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. ' 
Coleção PREPARANDO PARA CONCURSOS 
l:}.Wstões disw.rsil/a5 wmevrtados 
Organizadores: Leonardo de Medeiros Garcia e Roberval Rocha 
Coordenadora: Bárbara Luiza Coutinho do Nascimento 
MINISTÉRIO 
" 
PUBLICO-
RJ 
Promotor de Justiça 
INCLUI 
../ 121 questões discursivas 
../ Provas preliminares e especializadas 
.,/ Extraídas exclusivamente dos XXXI, XXXll e 
XXXlll Concursos para ingresso na carreira do 
Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro 
../ Analisadas e respondidas por membros da 
carreira 
../ Separadas por ramo do Direito 
2016 
EDITORA 
JUsPODIVM 
www.editorajuspodivm.com.br 
AUTORES 
Adriana Garcia Pinto Coelho 
André Gonçalves Morgado 
Bárbara Luiza Coutinho do Nascimento 
Bianca Chagas de Macêdo Gonçalves 
Bruno Rinaldi Botelho 
Carolina Magalhães do Nascimento 
Eduardo Fonseca Passos de Pinho 
Gisette Guimarães Giovannoni Grizotti 
Leonardo Zutato Barbosa 
Lucas Fernandes Bernardes 
Ludimita Bissonho Rodrigues 
Marcelo Winter Gomes 
Marco Antonio Santos Reis 
Mariana Trino de Medeiros 
Matheus Gabriel dos Reis Rezende 
Michel Queiroz loucas 
Michette Bruno Ribeiro 
Pauta Cunha Basílio 
Rafael Thomas Schinner 
Roberta Gomes da Silva Jorio 
Uriet Gonzatez Soares Fonseca 
• Vanessa Cristina Gonçalves Gonzatez 
• Vania Cirne Manhães 
DISCIPLINAS 
• DIREITO ADMINISTRATIVO 
• DIREITO CIVIL 
• DIREITO CONSTITUCIONAL 
• DIREITO ELEITORAL 
• DIREITO EMPRESARIAL 
• DIREITO PENAL 
• DIREITO PROCESSUAL CIVIL 
• DIREITO PROCESSUAL PENAL 
• DIREITO TRIBUTÁRIO 
• PRINCÍPIOS INSTITUCIONAIS DO 
MINISTÉRIO PÚBLICO 
EDITORA 
]UsPODIVM 
www.editorajuspodivm.com.br 
Rua Mato Grosso, 175 - Pituba, CEP: 41830-151 - Salvador - Bahia 
Tel: (71) 3363-8617 /Fax: (71) 3363-5050 ·E-mail: fale@editorajuspodivm.com.br 
Copyright: Edições JusPODIVM 
Conselho Editorial: Dirley da Cunha Jr., Leonardo de Medeiros Garcia, Fredie Didier Jr., José Henrique Mouta, José 
Marcelo Vigliar, Marcos Ehrhardt Júnior, Nestor Távora, Robério Nunes Filho, Roberval Rocha Ferreira Filho, Rodolfo 
Pamplona Filho, Rodrigo Reis Mazzei e Rogério Sanches Cunha. 
Capa: Rene Bueno e Daniela Jardim (www.buenojardim.com.br) 
Diagramação: Layer Up Editorial (www.layerup.com.br) 
Fechamento desta edição: jun./2015. 
Todos os direitos desta edição reservados à Edições JusPODIVM. 
É terminantemente proibida a reprodução total ou parcial desta obra, por qualquer meio ou processo, sem a 
expressa autorização do autor e da Edições JusPODIVM. A violação dos direitos autorais caracteriza crime descrito 
na legislação em vigor, sem prejuízo das sanções civis cabíveis. 
AU TORE S 
Adriana Garcia Pinto Coelho 
Promotora de Justiça Substituta do tv1PRJ 
(XXXlll Concurso). Pós-graduada em Direito 
pelo 1Stv1P, Bacharel em Direito pela UFRJ. 
André Gonçalves Morgado 
Promotor de Justiça Substituto do tv1PRJ (XXXlll 
Concurso). Bacharel em Direito pela UERJ. 
Bianca Chagas de Macêdo 
Gonçalves 
Promotora de Justiça Substituta do tv1PRJ 
(XXXlll Concurso). Concluiu o curso de Direito 
da Etv1ERJ, Bacharel em Direito pela UFJF. 
Bruno Rinaldi Botelho 
Promotor de Justiça Substituto do tv1PRJ (XXXlll 
Concurso). Bacharel em Direito pela UERJ. 
Carolina Magalhães do Nascimento 
Promotora de Justiça Substituta do tv1PRJ 
(XXXlll Concurso). Pós-graduada em Direito 
Privado pela UGF, Bacharel em Direito pela 
UFRJ. 
Eduardo Fonseca Passos de Pinho 
Promotor de Justiça Substituto do tv1PRJ 
(XXXlll Concurso). Pós-graduado em Direito 
pela Etv1ERJ, Bacharel em Direito pela UFRJ. 
Giselle Guimarães Giovannoni 
Grizotti 
Promotora de Justiça Substituta do tv1PRJ (XXXlll 
Concurso). Bacharel em Direito pela UFRJ. 
Leonardo Zulato Barbosa 
Promotor de Justiça Substituto do tv1PRJ 
(XXXlll Concurso). Bacharel em Direito pela 
UBtv1. 
Lucas Fernandes Bernardes 
Promotor de Justiça Substituto do tv1PRJ 
(XXXlll Concurso) Especialista em Direito 
Privado pela UCAtv1. Bacharel em 
Direito pela UFOP. 
Ludimila Bissonho Rodrigues 
Promotora de Justiça Substituta do tv1PRJ 
(XXXlll Concurso). Pós-graduada em 
Direito pela Etv1ERJ, Bacharel em Direito 
pela UNIFLU. 
Marcelo Winter Gomes 
Promotor de Justiça Substituto do tv1PRJ 
(XXXlll Concurso).Bacharel em Direito 
pela UFRJ. 
Marco Antonio Santos Reis 
Promotor de Justiça Substituto do tv1PRJ 
(XXXlll Concurso). tv1estre em Direito 
Penal pela UERJ, Bacharel em Direito 
pela UFRJ. 
Mariana Trino de Medeiros 
Promotora de Justiça Substituta do tv1PRJ 
(XXXlll Concurso). Bacharel em Direito 
pela UERJ. 
Matheus Gabriel dos Reis 
Rezende 
Aprovado no XXXlll Concurso para 
Ingresso na Carreira do tv1inistério 
Público do Estado do Rio de Janeiro. 
Bacharel em Direito pela Faculdade de 
Direito Milton Campos (MG). 
Michel Queiroz Zoucas 
Promotor de Justiça Substituto do 
MPRJ (XXXlll Concurso). Pós-graduado 
em Direito Penal, Processual Penal, 
Constitucional e Administrativo pela 
UVA, Bacharel em Direito pela UFRJ. 
Michelle Bruno Ribeiro 
Promotora de Justiça Substituta do MPRJ 
(XXXll Concurso). Bacharel em Direito 
pela UERJ. 
5 
6 
COLEÇÃO PREPARANDO PARA CONCURSOS 
Paula Cunha Basílio 
Promotora de Justiça Substituta do l'v1PRJ 
(XXXlll Concurso). Pós-graduada em Direito 
pela El'v1ERJ, Bacharel em Direito pela UERJ. 
Rafael Thomas Schinner 
Promotor de Justiça Substituto do l'v1PRJ 
(XXXlll Concurso). Pós-graduado em Direito 
Processual Civil pela UNIDERP, Bacharel em 
Direito pela UFRJ. 
Roberto Gomes da Silva Jorio 
Promotora de Justiça Substituta do l'v1PRJ 
(XXXlll Concurso). Bacharel em Direito pela 
UERJ. 
Uriel Gonzalez Soares Fonseca 
Promotor de Justiça Substituto do l'v1PRJ 
(XXXlll Concurso). Bacharel em Direito 
pela UERJ. 
Vanessa Cristina Gonçalves 
Gonzalez 
Promotora de Justiça Substituta do 
l'v1PRJ (XXXlll Concurso). Bacharel em 
Direito pela Faculdade de Direito da 
Universidade Presbiteriana l'v1ackenzie -
São Paulo. 
Vania Cirne Manhães 
Promotora de Justiça Substituta do l'v1PRJ 
(XXXlll Concurso) Bacharel em Direito 
pela UFF. 
Bárbara Luiza Coutinho do Nascimento 
Autora e Coordenadora do Livro 
Promotora de Justiça Substituta do l'v1PRJ (XXXlll Concurso). l'v1estre em 
Teoria e Filosofia do Direito pela UERJ, pós-graduada em Direito pela El'v1ERJ, 
Bacharel em Direito pela UERJ. 
-
APRE S E N TAÇAO 
Somos um g rupo de recém a provados nos XXXI 1 1 e XXXI 1 concu rsos de i ng resso no 
M in i stério Públ ico do Estado do Rio de Jane i ro. Com este livro, desejamos comparti lhar 
um pouco de nossa experiência , ajudando aqueles que almejam o cargo de Promotor 
de Justiça. 
O concurso do MPRJ apresenta pecul iaridades. Trad iciona lmente as provas escri­
tas são todas d i scursivas, desde a prime i ra fase. A chamada prova prelim inar ex ige do 
candidato um g ra nde poder de síntese, ao ex ig i r respostas com l im ite de l inhas mas que 
não podem ser superfic ia is. Ou seja , o cand idato deve consegu i r mostra r profund idade 
de con hecimento em pouco espaço. 
Além d isso, a banca não oferece padrão de resposta e as questões não aparentam 
ter gabarito fechado, de modo que é poss ível que cand idatos que o ptem por soluções 
d iversas, mas façam a correta exposição do tema, sejam igua lmente bem pontuados. 
Portanto, é preciso destacar que as respostas apresentadas nesta obra são suges­
tões ela boradas por candidatos que foram aprovados neste concurso. Não pretendemos 
formar um gaba rito, mas s im passar nossa percepção acerca daqu i lo que acred itamos 
que a banca gostaria de ler. 
Após cada questão, o leitor encontra rá uma sugestão de resposta, elaborada por 
nós como uma proposta daqu i lo que poderia ser litera lmente escrito na prova pelo can­
d idato. Além d isso, quando necessário, os a utores apresentarão comentários ad ic iona is, 
que aprofundam o tema para ajudar no estudo ou fornecem d icas pontuais . 
Nesse contexto, sempre que possível, nos esforçamos para nos manter fiéis a res­
postas efetivamente apresentadas por nós nas provas e bem pontuadas. Esperamos que 
a va riedadede autores com d iferentes perspectivas de enfrentamento das questões 
mostre ao candidato os elementos essenc ia is, aqueles que devem estar presentes para 
que uma resposta seja bem pontuada, e aq ueles que podem va r iar de acordo com o 
esti lo pessoa l, especia lmente nas provas espec íficas, que exigem um maior desenvolvi­
mento dos temas. 
Reg istre-se que nesse modelo de prova, o estudo da banca, embora não seja im­
presc ind ível, é mu ito importante. Recomenda-se ao cand idato a leitura dos livros e 
a rtigos dos exam inadores. I sso fará com que ele se fami l iarize com os termos e temas 
de i nteresse deles e da i nstitu ição. 
Aliás, é fundamental que o candidato a Promotor de J ustiça esteja atua lizado com 
as mais recentes d iscussões envolvendo o M in istér io Pú blico. A títu lo de exemplo, na 
prova de Di reito Constituc ional do XXXlll Concurso fo i cobrado o papel do Conselho 
7 
COLEÇÃO PREPARANDO PARA CONCURSOS 
Nacional do M in i stério Público - CNMP. Além d isso, o con hecimento da atuação extra­
jud icia l do M P, no âmb ito dos termos de ajustamento de conduta, do i nquérito civi l e da 
tutela coletiva como um todo tornou-se fundamenta l. 
Ta l ponto é tão importante que gerou uma a lteração no concurso. A Le i Comple­
mentar 106/2003 do Estado do Rio de Jane i ro, lei orgân ica do M PRJ , foi a lterada no ano 
de 2014 para i nser ir a obr igatoriedade de questões sobre Tutela Coletiva e I nfância e 
Juventude a partir do XXXIV concurso. 
Portanto, como parte de sua preparação, o candidato deve também conhecer a 
leg islação de regência do concurso e acompanhar as suas eventua is a lterações. 
Resolvemos neste livro todas as questões dos concursos XXXl,XXXll e XXXlll do 
M PRJ . Os cadernos de questões desses e de concursos anteriores estão d isponíveis no 
s ite http ://www.mprj .mp.br/concursos/promotor-de-j ustica. 
Desejamos bons estudos e boa sorte! 
Bárbara Nascimento 
8 
S U M�R I O 
DIREITO ADMINISTRATIVO.......................................................................................................................... 11 
1.1. Provas Preliminares................................................................................................................................. 11 
1.2. Provas Especializadas.............................................................................................................................. 17 
DIREITO CIVIL........................................................................................................................................................ 29 
2.1. Provas Preliminares................................................................................................................................. 29 
2.2. Provas Especializadas.............................................................................................................................. 44 
DIREITO CONSTITUCIONAL......................................................................................................................... 79 
3.1. Provas Preliminares................................................................................................................................. 79 
3.2. Provas Especializadas.............................................................................................................................. 88 
DIREITO ELEITORAL.......................................................................................................................................... 107 
4.1. Provas Preliminares................................................................................................................................. 107 
4.2. Provas Especializadas.............................................................................................................................. 110 
DIREITO EMPRESARIAL.................................................................................................................................. 129 
5.1. Provas Preliminares................................................................................................................................. 129 
5.2. Provas Especializadas.............................................................................................................................. 1 36 
DIREITO PENAL..................................................................................................................................................... 1 5 5 
6.1. Provas Preliminares................................................................................................................................. 1 5 5 
6.2. Provas Especializadas.............................................................................................................................. 1 70 
DIREITO PROCESSUAL CIVIL....................................................................................................................... 201 
7.1. Provas Preliminares.................................................................................................................................. 201 
7.2. Provas Especializadas.............................................................................................................................. 211 
DIREITO PROCESSUAL PENAL.................................................................................................................... 2 3 5 
8.1. Provas Preliminares................................................................................................................................. 2 3 5 
8.2. Provas Especializadas.............................................................................................................................. 245 
9 
C O L EÇÃO P R E PA RA N DO PA RA C O N C U RSOS 
DIREITO TRIBUTÁRIO....................................................................................................................................... 261 
9.1. Provas Preliminares................................................................................................................................. 261 
9.2. Provas Especializadas.............................................................................................................................. 266 
PRINCÍPIOS INSTITUCIONAIS DO MINISTÉRIO PÚBLICO...................................................... 275 
1 0 
10.1. Provas Preliminares............................................................................................................................... 27 5 
11.2. Provas Especializadas........................................................................................................................... 279 
,,0 v���;'ef :"·�-r;---:)..'T"' �..,�t;"'�::;.,;..-..:�-1�:-_;'q)-�•�?+'\�-',":, -
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D I RE I T O 
ADM 1 N ISTRATIVO 
1.1. P ROVAS P RELIMINARES 
///////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////// /////////////////////////////////////// 
(XXXIII Concurso - PROVA PRELIMINAR - 2014) QUESTÃO 16 - Direito 
Administrativo - No início de 2014, por ocasião de auditoria interna determinada pelo 
Chefe do Executivo, são localizados nos arquivos de determinado município fluminense 
inúmeros processos administrativos com decisão concessiva de aposentadoria e de fixa­
ção de proventos de ex-servidores em valores elevados. Como desdobramento dos tra­
balhos de auditoria, e não obstante contivessem decisões concessivas emanadas de 
agentes que integraram administração anterior, finda no ano de 2008, tais processos 
são remetidos ao TCE. Ao tomar conhecimento dos referidos atos, a Corte de Contas glo­
sa o valor dos proventos por verificar que foram [u:ados contra legem, em patamar ma­
nifestamente superior ao devido e, em paralelo, dá ciência desua decisão ao Ministério 
Público, onde é instaurado Inquérito Civil. Em sede judicial, os beneficiários dos atos 
concessivas de aposentado1ia questionam a decisão do TCE sob os argumentos de vio­
lação ao contraditório, por não terem sido notificados a apresentar defesa, e decurso do 
prazo decadencial de 5 (cinco) anos para revisão e anulação dos atos administrativos. Já 
nos autos do Inquérito Civil, os agentes públicos responsáveis à época pela prática dos 
atos impugnados alegam a prescrição da eventual pretensão condenatória por ato de 
improbidade e pleiteiam o arquivamento do procedimento. Isto posto, analise objetiva e 
sucintamente, apontando a norma legal aplicável: a) a pretensão judicialmente apre­
sentada contra a decisão do TCE; b) os argumentos aduzidos nos autos do Inquérito 
Civil, indicando se e qual providência poderia adotar o Promotor de Justiça em face dos 
agentes públicos que praticaram os atos. Resposta objetivamente fundamentada. 
Autor: Bruno Rinaldi 
Sugestão de resposta 
A) A pretensão em questão não merece prospera r, pois o ato de aposentação é 
complexo, ex ig indo em sua gênese dois atos: a concessão e a chancela pelo Tri buna l de 
Contas, conforme a rt. 71, I l i , da Constitu ição da Repú blica. Logo, no exemplo apresenta­
do, como não ocorrera a a preciação pelo TCE, a i nda não havia se dado o termo in ic ia l do 
prazo decadenc ial, mostra ndo-se possível a g losa. Além d isso, conforme Súmula 
Vinculante nº 03 , não se pode fa lar em vio lação ao contraditório. B) Considerando o teor 
do a rt. 2 3, 1, da Lei nº 8.429/92, de fato as penas relativas aos atos de improbidade já 
1 1 
COL EÇÃO P R E PA R A N D O PARA C O NC U R SOS 
prescreveram. Contudo, em atenção ao a rt. 37, §5º, da Constitu ição da República, é pos­
s ível a i nda perqu i r i r o ressarc imento ao erário pelos pagamentos indevidos, podendo 
ser aju izada ação civi l pública. 
Comentário 
Na questão em tela, são dois os aspectos a serem considerados. Inicialmente, nota-se 
a exigência de conhecimento atualizado da jurisprudência dos Tribunais Superiores, veicu­
lada nos boletins informativos de jurisprudência. Além disso, é essencial que o candidato 
seja sucinto e direto em sua resposta, abordando sem delongas os questionamentos propos­
tos. Foi nesse sentido que se propôs a resposta. 
//////////////AW////////////#7////////////////////////////////////////////////////////////////U/////////////////////////////////////////////////,//////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////// 
(XXXIII Concurso - PROVA PRELIMINAR - 2014) Questão 1 7 - Direito 
Administrativo - O prefeito da cidade de Porto Novo, no primeiro dia de seu mandato, 
nomeou para os cargos comissionados de Secretário Municipal de Saúde e de assessor 
jurídico da Secretaria Municipal de Governo, respectivamente, seu irmão e seu filho. No 
dia seguinte à formalização do ato de nomeação, o titular da Promotoria de Justiça de 
Tutela Coletiva de Porto Novo tomou conhecimento dos fatos através de representação 
anônima encaminhada ao órgão de execução de sua titularidade, instrnída com cópia 
da respectiva documentação comprobatória. Diante da comprovação dos fatos, indaga­
-se: na condição de Promotor de Justiça com atribuição legal para o caso, quais medi -
das deveriam ser adotadas? 
Autora: Bárbara Nascimento 
Sugestão de resposta 
Com relação ao Secretá rio Mun ic ipa l, o entendimento jur isprudenc ia l é no senti­
do de que não há vio lação à Constitu ição nem à Súmula Vinculante 1 3 , pois se trata de 
cargo político e cargos políticos não estão abrangidos pela SV 13. Nesse ponto, a repre­
sentação deve ser i ndeferida de plano. Contudo, com relação à nomeação do fi lho como 
assessor j uríd ico, está configurado o nepoti smo vedado pela SV 13 . O promotor deve 
propor ação c ivi l pública por i mprobidade admin i strativa em face do Prefeito e de seu 
fi lho, a legando violação ao princípio da impessoa l idade (art. 1 1, Lei 8.429/92), com pe­
dido l im inar de afasta mento do cargo sem recebimento de rem uneração e, ao final, sua 
demissão e restituição de va lores eventualmente recebidos. 
Comentário 
A presente questão cobrou conhecimento atualizado da jurisprudência dos tribunais 
superiores, mostrando a importância da leitura periódica de informativos. 
1 2 
D I R E ITO A Dl'v11 N I STRATI VO 
1'///////////////#////////,/////////////,////////,1'/////////////////////////////////////////U/////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////UH////////////U////////////////////////////// 
(XXXII Concurso - PROVA PRELIMINAR - 2011) 16º questão - Direito 
Administrativo - Permissionário de serviço público estadual passa a descumprir as 
obrigações que regem a execução do serviço, não sanando as irregularidades nem mes­
mo após a notificação do permitente, para viabilizar o contraditório e a ampla defesa. 
Pode o permitente declarar a caducidade do ajuste? Fundamente a resposta. RESPOSTA 
OBJETIVAMENTE JUSTIFICADA. 
Autor: Marco Antonio Reis 
Sugestão de resposta 
Sim. A caducidade, enqua nto modalidade extintiva da concessão mediante resci ­
são un i latera l do contrato em v i rtude de comporta mento violador das obr igações que 
regem a execução do serviço, também se ap lica às h i póteses de permissão em virtude 
do comando do a rt. 40, parág rafo ú n ico da Lei 8 .987 /89 e a rt. 6°, parágrafo ún i co da Lei 
Estadual-RJ, n. 283 1/97, as qua is permitem a apl icação à perm issão das normas ati nen­
tes às concessões no que couber. A h ipótese d iz respe ito à fisca lização do delegante e 
dos encargos do delegatá r io, o que faz inc id i r à permissão as regras referentes à con­
cessão. Frise-se que a dec la ração de caducidade pelo Estado requer a observância da a) 
notificação ao concessionár io ou perm iss ionár io qua nto ao descumpr imento, recomen­
dando-se a adeq uação da conduta dentro de determ inado prazo e b) da insta uração de 
processo admin istrativo a fim de se respeitar a ampla defesa e contrad itório. Ao final, se 
for o caso, decla rar-se-á a caducidade por decreto expedido pelo chefe do executivo. 
Comentário 1 
Conforme salienta José dos Santos Carvalho Filho, examinador do concurso e notável jurista: 
"Sem embargo da denominação, a caducidade não deixa de ser o efeito extintivo de­
corrente de atuação culposa do concessionário ... {...). A declaração de caducidade impõe a ob­
servância prévia de algumas formalidades, ensejando atividade vinculada dos agentes da 
Administração. Primeiramente, o concessionário deve receber a comunicação do seu des­
cumprimento e a recomendação de ser sanada a irregularidade em certo prazo. Somente 
após é que o concedente instaurará processo administrativo, assegurando-se ampla defesa 
ao concessionário. Sendo constatada a inadimplência deste, o concedente declarará a cadu­
cidade por decreto expedido pelo Chefe do Executivo. Da indenização devida pelo conceden­
te, relativa aos bens do concessionário, serão descontados as multas e os danos por ele cau­
sados. (. . .) Não cremos que essa seja a situação jurídica do permissionário diante do contrato 
que celebrou com o Poder Público. A conclusão, diga-se de passagem, emana do próprio art. 
40, parágrafo único, da Lei, que admite a incidência na permissão de regras inerentes à con­
cessão. Ora, como em relação a esta, o desfazimento unilateral do contrato pela Administração 
por razões de interesse público a obriga a indenizar o concessionário, o mesmo é de se es­
perar que ocorra com o permissionário, que, afinal, está prestando o mesmo serviço público 
que o concessionário poderia executar.(. .. ) A fiscalização é poder jurídico intrínseco a quem 
delega o serviço. Tem, pois, o permitente o poder (e, por isso, o dever) de verificar se a 
1 3 
COL EÇÃO P R E PA R A N DO PARA CONC U RSOS 
comunidade destinatária dos serviços os tem recebido a contento. Se não os tem,é porque o 
permissionário se desviou do objetivo de interesse público a que se comprometeu quando se 
propôs a prestar o serviço. E nesse caso a Administração deverá tomar as medidas necessá­
rias para recompor a situação que propicie o benefício coletivo. (...) Por fim, incidem também 
as regras pertinentes aos encargos do concedente e do concessionário e aquelas que espe­
lham direitos dos usuários ... " (ln: fvtanual de Direito Administrativo. 25.ed. São Paulo: Atlas, 
2012, pp. 405, 416,41 8,41 9) 
//////////////////////////////////////,l'//////////////////U//////////,l'/,l'///////////,/////#///////////////////////////////,//////,/////#////////////#//////////////////#/////////////////////,//////#////////////////,1'/////////#////////////#///// 
(XXXII Concurso - PROVA PRELIMINAR - 2011) 1 7ª questão - Direito 
Administrativo - É juridicamente possível que ato administrativo praticado no Poder 
Legislativo seja anulado diretamente pelo Supremo Tribunal Federal? Fundamente a 
resposta. 
Autor: Eduardo Fonseca 
Sugestão de resposta 
Os atos admin i strativos gera lmente são praticados pelo Poder Executivo, mas os 
outros Poderes (J ud ic iário e Leg i s lativo) também podem praticá-los, desde q ue no exer­
cíc io de uma fu nção admin i strativa . Por sua vez, a anu lação do ato admin i strativo é es­
pécie de exti nção do ato por motivo de i legalidade, podendo ser feita pela própria 
Ad min i stração Pú blica ou pelo Poder Jud ic iár io . Nesta ú lt ima h i pótese, em regra, o ato 
não é anu lado d i reta mente pelo Supremo Tribunal Federa l. Contudo, em certos casos, é 
possível q ue o STF anu le d i retamente ato admi n istrativo praticado no Poder Leg islativo. 
É o caso, por exemplo, de Ação Di reta de I nconstituc ionalidade que tenha por objeto um 
ato normativo ed itado pelo Leg i slativo. Sendo o ato normativo espécie de ato admin is ­
trativo, conclui-se que o STF ,ao j u lgar procedente uma AD I , anu la d i retamente o ato ad­
min i strativo praticado no Poder Leg is lativo. Outro exemplo é o do mandado de segu­
ra nça i mpetrado por pa rlamenta r com o objetivo de fazer preva lecer o d i reito subjetivo 
dos membros do Congresso Nacional à correta observâ ncia das regras do processo le­
g islativo. Ta l reméd io constituc ional tem por objeto um ato admi n istrativo praticado 
pelo Leg islativo, sendo certo que o STF, ao j u lgar o writ, i rá anu la r d i retamente ta l ato. 
/////////////////////////////////////////////////////////////////////////#/////////////////////////1'7//////////////////////////////////////////////////////////////////#U//////////////////////////////////////////////U//////////////////////// 
(XXXI Concurso - PROVA PRELIMINAR -2009) Questão 16 - Direito 
Administrativo - Quaisos elementos jurídicos e fáticos que impedem a Administração 
Pública de exercer o princípio da revogabilidade dos atos administrativos? RESPOSTA 
OBJETIVAMENTE JUSTIFICADA. 
Autor: Leonardo Zulato 
1 4 
D I R E ITO A Dtv11 N I STRAT I VO 
Sugestão de resposta 
A revogação é a extinção de um ato admin istrativo a nterior por razões de conve­
n iênc ia e oportun idade. Contudo, a revogab i lidade do ato admin i strativo não é i l imita­
da . Como lim itação fática, verifica-se que os atos que já exaur i ra m seus efeitos não po­
dem ser revogados pela imposs ib i lidade de se ati ng i r aqu i lo que já se esgotou. Em 
relação à l im itação j urídica, afere-se que os atos v inculados, os atos complexos, os atos 
i rrevogáveis por lei e os meros atos admin i strativos (certidões etc.) não podem ser re­
vogados. I sso porque a regulamentação normativa destas espécies de atos retira a pos­
s ib i lidade de atuação d i scr ic ionár ia do admin i strador, ou seja , não há análi se de conve­
n iênc ia e oportun idade nestes. Ademais, os atos que i ntegram proced imento ou que o 
decidem são a lcançados pela preclusão processual e, por isso, também não podem ser 
revogados. Por fim, os atos que geram d i re itos adqu i r idos são i ntang íveis e i rrevogáveis, 
conforme artigo 5°, XXXVI da CRFB/88. 
Comentório 1 
Resposta baseada em Carvalho Filho,José dos Santos. Manual de Direito Administrativo. 
2Y Edição. 2ª Tiragem. Lumes Juris Editora, fls.186; e Mel/o, Celso Antônio Bandeira de. 
Curso de Direito Administrativo. 31ª Edição. Editora Malheiros, fls. 464/466. 
Comentório 2 
Os artigos 53, 54 e 55 da Lei n.º 9.184/99 cuidam de hipóteses de extinção do ato ad­
ministrativo, quais sejam, anulação, revogação e convalidação. O enunciado n.º 473 da sú­
mula de jurisprudência dominante do E. Supremo Tribunal Federal também trata do tema. 
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(XXXI Concurso - PROVA PRELIMINAR - 2009) 1 7ª questão - Direito 
Administrativo - Éjuridicamente possível que o possuidor de terreno público tenha direi -
to adquirido à outorga de concessão de uso especial para fins de moradia? É cabível es­
se tipo de concessão no que concerne a imóveis funcionais no âmbito da administração 
federal? 
Autora: Michelle Ribeiro 
Sugestão de resposta 
Ta l possib i lidade foi prevista na Medida Provisória 2 .220 de 04/09/2001 e depois 
i nserida na Lei Federa l 9636/98 através da Lei federa l nº 1 1481/2007. Conforme a rt. 1° 
da MP 2.220/2001 os pressu postos para a concessão de uso espec ia l para fins de mora­
d ia são: posse por c i nco a nos até 30 de j unho de 2001 ; posse i n interrupta e pacífica de 
i móvel urbano público de até 2 50m 2 ; que o uso do terreno seja para fins de morad ia do 
15 
C O L EÇÃO P R E PA RA N DO PARA C O N C U RSOS 
possu idor ou de sua fam íl ia e que o possu idor não tenha a propriedade de outro i mó­
vel u rbano ou rura l. Para José dos Santos Carvalho F i lho, trata-se de d i reito subjetivo à 
outorga da concessão desde que cumpridos os requ is itos lega is, sendo ato admin i stra­
tivo v inculado. Quantos aos imóveis fu ncionais no âmbito da adm in istração federa l, ta l 
concessão não é cabível, em razão da vedação lega l contida no §1 º do a rt. 22 -A da Lei 
federa l nº 9636/98. 
Comentório 1 
Para José dos Santos Carvalho Filho a concessão de uso especial para fins de mora­
dia tem natureza jurídica de ato administrativo vinculado, ou seja a Lei que criou o instituto 
(Lei nº 1 1481/2007 que inseriu o artigo 22-A na Lei 9636/98} não deu margem de discricio­
nariedade para a Administração Pública conceder tal direito, que consiste, portanto em direi­
to subjetivo do administrado, desde que cumpridos os requisitos previsto na Medida 
Provisória 2.220 de 04/09/2001. 
A Lei federal nº 1 1481/2007 também foi responsável por alterar a redação dos artigos 
1225 e 1473 do Código Civil, inserindo a concessão de uso especial para fins de moradia 
como direito real e possibilitando que esse direito possa ser objeto de hipoteca. 
, éomentório 2 · 
· · · ,� "'• ' y 
Ainda por Carvalho Filho, esse direito real surgiu da necessidade de se criar um insti­
tuto similar ao usucapião especial de imóvel urbano, previsto no artigo 183, §3° da CRFB e 
regulado pelo artigo 9° da Lei nº 10257/2001 (Estatuto da Cidade), já que os imóveis públi­
cos não são suscetíveis de ser adquiridos por usucapião. 
Comentório 3 
Conforme apontado por Marçal Justen Filhoem seu Livro Curso de Direito Administrativo, 
essa modalidade de concessão admite, conforme artigo 2° da Medida Provisória nº 2.220/2001, 
modalidade coletiva, na hipótese de posse conjunta e indistinta por conjunto de pessoas para 
fins de moradia, admitindo-se nessa hipótese que o imóvel tenha área superior a 250 m2, mas 
devendo ser atribuída a cada possuidor uma fração ideal não superior a esse Limite. 
Comentório J', 
Imóveis funcionais são as unidades residenciais de propriedade da União Localizadas 
na capital do país. Residências de outros estados, ainda quepertencentes a órgãos públicos 
federais e destinadas a servidores públicos não fazem parte desse universo. 
16 
D I R E ITO A Dtv11N I ST RAT IVO 
1.2. PROVAS ESPECIALIZADAS 
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(XXXIII CONCURSO - PROVA ESCRITA ESPECIALIZADA DE DIREITO 
ADMINISTRATIVO - 2014) 1 ª Questão - Criado por lei municipal que lhe atribui papel 
estritamente consultivo, o Conselho Municipal de Desenvolvimento Urbano de Arara 
Azul, município de 390 mil habitantes, reunido em caráter extraordinário, resolveu en­
caminhar representação à Promotoria de Justiça de Tutela Coletiva local aduzindo, em 
síntese, o seguinte: 
a. que não obstante tivesse o Conselho recomendado ao Prefeito a realização de au­
diência pública com mnpla e prévia divulgação antes elo encaminharnen to à Câmara 
Municipal elo projeto ele lei elo orçamento anual, aquele ignorara a recomendação; 
b. que o Prefeito igualmente ignorara requerimento elo Conselho no sentido da revisão 
do p.lano diretor, aprovado em 2003; 
c. que o Chefe elo Executivo, à guisa ele dar cumprimento ao plano diretor, lançara 
uma operação urbana consorciada, para tanto encarninhm1clo projeto ele lei à Câmara 
Municipal sem atender às solic.i.tações ele prévio acesso pelo Conselho aos clocmnentos 
e levantamentos pertinentes e de que se realizasse audiência pública com represen -
tantes ela commliclade atingi.ela pela referida operação. 
Instaurado Inquérito Civil pelo Promotor ele .T ustiça e ouvido o Prefeito, este alega que 
efetivamente consultara o Conselho em toclas as oportu1liclacles, corno deternlina o 
Plano Diretor, mas que, em razão elo caráter consultivo daquelas manifestações, não 
estava obrigado a realizar aucliêncj.a ou debate prévio ao encaminhmnento ela propos­
ta orçamentária nem a revisar necessariamente o Pla110 Diretor, e que este, aliás, se 
mostrava ainda bastante atual e adequado à realidade mw1icipal. Alegou, ainda, que a 
implementação do plano diretor é um dever elo Chefe elo Executivo, não havendo 
qualquer vício na deflagração ela referida operação urbana. 
Assiste razão ao Conselho nos pontos suscitados na representação? Caso positiva a res­
posta, quais as providências a serem adotadas visando à satisfação prática cio que poshl­
lm11 os membros elo Conselho com relação aos pontos em que lhes assiste razão? Há algu­
ma providência a aclotm· com relação à conduta elo Chefe cio Executivo? Resposta 
fundamentada. 
Autora: Bárbara Nascimento 
A Lei 10.257 /2001, Lei de Política U rbana, é u ma lei de caráter nac ional, funda­
menta-se nos a rtigos 182 e 183 da CRFB e visa a u ma gestão partici pativa e democrá­
tica da cidade. 
1 7 
COLE ÇÃO P R E PA R A N DO PARA C O NC U RSOS 
O Estatuto da Cidade, portanto, foi ed itado a luz deste parad igma de constitucio­
nalismo participativo e democrático, que busca um cidadão ativo, não a penas um c ida­
dão que vota. O conceito clássico de c idadania na sociolog i a é encontrado em T.H. 
Marsha ll, para quem a c idadania é um status outorgado àquele que é mem bro p leno de 
u ma comunidade. Como ser mem bro pleno de uma comun idade (a c idade) sem poss ib i ­
l idade de part ic i pação em sua gestão democrática? I sso não é possível. Portanto, o 
Estatuto da Cidade traz i nstrumentos para v iab i lizar tal partic i pação, promovendo a c i­
dadania e reaproximando o cidadão do Estado. Essas são suas bases teóricas. 
No caso concreto posto, a aná lise deve ser rea l izada em partes. 
Qua nto ao item a, a d iscussão é sobre o chamado orçamento partic ipativo (art. 4°, 
I l i , f, Lei 10.2 57 /2001). O a rt. 44 da Lei 10.2 5 7 /2001 exige a rea li zação de aud iênc ia pú­
blica sobre a proposta de lei orça mentária como cond ição obr igatória para sua aprova­
ção pela Câmara Mun ic ipal. Contudo, não d iz que isso deve se dar a ntes do enca m i nha­
mento da le i ao leg is lativo. Portanto, o debate político propic iado pela a ud iência pública 
pode se dar qua ndo o projeto estiver na Câmara, desde que antes de sua aprovação, sem 
vício para o processo leg islativo. 
Quanto ao item b, o plano d iretor foi aprovado em 2003. O art. 40, §3°, da Lei 
10.2 5 7 /01, estabelece que ele deve ser revisto a cada 10 a nos. Em 2014, portanto, passa­
ram-se mais de 10 anos. Note-se também que o plano é obrigatório para cidades com 
mais de 20 mi l habitantes (art. 41, 1, Lei 10.2 5 7 /01), o que i nclui o Município de Arara Azul. 
D iante d isso, equ ivoca-se o Prefeito ao afirmar que não está obr igado a revisar o 
plano, pois ele está obr igado pela lei. O descumpr imento de tal obr igação é tão sério 
que gera uma h i pótese própria de improbidade admin i strativa do Prefeito (art. 52, VI I , 
Lei 10.2 57 /01). 
Quanto ao item c, a operação urbana consorciada é prevista como instrumento do 
Estatuto da Cidade no a rt. 4°, V, p, e nos art igos 32 a 34. De fato, o cumprimento do p la­
no d i retor é u m dever do Prefeito, mas à luz dos pr incípios previamente expostos, não 
pode ser executado de forma arbitrár ia . Por i sso o a rt. 40, §4°, 1 , l i e I l i , da Le i 10.257 /01, 
prevê que na fiscalização e na implementação do p lano d i retor, o Leg islativo e o 
Executivo devem ga ra nt i r a realização de aud iências públicas e o acesso e publ ic idade 
das i nformações. Ma is uma vez, o descumpr imento de ta is obrigações pelo Prefeito en­
seja a h ipótese t íp ica de i mprobidade do a rt. 52 , V I , da Le i 10.258/01 . 
Assim, com relação à conduta do Prefeito, é possível que o Promotor proponha 
ação de improbidade admin istrativa pelos fundamentos já narrados. 
Para a satisfação prática do que postula m os membros do Conselho, com relação 
aos pontos em que lhes ass iste razão, o membro do MP pode exped ir u ma recomenda­
ção, propor um termo de ajustamento de conduta para ver os referidos d i reitos asseg u­
rados (lembrando que isso não é poss ível no caso da improbidade - art. 17, §1 º, Lei 
8.429/92) ou propor ação civi l pública com fundamento no a rt. 1 º, V I , da Lei 7.347 /85 . 
1 8 
D I R E ITO A D tv1 1 N I STRAT IVO 
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(XXXIII CONCURSO - PROVA ESCRITA ESPECIALIZADA DE DIREITO 
ADMINISTRATIVO - 2014) 2º Questão - Esclareçase o parecer do procurador do 
Município, uma vez adotado como fundamento do subsequente ato administrativo lesi­
vo ao Erário, pode ensejar a responsabilização daquele por ato de improbidade adminis­
trativa, e, se positiva a resposta, em quais circunstâncias. Neste caso, analise ainda a 
responsabilidade do ordenador de despesas que praticou o ato lesivo com base no aludi­
do parecer. Tendo ocorrido eventual absolvição de ambos em processo administrativo 
disciplinar interno, que efeitos isto seria sobre a apuração das condutas em sede de to­
mada de contas especial pelo Tribunal de Contas ou ainda em sede de Inquérito Civil ins­
taurado pelo Ministério Público para a apuração da responsabilidade dos envolvidos? 
Resposta fundamentada. 
Autora: Vania Cime 
Sugestão de resposta 
Os pareceres consubsta nc iam espécies de atos admin istrativos, por meio dos 
qua is são emitidas op in iões de determi nados agentes públicos acerca de matéria sub­
metida à sua apreciação. 
Os pa receres podem ser facultativos ou obrigatórios. Facultativos quando a 
Adm in istração Pública não está obr igada a formalizar a e laboração do pa recer para a 
prática de certo ato. Obr igatórios quando são em itidos como preli m inar à ema nação do 
ato que lhe é próprio, em v i rtude de soli citação de órgão ativo ou de controle. Nesse 
caso, o ato admin i strativo éintegrado pelo parecer, devendo este conter, portanto, todos 
os elementos necessários à sua validade (competência , forma, fina lidade, motivo e obje­
to). Ausente qua isquer dos pred itos e lementos, o ato será eivado de i legal idade. 
Via de reg ra , o parecer não é vincula nte, ou seja , não está o admi nistrador públi­
co a adotar as razões do pa recer, quando emanar o ato admin istrativo. 
Aprovado o parecer, o mesmo passa a i nteg ra r o ato, sendo util izado como funda­
mento do mesmo. Cumpre ressa ltar que o parecer e o ato que o aprova constituem atos 
admin istrativos d isti ntos. Destarte, não podem ser emanados pelo mesmo agente. 
Não cabe a responsa bi l ização do parecerista pelo ato p raticado peloAdmin istrador 
Públ ico, calcado em seu parecer, sa lvo se este for em itido dolosamente, config ura ndo 
ato de improbidade admin i strativa. 
Nesse viés, o pa recer do procurador do Mun ic íp io, adotado como fu ndamento de 
ato admin istrativo lesivo ao Erário, pode enseja r a responsab i lização, caso aquele tenha 
atuado dolosa mente, i ncorrendo em i mprobidade admin i strativa. 
Vale ressaltar que o a rtigo 38 da Lei 8666/93 impõe a emissão de parecer j u ríd ico 
para a aprovação ou ratificação de convênios ou contratos admin istrativos. Todavia, como 
para ta is atos é necessária a concorrência de condutas de d iversas outras pessoas, somen­
te cabe a responsabi lização do parecerista quando este agir dolosamente, repise-se. 
1 9 
COLEÇÃO P R EPA R A N D O PARA C O N C U RSOS 
l m pende cons ignar que pa rte da doutri na concebe a existência de pareceres vin­
culantes, ou seja , aqueles exig idos por le i para a feitura de determinado ato admin istra­
tivo, e que não perm item à autoridade decisória a adoção de conclusão d iversa do con­
tida no parecer. 
Conforme outra corrente de pensa mento, constitu indo o pa recer mera emissão de 
op in ião, seria u m contra senso considerá- lo como vinculante, e is que o parecerista seria 
transmudado em autoridade decisória . 
Não obstante, agindo o parecerista de forma dolosa e emitindo parecer que leve a au­
toridade a praticar ato ímprobo, deverá aquele ser responsabilizado solidariamente com esta. 
No tocante à possi b i lidade de responsabi l ização dos agentes pú blicos em sede 
de tomada de contas espec ia l pelo Tribunal de Contas ou em Inquérito Civi l, em que 
pese a absolvição na seara admin istrativa d isc i pl inar, cabe ressa lta r que a i ndependên­
cia entre as i nstâncias autoriza a a lud ida responsabi lização. 
Como é cediço, o processo admin i strativo d isc ipl inar constitui i nstrumento de 
apuração, pela Ad min istração, de apurações praticadas por agentes públ icos, em seu 
âmbito. A leg is lação ap licáve l ao referido processo deve emanar do próprio ente públ i­
co, em razão da competência leg is lativa dos entes da Federação. Ocorre que, nem sem­
pre o ato que enseja responsab i lidade (civi l ou na esfera do Tribunal de Contas) i rá cor­
responder a uma i nfração d isc ipl inar. Nesse d iapasão, mesmo não sendo ap licada 
pun ição disci p l ina r, poderá haver a responsabi li zação em outras esferas. 
Outrossim, as demais a utoridades não estão adstritas à decisão prolatada em 
sede de processo admin istrativo d isc ipl inar. O membro do M in i stério Público, no uso de 
suas atri buições lega is e constituciona is, pode i nstaurar i nquérito civi l, com vistas à 
apuração de ato de i mprobidade admin istrativa, para angariar elementos necessários à 
propos itura de ação de im probidade, com fu lcro na Le i 8 .249/92 c/c a rtigo 8° , § 1 º, da 
Lei 7.347 /1985 . 
Da mesma forma, o Tri buna l de Contas procederá à tomada de contas, exercendo 
o controle finance i ro externo da Ad min istração Pú blica, no uso de sua atri bu ição cons­
tituc ional (artigo 71 da CRFB), independentemente do resultado do processo admin is­
trativo d isc ipl inar. l m pende observar que as decisões do Tri bunal que resu ltem em im­
putação de déb ito ou mu lta terão eficác ia de título executivo jud ic ia l, nos termos do 
a rtigo 73 , § 3º, da CRFB. 
Cabe assevera r que, consoante a doutri na, o Tri bunal de Contas, no uso de sua 
com petência para sustar atos admin istrativos, deve observar os pr inc ípios constitucio­
nais i narredáveis do contrad itório e da ampla defesa, quando de ta is decisões puder de­
correr a anu lação ou a revogação de ato que benefic ie o interessado. Nesse d iapasão, foi 
editada a Súmula Vinculante nº 03 ("Nos processos perante o Tri buna l de Contas da 
Un ião asseguram-se o contrad itório e a a m pla defesa quando da decisão puder resu ltar 
anu lação ou revogação do ato adm in i strativo que beneficie o i nteressado, excetuada a 
a preciação de lega lidade do ato de concessão de aposentadoria , reforma e pensão"). 
20 
D I R EITO A D lv11N I STRATIVO 
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(XXXII CONCURSO - PROVA ESCRITA ESPECIALIZADA DE ADMINISTRATIVO 
- 2012) lº questão - Irresignada com determinado ato administrativo, contra o qual era 
previsto recurso administrativo com efeito suspensivo no prazo de 15 (quinze) dias, 
ADRIANA dispensou o recurso e impetrou mandado de segurança no qual postulou a 
anulação do determinado ato. Pergunta-se: 
a )É cabível a impet ração nessa h ipótese? 
b) Pocle r i a ADR JANA ter o [e reciclo o recurso admin i s t ra t i vo e impe t rado mandado e le 
segu ra nça concom i t an temen te? 
c) Pocle o juiz ju lga r o rna ndado ele segurança sem o p<1 recer c io represen ta n te cio 
M i n is tér io Púb l ico? 
FUNDAMENTE AS R E IJOSTAS E INDIQUE, QUANDO POSSÍVEL f\ FONTE 
NOHMATlVA. 
Autora: Vania Cime 
Sugestão de resposta 
a) O mandado de segu ra nça consiste em ação com assento constitucional voca­
c ionada à tutela de d i reito líqu ido e certo contra i lega lidade do Poder Públi co ou de 
agente de pessoa privada no exerc ício de função delegada. O refer ido reméd io consti ­
tuc ional tem previsão no a rtigo 5°, i nc iso LX IX, da Constituição da República, e é d i sc i­
pl inado pela na le i 12 .016/09 (d i p loma revogador da Lei 1533/5 1). Há h ipóteses em que 
o writ não é cabível, como no caso de ato do qual ca i ba recurso admin i strativo com efei­
to suspensivo, i ndependentemente de caução, consoante 5 °, i nciso 1 , da Lei 12016/09. 
Tal dispos itivo legal tem recebido cr íticas por pa rte da doutr ina , eis que pa rece 
exig i r o exaur imento da via admin istrativa como condição para o mandamus. Todavia, a 
existência de previsão legal (expressa) de recu rso com efeito suspens ivo não obsta o 
aju izamento da ação. Diversamente, caso haja interpos ição de recurso admin istrativo 
com efeito suspensivo pelo i nteressado, fa leceria a este i nteresse de ag i r (uma das con­
d ições de ação). Explica-se: i nterposto recurso na seara admin istrativa, o ato não produ­
z i rá efeitos, não havendo fa lar em lesão a d i reito a pta a ensejar a im petração do writ. 
Cumpre ressa lvar que se a lei exig i r caução para a interposição de recurso admi­
n istrativo, a ju r isprudência passou a admit i r o cabi mento do mandado de seg ura nça, 
caso o interessado de ixe tra nscorrer o prazo recursal in alb is. I sto porque a exaustão na 
via admin istrativa também ocorre quando há perda do p razo ou renú ncia ao recurso. 
M u ito embora não seja a questão sob análise, impende cons ignar que, na h i póte­
se de omissão do Poder Pú bl ico, em que pese a p revisão legal de recurso, o im petrado 
poderá impetrar mandado de segura nça. Ora, não havendo ato, não há fa lar em suspen­
são de seus efeitos. Esta é a ratio do verbete sumula r nº 429, do STF ( "A existência de 
21 
COL EÇÃO P R E PA R A N DO PA RA C O N C U RSOS 
recurso admin istrativo com efe ito suspens ivo nãoimpede o uso de mandado de segu­
rança contra omissão da autor idade"). 
I nsta observar que, não sendo dotado de efe ito suspensivo o recu rso admin i stra­
tivo, o mandado de segu ra nça pode ser i mpetrado concomitantemente, em função do 
risco de lesão, já que o ato possui aptidão para a produção de efeitos, independente­
mente da decisão fina l na seara adm in istrativa. 
No entanto, cabe atentar que a propositura do mandado de segurança implicará 
a desistência do recurso i nterposto no âmbito admin istrativo, haja vista que a i mpetra­
ção deve ser contra ato da autoridade competente pa ra a sua correção, e ta l d itará o j u í­
zo com petente, de acordo com as reg ras constituc iona is e i nfraconstituciona is, v.g . , a rt i­
go 102, i nciso 1 , a línea d ; a rtigo 105, i nciso 1 , a línea b, da Constitu ição da República. 
Destarte, o mandado de segurança pode ser impetrado, na h ipótese de Adriana dis­
pensar a solução na via admin istrativa, deixando transcorrer i n albis o prazo recursa l ou 
renunciando ao recurso. Outro entendi mento configuraria afronta ao principio constitu­
ciona l da i nafastab i lidade da jurisdição, insculpido no artigo 5°, i nciso XXXV, da CRFB. 
b) Como brevemente explanado no item anterior, caso a interessada haja i nterpos­
to recurso na sea ra admin istrativa (com efeito suspensivo, isto é, com a não execução do 
ato, até a decisão final), e concomitantemente venha a manejar o mandado de segurança, 
este será i nca bível, em razão da carência do interesse de ag i r, eis que o ato tido por i lega l 
a inda não possu i aptidão para produzir efeitos no mundo jur íd ico. Nesse caso, como o mé­
rito do processo não será ju lgado, caberá a impetração de novo mandado de segurança, 
dentro do prazo decadencial do a rtigo 23, Lei 12016/09, ou o aj uizamento de outra ação, 
consoante disposto nos artigos 19 e 6°, § 6º, do mesmo d ip loma legal. 
c) No mandado de segurança, o j u iz deve conceder a oportunidade de manifesta­
ção ao membro do M in i stério Público, por força do a rtigo 12 da Lei 12 .016/2009 .Todavia, 
o pa recer do M i n i stério Pú blico não constitui condição sine qua non para o j u lgamento, 
va le d izer, com ou sem o predito parecer, o j u i z poderá proferir sentença, nos termos do 
parágrafo ún ico do referido d ispositivo lega l. Somente não pode o j u i z deixar de opor­
tunizar o pronu nciamento do M i n istério Públ ico, sob pena de nu lidade, em fu nção do 
d isposto no a rt igo 84 do Cód igo de Processo Civ i l. 
Ressalte-se que há entendi mento no sentido da desnecess idade de manifestação 
do M in istério Pú blico no bojo de todo e qualquer mandado de segurança, mas apenas 
quando houver i nteresse público evidenciado pela natureza da l ide ou pela qualidade 
da pa rte, conci l iando-se, pois , a previsão lega l de emissão de parecer pelo M in i stério 
Público com sua missão constituc ional de tutela dos i nteresses sociais e ind ividua is in ­
d isponíve is (art igo 127, caput, da CRFB), bem como com o d i sposto no a rtigo 82 , i nciso 
I l i , do Cód igo de Processo Civ i l. 
Destarte, deve haver interesse público na impetração do remédio constitucional, 
para a intervenção do M inistério Público. Caso este entenda prescind ível sua intervenção, 
e não emita parecer, o ju iz poderá proferi r a sentença, inexistindo nulidade processual. 
22 
D I R E I TO A D M I N I STRAT I VO 
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(XXXII CONCURSO - PROVA ESCRITA ESPECIALIZADA D E ADMINISTRATIVO 
- 2012) 2º questão - Disserte sobre a competência do Município para instituir normas 
gerais como instrumento do poder de polícia. Esclareça também o sentido da proporcio­
nalidade no exercício do poder de polícia? 
R ES POSTAS FUNDf\M l�NT \ DAS, COM A IND ICAÇÃO, SE FO R O CASO , Df\ FONTE 
NORMATIVA. 
Autor: Bruno Rinaldi 
Sugestão de resposta 
No que toca à competência do Mun icíp io para institu i r normas gera is como ins­
trumento do poder de políc ia , é essencia l i dentifica r a matéria a ser reg u la mentada. 
Afi nal, a Constituição da República prevê trata mentos d iferenciados a depender do 
tema a ser abordado. 
À Luz do a rtigo 30, de nossa B íbl ia Política, existem situações que conferem ao 
Mun ic íp io uma competência exclusiva para regula mentação. Nesses casos, evidente­
mente, não há d úvidas quanto à poss ib i lidade deste ente editar normas gera i s como 
i nstrumento do poder de polícia. 
O que pode ser posto em dúvida é o permissivo constante no inciso l i deste a rti­
go, isto é, quanto à competência do Mun icíp io para suplementar a leg is lação federal e 
estadual. Nesses casos, vislumbra -se u ma atuação subs id iár ia da Mun ic ipal idade, a nte a 
inércia ou omissão dos demais entes. 
Nessa esteira, é de se conclu i r que caso a matéria deva ser regulamentada pela Un ião 
ou pelo Estado (vide a rtigos 22, 23 e 24, da Constituição da República, havendo i nércia, não 
só pode como deve o Mun icípio editar normas gera is no contexto do poder de polícia. 
I sso porque o poder de polícia é um atr ibuto i ntrinsecamente l igado a u ma pres­
tação de i nteresse público, e, não havendo normatização gera l, pode ocorrer um conse­
quente b loq ueio a d i reitos fundamenta i s. Assim, na inérc ia ou omissão, deve o Mun icípio 
subsid i a riamente ed itar normas gera is e zelar por seu cumprimento. 
Sempre pert inente observa r que o poder de polícia se desdobra em quatro atri­
butos, de acordo com a doutrina de Diogo de F igue iredo Morei ra Neto : ordem de polí­
cia, consentimento de polícia, fiscalização de polícia e sanção de polícia. O esta beleci­
mento de normas gerais está inserto no pr imei ro, que, naturalmente, é indelegável. 
Ocorre que não se está fa lando de u ma delegação propr iamente d ita, mas a penas 
de uma atuação subs id iár ia , com foco no cumprimento dos demais atr ibutos, com a i ne­
rente busca pela eficiência que d isso deflu i - espelhando a orientação i nsculpida no ar­
t igo 37, caput, da Constituição da República. 
Sendo assim, o que se sal ienta é que será possível ao M un ic ípio institu ir normas 
gera is como i nstrumento do poder de polícia em duas hi póteses: nas matérias a ele 
23 
COLEÇÃO P R E PA R A N DO PARA C O NC U RSOS 
constitucionalmente reservadas como sendo de competência privativa (como, por exem­
plo, a edição de um Código de Posturas) e subsidiar iamente, ante eventual omissão ou 
inércia dos demais entes, observando-se a fa lta de normas gerais quanto a determinada 
matéria (e.g . , eventual inexistência de normatização federal ou estadual quanto a dada 
espécie de dano ambienta l, podendo o Mun icípio institu i r regras próprias). 
Outross im, no que d i z respe ito ao sentido da proporciona lidade no exerc ício do 
poder de polícia, é i mperioso destacar que o a ludido postu lado se desdobra em três 
subprincíp ios : necessidade, adequação e proporciona lidade em sentido estrito. Assim, 
sua correta apli cação passa pela aná lise destes três vetores de acordo com o caso que 
se apresente. 
Além disso, o estudo da i nc idência da proporc iona lidade está atrelado necessa­
r iamente à verificação da extensão da discric ionariedade, de sorte que quanto maior for 
esta, maior será o espectro de observância do postu lado em tela. 
Conforme d ito anteriormente, são quatro os momentos do poder de políc i a : or­
dem, consentimento, fiscalização e sanção. Tendo i sso em mente, é possível afirmar que 
a proporcional idade se man ifesta com maior força no pr imeiro destes. 
Afi nal, deve o leg islador, qua ndo da edição das normas gera is, estabelecer, para o 
descumpri mento dos deveres i mpostos, sanções que se mostrem adequadas e não ex­
cess ivamente gravosas. Deve-se, inc lusive, sopesar a existência de outras punições que 
apresentem melhor "custo-benefício". 
Nesse ponto, verifica-se que a proporc iona lidade se desti na i ntri nsecamente ao 
leg islador. Contudo, tendo sido esti pu lada mais de uma possível sanção, há ta mbém no 
quarto momento do poder de polícia campo para i nc idência do a lud ido postu lado, dada 
a necessidade de se averiguar qual sanção se mostra mais adequada e razoável. 
Entretanto, os momentos de consenti mento e fisca lização de polícia denotam 
atos com maior grau de vinculação, subtra i ndo do i ntérprete o exerc ício da d i scr ic iona­
r iedade. Não ser ia o caso, pois, de i nc idência da proporc ionalidade, mas s im da verifica­
ção qua nto ao cumprimento dos requis itos e deveres normativamente estabelecidos. 
cómentÓrio· · ·· 
A questão em análise é direta ao definir o que se espera do candidato, determinando 
a produção de texto dissertativo. Assim, a tarefa que se apresenta de início não é exatamen­
te averiguar quais os pontos a serem abordados, uma vez que estes foram claramente deli­
neados, mas sim definir tudo que pode ser inserido na resposta de modo a deixa-la com a 
maior completude possível. 
Afinal, é sempre necessário um amplo grau de conhecimento da matéria, e, no caso 
em tela, isso se faz por meio da abordagem não só dos pontos expressamente referidos, mas 
também de tudo aquilo que for correlato. Ademais, não se pode olvidar do emprego da maior 
precisão terminológica possível. 
24 
D I R E I TO A D lvl l N I ST RATIVO 
/////////////////////////////Q/////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////,////////////////////////////////////////U/////////////////#/////////////////////////////////////////////////////////U//// 
(XXXI CONCURSO - PROVA ESCRITA ESPECIALIZADA DE DIREITO 
ADMINISTRATIVO - 2010) 1 º questão - Em ação de improbidade administrativa, o re­
presentante do Ministério Público postula a aplicação de todas as sanções previstas no 
art. 12 da Lei nº 8.429192. Como o agente réu cometera dois atos de improbidade inde­
pendentes entre si, o autor requer sejam as sanções aplicadas cumulativamente. O juiz, 
porém, julgando procedente o pedido, aplicou apenas 3 (três) sanções, não cumulando a 
de suspensão de direitos políticos e a de multa civil, mas cumulando a de reparação dos 
prejuízos. Opine sobre: a) a aplicação parcial de sanções de improbidade; b) a cumula­
tividade das sanções; c) a possibilidade de o julgador aplicar sanções não requeridas na 
petição inicial . 
Autora: Michelle Ribeiro 
Sugestão de resposta 
a) A Le i nº 8429/92 é lacunosa no tocante a a plicação das sanções previstas no 
seu a rtigo 12 , se possível a ap licação parc ia l ou se devida a a plicação de todas as san­
ções a li previstas. Dessa forma, coube a doutri na formula r tal parâmetro. No entendi­
mento de Emerson Garc ia e Rogério Pacheco Alves descrito em seu livro sobre 
Improbidade Adm in i strativa, o a rtigo 37, §4° da CRFB/88 i mpõe que compete ao leg is­
lador estabelecer os critérios de gradação das sanções a plicávei s ao agente público ím­
probo. Desta forma, em a ná lise da redação or ig ina l do referido a rtigo 12, observa-se que 
o e lenco das sanções se dá de forma ag lut inativa, o que i mpunha ao j u lgador a ap lica­
ção cumulativa delas, lhe ca bendo apenas rea lizar a dosi metria quanto às sa nções que 
possuem patamares máximos e mín i mos, em atenção ao princípio da proporc ionalida­
de tendo por foco a g ravidade e o dolo/culpa do ato ímprobo cometido. Contudo, em 
atenção a necess idade de conformidade da ap licação das sanções do a rtigo 12 aos d i ­
reitos fundamenta i s do agente ímprobo, o j u lgador, poderia, excepcionalmente e de for­
ma fundamentada supr imir alguma sanção, já que há funções que não guardam perti­
nência com o agente ímprobo nem com o ato, como por exemplo a sanção de perda da 
fun ção pública que não pode ser i mposta aquele que não detenha função públ ica. 
Contudo, após a alteração leg is lativa do mencionado a rt igo 12, através da Lei 
nº1 2 1 2 0/2009, o próprio leg islador deu ao j u lgador a possi b i lidade de aplicar as san­
ções de forma i so lada ou cumulativa. Dessa forma, relevante se faz a pontar os parâme­
tros a ser usados pelos ju lgadores nessa i nd iv idua lização das sanções tendo o pr incípio 
da proporc ionalidade como base para a i nd ividua lização das sanções. Através dele, o 
e lemento volitivo do agente ímprobo (dolo ou cu lpa e suas i ntens idades) bem como o 
gra u de a lcance do i nteresse público a despeito do ato ter s ido ímprobo, são parâmetros 
concretos na escolha pelo jud ic iár io das sanções do a rt igo 1 2 . Ou seja , trata-se de u ma 
relação de adequação (subpri nc íp io da proporcional idade) entre o ato ímprobo e a san­
ção, devendo o j u lgador ter como parâmetro pr inc ipal a proteção suficiente da probida­
de adm in i strativa. Por fim, as sanções de ressarcimento do dano e de perda dos bens 
não devem ser a plicadas isoladamente, pois visam apenas ao ressarcimento do erár io 
não punindo de forma suficiente o agente ímprobo. 
25 
C O L EÇÃO P R E PA R A N DO PARA C O N C U RSOS 
b) Sobre a cumulatividade das sa nções do a rt igo 1 2 , devemos acrescentar ao que 
j á fo i d ito acima, observações perti nentes a própria narrativa da questão que traz o caso 
da cumulatividade das sanções ser pedida pelo autor em razão do agente ímprobo ter 
cometido dois atos de improbidade independentes entre si. Nesse caso a d iscussão se 
torna mais densa, visto que i nexiste qualquer parâmetro leg is lativo para ta l fato. É o 
caso do autor da ação de improb idade trazer como causa de ped i r mais de u m ato ím­
probo e não um ato ím probo que se enquadre em mais de um tipo da lei de i m probida­
de. Neste segundo caso, sendo ún i co o ato mesmo que se subsumindo a mais de um 
ti po, ún ico deve ser o fe ixe de sanções do a rtigo 1 2 , ap licadas em atenção aos parâme­
tros descritos no item "a " desta resposta. J á no prime i ro caso, tantos serão os feixes de 
ap li cação do a rt igo 1 2 quantos são os atos de improb idade. A problemática d i sso, con ­
forme Emerson Garcia, é quanto as sanções que apresentam del imitação tem pora l, 
como a suspensão dos d i reitos políticos e a proibição de contratar com o Poder Público. 
I sso pois caso somados os a nos de cada uma dessas espécies de sanção referentes a 
cada ato de i mprobidade d isti ntos (com condenações feitas no mesmo processo ou em 
processos d isti ntos), poderíamos a lca nçar sanções perpétuas. Assim, como não podemos 
usar por ana log ia os a rtigos do Cód igo Penal e da Lei de Execução Penal sobre concur­
so materia l de cr i me, pois não se pode usar ana log ia para restri ng i r d i reitos, entende o 
referido ju rista pela ap licação do s istema da absorção, seg undo o qual as sanções tem­
pora is i rão se sobrepor. No tocante ao pagamento de multa, esta sanção pode ser fixa­
da de forma cumulativa para cada ato de i mprobidade sem qualquer problema, vi sto 
que pena pecun iária . Quanto às sanções de perda da função pú bl ica, ressa rc imento do 
dano e perda de bens, tam bém não há prob lema na ap li cação para atos de i mprobida­
de d isti ntos, visto que a função pública só pode ser perd ida uma vez e quanto ao ressar­
c imento de dano e perda de bens essas sanções são perti nentes aos danos e bens en­
volvidos em cada ato de im probidade ind ividua lmente considerados, sendo plenamente 
viável sua cumulação. 
c) Sobre a possib i lidade de o ju lgador aplicar sanções não req ueridas na petição 
in ic i a l, esta questão está i nt imamente vinculada com a ap li cação do pr incíp io da corre­
lação entre o pedido e a sentença nas ações de improbidade admin istrativa. O M in i stério 
Pú blico na á rea c ível deve observar o pr inc ípio da obr igatoriedade em ag i r (Hugo N ig ro 
Mazzi lli), obrigatoriedade essa que pode ser exercida com certa d iscr ic ionariedade pelo 
mem bro do Parq uet, desde que o i nteressepúblico seja i ntegralmente preservado Uá 
que o objeto perseguido não lhe pertence, mas pertence a coletividade). Contudo, no to­
cante aos atos de i mprobidade, o autor da ação também não detém o objeto sobre a re­
lação de d i reito material posto em j u ízo, (que pertence à coletividade de forma gera l 
que possui o d i re ito à gestão ím proba da admin i stração públ ica) só que as sa nções do 
a rtigo 1 2 (com exceção do ressarcimento do dano) só podem se r im postas jud ic ia lmen­
te o que afasta a d iscr ic ionariedade na escolha dos meios para a lcançar a p roteção do 
i nteresse público (ação civil pú blica ou termo de aj usta mento de conduta). Desta forma, 
o autor da ação de i m probidade não pode restr ing i r em seu pedido a abrangência das 
sanções do a rtigo 12 , assim como ocorre na ação penal, em que o M in i stério Pú blico não 
escolhe a pena a ser aplicada, cabendo ao ju lgador essa dosimetria da pena. Caso equi­
vocada mente o autor da ação restri ng i r o seu ped ido a ap li cação de apenas a lgumas 
2 6 
D I R E ITO A D M I N ISTRAT I VO 
sanções do a rtigo 1 2 cabe ao j u lgador desconsiderar ta l fato e ap licar as sanções tendo 
por pa râmetro apenas a proporc ional idade em sentido a mplo. I sso, pois, conforme en­
tend imento do i . j u ri sta Emerson Garcia o pr incíp io da congruência deve ser observado 
apenas quanto a causa de ped i r descrita na exord i a l e não quanto ao pedido, que deve 
ser de condenação nas sanções do a rtigo 1 2 da Lei nº 8429/92, para que o j u lgador a pli­
que a le i como entender adequado. 
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(XXXI CONCURSO - PROVA ESCRITA ESPECIALIZADA DE DIREITO 
ADMINISTRATIVO - 2010) 2ª questão- Emação de desapropriação, o Município, re­
presentado por sua Procuradoria -Geral, declara, na petição inicial, a urgência para os 
fins de imissão provisória na posse, declaração essa inexistente no decreto expropriató­
rio. O requerimento para a imissão na posse, porém, só é oferecido 02 (dois) meses após 
o despacho inicial do juiz. Ao final, o juiz profere sentença fi,Yando a indenização, os ju -
ros moratórias e compensatórios e os honorários advocatícios. Diante desses elementos, 
indaga-se: 
a ) Deve o j u iz defer i r o pee l i e lo ele i m issão provisór ia na posse? 
b ) Como e levem se r f ixados os j u ros mora tórios e compensa tórios, no q ue tange ao ter­
mo inic i a l da con t agem e ao percen tu a l ? 
c ) É possível que n ão haja condenação em honorá rios advoca t (c ios? 
Responda just if icadamente as i ndagações, oferecendo os elem.entos nos q ua is se ba­
searão as respostas. 
Autor: Uriel Fonseca 
Sugestão de resposta 
A solução da questão proposta exige do candidato conheci mentos acerca dos 
dois mais controversos temas no tocante à fase j ud ic ia l do proced imento de desapro­
priação. As respostas aos itens formulados dependem de análise das previsões do Dec.­
Le i n .º 3 .365/41 em cotejo com a jur isprudência dos Tri buna is Superiores. Deste modo, 
os segu i ntes pontos não podem deixar de ser a bordados pelo candidato: 
a) Por pressu posto, é necessário del inear que a im issão prévia na posse depende 
de declaração formal de urgência para que, a part ir de então, o Poder Público a req uei­
ra expressamente, por petição. O a rt. 15, § 2 °, do referido Dec.- Lei n.º 3 .365/41 não es­
pecifica o momento da decla ração de urgência , havendo orientação consolidada, entre 
autores e tri buna is, no sentido de que nada obsta sua efetivação em ju ízo, nos autos da 
ação de desapropriação (v. STJ , REsp 79.604/AP, Rel. M in . Ari Pargend ler). Ocorre que, se­
gundo o mesmo d i spos itivo, o req uerimento de im i ssão não se dará , sob nenhuma h i pó­
tese, depois de 1 20 (cento e vi nte) dias de formalizada a a legação de urgência (v. STJ , 
REsp 1 . 2 34.606/MG, Rel. M i n. Herman Benja min) . Ass im, no caso, se o período entre a 
27 
COL EÇÃO P R EPA R A N DO PARA C O N C U RSOS 
propositura da i n i cia l e o requer imento de i m issão na posse não for ma ior que 120 (cen­
to e vi nte) d ias, i ndependentemente da data do despacho i n i cia l do j u i z, será ju r id i ca­
mente viável o atend imento do p leito. 
b) Quanto aos j uros moratórias, p revalece o d isposto no a rt. 1 5 -B do Dec.-Lei n.º 
3 .361/45 , derrogando o que outrora d i spunha a Súmula n.º 70 do Superior Tribunal de 
J ustiça - hoje, admitida apenas para as pessoas privadas que proponham a ação desa­
propriatória. Deste modo, a penas incidem ju ros a part ir do d ia 1 º de jane i ro do exercí­
cio segu inte àquele em que o pagamento deveria ter sido ser feito por precatório, nos 
termos do a rt. 100 da Constitu ição da República . A taxa prevista no referido d i p loma le­
gal, segu ndo a doutri na, i nc ide sob o valor fixado na sentença e não pode ser inferior 
aos 6 %, sob pena de viola r-se a garantia constituc ional da justa i nden ização. 
c) Os ju ros compensatórios, por sua vez, servem a m i norar os preju ízos decorren­
tes da perda prematura da posse, esta ndo descritos no a rt. 1 5-A do Dec.-Lei n.º 3 .365/41. 
I nc idem, vale d izer, caso haja d iferença entre o preço ofertado em ju ízo e o valor apura­
do em decisão jud ic ia l defi n itiva, a parti r da im issão prévia na posse. Observe-se que o 
Supremo Tribuna l Federa l, no bojo da ADI 2 3 32-2 , suspendeu a eficácia da expressão 
"até 6% ao ano" constante do citado d ispositivo, reprist inando orientação consolidada 
no verbete n.º 618 de sua Súmula de Ju risprudência , segu ndo o qual i nc idem ju ros à ra­
zão de 12% ao a no. Neste sentido d ispõe a Súmula n.º 408 do Superior Tri bunal de 
Justiça. No mais , o Supremo também afirmou, em i nterpretação conforme a Constitu ição, 
que a base de cálculo dos ju ros compensatórios será a d iferença eventualmente apura ­
da entre 80% do preço apurado em ju ízo e o va lor do bem fixado na sentença. 
d) A condenação em honorários advocatícios, no âmb ito da ação de desapropria­
ção, depende da verificação de sucumbência do Poder Público. Em outras pa lavras, a 
sentença jud ic ia l deve fixar va lor de i nden ização maior que o oferecido na esfera admi ­
n i strativa. É o que consta do a rt. 27, § 1 º, do Dec.-Lei n . º 3 .365/41. 
Comentário 
Em perguntas que envolvam vários itens, é interessante que o candidato aborde, sistemá­
tica e separadamente, cada uma das alíneas, independentemente de optar por fazer referência 
expressa às letras do enunciado ou redigir texto corrido. Ademais, como em qualquer questão de 
segunda fase sem limite de linhas, a demonstração de conhecimento do tema, ainda que aborde 
questão não diretamente questionada, é sempre relevante e diferencia o candidato. 
28 
D I R E I TO 
C I V I L 
2.1. PROVAS PRELI M I NARES 
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(XX.XIII Concurso - PROVA PRELIMINAR - 2014) 7ª questão - Direito Civil - O 
abandono afetivo por parte do genitor caracteriza dano moral? Resposta objetivamente 
fundamentada. 
Autora: Vanessa Gonzalez 
Sugestão de resposta 
Muito embora a i nda exi sta controvérsia na doutr ina e na j u ri sprudência acerca 
do assunto, em j u lgado parad igmático o Superior Tri bunal de Justiça posic ionou-se no 
sentido de que o a ba ndono afetivo por parte do genitor caracteriza dano mora l, passí­
vel de i ndenização, a plica ndo-se ao D i re ito de Fam íl ia as regras estabelecidas no cam­
po da responsab i lidade civi l.Segu i ndo a relatora M i n. Nancy Andr igh i 1, a Corte entendeu 
que "amar é faculdade, cuidar é dever". Vale d izer: n i nguém é obrigado a amar u m fi lho2, 
mas é obr igado a d i spensar cuidado e estar presente na vida da prole. O cuidado como 
valor j ur íd ico objetivo está i ncorporado ao ordenamento juríd ico pátrio em d iversos 
d i spositivos Lega i s e constituc iona is (v.g. a rt. 1634, i nc isos 1 e 1 1 do Cód igo Civi l e a rts. 3°, 
4° e 5° do ECA), motivo pelo qual a omissão no cumpri mento dos deveres inerentes ao 
poder fam i l iar pode caracter izar dano moral i ndenizável. 
Comentórios 
Os que defendem a tese da impossibilidade de compensação do dano moral decorren­
te do abandono afetivo entendem que o amor não pode ser mensurado economicamente, 
bem como que ninguém pode ser compelido a amar, razão pela qual é inviável a apreciação 
da questão sob a ótica da responsabilidade civil. 
1. STJ,REsp 1 .15 9.242-SP, Rel. M i n . Nancy Andrigh i , ju lgado em 24/4/2012 
2 . Justamente por tal fundamento é que ação semelhante, mas cuja causa de pedir era a "falta 
de amor", foi j u lgada improcedente pelo STJ (vide REsp 7 5 7.411/MG, Rel. M i n istro Fernando 
Gonçalves, j . 29.1 1.2005). N ote-se que amar não é dever ou d i reito e a falta de amor não g era 
indenização. 
29 
COLE ÇÃO P R E P A R A N D O PARA C O N C U RSOS 
No entanto, de acordo com o entendimento recente no STJ e de parte da doutrina es­
pecializada, não há qualquer óbice à aplicação da teoria da responsabilidade civil no âmbi­
to do Direito de Família. Decorrência disso é o fato de que todo aquele que por ação ou 
omissão causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito (arts. 186 
e 927 do Código Civil). 
Note que o STJ não fala em indenização por falta de amor, mas sim em indenização 
por descumprimento do dever objetivo de cuidado que os pais devem ter com sua prole. 
Justamente por tal fundamento é que ação semelhante à mencionada na sugestão de res­
posta, mas cuja causa de pedir era a 'falta de amor'; foi julgada improcedente pelo STJ (vide 
REsp 757.41 1/f'vfG, Rei. Ministro Fernando Gonçalves, j. 29.11 .2005). Note-se que amar não é 
dever ou direito e a falta de amor não gera indenização. 
Em suma, caso haja abandono afetivo, com o descumprimento de deveres impostos 
pelo ordenamento jurídico aos pais, verifica-se a possibilidade de os filhos pleitearem judi­
cialmente compensação por danos morais. 
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(XXXIII Concurso - PROVA PRELIMINAR - 2014) 8º questão - Direito Civil - É 
admissível a revisão de contrato por fato superveniente que tome excessivamente onero­
sa a prestação do fornecedor numa relação de consumo? 
Autor: Marco Antonio Reis 
Sugestão de resposta 
A despeito de o leg islador ordinário e lencar explicitamente como d ireito básico do 
consumidor, e não do fornecedor, a revisão das cláusulas em razão de fatos superven ien­
tes que as tornem excessivamente onerosas (Lei 8.078-90, a rt. 6° , V), em nítida homena­
gem à teoria da base objetiva do negócio jurídico (Theorie der objektiven 
Geschaftsgrundlage) desenvolvida por Larenz em superação à teoria da base subjetiva do 
negócio de Oertmann, é admiss ível a apl icação do instituto da revisão contratual ao for­
necedor numa relação de consumo. Pri meiro porque o CDC, art. 4°, 1 1 1 , prevê como princí­
pio a harmon ização dos interesses dos participantes da relação de consumo, salientando 
a necessidade de boa-fé e equi líbrio nas relações, d i reitos e deveres entre fornecedores e 
consumidores. O princípio da equ idade contratual encerra nota essencial à teoria da base 
objetiva do negócio q ue i nforma a revisão nos termos da pergunta. A CRFB, a rt. 170, caput, 
e i nc iso IV, põem em relevo a necessidade de um mercado estável, p reservando a seguran­
ça e a livre i n ic iativa. Por fim, o CDC, a rt. 51 , parágrafo 2°, esti pula q ue a nulidade de cláu­
sula abusiva , quando ausente, apesar dos esforços de integração, inva l ida o contrato quan­
do decorrer ônus excessivo a qualquer das partes. O CDC não pode ser i nterpretado corno 
mecan ismo de desestab i lização do mercado e aplicado un i lateralmente, sob pena de fe­
r i r a harmon ização dos interesses acima mencionados. 
30 
D I R E I TO C I V I L 
Comentório 1 
O excelente artigo da lavra de Luiz Roldão de Freitas Gomes Filho, membro da Banca 
Examinadora, na revista do /vf PERJ, intitulado ':4 sociedade empresária como fornecedora e o 
Código de Defesa do Consumidor'; assevera que: Não obstante reconheça o legislador a con­
dição de vulnerabilidade do consumidor e busque protegê-lo amplamente, é nítida sua preo­
cupação em estabelecer uma relação de consumo baseada na boa-fé e equilíbrio entre seus 
participantes, de forma que o fornecedor tenha também os direitos respeitados. Constitui 
grave equívoco ter o coe como "instrumento de terrorismo" ou "elemento desestabilizador do 
mercado"10, na medida em que visa à harmonia e transparência nas relações de consumo, 
conferindo segurança não só ao consumidor, mas de igual modo ao fornecedor''.(ln: Revista 
do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro n.33 jul-set, 2009, p. 60) 
Comentório 2 
Veja-se o escólio de Rogério Ferraz Ooninni: 
Pelo disposto no § 2° do art. 51 do coe, vê-se que não somente o consumidor pode va­
ler-se da resolução contratual, mas também o fornecedor, pois não teria qualquer sentido con­
servar um contrato que traga ônus excessivo a qualquer dos contratantes. O fornecedor pode, 
eventualmente, pelo disposto neste artigo, estar impossibilitado de cumprir com uma obriga­
ção contratual que lhe cause ônus excessivo, o que configuraria uma violação ao art. 4°, Ili, do 
CDC, pelo qual os contratos devem ser celebrados e executados sempre com supedâneo na 
boa-fé e no equilíbrio nas relações entre consumidores e fornecedores. (Apud AVELAR, Ednara 
Pontes de. Considerações sobre o § 1°, Ili do art. 51 do CDC. Disponível em: http./;'vvww.direi­
tonet.com.br/artigos/exibir/1 756/Consideracoes-sobre-o-1 °-11/-do-art-51-do-CDC) 
///////////////////////////////////Q//////////////fl'//////////////////////////////////////////////////,//////////////////////////////////////////////////////////////#///////////////////////////////////////////////////////1'///////////////////U 
(XXXIII Concurso - PROVA PRELIMINAR - 2014) 9º questão - Direito Civil - Em 
que consiste a desconsideração inversa da personalidade jurídica? É cabível em nosso 
sistema jurídico? Resposta objetivamente fundamentada. 
Autor: Marco Antonio Reis 
Sugestão de resposta 
A desconsideração inversa da personalidade jurídica é uma construção doutrinária, 
acolhida pela ju risprudência do STJ , desenvolvida a parti r de interpretação teleológica do 
art. 50 NCC/02, consistente no afastamento da autonomia patrimonial (a qual é efeito da 
aqu isição da personalidade pelas pessoas j urídicas) da pessoa juríd ica para que, ao invés 
de se ating i r o patri mônio dos sócios, como na regra do a rt.50,CC, ati nja-se a sociedade e 
o patri mônio social desta, de modo a responsabi lizá-la por obrigações do(s) sócio(s). Tal 
se dá em virtude de atos praticados pelo(s) sócio(s), ou por i nterposta pessoa, nos quais 
há, dolosa e fraudulentamente, o esvaziamento do patrimônio pessoal do sócio para fazê­
- lo se confundir com o da pessoa j uríd ica . Como exemplo, a prática de atos por um dos 
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COLEÇÃO PREPA RANDO PARA CONCURSOS 
cônjuges para fraudar a partilha, transferindo bens do seu próprio patr imônio para a pes­
soa ju ríd ica da qual é sócio em preju ízo do outro cônjuge em d ivisão legal de bens. 
Comentório 1 
Há, também, confusão patrimonial e desvirtuamento da finalidade, caracterizando o 
mesmo abuso de direito presente na leitura tradicional do art. 50. Como exemplo, no direito 
de família: a incidência da desconsideração inversa como forma de atacar a fraude

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