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#LEGIS VIALLI, Igor. Lei de drogas (N. 11.343/06). Fortaleza: Ouse Saber, 2020. (Legis. V. 13) Lei de drogas. drogas. ISBN:– 978-65-86950-04-5. Lei de Drogas (n. 11.343/06) Igor Henrique Vialli Graduado em Direito pelo Centro Universitário Curitiba | Delegado de Polícia Civil do Distrito Federal Especialista em Direito Penal e Processual Penal E-mail: igorhevi@gmail.com #LEGIS Proposta do Legis A Coleção Legis tem como objetivo primordial preparar candidatos para os principais concur- sos públicos do país. Pela experiência adquirida ao longo dos anos estudando e lecionando para concursos públicos, bem como conversando com centenas e centenas de alunos aprovados, a conclusão a que cheguei é que, cada dia mais, torna-se indispensável para a aprovação em concursos, principalmente, na prova objetiva, o conhecimento adequado da legislação. Estudar a lei em sua literalidade, todavia, é algo árido e, normalmente, pouco estimulante. Para vencer essa dificuldade, o Ouse Saber idealizou o Legis, a sua melhor maneira de estudar a legislação. No Legis, a estrela é a “letra da lei”, mas um super time de Professores, com larga experiência na preparação para concursos, destaca os pontos mais importantes da legislação, além de fazer comentários rápidos e ob- jetivos, apontar jurisprudência relevante sobre os temas e garantir questões para treinamento do conteú- do estudado. Tudo isso em um material de leitura agradável, com espaços para anotações e organização do estudo da lei em formato de plano dividido por dias. É realmente tudo que você precisa para aprender a legislação da forma mais rápida e agra- dável possível. Bons estudos e Ouse Saber! Filippe Augusto Defensor Público Federal Mestre e Doutor em Direito Coordenador do Legis 4 #LEGIS Sumário Plano de Leitura da Lei: Dia 01........................................................................... Dos Arts. 1º ao 26-A. Dia 02.............................................................................. Dos Arts. 27 ao 47. Dia 03.............................................................................. Dos Arts. 48 ao 75. 14 #LEGIS 1 DIA 1 Disciplina: Legislação Criminal Extra- vagante - Lei n. 11.343/06 Responsável: Prof. Igor Vialli Dia 01: Do Art. 1º ao 26-A. Estudado Revisão 1 Revisão 2 Revisão 3 PREÂMBULO Institui o Sistema Nacional de Políticas Públi- cas sobre Drogas - Sisnad; prescreve medidas para prevenção do uso indevido, atenção e reinserção social de usuários e dependentes de drogas; esta- belece normas para repressão à produção não au- torizada e ao tráfico ilícito de drogas; define crimes e dá outras providências. Comentários: A Lei n. 11.343/06 foi inserida em nosso ordenamento jurídico para substituir a anti- ga Lei n. 6.368/76 e implementou uma decisão po- lítico-criminal distinta de combate ao tráfico ilícito de drogas. O objetivo da nova lei, em síntese, foi criar o Sistema Nacional de Políticas Públicas so- bre Drogas (SISNAD), tratar o uso de drogas como questão de saúde pública que demanda, antes de repressão criminal, uma intervenção estatal positi- va para tratamento e reinserção do usuário, e, por fim, recrudescer as penalidades para o traficante de drogas. TÍTULO I DISPOSIÇÕES PRELIMINARES Art. 1º Esta Lei institui o Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas - Sisnad; pres- creve medidas para prevenção do uso indevido, atenção e reinserção social de usuários e depen- dentes de drogas; estabelece normas para re- pressão à produção não autorizada e ao tráfico ilícito de drogas e define crimes. Parágrafo único. Para fins desta Lei, conside- ram-se como drogas as substâncias ou os produ- tos capazes de causar dependência, assim especifi- cados em lei ou relacionados em listas atualizadas periodicamente pelo Poder Executivo da União. Aprofundando: A Lei n. 11.343/06 é clássico exem- plo da chamada “norma penal em branco”, assim entendidas aquelas normas cujo preceito primário (descrição da conduta abstrata incriminada pelo ordenamento jurídico) é incompleto e precisa de um complemento de outra norma, uma vez que a Lei trata sobre “Drogas”, mas não traz sua defi- nição legal. Coube à Portaria SVS – MS – 344/98, da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitá- ria), trazer lista exaustiva de substâncias que são consideradas “drogas”. Trata-se, pois, de espécie de norma penal em branco “heterogênea”, tendo em vista que o complemento da norma penal é oriundo de fonte normativa diversa daquela que a editou. Por exemplo, a “maconha” é considerada droga porque é produzida a partir da planta “Can- nabis Sativa”, cujo principal composto é o tetrai- drocanabinol, previsto no item 28 da Lista F2 da referida Portaria como “substância psicotrópica”. Art. 2º Ficam proibidas, em todo o território nacional, as drogas, bem como o plantio, a cultu- ra, a colheita e a exploração de vegetais e substra- tos dos quais possam ser extraídas ou produzidas drogas, ressalvada a hipótese de autorização legal ou regulamentar, bem como o que estabe- lece a Convenção de Viena, das Nações Unidas, sobre Substâncias Psicotrópicas, de 1971, a res- peito de plantas de uso estritamente ritualísti- co-religioso. Parágrafo único. Pode a União autorizar o plantio, a cultura e a colheita dos vegetais referi- dos no caput deste artigo, exclusivamente para fins medicinais ou científicos, em local e prazo predeterminados, mediante fiscalização, respei- tadas as ressalvas supramencionadas. Comentários: A autorização para a cultura de plantas psicotrópicas será concedida pelo órgão competente do Ministério da Saúde, atendendo exclusivamente a finalidades terapêuticas e cien- tíficas – art. 2º, parágrafo único, Lei n. 8.257/91). Anotações gerais: #LEGIS 2 TÍTULO II DO SISTEMA NACIONAL DE POLÍTICAS PÚBLICAS SOBRE DROGAS Art. 3º O Sisnad tem a finalidade de articu- lar, integrar, organizar e coordenar as atividades relacionadas com: I - a prevenção do uso indevido, a atenção e a reinserção social de usuários e depen- dentes de drogas; II - a repressão da produção não autoriza- da e do tráfico ilícito de drogas. § 1º Entende-se por Sisnad o conjunto or- denado de princípios, regras, critérios e recursos materiais e humanos que envol- vem as políticas, planos, programas, ações e projetos sobre drogas, incluindo-se nele, por adesão, os Sistemas de Políticas Pú- blicas sobre Drogas dos Estados, Distrito Federal e Municípios. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) § 2º O Sisnad atuará em articulação com o Sistema Único de Saúde - SUS, e com o Sistema Único de Assistência Social – SUAS. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) Anotações gerais sobre os artigos anteriores: CAPÍTULO I DOS PRINCÍPIOS E DOS OBJETIVOS DO SISTEMA NACIONAL DE POLÍTICAS PÚBLICAS SOBRE DROGAS Art. 4º São princípios do Sisnad: I - o respeito aos direitos fundamentais da pessoa humana, especialmente quanto à sua autonomia e à sua liberdade; II - o respeito à diversidade e às especifici- dades populacionais existentes; III - a promoção dos valores éticos, culturais e de cidadania do povo brasileiro, reconhe- cendo-os como fatores de proteção para o uso indevido de drogas e outros comporta- mentos correlacionados; IV - a promoção de consensos nacionais, de ampla participação social, para o estabele- cimento dos fundamentos e estratégias do Sisnad; V - a promoção da responsabilidade com- partilhada entre Estado e Sociedade, re- conhecendo a importância da participação social nas atividades do Sisnad; VI - o reconhecimento da intersetorialida- de dos fatores correlacionados com o uso indevido de drogas, com a sua produção não autorizada e o seu tráfico ilícito; VII - a integração das estratégias nacionais e internacionais de prevenção do uso inde- vido, atenção e reinserção social de usuá- rios e dependentes de drogas e de repres- são à sua produção não autorizada e ao seu tráfico ilícito; VIII - a articulação com os órgãos do Minis- tério Público e dos Poderes Legislativoe Judiciário visando à cooperação mútua nas atividades do Sisnad; IX - a adoção de abordagem multidiscipli- nar que reconheça a interdependência e a natureza complementar das atividades de prevenção do uso indevido, atenção e rein- serção social de usuários e dependentes de drogas, repressão da produção não autori- zada e do tráfico ilícito de drogas; X - a observância do equilíbrio entre as atividades de prevenção do uso indevido, atenção e reinserção social de usuários e dependentes de drogas e de repressão à 32 #LEGIS 3 sua produção não autorizada e ao seu tráfi- co ilícito, visando a garantir a estabilidade e o bem-estar social; XI - a observância às orientações e normas emanadas do Conselho Nacional Antidro- gas - Conad. Art. 5º O Sisnad tem os seguintes objeti- vos: I - contribuir para a inclusão social do cida- dão, visando a torná-lo menos vulnerável a assumir comportamentos de risco para o uso indevido de drogas, seu tráfico ilícito e outros comportamentos correlacionados; II - promover a construção e a socialização do conhecimento sobre drogas no país; III - promover a integração entre as políti- cas de prevenção do uso indevido, atenção e reinserção social de usuários e depen- dentes de drogas e de repressão à sua pro- dução não autorizada e ao tráfico ilícito e as políticas públicas setoriais dos órgãos do Poder Executivo da União, Distrito Fede- ral, Estados e Municípios; IV - assegurar as condições para a coorde- nação, a integração e a articulação das ati- vidades de que trata o art. 3º desta Lei. Comentários: Embora de extrema raridade em cobrança de provas, cuidado para não confundir os princípios do SISNAD com seus objetivos. Os objetivos, lembrem-se, estão sempre previstos em VERBOS IMPERATIVOS, tal como ocorre com a Constituição Federal (art. 3º, CF). Anotações gerais sobre os artigos anteriores: CAPÍTULO II (Redação dada pela Lei nº 13.840, de 2019) DO SISTEMA NACIONAL DE POLÍTICAS PÚBLICAS SOBRE DROGAS Seção I (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) Da Composição do Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas Art. 6º (VETADO) Art. 7º A organização do Sisnad assegura a orientação central e a execução descentralizada das atividades realizadas em seu âmbito, nas es- feras federal, distrital, estadual e municipal e se constitui matéria definida no regulamento desta Lei. Art. 7º-A. (VETADO).(Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) Art. 8º(VETADO) Seção II (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) Das Competências Art. 8º-A. Compete à União: (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) I - formular e coordenar a execução da Política Nacional sobre Drogas; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) II - elaborar o Plano Nacional de Políticas sobre Drogas, em parceria com Estados, Distrito Federal, Municípios e a sociedade; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) III - coordenar o Sisnad; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) IV - estabelecer diretrizes sobre a organi- zação e funcionamento do Sisnad e suas normas de referência; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) V - elaborar objetivos, ações estratégicas, metas, prioridades, indicadores e definir #LEGIS 4 formas de financiamento e gestão das po- líticas sobre drogas; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) VI – (VETADO); (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) VII – (VETADO); (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) VIII - promover a integração das políticas sobre drogas com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) IX - financiar, com Estados, Distrito Fede- ral e Municípios, a execução das políticas sobre drogas, observadas as obrigações dos integrantes do Sisnad; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) X - estabelecer formas de colaboração com Estados, Distrito Federal e Municípios para a execução das políticas sobre drogas; (In- cluído pela Lei nº 13.840, de 2019) XI - garantir publicidade de dados e infor- mações sobre repasses de recursos para financiamento das políticas sobre dro- gas; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) XII - sistematizar e divulgar os dados es- tatísticos nacionais de prevenção, trata- mento, acolhimento, reinserção social e econômica e repressão ao tráfico ilícito de drogas; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) XIII - adotar medidas de enfretamento aos crimes transfronteiriços; e (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) XIV - estabelecer uma política nacional de controle de fronteiras, visando a coibir o ingresso de drogas no País. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) Art. 8º-B . (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) Art. 8º-C. (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) Comentários: Toda essa parte “administrativa” da Lei de Drogas possui ínfima (praticamente nula) incidência em provas de carreiras jurídicas, sendo geralmente cobrada em áreas de apoio e de saúde. Portanto, uma mera leitura seca de tais dispositivos é mais do que suficiente. CAPÍTULO II-A (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) DA FORMULAÇÃO DAS POLÍTICAS SOBRE DROGAS Seção I (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) Do Plano Nacional de Políticas sobre Drogas Art. 8º-D. São objetivos do Plano Nacio- nal de Políticas sobre Drogas, dentre outros: (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) I - promover a interdisciplinaridade e integração dos programas, ações, ativi- dades e projetos dos órgãos e entidades públicas e privadas nas áreas de saúde, educação, trabalho, assistência social, previdência social, habitação, cultura, desporto e lazer, visando à prevenção do uso de drogas, atenção e reinserção social dos usuários ou dependentes de drogas; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) II - viabilizar a ampla participação social na formulação, implementação e avalia- ção das políticas sobre drogas; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) III - priorizar programas, ações, atividades e projetos articulados com os estabeleci- mentos de ensino, com a sociedade e com a família para a prevenção do uso de dro- gas; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) IV - ampliar as alternativas de inserção social e econômica do usuário ou de- pendente de drogas, promovendo pro- gramas que priorizem a melhoria de sua escolarização e a qualificação profissio- nal; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) V - promover o acesso do usuário ou de- pendente de drogas a todos os serviços públicos; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) Comentários: Percebam todo o esforço legisla- tivo realizado para mudar o enfrentamento da questão do usuário de drogas, tratando-o como indivíduo a ser recuperado e reinserido na socie- dade - e não meramente criminalizado -. 54 #LEGIS 5 VI - estabelecer diretrizes para garantir a efe- tividade dos programas, ações e projetos das políticas sobre drogas; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) VII - fomentar a criação de serviço de aten- dimento telefônico com orientações e in- formações para apoio aos usuários ou de- pendentes de drogas; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) VIII - articular programas, ações e projetos de incentivo ao emprego, renda e capacitação para o trabalho, com objetivo de promover a inserção profissional da pessoa que haja cumprido o plano individual de atendimen- to nas fases de tratamento ou acolhimento; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) IX - promover formas coletivas de organiza- ção para o trabalho, redes de economia so- lidária e o cooperativismo, como forma de promover autonomia ao usuário ou depen- dente de drogas egresso de tratamento ou acolhimento, observando-se as especifici- dades regionais; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) X - propor a formulação de políticas públicas que conduzam à efetivação das diretrizes e princípios previstos no art. 22; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) XI - articular as instâncias de saúde, assis- tência social e de justiça no enfrentamento ao abuso de drogas; e (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) XII - promover estudos e avaliação dos resul- tados das políticassobre drogas. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) § 1º O plano de que trata o caput terá dura- ção de 5 (cinco) anos a contar de sua apro- vação. § 2º O poder público deverá dar a mais am- pla divulgação ao conteúdo do Plano Nacio- nal de Políticas sobre Drogas. Seção II (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) Dos Conselhos de Políticas sobre Drogas Art. 8º-E. Os conselhos de políticas sobre drogas, constituídos por Estados, Distrito Federal e Municípios, terão os seguintes objetivos: (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) I - auxiliar na elaboração de políticas sobre drogas; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) II - colaborar com os órgãos governamentais no planejamento e na execução das políti- cas sobre drogas, visando à efetividade das políticas sobre drogas; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) III - propor a celebração de instrumentos de cooperação, visando à elaboração de pro- gramas, ações, atividades e projetos volta- dos à prevenção, tratamento, acolhimento, reinserção social e econômica e repressão ao tráfico ilícito de drogas; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) IV - promover a realização de estudos, com o objetivo de subsidiar o planejamento das políticas sobre drogas; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) V - propor políticas públicas que permitam a integração e a participação do usuário ou dependente de drogas no processo social, econômico, político e cultural no respectivo ente federado; e (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) VI - desenvolver outras atividades relacio- nadas às políticas sobre drogas em conso- nância com o Sisnad e com os respectivos planos. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) Seção III (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) Dos Membros dos Conselhos de Políticas sobre Drogas Art. 8º-F. (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) Anotações gerais sobre os artigos anteriores: #LEGIS 6 CAPÍTULO III (VETADO) Art. 9º (VETADO) Art. 10. (VETADO) Art. 11. (VETADO) Art. 12. (VETADO) Art. 13. (VETADO) Art. 14. (VETADO) CAPÍTULO IV (Redação dada pela Lei nº 13.840, de 2019) DO ACOMPANHAMENTO E DA AVALIAÇÃO DAS POLÍTICAS SOBRE DROGAS Art. 15. (VETADO) Art. 16. As instituições com atuação nas áreas da atenção à saúde e da assistência social que atendam usuários ou dependentes de dro- gas devem comunicar ao órgão competente do respectivo sistema municipal de saúde os casos atendidos e os óbitos ocorridos, preservando a identidade das pessoas, conforme orientações emanadas da União. Art. 17. Os dados estatísticos nacionais de repressão ao tráfico ilícito de drogas integrarão sistema de informações do Poder Executivo. TÍTULO III DAS ATIVIDADES DE PREVENÇÃO DO USO INDEVIDO, ATENÇÃO E REINSERÇÃO SOCIAL DE USUÁRIOS E DEPENDENTES DE DROGAS CAPÍTULO I DA PREVENÇÃO Seção I (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) Das Diretrizes Art. 18. Constituem atividades de pre- venção do uso indevido de drogas, para efeito desta Lei, aquelas direcionadas para a redução dos fatores de vulnerabilidade e risco e para a promoção e o fortalecimento dos fatores de proteção. Art. 19. As atividades de prevenção do uso indevido de drogas devem observar os seguintes princípios e diretrizes: I - o reconhecimento do uso indevido de drogas como fator de interferência na qua- lidade de vida do indivíduo e na sua relação com a comunidade à qual pertence; II - a adoção de conceitos objetivos e de fundamentação científica como forma de orientar as ações dos serviços públicos co- munitários e privados e de evitar precon- ceitos e estigmatização das pessoas e dos serviços que as atendam; III - o fortalecimento da autonomia e da responsabilidade individual em relação ao uso indevido de drogas; IV - o compartilhamento de responsabili- dades e a colaboração mútua com as insti- tuições do setor privado e com os diversos segmentos sociais, incluindo usuários e dependentes de drogas e respectivos fa- miliares, por meio do estabelecimento de parcerias; V - a adoção de estratégias preventivas dife- renciadas e adequadas às especificidades socioculturais das diversas populações, bem como das diferentes drogas utilizadas; VI - o reconhecimento do “não-uso”, do “re- tardamento do uso” e da redução de riscos como resultados desejáveis das atividades de natureza preventiva, quando da defini- ção dos objetivos a serem alcançados; VII - o tratamento especial dirigido às parcelas mais vulneráveis da população, levando em consideração as suas necessi- dades específicas; VIII - a articulação entre os serviços e orga- nizações que atuam em atividades de pre- venção do uso indevido de drogas e a rede de atenção a usuários e dependentes de drogas e respectivos familiares; 76 #LEGIS 7 IX - o investimento em alternativas esporti- vas, culturais, artísticas, profissionais, entre outras, como forma de inclusão social e de melhoria da qualidade de vida; X - o estabelecimento de políticas de forma- ção continuada na área da prevenção do uso indevido de drogas para profissionais de educação nos 3 (três) níveis de ensino; XI - a implantação de projetos pedagógi- cos de prevenção do uso indevido de dro- gas, nas instituições de ensino público e privado, alinhados às Diretrizes Curriculares Nacionais e aos conhecimentos relaciona- dos a drogas; Comentários: O conhecido projeto “PROERD” (Programa Educacional de Resistência às Drogas), realizado em muitas escolas públicas municipais e estaduais é exemplo prático desses projetos. XII - a observância das orientações e normas emanadas do Conad; XIII - o alinhamento às diretrizes dos órgãos de controle social de políticas setoriais espe- cíficas. Parágrafo único. As atividades de prevenção do uso indevido de drogas dirigidas à criança e ao adolescente deverão estar em consonância com as diretrizes emanadas pelo Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente – Conan- da. Seção II (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) Da Semana Nacional de Políticas Sobre Drogas Art. 19-A. Fica instituída a Semana Nacional de Políticas sobre Drogas, comemorada anual- mente, na quarta semana de junho. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) § 1º No período de que trata o caput , serão intensificadas as ações de: (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) I - difusão de informações sobre os proble- mas decorrentes do uso de drogas; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) II - promoção de eventos para o debate pú- blico sobre as políticas sobre drogas; (Incluí- do pela Lei nº 13.840, de 2019) III - difusão de boas práticas de prevenção, tratamento, acolhimento e reinserção social e econômica de usuários de drogas; (Incluí- do pela Lei nº 13.840, de 2019) IV - divulgação de iniciativas, ações e campa- nhas de prevenção do uso indevido de dro- gas; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) V - mobilização da comunidade para a par- ticipação nas ações de prevenção e enfren- tamento às drogas; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) VI - mobilização dos sistemas de ensino pre- vistos na Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996 - Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional , na realização de atividades de prevenção ao uso de drogas. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) Anotações gerais sobre os artigos anteriores: #LEGIS 8 CAPÍTULO II DAS ATIVIDADES DE ATENÇÃO E DE REINSERÇÃO SOCIAL DE USUÁRIOS O U DEPENDENTES DE DROGAS CAPÍTULO II (Redação dada pela Lei nº 13.840, de 2019) DAS ATIVIDADES DE PREVENÇÃO, TRATAMENTO, ACOLHIMENTO E DE REINSERÇÃO SOCIAL E ECONÔMICA DE USUÁRIOS OU DEPENDENTES DE DROGAS Seção I (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) Disposições Gerais Art. 20. Constituem atividades de atenção ao usuário e dependente de drogas e respec- tivos familiares, para efeito desta Lei, aquelas que visem à melhoria da qualidade de vida e à redução dos riscos e dos danos associados ao uso de drogas. Art. 21. Constituem atividades de reinser- ção social do usuário ou do dependente de dro- gas e respectivos familiares, para efeito destaLei, aquelas direcionadas para sua integração ou reintegração em redes sociais. Art. 22. As atividades de atenção e as de reinserção social do usuário e do dependente de drogas e respectivos familiares devem obser- var os seguintes princípios e diretrizes: I - respeito ao usuário e ao dependen- te de drogas, independentemente de quaisquer condições, observados os di- reitos fundamentais da pessoa humana, os princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde e da Política Nacional de Assis- tência Social; II - a adoção de estratégias diferenciadas de atenção e reinserção social do usuário e do dependente de drogas e respectivos familiares que considerem as suas pecu- liaridades socioculturais; III - definição de projeto terapêutico indi- vidualizado, orientado para a inclusão so- cial e para a redução de riscos e de danos sociais e à saúde; IV - atenção ao usuário ou dependente de drogas e aos respectivos familiares, sem- pre que possível, de forma multidiscipli- nar e por equipes multiprofissionais; V - observância das orientações e normas emanadas do Conad; VI - o alinhamento às diretrizes dos órgãos de controle social de políticas setoriais es- pecíficas. VII - estímulo à capacitação técnica e pro- fissional; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) VIII - efetivação de políticas de reinserção social voltadas à educação continuada e ao trabalho; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) IX - observância do plano individual de atendimento na forma do art. 23-B desta Lei; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) X - orientação adequada ao usuário ou dependente de drogas quanto às conse- quências lesivas do uso de drogas, ainda que ocasional. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) Seção II (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) Da Educação na Reinserção Social e Econômica Art. 22-A. As pessoas atendidas por órgãos integrantes do Sisnad terão atendimento nos programas de educação profissional e tecno- lógica, educação de jovens e adultos e alfabe- tização. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) Seção III (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) Do Trabalho na Reinserção Social e Econômica Art. 22-B. (VETADO). 98 #LEGIS 9 Seção IV (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) Do Tratamento do Usuário ou Dependente de Drogas Art. 23. As redes dos serviços de saúde da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Mu- nicípios desenvolverão programas de atenção ao usuário e ao dependente de drogas, respeitadas as diretrizes do Ministério da Saúde e os princí- pios explicitados no art. 22 desta Lei, obrigatória a previsão orçamentária adequada. Art. 23-A. O tratamento do usuário ou de- pendente de drogas deverá ser ordenado em uma rede de atenção à saúde, com prioridade para as modalidades de tratamento ambula- torial, incluindo excepcionalmente formas de internação em unidades de saúde e hospitais ge- rais nos termos de normas dispostas pela União e articuladas com os serviços de assistência social e em etapas que permitam: (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) I - articular a atenção com ações preventi- vas que atinjam toda a população; (Incluí- do pela Lei nº 13.840, de 2019) II - orientar-se por protocolos técnicos pre- definidos, baseados em evidências cientí- ficas, oferecendo atendimento individuali- zado ao usuário ou dependente de drogas com abordagem preventiva e, sempre que indicado, ambulatorial; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) III - preparar para a reinserção social e eco- nômica, respeitando as habilidades e pro- jetos individuais por meio de programas que articulem educação, capacitação para o trabalho, esporte, cultura e acompanha- mento individualizado; e (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) IV - acompanhar os resultados pelo SUS, Suas e Sisnad, de forma articulada. (Incluí- do pela Lei nº 13.840, de 2019) § 1º Caberá à União dispor sobre os proto- colos técnicos de tratamento, em âmbito nacional. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) § 2º A internação de dependentes de dro- gas somente será realizada em unidades de saúde ou hospitais gerais, dotados de equipes multidisciplinares e deverá ser obrigatoriamente autorizada por médico devidamente registrado no Conselho Re- gional de Medicina - CRM do Estado onde se localize o estabelecimento no qual se dará a internação. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) § 3º São considerados 2 (dois) tipos de in- ternação: (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) I - internação voluntária: aquela que se dá com o consentimento do dependente de drogas; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) II - internação involuntária: aquela que se dá, sem o consentimento do dependen- te, a pedido de familiar ou do responsá- vel legal ou, na absoluta falta deste, de servidor público da área de saúde, da assistência social ou dos órgãos públicos integrantes do Sisnad, com exceção de servidores da área de segurança pública, que constate a existência de motivos que justifiquem a medida. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) § 4º A internação voluntária: (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) I - deverá ser precedida de declaração escri- ta da pessoa solicitante de que optou por este regime de tratamento; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) II - seu término dar-se-á por determinação do médico responsável ou por solicitação escrita da pessoa que deseja interromper o tratamento. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) § 5º A internação involuntária: (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) I - deve ser realizada após a formaliza- ção da decisão por médico responsável; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) II - será indicada depois da avaliação sobre o tipo de droga utilizada, o padrão de uso e na hipótese comprovada da impossibili- dade de utilização de outras alternativas #LEGIS 10 terapêuticas previstas na rede de aten- ção à saúde; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) III - perdurará apenas pelo tempo neces- sário à desintoxicação, no prazo máximo de 90 (noventa) dias, tendo seu término determinado pelo médico responsável; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) IV - a família ou o representante legal poderá, a qualquer tempo, requerer ao médico a interrupção do tratamento. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) § 6º A internação, em qualquer de suas modalidades, só será indicada quando os recursos extra-hospitalares se mostrarem insuficientes. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) § 7º Todas as internações e altas de que trata esta Lei deverão ser informadas, em, no máximo, de 72 (setenta e duas) horas, ao Ministério Público, à Defensoria Públi- ca e a outros órgãos de fiscalização, por meio de sistema informatizado único, na forma do regulamento desta Lei. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) § 8º É garantido o sigilo das informações disponíveis no sistema referido no § 7º e o acesso será permitido apenas às pessoas autorizadas a conhecê-las, sob pena de responsabilidade. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) § 9º É vedada a realização de qualquer modalidade de internação nas comunidades terapêuticas acolhedoras. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) § 10. O planejamento e a execução do projeto terapêutico individual deverão ob- servar, no que couber, o previsto na Lei nº 10.216, de 6 de abril de 2001 , que dispõe sobre a proteção e os direitos das pessoas portadoras de transtornos mentais e redire- ciona o modelo assistencial em saúde men- tal. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) Comentários: A profunda alteração legal pro- movida positivou a chamada “internação com- pulsória”, medida excepcional (ultima ratio) no tratamento do usuário de drogas. Percebam que não há necessidade de intervenção judicial, sen- do o ato realizado a partir de decisão do médico responsável, tendo como período de tempo o ne- cessário à desintoxicação, no prazo máximo de 90 (noventa) dia, certo, ainda, que a família ou o representante legal poderão, a qualquer tempo, requerer ao médico a interrupção do tratamento. Seção V (Incluídopela Lei nº 13.840, de 2019) Do Plano Individual de Atendimento Art. 23-B . O atendimento ao usuário ou de- pendente de drogas na rede de atenção à saúde dependerá de: (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) I - avaliação prévia por equipe técnica mul- tidisciplinar e multissetorial; e (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) II - elaboração de um Plano Individual de Atendimento - PIA. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) § 1º A avaliação prévia da equipe técnica subsidiará a elaboração e execução do pro- jeto terapêutico individual a ser adotado, levantando no mínimo: (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) I - o tipo de droga e o padrão de seu uso; e (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) II - o risco à saúde física e mental do usuário ou dependente de drogas ou das pessoas com as quais convive. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) Comentários: O chamado “PIA” (Plano Indivi- dual de Atendimento) é instrumento imprescin- dível no atendimento ao usuário ou dependente de drogas na rede de atenção à saúde. § 2º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) § 3º O PIA deverá contemplar a participação dos familiares ou responsáveis, os quais têm o dever de contribuir com o processo, sendo esses, no caso de crianças e adolescentes, passíveis de responsabilização civil, administrativa e criminal, nos termos da Lei nº 8.069, de 13 1110 #LEGIS 11 de julho de 1990 - Estatuto da Criança e do Adolescente . (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) § 4º O PIA será inicialmente elaborado sob a responsabilidade da equipe técnica do primeiro projeto terapêutico que atender o usuário ou dependente de drogas e será atualizado ao longo das diversas fases do atendimento. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) § 5º Constarão do plano individual, no mínimo: (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) I - os resultados da avaliação multidiscipli- nar; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) II - os objetivos declarados pelo atendido; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) III - a previsão de suas atividades de in- tegração social ou capacitação profissio- nal; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) IV - atividades de integração e apoio à fa- mília; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) V - formas de participação da família para efetivo cumprimento do plano indivi- dual; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) VI - designação do projeto terapêutico mais adequado para o cumprimento do previsto no plano; e (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) VII - as medidas específicas de atenção à saúde do atendido. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) § 6º O PIA será elaborado no prazo de até 30 (trinta) dias da data do ingresso no atendimento. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) § 7º As informações produzidas na avalia- ção e as registradas no plano individual de atendimento são consideradas sigilosas. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) Art. 24. A União, os Estados, o Distrito Fede- ral e os Municípios poderão conceder benefícios às instituições privadas que desenvolverem pro- gramas de reinserção no mercado de trabalho, do usuário e do dependente de drogas encami- nhados por órgão oficial. Art. 25. As instituições da sociedade ci- vil, sem fins lucrativos, com atuação nas áreas da atenção à saúde e da assistência social, que atendam usuários ou dependentes de drogas po- derão receber recursos do Funad, condicionados à sua disponibilidade orçamentária e financeira. Art. 26. O usuário e o dependente de dro- gas que, em razão da prática de infração penal, estiverem cumprindo pena privativa de liber- dade ou submetidos a medida de segurança, têm garantidos os serviços de atenção à sua saúde, definidos pelo respectivo sistema peni- tenciário. Anotações gerais sobre os artigos anteriores: #LEGIS 12 Seção VI (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) Do Acolhimento em Comunidade Terapêutica Acolhedora Art. 26-A. O acolhimento do usuário ou dependente de drogas na comunidade terapêutica acolhedora caracteriza-se por: (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) I - oferta de projetos terapêuticos ao usuá- rio ou dependente de drogas que visam à abstinência; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) II - adesão e permanência voluntária, for- malizadas por escrito, entendida como uma etapa transitória para a reinserção so- cial e econômica do usuário ou dependen- te de drogas; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) III - ambiente residencial, propício à forma- ção de vínculos, com a convivência entre os pares, atividades práticas de valor edu- cativo e a promoção do desenvolvimento pessoal, vocacionada para acolhimento ao usuário ou dependente de drogas em vul- nerabilidade social; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) IV - avaliação médica prévia; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) V - elaboração de plano individual de aten- dimento na forma do art. 23-B desta Lei; e (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) VI - vedação de isolamento físico do usuá- rio ou dependente de drogas. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) § 1º Não são elegíveis para o acolhimento as pessoas com comprometimentos bioló- gicos e psicológicos de natureza grave que mereçam atenção médico-hospitalar con- tínua ou de emergência, caso em que de- verão ser encaminhadas à rede de saúde. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) § 2º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) § 3º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) § 4º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) § 5º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) Anotações gerais sobre os artigos anteriores: 1312 #LEGIS 13 DIA 2 Disciplina: Legislação Criminal Extra- vagante - Lei n. 11.343/06 Responsável: Prof. Igor Vialli Dia 02: Do Art. 27 ao 47. Estudado Revisão 1 Revisão 2 Revisão 3 CAPÍTULO III DOS CRIMES E DAS PENAS Art. 27. As penas previstas neste Capítu- lo poderão ser aplicadas isolada ou cumulati- vamente, bem como substituídas a qualquer tempo, ouvidos o Ministério Público e o de- fensor. Art. 28. Quem adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer consi- go, para consumo pessoal, drogas sem auto- rização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar será submetido às se- guintes penas: I - advertência sobre os efeitos das dro- gas; II - prestação de serviços à comunidade; III - medida educativa de comparecimen- to a programa ou curso educativo. Comentários: O bem jurídico tutelado, como dito, é a saúde pública, entendida como o equilíbro sanitário da coletividade e com fun- damento constitucional como direito de todos e dever do Estado (art. 196, CF). Trata-se de CRIME DE PERIGO ABSTRATO, assim entendi- do aquele em que o legislador presume abso- lutamente como violado o bem jurídico pela simples prática da conduta, não sendo exigido (sequer previsto ou atingível) resultado natu- ralístico. Vale destacar que dentre as condutas típicas do art. 28, o verbo “uso” não restou cri- minalizado, mas no contexto fático, muito di- fícil a conduta não ser enquadrada em algum dos outros núcleos do tipo. Aprofundando: Considerando essa decisão po- lítico-criminal de enfrentamento distinto para os casos de uso/vício em drogas, o artigo que tratou do usuário, diferentemente da legislação anterior, deixou de prever pena privativa de li- berdade como pena e, ao revés, cominou três penas “alternativas”. Segundo o STF (RE 430105 QO/RJ, rel. Min. Sepúlveda Pertence, 13.2.2007. (RE-430105) , “o art. 28 da Lei 11.343/2006 (Nova Lei de Tóxicos) não implicou abolitio criminis do delito de posse de drogas para consumo pes- soal, então previsto no art. 16 da Lei 6.368/76”. pois “considerou-se que a conduta antes descri- ta neste artigo continua sendo crime sob a égide da lei nova, tendo ocorrido, isto sim, uma despe- nalização, cuja característica marcante seria a exclusão de penas privativas de liberdade como sanção principal ou substitutiva da infração pe- nal”. Portanto, é minoritário o entendimento de que houve “descriminalização”da conduta do usuário de drogas. Também não prevaleceu a corrente que diz que houve apenas uma “des- carceirização” da conduta. § 1º Às mesmas medidas submete-se quem, para seu consumo pessoal, semeia, cultiva ou colhe plantas destinadas à preparação de pequena quantidade de substância ou produto capaz de causar dependência física ou psíquica. § 2º Para determinar se a droga destina- va-se a consumo pessoal, o juiz atenderá à natureza e à quantidade da substância apreendida, ao local e às condições em que se desenvolveu a ação, às circunstân- cias sociais e pessoais, bem como à con- duta e aos antecedentes do agente. Comentários: Como já constante no caput do art. 28 e na conduta equiparada do §1º, im- prescindível a constatação de que as condutas típicas devam ser praticadas “para consumo pessoal” (elemento subjetivo especial do tipo), trazendo o referido parágrafo parâmetros para verificação desse intuito do agente. Outro ele- mento normativo importante é “em desacordo com determinação legal ou regulamentar será submetido às seguintes penas”, tendo em vis- ta que, se houver a mencionada autorização administrativa e a conduta for praticada nos termos desta (como nos casos de importação e uso de cannabis sativa para fins medicinais), não há crime. #LEGIS 14 § 3º As penas previstas nos incisos II e III do caput deste artigo serão aplicadas pelo prazo máximo de 5 (cinco) meses. § 4º Em caso de reincidência, as penas previstas nos incisos II e III do caput deste artigo serão aplicadas pelo prazo máximo de 10 (dez) meses. § 5º A prestação de serviços à comunida- de será cumprida em programas comu- nitários, entidades educacionais ou as- sistenciais, hospitais, estabelecimentos congêneres, públicos ou privados sem fins lucrativos, que se ocupem, preferen- cialmente, da prevenção do consumo ou da recuperação de usuários e dependen- tes de drogas. § 6º Para garantia do cumprimento das medidas educativas a que se refere o caput, nos incisos I, II e III, a que injusti- ficadamente se recuse o agente, pode- rá o juiz submetê-lo, sucessivamente a: I - admoestação verbal; II – multa. Comentários: Consagrando a “despenaliza- ção” da conduta de porte/posse de drogas para consumo próprio, nem mesmo no caso de des- cumprimento das penas impostas inicialmente há possibilidade de prisão do indivíduo, sendo também previstas penas acessórias para o caso da inadimplência. Assim, em termos práticos, o indivíduo flagrado com drogas para consu- mo próprio, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar, é detido em flagrante delito (caso presente hi- pótese do art. 302 do CPP) e conduzido até a Delegacia de Polícia. Por se tratar o art. 28 da Lei de Drogas uma infração de menor potencial ofensivo, será lavrado termo circunstanciado (art. 69, Lei n. 9.099/95) e será colhido termo de compromisso de comparecimento do autor, sendo ele prontamente liberado na sequência. Para qualquer outra infração de menor poten- cial ofensivo, no caso de recusa de assinatura do termo, há lavratura de Auto de Prisão em Flagrante Delito. No caso do art. 28, no entan- to, mesmo no caso de recusa, nada poderá ser feito a não ser a consignação de tudo em ter- mo próprio, não sendo, em nenhuma hipótese, permitida a prisão (segregação) por posse/por- te de drogas para uso próprio. § 7º O juiz determinará ao Poder Público que coloque à disposição do infrator, gra- tuitamente, estabelecimento de saúde, preferencialmente ambulatorial, para tra- tamento especializado. Art. 29. Na imposição da medida educativa a que se refere o inciso II do § 6º do art. 28, o juiz, atendendo à reprovabilidade da conduta, fixará o número de dias-multa, em quantidade nunca inferior a 40 (quarenta) nem superior a 100 (cem), atribuindo depois a cada um, segundo a capaci- dade econômica do agente, o valor de um trinta avos até 3 (três) vezes o valor do maior salário mínimo. Parágrafo único. Os valores decorrentes da imposição da multa a que se refere o § 6º do art. 28 serão creditados à conta do Fundo Nacional Antidrogas. Art. 30. Prescrevem em 2 (dois) anos a im- posição e a execução das penas, observado, no tocante à interrupção do prazo, o disposto nos arts. 107 e seguintes do Código Penal. Jurisprudência: São teses importantes fixadas pelo e. STJ sobre a temática: (i) o princípio da insignificância não se aplica aos delitos do art. 33, caput, e do art. 28 da Lei de Drogas, pois tratam-se de crimes de perigo abstrato ou presumido; (ii) a conduta de porte de substância entorpecente para consumo próprio, prevista no art. 28 da Lei n. 11.343/2006, foi apenas despenalizada pela nova Lei de Drogas, mas não descriminalizada, não havendo, portanto, abolitio criminis; (iii) as contravenções penais, puníveis com pena de prisão simples, não geram reincidência, mostrando-se, portanto, desproporcional que condenações anteriores pelo delito do art. 28 da Lei n. 11.343/2006 configurem reincidência, uma vez que não são puníveis com pena privativa de liberdade; (iv) a conduta prevista no art. 28 da Lei n. 11.343/2006 admite tanto a transação penal quanto a suspensão condicional do processo; 1514 #LEGIS 15 (v) a posse de substância entorpecente para uso próprio configura crime doloso e quando cometido no interior do estabelecimento prisional constitui falta grave, nos termos do art. 52 da Lei de Execução Penal - LEP (Lei n. 7.210/1984), (vi) configura ofensa ao princípio da proteção integral a aplicação de medida de semiliberdade ao adolescente pela prática de ato infracional análogo ao crime previsto no art. 28 da Lei n. 11.343/2006. Para Fixação: Ano: 2019/ Banca: CESPE / Órgão: DPE-DF – De- fensor Público Condenação anterior por delito de porte de subs- tância entorpecente para consumo próprio não faz incidir a circunstância agravante relativa à reincidência, ainda que não tenham decorrido cinco anos entre a condenação e a infração penal posterior. Anotações gerais sobre a questão anterior: GABARITO: Certo. TÍTULO IV DA REPRESSÃO À PRODUÇÃO NÃO AUTORIZADA E AO TRÁFICO ILÍCITO DE DROGAS CAPÍTULO I DISPOSIÇÕES GERAIS Art. 31. É indispensável a licença prévia da autoridade competente para produzir, ex- trair, fabricar, transformar, preparar, possuir, manter em depósito, importar, exportar, reex- portar, remeter, transportar, expor, oferecer, vender, comprar, trocar, ceder ou adquirir, para qualquer fim, drogas ou matéria-prima destina- da à sua preparação, observadas as demais exi- gências legais. Art. 32. As plantações ilícitas serão ime- diatamente destruídas pelo delegado de polícia na forma do art. 50-A, que recolherá quantidade suficiente para exame pericial, de tudo lavrando auto de levantamento das condições encontradas, com a delimitação do local, asseguradas as medidas necessárias para a preservação da prova. (Redação dada pela Lei nº 12.961, de 2014) Comentários: Percebam que não há necessida- de de prévia autorização judicial. § 1º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 12.961, de 2014) § 2º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 12.961, de 2014) § 3º Em caso de ser utilizada a queimada para destruir a plantação, observar-se-á, além das cautelas necessárias à prote- ção ao meio ambiente, o disposto no De- creto nº 2.661, de 8 de julho de 1998, no que couber, dispensada a autorização pré- via do órgão próprio do Sistema Nacional do Meio Ambiente – Sisnama. § 4º As glebas cultivadas com plantações ilícitas serão expropriadas, conforme o disposto no art. 243 da Constituição Fede- ral, de acordo com a legislação em vigor. #LEGIS 16 Comentários: Conforme disposição constitucio- nal, a expropriação (que é efeito AUTOMÁTICO da sentença penal condenatória em casos tais) será destinada à reforma agrária e a programas de habitação popular, sem qualquer indenização ao proprietário. Segundo precedentes do e. STJ, a responsabilidade do proprietário da terra é ob- jetiva, sendo, portanto, prescindíveldemonstrar dolo/culpa para fins de expropriação, certo, ain- da, que a expropriação deve recair sobre a totali- dade da terra, ainda que apenas parte dela tenha sido utilizada para a prática criminosa. CAPÍTULO II DOS CRIMES Art. 33. Importar, exportar, remeter, pre- parar, produzir, fabricar, adquirir, vender, ex- por à venda, oferecer, ter em depósito, trans- portar, trazer consigo, guardar, prescrever, ministrar, entregar a consumo ou fornecer dro- gas, ainda que gratuitamente, sem autoriza- ção ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar: Pena - reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos e pagamento de 500 (quinhentos) a 1.500 (mil e quinhentos) dias-multa. Comentários: O caput do art. 33 é conhecido por ser um dos crimes com maior preceito primário abstrato (dezoito verbos distintos), tratando-se, pois, de crime de ação múltipla: a prática de ape- nas um, ou diversos núcleos do tipo, configura crime único, desde que em mesmo contexto fá- tico. Importante, ainda, notar as elementares do tipo “ainda que gratuitamente” (desnecessário intuito de lucro) e “ sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar”. Aprofundando: O tráfico ilícito de entorpecentes consta com importantes passagens no art. 5º, da Constituição Federal: XLIII (inafiançabilidade e insuscetível de graça ou indulto) e LI (permissão para extradição de brasileiro naturalizado no caso de comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes), lembrando-se, ainda, que se trata de crime equiparado a hediondo (Lei 8.072/90). Para Fixação: Ano: 2016/ Banca: CESPE / Órgão: PC/PE – De- legado de Polícia Segundo o STJ, configura crime consumado de tráfico de drogas a conduta consistente em nego- ciar, por telefone, a aquisição de entorpecente e disponibilizar veículo para o seu transporte, ain- da que o agente não receba a mercadoria, em de- corrência de apreensão do material pela polícia, com auxílio de interceptação telefônica. Anotações gerais sobre a questão anterior: GABARITO: Correto. 1716 #LEGIS 17 § 1º Nas mesmas penas incorre quem: I - importa, exporta, remete, produz, fa- brica, adquire, vende, expõe à venda, oferece, fornece, tem em depósito, trans- porta, traz consigo ou guarda, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar, matéria-prima, insumo ou produto químico destinado à preparação de drogas; II - semeia, cultiva ou faz a colheita, sem autorização ou em desacordo com deter- minação legal ou regulamentar, de plan- tas que se constituam em matéria-prima para a preparação de drogas; III - utiliza local ou bem de qualquer na- tureza de que tem a propriedade, posse, administração, guarda ou vigilância, ou consente que outrem dele se utilize, ain- da que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar, para o tráfico ilícito de drogas. Aprofundando: Importante discussão surge so- bre a importação de “sementes de maconha”, tendo em vista que o THC, substância prevista na Portaria da Anvisa, como visto, é presente apenas na planta da cannabis sativa, não na semente. As- sim, em tese, a semente não é “droga” para os fins legais. O e. STJ, através de sua 5ª Turma, possui precedentes no sentido de considerar as semen- tes como “matéria-prima” para efeito de configu- ração de quaisquer uma das ações delituosas pre- vistas no art. 33, § 1º, inciso I, da Lei 11.343/2006 (AgRg no REsp 1761768/SP, Rel. Ministro FELIX FIS- CHER, QUINTA TURMA, julgado em 25/9/2018, DJe 3/10/2018). Todavia, tanto a 6ª Turma do e. STJ e o STF consideram que “não configura crime a im- portação de pequena quantidade de sementes de maconha”. (STF. 2ª Turma. HC 144161/SP, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 11/9/2018 (Info 915). IV - vende ou entrega drogas ou maté- ria-prima, insumo ou produto químico destinado à preparação de drogas, sem autorização ou em desacordo com a deter- minação legal ou regulamentar, a agente policial disfarçado, quando presentes ele- mentos probatórios razoáveis de conduta criminal preexistente. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) Aprofundando: Muito se discutia sobre possível caracterização do chamado “flagrante prepara- do” no caso de o policial, identificando possível traficante, passar-se como usuário/comprador para comprovar sua suspeita e, então, efetuar a prisão em flagrante do traficante. Nesse con- texto, vale lembrar a Súmula n. 145 do STF (não há crime quando a preparação do flagrante pela polícia torna impossível a sua consumação). Pre- valecia o entendimento de que o flagrante não poderia ser efetuado sobre a “venda” da droga, eis que definitivamente instigada, mas sim por uma conduta pretérita e da qual não participou nem concorreu o policial de alguma forma (como o transporte/porte do entorpecente). A redação legal, trazida pelo Pacote “Anti-Crime”, positivou o referido entendimento. § 2º Induzir, instigar ou auxiliar alguém ao uso indevido de droga: (Vide ADI nº 4.274) Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa de 100 (cem) a 300 (trezentos) dias-multa. Jurisprudência: ACÃO DIRETA DE INCONSTI- TUCIONALIDADE. PEDIDO DE “INTERPRETAÇÃO CONFORME À CONSTITUIÇÃO” DO § 2º DO ART. 33 DA LEI Nº 11.343/2006, CRIMINALIZADOR DAS CONDUTAS DE “INDUZIR, INSTIGAR OU AUXILIAR ALGUÉM AO USO INDEVIDO DE DROGA”. 1. Cabível o pedido de “interpretação conforme à Constitui- ção” de preceito legal portador de mais de um sentido, dando-se que ao menos um deles é con- trário à Constituição Federal. 2. A utilização do § 3º do art. 33 da Lei 11.343/2006 como fundamen- to para a proibição judicial de eventos públicos de defesa da legalização ou da descriminalização do uso de entorpecentes ofende o direito funda- mental de reunião, expressamente outorgado pelo inciso XVI do art. 5º da Carta Magna. Regular exercício das liberdades constitucionais de mani- festação de pensamento e expressão, em sentido lato, além do direito de acesso à informação (in- cisos IV, IX e XIV do art. 5º da Constituição Repu- blicana, respectivamente). 3. Nenhuma lei, seja ela civil ou penal, pode blindar-se contra a dis- cussão do seu próprio conteúdo. Nem mesmo a Constituição está a salvo da ampla, livre e aberta discussão dos seus defeitos e das suas virtudes, desde que sejam obedecidas as condicionantes ao direito constitucional de reunião, tal como a prévia comunicação às autoridades competen- tes. 4. Impossibilidade de restrição ao direito fun- #LEGIS 18 damental de reunião que não se contenha nas duas situações excepcionais que a própria Cons- tituição prevê: o estado de defesa e o estado de sítio (art. 136, § 1º, inciso I, alínea “a”, e art. 139, inciso IV). 5. Ação direta julgada procedente para dar ao § 2º do art. 33 da Lei 11.343/2006 “inter- pretação conforme à Constituição” e dele excluir qualquer significado que enseje a proibição de manifestações e debates públicos acerca da des- criminalização ou legalização do uso de drogas ou de qualquer substância que leve o ser huma- no ao entorpecimento episódico, ou então vicia- do, das suas faculdades psicofísicas. (ADI 4274, Relator(a): Min. AYRES BRITTO, Tribunal Pleno, julgado em 23/11/2011, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-084 DIVULG 30-04-2012 PUBLIC 02-05-2012 RTJ VOL-00222-01 PP-00146) § 3º Oferecer droga, eventualmente e sem objetivo de lucro, a pessoa de seu relacionamento, para juntos a consumi- rem: Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 1 (um) ano, e pagamento de 700 (setecentos) a 1.500 (mil e quinhentos) dias-multa, sem prejuízo das penas previstas no art. 28. Jurisprudência: “O § 3º do art. 33 da Lei n. 11.343/2006 traz tipo específico para aquele que fornece gratuitamente substância entorpecente a pessoa de seu relacionamento para juntos a con- sumirem e, por se tratar de norma penal mais be- néfica, deve ser aplicado retroativamente” (STJ, REsp 859339/PR, Rel. Ministro HAMILTON CARVA- LHIDO, SEXTA TURMA, julgado em 26/05/2008,DJe 12/08/2008). O entendimento se deve ao fato de que, na vigência da antiga Lei de Drogas, tal conduta era equiparada ao tráfico de drogas. Para Fixação: Ano: 2019/ Banca: MPE-SC / Órgão: MPE-SC – Promotor de Justiça Para a configuração do crime de oferecimento de droga para consumo conjunto, tipificado no art. 33, § 3º, da Lei n. 11.343/2006, é necessária a prá- tica da conduta mediante o dolo “específico”. GABARITO: Certo. § 4º Nos delitos definidos no caput e no § 1º deste artigo, as penas poderão ser re- duzidas de um sexto a dois terços, vedada a conversão em penas restritivas de direi- tos, desde que o agente seja primário, de b0ons antecedentes, não se dedique às atividades criminosas nem integre orga- nização criminosa. (Vide Resolução nº 5, de 2012) Comentários: O §4º do art. 33 traz a figura do chamado “tráfico privilegiado”, que possui na- tureza jurídica de causa de diminuição de pena. Pressupõe a cumulação de todos os requisitos e, caso aplicada, retira a hediondez do crime de tráfico de drogas. Conforme jurisprudência do e. STJ, “diante da ausência de parâmetros legais, é possível que a fração de redução da causa de di- minuição de pena estabelecida no art. 33, § 4º, da Lei n. 11.343/2006 seja modulada em razão da qualidade e da quantidade de droga apreen- dida, além das demais circunstâncias do delito” (AgRg no AREsp 1425587/SP, Rel. Ministro ROGE- RIO SCHIETTI CRUZ, SEXTA TURMA, julgado em 25/06/2019, DJe 01/07/2019), razão pela qual a Súmula n. 512 foi cancelada. Jurisprudência: “a condição de “mula” do tráfi- co, por si só, não afasta a possibilidade de apli- cação da minorante do § 4º do art. 33 da Lei n. 11.343/2006, uma vez que a figura de transporta- dor da droga não induz, automaticamente, à con- clusão de que o agente integre, de forma estável e permanente, organização criminosa” (AgRg no AREsp 1425587/SP, Rel. Ministro ROGERIO SCHIE- TTI CRUZ, SEXTA TURMA, julgado em 25/06/2019, DJe 01/07/2019). Aprofundando: Na redação original, restou ve- dada a conversão da pena fixada em penas res- tritivas de direitos nos termos do art. 33, §4º, con- siderando a diminuição do quantum, em penas restritivas de direito, o que foi declarado incons- titucional pelo STF (HC n. 97.256), tendo o Sena- do Federal suspendido a execução da expressão, nos termos do art. 52, X, da CF. Portanto, não há óbice legal na Lei de Drogas para tal conversão. Art. 34. Fabricar, adquirir, utilizar, trans- portar, oferecer, vender, distribuir, entregar a qualquer título, possuir, guardar ou fornecer, ainda que gratuitamente, maquinário, apare- 1918 #LEGIS 19 lho, instrumento ou qualquer objeto desti- nado à fabricação, preparação, produção ou transformação de drogas, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou re- gulamentar: Pena - reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e pagamento de 1.200 (mil e duzentos) a 2.000 (dois mil) dias-multa. Comentários: Conduta que criminaliza o cha- mado “tráfico de maquinário”. Trata-se de an- tecipação da tutela penal para criminalizar con- dutas tidas, em tese, como preparatórias. Se o traficante, em um mesmo contexto fático, distribuir drogas que ele mesmo produz através de maquinário próprio, é cabível a aplicação do Princípio da Consunção, devendo responder por crime único (tráfico de drogas). Nesse senti- do: “é possível a aplicação do princípio da con- sunção entre os crimes previstos no § 1º do art. 33 e/ou no art. 34 pelo tipificado no caput do art. 33 da Lei n. 11.343/2006, desde que não caracterizada a existência de contextos autôno- mos e coexistentes, aptos a vulnerar o bem jurí- dico tutelado de forma distinta” (AgInt no AREsp 1237014/SP, Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚ- NIOR, SEXTA TURMA, julgado em 21/08/2018, DJe 03/09/2018). Art. 35. Associarem-se duas ou mais pes- soas para o fim de praticar, reiteradamente ou não, qualquer dos crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1º, e 34 desta Lei: Pena - reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e pagamento de 700 (setecentos) a 1.200 (mil e duzentos) dias-multa. Parágrafo único. Nas mesmas penas do caput deste artigo incorre quem se associa para a prática reiterada do crime definido no art. 36 desta Lei. Comentários: Para a caracterização do crime de associação para o tráfico de drogas (art. 35 da Lei n. 11.343/2006) é imprescindível o dolo de se associar com estabilidade e permanência, certo, ainda, ser irrelevante apreensão de dro- gas na posse direta do agente. Não confundir a estabilidade e permanência com a reiteração mencionada no preceito primário. O intuito da associação criminosa deve possuir as caracte- rísticas de ser estável e permanente, ainda que ela não venha, de fato, ser duradoura, isto é, ser reiterada. Aprofundando: A associação para o tráfico de drogas não é considerada crime hediondo e, por se tratar de tipo autônomo, responde o agente por concurso material com o tráfico efetiva- mente praticado. Trata-se de crime permanente que, portanto, permite a prisão em flagrante en- quanto perdurar a societas criminis. Associação para o Tráfico Associação Criminosa – Art. 288, CP Organização Criminosa – Lei 12.850/13 02 ou + 03 ou + 04 ou + Art. 36. Financiar ou custear a prática de qualquer dos crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1º, e 34 desta Lei: Pena - reclusão, de 8 (oito) a 20 (vinte) anos, e pagamento de 1.500 (mil e quinhentos) a 4.000 (quatro mil) dias-multa. Comentários: Se o agente, de qualquer modo, concorrer para a prática do tráfico de outrem, com estabilidade e permanência, há associação para o tráfico (art. 35). Caso essa contribuição seja financeira, em razão do princípio da especia- lidade, a conduta tipificada passa a ser a prevista no art. 36, com mais que o dobro da pena pre- vista para o artigo anterior. No caso do chama- do “autofinanciamento”, prevalece que o agente deve responde só por esse crime (mais grave), restando o efetivo tráfico como um post factum impunível. Jurisprudência: “O crime de financiar ou cus- tear o tráfico ilícito de drogas (art. 36 da Lei n. 11.343/2006) é delito autônomo aplicável ao agente que não tem participação direta na exe- cução do tráfico, limitando-se a fornecer os re- cursos necessários para subsidiar as infrações a que se referem os art. 33, caput e § 1º, e art. 34 da Lei de Drogas” (STJ, HC 306136/MG, Rel. Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, SEXTA TURMA, julgado em 03/11/2015, DJe 19/11/2015). #LEGIS 20 Art. 37. Colaborar, como informante, com grupo, organização ou associação destinados à prática de qualquer dos crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1º , e 34 desta Lei: Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e pagamento de 300 (trezentos) a 700 (setecentos) dias-multa. Comentários: Ao passo que na associação para o tráfico (art. 35) o agente colabora, de qualquer modo, com estabilidade e permanência, para o trá- fico de drogas, e no financimento ao tráfico (art. 36) essa colaboração é específica de financiamento/ custeio, o crime do art. 37 visa punir aquele agente que tem uma “atuação de menor importância” no contexto do tráfico de drogas, tal como o “foguetei- ro” que apenas trabalha como “vigia” ou “olheiro” para o tráfico de drogas. Importante perceber que tais indivíduos não praticam nenhuma das condu- tas típicas previstas nos artigos anteriores, mas sim praticam condutas, em tese, não criminosas (acen- der foguetes, empinar pipas), mas que sabidamen- te são entendidas pelos traficantes como recados claros. Além dessa colaboração de menor impor- tância, também pune-se a associação para o tráfico que acaba despida dos requisitos de estabilidade e permanência, tal como alguém que apenas even- tualmente colabora com o traficante. Jurisprudência: “O crime de colaboração com o tráfico, art. 37 da Lei n. 11.343/2006, é um tipo pe- nal subsidiário em relação aos delitos dos arts. 33 e 35 da referida lei e tem como destinatário o agente que colabora como informante, de formaesporá- dica, eventual, sem vínculo efetivo, para o êxito da atividade de grupo, de associação ou de organiza- ção criminosa destinados à prática de qualquer dos delitos previstos nos arts. 33, caput e § 1º, e 34 da Lei de Drogas” (STJ, AgRg no REsp 1738851/RJ, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA TURMA, julgado em 21/08/2018, DJe 30/08/2018). Art. 38. Prescrever ou ministrar, culposa- mente, drogas, sem que delas necessite o pa- ciente, ou fazê-lo em doses excessivas ou em desacordo com determinação legal ou regula- mentar: Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e pagamento de 50 (cinqüenta) a 200 (duzen- tos) dias-multa. Parágrafo único. O juiz comunicará a con- denação ao Conselho Federal da categoria pro- fissional a que pertença o agente. Comentários: Único crime culposo da lei e pró- prio da lei, na medida em que só pode ter como sujeito ativo indivíduo que atua profissional- mente com capacidade para ministrar ou pres- crever drogas. Caso o indivíduo, atuando em sua profissão, prescreva dolosamente drogas aproveitando-se de sua condição, deverá responder por tráfico de drogas (prescrever e ministrar também são ver- bos como núcleos do tipo do art. 33). Jurisprudência: “Quando o agente no exercí- cio irregular da medicina prescreve substância caracterizada como droga, resta configurado, em tese, o delito do art. 282 do Código Penal, em concurso formal com o art. 33, caput, da Lei n. 11.343/2006” (STJ, HC 139667/RJ, Rel. Minis- tro FELIX FISCHER, QUINTA TURMA, julgado em 17/12/2009, DJe 01/02/2010). Art. 39. Conduzir embarcação ou aerona- ve após o consumo de drogas, expondo a dano potencial a incolumidade de outrem: Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, além da apreensão do veículo, cassação da habilitação respectiva ou proibição de ob- tê-la, pelo mesmo prazo da pena privativa de liberdade aplicada, e pagamento de 200 (duzen- tos) a 400 (quatrocentos) dias-multa. Parágrafo único. As penas de prisão e multa, aplicadas cumulativamente com as de- mais, serão de 4 (quatro) a 6 (seis) anos e de 400 (quatrocentos) a 600 (seiscentos) dias-multa, se o veículo referido no caput deste artigo for de transporte coletivo de passageiros. Comentários: Único crime de perigo concreto da lei, devendo ser demonstrada a efetiva exposição da incolumidade de outrem a perigo de dano. Crime específico para embarcações e aeronaves. Se se tratar de veículo automotor, poderá ser a conduta enquadrada em algum dos crimes pre- vistos no Código de Trânsito Brasileiro. 2120 #LEGIS 21 Art. 40. As penas previstas nos arts. 33 a 37 desta Lei são aumentadas de um sexto a dois terços, se: I - a natureza, a procedência da substância ou do produto apreendido e as circunstân- cias do fato evidenciarem a transnaciona- lidade do delito; Aprofundando: Como se verá adiante (art. 70), a transnacionalidade do delito também é causa que fixa a competência da Justiça Federal para julgamento e processamento do feito. A transna- cionalidade, com efeito, carrega consigo o intuito comprovado, através de circunstâncias concretas do caso (não bastando a mera natureza do entor- pecente ou o mero fato do tráfico ter sido pratica- do em região de fronteira) de circulação da droga entre países, ainda que isso efetivamente não ve- nha a ocorrer. Jurisprudência: “Não se reconhece a existência de bis in idem na aplicação da causa de aumento de pena pela transnacionalidade (art. 40, inciso I, da Lei n. 11.343/2006), em razão do art. 33, caput, da Lei n. 11.343/2006 prever as condutas de “im- portar” e “exportar”, pois trata-se de tipo penal de ação múltipla, e o simples fato de o agente “tra- zer consigo” a droga já conduz à configuração da tipicidade formal do crime de tráfico” (STJ, RHC 59063/SP, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, julgado em 07/06/2018, DJe 01/08/2018). II - o agente praticar o crime prevalecendo- -se de função pública ou no desempenho de missão de educação, poder familiar, guarda ou vigilância; III - a infração tiver sido cometida nas dependências ou imediações de estabe- lecimentos prisionais, de ensino ou hospi- talares, de sedes de entidades estudantis, sociais, culturais, recreativas, esportivas, ou beneficentes, de locais de trabalho coletivo, de recintos onde se realizem espetáculos ou diversões de qualquer natureza, de serviços de tratamento de dependentes de drogas ou de reinserção social, de unidades militares ou policiais ou em transportes públicos; Jurisprudência: “Para a caracterização da causa de aumento de pena do art. 40, III, da Lei n. 11. 343/2006, é necessária a efetiva oferta ou a comer- cialização da droga no interior de veículo público, não bastando, para a sua incidência, o fato de o agente ter se utilizado dele como meio de locomo- ção e de transporte da substância ilícita” (STJ, HC 455652/SP, Rel. Ministro RIBEIRO DANTAS, QUINTA TURMA, julgado em 04/09/2018, DJe 14/09/2018). IV - o crime tiver sido praticado com vio- lência, grave ameaça, emprego de arma de fogo, ou qualquer processo de intimi- dação difusa ou coletiva; V - caracterizado o tráfico entre Estados da Federação ou entre estes e o Distrito Federal; Comentários: Tal como a transnacionalidade, desnecessária a efetiva transposição de frontei- ras, bastando a prova inequívoca da origem/des- tinação de outro Estado. Súmula 587, do STJ: Para a incidência da majo- rante prevista no artigo 40, V, da Lei 11.343/06, é desnecessária a efetiva transposição de frontei- ras entre estados da federação, sendo suficiente a demonstração inequívoca da intenção de reali- zar o tráfico interestadual. Para Fixação: Ano: 2019/ Banca: CESPE / Órgão: Polícia Fede- ral – Delegado de Polícia Federal Durante uma vistoria, no estado do Paraná, em passageiros que viajavam de ônibus de Foz do Iguaçu – PR para Florianópolis – SC, policiais rodoviários federais encontraram seis quilos de maconha na mochila de Lucas, que foi preso em flagrante delito. Nessa situação, no cálculo da pena de Lucas, não se considerará a majorante do tráfico interestadual de drogas, pois a trans- posição da fronteira entre os estados ainda não tinha ocorrido. GABARITO: Errado. #LEGIS 22 VI - sua prática envolver ou visar a atingir criança ou adolescente ou a quem tenha, por qualquer motivo, diminuída ou su- primida a capacidade de entendimento e determinação; Comentários: Caso em que o agente também poderá responder por corrupção de menores (art. 244-B, ECA), lembrando-se sempre do teor da Súmula n. 500 do STJ: “a configuração do cri- me do art. 244-B do ECA independe da prova da efetiva corrupção do menor, por se tratar de de- lito formal”. VII - o agente financiar ou custear a prática do crime. Comentários: Na medida em que o financia- mento ou custeio do tráfico de drogas constitui verdadeiro crime autônomo (art. 36), parcela da doutrina sustenta que tal causa de aumento é desprovida de aplicabilidade. Outra parcela, jus- tifica sua manutenção na medida em que susten- ta que o crime do art. 36 seria habitual (exigiria uma série reiterada de condutas como estilo de vida criminoso), de modo que a presente majo- rante poderia incidir no custeio eventual e não habitual (não prevalece, contudo). Súmula 528, do STJ: Compete ao juiz federal do local da apreensão da droga remetida do exterior pela via postal processar e julgar o crime de tráfi- co internacional. Art. 41. O indiciado ou acusado que cola- borar voluntariamente com a investigação po- licial e o processo criminal na identificação dos demais co-autores ou partícipes do crime e na recuperação total ou parcial do produto do cri- me, no caso de condenação, terá pena reduzida de um terço a dois terços. Comentários: Na época da edição da Lei n. 11.343/06, eram esparsas e tímidas na legislação criminal especial previsões de “espécies” de co- laboração premiada, sendo certo que, atualmen- te, o instituto guarda ampla regulamentação na Lei n. 12.850/13. Seja como for,na presente Lei de Drogas, há hipótese específica que pode ser uti- lizada para como causa de diminuição da pena, valendo destacar a exigência do dispositivo legal da obtenção de resultados com a colaboração: identificação dos demais co-autores ou partíci- pes do crime e na recuperação total ou parcial do produto do crime (no caso, a droga). Art. 42. O juiz, na fixação das penas, con- siderará, com preponderância sobre o previs- to no art. 59 do Código Penal, a natureza e a quantidade da substância ou do produto, a personalidade e a conduta social do agente. Comentários: Em outras palavras, para além das circunstâncias diretivas do art. 59 do Código Pe- nal, também devem ser analisadas na primeira fase da dosimetria a natureza e a quantidade da substância ou produto, sendo desnecessário se aferir o grau de pureza. Para Fixação: Ano: 2019/ Banca: FGV / Órgão: MPE-RJ – Ana- lista Ministerial Diego, 20 anos, reincidente, foi denunciado pela suposta prática do crime de tráfico de drogas, tendo em vista que trazia consigo 300g de Can- nabis Sativa L., popularmente conhecida como maconha. No curso da instrução, por ocasião de seu interrogatório, Diego confirmou que estava portando as drogas mencionadas na denúncia, mas assegurou que o material seria destinado ao seu próprio consumo e não para comercialização. Considerando apenas as informações narradas, de acordo com a jurisprudência dos Tribunais Su- periores, no momento da análise de aspectos re- lacionados à dosimetria da pena em alegações fi- nais, o promotor de justiça deverá destacar que a: a) atenuante da confissão espontânea deverá ser reconhecida, podendo ser compensada com a agravante da reincidência, mas não caberá reco- nhecimento da atenuante da menoridade relati- va; b) atenuante da menoridade relativa e a atenuan- te da confissão espontânea devem ser reconheci- das, não podendo, porém, a pena intermediária ser fixada abaixo do mínimo legal; c) quantidade de drogas poderá ser considerada na fixação da pena base, devendo ser reconheci- da a atenuante da menoridade relativa, mas não a da confissão espontânea; 2322 #LEGIS 23 d) atenuante da menoridade relativa e a atenuan- te da confissão espontânea devem ser reconhe- cidas, podendo a pena intermediária ser fixada abaixo do mínimo legal; e) causa de diminuição de pena do tráfico privi- legiado poderá ser reconhecida, possibilitando a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos. Anotações gerais sobre a questão anterior: GABARITO: C (vale destacar que a questão aten- de à jurisprudência do e. STJ que entende que a “confissão qualificada” não basta para reconhe- cimento da atenuante. Art. 43. Na fixação da multa a que se refe- rem os arts. 33 a 39 desta Lei, o juiz, atendendo ao que dispõe o art. 42 desta Lei, determinará o número de dias-multa, atribuindo a cada um, se- gundo as condições econômicas dos acusados, valor não inferior a um trinta avos nem superior a 5 (cinco) vezes o maior salário-mínimo. Parágrafo único. As multas, que em caso de concurso de crimes serão impostas sempre cumulativamente, podem ser aumentadas até o décuplo se, em virtude da situação econômica do acusado, considerá-las o juiz ineficazes, ainda que aplicadas no máximo. Comentários: Sabe-se que a constrição patrimo- nial é um importante meio de combate ao tráfico de drogas, daí a justificativa para os altos valores tratados na lei a título de pena de multa. Art. 44. Os crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1º , e 34 a 37 desta Lei são inafian- çáveis e insuscetíveis de sursis, graça, indulto, anistia e liberdade provisória, vedada a con- versão de suas penas em restritivas de direi- tos. Comentários: Permanecem hígidas apenas as vedações de concessão de fiança, graça, anistia e indulto. Com efeito, a vedação de liberdade provisória já foi declarada inconstitucional pelo STF (HC n. 104339), certo, ainda, que a vedação automática da substituição da pena privativa de liberdade pela restritiva de direitos e do sursis aos conde- nados pelo crime de tráfico de drogas, desde que preenchidos os requisitos legais, também fere a individualização da pena (art. 5º, XLVI, CF). Anotações gerais sobre os artigos anteriores: #LEGIS 24 Para Fixação: Ano: 2015/ Banca: CESPE / Órgão: TJDFT – Ana- lista Judiciário Em observância ao princípio da individualização da pena, segundo o entendimento pacificado do STF, em se tratando do delito de tráfico ilícito de entorpecentes, a pena privativa de liberdade pode ser substituída por pena restritiva de direi- tos, preenchidos os requisitos previstos no Códi- go Penal. Anotações gerais sobre a questão anterior: GABARITO: Certo. Parágrafo único. Nos crimes previstos no caput deste artigo, dar-se-á o livramento condi- cional após o cumprimento de dois terços da pena, vedada sua concessão ao reincidente es- pecífico. Comentários: Patamar mais rigoroso para livra- mento condicional, sendo vedada sua conces- são ao reincidente específico, assim entendido aquele que possui uma condenação pretérita por qualquer um dos crimes previstos nos artigos 33 ao 39. Jurisprudência: “A despeito de não ser conside- rado hediondo, o crime de associação para o trá- fico, no que se refere à concessão do livramento condicional, deve, em razão do princípio da es- pecialidade, observar a regra estabelecida pelo art. 44, parágrafo único, da Lei n. 11.343/2006: cumprimento de 2/3 (dois terços) da pena e ve- dação do benefício ao reincidente específico” (STJ, AgRg no HC 499706/SP, Rel. Ministro ANTO- NIO SALDANHA PALHEIRO, SEXTA TURMA, julga- do em 18/06/2019, DJe 27/06/2019). Art. 45. É isento de pena o agente que, em razão da dependência, ou sob o efeito, prove- niente de caso fortuito ou força maior, de droga, era, ao tempo da ação ou da omissão, qualquer que tenha sido a infração penal praticada, intei- ramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse en- tendimento. Parágrafo único. Quando absolver o agente, reconhecendo, por força pericial, que este apre- sentava, à época do fato previsto neste artigo, as condições referidas no caput deste artigo, poderá determinar o juiz, na sentença, o seu encami- nhamento para tratamento médico adequado. Art. 46. As penas podem ser reduzidas de um terço a dois terços se, por força das circuns- tâncias previstas no art. 45 desta Lei, o agente não possuía, ao tempo da ação ou da omissão, a plena capacidade de entender o caráter ilíci- to do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. Art. 47. Na sentença condenatória, o juiz, com base em avaliação que ateste a necessidade de encaminhamento do agente para tratamento, realizada por profissional de saúde com compe- tência específica na forma da lei, determinará que a tal se proceda, observado o disposto no art. 26 desta Lei. Comentários: Assim como o Código Penal, a Lei de Drogas consagra o critério biopsicológico para aferição da (in)imputabilidade do agente. A em- briaguez, voluntária ou culposa, pelo álcool ou substância de efeitos análogos, pela adoção da teoria da actio libera in causa, não afasta a impu- tabilidade penal. Súmula n. 501, STJ: “É cabível a aplicação retroativa da Lei n. 11.343/2006, desde que o resultado da incidência das suas disposições, na íntegra, seja mais favorável ao réu do que o advindo da aplicação da Lei n. 6.368/1976, sendo vedada a combinação de leis”. Súmula n. 471, STJ: “Os condenados por crime hediondos ou assemelhados cometidos antes da vigência da Lei n. 11.464/07 sujeitam-se ao dis- posto no art. 112 da Lei n. 7.210/84 (Lei de Execu- ção Penal) para a progressão de regime prisional. 2524 #LEGIS 25 DIA 3 Disciplina: Legislação Criminal Extra- vagante - Lei n. 11.343/06 Responsável: Prof. Igor Vialli Dia 02: Do Art. 48 ao 75. Estudado Revisão 1 Revisão 2 Revisão 3 CAPÍTULO III DO PROCEDIMENTO PENAL Art. 48. O procedimento relativo aos pro- cessos por crimes definidos
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