Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Aline Cristina | Medicina veterinária - UFERSA Anatomia dos órgãos reprodutivos DESENVOLVIMENTO OS ORGÃOS REPRODUTIVOS O desenvolvimento do sistema genital masculino e feminino se dá a partir do desenvolvimento de ductos genitais juntamente com influência de hormônios. Nas primeiras semanas de gestação o sistema genital do feto é ainda indiferenciado, ou seja, "o feto nem é masculino e nem é feminino". Neste estágio indiferenciado estão presentes no feto dois ductos genitais, que são eles: Ductos mesonéfricos ou de Wolf , os quais originarão o sistema genital masculino e Ductos paramesonéfricos ou de Müller, que originarão o sistema genital feminino. No desenvolvimento do sistema genital masculino, o testículo fetal produz hormônios masculinizantes, a exemplo da testosterona, produzida pelas células de Leydig. A testosterona estimula os ductos mesonéfricos a formarem os ductos genitais masculinos. As células de sertolli produzem a substância inibidora de Müller, essa substância impede o desenvolvimento dos ductos genitais femininos e consequentemente não existirá sistema genital feminino. A partir desse ducto genital masculino formado, outras estruturas do trato genital masculino se desenvolvem, são elas: dúctulos eferentes, ducto do epidídimo, ducto deferente, vesícula seminal cuja secreção nutre os espermatozoides e ducto ejaculatório. Glândulas como próstata e bulburetrais se desenvolvem a partir de partes distintas da uretra. No desenvolvimento do sistema genital feminino ocorre o oposto, sem quantidade necessária de testosterona os ductos mesonéfricos regridem, e como também não há substância inibidora de Müller os ductos genitais femininos se desenvolvem, e assim surge o trato genital feminino. O trato genital feminino inclui basicamente as tubas uterinas e o primórdio uterovaginal que originará o útero e a vagina. 2 Aline Cristina | Medicina veterinária - UFERSA ÓRGÃOS REPRODUTIVOS MASCULINO O sistema genital masculino compreende os órgãos envolvidos no desenvolvimento, no amadurecimento, no transporte e no armazenamento dos gametas masculinos (espermatozoides). Ele consiste em um par de testículos, o ducto contorcido do epidídimo, o ducto deferente, a uretra e as glândulas genitais acessórias. Os testículos produzem esperma e hormônios. O epidídimo armazena espermatozoides durante seu amadurecimento antes de passarem para o ducto deferente e pela uretra. As glândulas acessórias também liberam suas secreções na uretra e contribuem para o volume do sêmen. A parte distal da uretra forma o caminho combinado para a passagem tanto da urina como do sêmen. O pênis é o órgão copulador masculino e deposita sêmen no trato reprodutor feminino. TESTÍCULOS Os testículos, ou gônadas masculinas, são órgãos pares. As gônadas masculinas migram de sua posição de desenvolvimento dentro da cavidade abdominal para o processo vaginal, coberto pelo escroto. Esse processo é denominado descida dos testículos e depende do gubernáculo dos testículos, o qual é um cordão mesenquimal envolvido em peritônio que se prolonga dos testículos pelo canal inguinal até o processo vaginal. Na primeira fase da descida dos testículos, o gubernáculo aumenta de comprimento e diâmetro, expandindo-se para além do canal inguinal e, dessa forma, dilatando-o. Durante a segunda fase, ele retrocede, acomodando os testículos dentro do processo vaginal. O processo de migração dos testículos é o resultado de aumento da pressão intra-abdominal e da tração do gubernáculo, que conduz os testículos em direção à região inguinal. A descida testicular é vital para a produção dos gametas masculinos (espermatogênese) nos mamíferos domésticos, já que a posição do escroto reduz a temperatura dos testículos em comparação à temperatura corporal. A impossibilidade de um ou de ambos os testículos realizarem a descida testicular se chama criptorquidismo e 3 Aline Cristina | Medicina veterinária - UFERSA acredita-se que se trate de uma condição hereditária. Portanto, criptorquídeos não devem ser usados para reprodução. Os testículos são órgãos elipsoides sólidos cujo volume não tem relação fixa com o tamanho corporal. Dentre as espécies domésticas, são evidentemente pequenos em gatos e notavelmente grandes em carneiros e bodes. Sua orientação também varia. Apresentam seu maior eixo longitudinal na posição vertical nos ruminantes (necessitando de profundo e penduloso escroto), na horizontal nos equinos e cães, e inclinado em direção ao ânus em suínos e gatos. Essa diferença está diretamente relacionada à posição do escroto, que está localizado abaixo da parte caudal do abdome nos ruminantes, perineal nos suínos e gatos, e em uma posição intermediária nos equinos e cães. Cada testículo está separadamente suspenso dentro do escroto pelo cordão espermático, um feixe de estruturas que inclui o ducto deferente, vasos e nervos confinados dentro de um duplo revestimento do peritônio. A superfície externa do testículo é lisa devido ao revestimento peritoneal direto, com exceção da região dos polos e ao longo da margem pela qual está aderido ao epidídimo, uma estrutura formada pela parte convoluta inicial do sistema externo de ductos. O peritônio cobre uma cápsula espessada (túnica albugínea) composta principalmente por tecido conjuntivo denso, porém algumas vezes também por musculatura lisa. A cápsula emite septos e trabéculas que dividem o parênquima em lóbulos. Os septos não estão sempre evidentes; contudo, naquelas espécies nas quais são bem desenvolvidos, podem ser observados convergindo no sentido de um espessamento substancial (mediastino testicular); isso pode ser axial ou deslocado no sentido da margem onde está o epidídimo. O parênquima macio, amarelado ou acastanhado consiste em túbulos seminíferos entremeados e tecido intersticial. Esse último consiste em uma massa intersticial de células (Leydig) apoiadas em um delicado tecido conjuntivo, no qual estão presentes pequenos vasos sanguíneos e linfáticos. As células intersticiais são as principais produtoras do hormônio esteroide androgênico. A maior parte do parênquima é formada por túbulos onde o processo de espermatogênese é conduzido. Cada túbulo seminífero é tão tortuoso e espiralado que as duas extremidades se abrem na rede testicular, um plexo de espaços no interior do mediastino. No interior dos túbulos seminíferos, dois tipos celulares podem ser identificados: as células de Sertoli, que dão suporte e nutrem as células germinativas por meio da produção de hormônios e fatores de crescimento, e o epitélio seminífero. A rede é drenada por uma dúzia ou mais de ductos eferentes que penetram na cápsula para se unirem na cabeça do epidídimo. As funções endócrinas do testículo são realizadas pelas células intersticiais (Leydig), responsáveis pela produção de andrógenos, e pelas células de sustentação (Sertoli), responsáveis pela produção de inibina. O epidídimo está firmemente anexado ao testículo e consiste em rolos de túbulos contorcidos alongados, cuja união é mantida por tecido conectivo. Ele pode ser dividido em três segmentos: cabeça, corpo e cauda. Gato Cão Ruminante 4 Aline Cristina | Medicina veterinária - UFERSA A cabeça do epidídimo está firmemente fixada à cápsula testicular e recebe os ductos eferentes do testículo. Imediatamente após penetrar o epidídimo, os ductos eferentes se unem para formar o ducto do epidídimo. Os ductos contorcidos formam o corpo do epidídimo, mantido no lugar por uma camada dupla de serosa. O espaço entre o corpo do epidídimo e o testículo é denominado bolsa testicular. O ducto do epidídimo prossegue até a cauda do epidídimo. Ela se fixa à extremidade caudada do testículo pelo ligamento próprio do testículo e ao processo vaginal peloligamento da cauda do epidídimo. O ducto do epidídimo emerge em sua cauda e prossegue na forma de ducto deferente. No ducto do epidídimo, os espermatozoides amadurecem, o fluido testicular é absorvido, os fragmentos celulares sofrem fagocitose e os nutrientes para os espermatozoides são secretados. Os espermatozoides são armazenados na cauda do epidídimo até o momento da ejaculação. O ducto deferente é a continuação direta do ducto do epidídimo. Sua origem é a parte ondulante da cauda do epidídimo e se torna reto gradualmente à medida que atravessa a margem medial do testículo. Ele ascende dentro do cordão ou funículo espermático e penetra a cavidade abdominal através do canal inguinal. O ducto deferente forma uma alça convexa cranialmente dentro de uma prega do peritônio, o mesoducto deferente e passa sob o ureter conforme alcança a face dorsal da vesícula urinária, atravessando a próstata até se abrir na parte proximal da uretra no colículo seminal. A porção terminal do ducto deferente se torna espessa pela presença de glândulas em sua parede para formar a ampola do ducto deferente. ENVOLTÓRIOS DO TESTÍCULO Os envoltórios do testículo não apenas cobrem o testículo, o epidídimo e partes do cordão espermático, mas também se moldam ao redor desses órgãos. As diferentes camadas dos envoltórios do testículo correspondem às camadas da parede abdominal. A pele externa, a túnica dartos subcutânea e a fáscia espermática externa formam o escroto. A fáscia espermática interna e a lâmina parietal da túnica vaginal formam o processo vaginal, uma expansão da cavidade peritoneal no escroto. O processo vaginal se prolonga para os compartimentos direito e esquerdo do escroto, os quais são divididos por um septo formado pela pele e pela camada subcutânea do escroto. O septo do escroto envolve os testículos separadamente e é marcado externamente com a rafe do escroto. 5 Aline Cristina | Medicina veterinária - UFERSA A pele do escroto costuma não apresentar pelos, exceto no gato e em determinadas raças de ovinos, nos quais é coberta por pelos. Ela apresenta uma grande quantidade de glândulas sudoríparas e sebáceas e se adere firmemente à túnica dartos subjacente. A túnica dartos possui várias fibras de músculo liso, as quais se contraem para tensionar e retrair o escroto e, desse modo, contribuem para a regulação de temperatura do testículo. A fáscia espermática externa se destaca das fáscias superficial e profunda do abdome na altura do escroto e é dividida em uma camada profunda e outra superficial. As duas camadas da fáscia espermática externa e da fáscia espermática interna e a túnica vaginal estão conectadas por tecido conectivo frouxo. Essa camada intermediária folgada permite o movimento do processo vaginal dentro do escroto. Ela possui importância clínica, já que facilita a castração por técnica fechada, na qual a túnica vaginal é ligada aos vasos sanguíneos e ao ducto deferente. O músculo cremaster é um destacamento do músculo oblíquo interno do abdome na altura do anel inguinal profundo. Ele cobre parte do processo vaginal e é recoberto por uma camada delgada de tecido conectivo frouxo. Durante a contração, retrai o escroto e seu conteúdo em direção à região inguinal. O processo peritonial (túnica vaginal) que envolve o testículo é uma evaginação do revestimento do abdome através do canal inguinal. A estreita parte proximal que circunda o cordão espermático se alarga distalmente para formar uma expansão em forma de frasco abaulado no interior do escroto, que envolve o testículo e o epidídimo. As lâminas parietal e visceral da túnica estão ligadas por uma prega que se estende do anel vaginal até a cauda do epidídimo. A cavidade entre as lâminas parietal e visceral apresenta normalmente apenas uma pequena quantidade de fluido seroso e se comunica com a cavidade peritonial do abdome por meio do anel vaginal, uma estreita abertura em forma de fenda, localizada na abertura interna do canal inguinal. Às vezes, uma alça do intestino delgado ou outro órgão abdominal sofre herniação para dentro do processo peritonial pelo anel vaginal; essa complicação é normalmente encontrada no momento da castração. 6 Aline Cristina | Medicina veterinária - UFERSA O cordão espermático varia em comprimento e forma de acordo com a posição e a orientação dos testículos. É mais curto e mais compacto naquelas espécies que apresentam os testículos pendentes verticalmente na região inguinal. O volume do cordão é conferido pela artéria testicular e pelas veias testiculares, ambas bastante modificadas. A artéria é um ramo da aorta abdominal, e inicialmente segue em direção ao anel vaginal, onde os constituintes do cordão espermático estão reunidos. As veias testiculares constituem uma elaborada malha, o plexo pampiniforme, dentro da qual as espirais da artéria estão entremeadas, ao final, o plexo se reduz a uma única veia que segue na direção da veia cava caudal. Anastomoses arteriovenosas estão presentes entre a artéria testicular e seus ramos epididimários e as veias do plexo pampiniforme O processo de espermatogênese é influenciado pela temperatura e não ocorre normalmente à temperatura corporal. Vários fatores auxiliam na manutenção da temperatura endotesticular adequada. A posição exposta do escroto, a ausência de gordura no interior da fáscia escrotal e a posição intracapsular dos grandes vasos testiculares auxiliam a perda de calor por radiação, a grande quantidade de glândulas sudoríferas permite a perda adicional de calor por evaporação na superfície cutânea. Talvez o mais importante seja o extenso contato entre os vasos no interior do cordão que pré-resfria o sangue no interior da artéria à medida que ela segue seu tortuoso caminho em relação ao plexo venoso. Os mecanismos para a perda de calor são tantos que a temperatura testicular pode ser excessivamente reduzida em climas mais frios. Mecanismos inversos estão disponíveis. A contração da túnica dartos, diretamente sensível à alteração da temperatura, comprime e recolhe o escroto, reduzindo, dessa forma, a superfície exposta e também trazendo os testículos para o tronco, mais aquecido. 7 Aline Cristina | Medicina veterinária - UFERSA Uretra Masculina A uretra masculina se prolonga desde o orifício interno no colo da bexiga até o óstio externo da uretra na extremidade livre do pênis. Conforme sua localização, ela pode ser dividida em uma parte pélvica e uma parte peniana. A parte pélvica pode ser subdividida em uma parte pré- prostática proximal, a qual conduz urina, e uma parte prostática, a qual recebe a companhia do ducto deferente e do ducto vesicular ou ejaculatório combinados. Na parte pré- prostática, há uma crista uretral que se projeta no lúmen e termina em um espessamento, o coliculo seminal. O colículo seminal apresenta em suas laterais os orifícios dos ductos deferentes, em forma de fenda, e aberturas menores, por meio das quais muitos ductos prostáticos eliminam suas secreções. Aberturas semelhantes, porém, mais distais, marcam a entrada dos ductos das outras glândulas acessórias. Ao deixar a cavidade pélvica, a uretra é envolvida por um tecido altamente vascularizado e prossegue como parte do pênis. Glândulas Acessórias Reprodutivas O conjunto de glândulas é formado pelas ampolas, glândulas vesiculares, próstata e glândulas bulbouretrais, embora nem todas estejam presentes em todas as espécies. A ampola do ducto deferente envolve a parte terminal do ducto deferente. As glândulas vesiculares pares estão presentes em todos os mamíferos domésticos, com exceção do cão e do gato. Em ruminantes e no equino, seu ducto excretor se une ao ducto deferente logo antes de seu término e essa passagem comum curta é denominada ductoejaculatório. No suíno, as glândulas vesiculares se abrem separadamente na uretra, próximas ao colículo seminal. A glândula vesicular do equino é um órgão oco relativamente grande com uma parede muscular espessa e uma superfície lisa. No touro e no suíno, a superfície é irregular. A próstata está presente em todas as espécies domésticas. Em algumas, consiste em duas partes: uma está difusamente espalhada no interior da parede da uretra pélvica e a outra é um corpo compacto localizado externamente a uretra. As duas partes são drenadas por vários pequenos ductos. Os pequenos ruminantes apresentam apenas a parte difusa ou disseminada, e o equino apenas a parte compacta. Nos cães e gatos, a parte disseminada é vestigial, entretanto a parte compacta é muito grande e globular, tão desenvolvida que circunda completamente (cão) ou quase completamente (gato) a uretra. O touro possui ambos, mas o corpo é pequeno e plano. 8 Aline Cristina | Medicina veterinária - UFERSA As glândulas bulbouretrais são pares, tubulares, apresentam epitélio secretor e repousam sobre a uretra, próximas à saída da pelve. São observadas em todas as espécies, menos nos cães (embora sejam vestigiais nos gatos). Nos equinos e ruminantes apresentam tamanho moderado, contudo nos suínos são muito grandes e aparecem como cilindros irregulares e alongados, localizados em ambos os lados da uretra. Elas podem ser drenadas por um ou vários ductos. PÊNIS E PREPÚCIO O pênis está suspenso abaixo do tronco e está parcialmente contido entre as coxas, onde é ancorado ao assoalho pélvico pelo ligamento suspensório nas grandes espécies. O órgão é principalmente formado por três colunas de tecido erétil. Essas colunas são independentes caudalmente, onde constituem a raiz do pênis, contudo, suas partes principais estão unidas no corpo do pênis. O par de colunas dorsais é conhecido como pilares do pênis. Os pilares convergem para formar a raiz do pênis, a qual prossegue como o corpo do pênis até a glande do pênis. As duas colunas dorsais de tecido erétil são conhecidas como os pilares do pênis e consistem em um centro de tecido cavernoso envolvido por uma camada espessa de tecido conectivo, a túnica albugínea. Os corpos cavernosos pares preenchidos com sangue convergem e prosseguem distalmente no corpo do pênis. O corpo cavernoso de cada pilar permanece distinto dentro do corpo, onde existe um septo entre eles. O dorso do pênis é marcado por um sulco raso, enquanto a face ventral (uretral) apresenta um sulco profundo para acomodar a uretra e sua lâmina vascular, o corpo esponjoso. 9 Aline Cristina | Medicina veterinária - UFERSA O corpo esponjoso ímpar fornece a terceira coluna de tecido erétil e é mais delicado que os corpos cavernosos com espaços maiores para o sangue separados por septos mais finos. O corpo cavernoso não se estende até a glande do pênis, que é formada por uma expansão do corpo esponjoso. O corpo esponjoso tem início na saída da pelve como súbito aumento de tamanho do pequeno tecido esponjoso da uretra pélvica. Essa expansão constitui o bulbo do pênis, uma estrutura bilobada que se afina para continuar como um tubo mais uniforme. Sua expansão cranial sobre a extremidade distal do corpo cavernoso, normalmente denominada glande, forma o ápice do órgão como um todo. Como o corpo esponjoso circunda a uretra, o orifício uretral localiza-se na extremidade do pênis; de fato, em pequenos ruminantes, o processo uretral livre prolonga a uretra bem além desse ponto. Existem outras diferenças marcantes na estrutura do pênis nas diferentes espécies. Nos cães e gatos, a parte distal do corpo cavernoso é transformada em tecido ósseo, o osso peniano. A arquitetura do corpo cavernoso também exibe diferenças importantes. Em algumas espécies, ele apresenta pequenos espaços sanguíneos confinados e divididos por grande quantidade de tecido fibroelástico firme. Relativamente, pequena quantidade de sangue deve ser retida para fazer com que esse pênis do tipo fibroelástico se torne ereto, essa forma de construção é encontrada no pênis dos suinos e dos ruminantes. No outro tipo, os espaços sanguíneos são relativamente maiores, e o revestimento e os septos são mais delicados e mais musculares, uma quantidade relativamente maior de sangue é necessária para atingir a ereção, o que envolve significativo aumento no comprimento e na espessura. Esse tipo de pênis, musculocavernoso, é encontrado em garanhões e, de forma atípica, nos cães. O prepúcio ou bainha é uma prega tubular que consiste em uma camada externa (lâmina externa), contínua ao tegumento comum, e uma camada interna (lâmina interna) que fica em contato direto com a extremidade livre do pênis; a camada interna continua como um revestimento da extremidade livre do pênis após sua reflexão no fundo da cavidade 10 Aline Cristina | Medicina veterinária - UFERSA prepucial. A camada interna e o revestimento do pênis não apresentam pelos, mas geralmente têm tecido linfoide e glândulas que secretam o esmegma. No macho recém-nascido, o pênis e a bainha estão fusionados, e a separação é gradualmente realizada durante o período pré-púbere. Os anexos do prepúcio no adulto são suficientemente frouxos para permitir que a lâmina interna seja refletida sobre o pênis ereto quando ele é exteriorizado pelo orifício prepucial. Os músculos do pênis compreendem: ● Músculo à ● Músculo bulboesponjoso ● Músculo retrator do pênis Os músculos isquiocavernosos pares são fortes, emergem do arco isquiático e envolvem os pilares até a altura de sua fusão na raiz do pênis. O músculo bulboesponjoso é a continuação espessa extrapélvica do músculo uretral. Tem início abrupto e se estende distalmente até terminar na superfície do corpo esponjoso. O músculo retrator do pênis também é par e emerge das vértebras caudais, descendo através do períneo ao redor do ânus para alcançar o pênis. Em espécies com uma flexura sigmoide (ruminantes e suíno), ele se fixa ao arco caudal dessa flexura; em espécies com pênis musculocavernoso, ele segue o músculo bulboesponjoso até a extremidade do pênis. O músculo retrator compõe-se principalmente de fibras musculares lisas. 11 Aline Cristina | Medicina veterinária - UFERSA TRANSPORTE ESPERMÁTICO NO TRATO MASCULINO; EREÇÃO DO PÊNIS No início da ereção, o fluxo sanguíneo para o pênis aumenta enquanto as paredes das artérias irrigadoras relaxam. Ao mesmo tempo, o fluxo venoso se obstrui na raiz do pênis, onde as veias são comprimidas contra o arco isquiático, o que causa um efeito maior sobre o corpo cavernoso do que sobre o corpo esponjoso; este último, portanto, é preenchido depois do corpo cavernoso. O processo continua e se intensifica após a introdução do pênis e a pressão interna do tecido erétil se eleva ainda mais. Após a ejaculação, o corpo cavernoso se esvazia antes do corpo esponjoso, e a pressão cai rapidamente. A ereção ocorre antes da ejaculação. O sêmen é transportado continuamente em direção à ampola do ducto deferente através de movimentos peristálticos do ducto do epidídimo e do ducto deferente, causados por células musculares lisas no interior de suas paredes. A atividade secretora do revestimento do ducto do epidídimo é regulada por andrógenos, os quais têm efeito positivo sobre a motilidade espermática. 12 Aline Cristina | Medicina veterinária - UFERSA ÓRGÃOS REPRODUTIVOS FEMININOS Os órgãos reprodutivos da fêmea incluem um par de gônadas, ou ovários, que produzem os gametas femininos (óvulo) e hormônios; um par de tubas uterinas, que capturam os óvulos após sua liberação dos ovários e os transportam até o útero; o útero, ondeos óvulos fertilizados são retidos e nutridos até que o desenvolvimento pré-natal esteja completo; a vagina, que funciona tanto como órgão copulatório quanto canal do parto; e vestíbulo, que é contínuo à vagina e se abre externamente na vulva, contudo também serve para passagem da urina. Geralmente, as fêmeas mamíferas aceitam o macho apenas no momento próximo à ovulação, um período caracterizado por várias alterações estruturais e excitabilidade geral, assim como aspectos comportamentais específicos; o período é conhecido como “cio”, em uma linguagem leiga e na linguagem técnica como estro. O estro ocorre com frequência variada de acordo com o programa característico de cada espécie. O ciclo estral é dividido em várias fases. Estro, o clímax, é precedido pelo proestro, um período de desenvolvimento folicular; esse é seguido por um período de atividade luteal dividido entre metaestro e diestro. O proestro e o estro juntos representam a fase folicular, quando as condições reprodutivas são predominantemente determinadas pelos crescentes níveis de estrógenos produzidos pelo grupo de folículos, que rapidamente se desenvolvem até a maturidade e a ovulação. O metaestro e o diestro representam a fase luteal, quando a dominância hormonal é exercida pela progesterona, o hormônio produzido pelos corpos lúteos, glândulas endócrinas transitórias que substituem os folículos ovulados. 13 Aline Cristina | Medicina veterinária - UFERSA OVÁRIOS Os ovários apresentam funções gametogênicas e endócrinas. Cada ovário é uma estrutura sólida, basicamente elipsoide, embora comumente seja irregular em função das projeções das superfícies dos grandes folículos e corpos lúteos. Os ovários são muito menores do que os testículos dos machos da mesma espécie; contudo, assim como os testículos, não apresentam uma proporção constante com o tamanho corporal. Os ovários das éguas são relativamente grandes e também peculiares, pois apresentam um formato semelhante ao rim. Os ovários são geralmente encontrados na parte dorsal do abdome, próximo às pontas dos cornos uterinos. Cada ovário fica suspenso no interior da parte cranial (mesovário) do ligamento largo, a sustentação comum do trato reprodutivo feminino. Um corte no ovário de um animal adulto revela que o órgão consiste em uma porção central frouxa e mais vascularizada contida no interior de um arcabouço mais denso. A zona parenquimatosa (córtex) é limitada pela túnica albugínea diretamente abaixo do peritônio e apresenta folículos espalhados em várias fases de desenvolvimento e regressão. Cada folículo apresenta um único óvulo. O grande aumento sofrido por esses folículos, selecionados para se tornarem maduros no corrente ciclo, é principalmente devido ao acúmulo de fluido pelo qual o óvulo é colocado para fora no momento da ovulação. Esse processo origina uma estrutura sólida, conhecida como corpo lúteo (corpo amarelo), devido à sua coloração. Os corpos lúteos são estruturas transitórias que crescem e regridem entre um período de estro e o subsequente (assumindo que não ocorra gestação). Embora transitórios, são importantes como fontes de progesterona, assim como os folículos em crescimento são fontes de estrógenos. Os corpos lúteos por fim regridem e são substituídos por tecido conjuntivo cicatricial, o corpo albicans (corpo branco). 14 Aline Cristina | Medicina veterinária - UFERSA TUBAS UTERINAS As tubas uterinas são estreitas e geralmente muito convolutas. Elas captam os óvulos liberados pelos ovários e os transportam para o útero, como também transportam os espermatozoides durante sua ascensão, a fertilização normalmente ocorre nas tubas. A extremidade cranial livre assume a forma de um funil de parede delgada (infundíbulo) localizado próximo ao polo cranial do ovário. A margem livre do funil é irregular, e as projeções (fímbrias) entram em contato e, às vezes, aderem à superfície do ovário. Um pequeno orifício (óstio abdominal) no final do funil leva a uma longa parte tubular que se divide em dois segmentos mais ou menos equivalentes. O mais proximal, conhecido como ampola, é seguido por um mais convoluto e estreito, istmo, contudo a distinção desses dois segmentos não é igualmente evidente em todas as espécies ou em todas as fases do ciclo. O istmo se une ao ápice do corno uterino na junção uterotubárica (salpingouterina), uma região de aparência variada. Essa junção representa uma verdadeira barreira, impedindo tanto a ascensão dos espermatozoides quanto a descida do óvulo. A tuba é suspensa por uma prega lateral (mesossalpinge), uma parte do ligamento largo que sustenta o ovário. ÚTERO O útero é a parte distensível do trato onde os embriões se alojam e estabelecem meios para as trocas fisiológicas com a corrente sanguínea materna, e onde são protegidos e nutridos até o momento em que estejam prontos para serem liberados ao mundo exterior. Na variedade intermediária (útero bicórnio) encontrada em todas as principais espécies domésticas, o útero compreende uma parte cranial mediana de onde os cornos uterinos divergem cranialmente até se continuarem com as tubas uterinas. Em todos os mamíferos domésticos, a parte mediana do útero apresenta dois segmentos. O caudal, um segmento de parede muito espessa, a cérvix, representa um esfíncter para o controle do acesso para e da vagina. Uma parte da cérvix (porção vaginal) normalmente se projeta para dentro do lume vaginal com o 1qual se comunica pelo óstio (uterino) 15 Aline Cristina | Medicina veterinária - UFERSA externo. O lume da cérvix (canal cervical) é constrito e quase sempre ocluído por pregas mucosas; se abrindo dentro do corpo do útero no óstio (uterino) interno. O corpo, de forma geral, é um segmento menor nas espécies domésticas, embora as proporções variem; é maior nas éguas. A divisão do interior não é sempre óbvia externamente, pois um septo interno pode parcialmente dividir um espaço aparentemente único. Embora a inspeção visual geralmente não revele a extensão da cérvix, isso é facilmente descoberto durante a palpação retal, uma vez que é muito mais firme do que as estruturas adjacentes. Os cornos variam muito em comprimento. Sua disposição também varia; são caracteristicamente curvados nos ruminantes, retilíneos e divergentes em éguas e cadelas, e modelados como alças intestinais em porcas. O útero apresenta uma cobertura serosa, uma muscular e uma mucosa que são denominadas perimétrio, miométrio e endométrio, respectivamente. A cobertura serosa chega até o útero por uma extensão do ligamento largo (mesométrio). A musculatura está arranjada em camadas: uma externa, longitudinal e mais delgada, e outra interna, circular e mais espessa, que estão separadas por um estrato de tecido conjuntivo muito vascularizado. O endométrio é espesso. Seu relevo superficial varia entre as espécies e é mais marcante nos ruminantes, nos quais várias elevações permanentes (carúnculas) marcam os locais onde as membranas embrionárias se fixam firmemente durante a gestação. A mucosa no interior da cérvix está proeminentemente moldada por pregas longitudinais e circulares, cujas interdigitações auxiliam no fechamento da passagem. O muco secretado pelas glândulas cervicais bloqueia o canal na maioria das vezes e, dessa forma, auxilia a selar a comunicação entre o útero e a vagina. A passagem se abre apenas durante o estro e imediatamente antes, durante e por um curto período após o parto. VAGINA O restante do trato feminino, por vezes denominado apenas de vagina, consiste em duas partes. A parte cranial, a vagina em seu sentido próprio, é simplesmente uma passagem reprodutiva que parte da cérvix até a entrada da uretra. A parte caudal, o vestíbulo, se estende do óstio uretral (externo) até a vulva, externa,e combina funções reprodutivas e urinárias. Essas duas partes juntas constituem o órgão copulatório da fêmea e o canal do parto. A intrusão da cérvix para o interior da parte cranial da vagina reduz o lume dessa região (geralmente) para um espaço como um anel, conhecido como fórnix. 16 Aline Cristina | Medicina veterinária - UFERSA A junção da vagina com o vestíbulo está supostamente demarcada nos animais virgens por meio de uma prega mucosa transversa (hímen). A vagina é um tubo relativamente longo e de parede fina, distensível em comprimento e largura. Ocupa uma posição mediana na cavidade pélvica e se relaciona dorsalmente com o reto e ventralmente com a bexiga urinária e a uretra. VESTÍBULO E VULVA O vestíbulo, muito mais curto do que a vagina, situa-se principalmente, se não inteiramente, caudal ao arco isquiático, circunstância que lhe permite inclinar-se ventralmente à sua abertura na vulva. O grau de inclinação é variável, tanto entre as espécies quanto entre os indivíduos. As paredes do vestíbulo são menos elásticas do que as paredes da vagina e se juntam no momento de repouso, reduzindo o lume a uma fenda vertical. A uretra se abre no assoalho, caudal a qualquer indicação do hímen que possa estar presente. Em alguns animais, por exemplo, a cadela, a abertura uretral eleva-se acima do nível do assoalho vestibular; em outros, como a vaca, está associada ao divertículo suburetral. Mais caudalmente, as paredes vestibulares são marcadas pela desembocadura dos ductos das glândulas vestibulares. Em certas espécies (p. ex., 17 Aline Cristina | Medicina veterinária - UFERSA cadela), as glândulas são pequenas, contudo numerosas, e os orifícios dos ductos formam séries lineares; em outras (p. ex., vaca), uma grande massa glandular de cada lado é drenada por um ducto único. Essas glândulas produzem uma secreção mucosa que lubrifica a passagem durante o coito e o parto. No estro, o odor da secreção tem um efeito sexualmente estimulante sobre o macho. O vestíbulo se abre para o exterior pela vulva. A abertura vertical da vulva é delimitada pelos lábios que se encontram nas comissuras dorsal e ventral. O clitóris, o homólogo feminino do pênis, situa-se dentro da comissura ventral. É formado por dois pilares, um corpo e uma glande, da mesma forma que seu muito maior homólogo masculino. ANEXOS Os ligamentos largos, as principais fixações do trato reprodutivo da fêmea, são folhetos bilaterais que têm sua origem no teto do abdome e nas paredes pélvicas. A parte cranial de cada folheto pende verticalmente e sustenta o ovário, a tuba uterina e o corno uterino. A parte caudal passa mais horizontalmente para se fixar ao lado do corpo do útero, da cérvix e da parte cranial da vagina. Diferentes partes dos ligamentos largos apresentam designações específicas. Quando acompanhado distalmente de sua fixação até o teto abdominal, o mesovário, que sustenta o ovário, emite uma prega lateral (mesossalpinge) que passa sobre a tuba uterina. O mesovário e a mesossalpinge formam uma bolsa, a bolsa ovárica, para dentro da qual o ovário se projeta. Um cordão de tecido fibroso e musculatura lisa, o ligamento redondo do útero, passa do ápice do corno uterino em direção (na cadela, 18 Aline Cristina | Medicina veterinária - UFERSA através) ao canal inguinal, sustentado por uma dobra especial do peritônio, destacada da superfície lateral do ligamento largo.
Compartilhar