Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
ECONOMIA 1 CONCEITOS BÁSICOS Prezado acadêmico! Estamos iniciando uma nova etapa. Nesta etapa estudaremos a ciência econômica! Inicialmente, vamos abordar os conceitos básicos e elementares do estudo para você que se intressa pela ciência econômica. Primeiramente, abordaremos o que é economia, a economia como uma ciência social, a economia como a ciência da escassez, classificação dos recursos econômicos e/ou fatores de produção, a fronteira das possibilidades de produção e, por fim, os fundamentos das duas grandes divisões da ciência econômica, que são a microeconomia e a macroeconomia. Na segunda etapa, quando estes conceitos básicos já estiverem em seu domínio, estudaremos os agentes econômicos, sua inter-relação, bem como o fluxo real econômico, o fluxo monetário e econômico e o fluxo de renda. Na atualidade, o conhecimento sobre os assuntos econômicos se faz cada dia mais necessário, visto que a maior parte dos complexos problemas das sociedades modernas, tais como a globalização, a pobreza, o meio ambiente, perpassam todos pela esfera econômica. Compreender os grandes problemas econômicos, fazer análises cada vez mais precisas da realidade, compreender as grandes diferenças sociais, talvez sejam os desafios de bons profissionais de quaisquer áreas. Estudar a disciplina talvez seja, na atualidade, impressíndivel para o profissional de qualquer área do conhecimento, pois capacita-o a compreender os fenômenos econômicos e sociais da atualidade e sua interligação, auxilia a entender a importância da dimensão econômica na realidade social, a interligação da economia com as demais áreas do conhecimento e, mesmo, no nosso dia a dia. Pode ser instrumento ainda para a compreensão do papel dos agentes econômicos na atividade econômica, sendo capaz de entender o processo de globalização econômica e o mundo à sua volta. APRESENTAÇÃO Organização Daniele de Lourdes Curto da Costa Martins Reitor da UNIASSELVI Prof. Hermínio Kloch Pró-Reitora do EAD Prof.ª Francieli Stano Torres Edição Gráfica e Revisão UNIASSELVI Autora Tatiane Thaís Lasta CURSO LIVRE - ECONOMIA 1: CONCEITOS BÁSICOS FUNDAMENTOS DE ECONOMIA .01 1 INTRODUÇÃO Prezado acadêmico! Para dar início à nossa unidade, trabalharemos de forma abreviada para que, de modo fácil e simples, você possa comprender e dominar as conceituações básicas da economia e compreender os chamados problemas econômicos presentes no nosso cotidiano. Neste curso breve não podemos aprofundar as teorias e os assuntos abordados, mas vamos fazer você perceber como a economia está presente no nosso dia a dia, em praticamente tudo o que fazemos. Embora todas as pessoas diariamente participem de atividades de natureza econômica, poucas delas têm essa clareza. Todos os dias, em telejornais, em periódicos ou na internet, nos deparamos com diferentes questões econômicas que passam, na maioria das vezes, despercebidas. Alguns exemplos que podemos adiantar são: o aumento dos preços da gasolina, cortes de gastos em períodos de crises e recessão econômica ou, ainda, de crescimento econômico, em épocas prósperas. Todas essas medidas, de modo geral, acontecem por meio de reajustes que o governo faz, utilizando as políticas macroeconômicas para regular a economia de um determinado país. Mas poderíamos avançar nos exemplos práticos, as altas taxas de desemprego, taxas de câmbio, taxas de juros, alta nos impostos e tarifas públicas, a distribuição da renda e do produto, a inflação, entre outros. Mas não somente isto, exemplos mais simples, como a nossa diária relação de trabalho em troca de um salário no final do mês é uma relação econômica e política, o valor da passagem de ônibus, o valor dos alimentos, o valor da mensalidade da faculdade etc. É só começar a prestar atenção à nossa volta e veremos que tudo o que nós compramos, consumimos na forma de bens ou de serviços está envolto em várias relações econômicas e políticas. Por isso, podemos afirmar que nós lemos, ouvimos e praticamos todos os dias essas relações político-econômicas, que, muitas vezes, passam despercebidas entre nós. Esses são alguns temas que são centrais no estudo da ciência econômica, que, alías, é só ler um jornal para ver cada um destes termos. Mas o que todos estes termos econômicos e estes indicadores têm a ver com o nosso CURSO LIVRE - ECONOMIA 1: CONCEITOS BÁSICOS cotidiano? O estudo e conhecimento dos assuntos econômicos se fazem mais necessários do que nunca, já que a maior parte dos grandes problemas das sociedades contemporanêas - como a globalização, a desigualdade e as questões ambientais e diversos outros complexos problemas - tem uma ligação tênue com os problemas de natureza econômica. Bons estudos! 2 A ECONOMIA COMO UMA CIÊNCIA SOCIAL O senso comum, geralmente, tem a tendência de reduzir a ciência econômica ao seu viés puramente matemático e bancário. Equivoca-se esse “achismo’ de que a ciência econômica se reduz a essa exatidão e a números. A economia é uma ciência social. Preocupa-se, portanto, com a sociedade e os indivíduos, escolhendo empregar os recursos produtivos, que são escassos, na produção de bens e serviços, de modo a distribuí-los com a finalidade de satisfazer as necessidades de todas as pessoas dentro de uma determinada sociedade. A economia desafia-se ainda a compreender a sociedade e os indivíduos e a forma como eles decidem empregar os seus recursos produtivos, que são escassos, na produção de determinados bens e serviços. Estuda-se ainda a forma como esses bens serão distribuídos entre as várias pessoas e grupos da sociedade com a finalidade de satisfazer as necessidadesde todos os indivíduos. Os sujeitos devem fazer escolhas para administrar bem os seus recursos, que já são escassos, de acordo com as suas necessidades (alimentação, saúde, educação, vestuário, habitação, transporte), que, como citamos são ilimitadas. A ciência econômica preocupa-se com a alocação dos recursos de forma que não se comprometam as gerações futuras com a escassez. Isso abordaremos no Tópico 2: o problema da escassez. Em termos etimológicos, a palavra “economia” tem origem grega, oikos (casa) e nomos (norma , lei). Assim, a palavra Oikonomia significa “administração da casa” ou “administração da coisa pública”. Quando se refere a uma pessoa como econômica, quer dizer que ela é cuidadosa com o gasto de dinheiro e na utilização de materiais, uma pessoa cautelosa na administração de seus recursos. A ciência econômica procura estudar como a sociedade se organiza e de que forma administra seus limitados recursos limitados com o propósito de produzir bens e serviços para atender às necessidades ilimitadas das populações. Assim, pode-se definir a economia como “a ciência social que CURSO LIVRE - ECONOMIA 1: CONCEITOS BÁSICOS estuda como as pessoas e a sociedade decidem empregar recursos escassos, que poderiam ter utilização alternativa, na produção de bens e serviços de modo a distribuí-los em várias pessoas e grupos da sociedade, a fim de satisfazer as necessidades humanas” (STONIER, 1971 apud NOGAMI; PASSOS, 1997, p. 5). Para Samuelson a economia é o estudo de como as pessoas e a sociedade decidem empregar os recursos escassos, que poderiam ter util izações alternativas, para produzir bens variados e para os distribuir para consumo, agora ou no futuro, entre várias pessoas e grupos da sociedade (NOGAMI, 2012, p. 5). Resumidamente, a definição da economia para Nogami e Passos (2012, p. 5) é “uma ciência social que tem por objeto de estudo a questão da escassez”. Qual é o foco do estudo da economia? A ciência econômica é uma ciência social e preocupa-se em estudar como a sociedade se organiza e de que forma administra seus recursos limitados com o propósito de produzir bens e serviços paraatender às necessidades ilimitadas das populações. A ciência econômica estuda a produção, a distribuição e o consumo de bens e serviços pelas pessoas e sociedades; também estuda os processos de acumulação de bens materiais, possibilitando assim entender a geração de riqueza pelas sociedades. 3 A ECONOMIA COMO A CIÊNCIA DA ESCASSEZ A ciência econômica, ao longo do tempo, foi definida por diferentes enfoques e conceituações. A ciência econômica, como já vimos nas linhas iniciais deste caderno de estudos, se preocupa em estudar a produção e distribuição dos bens, bem como alocar os recursos disponíveis da melhor forma possível. Assim temos que: “economia é, pois, a ciência que estuda as formas do comportamento humano resultantes da relação existente entre as ilimitadas necessidades a satisfazer e os recursos que, embora escassos, se prestam a usos alternativos” (ROSSETTI, 2003, p. 52). O problema da escassez é um problema central na ciência econômica. Todos sabemos que o ser humano possui necessidades diárias para a reprodução material de sua vida, e que estão relacionadas ao consumo de mercadorias (bens e/ou serviços). Essas necessidades apresentam-se das mais variadas formas, seja alimentação, saúde, educação etc. Desde as necessidades mais básicas até aquelas que podem facilitar a nossa vida, como produtos CURSO LIVRE - ECONOMIA 1: CONCEITOS BÁSICOS tecnológicos, celulares, computadores, carros etc. Assim, o consumo destes e de outros bens e serviços se torna uma condição de vida saudável, próspera e confortável na sociedade da qual fazemos parte. Porém, devemos considerar que a capacidade de produção de bens e a prestação de determinados serviços por parte das empresas é limitada, ao contrário do consumidor, que tem necessidades ilimitadas. Justamente para atender às diferentes necessidades dos seres humanos, desde as mais básicas até aquelas que podem tornar a vida mais confortável e fácil, as empresas produzem bens e serviços para os indivíduos, que os consomem na forma de bens e serviços. Mas, o que são bens e serviços? Bens e serviços – Sobre bens e serviços, pode-se dizer que um bem é tudo aquilo que permite satisfazer determinada necessidade humana. Só faz sentido um bem ser procurado e adquirido se ele satisfizer as necessidades, ou seja, porque ele é útil de alguma forma. A classificação dos bens se dá entre bens livres e bens econômicos. Os bens livres são os que existem em quantidade ilimitada e podem ser obtidos com um pouco ou nenhum esforço humano. Exemplos são luz solar, o ar, estes são considerados bens, pois eles de certa forma atendem às necessidades humanas. São bens livres, pois não possuem preço. Já os bens econômicos, ao contrário dos bens livres explicados acima, são caracterizados pelo esforço humano para obtenção deste bem. E, além disso, estes bens têm como característica básica: possuem preço. Os bens econômicos são classificados em dois grandes grupos: bens materiais e bens imateriais ou serviços. Os primeiros são os bens materiais, ou seja, podem ser tangíveis, aos quais podem ser atribuídos peso, altura etc. Exemplos destes bens são alimentos, roupas, livros. Os serviços, ao contrário, são intangíveis, isso significa que não podem ser tocados e medidos. Exemplos são atendimentos médicos, serviços de um advogado, serviços de trasportadoras etc. A produção do serviço e o atendimento são instantanêos. Importante característica é que os serviços não podem ser estocados, por exemplo. Os bens materiais se classificam em bens de consumo e bens de capital. • Os bens de consumo estão diretamente relacionados à satisfação das necessidades humanas. Estes podem ser de uso não durável, ou seja, que desaparecem assim que são utilizados. Exemplos são os alimentos, gasolina, bebidas etc. E ainda os bens de uso durável: em suas caracteristicas mais básicas, são bens que podem ser utilizados por um maior período de tempo. Exemplos são eletrodomésticos, móveis etc. CURSO LIVRE - ECONOMIA 1: CONCEITOS BÁSICOS • Os bens de capital (ou de produção) são bens que permitem produzir outros bens. Exemplos são máquinas, equipamentos, computadores, instalações etc. Observa-se ainda que ambos, bens de consumo e bens de capital, são considerados bens finais, pois já passaram por todos os processos de transformação possiveis e, por isso, são “bens acabados”. Além dos bens finais, existem ainda os bens intermediários. Intermediários são aqueles que ainda não foram finalizados. Exemplos são vidros utilizados na produção de carros. Os bens podem ainda ser classif icados em bens privados e bens públicos. Os bens privados referen-se àqueles produzidos de forma privada. São exemplos os carros e os computadores. E os bens públicos são aqueles fornecidos pelo setor público, exemplos: segurança, justiça, educação etc. (NOGAMI; PASSOS, 1997; ROSSETI, 2003). CURSO LIVRE - ECONOMIA 1: CONCEITOS BÁSICOS PROBLEMA DA ESCASSEZ .02 A escassez é o problema econômico central de qualquer sociedade. Se não houvesse escassez, não haveria a necessidade de se estudar a ciência econômica. A pergunta que cabe aqui então seria: por que existe a escassez? A escassez existe justamente porque as necessidades humanas a serem satisfeitas através do consumo dos mais diversos tipos de bens (alimentos, roupas, casas etc.) e serviços (transporte, assistência médica etc.) são infinitas e ilimitadas, ao passo que os recursos produtivos (máquinas, fábricas, terras agricultáveis, matérias-primas etc.) à disposição da sociedade e que são utilizados na produção dos mais diferentes tipos de produtos são finitos e limitados. Ou seja, são insuficientes para se produzir o volume de bens e serviços necessários para satisfazer a todas as necessidades. Escassez significa mais desejos do que bens para satisfazê-los, ainda que se tenha muitos bens. Assim, é necessário tomar o devido cuidado para que a economia não seja confundida com pobreza. Pobreza, em termos simplistas, significa ter poucos bens. Já a escassez significa mais desejos do que bens para satisfazê- los, ainda que haja muitos bens. O fenômeno da escassez está presente em todas as sociedades, seja rica, seja pobre. Todavia, o problema difere se compararmos países de Terceiro Mundo com países desenvolvidos, por exemplo. É claro que se experimenta uma escassez de maior quantidade de bens no Terceiro Mundo (países, por exemplo, da América Latina e África, também chamados de subdesenvolvidos) do que na Europa e Estados Unidos (países de capitalismo avançado ou desenvolvidos) por exemplo. CURSO LIVRE - ECONOMIA 1: CONCEITOS BÁSICOS O PROBLEMA DA ESCASSEZ ILUSTRADO FONTE: Elaboração da autora com base em Nogami e Passos (1997) O problema da escassez é o problema básico da ciência econômica. Simplesmente pela escassez dos recursos em relação às necessidades humanas que são ilimitadas. É aí que faz sentido a ciência econômica, e justifica a preocupação em alocar e utilizar-se da forma mais racional e com maior eficiência possível os recursos disponíveis. Da escassez resulta a escolha, ao passo que não se pode produzir tudo o que as pessoas desejam. Assim, criam- se mecanismos que de alguma forma possam auxiliar as sociedades a decidir quais bens terão prioridade na produção para atender às necessidades ilimitadas. O que é escassez? Nos termos econômicos, a escassez surge do pressuposto de que as necessidades humanas são infinitas, ao passo que os bens ou os meios de satisfazê-las são sempre finitos. De acordo com as teorias econômicas neoclássicas, o homem pode produzir o suficiente de qualquer bem econômico para satisfazer completamente determinada necessidade, mas jamais poderá produzir o suficiente de todos os bens para atender simultaneamente a todas as necessidades. De acordo com essa definição, asciências econômicas serviriam exatamente para gerir a escassez. Por outro lado, os bens econômicos são escassos porque normalmente se dispõem apenas de quantidades limitadas de recursos produtivos necessários para criar os bens em questão, recursos estes que compreendem basicamente o trabalho, a terra e o capital. Mas o total dos bens econômicos que se podem produzir com tais recursos é bastante influenciado pela técnica e pelo grau de especialização, isso sem falar das complexas determinantes políticas que frequentemente afetam a produção e a distribuição dos bens. Assim, os economistas estudam também os processos produtivos pelos quais a escassez pode ser reduzida, empregando plenamente e de forma mais eficiente os recursos disponíveis, agilizando as formas de produção e distribuição dos bens em questão (SANDRIONI, 2008; NOGAMI e PASSOS, 1997; ROSSETI, 2003). CURSO LIVRE - ECONOMIA 1: CONCEITOS BÁSICOS Se observarmos no nosso dia a dia, a questão da escassez é muito frequente na vida cotidiana. Para vocês refletirem e tirarem as próprias conclusões, trazemos um exemplo prático sobre o problema da escassez no dia a dia. Leia a reportagem sobre a perspectiva de escassez de trigo e a ação dos moinhos consumidores para incentivar os produtores a plantar este cereal nas próximas safras. Acesse o link: <http://www.noticiasagricolas.com.br/ noticias/graos/84808-trigo-moinhos-reagem-e-tentam-garantir-materia- prima-no-brasil.html#.WAKI7vkrLDc>. Para Rosseti (2003, p. 31), “a economia estuda os recursos escassos e as alternativas de produção para atender às necessidades ilimitadas dos indivíduos, a ela compete o estudo da ação econômica do homem, envolvendo essencialmente o processo de produção, a geração e a apropriação da renda, o dispêndio e a acumulação”. Em conclusão sobre o problema da escassez, pode-se afirmar, conforme o exemplo, que quanto mais escasso for determinado bem ou serviço, mais os preços tendem a se elevar. Assim, reforça-se, mais uma vez, que a economia se preocupa em entender, estudar e analisar situações de escassez envolvidas em processos produtivos ou prestações de serviços tal como o exemplo citado. Assim, em resumo, dada a escassez de recursos, associada com a necessidade das pessoas que é ilimitada, originam-se os chamados problemas econômicos fundamentais, que são os seguintes: o que produzir, quanto produzir e para quem produzir? PROBLEMAS ECONÔMICOS FUNDAMENTAIS FONTE: Elaboração com base em Vasconcelos e Garcia (1999) CURSO LIVRE - ECONOMIA 1: CONCEITOS BÁSICOS Para quem produzir? Neste ponto, a sociedade deve decidir como seus membros participarão da distribuição dos resultados de sua produção. A distribuição leva em conta fatores como salários, rendas da terra, dos juros e dos benefícios do capital, ou seja, fatalmente a produção se destinará para quem tem rendas. A forma como estes três problemas fundamentais serão tratados depende da forma de organização de uma determinada sociedade. CURSO LIVRE - ECONOMIA 1: CONCEITOS BÁSICOS OS RECURSOS PRODUTIVOS .03 Os recursos produtivos, também chamados de fatores de produção, são elementos utilizados no processo de fabricação de bens (mercadorias) com a finalidade de satisfazer as necessidades humanas. Aí entram os fatores que propiciaram a confecção das mercadorias, entre elas, o trabalho, os recursos naturais, as matérias-primas, os combustíveis, a energia, os equipamentos, são exemplos de fatores de alguns recursos de produção. 1 CLASSIFICAÇÃO DOS RECURSOS PRODUTIVOS Os recursos produtivos são classificados geralmente em trabalho, terra ou recursos naturais, capital, tecnologia, e capacidade empresarial. Veremos cada um deles de forma particular a seguir: • Terra (ou recursos naturais): como o próprio nome já deixa claro, são os recursos naturais, as florestas, os recursos minerais, o solo, as águas etc. Boa parte destes recursos naturais é utilizada diariamente na produção dos bens econômicos. Todavia, o que os economistas e ambientalistas costuman alertar é que os recursos naturais também são finitos, também são limitados. • Trabalho: trata-se do esforço humano necessário para a produção de determinado bem. Este esforço pode ser braçal, de força física ou mental despendida. Assim, o trabalho num sentido econômico é um serviço prestado por determinada pessoa na sua área de atuação, podendo ser um médico, um agricultor, um pedreiro etc. Todavia, a força de trabalho e sua qualidade também são limitadas. • Capital (ou bens de capital): é definido por um conjunto de bens utilizados no processo de produção de outros bens, e não essencialmente para atender às necessidades das pessoas. Exemplos de capital são máquinas e equipamentos, estoques, instalações, edifícios, usinas, estradas de ferro etc. CURSO LIVRE - ECONOMIA 1: CONCEITOS BÁSICOS Quando se fala em capital é muito comum que nossa mente associe ações com dinheiro, porém isso deve ser associado como capital financeiro. • Tecnologia: na atualidade, a tecnologia tem papel fundamental na atividade econômica. As inovações tecnológicas afetam a economia em nível macro e micro. Exemplos são os computadores, que acabam facilitando o acesso produtivo como um todo, os smathphones etc. Assim, a tecnologia afeta diretamente a economia em diversos fatores e, ao longo do tempo, as inovações tecnológicas tendem a provocar um crescimento econômico em todos os setores. • Capacidade empresarial: a maior parte dos economistas considera a capacidade empresarial um fator de produção. Seria o saber fazer do empresário que exerce atividades e funções fundamentais no processo produtivo, pois é ele quem organiza todo o processo de produção. Combinando os demais recuros produtivos e assumindo os riscos da produção dos bens e serviços é que o empresário se propõe a atender, conhendo os lucros, ou as perdas de seu investimento. 2 REMUNERAÇÃO DOS RECURSOS PRODUTIVOS Para a produção de qualquer bem ou serviço é necessário o empego dos recursos produtivos. Precisa de terra, de bens de capital, que são necessários para produzir outros bens; além disso, o empresário, às vezes, não conta com todo o dinheiro para investir, sendo necessária a busca de dinheiro de terceiros para a aquisição de máquinas e equipamentos. E, por fim, necessita de mão de obra para a produção de bens que virão a atender às necessidades humanas. Assim, o preço pago pela utilização dos serviços dos fatores de produção vai se constituir em renda dos proprietários desses fatores. Por exemplo, com relação ao trabalho, o trabalhador é o proprietário deste recurso, e a remuneração que ele recebe é na forma de salários, no final de cada período trabalhado, constitui-se a sua renda, paga pelo dono da empresa. Com relação à remuneração do fator terra (ou recursos naturais), geralmente se conhece duas formas de remuneração, através de arrendamento, aluguel por ceder a terra temporarimente a alguém, ou mesmo a venda para outro proprietário. Já a renda do capital são os juros. No caso de um empresário necessitar de mais dinheiro para investir na sua produção, ele buscará este capital (na forma de empréstimos), e para usufruir deste dinheiro, em troca pagará juros ao banco. O lucro, por fim, consiste na remuneração pela capacidade empresarial. O quadro a seguir sintetiza tudo o que descrevemos até aqui. CURSO LIVRE - ECONOMIA 1: CONCEITOS BÁSICOS Fator de produção Tipo de remuneração TRABALHO SALÁRIO TERRA (RECURSOS NATURAIS) ALUGUEL CAPITAL JURO TECNOLOGIA ROYALTIES CAPACIDADE EMPRESARIAL LUCRO FATORES DE PRODUÇÃO E SUA REMUNERAÇÃO FONTE: Elaboração da autora com base em Vasconcelos (2006). Quais são os recursos de produção básicos considerados em uma economia? Os recursos produtivos são classificados geralmente em trabalho,terra ou recursos naturais, capital, tecnologia, e capacidade empresarial. 3 SISTEMAS ECONÔMICOS Outro conceito básico em economia é o de sistema econômico. Este pode ser definido como a forma na qual a sociedade se organiza nos termos econômicos e sociais para desenvolver as suas atividades econômicas e produtivas para atender às demandas e às necessidades da população. De modo que os elementos básicos de um sistema econômico são: • Estoques de recursos produtivos ou os chamados fatores de produção (os quais incluem recursos produtivos, trabalho humano, capacidade empresarial), aí entram os fatores que veremos mais à frente: o capital, os recursos naturais e a tecnologia. • O complexo de unidades de produção constituídos pelas empresas. • O conjunto de instituições políticas, jurídicas, econômicas e sociais que são base para a organização da sociedade. Assim, toda economia opera segundo um conjunto de normas e regras, leis e regulamentos, e por isso é chamado de “sistemas econômicos”. De maneira geral, os sistemas econômicos podem ser classificados em dois grandes grupos: o sistema socialista ou de economia planificada; e o sistema capitalista ou de economia de mercado. No primeiro caso, em economias planificadas, ou socialistas, as questões econômicas são resolvidas por um órgão central, no qual predomina a propriedade pública dos meios de produção, que são os bens de capital, CURSO LIVRE - ECONOMIA 1: CONCEITOS BÁSICOS os recursos naturais, bancos, prédios etc. Um exemplo de uma economia planificada atualmente é Cuba. Já o sistema capitalista ou de economia de mercado leva este nome justamente por ser regido pelas forças do mercado, em que predomina a livre iniciativa e a propriedade privada dos meios de produção. Nas economias de mercado, que são boa parte dos países do mundo, as questões fundamentais são resolvidas por meio do mecanismo de preços e por meio da oferta e da demanda. Ressalta-se que mesmo com a livre iniciativa e o livre mercado no sistema capitalista, o Estado tem papel fundamental para o bom funcionamento da atividade econômica (NOGAMI; PASSOS 1997; ROSSETI, 2003). O que é um sistema econômico? Este pode ser definido como a forma na qual determinada sociedade se organiza nos termos econômicos e sociais para desenvolver determinadas atividades econômicas e produtivas com a finalidade de efetuar as trocas de bens e serviços para atender as necessidades ilimitadas das pessoas. CURSO LIVRE - ECONOMIA 1: CONCEITOS BÁSICOS FRONTEIRA DE POSSIBILIDADES DE PRODUÇÃO .04 1 INTRODUÇÃO Conforme vimos até aqui, a ciência econômica preocupa-se com as ilimitadas necessidades humanas, bem como a limitação por parte dos recursos de produção. Assim, o estudo da economia é ligado a uma questão central, a escolha. Aí surge na ciência econômica a chamada fronteira de possibilidades de produção (FPP), também designada por curva de possibilidade de produção (CPP), que busca ilustrar graficamente a escassez dos fatores de produção dos quais falamos antes, cria um limite para a capacidade produtiva de uma empresa, país ou sociedade. De modo que três hipóteses são necessárias para desenvolver a curva de possibilidade de produção: 1 A existência de uma quantidade fixa de recursos. A quantidade e a qualidade dos recursos produtivos permanecem sem alterar-se no período analisado. 2 A existência de um pleno emprego dos recursos. A economia opera com todos os recursos de produção plenamente empregados e produzindo o maior nível de produto possível. 3 Considera-se que a tecnologia permanece constante. 2 UMA FAZENDA E SUA POSSIBILIDADE DE PRODUÇÃO Como exemplo, trazemos uma fazenda e sua fronteira de possibilidades de produção. Considerado uma fazenda como exemplo, esta possui uma determinada extensão de terra, instalações, máquinas e equipamentos próprios para as atividades que ali se desenvolvem e um número de pessoas empregadas nas atividades da fazenda. Trabalha-se com a hipótese de que este proprietário tenha tecnologia que permita fazer qualquer tipo de atividade CURSO LIVRE - ECONOMIA 1: CONCEITOS BÁSICOS agrícola que possa ser desenvolvida na fazenda. Este fazendeiro deverá optar pelo que ele vai produzir e como produzir. Ao fazer a escolha, o fazendeiro estará optando por como seus recursos produtivos serão alocados ao restante das combinações dos bens possíveis. Por exemplo, quanto este fazendeiro destinará do total de terras para pastagens, quanto disso será destinado à produção de produtos como arroz ou feijão? Quantos trabalhadores poderá utilizar em cada atividade? Será possível ainda trabalhar nessa fazenda com uma terceira cultura, o arroz? Numa fazenda hipotética, suponhamos que o dono possa produzir apenas dois produtos e opte por feijão e arroz. Nesse caso, se o proprietário das terras opta por produzir e cultivar apenas o milho em todas as suas terras, não haverá terras disponíveis para cultivar e produzir o arroz. Ou se optar por plantar em toda a propriedade arroz não poderá plantar e cultivar o feijão. Nesse caso, estamos diante de uma situação de escolha, aí pode existir outra possibilidade de solução que possa intermediar o problema, poder-se-á utilizar parte das terras para o cultivo de arroz e parte para o plantio do milho. A tabela a seguir ilustra as várias possibilidades de produção em exemplo hipotético e numérico (NOGAMI; PASSOS 1997). Possibilidades Arroz (em quilos) Feijão (em quilos) A 0 8000 B 1000 7500 C 2000 6500 D 3000 5000 E 4000 3000 F 5000 0 AS POSSIBILIDADES DE PRODUÇÃO DE UMA FAZENDA FONTE: Elaboração do autor com base em Nogami e Passos (1997). O Quadro 2 explicita as possibilidade de produção em escala numérica e com algumas possibil idades que refletem a opção do produtor pela produção dos dois bens. A opção A demonstra a opção pelo fazendeiro em produzir apenas feijão em suas terras e nenhuma quantidade de arroz, e hipoteticamente produziria 8000 quilos de feijão. A opção F demonstra o contrário, o fazendeiro optaria por produzir apenas arroz e produziria 5000 mil quilos. B, C, D e E representam as possibilidades do fazendeiro caso optasse por produzir os dois bens, arroz e feijão, em suas terras. CURSO LIVRE - ECONOMIA 1: CONCEITOS BÁSICOS POSSIBILIDADE DE PRODUÇÃO DE UMA FAZENDA FONTE: Elaboração da autora com base em Nogami e Passos (1997). A representação gráfica da chamada curva de possibilidade de produção demonstra as possibilidades de produção de arroz e feijão. Para isso, o gráfico é construído por um sistema de eixos cartesianos. O eixo das coordenadas (vertical) representará a quantidade de feijão que a fazenda poderá produzir. No eixo das abscissas (horizontal) representa-se a quantidade de arroz que a fazenda poderá produzir. A CURVA DE POSSIBILIDADE DE PRODUÇÃO DE UMA FAZENDA FONTE: Elaboração da autora com base em Nogami e Passos (1997). CURSO LIVRE - ECONOMIA 1: CONCEITOS BÁSICOS O ponto A indica uma situação em que toda a terra está sendo utilizada na produção do feijão. Nesse caso, a produção de arroz fica zerada, pois todos os recursos produtivos estão sendo alocados para a produção do feijão. O ponto F indica outro extremo, ou seja, quando toda a terra é usada exclusivamente para plantar arroz. Nesse caso, a produção de feijão permaneceria nula. Desta forma, os pontos B, C, D e E indicam possíveis combinações intermediárias ao alcance do produtor na hipótese de a terra e demais recursos, serem plenamente utilizados. Podemos, agora, unir os pontos de A até F. A linha resultante denomina-se curva de possibilidades de produção, ou fronteira de possibilidades de produção, e nos mostra todas as combinações possíveis entre feijão e arroz que podem ser estabelecidas. A representação gráfica do que foi descrito estáacima ilustrada, Gráfico 2. Sobre a curva de possibilidade de produção, assista ao rápido vídeo disponível no link: <https://www.youtube.com/watch?v=zFlzrhPlRn0> e bons estudos! 3 EFICIÊNCIA PRODUTIVA No caso hipotético da fazenda e sua possibi l idade de produção apresentado acima, nele a fazenda estaria operando de maneira eficiente sempre que a produção de um bem é aumentada e, por consequência, é reduzida a produção de outro bem. A eficiência produtiva da fazenda se dá somente se a curva do gráfico estiver situada sobre a linha AF, e, neste caso, a produção de feijão aumentará somente se houver uma diminuição na produção de arroz. Supondo que a fazenda esteja produzindo no ponto D. Nesse ponto, a curva de possibilidade de produção estará produzindo 5000 mil quilos de feijão e 3 mil de arroz. Se o produtor pretende aumentar a sua produtividade de arroz, deverá operar no ponto E. Neste ponto serão produzidos 4000 mil quilos de arroz. Todavia, este aumento será possível se parte dos recursos, que antes eram alocados para a produção de feijão, for agora alocada para a produção de arroz. Nesse caso haverá, por consequência, uma diminuição da produtividade do feijão de 5000 mil quilos para 3 mil quilos. 4 CUSTO DE OPORTUNIDADE O custo de oportunidade é o termo utilizado para expressar os custos que se referem às alternativas que foram sacrificadas. Por exemplo, se o fazendeiro estiver com a sua produtividade no ponto C da curva, estaria produzindo 6.500 quilos de feijão e 2000 de arroz. Se o fazendeiro quisesse aumentar a CURSO LIVRE - ECONOMIA 1: CONCEITOS BÁSICOS sua produtividade no arroz para 3000, esta seria alcançada no ponto D do gráfico. Para que isto aconteça, o fazendeiro deverá sacrificar 1500 quilos de feijão para obter tal aumento. Assim, o custo de oportunidade dos mil quilos a mais de arroz é o custo de produzir 1500 quilos de feijão a menos para elevar a produtividade de arroz para mil a mais, e assim sucessivamente, passando do ponto que seria D para o E. O custo de oportunidade é um termo importante na teoria econômica, pois faz a relação básica entre a escassez e a escolha. Basicamente, o custo de oportunidade significa uma melhor alocação dos recursos para a produção de um bem que poderia gerar um melhor ganho no uso alternativo dos recursos. Assim, temos que a transferência dos fatores de produção de determinado bem para a produção de outro bem implica um custo de oportunidade, e isto significa o sacrifício de deixar de produzir parte de um bem para produzir mais de outro bem. Poucos observam, mas passamos a vida fazendo escolhas justamente porque existe a escassez dos fatores de produção para suprir todas as necessidades humanas, que são ilimitadas, de modo que o ser humano se obriga a optar por atender determinadas necessidades e não todas, deixando, assim, necessidades que não serão atendidas. Desse modo, o ser humano é submetido a fazer escolhas diariamente. Na ciência econômica, toda vez que fazemos a opção por uma determinada escolha e não outra, diz-se que ela implica um custo de oportunidade. Um exemplo corriqueiro seria a opção por jogar basquete; ao fazer tal escolha, você opta por não fazer qualquer outra atividade que lhe traria os mesmos benefícios no mesmo tempo. Outro exemplo: ao optar por fazer um curso superior, você deixa de fazer uma série de coisas que possivelmente gostaria de fazer no mesmo tempo despendido nesta escolha, como ler, ir ao cinema, assistir televisão etc. Se você optou em ocupar seu tempo estudando, deixa de lado as demais atividades, pois acredita que esta atividade foi a melhor e mais racional escolha que poderia ter feito, mesmo que se obrigando a sacrificar outras. A isso chama-se, na ciência econômica, custo de oportunidade. Os custos não devem ser considerados absolutos, mas iguais a uma segunda melhor oportunidade de benefícios não aproveitada. Ou seja, quando a decisão para as possibilidades de utilização de A exclui a escolha de um melhor B, pode-se considerar os benefícios não aproveitados decorrentes de B dos custos de oportunidade. Ou seja, o custo de oportunidade é o termo utilizado para expressar os custos que se referem às alternativas que foram sacrificadas (NOGAMI; PASSOS, 1997; ROSSETI, 2003). CURSO LIVRE - ECONOMIA 1: CONCEITOS BÁSICOS A fronteira de possibilidades de produção (FPP), também designada por curva de possibilidade de produção (CPP), ilustra graficamente a escassez dos fatores de produção dos quais falamos antes, cria um limite para a capacidade produtiva de uma empresa, país ou sociedade. CURSO LIVRE - ECONOMIA 1: CONCEITOS BÁSICOS FUNDAMENTOS DA MICROECONOMIA E MACROECONOMIA .05 MACROECONOMIA E MICROECONOMIA FONTE: Disponível em: <https://i.ytimg.com/vi/y4rJoH9dmfI/maxresdefault. jpg>. Acesso em: 20 ago. 2019. 1 INTRODUÇÃO O estudo teórico da economia se divide em duas grandes áreas: a Teoria Microeconomia e a Teoria Macroeconomia. A divisão entre microeconomia e macroeconomia data dos anos 1930. Em termos gerais, a microeconomia é preocupada em estudar o comportamento dos consumidores representados pelas famílias, pelos indivíduos. Além disso, é a parte da economia voltada para o estudo das empresas, custos, preço dos fatores produtivos. A microeconomia é marcada por modelos matemáticos para explicar a realidade. Além disso, a microeconomia caracteriza-se por ser uma ciência teórico-dedutiva e estático-comparativa. CURSO LIVRE - ECONOMIA 1: CONCEITOS BÁSICOS Já a macroeconomia, em termos mais gerais, está preocupada em analisar os grandes agregados, como a produção, o consumo, a renda da população, estuda os problemas econômicos de um país como um todo. Assim, a microeconomia representa uma visão microscópica dos fenômenos econômicos e diferencia-se da macroeconomia, que é um ramo da economia que aborda os grandes problemas econômicos de uma maneira agregada. A Teoria Microeconômica ou a microeconomia é preocupada em explicar o comportamento econômico das unidades individuais que são representadas pelos consumidores, pelas firmas e pelos proprietários de recursos produtivos. A microeconomia estuda a interação entre as firmas/ empresas e consumidores, bem como a maneira pela qual a produção e preço são determinados em mercados específicos. Já a Teor ia Macroeconômica ou macroeconomia e s tuda o comportamento da economia como um todo. Este campo teórico estuda como se modifica o comportamento das váriáveis agregadas, tais como a produção total dos bens e serviços, as taxas de inflação e desemprego, o total de poupança captada em um país, as receitas e despesas totais de determinada economia, os inventimentos por parte do governo, o balanço de pagamento e as contas nacionais etc (NOGAMI e PASSOS; 1997; ROSSETI, 2003; VASCONCELOS, 2006). Características Microeconomia Macroeconomia Visão Individual Global Objetivo de estudos Comportamento dos indivíduos, das famílias, das empresas e do mercado. Comportamento da economia como um todo. Variáveis fundamentais de estudo Oferta e demanda, geração dos preços, o comportamento do consumidor, produção das empresas, mercados competitivos. Produção total, nível geral de preços, emprego x desemprego, taxas de juros, inflação, salários e taxas de câmbio. RESUMO DAS CARACTERÍSTICAS BÁSICAS ENTRE MICROECONOMIA E MACROECONOMIA FONTE: A autora Na sequência estudaremos de forma introdutória as duas grandes divisões da economia. CURSO LIVRE - ECONOMIA 1: CONCEITOS BÁSICOS 2 MICROECONOMIA A microeconomia, como já foi frisado, constitui um dos grandes subcampos da teoria econômica. A microeconomia é um ramo da ciência econômica que estuda especificamente o comportamento dos agentes econômicos, que são representados pelasfamílias e os indivíduos, as empresas e suas produções e custos; a produção e o consumo e o preço dos diferentes bens, serviços e fatores de produção. A microeconomia, portanto, estuda a forma como as unidades individuais que compõem uma determinada economia, sendo consumidores, empresas, comércio, trabalhadores, produtores de bens e serviços etc., se comportam uns com os outros nas suas interligações. O estudo da ciência econômica passa a se dividir em dois grandes ramos a partir da década de 1930. Aí começou a existir esta grande divisão, a microeconomia e macroeconomia (que, veremos mais adiante, esta se interessa pelo estudo dos agregados como a produção, o consumo e a renda do conjunto da população). Muito embora estes dois ramos caminhem por diferentes especialidades, a separação não pode ser simplista, pois, para compreender os fenômenos econômicos é necessária a compreensão e o interligamento das duas grandes divisões. A microeconomia apresenta uma visão “microscópica” dos fenômenos econômicos. A microeconomia engloba, por exemplo, o estudo da teoria do consumidor. Esta teoria oferece subsídios para a análise da procura. Também é estudo da microeconomia a teoria da firma, que se desdobra nas teorias da produção, dos custos e dos rendimentos e análise da oferta. Além disso, é foco e preocupação da microeconomia a questão dos preços relativos, tanto que muitos batizam esse ramo de teoria dos preços. A teoria do consumidor, na microeconomia, analisa a intenção dos indivíduos de se apropriarem de determinada quantidade de bens que possam satisfazer ao máximo as suas necessidades. Já teoria da firma enfoca no empresário e procura combinar os fatores de produção ou recursos produtivos de forma a obter a maximização dos lucros do empresário. Por meio de análises é possivel prever os elementos necessários para a derivação das ofertas individuais e também de um mercado mais amplo, bem como a combinação das quantidade e dos fatores de produção de bens e serviços os quais os consumidores estão dispostos a consumir. Dessa maneira, o empresário saberá qual quantidade adquirir de determinado elemento e quais bens conseguirá ofertar, tudo isso mediado pelo preço. Assim, a microeconomia estuda a determinação desse preço sob dois ângulos: de um lado, pelos fatores de produção, e de outro, pelo mercado de bens e serviços. A microeconomia é uma ciência de caráter dedutivo ou teórico. Dedutiva, pois decorre da complexidade e entrelaçamento das influências das situações reais as quais são objetos reais de seu estudo. Este caráter dedutivo é enfatizado CURSO LIVRE - ECONOMIA 1: CONCEITOS BÁSICOS pelo fato de que muitas variáveis consideradas pela microeconomia não podem ser observadas e mensuradas. Um exemplo seria o grau de utilidade que os consumidores desfrutam ao dispor de um determinado bem ou serviço, ou seja, não há como mensurar. A microeconomia estuda a forma como os indivíduos tomam as suas decisões, a maneira como as firmas procedem na tomada de decisões. Nesse campo do estudo da economia são selecionadas variáveis significativas das situações do mundo real. Aí entra outra característica da microeconomia, que é de natureza estatístico-comparativa, ou seja, ela tende a confrontar duas ou mais situações de equilíbrio, sem se preocupar com o período intermediário entre essas situações: a inicial e a final. A microeconomia encontra bastante aplicação no mundo atual, podendo ser utilizada como elemento de previsão condicionado à ocorrência de determinado evento. É importante na elaboração de modelos que retratam as situações do mundo de forma simplificada. Desempenha importante papel na teoria do comércio internacional e encontra-se presente no mundo dos negócios como auxiliar de decisões administrativas relacionadas com a procura, estrutura de custos empresariais, métodos de fixação de preços etc. (NOGAMI e PASSOS, 1997; VASCONCELOS, 2006). A microeconomia constitui um subcampo da teoria econômica. Ela abarca o conhecimento referente ao comportamento dos agentes econômicos, tomados isoladamente. Preocupa-se com o comportamento dos indivíduos/ consumidores; das empresas, sua produção, seus custos; estuda a geração de preços dos bens, serviços e fatores de produção. Como vimos, a microeconomia, tal como a macroeconomia, constitui um subcampo da teoria econômica. Ela abarca o conhecimento referente ao comportamento dos agentes econômicos, tomados isoladamente. Preocupa- se com o comportamento dos indivíduos/consumidores; das empresas, sua produção, seus custos; estuda a geração de preços dos bens, serviços e fatores de produção. Partindo do pressuposto de que todos os agentes econômicos são racionais e buscam maximizar seus ganhos, a microeconomia considera que o mercado – e não outra instituição humana – harmoniza os conflitos em torno de quantidades e preços dos bens negociados. • A microeconomia é mais abstrata que a macroeconomia, já que se baseia em princípios gerais. • A microeconomia caracteriza-se por uma análise “microscópica” dos fenômenos econômicos. A macroeconomia baseia-se em uma análise macroscópica. CURSO LIVRE - ECONOMIA 1: CONCEITOS BÁSICOS • A microeconomia preocupa-se com a questão dos preços relativos, enquanto a macroeconomia se concentra nos níveis absolutos destes. RESUMO DE MICROECONOMIA FONTE: A autora No próximo subitem introduziremos o estudo da macroeconomia, outro grande subcampo da teoria econômica. Vamos lá! Exemplo prático de microeconomia, no nosso dia a dia, está relacionado ao comportamento e preferências do consumidor, que consiste em um ramo da microeconomia. Confira a reportagem: “A nova cara do consumidor”, no link: <http://www.opovo.com.br/app/opovo/especiais/ varejocriativo/2016/10/20/notvarejocriativo,3664835/a-nova-cara-do- consumidor.shtml>. 3 MACROECONOMIA A macroeconomia é a parte da teoria econômica que enfatiza o comportamento do sistema econômico como um todo. Seu objeto de estudo são as relações entre os grandes agregados, como o PIB (Produto Interno Bruto), a renda nacional, o nível de emprego, a inflação, o desemprego, consumo, poupança, investimentos totais e a balança de pagamentos. Em outras palavras, estuda a economia de uma forma mais abrangente. Ao CURSO LIVRE - ECONOMIA 1: CONCEITOS BÁSICOS estudar esses agregados, a macroeconomia deixa para um segundo plano o comportamento das unidades e constituições individuais e dos mercados específicos, que são estudados pela microeconomia. Este subcampo, a macroeconomia, fornece princípios que permitem a mensuração da atividade econômica geral e de um determinado sistema econômico já que trabalha com as relações estatísticas e diversas variáveis agregadas. Dessa forma, a macroeconomia permite uma análise e mesmo a previsão do comportamento das economias capitalistas desenvolvidas. Para as análises macroeconômicas são necessários instrumentais estatísticos bastante elaborados e que os países subdesenvolvidos dificilmente podiam oferecer. Esse atraso relativo acabou atrasando também a elaboração de modelos macroeconômicos em países como o Brasil. Somente a partir de 1956 começou-se a disponibilizar dados estatísticos mais precisos pela Fundação Getúlio Vargas, e apenas em 1964 passou-se a construir e elaborar modelos macroeconômicos. Além disso, é importante frisar que a macroeconomia tornou-se um ramo da ciência econômica a partir de 1936, com a publicação de A teoria geral do emprego, dos juros e da moeda, de Keynes. Antes desse pensador, os economistas chamados clássicos (Smith, Ricardo e outros) e críticos (Marx) já haviam considerado a organização econômica como um todo. Todavia, é Keynes que forma o modelo, uma sistematização téorica e a receita que acabou por inspirar boa parte dos economistas ao redor do mundo. Mas estemodelo também começou a apresentar falhas, e outros economistas emergem com novas inspirações. Recentemente, um grupo de economistas liderado por Milton Fiedmann, os chamado monetaristas, contesta os modelos keynesianos e traz um novo modelo, no qual eles enzatizam o papel da demanda de moeda e do crédito e opondo-se à intervencão direta do Estado na economia. Como foi visto, a microeconomia debruçara-se sobre problemas mais particulares e sobre o comportamento dos agentes econômicos tomados isoladamente. Já a macroeconomia estuda o comportamento dos grandes agregados econômicos, entre eles o PIB, a renda, o nível geral de preços, taxa de juros, taxa de câmbio, emprego/desemprego, balanço de pagamentos, moeda, entre outros. Ao estudar esses agregados, a macroeconomia deixa para um segundo plano o comportamento das unidades e constituições individuais e dos mercados específicos, que são estudados pela microeconomia. A macroeconomia estuda o mercado de bens e serviços como um todo (indústrias, serviços, transportes, mercado de trabalho, emprego, desemprego, taxas de juros e de inflação etc). A abordagem macroeconômica tem a vantagem de permitir uma melhor compreensão dos fatos mais relevantes da economia, representada assim por um importante instrumento para a política e programação econômica. CURSO LIVRE - ECONOMIA 1: CONCEITOS BÁSICOS Aí entra em cena a macroeconomia, o ramo da teoria econômica que se ocupa da análise da atividade econômica a partir de agregados, levando em conta o somatório dos comportamentos dos agentes econômicos e dos seus resultados, considerados no todo. O grande objetivo da macroeconomia é estudar a determinação do nível geral de preços, do nível de produto, da taxa de salários, do nível de emprego, da taxa de juros, do volume de moeda, da taxa de câmbio, do volume de divisas. Desta definição podemos resumir o “olhar” econômico da macroeconomia sobre cinco mercados: • O mercado de bens e serviços: onde se efetua a agregação de todos os bens produzidos pela economia durante certo período de tempo, definindo o produto nacional. • O mercado de trabalho: onde se realizam a compra e a venda de serviços de mão de obra, se estabelecem salários e o nível de emprego. • O mercado monetário: mercado em que são realizadas as operações financeiras. Afinal, todas as transações da economia são feitas por intermédio do uso de moeda. Serve, inclusive, como instrumento de política monetária. • O mercado de títulos: no mercado de títulos os agentes superavitários emprestam para os deficitários (títulos do governo, ações etc). Normalmente, o mercado de títulos e o monetário são analisados conjuntamente – têm importância na formação da taxa de juros. • O mercado de divisas: onde se realizam as operações de compra e venda de moedas estrangeiras. A variável aqui é a taxa de câmbio. Como a economia mantém transações com o resto do mundo, existem mercados de divisas ou de moeda estrangeira. A oferta de divisas depende das exportações e da entrada de capitais financeiros; ao passo que a de demanda determina-se pelo volume das importações. Além disso, os instrumentos utilizados pela política macroeconômica envolvem diretamente a atuação do governo no conjunto da economia. Para que a política seja efetivada, o governo lança mão de uma série de instrumentos para atingir as metas macroeconômicas por meio de algumas políticas: Política Fiscal, Política Monetária, Política Cambial e Comercial e Políticas Sociais ou de Renda. (NOGAMI; PASSOS, 1999; ROSSETI, 1997; VASCONCELOS, 2006). CURSO LIVRE - ECONOMIA 1: CONCEITOS BÁSICOS RESUMO MACROECONOMIA FONTE: A autora ^ A macroeconomia volta seus estudos ao mercado de bens e serviços como um todo (indústrias, serviços, transportes, mercado de trabalho, emprego, desemprego, taxas de juros e de inflação etc.). A abordagem macroeconômica tem a vantagem de permitir uma melhor compreensão dos fatos mais relevantes da economia, representando assim um importante instrumento para a política e programação econômica. Exemplo prático de macroeconomia são as tomadas de decisões do governo por meio das políticas econômicas e como elas podem afetar a sua vida. Leia a reportagem na qual as medidas tomadas afetam o bolso dos consumidores, das famílias: FONTE: Disponível em: <http://brasil.elpais.com/brasil/2014/01/01/ economia/1388603796_052024.html>. CURSO LIVRE - ECONOMIA 1: CONCEITOS BÁSICOS Outro exemplo poderia ser a discussão atual sobre o corte dos gastos públicos. Trata-se de uma discussão em âmbito macroeconômico por meio da adoção de políticas restritivas. Como a lei que congela os gastos do governo poderá afetar sua vida. Leia no link: <http://noticias.uol.com.br/ politica/ultimas-noticias/2016/10/11/como-a-pec-que-congela-gastos- do-governo-afeta-sua-vida.htm>. Prezado acadêmico! Chegamos ao final desta primeira etapa do Curso Livre em Economia. Aqui você estudou alguns dos principais pressupostos da ciência econômica. Dentre os quais abordamos: os princípios básicos da economia; o problema da escassez, um dos problemas econômicos centrais nas sociedades contemporâneas; estudamos também quais são os recursos produtivos e a remuneração de cada um; além disso, estudamos os pressupostos iniciais da curva de possibilidade de produção, que tem por finalidade ilustrar graficamente o problema da escassez; e, por fim, nesta introdução breve, a ciência econômica. Estudamos de forma abreviada as duas grandes divisões teóricas da ciência econômica: a microeconomia e a macroeconomia. Na próxima etapa, estudaremos como se dá o funcionamento e as movimentações dos agentes econômicos e sua inter-relação. CURSO LIVRE - ECONOMIA 1: CONCEITOS BÁSICOS AUTOATIVIDADE Prezado acadêmico! Estamos finalizando a primeira etapa do nosso Curso Livre em Economia. É importante fixar alguns conceitos e teorias estudados até aqui. Por isso, elaboramos exercícios para você resolver e testar seus conhecimentos. Bons estudos! 1 Os problemas econômicos básicos têm origem: a) Nas desigualdades na distribuição de renda. b) Na superprodução. c) Na escassez dos recursos. d) Nos erros do governo na condução da economia. e) Nenhuma das alternativas. 2 Você estudou, nesta etapa, a curva de possibilidade de produção. Com base nos conhecimentos adquiridos, assinale verdadeiro ou falso (V ou F) para as alternativas sobre este tema: ( ) A curva de possibilidade de produção ilustra a oferta e demanda por produtos em determinada economia. ( ) A curva de possibilidade de produção ilustra o problema da escassez e das escolhas de determinada atividade ou economia. ( ) A partir da curva de possibilidade de produção é possível comparar produtos distintos e observar as vantagens de um em relação ao outro. ( ) A curva de possibilidade de produção ilustra o problema das economias subdesenvolvidas. 3 A microeconomia preocupa-se em estudar: a) O desemprego em uma determinada economia. b) A produção total da economia. c) O pleno emprego. d) A interligação entre o nível agregado de renda e o nível de despesa e de consumo. e) A inter-relação entre as firmas/empresas e consumidores, bem como a maneira pela qual a produção e preço são determinados. CURSO LIVRE - ECONOMIA 1: CONCEITOS BÁSICOS 4 A macroeconomia volta-se ao estudo: a) Do comportamento dos preços e dos consumidores. b) Da maneira como os salários são determinados em um determinado mercado. c) Do custo de oportunidade. d) Das relações entre os grandes agregados, como o PIB (Produto Interno Bruto), a renda nacional, o nível de emprego, a inflação, o desemprego, consumo, poupança. e) Nenhuma das alternativas. CURSO LIVRE - ECONOMIA 1: CONCEITOS BÁSICOS REFERÊNCIAS NOGAMI, Otto; PASSOS, Carlos. Princípios de economia. SãoPaulo: 6ª ed. Cengage Learning, 1997. O QUE É MICROECONOMIA? Disponível em: <http://www. trabalhosescolares.net/diferencas-entre-macroeconomia-e- microeconomia/>. Acesso em: 25 nov. 2016. O QUE É MACROECONOMIA? Disponível em: <http://www. trabalhosescolares.net/o-que-e-macroeconomia/>. Acesso em: 25 nov. 2016. PINHO, Diva Benvenides; VASCONCELLOS, Marco Antônio Sandoval de. Manual de introdução à economia. Autores: Amaury Patrick Gremaud et al.; organizadores: Diva Benevides Pinho e Marco Antônio Sandoval de Vasconcellos. São Paulo, Saraiva, 2006. ROSSETTI, José Paschoal. Introdução à economia. José Paschoal Rossetti. 20. ed. São Paulo: Atlas, 2003. SANDRIONI, Paulo. Dicionário de economia do século XXI. 4. edição - Rio de Janeiro: Record, 2008. VASCONCELLOS, Marco Antônio Sandoval de; GARCIA, Manuel Enriquez. Fundamentos de economia. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2004.
Compartilhar