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SUPORTE BÁSICO E AVANÇADO 
DE VIDA
2
Thaísa Mariela Nascimento de Oliveira
São Paulo
Platos Soluções Educacionais S.A 
2021
 SUPORTE BÁSICO E AVANÇADO DE VIDA
1ª edição
3
2021
Platos Soluções Educacionais S.A
Alameda Santos, n° 960 – Cerqueira César
CEP: 01418-002— São Paulo — SP
Homepage: https://www.platosedu.com.br/
Head de Platos Soluções Educacionais S.A
Silvia Rodrigues Cima Bizatto
Conselho Acadêmico
Carlos Roberto Pagani Junior
Camila Turchetti Bacan Gabiatti
Camila Braga de Oliveira Higa
Giani Vendramel de Oliveira
Gislaine Denisale Ferreira
Henrique Salustiano Silva
Mariana Gerardi Mello
Nirse Ruscheinsky Breternitz
Priscila Pereira Silva
Tayra Carolina Nascimento Aleixo
Coordenador
Camila Braga de Oliveria Higa
Revisor
Gabriella Novelli Oliveira
Editorial
Alessandra Cristina Fahl
Beatriz Meloni Montefusco
Carolina Yaly
Mariana de Campos Barroso
Paola Andressa Machado Leal
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)_________________________________________________________________________________________ 
Oliveira, Thaísa Mariela Nascimento de
O48s Suporte básico e avançado de vida / Thaísa Mariela 
 Nascimento de Oliveira. – São Paulo: Platos Soluções 
 Educacionais S.A., 2021.
 40 p.
 ISBN 978-65-5356-069-7
 1. Suporte básico. 2. Suporte avançado. 3. Assistência 
 de enfermagem no trauma. I. Título.
 
CDD 610.73
____________________________________________________________________________________________
Evelyn Moraes – CRB-8 010289
© 2021 por Platos Soluções Educacionais S.A.
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser 
reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, 
eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de 
sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, 
por escrito, da Platos Soluções Educacionais S.A.
4
SUMÁRIO
Aspectos éticos na emergência e o Suporte Básico e Avançado 
de Vida para queimaduras e traumatismos menores ________ 05
Suporte Básico de Vida: afogamentos, acidentes com animais 
peçonhentos e obstrução de vias aéreas ____________________ 23
Suporte Básico de Vida na parada cardiorrespiratória _______ 40
Suporte Avançado de Vida na parada cardiorrespiratória ____ 55
 SUPORTE BÁSICO E AVANÇADO DE VIDA
5
Aspectos éticos na emergência 
e o Suporte Básico e Avançado 
de Vida para queimaduras 
e traumatismos menores
Autoria: Thaísa Mariela Nascimento de Oliveira
Leitura crítica: Gabriella Novelli Oliveira
Objetivos
• Definir Suporte Básico e Avançado de Vida.
• Discutir os aspectos éticos envolvidos na abordagem 
à vítima em situações de urgência e emergência.
• Compreender o atendimento de Suporte Básico e 
Avançado de Vida em queimaduras.
• Compreender o atendimento de Suporte Básico de 
Vida em traumatismos menores.
6
1. Suporte Básico e Avançado de Vida
O Suporte Básico de Vida (SBV) pode ser definido como um conjunto de 
habilidades e atitudes iniciais aplicadas pela equipe multidisciplinar de 
saúde em ambiente intra-hospitalar, pela equipe de socorristas do SBV 
atuantes em ambiente pré-hospitalar ou, até mesmo, desempenhado 
por pessoa leiga que possua treinamento. O SBV desenvolvido por leigos 
tem o objetivo de exercer adequadamente o primeiro atendimento às 
vítimas que se encontram em situações de urgência e emergência até a 
chegada do Suporte Avançado de Vida (SAV) (SANTOS, 2018).
Nesta disciplina, serão abordados os cenários mais comuns de 
emergências cardiológica, respiratória, traumatismos menores e de 
intoxicação exógena que exigem dos profissionais enfermeiros o 
conhecimento e as técnicas que envolvem o SBV e SAV. Segundo Santos 
(2018), o SAV é a continuação do SBV, que também será executado 
pela equipe multidisciplinar em saúde (médico, enfermeiro, técnico de 
enfermagem, fisioterapeuta etc.) nos ambientes intra-hospitalar e/ou 
extra-hospitalar, acrescido de manobras invasivas específicas e de maior 
complexidade tecnológica para o reestabelecimento de agravos à saúde.
Diante disso, ambos os suportes devem prestar um atendimento 
ético e moral para a abordagem e tomada de decisão em situações de 
urgência e emergência (COMMITTEE ON TRAUMA, 2018), em especial as 
emergências cardiológicas como a parada cardiorrespiratória, além de 
desenvolver competências (conhecimento/habilidade/atitude) para o 
atendimento de qualidade e excelência às vítimas.
2. Aspectos éticos na abordagem da vítima
Os profissionais que atuam nos serviços de urgência e emergência 
enfrentam cenários eticamente desafiadores e suscetíveis ao tempo. A 
7
falta de formação ética no ambiente pré-hospitalar e no intra-hospitalar 
poderá deixá-los com sentimento de despreparo quando confrontados 
com situações eticamente contraditórias ou, até mesmo, confusas. O uso 
do raciocínio crítico no ambiente de emergência por esses profissionais 
poderá estabelecer uma base sólida para a tomada de decisões 
eticamente difíceis (COSTA et al., 2018).
O objetivo deste tópico será conhecer o “principialismo”, que utiliza um 
conjunto de quatro princípios morais: a autonomia, a não maleficência, a 
beneficência e a justiça para estabelecer o comportamento apropriado e 
ético dos profissionais, bem como orientar a prática clínica para tomada 
de decisão assertiva. Agora, abordaremos cada princípio ético (COSTA et 
al., 2018; NAEMT, 2020):
• Autonomia
Em grego, autonomia tem o significado de auto nomos, ou seja, “próprias 
regras” (NAEMT, 2020, p. 32). Então, adultos conscientes podem 
tomar suas próprias decisões. A privacidade e confidencialidade, o 
consentimento informado e a veracidade são conceitos éticos, que estão 
intimamente interligados com a autonomia (NAEMT, 2020).
A privacidade se refere ao direito de o cliente controlar quem 
tem acesso às próprias informações pessoais de saúde, já a 
confidencialidade é o dever de profissionais da saúde em não 
compartilhar informações do cliente a qualquer lugar ou pessoa 
autorizada pela instituição ou pelo próprio cliente. O consentimento 
informado é a documentação com informações inerentes ao 
tratamento médico a ser realizado, no qual o cliente com capacidade de 
tomar decisões e, pesar riscos e benefícios associados às opções, deverá 
recusar ou consentir a conduta médica. Caso o cliente se apresente 
incapaz de tomar as próprias decisões, um responsável deverá tomá-las 
em seu nome. Quanto a veracidade, além de ser uma expectativa do 
cliente, também é necessária para o elo de confiança (NAEMT, 2020).
8
• Não maleficência
Assim como os profissionais de saúde devem respeitar o direito da 
escolha de tratamento por parte do cliente, há também uma obrigação 
desses profissionais em não causar danos ou expor o cliente ao risco 
(COSTA et al., 2018).
• Beneficência
Trata-se de agir para benefício do outro e exige do profissional 
maximizar o altruísmo e minimizar os riscos inerentes à saúde e à 
vida da vítima. Também pode ser acrescentado o “ir além” do que 
é recomendado e exigido por padrões de práticas profissionais em 
benefício ao cliente (COSTA et al., 2018).
• Justiça
Justiça e segurança são pressupostos de intervenções adequadas 
em saúde, com uma forte ligação à segurança do cliente. A justiça 
é considerada distributiva quando ocorre uma distribuição justa de 
serviços, diretrizes e regras socialmente acordadas (NAEMT, 2020).
Assim, independentemente do sexo, raça, classe social ou idade, a 
justiça em saúde tem por objetivo colocar em prática o princípio da 
equidade no quesito cuidado/assistência. Todos os que precisarem de 
cuidados o receberão, no entanto, o indivíduo que for identificado com a 
necessidade de cuidado mais urgente será atendido de forma prioritária 
(COSTA et al., 2018).
Sendo assim, nas emergências, o enfermeiro e sua equipe podem se 
deparar com os mais difíceis e complexos cenários,que demandam 
tomadas de decisões éticas. A Figura 1 apresenta exemplos de cenários 
e as possíveis condutas.
9
Figura 1 – Exemplos de cenários e condutas éticas
Fonte: elaborada pela autora.
Por fim, para aprimorar o conhecimento ético na saúde, o Código de 
Ética dos Profissionais de Enfermagem (CEPE) foi editado e atualizado 
pelo Conselho Federal de Enfermagem (COFEN), por meio da Resolução 
nº 564 (COFEN, 2017).
3. Atendimento a vítimas de queimaduras e 
traumatismos menores
As queimaduras e alguns traumatismos menores são responsáveis por 
grande parte da morbidade ou até mesmo mortalidade, principalmente 
entre adultos jovens e crianças. O conhecimento destes tipos de 
traumas e, as ações corretas por meio de princípios básicos para a 
10
abordagem inicial de cada um deles, poderão minimizar futuros agravos 
(THOMAZ, 2018).
3.1 Queimaduras
As queimaduras são lesões resultantes da ação do calor, podendo 
ocorrer com fonte de energia isolada ou, até mesmo, associada a outra 
forma energética sobre o tecido cutâneo. Quanto ao agente causador, 
elas podem ser classificadas em: térmica, solar, elétrica, radioativa 
e química (SANTOS, 2018). Neste tema, abordaremos apenas o 
atendimento da vítima de queimadura térmica.
As lesões por queimadura térmica podem atingir não somente a 
primeira camada da pele, mas também o tecido subcutâneo, músculo 
e ossos. De acordo com Thomaz (2018), para a assistência completa 
e segura à vítima de queimaduras, é fundamental que o profissional 
reconheça as características da queimadura, como a profundidade e a 
extensão da área corpórea queimada, que compreenda a necessidade 
de reposição volêmica e que tenha segurança para prestar a assistência 
tanto no âmbito pré-hospitalar quanto no intra-hospitalar.
Além disso, é de suma importância saber como ocorreu a queimadura, 
ou seja, um breve histórico será valioso para auxiliar a equipe no 
atendimento e tratamento das lesões.
3.1.1 Medidas iniciais do pré-hospitalar no atendimento de vítimas 
por queimaduras
• Condutas iniciais para o atendimento pré-hospitalar (NAEMT, 
2020; SANTOS, 2018):
Checar a segurança da cena:
1. Afastar a vítima do agente causador.
11
2. Realizar avaliação primária conforme o XABCDE trauma.
3. Se hemorragia exsanguinante presente, ela deverá ser 
interrompida por compressão direta ou com uso de torniquete.
4. A vítima deverá ser imobilizada ao se considerar trauma mecânico 
e outras lesões menos aparentes.
5. Manter permeabilidade da via aérea com ou sem via aérea 
avançada a depender da gravidade (atenção para a face da vítima: 
dificuldade respiratória (sibilos), cílios, sobrancelhas e pelos do 
nariz queimados).
6. Administrar oxigênio conforme demanda e avaliar qual o 
dispositivo indicado para a emergência respiratória.
7. Monitorizar a oximetria de pulso.
8. Para queimaduras maiores do que 20% da superfície corpórea, 
deve-se instalar acesso venoso periférico preferencialmente 
de calibre 18G. A preferência é buscar local sem presença de 
queimadura, quando houver impossibilidade, puncionar em área 
queimada ou considerar a via intraóssea. Repor volemia com 
ringer lactato e comunicar ao destino o volume infundido.
9. A incapacidade neurológica pelo efeito de substâncias tóxicas deve 
ser observada. Além disso, a capacidade neurológica e motora 
deve ser avaliada.
10. Expor a área queimada, retirando as roupas e os adornos que não 
estejam aderidas a pele.
11. Irrigar com água na temperatura ambiente em abundância para 
resfriar a área afetada e, em seguida, cobrir com compressas 
estéreis e não aderentes.
12. Prevenir a hipotermia com manta metálica.
13. Não atrasar o transporte até o hospital de referência.
• Condutas iniciais realizadas no ambiente intra-hospitalar 
(COMMITTEE ON TRAUMA, 2018):
O ABCDE que teve início no pré-hospitalar deve ser realizado também 
no ambiente intra-hospitalar com o objetivo de manter a via área 
12
pérvia, interromper o processo de queimadura, com a retirada da 
roupa e controle da hipotermia e a garantia do acesso venoso para a 
reposição volêmica (COMMITTEE ON TRAUMA, 2018).
1. Edema de via aérea, inflamação ou lesões de mucosas não 
identificadas no atendimento pré-hospitalar devem ser avaliadas 
e tratadas no atendimento inicial da equipe de emergência. As 
manifestações clínicas por inalação podem aparecer nas primeiras 
24h, por esse motivo, a realização da reavaliação das vias aéreas é 
extremamente importante.
2. Analisar a necessidade de via aérea avançada na presença de 
rouquidão, estridor respiratório, utilização acessória de músculos 
intercostais, queimadura facial extensa, incapacidade neurológica 
e área corpórea queimada superior a 40%.
3. Observar a qualidade da ventilação, pois a hipóxia pode ser o 
resultado de inalação tóxica, queimadura circunferencial do tórax 
ou trauma torácico não relacionado à queimadura. O oxigênio 
suplementar deve ser ofertado.
4. Dois acessos venosos periféricos de calibre 18G em membros 
superiores devem ser mantidos para a reposição volêmica. A 
infusão intraóssea também pode ser considerada.
5. A perda da temperatura pode ser evitada com a administração de 
fluidos aquecidos.
6. Calcular a extensão total da área corporal queimada por meio da 
regra dos 9 e a sua profundidade.
7. Realizar o cálculo da fórmula de Parkland para reposição volêmica 
adequada, em que metade do fluído deve ser ofertado nas 
primeiras 8h e a outra metade nas 16h subsequentes.
8. Avaliar o risco para síndrome compartimental em queimaduras 
circunferências de tórax e abdome que podem levar ao aumento 
das pressões de pico inspiratórias. A síndrome compartimental é o 
resultado do aumento da pressão e deficiência da perfusão dentro 
13
do compartimento afetado, causados pelo edema dos tecidos 
modelões e a diminuição da elasticidade da pele.
9. Monitorizar sinais vitais e débito urinário.
10. Coletar exames laboratoriais e amostra de sangue, conforme 
prescrição médica e encaminhar o paciente para exames 
complementares de imagem.
11. Auxiliar no tratamento definitivo.
3.1.2 Síndrome compartimental
A síndrome compartimental se desenvolve na pressão aumentada no 
compartimento fascial fechado, privando o fluxo sanguíneo e resultando 
em isquemia dos tecidos, pois os vasos estão reprimidos ao ponto de 
não promoverem a oxigenação adequada. Esse aumento de pressão 
pode ser causado pelo aumento de sangramento no compartimento, 
edema após revascularização de um membro isquêmico, normalmente 
encontradas em membros superiores, inferiores e região glútea 
(COMMITTEE ON TRAUMA, 2018). Os sintomas da síndrome são: dor 
intensa, diminuição de sensibilidade ou perda funcional local e edema 
tenso da área (NAEMT, 2020).
O reconhecimento e tratamento tardio dessa emergência pode levar 
a déficits neurológicos, necrose, infecção generalizada, cicatrização 
retardada de fraturas e, até mesmo, a amputação (COMMITTEE ON 
TRAUMA, 2018).
O tratamento é a fasciotomia, apresentada na Figura 2, em que os 
cuidados com a fasciotomia são: curativo com soro fisiológico 0,9%, 
cobertura secundária de acordo com prescrição médica e atentar-se ao 
edema (COMMITTEE ON TRAUMA , 2018).
14
Figura 2 – Procedimento de Fasciotomia
Fonte: Committee on Trauma (2018, p. 160).
3.1.3 Análise da profundidade da queimadura
Determinar a profundidade de uma queimadura no ambiente pré-
hospitalar pode ser extremamente difícil, por isso, a orientação é que 
a profundidade da queimadura seja analisada e tratada em ambiente 
hospitalar (NAEMT, 2020).
O Prehospital Trauma Life Support (PTLS), em sua nona edição, classifica 
a profundidade da queimadura em quatro graus ou espessuras: 
espessura superficial (1º grau), espessura parcial (2º grau), espessura 
total (3º grau) e espessura subdérmica (4º grau). Na emergência, a 
espessura total e a subdérmica irão receber o tratamento similar. A 
Figura 3 descreve a profundidade do tecido cutâneo queimado e sua 
respectiva aparência (NAEMT, 2020).
15
Figura3 – Espessura e características de queimaduras térmicas
Fonte: adaptada de NAEMT (2020) e Santos (2018).
3.1.4 Avaliação da área corpórea queimada (ACQ%)
Com a avaliação da ACQ%, pode-se medir a extensão da área queimada, 
determinar a gravidade da vítima e selecionar o tratamento adequado. 
Existem diversos métodos que podem ser empregados para avaliar 
a ACQ, como a regra da palma da mão e a tabela de Lund Browder, 
entretanto, o método indicado tanto pelo PHTLS (NAEMT, 2020) quanto 
pelo ATLS (COMMITTEE ON TRAUMA, 2018) é o cálculo que utiliza a regra 
dos 9, publicado por Alexander Burns Wallace em 1951, apresentado na 
figura a seguir.
16
Figura 4 – Regra dos 9 para a avaliação da área corpórea queimada
Fonte: NAEMT (2020, p. 1093).
Os valores da cabeça e membros inferiores no lactente e pediátrico 
podem variar de acordo com a literatura.
3.1.5 Reposição volêmica
Em queimaduras que atingiram profundidade de espessura parcial e/ou 
total e a extensão da ACQ igual ou maior que 20%, a reposição volêmica 
é necessária para substituir as perdas contínuas do vazamento capilar 
devido à inflamação, com o cuidado em não ressuscitar em excesso 
(COMMITTEE ON TRAUMA , 2018).
As soluções cristaloides devem ser infundidas, 50% nas primeiras 8h 
e 50% nas 16h subsequentes. O Quadro 1 exemplifica a Fórmula de 
17
Parkland com base na 10ª edição do Advanced Trauma Life Support (ATLS) 
(COMMITTEE ON TRAUMA, 2018).
Quadro 1 – Idade e peso para a fórmula de Parkland
Idade e peso Fórmula de Parkland
Adultos e crianças maiores (> 14 anos) 2ml x (peso) kg x % ACQ
Crianças menores (< 14 anos) 3ml x (peso) kg x % ACQ
Lactentes ou pediatria (> 30kg) 3ml x (peso) kg x % ACQ
Legenda: ACQ= área corpórea queimada; Kg= quilogramas.
Fonte: adaptado de Committee on Trauma (2018).
Por exemplo, um homem adulto de 100kg com 80% da superfície total 
de queimadura:
2 ml x 100 kg x 80% = 16.000 ml
Logo, 16.000 ml deverão ser administrado nas primeiras 24 horas, 
sendo que 8.000 ml devem administrados nas primeiras 8h em 
aproximadamente 1.000mL/h e 8.000ml dentro das 16h subsequentes 
(COMMITTEE ON TRAUMA, 2018).
3.2 Traumatismos menores e o atendimento no pré-
hospitalar
O trauma menor observado durante a triagem pré-hospitalar são 
aquelas situações em que a vítima apresenta dor leve ou moderada em 
lesões osteomusculares, como é o caso da fratura fechada alinhada, 
luxação ou entorse e lesão de pele com sangramento moderado 
(NAEMT, 2020).
18
3.2.1 Lesões osteomusculares
Figura 5 – Luxação 
Fonte: 33karen33/iStock.com.
Figura 6 – Entorse 
Fonte: janulla/iStock.com.
19
Figura 7 – Fratura fechada
Fonte: Sutthaburawonk/iStock.com.
• Na torsão ou entorse ocorre um movimento brusco de rotação 
em sentido contrário, que ocorre com frequência entre os 
ligamentos de uma determinada região, geralmente o tornozelo, 
podendo ou não se romper parcial ou totalmente (THOMAZ, 2018).
Sintomas: dor significativa local, edema, hematoma e aumento da 
temperatura local.
Conduta: a vítima não deve apoiar o membro ao chão ou forçá-
lo, avaliar a função neurovascular (movimentação do membro, 
sensibilidade, dor, perfusão periférica e coloração), imobilizar o 
membro com tala ou tração, realizar uma bandagem compressiva 
para a drenagem do edema e auxílio do retorno venoso, 
compressa fria para diminuição de dor e edema, orientar a 
20
realização exame de imagem, além de repouso e elevação do 
membro (THOMAZ, 2018).
• Na luxação, um ou mais ossos se deslocam de forma repentina 
e duradoura entre as articulações, por meio de uma força direta 
ou indireta entre elas. O dano aos tecidos moles pode ser grave, 
podendo afetar os vasos sanguíneos, nervos e cápsula articular. As 
articulações mais expostas à luxação são: ombro, cotovelo, joelho, 
articulação dos dedos e da mandíbula (THOMAZ, 2018).
Sintomas: dor intensa, limitação do movimento da articulação 
afetada e deformidade grosseira no local (THOMAZ, 2018).
Conduta: a redução da luxação deverá ser realizada somente 
em ambiente hospitalar por profissional médico ortopedista, 
profissional especialista capacitado para atuar nos traumas 
ortopédicos, devido ao risco de lesões em vasos sanguíneos, 
nervos e demais estruturas. A analgesia deve ser considerada para 
o momento da redução de luxações, a fim de diminuir a dor e 
ansiedade do paciente (THOMAZ, 2018).
• A fratura fechada se trata da perda da continuidade óssea em 
dois ou mais fragmentos, que não comprometem a integridade 
da pele, diferente de fraturas expostas que comprometem 
além do osso, o revestimento cutâneo ou membrana mucosa, 
sendo facilmente detectadas visualmente. Elas podem ocorrer 
quando o tecido ósseo é submetido a um estresse maior do que 
consegue absorver, normalmente provocados por golpes diretos, 
esmagamento, movimentos de entorse repentinos e contrações 
musculares extremas (NAEMT, 2020).
Sintomas: dor intensa, impotência funcional de se movimentar 
ou se locomover, deformidade do segmento fraturado, edema, 
hematoma, crepitação pelo atrito dos fragmentos ósseos 
fraturados (NAEMT, 2020).
21
Conduta: deve-se realizar o alinhamento discreto e imobilização 
com talas rígidas, sem compressão excessiva para não 
comprometer a circulação; estabilizar as articulações próximas a 
fratura; não remover a vítima até que todas as fraturas estejam 
imobilizadas. A tração do membro só deve ser realizada pelo 
médico ortopedista no hospital (NAEMT, 2020).
Uma grande parte das ocorrências de lesões osteomusculares 
não apresentam gravidade, no entanto, causam pânico e são 
extremamente dolorosas ao paciente, por isso, demandam do 
profissional treinamento adequado para realizar o atendimento 
inicial. No pré-hospitalar, na maioria das vezes, a imobilização dos 
membros será suficiente para aliviar a dor, estabelecer condições 
favoráveis ao paciente e encaminhá-lo ao serviço hospitalar 
(NAEMT, 2020).
Vale ressaltar que, a diferenciação definitiva entre uma entorse, 
luxação ou fratura é alcançada apenas após o raio x. Então, no 
contexto pré-hospitalar, considere como fratura até que o exame 
de imagem prove o contrário (NAEMT, 2020).
3.2.2 Hemorragias menores
Hemorragia é o extravasamento de sangue por meio da ruptura de 
vasos sanguíneos. Nas hemorragias arteriais, o sangue é de coloração 
vermelho vivo e precisa de atendimento imediato para contê-lo e 
controlá-lo, visto que a hemorragia é em jato pulsátil. Em hemorragias 
venosas, o sangue tem coloração vermelho escuro, escorre lentamente, 
podendo ser ou não de fácil controle a depender do calibre venoso 
(THOMAZ, 2018).
Conduta: tranquilizar o paciente para que não entre em pânico, 
encontrar o local de origem do sangramento (cortar as roupas, se 
necessário), cobrir a ferida com gazes ou compressa estéril, aplicar 
22
pressão com uma ou duas mãos. Se a ferida for grande ou profunda, 
deve-se introduzir o pano dentro do ferimento, mantenha a pressão até 
a chegada do serviço médico de emergência, verificar rapidamente a 
presença do pulso e a perfusão distal (PONS; JACOBS, 2017).
Referências
COFEN. Conselho Federal de Enfermagem. Resolução COFEN nº 564, de 06 
de dezembro de 2017. Aprova o Novo Código de Ética dos Profissionais de 
Enfermagem. Brasília, DF: COFEN, 2017.
COMMITTEE ON TRAUMA. Advanced Trauma Life Support (ATLS). 10. ed. [S.l.]: 
ACS, 2018.
COSTA, R. R. O. et al. A simulação no ensino de enfermagem: reflexões e 
justificativas a luz da bioética e dos direitos humanos. Acta Bioethica, Chile, v. 24, 
n. 1, p. 31-38, 2018. Disponível em: https://scielo.conicyt.cl/scielo.php?script=sci_
abstract&pid=S1726-569X2018000100031&lng=pt&nrm=i. Acesso em: 8 fev. 2022.
NAEMT. National Association of Emergency Medical Technicians. Prehospital 
Trauma Life Support (PHTLS). 9. ed. Burlington: Jones & Bartlett Learning, 2020.
PONS, P. T.; JACOBS, L. Stop the Bleed: controle do sangramento para feridos. [S.l.]: 
The Committe on Trauma, 2017.
SANTOS, N. C. M. Urgência e emergência para enfermagem: do atendimentopré-
hospitalar (APH) à sala de emergência. 7. ed. São Paulo: Érica, 2018.
THOMAZ, M. C. A. Urgência e emergência em enfermagem. Londrina: Editora e 
Distribuidora Educacional S.A, 2018.
https://scielo.conicyt.cl/scielo.php?script=sci_abstract&pid=S1726-569X2018000100031&lng=pt&nrm=i
https://scielo.conicyt.cl/scielo.php?script=sci_abstract&pid=S1726-569X2018000100031&lng=pt&nrm=i
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Suporte Básico de Vida: 
afogamentos, acidentes com 
animais peçonhentos e obstrução 
de vias aéreas
Autoria: Thaísa Mariela Nascimento de Oliveira
Leitura crítica: Gabriella Novelli Oliveira
Objetivos
• Conhecer a fisiopatologia, a classificação e a conduta 
profissional frente à vítima de afogamento.
• Identificar sinais e sintomas e a conduta inicial em 
acidentes com animais peçonhentos.
• Reconhecer a gravidade para atuar em cenários de 
obstrução de vias aéreas por corpo estranho.
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1. Suporte básico de vida para afogamentos
Os óbitos por afogamento diminuíram nos últimos 40 anos, porém, 
ainda são relatados mais de 500.000 afogamentos por ano em todo o 
mundo. Afogamento é a definição de aspiração de líquidos, causados 
por imersão ou submersão. As manobras do Suporte Básico de Vida 
(SBV) às vítimas por afogamento devem ser iniciadas rapidamente, 
com a abertura das vias aéreas, ventilações de resgate e manobras de 
reanimação cardiopulmonar iniciado por leigos ou por profissionais da 
saúde. A ocorrência por afogamento é classificada como trimodal, com 
maior pico de acometimento entre crianças menores de 5 anos, seguido 
do segundo pico entre jovens de 15 a 24 anos e o último pico entre os 
idosos (VELASCO, 2020).
• Mecanismo do afogamento
Quando a vítima se encontra com dificuldades na água e não consegue 
manter as vias áreas livres de líquido, ocorrerá a aspiração de líquido 
contínuo e, como resultado, em poucos segundos, a hipoxemia levará 
à inconsciência e apneia. Consequentemente, o coração apresentará 
taquicardia, seguido de bradicardia, evoluindo para atividade elétrica 
sem pulso e assistolia (VELASCO, 2020). Geralmente, a evolução 
do processo de imersão para a submersão da vítima levará ao 
desenvolvimento de uma parada cardíaca em segundos.
Quantidades pequenas, como 70 ml de líquido, podem levar a graves 
consequências, pois, a entrada de líquido nas vias aéreas prejudica a 
troca de oxigênio e gás carbônico por meio de duas formas: submersão 
súbita pela obstrução parcial ou total das vias superiores por uma 
coluna de líquido ou; pela aspiração gradativa da água até os alvéolos 
pulmonares (SZPILMAN, 2019).
25
1.1 Classificação do afogamento
1.1.1 Quanto a causa do afogamento
Afogamento primário: é o tipo mais comum encontrado entre as 
vítimas que não sabem nadar e, por isso, elas apresentam a luta pela 
vida durante o afogamento (SANTOS, 2018).
Afogamento secundário: existência de alguma causa que impeça a 
vítima de se manter na superfície e, como consequência, o afogamento 
foi precipitado. Por exemplo: drogas lícitas e ilícitas, convulsão, traumas 
e doenças cardíacas são alguns exemplos (SANTOS, 2018).
1.1.2 Quanto a gravidade e conduta inicial
A seguir, apresenta-se os graus do afogamento, o resgate e o cadáver, 
sendo assim, definidos e classificados pela Sociedade Brasileira 
de Salvamento Aquático (SOBRASA), com a possibilidade de serem 
identificados e tratados em ambiente pré-hospitalar e, posteriormente, 
encaminhados ao hospital. Também serão apresentadas as taxas de 
sobrevivência, os sinais e sintomas para cada um deles, bem como 
a conduta profissional esperada (VELASCO, 2020; SZPILMAN, 2019; 
SANTOS, 2018).
• Resgate
Sinais e sintomas: a vítima se apresenta sem tosse, sem espuma no 
nariz/boca e sem dificuldade para respirar. 
Conduta: avaliar a vítima no local e liberar em seguida.
• Grau 1 (taxa de sobrevivência: 100%)
Sinais e sintomas: com tosse, porém sem espuma em nariz ou boca 
e ausculta pulmonar sem alteração, com presença de murmúrios 
26
vesiculares presentes. 
Conduta: orientar repouso, aquecimento e medidas de conforto, não 
sendo necessário hospitalização ou oferta de oxigênio.
• Grau 2 (taxa de sobrevivência: 99%)
Sinais e sintomas: tosse com pouca espuma em nariz e/ou boca, 
ausculta pulmonar com estertores. Vítima consciente, com quadro de 
agitação. 
Conduta: ofertar oxigênio em cateter nasal, aquecimento, repouso, 
sendo necessário manter em observação hospitalar por 24h.
• Grau 3 (taxa de sobrevivência: 95-96%)
Sinais e sintomas: grande quantidade de espuma em nariz e/ou boca, 
com pulso periférico palpável. Vítima torporosa, podendo responder 
aos estímulos verbais. Observa-se edema agudo de pulmão (dispneia, 
presença de estertores na avaliação da ausculta pulmonar, espuma pela 
via oral, ansiedade, sensação de sufocação e cianose periférica). 
Conduta: ofertar oxigênio em máscara de alto fluxo e manter posição 
lateral de segurança para transporte (lado direito). A internação 
hospitalar é necessária para o tratamento em Centro de Tratamento 
Intensivo (CTI).
• Grau 4 (taxa de sobrevivência: 78-82%)
Sinais e sintomas: grande quantidade de espuma em nariz e/ou boca, 
sem pulso periférico, com provável edema agudo de pulmão (dispneia, 
ansiedade, sensação de sufocação, cianose periférica e espuma pela via 
oral), com quadro de hipotensão. 
Conduta: ofertar oxigênio em máscara de alto fluxo, observar respiração 
com atenção para parada respiratória e transportar na posição lateral 
de segurança (lado direito). Se presença de estertores, sibilos e roncos 
na ausculta pulmonar, haverá urgência em ventilação com via aérea 
27
avançada e infusão de líquidos. Observa-se hipotensão arterial. É 
indicado internação em CTI.
• Grau 5 (taxa de sobrevivência: 56-69%)
Sinais e sintomas: parada respiratória, com pulso central. 
Conduta: deve-se aplicar 1 ventilação a cada 6 segundos e, em seguida, 
garantir via aérea avançada e manter em ventilação mecânica. Se 
retornar com respiração espontânea, tratar como grau 4.
• Grau 6 (taxa de sobrevivência: 7-12%)
Sinais e sintomas: parada cardiorrespiratória em tempo < 1 hora. 
Conduta: manobras de reanimação cardiopulmonar para o afogado.
• Cadáver
Sinais e sintomas: parada cardiorrespiratória em tempo > 1 hora. 
Decomposição corporal ou rigidez cadavérica. 
Conduta: acionar o Instituto Médico Legal (IML).
1.2 Conduta intra-hospitalar
De acordo com Santos (2018), após a vítima ser encaminhada pelo 
serviço médico pré-hospitalar de emergência até a unidade hospitalar, o 
enfermeiro na sala de emergência deverá:
• Aspirar vias aéreas, se necessário.
• Instalar oxigenoterapia de acordo com o grau do afogamento e 
prescrição médica.
• Garantir acesso venoso periférico.
• Coletar exames laboratoriais e gasometria arterial.
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• Monitorizar sinais vitais e atentar-se para alterações.
• Avaliar o nível de consciência frequentemente.
• Manter aquecimento da vítima atentando-se a hipotermia.
• Encaminhar para exames de imagem.
2. Suporte básico de vida para acidentes com 
animais peçonhentos
Os animais peçonhentos são aqueles que produzem veneno e possuem 
aparelho inoculador, como dentes ocos, cerdas, ferrões e aguilhões. No 
Brasil, nos últimos anos foram registrados aproximadamente 140 mil 
casos, que atualmente são incluídos na lista de notificação compulsória 
e devem ser notificados ao Governo Federal imediatamente após o 
acidente. As espécies mais conhecidas por causarem acidentes no Brasil 
são as serpentes, as aranhas e os escorpiões (BRASIL, 2021).
2.1 Identificar sinais e sintomas
2.1.1 Acidentes ofídicos
A seguir apresentaremos os sinais e os sintomas para a identificação 
de picadas por acidentes ofídicos, mais conhecidos como serpentes. A 
jararaca, cascavel, surucucu e coral foram as serpentes de escolha para 
a discussão (SANTOS, 2018).
• Grupo botrópico (jararaca)
Sinais e sintomas: no local da picada haverá dor e aumento progressivo 
no local da picada, eritema, edema, equimose, calor e bolhas. Pode 
29
haver complicações como hemorragia,necrose da região afetada e 
insuficiência renal.
• Grupo crotálico (cascavel)
Sinais e sintomas: sem sinais da picada local, dor não intensa, no 
entanto, persistente. Pode apresentar face depressiva, paralisia 
da musculatura ocular e visão turva, mal-estar, náuseas, cefaleia e 
hematúria em casos mais graves.
• Grupo laquético (surucucu)
Sinais e sintomas: semelhante à picada de jararaca, com presença de dor 
abdominal, êmese, diarreia, bradicardia e hipotensão.
• Grupo elapídico (coral verdadeira)
Sinais e sintomas: picada menos dolorosa, mas com adormecimento 
local ou de todo o membro. Pode apresentar dificuldade para articular 
palavras, deglutir, pálpebras caídas, salivação excessiva e paralisia da 
musculatura respiratória nos casos mais graves.
O Quadro 1 apresenta os tipos de soros disponíveis para neutralizar o 
veneno das diferentes espécies de serpentes.
Quadro 1 – Soroterapia para acidentes ofídicos
Tipo de soro Serpente
Antibotrópico Jararaca (gênero Bothrops)
Anticrotálico Cascavel (gênero Crotalus)
Antilaquésio Surucucu (gênero Lachesis)
Antielapídico Coral verdadeira (gênero Micrurus)
 
Fonte: adaptado de Santos (2018).
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2.1.1 Acidentes escorpiônicos
Existem diversas espécies de escorpiões, no entanto, na área médica 
somente a espécie tityus é importante. No Brasil, os acidentes causados 
pelo escorpião Tityus serrulatus são de maior gravidade, principalmente 
em crianças (SANTOS, 2018).
O Tityus serrulatus mede aproximadamente de 6 a 7 cm, apresenta o 
tronco de cor marrom-escuro, patas e cauda amareladas (SANTOS, 
2018). A cauda apresenta serrilha dorsal nos últimos segmentos e uma 
mancha escura na vesícula ventral, como pode ser observado na figura 
seguir.
Figura 1 – Característica do escorpião Tityus serrulatus
Fonte: Joa_Souz/iStock.com. 
A gravidade dependerá de fatores como: espécie, tamanho, quantidade 
de veneno inoculado, massa corporal da vítima e sua sensibilidade 
ao veneno. As manifestações clínicas podem ser consideradas leve, 
moderada ou grave e influenciarão diretamente na evolução do paciente 
(SANTOS, 2018).
31
Sintomas leves: dor no local da picada, podendo também ocorrer 
parestesia.
Sintomas moderados: dor intensa no local e alterações sistêmicas 
como sudorese, náuseas, êmese, hipertensão leve e taquicardia.
Sintomas graves: além dos sintomas leves e moderados, apresentará 
uma ou mais alterações sistêmicas como sudorese profusa, episódios 
repetidos de êmese, excesso de salivação, agitação e prostração 
alternadas, bradicardia, edema pulmonar, choque, crise convulsiva, 
insuficiência cardíaca e coma (SANTOS, 2018). Se o caso for agravado, 
deve-se administrar o soro antiescorpiônico ou soro antiaracnídeo 
(BRASIL, 2021).
2.1.2 Acidentes aracnídeos
No Brasil, há três gêneros de aranhas de importância médica: Phoneutria 
(aranha armadeira), Loxosceles (aranha-marrom) e Latrodectus (viúva-
negra) (BRASIL, 2021).
• Phoneutria (aranha armadeira)
Sinais e sintomas: manifestações locais como dor imediata no local, 
podendo ocorrer edema; eritema e parestesia. As manifestações graves 
podem levar ao choque, hipotensão, náuseas e êmese.
• Loxosceles (aranha-marrom)
Sinais e sintomas: no momento inicial da picada a dor é leve, no entanto, 
de seis a doze horas após a picada, ela ficará intensa no local, com 
edema e eritema. Em intervalo de 24 a 36 horas, o local ficará arroxeado 
e esbranquiçado até evoluir para a necrose. Comumente poderá surgir 
eritema por todo o corpo, hipertermia, náuseas, êmese e mal-estar.
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• Latrodectus (viúva-negra)
Sinais e sintomas: dor local que evolui para sensação de queimação, 
edema discreto e hiperestesia. Pode apresentar tremores, espasmos de 
membros, cefaleia, prurido, eritema de pescoço e face e, até mesmo, 
sintomas graves como taquicardia inicial e hipertensão. Se agravamento 
do caso, o soro administrado será o aracnídeo (BRASIL, 2021).
2.2 Conduta inicial no suporte básico de vida
Independentemente da espécie do animal peçonhento, as condutas 
iniciais listadas a seguir devem ser aplicadas (BRASIL, 2021):
• A vítima deverá informar aos profissionais de saúde quais as 
características do animal responsável pelo acidente.
• O local da picada deverá ser lavado com água e sabão.
• Deve-se retirar acessórios e calçados apertados com risco de 
piorar o quadro clínico.
• Manter a vítima em repouso e com o membro comprometido 
elevado.
• Oferecer compressas frias em caso de picadas por serpentes ou 
quentes para picadas de aranhas.
• Não deve ser realizado torniquete nos membros, nem aplicar 
qualquer tipo de substância no local da ferida ou, até mesmo, 
“chupar o veneno”.
33
2.3 Diagnóstico e tratamento para picada de animais 
peçonhentos na emergência
A vítima deverá procurar ou solicitar atendimento médico imediato 
para que receba a intervenção necessária. Em ambiente pré-hospitalar, 
as condutas necessárias serão simples, sendo o mais importante a 
identificação do animal peçonhento e o transporte imediato ao pronto-
socorro mais próximo para iniciar o tratamento e a soroterapia, caso 
necessário em ambiente hospitalar (BRASIL, 2021).
2.3.1 Soroterapia para picadas de animais peçonhentos
O Ministério da Saúde adquiriu a produção de antivenenos de 
quatro produtores brasileiros (Instituto Butantan, Fundação Ezequiel 
Dias, Instituto Vital Brasil e Centro de Produção e Pesquisa de 
Imunobiológicos) e realiza a distribuição entre os estados, de acordo 
com a listagem de Agravos e Notificações. A soroterapia é fornecida de 
maneira integral e gratuita pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Para cada 
tipo de veneno será administrado um soro específico, com concentração 
de anticorpos capazes de neutralizar a toxina do animal causador do 
acidente (BRASIL, 2021).
O procedimento para a fabricação da soroterapia ocorre da seguinte 
maneira: após retirado o veneno do animal peçonhento, ele será diluído 
inúmeras vezes e injetado em pequenas doses em cavalos. O organismo 
desses animais de grande porte rapidamente irá produzir anticorpos 
para combatê-lo. Então, será retirado o sangue do animal, que passará 
pelo processo de separação do plasma, pois é no plasma que se 
concentram os anticorpos. Por fim, os anticorpos serão utilizados para a 
fabricação do soro (BRASIL, 2021).
34
3. Suporte básico de vida em casos de 
obstrução de vias aéreas por corpo estranho
A obstrução das vias aéreas por corpos estranhos (OVACE) consiste no 
bloqueio das vias aéreas causada pela aspiração de corpo estranho 
(alimento, líquido ou objeto), geralmente na altura da laringe ou 
traqueia. A OVACE acontece com mais frequência entre menores de 
cinco anos, em que 65% dos casos são em crianças menores de um 
ano, tendo como principal causa a obstrução por líquidos ou pequenos 
objetos (SBC, 2019).
3.1 Avaliando a severidade
O engasgo pode ser dividido quanto a sua severidade e grau de 
obstrução: obstrução leve ou parcial e em obstrução grave ou total (SBC, 
2019).
• Severidade no adulto
Na obstrução leve, a vítima é capaz de responder se está engasgada 
de forma verbal ou não verbal, possui o reflexo da tosse preservado e 
ainda respira com certa dificuldade. Já na obstrução grave, ela pode 
estar consciente ou inconsciente. Quando o engasgo é total, mesmo com 
a vítima consciente, ela não será capaz de se comunicar, normalmente 
manifestará ao final do engasgo: respiração ruidosa e perderá o reflexo 
da tosse, até que a hipóxia se instale levando a inconsciência.
• Severidade no bebê ou lactente
Em casos de obstrução parcial em bebês ou lactentes, ele se 
apresentará ofegante, com respiração rápida, agitação e tosse. Já em 
casos de obstrução total e, ainda, consciente, irá perder a capacidade 
de tossir, não apresenta mais choro, os lábios ficam cianóticos e ocorre 
35
a perda do tônus muscular. Se iniciada a conduta para o desengasgo, 
o bebê irá expelir o líquido ou alimento, caso contrário, irá evoluir para 
inconsciência.
3.2 Condutas: suporte básico de vida para vítimas deengasgo
3.2.1 Adultos e crianças maiores de um ano
Alguns protocolos estão disponíveis na literatura e são atualizados com 
o passar dos anos. Quanto ao engasgo, existem diversos protocolos 
internacionais, sendo os mais conhecidos o americano, o europeu, o 
australiano e o africano. É importante ressaltar que cada protocolo 
aborda uma conduta diferente, respaldados normalmente por ensaios 
clínicos randomizados (AHA, 2020).
No Brasil, o protocolo mais conhecido e utilizado é o protocolo 
americano, com a abordagem das recomendações da American Heart 
Asssociation (AHA), atualizadas em outubro de 2020.
De acordo com o algoritmo (Figura 2), após suspeitar ou confirmar uma 
vítima de engasgo adulta, ou em criança maior de um ano de idade, 
primeiramente, o socorrista deve solicitar ajuda. Se a tosse for efetiva, 
ou seja, se a obstrução for parcial, o socorrista deverá acalmar a vítima 
e estimular a tosse vigorosa, atentando-se para os sinais de melhora ou 
piora. Se ausência de tosse, ou seja, obstrução total em vítima ainda 
consciente, o socorrista deverá se posicionar atrás da vítima e aplicar 
compressão abdominal firme e forte direcionada para dentro e para 
cima, até que o alimento ou objeto seja expelido conforme a Figura 3, 
ou até que se torne inconsciente. Ao tornar-se inconsciente, o socorrista 
deverá iniciar com o protocolo de reanimação cardiopulmonar (AHA, 
2020).
36
Figura 2 – Algoritmo para desobstrução de vias aéreas em adultos, 
crianças e lactentes
 
Fonte: adaptada de AHA (2020).
37
Figura 3 – Compressões abdominais no adulto vítima de engasgo 
total
Fonte: lukaves/iStock.com.
3.2.2 Bebês e lactentes
Vale ressaltar que a AHA considera como lactente a criança até um 
ano de idade, o que difere da Sociedade Brasileira de Pediatria, que 
considera lactente até o segundo ano de vida.
De acordo com algoritmo anteriormente ilustrado (Figura 2) preconizado 
pelo protocolo americano, após presenciar um engasgo em bebê ou 
lactente, o socorrista deve solicitar ajuda. Se obstrução parcial, assim 
como no adulto, o socorrista irá tentar acalmar o bebê e, a depender da 
idade, estimular a tosse até que o bebê volte a respirar normalmente 
ou até que evolua para o engasgo total. Se engasgo total em bebê 
https://www.istockphoto.com/br/portfolio/lukaves?mediatype=illustration
38
consciente, a conduta será realizar a tosse mecânica, inicialmente 
com 5 golpes dorsais interescapulares (Figura 4) em sincronia com 5 
compressões torácicas (Figura 4), até que o lactente consiga expelir 
o líquido/alimento/objeto ou até que se torne inconsciente. Se 
inconsciente, o protocolo de reanimação cardiopulmonar para lactentes 
deverá ser iniciado (AHA, 2020).
Figura 4 – Golpes dorsais e compressões torácicas na vítima menor 
de 1 ano em engasgo total
 
Fonte: adaptada de heidijpix/iStock.com.
4. Conclusão
Independentemente da emergência encontrada, os profissionais devem 
se sentir preparados para oferecer o Suporte Básico de Vida de alta 
qualidade, observando rigorosamente sinais e sintomas que expõem a 
vida do paciente ao risco, como os episódios de afogamentos, acidentes 
com animais peçonhentos e obstruções de vias aéreas. O que diferencia 
um bom profissional no mercado de trabalho é estar sempre atualizado 
nas condutas emergenciais que são atualizadas com frequência.
https://www.istockphoto.com/br/portfolio/heidijpix?mediatype=photography
39
Referências
AHA. American Heart Association. Suporte Avançado de Vida Cardiovascular–
ACLS. Manual para profissionais de saúde. 5. ed. Chicago: AHA, 2020.
BRASIL. Ministério da Saúde. Acidentes com animais peçonhentos. Brasília, 
DF: Ministério da Saúde, 2021. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/
assuntos/saude-de-a-a-z/a/acidentes-ofidicos/acidentes-por-animais-peconhentos-
o-que-fazer-e-como-evitar. Acesso em: 21 set. 2021.
SANTOS, N. C. M. Urgência e emergência para enfermagem: do atendimento pré-
hospitalar (APH) à sala de emergência. 7. ed. São Paulo: Érica, 2018.
SBC. Sociedade Brasileira De Cardiologia. Atualização da Diretriz de Ressuscitação 
Cardiopulmonar e Cuidados Cardiovasculares de Emergência. Arquivo Brasileiro 
de cardiologia, [s.l.], v. 113, n. 3, p. 449-663, 2019. Disponível em: http://
publicacoes.cardiol.br/portal/abc/portugues/2019/v11303/pdf/edicao/234/#zoom=z. 
Acesso em: 22 set. 2021.
SZPILMAN, D. Manual de Emergências Aquáticas. Sociedade Brasileira de 
Salvamento Aquático – SOBRASA, [s.l.], 2019. Disponível em: https://www.sobrasa.
org/new_sobrasa/arquivos/baixar/Manual_de_emergencias_aquaticas.pdf. Acesso 
em: 20 set. 2021.
VELASCO, I. T. Medicina de emergência: abordagem prática. 14. ed. São Paulo: 
Manole, 2020.
https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/a/acidentes-ofidicos/acidentes-por-animais-peconhentos-o-que-fazer-e-como-evitar
https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/a/acidentes-ofidicos/acidentes-por-animais-peconhentos-o-que-fazer-e-como-evitar
https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/a/acidentes-ofidicos/acidentes-por-animais-peconhentos-o-que-fazer-e-como-evitar
http://publicacoes.cardiol.br/portal/abc/portugues/2019/v11303/pdf/edicao/234/#zoom=z
http://publicacoes.cardiol.br/portal/abc/portugues/2019/v11303/pdf/edicao/234/#zoom=z
https://www.sobrasa.org/new_sobrasa/arquivos/baixar/Manual_de_emergencias_aquaticas.pdf
https://www.sobrasa.org/new_sobrasa/arquivos/baixar/Manual_de_emergencias_aquaticas.pdf
40
Suporte Básico de Vida na parada 
cardiorrespiratória
Autoria: Thaísa Mariela Nascimento de Oliveira
Leitura crítica: Gabriella Novelli Oliveira
Objetivos
• Conhecer a cadeia de sobrevivência para adultos.
• Identificar os sinais clínicos da parada 
cardiorrespiratória.
• Compreender a realização de manobras de 
qualidade para reanimação cardiopulmonar.
• Compreender a emergência de vítimas que fazem 
uso de opioides.
41
1. Suporte Básico de Vida no Adulto
As doenças cardiovasculares são as principais causas de morte no 
mundo. No Brasil, estima-se 200 mil casos de parada cardiorrespiratória 
(PCR) por ano, em que metade dos episódios ocorrem em ambiente 
pré-hospitalar e a outra metade no âmbito hospitalar. As manobras de 
reanimação cardiopulmonar (RCP) são atualizadas a cada cinco anos e é 
importante que os profissionais que atuam em serviços de emergência 
recebam as novas orientações (MOURA et al., 2019).
O Suporte Básico de Vida (SBV) é o protocolo da American Heart 
Association (AHA) que enfatiza o reconhecimento dos sinais clínicos 
de PCR e a realização das manobras de RCP por socorristas e leigos. 
Ainda, evidencia-se que a sobrevida após as manobras RCP quando 
bem aplicadas, inicialmente pelo SBV e posteriormente pelo Suporte 
Avançado de Vida (SAV), varia de 2 a 49%. A PCR ainda é responsável 
pela alta morbimortalidade mesmo em situações de atendimento ideal, 
seguindo protocolos, como o preconizado pela AHA (2020). Desse modo, 
o treinamento de profissionais e leigos está atrelado à melhor taxa de 
sobrevida (MOURA et al., 2019).
1.1 Cadeia de sobrevivência do adulto
Na Figura 1, observe a diferença entre as cadeias de sobrevivência. A 
primeira cadeia se aplica ao PCR intra-hospitalar (PCRIH), já a segunda 
cadeia refere-se ao PCR extra-hospitalar (PCREH).
42
Figura 1 – Cadeia de sobrevida para PCRIH e PCREH
Fonte: AHA (2020, p. 7).
O uso das cadeias de sobrevivência é uma orientação da AHA no 
reconhecimento dos cuidados de pacientes em PCR no ambiente intra 
e extra-hospitalar. O foco da cadeia da PCRIH é o monitoramento dos 
pacientes por meio de um sistema de alerta de deterioração clínica na 
identificação de sinais de piora clínica e, na vigência de algum sinal, agir 
imediatamente para evitar a PCR. Quando acontece a PCR no ambiente 
hospitalar, as equipes interdisciplinares devem trabalhar de forma 
equilibrada com o objetivo do Retorno da Circulação Espontânea (RCE) e 
os cuidados pós-PCR (AHA, 2020).
A cadeia da PCREH reforça a importância da identificação de uma PCR 
por um socorristaleigo e o desenvolvimento de ações rápidas, como 
solicitar ajuda, dar início a RCP, ter acesso ao Desfibrilador Externo 
43
Automático (DEA) em locais públicos até que o serviço médico avançado 
chegue ao local e assuma os cuidados (AHA, 2020).
Nas diretrizes de 2020 da AHA foi adicionado o sexto elo nas duas 
cadeias. O elo da recuperação representa a reabilitação física, psíquica 
e social do paciente pós-PCR após a alta hospitalar, por meio da 
avaliação e ação interdisciplinar da equipe de saúde (AHA, 2020).
1.2 Reconhecimento dos sinais clínicos da parada 
cardíaca
Antes de tudo, em ambiente extra-hospitalar, se atendimento realizado 
por equipe profissional ou pessoa leiga é necessário que a cena seja um 
local seguro para atuação, pois, se o local apresentar riscos (explosão, 
agressão, rodovia não sinalizada etc.), ele se tornará a próxima 
vítima. Já se o local é seguro, o profissional/leigo poderá prosseguir 
com o atendimento. A PCR é definida como uma condição súbita da 
interrupção total da atividade mecânica ventricular e da oxigenação 
tissular, sendo confirmada pelos sinais de inconsciência, ausência de 
respiração e de ausência de pulso central (MOURA et al., 2018).
Para o reconhecimento dos sinais clínicos da PCR, o profissional deverá 
realizar: 1) estímulo tátil forte sobre os ombros da vítima, seguido de 
estímulo verbal “senhor, senhor”; 2) se inconsciência, simultaneamente 
o profissional deverá observar se a movimentação torácica está ausente 
ou em gasping (movimento respiratório assíncrono e não efetivo); 3) 
checar pulso central (carotídeo). O reconhecimento da respiração e 
do pulso pode ocorrer simultaneamente e em até 10 segundos. Vale 
ressaltar que, leigos não foram treinados para avaliar o pulso, portanto, 
a confirmação da PCR por leigo acontece se for observado que a vítima 
não responde e não respira normalmente (AHA, 2020).
Após o reconhecimento dos sinais clínicos da PCR, os profissionais 
darão início as manobras de RCP no atendimento do SVB, que serão 
44
representados pelo acrônimo “CABD” primário (SBC, 2019). Na língua 
inglesa utiliza-se o seguinte mnemônico para facilitar a execução das 
manobras:
• C – Circulation (compressões torácicas).
• A – Airway (vias aéreas).
• B – Breathing (respiração).
• D – Desfibrillation (desfibrilação).
A prioridade para iniciar com as compressões se deve a necessidade em 
gerar fluxo sanguíneo, além de evitar os atrasos inerentes às tentativas 
para ventilações adequadas.
1.3 “C”–Recomendações para a qualidade das 
compressões torácicas
Os principais pontos a serem observados nas compressões torácicas 
são: posicionamento das mãos no tórax, profundidade, frequência, 
retorno do tórax entre as compressões e a mínima interrupção das 
manobras. Todos esses pontos destacados permitem gerar fluxo 
sanguíneo adequado para a oxigenação dos tecidos (Figura 2). Se o 
atendimento for realizado por leigo, o protocolo AHA (2020) recomenda 
apenas compressões torácicas contínuas, aumentando a chance de 
sobrevida da PCREH.
45
Figura 2 – Qualidade das compressões torácicas
Fonte: adaptada da AHA (2020).
Figura 3 – Posicionamento de mãos, braços e do socorrista durante 
as compressões torácicas
Fonte: lukaves/iStock.com.
46
1.3.1 Evidência científica das recomendações e seus níveis 
para realização de compressões torácicas
A Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), em sua atualização de 
2019, apresenta os graus de recomendações e os níveis de evidência 
científicas quanto a realização de técnicas para compressões torácicas. 
As classes são subdivididas em: I, II, IIA, IIB e III; já os níveis de evidência 
em A, B e C.
A classe de recomendação “I” indica evidência conclusiva e consenso 
de que o procedimento é eficaz e seguro; “II” indica divergência 
de opiniões sobre a eficácia do procedimento; na classe “IIA”, o 
procedimento é aprovado pela maioria dos profissionais; na classe “IIB”, 
ele se apresenta com eficácia menos estabelecida e escassa opinião 
a favor do procedimento; na classe “III” procedimento não eficaz. 
Quanto ao nível de evidência, o nível “A” apresenta dados de estudos 
de ensaios randomizados e metanálises; o nível “B” apresenta dados a 
partir de metanálise com menos robustez, por meio de único estudo 
randomizado ou de estudos não randomizados; no nível “C”, os dados 
são consensuais entre especialistas (SBC, 2019).
A Quadro 1 apresenta a técnica realizada e sua respectiva classe de 
recomendação e nível de evidência.
Quadro 1 – Técnica, classe e nível de evidência em compressões 
torácicas
Técnica Classe de 
recomendação
Nível de 
evidência
Posicionar a região hipotenar de 
uma das mãos entrelaçadas sobre 
o terço distal do esterno
IIA C
Comprimir em frequência de 
100 a 120 por minuto
IIA C
Comprimir em profundidade 
mínima de 5 e máxima de 6 cm
I C
47
Permitir o retorno total do tórax entre 
as compressões (não se apoiar)
IIA C
Diminuir o intervalo entre o choque 
e o retorno das compressões
I C
Pausar o máximo de 10 segundos 
para aplicar as duas ventilações
IIA C
Aplicar 30 compressões a cada 2 
ventilações de forma simultânea
IIA C
Utilizar equipamentos de feedback 
durante RCP em tempo real
IIB B
O atendente telefônico do serviço 
de emergência deverá orientar a 
compressão torácica contínua até 
a chegada do serviço médico
I C
Fonte: adaptado de SBC (2019).
1.4 “A” e “B”–Recomendações para a qualidade da 
abertura das vias aéreas e ventilação
A técnica correta para se aplicar as ventilações é necessário que o 
profissional saiba realizar a abertura da via aérea. A abertura pode ser 
realiza de duas maneiras, sendo elas a inclinação da cabeça para elevar 
o queixo (chin lift) ou a tração do ângulo da mandíbula (jaw thrust), 
demonstradas pela Figura 4 (SBC, 2019).
Figura 4 – Abertura das vias aéreas
Fonte: adaptada de SBC (2019).
https://www.google.com/search?rlz=1C1CHZN_pt-PTBR942BR942&q=manobra+jaw+thrust&spell=1&sa=X&ved=2ahUKEwj_0frGqKLzAhVMppUCHc82CZwQkeECKAB6BAgBEDY
48
Caso o socorrista não consiga realizar a manobra de tração da 
mandíbula (jaw thrust) e suspeite de trauma cervical, sem evidência de 
trauma na cabeça, ele poderá optar pela inclinação da cabeça e elevação 
do queixo (chin lift). Segundo estudos, apenas 0,12 a 3,7% dos pacientes 
apresentam lesão espinhal se aplicado a inclinação da cabeça e elevação 
do queixo. O risco é aumentado nos casos de lesão craniofacial ou 
Glasgow menor que 8 (SBC, 2019).
Após a abertura da via aérea, também é indicado a inserção da 
cânula orofaríngea para manter a via área pérvia em pacientes com 
comprometimento do nível de consciência. Primeiro é preciso mensurar 
o tamanho ideal da cânula (comissura labial ao lóbulo da orelha) e, 
depois, inseri-la na boca com a ponta voltada para cima e, em seguida, 
realizar a rotação para posicioná-la na orofaringe, prevenindo a queda 
da língua que pode dificultar a via aérea pérvia (SBC, 2019) (Figura 5).
Figura 5 – Inserção da cânula orofaríngea
Fonte: ollo/iStock.com.
https://www.google.com/search?rlz=1C1CHZN_pt-PTBR942BR942&q=manobra+jaw+thrust&spell=1&sa=X&ved=2ahUKEwj_0frGqKLzAhVMppUCHc82CZwQkeECKAB6BAgBEDY
49
Durante a RCP, as ventilações devem ser ofertadas de forma síncrona, 
sendo duas ventilações a cada 30 compressões, em que cada ventilação 
deve ter a duração de 1 segundo, para que proporcione a elevação 
torácica ofertando aproximadamente 500 ml de oxigênio (O2), quando 
conectado a fonte de O2 complementar de 10-15l/min. A técnica 
indicada para o manuseio e vedação da máscara conectada a bolsa-
válvula-máscara é técnica CE, em que as mãos ficam posicionadas no 
rosto do paciente formando a letra C, como ilustrada a Figura 7 (AHA, 
2020).
Hiperventilar é contraindicado, pelo fato de aumentar a pressão 
intratorácica com a possibilidade de diminuir a pré-carga e o 
débito cardíaco. Além disso, há risco da hiperinsuflação gástrica ao 
desencadear vômito, broncoaspiração e limitação diafragmática. 
Profissionais e leigos podemhesitar em aplicar ventilações boca a boca 
na vítima de PCR, sendo assim, é indicado a utilização de mecanismos de 
barreira, um exemplo é a pocket mask (máscara de bolso) (Figura 6) que 
garante a não contaminação de quem está prestando o atendimento, ou 
a própria utilização da Bolsa Válvula Máscara (BVM), se disponível (Figura 
7) (SBC, 2019).
 Figura 6 – Pocket mask Figura 7 – Bolsa Válvula Máscara
 
Fonte: LCOSMO/iStock.com. Fonte: Mykhailo Pervak/iStock.com. 
50
1.5 “D”– Desfibrilação
A cada minuto sem desfibrilação, decorrido desde o início do episódio 
arrítmico súbito, a probabilidade de sobreviver diminui em 7 a 10%. 
Em cenários de RCP realizados por leigos que utilizam em sincronia o 
Desfibrilador Externo Automático (DEA), as taxas de sobrevida são mais 
otimistas, chegando até 85% (SBC, 2019).
A desfibrilação precoce é o tratamento de choque para vítimas de 
PCR que se apresentam em ritmos chocáveis, sendo eles a Fibrilação 
Ventricular (FV) ou Taquicardia Ventricular Sem Pulso (TVSP). Nos 3 a 
5 minutos iniciais da de PCR em FV, o coração se encontra propício a 
receber o choque, no entanto, após 5 minutos é diminuída a amplitude 
de FV devido à depleção do miocárdio e seu substrato energético. Os 
protocolos preconizam que o desfibrilador deve ser utilizado assim que 
disponível, pois, a importância de se administrar o primeiro choque 
entre 3 e 5 minutos, irá aumentar a chance de sobrevida (SBC, 2019). O 
choque pode ser realizado com um desfibrilador manual pelo SAV ou 
pelo DEA no atendimento do SBV.
O DEA pode ser utilizado por leigos ou profissionais da saúde, sendo 
um equipamento portátil e de fácil manipulação. É importante ressaltar 
que, para fixar as pás no tórax do paciente, as compressões torácicas 
não devem ser cessadas. Após aplicadas as pás no tórax do paciente, o 
equipamento será capaz de interpretar o ritmo cardíaco, indicar ou não 
a desfibrilação, bem como selecionar o nível de energia e carregamento 
automático, cabendo ao profissional apenas pressionar o botão de 
choque quando indicado (AHA, 2020).
A cada 2 minutos, o DEA avalia o ritmo cardíaco e, antes disso, irá 
solicitar aos profissionais que se afastem da vítima (“se afaste do 
paciente”, “analisando ritmo”, “choque recomendado” ou “choque 
não recomendado”) e será nesse exato momento a troca de função 
entre os profissionais. Após a leitura do ritmo, se indicado o choque, 
51
o profissional deverá pressionar o botão do choque e retornar as 
compressões imediatamente. Caso o choque não seja indicado, as 
compressões também devem retornar imediatamente.
Caso ocorra o RCE, o DEA não deve ser desligado e suas pás não devem 
ser removidas do tórax do paciente e, se não houver suspeita de trauma, 
a vítima poderá ser lateralizada até que o suporte avançado assuma o 
caso (SBC, 2019).
Figura 8 – Utilização de Desfibrilador Externo Automático
Fonte: IROHA/iStock.com.
1.5.1 Uso do DEA em situações especiais
• Se excesso de pelos no tórax, será necessário remover somente no 
local da aplicação das pás.
52
• Se tórax molhado, o profissional deverá secá-lo por completo e, 
caso sob poça de água, remover o mais rápido possível a vítima 
para outro local.
• Se presença de marca-passo ou (CDI) Cardioversor Desfibrilador 
Implantável, as pás não devem ser coladas em cima do local de 
implantação, e sim próxima a ele.
• Crianças com até 25kg ou 8 anos devem utilizar pás pediátricas. 
Se disponível apenas as pás de adulto para o mesmo peso ou 
idade, elas poderão ser utilizadas posicionando uma pá em região 
anterior do tórax e a segunda pá em região posterior do tórax. No 
entanto, pás pediátricas não devem ser utilizadas em adultos, pois, 
a energia disponibilizada para o choque será insuficiente.
• Para lactentes (0 dias a 1 ano), o desfibrilador manual será 
preferível e, caso não disponível, poderá ser utilizado um DEA (SBC, 
2019).
2. Parada cardíaca associada a opioides
Dois novos algoritmos de emergência associada a opioides foram 
adicionados na atualização da AHA, um para leigo e outro para 
profissionais da saúde. A seguir, apresentamos o algoritmo para 
profissionais de saúde (Figura 9).
53
Figura 9 – Algoritmo associado a opioide para profissionais de saúde
Fonte: AHA (2020, p. 9).
Opioide é definido como composto químico ou droga psicoativa que seja 
capaz de produzir efeitos farmacológicos com propriedades analgésicas. 
Os opioides estão associados com a alteração do sistema nervoso 
central e, consequentemente, a depressão respiratória que, por sua vez, 
poderá evoluir para uma PCR (AHA, 2020).
A droga naloxona pode ser administrado por leigos? Nos EUA existe um 
dispositivo de naloxona aprovado para ser utilizado por leigos. Já no 
Brasil, não há esse dispositivo, pois, deve-se confirmar por profissionais 
de saúde com segurança e eficácia, sendo introduzida como droga de 
escolha no algoritmo de suspeita de intoxicação por opioide da AHA. 
Se vítima com pulso presente e sem respiração normal ou gasping, 
54
ou até mesmo uma PCR além de aplicar os cuidados convencionais 
os socorristas deverão administrar a droga por via intramuscular ou 
inalatória (AHA, 2020).
3. Considerações finais
Então, para garantir um desfecho satisfatório e alcançar os objetivos 
principais da RCP, que é o RCE e a qualidade de vida após a alta 
hospitalar, é necessário que a equipe seja capaz de prover rapidamente 
a sequência de atendimentos do SBV, a fim de que seja oportunizado 
o fluxo de oxigênio e sangue para o cérebro e coração, visto que após 
4 minutos de hipóxia, a vítima apresentará lesão cerebral. Assim, cada 
minuto de atraso no reconhecimento da PCR e início das manobras de 
RCP de qualidade, a vítima perde de 7-10% da chance de sobrevida (SBC, 
2019).
Referências
AHA. American Heart Association. Manual de Destaques da Atualização das 
Diretrizes da American Heart Association (AHA). Chicago: AHA, 2020.
SBC. Sociedade Brasileira De Cardiologia. Atualização da diretriz da ressuscitação 
cardiopulmonar e cuidado cardiovasculares de emergência. Arquivo Brasileiro de 
Cardiologia, [s.l.], v. 113, n. 3, p. 449-663, 2019.
MOURA, J. G. et al. Conhecimento e atuação da equipe de enfermagem de um setor 
de urgência no evento parada cardiorrespiratória. Cuidado é Fundamental, [s.l.], v. 
11, n. 3, p. 634-640, 2019.
55
Suporte Avançado de Vida na 
parada cardiorrespiratória
Autoria: Thaísa Mariela Nascimento de Oliveira
Leitura crítica: Gabriella Novelli Oliveira
Objetivos
• Conhecer as últimas atualizações do algoritmo de 
parada cardiorrespiratória no adulto.
• Compreender as manobras e as condutas no 
Suporte Avançado de Vida Cardiovascular.
• Compreender o tratamento medicamentoso na 
parada cardiorrespiratória.
• Identificar as causas reversíveis da parada 
cardiorrespiratória.
56
1. Atualização do último algoritmo de Parada 
cardiorrespiratória (PCR) da American Heart 
Association (AHA, 2020)
O International Liaison Committee on Resuscitation (ILCOR) é um 
comitê multicêntrico internacional que reúne representantes de 
diferentes órgãos, entre eles, a American Heart Association (AHA). Esse 
comitê estimula a produção de estudos na área da emergência e, em 
especial, na área da Parada Cardiorrespiratória (PCR) e Reanimação 
Cardiopulmonar (RCP). As atualizações das diretrizes de PCR/RCP 
ocorrem a cada 5 anos e, atualmente, a última publicação foi em 
outubro de 2020 (AHA, 2020).
O conjunto de manobras para cenários de PCR/RCP visam o 
fornecimento de oxigênio por meio da circulação sanguínea, 
tratamento farmacológico e descarga elétrica. A Figura 1 apresenta o 
último algoritmo de PCR para adultos publicado pela AHA (2020). Na 
sequência, abordaremos detalhadamente as habilidades, as atitudes 
e as competências a serem realizadas pelos profissionais enfermeiros, 
membros da equipe do Suporte Avançado de Vida (SAV) (AHA, 2020).
57
Figura 1 – Algoritmo de PCR para adultos da AHA (2020)
Fonte: AHA (2020, p. 8).
58
1.1 Fisiopatologia daparada cardiorrespiratória
A PCR pode ser dividida em três fases distintas: elétrica, hemodinâmica e 
metabólica, apresentadas na figura a seguir.
Figura 2 – Fases fisiopatológicas da PCR
Fonte: adaptada de Velasco (2020).
1.2 Relação compressão versus ventilação no Suporte 
Avançado de Vida Cardiovascular (SAVC)
As compressões torácicas e a ventilação artificial têm como objetivo 
proporcionar a função contrátil cardíaca manualmente e garantir uma 
perfusão sanguínea coronariana e cerebral adequada e oxigenada até 
que ocorra o Retorno da Circulação Espontânea (RCE). Sobre a relação 
da compressão/ventilação, diferente do Suporte Básico de Vida (SBV) 
que sincroniza as duas técnicas na proporção de 30 compressões a 
cada 2 ventilações; no SAV, após a instalação da via aérea avançada, 
as compressões e ventilações serão contínuas e não sincronizadas, 
de modo que elas sejam aplicadas em uma velocidade de 100 a 120 
compressões por minuto e as ventilações sejam realizadas a cada 6 
segundos de intervalo uma da outra (AHA, 2020).
59
A via aérea avançada será garantida por meio de intubação orotraqueal 
(IOT), via área definitiva, ou por máscara laríngea, dispositivo 
extraglótico, com tempo de permanência de 4 horas, quando a via aérea 
for considerada difícil (SBC, 2019). De acordo com o protocolo atual, 
se ritmo não chocável, a via aérea avançada deve ser garantida o mais 
rápido possível (primeiro ciclo), entretanto, se ritmo chocável, ela deve 
ser instalada idealmente após o segundo choque (segundo ciclo). Após 
fixado o dispositivo de via aérea avançada, deverá ser administrada 
1 ventilação a cada 6 segundos (10 ventilações por minuto), e as 
compressões torácicas deverão ser mantidas em profundidade de 
pelo menos 5 cm e não devem exceder 6 cm, em velocidade de 100 a 
120 por minuto com o retorno total do tórax após cada compressão. 
Recomenda-se a capnografia para monitorar e confirmar a posição 
do tubo orotraqueal. A capnografia é um dispositivo que mede a 
quantidade do dióxido de carbono ao fim da expiração. Se valor inferior 
a 10mmHg indica que as compressões estão ineficazes; mas se igual ou 
maior que 15mmHg indica intubação orotraqueal adequada; por fim, se 
maior que 35mmHg indica que houve o RCE (ACLS, 2020).
1.3 Desfibrilador manual
Assim que disponível o desfibrilador, o equipamento deve estar ligado 
no modo desfibrilador. As pás devem receber o gel condutor e serem 
posicionadas no tórax do paciente para avaliação do ritmo cardíaco. 
Uma das pás deve ser posicionada ao lado direito do tórax, abaixo da 
clavícula, próximo a metade superior do esterno (infraclavicular direita). 
A outra pá, por sua vez, deve ser posicionada ao lado esquerdo, abaixo 
do mamilo e próximo da axila (inframamilar esquerda), como mostra 
a Figura 3. É importante ressaltar que, se o paciente for portador de 
dispositivo implantado, a pá infraclavicular deve ser posicionada a pelo 
menos 3 centímetros de distância do dispositivo (SBC, 2019).
60
Os desfibriladores podem ser monofásicos ou bifásicos. Para 
desfibriladores monofásicos, os choques devem ser administrados a 
360J, já para os bifásicos devem ser carregados inicialmente em 120J até 
200J. Nos casos de carga desconhecida dos aparelhos bifásicos, a AHA 
(2020) recomenda usar a carga máxima do aparelho (SBC, 2019).
Figura 3 – Posicionamento das pás para análise de ritmo cardíaco e 
choque
Fonte: gorodenkoff/iStock.com.
Há quatro ritmos cardíacos encontrados na PCR: a Fibrilação Ventricular 
(FV) e a Taquicardia Ventricular sem Pulso (TVSP) são os ritmos chocáveis 
(Figura 4), já a assistolia e a Atividade Elétrica sem Pulso (AESP) são os 
ritmos não chocáveis. A análise o ritmo deverá ocorrer a cada 2 minutos, 
bem como a troca do profissional responsável pelas compressões 
torácicas (ACLS, 2020).
Em ambiente pré-hospitalar, 80% dos episódios de PCR têm início com 
FV e TVSP, e quando tratados preferivelmente de 3 a 5 minutos após a 
PCR, a taxa de sobrevida será de 50 a 70%. Em ambiente intra-hospitalar, 
61
a assistolia e a AESP são predominantes, com taxa de sobrevida menor 
de 17% (SBC, 2019).
• Manobras de RCP com ritmo chocável
De acordo com os pareceres do Conselho Federal de Medicina nº 
3.984/2001 e nº 26/2003, a intubação orotraqueal e o manejo do 
desfibrilador cardíaco são procedimentos de competência médica. 
Na presença do desfibrilador e identificado ritmo chocável (FV ou 
TVSP), o profissional médico deverá administrar o choque e retornar 
imediatamente as manobras de RCP. Em seguida, deve-se providenciar 
acesso venoso periférico para administração de epinefrina. Somente 
após o segundo choque a epinefrina deverá ser administrada e a via 
aérea avançada definida. Em todas as situações de ritmo chocável, 
o profissional responsável pelo manuseio das pás, o médico, deverá 
verbalizar que: ele se afasta, que todos se afastem, que o choque 
será administrado em 3,2,1 e finalizar com choque administrado. 
Vale ressaltar que, imediatamente após administração do choque, as 
compressões torácicas e as ventilações devem retornar sem demora 
(AHA, 2020; SBC, 2019).
A desfibrilação sequencial dupla para casos de ritmo chocável refratário 
não é mais recomendada, trata-se da prática de administrar choques 
simultâneos utilizando dois desfibriladores (AHA, 2020).
Figura 4 – Traçados eletrocardiográficos
Fonte: adaptada de Thomaz (2018).
62
• Manobras de RCP com ritmo não chocável
Se ritmo não chocável (assistolia ou AESP) no início do protocolo, todas 
as técnicas (acesso intravenoso, administração de medicamento, via 
aérea avançada e instalação de eletrodos) deverão ser realizas já no 
primeiro ciclo da RCP. Se assistolia, a equipe deverá realizar o protocolo 
de linha reta, por meio da checagem da conexão dos eletrodos, aumento 
do ganho do monitor e checagem de duas derivações. Em caso de 
traçado organizado no monitor, deverá ocorrer a checagem de pulso e, 
se ausente, considera-se AESP (AHA, 2020).
1.4 Tratamento medicamentoso na Parada 
Cardiorrespiratória (PCR)
A literatura é clara quanto as prioridades durante uma PCR. As duas 
prioridades são RCP de alta qualidade e a desfibrilação precoce. Por 
outro lado, a definição de via aérea avançada e a administração de 
medicamentos serão secundários, pois, não há evidência científica de 
que o protocolo medicamentoso seja benefício para a alta hospitalar e 
melhoria da função neurológica (AHA, 2020).
• Vias de administração
Historicamente, durante as manobras de RCP do SAV, a equipe tinha 
como costume administrar as medicações pelas vias intravenosas (IV) 
ou endotraqueal (ET). No entanto, a absorção da droga pela via ET é 
deficiente e a sua dosagem ideal é desconhecida. Por esse motivo, a AHA 
(2020) recomenda as vias intravenosa e intraóssea. Os profissionais, 
ainda, devem preferir o acesso intravenoso (IV) para administração das 
medicações e, se inviável, o intraósseo (IO) será considerado (ACLS, 
2020).
63
• Sequência e técnica para administração medicamentosa
As medicações utilizadas para tratamento de PCR são: epinefrina, 
amiodarona ou lidocaína.
Epinefrina
A epinefrina se apresenta da seguinte forma: 1 mg = 1 ml = 1 ampola. 
Deve ser a primeira droga independente de ritmo chocável, ou não, e 
deve ser administrada com o intervalo de 3 a 5 minutos, da seguinte 
forma (ACLS, 2020):
1° passo: será administrado 1 mg de epinefrina (pura) em bolus. 
2° passo: será realizado um bolus de fluído intravenoso de 20 ml. 
3° passo: o membro deverá ser elevado pelo tempo de 10 a 20 segundos 
para auxiliar a entrada do medicamento no sistema circulatório central.
Amiodarona
A amiodarona se apresenta da seguinte forma: 150 mg = 3 ml = 1 
ampola. Se ritmo chocável, a segunda medicação a ser administrada 
será a amiodarona, que deverá ser intercalada em dois momentos com 
a adrenalina. A primeira dose de amiodarona será de 300 mg = 6 ml = 2 
ampolas; já a segunda dose será de 150 mg. A amiodarona deverá ser 
administrada da seguinte forma (ACLS,2020):
1° passo: será administrado 300 mg de amiodarona (pura) em bolus. 
2° passo: será realizado um bolus de fluido intravenoso de 20 ml (soro 
fisiológico ou água destilada). 
3° passo: o membro deverá ser elevado pelo tempo de 10 a 20 segundos 
para auxiliar a entrada do medicamento no sistema circulatório central.
64
Lidocaína
A lidocaína pode ser utilizada como alternativa à amiodarona, pois 
estudos recentes realizados em ambientes extra-hospitalar apontaram 
que lidocaína apresentou taxa semelhante de sobrevida quando 
comparada à amiodarona. A lidocaína se apresenta da seguinte forma: 
10 mg/ml ou 20 mg/ml. A dose inicial será de 1,5mg/kg e uma segunda 
dose de 0,5 a 0,75 mg/kg poderá ser administrada se o ritmo chocável 
persistir. O bolus de fluido intravenoso e a elevação do membro também 
deverão ocorrer (ACLS, 2020).
• Atualização para uso da epinefrina
O algoritmo da PCR para adultos foi atualizado, também com o objetivo 
de enfatizar a administração precoce da epinefrina em vítimas que 
inicialmente apresentem ritmo não chocável. Ou seja, já na primeira 
análise de ritmo, se a equipe identificar um ritmo não chocável, a 
epinefrina deverá ser administrada imediatamente após garantida a 
via de acesso venoso periférico. Para a vítima que apresenta ritmos 
chocáveis, o algoritmo orienta que a epinefrina deve ser administrada 
após o segundo choque (AHA, 2020).
A orientação para administrar epinefrina precocemente em ritmos não 
chocáveis se deu por estudos randomizados com mais de oito mil e 
quinhentas vítimas de parada cardíaca extra-hospitalar (PCREH), que 
associaram a administração precoce de epinefrina com aumento do RCE 
em ritmos não chocáveis. Entretanto, para as vítimas que apresentem 
ritmos chocáveis, a ciência apoia que deve ser priorizado a desfibrilação 
precoce e as manobras de RCP e somente administrar a primeira 
epinefrina caso as tentativas iniciais de desfibrilação e manobras não 
forem efetivas após o segundo choque (AHA, 2020).
65
1.5 Causas reversíveis da PCR
Um ponto muito importante é que a equipe busque identificar e tratar 
as possíveis causas reversíveis da PCR, para isso, utiliza-se o mnemônico 
5Hs e 5Ts que está descrito no quadro a seguir.
Quadro 1 – Causas reversíveis da PCR e seus respectivos 
tratamentos
5 Hs Conduta 5Ts Conduta
Hipo/ 
Hipercalemia
Gluconato de cálcio 
e bicarbonato 
Tóxicos Antagonista 
específico e 
prolongamento 
de reanimação 
cardíaca
Hipóxia Suporte de oxigênio 
adequado e intubação 
orotraqueal
Tamponamento 
cardíaco
Pericardiocentese
Hipovolemia Infusão de cristaloides 
ou sangue
Trombose 
coronariana
Angioplastia 
coronária
Hipotermina Manta termina e 
cristaloide aquecido
Tromboembolismo 
pulmonar
Trombólise
Hidrogênio 
(acidose 
metabólica)
Bicarbonato Tensão pulmonar 
(pneumotórax)
Punção de alívio e 
drenagem de tórax
Fonte: adaptado de Velasco (2020).
Entre as causas reversíveis de PCR com o ritmo de AESP, a hipovolemia 
corresponde a 25%, o tamponamento cardíaco de 4 a 15 % e o 
tromboembolismo pulmonar de 4 a 7,6% das causas. Segundo Velasco 
(2020), o pneumotórax hipertensivo é mais raro.
2. Distribuição de funções e posicionamento da 
equipe
Para a realização do SAV, a equipe deverá ser formada idealmente por 
seis profissionais com funções prévias estabelecidas: líder, compressor, 
66
desfibrilador, via aérea, medicações e cronometrista (ACLS, 2020) (Figura 
5).
1. O líder deverá atribuir funções aos demais membros da equipe. 
Ele irá tomar as decisões e determinar condutas a serem 
realizadas. Em caso de equipe reduzida, recomenda-se que o líder 
assuma as vias aéreas pelo amplo campo da visão que a função 
proporciona. Um bom líder facilita o atendimento da equipe, 
monitora a atuação de cada membro e apresenta exemplo de 
comportamento.
2. O compressor executa 2 minutos de compressões torácicas, ou 
menos, a depender de sua exaustão e alterna com o membro da 
equipe responsável pelo desfibrilador, ou com o responsável pelas 
vias aéreas.
3. No desfibrilador, o responsável opera o equipamento e alterna 
com o compressor no exato momento em que a análise do ritmo é 
feita pelo líder.
4. Na via aérea, o responsável irá aspirar secreções se necessário, 
administrar ventilações com a Bolsa Válvula Máscara.
5. Nas medicações, o responsável irá garantir o acesso intravenoso 
ou intraósseo, aspirar e administrar medicamentos, seguindo o 
comando do líder.
6. O cronometrista deverá anotar em quadro, todas as ações, 
como as drogas administradas e o horário de administração, 
quantidades de choques administrados e o ritmo, verbalizar o 
fim de cada ciclo de 2 minutos para a troca de função entre os 
compressores.
67
Figura 5 – Distribuição de funções para equipe de alto desempenho
Fonte: adaptada de ACLS (2020).
3. Retorno da Circulação Espontânea (RCE) e 
cuidados pós-parada cardiorrespiratória
Os sinais do RCE são: presença de pulso e pressão arterial, aumento 
agudo prolongado de pressão expiratória final de dióxido de carbono 
(PETCO2) igual ou maior que 40 mmHg. O cuidado com o paciente após 
RCE requer atenção especial à oxigenação, manutenção e controle de 
pressão arterial, reperfusão das coronárias, controle de temperatura e 
testes neuroprognóstico multimoldal.
O profissional deverá utilizar o método mneumônico ABCDEF nos 
cuidados pós-PCR (ACLS, 2020):
68
a. Avaliar a permeabilidade da via aérea; aspirar, se necessário; 
se Glasgow menor que 8 e paciente ainda não intubado, o 
procedimento deverá ser realizado. Uma segunda opção também 
será a inserção de máscara laríngea.
b. Proporcionar boa ventilação (spo2 92-98%), realizar ausculta 
cardíaca e pulmonar. A AHA (2020) orienta a utilização da 
capnografia contínua com forma de onda para confirmar e 
monitorar o tubo orotraqueal.
c. Deve ser mantida a monitorização contínua dos sinais vitais, para 
que a enfermagem possa avaliar seus respectivos parâmetros 
hemodinâmicos. Além disso, é essencial que a pressão arterial 
média se mantenha igual ou maior que 65 mmHg.
d. Para a obtenção de diagnósticos diferenciais serão solicitados 
exames laboratoriais, exames de imagens (tórax e crânio), 
eletrocardiograma de 12 derivações e avaliação do estado 
glicêmico.
e. O paciente será encaminhado para a Unidade de Terapia Intensiva 
ou Unidade Coronariana para garantir a assistência especializada.
f. Frozen, o paciente deverá permanecer com temperatura entre 32 e 
36°C nas primeiras 24 horas pós-PCR.
4. Considerações finais
A sobrevida de vítimas de PCR em ambiente extra-hospitalar ou 
hospitalar está diretamente atrelada ao reconhecimento precoce dos 
sinais clínicos da PCR e o início de manobras de qualidade pela equipe 
profissional atuante. É essencial que os profissionais estejam atualizados 
e capacitados para ofertar o SAV .
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Referências
ACLS. Suporte Avançado de Vida em Cardiologia. Suporte Avançado de Vida 
Cardiovascular. 2020.
AHA. American Heart Association. Manual de Destaques da Atualização das 
Diretrizes da American Heart Association (AHA). Chicago: AHA, 2020.
CFM. Conselho Federal de Medicina. Processo-consulta CFM n° 3.984/2001 PC/
CFM/nº 26/2003. Intubação orotraqueal e desfibrilação cardíaca são atos médicos, 
sendo permitido a leigos, na ausência de médico, a utilização de desfibrilador 
cardíaco automático externo. Cursos que ensinam atos médicos só podem ter como 
alunos médicos e/ou estudantes de Medicina. Brasília, DF: CFM, 2003.
SBC. Sociedade Brasileira de Cardiologia. Atualização da Diretriz da Ressuscitação 
Cardiopulmonar e Cuidado Cardiovasculares de Emergência. Arquivo Brasileiro de 
Cardiologia, [s.l.], v. 113, n. 3, p. 449-663, 2019.
THOMAZ, M. C. A. Urgência e emergência em enfermagem. Londrina: Editora e 
Distribuidora Educacional S.A, 2018.
VELASCO, I. T. Medicina de emergência: abordagem prática. 14. ed. São Paulo. 
Manole, 2020.
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