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G R A D U A Ç Ã O DRA. SABRINA WEISS STIES ME. XANA RAQUEL ORTOLAN Técnicas e Procedimentos de Primeiros Socorros Híbrido GRADUAÇÃO Técnicas e Procedimentos de Primeiros Socorros Dra. Sabrina Weiss Sties Me. Xana Raquel Ortolan C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Distância; STIES, Sabrina Weiss; ORTOLAN, Xana Raquel. Técnicas e Procedimentos de Primeiros Socorros. Sabrina Weiss Sties; Xana Raquel Ortolan. Maringá-PR.: Unicesumar, 2019. 152 p. “Graduação - EAD”. 1. Técnicas. 2. Procedimentos. 3. Primeiros Socorros. 4. EaD. I. Título. ISBN 978-85-459-1834-9 CDD - 22 ed. 610 CIP - NBR 12899 - AACR/2 NEAD - Núcleo de Educação a Distância Av. Guedner, 1610, Bloco 4 - Jardim Aclimação CEP 87050-900 - Maringá - Paraná unicesumar.edu.br | 0800 600 6360 Impresso por: DIREÇÃO UNICESUMAR Reitor Wilson de Matos Silva, Vice-Reitor e Pró-Reitor de Administração, Wilson de Matos Silva Filho, Pró-Reitor Executivo de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva, Pró-Reitor de Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi. NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Diretoria Executiva Chrystiano Mincoff, James Prestes, Tiago Stachon , Diretoria de Graduação e Pós-graduação Kátia Coelho, Diretoria de Permanência Leonardo Spaine, Diretoria de Design Educacional Débora Leite, Head de Produção de Conteúdos Celso Luiz Braga de Souza Filho, Head de Metodologias Ativas Thuinie Daros, Head de Curadoria e Inovação Tania Cristiane Yoshie Fukushima, Gerência de Projetos Especiais Daniel F. Hey, Gerência de Produção de Conteúdos Diogo Ribeiro Garcia, Gerência de Processos Acadêmicos Taessa Penha Shiraishi Vieira, Supervisão do Núcleo de Produção de Materiais Nádila de Almeida Toledo, Projeto Gráfico José Jhonny Coelho e Thayla Guimarães Cripaldi, Fotos Shutterstock. Coordenador de Conteúdo Lilian Rosana dos Santos Moraes. Designer Educacional Janaína de Souza Pontes, Lilian Vespa. Revisão Textual Érica Fernanda Ortega, Cintia Prezoto Ferreira. Editoração Victor Augusto Thomazini. Ilustração Bruno Pardinho, Marcelo Yukio Goto, Marta Sayuri Kakitani, Mateus Calmon. Realidade Aumentada Kleber Ribeiro, Leandro Naldei e Thiago Surmani. PALAVRA DO REITOR Em um mundo global e dinâmico, nós trabalha- mos com princípios éticos e profissionalismo, não somente para oferecer uma educação de qualida- de, mas, acima de tudo, para gerar uma conversão integral das pessoas ao conhecimento. Baseamo- -nos em 4 pilares: intelectual, profissional, emo- cional e espiritual. Iniciamos a Unicesumar em 1990, com dois cursos de graduação e 180 alunos. Hoje, temos mais de 100 mil estudantes espalhados em todo o Brasil: nos quatro campi presenciais (Maringá, Curitiba, Ponta Grossa e Londrina) e em mais de 300 polos EAD no país, com dezenas de cursos de graduação e pós-graduação. Produzimos e revi- samos 500 livros e distribuímos mais de 500 mil exemplares por ano. Somos reconhecidos pelo MEC como uma instituição de excelência, com IGC 4 em 7 anos consecutivos. Estamos entre os 10 maiores grupos educacionais do Brasil. A rapidez do mundo moderno exige dos educadores soluções inteligentes para as ne- cessidades de todos. Para continuar relevante, a instituição de educação precisa ter pelo menos três virtudes: inovação, coragem e compromisso com a qualidade. Por isso, desenvolvemos, para os cursos de Bem-estar, metodologias ativas, as quais visam reunir o melhor do ensino presencial e a distância. Tudo isso para honrarmos a nossa missão que é promover a educação de qualidade nas diferentes áreas do conhecimento, formando profissionais cidadãos que contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade justa e solidária. Vamos juntos! BOAS-VINDAS Prezado(a) Acadêmico(a), bem-vindo(a) à Co- munidade do Conhecimento. Essa é a característica principal pela qual a Unicesumar tem sido conhecida pelos nossos alu- nos, professores e pela nossa sociedade. Porém, é importante destacar aqui que não estamos falando mais daquele conhecimento estático, repetitivo, local e elitizado, mas de um conhecimento dinâ- mico, renovável em minutos, atemporal, global, democratizado, transformado pelas tecnologias digitais e virtuais. De fato, as tecnologias de informação e comu- nicação têm nos aproximado cada vez mais de pessoas, lugares, informações, da educação por meio da conectividade via internet, do acesso wireless em diferentes lugares e da mobilidade dos celulares. As redes sociais, os sites, blogs e os tablets ace- leraram a informação e a produção do conheci- mento, que não reconhece mais fuso horário e atravessa oceanos em segundos. A apropriação dessa nova forma de conhecer transformou-se hoje em um dos principais fatores de agregação de valor, de superação das desigualdades, propagação de trabalho qualificado e de bem-estar. Logo, como agente social, convido você a saber cada vez mais, a conhecer, entender, selecionar e usar a tecnologia que temos e que está disponível. Da mesma forma que a imprensa de Gutenberg modificou toda uma cultura e forma de conhecer, as tecnologias atuais e suas novas ferramentas, equipamentos e aplicações estão mudando a nossa cultura e transformando a todos nós. Então, prio- rizar o conhecimento hoje, por meio da Educação a Distância (EAD), significa possibilitar o contato com ambientes cativantes, ricos em informações e interatividade. É um processo desafiador, que ao mesmo tempo abrirá as portas para melhores oportunidades. Como já disse Sócrates, “a vida sem desafios não vale a pena ser vivida”. É isso que a EAD da Unicesumar se propõe a fazer. Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está iniciando um processo de transformação, pois quando investimos em nossa formação, seja ela pessoal ou profissional, nos transformamos e, consequentemente, transformamos também a so- ciedade na qual estamos inseridos. De que forma o fazemos? Criando oportunidades e/ou estabe- lecendo mudanças capazes de alcançar um nível de desenvolvimento compatível com os desafios que surgem no mundo contemporâneo. O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de Educação a Distância, o(a) acompa- nhará durante todo este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens se educam juntos, na transformação do mundo”. Os materiais produzidos oferecem linguagem dialógica e encontram-se integrados à proposta pedagógica, contribuindo no processo educa- cional, complementando sua formação profis- sional, desenvolvendo competências e habilida- des, e aplicando conceitos teóricos em situação de realidade, de maneira a inseri-lo no mercado de trabalho. Ou seja, estes materiais têm como principal objetivo “provocar uma aproximação entre você e o conteúdo”, desta forma possibilita o desenvolvimento da autonomia em busca dos conhecimentos necessários para a sua formação pessoal e profissional. Portanto, nossa distância nesse processo de crescimento e construção do conhecimento deve ser apenas geográfica. Utilize os diversos recursos pedagógicos que o Centro Universitário Cesumar lhe possibilita. Ou seja, acesse regularmente o Stu- deo, que é o seu Ambiente Virtual de Aprendiza- gem, interaja nos fóruns e enquetes, assista às aulas ao vivo e participe das discussões. Além disso, lembre-se que existe uma equipe de professores e tutores que se encontra disponível para sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em seu processo de apren- dizagem, possibilitando-lhe trilhar com tranquili- dade e segurança sua trajetória acadêmica. APRESENTAÇÃO Caro(a) aluno(a), seja bem-vindo(a)! Este material que o(a) acompanha- rá na disciplina de Técnicas e Procedimentos de Primeiros Socorros foi elaborado com muito cuidado para que possa servir de base para os seus conhecimentos na área. Ao longo dos anos, avanços relevantes na área dos primeiros socorros levaram ao reconhecimento da importância do atendimento imediato às vítimas que apresentam condições de agravo à saúde,que podem causar risco de morte. Diante desse cenário, diversos protocolos foram desenvol- vidos como referência para a condução destes procedimentos iniciais, os quais são apresentados ao longo desta obra. Desta maneira, este livro tem como principal escopo informar e orientar você, acadêmico(a), sobre as condutas que devem ser seguidas diante de situações de urgência e emergência. Para tanto, serão apresentadas, durante as unidades deste material, situações que podem ocorrer no seu dia a dia e durante a sua atuação profissional, assim como as condutas para o aten- dimento de primeiros socorros. Você irá conhecer um grupo de situações clínicas importantes, abrangendo os tipos mais frequentes na prática do profissional da área da saúde, os quais te auxiliarão a prestar atendimento dentro e fora do seu ambiente de trabalho. A primeira unidade aborda temas que servem de base para o desenvolvi- mento da disciplina, como a relevância da sua relação com o seu paciente. Destacamos os aspectos legais relacionados aos atendimentos de primeiros socorros. Faremos uma reflexão sobre o preparo do profissional frente aos quadros de urgência e/ou emergência e sobre as formas de prevenir essas situações. No último tópico, iremos tratar dos procedimentos gerais para a avaliação da vítima. Após você obter os conhecimentos sobre estes aspectos gerais do atendi- mento, na Unidade 2, vamos estudar os eventos cardiovasculares e respi- ratórios que podem levar à síncope (desmaio), ao aumento ou diminuição da pressão arterial e situações que podem causar uma parada cardíaca e/ ou respiratória. Em seguida, na Unidade 3, serão abordados os eventos metabólicos, como as alterações nos níveis de glicemia e situações que podem acometer o sistema neurológico, como convulsões, acidente vascular encefálico, traumatismo cranioencefálico e raquimedular. Na Unidade 4, vamos verificar as características dos acidentes por enve- nenamento e intoxicação e enfatizar as lesões que causam hemorragia e queimaduras. E, para finalizar, na Unidade 5, você irá conhecer as lesões musculoesque- léticas, que são peculiares à prática esportiva, as quais serão divididas em lesões do tórax, abdômen, coluna, membros superiores e inferiores. Um grande abraço e bons estudos! CURRÍCULO DOS PROFESSORES Dra. Sabrina Weiss Sties Doutorado (2016) e Mestrado (2013) em Ciências do Movimento Humano pela Universidade Estadual de Santa Catarina. Especialização em Fisioterapia Cardiorrespiratória pela Univer- sidade Tuiuti do Paraná (2008), Licenciatura em Ciências Biológicas pela Faculdade Avantis (2017). Possui Graduação em Fisioterapia pela Universidade do Vale do Itajaí (2007). Membro da Brigada de incêndio, da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes – CIPA – e do Comitê de Biossegurança da Faculdade Avantis. Participa de treinamentos e eventos científicos rela- cionados à atuação em situações de urgência e emergência. Profere palestras para Capacita- ção em urgências e emergências, com ênfase em ressuscitação cardiopulmonar. Participa de ações de extensão e do grupo de pesquisa do Núcleo de Cardiologia e Medicina do Exercício, Florianópolis. Atua na área de Reabilitação Cardiopulmonar e Metabólica (RCPM). Docente do Curso de Educação Física Bacharelado e Licenciatura, do Curso de Fisioterapia, do Curso de Odontologia e do curso de Pós-graduação-Especialização em Fisiologia do exercício e Coor- denadora do Curso de Fisioterapia da Faculdade Avantis. Atua há cinco anos como docente das disciplinas de urgência e emergência para diversos cursos da área da saúde. Currículo Lattes da professora disponível em: <http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/ visualizacv.do?id=K4526754U4> Me. Xana Raquel Ortolan Mestrado em Ciências Farmacêuticas pela Universidade do Vale do Itajaí (2013). Licenciatura em Ciências Biológicas pela Faculdade Avantis (2017). Possui Graduação em Enfermagem pela Universidade do Vale do Itajaí (2010). Atuou como enfermeira assistencial na atenção terciária, participando de equipes multidisciplinares da área da saúde. Além disso, participa de pesquisas nas áreas de Biologia e Comportamento e Histologia. Atualmente, preside o Comitê de Ética e o Comitê de Biossegurança da Faculdade Avantis, além de ser membro da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes – CIPA. Docente dos cursos de graduação de Fisioterapia, Enfermagem e Odontologia da Faculdade Avantis e Coordenadora do Curso de Enfermagem da Faculdade Avantis. Atualmente leciona disciplinas relacionadas a Biossegu- rança, Ergonomia, Saúde do Trabalhador e Primeiros Socorros. Currículo Lattes do professor disponível em: <http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/ visualizacv.do?id=K4481681Z8> Aspectos Gerais do Atendimento à Urgência e Emergência 13 Urgências e Emergências Cardiovasculares e Respiratórias 41 Urgências e Emergências Metabólicas e Neurológicas 71 Acidentes e Lesões em Geral 95 Lesões Musculoesqueléticas 123 101 Graus de Queimaduras Utilize o aplicativo Unicesumar Experience para visualizar a Realidade Aumentada. PLANO DE ESTUDOS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM Dra. Sabrina Weiss Sties Me. Xana Raquel Ortolan • Compreender a importância do bom relacionamento entre o Profissional de saúde e o paciente. • Conhecer as situações de urgência e emergência mais prevalentes durante a prática clínica. • Analisar os aspectos legais em relação ao atendimento de primeiros socorros. • Entender a diferença entre as situações de urgência e emergência. • Compreender o significado de primeiros socorros. • Refletir sobre o preparo do Profissional de Saúde frente aos quadros de urgências e emergências mais frequentes. • Conhecer as condutas voltadas à prevenção de urgências e emergências. • Aprender sobre os procedimentos relacionados à avalia- ção da vítima e as técnicas corretas para avaliação dos sinais vitais. Relação profissional de saúde-paciente Aspectos legais e órgãos competentes Introdução aos primeiros socorros Preparo do profissional de saúde frente aos quadros de urgência e/ou emergência médicas Urgência e emergência Aspectos Gerais do Atendimento à Urgência e Emergência Relação Profissional de Saúde-Paciente Qualquer indivíduo está sujeito a sofrer acidentes ou lesões, e podem ocorrer independentemente do ambiente em que se encontra, seja na escola, universidade, na rua, seja até mesmo em casa. A falta de conhecimento em relação aos pro- cedimentos de primeiros socorros pode provocar sequelas irreversíveis nas vítimas de situações de urgência ou emergência. Em casos mais graves, o óbito pode ocorrer, especialmente, quando há demora entre a ocorrência do evento e a chegada do serviço especializado. Em locais onde há prática de atividades clí- nicas, podem ocorrer acidentes e lesões. Neste sentido, o(a) profissional tem um papel funda- mental na promoção da saúde e na prevenção de urgências e emergências que possam ocorrer no ambiente de trabalho. Baseando-se nessa pre- missa, é que se torna importante o conhecimento sobre primeiros socorros. 15UNIDADE 1 Considerando a responsabilidade dessa pro- fissão, a maioria dos cursos de graduação, nas áreas da saúde e bem-estar, tem implementado em sua grade curricular disciplinas que abor- dam os primeiros socorros. Portanto, a falta de conhecimento em relação a esse tema não pode ser uma justificativa para a omissão do socor- ro ou para a adoção de técnicas inadequadas diante de situações de urgência ou emergência. Enquanto profissionais, temos responsabilida- de sobre nossas intervenções e não podemos admitir que nossas atitudes sejam equivocadas, devido à utilização de condutas impróprias ou da solicitação desnecessária da assistência espe- cializada em emergência. Neste contexto, você sabe quais são as condutas a serem tomadas frente às intercorrências mais comuns relacionadas à prática clínica e demais situações que poderá presenciar no seu dia a dia? Para que você mantenhaa integridade do seu cliente antes, durante e após o atendimento é pre- ciso que seja feita uma anamnese de qualidade, na qual você irá realizar um exame físico no paciente, investigar seu histórico clínico ou de saúde (doen- ças, cirurgias, medicamentos em uso etc.) seus dados pessoais e queixas atuais. Após a anamnese, você poderá desenvolver um plano terapêutico que se adeque às necessidades deste cliente e que não prejudique sua saúde/integridade física. Apesar de todos esses cuidados, situações inesperadas podem acontecer durante seu aten- dimento, como: quedas, queimaduras, elevação e diminuição, de pressão arterial, desmaios, reações alérgicas, choques anafiláticos, entre outras. Enquanto profissional da saúde, é sua respon- sabilidade prestar o primeiro atendimento a este paciente e encaminhá-lo à Unidade de Saúde mais próxima. A prestação dos primeiros socorros ainda é mo- tivo de dúvidas para a população e profissionais. Qual é a nossa responsabilidade diante de uma vítima que necessita de auxílio durante as situa- ções de urgência e emergência? Você, enquanto profissional da saúde, deve conhecer as leis, os códigos de ética e as normas relacionadas às intervenções em primeiros socorros. O fato de ofender a integridade corporal ou saúde de outrem, abandonar pessoa que está necessitando de cuidados e omitir socorro em situações em que não haja risco pessoal, são condutas que caracterizam crime perante a le- gislação brasileira. O Código Civil Brasileiro (BRASIL, 2002, on- -line) destaca, no Artigo 186, que o indivíduo que, “por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito”. Aspectos Legais e Órgãos Competentes 17UNIDADE 1 Por sua vez, de acordo com o Código Penal Brasileiro, Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940, qualquer indivíduo, mesmo o leigo, tem o dever de ajudar a pessoa acidentada ou simplesmente chamar ajuda. Do contrário, sofrerá sanções pe- nais (BRASIL, 1940). Neste sentido, sabe-se que todo profissional que tenha obrigatoriedade de prestar socorro está sujeito aos estatutos legais que regem à prestação de socorro. Nos casos omissos, o profissional so- frerá processos penais e responderá pela conse- quência de sua omissão. O Artigo 135, do Código Penal (BRASIL, 1940), fixa que deixar de prestar assistência, quan- do possível fazê-lo sem risco pessoal, à pessoa in- válida ou ferida, deixando-o ao desamparo ou em grave e iminente perigo, ou não pedir o socorro da autoridade pública, é crime. A penalidade pode ser pagamento de multa ou detenção, que varia de um a seis meses, podendo ser aumentada em metade caso haja omissão que resulte em lesão corporal grave; e triplicada, se houver morte. Sendo assim, é de suma importância que o(a) profissional esteja preparado(a) para as exigências de qualidade e de ética profissional nas interven- ções que realizar. Ele(a) deverá estar treinado para agir em diversas situações de emergência, para compreender, analisar e aplicar o seu conheci- mento, em lugares onde pode haver a intervenção desse profissional (STEINHILBER, 2002). Por outro lado, destaca-se que a vítima não pode ser forçada a receber os primeiros socor- ros. Em muitos casos, ela tem direito de recusar o atendimento, seja por crença religiosa ou por falta de confiança no prestador do serviço. Em adultos, o direito existe quando estiverem conscientes, ou caso a vítima esteja impedida de falar em decorrência do acidente, como um trau- ma na boca, mas demonstre através de sinais que não aceita o atendimento, fazendo uma negativa com a cabeça ou empurrando a mão do prestador de socorro. Nessas situações, você deve certificar- -se que o socorro especializado foi solicitado e continuar monitorando a vítima. Por outro lado, em crianças, a recusa do atendimento pode ser fei- ta pelo pai, mãe ou responsável legal. Se a criança é retirada do local do acidente antes da chegada do socorro especializado, o prestador deverá, se possível, listar testemunhas que comprovem o fato (SILVEIRA; MOULIN, 2006). Nas situações em que a pessoa não possui um treinamento específico ou não se sente confiante para atuar, o fato de chamar o socorro especiali- zado já descaracteriza a ocorrência de omissão de socorro. Ressalta-se que cada pessoa deve agir conforme seus conhecimento e limites. A principal causa de morte fora dos hospitais é a falta de atendimento e a segunda é o socorro inadequa- do. As pessoas morrem porque ninguém faz nada ou porque alguém não capacitado resolveu fazer algo. Fonte: Rocha (2011, p. 9) Algumas lesões comuns no dia a dia da população podem ser diferenciadas em: traumáticas e clíni- cas. As fraturas, ferimentos, hemorragias, trau- mas de crânio, tórax e coluna são consideradas as principais lesões traumáticas. Já como lesões clínicas, destacam-se o mal súbito, o desmaio, a crise convulsiva, o infarto e a parada cardiorres- piratória (CREF4, 2014). No que se refere às crianças, devido a suas ca- racterísticas anatômicas, menor coordenação e habilidade motoras, maior impulsividade e baixo reconhecimento dos riscos, elas se tornam sus- cetíveis aos acidentes, frequentemente graves, no ambiente escolar. Estudos desenvolvidos a nível mundial de- monstraram que as quedas são os acidentes mais frequentes em crianças e adolescentes em espaço escolar, representando, em 2011, uma taxa de 55% dentre o total de acidentes escolares ocorridos (CRISTO, 2011). Esse tipo de acidente é a prin- cipal causa de lesões traumáticas cerebrais, com risco significativo de sequelas crônicas deman- dando custos consideráveis (WHO, 2008). Urgência e Emergência 19UNIDADE 1 A área de urgência e emergência exige do pro- fissional qualificação para oferecer os cuidados instantâneos e seguros à vítima, independente- mente do seu estado. Nesse sentido, saber diferen- ciar os dois é o primeiro passo para compreender o planejamento do atendimento à vítima. Devido aos conceitos de urgência e emergên- cia não serem aplicados apenas à área da bio- médica, a leitura das definições, por vezes, não expressa com clareza a diferença desses termos. É por isso que, frequentemente, há uma dúvida sobre a determinação de situações que configu- ram urgência ou emergência. É verdade que os atendimentos urgentes ou emergentes são, frequentemente, interligados, mas ainda assim não são sinônimos. Inicial- mente, pode-se dizer que a detecção do risco de morte iminente ou do perigo que ameaça a manutenção das funções vitais é um dos cri- térios básicos para distinguir as situações de emergência e urgência. Baseado nestas informações, agora, você consegue diferenciar situações de Urgência e Emergência? Caro(a) aluno(a), vamos com- preender os aspectos que definem e caracteri- zam cada situação. As situações de urgência exigem assistência imediata, no menor tempo possível, com o ob- jetivo de evitar complicações e sofrimento. São caracterizadas por processo agudo clínico ou ci- rúrgico, sem risco de morte iminente (GIGLIO- -JACQUEMONT, 2005). Alguns exemplos são: lipotimia, síncope e hipoglicemia. As situações de emergência, porém, compreen- dem uma ameaça iminente à vida, sofrimento intenso ou risco de lesão permanente, havendo necessidade de tratamento médico imediato. Es- sas condições podem levar a danos irreversíveis e até a óbito (GIGLIO-JACQUEMONT, 2005). Como exemplo, temos: o infarto agudo do mio- cárdio (IAM), parada cardiorrespiratória (PCR) e hemorragias intensas. A partir disso, podemos considerar que para cada situação existe uma opção de protocolo di- ferenciado. Nos casos de menor gravidade, como dores leves, ferimentos superficiais, síncopes etc., a vítima pode ser encaminhada às Unidades Básicas de Saúde. Por outro lado, em casos de emergência, como dores no tórax, acidente vascular encefálico, traumatismo raquimedular ou parada cardior- respiratória, a vítima deverá receber assistênciaem Unidades Móveis de Urgência ou, se possível, deverá ser levada ao pronto socorro. Vale ressaltar que situações de urgência podem tornar-se ca- sos de emergência se não conduzidas de maneira adequada. Portanto, saber classificar essas ocorrências tornará possível determinar a aplicação de con- dutas apropriadas, prevenindo possíveis compli- cações, além de garantir a celeridade na procura de serviços especializados, o que possibilita a as- sistência adequada e eficaz. Os primeiros socorros são considerados como “segundos de ouro”, compreendem os cuidados que devem ser prestados, imediatamente, à vítima, cujo estado físico põe em perigo a sua vida, com o objetivo de garantir a manutenção das funções vitais e evitar o agravamento das condições, apli- cando medidas e procedimentos até a chegada de assistência qualificada (BRASIL, 2003). A American Red Cross Scientific Advisory Council, a Cruz Vermelha americana (2010), ca- racteriza os Primeiros Socorros como a assistência prestada rapidamente a uma pessoa doente ou ferida até chegar o serviço de emergência. São caracterizados pelo atendimento não apenas de lesões físicas ou doenças, mas também por ou- tros cuidados iniciais, incluindo apoio psicosso- cial para pessoas que sofrem estresse emocional, causado por experimentar ou testemunhar um trauma ou evento. Introdução aos Primeiros Socorros 21UNIDADE 1 Segundo a Associação Americana do Coração (AHA, 2010), as avaliações e intervenções em primeiros so- corros podem ser realizadas por uma pessoa presen- te, com equipamento mínimo ou nenhum. Vale ressaltar que há redução da morbidade e mortalidade, em até 7,5%, em situações de emer- gência pré-hospitalar, mesmo quando a primeira Segundo a Federação Internacional das Sociedades da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho - IFRCRCS (2016) os objetivos dos primeiros socorros são: ajuda for prestada por leigos com treinamento nesta área (VALÉRIO, 2010). No entanto, no que concerne, efetivamente, aos procedimentos de primeiros socorros, destaca-se que, no âmbito dos locais onde a prática de exercício físico é frequente, o alcance de seus objetivos depende do preparo dos profissionais. Preservar a vida. Prevenir mais doenças ou lesões.Promover a recuperação. Aliviar o sofrimento. Há uma constante preocupação dos especialis- tas da área da saúde em relação aos acidentes e intercorrências ocorridos fora do âmbito hos- pitalar, já que a demora na busca de assistência especializada ou o atendimento inadequado podem causar danos maiores e até irreversíveis, interferindo na recuperação do indivíduo ou na qualidade de vida. Como citado anteriormente, o profissional de saúde deve ter conhecimentos quanto às noções básicas de primeiros socorros para agir corre- tamente sempre que for necessário. Entretanto, Siqueira, Soares e Santos (2011) mostra que os professores (pelo menos 30% deles) não se sentem preparados para agir em situações de emergência. Outro estudo destaca que a maioria dos profis- sionais não estão capacitados para atender a um mal súbito ou intervir em situações de parada cardiorrespiratória (CASSOTE et al., 2005). Preparo do Profissional de Saúde Frente aos Quadros de Urgência e/ ou Emergência Médicas 23UNIDADE 1 Nesta perspectiva, pode-se observar que você precisa estar preparado(a) para lidar com os pri- meiros socorros, pois o primeiro atendimento é fundamental para salvar vidas. Assim, você, como futuro(a) profissional, conhecendo as técnicas de primeiros socorros, estará mais capacitado(a) e preparado(a) para realizar seus atendimentos, obtendo uma visão clínica/periférica com base no estado e integridade física de seus pacientes, tendo a capacidade de minimizar a probabilidade de acidentes. Prevenção das Emergências Médicas É de suma importância levar em conta a preven- ção de acidentes e lesões no ambiente terapêutico/ clínico. Os fatores de riscos podem ser extrínse- cos ou intrínsecos. Quando são relacionados ao ambiente, à estrutura física do local, ao tipo de tratamento de produtos utilizados e de equipa- mentos, são considerados extrínsecos. No entanto, características, como idade, sexo e presença de doenças são fatores intrínsecos, ou seja, do pró- prio praticante. Para prevenir os fatores de risco ambientais, as instalações e os equipamentos envolvidos na prá- tica clínica devem estar em bom estado e garantir a segurança do paciente. Nos locais onde serão instalados equipamentos e nos que há técnicas terapêuticas que envolvam água, o piso deve ser revestido com material antiderrapante para evitar quedas. É importante que os equipamentos e ma- quinários estejam a uma distância apropriada de paredes e colunas. Além disso, todos os ambientes devem ser providos de uma boa ventilação, para evitar distúrbios relacionados com o desequilíbrio térmico do paciente. É imprescindível dar atenção adequada ao exame físico, especialmente quando se trata da população idosa, que tem como característica a heterogenei- dade, com diferenças em diversos aspectos, como condições gerais de saúde, estado cognitivo, dentre outras características intrínsecas ao processo de envelhecimento (HUPP; ELLIS; TUCKER, 2009). A classificação do estado físico do paciente depende dos seus hábitos de vida, das doenças e comorbidades. Sendo assim, é possível verifi- car que, para prevenir as situações de urgência e emergência, você precisa estar preparado para atuar diante de relatos, como uso de álcool, drogas, diabetes mellitus, hipertensão arterial sistêmica entre outras. Lembrando, também, que esses há- bitos e essas doenças podem ser verificados tanto em adultos como crianças. Contudo, conhecendo o(a) seu(sua) pacien- te, tomando os devidos cuidados e oferecendo orientações sobre a técnica que será realizada e os produtos utilizados, pode-se minimizar os riscos de acidentes e lesões e salvar vidas. Avaliação da Vítima Inicialmente, antes de abordar uma vítima, será preciso verificar o local para garantir a sua segu- rança durante o atendimento. Caso o ambiente não esteja adequado, em algumas situações, por exemplo, você pode desligar a rede elétrica antes de prestar os primeiros socorros. É importante frisar que a sua segurança deve estar em primeiro lugar. Portanto, ao realizar os procedimentos, você deve utilizar materiais e equipamentos que sirvam como barreiras para evitar o contato direto com sangue e outros fluidos que possam transmitir doenças contagiosas, como as luvas descartáveis, máscaras faciais e óculos de proteção. 24 Aspectos Gerais do Atendimento à Urgência e Emergência Em ambientes de prática de atividades clínicas, é extremamente importante ter à disposi- ção um kit de primeiros socorros. Além dos dispositivos de barreira citados anteriormente, este kit deve conter: Figura 1 - Kit de primeiros socorros Fonte: a autora. Lenços antibacterianos ou Sabão Termômetro oral Estetoscópio Es�gmomanômetro Gel ou Saco Plástico para gelo Tesoura Ataduras Gazes Esterilizadas Tipoia Esparadrapo GEL 25UNIDADE 1 Agora que você já conheceu os cuidados que devem ser tomados antes do atendimento, ve- rificaremos como devemos proceder na ava- liação e no atendimento nos casos de urgência ou emergência. A seguir, nós descrevemos os procedimentos de modo geral, mas, a partir da Unidade 2, você verificará as definições e con- dutas nas situações específicas. Os protocolos para atendimento necessitam de atitude rápida e seguem as diretrizes para pro- cedimentos baseados nas melhores evidências científicas. Estes permitem maior qualidade do trabalho desenvolvido, aquisição de maior con- fiança no processo de tomada de decisão e maior eficácia nos desfechos. Neste contexto, podemos citar o Suporte Bá- sico de Vida (SBV), no qual a sequência de pro- cedimentos tem como objetivo promover oxige- nação e perfusão aos órgãos vitais (AHA, 2010) em vítimas de parada cardiorrespiratória (PCR). É importante lembrar que asequência de aten- dimento à vítima sofreu alteração. Anteriormen- te, era considerada como o ABC da ressuscitação (abertura de via aérea, ventilação e compressões torácicas). Atualmente, a sequência recomendada é CAB (compressões torácicas, abertura de via aérea e ventilação). Essa mudança é devido às evidências de que, apesar de a ventilação ser importante, as compressões são imprescindíveis na RCP e não podem ser postergadas (GONZÁLEZ et al., 2013). Os procedimentos de SBV contemplam o re- conhecimento imediato de parada cardíaca, o acionamento do serviço de atendimento móvel de urgência, a realização das manobras de res- suscitação cardiopulmonar (RCP) e uso do des- fibrilador externo automático (DEA). As ações de SBV devem ser realizadas de maneira adequada para aumentar a possibilidade de sobrevivência de uma vítima em situação de emergência. Diante disto, é necessário utilizar a “corrente da sobrevivência” para realizar passo a passo as condutas durante o atendimento. Essa corrente, para o adulto (Figura 2), é composta por cinco elos que são relacionados ao suporte básico e avançado de emergência, e cuidados pós-PCR (AHA, 2015). A corrente de sobrevivência pediátrica (Figu- ra 3), no entanto, apresenta sequência diferente da corrente do adulto. O primeiro elo refere-se à prevenção de acidentes, seguido pela ressusci- tação cardiopulmonar precoce e efetiva, aciona- mento imediato ao serviço móvel de urgência, medidas de suporte avançado de vida e cuidados pós-ressuscitação (AHA, 2010). O primeiro elo é o mais relevante, visto que o desfecho de PCR em crianças, geralmente, é muito ruim (QUILICI; TIMERMAN, 2011). 26 Aspectos Gerais do Atendimento à Urgência e Emergência Figura 3 - Cadeia de sobrevivência pediátrica Fonte: AHA (2010). Figura 2 - Cadeia de sobrevivência, parada cardiorrespiratória extra-hospitalar (PCREH) Fonte: adaptada de AHA (2010). Na Unidade 2, nós estudaremos de maneira mais específica os conceitos de PCR e outros aspectos relevantes no atendimento desta situa- ção (como realizar as compressões e ventilações e utilizar o DEA). A avaliação primária da vítima deve ser com- pletada em, no máximo, 30 segundos, tendo por objetivo avaliar as condições de risco e a necessi- dade do início precoce do suporte básico de vida. Você precisa determinar se o paciente encontra-se estável, ou seja, se apresenta condições e sinais vitais equilibrados e constantes, ou se está instável caso apresente alterações gradativas ou súbitas das condições e dos sinais vitais. Entendemos os sinais como sendo as alte- rações que podem ser verificadas por meio de avaliação (por exemplo: pulso, coloração da pele e sudorese). No entanto, os “sintomas” são relatados pela própria vítima, de acordo com sua percepção (por exemplo: tontura, fraqueza e náusea). Ao abordar a vítima, você precisa checar a responsividade. Para isso, precisa aproximar-se e ajoelhar próximo da cabeça, colocando a mão sobre os ombros da vítima e chamar por ela. Se ela responder, apresente-se e pergunte se precisa de ajuda. Se ela não responder e não reagir, significa que está irresponsiva (SBC, 2015). 27UNIDADE 1 Ao checar o estado geral, será possível determi- nar a orientação temporal e espacial da vítima, o nível de consciência e os sinais vitais. A che- cagem dos sinais vitais contempla a verificação da respiração, pulso, pressão arterial e tempera- tura. Essa avaliação possibilita a identificação de possíveis problemas fisiológicos e facilita o monitoramento do indivíduo que apresenta uma situação de urgência ou emergência. É impor- tante lembrar que a verificação dos sinais vitais difere de acordo com a classificação do risco ou do estado da vítima. Portanto, para a avaliação da respiração, no caso de vítimas responsivas, além da identificação de alterações no padrão respiratório, como apneia (ausência periódica da respiração), bradipneia (respiração lenta) e taquipneia (respirações rápi- das e profundas), podemos verificar a frequên- cia respiratória (FR), ou seja, contar o número de incursões por minuto. Para isto, você deverá observar a respiração do(a) paciente, verificando a elevação do tórax. Figura 4 - Avaliação da responsividade No caso de vítima não responsiva, deve ve- rificar se há elevação do tórax em menos de 10 segundos, não perca tempo contando as respira- ções por minuto. Se identificar que ela apresen- ta respiração, fique ao seu lado monitorando a evolução e, caso seja necessário, chame o serviço móvel de urgência (GONZÁLEZ et al., 2013). Na tabela a seguir, você pode observar os valores da frequência respiratória em repouso. Tabela 1 - Frequência respiratória em repouso Até 1 ano De 1 a 5 anos Adultos De 6 a 8 anos Acima de 8 anos até 60 mpm até 40 mpm até 30 mpm até 20 mpm de 12 a 20 mpm Fonte: Brasil (2012); Fiztgerald (1995). Para a avaliação do pulso, você deve pressionar levemente a artéria, com os dedos indicador e médio. As artérias utilizadas para a avaliação são: as carótida, braquial, radial ou femoral. Em crianças, cheque o pulso carotídeo ou femoral (AHA, 2010). Essa conduta permitirá que você identifique se o pulso está forte ou fraco, e se o ritmo está regular. Em vítimas não responsivas, verifique o pul- so central (carotídeo) em adultos (Figura 5); em crianças, o pulso central ou femoral (Figura 6): esse procedimento deve ser rápido, entre 5 e 10 segundos. Caso não detecte pulso ou esteja com dificuldade para avaliar, inicie as compressões e ventilações (GONZÁLEZ et al., 2013). 28 Aspectos Gerais do Atendimento à Urgência e Emergência Nas vítimas que não estão em situação de emer- gência, você terá tempo para avaliar a frequência cardíaca, a qual se refere ao número de batimen- tos por minuto (bpm). Os locais podem ser os mesmos citados anteriormente para avaliação do pulso. Na tabela a seguir, você pode observar os valores da frequência cardíaca em repouso. Tabela 2 - Frequência cardíaca em repouso Até 1 ano De 1 a 5 anos De 5 a 12 anos De 12 a 16 anos Adultos de 94 a 169 bpm de 89 a 137 bpm de 65 a 130 bpm de 60 a 120 bpm de 50 a 100 bpm Fonte: adaptada de Pastore et al. (2009; 2016). Embora, a medida da pressão arterial (PA) faça par- te da avaliação dos sinais vitais, não está incluída nos procedimentos de SBV. Entretanto, essa avaliação é importante para proceder em outros casos de ur- gência ou emergência. Tanto os procedimentos para a medida da pressão arterial quanto os valores de referência descritos a seguir seguem a VII Diretriz de Hipertensão Arterial (MALACHIAS et al., 2016). Figura 6 - Avaliação do pulso femoral Figura 5 - Avaliação do pulso carotídeo 29UNIDADE 1 Para realizar a avaliação, você precisa instruir o(a) indvíduo a não conversar durante a medição. O ideal é que não esteja com a bexiga cheia e que não tenha praticado exercícios físicos na última hora. Quanto ao posicionamento, o(a) avaliado(a) deve estar sen- tado(a), com as pernas descruzadas, pés apoiados no solo, encostado(a) na cadeira e relaxado(a). O braço deve ser posicionado na altura do coração e apoiado, com a palma da mão voltada para cima. Inicialmente, é necessário verificar a circunfe- rência do braço no ponto médio entre acrômio e olécrano; selecionar o manguito de tamanho ade- quado; colocar o manguito, sem deixar folgas, 2 a 3 cm acima da linha cubital; estimar o nível da pressão arterial sistólica (PAS) pela palpação do pulso radial; colocar a campânula ou o diafragma do estetoscópio sem compressão excessiva sobre a artéria braquial; inflar até ultrapassar 20 a 30 mmHg, o nível estima- do da PAS obtido pela palpação; iniciar a deflação lentamente; determinar a PAS pela ausculta do pri- meiro som (fase I de Korotkoff) e a pressão arterial diastólica (PAD) no desaparecimento dos sons (fase V de Korotkoff) (MALACHIAS et al., 2016). É fato que, em determinadas situações, isso não será possível, pois a vítima pode não conseguir permanecer naposição sentada, como nos casos de síncope (desmaio). Então, você poderá verifi- car a pressão em decúbito dorsal, mas utilizando o mesmo posicionamento do braço e seguir as demais recomendações. Em crianças, é recomendado que a medição da PA seja realizada em toda avaliação médica após os três anos de idade, uma vez ao ano, pois faz parte do atendimento pediátrico primário (TRUELSEN et al., 2007). No entanto, os valores de PA para crian- ças e adolescentes levam em consideração a idade, sexo e altura, conforme disponíveis em tabelas es- pecíficas ou aplicativos para smartphones. No que se refere à avaliação da PA em idosos, há características peculiares ao processo de enve- lhecimento, o que pode causar maior frequência do hiato auscultatório (desaparecimento dos sons durante a deflação do manguito), resultando em níveis falsamente baixos na PAS e falsamente altos na PAD (MALACHIAS et al., 2016). Por outro lado, o posicionamento recomen- dado para as gestantes deve ser sentada ou em posição de decúbito lateral esquerdo; ambos os métodos transmitirão os mesmos resultados (OLIVEIRA, 2000). Agora que você já tem conhecimento para medir a pressão arterial, verifique, na tabela a seguir, a clas- sificação da PA, a partir de 18 anos de idade, segun- do a VII Diretriz de Hipertensão Arterial (2016). Tabela 3 - Classificação da PA de acordo com a medição casual ou no consultório a partir de 18 anos de idade Fonte: Malachias et al. (2016). Classificação PAS (mm Hg) PAD (mm Hg) Normal ≤ 120 ≤ 80 Pré-hipertensão 121 – 139 81 – 89 Hipertensão estágio 1 140 – 159 90 – 99 Hipertensão estágio 2 160 – 179 100 – 109 Hipertensão estágio 3 ≥ 180 ≥ 110 Quando a PAS e a PAD situam-se em categorias diferentes, a maior deve ser utilizada para classificação da PA. 30 Aspectos Gerais do Atendimento à Urgência e Emergência Quanto à classificação para as crianças e ado- lescentes, são considerados hipertensos quando apresentam PAS e/ou PAD superiores ao per- centil (p) 95, conforme idade, sexo e percentil de altura em, pelo menos, três momentos distintos (MALACHIAS et al., 2016). Para finalizar as avaliações dos sinais vitais, ve- remos os métodos para verificar a temperatura. Para isso, você precisa de um termômetro e, inicial- mente, será necessário higienizá-lo com algodão e álcool, agitando até que acuse uma temperatura igual ou inferior a 35 ºC (95 ºF). Feito isso, seque a axila do(a) avaliado(a), posicione corretamente o termômetro na axila, com o braço pressionado contra o corpo, segurando a extremidade opos- ta ao reservatório (GONÇALVES, 2009). Caso o termômetro não seja digital, aguarde durante cin- co minutos antes da leitura. A temperatura axilar normal é de 36,5 ºC. Na tabela a seguir, pode ser observada a classificação de estado febril. Tabela 4 - Classificação de estado febril Subfebril 37 a 37,5 ºC Febre baixa 37,5 a 38,5 ºC Febre moderada 38,5 a 39,5 ºC Febre alta 39,5 a 40 ºC Fonte: adaptada de Gonçalves (2009). Nesta unidade, verificamos os procedimentos gerais para avaliação da vítima, e estes conheci- mentos serão necessários para você compreender os conteúdos das demais unidades. Caro(a) aluno(a), ao longo desta unidade, des- tacamos o papel importante que o(a) profissional de saúde possui frente às situações de urgência e emergência. Você deve ter se dado conta da sua responsabilidade, acima de tudo, como cidadão, mas também como profissional diante de lesões ou eventos que coloquem em risco a vida do paciente. Neste sentido, buscamos trazer informações relacionadas à importância que você tem diante da construção de uma boa relação com o paciente, pois ela se configura como o primeiro passo no atendimento de primeiros socorros. O relaciona- mento interpessoal concreto e efetivo desenvolve o vínculo de confiança e segurança entre os sujei- tos perante essas situações. Em um segundo momento, caro(a) aluno(a), existe a necessidade de avaliar corretamente o local e as vítimas do acidente ou lesão, garantindo que a sua segurança esteja preservada, e isso permite o gerenciamento adequado dessas condições. Desta maneira, buscamos trazer para você os fatores que interferem no atendimento inicial e os principais equipamentos que podem ser utilizados nessas situações. Adicionalmente, você pode ad- quirir conhecimentos em relação à identificação dos sinais e sintomas que auxiliam na classificação do evento, possibilitando um atendimento mais rápido e eficaz e sobre as técnicas corretas em re- lação à verificação dos sinais vitais. Por fim, destacamos que o conhecimento sobre primeiros socorros não se resume a esta unidade. Ainda há muito para aprender. Bons estudos! Caro(a) aluno(a), acesse o link da 7ª Diretriz Brasileira de Hipertensão Arterial e veja as tabelas de referência para avaliação da pressão arterial nas páginas 55 a 58. Disponível em: <http://publicacoes. cardiol.br/2014/diretrizes/2016/05_HIPERTENSAO_ARTERIAL.pdf>. Fonte: as autoras. 31 Você pode utilizar seu diário de bordo para a resolução. 1. Os atendimentos de primeiros socorros na área de urgência e emergência são competências dos Profissionais da Saúde. As responsabilidades com os indiví- duos que realizam algum procedimento e/ou tratamento com estes profissionais seguem alinhadas aos direitos constitucionais, civis, penais e, sobretudo, à ética profissional. Segundo a Resolução nº 1451/95, do Conselho Federal de Medicina, a constatação de condições de agravo à saúde que impliquem risco iminente de morte ou sofrimento intenso indica uma situação de: a) Caráter menos imediatista. b) Urgência. c) Síndrome do jaleco branco. d) Emergência. e) Síncope. 2. Enquanto profissionais, temos responsabilidade sobre nossas intervenções e não podemos admitir que nossas atitudes diante de situações de urgência ou emergência sejam equivocadas. Avalie as seguintes asserções e a relação proposta entre elas: I. Aproximar o Profissional da Saúde das técnicas de primeiros socorros é im- prescindível para oferecer informação atualizada sobre os diversos episódios de urgência e emergência na prática profissional. PORQUE II. Conhecer os riscos e medidas preventivas, bem como os protocolos de atendimento, permitem agir com mais segurança, qualidade e competência. A respeito dessas asserções, assinale a alternativa correta. a) As asserções I e II são verdadeiras, e a II é uma justificativa da I. b) As asserções I e II são verdadeiras, mas a II não é uma justificativa da I. c) As asserções I e II são proposições falsas. d) A asserção II é uma proposição falsa, mas a I é uma proposição verdadeira. e) A asserção I é uma proposição falsa, mas a II é uma proposição verdadeira. 32 3. Você recebe em seu consultório um paciente jovem, do sexo masculino, e antes do início do atendimento ele sofre uma queda e fica inconsciente, seu primeiro procedimento será: a) Realizar as manobras de ressuscitação cardiopulmonar. b) Realizar a manobra de desobstrução das vias aéreas. c) Avaliar os sinais vitais. d) Avaliar a responsividade da vítima. e) Verificar a sua segurança antes de realizar o atendimento. 4. A hipertensão arterial, frequentemente chamada de pressão alta, é uma doença multifatorial e sistêmica. Segundo a VII Diretriz Brasileira de Hipertensão Arterial, é considerada hipertensão arterial estágio I em indivíduos acima de 18 anos, quando a pressão: a) Sistólica é < que 120 mmHg, e a diastólica < que 80 mmHg. b) Sistólica é > que 130 mmHg, e a diastólica < que 90 mmHg. c) Sistólica é ≥ a 140 mmHg, e a diastólica ≥ que 90 mmHg. d) Sistólica está 140-159 mmHg, e a diastólica 90-99 mmHg. e) Sistólica é igual a 139 mmHg, e a diastólica igual a 85 mmHg. 33 5. O Profissional da Saúde deve estar apto a reconhecer as situações que põem a vida em risco, assim como os procedimentos de primeiros socorros, pois são importantes para manter a vítima em melhor condição possível até que se ob- tenha atendimento médico.Portanto, este profissional tem como objetivo(s), nos primeiros socorros: I. Diagnosticar as doenças. II. Solicitar assistência médica e serviço de emergência. III. Minimizar o risco de outras lesões e complicações. IV. Evitar infecções. V. Receitar medicamentos para prevenir as complicações. É correto o que se afirma em: a) I, II, III e IV, apenas. b) I, II e III, apenas. c) II, III e IV, apenas. d) II e III, apenas. e) I, apenas. 34 Primeiros Socorros nos Esportes Autor: Melinda J. Flegel Editora: Manole Sinopse: o sucesso de uma equipe de profissionais de saúde requer trabalho em grupo e vontade de se preparar. Esse livro apresenta a função que cabe a você em uma equipe de profissionais de saúde para atletas, incluindo suas responsabilidades e limitações. Irá ajudá-lo(a) a se preparar para situações de primeiros socorros, apresentando-lhe diretrizes para a formulação de um plano de emergência médica. Ao fazer uso dessas estratégias, você poderá reduzir de forma significativa os riscos de lesões ou doenças em seus atletas. Você deverá estar preparado para prestar primeiros socorros de maneira rápida e adequada quando ocorrerem, pois isso pode ajudar a salvar a vida de um atleta. LIVRO O Dr. Drauzio Varella fala sobre a importância do conhecimento em primei- ros socorros. Ao final, ele dá dica de um aplicativo gratuito, disponível para Android e IOS. Para acessar, use seu leitor de QR Code. WEB https://apigame.unicesumar.edu.br/getlinkidapp/3/188 35 ALBERT, C. M. et al. Triggering of sudden death from cardiac causes by vigorous exertion. N Engl J Med, v. 343, p. 1355-61, 2000. AHA. American Heart Association. Part 13: Pediatric Basic Life Support. Circulation, AHA Journals, v. 122, n. 18 suppl 3, nov. 2010. Disponível em: <http://circ.ahajournals.org/content/122/18_suppl_3/S862.short>. Acesso em: 15 jan. 2019. AMERICAN RED CROSS SCIENTIFIC ADVISOTY COUNCIL. Hand Hygiene Scientific Review. 2010. Disponível em: <http://www.redcross.org/take-a-class/scientific-advisory-council>. 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C. 39 40 PLANO DE ESTUDOS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM • Conceituar lipotimia/síncope e descrever os primeiros socorros nessas situações. • Conceituar hipertensão arterial sistêmica, crise hipertensi- va e hipotensão e descrever os protocolos de atendimento. • Conceituar aterosclerose, doença arterial coronariana e angina. • Descrever o infarto agudo do miocárdio. • Conceituar parada cardiorrespiratória, identificar a obs- trução das vias aéreas e descrever o protocolo para aten- dimento. • Conceituar a síndrome de hiperventilação, identificar a crise asmática e os procedimentos de primeiros socorros. • Descrever o afogamento e descrever as condutas de pri- meiros socorros. Lipotimia e síncope Intercorrências do sistema cardiovascularAfogamentos Intercorrências do sistema respiratório Dra. Sabrina Weiss Sties Me. Xana Raquel Ortolan Urgências e Emergências Cardiovasculares e Respiratórias Lipotimia e Síncope Agora que você já conhece os procedimentos para avaliar os sinais vitais, nesta unidade, abordare- mos situações que podem ser decorrentes, ou que podem ocasionar eventos que promovam altera- ções nos sistemas cardiovascular e respiratório. Após identificar cada situação, apresentaremos os protocolos indicados para o atendimento das vítimas. Inicialmente, descreveremos as situações mais comuns, como a lipotimia e a síncope, as quais costumam ser de curta duração e podem ocorrer em indivíduos de qualquer faixa etária. Você também aprenderá a reconhecer quando o indivíduo apresenta hipertensão arterial sistê- mica, crise hipertensiva ou hipotensão, e quais são os posicionamentos indicados e demais condutas que devem ser realizadas nestes casos. Para que você, acadêmico(a), possa compreen- der melhor como e por que ocorre o infarto agudo do miocárdio e a parada cardíaca, abordaremos os aspectos relacionados à aterosclerose e à doença arterial coronariana, as quais, entre outros fatores, podem causar IAM e PCR. 43UNIDADE 2 Por fim, serão relatados os conceitos e proce- dimentos relacionados aos casos que provocam alterações respiratórias, como a obstrução das vias aéreas, que ocorre frequentemente, devido ao en- gasgo com alimentos ou aspiração de líquido por submersão ou imersão; a síndrome de hiperventi- lação; e a crise asmática presenciada, geralmente, nos casos de ansiedade. Aproveite o conteúdo desta unidade e lembre- -se de verificar os tópicos que trazem indicações para o aprofundamento do seu estudo. Os conhecimentos sobre os procedimentos gerais para avaliação das vítimas em situações de urgência e emergência que abordamos na Uni- dade 1 serão complementados pelos conteúdos desta e das próximas unidades. Desta forma, ini- ciaremos pelos conceitos e condutas relacionados à lipotimia e síncope. A lipotimia é caracterizada por alteração da consciência (sem perda total dela) em cuja situação a vítima relata a sensação de desmaio (Figura 1). No entanto, na síncope, há perda súbita da cons- ciência e, consequentemente, o desmaio (Figura 2). Ambas as situações são de curta duração, e a recu- peração da consciência geralmente é espontânea. Figura 1 - Lipotimia Figura 2 - Síncope A lipotimia e a síncope podem ocorrer em decor- rência de diversas situações. As causas mais co- muns estão relacionadas à desidratação, à anemia, à diminuição de fluxo sanguíneo e ao oxigênio no cérebro, aos traumas na cabeça, aos proble- mas neurológicos ou devido à hipoglicemia, que, geralmente, ocorre em indivíduos que não se ali- mentaram, estão fazendo regimes sem orientação ou em diabéticos (GONÇALVES, 2009). Entre estas, a causa mais frequente é a dimi- nuição da atividade cerebral. Para manter a oxi- genação no cérebro, o corpo desfalece e mantém um metabolismo basal, ou seja, realiza a mínima atividade com o mínimo gasto de energia. Estas situações podem ocorrer também devido à queda súbita da pressão arterial (hipotensão) em con- sequência da dor, emoção intensa, esforço físico, fobia de ambientes fechados, calor excessivo e ao ver sangue (MORAES, 2010). Segundo Gonçalves (2009), os sinais e sinto- mas destas situações são: • Sensação de fraqueza. • Escurecimento da visão. • Náuseas, vômito. • Pele fria e pegajosa. • Pulso rápido e fraco. • Extremidades dos pés e mãos geladas. • Extremidades cianóticas (coloração azul- -arroxeada). Os primeiros socorros dependerão se o indivíduo está, ou não, consciente. Apresentaremos, a seguir, quais devem ser os procedimentos. Geralmente, ao presenciar estas situações, são tomadas condutas equivocadas e erradas, como: jogar água no rosto da vítima, oferecer líquido ou comida, utilizar produtos com odor forte, como vinagre, água sanitária (hipoclorito de sódio), en- tre outros, para tentar acordar a vítima. No entan- to, as condutas devem ser baseadas em protocolos, e não em conhecimento popular. Figura 4 - Posicionamento da vítima inconsciente Figura 3 - Posicionamento da vítima consciente Fonte: Flegel (2008, p. 114). • Ajude-o a sentar em uma cadeira. • Inicialmente, verifique o pulso e respiração. • Você deve monitorar os sinais vitais. • Você deve monitorar os sinais vitais. • Afrouxe as roupas. • Afrouxe as roupas. • Caso verifique alteração dos sinais vitais e não ocorra recuperação dentro de alguns minutos, chame o serviço de urgência. • Caso verifique alteração dos sinais vitais e não ocorra recuperação dentro de alguns minutos, chame o serviço de urgência. • Oriente que coloque a cabeça entre os joelhos, fazendo uma pressão com as mãos na região cervical. • Eleve os membros inferiores cerca de 20 cm. • Se já estiver ao chão, eleve os membros inferiores cerca de 20 cm. • Coloque-o em posição de recupe- ração (se não estiver lesionado), com a cabeça lateralizada. Se o(a) paciente estiver inconsciente Se o(a) paciente estiver consciente Entre os distúrbios fisiopatológicos do sistema cardiovascular, que podem causar alterações graves na homeostase, gerando danos intensos e irreversíveis ao organismo, podemos destacar a Hipertensão Arterial (HA), a aterosclerose, a Doença Arterial Coronariana (DAC), angina, Infarto Agudo do Miocárdio (IAM) e a parada cardiorrespiratória, bem como os procedimentos indicados no atendimento dos primeiros socorros às vítimas, como veremos a seguir. Hipertensão Arterial Sistêmica, Crise Hipertensiva e Hipotensão Caro(a) aluno(a), na Unidade 1, verificamos a classificação da pressão arterial e os procedi- mentos para avaliar a PA. Nesta unidade, abor- daremos os conceitos e as condutas nos casos de alteração da PA. Intercorrências do Sistema Cardiovascular 47UNIDADE 2 Neste contexto, podemos citar a hipertensão arterial (HA), que é considerada uma doença multifatorial em que há elevação sustentada dos níveis pressóricos. Geralmente, está associada a al- terações metabólicas, funcionais e/ou estruturais de órgãos-alvo. A HA pode ser agravada, devido aos fatores de risco, como obesidade abdominal, dislipidemia e diabetes mellitus. Além disso, está associada a eventos, como acidente vascular ence- fálico (AVE), doença renal crônica, infarto agudo do miocárdio (IAM), insuficiência cardíaca (IC) e morte súbita (MALACHIAS et al., 2016). Por sua vez, nas crianças, as taxas de hipertensão são maiores quando apresentam obesidade, distúrbios respiratórios do sono ou doença renal crônica (FLYNN et al., 2017). Durante os primeiros socorros: • Mantenha o(a) paciente em repouso ab- soluto, de maneira confortável (sentado ou semissentado). • Afrouxe as roupas. • Monitore os sinais vitais. • Se necessário, acione o SAMU. • A elevação dos membros inferiores, neste caso, está contraindicada. Dentre os casos de elevação da PA, encontra-se a crise hipertensiva, a qual pode ser classificada como urgência hipertensiva ou emergência hi- pertensiva. Estas são situações clínicas sintomáticas em que é observada elevação acentuada da pressão arterial diastólica (≥ 120 mmHg), sendo que, na urgência hipertensiva, há elevação da PA supe- rior ao percentil 99. Nestes casos, pode ocorrer acometimento neurológico, renal, hepático, in- suficiência miocárdica, convulsões e alterações visuais (MALACHIAS et al., 2016). As condutas têm ênfase em prestar os primei- ros socorros realizando a rápida identificação da crise hipertensiva e remoção da vítima, para isso, acione o serviço de emergência (BRASIL, 2003). Outra alteração da pressão arterial, bastante comum, é a hipotensão, a qual apresenta níveis de pressão abaixo do normal, com PAS < 90 mmHg (JENSEN, 2013). Não é considerada uma doença, porém pode estar relacionada com diabetes mel- litus, infarto do miocárdio, entre outros. As quedas da pressão podem ocorrer por diversos motivos quecausam a perda do controle do fluxo de sangue e a hipovolemia (diminuição de sangue no corpo), entre estes, jejum prolongado, desidratação, uso de diuréticos e troca repentina de posição (hipotensão postural ou ortostática) (VARELLA, 2018, on-line)1. A vítima com hipotensão pode apresentar: tontura, visão embaçada, náuseas, vômitos sín- cope, pulso rápido ou irregular, fadiga, confusão e dispneia (MION, 2016, on-line)2. Durante os primeiros socorros: • Mantenha o(a) paciente em repouso, dei- tado(a) de maneira confortável, com os membros inferiores elevados. • Afrouxe as roupas. • Monitore os sinais vitais. • Se necessário, acione o SAMU. Figura 5 - Elevação dos membros inferiores 48 Urgências e Emergências Cardiovasculares e Respiratórias Aterosclerose, Doença Arterial Coronariana (DAC) e Angina Os protocolos para o atendimento de eventos car- diovasculares passam por revisões e atualizações, frequentemente. Portanto, você encontrará conteúdo, com os mais recentes consensos e diretrizes disponí- veis, para que possa dispor de uma fonte confiável de consulta e estudo. Além disso, utilizamos uma pro- posta prática e concisa dos principais assuntos que envolvem este tema. Iniciaremos pela aterosclerose. A aterosclerose ocorre devido à resposta da pa- rede arterial a diversos agentes agressores, na qual há deposição de lípides, inflamação e evolução da placa aterosclerótica (placa de gordura). A ateros- clerose tem início quase concomitante à formação do próprio corpo humano. As lesões iniciais podem ser identificadas em fetos de mães com altos níveis de colesterol, e em crianças na primeira infância. A evolução das lesões continua até desenvolver o ateroma, em torno da quinta década de vida (MAR- TINS et al., 2009). Este pode causar obstrução do fluxo sanguíneo e, consequentemente, doença ar- terial coronariana. A DAC é considerada a principal causa de óbi- to no mundo. A cada ano, mais de sete milhões de indivíduos morrem em decorrência dessa doença (MORAES, 2015). Há comprometimento do fluxo sanguíneo nas artérias coronárias e, consequente- mente, redução da chegada do oxigênio ao coração (PINHO et al., 2010). Por conta disto, os indivíduos com DAC podem experimentar episódios de angina (dor ou desconforto na região torácica). Nestes casos, você deve ligar para o serviço de ur- gência e recomendar que a pessoa utilize os próprios medicamentos enquanto aguarda o atendimento. Essa situação pode progredir para infarto agudo do miocárdio, acidente vascular cerebral ou morte súbita, por isso, é extremamente relevante monitorar os sinais vitais e realizar os procedimentos, confor- me indicados nos próximos tópicos. Infarto Agudo do Miocárdio (IAM) A maioria das mortes relacionadas ao IAM ocorre fora dos hospitais e, geralmente, não é assistida pe- los profissionais da saúde. Grande parte das vítimas morrem nas primeiras 24 horas após o evento, sen- do 50% na primeira hora por taquiarritmia ventri- cular (PIEGAS et al., 2015; MORAES, 2015). Logo, essa situação deve ser reconhecida rapidamente. Quando há ativação inflamatória, agregação plaquetária, vasoconstrição e trombose da coro- nária, a oclusão coronariana, por algum tempo, provocará o infarto. Essa isquemia que ocorre no músculo cardíaco e promove injúria ou necrose é denominada infarto do miocárdio (GONZALEZ et al., 2013). Os sintomas são desconforto ou dor opressiva na região torácica anterior e/ou posterior, com sen- sação de queimação e sufocamento, dor na mandí- bula, na região cervical, no ombro, nos membros superiores (geralmente o esquerdo) e no epigástrio. Pode ocorrer parestesia no membro superior (ge- ralmente esquerdo) e a vítima, geralmente, apre- senta sudorese, dispneia e náuseas (SBC, 2013b). O IAM pode levar a uma parada cardíaca e é considerado uma das principais causas de PCR. Na suspeita de infarto, deve-se chamar o serviço de emergência e monitorar os sinais vitais. Se o quadro evoluir para uma parada cardíaca, realizam-se os procedimentos de ressuscitação cardiopulmonar. 49UNIDADE 2 Parada Cardiorrespiratória (PCR) A situação de maior emergência é a parada car- diorrespiratória (PCR) (MORAES, 2015), devido à parada do funcionamento do coração e dos pul- mões, o que resultará em morte caso não sejam realizados os procedimentos de primeiros socorros. As características da vítima em PCR são: perda da consciência, gasping (respiração de forma anor- mal), ausência da responsividade, perda da respi- ração e do pulso (SBC, 2013b). A taquicardia ventricular sem pulso e a fibrilação ventricular são consideradas as principais causas desse evento em ambiente extra-hospitalar (GON- ZALEZ et al., 2013). As PCRs são mais frequentes em adultos, mas também ocorrem em crianças. A cada minuto, após o evento sem ressuscitação car- diopulmonar (RCP) e desfibrilação, as chances de sobrevivência da vítima diminuem de 7 a 10%. Por- tanto, é extremamente relevante a RCP, pois, quando realizada, as chances de sobrevida diminui 3 a 4% a cada minuto de PCR (MORAES, 2015). Os protocolos descritos nas diretrizes de Res- suscitação Cardiopulmonar são destinados tanto aos profissionais da saúde quanto para leigos. No entanto, é importante ficar atento(a), pois livros, ar- tigos e diretrizes mais antigas trazem uma sequência diferente de procedimentos para RCP. A recomen- dação é utilizar sempre os materiais mais atuais. As novas diretrizes internacionais não adicio- naram muitas modificações no atendimento às vítimas de PCR, mas enfatizam as compressões torácicas como a chave para o sucesso da res- suscitação, tendo como principal objetivo mi- nimizar atrasos na intervenção (GONZALEZ et al., 2013). Na Unidade 1, abordamos a sequência de procedimentos para realizar o suporte básico de vida e a corrente da sobrevivência; agora, você verificará como executar estes procedimentos, conforme a I Diretriz de Ressuscitação Car- diopulmonar e Cuidados Cardiovasculares de Emergência da Sociedade Brasileira de Cardio- logia (GONZALEZ et al., 2013) e as Diretrizes da American Heart Association de 2015 para RCP e ACE (AHA, 2015). Após avaliar a responsividade e reconhecer a PCR (presença de gasping ou ausência de pulso), você deverá: • Ligar para o Sistema de Atendimento Móvel de Urgência – SAMU 192 – e estar preparado(a) para responder informações sobre local da ocorrência, os sinais e sinto- mas da vítima. • Solicitar, se disponível no local, um desfi- brilador externo automático. 50 Urgências e Emergências Cardiovasculares e Respiratórias Para utilizar o DEA, você precisa ligar o aparelho, apertando o botão ON - OFF (alguns equipamen- tos ligam, automaticamente, ao abrir a tampa). As pás (eletrodos) devem ser colocadas no tó- rax da vítima; nelas há o desenho instruindo o posicionamento. Caso o choque seja indicado, o aparelho avisará “choque recomendado, afaste-se”. Você precisará pressionar o botão indicado para aplicar o choque. A RCP deverá ser iniciada imediatamente após o choque e, caso o aparelho não indique o choque, deve realizar a RCP imediatamente. Se a vítima retomar a consciência, o aparelho não deverá ser desligado ou retirado até a chegada do serviço de emergência. Quanto ao posicionamento das pás, quatro posições são aceitas: anterolateral, anteroposterior, anterior-esquerda infraescapular, anterior-direita infraescapular. Figura 6 - Utilização do desfibrilador externo automático Desfibrilador é um equipamento utilizado no tratamento da fibrilação ventricular e da taquicardia ventricular sem pulso. O desfibrilador externo automático (DEA) reconhece o ritmo e avisa se o choque elétrico é recomendado. No entanto, nesse equipamento, a decisão de deflagrar o choque é dependente do operador. Em crianças e bebês, o DEA pode ser utilizado com pás (eletrodos) pediátricas e/ou atenuador de carga. Caso o kit do DEA não possua essa opção, podem ser utilizadas as mesmas pás do adulto, com o posicionamento anteroposterior.Em seguida, deve iniciar imediatamente os ciclos de 30 compressões torácicas e 2 ventilações. Para realizar as compressões em adultos e crianças (verifique a Figura 7), deixe a vítima dei- tada em decúbito dorsal sobre local rígido. Você deve estar posicionado entre a cabeça e o corpo da vítima (verifique as imagens), expor o tórax (retirando as roupas) e colocar a base de uma das mãos (região hipotenar) sobre ele e a base da outra mão sobre a primeira mão. Com os braços esten- didos, posicione suas mãos com os dedos abertos entrelaçados na metade inferior do esterno (fora do alcance das costelas). Os ombros devem estar alinhados com as mãos. Figura 7 - Compressões torácicas 51UNIDADE 2 Realize uma pressão, para deprimir o esterno 5 cm, comprimindo o coração em direção à coluna vertebral (Figura 8) e descomprima, sem perder o contato da mão com o esterno. Os tempos de compressão e descompressão de- vem ser similares. Nas crianças, a profundidade da compressão é de, pelo menos, um terço do diâmetro anteroposterior do tórax, portanto, também será cerca de 5 cm. Nas lactentes, a compressão torácica deve ser um terço do diâmetro anteroposterior do tórax, o que representa cerca de 4 cm. Você pode utilizar as mãos na lateral do tórax e comprimir com os primeiros dedos, ou utilizar apenas o segundo e terceiro dedo para realizar as com- pressões logo a seguir da linha mamilar (Fi- gura 9). A relação compressão-ventilação em crianças e lactentes, se tiver um socorrista, é de 30:2, mas, se houver dois ou mais socorristas, deve ser 15:2. Esterno Corpo vertebral Pericárdio Figura 8 - Compressão do esterno Fonte: Resgate Federal ([2018], on-line)3. Figura 9 - Compressões torácicas no bebê 52 Urgências e Emergências Cardiovasculares e Respiratórias Após realizar as 30 compressões, proceda com a abertura das vias aéreas, utilizando a manobra de extensão da cabeça. Existem diferentes formas para realizar as ven- tilações. Podem ser aplicadas por meio de ventila- ção boca a boca (Figura 10), com máscara/lenço facial com válvula antirrefluxo, máscara de bolso (pocket-mask) (Figura 11) ou bolsa-válvula-más- cara (Figura 12). No entanto, é indicado que você utilize mecanismos de barreira para aplicar as ventilações, devido ao risco de contaminação na ventilação boca a boca (GONZALEZ et al., 2013). O lenço facial é descartável. Esse material contém uma válvula unidirecional que impede o retorno do ar pela boca, protegendo quem está realizando o procedimento. Para utilizá-lo, após realizar a abertura da via aérea, você precisa es- tabilizar a mandíbula vedando o lenço facial o máximo possível na boca da vítima, pinçando o nariz e assoprando na válvula. Por outro lado, com a máscara de bolso ou pocket-mask, que também contém uma válvula unidirecional, você deve envolver a boca e nariz da vítima, realizar uma letra “C” com os dedos indicador e polegar de uma das mãos e posicionar na parte superior da máscara, e, com a outra mão, posicionar o polegar na região inferior da máscara e os outros dedos na mandíbula (Figura 11). Outra maneira de realizar as ventilações é uti- lizando a bolsa-válvula-máscara ou ventilador/ ressuscitador manual. Para realizar o procedimen- to com uma das mãos, faça uma letra “C” com os dedos polegar e indicador e os posicione acima da máscara, realizando pressão contra a face da vítima. Posicione os outros três dedos na mandí- bula para estabilizá-la e pressione a bolsa durante 1 segundo para cada ventilação (com pressão su- ficiente para elevar o tórax) (Figura 12). Para realizar a ressuscitação de forma corre- ta, garanta fluxo sanguíneo e oxigenação, alguns cuidados são relevantes para que as compressões Figura 10 - Ventilação boca a boca Figura 11 - Ventilação com a máscara de bolso ou pocket- -mask Figura 12 - Ventilação com bolsa-válvula-máscara e ventilações sejam efetivas e de alta qualidade. Desta forma, devem ser realizadas, no mínimo, 100 compressões por minuto e, no máximo, 120, comprimindo rapidamente. A profundidade das compressões, não deve ser superior a 6 cm; após cada compressão deve-se permitir o retorno total do tórax, sendo que as interrupções nas compres- sões devem ser minimizadas (AHA, 2015). 53UNIDADE 2 No quadro a seguir, apresentamos um resumo dos componentes da RCP. Quadro 1 - Componentes da RCP de alta qualidade Componente Adultos e adolescentes Crianças (1 ano de idade à puberdade) Bebês (menos de 1 ano de idade, excluindo recém-nascidos) Segurança do local Verifique se o local é seguro para os socorristas e a vítima Reconhecimento da PCR Verifique se a vítima responde. Ausência de respiração ou apenas gasping. Nenhum pulso sentido em 10 seg. Acionamento do serviço médico de emergência Se estiver sozinho, deixe a vítima e acio- ne o 192; obtenha DEA, antes de iniciar a RCP. Do contrário, peça que alguém chame o 192 e inicie a RCP imediata- mente; use o DEA assim que ele estiver disponível. Colapso presenciado: siga as etapas utilizadas em adultos e adolescentes Colapso não presenciado: execute 2 minutos de RCP; deixe a vítima para acionar o 192 e buscar o DEA; retorne à criança e reinicie a RCP; use o DEA assim que ele estiver disponível. Relação compres- são-ventilação sem via aérea avançada 1 ou 2 socorristas = 30:2 1 socorrista = 30:2 2 ou mais socorristas= 15:2 Relação compres- são-ventilação com via aérea avançada Compressões contínuas a uma frequência de 100 a 120/min. Administre 1 ventilação a cada 6 segundos (10 respirações/min). Frequência de compressão 100 a 120/min. Profundidade de compressão No mínimo 5 cm. Pelo menos 1/3 do diâmetro antero- posterior do tórax; cerca de 5 cm. Pelo menos 1/3 do diâmetro anteroposterior do tórax; cerca de 4 cm. Posicionamento das mãos 2 mãos sobre a metade inferior do esterno. 2 mãos ou 1 mão. 1 socorrista: 2 dedos no cen- tro do tórax, logo abaixo da linha mamilar. 2 ou mais socorristas: técnica dos dois polegares no centro do tórax, logo abaixo da linha mamilar. Retorno do tórax Aguarde o retorno do tórax após cada compressão; não se apoie sobre o tórax após cada compressão. Minimizar interrupções Limite as interrupções nas compressões torácicas a menos de 10 segundos. Fonte: adaptado de AHA (2015). Caso a vítima apresente pulso e respiração normal, é indicado colocá-la em posição de recuperação (se não houver suspeita de trauma). Conforme estudamos em Anatomia Humana, o Sistema Respiratório é um conjunto de órgãos e estruturas (nariz, cavidade nasal, seios paranasais, faringe, laringe, traqueia, brônquios, bronquíolos, pulmões e alvéolos) que formam um canal por onde passa o ar atmosférico. Durante o percurso, o ar é aquecido, filtrado e umidificado, chegando aos alvéolos pulmonares, no final dos bronquíolos, onde ocorre a troca do oxigênio pelo gás carbônico. Quando nos remetemos ao corpo humano, sabemos que o sistema respiratório é fundamen- tal para a manutenção da vida, pois o oxigênio é o principal combustível no processo químico para a queima de glicose adquirida dos alimentos ingeridos, transformando-a em energia para as atividades diárias do indivíduo. Qualquer fator que limite ou obstrua esse “ca- minho” por onde passa o ar durante a inspiração e expiração fará com que ocorra uma diminuição do oxigênio dos tecidos, podendo causar sérios danos, como lesões irreversíveis ou, até mesmo, levar a pessoa a óbito. Intercorrências do Sistema Respiratório 55UNIDADE 2 Obstrução das Vias Aéreas (OVA) A obstrução de vias aéreas, que pode ser citada com a sigla OVA, é considerada qualquer situa- ção que impede, totalmente, ou de forma par- cial, o fluxo de ar até os alvéolos pulmonares. A obstrução leve pode provocar dispneia e tosse. A obstrução grave pode levar à cianose nos lá- bios e face, alteração da consciência e inspiração respiratória com ruído. A observação da expres- são de angústia com a boca aberta e mãos sobreo pescoço são sinais característicos do engasgo (MORAES, 2010). A vítima de OVA pode apresentar obstrução, devido a causas intrínsecas, como por relaxamen- to da língua, graças ao rebaixamento do nível de consciência (oclui a hipofaringe), ou extrínsecas, por causa da aspiração de algum corpo estranho, como de alimentos, deslocamento de próteses dentárias ou presença de fragmentos dentários (QUILICI; TIMERMAN, 2011). Os traumas diretos sobre as vias aéreas também podem causar OVA, devido a hemorragias, edema ou fraturas da árvore laringotraqueobrônquica ou broncoaspiração de dentes. Outras causas de OVA podem ser decorrentes de queimaduras, as quais podem promover inflamação e edema de glote e de reações alérgicas causadas por alguns alimentos, produtos ou picadas de insetos, que desencadeiam reações alérgicas, acometendo a glote e causando edema (MORAES, 2010). A manutenção ou restauração da permeabili- dade das vias aéreas é essencial e deve ser realizada rapidamente para não resultar asfixia e morte. Enquanto a vítima ainda está consciente e apresenta obstrução parcial, o fluxo de ar está presente; se esta for capaz de emitir sons, você deve solicitar para a vítima realizar uma tosse forçada e a respiração espontânea. Caso a obstru- ção permaneça, acione o serviço de emergência (SBC, 2013b). Figura 13 - Manobra de Heimlich Os métodos para desobstrução de vias aéreas podem ser realizados de diversas formas, conforme os sinais que a vítima está apresentando. Para vítimas conscientes, adultas ou crianças, deve ser realizada (em pé) a manobra de Heimlich (Figura 13 e 14), exceto para gestantes e obesos, pois, nestes casos, es- tão indicadas as compressões torácicas (Figura 15). De acordo com SBC (2015), para realizar a manobra de Heimlich é necessário: • Posicionar-se atrás da vítima. • Abraçá-la com suas mãos em frente ao corpo. • Fechar uma das mãos e colocar o lado do polegar da mão fechada contra o abdômen, na linha média, logo acima do umbigo e bem abaixo do osso esterno. • Deve envolver a mão fechada com a ou- tra mão e pressionar contra o abdômen, realizando compressão rápida e forte para dentro e para cima (em “J”). Nas crianças, você deve posicionar-se atrás dela, na mesma altura, ou ficar ajoelhado(a). Em se- guida, execute os mesmos procedimentos da ma- nobra de Heimlich nos adultos. As compressões devem ser repetidas até que o objeto seja expelido ou a criança pare de responder. Caso a criança não responda, deve-se acionar o SAMU e iniciar, imediatamente, o SBV (GONZALEZ et al., 2013). 56 Urgências e Emergências Cardiovasculares e Respiratórias Na manobra de Heimlich, a compressão reali- zada eleva o diafragma, aumentando a pressão na via aérea. Por conta disto, essa manobra pode ser eficaz para criar uma tosse artificial e auxiliar a vítima a expelir o corpo estranho (QUILICI; TIMERMAN, 2011). Nas pessoas inconscientes devem ser realiza- das compressões abdominais em decúbito dorsal (Figura 16). Realize as compressões abdominais, acima da cicatriz umbilical, utilizando uma mão sobre a outra; comprima o abdômen em direção anteroposterior e em direção ao tórax; verifique a respiração e o pulso; na ausência destes, ligue para o SAMU (192) e inicie o protocolo para ressusci- tação cardiopulmonar (SBC, 2015). Nos bebês, a desobstrução deve ser realizada, colocando-o em decúbito ventral (Figura 17). Para realizar a manobra, sente-se e posicione o corpo do bebê em direção ao chão (cabeça mais baixa do que o corpo). Você deve sustentar a ca- beça com uma mão e apoiar o tórax sobre o seu antebraço. É recomendado aplicar cinco golpes na região entre as escápulas. Se o lactente não apresentar melhora, e você detectar ausência de pulso, inicie RCP e monitore os sinais vitais (GONZALEZ et al., 2013). Figura 16 - Compressões abdominais (paciente inconsciente/ não responsivo) Fonte: adapatada de HEIMLICH (2017, on-line)5. Figura 15 - Compressões torácicas para gestantes e obesos Fonte: adaptada de SBC (2013b). Figura 14 - Manobra de Heimlich em criança Fonte: adaptada de MEDLINEPLUS (2017, on-line)4. Figura 17 - Manobra de desobstrução para lactentes 57UNIDADE 2 Síndrome de Hiperventilação A hiperventilação é caracterizada pelo aumento da quantidade de ar inalada e exalada por minuto, que excede a quantidade necessária para o metabolismo celular normal (PAPP et al., 1997). A síndrome de hiperventilação causa alterações complexas com interação entre distúrbios orgânicos, respi- ratórios, psiquiátricos e fisiológicos (GARDNER, 1996). Os transtornos de ansiedade, como o de pânico, estão associados à hiperventilação leve e a outros padrões respiratórios anor- mais. A hiperventilação pode, portanto, ser considerada uma causa, um correlato e uma consequência dos ataques de pânico (SARDINHA et al., 2009). No entanto, a respiração rápida e profunda pode ser sinal de estresse, dor intensa, hemorragias, problemas cardíacos ou pulmonares, infecções, entre outros (BEST DOCTORS, [2018], on-line)6. Os sinais e sintomas característicos de hiperventilação são: confusão, sudorese, tontura, fraqueza, dormência ou sensação de formigamento nos braços ou boca, es- pasmos musculares nas mãos e pés, dor no peito e palpitação (CFAC, 2013, on-line)7. Nestes casos, você deve recomendar que a vítima respire em um saco ou sacola de papel limpo (evite usar sacos de plástico) para reutilizar o dióxido de carbono (Figura 18). A boca e o nariz devem estar cobertos completamente com o saco; o indivíduo precisa apertá-lo ligeiramente; você deve orientá-lo para que inicie inspiração e expiração, fazendo 6-12 respirações lentas. Solicite que permaneça calmo e respirando naturalmente. Em seguida, retire o saco de papel e peça para a vítima respirar lentamente. Instrua para que realize algumas técnicas de respiração, como expirar com os lábios fortemente pressionados e inspirar com o nariz aberto e a boca fechada, para controlar a falta de ar e diminuir o ritmo respiratório (BFA, 2016, on-line)8. Figura 18 - Respiração com sacola de papel Crise Asmática A asma é uma doença crônica, que promove es- treitamento das vias aéreas e inflamação. Esta está associada à hiperresponsividade das vias aéreas inferiores em decorrência do resultado de estimu- lação química, emocional, infecciosa, imunológica ou da associação desses fatores (HUPP; ELLIS; TUCKER, 2015). Os sinais e sintomas são: respiração rápida e curta – aumento da frequência respiratória –, tosse, dificuldade para respirar e falar, cianose, desconforto torácico e sibilos (chiados no tórax). Os sintomas são mais intensos, ocorrem à noite e nas primeiras horas da manhã. Podem ocorrer em resposta à exposição a alérgenos, à prática de exercícios físicos, à poluição ambiental e mudan- ças climáticas. Entre os aspectos ambientais, estão, também, a exposição aos ácaros e fungos e infec- ções virais (agentes causadores de pneumonia e resfriado). Adicionalmente, os fatores genéticos contribuem quando há histórico familiar de asma ou rinite (BRASIL, 2017). Nos casos de crise asmática, é recomendado acalmar a vítima, colocá-la em posição confor- tável, sentada ou semissentada, chamar o resgate ou encaminhar para o hospital (QUILICI; TI- MERMAN, 2011). Caso a vítima utilize e tenha disponível um broncodilatador aerossol, auxilie a fazer a autoadministração do medicamento. 59UNIDADE 2 A aspiração de líquidos (não corporais) por sub- mersão ou imersão caracteriza o afogamento. Essa situação ocorre quando a via aérea da vítima está abaixo do nível da superfície líquida. Caso não sejam tomadas as condutas de primeiros socorros, o afogamento pode levar à morte. Segundo crença popular, a vítima acena com a mão e chama por ajuda. No entanto, é observado, nestas situações, que ela encontra-se frequente- mente em posição vertical, com os membros su- periores estendidos lateralmente, batendo-os na água. As pessoas próximas da vítima podem nãoperceber que ela está com problemas. Devido à respiração ser instintivamente prioridade, a vítima de submersão, na maioria das vezes, é incapaz de gritar por socorro (SZPILMAN, 2005). É importante ressaltar que você deve tomar cuidado para prestar os primeiros socorros sem se tornar uma segunda vítima. Afogamentos 60 Urgências e Emergências Cardiovasculares e Respiratórias Recomenda-se que a remoção da vítima seja rea- lizada conforme o seu nível de consciência, sendo que a posição vertical deve ser adotada, com intuito de evitar vômitos e outras complicações das vias aéreas. Para o transporte de vítimas inconscientes, a posição deve ser mais próxima possível da horizon- tal, tomando cuidado para manter a cabeça acima do nível do corpo. Lembre-se de manter sempre as Figura 19 - Posicionamento da vítima Para prevenir afogamentos, não deixe crianças sozinhas dentro ou próximas da água. Diversos casos ocorrem com indivíduos que acreditam que sabem nadar. Portanto, não superestime a habilidade das crianças ou dos adultos. vias aéreas abertas e, ao chegar em ambiente seco, a vítima deve ser posicionada paralela ao espelho d’água, em decúbito dorsal (Figura 19) (WATSON et al., 2001; SZPILMAN; IDRIS; CRUZ-FILHO, 2002). Vítimas de submersão precisam receber, rapi- damente, SBV (Figura 20) no local do acidente, e é necessário verificar a possibilidade de trauma. Lem- bre-se de que as lesões neurológicas permanentes ocorrem após 5 minutos de asfixia, por isso, a rapi- dez no atendimento será extremamente relevante para o sucesso dos procedimentos. Portanto, retirar a vítima da água é prioridade. Se a vítima apresen- tar apneia, a ventilação deve ser iniciada ainda na água. Caso não seja detectado pulso, as compressões torácicas devem ser iniciadas, imediatamente, após a retirada da água. As manobras de ressuscitação reduzirão a hipóxia e minimizarão seus efeitos de- letérios (CAMPOS JÚNIOR; BURNS, 2014). 61UNIDADE 2 Caro(a) aluno(a), nesta unidade, verificamos diversos aspectos relacionados às urgências e emergências cardiovasculares e respiratórias, as quais podem ser simples ou, até mesmo, ocasionar problemas graves e levar a óbito. A lipotimia, a síncope e a obstrução das vias aéreas são bastante comuns e parece que estão mais próximas entre os eventos que podem ocorrer no nosso dia a dia. A parada cardiorrespiratória também apresenta grande incidência e é um problema mundial de saúde pública. Apesar de avanços relacionados à prevenção e ao tratamento, diversas vidas são perdidas, anualmente, no Brasil, devido, em parte, à falta dos primeiros socorros. Desta forma, é importante que este material consultivo seja relembrado ao longo da disci- plina, pois outras situações podem acabar evo- A limpeza das vias aéreas e a retirada de água dos pulmões são contraindicadas por não apresentarem eficácia e atrasar os procedimentos de SBV. Além disso, essas manobras podem provocar aspiração do conteúdo gástrico. Mesmo após a vítima retornar a respirar e apresentar pulso, é necessário que seja submetida à avaliação médica. Para evitar afogamentos de crianças, é necessária a supervisão permanente dos professores. Figura 20 - Elos da corrente de sobrevida Fonte: adaptada de Campos Júnior e Burns (2014). luindo para uma parada cardíaca ou respiratória. No que diz respeito à sua aplicabilidade, servirá para situações diversas, tanto nos atendimentos clínicos quanto para sua responsabilidade social enquanto cidadão. Lembre-se que há diferença nos protocolos das diretrizes e livros mais an- tigos, por isso é importante que você procure sempre por materiais atualizados e elaborados por especialistas. Caro(a) aluno(a), o intuito desta unidade foi quebrar os obstáculos para o atendimento das ví- timas, trazendo, de forma simples, mas detalhada, os procedimentos de primeiros socorros nestas situações, desde o reconhecimento das situações até o uso de desfibrilador externo automático, que pode e deve ser manuseado, inclusive, por pessoas que não são da área da saúde. 62 Você pode utilizar seu diário de bordo para a resolução. 1. A obstrução das vias aéreas (OVA) é uma emergência absoluta que, se não for reconhecida e resolvida, pode levar a óbito em minutos. Quando um bebê é vítima de OVA, deve ser realizado o procedimento de: a) Manobra de Heimlich, em posição ortostática. b) Manobra de Heimlich, em decúbito dorsal. c) Compressões torácicas, em posição ortostática. d) Manobra de desobstrução, em decúbito ventral. e) Manobra de desobstrução, em decúbito lateral. 2. A síncope é caracterizada pela perda transitória da consciência, como resul- tado da baixa perfusão cerebral, geralmente, por queda temporária súbita da pressão arterial associada à incapacidade de manter-se na posição de pé, com recuperação espontânea e completa. Sobre essa situação, verifique as asserções seguintes e assinale a alternativa correta. a) São sintomas de síncope: bradicardia, palidez, sudorese e hipotensão. b) É indicado colocar a vítima em decúbito dorsal com MMII elevados, e nunca virar a cabeça de lado. c) É indicado colocar a vítima em decúbito dorsal com MMII elevados e virar a cabeça de lado (para evitar que aspire secreções). d) É indicado oferecer álcool ou amoníaco para a vítima aspirar. e) É indicado colocar a vítima, imediatamente, na posição sentada. 63 3. Segundo as Diretrizes de Ressuscitação Cardiopulmonar da American Heart As- sociation (2015), para realização das compressões torácicas em adultos, na PCR, é recomendado posicionar-se ao lado da vítima – que deve ter o tórax desnudo –, colocar a região hipotenar da mão sobre o esterno da vítima e a outra mão sobre a primeira, entrelaçando-as, estendendo os braços e se posicionando cerca de 90° acima da vítima, comprimindo, com profundidade de, no mínimo, 5 cm, e permi- tindo o retorno completo do tórax após cada compressão, sem retirar o contato das mãos com ele. SOBE DESCE OMBROS SOBRE AS MÃOS BRAÇOS ESTICADOS USAR A BASE DAS MÃOS Em relação à frequência das compressões, estão indicadas: a) No mínimo, 100 compressões/minuto e, no máximo, 120. b) No mínimo, 50 compressões/minuto. c) 5 compressões/minuto. d) No mínimo, 80 compressões/minuto. e) No mínimo, 200 compressões/minuto e, no máximo, 320. 4. As vítimas de parada cardiorrespiratória (PCR) podem apresentar o gasp agônico, que é uma atividade semelhante à: a) Hipotermia, pois todos os sinais e sintomas são iguais. b) Hiperglicemia, pois todos os sinais e sintomas são iguais. c) Anemia, podendo confundir os possíveis socorristas. d) Hipertensão arterial sistêmica, pois os sinais são iguais. e) Convulsão, podendo confundir os possíveis socorristas. 64 5. As manobras de ressuscitação para bebês podem ser necessárias, sendo essen- cial o conhecimento e a habilidade para todos os profissionais que trabalham com esses indivíduos, visto que podem apresentar parada cardiorrespiratória. Analise as asserções sobre a ressuscitação cardiopulmonar em bebês e assinale a que é indicada realizar. a) Compressão torácica, com profundidade de 4 cm. b) Compressão torácica, com profundidade mínima de 15 cm. c) Uma compressão para cada 20 ventilações. d) Uma compressão para cada 50 ventilações. e) 50 compressões para cada 2 ventilações. 65 Treinamento de Emergências Cardiovasculares: básico (TECA B) Autor: Sociedade Brasileira de Cardiologia Editora: Manole Sinopse: esse livro foi desenvolvido com base na I Diretriz Brasileira de Parada Cardiorrespiratória e Emergência Cardiovascular da Sociedade Brasileira de Cardiologia – 2012 e na diretriz mais recente do International Liaison Committee on Resuscitation (ILCOR). O livro foi escrito por especialistas em emergência cardiovascular, seguindo critérios modernos de didática e treinamento, fazendo que ambos sejam ferramentas úteis e indispensáveis nos atendimentos hospi- talares e pré-hospitalares. Comentário: você poderá obter mais informações sobre suportebásico de vida, conceitos e procedimentos nos casos de infarto agudo do miocárdio, parada cardiorrespiratória, acidente vascular encefálico e obstrução das vias aéreas. Além disso, esse material traz diversas ilustrações de primeiros socorros. LIVRO Essa publicação resume os principais pontos de discussão e alterações feitas na atualização das Diretrizes de 2015 da American Heart Association para res- suscitação cardiopulmonar. Para acessar, use seu leitor de QR Code. WEB https://apigame.unicesumar.edu.br/getlinkidapp/3/194 66 AHA. American Heart Association. Destaque das Diretrizes da American Heart Association de 2015 para RCP e ACE. Dallas: AHA, 2015. Disponível em: <https://eccguidelines.heart.org/wp-content/uploads/2015/10/ 2015-AHA-Guidelines-Highlights-Portuguese.pdf>. Acesso em: 17 jan. 2019. BRASIL. Ministério da Saúde. Asma. On-line, 2017. Disponível em: <http://portalms.saude.gov.br/saude-de-a-z/ asma>. Acesso em: 17 jan. 2019. ______. Ministério da Saúde. Manual de primeiros socorros. Rio de Janeiro: Fundação Oswaldo Cruz, 2003. Disponível em: <http://www.fiocruz.br/biosseguranca/Bis/manuais/biosseguranca/manualdeprimeirossocorros. pdf>. Acesso em: 19 set. 2018. CAMPOS, J. D.; BURNS, D. A. R. Tratado de pediatria: Sociedade Brasileira de Pediatria. Barueri: Manole, 2014. FLEGEL, M. J. Primeiros Socorros no Esporte. 3. ed. São Paulo: Manole, 2008. FLYNN, J. T. et al. Clinical Practice Guideline for Screening and Management of High Blood Pressure in Children and Adolescents. Pediatrics, v. 140, n. 3, 2017. GARDNER, W. N. A fisiopatologia dos distúrbios de hiperventilação. Chest. v. 109, n. 2, p. 516-534, 1996. GONÇALVES, K. M. Primeiros socorros em casa e na escola. São Paulo: Yendis, 2009. GONZALEZ, M. M. et al. I Diretriz de Ressuscitação Cardiopulmonar e Cuidados Cardiovasculares de Emer- gência da Sociedade Brasileira de Cardiologia. 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Acesso em: 17 jan. 2019. 8Em: <http://basicfirstaid.ca/management-of-hyperventilation/>. Acesso em: 17 jan. 2019. 69 1. D. 2. C. 3. A. 4. E. 5. A. 70 PLANO DE ESTUDOS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM • Reconhecer e atuar diante da vítima acometida por uma emergência diabética. • Conhecer os sinais e sintomas de convulsões e epilepsia e as condutas de primeiros socorros. • Compreender a atuação diante de Ataque Isquêmico Transitório (AIT). • Compreender a atuação diante do Acidente Vascular En- cefálico (AVE). • Identificar os indícios de Traumatismo Cranioencefálico (TCE) e Traumatismo Raquimedular (TRM). Hiperglicemia e hipoglicemia Convulsão e epilepsia Acidente vascular encefálico (AVE) Traumatismo cranioencefálico (TCE) e traumatismo raquimedular (TRM) Ataque isquêmico transitório (AIT) Dra. Sabrina Weiss Sties Me. Xana Raquel Ortolan Urgências e Emergências Metabólicas e Neurológicas Hiperglicemia e Hipoglicemia Caro(a) aluno(a), você, como profissional de saú- de, deve estar preparado(a) para atuar em todas as situações de emergência. Para que sua conduta resulte na melhora dos sintomas, no restabeleci- mento dos sinais vitais e na prevenção de lesões secundárias, você precisa saber reconhecer as di- ferentes situações que necessitam de atendimento em primeiros socorros. Nesta unidade, vamos nos dedicar aos estudos das principais urgências e emergências metabólicas e neurológicas. Neste sentido, tenha em mente que sua primei- ra abordagem de primeiros socorros em urgências e emergências metabólicas e neurológicas deverá ser determinada pelos sinais e sintomas que serão descritos nesta unidade. 73UNIDADE 3 Diabetes mellitus (DM) não é uma única doença, mas um grupo heterogêneo de distúrbios metabólicos que apresenta em comum a hipergli- cemia (excesso de glicose na corrente sanguínea), resultante de alterações na secreção e/ou ação da insulina, que envolve destruição das células beta pancreáticas, comprometimento da secre- ção da insulina, resistência à ação da insulina, entre outros (SBD, 2016; LYRA; CAVALCANTI; SANTOS, 2014). A classificação atual do DM baseia-se na etio- logia, e não no tipo de tratamento, portanto, a DM tipo 1A está relacionada a fatores genéticos e ambientais e, na DM tipo 1B, a etiologia não está elucidada.O DM tipo 2 pode estar presente em indivíduos de qualquer idade, e o diagnóstico ocorre após os 40 anos. A maioria dos casos (90 a 95%) de diabetes é ocasionada por DM2, a qual se caracteriza por defeitos na ação e secreção da insulina e na regulação da produção hepática de glicose. Outros aspectos também são corre- lacionados a esse tipo de DM, como: sobrepeso, obesidade, sedentarismo e dietas ricas em gor- duras (SBD, 2016). No Quadro 1, podem ser identificados os valo- res de glicose plasmática (em mg/dl) para diagnós- tico de diabetes mellitus. Os sintomas clássicos da hiperglicemia são: poli- dipsia (sede excessiva), poliúria (aumento da quan- tidade de excreção de urina), polifagia (fome em ex- cesso) e perda considerável de peso. Outros sintomas que levantam a suspeita clínica são: fadiga, fraqueza, letargia e prurido cutâneo e vulvar. Entretanto, de- ve-se destacar que o diabetes é assintomático em proporção significativa dos casos (BRASIL, 2006). Em casos diagnosticados, além da prática regu- lar de exercício físico e da alimentação adequada, o portador faz uso de medicamentos para o controle da glicemia e, em indivíduos com problemas gra- ves de diabetes, pode ser necessária a administra- ção de insulina, por meio de injeções ou de uma bomba, que fornece esse hormônio em doses re- duzidas por um pequeno tubo inserido sob a pele. Sabe-se que o exercício físico pode influenciar na quantidade do hormônio que o corpo necessita, é por isso que atletas diabéticos devem ser constan- temente monitorados, especialmente aqueles que apresentam problemas para controlar o diabetes. Quadro 1 - Valores de glicose plasmática (em mg/dl) para diagnóstico de diabetes mellitus Categoria Jejum* 2 h após 75 g de glicose Casual** Glicemia normal < 100 < 140 Tolerância à glicose diminuída ≥ 100 a 126 ≥ 140 a < 200 Diabetes Mellitus ≥ 126 ≥ 200 ≥ 200 (com sintomas clássicos)*** *O jejum é definido como a falta de ingestão calórica por, no mínimo, 8 h. **Glicemia plasmática casual é aquela realizada a qualquer hora do dia, sem se observar o intervalo desde a última refeição. ***Os sintomas clássicos do DM incluem poliúria, polidipsia e perda não explicada de peso. Nota: o diagnóstico do DM deve sempre ser confirmado pela repetição do teste em outro dia, a menos que haja hipergli- cemia inequívoca com descompensação metabólica aguda ou sintomas óbvios de DM. Fonte: adaptado de SBD (2016). 74 Urgências e Emergências Metabólicas e Neurológicas Neste contexto, é importante que você conheça os procedimentos para medição do nível de glicose capilar. Existem diversos modelos de equipamen- tos para medição da glicose sanguínea, portanto, podem diferir quanto a alguns procedimentos, assim, é importante que você consulte o manual de cada equipamento. A seguir, descrevemos uma técnica para medição da glicose: 1. Quando possível, a vítima deve lavar e secar corretamente as mãos (você, assim como nos demais procedimentos, deve usar luvas). 2. Você deve ligar o glicosímetro. 3. Introduzir a ponta da lanceta descartável no dedo do indivíduo. 4. Com a fita teste, você absorverá a gota de sangue. 5. A fita teste deve ser colocada no glicosí- metro. 6. Você deve aguardar alguns segundos até que o valor de glicemia apareça no moni- tor do glicosímetro. 7. Ofereça um curativo ou algodão para o paciente cobrir o local perfurado. 8. O material deve ser descartado de forma correta, conforme as normas de biosse- gurança. Apesar dos tratamentos já bem estabelecidos para o controle da hiperglicemia, não é incomum nos depararmos com indivíduos que apresentam o nível de glicose acima do recomendado. Embora saibamos que uma das maneiras de diminuir a glicemia sanguínea é por meio da prática de exer- cícios, a Sociedade Brasileira do Diabetes (2017) recomenda a suspensão do exercício físico em caso de glicemia acima de 250 mg/dL, na presença de cetose, ou em caso de glicemia acima de 300 mg/dL, mesmo na ausência de cetose. Assim, se você verificar que o atleta apresenta um quadro de hiperglicemia: 1. Afaste-o de todas as atividades e moni- tore os níveis de glicose do sangue (caso ele tenha um monitor). 2. Acione a equipe de resgate se os sinais indicarem evolução para um quadro grave (confusão mental, hálito cetôni- co, náuseas, sede excessiva e respiração ofegante). 3. Monitore os sinais vitais e realize a RCP, se houver necessidade. Desta maneira, também é importante estar atento aos sinais e sintomas de hipoglicemia. O paciente apresenta palidez, sudorese fria, confusão mental, delírio, nervosismo, ansiedade, taquicardia, ton- tura, sonolência, visão turva, sensação de formi- gamento nos lábios e na língua, fraqueza e déficit de coordenação motora (SBD, 2016). Quanto aos procedimentos para atendimento de pacientes com hipoglicemia conscientes: 1. Ofereça alimentos ou líquidos compostos por frutose, sacarose e oligossacarídeos (balas, sucos) (AHA, 2015). 2. Monitore os sinais vitais. Por outro lado, os procedimentos para pacientes hipoglicêmicos que estão inconscientes são: 1. Não administre nada por via oral. 2. Solicite o serviço de emergência. 3. Monitore os sinais vitais e, se necessário, inicie protocolo de RCP. A partir disso, lembre-se sempre de que, para pre- venir a hipoglicemia, a hiperglicemia e as compli- cações do DM, é importante manter os níveis de glicose dentro dos valores estabelecidos. 75UNIDADE 3 Convulsão e Epilepsia Antes de iniciarmos este capítulo, você precisa entender que convulsão e epilepsia não são sinô- nimos; a epilepsia é uma doença específica que predispõe o indivíduo a convulsões, mesmo na ausência de problemas, como traumas na cabeça ou tumores cerebrais. Então, o que é convulsão? A convulsão é um episódio de atividade elé- trica anormal no cérebro, que pode ocasionar mudanças repentinas no estado de alerta, com- portamento e controle muscular de um indivíduo (FLEGEL, 2010). Pode ser classificada em dois tipos: parcial (focal), na qual apenas uma parte do hemisfério cerebral é afetada, ou generalizada, na qual os dois hemisférios cerebrais são atingidos. De acordo com o comprometimento dos he- misférios cerebrais, o episódio pode se resumir a apenas uma crise de ausência (pequeno mal), período de segundos a poucos minutos, em que a vítima permanece com os olhos abertos e apre- senta movimentos de automatismo, como estalar os lábios ou deglutir, esfregar as mãos e alisar ou pegar objetos sem propósito definido, piscar os olhos. Entretanto, as crises mais conhecidas são as chamadas convulsões tônico-clônicas (grande 77UNIDADE 3 Figura 1 - Posição de recuperação mal), quando o paciente perde a consciência e apre- senta movimentos involuntários. Na fase tônica, a musculatura dos membros superiores e inferiores e tronco ficam contraídos e estendidos, e a face fica com a cor cianótica. Na fase clônica, há contrações simultâneas e rítmicas, repetitivas e incontrolá- veis, a saliva pode ser abundante e ficar espumosa (BARBÉRIO; SANTOS; MACHADO, 2013). Esses episódios, frequentemente, são desenca- deadas por luzes piscantes, certos tipos de ruídos, leitura prolongada, privação de sono e fadiga. Em casos mais graves, podem ser desencadeadas por febre alta, hipoglicemia, traumatismos cranianos acidentais, entre outras. Primeiramente, diante de uma convulsão, você deve se manter calmo(a). Embora as convulsões pareçam ser preocupantes pela dramaticidade da situação, a maioria das crises cessam antes do atendimento hospitalar, não necessitando qual- quer tratamento com anticonvulsivantes no ser- viço de emergência. Moraes (2010) expõe que, na presença dessas situações, é preciso: 1. Proteger a vítima, removendo objetos que possam causar ferimento. 2. Afrouxar as roupas que estejam no pes- coço. 3. Colocar o paciente em posição de recu- peração, conforme Figura 1. 4. Lateralizar a cabeça da vítima para evitar a aspiração de saliva e vômito. 5. Nãose oponha aos movimentos da ví- tima. 6. Não introduzir nenhum objeto na boca ou colocar algum objeto entre os dentes ou tentar segurar a língua da vítima; ao contrário do que se pensa, a vítima não enrola a língua. 7. Fique ao lado da vítima durante a crise convulsiva, verificando a respiração. Re- gistre a duração da crise. É sempre importante conhecer o paciente (adul- to/criança). Se você tem certeza de que a pessoa sofre de epilepsia e que o ataque não durou mais do que 3 minutos, é desnecessário chamar ajuda externa, mas é fundamental orientá-la sobre a importância do acompanhamento médico. Caso o ataque se prolongue, seja repetitivo ou caso a pessoa não recupere a consciência, solicite o serviço de atendimento móvel de urgência. O ataque isquêmico transitório (AIT) representa um fenômeno isquêmico cerebral focal (interrup- ção do fluxo sanguíneo para determinada área do cérebro) de baixa duração (de 2 a 15 minutos) e intensidade o que não ocasiona dano tissular irre- versível, e o déficit neurológico súbito é passageiro. Os sintomas mais comuns do AIT são muito parecidos com o de um acidente vascular ence- fálico (AVE), mas costumam desaparecer em 24 horas. São eles: • Alterações da fala, fala enrolada, dificuldade para completar as palavras ou frases. • Alteração da força em um membro (braço ou perna). • Alteração da sensibilidade em um lado do corpo. • Desvio da boca para um dos lados. • Alteração súbita e intensa do equilíbrio. • Alterações visuais (visão embaçada, tremida, visão dupla). • Sonolência de início súbito, com parada da fala. • Convulsões e sonolência excessiva vindo jun- tas e de forma súbita. • Dor de cabeça de início súbito e muito, muito forte. Ataque Isquêmico Transitório (AIT) 79UNIDADE 3 Na presença de um atleta que esteja apresentando um AIT, interrompa todas as atividades físicas e o coloque-o em uma posição confortável. Man- tenha as vias aéreas livres e avalie os sinais vitais (frequência cardíaca, frequência respiratória e pressão arterial). A pressão arterial pode estar levemente aumentada durante o episódio. A fre- quência cardíaca pode estar normal ou elevada. Na ocorrência do AIT, os sinais e sintomas clínicos (como dormência ou fraqueza das extremidades, descritas como formigamento) desaparecem em poucos minutos ou horas. Cessada a crise, obri- gatoriamente, referencie-o para avaliação médica na companhia de outro indivíduo. O Acidente Vascular Encefálico (AVE) ou Aci- dente Vascular Cerebral (AVC) é uma doença incapacitante que pode levar ao óbito, sendo ne- cessário intervenção imediata e rápido reconheci- mento de seu acometimento. O AVE compreende uma alteração súbita da função neurológica, aco- metendo um número cada vez maior de pessoas (ROGER et al., 2012). O AVE, por muito tempo, foi considerado uma condição relacionada com o envelhecimento, em que apenas pessoas com idade avançada apre- sentariam essa doença. Entretanto, sabe-se que diversos casos têm ocorrido com pessoas com idade inferior a 40 anos, tornando-se uma grande preocupação para a população em geral. Acidente Vascular Encefálico (AVE) 81UNIDADE 3 O AVE caracteriza-se em dois tipos: Figura 2 - características do AVE isquêmico e do AVE hemorrágico Como já citado anteriormente, os sinais e os sin- tomas do AVE são muito parecidos com o do AIT: cefaleia, alteração da consciência, fraqueza em um dos lados do corpo, assimetria facial, vertigens, alteração da fala, perda da visão, náuseas e vômitos (SBC, 2013). Para uma avaliação pré-hospitalar, você pode utilizar a Escala Pré-Hospitalar de Cincinnati, que consiste em avaliar face, braços e fala. Se o paciente apresentar um deles alterado, tem 72% de proba- bilidade de ser AVC; se houver as três alterações, a chance de ser AVC é de 85%. Quadro 2 - Escala Pré-Hospitalar de Cincinnati Sinais e sintomas Como testar Normal Alterado Queda facial Pedir para o paciente mostrar os dentes e sorrir. Ambos os lados da face movem-se nor- malmente. Um dos lados da face não se move tão bem quanto o outro lado (desvio de rima). Debilidade dos braços Pedir para o paciente fechar os olhos e man- ter os braços estendi- dos na frente do corpo. Ambos os braços mantêm-se esticados ou com movimentos iguais. Um braço não se move ou cai mais comparado ao ou- tro (paresia). Fala normal Pede-se para o pacien- te dizer “o rato roeu a roupa do rei de Roma”. Usa as palavras cor- retas com pronúncias claras. Usa palavras inelegíveis, in- corretas ou não consegue falar. Fonte: adaptado de Moraes (2010). Ruptura de um vaso sanguíneo no cérebro, impedindo o �uxo de sangue normal e permitindo que ele extravase para áreas do cérebro. Pode ser adjacente ao cérebro (hemorragia subaracnoidea) ou dentro da massa encefálica. Quando o �uxo sanguíneo é bloqueado por um acúmulo de gordura (ateroma) dentro da artéria cerebral, ou por coágu- lo que obstrui o vaso sanguíneo (embolia cerebral). Acidente Vascular Encefálico Isquêmico Acidente Vascular Encefálico Hemorrágico Hemorragia Ruptura do VasoTrombo Anoxia 82 Urgências e Emergências Metabólicas e Neurológicas Uma dica interessante para lembrar e avaliar os sinais e sintomas do AVE é lembrar da palavra SAMU: peça para a vítima Sorrir, Abraçar e Cantar uma Música. Se o indivíduo apresentar alguma dificuldade para realizar algumas dessas atividades, ligue imediatamente para o serviço de Urgência. No atendimento à vítima de AVE, você deve: 1. Avaliar responsividade da vítima. 2. Avaliar o nível de consciência e escala de Cincinnati, marcar o horário que iniciou os primeiros sinais e sintomas. 3. Solicitar, imediatamente, o serviço móvel de urgência. 4. Monitorar os sinais vitais até a chegada do atendimento especializado. Figura 3 - Identificação do AVC Fonte: adaptada de Neuroliga (2016, on-line)¹. A principal diferença entre o AIT e o AVC é que o déficit neurológico, no AIT, é reversível em até 24 horas. Contudo, embora as vítimas de AIT não fiquem com sequelas, este distúrbio pode repre- sentar um indicativo de um futuro AVC. Embora o AIT e o AVE sejam condições que nem sempre podem ser prevenidas, pois dependem de muitos fatores, é imprescindível que a população localizada na faixa etária de risco etc. realizem pe- riodicamente exames preventivos. 83UNIDADE 3 O trauma é a principal causa de morte em indiví- duos entre 1 e 44 anos. O traumatismo cranioe- ncefálico (TCE) é o principal determinante de morbidade, incapacidade e mortalidade dentro deste grupo. O TCE grave, por exemplo, está as- sociado a uma taxa de mortalidade de 30% a 70%, e a recuperação dos sobreviventes é marcada por sequelas neurológicas graves e por uma qualidade de vida muito prejudicada (OLIVEIRA; IKUTA; REGNER, 2008). O (TCE) é uma lesão do crânio e/ou do parên- quima cerebral provocada por uma força física externa, como um choque local ou movimentos repetidos decorrentes de impactos únicos ou múltiplos, resultando em compressão, expansão, aceleração, desaceleração e rotação do cérebro dentro do crânio, que pode ocasionar alteração do nível de consciência e comprometimento das habilidades cognitivas ou do funcionamento fí- sico (SILVA et al., 2017). Traumatismo Cranioencefálico (TCE) e Traumatismo Raquimedular (TRM) 84 Urgências e Emergências Metabólicas e Neurológicas De acordo com Moraes (2010), existem três tipos de TCE: • Traumatismo craniano fechado: quando não há ferimentos no crânio, ou existe apenas uma fratura linear. Pode apresentar concussão, uma breve perda de consciên- cia, depois do traumatismo, geralmente se recobra a consciência antes de seis horas. • Fratura com afundamento do crânio: o pericrânio está íntegro, porém um frag- mento do osso fraturado está afundado e comprime e/ou lesiona o cérebro. • Fratura exposta do crânio: indica que os tecidos pericranianos foram lacerados e que existe uma comunicação direta entre o couro cabeludo lesionado e o parênquimacerebral por meio dos fragmentos ósseos afundados ou estilhaçados e da dura-máter lacerada. Além disso, o TCE pode ser classificado como leve, moderado e grave (GENTILE et al., 2011). Normalmente, o TCE leve é assintomático, ou a vítima pode apresentar: cefaleias, tonturas, per- turbações da visão e lesões cranianas evidentes (ex.: lacerações e hematomas). Em casos de TCE moderado, pode ocorrer alteração do estado de consciência, no momento do traumatismo ou depois, que pode ir desde o estado de alerta até a ausência de resposta, pas- sando pela desorientação no tempo e no espaço, cefaleia progressiva, convulsão, vômito, amnésia, politraumatismo e traumatismo facial grave. No caso grave, há alterações da simetria e da rea- tividade à luz das pupilas; hemiplegia ou hemipare- sia; perda de líquido cefalorraquidiano ou de sangue pelos orifícios da cabeça, nomeadamente, nariz e ouvidos; ventilação rápida e superficial ou lenta com períodos de apneia quando existe compro- misso do centro respiratório; hipertensão arterial, que surge como resposta fisiológica do organismo tentando manter a irrigação cerebral na presença de aumento da pressão intracraniana; e hipertermia por desregulação do centro termorregulador. As fraturas, sobretudo, que têm origem na re- gião posterior e no fundo (base) do crânio podem desencadear os seguintes sinais: pupilas desiguais (anisocoria); perda de líquor ou sangue pelas na- rinas ou orelhas (rinorragia e otorragia); hema- toma periorbitário - sinal de Panda ou olhos de guaxinim; e Sinal de Battle – hematoma na região mastoide (atrás da orelha). Independentemente do grau da lesão, se o pa- ciente exibir qualquer um dos sinais ou sintomas previamente listados, procure imediatamente o serviço de emergência, ou seja, em todos os casos de TCE, a vítima deve ser encaminhada ao hos- pital mais próximo, ou o serviço de emergência deve ser acionado. Neste sentido, Flegel (2015) orienta a seguir estes passos: 1. Solicite rapidamente o serviço de emer- gência médica. 2. Mantenha a cabeça e o pescoço imóveis (exceto em casos de suspeita de traumatis- mo raquimedular) até que o atendimento especializado chegue. 3. Em casos de sangramento, controle qual- quer hemorragia profusa, mas evite apli- car pressão excessiva sobre uma ferida na cabeça. 4. Monitore a frequência respiratória, cardía- ca, pulso, pressão arterial e temperatura. Se necessário, realize a RCP. 85UNIDADE 3 Traumatismo Raquimedular (TRM) mais afetadas a vértebra torácica T12 e as vérte- bras lombares L1 e L2 (MORAES, 2010). As sequelas estão diretamente relacionadas com o nível do traumatismo. O dano à medula espinhal varia de uma concussão transitória, da qual o paciente recupera-se completamente (contusão, laceração e compressão da substân- cia da medula) até uma transecção completa com possível perda de movimentos (paraplegia ou tetraplegia). Os principais sinais e sintomas sugestivos de lesão raquimedular são: dormência ou perda de sensibilidade dos membros superiores e/ou inferiores, respiração diafragmática, hipotensão associada à bradicardia, priapismo. Podem ser observados também: edemas, deformidades, desvio de estrutura na região do pescoço (des- vio de traqueia) e presença de dor. Assistindo a uma partida de futebol, você, provavelmente, já presenciou um traumatismo crania- no ocorrido por choque da cabeça com o chão, ou por colisão entre dois atletas ao cabecear uma bola. A decisão de voltar ao jogo após uma pancada na cabeça sempre causou discussões entre médicos e árbitros de futebol. Recentemente, a FIFA divulgou uma nota sobre o assunto, haja vista a frequência com que esses acidentes ocorrem e as divergências entre as condutas que devem ser tomadas nesses casos. Caro(a) aluno(a), sugerimos que você faça uma leitura da reportagem postada no jornal Estadão, pois trata exatamente do posicionamento da FIFA em relação a esses acidentes. Acesse o link: <http:// esportes.estadao.com.br/noticias/futebol,traumatismo-craniano-fifa-decide-que-medico-tem-decisao- final,1564826>. O trauma raquimedular (TRM) é uma agressão à medula espinhal, que pode ocasionar sérios problemas neurológicos, como alterações da função motora, sensitiva e autônoma. As prin- cipais causas de lesão são os acidentes automo- bilísticos, quedas, esportes de contato físico, aci- dente por mergulho em água rasa e ferimentos por arma de fogo (MARTINS; DAMASCENO; AWADA, 2012). As fraturas na região cervical são mais co- muns entre as vértebras C5 e C6. Lesões na vértebra cervical C1-C2 ou C2-C3 com aco- metimento medular, geralmente, são fatais, pois levam à parada respiratória imediata. As lesões cervicais C3-C4 e C4-C5, com acometimento da medula, acarretam instabilidade respiratória. As fraturas na região toracolombar correspon- dem a 90% dos traumas raquimedulares, sendo 86 Urgências e Emergências Metabólicas e Neurológicas Quando você suspeitar de um trauma raqui- medular, chame o serviço médico de urgência imediatamente. Estabilize a vítima para evitar qualquer movimento da cabeça, pescoço ou do corpo. Você precisa manter a vítima totalmente imóvel até que a ajuda profissional chegue. Não mova a vítima, a menos que ela esteja em perigo imediato de lesão adicional, ou se você precisar desobstruir uma via respiratória para que ela possa respirar. Se você perceber que a vítima não apresenta pulso e não está respirando, inicie RCP. Jamais toque na vítima se você não tem conhe- cimento de primeiros socorros para o atendimen- to em TRM. Qualquer conduta inadequada pode piorar a situação do indivíduo. Nesta unidade discutimos um pouco sobre as principais urgências e emergências metabólicas e neurológicas. Os distúrbios endócrinos, especialmente os relacionados aos níveis de glicose sanguínea, compreendem uma gama de manifestações clí- nicas. Nos casos de urgência e emergência, essas condições configuram-se como potencialmente fatais se não foram imediatamente reconhecidas e tratadas de maneira adequada. Por outro lado, sabe-se que esses distúrbios compreendem sin- tomas muito inespecíficos, o que dificulta o seu diagnóstico e torna os primeiros socorros algo complexo e extremamente desafiador. Da mesma maneira, caro(a) acadêmico(a), você deve ter compreendido que, em uma emer- gência neurológica, existe a necessidade de uma avaliação criteriosa dos sinais e sintomas apresen- tados pela vítima, uma vez que o sistema neuro- lógico é extremamente complexo e desempenha um importante papel no controle das funções corporais. Assim, qualquer alteração sutil pode indicar um possível agravamento da condição da vítima. Sabe-se que o reconhecimento e uma avaliação focada dessas condições devem ser a base das intervenções. Portanto, é imprescindível aprofundar seus co- nhecimentos a respeito dos aspectos essenciais das situações de urgências e emergências metabó- licas e neurológicas, de maneira que você se torne capacitado para atuar em qualquer situação e em qualquer ambiente, seja no ambiente de trabalho ou, até mesmo, em locais públicos. De fato, as orientações de primeiros socorros nessas situações não devem terminar aqui. É ne- cessário ler e se atualizar constantemente acerca dessa temática. Bons estudos! 87 Você pode utilizar seu diário de bordo para a resolução. 1. Considerado uma das grandes epidemias mundiais do século XXI e problema de saúde pública, tanto nos países desenvolvidos como em desenvolvimento, acomete, aproximadamente, 382 milhões de pessoas no mundo, devido ao estilo de vida atual, caracterizado por inatividade física e hábitos alimentares. Possui como principais sinais e sintomas: fome excessiva, aumento do volume urinário, sede em demasia e fadiga. Considerando as informações anteriores, indique qual é a doença/evento res- ponsável por esses sinais e sintomas: a) Hipoglicemia. b) Diabetes mellitus. c) Traumatismo raquimedular. d) Epilepsia. e) Doença arterial coronariana. 882. Recentemente, durante uma partida de futebol no campeonato amazonense, o atacante Charles Chenko bateu a cabeça com o zagueiro Victor e desmaiou. Em seguida, sofreu uma forte convulsão e teve que ser levado às pressas para para o pronto atendimento mais próximo. Considerando o caso apresentado, avalie as alternativas seguintes sobre as recomendações no caso de convulsão. I) Deitar a pessoa de lado para que não engasgue com a língua. II) Remover todos os objetos ao redor que ofereçam risco de machucá-la. III) Afrouxar as roupas, elevar a mandíbula para facilitar a passagem do ar e cro- nometrar o tempo da convulsão. IV) Tentar puxar a língua para fora. É correto apenas o que se afirma em: a) I e II, apenas. b) II, III e IV, apenas. c) I, II e III, apenas. d) II e III, apenas. e) III, apenas. 3. A hipoglicemia é a diminuição dos níveis glicêmicos para valores abaixo de 60 mg/ dL, que leva a manifestações de liberação do sistema simpático como sudorese, taquicardia, apreensão e tremor. Sobre as condutas de primeiros socorros em casos de indivíduos hipoglicêmicos, assinale a alternativa correta. a) Se a vítima estiver consciente, peça para ela se exercitar. Os exercícios físicos tendem a aumentar a glicemia sanguínea. b) Se a vítima estiver consciente, solicite que ela não se alimente sob nenhuma hipótese, pois a vítima pode desmaiar e se engasgar com a comida. c) Se a vítima estiver inconsciente, deite-a em posição confortável até a crise pas- sar. Não há necessidade de atendimento médico especializado, pois os sinais e sintomas melhoram, gradativamente. d) Se a vítima estiver consciente, interrompa as atividades físicas e ofereça ali- mentos ou líquidos compostos por frutose, sacarose e oligossacarídeos (balas, sucos). Monitore os sinais vitais. e) Se a vítima estiver inconsciente, inicie imediatamente as manobras de RCP. 89 4. O Acidente Vascular Cerebral (AVC), popularmente conhecido como derrame, é uma das principais causas de morte e de sequelas no Brasil e no mundo. A doença cerebrovascular atinge 16 milhões de pessoas ao redor do globo a cada ano. Dessas, seis milhões morrem. Por isso, a Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda a adoção de medidas urgentes para a prevenção e tratamen- to da doença. Neste sentido, julgue as afirmativas a seguir, assinalando V para verdadeiro e F para falso: )( O aparecimento súbito de déficits neurológicos nos AVC isquêmico e hemor- rágico independe da região cerebral envolvida. )( Quando há ruptura espontânea de um vaso, com extravasamento de sangue para o interior do cérebro, é denominado AVC hemorrágico. )( Fraqueza ou paralisia de um lado do corpo, dificuldade para falar e confusão mental são alguns sinais do acidente vascular cerebral. )( O AVC não se configura como uma situação de emergência e, portanto, não há necessidade de referência. )( No atendimento de primeiros socorros ao AVC, é melhor esperar os sintomas passarem para, então, orientar a vítima a procurar um médico. A sequência correta é: a) V - V - V - F - V. b) F - F - V - F - V. c) F - F - F - F - V. d) F - V - V - V - F. e) F - V - V - F - F. 5. Durante a prática de uma técnica desenvolvida em sua clínica, um indivíduo, 48 anos, sexo masculino, hipertenso, sofreu uma queda da esteira. Ao examinar a vítima, você percebe que ela está sonolenta e apresenta hematomas difusos na face, há alteração do diâmetro pupilar (anisocoria) e presença de hemorragia na- sal. Mostra-se hidratada, acianótica, FC: 120 bpm, O2 sat - 90%. PA: 150x90 mmHg. a) Qual é o provável diagnóstico? b) Quais são os sinais e sintomas da patologia? c) Quais são as condutas recomendadas frente a essa situação? 90 Primeiros Socorros Autor: Luiz Fernando dos Reis Falcão e Julio Cezar Mendes Brandão Editora: Martinari Sinopse: a forma como as pessoas reagem em uma situação de emergência antes da chegada do socorro médico costuma determinar como será a recupe- ração das vítimas e, em casos extremos, pode significar a diferença entre a vida e a morte. A primeira pessoa a chegar ao local precisa ser capaz de reconhecer as emergências e lidar com elas de modo a proteger as vítimas. Esse livro permite o acesso à informação de Primeiros Socorros. LIVRO 91 AHA. American Heart Association. Destaque das Diretrizes da American Heart Association de 2015 para RCP e ACE. Dallas: AHA, 2015. Disponível em: <https://eccguidelines.heart.org/wp-content/uploads/2015/10/ 2015-AHA-Guidelines-Highlights-Portuguese.pdf>. Acesso em: 17 jan. 2019. BARBÉRIO, G. S.; SANTOS, P. S. S.; MACHADO, M. A. A. M. Epilepsia: condutas na prática odontológica. Rev. Odontol. Univ. Cid., São Paulo, v. 25, n. 2, p. 114, maio/ago., 2013. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Diabetes Melli- tus. Cadernos de Atenção Básica, n. 16. Brasília: Ministério da Saúde, 2006. Série A. Normas e Manuais Técnicos. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/diabetes_mellitus.PDF>. Acesso em: 17 jan. 2019. FLEGEL, M. J. Primeiros Socorros no Esporte. 3. ed. Barueri: Editora Manole, 2010. ______. Primeiros Socorros no Esporte. 5. ed. Barueri: Manole, 2015. GENTILE, J. K. A. et al. Condutas no paciente com trauma cranioencefálico. Ver. Bras. Clin. Med., v. 9, n. 1, p. 74-82, 2011. Disponível em: <http://files.bvs.br/upload/S/1679-1010/2011/v9n1/a1730.pdf> Acesso em: 18 jan. 2019. LYRA, R.; CAVALCANTI, N.; SANTOS, R. D. Diabetes Mellitus e Doenças Cardiovasculares. São Paulo: AC Farmacêutica, 2014. MARTINS, H. S.; DAMASCENO, M. C. T.; AWADA, S. Pronto-Socorro: Medicina de Emergência, 3. ed. São Paulo: Manole, 2012. MORAES, M. V. Atendimento Pré-Hospitalar: Treinamento da Brigada de Emergência do Suporte Básico ao Avançado. São Paulo: IÁTRIA, 2010. OLIVEIRA, C. O.; IKUTA, N.; REGNER, A. Biomarcadores prognósticos no traumatismo crânio-encefálico grave. Revista Brasileira de Terapia Intensiva, São Paulo, v. 20, n. 4, out./dez. 2008. Disponível em: <http:// www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-507X2008000400015&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt>. Acesso em: 17 jan. 2019. ROGER, V. L. et al. Heart disease and stroke statistics 2012 update: a report from the American Heart As- sociation. Dallas: AHA, 2012. Disponível em: <https://circ.ahajournals.org/content/125/1/e2.full.pdf+html>. Acesso em: 17 jan. 2019. 92 SBC. Sociedade Brasileira de Cardiologia. Treinamento de Emergências Cardiovasculares: básico (TECA B). São Paulo: Manole, 2013. SBD. Sociedade Brasileira de Diabetes. Diretrizes 2015-2016. São Paulo: A. C. Farmacêutica, 2016. Disponível em: <http://www.diabetes.org.br/sbdonline/images/docs/DIRETRIZES-SBD-2015-2016.pdf>. Acesso em: 17 jan. 2019. ______. Sociedade Brasileira de Diabetes. Diretrizes 2017-2018. São Paulo: Editora Clannad, 2017. Disponível em: <http://www.diabetes.org.br/profissionais/images/2017/diretrizes/diretrizes-sbd-2017-2018.pdf>. Acesso em: 17 jan. 2019. SILVA, J. A. et al. Traumatismo cranioencefálico no município de Fortaleza. Enfermagem em Foco, v. 8, n. 1, p. 22-26, 2017. Disponível em: <http://revista.cofen.gov.br/index.php/enfermagem/article/view/724/368>. Acesso em: 17 jan. 2019. REFERÊNCIA ON-LINE ¹Em: <http://www.neuroligaunivasf.com.br/2016/10/29/dia-do-avc-2016/>. Acesso em: 17 jan. 2019. 93 1. B. 2. D. 3. D. 4. E. 5. a) A vítima sofreu um traumatismo craniano. b) Além dos sinais e sintomas apresentados no caso, a vítima pode apresentar: hemiplegia ou hemipare- sia; convulsões; náuseas e/ou vômitos; cefaleias e perturbações da visão; e hipertermia. Em casos mais graves, alteração do estado de consciência e PCR. c) Em casos de TCE, deve-se solicitar rapidamente o serviço de emergência médica; imobilizar a cabeça e o pescoço (exceto em casos de suspeita de traumatismo raquimedular) até que o atendimento especia- lizado chegue. Controlar qualquer hemorragia profusa, monitorar a frequência respiratória, cardíaca, pulso, pressãoarterial e temperatura e, se necessário, realizar a RCP. 94 PLANO DE ESTUDOS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM • Identificar e prestar os primeiros socorros em casos de hemorragia interna e externa. • Compreender as condutas diante de queimaduras con- forme classificação. • Compreender o atendimento de emergências em casos de choque elétrico. • Identificar sinais e sintomas de insolação e técnicas de atendimento às vítimas. • Reconhecer as situações de intoxicação e envenenamento e os procedimentos de primeiros socorros. • Identificar as lesões nos olhos, orelhas e dentes e os pro- cedimentos de primeiros socorros. Hemorragia interna e externa Queimaduras e insolação Intoxicação e envenenamento Lesões nos olhos, orelhas e dentes Choque elétrico Dra. Sabrina Weiss Sties Me. Xana Raquel Ortolan Acidentes e Lesões em Geral Hemorragia Interna e Externa Bem-vindo(a) a mais uma unidade do nosso livro. Nele, vamos apresentar os acidentes e lesões que, de maneira geral, ocorrem em nosso local de tra- balho ou mesmo no ambiente domiciliar. Inicialmente, vamos nos dedicar aos estudos sobre os diferentes tipos de hemorragias, carac- terísticas e intervenções próprias. É provável que você já tenha sofrido uma hemorragia, mas que não causou preocupação por ser pequena, ou por- que o trauma não atingiu um vaso importante. Entretanto, algumas hemorragias podem ser sé- rias e demandam atendimento imediato. Depois, estudaremos os aspectos relacionados às queimaduras, a classificação e os métodos acei- tos para calcular a superfície corporal queimada. Embora os procedimentos de primeiros socorros sejam simples, as queimaduras podem atingir es- truturas além da pele, como músculos, ossos, ner- vos e vasos sanguíneos, o que pode desencadear um comprometimento das vias aéreas. 97UNIDADE 4 No tópico seguinte, abordaremos as caracterís- ticas do choque elétrico, que também pode provo- car queimaduras graves, devendo ser tratado com os mesmos critérios. A insolação é outra situação de emergência que surge devido ao superaque- cimento do organismo, decorrente da exposição prolongada ao calor, configurando-se como uma queimadura grave. Descreveremos os principais casos de intoxi- cação e envenenamento. Sabe-se que reconhecer uma vítima nesta situação não é simples, pois os sinais e sintomas variam de acordo com o tipo de substância com a qual a vítima teve contato; entretanto, é importante que você reconheça os sinais de gravidade e que necessitam de atendi- mento médico imediato. Por fim, destacamos algumas lesões gerais que ocorrem nos olhos, nas orelhas e nos dentes. Cada uma com sua particularidade, nem sempre são uma condição de emergência, mas devem ser tra- tadas com atenção e responsabilidade. Todas as situações abordadas aqui são comuns, tanto no ambiente social, como em seu local de trabalho, por isso, você deve saber como agir dian- te dessas situações. A hemorragia compreende a perda de volume sanguíneo devido ao rompimento de veias e/ou artérias por causas diversas, como amputações, fraturas, esmagamentos, cortes, úlceras, entre outros. As hemorragias podem ser classificadas como internas ou externas. A hemorragia interna ocorre sem que a pele seja rompida. Pode ser provocada pela lesão de algum órgão interno. Normalmente, esse tipo de hemorragia acontece imediatamente após aci- dentes violentos, nos quais o corpo deve suportar pressões muito grandes, como: colisões; soterra- mentos; quedas; acidentes automobilísticos etc. Nesses casos, não é possível visualizar o sangue, e o socorrista deduz o quadro devido aos seguintes sintomas: • Pulso com batimento anormal (fraco ou acelerado). • Pele fria. • Sudorese abundante. • Palidez intensa e mucosas descoradas. • Tonturas. • Eliminação de sangue pela boca (junto com vômito ou saliva), nas fezes e na urina. • Sede. • Inconsciência. Nos casos de hemorragia interna, você deve mo- nitorar os sinais vitais e chamar, imediatamente, o serviço de emergência, uma vez que uma situação de hemorragia interna pode levar a vítima, rapida- mente, ao estado de choque. Caso a vítima passe a não responder mais, iniciar RCP de imediato. Quando se trata de estado de choque, conhecido como choque circulatório, ocorre a falência circu- latória aguda que prejudica a oferta de oxigênio para os tecidos. Se não tratado precocemente, apresenta altas taxas de mortalidade. (Adaptado de Arthur Guyton e John Hall) Por outro lado, os casos de hemorragia externa são facilmente diagnosticados, pois o derramamen- to de sangue ocorre para fora do corpo. Nessas situações, há possibilidade de reconhecimento de uma hemorragia capilar, arterial ou venosa. A capilar corresponde a um sangramento lento, com pouco volume de sangue, observada em ar- ranhões e pequenos cortes superficiais. A arterial caracteriza-se pelo fluxo em forma de esguicho intermitente (na mesma pulsação das palpitações cardíacas), e a venosa apresenta fluxo contínuo e não muito intenso (Figura 1). 98 Acidentes e Lesões em Geral Diante de traumatismos que apresentam hemor- ragia externa, Quilici e Timerman (2011) apon- tam como agir diante dessa situação: 1. Verifique se o local do atendimento está se- guro para você. 2. Solicite que alguém traga o material próprio para atendimento de primeiros socorros. 3. Coloque todos os equipamentos de proteção individual (EPI), incluindo óculos. 4. Se a vítima estiver consciente, peça para ela comprimir o local do sangramento com gaze ou compressa limpa enquanto você se paramenta. 5. Mantenha o membro afetado elevado. 6. Comprima firmemente o local do sangra- mento por 5 a 10 minutos, até que a hemor- ragia pare. 7. Se não parar, comprimir com mais força fazen- do uso de uma segunda gaze colocada sobre a primeira, que não deve ser retirada para que não ocorra remoção de coágulos já presentes. 8. Verifique possíveis sinais de choque (palidez cutaneomucosa, sudorese, taquicardia, pulso fino). 9. Se houver sinais de choque e sangramento persistente, acione imediatamente o serviço de atendimento especializado. Artérias Veias Capilares Ressalta-se que a grande maioria dos sangra- mentos externos pode ser tratada com simples tamponamento direto sobre o local da hemor- ragia, mas atenção: o ferimento deve estar sem- pre limpo, diminuindo, assim, a possibilidade de infecções. Se não existir gaze ou compressa esteril no local, utilize algum tecido limpo, ou faça a compressão com a própria mão vestindo luva devidamente ajustada. Além disso, instrumentos que estejam fin- cados em um ferimento, não devem ser retira- dos, devido à possibilidade de sangramento de um grande vaso que esteja por ele tamponado. Nestes casos, mantenha a vítima o mais imóvel possível até a chegada de atendimento espe- cializado. Em casos de amputação de membro, deve-se promover a compressão firme da área ferida. Não aplique torniquetes, pois a compressão que exercem é suficiente apenas para diminuir o re- torno venoso e, na manutenção do fluxo arte- rial, promovem aumento da hemorragia local. Os torniquetes devem ser utilizados somente como último recurso, quando outros métodos de hemostasia já tenham falhado. Assim, deve-se sempre ter em mente que a compressão sobre o local da hemorragia é o mais recomendado. Figura 1 - Tipos de hemorragia externa 99UNIDADE 4 Sob nenhuma hipótese despreze o membro amputado. A melhor forma de preservá-lo é colo- cá-lo em um saco plástico e resfriá-lo em gelo. Não coloque o membro amputado diretamente sobre gelo ou mergulhado em água ou outro líquido, pois isso provoca degeneração celular do órgão. Outra situação relativamente comum no coti- diano é o sangramento nasal (epistaxe). As causas mais comuns para a ocorrência desse tipo de he- morragia são: traumatismos locais (mais frequentes em crianças); o uso tópico de descongestionantes, antialérgicos e corticosteroides. Além disso, o res- secamento da mucosa causado pelo clima seco ou peloinverno rigoroso, exposição prolongada ao ar condicionado ou por infecções virais e bacterianas, também podem ocasionar o sangramento nasal. Nesses casos: • Mantenha a vítima sentada, imóvel, incli- nada para frente. • Realize o tamponamento de ambas as na- rinas com uma gaze/pano limpo, usando o polegar e indicador em forma de pinça, durante 15 minutos (Figura 2). • Coloque compressa com gelo sobre o na- riz, fazendo vasoconstricção, diminuindo o sangramento nasal. Jamais peça para a vítima deitar ou manter a ca- beça inclinada para trás (hiperextensão cervical), pois isso facilita que o sangue seja aspirado. O(A) paciente deve ser mantido(a) com a cabeça pen- dida para a frente, facilitando a manutenção da permeabilidade das vias aéreas. Sangramentos nasais, hemorragias de ferimentos bucais podem levar ao comprometimento das vias aéreas. Fique atento a sinais de dispneia, como batimento da asa do nariz, tiragem intercostal e respiração ruidosa. Vítimas conscientes queixam-se da dificuldade respiratória. Sangramentos produzidos por avul- são dentária devem ser tratados por compressão. O(A) paciente consciente deve ser orientado(a) a manter a gaze colocada sobre o local do sangra- mento (QUILICI; TIMERMAN, 2011). Caso não haja êxito em 15 minutos, se houver sangramento arterial com ou sem comprometi- mento respiratório ou sinais de choque, telefo- nar, imediatamente, para o serviço médico de urgência. Figura 2 - Condutas no atendimento a vítima com epistaxe Fonte: adaptada de FCFRP - USP (2016). 100 Acidentes e Lesões em Geral As queimaduras são lesões decorrentes de agentes capazes de produzir calor excessivo que danifica os tecidos corporais e acarreta a morte celular (BRASIL, 2012). No cenário atual, as queimaduras são conside- radas um importante problema de saúde pública, visto que acarretam graves problemas psicopato- lógicos, devido às sequelas estéticas, funcionais e emocionais decorrentes de limitações físicas e amputação de membros (ANTONIOLLI et al., 2014). Ademais, o trauma por queimaduras represen- ta a quarta causa de óbito no mundo, acometendo, predominantemente, jovens, na faixa etária de 1 a 40 anos, e repercutindo com danos, muitas vezes, irreversíveis. No Brasil, cerca de 30% do total de vítimas queimadas necessitam de hospitalização, sendo que o restante corresponde a queimaduras mais leves, tratadas ambulatorialmente (QUILICI; TIMERMAN, 2011). Queimaduras e Insolação 101UNIDADE 4 Nesse contexto, entende-se que as queimadu- ras podem variar desde lesões pequenas até catas- tróficas, e que as condutas de primeiros socorros frente a essas situações dependem de uma análise criteriosa em relação ao agente causador, à pro- fundidade ou ao grau, à extensão ou severidade e à localização coporal da queimadura. De acordo com Moraes (2010), as queimaduras podem ser classificadas quanto ao agente causador: • Agentes físicos: líquidos superaquecidos, va- por (como o vapor de ozônio), fogo e o gelo. • Agentes químicos: substâncias químicas industriais; produtos cosméticos, como peelings; produtos de uso doméstico, como solventes, soda cáustica, alvejantes ou qual- quer ácido ou álcalis. • Agentes elétricos: a energia elétrica, como as correntes de baixa voltagem (eletrodomés- ticos), alta tensão e raio; radiantes: resultam da exposição à luz solar, como os raios ul- travioleta ou fontes nucleares. • Agentes biológicos: seres vivos, como tatu- ranas, água-viva e urtiga. Em relação à profundidade, a queimadura depende de dois fatores: a temperatura a qual a pele foi expos- ta e o tempo de exposição. Nesse sentido, as lesões podem ser classificadas, conforme o quadro a seguir: Quadro 1 - Classificação da queimadura quanto à profun- didade 1º Grau A lesão atinge a epiderme, apresenta vermelhidão e é acompanhada de dor. 2º Grau A lesão atinge a epiderme e a derme, apresenta vermelhidão e é acompanha- da de dor e do aparecimento de bolhas. 3º Grau A lesão atinge todas as camadas da pele, chegando ao tecido subcutâneo. É a forma mais grave. As lesões apre- sentam-se esbranquiçadas, secas e com aspecto carbonizado, acompanha- das de dor intensa. Fonte: adaptado de Santos (2014, p. 114). Nas queimaduras de primeiro grau, a cicatriza- ção ocorre de 2 a 7 dias com a descamação da epiderme; nas de segundo grau, a cicatrização ocorre entre 10 a 14 dias, em condições normais, sem infecção. Por outro lado, nas de terceiro grau, a cicatrização ocorre pelo crescimento epi- telial, a partir das bordas da ferida ou por meio do autoenxerto. As queimaduras também podem ser classifi- cadas quanto à extensão, o que se refere à porcen- tagem da área da superfície corporal queimada. O cálculo da extensão do agravo é classificado de acordo com a idade. Nestes casos, normalmente, utiliza-se a regra dos nove, criada por Wallace e Pulaski, que leva em conta a extensão atingida, a chamada superfície corporal queimada (SCQ) (BRASIL, 2012). Veja, na Figura 3, a extensão da área queima- da. Essa regra divide o corpo humano em áreas, cada uma delas equivalente a 9%. Com essa regra, podemos ter noção da extensão e da gravidade da área lesada. Embora, a regra dos noves apresente resultado aproximado, é de grande importância para a continuidade do atendimento. Graus de Queimaduras 102 Acidentes e Lesões em Geral Para superfícies corporais de pouca extensão ou que atinjam apenas partes dos segmentos corpo- rais, utiliza-se para o cálculo da área queimada o tamanho da palma da mão (incluindo os dedos) da vítima (conforme Figura 4), o que é tido como o equivalente a 1% da SCQ. Ainda, as queimaduras podem ser classificadas quanto à localização: • Áreas críticas: face, mãos e as que envol- vam vias aéreas e genitais. • Áreas semicríticas: todas as demais áreas corpóreas. Baseando-se nessa classificação, determinar a gra- vidade da lesão depende de fatores, como: profun- didade; extensão; envolvimento das áreas críticas; idade da vítima; presença de lesão pulmonar; pre- sença de outras lesões associadas, como fraturas ou outros traumas; e doenças de base existentes. Figura 3 - Regra dos nove Fonte: adaptada de Moraes (2010). Figura 4 - Regra da palma da mão Fonte: adaptada de Tobase e Tomazini (2017). 103UNIDADE 4 Neste sentido, é fato que as condutas de primeiros socorros dependem de uma avaliação criterio- sa de todos os fatores, mas, de maneira geral, em queimaduras, os princípios básicos no cuidado consistem em (SANTOS, 2014): • Afastar a vítima do agente causador. • No caso de a vítima estar em chamas, envolvê-la em um cobertor, deixando a região da cabeça livre, evitando que se sufoque com a fumaça. • Retirar acessórios, como anéis, pulseiras, relógios e outros. • Retirar as vestimentas que não aderiram à área queimada. • Resfriar a área com água em abundância. Não aplique gelo. Quando possível, apli- que compressas molhadas sobre a área lesionada. • Se houver bolhas (flictemas), não per- furá-las, pois o risco de infecção pode aumentar. • Não aplicar nenhum tipo de loção, cre- me, infusão caseira, pasta de dente, pó de café ou produto gorduroso (graxa e óleo), pois isso complica e interfere no tratamento. • Se estiver consciente, dar bastante água para beber, evitando desidratação rápida. • No caso de queimadura química ou áci- da, lavar a área com água em abundância por mais ou menos 10 minutos. • No caso de queimadura por pó químico, retirar primeiro o excesso e, depois, lavar com água em abundância, pois o excesso de pó em contato com a água pode aderir ao tecido subcutâneo. • Nas queimaduras por soda cáustica, tirar a substância com um tecido limpo e, em seguida, lavá-lo, pois o contato da soda com água provoca reação química com aumento de calor. • Providenciar transferência da vítima para um posto médico ou hospital mais próximo. Dependendo da gravidade da lesão, é importan- te que você fique atento(a) às queimaduras que envolvam vias aéreas,queimaduras faciais, de sobrancelhas e narinas, fuligem na orofaringe, faringe avermelhada e com edema, pois causam comprometimento da respiração. Avalie também possíveis sinais de choque (pele fria e pegajosa, respiração rápida, fraca e irregular, pulso rápido e fraco, cianose, hipotensão arterial etc.) e alterações no nível de consciência. Nesses casos mais graves, chame imediatamente o serviço de emergência. 104 Acidentes e Lesões em Geral Insolação A insolação é um mal-estar causado pela ação do calor ou dos raios de sol que elevam a temperatura do indivíduo. Esse tipo de incidente pode aconte- cer em indivíduos que se expõem excessivamente a ambientes muito quentes ou que sofrem exposi- ção demorada e direta aos raios solares. Assim, oriente seus pacientes quanto à impor- tância da aplicação do protetor solar adequado para o tipo de pele, com reaplicação a cada 2 ou 3 horas. Oriente que façam a ingestão de bastante líquido ao longo do dia. Entretanto, se você identificar a ocorrência de sintomas, tais como: cefaleia, sensação de muito calor, náuseas, irritabilidade e fadiga; e o apare- cimento dos sinais: desidratação, pele vermelha ou avermelhada e quente, grande elevação da temperatura do corpo, pulsação rápida, respira- ção rápida, pupilas contraídas, vômito, diarreia, confusão, possíveis convulsões, possível incons- ciência e parada cardiorrespiratória; é possível que o indivíduo esteja sofrendo uma insolação (FLEGEL, 2010). Nesse sentido, o objetivo principal dos pri- meiros socorros diante da vítima que apresenta insolação é baixar a temperatura corporal, lenta e gradativamente. Para tanto, siga as condutas a seguir: • Remova a vítima para um local fresco, à sombra e ventilador. • Remover o máximo de peças de roupa do indivíduo. • Se possível, mergulhe o indiví- duo em água fria (piscina ou banheira) ou borrife água fria em todo o corpo do acidentado delicadamente e aplique compressas de água fria na testa, pesco- ço, axilas e virilhas. • Se estiver consciente, mantenha a vítima em repouso e recostado (cabeça elevada). • Ofereça bastante água fria, gelada ou qual- quer líquido não alcoólico para ser bebido. • Observe os sinais vitais. • Se estiver inconsciente, eleve a cabeça da vítima ou coloque-a em posição lateral de segurança. • Se ocorrer parada respiratória, deve-se pro- ceder à respiração artificial, associada à massagem cardíaca externa, caso necessário. 105UNIDADE 4 106 Acidentes e Lesões em Geral O choque elétrico compreende uma alteração de natureza e efeitos diversos, que se manifesta no organismo humano quando este é percorrido por uma corrente elétrica. De acordo com Moraes (2010), no choque elétrico, a corrente fisiológica do corpo soma-se à corrente externa desconhecida com intensida- de muito maior, levando o corpo humano aos efeitos danosos da exposição a essa corrente. Os principais efeitos fisiológicos que a corrente elétrica externa produz no corpo humano são (MORAES, 2010): a) Tetanização: contração muscular in- voluntária, causada pela circulação de corrente externa por meio dos nervos que controlam os músculos. A corren- te supera os impulsos elétricos, que são enviados pelo sistema nervoso, e os anula, levando à tetanização, a qual será interrompida somente com o desligamento da fonte geradora. Choque Elétrico 107UNIDADE 4 b) Fibrilação ventricular: sequência de impulsos cardíacos desordenados, ini- ciando-se pelo músculo ventricular que se repete, continuamente, no mesmo músculo (o impulso elétrico não inicia no nó sinoatrial, que é o comando dos impulsos elétricos). c) Parada cardiorrespiratória: a corrente elétrica que passa pelo corpo da vítima com elevada intensidade em curto pe- ríodo pode levar à parada cardíaca. Esta difere da fibrilação ventricular pela ausên- cia total dos impulsos elétricos, ou seja, o coração está em assistolia. d) Queimadura: a circulação da corrente elé- trica no corpo da vítima é acompanhada do efeito Joule, fenômeno de produção de calor, levando a queimaduras graves, geralmente, de 3º grau. No atendimento a vítimas de choque elétrico, é necessário ter cautela e atenção às condições de segurança para não se tornar uma segunda vítima e evitar outros acidentes. Imediatamente, localize a fonte que está provo- cando o choque e desligue o aparelho da tomada ou a chave geral de energia. É muito comum que a vítima fique presa à corrente elétrica, portan- to, não toque na vítima antes desligar a corrente. Caso contrário, você também poderá ser atingido pela descarga elétrica. Se não houver possibilidade de desligar a fonte de energia, afaste a vítima da fonte de eletricidade com um objeto seco não-condutor de corrente (como cabo de vassoura, bastão de borracha e tábua, objetos de madeira em geral). Atente-se também para os seus pés, verifique se eles não estão molhados e se o chão está seco, já que a água, diferentemente da madeira, é excelente condutora de corrente elétrica. Depois de ter certeza que a corrente foi desli- gada, inicie os primeiros socorros à vítima: 1. Cheque o nível de consciência e seus sinais vitais (respiração e pulso). 2. Realize massagem cardíaca externa se a ví- tima estiver em parada cardiorrespiratória. 3. Verifique também se há queimaduras e realize os procedimentos nas áreas lesio- nadas. 4. Acione o serviço de emergência. De fato, algumas vezes, o choque elétrico pode causar apenas um susto, mas dependendo da corrente elétrica, a vítima pode ir a óbito. Neste contexto, adote algumas condutas para evitar a ocorrência dessa situação: • Não mexa e não permita que alguém (espe- cialmente crianças) toque na parte interna das tomadas, seja com os dedos ou com objetos. Proteja as tomadas com protetores especiais ou esparadrapo. • Quando estiver com as mãos molhadas, não toque em aparelhos elétricos. • Mantenha os aparelhos elétricos em bom estado de conservação, realizando manu- tenções preventivas. • Não deixe fios elétricos à vista, tampouco desencapado. • Não sobrecarregue as instalações elétricas com vários utensílios ao mesmo tempo, utilizando, por exemplo, um “T” ou um “benjamim”, pois os fios podem esquentar e provocar incêndio. Essas simples condutas podem prevenir grandes acidentes. 108 Acidentes e Lesões em Geral A intoxicação e o envenenamento são manifes- tações, por meio de sinais e sintomas, dos efeitos nocivos produzidos em um organismo vivo como resultado da sua interação com alguma substância química, que pode ser encontrada no ambiente (água, alimentos, plantas e animais peçonhentos) ou isoladas (pesticidas, medicamentos, produtos de uso industrial e produtos de uso domiciliar) (JESUS et al., 2012). Nos países desenvolvidos, o envenenamento atinge cerca de 2% da população, e, nos países em desenvolvimento, atinge, aproximadamente, 3%. No Brasil, estima-se que três milhões de pessoas são intoxicadas por ano (RODRIGUES et al., 2009). Intoxicação e Envenenamento 109UNIDADE 4 As intoxicações e os envenenamentos podem ocorrer por ingestão e inalação (normalmente de gases e por contato com a pele ou olhos). As principais causas de envenenamento são: contato com substâncias corrosivas, ingestão de alimentos estragados, produtos de limpeza (soda cáustica, creolina), plantas, remédios, bebida alcoólica em excesso e inalação de gases tóxicos. Por ingestão, os principais sinais e sintomas do envenenamento são: lesão da pele ao redor da boca; náusea e vômito; diarreia, hálito com odor estranho; queixa de dor abdominal; queixa de dor ao engolir. Em situações mais graves, podem ocor- rer convulsões e perda da consciência. Nos casos de intoxicação e envenenamento por ingestão, é importante saber qual substância provocou o envenenamento. Além disso: • Não provoque o vômito, pois se a substân- cia ingerida for corrosiva ou derivada de petróleo (como removedor de esmalte de unha, gasolina, querosene, amônia, sodacáustica e água sanitária) pode causar quei- madura no aparelho digestivo durante o vômito. • Não ofereça água, leite ou qualquer outro líquido à vítima. • Ligue para a assistência médica, tendo to- dos os dados da ocorrência: hora da inges- tão, idade da vítima, a maneira como ela se encontra no momento e, se possível, o nome do produto ingerido. Se a intoxicação ou envenenamento ocorrerem por contato, observe a presença de manchas na pele, irritação nos olhos e coceira. Na ocorrência desses sinais e sintomas, lave o local com água corrente e abundante. Se os olhos foram afetados, lave-os com água corrente durante 15 minutos e cubra com gaze, sem fazer pressão. Os agentes nocivos, além de serem absorvidos rapidamente pela mucosa, podem produzir irritação intensa e causar a perda da visão, portanto, encaminhe a vítima, imediatamente, ao serviço médico. Se a exposição à substância tóxica ocorrer por inalação, a vítima poderá apresentar: respiração rápida; tosse; pulso, normalmente, muito rápido ou muito lento. Nesses casos: 1. Remova a vítima para um local seguro e arejado. 2. Se necessário, remova suas vestimentas. 3. Acione o serviço de atendimento espe- cializado. 4. Mantenha as vias aéreas permeáveis. 5. Avalie sinais vitais e, se necessário, realize manobras de ressuscitação cardiopulmonar. É importante ressaltar que a presença de fumaça, gases ou vapores, ainda que pouco tóxicos, em ambientes fechados, pode ter consequências fatais, porque esses agentes se expandem muito rapida- mente, toma o espaço do oxigênio, provocando asfixia (BRASIL, 2003). Outro tipo de evenenamento é pelo aciden- te com animais peçonhentos e venenosos. Esses acidentes têm se configurado como um grande problema de saúde não só pela incidência, mas principalmente pela gravidade e sequelas que podem deixar. Inicialmente, é necessário esclarecer a dife- rença entre animais venenosos e peçonhentos. Os animais venenosos produzem veneno, mas não apresentam aparato (ferrões, presas etc.) para inoculação. O envenenamento acontece por contato ou ingestão da substância tóxica. 110 Acidentes e Lesões em Geral Os peçonhentos, porém, são aqueles que apre- sentam estruturas produtoras, armazenadoras de veneno e um aparato especializado para inoculá-lo. O envenenamento é ativo; esses ani- mais injetam o veneno dentro do organismos de outro ser vivo (QUILICI; TIMERMAN, 2011). Entre os peçonhentos com maior incidência de acidentes em seres humanos, pode-se destacar as cobras, as aranhas, os escorpiões e as abelhas. Os principais sintomas ocasionados por pica- das de cobras dependem muito da espécie envol- vida. Em geral, podem aparecer: marcas das presas e alterações locais evidentes, dor, calor, edema e eritema no local da picada, flictenas, necrose na área, náuseas, vômitos e muita fraqueza. Em casos mais graves, podem ocorrer manifestações clínicas decorrentes da ação neurotóxica, miotóxica e coa- gulante do veneno, dificuldade de deglutição e in- suficiência renal e respiratória aguda, até o choque. Após um acidente com picadas de cobras, não há muito para ser feito, apenas: 1. Tranquilize a vítima até a chegada no hos- pital. 2. Evite que ela caminhe ou corra, deixan- do-o deitada. 3. Lave o local com água e sabão e mantenha o membro elevado. Não faça uso de torniquetes nem passe substâncias (folhas, pó de café, couro da cobra, entre outras) no local da picada. O único tratamento eficaz para o envenenamento por serpente é o soro antiofídico, específico para cada tipo (gênero) de serpente. Por isso, se possível, leve a serpente para identificação (INSTITUTO BUTANTAN, [2018], on-line). Em acidentes com aranhas e escorpiões, os sintomas são muito parecidos aos da picada de cobra, como: dor local de intensidade variável, queimação, agulhadas ou latejante, a dor aumenta de intensidade com a palpação e pode irradiar-se para o membro acometido. Frequentemente, há parestesias. O ponto de inoculação do veneno pode não ser visível, entretanto podem ser en- contrados halo eritematoso e edema discretos, sudorese e piloereção. Nesses casos, proceda da mesma maneira como em picadas de cobras. Ao encaminhar a vítima para o centro de saúde mais próximo, quando possível, leve o inseto ou, pelo menos, uma foto para auxi- liar no tratamento. Em casos mais graves, também podem ocorrer manifestações sistêmicas, por isso, fique atento, pois pode haver midríase, arritmias respiratórias e cardíacas, taquicardia, hipertensão arterial, podendo evoluir para falência cardiocir- culatória. Essa situação exige atendimento médico especializado (CUPO; AZEVEDO-MARQUES; HERING, 2003) e aplicação de tratamento espe- cífico (soro antiaracnídeo ou antiescorpiônico). Destaca-se, também, um evento muito comum que é a picada de abelha. Nesses casos, a vítima apresenta uma reação localizada à picada, com sintomas de uma reação de hipersensibilidade, ou seja, edema, dor, prurido e hiperemia no local; o tamanho da lesão costuma ter entre 1,0 e 5,0 cm (conforme figura a seguir). Normalmente, esses sinais e sintomas desaparecem aos poucos sem nenhum tipo de tratamento específico. Figura 5 - Marca de picada de abelha Para saber mais sobre os fatores relacionados aos acidentes com animais peçonhentos, o Minis- tério da Saúde disponibilizou, em seu site oficial, algumas informações para a população a respei- to desses eventos. As informações podem ajudar ainda mais nas condutas de primeiros socorros. Disponível em: <http://portalms.saude.gov. br/saude-de-a-z/acidentes-por-animais- peconhentos>. Nos casos mais brandos, retire o ferrão e utilize uma compressa fria com gelo para reduzir o efeito do veneno no local da picada, mas fique atento para algumas das consequências resultantes de picadas por insetos. Em algumas pessoas, a rea- ção ao veneno de um inseto pode assumir caráter sistêmico, tais como: insuficiência respiratória; edema de glote; broncoespasmo; edema generali- zado das vias; hemólise intensa, acompanhada de insuficiência renal e hipertensão arterial. Muito rapidamente, esses sintomas podem causar o óbi- to (BRASIL, 2003). Ao perceber sintomas graves, chame o socorro. Sabe-se que o perigo da picada da abelha, além de estar relacionada à quantidade de picadas e ao veneno, também está relacionado com a sensibi- lização da vítima. Se ela já foi sensibilizada aos antígenos de abelha, ocorrerá um quadro alérgi- co típico. Do contrário, a simples picada poderá provocar o choque anafilático, mesmo que seja em pequena quantidade. 112 Acidentes e Lesões em Geral As lesões contusas representam uma compres- são no sentido anteroposterior, a qual empurra o globo ocular contra as estruturas orbitárias, como acontece em um soco ou bolada (CBO, [2018]). Nestes casos, pode-se observar acúmulo de san- gue na esclera (parte branca do olho) ou na íris. Além disso, há restrição dos movimentos ocula- res, a íris ou a pupila podem apresentar formas irregulares. Pode ocorrer, ainda, corte na córnea, incapacidade para abrir os olhos, perda da visão periférica, deformidade palpável dos ossos ao re- dor do olho e sensibilidade à luz. Na ocorrência destes sinais e sintomas, deve-se: • Afastar o indivíduo das atividades que le- varam a ocorrência da lesão e, se necessá- rio, acionar a equipe de resgate. • Colocar o indivíduo sentado em posição ereta ou semirreclinada (45°). • Se a equipe de resgate demorar mais que 15 minutos, você pode aplicar, delicadamente, um tampão sobre ambos os olhos (para limitar o movimento) (FLEGEL, 2015). Lesões nos Olhos, Orelhas e Dentes 113UNIDADE 4 As perfurações oculares compreendem as lesões do globo ocular ou anexos, causados, geralmen- te, por objetos pontiagudos, como facas, madeira, prego, vidro, entre outros. Nestes casos, há pre- sença de dor, queimação, acúmulo de sangue na esclera e/ou na íris e corte na córnea. É necessário acionar o serviço de resgate imediatamente, e a ví- tima deve permanecerem posição confortável. Em nenhuma hipótese, remova o objeto incrustado. Os acidentes oculares abrasivos compreendem arranhões na córnea que podem ser causados por sujeira, areia ou outro corpo estranho no olho. Geralmente, a vítima apresenta dor, queimação e sensação de estar com algo dentro de olho, vermelhidão, lacrimejamento, visão embaçada e sensibilidade à luz. Nestes casos (FLEGEL, 2015): • Tente remover qualquer pequena partícula que cause irritação, com exceção de vidro. • Coloque o indivíduo sentado em uma po- sição semirreclinada. • Aplique, delicadamente, um tampão com rolo de gaze esterilizada sobre ambos os olhos, porque, do contrário, os movimen- tos do olho não lesionado farão que o le- sionado também se mova. • Encaminhe-o a um médico. As fraturas da órbita são causadas por um forte impacto que aumenta muito a pressão intraorbi- tária, geralmente, ocorre no assoalho da órbita ou da parede lateral interna, onde a estrutura óssea é mais frágil. A vítima apresenta diplopia (visão du- pla), edema, equimose periocular, íris ou pupila de forma irregular e enoftalmo (aprofundamento do globo ocular para dentro da órbita) (CBO, [2018]). Nestes casos, afaste o atleta das atividades, acio- ne a equipe de resgate imediatamente e o coloque sentado em uma posição ereta ou semirreclinada. As lesões nas orelhas podem decorrer de gol- pe direto ou por fricção repetida da orelha em uma superfície. O indivíduo pode apresentar dor, sensação de queimação, edema na parte externa da orelha, vermelhidão ou deformação. Nesses casos, aplique gelo, delicadamente, durante 5 a 10 minutos e encaminhe o(a) atleta a um pronto atendimento. Ele(ela) não poderá retornar às ati- vidades até que seja examinado(a) e liberado(a) por um médico (FLEGEL, 2015). Por último, as lesões dentárias ocorrem, fre- quentemente, em crianças, mas podem envolver indivíduos sujeitos a quedas e praticantes de ati- vidades físicas que estão em contato com outros jogadores e suscetíveis a receber um projétil, como uma bola. Podem ocorrer fraturas, luxação ou avulsão dentária (eliminação); a vítima irá apresentar dor, frouxidão dos dentes e hemorragia bucal. Essas situações, geralmente, estão associadas a outras lesões de cabeça e pescoço, incluindo acometi- mento dos ossos faciais, concussões, abrasões, hemorragia e problemas na articulação tempo- romandibular (WALKER, 2010). Em caso de avulsão, o reimplante imediato é o melhor tratamento no local do traumatismo. Assim, deve-se começar por manter o indivíduo calmo e evitar tocar na raiz do dente. Depois pas- sar o dente em água fria corrente, no máximo, 10 segundos, e reimplantar o dente no alvéolo. Além disso, pode-se instruir a vítima a morder um lenço para manter o dente na posição desejada. Se isso não for possível, armazene o dente em leite, dentro da cavidade bucal (na saliva) ou em um recipiente com soro fisiológico (CARDOSO, 2014). Enca- minhe a vítima para atendimento odontológico, imediatamente. Encerramos mais uma unidade de aprendiza- gem. Em um primeiro momento, conhecemos os eventos que causam hemorragias internas e exter- nas. Ambas, se não tratadas precocemente podem levar o indivíduo à parada cardiorrespiratória e a sequelas irreversíveis causadas pela hipóxia nos tecidos, especialmente se a hemorragia for arterial. 114 Acidentes e Lesões em Geral Consequências sérias são decorrentes de quei- maduras graves, com grandes superfícies cor- porais lesionadas, grande profundidade e áreas críticas atingidas. O atendimento deve ser muito criterioso e sempre requer assistência médica especializada. Em queimaduras mais brandas, muitas vezes, os primeiros socorros prestados no local do acidente já são suficientes para controlar a situação e prevenir complicações. O mesmo ocorre em casos de vítimas que so- freram um choque elétrico. Nosso sistema ner- voso é pouco afetado em casos de uma corrente muito fraca. Quando a corrente elétrica é mais forte, o indivíduo pode apresentar dor, queima- duras e até uma parada cardiorrespiratória. Neste contexto, o que podemos fazer é saber reconhecer e prestar o atendimento adequado. A insolação, uma condição provocada pela ex- posição prolongada a ambientes quentes e raios so- lares, causa um distúrbio no mecanismo de controle da temperatura corporal, causando hipertermia, pele seca e avermelhada, pulsação acelerada, falta de ar, enjoo, vômitos, tonturas e até desmaios. Em- bora seja totalmente preventivo, ela ainda é muito comum no nosso cotidiano e depende da nossa atuação para diminuição dos sinais e sintomas. Por fim, ao final da unidade, conhecemos as principais lesões nos olhos, orelhas e dentes, as quais são muito comuns durante a prática espor- tiva. Além disso, compreendemos os fatores que causam uma intoxicação e um envenenamento, considerando que os sinais e sintomas estão di- retamente relacionados com o tipo de exposição e a substância tóxica envolvida. De fato, as situações descritas nesta unidade, dependendo das circunstâncias, nem sempre se caracterizam como eventos de urgência e emer- gência. Entretanto, se não tratadas de maneira adequada podem causar danos irreversíveis na vítima, sejam eles físicos ou psicológicos. 115 Você pode utilizar seu diário de bordo para a resolução. 1. As queimaduras são lesões causadas por agentes capazes de produzir calor excessivo que danifica os tecidos corporais e acarreta a morte celular. Neste contexto, assinale a alternativa correta sobre as queimaduras. a) Podem ser classificadas em primeiro, segundo e terceiro grau, de acordo com a extensão da área do corpo queimada. b) As queimaduras de primeiro grau são as mais graves pela presença de dor forte, destruição da epiderme e da derme e pelo aparecimento de bolhas. c) Embora sejam mais extensas que as de primeiro e segundo grau, as queima- duras de terceiro grau não formam bolhas. d) A aplicação de água corrente limpa sobre a queimadura deve ser a principal medida de primeiros socorros adotada para todas as queimaduras, pois a água resfria a pele e alivia a dor. e) Para diminuir os efeitos das queimaduras de primeiro grau, pode-se aplicar creme dental para aliviar a dor local. 2. Hemorragia é a perda de sangue causada pelo rompimento de um vaso sanguíneo, veia ou artéria. Na hemorragia externa, o sangue extravasa a pele e, assim, pode ser visto. Nesses casos, devem ser adotado(s) o(s) os seguintes procedimento(s): I) Lavar as mãos e utilizar luvas. II) Comprimir o local com gaze por 5 a 10 minutos ou até cessar a hemorragia. III) Manter o membro acometido no nível mais baixo em relação ao restante do corpo. IV) Realizar torniquetes. Assinale a alternativa correta: a) Apenas I e II estão corretas. b) Apenas II e III estão corretas. c) Apenas I está correta. d) Apenas II, III e IV estão corretas. e) Nenhuma das alternativas está correta. 116 3. O choque elétrico é a reação do organismo à passagem da corrente elétrica, que pode gerar um pequeno susto ou até mesmo uma fibrilação cardíaca e morte. Sobre os primeiros socorros na ocorrência de um choque elétrico, julgue as afirmativas a seguir: )( Interrompa a corrente elétrica por meio de um material que não seja condutor antes de socorrer a vítima. )( Jogue água no local de contato entre a vítima e a corrente elétrica. )( Puxe o fio condutor da corrente elétrica rapidamente com as mãos para afas- tá-lo da vítima. )( Se for seguro para você, desaperte as roupas da vítima e fique atento aos sinais vitais. )( Em caso de parada cardiorrespiratória, inicie RCP (se for seguro para você) e acione o serviço de emergência. Assinale a alternativa correta: a) V - F - F - F - V. b) F - F - F - V - V. c) V - V - V - V - F. d) V - F - V - V - F. e) V - F - F - V - V. 4. O sangramento nasal, ou epistaxe, é uma situação frequente, principalmente em crianças, causado pelo modo de assoar o nariz, de coçar ou mesmo de colocar o dedo no nariz, choqueacidental, queda, bolada etc. Considerando o texto e os procedimentos de primeiros socorros, responda as questões: a) Recomende o posicionamento correto da criança e descreva os procedimentos de primeiros socorros na ocorrência de sangramento nasal. b) Descreva qual o posicionamento que é contraindicado nesse caso e porquê. 117 Protocolos de Intervenção para o SAMU 192 - Serviço de Atendimento Móvel de Urgência Autor: SAMU - Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde Editora: Ministério da Saúde Sinopse: a configuração estrutural desse material foi desenvolvida para per- mitir atualização dos protocolos existentes e incorporação de novas unidades nos diferentes agrupamentos de interesse, a qualquer momento. Cada serviço SAMU 192 receberá uma unidade impressa das pastas (SBV e SAV) contendo os protocolos já finalizados para consulta. Esses mesmos arquivos poderão ser baixados em PDF do site do Ministério da Saúde (www.saude.gov.br) ou acessa- dos a partir de aplicativo para celular. Os serviços que já possuem protocolos ou outras tecnologias adicionais incorporadas poderão utilizar esse material como consulta e contribuir com sua experiência para a atualização da presente edição e para o crescimento e desenvolvimento dos demais serviços e do atendimento pré-hospitalar do país. Temos muitas áreas de atuação e em expansão no SAMU 192: veículos de intervenção rápida, motolância, aeromédico, veículos fluviais e marítimos, incidentes de múltiplas vítimas, grandes eventos, acidentes QBRN (químicos, biológicos, radiológicos e nucleares) e outros. Vivemos uma transi- ção demográfica e epidemiológica e é preciso manter atenção às novas áreas e suas demandas. Há muitos de nós com experiência nesses diferentes temas. Precisamos compartilhar nossas experiências e ideias. LIVRO 118 ANTONIOLLI, L. et al. Conhecimento da população sobre os primeiros socorros frente à ocorrência de quei- maduras. Revista Brasileira de Queimaduras, v. 13, n. 4, p. 251-259, 2014. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Especializada. Cartilha para tratamento de emergência das queimaduras. Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2012. ______. Ministério da Saúde. Vice Presidência de Serviços de Referência e Ambiente. Núcleo de Biossegurança. NUBio. Manual de Primeiros Socorros. Rio de Janeiro: Fundação Oswaldo Cruz, 2003. CARDOSO, F. F. R. Traumatismo dentário em dentição permanente jovem. 2014. 99 f. Dissertação de Mes- trado. Medicina Veterinária. Universidade Fernando Pessoa Faculdade Ciências da Saúde Porto, 2014. Disponível em: <https://bdigital.ufp.pt/bitstream/10284/4758/1/PPG_RaquelCardoso.pdf>. Acesso em: 15 fev. 2019. CBO. Conselho Brasileiro de Oftalmologia. Manual de prevenção para acidentes oculares. [2018]. Dispo- nível em: <http://www.cbo.com.br/novo/medico/pdf/livreto_manual_de_prevencao_acidentes_oculares.pdf>. Acesso em: 21 jan. 2019. CUPO, P.; AZEVEDO-MARQUES, M. M.; HERING, S. E. Acidentes por animais peçonhentos: escorpiões e aranhas. Medicina, Ribeirão Preto, v. 36, p. 490-497, abr./dez. 2003. Disponível em: <http://www.saudedireta. com.br/docsupload/134049908841acidentes_animais_peconhentos_escorpioes_aranhas.pdf>. Acesso em: 15 fev. 2019. FCFRP. Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto. Primeiros Socorros de Emergência: Brigada de incêndio e emergências médicas. Ribeirão Preto: FCFRP, 2016. Disponível em: <http://fcfrp. usp.br/cipa/ brigada/curso_primeiros_socorros_de_emergencia_fcfrp.pdf>. Acesso em: 21 jan. 2019. FLEGEL. M. J. Primeiros Socorros no Esporte. 3. ed. Barueri: Editora Manole, 2010. 119 ______. Primeiros Socorros no Esporte. 5. ed. Barueri: Manole, 2015. INSTITUTO BUTANTAN. Acidentes com animais peçonhentos. [2018]. Disponível em: <http://www.saude. sp.gov.br/resources/ses/perfil/cidadao/temas-de-saude/animais_peconhentos.pdf>. Acesso em: 21 jan. 2019. JESUS, H. S. et al. Avaliação do sistema de vigilância das intoxicações exógenas no âmbito da saúde do traba- lhador no Brasil entre 2007 e 2009. Cadernos Saúde Coletiva, v. 20, n. 4, p. 515-24, 2012. LECUONA, K. Avaliação e tratamento dos ferimentos oculares. Jornal de Saúde ocular comunitária, África do Sul, v. 1, n. 1, p. 11-14, 2009. Disponível em: <https://www.cehjournal.org/portuguese/pdf/jsoc1.1_011.pdf>. Acesso em: 21 jan. 2019. MORAES, M. V. Atendimento Pré-Hospitalar: Treinamento da Brigada de Emergência do Suporte Básico ao Avançado. São Paulo: IÁTRIA, 2010. QUILICI, A. P.; TIMERMAN, S. Suporte Básico de Vida: Primeiro Atendimento na Emergência para Profis- sionais da Saúde. Barueri: Manole, 2011. RODRIGUES, D. S. et al. Apostila de Toxologia Básica. Centro de Informações Antiveneno da Bahia. Salvador: Secretaria da Saúde do Estado da Bahia, 2009. SANTOS, N. M. Enfermagem em Pronto Atendimento: Urgência e Emergência. São Paulo: Érica, 2014. TOBASE, L.; TOMAZINI, E. S. Urgências e Emergências em Enfermagem. Rio de Janeiro: Guanabara Koo- gan, 2017. WALKER, B. Lesões no esporte: uma abordagem anatômica. Barueri: Manole, 2010. 120 1. D. 2. A. 3. E. 4. a) No caso de sangramento nasal, deve-se manter a vítima sentada, imóvel, inclinada para frente. Além disso, deve-se realizar o tamponamento de ambas as narinas com uma gaze ou um pano limpo usando o polegar e indicador em forma de pinça, durante 15 minutos. Se possível, pode-se colocar compressa com gelo sobre o nariz, fazendo vasoconstricção, diminuindo o sangramento nasal. b) A vítima jamais deve deitar ou manter a cabeça inclinada para trás, pois isso facilita que o sangue seja aspirado. 121 122 PLANO DE ESTUDOS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM • Conceituar o que são as lesões musculoesqueléticas. • Descrever as lesões na coluna e os procedimentos iniciais do atendimento. • Identificar as lesões no tórax e abdômen e apresentar os primeiros socorros. • Descrever as lesões musculoesqueléticas em membros superiores e os procedimentos de primeiros socorros. • Identificar as lesões musculoesqueléticas em membros inferiores e as condutas de primeiros socorros. Lesões musculoesqueléticas em atividades físicas Lesões na coluna Lesões musculoesqueléticas em membros superiores Lesões musculoesqueléticas em membros inferiores Lesões no tórax e abdômen Dra. Sabrina Weiss Sties Me. Xana Raquel Ortolan Lesões Musculoesqueléticas Lesões Musculoesqueléticas em Atividades Físicas Bem-vindo(a) à última unidade da nossa discipli- na. Aqui, abordaremos as lesões musculoesquelé- ticas em atividades físicas e os procedimentos nas principais situações. As lesões estão, principalmente, relacionadas ao excesso de esforço (acima do limite do corpo) e tempo de repouso inadequado. Os indivíduos que realizam exercícios sem preparação correta, específica e/ou sem orientação de um profissional são os que podem apresentar maior incidência de lesões. Estes casos estão associados à dor, ao desconforto no membro ou local acometido, à dis- função de movimento e incapacidade de realizar os exercícios. Podem ocorrer em todos os prati- cantes de atividades físicas, atletas profissionais ou amadores, e em qualquer faixa etária. Neste contexto, os primeiros socorros nas le- sões são imprescindíveis para que o indivíduo retorne às suas atividades cotidianas, o mais breve possível e para que não perca a força muscular e a capacidade física em decorrência do tempo pro- longado de afastamento. Desta forma, os atendi- mentos iniciais podem minimizar as consequên- cias das lesões, mas o tempo de reabilitação até o retorno de sua rotina deve sempre ser respeitado. 125UNIDADE 5 Os tipos de lesões que serão descritas nesta unidade envolvem as contusões, estiramentos musculares, entorses, fraturas, entre outras. Essas lesões acometem músculos, tendões, ligamentos, ossos e articulações. Os tópicos estão divididos em acometimentos que envolvem a coluna, tórax e abdômen. Além destes, serão descritos os casos que comprometem o quadril,os membros supe- riores e inferiores. As modalidades esportivas têm suas próprias características quanto à duração, gestos esportivos e exigências físicas. Os praticantes dessas ativida- des podem apresentar modificações negativas, como as lesões. Elas são caracterizadas por um dano devido a traumatismo físico que acome- te os tecidos do corpo (DARIO; BARQUILHA; MARQUES, 2010). Podemos destacar como as principais lesões esportivas: • Distensão: rompimento de fibras muscu- lares, devido a um movimento além da capacidade elástica do músculo. • Contusão trauma direto aos tecidos moles, sem ruptura da pele, com infiltração de sangue nos tecidos circundantes, levando à equimose (sangramento no tecido sub- cutâneo). • Tendinite: inflamação ou degeneração dos tendões em decorrência do uso excessivo. • Entorse: a principal característica é a lesão dos ligamentos, sem deslocamento das su- perfícies articulares. • Luxação: caracterizada pela separação das extremidades ósseas da articulação (AR- BEX; MASSOLA, 2007). • Fratura: definida pela perda da continui- dade de um osso e pode gerar fragmentos ósseos. Na distensão, podemos classificar as lesões con- forme o grau de ruptura (Figura 1). A distensão de primeiro grau causa lesão de algumas fibras muscu- lares, a vítima apresenta sensibilidade e dor durante movimentos ativos. Na distensão de segundo grau, é detectado rompimento de várias fibras muscula- res, a contração ativa do músculo é extremamente dolorosa, pode ser observada depressão ou volume de dilatação no local da lesão, edema e diminuição da amplitude de movimento. A distensão de ter- ceiro grau causa ruptura completa, perda total de movimento e a dor é intensa (PRENTICE, 2011). Distenção de grau I Músculo ou tendão levemente estirado Distenção de grau II Músculo ou tendão estirado e parcialmente rompido Distenção de grau III Músculo ou tendão totalmente estirado Distenção de grau I Músculo ou tendão levemente estirado Distenção de grau II Músculo ou tendão estirado e parcialmente rompido Distenção de grau III Músculo ou tendão totalmente estirado Distenção de grau I Músculo ou tendão levemente estirado Distenção de grau II Músculo ou tendão estirado e parcialmente rompido Distenção de grau III Músculo ou tendão totalmente estirado Distenção de grau I Músculo ou tendão levemente estirado Distenção de grau II Músculo ou tendão estirado e parcialmente rompido Distenção de grau III Músculo ou tendão totalmente estirado Figura 1 - Classificação das distensões Fonte: Flegel (2015, p. 38). 126 Lesões Musculoesqueléticas Dentre as lesões em atividades físicas, causadas por movimentos repetitivos, a tendinite (Figura 2) é uma das mais comuns. Essa situação ocorre, devido à irritação e inflamação do tendão, du- rante a atividade muscular (contração muscular). A tendinite causa dor durante a movimentação, edema, elevação de temperatura local e crepitação (estalido). É observada aderência, principalmente, devido à presença de substâncias químicas da in- flamação no tendão irritado (PRENTICE, 2011). As contusões causam comprometimento dos tecidos e dos capilares, provocando dor e edema. As contusões profundas podem atingir músculos e ossos, promovendo perda de função. A equimose é observada por uma coloração púrpuro-azulada da pele (Figura 3) e persiste por vários dias. Ge- ralmente, a dor diminui em alguns dias, e a colo- ração incomum desaparece em algumas semanas (FLEGEL, 2015). Figura 3 - Exemplo de contusão Figura 2 - Tendinite no bíceps braquial 127UNIDADE 5 Uma das lesões mais comuns dos ligamentos é a entorse (Figura 4), na qual o trauma brusco, geralmente, promove o estiramento dos ligamen- tos da articulação ou dos ligamentos próximos da articulação. O estiramento dos músculos e tendões podem estar associados a essa lesão. A vítima pode apresentar dor intensa, edema e he- matoma no local. Ressalta-se que é difícil diferen- ciar a entorse de uma fratura, diante disto, você deve evitar a movimentação da região lesionada (MORAES, 2010). Quando as articulações são atingidas ou tor- cidas, os ossos saem da posição normal, cau- sando a luxação (Figura 5). Esse deslocamento entre os ossos permanece até que eles sejam reposicionados por um médico. A luxação tam- bém causa lesão nos tecidos moles adjacentes da articulação. De maneira geral, para todos os casos, é indi- cado repouso, aplicar bolsa de gelo ou compressa fria, pois isso reduz o edema e a dor. A imobili- zação também auxiliará na diminuição da dor e pode ajudar a prevenir futura lesão dos músculos, nervos, vasos sanguíneos e da pele. As fraturas nem sempre são causadas por trau- ma violento, um simples escorregão ou tropeço pode ser suficiente. Grande parte das fraturas afeta os membros superiores (clavícula, punho, antebraço e cotovelo). O sintoma mais típico é a dor iminente causada pelo trauma, a qual piora com o movimento ou compressão da região le- sionada (SBOP, 2018, on-line)2. A vítima também pode apresentar hematoma, edema, crepitação, deformidade no local e disfunção. As fraturas podem ser classificadas em: fe- chada, quando não há comprometimento da pele; aberta ou exposta, na qual a pele sofre rompimento; patológica, quando há problemas prévios, como doenças; e por estresse, na qual os ossos são submetidos a impactos repetitivos, causando a lesão. Segundo Moraes (2010), os procedimentos nos casos de fraturas são: • Tranquilizar o indivíduo. • Verificar os sinais vitais e perfusão peri- férica. • Realizar imobilização acima e abaixo do local da fratura (duas articulações). • Realizar o enfaixamento, iniciando sempre de distal para o proximal. • Se houver hemorragias, deve estancar. • Você não deve comprimir os ossos expos- tos, ou tentar recolocá-los no lugar. • É necessário encaminhar a vítima para atendimento hospitalar. Figura 4 - Entorse de tornozelo Fonte: IOT Blumenau (2018, on-line)1. DESLOCAMENTO PATELAR Tendão do quadríceps Patela Tíbia Ligamento colateral medial Ligamento colateral lateral Ligamento patelar Posição normal da patela Patela deslocada Figura 5 - Luxação da patela Ligamento Talo�bular Anterior (Lesionado) Ligamento Fibulocalcâneo (Lesionado) Ligamento Tíbio�bular Anterior Fíbula Tíbia Complexo Ligamentar Medial 128 Lesões Musculoesqueléticas Os traumas diretos na coluna e os movimentos repetitivos, em decorrência de flexão, extensão, cisalhamento, torção, compressão ou alongamen- to forçado, podem causar diversas lesões. Entre estas, as distensões, contusões e entorses são as mais comuns; já as fraturas e discopatias, que são mais severas, ocorrem com menor frequência (FLEGEL, 2015). As lesões na região do pescoço podem ser graves, particularmente nos casos de fraturas das vértebras. No entanto, as lesões mais comuns neste local são menos graves, como as distensões musculares, que comprometem os músculos ou tendões. Os indivíduos podem apresentar: cefa- leia (dor na cabeça), cervicalgia (dor pescoço), dor no ombro, estalo no pescoço e diminuição de força e mobilidade. O procedimento indicado é orientar o indivíduo para evitar a movimentação e procurar atendimento médico, nos casos graves, deve chamar o atendimento móvel de emergência (WALKER, 2010). Lesões na Coluna 129UNIDADE 5 Entre os acometimentos da coluna, podemos citar também a hérnia de disco, que é conside- rada uma protrusão (deslocamento) do núcleo discal para além dos seus limites normais. Pode comprimir as raízes nervosas, causando sinto- mas sensitivo-motores, devido à associação de alterações degenerativas e fatores biomecânicos. Essas lesões podem causar dor e dificuldade de movimentação, parestesia, fraqueza, disfunção motora e sensorial. Nestes casos, deve-se inter- romper a atividade que está causando estresse à coluna, recomendar repouso e encaminhar para o atendimento de profissionais especialistas (WALKER, 2010). Os distúrbios da região lombarsão os mais comuns entre as alterações que afetam a coluna. Dependendo do tipo da modalidade, a preva- lência de dor lombar pode chegar a 86% (LIMA et al., 2014). Além das lesões citadas anteriormente, um indivíduo pode apresentar espondilólise e/ou espondilolistese (Figura 6). Na espondilólise, há uma fratura com descon- tinuidade óssea do segmento intervertebral, na região da lâmina (entre os processos articulares superiores e inferiores). A progressão desta si- tuação pode ocasionar espondilolistese, que é caracterizada pelo deslizamento de uma vértebra sobre outra subjacente, na qual há subluxação. Ocorre, principalmente, na coluna lombar, entre os níveis L5-S1, sobretudo, em crianças e adoles- centes (JASSI et al., 2010). Nestes casos, podem ser observadas com- plicações neurológicas importantes e dores na região lombar, que pioram durante a corrida ou quedas e melhoram com o repouso e a flexão do tronco. Desta forma, é importante evitar as atividades que causam impacto na coluna e de- sencadeiam a dor e desconforto. Fratura interarticular Espondilólise Espondilotitese Disco normal Hérnia de disco Estenose espinhal Fratura interarticular Espondilólise Espondilotitese Disco normal Hérnia de disco Estenose espinhalFratura interarticular Espondilólise Espondilotitese Disco normal Hérnia de disco Estenose espinhal Fratura interarticular Espondilólise Espondilotitese Disco normal Hérnia de disco Estenose espinhal Figura 6 - Espondilólise e espondilolistese 130 Lesões Musculoesqueléticas 131UNIDADE 5 Lesões no Tórax e Abdômen Os traumatismos torácicos podem ser graves e levar a vítima a óbito, portanto, faz-se necessário que sejam realizadas as condutas no atendimento pré-hospitalar. Os traumas podem ser fechados ou abertos e podem ocorrer em esportes de contato, e as principais causas são a colisão entre jogadores, golpes e quedas. A vítima pode apresentar dor e sensibilidade sobre o local, dificuldade para respi- rar, movimento irregular do tórax e edema. Caso haja suspeita de fratura nas costelas, a vítima deve receber atendimento médico. Pode-se utilizar gelo sobre o local para aliviar a dor e realizar enfaixa- mento compressivo (WALKER, 2010). Quanto às lesões abdominais, podem compro- meter o peritônio e os órgãos internos, causando sangramentos, também podem levar à morte, de- vido às hemorragias e ao choque hipovolêmico. Nestes casos, é importante verificar a presença de hematomas, se há distensão abdominal, se a víti- ma apresenta pulso, sudorese fria, palidez, cianose de extremidades e hipotensão (MORAES, 2010). É preciso monitorar os sinais vitais e, se necessá- rio, acionar o serviço médico e iniciar o SBV. Se a vítima apresentar sinais vitais normais e sintomas leves, encaminhe para atendimento hospitalar. 132 Lesões Musculoesqueléticas As luxações podem acometer diversas articula- ções e, conforme citado anteriormente, são carac- terizadas pela separação das extremidades ósseas que formam uma articulação. Na luxação de om- bro, há incapacidade de manter a cabeça umeral no centro da glenoide (Figura 7) (CARTUCHO, 2015). Entre os diferentes tipos de instabilidade dessa articulação, a anterior de causa traumática é o tipo mais comum. A luxação do ombro, muitas vezes, resulta em lesão dos nervos, vasos sanguíneos e múscu- los do manguito rotador. Entre os mecanismos mais comuns, podemos citar as quedas com as mãos espalmadas, os golpes contra a parte anterior do braço com o membro estendido e rotação externa. Essas lesões causam dor inten- sa, principalmente quando a musculatura de suporte apresenta espasmo (DUTTON, 2010). Lesões Musculoesqueléticas em Membros Superiores 133UNIDADE 5 Pode haver impossibilidade de realizar o mo- vimento na articulação e ser observada defor- midade acentuada no local da lesão. De acordo com Moraes (2010), os seguintes procedimentos são indicados: • Deixar a vítima tranquila. • Verificar os sinais vitais e a perfusão pe- riférica. • Imobilizar a articulação acima e abaixo da fratura (duas articulações). • Iniciar o enfaixamento sempre de distal para proximal, sem comprimir ossos ex- postos ou tentar recolocá-los no lugar. • Aquecer a vítima com manta ou outros tecidos disponíveis. • Se houver fraturas externas, estancar as hemorragias. • Encaminhar a vítima para o hospital. As luxações e fraturas nos ombros, clavícula e es- cápula devem ser imobilizadas com tipoia (Figura 8) ou bandagem triangular (Figura 9). Anatomia normal Deslocamento anterior Deslocamento posterior Figura 7 - Luxação no ombro Figura 8 - Tipoia tipo ombreira Figura 9 - Bandagem triangular Fonte: Escoteiros do Brasil ([2018], on-line)3. 134 Lesões Musculoesqueléticas Síndrome do Impacto Qualquer alteração que acomete a estrutura e fun- ção do ombro torna esta articulação alvo de diver- sas afecções; entre estas, a síndrome do impacto (SI) é considerada uma das mais comuns. Essa lesão promove uma síndrome dolorosa do om- bro, geralmente, associada a microtraumatismos, degeneração, diminuição de força muscular e ten- dinite do manguito rotador (METZKER, 2010). A SI é de caráter crônico, e o sintoma de dor é desencadeado pela compressão do manguito ro- tador no arco coracoacromial. Há bursite crônica e lesão parcial ou completa do tendão supraespi- nhal (SBOT, 2011). As recomendações para indivíduos que apre- sentam SI são: repouso para alívio dos sintomas, modificação das atividades físicas e procurar aten- dimento médico especializado. Epicondilite Lateral A epicondilite lateral, também denominada “cotovelo do tenista”, é uma lesão degenerativa que ocorre nos tendões extensores na região do epicôndilo lateral (Figura 10). Na epicondilite, é observada tendinose, resposta fibroblástica e vascular, as quais caracterizam a degeneração. Além da associação com a prática do tênis, pode ocorrer em outras situações. Essa lesão inicia com microlesões na origem do músculo extensor do antebraço, sendo que o comprometimento do ten- dão extensor radial curto do carpo é mais comum (COHEN; MOTTA FILHO, 2012). Apesar de ser chamada de epicondilite, essa de- nominação não reflete a realidade fisiopatológica dessa lesão, pois não foram encontradas evidências de processo inflamatório. As atividades que podem causar a epicondilite lateral são as que exigem im- pulso e intensas extensões do cotovelo ou supina- ção do antebraço. Como sintomas, podemos citar dor insidiosa ou repentina e/ou sensibilidade no epicôndilo lateral, que se irradia para os músculos extensores, e fica mais acentuada durante os movi- mentos do cotovelo (SBR, 2011, on-line)4. Os indivíduos devem receber orientações para fazer repouso, evitar os movimentos repetitivos, tanto nas práticas esportivas como nas atividades laborais e podem fazer uso de bolsas e compressas de gelo. Epicondilite Medial Entre as lesões na região do cotovelo, a epicon- dilite medial ou “cotovelo de golfista” é uma das mais comuns. A epicondilite medial acomete os tendões flexores do antebraço (Figura 11). Os golfistas podem ser vítimas dessa lesão, porém diversas atividades que exigem o uso excessivo dos músculos e tendões do antebraço podem causar esse tipo de epicondilite, como os movimentos de arremesso. Os sintomas da lesão são associados à degene- ração do tendão, devido aos microtraumas repeti- tivos, apoptose celular e morte celular. Também é caracterizada pela proliferação de fibroblastos, pre- sença de colágeno desorganizado e vascularização pouco funcional (TOSTI; JENNINGS; SEWARDS, 2013; GOSENS et al., 2011). A dor e sensibilidade na região interna do cotovelo podem aparecer de forma súbita ou gradualmente. O indivíduo pode apresentar fraqueza nas mãos e pulsos, rigidez ar- ticular e parestesia até a região dos dedos. As recomendações para os casos de epicondi- lite medial são as mesmas que para a lesão medial, ou seja, evitar as atividades que causam estresse repetitivo ao cotoveloe utilizar compressas de gelo (WALKER, 2010). 135UNIDADE 5 Figura 10 - Epicondilite lateral Figura 11 - Epicondilite medial 136 Lesões Musculoesqueléticas Lesões Musculoesqueléticas em Membros Inferiores Síndrome do Trato Iliotibial As lesões devido à sobrecarga na articulação do quadril costumam ocorrer em praticantes de esporte. Dentre essas lesões, pode-se destacar a Síndrome do trato iliotibial (STI). A característica mais frequente é a fricção da banda iliotibial na sua inserção distal, que desenca- deia um quadro de dor na região lateral do joelho (Figura 12) relacionada ao atrito desta banda no côndilo lateral do fêmur. Esse tipo de lesão é pre- valente em ciclistas, corredores de longa distância e jogadores de futebol (FALOTICO et al., 2013). Os indivíduos relatam dor a 2 ou 3 cm aci- ma da linha articular, os sintomas se manifestam durante a corrida, pioram progressivamente e limitam a distância ou a velocidade. As subidas ou descidas também provocam dor, no entanto, depois de alguns minutos em repouso, desaparece, espontaneamente. Se o atleta insistir em realizar as atividades de corrida, a dor pode agravar o processo inflamatório e desencadear irradiação para região acima ou abaixo do joelho, edema e crepitação (SBRATE, 2018, on-line)5. 137UNIDADE 5 Nestes casos, são indicados repouso relativo ou até os sin- tomas diminuírem, controle da dor utilizando gelo, exercícios de alongamento e correção dos mo- vimentos. Caso os sintomas não desapareçam, deve-se procurar atendimento especializado. Pubalgia A pubalgia acomete a região da sínfise púbica e os múscu- los adjacentes (Figura 13). É caracterizada por uma lesão traumática ou crônica, devido ao desequilíbrio muscular, es- tresse repetitivo ou lesão não tratada dos ossos ou da mus- culatura dessa área. As vítimas apresentam inflamação local e dor na inserção dos adutores ou abdome inferior, que aumenta durante as corridas, ao realizar chutes ou mudanças rápidas de direção (WALKER, 2010). Pra- ticantes de outras modalidades que envolvem chutes, corridas ou rápidos movimentos laterais estão mais propensos a esse tipo acometimento. A pubalgia pode estar associa- da a outras alterações, como her- niação, entesopatias, lesões mus- culares (abdominal ou adutor) e doenças da articulação do quadril. Pode causar diminuição da ampli- tude de movimento, força mus- cular e agilidade (JUNQUEIRA; CASTRO; MARTINELLI, 2017). Banda Iliotibial Patela Área de distribuição da dor Figura 12 - Síndrome do trato iliotibial Fonte: Helen e Monique (2016, on-line)6. Figura 13 - Pubalgia, local da dor Fonte: Fisioterapia.com (2018, on-line)7. 138 Lesões Musculoesqueléticas Síndrome Femoropatelar A síndrome femoropatelar é caracterizada por dor difusa retro ou peripatelar, tipicamente agravada pelas subidas e descidas de escadas, ao realizar agachamentos, ou permanecer du- rante muito tempo na posição sentada. Alguns fatores podem predispor essa lesão, como as al- terações/anomalias ósseas; desalinhamento do membro inferior e os desequilíbrios dos múscu- los, tendões e dos tecidos moles periarticulares (ROQUE et al., 2012). Figura 14 - Patela normal, com inflamação e degeneração. Segundo Walker (2010), indivíduos que apre- sentam aumento do ângulo Q, fraqueza ou en- curtamento do quadríceps e luxações crônicas da patela, que realizam movimentos incorretos na corrida, utilizam calçados inadequados e praticam esportes que exigem saltos podem apresentar esse tipo de lesão. Para esses casos, é indicada a utilização de gelo sobre o local, repouso ou diminuição da intensi- dade e duração dos movimentos. 139UNIDADE 5 Figura 15 - Lesão de ligamento cruzado anterior Fonte: OrthoInfo (2015, on-line)8. Lesão do ligamento cruzado posterior (LCP) Figura 16 - Lesão de ligamento cruzado posterior Fonte: MeuJoelho (2018, on-line)9. Lesão de Ligamento Cruzado Anterior O ligamento cruzado anterior (LCA) é o estabi- lizador estático da articulação do joelho contra a translação anterior da tíbia com relação ao fêmur. Ocorrem lesões no LCA, geralmente, em ativida- des que exigem diversas mudanças de direção e impacto. As movimentações rápidas e mudanças abruptas, frequentemente, causam ruptura do LCA (Figura 15), sendo que o mecanismo mais comum é a rotação do joelho com o pé fixo em contato com o solo. Os sintomas são caracteriza- dos por dor aguda, imediatamente ao trauma, as- sociada ao edema e instabilidade no joelho. Com frequência, nesses casos, o menisco e outros liga- mentos também sofrem lesão (WALKER, 2010). Sendo assim, deve-se realizar imobilização, ele- vação do membro e compressas com gelo para diminuir a dor e o edema; além disso, deve-se encaminhar o indivíduo imediatamente para atendimento médico. Lesão de Ligamento Cruzado Posterior O ligamento cruzado posterior (LCP) resiste à rotação interna da tíbia, limita a hiperextensão do joelho, o deslocamento anterior do fêmur e a translação posterior da tíbia na ausência dessa sustentação. As causas de lesão do LCP (Figura 16) são os traumatismos decorrentes de alta energia. 140 Lesões Musculoesqueléticas Transporte das Vítimas As vítimas em situação de emergência, geralmen- te, são transportadas pela equipe dos serviços médicos de urgência. No entanto, se houver ne- cessidade de você responsabilizar-se pelo trans- porte, verifique cada situação. A movimentação da vítima está indicada apenas se houver perigo imediato, como nos casos de incêndio, choque elétrico, acidentes no trânsito e situações nas quais não podem ser realizados os primeiros socorros, devido à localização ou posição da vítima. Con- tudo, nos casos em que o indivíduo não apresenta risco de morte, o transporte pode ser realizado tomando cuidado para não movimentar o local da lesão para evitar maior comprometimento e dor. Nas figuras a seguir, pode ser observado o arrastamento pelo lençol ou cobertor, transporte na maca, rolamento em bloco e transporte por 3 pessoas, auxílio com 1 pessoa, carregamento no colo, carregamento em cadeira, carregamento tipo mochila e carregamento tipo cadeira. Fascite Plantar A fascite plantar é caracterizada pela irritação e in- flamação da fáscia plantar em decorrência de es- tresse excessivo nessa região. A fáscia se estende da base do calcâneo até a planta do pé. A inflamação dá-se, principalmente, por conta do estiramento excessivo da fáscia plantar (Figura 17). Como causas deste tipo de lesão, podemos ci- tar: o encurtamento dos músculos do tríceps sural, o impacto sobre a região, a utilização de calçados impróprios para a prática esportiva, as alterações no arco plantar, o uso excessivo e a hiperpronação. Os indivíduos apresentam dor na região do calcâneo, que fica acentuada após a realização de um exer- cício ou ao levantar-se após repouso prolongado (WALKER, 2010). Os procedimentos indicados são: • Fazer repouso e evitar atividades que desen- cadeiam a dor. • Utilizar calçados adequados, com amorte- cimento. • Evitar andar sem calçados em superfícies rígidas. • Utilizar compressas de gelo. • Se persistirem os sintomas, encaminhar para atendimento especializado. Plantar fáscia Plantar fasciitis Figura 17 - Lesão de ligamento cruzado posterior Fonte: ORTOPediaBR (2017, on-line)10. Um transporte das vítimas mal realizado, sem a técnica correta, pode provocar mais danos à integridade física do indivíduo. Por isso, é fun- damental que você verifique as condições espe- cíficas para cada situação. 141UNIDADE 5 Figura 20 - Transporte por 1, 2 ou 3 pessoas Fonte: UFRRJ ([2018], on-line)11. Figura 19 - Transporte na maca Fonte: UFRRJ ([2018], on-line)11. Figura 18 - Arrastamento pelo lençol ou cobertor Fonte: UFRRJ ([2018], on-line)11. 142 Lesões Musculoesqueléticas Caro(a) aluno(a), as lesões são acometimentos indesejáveis e desagradáveis na vida dos indiví- duos; tanto durante a prática de atividades físicas quanto em atividades cotidianas. Conformeve- rificamos ao longo deste material, essas situações podem ser evitadas e prevenidas. As lesões na coluna podem ser evitadas se con- seguirmos prevenir os traumas e os movimentos repetitivos, como a flexão, extensão, torção ou as distensões. Além disso, qualquer alteração que acome- te a estrutura e função das articulações torna o local alvo de novas lesões musculoesquelé- ticas, seja nos membros superiores seja infe- riores. Casos mal tratados ou negligenciados promovem microtraumatismos, degeneração e diminuição de força muscular. Desta forma, sempre fique atento(a) quando um paciente relatar dor, dificuldade de movimentação, fra- queza ou parestesia. Nestes casos, é importante realizar orientações pertinentes à sua queixa e prestar os primeiros socorros. Infelizmente, os que se esforçam acima do limi- te do corpo e não se preocupam com a preparação correta e específica, fatalmente, serão vítimas de lesões. É comum atletas e não atletas vivenciarem as lesões, portanto, é necessário levar em conside- ração diversos critérios, como a capacidade física, habilidade e idade para prevenir as lesões. No entanto, diante de lesões, é extremamen- te relevante utilizar procedimentos e procurar auxílio de outros profissionais da saúde com o objetivo de diminuir ou eliminar a dor, restabe- lecer a mobilidade e a estabilidade, aumentar a capacidade cardiorrespiratória, a flexibilidade e a força muscular, por fim, planejar o retorno das atividades cotidianas. Lembre de manter-se sempre atualizado sobre estes temas. Aproveite as atividades a seguir para testar seus conhecimentos. Até breve! 143 1. Algumas lesões são comuns e características das atividades e fundamentos do vôlei, por exemplo. Entre elas, destaca-se a Síndrome do Impacto. Verifique as asserções seguintes: I. Essa lesão pode promover várias alterações no ombro, que se manifestam por inflamação, crepitação, limitação funcional, dor e sensibilidade nos mo- vimentos de elevação e rotação. II. A etiologia da síndrome do impacto é, em geral, multifocal, e o tendão do radial anterior é a estrutura com maior chance de ser acometida. III. Essa afecção compromete os músculos do manguito rotador. IV. Essa afecção possui como causa a excessiva frequência de elevações dos membros superiores somada ao componente de força, como nos saques e cortadas. É correto o que se afirma em: a) I, III e IV, apenas. b) I, II e IV, apenas. c) II, III e IV, apenas. d) I e IV, apenas. e) II, apenas. Você pode utilizar seu diário de bordo para a resolução. 144 2. Na avaliação da lesão, pode-se constatar a natureza do evento e classificá-la em traumática ou clínica. Avalie as questões a seguir: I. As fraturas e luxações são exemplos de eventos clínicos. II. É considerada traumática se a lesão for devido a uma colisão. III. É considerada clínica se a lesão for em decorrência de uma doença crônica. IV. A osteoporose é uma exemplo de evento traumático. É correto o que se afirma em: a) III, apenas. b) I e IV, apenas. c) II e III, apenas. d) I, II apenas. e) IV, apenas. 3. Entre atletas olímpicos, encontraram-se a maioria de ginastas com alterações constatáveis ao exame de ressonância magnética, comprovando-se que, quanto mais longo e exaustivo o treinamento, maior será a sobrecarga na coluna verte- bral que resultará em lesão neste segmento. A hiperextensão, o uso excessivo, o impacto contra o solo na saída dos aparelhos ou o mecanismo de torções, durante os exercícios, tais como os movimentos em parafuso, podem causar espondilólise e espondilolistese. Os sinais e sintomas são: dor, espasmos, en- curtamento muscular e alterações posturais. Conforme a figura a seguir, avalie as asserções e assinale a correta. 145 a) Na primeira imagem, está destacada a espondilólise, e, na segunda, a espon- dilolistese. b) Na primeira imagem, está destacada a espondilólise, e, na segunda, a hérnia de disco. c) Na primeira imagem, está destacada a hérnia de disco, e, na segunda, a es- pondilolistese. d) Na primeira imagem, está destacada a espondilólise, e, na segunda, o osteófito. e) Na primeira imagem, está destacada a espondilolistese, e, na segunda, a es- pondilólise. 4. A pubalgia se caracteriza pela presença de dor, na região baixa do abdômen e na virilha. A região do púbis é considerada o centro de gravidade do corpo. Nesta região, ocorre a inserção e consequente tração de diversas forças musculares. Sobre essa lesão, podemos dizer que a pubalgia ocorre devido ao desequilíbrio muscular. Quando um dos grupos musculares se sobrepõe de forma exagerada sobre o outro, em geral, os músculos: a) Abdominais levam a vantagem sobre os adutores. b) Adutores levam a vantagem sobre os abdominais. c) Extensores do quadril levam a vantagem sobre os abdominais. d) Extensores do quadril levam a vantagem sobre adutores. e) Flexores do quadril levam a vantagem sobre os abdutores. 146 Nesta revisão sistemática sobre a prevalência de lesões em corredores de rua e fatores associados, são descritos os tipos de lesões e as regiões mais acome- tidas. Leia este artigo na íntegra. Para acessar, use seu leitor de QR Code. WEB https://apigame.unicesumar.edu.br/getlinkidapp/3/297 147 ARBEX, F. S.; MASSOLA, R. M. Lesões desportivas (ld): conceitos básicos e aspectos epidemiológicos. In: VILARTA, R. (Org.). Saúde Coletiva e Atividade Física: Conceitos e Aplicações Dirigidos à Graduação em Educação Física. Campinas: Ipes Editorial, 2007, p. 51-57. 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B. 151 152 Lesões Musculoesqueléticas CONCLUSÃO Caro(a) aluno(a), neste livro, aprendemos um pouco mais sobre acidentes que, em geral, podem acontecer no seu local de trabalho. Todos estão sujeitos a sofrer algum tipo de acidente; então, é importante que saiba como prevenir esses acontecimentos. Fique atento ao seu ambiente de trabalho, procure por fatores que podem favorecer uma situação de urgência e emergência e corri- ja-os. Lembre-se que oferecer um ambiente adequado para a prática de suas atividades e o acolhimento de seus pacientes também é sua responsabilidade. Além disso, é importante que você conheça seu paciente; as condições de saú- de-doença do indivíduo refletem diretamente na possibilidade da ocorrência de eventos adversos. Muitas situações podem ser evitadas pelo simples fato de tomarmos consciência da história clínica do paciente , portanto, verifique se as condições de saúde da pessoa são compatíveis com o plano terapêutico que você está propondo. De fato, muitas das situações citadas ao longo deste livro podem ser evitáveis, por outro lado, algumas surgem inesperadamente e você precisa estar pre- parado. Saiba reconhecer os sinais e sintomas de cada situação de urgência e emergência e, sobretudo, saiba atuar diante desses acontecimentos. Lem- bre-se que o Código Penal Brasileiro trata como crime os casos de omissão de socorro. Não esqueça que você é o(a) profissional que tem contato mais próximo com o paciente. Desta maneira, a assistência imediata prestada por você aos indiví- duos vítimas de acidentes pode evitar e/ou minimizar futuras complicações, favorecendo o prognóstico do indivíduo, seja na sobrevida ou na redução de sequelas e complicações. Capa_Téc e Proce. de Primeiros Socorros_2019.pdf AVA_Técnicas e Procedimentos de Primeiros Socorros_2019.pdf Aspectos Gerais do Atendimento à Urgência e Emergência Urgências e Emergências Cardiovasculares e Respiratórias Urgências e Emergências Metabólicas e Neurológicas Acidentes e Lesões em Geral Lesões Musculoesqueléticas Graus de Queimaduras _GoBack _GoBack _GoBack Botão 1: