional ao nível, fazendo com que o movimento seja transmitido a um tubo de torção; • Sistemas baseados em descontinuidade: indicam a medição apenas de níveis fixos. Um dos principais exemplos é por meio de condutividade, em que eletrodos de comprimentos diferentes são submersos no material, e quando passa a haver condução entre os eletrodos, determina-se a altura do último eletrodo atingido pelo líquido. 2.4 Vazão A vazão (Q) pode ser definida como o produto da velocidade (v) de um fluido que passa por uma determinada área (A) de seção, isto é, Q = V x A. 5252 Essa grandeza também pode ser entendida como o volume ou quantidade de massa que passa por determinada área em um período de tempo. Suas principais unidades de medida são m³/s (metro cúbico por segundo), L/s (litro por segundo), kg/s (kilograma por segundo), GPM (galões por minuto), Nm³/h (normal metro cúbico por hora) e SCFH (normal pé cúbico por hora). A fim de comparação, 1m³ equivale a 1000 litros, 1 galão a 3,785 litros, 1 libra a 0,453592 kg e 1 pé cúbico a 0,0283168 m3. Os sistemas de medição dessa grandeza baseiam-se em (GONÇALVES, 2003; ALVES, 2017): • Sistemas baseado em placa de orifício: uma placa com um orifício específico (por exemplo, concêntrico, segmental ou excêntrico) é colocada na tubulação em que se deseja medir a vazão do fluido. A inserção da placa gera uma pressão diferencial relacionada à vazão; • Sistemas baseados em tubo de Venturi: como mostrado na Figura 4, nesse sistema uma garganta estreita é construída entre seções de maior diâmetro, de forma que, ao diminuir a área de seção transversal, a velocidade do fluido aumenta. Ao aumentar novamente a área, a velocidade do fluido é reduzida, voltando aos valores anteriores ao estreitamento. Com a inserção de tubos em forma de U conectando as seções larga e estreita, e analisando a diferença das alturas, é possivel determinar a vazão; Figura 4 – Exemplo de tubo de Venturi Fonte: Disponível em: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/5/54/ Venturifixed2.PNG/300px-Venturifixed2.PNG. Acesso em: 24 mar. 2019. https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/5/54/Venturifixed2.PNG/300px-Venturifixed2.PNG https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/5/54/Venturifixed2.PNG/300px-Venturifixed2.PNG 5353 53 • Sistemas baseados em eletromagnetismo: um campo magnético é gerado no tubo de medição de forma que, quando o fluido passa por ele, ocorre uma variação de tensão, captada por eletrodos; • Sistemas baseados em turbina: um rotor composto por pás é colocado na tubulação, de forma que a vazão gera pulsos elétricos, permitindo a medição de frequência dos pulsos e, consequentemente, a determinação da vazão; • Sistemas baseados em vazão por pressão diferencial: elementos distintos são colocados na tubulação para diminuir a seção transversal e ocorrer queda de pressão. Pela diferença de pressão, é possível determinar a vazão; • Sistemas baseados em rotâmetros: um flutuador é disposto em um tubo que possui vazão da base (de menor área) para o topo (de área maior). Conforme a vazão do fluido aumenta, o flutuador é deslocado por combinações de empuxo e pressão diferencial. A posição do flutuador indica um valor de vazão, que pode ser determinada visualmente caso haja uma escala calibrada. Na escolha do medidor de fluxo deve ser considerado o local em que a medida será apresentada (à distância ou no próprio local), o tipo e as características do fluido (limpeza, viscosidade, condutividade), temperatura e pressão do processo (BALBINOT; BRUSAMARELLO, 2011; FRANCHI, 2015). Tais parâmetros são muito importantes, pois a utilização de um medidor não ideal irá gerar uma medição sem confiabilidade e com um grande erro associado. Neste conteúdo foram abordados os principais sistemas de medição de grandezas físicas de processos industriais: temperatura, pressão, nível e vazão. Também foram abordadas suas definições físicas, as principais medidas em que podem ser expressas e características 5454 genéricas que devem ser observadas na especificação dos sistemas de medição. Perceba que não foram tratados modelos específicos de um determinado medidor, mas as tecnologias de medição possiveis, para que você esteja apto a selecionar a mais adequada conforme a aplicação. Como a seleção de um modelo de medidor não depende somente da escolha do sistema de medição a ser utilizado, mas também é dependente de parâmetros como precisão, exatidão, faixa de medição, dentre outros tratados nos temas anteriores, você já está apto a especificar qualquer tipo de medidor, sensor ou transdutor utilizando como base um catálogo de um fabricante, por exemplo. TEORIA EM PRÁTICA A especificação de um sensor para determinada aplicação passa pela determinação da tecnologia utilizada pelo sistema de medição. Considere que você é o engenheiro responsável pelo sensoriamento de um processo produtivo de uma indústria cervejeira e está tendo problemas para a medição do nível de cerveja presente dentro de um reservatório, semelhante ao apresentado na Figura 5. Como o produto armazenado no reservatório é a cerveja, ela possui além do liquido, a espuma, que é justamente a fonte dos problemas. Todos os sensores que já foram testados são acionados pela espuma, assim, o resevatorio não é preenchido corretamente com aquilo que importa para a indústria, que é o líquido da cerveja. A sua função é encontrar um sensor para ser colocado no reservatório que detecte o nível do líquido e não seja influenciado pela espuma. 5555 55 Figura 5 – Reservatórios de uma cervejaria Fonte: slovegrove/iStock.com. Qual sistema de medição de nível que pode ser utilizado para essa medição? Existe algum sensor com uma tecnologia que consiga diferenciar a espuma do líquido para solucionar o problema? VERIFICAÇÃO DE LEITURA 1. As quatro principais grandezas medidas em processos industriais são pressão, temperatura, vazão e nível. Considere as afirmações a seguir sobre seus conceitos relacionados: ( ) Pressão atmosférica representa a diferença da pressão medida em um ponto específico em relação à pressão de vácuo. ( ) Uma das desvantagens do sistema baseado em ultrassom é o fato de não haver contato do medidor com o material a ser medido. 5656 ( ) Sistemas baseados em capacitância podem ser utilizados tanto para medir pressão quanto nível. ( ) O tubo de Venturi é um típico exemplo de sistema utilizado para verificar o nível de um fluido. Qual das sequências a seguir indica, respectivamente, de cima para baixo, quais afirmações são verdadeiras (V) ou falsas (F)? a. V-F-V-F. b. F-V-F-V. c. F-F-V-F. d. V-F-V-V. e. F-F-V-V. 2. Diferentes sistemas de medição podem ser utilizados para obter valores de pressão, que pode ser compreendida como a força exercida em uma determida área. Das alternativas abaixo, qual não se refere a um elemento com a finalidade de medir a grandeza física supracitada? a. Coluna de líquido. b. Condutor distendido. c. Piezoelétrico. d. Célula capacitiva. e. Placa bimetal. 5757 57 3. A vazão diz respeito à quantidade de material que passa por um local em determinado intervalo de tempo. Dada uma área de seção transversal de 10 cm², pela qual um fluido passa a uma velocidade de 0,5 m/s, qual deverá ser a medida de vazão? a. 5 cm³/s. b. 5 cm²/s. c. 500 cm³/s. d. 500 cm²/s. e. 50 cm³/s. Referências bibliográficas ALVES, J. L. L. Instrumentação,Controle e Automação de Processos. 2. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2017. BALBINOT, A.; BRUSAMARELLO, J. V. Instrumentação e Fundamentos de Medidas. v. 2. 2. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2011. FIALHO, A. B. Instrumentação Industrial - Conceitos, Aplicações e Análises. 7. ed. São Paulo: Érica, 2010. FRANCHI, C. M. Instrumentação de Processos Industriais – Princípios e Aplicações. 1. ed. São Paulo: Érica, 2015. GONÇALVES, M. G. Monitoramento e controle de processos. Rio de Janeiro: Petrobrás; Brasília: SENAI/DN, 2003. ROURE, M. de. Instrumentação Industrial – Entenda de uma vez por todas. 2018. Disponível em: https://instrumentacaoecontrole.com.br/instrumentacao-industrial- guia-completo/. Acesso em: 02 mar. 2019. https://instrumentacaoecontrole.com.br/instrumentacao-industrial-guia-completo/ https://instrumentacaoecontrole.com.br/instrumentacao-industrial-guia-completo/ 5858 Gabarito Questão 1 – Resposta: C A afirmação I é falsa, pois equivale à definição de pressão absoluta, não atmosférica. A afirmação II também é falsa: o fato de não haver necessidade de contato do sensor com o material a ser medido é uma vantagem do sistema ultrassom. A afirmação III é verdadeira. A afirmação IV é falsa, pois o tubo de Venturi está associado à medição de vazão. Assim, a sequência correta é F-F-V-F. Questão 2 – Resposta: E As alternativas de (a) e (d) representam elementos utilizados para medir pressão. A placa bimetálica é utilizada para medir temperatura, pois consiste de dois metais de coeficiente de dilatação diferentes, de forma que com a variação de temperatura, um dos metais esteja mais dilatado do que outro. Questão 3 – Resposta: C A vazão pode ser calculada pelo produto da área (A) pela velocidade (v) do fluido. Com os dados do exercício, em que A = 10 cm² e v = 0,5 m/s = 50 cm/s, a vazão resultante é de 500 cm³/s (alternativa c)). Medidas em dimensões de cm²/s não podem corresponder à vazão e as outras alternativas apresentam valor incorreto da multiplicação dos valores. 5959 59 Válvulas de controle de pressão e vazão Autor: Giancarlo Michelino Gaeta Lopes Objetivos • Identificar os princípios construtivos e operacionais de válvulas de controle de processos industriais; • Verificar características comuns envolvidas na especificação de válvulas de controle de vazão e pressão; • Reconhecer os principais tipos de válvulas de controle de vazão e pressão. 6060 1. Introdução Válvulas são elementos de circuitos pneumáticos e hidráulicos que possuem a função dar direção ao suprimento, bloquear o fluxo e regular a intensidade de pressão ou de vazão. Desta forma, podem ser categorizadas, respectivamente, em válvulas de controle direcional, válvulas de bloqueio (anti-retorno), válvulas de controle de pressão e válvulas de controle de vazão. Neste estudo serão abordados os princípios construtivos e operacionais das principais válvulas de controle e de pressão utilizadas em processos industriais. Também serão apresentadas as principais considerações na seleção destes tipos de válvulas. 2. Características de construção e operação das válvulas de controle A válvula é denominada elemento final de controle pelo fato de receber o comando de um controlador e agir sobre um fluido de um processo, mantendo em valores desejados grandezas envolvidas em processos industriais, como temperatura, vazão, nível e pressão (FRANCHI, 2015). A Figura 1 apresenta o símbolo genérico de uma válvula de controle, conforme ABNT (1983). Figura 1 – Símbolo genérico de uma válvula de controle de duas vias Fonte: Elaborada pelo autor. Em relação à construção, as válvulas possuem os seguintes elementos (ALMEIDA, 2018; FRANCHI, 2015): 6161 61 • Corpo: vaso de pressão que executa o comando de controle recebido, regulando a passagem de fluído com um obturador ligado à ponta de uma haste. • Castelo: estrutura que faz a ligação entre o corpo e algum atuador. • Materiais: a parte externa do corpo é normalmente metálica (por exemplo aço-carbono cadmiado, ferro fundido, bronze ou aço inoxidável) a fim de que resistam com o mínimo de desgaste possível as condições de corrosão, abrasão, altas temperaturas e pressões. A parte interna é adotada conforme o fluido que terá contato com suas partes. • Conexões terminais: elemento que conecta a válvula à tubulação, sendo comumente utilizadas conexões rosqueadas, flangeadas ou soldadas. Além das características construtivas, as válvulas de controle possuem algumas características de operação, como mostra a Figura 2. Franchi (2015) e Oliveira (1999) descrevem essas características: Figura 2 – Características operacionais de uma válvula de controle Fonte: Elaborada pelo autor. 6262 • Rangeabilidade (R): expressa a razão entre a vazão para uma abertura de válvula máxima (comumente 95%) e a vazão para uma abertura mínima (comumente 5%). Por exemplo, para uma válvula com vazão de 3% na abertura mínima e 96% de vazão na abertura máxima, a rangealibilidade é de 32:1; • Ganho: expressa a razão entre a variação da vazão relativa em relação à variação da posição da haste que regula a abertura; • Coeficiente de vazão: expressa a capacidade de vazão de uma válvula de acordo com seu tamanho. Quanto maior o coeficiente, maior sua capacidade de vazão. Outra definição de coeficiente de vazão é o número de galões de água em condições normais que passam através da válvula em um minuto, mantida uma queda de pressão de 1 psi; • Abertura linear: expressa a proporcionalidade direta entre a abertura da válvula e sua vazão. Se uma válvula possui característica linear, seu ganho é constante para toda amplitude de vazão. Por exemplo, uma válvula que possui ganho unitário de tal forma que para 10% de abertura, apresenta 10% de vazão e para 90% de abertura, apresenta 90% de vazão; • Abertura rápida: expressa uma grande capacidade de variação de vazão como resposta a um pequeno aumento na abertura. Como consequência, para grandes aberturas, o aumento de vazão apresenta ganho menor. Por exemplo: uma válvula varia sua vazão de 2 a 90% com variação de 0 a 30% de abertura; o restante da vazão é obtida de 30 a 100% de abertura; • Igual porcentagem: expressa uma proporcionalidade exponencial da vazão em relação à abertura, de tal forma que o ganho aumenta conforme o aumento de abertura de acordo com a expressão: em que Q representa a vazão, Q0 a vazão inicial, X o curso e K = logR xmáx . 6363 63 A escolha de válvulas de acordo com a sua abertura necessita de uma análise do sistema em relação às suas características dinâmicas. Entretanto, para o controle de pressão e vazão, algumas regras práticas podem ser adotadas conforme o Quadro 1. Quadro 1 – Regras práticas para a escolha do tipo de abertura Variável Descrição do processo Tipo de abertura sugerido Pressão Líquido Gases • Sistemas rápidos, com pequeno volume e pequena distância de tubulação • Sistemas lentos, com grande volume e longa distância de tubulação, em que a queda de pressão com vazão máxima é maior do que 20% da queda de pressão com vazão mínima • Sistemas lentos, com grande volume e longa distância de tubulação, em que a queda de pressão com vazão máxima é menor do que 20% da queda de pressão com vazão mínima Igual porcentagem Igual porcentagem Linear Igual porcentagem Vazão Sinal do elemento primário de medição proporcional ao fluxo: • Grandes variações de fluxo • Pequenas variações de fluxo e grande queda de pressão com o aumento da vazão Sinal do elemento primário de medição proporcional ao quadrado do fluxo: • Grandes variações de fluxo - Elemento primário em série com a válvula - Elemento primário no contorno da válvula • Pequenas variações de fluxo e grande queda de pressão com o aumento da vazão Linear Igual porcentagem Linear Igual porcentagem Igual porcentagem Fonte: Adaptado pelo autor de Oliveira (1999, p.55 e 56). Nota-se que para o controle de pressão e vazão, a abertura rápida não foi sugerida nenhuma
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