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G R A D U A Ç Ã O DRA. SABRINA WEISS STIES ME. XANA RAQUEL ORTOLAN Técnicas e Procedimentos de Primeiros Socorros Híbrido GRADUAÇÃO Técnicas e Procedimentos de Primeiros Socorros Dra. Sabrina Weiss Sties Me. Xana Raquel Ortolan C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Distância; STIES, Sabrina Weiss; ORTOLAN, Xana Raquel. Técnicas e Procedimentos de Primeiros Socorros. Sabrina Weiss Sties; Xana Raquel Ortolan. Maringá-PR.: Unicesumar, 2019. 152 p. “Graduação - EAD”. 1. Técnicas. 2. Procedimentos. 3. Primeiros Socorros. 4. EaD. I. Título. ISBN 978-85-459-1834-9 CDD - 22 ed. 610 CIP - NBR 12899 - AACR/2 NEAD - Núcleo de Educação a Distância Av. Guedner, 1610, Bloco 4 - Jardim Aclimação CEP 87050-900 - Maringá - Paraná unicesumar.edu.br | 0800 600 6360 Impresso por: DIREÇÃO UNICESUMAR Reitor Wilson de Matos Silva, Vice-Reitor e Pró-Reitor de Administração, Wilson de Matos Silva Filho, Pró-Reitor Executivo de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva, Pró-Reitor de Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi. NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Diretoria Executiva Chrystiano Mincoff, James Prestes, Tiago Stachon , Diretoria de Graduação e Pós-graduação Kátia Coelho, Diretoria de Permanência Leonardo Spaine, Diretoria de Design Educacional Débora Leite, Head de Produção de Conteúdos Celso Luiz Braga de Souza Filho, Head de Metodologias Ativas Thuinie Daros, Head de Curadoria e Inovação Tania Cristiane Yoshie Fukushima, Gerência de Projetos Especiais Daniel F. Hey, Gerência de Produção de Conteúdos Diogo Ribeiro Garcia, Gerência de Processos Acadêmicos Taessa Penha Shiraishi Vieira, Supervisão do Núcleo de Produção de Materiais Nádila de Almeida Toledo, Projeto Gráfico José Jhonny Coelho e Thayla Guimarães Cripaldi, Fotos Shutterstock. Coordenador de Conteúdo Lilian Rosana dos Santos Moraes. Designer Educacional Janaína de Souza Pontes, Lilian Vespa. Revisão Textual Érica Fernanda Ortega, Cintia Prezoto Ferreira. Editoração Victor Augusto Thomazini. Ilustração Bruno Pardinho, Marcelo Yukio Goto, Marta Sayuri Kakitani, Mateus Calmon. Realidade Aumentada Kleber Ribeiro, Leandro Naldei e Thiago Surmani. PALAVRA DO REITOR Em um mundo global e dinâmico, nós trabalha- mos com princípios éticos e profissionalismo, não somente para oferecer uma educação de qualida- de, mas, acima de tudo, para gerar uma conversão integral das pessoas ao conhecimento. Baseamo- -nos em 4 pilares: intelectual, profissional, emo- cional e espiritual. Iniciamos a Unicesumar em 1990, com dois cursos de graduação e 180 alunos. Hoje, temos mais de 100 mil estudantes espalhados em todo o Brasil: nos quatro campi presenciais (Maringá, Curitiba, Ponta Grossa e Londrina) e em mais de 300 polos EAD no país, com dezenas de cursos de graduação e pós-graduação. Produzimos e revi- samos 500 livros e distribuímos mais de 500 mil exemplares por ano. Somos reconhecidos pelo MEC como uma instituição de excelência, com IGC 4 em 7 anos consecutivos. Estamos entre os 10 maiores grupos educacionais do Brasil. A rapidez do mundo moderno exige dos educadores soluções inteligentes para as ne- cessidades de todos. Para continuar relevante, a instituição de educação precisa ter pelo menos três virtudes: inovação, coragem e compromisso com a qualidade. Por isso, desenvolvemos, para os cursos de Bem-estar, metodologias ativas, as quais visam reunir o melhor do ensino presencial e a distância. Tudo isso para honrarmos a nossa missão que é promover a educação de qualidade nas diferentes áreas do conhecimento, formando profissionais cidadãos que contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade justa e solidária. Vamos juntos! BOAS-VINDAS Prezado(a) Acadêmico(a), bem-vindo(a) à Co- munidade do Conhecimento. Essa é a característica principal pela qual a Unicesumar tem sido conhecida pelos nossos alu- nos, professores e pela nossa sociedade. Porém, é importante destacar aqui que não estamos falando mais daquele conhecimento estático, repetitivo, local e elitizado, mas de um conhecimento dinâ- mico, renovável em minutos, atemporal, global, democratizado, transformado pelas tecnologias digitais e virtuais. De fato, as tecnologias de informação e comu- nicação têm nos aproximado cada vez mais de pessoas, lugares, informações, da educação por meio da conectividade via internet, do acesso wireless em diferentes lugares e da mobilidade dos celulares. As redes sociais, os sites, blogs e os tablets ace- leraram a informação e a produção do conheci- mento, que não reconhece mais fuso horário e atravessa oceanos em segundos. A apropriação dessa nova forma de conhecer transformou-se hoje em um dos principais fatores de agregação de valor, de superação das desigualdades, propagação de trabalho qualificado e de bem-estar. Logo, como agente social, convido você a saber cada vez mais, a conhecer, entender, selecionar e usar a tecnologia que temos e que está disponível. Da mesma forma que a imprensa de Gutenberg modificou toda uma cultura e forma de conhecer, as tecnologias atuais e suas novas ferramentas, equipamentos e aplicações estão mudando a nossa cultura e transformando a todos nós. Então, prio- rizar o conhecimento hoje, por meio da Educação a Distância (EAD), significa possibilitar o contato com ambientes cativantes, ricos em informações e interatividade. É um processo desafiador, que ao mesmo tempo abrirá as portas para melhores oportunidades. Como já disse Sócrates, “a vida sem desafios não vale a pena ser vivida”. É isso que a EAD da Unicesumar se propõe a fazer. Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está iniciando um processo de transformação, pois quando investimos em nossa formação, seja ela pessoal ou profissional, nos transformamos e, consequentemente, transformamos também a so- ciedade na qual estamos inseridos. De que forma o fazemos? Criando oportunidades e/ou estabe- lecendo mudanças capazes de alcançar um nível de desenvolvimento compatível com os desafios que surgem no mundo contemporâneo. O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de Educação a Distância, o(a) acompa- nhará durante todo este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens se educam juntos, na transformação do mundo”. Os materiais produzidos oferecem linguagem dialógica e encontram-se integrados à proposta pedagógica, contribuindo no processo educa- cional, complementando sua formação profis- sional, desenvolvendo competências e habilida- des, e aplicando conceitos teóricos em situação de realidade, de maneira a inseri-lo no mercado de trabalho. Ou seja, estes materiais têm como principal objetivo “provocar uma aproximação entre você e o conteúdo”, desta forma possibilita o desenvolvimento da autonomia em busca dos conhecimentos necessários para a sua formação pessoal e profissional. Portanto, nossa distância nesse processo de crescimento e construção do conhecimento deve ser apenas geográfica. Utilize os diversos recursos pedagógicos que o Centro Universitário Cesumar lhe possibilita. Ou seja, acesse regularmente o Stu- deo, que é o seu Ambiente Virtual de Aprendiza- gem, interaja nos fóruns e enquetes, assista às aulas ao vivo e participe das discussões. Além disso, lembre-se que existe uma equipe de professores e tutores que se encontra disponível para sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em seu processo de apren- dizagem, possibilitando-lhe trilhar com tranquili- dade e segurança sua trajetória acadêmica. APRESENTAÇÃO Caro(a) aluno(a), seja bem-vindo(a)! Este material que o(a) acompanha- rá na disciplina de Técnicas e Procedimentos de Primeiros Socorros foi elaborado com muito cuidado para que possa servir de base para os seus conhecimentos na área. Ao longo dos anos, avanços relevantes na área dos primeiros socorros levaram ao reconhecimento da importância do atendimento imediato às vítimas que apresentam condições de agravo à saúde,que podem causar risco de morte. Diante desse cenário, diversos protocolos foram desenvol- vidos como referência para a condução destes procedimentos iniciais, os quais são apresentados ao longo desta obra. Desta maneira, este livro tem como principal escopo informar e orientar você, acadêmico(a), sobre as condutas que devem ser seguidas diante de situações de urgência e emergência. Para tanto, serão apresentadas, durante as unidades deste material, situações que podem ocorrer no seu dia a dia e durante a sua atuação profissional, assim como as condutas para o aten- dimento de primeiros socorros. Você irá conhecer um grupo de situações clínicas importantes, abrangendo os tipos mais frequentes na prática do profissional da área da saúde, os quais te auxiliarão a prestar atendimento dentro e fora do seu ambiente de trabalho. A primeira unidade aborda temas que servem de base para o desenvolvi- mento da disciplina, como a relevância da sua relação com o seu paciente. Destacamos os aspectos legais relacionados aos atendimentos de primeiros socorros. Faremos uma reflexão sobre o preparo do profissional frente aos quadros de urgência e/ou emergência e sobre as formas de prevenir essas situações. No último tópico, iremos tratar dos procedimentos gerais para a avaliação da vítima. Após você obter os conhecimentos sobre estes aspectos gerais do atendi- mento, na Unidade 2, vamos estudar os eventos cardiovasculares e respi- ratórios que podem levar à síncope (desmaio), ao aumento ou diminuição da pressão arterial e situações que podem causar uma parada cardíaca e/ ou respiratória. Em seguida, na Unidade 3, serão abordados os eventos metabólicos, como as alterações nos níveis de glicemia e situações que podem acometer o sistema neurológico, como convulsões, acidente vascular encefálico, traumatismo cranioencefálico e raquimedular. Na Unidade 4, vamos verificar as características dos acidentes por enve- nenamento e intoxicação e enfatizar as lesões que causam hemorragia e queimaduras. E, para finalizar, na Unidade 5, você irá conhecer as lesões musculoesque- léticas, que são peculiares à prática esportiva, as quais serão divididas em lesões do tórax, abdômen, coluna, membros superiores e inferiores. Um grande abraço e bons estudos! CURRÍCULO DOS PROFESSORES Dra. Sabrina Weiss Sties Doutorado (2016) e Mestrado (2013) em Ciências do Movimento Humano pela Universidade Estadual de Santa Catarina. Especialização em Fisioterapia Cardiorrespiratória pela Univer- sidade Tuiuti do Paraná (2008), Licenciatura em Ciências Biológicas pela Faculdade Avantis (2017). Possui Graduação em Fisioterapia pela Universidade do Vale do Itajaí (2007). Membro da Brigada de incêndio, da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes – CIPA – e do Comitê de Biossegurança da Faculdade Avantis. Participa de treinamentos e eventos científicos rela- cionados à atuação em situações de urgência e emergência. Profere palestras para Capacita- ção em urgências e emergências, com ênfase em ressuscitação cardiopulmonar. Participa de ações de extensão e do grupo de pesquisa do Núcleo de Cardiologia e Medicina do Exercício, Florianópolis. Atua na área de Reabilitação Cardiopulmonar e Metabólica (RCPM). Docente do Curso de Educação Física Bacharelado e Licenciatura, do Curso de Fisioterapia, do Curso de Odontologia e do curso de Pós-graduação-Especialização em Fisiologia do exercício e Coor- denadora do Curso de Fisioterapia da Faculdade Avantis. Atua há cinco anos como docente das disciplinas de urgência e emergência para diversos cursos da área da saúde. Currículo Lattes da professora disponível em: <http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/ visualizacv.do?id=K4526754U4> Me. Xana Raquel Ortolan Mestrado em Ciências Farmacêuticas pela Universidade do Vale do Itajaí (2013). Licenciatura em Ciências Biológicas pela Faculdade Avantis (2017). Possui Graduação em Enfermagem pela Universidade do Vale do Itajaí (2010). Atuou como enfermeira assistencial na atenção terciária, participando de equipes multidisciplinares da área da saúde. Além disso, participa de pesquisas nas áreas de Biologia e Comportamento e Histologia. Atualmente, preside o Comitê de Ética e o Comitê de Biossegurança da Faculdade Avantis, além de ser membro da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes – CIPA. Docente dos cursos de graduação de Fisioterapia, Enfermagem e Odontologia da Faculdade Avantis e Coordenadora do Curso de Enfermagem da Faculdade Avantis. Atualmente leciona disciplinas relacionadas a Biossegu- rança, Ergonomia, Saúde do Trabalhador e Primeiros Socorros. Currículo Lattes do professor disponível em: <http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/ visualizacv.do?id=K4481681Z8> Aspectos Gerais do Atendimento à Urgência e Emergência 13 Urgências e Emergências Cardiovasculares e Respiratórias 41 Urgências e Emergências Metabólicas e Neurológicas 71 Acidentes e Lesões em Geral 95 Lesões Musculoesqueléticas 123 101 Graus de Queimaduras Utilize o aplicativo Unicesumar Experience para visualizar a Realidade Aumentada. PLANO DE ESTUDOS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM Dra. Sabrina Weiss Sties Me. Xana Raquel Ortolan • Compreender a importância do bom relacionamento entre o Profissional de saúde e o paciente. • Conhecer as situações de urgência e emergência mais prevalentes durante a prática clínica. • Analisar os aspectos legais em relação ao atendimento de primeiros socorros. • Entender a diferença entre as situações de urgência e emergência. • Compreender o significado de primeiros socorros. • Refletir sobre o preparo do Profissional de Saúde frente aos quadros de urgências e emergências mais frequentes. • Conhecer as condutas voltadas à prevenção de urgências e emergências. • Aprender sobre os procedimentos relacionados à avalia- ção da vítima e as técnicas corretas para avaliação dos sinais vitais. Relação profissional de saúde-paciente Aspectos legais e órgãos competentes Introdução aos primeiros socorros Preparo do profissional de saúde frente aos quadros de urgência e/ou emergência médicas Urgência e emergência Aspectos Gerais do Atendimento à Urgência e Emergência Relação Profissional de Saúde-Paciente Qualquer indivíduo está sujeito a sofrer acidentes ou lesões, e podem ocorrer independentemente do ambiente em que se encontra, seja na escola, universidade, na rua, seja até mesmo em casa. A falta de conhecimento em relação aos pro- cedimentos de primeiros socorros pode provocar sequelas irreversíveis nas vítimas de situações de urgência ou emergência. Em casos mais graves, o óbito pode ocorrer, especialmente, quando há demora entre a ocorrência do evento e a chegada do serviço especializado. Em locais onde há prática de atividades clí- nicas, podem ocorrer acidentes e lesões. Neste sentido, o(a) profissional tem um papel funda- mental na promoção da saúde e na prevenção de urgências e emergências que possam ocorrer no ambiente de trabalho. Baseando-se nessa pre- missa, é que se torna importante o conhecimento sobre primeiros socorros. 15UNIDADE 1 Considerando a responsabilidade dessa pro- fissão, a maioria dos cursos de graduação, nas áreas da saúde e bem-estar, tem implementado em sua grade curricular disciplinas que abor- dam os primeiros socorros. Portanto, a falta de conhecimento em relação a esse tema não pode ser uma justificativa para a omissão do socor- ro ou para a adoção de técnicas inadequadas diante de situações de urgência ou emergência. Enquanto profissionais, temos responsabilida- de sobre nossas intervenções e não podemos admitir que nossas atitudes sejam equivocadas, devido à utilização de condutas impróprias ou da solicitação desnecessária da assistência espe- cializada em emergência. Neste contexto, você sabe quais são as condutas a serem tomadas frente às intercorrências mais comuns relacionadas à prática clínica e demais situações que poderá presenciar no seu dia a dia? Para que você mantenhaa integridade do seu cliente antes, durante e após o atendimento é pre- ciso que seja feita uma anamnese de qualidade, na qual você irá realizar um exame físico no paciente, investigar seu histórico clínico ou de saúde (doen- ças, cirurgias, medicamentos em uso etc.) seus dados pessoais e queixas atuais. Após a anamnese, você poderá desenvolver um plano terapêutico que se adeque às necessidades deste cliente e que não prejudique sua saúde/integridade física. Apesar de todos esses cuidados, situações inesperadas podem acontecer durante seu aten- dimento, como: quedas, queimaduras, elevação e diminuição, de pressão arterial, desmaios, reações alérgicas, choques anafiláticos, entre outras. Enquanto profissional da saúde, é sua respon- sabilidade prestar o primeiro atendimento a este paciente e encaminhá-lo à Unidade de Saúde mais próxima. A prestação dos primeiros socorros ainda é mo- tivo de dúvidas para a população e profissionais. Qual é a nossa responsabilidade diante de uma vítima que necessita de auxílio durante as situa- ções de urgência e emergência? Você, enquanto profissional da saúde, deve conhecer as leis, os códigos de ética e as normas relacionadas às intervenções em primeiros socorros. O fato de ofender a integridade corporal ou saúde de outrem, abandonar pessoa que está necessitando de cuidados e omitir socorro em situações em que não haja risco pessoal, são condutas que caracterizam crime perante a le- gislação brasileira. O Código Civil Brasileiro (BRASIL, 2002, on- -line) destaca, no Artigo 186, que o indivíduo que, “por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito”. Aspectos Legais e Órgãos Competentes 17UNIDADE 1 Por sua vez, de acordo com o Código Penal Brasileiro, Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940, qualquer indivíduo, mesmo o leigo, tem o dever de ajudar a pessoa acidentada ou simplesmente chamar ajuda. Do contrário, sofrerá sanções pe- nais (BRASIL, 1940). Neste sentido, sabe-se que todo profissional que tenha obrigatoriedade de prestar socorro está sujeito aos estatutos legais que regem à prestação de socorro. Nos casos omissos, o profissional so- frerá processos penais e responderá pela conse- quência de sua omissão. O Artigo 135, do Código Penal (BRASIL, 1940), fixa que deixar de prestar assistência, quan- do possível fazê-lo sem risco pessoal, à pessoa in- válida ou ferida, deixando-o ao desamparo ou em grave e iminente perigo, ou não pedir o socorro da autoridade pública, é crime. A penalidade pode ser pagamento de multa ou detenção, que varia de um a seis meses, podendo ser aumentada em metade caso haja omissão que resulte em lesão corporal grave; e triplicada, se houver morte. Sendo assim, é de suma importância que o(a) profissional esteja preparado(a) para as exigências de qualidade e de ética profissional nas interven- ções que realizar. Ele(a) deverá estar treinado para agir em diversas situações de emergência, para compreender, analisar e aplicar o seu conheci- mento, em lugares onde pode haver a intervenção desse profissional (STEINHILBER, 2002). Por outro lado, destaca-se que a vítima não pode ser forçada a receber os primeiros socor- ros. Em muitos casos, ela tem direito de recusar o atendimento, seja por crença religiosa ou por falta de confiança no prestador do serviço. Em adultos, o direito existe quando estiverem conscientes, ou caso a vítima esteja impedida de falar em decorrência do acidente, como um trau- ma na boca, mas demonstre através de sinais que não aceita o atendimento, fazendo uma negativa com a cabeça ou empurrando a mão do prestador de socorro. Nessas situações, você deve certificar- -se que o socorro especializado foi solicitado e continuar monitorando a vítima. Por outro lado, em crianças, a recusa do atendimento pode ser fei- ta pelo pai, mãe ou responsável legal. Se a criança é retirada do local do acidente antes da chegada do socorro especializado, o prestador deverá, se possível, listar testemunhas que comprovem o fato (SILVEIRA; MOULIN, 2006). Nas situações em que a pessoa não possui um treinamento específico ou não se sente confiante para atuar, o fato de chamar o socorro especiali- zado já descaracteriza a ocorrência de omissão de socorro. Ressalta-se que cada pessoa deve agir conforme seus conhecimento e limites. A principal causa de morte fora dos hospitais é a falta de atendimento e a segunda é o socorro inadequa- do. As pessoas morrem porque ninguém faz nada ou porque alguém não capacitado resolveu fazer algo. Fonte: Rocha (2011, p. 9) Algumas lesões comuns no dia a dia da população podem ser diferenciadas em: traumáticas e clíni- cas. As fraturas, ferimentos, hemorragias, trau- mas de crânio, tórax e coluna são consideradas as principais lesões traumáticas. Já como lesões clínicas, destacam-se o mal súbito, o desmaio, a crise convulsiva, o infarto e a parada cardiorres- piratória (CREF4, 2014). No que se refere às crianças, devido a suas ca- racterísticas anatômicas, menor coordenação e habilidade motoras, maior impulsividade e baixo reconhecimento dos riscos, elas se tornam sus- cetíveis aos acidentes, frequentemente graves, no ambiente escolar. Estudos desenvolvidos a nível mundial de- monstraram que as quedas são os acidentes mais frequentes em crianças e adolescentes em espaço escolar, representando, em 2011, uma taxa de 55% dentre o total de acidentes escolares ocorridos (CRISTO, 2011). Esse tipo de acidente é a prin- cipal causa de lesões traumáticas cerebrais, com risco significativo de sequelas crônicas deman- dando custos consideráveis (WHO, 2008). Urgência e Emergência 19UNIDADE 1 A área de urgência e emergência exige do pro- fissional qualificação para oferecer os cuidados instantâneos e seguros à vítima, independente- mente do seu estado. Nesse sentido, saber diferen- ciar os dois é o primeiro passo para compreender o planejamento do atendimento à vítima. Devido aos conceitos de urgência e emergên- cia não serem aplicados apenas à área da bio- médica, a leitura das definições, por vezes, não expressa com clareza a diferença desses termos. É por isso que, frequentemente, há uma dúvida sobre a determinação de situações que configu- ram urgência ou emergência. É verdade que os atendimentos urgentes ou emergentes são, frequentemente, interligados, mas ainda assim não são sinônimos. Inicial- mente, pode-se dizer que a detecção do risco de morte iminente ou do perigo que ameaça a manutenção das funções vitais é um dos cri- térios básicos para distinguir as situações de emergência e urgência. Baseado nestas informações, agora, você consegue diferenciar situações de Urgência e Emergência? Caro(a) aluno(a), vamos com- preender os aspectos que definem e caracteri- zam cada situação. As situações de urgência exigem assistência imediata, no menor tempo possível, com o ob- jetivo de evitar complicações e sofrimento. São caracterizadas por processo agudo clínico ou ci- rúrgico, sem risco de morte iminente (GIGLIO- -JACQUEMONT, 2005). Alguns exemplos são: lipotimia, síncope e hipoglicemia. As situações de emergência, porém, compreen- dem uma ameaça iminente à vida, sofrimento intenso ou risco de lesão permanente, havendo necessidade de tratamento médico imediato. Es- sas condições podem levar a danos irreversíveis e até a óbito (GIGLIO-JACQUEMONT, 2005). Como exemplo, temos: o infarto agudo do mio- cárdio (IAM), parada cardiorrespiratória (PCR) e hemorragias intensas. A partir disso, podemos considerar que para cada situação existe uma opção de protocolo di- ferenciado. Nos casos de menor gravidade, como dores leves, ferimentos superficiais, síncopes etc., a vítima pode ser encaminhada às Unidades Básicas de Saúde. Por outro lado, em casos de emergência, como dores no tórax, acidente vascular encefálico, traumatismo raquimedular ou parada cardior- respiratória, a vítima deverá receber assistênciaem Unidades Móveis de Urgência ou, se possível, deverá ser levada ao pronto socorro. Vale ressaltar que situações de urgência podem tornar-se ca- sos de emergência se não conduzidas de maneira adequada. Portanto, saber classificar essas ocorrências tornará possível determinar a aplicação de con- dutas apropriadas, prevenindo possíveis compli- cações, além de garantir a celeridade na procura de serviços especializados, o que possibilita a as- sistência adequada e eficaz. Os primeiros socorros são considerados como “segundos de ouro”, compreendem os cuidados que devem ser prestados, imediatamente, à vítima, cujo estado físico põe em perigo a sua vida, com o objetivo de garantir a manutenção das funções vitais e evitar o agravamento das condições, apli- cando medidas e procedimentos até a chegada de assistência qualificada (BRASIL, 2003). A American Red Cross Scientific Advisory Council, a Cruz Vermelha americana (2010), ca- racteriza os Primeiros Socorros como a assistência prestada rapidamente a uma pessoa doente ou ferida até chegar o serviço de emergência. São caracterizados pelo atendimento não apenas de lesões físicas ou doenças, mas também por ou- tros cuidados iniciais, incluindo apoio psicosso- cial para pessoas que sofrem estresse emocional, causado por experimentar ou testemunhar um trauma ou evento. Introdução aos Primeiros Socorros 21UNIDADE 1 Segundo a Associação Americana do Coração (AHA, 2010), as avaliações e intervenções em primeiros so- corros podem ser realizadas por uma pessoa presen- te, com equipamento mínimo ou nenhum. Vale ressaltar que há redução da morbidade e mortalidade, em até 7,5%, em situações de emer- gência pré-hospitalar, mesmo quando a primeira Segundo a Federação Internacional das Sociedades da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho - IFRCRCS (2016) os objetivos dos primeiros socorros são: ajuda for prestada por leigos com treinamento nesta área (VALÉRIO, 2010). No entanto, no que concerne, efetivamente, aos procedimentos de primeiros socorros, destaca-se que, no âmbito dos locais onde a prática de exercício físico é frequente, o alcance de seus objetivos depende do preparo dos profissionais. Preservar a vida. Prevenir mais doenças ou lesões.Promover a recuperação. Aliviar o sofrimento. Há uma constante preocupação dos especialis- tas da área da saúde em relação aos acidentes e intercorrências ocorridos fora do âmbito hos- pitalar, já que a demora na busca de assistência especializada ou o atendimento inadequado podem causar danos maiores e até irreversíveis, interferindo na recuperação do indivíduo ou na qualidade de vida. Como citado anteriormente, o profissional de saúde deve ter conhecimentos quanto às noções básicas de primeiros socorros para agir corre- tamente sempre que for necessário. Entretanto, Siqueira, Soares e Santos (2011) mostra que os professores (pelo menos 30% deles) não se sentem preparados para agir em situações de emergência. Outro estudo destaca que a maioria dos profis- sionais não estão capacitados para atender a um mal súbito ou intervir em situações de parada cardiorrespiratória (CASSOTE et al., 2005). Preparo do Profissional de Saúde Frente aos Quadros de Urgência e/ ou Emergência Médicas 23UNIDADE 1 Nesta perspectiva, pode-se observar que você precisa estar preparado(a) para lidar com os pri- meiros socorros, pois o primeiro atendimento é fundamental para salvar vidas. Assim, você, como futuro(a) profissional, conhecendo as técnicas de primeiros socorros, estará mais capacitado(a) e preparado(a) para realizar seus atendimentos, obtendo uma visão clínica/periférica com base no estado e integridade física de seus pacientes, tendo a capacidade de minimizar a probabilidade de acidentes. Prevenção das Emergências Médicas É de suma importância levar em conta a preven- ção de acidentes e lesões no ambiente terapêutico/ clínico. Os fatores de riscos podem ser extrínse- cos ou intrínsecos. Quando são relacionados ao ambiente, à estrutura física do local, ao tipo de tratamento de produtos utilizados e de equipa- mentos, são considerados extrínsecos. No entanto, características, como idade, sexo e presença de doenças são fatores intrínsecos, ou seja, do pró- prio praticante. Para prevenir os fatores de risco ambientais, as instalações e os equipamentos envolvidos na prá- tica clínica devem estar em bom estado e garantir a segurança do paciente. Nos locais onde serão instalados equipamentos e nos que há técnicas terapêuticas que envolvam água, o piso deve ser revestido com material antiderrapante para evitar quedas. É importante que os equipamentos e ma- quinários estejam a uma distância apropriada de paredes e colunas. Além disso, todos os ambientes devem ser providos de uma boa ventilação, para evitar distúrbios relacionados com o desequilíbrio térmico do paciente. É imprescindível dar atenção adequada ao exame físico, especialmente quando se trata da população idosa, que tem como característica a heterogenei- dade, com diferenças em diversos aspectos, como condições gerais de saúde, estado cognitivo, dentre outras características intrínsecas ao processo de envelhecimento (HUPP; ELLIS; TUCKER, 2009). A classificação do estado físico do paciente depende dos seus hábitos de vida, das doenças e comorbidades. Sendo assim, é possível verifi- car que, para prevenir as situações de urgência e emergência, você precisa estar preparado para atuar diante de relatos, como uso de álcool, drogas, diabetes mellitus, hipertensão arterial sistêmica entre outras. Lembrando, também, que esses há- bitos e essas doenças podem ser verificados tanto em adultos como crianças. Contudo, conhecendo o(a) seu(sua) pacien- te, tomando os devidos cuidados e oferecendo orientações sobre a técnica que será realizada e os produtos utilizados, pode-se minimizar os riscos de acidentes e lesões e salvar vidas. Avaliação da Vítima Inicialmente, antes de abordar uma vítima, será preciso verificar o local para garantir a sua segu- rança durante o atendimento. Caso o ambiente não esteja adequado, em algumas situações, por exemplo, você pode desligar a rede elétrica antes de prestar os primeiros socorros. É importante frisar que a sua segurança deve estar em primeiro lugar. Portanto, ao realizar os procedimentos, você deve utilizar materiais e equipamentos que sirvam como barreiras para evitar o contato direto com sangue e outros fluidos que possam transmitir doenças contagiosas, como as luvas descartáveis, máscaras faciais e óculos de proteção. 24 Aspectos Gerais do Atendimento à Urgência e Emergência Em ambientes de prática de atividades clínicas, é extremamente importante ter à disposi- ção um kit de primeiros socorros. Além dos dispositivos de barreira citados anteriormente, este kit deve conter: Figura 1 - Kit de primeiros socorros Fonte: a autora. Lenços antibacterianos ou Sabão Termômetro oral Estetoscópio Es�gmomanômetro Gel ou Saco Plástico para gelo Tesoura Ataduras Gazes Esterilizadas Tipoia Esparadrapo GEL 25UNIDADE 1 Agora que você já conheceu os cuidados que devem ser tomados antes do atendimento, ve- rificaremos como devemos proceder na ava- liação e no atendimento nos casos de urgência ou emergência. A seguir, nós descrevemos os procedimentos de modo geral, mas, a partir da Unidade 2, você verificará as definições e con- dutas nas situações específicas. Os protocolos para atendimento necessitam de atitude rápida e seguem as diretrizes para pro- cedimentos baseados nas melhores evidências científicas. Estes permitem maior qualidade do trabalho desenvolvido, aquisição de maior con- fiança no processo de tomada de decisão e maior eficácia nos desfechos. Neste contexto, podemos citar o Suporte Bá- sico de Vida (SBV), no qual a sequência de pro- cedimentos tem como objetivo promover oxige- nação e perfusão aos órgãos vitais (AHA, 2010) em vítimas de parada cardiorrespiratória (PCR). É importante lembrar que asequência de aten- dimento à vítima sofreu alteração. Anteriormen- te, era considerada como o ABC da ressuscitação (abertura de via aérea, ventilação e compressões torácicas). Atualmente, a sequência recomendada é CAB (compressões torácicas, abertura de via aérea e ventilação). Essa mudança é devido às evidências de que, apesar de a ventilação ser importante, as compressões são imprescindíveis na RCP e não podem ser postergadas (GONZÁLEZ et al., 2013). Os procedimentos de SBV contemplam o re- conhecimento imediato de parada cardíaca, o acionamento do serviço de atendimento móvel de urgência, a realização das manobras de res- suscitação cardiopulmonar (RCP) e uso do des- fibrilador externo automático (DEA). As ações de SBV devem ser realizadas de maneira adequada para aumentar a possibilidade de sobrevivência de uma vítima em situação de emergência. Diante disto, é necessário utilizar a “corrente da sobrevivência” para realizar passo a passo as condutas durante o atendimento. Essa corrente, para o adulto (Figura 2), é composta por cinco elos que são relacionados ao suporte básico e avançado de emergência, e cuidados pós-PCR (AHA, 2015). A corrente de sobrevivência pediátrica (Figu- ra 3), no entanto, apresenta sequência diferente da corrente do adulto. O primeiro elo refere-se à prevenção de acidentes, seguido pela ressusci- tação cardiopulmonar precoce e efetiva, aciona- mento imediato ao serviço móvel de urgência, medidas de suporte avançado de vida e cuidados pós-ressuscitação (AHA, 2010). O primeiro elo é o mais relevante, visto que o desfecho de PCR em crianças, geralmente, é muito ruim (QUILICI; TIMERMAN, 2011). 26 Aspectos Gerais do Atendimento à Urgência e Emergência Figura 3 - Cadeia de sobrevivência pediátrica Fonte: AHA (2010). Figura 2 - Cadeia de sobrevivência, parada cardiorrespiratória extra-hospitalar (PCREH) Fonte: adaptada de AHA (2010). Na Unidade 2, nós estudaremos de maneira mais específica os conceitos de PCR e outros aspectos relevantes no atendimento desta situa- ção (como realizar as compressões e ventilações e utilizar o DEA). A avaliação primária da vítima deve ser com- pletada em, no máximo, 30 segundos, tendo por objetivo avaliar as condições de risco e a necessi- dade do início precoce do suporte básico de vida. Você precisa determinar se o paciente encontra-se estável, ou seja, se apresenta condições e sinais vitais equilibrados e constantes, ou se está instável caso apresente alterações gradativas ou súbitas das condições e dos sinais vitais. Entendemos os sinais como sendo as alte- rações que podem ser verificadas por meio de avaliação (por exemplo: pulso, coloração da pele e sudorese). No entanto, os “sintomas” são relatados pela própria vítima, de acordo com sua percepção (por exemplo: tontura, fraqueza e náusea). Ao abordar a vítima, você precisa checar a responsividade. Para isso, precisa aproximar-se e ajoelhar próximo da cabeça, colocando a mão sobre os ombros da vítima e chamar por ela. Se ela responder, apresente-se e pergunte se precisa de ajuda. Se ela não responder e não reagir, significa que está irresponsiva (SBC, 2015). 27UNIDADE 1 Ao checar o estado geral, será possível determi- nar a orientação temporal e espacial da vítima, o nível de consciência e os sinais vitais. A che- cagem dos sinais vitais contempla a verificação da respiração, pulso, pressão arterial e tempera- tura. Essa avaliação possibilita a identificação de possíveis problemas fisiológicos e facilita o monitoramento do indivíduo que apresenta uma situação de urgência ou emergência. É impor- tante lembrar que a verificação dos sinais vitais difere de acordo com a classificação do risco ou do estado da vítima. Portanto, para a avaliação da respiração, no caso de vítimas responsivas, além da identificação de alterações no padrão respiratório, como apneia (ausência periódica da respiração), bradipneia (respiração lenta) e taquipneia (respirações rápi- das e profundas), podemos verificar a frequên- cia respiratória (FR), ou seja, contar o número de incursões por minuto. Para isto, você deverá observar a respiração do(a) paciente, verificando a elevação do tórax. Figura 4 - Avaliação da responsividade No caso de vítima não responsiva, deve ve- rificar se há elevação do tórax em menos de 10 segundos, não perca tempo contando as respira- ções por minuto. Se identificar que ela apresen- ta respiração, fique ao seu lado monitorando a evolução e, caso seja necessário, chame o serviço móvel de urgência (GONZÁLEZ et al., 2013). Na tabela a seguir, você pode observar os valores da frequência respiratória em repouso. Tabela 1 - Frequência respiratória em repouso Até 1 ano De 1 a 5 anos Adultos De 6 a 8 anos Acima de 8 anos até 60 mpm até 40 mpm até 30 mpm até 20 mpm de 12 a 20 mpm Fonte: Brasil (2012); Fiztgerald (1995). Para a avaliação do pulso, você deve pressionar levemente a artéria, com os dedos indicador e médio. As artérias utilizadas para a avaliação são: as carótida, braquial, radial ou femoral. Em crianças, cheque o pulso carotídeo ou femoral (AHA, 2010). Essa conduta permitirá que você identifique se o pulso está forte ou fraco, e se o ritmo está regular. Em vítimas não responsivas, verifique o pul- so central (carotídeo) em adultos (Figura 5); em crianças, o pulso central ou femoral (Figura 6): esse procedimento deve ser rápido, entre 5 e 10 segundos. Caso não detecte pulso ou esteja com dificuldade para avaliar, inicie as compressões e ventilações (GONZÁLEZ et al., 2013). 28 Aspectos Gerais do Atendimento à Urgência e Emergência Nas vítimas que não estão em situação de emer- gência, você terá tempo para avaliar a frequência cardíaca, a qual se refere ao número de batimen- tos por minuto (bpm). Os locais podem ser os mesmos citados anteriormente para avaliação do pulso. Na tabela a seguir, você pode observar os valores da frequência cardíaca em repouso. Tabela 2 - Frequência cardíaca em repouso Até 1 ano De 1 a 5 anos De 5 a 12 anos De 12 a 16 anos Adultos de 94 a 169 bpm de 89 a 137 bpm de 65 a 130 bpm de 60 a 120 bpm de 50 a 100 bpm Fonte: adaptada de Pastore et al. (2009; 2016). Embora, a medida da pressão arterial (PA) faça par- te da avaliação dos sinais vitais, não está incluída nos procedimentos de SBV. Entretanto, essa avaliação é importante para proceder em outros casos de ur- gência ou emergência. Tanto os procedimentos para a medida da pressão arterial quanto os valores de referência descritos a seguir seguem a VII Diretriz de Hipertensão Arterial (MALACHIAS et al., 2016). Figura 6 - Avaliação do pulso femoral Figura 5 - Avaliação do pulso carotídeo 29UNIDADE 1 Para realizar a avaliação, você precisa instruir o(a) indvíduo a não conversar durante a medição. O ideal é que não esteja com a bexiga cheia e que não tenha praticado exercícios físicos na última hora. Quanto ao posicionamento, o(a) avaliado(a) deve estar sen- tado(a), com as pernas descruzadas, pés apoiados no solo, encostado(a) na cadeira e relaxado(a). O braço deve ser posicionado na altura do coração e apoiado, com a palma da mão voltada para cima. Inicialmente, é necessário verificar a circunfe- rência do braço no ponto médio entre acrômio e olécrano; selecionar o manguito de tamanho ade- quado; colocar o manguito, sem deixar folgas, 2 a 3 cm acima da linha cubital; estimar o nível da pressão arterial sistólica (PAS) pela palpação do pulso radial; colocar a campânula ou o diafragma do estetoscópio sem compressão excessiva sobre a artéria braquial; inflar até ultrapassar 20 a 30 mmHg, o nível estima- do da PAS obtido pela palpação; iniciar a deflação lentamente; determinar a PAS pela ausculta do pri- meiro som (fase I de Korotkoff) e a pressão arterial diastólica (PAD) no desaparecimento dos sons (fase V de Korotkoff) (MALACHIAS et al., 2016). É fato que, em determinadas situações, isso não será possível, pois a vítima pode não conseguir permanecer naposição sentada, como nos casos de síncope (desmaio). Então, você poderá verifi- car a pressão em decúbito dorsal, mas utilizando o mesmo posicionamento do braço e seguir as demais recomendações. Em crianças, é recomendado que a medição da PA seja realizada em toda avaliação médica após os três anos de idade, uma vez ao ano, pois faz parte do atendimento pediátrico primário (TRUELSEN et al., 2007). No entanto, os valores de PA para crian- ças e adolescentes levam em consideração a idade, sexo e altura, conforme disponíveis em tabelas es- pecíficas ou aplicativos para smartphones. No que se refere à avaliação da PA em idosos, há características peculiares ao processo de enve- lhecimento, o que pode causar maior frequência do hiato auscultatório (desaparecimento dos sons durante a deflação do manguito), resultando em níveis falsamente baixos na PAS e falsamente altos na PAD (MALACHIAS et al., 2016). Por outro lado, o posicionamento recomen- dado para as gestantes deve ser sentada ou em posição de decúbito lateral esquerdo; ambos os métodos transmitirão os mesmos resultados (OLIVEIRA, 2000). Agora que você já tem conhecimento para medir a pressão arterial, verifique, na tabela a seguir, a clas- sificação da PA, a partir de 18 anos de idade, segun- do a VII Diretriz de Hipertensão Arterial (2016). Tabela 3 - Classificação da PA de acordo com a medição casual ou no consultório a partir de 18 anos de idade Fonte: Malachias et al. (2016). Classificação PAS (mm Hg) PAD (mm Hg) Normal ≤ 120 ≤ 80 Pré-hipertensão 121 – 139 81 – 89 Hipertensão estágio 1 140 – 159 90 – 99 Hipertensão estágio 2 160 – 179 100 – 109 Hipertensão estágio 3 ≥ 180 ≥ 110 Quando a PAS e a PAD situam-se em categorias diferentes, a maior deve ser utilizada para classificação da PA. 30 Aspectos Gerais do Atendimento à Urgência e Emergência Quanto à classificação para as crianças e ado- lescentes, são considerados hipertensos quando apresentam PAS e/ou PAD superiores ao per- centil (p) 95, conforme idade, sexo e percentil de altura em, pelo menos, três momentos distintos (MALACHIAS et al., 2016). Para finalizar as avaliações dos sinais vitais, ve- remos os métodos para verificar a temperatura. Para isso, você precisa de um termômetro e, inicial- mente, será necessário higienizá-lo com algodão e álcool, agitando até que acuse uma temperatura igual ou inferior a 35 ºC (95 ºF). Feito isso, seque a axila do(a) avaliado(a), posicione corretamente o termômetro na axila, com o braço pressionado contra o corpo, segurando a extremidade opos- ta ao reservatório (GONÇALVES, 2009). Caso o termômetro não seja digital, aguarde durante cin- co minutos antes da leitura. A temperatura axilar normal é de 36,5 ºC. Na tabela a seguir, pode ser observada a classificação de estado febril. Tabela 4 - Classificação de estado febril Subfebril 37 a 37,5 ºC Febre baixa 37,5 a 38,5 ºC Febre moderada 38,5 a 39,5 ºC Febre alta 39,5 a 40 ºC Fonte: adaptada de Gonçalves (2009). Nesta unidade, verificamos os procedimentos gerais para avaliação da vítima, e estes conheci- mentos serão necessários para você compreender os conteúdos das demais unidades. Caro(a) aluno(a), ao longo desta unidade, des- tacamos o papel importante que o(a) profissional de saúde possui frente às situações de urgência e emergência. Você deve ter se dado conta da sua responsabilidade, acima de tudo, como cidadão, mas também como profissional diante de lesões ou eventos que coloquem em risco a vida do paciente. Neste sentido, buscamos trazer informações relacionadas à importância que você tem diante da construção de uma boa relação com o paciente, pois ela se configura como o primeiro passo no atendimento de primeiros socorros. O relaciona- mento interpessoal concreto e efetivo desenvolve o vínculo de confiança e segurança entre os sujei- tos perante essas situações. Em um segundo momento, caro(a) aluno(a), existe a necessidade de avaliar corretamente o local e as vítimas do acidente ou lesão, garantindo que a sua segurança esteja preservada, e isso permite o gerenciamento adequado dessas condições. Desta maneira, buscamos trazer para você os fatores que interferem no atendimento inicial e os principais equipamentos que podem ser utilizados nessas situações. Adicionalmente, você pode ad- quirir conhecimentos em relação à identificação dos sinais e sintomas que auxiliam na classificação do evento, possibilitando um atendimento mais rápido e eficaz e sobre as técnicas corretas em re- lação à verificação dos sinais vitais. Por fim, destacamos que o conhecimento sobre primeiros socorros não se resume a esta unidade. Ainda há muito para aprender. Bons estudos! Caro(a) aluno(a), acesse o link da 7ª Diretriz Brasileira de Hipertensão Arterial e veja as tabelas de referência para avaliação da pressão arterial nas páginas 55 a 58. Disponível em: <http://publicacoes. cardiol.br/2014/diretrizes/2016/05_HIPERTENSAO_ARTERIAL.pdf>. Fonte: as autoras. 31 Você pode utilizar seu diário de bordo para a resolução. 1. Os atendimentos de primeiros socorros na área de urgência e emergência são competências dos Profissionais da Saúde. As responsabilidades com os indiví- duos que realizam algum procedimento e/ou tratamento com estes profissionais seguem alinhadas aos direitos constitucionais, civis, penais e, sobretudo, à ética profissional. Segundo a Resolução nº 1451/95, do Conselho Federal de Medicina, a constatação de condições de agravo à saúde que impliquem risco iminente de morte ou sofrimento intenso indica uma situação de: a) Caráter menos imediatista. b) Urgência. c) Síndrome do jaleco branco. d) Emergência. e) Síncope. 2. Enquanto profissionais, temos responsabilidade sobre nossas intervenções e não podemos admitir que nossas atitudes diante de situações de urgência ou emergência sejam equivocadas. Avalie as seguintes asserções e a relação proposta entre elas: I. Aproximar o Profissional da Saúde das técnicas de primeiros socorros é im- prescindível para oferecer informação atualizada sobre os diversos episódios de urgência e emergência na prática profissional. PORQUE II. Conhecer os riscos e medidas preventivas, bem como os protocolos de atendimento, permitem agir com mais segurança, qualidade e competência. A respeito dessas asserções, assinale a alternativa correta. a) As asserções I e II são verdadeiras, e a II é uma justificativa da I. b) As asserções I e II são verdadeiras, mas a II não é uma justificativa da I. c) As asserções I e II são proposições falsas. d) A asserção II é uma proposição falsa, mas a I é uma proposição verdadeira. e) A asserção I é uma proposição falsa, mas a II é uma proposição verdadeira. 32 3. Você recebe em seu consultório um paciente jovem, do sexo masculino, e antes do início do atendimento ele sofre uma queda e fica inconsciente, seu primeiro procedimento será: a) Realizar as manobras de ressuscitação cardiopulmonar. b) Realizar a manobra de desobstrução das vias aéreas. c) Avaliar os sinais vitais. d) Avaliar a responsividade da vítima. e) Verificar a sua segurança antes de realizar o atendimento. 4. A hipertensão arterial, frequentemente chamada de pressão alta, é uma doença multifatorial e sistêmica. Segundo a VII Diretriz Brasileira de Hipertensão Arterial, é considerada hipertensão arterial estágio I em indivíduos acima de 18 anos, quando a pressão: a) Sistólica é < que 120 mmHg, e a diastólica < que 80 mmHg. b) Sistólica é > que 130 mmHg, e a diastólica < que 90 mmHg. c) Sistólica é ≥ a 140 mmHg, e a diastólica ≥ que 90 mmHg. d) Sistólica está 140-159 mmHg, e a diastólica 90-99 mmHg. e) Sistólica é igual a 139 mmHg, e a diastólica igual a 85 mmHg. 33 5. O Profissional da Saúde deve estar apto a reconhecer as situações que põem a vida em risco, assim como os procedimentos de primeiros socorros, pois são importantes para manter a vítima em melhor condição possível até que se ob- tenha atendimento médico.Portanto, este profissional tem como objetivo(s), nos primeiros socorros: I. Diagnosticar as doenças. II. Solicitar assistência médica e serviço de emergência. III. Minimizar o risco de outras lesões e complicações. IV. Evitar infecções. V. Receitar medicamentos para prevenir as complicações. É correto o que se afirma em: a) I, II, III e IV, apenas. b) I, II e III, apenas. c) II, III e IV, apenas. d) II e III, apenas. e) I, apenas. 34 Primeiros Socorros nos Esportes Autor: Melinda J. Flegel Editora: Manole Sinopse: o sucesso de uma equipe de profissionais de saúde requer trabalho em grupo e vontade de se preparar. Esse livro apresenta a função que cabe a você em uma equipe de profissionais de saúde para atletas, incluindo suas responsabilidades e limitações. Irá ajudá-lo(a) a se preparar para situações de primeiros socorros, apresentando-lhe diretrizes para a formulação de um plano de emergência médica. Ao fazer uso dessas estratégias, você poderá reduzir de forma significativa os riscos de lesões ou doenças em seus atletas. Você deverá estar preparado para prestar primeiros socorros de maneira rápida e adequada quando ocorrerem, pois isso pode ajudar a salvar a vida de um atleta. LIVRO O Dr. Drauzio Varella fala sobre a importância do conhecimento em primei- ros socorros. Ao final, ele dá dica de um aplicativo gratuito, disponível para Android e IOS. Para acessar, use seu leitor de QR Code. WEB https://apigame.unicesumar.edu.br/getlinkidapp/3/188 35 ALBERT, C. M. et al. Triggering of sudden death from cardiac causes by vigorous exertion. N Engl J Med, v. 343, p. 1355-61, 2000. AHA. American Heart Association. Part 13: Pediatric Basic Life Support. Circulation, AHA Journals, v. 122, n. 18 suppl 3, nov. 2010. Disponível em: <http://circ.ahajournals.org/content/122/18_suppl_3/S862.short>. Acesso em: 15 jan. 2019. AMERICAN RED CROSS SCIENTIFIC ADVISOTY COUNCIL. Hand Hygiene Scientific Review. 2010. Disponível em: <http://www.redcross.org/take-a-class/scientific-advisory-council>. 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C. 39 40 PLANO DE ESTUDOS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM • Conceituar lipotimia/síncope e descrever os primeiros socorros nessas situações. • Conceituar hipertensão arterial sistêmica, crise hipertensi- va e hipotensão e descrever os protocolos de atendimento. • Conceituar aterosclerose, doença arterial coronariana e angina. • Descrever o infarto agudo do miocárdio. • Conceituar parada cardiorrespiratória, identificar a obs- trução das vias aéreas e descrever o protocolo para aten- dimento. • Conceituar a síndrome de hiperventilação, identificar a crise asmática e os procedimentos de primeiros socorros. • Descrever o afogamento e descrever as condutas de pri- meiros socorros. Lipotimia e síncope Intercorrências do sistema cardiovascularAfogamentos Intercorrências do sistema respiratório Dra. Sabrina Weiss Sties Me. Xana Raquel Ortolan Urgências e Emergências Cardiovasculares e Respiratórias Lipotimia e Síncope Agora que você já conhece os procedimentos para avaliar os sinais vitais, nesta unidade, abordare- mos situações que podem ser decorrentes, ou que podem ocasionar eventos que promovam altera- ções nos sistemas cardiovascular e respiratório. Após identificar cada situação, apresentaremos os protocolos indicados para o atendimento das vítimas. Inicialmente, descreveremos as situações mais comuns, como a lipotimia e a síncope, as quais costumam ser de curta duração e podem ocorrer em indivíduos de qualquer faixa etária. Você também aprenderá a reconhecer quando o indivíduo apresenta hipertensão arterial sistê- mica, crise hipertensiva ou hipotensão, e quais são os posicionamentos indicados e demais condutas que devem ser realizadas nestes casos. Para que você, acadêmico(a), possa compreen- der melhor como e por que ocorre o infarto agudo do miocárdio e a parada cardíaca, abordaremos os aspectos relacionados à aterosclerose e à doença arterial coronariana, as quais, entre outros fatores, podem causar IAM e PCR. 43UNIDADE 2 Por fim, serão relatados os conceitos e proce- dimentos relacionados aos casos que provocam alterações respiratórias, como a obstrução das vias aéreas, que ocorre frequentemente, devido ao en- gasgo com alimentos ou aspiração de líquido por submersão ou imersão; a síndrome de hiperventi- lação; e a crise asmática presenciada, geralmente, nos casos de ansiedade. Aproveite o conteúdo desta unidade e lembre- -se de verificar os tópicos que trazem indicações para o aprofundamento do seu estudo. Os conhecimentos sobre os procedimentos gerais para avaliação das vítimas em situações de urgência e emergência que abordamos na Uni- dade 1 serão complementados pelos conteúdos desta e das próximas unidades. Desta forma, ini- ciaremos pelos conceitos e condutas relacionados à lipotimia e síncope. A lipotimia é caracterizada por alteração da consciência (sem perda total dela) em cuja situação a vítima relata a sensação de desmaio (Figura 1). No entanto, na síncope, há perda súbita da cons- ciência e, consequentemente, o desmaio (Figura 2). Ambas as situações são de curta duração, e a recu- peração da consciência geralmente é espontânea. Figura 1 - Lipotimia Figura 2 - Síncope A lipotimia e a síncope podem ocorrer em decor- rência de diversas situações. As causas mais co- muns estão relacionadas à desidratação, à anemia, à diminuição de fluxo sanguíneo e ao oxigênio no cérebro, aos traumas na cabeça, aos proble- mas neurológicos ou devido à hipoglicemia, que, geralmente, ocorre em indivíduos que não se ali- mentaram, estão fazendo regimes sem orientação ou em diabéticos (GONÇALVES, 2009). Entre estas, a causa mais frequente é a dimi- nuição da atividade cerebral. Para manter a oxi- genação no cérebro, o corpo desfalece e mantém um metabolismo basal, ou seja, realiza a mínima atividade com o mínimo gasto de energia. Estas situações podem ocorrer também devido à queda súbita da pressão arterial (hipotensão) em con- sequência da dor, emoção intensa, esforço físico, fobia de ambientes fechados, calor excessivo e ao ver sangue (MORAES, 2010). Segundo Gonçalves (2009), os sinais e sinto- mas destas situações são: • Sensação de fraqueza. • Escurecimento da visão. • Náuseas, vômito. • Pele fria e pegajosa. • Pulso rápido e fraco. • Extremidades dos pés e mãos geladas. • Extremidades cianóticas (coloração azul- -arroxeada). Os primeiros socorros dependerão se o indivíduo está, ou não, consciente. Apresentaremos, a seguir, quais devem ser os procedimentos. Geralmente, ao presenciar estas situações, são tomadas condutas equivocadas e erradas, como: jogar água no rosto da vítima, oferecer líquido ou comida, utilizar produtos com odor forte, como vinagre, água sanitária (hipoclorito de sódio), en- tre outros, para tentar acordar a vítima. No entan- to, as condutas devem ser baseadas em protocolos, e não em conhecimento popular. Figura 4 - Posicionamento da vítima inconsciente Figura 3 - Posicionamento da vítima consciente Fonte: Flegel (2008, p. 114). • Ajude-o a sentar em uma cadeira. • Inicialmente, verifique o pulso e respiração. • Você deve monitorar os sinais vitais. • Você deve monitorar os sinais vitais. • Afrouxe as roupas. • Afrouxe as roupas. • Caso verifique alteração dos sinais vitais e não ocorra recuperação dentro de alguns minutos, chame o serviço de urgência. • Caso verifique alteração dos sinais vitais e não ocorra recuperação dentro de alguns minutos, chame o serviço de urgência. • Oriente que coloque a cabeça entre os joelhos, fazendo uma pressão com as mãos na região cervical. • Eleve os membros inferiores cerca de 20 cm. • Se já estiver ao chão, eleve os membros inferiores cerca de 20 cm. • Coloque-o em posição de recupe- ração (se não estiver lesionado), com a cabeça lateralizada. Se o(a) paciente estiver inconsciente Se o(a) paciente estiver consciente Entre os distúrbios fisiopatológicos do sistema cardiovascular, que podem causar alterações graves na homeostase, gerando danos intensos e irreversíveis ao organismo, podemos destacar a Hipertensão Arterial (HA), a aterosclerose, a Doença Arterial Coronariana (DAC), angina, Infarto Agudo do Miocárdio (IAM) e a parada cardiorrespiratória, bem como os procedimentos indicados no atendimento dos primeiros socorros às vítimas, como veremos a seguir. Hipertensão Arterial Sistêmica, Crise Hipertensiva e Hipotensão Caro(a) aluno(a), na Unidade 1, verificamos a classificação da pressão arterial e os procedi- mentos para avaliar a PA. Nesta unidade, abor- daremos os conceitos e as condutas nos casos de alteração da PA. Intercorrências do Sistema Cardiovascular 47UNIDADE 2 Neste contexto, podemos citar a hipertensão arterial (HA), que é considerada uma doença multifatorial em que há elevação sustentada dos níveis pressóricos. Geralmente, está associada a al- terações metabólicas, funcionais e/ou estruturais de órgãos-alvo. A HA pode ser agravada, devido aos fatores de risco, como obesidade abdominal, dislipidemia e diabetes mellitus. Além disso, está associada a eventos, como acidente vascular ence- fálico (AVE), doença renal crônica, infarto agudo do miocárdio (IAM), insuficiência cardíaca (IC) e morte súbita (MALACHIAS et al., 2016). Por sua vez, nas crianças, as taxas de hipertensão são maiores quando apresentam obesidade, distúrbios respiratórios do sono ou doença renal crônica (FLYNN et al., 2017). Durante os primeiros socorros: • Mantenha o(a) paciente em repouso ab- soluto, de maneira confortável (sentado ou semissentado). • Afrouxe as roupas. • Monitore os sinais vitais. • Se necessário, acione o SAMU. • A elevação dos membros inferiores, neste caso, está contraindicada. Dentre os casos de elevação da PA, encontra-se a crise hipertensiva, a qual pode ser classificada como urgência hipertensiva ou emergência hi- pertensiva. Estas são situações clínicas sintomáticas em que é observada elevação acentuada da pressão arterial diastólica (≥ 120 mmHg), sendo que, na urgência hipertensiva, há elevação da PA supe- rior ao percentil 99. Nestes casos, pode ocorrer acometimento neurológico, renal, hepático, in- suficiência miocárdica, convulsões e alterações visuais (MALACHIAS et al., 2016). As condutas têm ênfase em prestar os primei- ros socorros realizando a rápida identificação da crise hipertensiva e remoção da vítima, para isso, acione o serviço de emergência (BRASIL, 2003). Outra alteração da pressão arterial, bastante comum, é a hipotensão, a qual apresenta níveis de pressão abaixo do normal, com PAS < 90 mmHg (JENSEN, 2013). Não é considerada uma doença, porém pode estar relacionada com diabetes mel- litus, infarto do miocárdio, entre outros. As quedas da pressão podem ocorrer por diversos motivos quecausam a perda do controle do fluxo de sangue e a hipovolemia (diminuição de sangue no corpo), entre estes, jejum prolongado, desidratação, uso de diuréticos e troca repentina de posição (hipotensão postural ou ortostática) (VARELLA, 2018, on-line)1. A vítima com hipotensão pode apresentar: tontura, visão embaçada, náuseas, vômitos sín- cope, pulso rápido ou irregular, fadiga, confusão e dispneia (MION, 2016, on-line)2. Durante os primeiros socorros: • Mantenha o(a) paciente em repouso, dei- tado(a) de maneira confortável, com os membros inferiores elevados. • Afrouxe as roupas. • Monitore os sinais vitais. • Se necessário, acione o SAMU. Figura 5 - Elevação dos membros inferiores 48 Urgências e Emergências Cardiovasculares e Respiratórias Aterosclerose, Doença Arterial Coronariana (DAC) e Angina Os protocolos para o atendimento de eventos car- diovasculares passam por revisões e atualizações, frequentemente. Portanto, você encontrará conteúdo, com os mais recentes consensos e diretrizes disponí- veis, para que possa dispor de uma fonte confiável de consulta e estudo. Além disso, utilizamos uma pro- posta prática e concisa dos principais assuntos que envolvem este tema. Iniciaremos pela aterosclerose. A aterosclerose ocorre devido à resposta da pa- rede arterial a diversos agentes agressores, na qual há deposição de lípides, inflamação e evolução da placa aterosclerótica (placa de gordura). A ateros- clerose tem início quase concomitante à formação do próprio corpo humano. As lesões iniciais podem ser identificadas em fetos de mães com altos níveis de colesterol, e em crianças na primeira infância. A evolução das lesões continua até desenvolver o ateroma, em torno da quinta década de vida (MAR- TINS et al., 2009). Este pode causar obstrução do fluxo sanguíneo e, consequentemente, doença ar- terial coronariana. A DAC é considerada a principal causa de óbi- to no mundo. A cada ano, mais de sete milhões de indivíduos morrem em decorrência dessa doença (MORAES, 2015). Há comprometimento do fluxo sanguíneo nas artérias coronárias e, consequente- mente, redução da chegada do oxigênio ao coração (PINHO et al., 2010). Por conta disto, os indivíduos com DAC podem experimentar episódios de angina (dor ou desconforto na região torácica). Nestes casos, você deve ligar para o serviço de ur- gência e recomendar que a pessoa utilize os próprios medicamentos enquanto aguarda o atendimento. Essa situação pode progredir para infarto agudo do miocárdio, acidente vascular cerebral ou morte súbita, por isso, é extremamente relevante monitorar os sinais vitais e realizar os procedimentos, confor- me indicados nos próximos tópicos. Infarto Agudo do Miocárdio (IAM) A maioria das mortes relacionadas ao IAM ocorre fora dos hospitais e, geralmente, não é assistida pe- los profissionais da saúde. Grande parte das vítimas morrem nas primeiras 24 horas após o evento, sen- do 50% na primeira hora por taquiarritmia ventri- cular (PIEGAS et al., 2015; MORAES, 2015). Logo, essa situação deve ser reconhecida rapidamente. Quando há ativação inflamatória, agregação plaquetária, vasoconstrição e trombose da coro- nária, a oclusão coronariana, por algum tempo, provocará o infarto. Essa isquemia que ocorre no músculo cardíaco e promove injúria ou necrose é denominada infarto do miocárdio (GONZALEZ et al., 2013). Os sintomas são desconforto ou dor opressiva na região torácica anterior e/ou posterior, com sen- sação de queimação e sufocamento, dor na mandí- bula, na região cervical, no ombro, nos membros superiores (geralmente o esquerdo) e no epigástrio. Pode ocorrer parestesia no membro superior (ge- ralmente esquerdo) e a vítima, geralmente, apre- senta sudorese, dispneia e náuseas (SBC, 2013b). O IAM pode levar a uma parada cardíaca e é considerado uma das principais causas de PCR. Na suspeita de infarto, deve-se chamar o serviço de emergência e monitorar os sinais vitais. Se o quadro evoluir para uma parada cardíaca, realizam-se os procedimentos de ressuscitação cardiopulmonar. 49UNIDADE 2 Parada Cardiorrespiratória (PCR) A situação de maior emergência é a parada car- diorrespiratória (PCR) (MORAES, 2015), devido à parada do funcionamento do coração e dos pul- mões, o que resultará em morte caso não sejam realizados os procedimentos de primeiros socorros. As características da vítima em PCR são: perda da consciência, gasping (respiração de forma anor- mal), ausência da responsividade, perda da respi- ração e do pulso (SBC, 2013b). A taquicardia ventricular sem pulso e a fibrilação ventricular são consideradas as principais causas desse evento em ambiente extra-hospitalar (GON- ZALEZ et al., 2013). As PCRs são mais frequentes em adultos, mas também ocorrem em crianças. A cada minuto, após o evento sem ressuscitação car- diopulmonar (RCP) e desfibrilação, as chances de sobrevivência da vítima diminuem de 7 a 10%. Por- tanto, é extremamente relevante a RCP, pois, quando realizada, as chances de sobrevida diminui 3 a 4% a cada minuto de PCR (MORAES, 2015). Os protocolos descritos nas diretrizes de Res- suscitação Cardiopulmonar são destinados tanto aos profissionais da saúde quanto para leigos. No entanto, é importante ficar atento(a), pois livros, ar- tigos e diretrizes mais antigas trazem uma sequência diferente de procedimentos para RCP. A recomen- dação é utilizar sempre os materiais mais atuais. As novas diretrizes internacionais não adicio- naram muitas modificações no atendimento às vítimas de PCR, mas enfatizam as compressões torácicas como a chave para o sucesso da res- suscitação, tendo como principal objetivo mi- nimizar atrasos na intervenção (GONZALEZ et al., 2013). Na Unidade 1, abordamos a sequência de procedimentos para realizar o suporte básico de vida e a corrente da sobrevivência; agora, você verificará como executar estes procedimentos, conforme a I Diretriz de Ressuscitação Car- diopulmonar e Cuidados Cardiovasculares de Emergência da Sociedade Brasileira de Cardio- logia (GONZALEZ et al., 2013) e as Diretrizes da American Heart Association de 2015 para RCP e ACE (AHA, 2015). Após avaliar a responsividade e reconhecer a PCR (presença de gasping ou ausência de pulso), você deverá: • Ligar para o Sistema de Atendimento Móvel de Urgência – SAMU 192 – e estar preparado(a) para responder informações sobre local da ocorrência, os sinais e sinto- mas da vítima. • Solicitar, se disponível no local, um desfi- brilador externo automático. 50 Urgências e Emergências Cardiovasculares e Respiratórias Para utilizar o DEA, você precisa ligar o aparelho, apertando o botão ON - OFF (alguns equipamen- tos ligam, automaticamente, ao abrir a tampa). As pás (eletrodos) devem ser colocadas no tó- rax da vítima; nelas há o desenho instruindo o posicionamento. Caso o choque seja indicado, o aparelho avisará “choque recomendado, afaste-se”. Você precisará pressionar o botão indicado para aplicar o choque. A RCP deverá ser iniciada imediatamente após o choque e, caso o aparelho não indique o choque, deve realizar a RCP imediatamente. Se a vítima retomar a consciência, o aparelho não deverá ser desligado ou retirado até a chegada do serviço de emergência. Quanto ao posicionamento das pás, quatro posições são aceitas: anterolateral, anteroposterior, anterior-esquerda infraescapular, anterior-direita infraescapular. Figura 6 - Utilização do desfibrilador externo automático Desfibrilador é um equipamento utilizado no tratamento da fibrilação ventricular e da taquicardia ventricular sem pulso. O desfibrilador externo automático (DEA) reconhece o ritmo e avisa se o choque elétrico é recomendado. No entanto, nesse equipamento, a decisão de deflagrar o choque é dependente do operador. Em crianças e bebês, o DEA pode ser utilizado com pás (eletrodos) pediátricas e/ou atenuador de carga. Caso o kit do DEA não possua essa opção, podem ser utilizadas as mesmas pás do adulto, com o posicionamento anteroposterior.Em seguida, deve iniciar imediatamente os ciclos de 30 compressões torácicas e 2 ventilações. Para realizar as compressões em adultos e crianças (verifique a Figura 7), deixe a vítima dei- tada em decúbito dorsal sobre local rígido. Você deve estar posicionado entre a cabeça e o corpo da vítima (verifique as imagens), expor o tórax (retirando as roupas) e colocar a base de uma das mãos (região hipotenar) sobre ele e a base da outra mão sobre a primeira mão. Com os braços esten- didos, posicione suas mãos com os dedos abertos entrelaçados na metade inferior do esterno (fora do alcance das costelas). Os ombros devem estar alinhados com as mãos. Figura 7 - Compressões torácicas 51UNIDADE 2 Realize uma pressão, para deprimir o esterno 5 cm, comprimindo o coração em direção à coluna vertebral (Figura 8) e descomprima, sem perder o contato da mão com o esterno. Os tempos de compressão e descompressão de- vem ser similares. Nas crianças, a profundidade da compressão é de, pelo menos, um terço do diâmetro anteroposterior do tórax, portanto, também será cerca de 5 cm. Nas lactentes, a compressão torácica deve ser um terço do diâmetro anteroposterior do tórax, o que representa cerca de 4 cm. Você pode utilizar as mãos na lateral do tórax e comprimir com os primeiros dedos, ou utilizar apenas o segundo e terceiro dedo para realizar as com- pressões logo a seguir da linha mamilar (Fi- gura 9). A relação compressão-ventilação em crianças e lactentes, se tiver um socorrista, é de 30:2, mas, se houver dois ou mais socorristas, deve ser 15:2. Esterno Corpo vertebral Pericárdio Figura 8 - Compressão do esterno Fonte: Resgate Federal ([2018], on-line)3. Figura 9 - Compressões torácicas no bebê 52 Urgências e Emergências Cardiovasculares e Respiratórias Após realizar as 30 compressões, proceda com a abertura das vias aéreas, utilizando a manobra de extensão da cabeça. Existem diferentes formas para realizar as ven- tilações. Podem ser aplicadas por meio de ventila- ção boca a boca (Figura 10), com máscara/lenço facial com válvula antirrefluxo, máscara de bolso (pocket-mask) (Figura 11) ou bolsa-válvula-más- cara (Figura 12). No entanto, é indicado que você utilize mecanismos de barreira para aplicar as ventilações, devido ao risco de contaminação na ventilação boca a boca (GONZALEZ et al., 2013). O lenço facial é descartável. Esse material contém uma válvula unidirecional que impede o retorno do ar pela boca, protegendo quem está realizando o procedimento. Para utilizá-lo, após realizar a abertura da via aérea, você precisa es- tabilizar a mandíbula vedando o lenço facial o máximo possível na boca da vítima, pinçando o nariz e assoprando na válvula. Por outro lado, com a máscara de bolso ou pocket-mask, que também contém uma válvula unidirecional, você deve envolver a boca e nariz da vítima, realizar uma letra “C” com os dedos indicador e polegar de uma das mãos e posicionar na parte superior da máscara, e, com a outra mão, posicionar o polegar na região inferior da máscara e os outros dedos na mandíbula (Figura 11). Outra maneira de realizar as ventilações é uti- lizando a bolsa-válvula-máscara ou ventilador/ ressuscitador manual. Para realizar o procedimen- to com uma das mãos, faça uma letra “C” com os dedos polegar e indicador e os posicione acima da máscara, realizando pressão contra a face da vítima. Posicione os outros três dedos na mandí- bula para estabilizá-la e pressione a bolsa durante 1 segundo para cada ventilação (com pressão su- ficiente para elevar o tórax) (Figura 12). Para realizar a ressuscitação de forma corre- ta, garanta fluxo sanguíneo e oxigenação, alguns cuidados são relevantes para que as compressões Figura 10 - Ventilação boca a boca Figura 11 - Ventilação com a máscara de bolso ou pocket- -mask Figura 12 - Ventilação com bolsa-válvula-máscara e ventilações sejam efetivas e de alta qualidade. Desta forma, devem ser realizadas, no mínimo, 100 compressões por minuto e, no máximo, 120, comprimindo rapidamente. A profundidade das compressões, não deve ser superior a 6 cm; após cada compressão deve-se permitir o retorno total do tórax, sendo que as interrupções nas compres- sões devem ser minimizadas (AHA, 2015). 53UNIDADE 2 No quadro a seguir, apresentamos um resumo dos componentes da RCP. Quadro 1 - Componentes da RCP de alta qualidade Componente Adultos e adolescentes Crianças (1 ano de idade à puberdade) Bebês (menos de 1 ano de idade, excluindo recém-nascidos) Segurança do local Verifique se o local é seguro para os socorristas e a vítima Reconhecimento da PCR Verifique se a vítima responde. Ausência de respiração ou apenas gasping. Nenhum pulso sentido em 10 seg. Acionamento do serviço médico de emergência Se estiver sozinho, deixe a vítima e acio- ne o 192; obtenha DEA, antes de iniciar a RCP. Do contrário, peça que alguém chame o 192 e inicie a RCP imediata- mente; use o DEA assim que ele estiver disponível. Colapso presenciado: siga as etapas utilizadas em adultos e adolescentes Colapso não presenciado: execute 2 minutos de RCP; deixe a vítima para acionar o 192 e buscar o DEA; retorne à criança e reinicie a RCP; use o DEA assim que ele estiver disponível. Relação compres- são-ventilação sem via aérea avançada 1 ou 2 socorristas = 30:2 1 socorrista = 30:2 2 ou mais socorristas= 15:2 Relação compres- são-ventilação com via aérea avançada Compressões contínuas a uma frequência de 100 a 120/min. Administre 1 ventilação a cada 6 segundos (10 respirações/min). Frequência de compressão 100 a 120/min. Profundidade de compressão No mínimo 5 cm. Pelo menos 1/3 do diâmetro antero- posterior do tórax; cerca de 5 cm. Pelo menos 1/3 do diâmetro anteroposterior do tórax; cerca de 4 cm. Posicionamento das mãos 2 mãos sobre a metade inferior do esterno. 2 mãos ou 1 mão. 1 socorrista: 2 dedos no cen- tro do tórax, logo abaixo da linha mamilar. 2 ou mais socorristas: técnica dos dois polegares no centro do tórax, logo abaixo da linha mamilar. Retorno do tórax Aguarde o retorno do tórax após cada compressão; não se apoie sobre o tórax após cada compressão. Minimizar interrupções Limite as interrupções nas compressões torácicas a menos de 10 segundos. Fonte: adaptado de AHA (2015). Caso a vítima apresente pulso e respiração normal, é indicado colocá-la em posição de recuperação (se não houver suspeita de trauma). Conforme estudamos em Anatomia Humana, o Sistema Respiratório é um conjunto de órgãos e estruturas (nariz, cavidade nasal, seios paranasais, faringe, laringe, traqueia, brônquios, bronquíolos, pulmões e alvéolos) que formam um canal por onde passa o ar atmosférico. Durante o percurso, o ar é aquecido, filtrado e umidificado, chegando aos alvéolos pulmonares, no final dos bronquíolos, onde ocorre a troca do oxigênio pelo gás carbônico. Quando nos remetemos ao corpo humano, sabemos que o sistema respiratório é fundamen- tal para a manutenção da vida, pois o oxigênio é o principal combustível no processo químico para a queima de glicose adquirida dos alimentos ingeridos, transformando-a em energia para as atividades diárias do indivíduo. Qualquer fator que limite ou obstrua esse “ca- minho” por onde passa o ar durante a inspiração e expiração fará com que ocorra uma diminuição do oxigênio dos tecidos, podendo causar sérios danos, como lesões irreversíveis ou, até mesmo, levar a pessoa a óbito. Intercorrências do Sistema Respiratório 55UNIDADE 2 Obstrução das Vias Aéreas (OVA) A obstrução de vias aéreas, que pode ser citada com a sigla OVA, é considerada qualquer situa- ção que impede, totalmente, ou de forma par- cial, o fluxo de ar até os alvéolos pulmonares. A obstrução leve pode provocar dispneia e tosse. A obstrução grave pode levar à cianose nos lá- bios e face, alteração da consciência e inspiração respiratória com ruído. A observação da expres- são de angústia com a boca aberta e mãos sobre
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