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HISTORIOGRAFIA E TEORIA 
DA HISTÓRIA
CURSOS DE GRADUAÇÃO – EAD
Historiografia e Teoria da História – Profa. Dra. Renata Cardoso Belleboni Rodrigues
Olá! Sou Renata Cardoso Belleboni Rodrigues, graduada em 
História (Licenciatura e Bacharelado) pela UNESP de Franca 
(1993-1996), mestre em História Social do Trabalho pelo IFCH – 
Unicamp (1998-2001) e doutora em História Cultural pelo IFCH 
– Unicamp (2001-2005).
E-mail: re.medusa@gmail.com
Fazemos parte do Claretiano - Rede de Educação
HISTORIOGRAFIA E TEORIA 
DA HISTÓRIA
Renata Cardoso Belleboni Rodrigues
Batatais
Claretiano
2013
Fazemos parte do Claretiano - Rede de Educação
© Ação Educacional Clare ana, 2010 – Batatais (SP)
Versão: dez./2013
907.2 C84h 
 Rodrigues, Renata Cardoso Belleboni 
 Historiografia e teoria da história / Renata Cardoso Belleboni Rodrigues – 
 Batatais, SP : Claretiano, 2013. 
 174 p. 
 ISBN: 978-85-8377-071-8 
 
 
 1. O processo de mudanças nos paradigmas epistemológicos da historiografia: 
 alterações após a incorporação de novos temas, novos métodos e novas 
 linguagens pelos historiadores. 2. Vertentes teóricas do conhecimento histórico 
 pós-moderno: séculos XX e XXI. 3. A História enquanto narrativa. 4. A História 
 enquanto discurso. 5. A História enquanto literatura e ficção. 6. História e 
 Representação. I. Historiografia e teoria da história. 
 CDD 907.2 
Corpo Técnico Editorial do Material Didático Mediacional
Coordenador de Material Didá co Mediacional: J. Alves
Preparação 
Aline de Fátima Guedes
Camila Maria Nardi Matos 
Carolina de Andrade Baviera
Cá a Aparecida Ribeiro
Dandara Louise Vieira Matavelli
Elaine Aparecida de Lima Moraes
Josiane Marchiori Mar ns
Lidiane Maria Magalini
Luciana A. Mani Adami
Luciana dos Santos Sançana de Melo
Luis Henrique de Souza
Patrícia Alves Veronez Montera
Rita Cristina Bartolomeu 
Rosemeire Cristina Astolphi Buzzelli
Simone Rodrigues de Oliveira
Bibliotecária 
Ana Carolina Guimarães – CRB7: 64/11
Revisão
Cecília Beatriz Alves Teixeira
Felipe Aleixo
Filipi Andrade de Deus Silveira
Paulo Roberto F. M. Sposati Ortiz
Rodrigo Ferreira Daverni
Sônia Galindo Melo
Talita Cristina Bartolomeu
Vanessa Vergani Machado
Projeto gráfico, diagramação e capa 
Eduardo de Oliveira Azevedo
Joice Cristina Micai 
Lúcia Maria de Sousa Ferrão
Luis Antônio Guimarães Toloi 
Raphael Fantacini de Oliveira
Tamires Botta Murakami de Souza
Wagner Segato dos Santos
Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução, a transmissão total ou parcial por qualquer 
forma e/ou qualquer meio (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação e distribuição na 
web), ou o arquivamento em qualquer sistema de banco de dados sem a permissão por escrito do 
autor e da Ação Educacional Claretiana.
Claretiano - Centro Universitário
Rua Dom Bosco, 466 - Bairro: Castelo – Batatais SP – CEP 14.300-000
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Fone: (16) 3660-1777 – Fax: (16) 3660-1780 – 0800 941 0006
www.claretianobt.com.br
SUMÁRIO
CADERNO DE REFERÊNCIA DE CONTEÚDO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 9
2 ORIENTAÇÕES PARA ESTUDO .......................................................................... 11
UNIDADE 1 HISTORIOGRAFIA, TEORIA DA HISTÓRIA E RETROSPECTIVA 
HISTORIOGRÁFICA
1 OBJETIVOS ........................................................................................................ 29
2 CONTEÚDOS ..................................................................................................... 29
3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE ............................................... 29
4 INTRODUÇÃO À UNIDADE ............................................................................... 35
5 O QUE É HISTORIOGRAFIA? ............................................................................. 36
6 A HISTORIOGRAFIA NA ANTIGUIDADE .......................................................... 39
7 A HISTORIOGRAFIA NO MEDIEVO .................................................................. 42
8 A HISTORIOGRAFIA NOS SÉCULOS 18 E 19 ..................................................... 43
9 O SÉCULO 20 E OS ANNALES ........................................................................... 44
10 A NOVA HISTÓRIA ............................................................................................ 45
11 TEXTO COMPLEMENTAR ................................................................................. 47
12 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ........................................................................ 54
13 CONSIDERAÇÕES .............................................................................................. 55
14 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 57
UNIDADE 2 O PÓS MODERNISMO: REAÇÃO E CONTRARREAÇÃO
1 OBJETIVOS ........................................................................................................ 59
2 CONTEÚDOS ..................................................................................................... 59
3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE ............................................... 59
4 INTRODUÇÃO À UNIDADE ............................................................................... 63
5 A CRISE DOS PARADIGMAS HISTORIOGRÁFICOS .......................................... 64
6 A MICRO HISTÓRIA .......................................................................................... 67
7 A NOVA HISTÓRIA CULTURAL .......................................................................... 69
8 TEXTO COMPLEMENTAR ................................................................................. 72
9 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ........................................................................ 79
10 CONSIDERAÇÕES .............................................................................................. 79
11 E REFERÊNCIAS ................................................................................................ 80
12 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 80
UNIDADE 3 HISTÓRIA: DISCURSO, PRÁTICAS E REPRESENTAÇÕES
1 OBJETIVOS ........................................................................................................ 83
2 CONTEÚDOS ..................................................................................................... 83
3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE ............................................... 83
4 INTRODUÇÃO À UNIDADE ............................................................................... 85
5 HISTÓRIA E DISCURSO ..................................................................................... 86
6 HISTÓRIA: PRÁTICAS E REPRESENTAÇÕES ..................................................... 89
7 TEXTO COMPLEMENTAR ................................................................................. 99
8 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ........................................................................ 106
9 CONSIDERAÇÕES .............................................................................................. 107
10 E REFERÊNCIAS ................................................................................................ 108
11 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 108
UNIDADE 4 O EFEITO FOUCAULT NA HISTORIOGRAFIA
1 OBJETIVOS ........................................................................................................ 111
2 CONTEÚDOS ..................................................................................................... 111
3 SUGESTÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE ...................................................111
4 INTRODUÇÃO À UNIDADE ............................................................................... 116
5 DESPEDINDO DO PASSADO ............................................................................. 117
6 ARQUEOLOGIA DO SABER, EPISTEME E DESCONTINUIDADE ...................... 118
7 MICROFÍSICA DO PODER ................................................................................. 120
8 OBRAS ............................................................................................................... 121
9 AS CRÍTICAS A MICHEL FOUCAULT ................................................................. 122
10 TEXTO COMPLEMENTAR .................................................................................. 123
11 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ........................................................................ 130
12 CONSIDERAÇÕES .............................................................................................. 131
13 E REFERÊNCIA .................................................................................................. 131
14 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 132
UNIDADE 5 HISTÓRIA, NARRATIVA E FICÇÃO
1 OBJETIVOS ........................................................................................................ 133
2 CONTEÚDOS ..................................................................................................... 133
3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE ............................................... 134
4 INTRODUÇÃO À UNIDADE ............................................................................... 137
5 A QUESTÃO DA NARRATIVA ............................................................................. 137
6 HAYDEN WHITE: HISTÓRIA E FICÇÃO ............................................................. 139
7 TEXTO COMPLEMENTAR ................................................................................. 142
8 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ........................................................................ 155
9 CONSIDERAÇÕES .............................................................................................. 155
10 E REFERÊNCIAS ................................................................................................ 156
11 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 157
UNIDADE 6 PÓS MODERNISMO: PARADIGMAS E CRISE
1 OBJETIVOS ........................................................................................................ 159
2 CONTEÚDOS ..................................................................................................... 159
3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE ............................................... 159
4 INTRODUÇÃO À UNIDADE ............................................................................... 160
5 CARACTERÍSTICAS DA HISTÓRIA PÓS MODERNA ......................................... 160
6 CRÍTICAS À HISTÓRIA PÓS MODERNA .......................................................... 162
7 CONSIDERAÇÕES .............................................................................................. 163
8 TEXTO COMPLEMENTAR .................................................................................. 164
9 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ........................................................................ 171
10 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 172
11 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 173
Claretiano - Centro Universitário
EA
D
CRC
Caderno de 
Referência de 
Conteúdo
Ementa –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
O processo de mudanças nos paradigmas epistemológicos da historiografi a: alte-
rações após a incorporação de novos temas, novos métodos e novas linguagens 
pelos historiadores; vertentes teóricas do conhecimento histórico pós-moderno: 
séculos 20 e 21; a História enquanto narrativa; a História enquanto discurso; a 
História enquanto literatura e fi cção; História e Representação.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
1. INTRODUÇÃO
Seja bem-vindo ao estudo de Historiografia e Teoria da His-
tória!
Nos Cadernos de Referência de Conteúdos Metodologia da 
História I e II, você foi apresentado a algumas correntes historiográ-
ficas, cuja última representante estudada foi a Escola dos Annales. 
No entanto, você igualmente foi iniciado nas discussões pós-mo-
dernas. O intuito deste novo Caderno de Referência de Conteúdo é 
aprofundar seus conhecimentos sobre as mudanças nos paradigmas 
da História ocorridos no contexto da Nova História Cultural.
© Historiografi a e Teoria da História 10
Muitos autores não foram selecionados para este nosso es-
tudo. São contribuições importantes que ficaram de fora do pa-
norama desenhado no decorrer das unidades. Porém, a despeito 
dessas não escolhas, os conceitos, debates e estudiosos selecio-
nados para representar o período denominado pós-modernismo 
exemplificam de forma muito pontuada as reflexões presentes nos 
principais centros acadêmicos nacionais e estrangeiros
Como você poderá observar no decorrer do Caderno de Re-
ferência de Conteúdo, estudaremos temáticas essencialmente de-
batidas após as décadas de 1960/1970 em seis unidades. 
Na primeira unidade iremos rever os conceitos de teoria e 
historiografia e fazer uma retrospectiva historiográfica para con-
textualizá-lo nos novos debates. É importante ressaltar, desde já, 
que se deverá ter em mente que as teorias dão forma à historio-
grafia. Em outras palavras, quando ocorre a historiografia ou a 
escrita da história, o texto produzido é veículo da teoria utilizada 
pelo estudioso. Desse modo, os conceitos de teoria e historiografia 
devem ser entendidos como inter-relacionados. 
Na unidade seguinte, veremos o contexto da crise nos tra-
dicionais paradigmas historiográficos e as propostas da Micro-
-História e da Nova História Cultural. No que diz respeito à Micro-
-História, é sempre importante evidenciar que um de seus maiores 
representantes é o historiador Carlo Ginzburg e que a proposta 
dessa diretriz não é apresentar análises que consideram grandes 
contextos, mas, ao contrário, o que interessa é a especificidade. 
Esse elemento é bem visto pela Nova História Cultural, uma vez 
que proporciona a viabilização de pesquisas que consideram ca-
racterísticas culturais particulares.
Roger Chartier, Michel de Certeau e suas contribuições serão 
analisados na terceira unidade. Conceitos como prática e represen-
tação serão vistos, analisados e considerados essenciais no percur-
so das mudanças dos paradigmas historiográficos pós-modernos.
Claretiano - Centro Universitário
11© Caderno de Referência de Conteúdo
Na Unidade 4, o foco será Michel Foucault e sua produção 
historiográfica. Muito provavelmente, no momento em que esti-
ver cursando este Caderno de Referência de Conteúdo, esse autor 
já será um velho conhecido. Suas contribuições para o estudo da 
História colocaram-no no centro de diversas discussões nas mais 
diferentes temáticas estudadas no curso. Ele contribuiu não só 
com conceitos como o de micropoder ou apropriação, como tam-
bém com o modo que a História deve ser vista pelo historiador. 
Na quinta unidade, Hayden White e a discussão em torno da 
relação entre a História e a ficção será o tema de debate. Algumas 
perguntas direcionarão o conteúdo da unidade: História é ficção? 
História é Literatura? Se a escrita da História pode ser compreendi-
da como uma narrativa, o que os estudiosos apresentam é História 
ou são relatos verossímeis? A despeito das inúmeras críticas dire-
cionadas a White e à sua teoria, essa é uma discussão que ainda 
permanece atual. 
Por fim, na Unidade 6, você verá um breve balanço sobre os 
conteúdos aprendidos e as críticas ao pós-modernismo. A Nova 
História Cultural, nesse contexto pós-moderno,peca pelo relativis-
mo exagerado? Incorre nos mesmos erros que outras teorias que 
davam ênfase demasiada a apenas um setor da sociedade como a 
política, a economia? Se a ênfase é no cultural, não perdemos com 
a ausência do político, por exemplo?
Com esta breve apresentação, podemos dar continuidade ao 
estudo deste Caderno de Referência de Conteúdo.
Bons estudos! 
2. ORIENTAÇÕES PARA ESTUDO
Abordagem Geral
Segue uma abordagem geral do Caderno de Referência de 
Conteúdo Historiografia e Teoria da História. Com essa abordagem 
© Historiografi a e Teoria da História 12
será possível que você inicie seus estudos tendo um panorama ge-
ral do que será discutido no decorrer deste livro-texto.
Pronto para mais uma etapa de aprimoramento de seus co-
nhecimentos históricos? Então, vamos juntos construir e recons-
truir alguns conceitos. Vamos com Mnemosine caminhar por te-
mas já visitados e adentrar em algumas discussões novas.
Você está sendo apresentado ao Caderno de Referência de 
Conteúdo Historiografia e Teoria da História, que tem como objeti-
vo apresentar o processo de mudanças ocorridas nos paradigmas 
epistemológicos da historiografia – mais especificamente, aque-
las alterações que tiveram início após a incorporação de novos te-
mas, novos métodos e novas linguagens pelos historiadores, em 
especial por aqueles da Escola dos Annales. Nessa etapa, você terá 
acesso às vertentes teóricas do conhecimento histórico pós-mo-
derno: final do século 20 e início do 21. Terá a oportunidade de 
aferir os diferentes conceitos de História que foram trabalhados 
e discutidos nesse período: História enquanto narrativa; História 
enquanto discurso; História enquanto literatura e ficção e História 
e Representação.
Bem, desde o início deste curso você tem lido, com certa 
frequência, expressões como “historiografia”, “pesquisas histo-
riográficas”, “abordagens historiográficas; elas lhe são familiares, 
não? Se já não se tornaram lugar comum, irão se tornar nesta reta 
final e no decorrer das pesquisas que você realizará após o fim da 
Graduação, pois lembre-se: um professor de História deve ser um 
pesquisador bem informado, em constante atualização, que esteja 
“por dentro” das discussões que ocorrem no meio acadêmico na-
cional ou estrangeiro. Mas você aprendeu os significados desses 
termos? Saberia identificar e explicar os diferentes conceitos de 
História e os tipos de historiografia existentes? Este Caderno de 
Referência de Conteúdo irá auxiliá-lo nessa tarefa. 
Outros suportes a que poderá recorrer para rever conceitos 
e teorias são os dos Cadernos de Referência de Conteúdos Meto-
Claretiano - Centro Universitário
13© Caderno de Referência de Conteúdo
dologia da História I e II quando entrou em contato com as dis-
cussões historiográficas acerca das teorias da História a partir de 
Heródoto até os pós-modernos – esses últimos vistos brevemente. 
Ao rememorar, ficará mais fácil entender os debates sobre as mu-
danças nos paradigmas da História que vêm ocorrendo nas últimas 
décadas. 
Iniciemos, assim, com o conceito de Teoria. “Teoria”, vocá-
bulo de origem grega, pode ser entendida como o conjunto de 
princípios fundamentais de uma ciência. Desse modo, Teoria da 
História seria o conjunto de princípios fundamentais da História. 
Cada vez que lemos um livro escrito por um historiador, estamos 
entrando em contato com a sua teoria: seu conceito de História, 
seu conjunto de fontes, seus questionamentos específicos. Para 
cada teoria, a História é entendida de uma forma e os questiona-
mentos são diferentes. As fontes até podem ser as mesmas, mas 
receberão tratamento distinto. Vamos a dois exemplos?
Na teoria positivista, de modo bem resumido, a História é 
algo dado. As fontes não devem ser interpretadas, pois dizem exa-
tamente o que ocorreu. As fontes falam por si. Mas se a História 
é vista como discurso, como no caso da teoria da Nova História 
Cultural, não podemos dizer que os fatos são dados, mas, sim, 
construídos de acordo com a interpretação, com o discurso do his-
toriador. A verdade deixa de ser objetiva e entra no campo do re-
lativismo, ora visto como uma possibilidade, ora como um grande 
problema. 
No entanto, alguns leem Teoria como “historiografia”, como 
“debate historiográfico”, e muitos outros, como “metodologia”. 
Igualmente, é entendida como qualquer atividade reflexiva do his-
toriador. Desse modo, os conceitos de historiografia e teoria da 
História justapõem-se. A historiografia, enquanto escrita da Histó-
ria, apresenta-nos concepções diferenciadas do passado de acordo 
com as teorias norteadoras do ofício do historiador. Em resumo, 
© Historiografi a e Teoria da História 14
para escrever a história, é preciso estar vinculado a uma teoria. De 
acordo com esta, teremos uma determinada visão dos fatos. 
E quanto à historiografia? Podemos afirmar que seu concei-
to se resume à “escrita da História”? Não. Ela igualmente pode ser 
definida como a melhor vacina contra a ingenuidade ou como a 
história do discurso – um discurso escrito e que se afirma verda-
deiro – que os homens têm sustentado sobre seu passado. É que 
a historiografia é o melhor testemunho que podemos ter sobre as 
culturas desaparecidas, inclusive sobre a nossa.
Segundo Blanke, há 10 tipos de historiografia:
Quadro 1 Os tipos de História da historiografia.
Os tipos de História da historiografia
1) História dos historiadores São aquelas pesquisas que abordam a vida e a obra de um historiador.
2) História das obras Pesquisas sobre um gênero literário (qual o estilo literário da obra).
3) Balanço geral Que classificam os historiadores em campos específicos.
4) História da disciplina Sobre conferências e trabalhos de instituições históricas.
5) História dos métodos Pesquisa sobre os métodos históricos.
6 )História das ideias históricas Acerca das tendências da história intelectual.
7) História dos problemas
Pesquisa sobre a história das sub-
disciplinas (Antiga, Medieval etc.), da 
relação entre a História e outras Ciências 
Sociais etc.
8) História das funções do pensamento 
histórico
Pesquisa a respeito das funções sociais da 
historiografia.
9) História social dos historiadores Sobre a historiografia como história social.
10) História da historiografia 
teoricamente orientada
Pesquisa sobre o desenvolvimento da 
disciplina no interior de sua reflexão 
metateórica.
Fonte: Blanke in MALERBA, 2006. 
Claretiano - Centro Universitário
15© Caderno de Referência de Conteúdo
Ainda segundo esse autor, a historiografia teria três funções:
Quadro 2 As funções da História da historiografia.
As funções da História da historiografia
1 – Função afirmativa Afirmar uma ideologia oficial
2 – Função crítica Críticas aos princípios ideológicos, visões de mundo, modelos tradicionais etc.
3 – Função exemplar Oferecer material para a reflexão teórica (servir de exemplo)
Fonte: BLANKE in MALERBA, 2006
Vistos os tipos e as funções da historiografia, vejamos um 
breve histórico desta no decorrer do tempo. Da Antiguidade, po-
demos tomar dois exemplos. O primeiro, Heródoto, para quem o 
ouvir e ver, para depois escrever, era essencial. Heródoto procurou 
registrar a tradição, feitos e fatos que, em seu entendimento, não 
deviam ser esquecidos. A lembrança e o conhecimento do passado 
eram utilizados como forma de reforçar a identidade dos helenos. 
Em sua escrita, utilizou-se do termo “logos” no sentido de “relato”, 
“conhecimento”, “razão”. 
Quanto a Tucídides, tomemos as palavras de Marcel Detien-
ne (1998, p. 105) para compreendê-lo: “O ouvido é infiel e a boca 
é sua cúmplice. Frágil, a memória é igualmente enganadora: ela 
seleciona, interpreta, reconstrói”. Diferentemente de Heródoto, 
Tucídides preocupou-se com as causas imediatas. Atentou-se para 
o presente, narrou o que viu, acreditava no que estava diante dos 
olhos. O passado, para ele, mostrava-se como boatos: fulano disse 
que ouviu de sicrano o ocorrido com beltrano na terra de alguém. 
Para o autor de Guerra doPeloponeso, memória sem provas não 
é História. 
No que se refere à historiografia do medievo, esta estava in-
trinsecamente ligada ao Cristianismo. Basta lembrar, com o auxílio 
dos Cadernos de Referência de Conteúdos História Medieval I e II, 
que, durante muito tempo, a Igreja foi a detentora do saber. Nesse 
período, os homens, suas obras e os acontecimentos só ganhavam 
© Historiografi a e Teoria da História 16
importância se vistos como resultados dos desígnios divinos. Já a 
historiografia dos séculos 13 e 19 foi resultado do avanço do Ilumi-
nismo, do surgimento da Filologia, do conhecimento mais objetivo 
do passado com o início do positivismo historiográfico com Leo-
pold Von Ranke, por exemplo, com o lançamento da Revue Histo-
rique (1876) e o surgimento da Escola Metódica, preocupada com 
a escrita da história nacional e o estabelecimento da identidade 
da nação. E, por fim, e não menos importante, com as reflexões 
realizadas por Karl Marx e a sua concepção dialética da História.
A historiografia do século 20, em terreno francês, tem suas 
bases transformadas com as mudanças propostas pela Escola dos 
Annales, que objetivou suprir a tradicional narrativa de aconte-
cimentos por uma história-problema, bem como deixar de fazer 
apenas a história política para abordar a história de todas as ativi-
dades humanas e, por fim, estabelecer uma relação profícua com 
outras disciplinas das Ciências Sociais, como a Antropologia, a So-
ciologia, a Geografia etc. Com essa nova proposta, as massas anô-
nimas e os seus modos de viver, sentir e pensar foram analisados 
no contexto da interdisciplinaridade. 
Acerca da Escola dos Annales, podemos distingui-la em três 
fases. Aquela que nos interessa, neste momento, pelas reflexões 
que levantou, foi a 3ª fase, que teve início em, aproximadamente, 
1968. 
É nesse contexto que temos em andamento os debates acer-
ca da historiografia pós-moderna levantados pela Nova História ou 
História Nova. São esses debates que trataremos com mais afinco.
O conteúdo antes apresentado teve como objetivo com-
preender o conceito de Teoria da História, historiografia e que re-
visitasse alguns momentos importantes no trajeto da construção 
do debate historiográfico. A partir de agora, iremos nos centrar na 
historiografia pós-moderna.
Antes de tudo, porém, serão precisos dois esclarecimentos: 
o primeiro diz respeito ao próprio conceito de pós-modernismo. 
Claretiano - Centro Universitário
17© Caderno de Referência de Conteúdo
Esse conceito não é fruto dos anos 1960-1990, mas ganha força 
com a publicação do livro A condição pós-moderna, do filósofo 
francês Jean-François Lyotard, em 1979. Em resumo, no pós-mo-
dernismo, toda e qualquer fonte deve ser pensada como um texto 
a ser lido, em que os significados estão aí para ser decodificados 
ou desconstruídos; portanto, não resta dúvida de que o real ou a 
realidade não podem ser atingidos e, em outras palavras, de que a 
História se tornou um discurso verossímil. 
Essa condição pós-moderna vai contra alguns paradigmas 
ditos da modernidade. Passa-se, definitivamente, a se divulgar a 
ideia de que o conhecimento não é objetivo, que é, ao contrário, 
subjetivo, que a verdade é relativa, que há mundos e passados 
diferentes e que as explicações são, de fato, interpretações. O de-
terminismo e o reducionismo são rejeitados e a história global e a 
história universal são descartadas. Afirma-se, ainda, que a História 
não estuda o Homem, pois este deu lugar aos homens, mulheres, 
crianças, escravos, homossexuais etc.
O segundo esclarecimento refere-se à Nova História Cultu-
ral. Seus representantes alçaram voos bem altos nessas contendas 
contra os tradicionais paradigmas da historiografia. Lyn Hunt, Mi-
chel de Certeau, Roger Chartier, Michel Foucault e Hyden White 
são alguns dos nomes que podemos citar. E esses mesmos nomes 
mostram-nos que esse movimento não foi exclusivo no meio aca-
dêmico francês; pelo contrário, trata-se de um movimento inter-
nacional que encontrou eco na Inglaterra, Estados Unidos, Itália, 
Rússia, Alemanha, Holanda e mesmo no Brasil. Mas o que carac-
teriza a Nova História Cultural? O que ela apresenta de novo ou 
repensado? Quais suas contribuições para a difícil tarefa do his-
toriador diante do passado que não se revela, mas que clama por 
olhares?
Como o próprio nome já indica, o privilégio ao cultural é a 
característica-chave. Não há sugestões de novas fontes, mas de 
nova abordagem, a antropológica, o que significa afirmar que o 
© Historiografi a e Teoria da História 18
simbólico e suas interpretações são considerados em essência. 
Afinal, como afirmou Ernest Cassirer (1975), “o homem não é ou-
tro senão o animal symbolicum”. O resultado mais expressivo dos 
novos debates é a crença e defesa da assertiva de que a História 
é relativa, ou seja, que as verdades absolutas não têm espaço no 
tempo das incertezas. 
Vamos, então, aos exemplos? Comecemos pelo novo con-
ceito de História empregado pelos estudiosos dessa linha: História 
é discurso ou uma prática discursiva. Essa afirmação implica dizer 
que, se o discurso é uma produção do tempo presente sobre o 
passado, então, história é a construção desse passado e não a sua 
descrição. E, se o discurso traz em si a característica de ser algo 
criado por um historiador (com uma história de vida e acadêmi-
ca próprias, com ideologias próprias), a história é interpretação, e 
não a apresentação do real.
Aceitar a história como discurso nos sugere, igualmente, 
aceitar outro conceito de verdade. Se entendemos que as fontes 
são fragmentos do passado, então, só sabemos parte desse pas-
sado. Se sabemos parte, não conhecemos o todo e, sem o todo, 
não temos o real ou a verdade. Enfim, “não há lugar em que o real 
se dê” (BOURDÉ, 1990, p. 106). Só podemos concluir que aplicar 
o conceito de verdade objetiva ao passado histórico é algo bem 
problemático. Se a verdade histórica é relativa, segundo a ótica 
dos pós-modernos, uma das causas é porque a própria História é 
uma prática discursiva e o mundo é visto como uma representação 
(produzida pelos outros – pesquisadores, por exemplo – e por eles 
mesmos – os habitantes de uma comunidade). 
O jesuíta especialista em História da Religião Michel de Cer-
teau foi um dos responsáveis pela divulgação do conceito de práti-
ca no meio historiográfico. Crítico das visões monolíticas da cultura 
e defensor de uma cultura no plural interpretou normas culturais 
por meio do cotidiano. Analisou as práticas das pessoas comuns e 
foi contra a corrente que pregava que os grupos (de leitores, por 
Claretiano - Centro Universitário
19© Caderno de Referência de Conteúdo
exemplo) eram consumidores inertes de artigos produzidos em 
grande escala. Para De Certeau, a criatividade, a inventividade de 
determinados grupos populares diante dos “usos”, da “apropria-
ção” e, especialmente, da “utilização” das obras era evidente. Ain-
da segundo esse autor, não devemos entender as práticas culturais 
como a forma que um quadro é pintado, um ensino é transmiti-
do, mas como os homens crescem, adoecem, curam-se, morrem, 
andam, dançam, falam, cantam, debatem, enamoram-se, enfim, 
como vivem.
Já Roger Chartier é o responsável pela circulação mais inten-
siva e diferenciada do conceito de representação no meio historio-
gráfico. Suas pesquisas discutem uma história cultural da sociedade, 
compreendem que as estruturas ditas objetivas são, na verdade, 
culturalmente constituídas ou construídas. Assim, ele entende que 
a sociedade em si mesma é uma representação coletiva. Para ele, 
a História Cultural deve voltar seus interesses para a identificação 
da maneira como em distintos lugares e ocasiões uma determinada 
realidade cultural é construída, pensada, dada a ler. 
Como pode observar, os conceitos de discurso, práticas e re-
presentação não só estão intimamente ligados, como devem ser 
encarados de forma justaposta. Mas esses não são os únicos con-
ceitos que ganharam força na historiografia pós-moderna.Aqueles 
utilizados por Michel Foucault também. E de forma relevante. O 
que ele veio mostrar é que, em vez de procurar explicar as práticas 
políticas, sociais e econômicas de determinados grupos, a Histó-
ria deveria se preocupar com a forma que essas mesmas práticas 
foram construídas. Foucault não se interessava pelo objeto em si, 
mas pelo “quando e como” esse objeto passou a ser objeto. Exem-
plificando, ele não tomou a loucura como objeto de pesquisa, mas 
o momento, o contexto em que a loucura se destacou como algo 
a ser estudado. 
Outro conceito utilizado por esse filósofo foi o de micropo-
der. De acordo com Foucault, a microfísica do poder está presente 
© Historiografi a e Teoria da História 20
nas prisões, nas escolas, na família, nos asilos, nas fábricas, nos 
exércitos e não só no Estado e na Igreja. Os interstícios do poder 
podem ser encontrados (e devem ser procurados pelos historia-
dores) nos sentimentos, na consciência, na intuição. Mas ele não 
estudou o poder pelo poder. Ele buscou compreender, por meio 
dos discursos, como o poder possibilitou novas práticas, novas 
tecnologias de poder: como passamos da internação à prisão, da 
liberdade à disciplina. 
Contudo, não foi somente rumo à abordagem ou ao uso de 
novos conceitos que os debates se dirigiram. A forma da escrita da 
História também foi questionada. E, nesse contexto, a relação da 
História com a Literatura entrou em questão. A proposta naquele 
momento, dos anos 1970-1980, foi a da narrativa, mesmo que esta 
levantasse questionamentos sobre a cientificidade da História. Afi-
nal, escrever uma narrativa é também escrever uma ficção, e, se 
é ficção, não é história. O medo da ficção não era, porém, o único 
que vagava pelos escritórios das universidades; havia, também, o 
receio do retorno da narrativa histórica tradicional que enfatizava 
os grandes feitos dos grandes homens em grandes acontecimen-
tos. O que vimos, no entanto, foi uma nova narrativa que conside-
rou o cotidiano das pessoas comuns e os acontecimentos triviais. 
Uma narrativa de curtíssima duração, absorta num acontecimen-
to, e não mais a velha narrativa explicativa à procura de causas e 
efeitos. 
O crítico literário Hayden White foi um dos responsáveis pelo 
debate que veementemente foi travado em torno da não distinção 
entre História e ficção. Ele não relutou em considerar as narrativas 
históricas como ficções verbais, cujos conteúdos são tão inventa-
dos como achados, e cujas formas apresentam muito em comum 
com as narrativas literárias. Assim, de acordo com seu pensamen-
to, é preciso que o historiador levante algumas questões, como: 
qual o tipo de modelo linguístico utilizar? E, dentre os tropos do 
discurso (metáfora, metonímia, sinédoque e a ironia), qual empre-
gar? Se assim o historiador faz, ou seja, se ele se utiliza de tropos, 
Claretiano - Centro Universitário
21© Caderno de Referência de Conteúdo
então não existe distinção entre a História e a ficção. Entretanto, 
a grande maioria dos historiadores refutou a possibilidade de a 
História ser vista como ficção, pois ambas são narrativas de porte e 
competências díspares. “A narrativa histórica é um método de ex-
posição; sempre, portanto, profundamente articulada ao método 
de investigação” (MÜLLER in PÔRTO, 2007, p. 78). 
Com base no exposto, a Nova História Cultural, como uma 
forte representante pós-moderna, contribuiu ao debate historio-
gráfico: permitiu que houvesse uma nova construção e interpreta-
ção do real, que a linguagem ganhasse importância, que o imaginá-
rio fosse revisitado e que a função hermenêutica da interpretação 
e a problemática do discurso-texto-contexto entrassem em cena. 
Também contribuiu para a crença de que não há uma única his-
tória: a do Ocidente civilizado. O etnocentrismo da historiografia 
ocidental abriu as portas para o reconhecimento e a valorização 
das histórias dos povos conquistados. 
Todavia, houve críticas, e “[...] diz-se que um saber está aber-
to às críticas, quando pode ser verificado, incrementado, contesta-
do, corroborado, refutado, aplicado [...]” (ALMEIDA, 2003, p. 57). 
Partindo dessa assertiva, vejamos as três críticas mais visualizadas 
sobre a Nova História Cultural: a valorização acentuada do relati-
vismo e do representacionalismo, o questionamento da cientifici-
dade da História e a Hipervalorização do cultural.
Como você pode observar, o termo ”pós-modernismo” veio 
para chacoalhar as estruturas historiográficas, mas auxiliou no pla-
nejamento de novas estratégias de defesa e ataque da História, 
da historiografia e dos historiadores. E, finalizando essa discus-
são, propomos uma reflexão sobre uma frase de Foucault (apud 
O’BRIEN in HUNT, 2001, p. 37): “Não me perguntem quem sou 
e não me peçam que continue sendo o mesmo”. Tomando suas 
palavras como guia, podemos concluir: Não perguntem o que é a 
História ou a sua escrita, nem mesmo peçam que continuem sen-
do as mesmas!
© Historiografi a e Teoria da História 22
Bons estudos, consulte seu tutor se necessário e bom de-
sempenho.
Glossário de Conceitos 
As definições a seguir são importantes para a compreensão 
do conteúdo a ser estudado no Caderno de Referência de Conteú-
do Historiografia e Teoria da História. Elas também poderão ser 
encontradas no interior das unidades, no entanto, ter acesso a 
elas antes de iniciar a sua jornada rumo ao conhecimento histo-
riográfico poderá facilitar a sua compreensão e construção de seu 
conhecimento. Vale ressaltar que os conceitos aqui utilizados con-
sideram o contexto historiográfico. 
1) Cliometria: tendência no interior da História Econômica 
que aplica a técnica da análise estatística e da econome-
tria (análise quantitativa) à História.
2) Discurso: um jogo de escritura, de leitura, de troca; em-
preendimento mediador; a forma por meio da qual os 
indivíduos proferem e apreendem a linguagem como 
uma atividade produzida historicamente determinada; 
a prática da linguagem; prática instituinte, criadora de 
acontecimentos, imagens e referenciais de comporta-
mento. 
3) Episteme: são tendências particulares de um período 
histórico.
4) Escolasticismo dogmático: Escolástica – linha da filoso-
fia medieval; difundia a ideia de que todas as respostas 
podem ser encontradas nas Sagradas Escrituras ou nas 
obras de religiosos. Escolasticismo dogmático marxista: 
todas as repostas podem ser encontradas no conflito en-
tre as classes sociais.
5) Estrutura: tudo o que em uma sociedade, ou numa eco-
nomia, tem uma duração suficientemente longa; é o que 
muda lentamente.
6) Genealogia: deve ser compreendida como proveniência, 
e não como origem primeira.
Claretiano - Centro Universitário
23© Caderno de Referência de Conteúdo
7) Historiografia: a escrita da História; vacina contra a inge-
nuidade; o questionamento acerca da produção e da es-
crita da História, sobre o(s) discurso(s) dos historiadores 
e seus métodos; produto intelectual dos historiadores; 
pesquisa histórica; representação do passado; história 
do que os homens têm sustentado sobre seu passado. 
8) Meta-História: pode designar todo estudo referente à 
História enquanto historiografia; toda investigação do 
que se encontra para além da História, dos fundamentos 
últimos da História, do sentido ou destino da História.
9) Metanarrativas: histórias culturais divulgadas e partilha-
das em que podemos encontrar as verdades, as ideias 
e os ideais de uma cultura apresentados por um grupo 
social ou sociedade. Grandes narrativas (“meta” é um 
prefixo de origem grega que significa “para além de”), 
capaz de explicar todo o conhecimento existente ou de 
representar uma verdade absoluta sobre o universo. A 
Bíblia e o Alcorão são exemplos de metanarrativas uni-
versalmente conhecidas.
10) Metateoria: discussão de postulados criados por uma 
teoria; teorização sobre a própria teoria.
11) Micro-História: teoria que reduz a escala de observação 
do historiador (incluindo espacialidade e temporalida-
de) na tentativa de buscar elementos que,analisando 
em escala maior, passariam despercebidos. Seus obje-
tos geralmente são práticas culturais específicas (festas 
religiosas, por exemplo), ocorrências (um determinado 
crime, um julgamento específico, suicídios), cidades, in-
divíduos, famílias ou lugares determinados.
12) Mnemosine: personificação da memória. Nome deriva-
do do verbo “mimneskeini”, “fazer-se lembrar”, “fazer 
pensar”, “lembrar-se de”. Para lembrar-se de suas tradi-
ções e mitos, os gregos recorriam a essa titã.
13) Modelo ecológico-demográfico francês: tendência que 
afirma que a variável fundamental da História é o equi-
líbrio ecológico entre o abastecimento de alimentos e a 
população, a interação entre o homem e o espaço. 
© Historiografi a e Teoria da História 24
14) Pós-modernismo: para Perry Anderson a pós-moderni-
dade surge nos anos 1930, para Arnold Toynbee, após a 
II Guerra Mundial ou, ainda, para outros historiadores, a 
historiografia pós-moderna nasce na década de 1960 com 
a publicação das obras de Foucault, Derrida e Deleuze.
15) Práticas: a forma que um quadro é pintado, um ensino 
é transmitido, a forma como os homens crescem, ado-
ecem, curam-se, morrem, andam, dançam, falam, can-
tam, debatem, enamoram-se, enfim, como vivem.
16) Representação: o produto do resultado de uma prática. 
17) Tropo: deriva de tropos, que, em grego clássico, significa 
“mudança de direção, desvio”.
18) Verdade: em grego, é alétheia: a = prefixo de negação 
+ derivativo de Lethes, o rio do Esquecimento. Assim, o 
prefixo vem indicar que o que estava oculto agora está 
revelado.
19) Viragem antropológica ou cultural turn: encontro entre 
a História e a Antropologia. Podemos encontrar as ex-
pressões “história antropológica”, “antropologia históri-
ca” e “etno-história” como referências a esse encontro.
Esquema dos Conceitos-chave 
Para que você tenha uma visão geral dos conceitos mais im-
portantes deste estudo, apresentamos, a seguir (Figura 1), um Es-
quema dos Conceitos-chave do Caderno de Referência de Conteú-
do. O mais aconselhável é que você mesmo faça o seu esquema de 
conceitos-chave ou até mesmo o seu mapa mental. Esse exercício 
é uma forma de você construir o seu conhecimento, ressignifican-
do as informações a partir de suas próprias percepções. 
É importante ressaltar que o propósito desse Esquema dos 
Conceitos-chave é representar, de maneira gráfica, as relações en-
tre os conceitos por meio de palavras-chave, partindo dos mais 
complexos para os mais simples. Esse recurso pode auxiliar você 
na ordenação e na sequenciação hierarquizada dos conteúdos de 
ensino. 
Claretiano - Centro Universitário
25© Caderno de Referência de Conteúdo
Com base na teoria de aprendizagem significativa, entende-se 
que, por meio da organização das ideias e dos princípios em esque-
mas e mapas mentais, o indivíduo pode construir o seu conhecimen-
to de maneira mais produtiva e obter, assim, ganhos pedagógicos 
significativos no seu processo de ensino e aprendizagem. 
Aplicado a diversas áreas do ensino e da aprendizagem es-
colar (tais como planejamentos de currículo, sistemas e pesquisas 
em Educação), o Esquema dos Conceitos-chave baseia-se, ainda, 
na ideia fundamental da Psicologia Cognitiva de Ausubel, que es-
tabelece que a aprendizagem ocorre pela assimilação de novos 
conceitos e de proposições na estrutura cognitiva do aluno. Assim, 
novas ideias e informações são aprendidas, uma vez que existem 
pontos de ancoragem. 
Tem-se de destacar que “aprendizagem” não significa, ape-
nas, realizar acréscimos na estrutura cognitiva do aluno; é preci-
so, sobretudo, estabelecer modificações para que ela se configure 
como uma aprendizagem significativa. Para isso, é importante con-
siderar as entradas de conhecimento e organizar bem os materiais 
de aprendizagem. Além disso, as novas ideias e os novos concei-
tos devem ser potencialmente significativos para o aluno, uma vez 
que, ao fixar esses conceitos nas suas já existentes estruturas cog-
nitivas, outros serão também relembrados. 
 Nessa perspectiva, partindo-se do pressuposto de que é 
você o principal agente da construção do próprio conhecimento, 
por meio de sua predisposição afetiva e de suas motivações inter-
nas e externas, o Esquema dos Conceitos-chave tem por objetivo 
tornar significativa a sua aprendizagem, transformando o seu co-
nhecimento sistematizado em conteúdo curricular, ou seja, esta-
belecendo uma relação entre aquilo que você acabou de conhecer 
com o que já fazia parte do seu conhecimento de mundo (adap-
tado do site disponível em: <http://penta2.ufrgs.br/edutools/
mapasconceituais/utilizamapasconceituais.html>. Acesso em: 11 
mar. 2010). 
© Historiografi a e Teoria da História 26
Figura 1 Esquema dos Conceitos-chave do Caderno de Referência de Conteúdo Historiografia 
e Teoria da História. 
Como você pode observar, esse Esquema dá a você, como 
dissemos anteriormente, uma visão geral dos conceitos mais im-
portantes deste estudo. Ao segui-lo, você poderá transitar entre 
um e outro conceito e descobrir o caminho para construir o seu 
processo de ensino-aprendizagem. 
Claretiano - Centro Universitário
27© Caderno de Referência de Conteúdo
O Esquema dos Conceitos-chave é mais um dos recursos de 
aprendizagem que vem se somar àqueles disponíveis no ambiente 
virtual, por meio de suas ferramentas interativas, bem como àqueles 
relacionados às atividades didático-pedagógicas realizadas presen-
cialmente no polo. Lembre-se de que você, aluno EAD, deve valer-se 
da sua autonomia na construção de seu próprio conhecimento.
Questões Autoavaliativas
No final de cada unidade, você encontrará algumas questões 
autoavaliativas sobre os conteúdos ali tratados. Responder, discu-
tir e comentar essas questões, relacionando-as com a prática do 
ensino de História, pode ser uma forma de você medir o seu co-
nhecimento, de ter contato com questões pertinentes ao assunto 
tratado e de lhe ajudar na preparação para a prova final, que será 
dissertativa. Mais ainda: é uma maneira privilegiada de você ad-
quirir uma formação sólida para a sua prática profissional.
Bibliografia Básica
É fundamental que você use a Bibliografia Básica em seus 
estudos, mas não se prenda só a ela. Consulte, também, as biblio-
grafias complementares.
Figuras (ilustrações, quadros...)
Neste material instrucional, as ilustrações são parte integrante 
dos conteúdos, ou seja, elas não são meramente ilustrativas, pois es-
quematizam e resumem conteúdos explicitados no texto. Não deixe 
de observar a relação dessas figuras com os conteúdos do Caderno 
de Referência de Conteúdo, pois relacionar aquilo que está no campo 
visual com o conceitual faz parte de uma boa formação intelectual.
Dicas (motivacionais)
O estudo deste Caderno de Referência de Conteúdo convida 
você a olhar, de forma mais apurada, a Educação como processo 
© Historiografi a e Teoria da História 28
de emancipação do ser humano. É importante que você se atente 
às explicações teóricas, práticas e científicas que estão presentes 
nos meios de comunicação, bem como partilhe suas descobertas 
com seus colegas, pois, ao compartilhar com outras pessoas aqui-
lo que você observa, permite-se descobrir algo que ainda não se 
conhece, aprendendo a ver e a notar o que não havia sido perce-
bido antes. Observar é, portanto, uma capacidade que nos impele 
à maturidade.
Você como aluno do curso de Graduação na modalidade EAD 
e futuro profissional da educação, necessita de uma formação con-
ceitual sólida e consistente. Para isso, você contará com a ajuda do 
tutor a distância, do tutor presencial e, sobretudo, da interação 
com seus colegas. Sugerimos, pois, que organize bem o seu tempo 
e realize as atividades nas datas estipuladas. 
É importante, ainda, que você anote as suas reflexões em 
seu caderno ou no Bloco de Anotações, pois, no futuro, elas pode-
rão ser utilizadas na elaboração de sua monografia ou de produ-
ções científicas.
Leia os livros da bibliografia indicada, para que você amplieseus horizontes teóricos. Coteje-os com o material didático, discuta 
a unidade com seus colegas e com o tutor e assista às videoaulas. 
No final de cada unidade, você encontrará algumas questões 
autoavaliativas, que são importantes para a sua análise sobre os 
conteúdos desenvolvidos e para saber se estes foram significativos 
para sua formação. Indague, reflita, conteste e construa resenhas, 
pois esses procedimentos serão importantes para o seu amadure-
cimento intelectual.
Lembre-se de que o segredo do sucesso em um curso na 
modalidade a distância é participar, ou seja, interagir, procurando 
sempre cooperar e colaborar com seus colegas e tutores.
Caso precise de auxílio sobre algum assunto relacionado a 
este Caderno de Referência de Conteúdo, entre em contato com 
seu tutor. Ele estará pronto para ajudar você.
EA
D
Historiografia, Teoria da 
História e Retrospectiva 
Historiográfica
1. OBJETIVOS
• Conhecer e identificar os diferentes conceitos de histo-
riografia.
• Retomar e caracterizar conhecimentos já adquiridos so-
bre historiografia.
2. CONTEÚDOS
• Conceito e tipos de historiografia.
• A produção historiográfica no decorrer dos tempos (a 
partir de Heródoto até Annales e História Nova).
3. ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE
Antes de iniciar o estudo desta unidade, é importante que 
você leia as orientações a seguir:
1
© Historiografi a e Teoria da História 30
1) Leia o Glossário atentamente e tenha sempre em mente 
o Esquema de Conceitos-chave. Isso favorecerá e facili-
tará seu aprendizado e desempenho.
2) Procure ler, ao menos, um livro indicado na bibliografia 
(básica ou complementar). Complemente sua formação.
3) Releia os conteúdos estudados nos Cadernos de Refe-
rência de Conteúdos Metodologia da História I e II. Ao 
recordar o que já assimilou e discutiu, você terá maior 
facilidade em acompanhar as mudanças nos paradigmas 
historiográficos que vêm acontecendo nas últimas déca-
das e que serão apresentados a seguir.
4) Outras definições de historiografia podem ser verifica-
das: historiografia como produto intelectual dos histo-
riadores, como pesquisa histórica e como representação 
do passado são exemplos que podem ser citados. Para 
maiores informações, sugerimos a leitura de LOMBARDI, 
José C. (Org.). Fontes, história e historiografia da educa-
ção. Ponta Grossa: Autores Associados, 2004.
5) O conceito de História Nova não é originário da década 
de 1960. Ele foi cunhado já na fundação dos Annales e 
retomado pelos representantes da terceira geração.
6) Não houve uma história das mentalidades homogênea e 
unificada. Três variantes dessa história podem ser iden-
tificadas: 1) a herdeira dos Annales, em que o estudo 
do mental está associado a totalidades explicativas; 2) 
a marxista, que relaciona o conceito de mentalidade à 
ideologia; 3) aquela que utiliza os microtemas – o modo 
de beijar, de chorar, o louco, a criança etc. –, que descre-
ve e narra épocas e episódios do passado. Para maiores 
esclarecimentos sugerimos a leitura de Vainfas (1997). 
Igualmente, é importante ressaltar que a história das 
mentalidades tanto é encarada como um braço dos An-
nales como herdeira de alguns de seus pressupostos, 
mas não todos.
7) Para saber mais sobre Heródoto e Tucídides, leia MOMI-
GLIANO, Arnaldo. As Raízes Clássicas da Historiografia 
Moderna. Tradução de Maria Beatriz B. Florenzano. Bau-
ru: EDUSC, 2004. (Coleção História).
Claretiano - Centro Universitário
31© U1 - Historiografi a, Teoria da História e Retrospectiva istoriográfi ca
8) Vários autores serão citados no decorrer do conteúdo. 
Para obter maior conhecimento sobre eles, observe as 
informações a seguir e procure pesquisar nos sites indi-
cados.
Busto de Heródoto
Mármore. Cópia romana de original grego do século 4º a.C. 
Aproximadamente Período Imperial. Nápoles, Museo Nazio-
nale (RIBEIRO JR., W. A. Heródoto. Portal Graecia Antiqua, 
São Carlos. Imagem disponível em: <www.greciantiga.org/
arquivo.asp?num=0345>. Acesso em: 27 maio 2009).
Busto de Tucídides 
Mármore. Provavelmente cópia romana de um original 
grego do século 4º a.C. Data: não estabelecida. Inglaterra, 
Norfolk, Holkham Hall (RIBEIRO JR., W. A. O historiador 
Tucídides (-460/-400). Portal Graecia Antiqua, São Carlos. 
Imagem disponível em: <www.greciantiga.org/img/index.
asp?num=0177>. Acesso em: 27 maio 2009).
Políbio 
Políbio (200-115 a.C.), historiador grego que lutou contra a 
dominação romana, foi enviado a Roma como prisioneiro de 
guerra. Lá, passou a admirar aquela cultura e acompanhou 
campanhas militares pela Itália, Gália e Espanha. Também 
testemunhou a destruição de Cartago. Após essas experiên-
cias, narrou, em quarenta livros, 53 anos de conquistas ro-
manas. Suas fontes de pesquisa foram tanto testemunhos 
como documentos. Afi rmou que a história deveria ser prag-
mática, tratar apenas de assuntos políticos e militares e que 
o historiador deve relatar os fatos como eles ocorreram, sem 
comentários ou interpretações, de modo a manter a objeti-
vidade histórica. Escreveu a obra Histórias (imagem e texto 
disponíveis em: <http://www.netsaber.com.br/biografi as/ver_
biografi a_c_2936.html>. Acesso em: 25 maio 2009).
© Historiografi a e Teoria da História 32
Salústio 
Salústio (Caio Salústio Crispo – 86-35 a.C), historiador e 
político latino, foi um dos narradores dos acontecimen-
tos políticos do fi nal do período republicano de Roma e 
considerado, por alguns estudiosos, como o introdutor 
da história fi losófi ca na historiografi a latina. Após uma 
conturbada passagem pela política romana como go-
vernador da Numídia, norte da África, sob a proteção de 
César, dedicou-se somente à atividade de escritor. Suas 
obras mais conhecidas são Conjuração de Catilina (Lúcio 
Sérgio Catilina, tido como um político sem escrúpulos) e 
Vida de Jugurta (rei da Numídia), narrativas históricas de 
fatos acontecidos em Roma (imagem e texto disponíveis em: <http://www.net-
saber.com.br/biografi as/ver_biografi a_c_3108.html>. Acesso em: 25 maio 2009.
Tácito
 
Tácito (Caio Cornélio Tácito – 55-120 d.C. [?]), 
historiador Romano que cumpriu uma vasta carreira 
jurídica, atuando como questor, pretor e cônsul. 
Reconhecido por sua oratória, alcançou prestígio como 
historiador. Relatou a história de imperadores romanos 
desde Tibério até Nero. Escreveu Annales, Histórias, 
Diálogo sobre os oradores e Germânia (em que trata da 
vida e da cultura dos povos germânicos) e alguns outros 
textos (imagem e texto disponíveis em: <http://www.
netsaber.com.br/biografi as/ver_biografi a_c_1095.html>. 
Acesso em: 25 maio 2009).
Cícero 
Cícero (Marco Túlio Cícero – 106 a.C – 43 d.C.) nasceu 
numa antiga família da classe equestre e, chegando à 
maioridade, foi entregue aos cuidados do célebre senador 
e jurista romano Múcio Cévola, que o pôs a par das leis 
e das instituições políticas de Roma. Estudou fi losofi a e 
oratória. Foi questor, edil, pretor e cônsul. Com o primeiro 
Triunvirato e fora da política, voltou às atividades forense 
e literária. Foi exilado na Grécia e voltou de forma quase 
triunfal. Tentou novamente a política, mas sem tanto su-
cesso. Autor das obras: Sobre os Fins, Controvérsias Tus-
culanas, Sobre os Deveres, Os Tópicos, Os Acadêmicos, 
A Natureza dos Deuses, Sobre a Arte Adivinhatória, Sobre 
o Destino, Sobre o Orador, e as mais conhecidas: A Re-
pública, redigida em 51 a.C., e Sobre as Leis (imagem e texto disponíveis em: 
<http://www.pucsp.br/~fi lopuc/verbete/cicero.htm>. Acesso em: 25 maio 2009).
Claretiano - Centro Universitário
33© U1 - Historiografi a, Teoria da História e Retrospectiva istoriográfi ca
Aristóteles 
Aristóteles Mármore pentélico (Monte Pentélico, nordeste de 
Atenas). Cópia romana do original de bronze de Lisipo. Data: 
séc. I / II a.C. Museu do Louvre, Paris (RIBEIRO JR., W. A. O 
fi lósofo Aristóteles (-384/-322). Portal Graecia Antiqua, São 
Carlos. Imagem: disponível em: <www.greciantiga.org/img/
index.asp?num=0348>. Acesso em: 27 maio 2009).
BedaBeda, o Venerável (672-735), representado em um manus-
crito medieval (imagem disponível em: <saxons.etrusia.
co.uk/saxons_kings.php>. Acesso em: 27 maio 2009).
Isidoro de Sevilha
 
Isidoro de Sevilha (560-636). Óleo sobre tela, de autoria de 
Bartolomé Esteban Perez Murillo. Data aproximada: entre 
1632 e 1682 (imagem disponível em: <www.dec.ufcg.edu.
br/biografi as/SaoIsidoS.html>. Acesso em: 27 maio 2009).
Marc Bloch
Marc Bloch (1886-1944) (imagem disponível em: <www.ca-
sadellibro.com>. Acesso em: 25 maio 2009).
© Historiografi a e Teoria da História 34
Lucien Febvre
 
Lucien Febvre (1858-1956) (imagem disponível em: 
<www.culture.fr>. Acesso em: 25 maio 2009). 
Jacques Le Goff
Jacques Le Goff (1924) (imagem disponível em: <www.casa-
dellibro.com/img/autores/LeGoff>. Acesso em: 25 maio 2009).
Emmanuel Le Roy Ladurie
Emmanuel Le Roy Ladurie (1929) (imagem disponível em: 
<http://www.clio.fr/espace_culturel/emmanuel_le_roy_ladu-
rie.asp>. Acesso em: 27 maio 2009).
Michel Vovelle
 
Michel Vovelle (1933) (imagem disponível em: <http://sites.
univ-provence.fr/webtv/cible.php?urlmedia=vovelle_haut>. 
Acesso em: 25 maio 2009).
Claretiano - Centro Universitário
35© U1 - Historiografi a, Teoria da História e Retrospectiva istoriográfi ca
Robert Mandrou
 
Robert Mandrou (1921-1984) (imagem disponível em: 
<http://histoireparis8.canalblog.com/images/mandrou_dou-
ble_portrait.jpg>. Acesso em: 25 maio 2009).
4. INTRODUÇÃO À UNIDADE
“Historiografia”, “pesquisas historiográficas”, “abordagens 
historiográficas” – esse termo e essas expressões lhe são familia-
res, não? Em praticamente todo o material disponibilizado a você 
até o momento e em tantos outros ainda por vir, os conceitos de 
“historiografia” e “historiográfico(a)” tornaram-se e irão se tornar 
lugar comum. Mas você apreendeu o(s) significado(s) desses ter-
mos? Saberia identificar e explicar os tipos de historiografia exis-
tentes? Esses são os propósitos desta unidade: levá-lo a identificar 
e a entender a historiografia e as suas aplicações.
Há, também, outro objetivo a ser alcançado: rever algumas 
questões já estudadas por você. Nos Cadernos de Referência de 
Conteúdos Metodologia da História I e II, você entrou em contato 
com as discussões historiográficas acerca das teorias da História a 
partir de Heródoto até os pós-modernos – estes últimos vistos bre-
vemente. Desse modo, esta unidade tem o intuito de invocar Mne-
mosine, a personificação da memória, para contextualizá-lo dian-
te do que veremos nas próximas unidades. Rememorando, ficará 
mais fácil entender os debates sobre as mudanças nos paradigmas 
da História que vêm ocorrendo nos grandes centros acadêmicos 
nacionais e estrangeiros, essencialmente nas últimas décadas. 
 É importante salientar que veremos apenas alguns ele-
mentos-chave desse processo historiográfico. Esta unidade não 
objetiva retomar todo o conhecimento já adquirido nem mesmo 
© Historiografi a e Teoria da História 36
apresentar um resumo particularmente exato e pontuado de to-
das as transformações da História no decorrer dos tempos. Assim, 
leia atentamente o conteúdo ora apresentado tanto como um 
exercício mnemônico, já salientado, como também um ponto de 
partida para novas leituras e aprofundamento dos elementos em 
discussão. Para mais informações, será pertinente que recorra aos 
Cadernos de Referência de Conteúdos de Metodologia da História 
I e II e a outras bibliografias sugeridas. 
5. O QUE É HISTORIOGRAFIA?
Eis um conceito simples de se explicar: em resumo, historio-
grafia é a escrita da História. Quem dera ser realmente tão sim-
ples. Este é um daqueles momentos em que ditados populares não 
são meros clichês: “a simplicidade é complexa”. O problema reside 
no fato de que escrever a História implica considerar contextos di-
ferentes (do tema, do historiador), ideologias diversas (do histo-
riador, da editora, do público), fontes utilizadas para a pesquisa 
(escritas, orais, iconográficas), questionamentos dirigidos a essas 
fontes, teoria empregada para análise.
 Assim, é interessante que você tenha acesso a distintas 
definições de historiografia, para além daquela já citada. Vejamos 
dois casos!
“A historiografia seria assim a melhor vacina contra a inge-
nuidade” (SILVA; SILVA, 2006, p. 189).
O que apreender de uma assertiva como essa? Se aceitarmos 
que historiografia é o questionamento acerca da produção e da 
escrita da História, sobre o(s) discurso(s) dos historiadores e seus 
métodos, compreenderemos que, se conhecemos o que influencia 
os historiadores em suas escolhas de temas a abordar e na teoria 
a seguir, se conhecemos o resultado de suas pesquisas, se temos 
acesso aos erros e acertos por eles elencados, a ingenuidade não 
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37© U1 - Historiografi a, Teoria da História e Retrospectiva istoriográfi ca
fará parte de nossa profissão. Dito de outro modo, se conhecemos 
o historiador em seu ofício, em seu contexto e a sua produção, não 
há como ficarmos alheios à memória das sociedades. 
Uma última definição, segundo Carbonell (1987, p. 6):
O que é historiografia? Nada mais que a história do discurso – um 
discurso escrito e que se afirma verdadeiro – que os homens têm 
sustentado sobre seu passado. É que a historiografia é o melhor 
testemunho que podemos ter sobre as culturas desaparecidas, in-
clusive sobre a nossa – supondo que ela ainda existe e que a semi-
-amnésia de que parece ferida não é reveladora da morte. Nunca 
uma sociedade se revela tão bem como quando projeta para trás 
de si a sua própria imagem. 
Vamos refletir juntos sobre essa definição? Inicialmente, to-
memos a frase “nada mais que a história do discurso”, ou seja, his-
toriografia é o estudo de tudo o que já foi dito sobre um tema em 
diferentes modos, lugares e tempos. Depois, “um discurso escrito 
e que se afirma verdadeiro”, ou seja, o que foi dito deve ser con-
siderado como discurso digno de ser acatado. E, por fim, “nunca 
uma sociedade se revela tão bem como quando projeta para trás 
de si a sua própria imagem”. Em outras palavras, como não temos 
como nos desvencilhar totalmente de nossas ideologias, de nossos 
conceitos, das marcas de nosso tempo, sempre que apresentamos 
o resultado de uma pesquisa histórica, a marca de nossa época fica 
evidenciada. Resumindo, a historiografia é o produto de uma era, 
é uma construção histórica. 
Como se pode observar, trata-se de um conceito polissêmi-
co. Mas, para além do conceito, igualmente devemos considerar 
que a historiografia depende de dois elementos: da formulação de 
um problema e das fontes disponíveis. Ao levantar essas questões, 
Blanke (2006) estudou a história da historiografia e apontou dez 
tipos e três funções, conforme você pode verificar nos Quadros 1 
e 2. O autor adverte: “Os tipos que (re)construí, no entanto, pos-
suem um alcance mais amplo do que os exemplos dos quais eles 
são uma abstração” (BLANKE, 2006, p. 29). 
© Historiografi a e Teoria da História 38
Quadro1 Tipos de historiografia. 
Os tipos de história da historiografia
1) História dos historiadores Pesquisas que abordam a vida e a obra de um historiador.
2) História das obras Pesquisas sobre um gênero literário (qual o estilo literário da obra).
3) Balanço geral Pesquisas que classificam os historiadores em campos específicos.
4) História da disciplina Pesquisas sobre conferências e trabalhos de instituições históricas.
5) História dos métodos Pesquisa sobre os métodos históricos.
6) História das ideias históricas Pesquisa sobre as tendências da história intelectual.
7) História dos problemas
Pesquisa sobre a história das subdisciplinas 
(Antiga, Medieval...), da relação entre a 
História e outras Ciências Sociais etc.
8) História das funções do pensamento 
histórico
Pesquisa sobre as funções sociais da 
historiografia.
9) História social dos historiadores Pesquisa da historiografia como história social.
10) História da historiografia 
teoricamente orientada
Pesquisa sobre o desenvolvimentoda 
disciplina no interior de sua reflexão 
metateórica.
Fonte: BLANKE in MALERBA, 2006.
 
Quadro2 Funções da História.
As funções da história da historiografia
Função afirmativa Afirmar uma ideologia oficial.
Função crítica Críticas aos princípios ideológicos, visões de mundo, modelos tradicionais etc.
Função exemplar Oferecer material para a reflexão teórica (servir de exemplo).
Fonte: BLANKE in MALERBA, 2006.
Esses tipos e funções não serão sistematicamente analisados 
aqui. Porém, explicitá-los ajuda-nos a observar e a confirmar que a 
historiografia é mais do que a escrita da história: é a compreensão 
de todo o contexto que envolve essa escrita. 
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39© U1 - Historiografi a, Teoria da História e Retrospectiva istoriográfi ca
Nesta conjuntura, podemos iniciar nossa compreensão do 
que é Teoria da História. Alguns a leem mesmo como historiogra-
fia, como debate historiográfico, e muitos outros, como metodo-
logia. Igualmente, é entendida como qualquer atividade reflexiva 
do historiador. Desse modo, os conceitos de historiografia e teoria 
da História são justapostos. A historiografia, enquanto escrita da 
História, apresenta-nos concepções diferenciadas do passado de 
acordo com as teorias norteadoras do ofício do historiador, a sa-
ber: o marxismo, a nova história, a micro-história etc. 
Agora que já refletiu sobre os conceitos de historiografia, Te-
oria da História e possibilidades historiográficas, que tal iniciarmos 
nossa retrospectiva? Vamos lá!
6. A HISTORIOGRAFIA NA ANTIGUIDADE 
Antes de adentrar na produção de Heródoto e Tucídides, é 
importante entendermos o contexto no qual a escrita da História 
nasceu: aquele da oralidade e, também, da mitologia. 
Para o Grego das épocas arcaica e clássica, a palavra repre-
sentava o poder por excelência. Vejamos o que o helenista Jean-
-Pierre Vernant tem a dizer a esse respeito (o termo “Grego” é uti-
lizado aqui em maiúsculo não só para caracterizar os habitantes da 
Grécia, mas igualmente compreendendo-o como uma categoria 
que inclui homens e mulheres, crianças, jovens e adultos, todos 
incluídos dentro de um contexto social e cultural maior):
O que implica o sistema da polis é primeiramente uma extraordiná-
ria proeminência da palavra sobre todos os outros instrumentos de 
poder... A palavra não é mais o termo ritual, a fórmula justa, mas 
o debate contraditório, a discussão, a argumentação (VERNANT, 
1996, p. 34). 
Com base nessa assertiva, observamos que o logos ocupava um 
lugar central nessa época da nascente razão. Mas não nos engane-
mos: logos e mythos não eram totalmente excludentes, nem mesmo 
contraditórios. A razão, representada pelo logos, nasce do mythos. 
© Historiografi a e Teoria da História 40
Mas como esse logos foi utilizado e compreendido no cerne 
da primeira História? Essa nova maneira de se narrar os aconteci-
mentos se distanciou de forma definitiva do mito?
Observemos, então, as diferenças e as similitudes entre os 
dois historiadores, que, desde a Antiguidade, estão no centro da 
discussão que tenta decidir quem é o “pai da História”.
Heródoto: ouvir, ver e escrever
Ouvir, ver e escrever. Não se trata de um ordenamento alea-
tório de verbos. Os dois primeiros podem até se alternar, porém, 
escrever vem depois. Esta era a prática de Heródoto (484-420 a.C): 
colher testemunhos (essencialmente história oral, embora tenha 
tido acesso a alguns documentos), observar regiões, pessoas, fatos 
e, posteriormente, narrá-los. Em sua obra História (2,9), ele afir-
mou: “Até aqui disse o que vi, refleti e averiguei por mim mesmo, 
a partir de agora direi o que contam os egípcios, como ouvi, ainda 
que acrescente algo do que vi” (HERÓDOTO, 1998, p. 152).
 Heródoto procurou registrar a tradição, feitos e fatos que, 
em seu entendimento, não deveriam ser esquecidos – a lembran-
ça e o conhecimento do passado como forma de reforçar a iden-
tidade dos helenos. Em sua escrita, utilizou-se do termo “logos” 
no sentido de relato, de conhecimento, de razão; tudo isso repor-
tando-se a opiniões contrastantes que nem sempre puderam ser 
comprovadas (o que se ouviu, mas não se viu). A obra História, 
nesse contexto, procura estabelecer as causas da guerra entre gre-
gos e persas apresentando uma escrita que, embora ainda traga 
elementos mitológicos, traz como novidade o relato do ocorrido, 
de fatos concretos, de feitos de homens, e não histórias mitológi-
cas, feitos heroicos e/ou divinos, de um mundo abstrato.
 Por essa inovação, Heródoto foi considerado o “pai da Histó-
ria” já na Antiguidade, título atribuído a ele por Marco Túlio Cícero 
(106-43 a.C.) em De Legibus – Das Leis, (1,1,5). Porém, apenas nos 
tempos modernos, tal honraria estabeleceu-se definitivamente.
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Tucídides: a busca da verdade do que se vê
Segundo Detienne (1998, p. 105), “O ouvido é infiel e a boca 
é sua cúmplice. Frágil, a memória é igualmente enganadora: ela 
seleciona, interpreta, reconstrói”. 
Tomamos por empréstimo essas palavras do helenista Mar-
cel Detienne por acreditarmos que ela representa bem a repulsa 
de Tucídides em relação à escrita de Heródoto. Diferentemente 
deste, Tucídides preocupou-se com as causas imediatas. Atentou-
-se para o presente, narrou o que viu, acreditava no que estava 
diante dos olhos. O passado, para ele, mostrava-se como boatos: 
fulano disse que ouviu de sicrano o ocorrido com beltrano na terra 
de alguém. Para o autor de Guerra do Peloponeso, memória sem 
provas não é História. 
Por que devo vos falar de acontecimentos muito antigos quando 
estes são atestados antes por boatos que circulam (akoaí) do que 
pelo que se viu com seu olhos aqueles que nos ouvem (TUCÍDIDES, 
I, 73, 2).
Resumindo, algumas das principais diferenças entre Heródo-
to e Tucídides são: o primeiro privilegia o resgate da tradição, e 
o segundo, o registro do presente com o pensamento focado no 
futuro; Heródoto é considerado mais romântico, enquanto Tucídi-
des, mais realista. As diferenças também podem ser observadas na 
escolha das fontes: o primeiro elege as fontes orais, e o segundo, 
não vendo credibilidade nestas, descarta-as. 
Outros nomes podem e devem ser citados para esse período 
da historiografia: Aristóteles, Políbio, Salústio, Tácito e Cícero.
Vale ressaltar aqui a diferença estabelecida por Aristóteles 
entre História e poesia. Reproduziremos, a seguir, uma das mais 
famosas passagens desse autor em que esclarece este binômio 
contrário: 
Não é ofício de poeta narrar o que aconteceu; é, sim, o de repre-
sentar o que poderia acontecer, quer dizer: o que é possível segun-
do a verossimilhança e a necessidade. Com efeito, não diferem o 
historiador e o poeta por escreverem verso ou prosa (...) – diferem, 
sim, em que diz um as coisas que sucederam, e outro as que pode-
© Historiografi a e Teoria da História 42
riam suceder. Por isso, a poesia é algo de mais filosófico e mais sério 
do que a História, pois prefere aquele principalmente o universal, e 
esta o particular (ARISTÓTELES. 2003, 9, 50).
De forma bem esclarecedora, assim Funari e Silva (2008, p. 
23) se expressam acerca desta afirmação: 
Aristóteles aponta como característica essencial da História sua 
preocupação com o efêmero, com o acontecimento que não se 
pode repetir e que, por isso mesmo, nada nos pode ensinar sobre a 
natureza humana ou mesmo do mundo. O particular, por definição, 
nada revela. 
É bom e temeroso poder discordar de alguém como Aristó-
teles. Mas o desenvolvimento da História como disciplina e como 
teoria veio nos mostrar que o particular diz muito sobre homens e 
sobre o mundo, assim como sobre os homens no mundo.
7. A HISTORIOGRAFIA NO MEDIEVO
A Historiografia no Medievo está intrinsecamente ligada ao 
Cristianismo. Basta lembrar, com o auxílio dos Cadernos de Refe-
rência de Conteúdos História Medieval I e II, que, durante muito 
tempo, a Igreja foi a detentora do saber.Nesse período, os ho-
mens, suas obras e os acontecimentos só ganhavam importância 
se vistos como resultados dos desígnios divinos. 
 Essa historiografia produziu genealogias, anais (reais e mo-
násticos) e cronologias de acontecimentos sucedidos nos reinados 
dos seus senhoris ou da sucessão de abades. Nos documentos, en-
contramos, igualmente, hagiografias e biografias de reis. Os textos 
ainda podiam exaltar uma dinastia como condenar aqueles que 
não seguiam os preceitos do Cristianismo. 
 A escrita dessas fontes estava sob a responsabilidade de 
hagiógrafos, cronistas, integrantes do clero episcopal ligados ao 
poder e por monges. Como exemplo dessa historiografia, citamos: 
História Eclesiástica do Povo Inglês, do século 8, de autoria de 
Beda, o Venerável, e Etimologias, de Isidoro de Sevilha.
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8. A HISTORIOGRAFIA NOS SÉCULOS 18 E 19
É contraproducente unir as historiografias dos séculos 18 e 19 
num mesmo tópico. Pode parecer que as continuidades e permanên-
cias são superiores às descontinuidades e rupturas no interior da es-
crita da História. No entanto, essa junção aqui realizada justifica-se por 
dois motivos: primeiro, não é a passagem de um século para o outro 
(temporalmente falando) que modifica as estruturas e, em segundo 
lugar, porque o século 19 pode ser entendido como um momento de 
concreção e reação ao que foi divulgado no século precedente.
Observe os tópicos a seguir:
1) Avanço do Iluminismo → Nova roupagem das Universi-
dades → Surgimento da Filologia.
2) Filologia Histórica: conhecimento mais rigoroso e aprofun-
dado das línguas antigas → conhecimento das fontes mais 
objetivo.
3) Conhecimento mais objetivo do passado → início do 
positivismo historiográfico: crítica textual que visava sa-
ber se os documentos eram verdadeiros e fidedignos: 
descrição factual precisa. A História, desse modo, surge 
como um conjunto de fatos que existem nos documen-
tos. Basta extraí-los. Há um rompimento com a escrita 
da História de tradição literária (fácil de ler) rumo a um 
discurso árido e douto. Seus principais representantes: 
Barthold Georg Niebuhr e Leopold Von Ranke.
4) Revue Historique (1876) – surgimento da Escola Metódi-
ca: autores associados a essa escola estavam preocupa-
dos com a escrita da história nacional e o estabelecimen-
to da identidade da nação. Para tanto, exigiu-se um rigor 
metódico, o afastamento da parcialidade, da especulação 
e da não objetividade para se contar como a história re-
almente aconteceu. Dois de seus representantes são: Ga-
briel Monod e Gustave C. Fagniez. Veja informações com-
plementares sobre a Revue Historique no quadro a seguir.
5) Karl Marx e a concepção dialética da História: a história 
de toda sociedade é a história da luta de classes; a revo-
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lução é a força motriz da História. A vida social, política e 
intelectual é condicionada ao modo de produção da vida 
material (materialismo).
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Informações complementares sobre a Revue Historique ––––
Em 1870, ocorreu a derrota do exército francês na guerra franco-prussiana. 
Com essa derrota, a França sentiu a necessidade de reescrever sua história 
e de construir sua identidade. O pensamento histórico alemão teve grande 
infl uência nesse contexto. Dentre os autores mais conhecidos desse período, 
citamos: Gabriel Monod, Charles Seignobos e Ernest Lavisse. Todos eles, ao 
lado de Theodor Mommsen, serviram de modelo e inspiração para as gerações 
posteriores de historiadores franceses.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
9. O SÉCULO 20 E OS ANNALES
Segundo Burke (1991, p. 127):
Da produção intelectual, no campo da historiografia, no século XX, 
uma importante parcela do que existe de mais inovador, notável e sig-
nificativo origina-se da França. A historiografia jamais será a mesma.
É assim que Peter Burke inicia e finaliza o seu livro A Revolu-
ção Francesa da Historiografia: a Escola dos Annales, 1929-1989, 
em que descreve e analisa as três gerações do movimento inte-
lectual francês associadas à revista Annales (o primeiro título da 
revista foi Annales d’histoire économique et sociale [1929]), que 
teve como seus principais representantes Marc Bloch, Lucien Fe-
bvre, Fernand Braudel, Georges Duby, Jacques Le Goff, Emmanuel 
Le Roy Ladurie, Ernest Labrousse, Pierre Vilar, Maurice Agulhon, 
Michel Vovelle, entre tantos outros.
 A última assertiva da citação anterior não é fortuita ou 
mero chavão. Reflete bem a prática historiográfica dos membros 
dos Annales, que objetivaram suprir a tradicional narrativa de 
acontecimentos por uma história-problema, como também deixar 
de fazer apenas a história política e abordar a história de todas as 
atividades humanas e, por fim, estabelecer uma relação profícua 
com outras disciplinas das Ciências Sociais, como a Antropologia, 
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45© U1 - Historiografi a, Teoria da História e Retrospectiva istoriográfi ca
a Sociologia, a Geografia etc. As massas anônimas e seus modos 
de viver, sentir e pensar foram analisados nesse contexto de in-
terdisciplinaridade. No entanto, vale ressaltar que essa escola não 
formou um grupo monolítico, executando uma historiografia uni-
forme. Bem pelo contrário. As diferenças podem ser observadas 
no interior das três fases (ou gerações) desta escola: 
1ª geração de 1920 a 1945
História enquanto ciência do homem: há uma separação en-
tre os conceitos de História e passado. O que se procura entender 
é a história do passado e não o passado em si, que é compreendi-
do como uma construção histórica. Seus maiores representantes 
foram Marc Bloch e Lucien Febvre.
2ª geração de 1945 a 1968
O que se aspirava era uma prática histórica mais aberta, ou 
seja, que abordasse os campos social, econômico, cultural, geográ-
fico e religioso, em suas diferentes temporalidades e diversas pers-
pectivas. Dito de outro modo: aspirou-se por uma história total. 
Fernand Braudel representa exemplarmente essa geração.
3ª geração de 1968... 
Fase também conhecida por História Nova ou Nova Histó-
ria. Essa geração particularmente nos interessa, pois os questiona-
mentos apresentados no decorrer deste Caderno de Referência de 
Conteúdo são oferecidos a nós pelos integrantes desse grupo ou 
por estudiosos que questionaram os paradigmas da história a par-
tir das discussões desse grupo. Por esse motivo, um item separado 
abordará o tema.
10. A NOVA HISTÓRIA
Três processos caracterizam a terceira geração: a assimilação 
definitiva de novos problemas, novas abordagens e novos objetos. 
© Historiografi a e Teoria da História 46
Temas como mulher, sexualidade, prisão, doença, sonho, corpo 
e morte são estudados não somente sob a luz da História, mas 
igualmente na sua relação com a Antropologia, a Psicologia e a 
Sociologia. 
 Ocorre um distanciamento acentuado em relação à histó-
ria política tradicional. A questão da unidade do objeto e a possi-
bilidade concreta de uma história total também foram deslocadas. 
Não existe mais o homem, mas os homens, e não mais história, 
mas histórias.
 Então, a atenção voltou-se para o sótão, deixando-se o po-
rão (o material) para trás, ou seja, as mentalidades ressurgiram 
com nova roupagem nos estudos históricos acadêmicos. Philip-
pe Ariès foi, talvez, o maior responsável por esse retorno; Robert 
Mandrou, pela divulgação; e Jacques Le Goff, Georges Duby, Em-
manuel Le Roy Ladurie e Michel Vovelle, pela aplicação dos estu-
dos das mentalidades.
De acordo com Chartier (1990, p. 14-15):
[...] as atitudes perante a vida e a morte, as crenças e os compor-
tamentos religiosos, os sistemas de parentesco e as relações fa-
miliares, os rituais, as formas de sociabilidade, as modalidades de 
funcionamento escolar etc [...] Sob a designação de história das 
mentalidades ou de psicologia histórica delimitava-se um novo 
campo

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