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Anatomia topográfica dos animais domésticos 2020.1 Marina Morena mmorenacg@gmail.com Marina Morena Sumário Sistema tegumentar ...... 2 PELO .................................. 2 COXIM................................ 2 UNHAS, GARRAS E CASCOS ...... 3 Unhas .......................... 3 Garras .......................... 3 Casco equino................ 4 CORNOS ............................. 4 CHIFRE ............................... 4 GLÂNDULAS ......................... 5 Glândula circum-orais .. 5 Glândulas cornuais ...... 5 Glândulas do seio infra- orbital .......................... 5 Glândulas cárpicas ....... 5 Glândulas do seio interdigital ................... 5 Glândulas do seio inguinal ....................... 5 Glândula prepucial ...... 5 Glândulas da cauda ..... 5 Glândulas dos seios paranais ...................... 5 Glândula mamária ....... 5 Esplancnologia e cavidades corporais ....................... 6 CAVIDADE TORÁCICA ............. 8 Mediastino .................. 8 CAVIDADES ABDOMINAL E PÉLVICA .............................. 9 Cavidade peritoneal ... 10 Cavidade pélvica ........ 10 Sistema respiratório ..... 10 NARINAS ........................... 10 CAVIDADE NASAL ................ 11 SEIOS PARANASAIS .............. 12 LARINGE ........................... 12 TRAQUEIA ......................... 13 PULMÃO ........................... 13 Sistema digestório ........ 14 DENTIÇÃO ......................... 14 Equinos ..................... 15 Ruminantes ............... 16 Felinos ....................... 16 Caninos ..................... 16 Suínos ........................ 16 CAVIDADE ORAL ................. 16 Língua ....................... 17 OROFARINGE ..................... 18 Tuba auditiva ............ 19 GLÂNDULAS SALIVARES ........ 20 Gl. parótida ............... 20 Gl. mandibular .......... 20 Gl. sublingual ............ 21 Gl. bucais ................... 21 Mucocele ................... 21 ESÔFAGO .......................... 21 ESTÔMAGO ....................... 22 Monogástrico ............ 22 Poligástrico ............... 24 INTESTINO......................... 27 Intestino delgado ...... 27 Intestino grosso ......... 28 ÂNUS ............................... 31 GLÂNDULAS ANEXAS ........... 31 Fígado ....................... 31 Pâncreas ................... 33 Sistema urinário ......... 34 RINS ................................ 34 Topografia ................ 37 Considerações clínicas 38 URETERES ......................... 38 Considerações clínicas 38 BEXIGA ............................ 39 Considerações clínicas 39 Sistema genital feminino .................................. 39 OVÁRIOS .......................... 40 TUBA UTERINA ................... 41 ÚTERO ............................. 41 Considerações clínicas 43 VAGINA ............................ 43 Sistema genital masculino .................. 43 BOLSA ESCROTAL ................. 44 TESTÍCULO ......................... 45 FUNÍCULO ESPERMÁTICO ....... 46 GLÂNDULAS ACESSÓRIAS ....... 47 PÊNIS ............................... 47 Glande ....................... 49 URETRA ............................ 50 Sistema circulatório ..... 50 CORAÇÃO .......................... 50 Átrios ......................... 52 Ventrículos ................. 53 Pericárdio .................. 54 Pontos de ausculta cardíaca ..................... 54 VASCULARIZAÇÃO ............... 54 Vasos da base ............ 54 Vascularização cardíaca .................................. 55 Artéria aorta .............. 56 Tributárias das veias cavas.......................... 59 Segunda avaliação ....... 60 Marina Morena 2 Sistema tegumentar Composto pela pele e seus anexos, como glândulas, garras, cascos, cornos, chifres etc., o sistema tegumentar recobre totalmente o corpo, sendo considerado o maior órgão. É um importante reservatório de água, especialmente na derme e hipoderme. A camada mais externa, a epiderme, é um tecido epitelial estratificado pavimentoso queratinizado que está em constante renovação. A presença da queratina fornece às especializações epidérmicas de dureza e resistência, agindo também como uma impermeabilidade seletiva. Em contraponto com a epiderme, a derme é altamente vascularizada e inervada. Além disso, possui projeções em direção à epiderme que aumenta a troca de nutrientes e resíduos. Abaixo da derme, há a hipoderme, ou tela subcutânea, que é composta por tecido conjuntivo propriamente dito frouxo e tecido adiposo. A quantidade e espessura dessa camada varia dependendo da localização. Um exemplo é visto no suíno, onde a hipoderme é altamente aderida e com muita gordura (bacon). O sistema tegumentar é o primeiro a ser afetado em casos de desidratação do animal, assim, pode ser utilizado para análises rápidas, como nos testes de TPC e tugor da pele. Em animais desidratados ocorre a vasoconstrição na derme, além da perda de elasticidade da hipoderme. Esses testes se baseiam nessas características e avaliam o tempo de perfusão capilar e a capacidade de elasticidade da pele. Obs.: espaço morto cirúrgico – é o espaço aberto não suturado entre as camadas da pele. Esse espaço deixado pode acumular líquido, seroma, gerado pelo tecido conjuntivo justamente para preencher o vazio. Para que isso não ocorra deve- se suturar a hipoderme, assim como a derme e a epiderme, ou então usar um dreno. Pelo Presente os mamíferos terrestres, recobre o corpo dos animais, exceto em locais de pele grossa, como nas superfícies digital e próximo à orifícios naturais. Os pelos podem ser divididos em três tipos: proteção, que são os pelos mais superficiais; subpelo, comum em gatos e cachorros de pelo longo, são os que se soltam em épocas de muda; e pelos táteis, que são as vibrissas, que possuem finalidade sensorial. O pelo de proteção é o mais superficial e seu tamanho varia de acordo com o local do corpo. A sua disposição e cobertura com sebo permite o escoamento de água, garantindo a impermeabilidade. O subpelo está profundo ao pelo de proteção, exceto em espécies de locais muito frios (como ovelhas, coelhos etc.). Esses atuam no isolamento térmico do animal, formando uma camada de ar que isola a pele. Por fim, os pelos táteis são os primeiros a serem formados no feto e estão localizados normalmente no rosto. Auxilia o animal a se localizar, além de ter um papel importante no equilíbrio. É um pelo mais espesso e longo que o de proteção. Além disso, é muito sensível, com uma raiz extremamente vascularizada e com muitas terminações nervosas. Coxim Composto por uma epiderme glabra, grossa e densamente queratinizada. A derme é entremeada com a hipoderme e possui bastante tecido adiposo, bem como glândulas sudoríparas (cães e gatos). Os carnívoros possuem os coxins digitais, um para cada dígito de apoio funcional, metacárpicos/metatársicos e os coxins cárpicos. Diferentemente dos cães, os gatos possuem coxim no digito 1. Além disso, os Marina Morena 3 gatos possuem, acima do coxim cárpico, uma glândula e pelo tátil, que servem para marcar as fêmeas na época da monta e os machos que são submissos/dominados. Os animais que possuem casco (ungulados) apresentam apenas coxins digitais funcionais. Nos suínos os coxins estão presentes fora da sola do casco, sendo encorpados ao casco, e são chamados de bulbos. Por sua vez, nos bovinos, o coxim está fechado dentro da sola do casco. Em equinos, tanto o carpo quanto o tarso possuem coxins, porém são afuncionais, chamados de castanha. Entre o metacarpo/metatarso e as falanges proximais, na região do boleto, existe o coxim chamado de esporão, que é coberto por pelos. Por só possuir um dígito, o coxim dos equinos é muito bem desenvolvido e localizado dentro do casco. O coxim digital, que é o único funcional,é chamado de ranilha. A sola do casco também é bem desenvolvida, para sustentar o peso do animal. Unhas, garras e cascos Relacionado diretamente com a falange distal, servem para proteger os tecidos subjacentes. Obs.: os equinos apresentam uma diminuição da concussão/retorno venoso no casco. Assim, para o sangue fluir eles precisam caminhar. Unhas Presente nos primatas, a unha cresce a partir da epiderme, lamelas epidérmicas. Apresenta uma sola córnea produzida nas bordas livres da unha. A porção queratinizada mais externa da unha é chamada de muralha. Em volta dela, existe um tecido que produz constantemente a queratina, chamado de períoplo. Abaixo da muralha está um tecido epitelial responsável por fixar a muralha no cório, camada de derme, chamada de lamela epidérmica. As lamelas apresentam a mesma forma que as papilas dérmicas presentes no cório, agindo como um encaixe (estilo chave fechadura). Vale lembrar que o cório é extremamente vascularizado e inervado, por ser composto por derme. Garras Encontrada em carnívoros, a estrutura da garra é semelhante à da unha, a diferença é que a garra possui a camada córnea achatada latero-lateralmente, a borda dorsal apresenta uma curva acentuada e está ligada ao processo unguicular (processo ósseo), onde o cório cresce ao redor. Na parte mais palmar/plantar há um tecido esbranquiçado mole, que é a sola (sola córnea). Possui a função de proteger a garra. Marina Morena 4 Casco equino A própria falange distal apresenta ranhuras na parede/borda parietal, a partir dela cresce o cório, especialmente muito vascularizado, servindo de porta de entrada para diversas infecções. Assim como na unha, o casco apresenta períoplo, que dá origem a muralha do casco (também chamada de parede). As lamelas epidérmicas também estão presentes para aderir a muralha ao cório, que possui as papilas dérmicas. Obs.: a ferradura é colocada no casco do equino sobre a linha branca, entre a sola e a muralha. É importantíssimo colocar corretamente, uma vez que a sola é extremamente vascularizada e enverada. O casco possui uma parede interna que se encontra voltada para o cório, nela é possível ver as ranhuras, que são as lamelas/papilas que conecta com o cório. A muralha também possui uma borda que está em contato com o solo, chamada de borda solear, e uma borda mais acima, chamada de borda cornoária, próxima a falange média. Essa parte mais proximal é chamada de coroa do casco. O períoplo está em contato direto com a borda cornoária. O sulco coronal é onde se apoia tanto o períoplo quanto o cório. A parede é dividida em regiões, onde a parte mais pontuda e dorsal, é a pinça da muralha. Mais palmar/plantar, tanto lateral quanto medialmente, encontram- se os quartos do casco. A muralha faz uma volta para trás, continuando com a sola e a ranilha (coxim). Essa parte que está em contato com a ranilha é chamada de talão (parece um V), e a continuidade, ao lado da ranilha, é chamada de barra. Ao pisar, a sola, a muralha e apenas uma porção anterior da ranilha entram em contato com o solo. A ranilha possui um formato triangular, e é dividido em base, ápice (que encosta no solo), dois sulcos laterais e a crista. O cório, também é separado por partes, tendo a coronal (que fica dentro do sulco coronal), lamelar (que fica em contato com a muralha), da sola, da ranilha (mais fino e menos vascularizado. Por ser um coxim a ranilha possui mais gordura) e o períoplo. Cornos Encontrado em ruminantes domésticos, segue o mesmo princípio de crescimento das garras e unhas. O corno cresce a partir do processo cornual do osso frontal. Em volta desse processo tem-se o cório (derme), seguido de lamelas epidérmicas e a porção mais externa de parede do corno. Obs.: pelo processo cornual estar no osso frontal, ele possui uma conexão com os seios frontais, que se estende até dentro do processo. Quando é feita a descorna, se não for feita a assepsia e o fechamento correto pode levar a sinusite. Chifre Presente em cervídeos, o chifre também cresce a partir do processo cornual, porém a queratina se funde com o osso, desse modo, o chifre é uma mistura de osso com queratina. Diferente do corno, o chifre é vascularizado ao redor, Marina Morena 5 pois junto com ele cresce uma camada de pele (veludo). A galhada, quando muito grande, vai perdendo a vascularização gradualmente (do topo para a base). A isquemia leva a perda de veludo e, consequentemente, isquemia óssea. Por isso que o chifre depois de determinado tamanho cai. Glândulas Glândula circum-orais Presente nos felídeos, essa glândula possui a finalidade de marcação de território. Glândulas cornuais Encontrada em caprinos de ambos os sexos, embora em machos seja mais desenvolvida, especialmente na época de monta. Glândulas do seio infra-orbital Presente nos ovinos, essa glândula encontra-se entre os ossos nasal e maxilar. Importante diferenciá-la da glândula lacrimal, a infra-orbital libera feromônios e é mais desenvolvida nos machos. Glândulas cárpicas Pode ser encontrada na região palmar tanto de felinos quanto de suínos. Em felinos possui apenas um óstio de saída, enquanto em suínos há vários. É importante em ambos os casos para a marcação de fêmeas durante a cópula. Glândulas do seio interdigital Vista em ovinos de ambos os sexos, a glândula do seio interdigital possui a função principal de marcação de território, formando uma trilha por onde os ovinos passaram. Glândulas do seio inguinal Também pode ser encontrada em ovinos, entre o úbere/escroto e a face medial da coxa. Possui a função de reconhecimento interespécie. Glândula prepucial Esta é uma glândula que pode ser encontrada em todos os mamíferos machos, entre o prepúcio e o pênis. Essa glândula libera secreção para lubrificar a região e evitar lesão, além de servir de reconhecimento interespécie. Obs.: Esmegma é comum em animais com pênis cavernoso, quando o animal passa muito tempo sem ereção e é acumulado entre o prepúcio e o pênis sebo e sujeira. Pode formar pedras e é extremamente doloroso. Glândulas da cauda Presente nos carnívoros encontra-se dorsal próximo da base. É importante no reconhecimento interespécie. Obs.: relevância clínica – pode acumular seco e apresentar inflamações e escamações. Glândulas dos seios paranais Embora seja vista em todos os canídeos, essa glândula é especialmente importante para os lobos, como modo de marcação territorial. Ao defecar, a glândula é pressionada e libera sua secreção junto com as fezes. Glândula mamária É uma glândula sudorífera especializada com característica tuboalveolar. Ao entorno possui inúmeros capilares e algumas células mioepiteliais (com capacidade contrátil). As unidades secretoras (alvéolos) estão agrupadas em lóbulos, que drenam para um ducto. Este ducto, juntamente com outros, desembocam em um lobo, responsável por drenar para um ducto maior, chamado de ducto lactífero. Por fim, o ducto lactífero desemboca em uma cisterna, responsável por acumular o leite, que está conectada diretamente com o Marina Morena 6 teto. Em equinos, ruminantes e pequenos ruminantes há uma segunda cisterna dentro do próprio teto. Obs.: Em animais de fazendo o colostro é ainda mais importante, pois a mãe possui uma placenta epiteliocorial, que não permite a passagem dos anticorpos da mãe para o feto. Em carnívoros a placenta é do tipo endocorial e em primatas e roedores hemocorial. Cada teto possui uma glândula mamária e o parênquima delas é dividido. O úbere é o complexo de tetos presente em vacas, cabras, ovelhas e éguas. A pele presente é fina e maleável, diferente do teto, que possui uma pele bem aderida, grossa e glabra. É composto de um ligamento medial ou longitudinal, de tecido elástico, que compõe o sulco intermamário; e o ligamentolateral, que recobre externamente o úbere, tecido conjuntivo denso cuja função é sustentar o úbere. Esplancnologia e cavidades corporais As vísceras são os órgãos internos das cavidades torácica, abdominal e pélvica, bem como os órgãos digestórios e respiratórios localizados na região da cabeça e do pescoço. Os órgãos digestórios, respiratórios, urogenitais são basicamente sistemas de canais, que se abrem para a superfície do corpo através da boca, do nariz, do ânus, da vagina ou da uretra. Tais aberturas possibilitam exames não invasivos dos órgãos internos, como a endoscopia. O lúmen da maioria dos órgãos ocos está, de uma forma ou de outra, conectado ao ambiente externo. O revestimento interno desses órgãos é uma camada de mucosa que normalmente produz muco. A estrutura geral das vísceras é composta por uma mucosa visceral, tecido conectivo (interstício), túnica muscular e túnica serosa. A porção mucosa é composta de duas camadas: um revestimento epitelial na face interna do órgão e uma camada subjacente de tecido conjuntivo frouxo. Determinadas secções de órgãos também exibem uma fina terceira camada de células musculares, a lâmina muscular da mucosa. O tecido conectivo da víscera apresenta uma ampla gama de funções. Ele forma uma cápsula externa que envolve os órgãos, estabiliza a forma dos mesmos e fornece caminhos para vasos e nervos. O grau elevado de flexibilidade fornecido pelo tecido conectivo permite que os órgãos se adaptem a volumes variáveis e possibilita o movimento sem atrito entre os órgãos. Marina Morena 7 Podem-se encontrar dois tipos de tecido conectivo em um órgão: não específico/intersticial ou específico/parênquima. O interstício envolve as porções parenquimáticas dos órgãos e envolve os vasos e nervos. Ele forma uma lâmina própria da mucosa, a túnica adventícia no exterior do órgão e a cápsula dele. Fibras de tecido conectivo que se originam na cápsula penetram no parênquima dos órgãos. A túnica muscular é composta por uma camada interna circular de células e uma camada externa longitudinal. A maioria das vísceras está situada nas cavidades do corpo, restando pouco espaço livre. Além disso, o mesentério flexível e os pequenos espaços preenchidos com fluidos entre os órgãos reduzem o atrito a um nível mínimo e, desse modo, permitem que os órgãos deslizem livremente um contra o outro como, por exemplo, durante a respiração ou no processo digestivo. As cavidades do corpo se encontram no tronco e, de modo semelhante às vértebras, podem ser divididas em três zonas: tórax, abdome e pelve. Em um estágio embrionário inicial, o diafragma se desenvolve a partir do septo transverso perpendicular e do músculo mesenquimal próximo a ele. Assim, o diafragma separa a cavidade corporal em torácica e abdominal, a qual permanece conectada à cavidade pélvica. As cavidades torácica e abdominal se comunicam por meio de três aberturas, o forame da veia cava caudal; hiato esofágico, pelo qual passam o esôfago, os troncos do nervo vagal e os vasos esofágicos; e o hiato aórtico, por onde passam a aorta, o ducto torácico e duas outras veias. Entre o limite dorsal dos músculos do pilar diafragmático e da musculatura psoas, uma pequena área permanece preenchida por tecido conectivo, o arco lombocostal, por onde passam os nervos do tronco simpático e esplâncnicos de cada lado. A cavidade pélvica é uma comunicação caudal da cavidade abdominal. A linha terminal da pelve divide essas duas cavidades e se prolonga desde o promontório sacral, percorrendo lateralmente as duas linhas arqueadas dos ílios até se unir a borda cranial do púbis. As paredes internas das cavidades corporais têm estruturas semelhantes, apesar das modificações que ocorrem conforme a região onde se localizam. As camadas da parede apresentam-se externamente com um tegumento comum, fáscia superficial do tronco, músculos esqueléticos, fáscia interna do tronco e membrana serosa. As membranas serosas revestem o corpo ou as cavidades serosas quase completamente, sendo elas: as cavidades pleurais esquerda e direita, cavidade peritoneal e cavidade pericárdica. A túnica serosa é composta de uma única camada de epitélio de revestimento Limite/Cavidade Torácica Abdominal Pélvica Dorsal 1º par de costelas e diafragma; vértebras torácicas e parte dorsal das costelas. Vértebras lombares e torácicas (caudais). Asa do ílio e sacro. Laterais Parte ventral das costelas. Músculo obliquo interno e externo e M. transverso. Ventral Esterno e costelas. Músculo reto abdominal, aponeuroses e linha alba. Púbis. Cranial Diafragma. Linha arqueada do osso coxal. Caudal Linha arqueada do osso coxal. Diafragma pélvico. Marina Morena 8 e uma camada subjacente de tecido conectivo, a lâmina própria serosa. Esta é responsável por cobrir a superfície dos órgãos e revestir as paredes internas das cavidades do corpo. Sua aparência fisiológica é transparente, úmida, lisa e brilhante. A túnica serosa é capaz de excretar e reabsorver fluidos seroaquosos, além de prover uma proteção física (lubrificação) e imunológica (macrófagos), formando uma barreira serosa. A tela subserosa é uma camada de tecido conjuntivo frouxo que posiciona abaixo da túnica serosa. Essa camada contém tecido adiposo e vasos sanguíneos e linfáticos. Uma delicada rede de plexos nervosos na camada subepitelial é sensível a estímulos táteis, mecânicos, térmicos e químicos que atuam sobre as superfícies serosas. A parede das cavidades serosas se divide em três tipos gerais: parietal, intermediária e visceral. A serosa parietal é uma membrana serosa que reveste a parede interna das cavidades do corpo. Ao contrário das outras serosas, a parietal é extremamente sensível à dor. Para procedimentos cirúrgicos, deve-se aplicar anestesia local na parede corporal para que a serosa fique insensível. Pode ser dividida conforme a sua localização em: pleura, peritônio ou pericárdio. A serosa intermediária é a continuação da serosa parietal dos lados esquerdo e direito que unem para formar uma serosa de duas camadas que se origina da parede da cavidade, o chamado mesentério. Isso ocorre tanto na parte superior quanto na parte inferior da cavidade do corpo, criando mesentérios dorsais e ventrais. Alguns mesentérios recebem o prefixo “meso” e o nome do órgão que alcançam, como mesogástrio, que abriga o estômago e sustenta a cavidade abdominal. A parte do mesentério que cobre o órgão se chama serosa visceral. Cada porção recebe o prefixo “epi” em combinação com a nomenclatura do órgão, como epicárdio, por exemplo. Os mesentérios dorsal e ventral do estômago e a porção cranial do duodeno forma uma estrutura singular no que se refere a seu revestimento no fígado. O omento maior se desenvolve a partir do mesentério dorsal do estômago, o qual se prolonga e retorna sobre si mesmo, formando uma espécie de evaginação, a bolsa omental. O ligamento hepatogástrico e o único mesentério intestinal ventral, o ligamento hepatoduodenal, formam o omento menor. Cavidade torácica Situada dentro da caixa torácica, contém duas cavidades pleurais, as quais se situam a esquerda e direita do mediastino, envolvem os pulmões e são revestidas com uma membrana serosa (pleura). Entre as pleuras viscerais e parietais há um líquido seroso lubrificante. Mediastino O mediastino é o espaço entre as pleuras mediastinais, direita e esquerda, e pode ser dividido em três partes: cranial/pré-cardíaco, médio/cardíaco e caudal/pós-cardíaco. Marina Morena 9 O mediastino pró-cardíaco se inicia na abertura torácica cranial. As estruturas que passam por essa porção e levam o suprimento sanguíneo e inervação desde a cavidade torácica até a cabeça são: tronco braquiocefálico; veia cava cranial; nervos vagos esquerdo e direito; ducto torácico;e etc. É também onde se localizam os nervos, os vasos linfáticos, as veias, a traqueia e o esôfago. Vale ressaltar que em animais jovens o timo também se encontra no mediastino cranial. O mediastino cardíaco contém o coração no pericárdio, os grandes vasos sanguíneos na base do coração, o ducto torácico, o esôfago e a traqueia. No quinto espaço intercostal, a traqueia se bifurca nos dois brônquios principais. Apenas no suíno e nos ruminantes há um brônquio extra, o brônquio traqueal, que se destaca do lado direito da traqueia antes da bifurcação. Assim como no mediastino pré- cardíaco, no cardíaco também encontramos o timo em animais jovens. Outras estruturas que podem ser encontradas no mediastino cardíaco são: aorta ascendente; tronco pulmonar; veias pulmonares; extremidades da veia cava caudal e cranial; nervo vago direito e esquerdo; e etc. O mediastino pós-cardíaco se expande entre o coração e o diafragma. A aorta corre através do segmento dorsal do mediastino causal em seu caminho até o diafragma. Ventralmente à aorta encontra- se o esôfago, acompanhado pelos troncos dorsal e ventral do nervo vago. Os linfonodos do mediastino pertencem ao linfocentro mediastinal. Entre os linfonodos, estão os mediastinais craniais, médios (acima da base do coração) e caudais. Cavidades abdominal e pélvica A cavidade abdominal e a parte cranial da cavidade pélvica são revestidas com peritônio, que forma um saco, criando a cavidade peritoneal. As cavidades abdominal e pélvica são conectadas por uma abertura ampla. A cavidade Marina Morena 10 peritoneal se comunica com a cavidade pleural por meio de três aberturas no diafragma: hiato aórtico, esofágico e forame da veia cava. A aorta e o esôfago passam através do diafragma cercados por tecido conjuntivo frouxo. O vaso linfático central das cavidades abdominal e pélvica, o ducto torácico, acompanha a aorta através do diafragma. Cavidade peritoneal Contém todo o trato gastrointestinal, exceto pelos segmentos retroperitoneais do reto e do ânus, além de incluir também o fígado, pâncreas, baço e uma grande parte do trato urogenital. Cavidade pélvica Inclui o reto, ânus, bexiga e partes do trato urogenital. Nas fêmeas, a uretra, o corpo uterino, o colo do útero, a vagina e seus vestíbulos estão todos na cavidade pélvica. Enquanto nos machos estão: o segmento pélvico da uretra, o ducto deferente e as glândulas sexuais acessórias. O diafragma pélvico é a região que compreende músculos e fáscias e fecha a abertura pélvica caudal. O ânus e a extremidade do canal urogenital perfuram o diafragma pélvico e fazem limite com os músculos pares levantadores do ânus. Sistema respiratório O sistema respiratório é essencial para a troca de gases entre ar e sangue. A respiração compreende tanto o transporte de gases até as células como os processos oxidativos em seu interior. O sistema respiratório pode ser dividido em vias respiratórias, composta por nariz externo, cavidade nasal, porção nasal da faringe, laringe, traqueia, brônquios e pulmões; e locais de troca gasosa, que inclui os bronquíolos, ductos alveolares, sacos alveolares e alvéolos. Além disso, podem ser divididos também em trato respiratório superior (localizados na cabeça – nariz, seios paranasais e porção nasal da faringe) e inferior (laringe, traqueia e pulmões). Narinas Tem início no nariz, que é composto por narinas externas e suas cartilagens; cavidade nasal com o meato e as conchas nasais; e os seios paranasais. O nariz é formado pelos ossos nasais dorsalmente, pela maxila lateralmente e pelos processos palatinos dos ossos incisivos, pela maxila e ossos palatinos ventralmente. Caudalmente ele é delimitado pela lâmina cribriforme do osso etmoide. Ventralmente prossegue com a porção nasal da faringe. O septo mediano é a continuação rostral da crista etmoidal do osso etmoide e consiste em cartilagem hialina, a qual divide a cavidade nasal nos lados direito e esquerdo; a parte caudal dessa cartilagem ossifica com o avançar da idade. A forma e o tamanho do focinho e a natureza do tegumento exibem diferenças significativas entre as espécies. O tegumento ao redor das narinas não possui pelos e sua delimitação da pele não sofre modificações, sendo bastante evidente em todos os mamíferos domésticos com exceção do equino, no qual a pele não modificada com alguns pelos táteis circunda as narinas. No bovino, o tegumento da região rostral é modificado para formar o plano nasolabial liso e sem pelos. A mucosa é Marina Morena 11 coberta por um epitélio estratificado e cornificado, umedecido por glândulas serosas da mucosa. Em pequenos ruminantes, no cão e no gato, a pele ao redor das narinas também é glabra. O plano nasal é dividido por um sulco mediano, o filtro, que prossegue ventralmente e divide o lábio superior. A superfície do plano nasal dos carnívoros é umedecida pela secreção da glândula nasal lateral, situada no interior do recesso maxilar e por algumas glândulas menores da mucosa. A superfície do plano nasal possui uma grande quantidade de sulcos finos, cujo padrão acredita-se ser individual e pode ser usado como meio de identificação, de modo semelhante às impressões digitais dos humanos. No suíno, o ponto móvel em formato de disco do focinho é denominado rostro ou focinho. O focinho é sustentado pelo osso rostral e coberto por pele modificada, a qual forma o plano rostral e inclui os pelos táteis e glândulas mucosas, que umedecem a superfície. As narinas externas são sustentadas pelas cartilagens nasais. As cartilagens nasais laterais se fixam à extremidade rostral do septo nasal, de onde se prolongam ventral e dorsalmente. Elas determinam o formato da apertura da narina. No equino, a cartilagem nasal dorsal não se prolonga muito e a cartilagem nasal ventral é indefinida ou inexistente. Em vez disso, as cartilagens alares, as quais são divididas em uma lâmina dorsalmente e um corno, sustentam as narinas amplas e espaçadas. As cartilagens alares são responsáveis pela forma de vírgula característica, a qual divide a narina em uma parte ventral, chamada de narina verdadeira, que conduz à cavidade nasal, e uma parte dorsal, ou falsa narina, que conduz ao divertículo revestido de pele que ocupa a incisura nasoincisiva. A principal aplicação clínica dessa diferença anatômica é quando se usa um tubo nasogástrico, onde é essencial guiá-lo ventralmente. A narina forma a abertura da cavidade nasal e cerca o vestíbulo nasal. No equino e no asinino, o tegumento continua dentro da cavidade nasal e forma uma delimitação precisa com a mucosa nasal. No equino, o ponto nasal do ducto lacrimonasal situa-se no assoalho ventral do vestíbulo, próximo a essa transição mucosa. No cão, as aberturas muito menores e mais indistintas das flândulas nasais laterais serosas desembocam mais caudalmente. Cavidade nasal A cavidade nasal se prolonga das narinas até a lâmina cribriforme do osso etmoide, sendo dividida pelo septo nasal em um lado direito e outro esquerdo. As conchas nasais se projetam para o interior da cavidade nasal e servem para aumentar a superfície da área respiratória. Plexos vasculares situam-se sob a mucosa e são formados por vasos anastomóticos múltiplos. Caudoventralmente, a cavidade nasal se comunica com a porção nasal da faringe pelas coanas. As conchas nasais são tubos cartilaginosos ou ossificados com mucosa nasal que ocupam a maior parte da cavidade nasal. As conchas maiores dividem a cavidade nasal em uma série de sulcos e meatos que se ramificam em um meato comum próximo ao septo nasal. Há Marina Morena 12 três meatos nasais nos mamíferos domésticos: meato nasal dorsal, médio e ventral. O meato nasal dorsal é a passagem entre o teto da cavidade nasal e a concha nasal dorsal. Ele conduz diretamente ao fundo da cavidadenasal e canaliza o ar para a mucosa olfativa. Por sua vez, o meato nasal médio situa-se entre as conchas nasais dorsal e ventral e se comunica com os seios paranasais. O meato nasal ventral é o caminho principal para o fluxo de ar que conduz à faringe e situa-se entre a concha nasal ventral e o assoalho da cavidade nasal. O meato nasal comum é o espaço longitudinal de cada lado do septo nasal. Ele se comunica com todos os outros meatos nasais. A faringe pode ser acessada pela passagem de tubos nasogástricos e endoscópicos por seu ponto mais largo, entre o meato ventral e o meato comum. Seios paranasais Os seios paranasais são divertículos da cavidade nasal formados por ossos pneumáticos, que compõe cavidades preenchidas com ar entre as lâminas externa e interna dos ossos do crânio. Eles sofrem uma expansão significativa após o nascimento e continuam a aumentar de tamanho com o avançar da idade. Os seios paranasais de bovinos e equinos são bastante desenvolvidos e respondem pela confirmação da cabeça nessas espécies. Histologicamente, são revestidos pela mucosa respiratória, a qual é extremamente delgada e pouco vascularizada. Os seios paranasais que podem ser encontrados no crânio dos animais domésticos são: seio maxilar, frontal, palatino e esfenoidal. Em suínos e ruminantes são vistos também o seio lacrimal e células etmoidais. Por fim, em equinos, ruminantes e suínos há o seio da concha dorsal e o seio da concha ventral também. Laringe A laringe é um órgão musculocartilaginoso cilíndrico e bilateralmente simétrico que conecta a faringe à traqueia. É suspensa pelo aparelho hióide, que consistem em um conjunto de ossos planos que articulam com o processo estiloide do osso temporal, com o processo lingual inserido na raiz da língua. O aparelho hióide é responsável por coordenar o movimento da língua/faringe no momento da deglutição. As paredes da laringe são formadas por cartilagens laríngeas e por seus músculos conectores e ligamentos, os quais unem a laringe ao aparelho hióideo rostralmente e à traqueia caudalmente. Durante a deglutição a epiglote pende para trás com a finalidade de cobrir parcialmente a abertura rostral da laringe. Caudalmente, a cavidade laríngea une-se ao lúmen da traqueia. A maior parte da cavidade laríngea é revestida por epitélio escamoso estratificado, embora a mucosa respiratória esteja presente caudalmente. O esqueleto da laringe é composto das seguintes cartilagens laríngeas bilateralmente e simétricas: epiglótica, tireóidea, aritenóidea e cricóidea. A cartilagem epiglótica forma a base da epiglote e é composta por cartilagem elástica. Os processos cuneiformes estão presentes em alguns animais de cada lado da base da epiglote, projetando-se dorsalmente. Eles podem estar livres ou Marina Morena 13 fusionados com a cartilagem epiglótica ou aritenóidea. As cartilagens tireóidea, aritenóide e cricóidea são formadas por cartilagem hialina, sendo que tanto a tireóidea e a cricóidea podem ossificar com a idade. A cartilagem tireoide possui um formato de escudo que faz um assoalho para a laringe; além disso, é a cartilagem mais ventral. Por fim, as cartilagens aritenóides são as mais móveis e as mais dorsais. São nelas que estão as cordas/pregas vocais. Traqueia A traqueia se prolonga desde a cartilagem cricóidea da laringe até sua bifurcação. É composta por uma série de cartilagens hialinas em forma de “C” conectadas por ligamentos. A quantidade de cartilagens traqueais varia de acordo com a espécie: equinos, bovinos, ovinos e caprinos possuem de 48-60; suínos de 19- 36; cães de 42-46; e gatos de 38-43. As cartilagens traqueais se abrem dorsalmente e apresentam formas diferentes em cada espécie doméstica. O espaço que surge quando essas cartilagens não se encontram dorsalmente é coberto pelo músculo traqueal transverso e tecido conjuntivo. Os anéis resultantes são unidos na direção longitudinal por faixas de tecido fibroelástico. A traqueia é revestida por mucosa respiratória com um epitélio ciliado pseudoestratificado e apresenta glândulas secretoras de muco em toda a sua extensão. Na altura do 5º espaço intercostal, a traqueia sofre uma bifurcação dorsal, local chamado de carina traqueal. Em ruminantes e no suíno emerge um brônquio traqueal separado proximal à bifurcação da traqueia que ventila o lobo cranial do pulmão direito presente nessas espécies. Obs.: Próximo a traqueia há um ponto de encontro entre as camadas superficial e profunda da fáscia cervical profunda, que forma a bainha carotídea (plexo vasculonervoso). Por esse plexo vasculonervoso a artéria carótida comum; veia jugular interna (exceto em equinos), ventral a A. carótida; nervo laríngeo recorrente, que é um ramo do nervo vago; e o tronco vagossimpático, por onde passa o nervo vago e fibras do sistema nervoso simpático. Pulmão O pulmão direito e o pulmão esquerdo são basicamente semelhantes e se conectam um ao outro na bifurcação da traqueia. Eles são órgãos elásticos preenchidos com ar dotados de uma textura suave e esponjosa. Ocupam a maior parte da cavidade torácica e cada um deles é invaginado no saco pleural correspondente. Uma cavidade estreita preenchida com líquido está presente entre as pleuras visceral e parietal, a qual serve para reduzir o atrito durante a respiração. Cada pulmão possui uma face costal convexa adjacente à parede torácica, uma face mediastinal em direção ao mediastino, e uma face diafragmática, a qual se posiciona em oposição à face do diafragma. Dorsalmente, as faces mediastinal e costal se encontram na margem dorsal, a qual é arredondada e espessa e ocupa o espaço em forma de vala entre as costelas e as vértebras. Ventralmente, essas faces se encontram na margem ventral, a qual é fina e recua sobre o coração para formar a incisura cardíaca, a qual permite que o pericárdio entre em contato com a parede torácica lateral. A área de cada pulmão que recebe o brônquio principal acompanhado pelos Marina Morena 14 vasos pulmonares (artéria e veia pulmonar; artéria e veia brônquica; e vasos linfáticos) e nervos é conhecida como raiz do pulmão ou hilo pulmonar. O parênquima pulmonar é composto pelos bronquíolos, seus ramos e os alvéolos pulmonares terminais. O interstício compõe-se de tecido mole elástico e colágeno, onde se inserem glândulas mistas, fibras musculares lises, fibras nervosas, vasos sanguíneos e linfáticos. Os lobos do pulmão são definidos pela ramificação da árvore brônquica. Cada brônquio lobar abastece seu próprio lobo, que segue a mesma denominação, por exemplo: brônquio cranial – lobo cranial; brônquio acessório – lobo acessório. De acordo com esse sistema, o pulmão esquerdo é dividido em um lobo cranial e um lobo caudal. Além dos lobos cranial e caudal, o pulmão direito possui o lobo médio e o lobo acessório. Em algumas espécies, os lobos craniais subdividem-se também em partes cranial e caudal. Pulmão esquerdo Pulmão direito Cão e gato Lobo cranial (dividido) e lobo caudal Lobos cranial, médio, caudal e acessório Suíno Lobo cranial (dividido) e lobo caudal Lobos cranial, médio, caudal e acessório Bovino, caprino e ovino Lobo cranial (dividido) e lobo caudal Lobos cranial (dividido), médio, caudal e acessório Equino Lobo cranial e lobo caudal Lobos cranial, caudal e acessório (bem pequeno) Sistema digestório O sistema digestório é responsável pela quebra dos alimentos em partes menores, de forma que possa ser utilizado para gerar energia, para o crescimento e para a renovação celular. O sistema digestório compõe-se do canal alimentar, que se prolonga desde a boca até o ânus e inclui glândulas anexas, glândulas salivares, o fígado e o pâncreas, cujas secreções digestivas penetram o canal alimentar. Dentição Cada espécie apresenta sua dentição característicaquanto à forma e quantidade de dentes. Os dentes se desenvolvem de forma diferente em cada região da boca conforme seu uso e são divididos em incisivos, caninos, pré-molares e molares. Com base na distribuição do esmalte, os dentes podem ser braquiodontes ou hipsodontes. Os dentes braquiodontes surgem totalmente antes da maturidade e costumam ser longos e resistentes o suficiente para sobreviver durante a vida inteira do indivíduo. Os dentes hipsodontes crescem constantemente durante toda a vida do animal. Braquidonte Hipsodonte Primatas Maioria dos dentes de equino Carnívoros Canino de suíno Canino de equino Maioria dos dentes de ruminantes Maioria dos dentes de suíno Incisivo de ruminante A estrutura geral de ambos é parecida, entretanto, no hipsodonte o cemento recobre o dente todo, sendo externo ao esmalte. Além disso, possui também uma cavidade (≠ de polpa), chamado de infundíbulo dentário, que também é recoberto do cemento e esmalte secundários. A coroa é a parte exposta do dente, a qual se projeta para além da gengiva e é coberta por esmalte. O colo é a ligeira Marina Morena 15 constrição localizada na linha da gengiva, onde termina o esmalte. A raiz é a parte abaixo da gengiva, cuja maior parte se encerra no alvéolo ósseo. A cavidade dentária se ramifica em uma elevação maior da coroa e para dentro de cada raiz. Ela é preenchida com a polpa (№4), a qual é composta de tecido conectivo, nervos, artérias e veias. Um pequeno forame apical (№5) se abre na extremidade de cada raiz e permite a livre passagem de vasos e nervos para dentro e para fora do dente pelo canal do dente. Cada dente é composto por três tecidos mineralizados diferentes, os quais envolvem a cavidade dentária, sendo o esmalte (№1), a dentina (№2) e o cemento (№3). O esmalte dentário é composto por carbonato de cálcio e é a substância biológica mais dura. A dentina forma grande parte do dente, envolvendo a cavidade pulpar, e sua cor é brancoamarelada. O cemento é o tecido calcificado menos rígido no dente e é bastante semelhante ao tecido ósseo. O dente se fixa na cavidade alveolar pelo ligamento ou membrana periodontal, o qual contém fibras de colágeno conectadas ao cemento e ao osso. A quantidade e a classificação da dentição podem ser descritas pela fórmula dentária de cada espécie. A abreviatura representa cada tipo de dente (I = incisivos, C = caninos, P = pré-molares, M = molares), seguida pela quantidade de dentes da categoria em um lado das arcadas superior e inferior. Equinos A dentição do equino é adaptada a seus hábitos alimentares e dieta, que normalmente consiste no pasto contínuo de gramíneas ásperas de difícil digestão. Enquanto os dentes incisivos são especializados para preensão e corte do alimento, os pré-molares equinos e os três molares funcionam como moedores para mastigação. Todos os dentes do equino, com exceção dos dentes caninos e do primeiro pré-molar, quando presente, são dentes hipsodontes. Vale destacar que as fêmeas raramente possuem caninos, tendo de 36 a 38 dentes no total, sendo 2x (I3/3 C0/0 P3 ou 4/3 M3/3). Por sua vez, a fórmula geral dos machos é 2x (I3/3 C1/1 P3 ou 4/3 M3/3), tendo no total 40 ou 42 dentes. O pré-molar extra (que é o primeiro pré- molar nos equinos que possuem) é chamado de dente de lobo, um dente em processo de remissão. Quando o animal possui esse dente e necessita utilizar a embrocadura, é feita a incisura, uma vez que é o local em que ela deveria ficar. A regularidade da erupção, do crescimento, do desgaste e outras alterações características dos dentes do equino permitem que um cavalo tenha sua idade determinada pelos dentes incisivos. Descobriu-se que a erupção dos dentes é o método mais confiável, já que alterações causadas por desgaste sofrem maior interferência de fatores individuais, como os hábitos alimentares. Como resultado do desgaste, a face oclusal dos dentes incisivos se altera: o cálice se torna menor até finalmente desaparecer (rasamento), a estrela dentária (polpa do dente) surge e muda de uma linha para uma mancha redonda. Marina Morena 16 Idade aproximada Estruturas 5 anos Todas as estruturas 8 anos Infundíbulo menor; Polpa começa a aparecer 11 anos Final do infundíbulo; Polpa maior e mais pronunciada 13/14 anos Sem infundíbulo; Polpa maior 18 anos Polpa fica cada vez maior Ruminantes Os ruminantes não possuem dentes incisivos ou caninos superiores, uma vez que a captação do alimento é feita com a língua. Portanto, a fórmula geral é 2x (I0/3 C0/3 P3/3 M3/3), totalizando 32 dentes. O único canino do ruminante, o inferior, é projetado rostralmente e faz o papel de um incisivo, mantendo-se próximo aos outros incisivos. A dentição molar e pré- molar são as mais importantes para esses animais. No lugar dos incisivos e caninos superiores há um coxim (almofada de gordura), chamado de polvino dentário. Felinos O gato doméstico possui apenas 30 dentes, sendo a espécie com menos dentes. A fórmula geral é 2x (I3/3 C1/1 P3/2 M1/1). Portanto, o gato não possui os dentes moedores de coroa plana, deixando-o com uma mordida exclusivamente cortante. Caninos Os cachorros possuem 42 dentes no total, sendo 2x (I3/3 C1/1 P4/4 M2/3). O dente pré-molar superior é chamado de dente carniceiro, sendo o maior de todos os dentes. Na natureza, os caninos utilizam o dente carniceiro especialmente para quebrar ossos. Suínos É a espécie doméstica com o maior número de dentes, sendo 44 no total, onde 2x (I3/3 C1/1 P4/4 M3/3). Diz-se que os suínos possuem a arcada dental completa. Cavidade oral A cavidade oral se divide em vestíbulo e cavidade oral propriamente dita, que é o espaço delimitado pelas arcadas dentárias. Ela é cercada dorsalmente pelo palato duro; ventralmente pela mucosa, músculo milo-hióide e pele; lateral e rostralmente pelos dentes, arcos dentais e gengiva; e caudalmente pelo istmo das fauces. O istmo das fauces se prolonga ventralmente ao palato mole desde a cavidade oral até o óstio intrafaríngeo. Ele faz limite dorsalmente com o palato mole, ventralmente com a raiz da língua, e lateralmente com os arcos palatoglossos, um par de rugas do palato mole que se prolonga até o tecido adjacente. No bovino e no suíno, o lábio superior se modifica para formar o plano nasolabial no bovino e o plano rostral no suíno, ambos constituindo extensões úmidas e glandulares. Acredita-se que a insensibilidade dos lábios do bovino, juntamente com as papilas orientadas para trás no palato e na língua, expliquem a tendência do bovino em engolir corpos estranhos. O lábio superior é dividido por um sulco mediano ou filtro em carnívoros e em pequenos ruminantes. O palato é uma divisória composta parcialmente de tecido ósseo e parcialmente de tecido mole que separa as passagens digestiva e respiratória da cabeça. O palato duro ósseo posiciona-se Marina Morena 17 rostral ao palato mole membranoso. O palato duro é formado pelos processos palatinos da maxila, pelos ossos incisivos e pela lâmina horizontal do osso palatino. O lado oral do palato duro é coberto por uma mucosa espessa e cornificada, atravessada por uma série de rugas palatinas. Uma pequena saliência mediana, a papila incisiva, se localiza imediatamente caudal aos dentes incisivos e está cercada em cada lado pelos orifícios dos ductos incisivos, os quais perfuram o palato. Esses ductos se ramificam e conduzem para a cavidade nasal e para o órgão vomeronasal, um canal cego revestido por mucosa olfativa. O palato mole ou véu palatino prossegue caudalmente desde o palato duro até o óstio intrafaríngeo, cuja margem rostral é formada pela borda caudal do palato duro. A face ventral do palato mole é coberta por mucosa oral, a qual forma diversas pregas longitudinais e algumas pregas transversas maiores. A face dorsalé coberta pela mucosa respiratória. A camada intermediária consiste em glândulas salivares muito próximas umas das outras e músculos e suas aponeuroses. Em animais braquicefálicos, tendem a ter problemas respiratórios pois os ossos da face são achatados/reduzidos na região caudal. As estruturas da cavidade oral e da faringe continuam do tamanho de um animal normal. As estruturas ósseas pressionam para caudal as estruturas moles. Acaba faltando espaço e, no caso do palato mole alongado por exemplo, acaba ocupando espaço da laringofaringe, atrapalhando a passagem do ar. Língua A língua é composta principalmente por músculo esquelético e ocupa a maior parte da cavidade própria da boca, prolongando- se até a parte oral da faringe. A língua é responsável pela captação de água e alimento, pela manipulação do alimento dentro da boca e pela deglutição. Ela possui receptores para paladar, temperatura e dor. No cão é usada para intensificar a perda de calor pela respiração, facilitada pela intensa vascularização e por numerosas anastomoses arteriovenulares juntamente com ventilação (laringe, traqueia e brônquios do tronco principal) do espaço morto. A língua apresenta um ápice (mais rostral), um corpo e uma raiz (mais caudal). O corpo da língua está unido ao assoalho oral por uma prega mucosa, o frênulo lingual. A face dorsal da língua canina é marcada longitudinalmente por um sulco mediano do qual se projeta um septo até a língua. A raiz da língua articula com o aparelho hióide e está associado com o arco palatoglosso. Nos ruminantes, parte caudal do dorso da língua é elevada para formar uma grande proeminência definida (tôrus lingual) por uma transversa fossa lingual, na qual há tendência de acúmulo de alimentos. Outra diferença na língua de 1, filtro; 2, papila incisiva; 3, palato duro com cristas; 4, palato mole; 5, arco palatoglosso; 6, óstio intrafaríngeo; 7, arcos palatofaríngeos; 8, esôfago. Marina Morena 18 ruminantes é a presença de um tipo especial de papila na raiz da língua, especialmente no tôrus lingual, as lentiformes. Há uma quantidade maior de papilas mecânicas que de papilas gustativas. As papilas filiformes são as menores, mais numerosas de todas e estão localizadas majoritariamente na região dorsolateral. As papilas cônicas são maiores, mas ocorrem com menos frequência. Elas estão espalhadas em uma região ampla pela face dorsal da língua dos felinos e na base da língua do bovino, deixando sua superfície áspera, característica dessas espécies. Obs: em felinos as papilas filiformes são queratinizadas. O epitélio das papilas gustativas contém botões gustativos, os quais são sensíveis ao sabor. A nomenclatura indica sua forma: papilas fungiformes, valadas e folhadas. As papilas fungiformes são pequenos pontos encontrados entre as papilas filiformes. Por sua vez, as valadas são localizadas na raiz da língua e tem aparência de vala, por serem muito grandes. As folhadas são vistas lateralmente entre o corpo e a raiz da língua. Vale ressaltar que os equinos possuem papilas valadas enormes. Orofaringe A faringe é a cavidade comum através da qual passam o ar e o material ingerido. Ela conecta a cavidade oral ao esôfago, e a cavidade nasal à laringe. A chave para entender a faringe é fornecida pelo palato mole, continuação do palato duro além da margem das coanas. Em repouso, o palato mole situa- se sob a língua, mas quando o animal deglute ergue-se em uma posição mais horizontal, e então divide mais evidentemente a faringe em porções dorsal e ventral. Dois pares de arcos conectam o palato mole às estruturas adjacentes. Os arcos palatofaríngeos passam sobre a parede lateral da faringe e podem ser longos o suficiente para ser encontrados sobre a entrada do esôfago. Juntamente com a margem livre do palato circunscrevem a constrição do lume — o óstio intrafaríngeo —, que marca a divisão da faringe em compartimentos dorsal e ventral. O compartimento dorsal é conhecido como nasofaringe. Os arcos palatoglossais mais rostrais passam sobre os lados da língua e sua base; eles delimitam a passagem da cavidade oral para a orofaringe. A orofaringe é, de alguma forma, dividida arbitrariamente a partir da terceira subdivisão, a laringofaringe, na região da epiglote. A laringofaringe situa-se sobre a laringe, com a qual corresponde em extensão. 1, ápice; 2, corpo; 3, raiz, formando o assoalho da orofaringe; 4, sulco mediano; 5, papila valada; 6, papilas fungiformes; 7, arco palatoglosso; 8, tonsila palatina na fossa tonsilar; 9, epiglote; 10, frênulo Marina Morena 19 O estreitamento da orofaringe limita o tamanho das porções que podem ser deglutidas. Suas paredes laterais são sustentadas por uma fáscia e são a localização das tonsilas palatinas. Estas são dispostas diferentemente nas diversas espécies; em algumas (p. ex., equinos) são difusas, enquanto em outras constituem uma massa compacta com estrutura ovoide, como a do cão. A tonsila palatina é alojada em uma fossa, chamada de fossa tonsilar, localizada entre o arco palatoglosso e arco palatofaríngeo. Quando o animal ingere um alimento sólido ele é direcionado para o esôfago pelo deslocamento do palato mole dorsalmente e fechamento da glote pela epiglote. Um alimento líquido pode não forçar suficientemente o deslocamento dessas estruturas e acabar indo para o trato respiratório inferior. No entanto, a presença dos recessos piriformes faz com que isso não aconteça, pois agem como calhas laterais a epiglote, direcionando o líquido para o esôfago. Tuba auditiva A tuba auditiva é um canal que liga a orelha média dos mamíferos à faringe e que ajuda a manter o equilíbrio da pressão do ar entre os dois lados da membrana timpânica. As aberturas faríngeas das tubas auditivas localizam-se nas paredes laterais da nasofaringe e são marcadas por aglomerados de tecido linfoide (tonsilas tubárias). A cartilagem da tuba auditiva estende-se pela parede medial da abertura faríngea e a enrijece. As tubas auditivas permitem a equalização das pressões dos dois lados das delicadas membranas do tímpano. As tubas auditivas se abrem temporariamente a cada vez que engolimos ou boce jamos. Isso permite o escape da discreta secreção das células caliciformes e das glândulas existentes no revestimento da cavidade timpânica. Um divertículo (dilatação) da tuba auditiva, a bolsa gutural, é encontrada em equinos. É formada pelo escape do revestimento mucoso da tuba através de uma fenda entre as cartilagens de suporte medial e lateral. Localiza-se dorsalmente entre a base do crânio e o atlas, e ventralmente entre a faringe e o início do esôfago; é coberta lateralmente pelos músculos pterigoideos e glândulas parótida e mandibular. Medialmente, as partes dorsais dos sacos direito e esquerdo são separadas pelos músculos retos ventrais da cabeça, porém abaixo podem se encontrar, formando um delgado septo mediano. O assoalho se localiza principalmente sobre a faringe, mas 1, cavidade nasal; 2, cavidade oral; 3, palato mole; 4, nasofaringe; 5, raiz da língua; 6, laringe (evidenciada através do assoalho da faringe); 7, laringofaringe (recesso piriforme); 8, extremidade caudal do arco palatofaríngeo; 9, esôfago; 10, lâmina da cartilagem cricoide; 11, traqueia 50. óstio da tuba auditiva Marina Morena 20 também recobre e é modelado ao estiloióideo, que dá origem a uma crista que divide de forma incompleta os compartimentos medial e lateral. É um local de importância clínica devido a sua proximidade com os seios paranasais. Em sinusites infecciosas, o pus pode ir para a nasofaringe, passar pela tuba auditiva e cair na bolsa gutural. Os forames próximos, especialmente forame lácero (passagem dos nervos cranianos), podem ser comprimidos em infecções. Além disso, outra complicação é a infecção atingir essas estruturas que passam poresses forames. Glândulas salivares A saliva mantém a mucosa da boca úmida e se mistura ao alimento durante a mastigação para lubrificar a passagem do bolo alimentar durante a deglutição e iniciar a digestão química do alimento. Gl. parótida Órgão pareado, que se situa na união entre cabeça e pescoço, ventral à cartilagem auricular na fossa retromandibular. Ela é particularmente desenvolvida em herbívoros. Nessas espécies, a glândula parótida estende-se rostralmente sobre o músculo masseter, ventralmente para o ângulo da mandíbula e caudalmente para a fossa atlantal. Em todas as espécies, fica inclusa em um revestimento fascial que emite trabéculas para o interior, dividindo a glândula em lóbulos evidentes. Os ductos coletores (parotídeos) maiores correm dentro dessas trabéculas e, no final, juntam-se para formar um ducto único que a deixa na face rostral. No carnívoro esse ducto toma um atalho através da superfície lateral do masseter e se abre no vestíbulo da boca, do lado oposto ao quarto dente pré-molar superior. Nos grandes animais domésticos, o ducto segue um caminho mais longo, porém mais protegido, medial ao ângulo da mandíbula, e volta-se sob a mandíbula, para entrar na face ao longo da margem rostral do masseter. Gl. mandibular A glândula mandibular produz secreção mista mucosa e serosa. Em geral menor que a parótida, é mais compacta e se localiza próximo ao ângulo da mandíbula. É uma estrutura ovoide muito regular, moderadamente grande no cão. É muito maior nos herbívoros, nos quais tem posição mais profunda. Essa glândula também drena por meio de um ducto grande e único que corre ventral à membrana mucosa do assoalho da boca, próximo ao frênulo da língua, abrindo-se na carúncula (papila) sublingual. Laranja: glândula parótida; branco: glândula mandibular; amarelo: glândulas sublinguais; vermelho: glândulas bucais. 1, ducto parotídeo; 2, ducto mandibular; 3, parte compacta (monostomática) da glândula sublingual; 4, parte difusa (polistomática) da glândula sublingual; 5, glândulas bucais dorsais (glândula zigomática no cão); 6, glândulas bucais médias; 7, glândulas bucais ventrais. Marina Morena 21 Gl. sublingual As glândulas sublinguais consistem em duas glândulas em cada lado, exceto no equino, no qual só existe a glândula sublingual polistomática. A glândula subligual monostomática situa-se mais caudalmente e é uma glândula compacta com um único ducto de drenagem. O ducto salivar sublingual maior compartilha uma abertura comum com o ducto salivar mandibular acima da carúncula sublingual que projeta a partir da porção pré-frenular do assoalho da cavidade oral. A extensa glândula sublingual polistomática se situa mais rostralmente e se abre por meio de diversos ductos menores na crista sublingual. Essas aberturas se localizam em uma prega longitudinal nos recessos sublinguais laterais e, no bovino, acima das papilas cônicas situadas na prega. Gl. bucais Podemos encontrar glândulas bucais na região mais dorsal ou na região mais ventral do maxilar. Possuem uma grande variação de formação, seja em tamanho ou em número, nos animais domésticos. São glândulas polistomáticas com ductos curtos que liberam a secreção próximo de onde estão localizadas. O ruminante tem necessidade de muita saliva, uma vez que passa muito tempo mastigando. Assim, suas glândulas salivares são muito desenvolvidas. Os carnívoros, especialmente canídeos, possuem uma glândula bucal deslocada caudalmente em relação ao arco zogomático, portanto chamada de glândula zigomática. Mucocele Consiste no acúmulo de saliva mucoide que extravasa de uma glândula ou ducto lesado. A glândula sublingual é a mais frequentemente afetada. A saliva extravasada mais comumente se acumula nos tecidos subcutâneos das áreas intermandibular, tecidos sublinguais (rânula) ou cervical cranial. Um local menos comum é a parede da faringe. O tratamento requer a remoção do complexo glandular mandibular- sublingual. Esôfago O esôfago conduz alimento da faringe ao estômago. Esse tubo relativamente estreito tem início dorsalmente à cartilagem cricoide da laringe e segue a traqueia ao longo do pescoço, inicialmente inclinando-se para a esquerda (altura de C4), mas reassumindo uma posição mediana acima da traqueia antes ou logo depois da entrada do tórax. No tórax, corre no mediastino (à direita da aorta) e, continuando além da bifurcação traqueal, passa sobre o coração antes de penetrar no hiato esofágico do diafragma. Segue então seu caminho sobre a margem dorsal do fígado, onde se junta ao estômago na região do cárdia. Portanto, é constituído de partes cervical, torácica e abdominal, embora a última seja muito curta. Marina Morena 22 A estrutura do esôfago obedece a um padrão que é comum ao restante do canal alimentar, com uma mucosa pregueada mais interna. O revestimento externo é um tecido conjuntivo frouxo (adventícia) no pescoço, mas este é largamente substituído pela serosa no tórax e no abdome. O músculo é estriado na origem do esôfago, mas em algumas espécies (p. ex., gatos, suínos e cavalos) o músculo estriado é substituído por músculo liso em algum ponto no interior do tórax. É importante saber que a bainha carotídea, com a artéria carótida, tronco vagossimpático e veia jugular interna, passa dorsalmente a traqueia, próximo ao esôfago. Esta proximidade precisa ser levada em conta no momento de realizar um corte, caso precise fazer uma sondagem. Estômago O estômago se interpõe entre o esôfago e o intestino delgado. Nos mamíferos domésticos, o estômago apresenta grande variação quanto à forma e distribuição dos diferentes tipos de mucosa que o revestem. Considerando sua forma, eles podem ser divididos em estômago monogástrico, com apenas um compartimento (carnívoros, suínos e equinos), e poligástrico, com diversos compartimentos (ruminantes). O estômago possui paredes reforçadas por musculatura lisa, inclusive possui uma camada extra de músculo, chamada camada obliquas, além das longitudinais e circulares. Quando comparamos o tubo digestório do carnívoro com o do equino, notamos que o do equino também possui um estômago monocavitário, mas apresenta um tubo digestório muito mais comprido, devido a sua alimentação. O ruminante, embora o estômago seja policavitário, também possui um tubo digestório muito comprido. A digestão de plantas é muito mais complexa, por isso que o tubo digestivo desses animais precisa ser mais comprido. Monogástrico O estômago unicavitário é uma dilatação em forma de saco do canal alimentar. As principais divisões do estômago são: cárdica, fundo, corpo e pilórica. Ele possui uma face visceral, voltada para o intestino; uma face parietal, voltada para o fígado e o diafragma; uma curvatura maior; e uma curvatura menor. Além disso, possui duas extremidades, esquerda e direita. Marina Morena 23 A entrada do estômago é denominada cárdia e a saída se chama piloro, ambas controladas por esfincteres. Na porção pilórica é onde ocorre a digestão física e química é mais exacerbada. Uma vez que está digerida e em uma consistência pastosa, chamado de quimo, passa pelo esfíncter pilórico para o duodeno. O corpo é a parte média maior do estômago, a qual se prolonga desde o fundo gástrico à esquerda até o piloro na direita. A parte pilórica pode ser dividida em antro pilórico e canal pilórico em direção ao duodeno. O fundo gástrico é uma invaginação cega que emerge acima do corpo e da cárdia. Ele tem a forma de um saco cego no equino e forma o divertículo ventricular ou gástrico no suíno. A face parietal do estômago se situa contra o diafragma e o fígado, enquanto a face visceral está em contato com os órgãos abdominais adjacentes situados na direção caudal. A curvatura menor é a margem dorsal côncava do estômago e segue o trajeto da cárdiaaté o piloro. Ela está conectada ao fígado pelo omento menor. A curvatura menor não é uniformemente côncava, pois apresenta a incisura angular. Saindo da curvatura maior do estômago está o omento maior, que se direciona caudalmente, dobrando sobre si mesmo e continuando para formar o peritônio visceral do pâncreas. O omento maior possui a camada/lâmina ventral e a camada/lâmina dorsal. Ao dobrar sobre si, o omento forma uma cavidade, chamada de bolsa omental. O recesso supra-omental é a região que o omento maior recobre os intestinos na região dorsal. A raiz do mesentério é onde o mesentério começa a se formar e envolve o pâncreas e irá revestir também os intestinos. Assim, o omento maior tem uma conexão com o mesentério nessa porção que envolve o pâncreas. O peritônio parietal recobre os rins, por isso que são chamados de retoperitoneais. Os dois folhetos do peritônio parietal se unem e formam a raiz do mesentério. Além disso, o mesentério também envolve o baço, local que também há um ligamento entre o mesentério e o omento maior. Desse modo, une o baço ao estômago, 1, aorta; 2, esôfago; 3, veia cava caudal; 4, diafragma; 5, fígado; 6, omento menor; 7, pâncreas; 8, raiz do mesentério; 9, cólon transverso; 10, estômago; 11, bolsa omental; 12, intestino delgado; 13, lâmina dorsal do omento maior; 14, lâmina ventral do omento maior; 15, peritônio parietal; 16, fossa pararretal; 17, bolsa retogenital; 18, bolsa vesicogenital; 19, bolsa pubovesical; 20, bexiga urinária; 21, próstata; 22, reto; 23, ísquio; 24, ânus. Marina Morena 24 chamado de ligamento gastro-esplênico (gastrolienal). Em casos de deslocamento/torção do estômago, essa ligação faz com que o baço também se movimente, provocando isquemia pela oclusão do hilo. Na altura da 12º vértebra torácica, há uma abertura que permite a entrada na bolsa omental, no antímero direito, passando pela veia porta, pâncreas, lobos do fígado e a veia cava caudal. Essa passagem é chamada de forame omental (forame epiplóico) e seu principal significado clínico é a possibilidade de ocorrer hérnia. Como por exemplo, o duodeno sofrer uma herniação e se projetar para a bolsa omental. Ocorrência comum de cólica em equinos idosos. Poligástrico O estômago dos ruminantes é composto por quatro partes: rúmen, retículo, omaso e abomaso. O rúmen, o retículo e o omaso costumam ser referidos coletivamente como proventrículos, os quais possuem uma mucosa aglandular, onde é realizada a fermentação dos alimentos pela microbiota. São responsáveis pela destruição enzimática dos carboidratos complexos, especialmente a celulose, a qual constitui uma grande parte da dieta regular de ruminantes, e a produção de ácidos graxos de cadeia curta (propionato, butirato e acetato) com auxílio de micróbios. A última câmara, o abomaso, possui uma mucosa glandular, que realiza a digestão química e é comparável ao estômago unicavitário dos outros mamíferos domésticos. Portanto, é chamado de estômago verdadeiro. Rúmen Pelo rúmen ser o maior, apresenta diversos pilares e sulcos, dividido em grandes câmeras/sacos ventral e dorsal. Entre os sacos dorsal e ventral há o sulco longitudinal esquerdo. Internamente são formadas pregas/pilares, que dá origem ao sulco, portanto é chamada de pilar longitudinal esquerdo. Do mesmo modo, na vista direita é possível observar o sulco longitudinal direito que divide os sacos dorsal e ventral. Os sulcos coronários dividem, tanto o saco ventral quanto o dorsal, dando origem as porções do rúmen chamadas de saco cego caudodorsal e saco cego caudoventral, nas porções mais caudais do rúmen. O sulco caudal do rúmen separa os sacos cegos entre si. O saco dorsal tem uma continuação que é de difícil delimitação, chamado de saco cranial do Retículo; Omaso; Abomaso; Rúmen A. Lado esquerdo; B. Lado esquerdo/visceral Marina Morena 25 rúmen, separado do saco ventral pelo sulco cranial. Entre o retículo e o saco cranial do rúmen há o sulco ruminoreticular, onde há a prega ruminoreticular. A proximidade e conexão entre o rúmen e o retículo, com uma grande abertura do óstio ruminoreticular faz com que as duas porções sejam até mesmo consideradas quase como um só, chamado de ruminoreticulo. O conteúdo do rúmen demonstra alguma estratificação: o alimento de ingesta recente é empilhado sobre o material remastigado pesado e mais umedecido. Portanto, é o material mais leve que está mais sujeito a ser regurgitado para posterior mastigação e insalivação. Retículo e omaso No reticulo são vistos o sulco reticular, de grande importância clínica, entre a cárdia (entrada do esôfago) e o óstio reticulo-omasal. Em animais que já desmamados, ou seja, jovens, o alimento passa pela cárdia e cai no rúmen, onde passa por um processo de fermentação complexo. O alimento então volta em direção ao esôfago, retorna para a cavidade oral e é triturado mais uma vez. Depois que ela deglute pela segunda vez, o alimento passa pelo esôfago e cai no retículo. Mais uma vez fermentado, dessa vez pelo retículo, o alimento passa pelo óstio reticulo-omasal e se dirige para o omaso. Em bezerros ainda jovens, que mamam, não possuem retículo e rúmen completamente desenvolvido. Uma vez que o leite é um alimento que não precisa, nem deve, ser fermentado, não passa por essas cavidades. A posição de mamar faz com que o esôfago se estique, juntamente com a pressão negativa do ato de mamar, leva as extremidades do sulco reticular colabem, formando um tubo, chamada de goteira esofágica. Desse modo, o leite passa direto para o omaso. A mucosa reticular é aglandular e revestida com um epitélio estratificado, semelhante ao da mucosa do rúmen. Ela apresenta um padrão de fava característico formado por cristas. O omaso se localiza na parte intratorácica do abdome, à direita da linha média, entre o rúmen e o retículo à esquerda, e o fígado e a parede do corpo à direita. O orifício (óstio) reticulomasal está situado na terminação dorsal do curto canal; na outra extremidade, o grande e oval óstio omasoabomasal é parcialmente ocluído pelo prolapso das pregas abomasais. O assoalho do canal (conhecido como sulco do omaso) é liso, exceto por poucas cristas baixas que correm ao longo Dorsal Dorsal Ventral Ventral Cranial Cranial caudal caudal Longitudinal esquerdo, longitudinal direito; coronário dorsal direito, coronário dorsal esquerdo; coronário ventral direito, coronário ventral esquerdo; saco cego caudoventral, saco cego caudodorsal; Sulco caudal; Sulco cranial; saco cranial Marina Morena 26 de sua extensão e por uma difusão de projeções semelhantes a garras que guardam a abertura superior. Abomaso O abomaso corresponde ao estômago unicavitário dos outros mamíferos domésticos e, de forma análoga, pode ser dividido em corpo gástrico e piloro. Ele apresenta uma curvatura maior voltada para a direção ventral e uma curvatura menor voltada para a direção dorsal. O abomaso é revestido por uma mucosa glandular que contém as glândulas gástricas próprias e as glândulas pilóricas. Assim como na língua o ruminante apresenta um tórus, no abomaso há o tórus pilórico, pouco antes do esfíncter. É apenas um espessamento, que estreita a passagem do quimo para o duodeno. Omento A fixação do omento maior se inicia dorsal ao esôfago. As duas lâminas serosas, das quais ele é composto passam diretamente sobre o rúmen, mas são tão amplamente separadas que permitem a adesão da parte imediatamente pós- cárdica do teto ruminal diretamente ao teto abdominal. Esse espaço retroperitoneal é fechado caudalmente, onde as duas lâminas serosas se juntam na metade do caminho ao longo do sulco longitudinal direito para formar uma prega convencional, a qual se fixa ao estômago. A fixação dessa prega pode ser acompanhada ao longo do sulco longitudinal direito atravésdo sulco caudal entre os sacos cegos caudais e, então, adiante ao longo do sulco longitudinal esquerdo. Ela cruza o átrio do rúmen e se amplia para formar uma ampla fixação ao retículo, antes de se curvar abruptamente para a direita, ventral ao ruminorretículo, para alcançar a curvatura maior do abomaso, a qual segue até o piloro e continua sobre a face caudal da primeira parte (vertical) do duodeno, da qual se estende sobre o duodeno descendente e posteriormente para o mesoduodeno. A fixação omental é refletida onde o duodeno vira cranialmente, e ele retrocede sua fixação ao longo do duodeno descendente até ser levado de volta à flexura duodenal cranial na porta do fígado. Retorna então para a face direita do rúmen via pâncreas. O omento menor surge da superfície visceral do fígado, entre a veia porta e a impressão esofágica, e passa para a região do sulco do retículo, a face direita do omaso, e daí ao longo da curvatura menor do abomaso para a primeira parte do duodeno, o qual retorna o omento para o fígado. Topografia das vísceras abdominais. A, Relação das vísceras abdominais com a parede abdominal esquerda. B, O interior do estômago visto da esquerda. C, Relação das vísceras abdominais com a parede abdominal direita; o fígado foi removido. D, Posição das partes do estômago vista da direita. 1, esôfago; 2, contorno do baço; 3, retículo; 4, saco dorsal do rúmen; 5, saco ventral do rúmen, recoberto pela lâmina superficial do omento maior; 6, fundo do abomaso, recoberto pela lâmina superficial do omento maior; 7, sulco do retículo; 8, corpo do abomaso; 9, átrio do rúmen; 10, saco cego caudodorsal; 11, saco cego caudoventral; 12, saco ventral do rúmen (aberto); 13, omaso, recoberto pelo omento menor; 14, duodeno descendente; 15, parte pilórica do abomaso; 16, omento maior recobrindo a massa intestinal; 17, omento menor seccionado do fígado; 18, posição da margem caudoventral do fígado. Marina Morena 27 Intestino O intestino é a parte caudal do canal alimentar. Ele se inicia no piloro e prossegue até o ânus. Divide-se em intestino delgado do piloro até o ceco e intestino grosso do ceco até o ânus. O diâmetro dessas partes nem sempre é diferente, como sugere a denominação. O intestino delgado compreende três partes: duodeno, jejuno e íleo. O duodeno está relacionado com a digestão química do alimento, associado com as glândulas anexas, e o jejuno e íleo com a absorção dos nutrientes, especialmente o jejuno. O intestino grosso é dividido em ceco (em humanos é o apêndice), cólon e reto. Assim como em humanos, em carnívoros [A] o ceco é afuncional, por isso é pequeno quando comparado com o equino [B] e o ruminante [C]. No equino é onde ocorre parte da fermentação do alimento, por isso é tão desenvolvido (fermentador pós gástrico). No ruminante, onde a fermentação é pré-gástrica, o ceco é mais desenvolvido que nos carnívoros, porém é apenas semi-funcional. O mesentério é uma serosa intermediária que emite prolongamentos na direção do baço, cólon, duodeno e jejuno. O mesentério propriamente dito é o que vai de encontro ao jejuno; a porção do mesentério que se projeta e forma a prega do cólon é chamada de mesocólon; por fim, a prega que envolve o duodeno é chamada de mesoduodeno. Todos são provenientes da raiz do mesentério, sendo basicamente a mesma coisa, porém o mesentério propriamente dito, é o conectado ao jejuno, pois é a maior porção. A prega do mesentério que liga a região do íleo com o ceco é chamada de prega ileocecal. Entre o duodeno e o cólon descendente há uma prega, chamada de prega duodenocólica, também formada pelo mesentério. A artéria mesentérica cranial é um ramo da aorta abdominal de calibre bem considerável. Ela acompanha desde a raiz do mesentério até quando ele se abre para envolver o jejuno e o íleo e se ramifica, formando uma rede de ramos que sofrem anastomose próximo as pregas intestinais. Além de vascularizar o intestino delgado, ela também é responsável por vascularizar parte do intestino grosso, na porção do ceco, cólon ascendente, cólon transverso e parte do cólon descendente. Intestino delgado O duodeno tem início após o esfíncter pilórico, onde essa primeira porção é chamada de flexura cranial. Seguindo o duodeno, encontramos a parte descendente, que vai em direção caudal e Marina Morena 28 é a maior parte dele. Na altura da asa do ílio, o duodeno faz uma segunda flexura, chamada de flexura caudal, onde ele se dobra da direita para a esquerda do animal. A seguir temos a porção ascendente, no qual ele se volta novamente para cranial, fazendo uma última flexura, que o conecta com o jejuno, chamada de flexura duodenojejunal. Os ductos que saem das glândulas anexas, fígado e pâncreas, desembocam no duodeno através de uma papila (elevação da mucosa com óstio), a papila duodenal maior (ducto colédoco e o ducto pancreático principal) e menor (ducto pancreático acessório). Elas se encontram no interior da mucosa do duodeno, na parte descendente. O jejuno é a maior parte do intestino delgado, onde ocorre menos digestão e mais absorção dos alimentos previamente digeridos, por isso que tem a necessidade de ser tão grande. Não existe delimitação macroscópica/anatômica entre o jejuno e o íleo, a única indicação do final do jejuno/começo do íleo é a conexão do íleo com o intestino grosso. Em herbívoros, o íleo desemboca no ceco através do óstio ileal, onde ao redor ocorre um dobramento da musculatura lisa que forma uma elevação, chamada de papila ileal. No carnívoro, que possui um ceco pouco desenvolvido/rudimentar, o íleo se conecta diretamente com o cólon. Intestino grosso Carnívoro No carnívoro é um intestino grosso simples e curto, onde o primeiro segmento é o ceco. No cão, o formato é de saca-rolha e no gato é mais semelhante a uma vírgula. O intestino grosso se inicia no lado direito do animal, próximo ao duodeno, na região mais dorsal do abdômen. Após o ceco, há o cólon ascendente, porção bem reduzida nesses animais, seguida da primeira flexura, chamada de flexura direita. O cólon transverso se inicia na flexura direita e vai até a flexura esquerda, onde começa o cólon descendente, que é a maior porção do intestino grosso. A porção final é o reto, que fica dorsal a bexiga urinária, e serve apenas como um reservatório temporário para as fezes que ainda não podem ser expelidas pelo animal. 1- Baço; 2- estômago (fundo); 4- fígado; 5- esfíncter pilórico; 6- flexura cranial; 7- papila duodenal maior; 8- papila duodenal menor; 9- pâncreas Herbívoro Carnívoro Herbívoro: 5- íleo; 7- ceco; óstio ileal; prega ileal Carnívoro: 1- íleo; 2- ceco; 3; cólon; 4- óstio ileal; 5- orifício cecocólico Marina Morena 29 Equino O equino é um herbívoro não ruminante ceco funcional, portanto, considerado um fermentador pós-gástrico. A fermentação microbiana ocorre no ceco, portanto este é muito bem desenvolvido. A parede é revestida de saculações/divertículos, chamados de haustros, não só no ceco, como no cólon também. A tênia é uma fita de musculatura lisa que abrange longitudinalmente o intestino grosso, é uma adaptação da camada muscular longitudinal do intestino. O ceco é dividido em base, corpo e ápice. A base é onde o íleo desemboca, ou seja, a primeira porção do ceco que forma uma flexura. O corpo e o ápice se diferenciam pela fixação pela prega cecocólica, onde o ápice encontra-se desprendido dela. Nos herbívoros, especialmente no equino, o cólon ascendente é muito grande, apresentando uma diferença gritante para o do carnívoro. Devido a essa característica, pode-se também chamar de cólon maior, enquanto o cólon descendente é chamado de cólon menor. O cólon ascendente pode ser subdividido em quatro segmentos paralelos conectados por três flexuras. Ele se inicia com o cólon ventral direito no óstio cecocólico,
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