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Histologia animal avançada 2020.1 Marina Morena mmorenacg@gmail.com Sumário Sistema tegumentar __________ 2 EPIDERME ______________________________ 2 DERME ________________________________ 3 HIPODERME _____________________________ 4 ANEXOS CUTÂNEOS ________________________ 4 ESTRUTURAS ESPECIAIS _____________________ 6 TEGUMENTO DAS AVES _____________________ 6 Sistema cardiovascular (circulatório) _ 7 VASOS SANGUÍNEOS _______________________ 8 MICROVASCULATURA ______________________ 8 CORAÇÃO ______________________________ 9 Sistema nervoso central ________ 9 ENCÉFALO _____________________________ 10 MEDULA ESPINHAL _______________________ 10 MENINGES _____________________________ 11 FLUIDO CEREBROESPINHAL __________________ 12 Sistema nervoso periférico _______ 12 FIBRAS NERVOSAS ________________________ 12 NERVOS _______________________________ 14 GÂNGLIOS _____________________________ 15 Sistema linfático ____________ 16 ÓRGÃOS LINFOIDES PRIMÁRIOS _______________ 16 ÓRGÃOS LINFOIDES SECUNDÁRIOS _____________ 17 Sistema respiratório __________ 21 PORÇÃO CONDUTORA _____________________ 21 PORÇÃO RESPIRATÓRIA ____________________ 24 AVES _________________________________ 25 Sistema digestivo ____________ 25 ESÔFAGO ______________________________ 25 PRÓ-VENTRÍCULO ________________________ 26 ESTÔMAGO ____________________________ 26 INTESTINO DELGADO ______________________ 27 INTESTINO GROSSO _______________________ 28 AVES _________________________________ 28 Glândulas anexas ao sistema digestivo _29 GLÂNDULAS SALIVARES ____________________ 29 PÂNCREAS _____________________________ 30 FÍGADO _______________________________ 31 Sistema endócrino __________ 32 HIPÓFISE ______________________________ 33 GLÂNDULA PINEAL ________________________ 35 TIREOIDE ______________________________ 35 PARATIREOIDE ___________________________ 35 ADRENAIS ______________________________ 35 OUTROS TECIDOS ENDÓCRINOS _______________ 36 Sistema urinário ____________ 36 RIM __________________________________ 36 VIAS URINÁRIAS __________________________ 39 Sistema reprodutor masculino _____ 40 TESTÍCULO _____________________________ 40 EPIDÍDIMO _____________________________ 42 DUCTO DEFERENTE ________________________ 42 GLÂNDULAS ACESSÓRIAS ____________________ 42 PÊNIS _________________________________ 43 Sistema reprodutor feminino _____ 44 OVÁRIO _______________________________ 44 TUBAS UTERINAS _________________________ 47 ÚTERO ________________________________ 47 VAGINA _______________________________ 48 GLÂNDULAS MAMÁRIAS ____________________ 48 Marina Morena 2 Sistema tegumentar Caracterizado pela pele e seus anexos cutâneos (garra, corno, cascos, pelos etc), o sistema tegumentar possui a função de revestir o corpo. A pele é composta por três camadas: a epiderme, derme e a hipoderme. Epiderme Superfície externa da pele, possui uma origem embrionária ectodérmica e é composta por tecido epitelial queratinizado. Desse modo, protege os tecidos adjacentes do atrito e da desidratação. A principal célula é o queratinócito que se divide em 5 camadas ao longo da epiderme, variando em seu estado de maturação. A camada próxima da membrana basal que divide a derme da epiderme é chamada de camada germinativa ou basal. Essa primeira camada possui a função de estoque e fornecimento de células para a constante regeneração tecidual. Nesse estágio as células possuem um formato cúbico e estão em constante divisão celular, onde uma das resultantes se mantém na camada e a outra vai para a camada superior, chamada de camada espinhosa. Na camada espinhosa as células passam de um formato cúbico para um esticado com projeções do citoplasma. Ainda possuem a capacidade de se dividir, porém em menor taxa. Além disso o reticulo endoplasmático já começa a produzir uma substância que posteriormente se tornará a queratina. A terceira camada é a granulosa, que é assim chamada pela característica celular, composta de grânulos de querato-hialina, que se tornam translúcidos na coloração do tecido. Nesse estágio as células possuem um formato mais alongado/plano. A camada lúcida é composta por células ainda mais finas/alongadas, anucleadas ou apenas com resquícios do seu núcleo e com grânulos de querato-hialina maduros (queratina). Algumas células começam a entrar em apoptose. Por fim, a última camada, chamada de camada córnea (ou estrato córneo), é apenas o esqueleto das células, repleto de queratina. Outra célula presente na epiderme são os melanócitos, responsáveis pela produção de melanina, que serve de proteção contra os raios UV. É localizada na camada basal, porém possui projeções citoplasmáticas que se expandem para as camadas mais externas (aspecto de mão de luva). Essas células possuem a capacidade de armazenar tirosina, além de produzir a Marina Morena 3 tirosinase. Desse modo, esta enzima quebra a tirosina em DOPA, que sobe em direção as projeções citoplasmáticas. Nas extremidades a DOPA é convertida em melanina, que é exocitada e injetada nas células das diversas camadas de queratinócitos. A melanina se deposita sempre acima do núcleo, para que esta proteja o mesmo dos raios UV. Patologias associadas aos melanócitos: vitiligo é uma doença autoimune, onde o S.I. ataca os melanócitos. A neoplasia dos melanócitos é chamada de melanoma. As células de Merkel são as responsáveis pela transdução sensorial (tato). São células pequenas e cúbicas de difícil visualização na coloração de H&E, que estão conectadas à uma terminação nervosa. Desse modo, são encontradas na camada basal da epiderme, sendo especialmente abundante em algumas partes do corpo, como os coxins. Por fim, as células de Langerhans são as responsáveis pela fagocitose e apresentação de antígeno na epiderme. São as únicas que não possuem origem embrionária na ectoderme e sim na medula óssea. Derme Composta por tecido conjuntivo, contendo vasos sanguíneos, terminações nervosas e fibra elástica. A espessura pode variar de acordo com o local. Conferem um aspecto de casca de ovo na porção adjacente à camada basal da epiderme. Sua composição é de tecido conjuntivo frouxo, além de células sentinelas (histiócitos) que possuem a função de proteger o tecido. Por possuir vasos sanguíneos (arteríolas e vênulas), é responsável por nutrir as células da epiderme, além de atuar na termorregulação do animal. As áreas do corpo com menos pelos possuem maior quantidade de papilas dérmicas, o que consequentemente significa uma maior quantidade de sangue passando e uma maior troca de calor com o meio externo, configurando uma melhor termorregulação. Essa característica torna- se importante especialmente em espécies, como nos suínos, que não possuem glândulas sudoríparas. Geralmente são porções de pele mais grossas. Animais com muito pelo, ou nas porções do corpo que possuem muito pelo, não possuem papilas dérmicas. Desse modo, a camada papilar não existe, tendo apenas uma camada se derme superficial, também composta de tecido conjuntivo frouxo e fibra elástica. Adjacente à camada papilar, está a camada reticular, que é formada por tecido conjuntivo denso não modelado e fibras reticulares, especialmente em partes de pele grossa. Além disso, possui fibras elásticas e é a camada em que estão inseridos os anexos cutâneos, como glândulas e folículos pilosos. Marina Morena 4 As principais células são os fibrocitos, porém há alguns melanócitos, que dão cor aos pelos e garras. Hipoderme Composta por tecido conjuntivo frouxo, está adjacente à camada reticular da derme. Tem como característica a presença de panículos adiposos, cuja função é de modelar, bem como auxiliar na termorregulação/termoproteção e de reserva. Anexos cutâneos Vasos e receptores sensoriais são exemplos de anexos cutâneos.Os receptores podem ser mecanorreceptores, encapsulados ou terminações livres (tato/dor - Merkel). Dentre os exemplos de receptores sensoriais podemos destacar os corpúsculos de Paccini (propriocepção), corpúsculos de Meissner (tato e pressão), corpúsculos de Krause (frio) e corpúsculos de Ruffini (calor). Vale lembrar que os corpúsculos de Paccini e Meissner também são encontrados nas vísceras. Pelos Obs: as áreas sem pelo são denominadas de glabras. Os pelos são encontrados na superfície corporal dos mamíferos domésticos. Sua função é de isolante, tanto hídrico como térmico. A proteção térmica acontece a partir do momento em que o músculo eretor do pelo se contrai (no frio) e forma uma camada de ar, que funciona como um cobertor. Os pelos podem ser classificados como primários, que são os maiores, ou secundários, visto em algumas espécies específicas e filhotes. O folículo piloso é envolto por uma lâmina basal/membrana vítrea, que o separa da derme. É composto por tecido epitelial e se forma a partir da papila dérmica. Possui a porção da medula, mais macia que pode alojar estruturas parasitárias/fungos, córtex e cutícula, que é extremamente compacta e formada por queratinócitos, esta é a porção que se projeta para fora da pele. Além disso, possui uma bainha externa, sem queratina, e uma interna, que possui queratina, além de melanócitos na parte basal do pelo. Os folículos pilosos podem ser simples, ou seja, conter apenas um pelo, ou compostos, com mais de um pelo. Os Marina Morena 5 folículos compostos são os predominantes na maioria das espécies. Além disso, existem os pelos sensoriais, que são as vibrissas. Estes são de extrema importância para o tato e localização do animal, especialmente gatos. São pelos mais grossos, com menor taxa de renovação e repletos de células de Merkel. Garras e cascos Ambos são oriundos do processo ungueal, embora possuam diferentes histologias. As garras são importantes para a proteção e caça dos animais. Sua composição é similar à da pele (tecido epitelial), entretanto a espessura da camada córnea é muito maior, especialmente na crista dorsal, além de ser extremamente compactada. Em contrapartida, o casco é composto por uma camada de derme mais interna e epiderme mais externa. É repleto de lâminas que alternam entre derme e epiderme (primárias e secundárias), sendo conhecido como estrato lamelar. Essa estrutura entrelaçada é crucial para sustentar o peso do animal. Em animais obesos a lâmina epidérmica comprime a dérmica e pode acarretar necrose ou inflamação (laminite). Adjacente ao estrato lamelar encontra- se o estrato médio, composto por duas camadas: granulosa e lúcida. Os cascos de filhotes ainda não estão completamente compactados, por isso há um tecido epitelial chamado períoplo, que protege o casco ainda não queratinizado de possíveis infecções. A sola é a porção do casco de apoio da terceira falange, assim, não possui queratina. Enquanto a ranilha é a que apoia o coxim, que é composto por tecido conjuntivo fibroelástico e participa na sustentação do peso do equino. Cornos e chifres Corno é uma continuação da epiderme envolta por queratina. Por sua vez, os chifres são estruturas ósseas revestidas externamente por epitélio. É considerado um osso longo ramificado. Glândulas Encontram-se inseridas na derme (especialmente na profunda), são compostas de tecido epitelial glandular, que também é separado da derme pela lâmina basal. As glândulas podem ser classificadas como endócrinas, que liberam seu produto no meio interno, ou exócrinas, responsáveis por liberar secreções para o meio externo do corpo. As glândulas exócrinas são divididas em duas porções: secretora e o ducto. Por sua vez, a porção secretora de uma glândula determina se esta é classificada como simples ou ramificada, bem como tubular ou acinosa. A porção do ducto excretor determina se é composta ou não. Além disso, vale relembrar que as glândulas podem ser classificadas como merócrinas, que simplesmente liberam sua secreção; holócrinas, onde a célula é destruída para que haja a liberação do produto; ou apócrina, onde parte do Marina Morena 6 citoplasma da célula é liberada com a secreção. Glândula sebácea Presente em todos os mamíferos, é uma glândula alveolar simples/composta holócrina que sempre desemboca em um folículo piloso (exceto no lábio, mamilo, glande e pequenos lábios da vagina). Todo folículo piloso possui pelo menos uma glândula sebácea. O canal que conecta a glândula no folículo é denominado de pilossebáceo. Além disso, por ser uma glândula holócrina, possui uma alta taxa de renovação celular. As células presentes são chamadas de sebácito, que é uma célula grande e repleta de vesículas que armazenam o sebo (gordura). Essas vesículas apresentam-se incolores ou levemente basofílicas em coloração H&E. O sebo é um importante lubrificante, além de servir como proteção hídrica e física e possuir em sua composição imunoglobulinas e ácidos graxos. Algumas glândulas sebáceas são especializadas, como por exemplo, a membrana nictante, ou terceira pálpebra, responsável por liberar um sebo menos oleoso e mais líquido, que protege física e imunologicamente o olho, além de lubrificá-lo. Obs: a conjuntivite seca é uma doença imuno mediada onde ocorre a destruição da glândula nictante. Outro exemplo de glândula sebácea especializada é a perianal, que produz feromônios. Essa glândula possui importância clínica, pois costuma entupir ou apresentar tumores. Em ambos os casos a remoção cirúrgica é a solução. Além disso, em casos de inflamação pode-se tratar com antibióticos também. Glândula sudorípara É uma glândula tubulosa simples enovelada predominantemente apócrina, podendo também ser merócrina. As glândulas sudoríparas apócrinas liberam suas secreções no folículo piloso, enquanto as merócrinas liberam diretamente na pele, sem contato com o folículo. Assim como as glândulas sebáceas, algumas glândulas sudoríparas são especializadas, como por exemplo, as da região carpal dos suínos. Essas produzem feromônios importantes para a detecção do ciclo estral. Estruturas especiais O ouvido externo (orelha ou pina) possui uma estrutura tegumentar especial, composta por cartilagem elástica entre duas camadas de pele. A camada externa de pele é uma superfície convexa que apresenta mais pelo, além de glândulas sebáceas e sudoríparas. Por sua vez, a superfície interna é côncava e apresenta uma menor quantidade de pelo e glândulas sebáceas especializadas na produção de cera. Tegumento das aves O sistema tegumentar das aves é diferenciado dos mamíferos. As aves apresentam uma epiderme muito fina, enquanto a camada dérmica é mais grossa e mais gordurosa. Além disso, não possuem glândula sebácea ou glândula sudoríparas. Em contrapartida, possuem uma célula especializada, os seboqueratinócitos, que além de acumular queratina, acumula também sebo. A epiderme das aves apresenta menos camadas e uma maturação celular mais rápida, ainda que ocorra de modo semelhante à vista nos mamíferos. A primeira é a camada basal, seguida da intermediária e, por fim, o estrato córneo. A derme das aves precisa ser mais grossa, pois é de lá que saem as penas, que são muito maiores e pesadas que os pelos, portanto, precisam de mais sustentação. As patas das aves apresentam uma composição tecidual distinta do resto do corpo, onde a camada da derme é mais fina e a epiderme é mais grossa. Marina Morena 7 A pena das aves é separada por partes, onde a porção que se insere na derme é chamada de cálamo (base), repleta de vasos sanguíneos e terminações nervosas. A haste principal é chamada de ráque, que parte do cálamo até quase a parte final da pena. A parte colorida e brilhosa é chamada de pluma. Na maior parte das espécies, a pluma é formada de umaconjunção de barbas e bárbulas/barbelas. As barbas saem da ráque e de cada barba saem bárbulas ou barbelas que se orientam distalmente ou proximalmente a ave. Essas bárbulas se conectam através de ganchos para manter uma superfície única e lisa. Além disso, na porção da ráque que se insere na derme, existe o umbigo inferior e na parte mais acima, onde começa a pluma, há o umbigo superior. No umbigo inferior entram os vasos sanguíneos, que nutrem a pena. Na estrutura histológica da pena podemos ver que ao redor há um tecido adiposo, mas a estrutura geral é semelhante ao folículo piloso, logo, as aves não possuem papilas dérmicas penetrando em sua epiderme. A lubrificação da pena é feita a partir da liberação de sebo pela glândula uropigia (acima da cloaca), uma glândula semelhante à sebácea, portanto, acinar composta holócrina. A ave passa o bico sobre a glândula e depois na pena, para que distribuir a secreção. Sistema cardiovascular (circulatório) O sistema cardiovascular é responsável pela circulação sanguínea e linfática e realiza essa tarefa com o auxílio do coração, dos músculos e da gravidade. Quando o animal se movimenta, a contração muscular pressiona os vasos sanguíneos, auxiliando o fluxo do sangue. Como parte do sistema temos as artérias, que são quaisquer vasos que levam sangue para fora do coração, e as veias, que são quaisquer vasos que levam sangue para dentro do coração. Além disso, temos também aos vasos de menores calibres, que são as arteríolas e vênulas, além dos capilares. Podemos dividir a circulação em duas, a grande circulação, que leva sangue para todo o corpo, e a pequena, que leva o sangue para realizar a troca gasosa no pulmão. O sangue arterial sai do ventrículo esquerdo do coração por uma artéria de grande calibre (A. aorta), que se ramifica em artérias de médio calibre e depois em arteríolas. Das arteríolas é formada uma rede de vasos sanguíneos extremamente pequenos que são os capilares, onde ocorre a troca gasosa com os tecidos. Agora com sangue venoso, os capilares se fundem em vênulas, veias de médio calibre e depois veias de grande calibre, até que se unem na veia cava (superior ou inferior) e Marina Morena 8 entram no coração pelo átrio direito e finalizando a grande circulação. A pressão arterial é controlada pelas artérias de médio calibre, que por isso são também chamadas de artérias musculares. As artérias de grande calibre são chamadas de artérias elásticas, pois o sangue passa por elas com muita pressão, assim elas precisam de uma capacidade elástica maior. Dentro das veias e vênulas existem válvulas que são responsáveis por evitar o refluxo sanguíneo para a extremidades. Vasos sanguíneos Os vasos sanguíneos possuem uma constituição histológica geral formada por três túnicas: 1. Túnica íntima - composta por endotélio (epitelio), lâmina basal (rica em colágeno, fibra elástica, fibrócitos e miócitos) e lâmina elástica interna. O endotélio é responsável pelo monitoramento de moléculas, permitindo a passagem de pequenas e restringindo as grandes, além de participar da conversão de algumas substâncias como a angiotensina, bradicinina, serotonina, noradrenalina, trombina etc. A lâmina elástica interna está ausentas veias de menores calibres. 2. Túnica média - formada por músculo liso com fibras em direção concêntrica. Essa é a camada mais abundante nas artérias musculares, característica que diferencia das artérias elásticas. 3. Túnica adventícia - envolve mais externamente o vaso com um tecido conjuntivo, que une o vaso a estruturas adjacentes. Como todo TC, essa camada possui pequenos vasos, responsáveis pela nutrição dela e, por difusão, das túnicas adjacentes (vaso vasorum). Além disso, possui também pequenos nervos que controlam as funções daquela área (nervi vasorum). Na histologia, diferencia-se uma artéria de uma veia pela espessura da túnica média, onde nas artérias é muito maior do que nas veias, seja ela repleta de fibras elásticas (artéria elástica) ou músculo liso (artéria muscular). Ao observar uma lâmina corada por H&E, nota-se que a artéria elástica possui uma túnica média repleta de ondulações, gerada pelas fibras elásticas. Outros tipos de colorações permitem a visualização da própria fibra. Obs: ruminantes possuem uma camada extra de fibra elástica na túnica adventícia. Microvasculatura Os vasos da microvasculatura (arteríolas, capilares e vênulas) são invisíveis a olho nu. A arteríolas e a vênula são diferenciadas do mesmo modo que as artérias e vasos, pela espessura da túnica média. Os capilares são tão pequenos e finos que apenas uma hemácia passa bem espremida por vez. É esse atrito entre a hemácia e a parede do vaso que permite a troca gasosa. Os capilares são compostos apenas pelo endotélio e a lâmina basal, portanto não possuem lâmina elástica, túnica média e nem adventícia. Obs: pericito é uma célula mesenquimal que fica periférica ao capilar e é responsável por indicar o caminho que este deve seguir para formar um novo vaso. Os capilares podem ser de três tipos: 1. Capilar contínuo – é o mais abundante no corpo, não apresenta orifícios e, portanto, apenas passa o essencial pelo seu endotélio. As junções são estreitas (zonas de oculsão). É visto em todo o organismo, especialmente em músculos, tecido nervoso e glândulas exócrinas. 2. Capilar frenestrado – Possui pequenos poros/janelas que se abrem para a passagem de algumas moléculas um Marina Morena 9 pouco maiores. Ainda é recoberto de lâmina basal, que é seletiva. Encontrado especialmente no TGI. 3. Capilar sinusoide – segue um caminho tortuoso, com maior diâmetro (mais de uma hemácia por vez) e possui aberturas ainda maiores do endotélio e na lâmina basal, que pode até estar ausente. Permite a passagem de estruturas grandes como células. Encontrado no fígado, medula óssea e glândulas endócrinas. Obs: no fígado os macrófagos entram nos capilares sinusoides para detectar toxinas ou microrganismo e fagocita-los antes que sigam para o coração. Os esfíncteres pré-capilares abrem e fecham de acordo com a necessidade de oxigenação do tecido. Quando fechado, o sangue passa direto para as anastomoses arteriovenosas, ou seja, passa para a veia sem realizar a troca. Os vasos linfáticos são responsáveis por transportar a linfa, que consiste no líquido drenado dos tecidos (líquido intersticial), para os linfonodos e depois de volta para o sangue. Coração É um órgão muscular composto por três camadas: endocárdio, miocárdio e pericárdio. O endocárdio é a porção mais interna, responsável por revestir as cavidades e as válvulas cardíacas. É composto por uma camada de epitélio plano simples, uma lâmina basal e uma lâmina elástica interna. Por sua vez, o miocárdio é composto por miócitos e células da musculatura estriada cardíaca. Nos átrios há um miócito especial que produz como secreção o peptídeo natriurético atrial, que age no controle da pressão arterial. As fibras de Purkinje também estão presentes no miocárdio. São fibras musculares esqueléticas modificadas com formato arredondado, com citoplasma claro, repleta de glicogênio, com menos miofibrilas e com disposição não paralela. São as fibras de condução cardíaca do impulso elétrico e mantém a sincronia e frequência de contração. Além disso, no miocárdio encontramos também uma rede capilar específica para nutrir o tecido e um esqueleto cardíaco, como base de sustentação das válvulas. Esse esqueleto possui uma conformação variável de acordo com a espécie. Em cães é composto de fibrocartilagem, em cavalos de cartilagem hialina, em grandes ruminantes é ósseo e em porcos, gatos e coelhos de tecido conjuntivo denso não modelado. Por fim, o pericárdio é um tecido conjuntivo denso não modelado dividido em duas porções: pericárdio visceral (epicardio) e pericárdioparietal. Entre essas porções há um espaço, o saco pericárdico, que é possui um líquido com função de proteger e lubrificar (impede o atrito). Sistema nervoso central O SNC está localizado no interior do crânio (encéfalo) e no canal vertebral (medula espinal). Nele podemos perceber duas regiões bem definidas: a substância cinzenta e a substância branca. A substância branca é formada por acúmulos densos de axônios mielinizados (mielina é Marina Morena 10 rica em lipídios e tem aspecto esbranquiçado) e alguns axônios amielinizados (axônios curtos não necessitam de mielina). A substância branca se compõe de coleções de tratos (chamados fascículos ou lemniscos em certos casos). Um trato é formado de fibras nervosas funcionalmente correlatas com origem e destinação similares. A ausência ou escassez de mielina resulta numa coloração cinzenta do tecido do SNC. A substância cinzenta é rica em corpos celulares neuronais (pericárdio), células gliais e neurópilos. Neurópilo refere-se aos axônios, ramos terminais, dendritos e processos gliais que, coletivamente, formam uma matriz de fundo para os corpos celulares observados ao microscópio óptico. A maioria das sinapses ocorre no neurópilo. Encéfalo A substância cinzenta na superfície do cérebro e do cerebelo é chamada de córtex. O cérebro é composto por hemisférios cerebrais pareados. A superfície de cada hemisfério possui giros (cristas) demarcados por sulcos. O neurônio característico do córtex cerebral tem o corpo celular em forma de pirâmide, com seu ápice direcionado para a superfície. A substância cinzenta do cérebro é dividida em seis camadas, que histologicamente não são bem diferenciadas. São elas, da mais superficial à mais profunda: camada molecular, granular externa, piramidal externa, granular interna, piramidal interna e fusiforme. Cerebelo A superfície cerebelar exibe fólios (cristas estreitas) separadas por sulcos. Assim como no cérebro, a superfície é revestida por substância cinzenta, chamada de córtex cerebelar. Outra semelhança com o cérebro é o fato de ser dividido em dois hemistérios, que nesse caso é separado pelo vermis. O córtex cerebelar é dividido em três camadas bem distintas. A camada mais externa é a molecular, composta por poucas células, tanto neurônios como células da glia. Os neurônios predominantes nessa camada são os que possuem formado te cesto. A segunda camada é chamada de camada de Purkinje e recebe esse nome pelas células predominantes serem as células de Purkinje. Esses neurônios possuem formato piriforme e muitos dendritos, que se projetam para a camada molecular, deixando pouco espaço para as células típicas daquela camada. Por fim, a terceira camada é chamada de granulosa. Seus neurônios possuem formato de cesto com os axônios voltados para baixo (invertido) e estão presentes em grandes quantidades, sendo compactados. Medula espinhal A medula espinhal pode ser dividida em segmentos que são demarcados pelo surgimento bilateral de raízes dorsais e ventrais de nervos espinhais. Uma secção transversal da medula espinhal apresenta um canal central (ou canal ependimário) circundado por um perfil em forma de H de substância cinzenta, que, por sua vez, está circundado por substância branca. É pelo canal ependimário que circula o líquido cefalorraquidiano (LCR) ou líquor. O canal é revestido por células cilíndricas, com uma conformação semelhante ao Marina Morena 11 epitélio, que direcionam o LCR para a região caudal. Meninges O encéfalo, a medula espinhal e as raízes dos nervos periféricos estão envoltas por uma série de bainhas de tecido conjuntivo chamada meninges. Elas constituem uma barreira protetora e contêm o líquido/fluído cerebroespinhal. São descritas três camadas meníngeas, desde o plano mais superficial até o mais profundo estão: dura-máter, aracnoide e pia-máter. A dura-máter é chamada também de paquimeninge, por ser espessa e forte. A dura-máter contém feixes colagenosos espessos e fibras elásticas orientadas longitudinalmente na dura- máter espinhal, porém mais irregularmente na dura-máter craniana. A superfície interna da dura-máter é revestida por numerosas camadas de fibrócitos achatados, os quais aderem as células externas da membrana aracnoide. A dura-máter espinal é circundada por um espaço epidural que separa a dura- máter do periósteo que reveste o canal vertebral. Fibras colagenosas e elásticas na dura-máter espinhal estão orientadas paralelamente ao eixo longitudinal da coluna vertebral, proporcionando à dura resistência à tração longitudinal, rigidez e a propriedade do relaxamento. A dura-máter craniana é composta de duas lâminas. A lâmina interna é comparável à dura-máter espinal; a lâmina externa funciona como periósteo para a cavidade craniana. As duas lâminas ficam distintas apenas onde a lâmina interna se separa da lâmina externa para formar partições entre partes do cérebro. Espaços revestidos de endotélio, chamados seios venosos durais, estão presentes nos locais de separação entre as lâminas interna e externa. O sangue venoso drena para os seios, que resistem ao colapso por causa de suas paredes rígidas. A aracnoide (i. e., membrana aracnoide) consiste em uma camada externa membranosa, outra camada com fibrócitos achatados e, em sua parte interna, de fibrócitos achatados e frouxamente dispostos, associados com pequenos feixes de fibras colagenosas. Trabéculas aracnoides são delgados cordões da aracnoide interna que atravessam o espaço subaracnoide e estabelecem uma continuidade com a pia-máter. A meninge mais interna, colada no sistema nervoso, é a chamada pia-máter. É uma camada fina e delgada, repleta de vasos sanguíneos, fibras colagenosas e macrófagos. Juntamente com a aracnoide, a pia- máter limita o espaço subaracnoide, que contém líquor. O espaço sub-aracnoide como um todo, inclusive as superfícies de nervos e vasos que atravessam o espaço, é revestido por fibrócitos achatados unidos por zônulas de aderência. Os fibrócitos são capazes de fagocitose, e macrófagos são esporadicamente encontrados no revestimento do espaço subaracnoide. Visto que a camada fibrocítica que reveste Marina Morena 12 o espaço subaracnoide não possui uma lâmina basal, é possível uma troca limitada de líquido, pequenas moléculas e células imunocompetentes entre o líquido cerebrospinal e os compartimentos da aracnoide e da pia-máter. Quando um vaso penetra o SNC, fica circundado por um espaço perivascular. Em contraste com a maioria das células endoteliais do corpo, as células endoteliais dos capilares no SNC geralmente não são fenestradas, e são interligadas por junções estreitas. Essas características endoteliais são responsáveis pela barreira hematoencefálica, que impede a difusão de moléculas hidrofílicas provenientes da corrente sanguínea para o SNC. A influência trófica das projeções podálicas terminais dos astrócitos em contato com a lâmina basal que circunda os capilares do SNC induz as células endoteliais a se tornarem não fenestradas e a se interligarem por junções estreitas. Fluido cerebroespinhal O líquido cefalorraquidiano (LCR) ou líquor é formado dentro das cavidades ventriculares do SNC nos plexos coróides. Essas estruturas são formadas por dobras e invaginações da pia-máter altamente vascularizada, formada por tecido conjuntivo frouxo revestido por um epitélio cúbico simples. O LCR é definido como um fluído corporal estéril, incolor, encontrado no espaço subaracnóideo no encéfalo e medula espinhal. Caracteriza-se por ser uma solução salina pura, com baixo teor de proteínas e células. Possui diversas funções vitais, entre elas: proteção mecânica e biológica do SNC, troca de metabólitos, controle da pressão intracraniana e sustentação. A reabsorção/drenagem deste líquido é realizada pelas vilosidades aracnoidesque se projetam formando o seio sagital. Sistema nervoso periférico Todas as informações produzidas ou processadas no SNC necessitam transitar da periferia para o encéfalo e vice-versa. As sensações são trazidas para o SNC através de nervos e gânglios, que compõe o sistema nervoso periférico. A bainha de mielina no sistema nervoso periférico é feita a partir das células de Schwann (neurolemócitos). A união da bainha de mielina com os axônios compõe as chamadas fibras nervosas. Cada célula de Schwann se enrola em uma parte do axônio para formar uma porção da bainha de mielina. Fibras nervosas As fibras nervosas podem ser de dois tipos, as mielínicas e amielínicas. A fibra Marina Morena 13 mielínica é quando há um axônio de diâmetro grande e comprimento longo com uma célula de Schwann dando diversas voltas em um mesmo local, ou seja, com bainha de mielina completa. Essas fibras mielínicas têm a capacidade de enviar o impulso nervoso mais rápido e em uma distância maior. São chamadas fibras amielínicas aquelas compostas por uma célula de Schwann envolvendo diversos axônios finos, ou seja, não completando diversas voltas em um único axônio como nas mielínicas. Ocasionalmente podem até existir axônios expostos. Fibras curtas e próximas ao SNC não precisam de mielina e, justamente por serem curtas, conseguem passar impulsos nervosos de modo rápido e eficaz até o SNC. Todas as células de Schwann apresentam uma lâmina basal formada por tecido conjuntivo (colágeno), agindo como uma barreira seletiva. Mesaxônio é o nome dado há a região em que a membrana da célula de Schawnn se dobra para envolver um axônio em uma fibra amielínica. Alguns axônios não se apresentam envolvidas completamente pela célula de Schwann. Outros axônios até são envolvidos completamente, mas ainda assim a célula de Schwann não chega a se enovelar como nas fibras mielínicas. Na fibra mielínica, a lâmina basal mais uma vez está presente na parte externa, o núcleo da célula de Schwann está lateralizado e o axônio centralizado. O citoplasma da célula de Schwann se enrola diversas vezes em volta desse axônio. Assim, em fibras mielínicas são vistas duas dobras, uma externa (mesaxônio externo) formada quando o citoplasma começa a se enovelar, e uma interna (mesaxônio interno). As fibras mielínicas são diferenciadas em fibras A e B. As fibras A são as que possuem a maior espessura (5-10µm) e uma alta velocidade de transmissão do impulso nervoso. São exemplos de fibras A os neurônios motores e alguns sensitivos (dor, calor, pressão etc.). As fibras mielínicas do tipo B possuem uma espessura (2-3 µm) e velocidade de transmissão médias. Alguns exemplos de fibra B são os neurônios sensitivos e alguns motores, especialmente associado com o sistema nervoso autônomo. As fibras amielínicas são sempre classificadas como tipo C, tendo um calibre pequeno (0,5-1,5µm) com uma baixa velocidade de transmissão. Como Marina Morena 14 exemplos temos os neurônios sensitivos da pele e os impulsos dolorosos das vísceras. Nervos No sistema nervoso periférico as fibras nervosas agrupam-se em feixes, dando origem aos nervos. Devido ao seu conteúdo em mielina e colágeno, os nervos são esbranquiçados, exceto os raros nervos muito finos formados somente por fibras amielínicas. O tecido de sustentação dos nervos é constituído por uma camada fibrosa mais externa de tecido conjuntivo denso, o epineuro, que reveste o nervo e preenche os espaços entre os feixes de fibras nervosas. Cada um desses feixes é revestido por uma bainha de várias camadas de células achatadas, justapostas, o perineuro. As células de bainha perineural unem-se por junções oclusivas, constituindo uma barreira à passagem de muitas macromoléculas e importante mecanismo de defesa contra agentes agressivos. Dentro da bainha perineural encontram-se os axônios, cada um envolvido pela bainha de células de Schwann, com sua lâmina basal e um envoltório conjuntivo constituído principalmente por fibras reticulares sintetizadas pelas células de Schwann, chamado endoneuro. A bainha de mielina se interrompe em intervalos regulares, formando os nódulos de Ranvier, que são recobertos por expansões laterais das células de Schwann. O intervalo entre dois nódulos é denominado internódulo e é recoberto por uma única célula de Schwann. O nódulo de Ranvier é crucial para o impulso nervoso ocorra de modo saltatório, apenas despolarizando porções do axônio, tornando o impulso mais rápido. Em um corte histológico clássico é difícil visualizar onde termina uma célula de Schwann e começa outra (região do nódulo de Ranvier). Desse modo, o que se consegue identificar é uma área com poucos núcleos de células de Schwann entre duas áreas com abundância de núcleos. Os nervos do SNP podem ser classificados em sensoriais e motores. O nervo sensorial, também chamado de aferente, leva para o SNC as informações obtidas no interior do corpo e no meio ambiente. Por sua vez, o neurônio motor, ou eferente, leva impulso dos centros nervosos para os órgãos efetores comandados por esses centros (p. ex. músculo). A maioria dos nervos tem fibras dos dois tipos, sendo, portanto, nervos mistos. Feixe nervoso Marina Morena 15 Gânglios Os acúmulos de neurônios (pericários) localizados fora do sistema nervoso central são chamados de gânglios nervosos. Em sua maior parte, os gânglios são órgãos esféricos, protegidos por cápsulas conjuntivas e associados à nervos. Alguns gânglios reduzem-se a pequenos grupos de células nervosas situadas no interior de determinados órgãos. A informação vinda pelo nervo aferente passa pelo gânglio antes de entrar na medula espinhal. Depois de passar pela medula, a informação pode seguir dois caminhos: ir para o SNC para que a informação seja processada e para o interneurônio na medula espinhal, que irá imediatamente gerar uma resposta para o neurônio motor (eferente). De forma geral, todos os gânglios são envolvidos externamente por uma cápsula de tecido conjuntivo. Os corpos celulares tendem a se concentrar na periferia do gânglio, enquanto o interior é mais abundante em fibras/axônios. Conforme a direção do impulso nervoso, os gânglios podem ser: sensoriais (aferentes) ou gânglios do sistema nervoso autônomo (eferentes). Os gânglios sensoriais recebem fibras aferentes, que levam impulsos para o sistema nervoso central. Os neurônios dos gânglios sensoriais são pseudounipolares. Histologicamente, os gânglios do sistema nervoso autônomo são idênticos aos gânglios sensoriais. A diferença é que nos gânglios do sistema nervoso autônomo os neurônios geralmente são multipolares, para que haja uma intensa comunicação entre os neurônios. Sistema nervoso autônomo O sistema nervoso autônomo relaciona- se com o controle da musculatura lisa, com a modulação do ritmo cardíaco e com a secreção de algumas glândulas. Sua função é ajustar algumas atividades do organismo, a fim de manter a constância do meio interno (homeostase). Embora seja, por definição, um sistema motor, fibras que recebem sensações originadas no interior do organismo acompanham as fibras motoras do sistema autônomo. Anatomicamente, ele é formado por aglomerados de células nervosas localizadas no sistema nervoso central, por fibras que saem do sistema nervoso central através de nervos cranianos e espinais, e pelos gânglios nervosos situados no curso dessas fibras. O sistema nervoso autônomo é formado por duas partes, distintas por sua anatomia e por suas funções: o sistema simpático e o parassimpático. Os núcleos nervosos do simpático se localizam nas porções torácica e lombar da medula espinal. Axônios desses neurônios saem pelas raízes anteriores dos nervos espinais dessas regiões; por isso, o sistema simpático é chamado também de divisão toracolombar do sistema nervosoautônomo. Os gânglios do sistema simpático formam a cadeia vertebral e plexos situados próximo às vísceras. O mediador químico das fibras do simpático é a norepinefrina (fibras adrenérgicas). Os núcleos nervosos do parassimpático situam-se no encéfalo e na porção sacral da medula espinal. O parassimpático é denominado também divisão craniossacral do sistema autônomo. O mediador químico liberado pelas terminações nervosas do parassimpático é a acetilcolina. Essa substância é rapidamente destruída pela acetilcolinesterase, uma das razões pelas quais os estímulos parassimpáticos são de ação mais breve e mais localizada do que os estímulos do simpático. A maioria dos órgãos inervados pelo sistema nervoso autônomo recebe fibras do simpático e do parassimpático. Em geral, nos órgãos em que o simpático é Marina Morena 16 estimulador, o parassimpático tem ação inibidora, e vice-versa. Por exemplo, a estimulação do simpático acelera o ritmo cardíaco, enquanto a estimulação das fibras parassimpáticas diminui esse ritmo. Sistema linfático A principal função do sistema linfoide é proteger o corpo de patógenos, como bactérias, vírus e parasitas, e células infectadas ou alteradas, como em células infectadas com vírus ou neoplásicas. O sistema imune é organizado em órgãos e tecidos que são funcionalmente unificados por via sanguínea e linfática. Os órgãos linfáticos são divididos em primários, que fabricam e amadurecem as células do sistema imune (linfócitos), e secundários, que armazenam as células. As células-tronco mieloides são precursoras das células mieloides (eritrócitos, granulócitos, monócitos e plaquetas), enquanto as células-tronco linfoides são predecessoras das células linfoides (linfócitos T, B e NK). A maturação em linfócitos T funcionais ocorre no timo antes da migração para regiões específicas dos tecidos linfoides periféricos. Elas são responsáveis por eliminar células danificadas/infectadas. A maturação dos linfócitos B ocorre na medula óssea, enquanto a diferenciação em células plasmáticas produtoras de anticorpos ocorre nos tecidos linfoides periféricos (por exemplo, linfonodos, baço e tecido linfoide difuso). Órgãos linfoides primários Os órgãos linfoides primários consistem na medula óssea, onde ocorre a maturação dos linfócitos B, e timo, onde ocorre a maturação dos linfócitos T. Medula óssea A medula óssea é encontrada no canal medular dos ossos longos e nas cavidades dos ossos esponjosos. Distinguem-se a medula óssea vermelha, hematógena, que deve sua cor a numerosos eritrócitos em diversos estágios de maturação, e a medula óssea amarela, rica em células adiposas e que não produz células sanguíneas. No recém-nascido, toda a medula óssea é vermelha e, portanto, ativa na produção de células do sangue. Com o avançar da idade, porém, a maior parte da medula óssea transforma-se na variedade amarela. Em mamíferos a medula óssea é o principal órgão linfoide, responsável por fabricar todas as células de defesa do sistema imune. Timo O timo é um órgão linfoepitelial situado no mediastino, atrás do esterno e na altura dos grandes vasos do coração. Envolto por uma capa de gordura e uma cápsula fina/delgada de tecido conjuntivo frouxo. A cápsula origina septos, que dividem o parênquima em lóbulos/folículos contínuos uns com os outros. É um órgão muito desenvolvido em fetos e filhotes e regride conforme a idade do animal, sendo substituído por gordura (atrofia tímica). Cada lóbulo é formado de uma parte periférica, denominada zona cortical, que envolve a parte central, mais clara, a zona medular. A zona cortical cora-se mais fortemente pela hematoxilina, por ter maior concentração de linfócitos. Na medula encontram-se os corpúsculos de Hassall. Medula córtex Cápsula Marina Morena 17 A cortical e a medular têm os mesmos tipos celulares, porém em proporções diferentes. É o único órgão linfoide em mamíferos que não possui somente células de defesa. As células mais abundantes no timo são os linfócitos T, em diversos estágios de maturação, e as células reticulares epiteliais. Além dos linfócitos T e das células reticulares epiteliais, o timo contém macrófagos, principalmente na cortical. As células reticulares epiteliais formam uma camada por dentro do tecido conjuntivo da cápsula e septos; formam o retículo da cortical e da medular, onde se multiplicam e diferenciam os linfócitos T; formam uma camada em torno dos vasos sanguíneos do parênquima tímico; e constituem os corpúsculos de Hassall, que são encontrados exclusivamente na medular do timo. Bursa de Fabricius Em aves, ambos são maturados na Bursa de Fabricius (ou bolsa cloacal), uma vez que o osso é oco e não possui medula. A Bursa de Fabricius é circundada por tecido conjuntivo e possui as chamadas pregas brusais. Essas pregas possuem folículos linfáticos que são divididos em medula, onde os linfócitos são produzidos, e córtex, onde são armazenados. Órgãos linfoides secundários Levados pelo sangue e pela linfa, os linfócitos migram dos órgãos linfáticos centrais para os órgãos linfáticos periféricos (baço, linfonodos, nódulos linfáticos isolados, tonsilas, apêndice, placas de Peyer do íleo), onde proliferam e completam a diferenciação. Tonsilas As tonsilas são órgãos constituídos por aglomerados de tecido linfático, incompletamente encapsulados, também distribuído de forma difusa. De acordo com sua localização na boca e na faringe, distinguem-se a tonsila faringiana, as tonsilas palatinas e as linguais. As tonsilas estão localizadas em posição estratégica, ainda mais em animais que acabam pegando tudo com a boca, para defender o organismo contra antígenos transportados pelo ar e pelos alimentos, iniciando uma resposta imunitária. A porção voltada para a cavidade oral é revestida por epitélio plano estratificado não queratinizado, enquanto na porção voltada para a mucosa do trato respiratório é revestida por epitélio respiratório. Os lóbulos possuem uma região central chamada de centro germinativo, que é onde ocorre a multiplicação dos linfócitos. Na periferia dos centros germinativos temos a região chamada de córtex ou Células reticuloendoteliais Corpúsculos de Hassall Marina Morena 18 coroa, onde os linfócitos são armazenados por pouco tempo antes de migrarem para o lado de fora, passando da coroa para a cripta e, por fim, para o lúmen, onde encontram os agentes infecciosos. Em processos infecciosos intensos é comum que a cripta se feche, formando os corpúsculos salivares, que consiste no acúmulo de plasmócitos (linfócitos), neutrófilos, macrófagos e microrganismo (pus). Linfonodos Os linfonodos ou gânglios linfáticos são órgãos encapsulados (tecido conjuntivo) constituídos por tecido linfoide e que aparecem espalhados pelo corpo, sempre no trajeto de vasos linfáticos. São encontrados na axila, virilha, ao longo dos grandes vasos do pescoço e, em grande quantidade, no tórax e no abdome, especialmente no mesentério. Os linfonodos em geral têm a forma de rim e apresentam um lado convexo e o outro com reentrância, o hilo, pelo qual penetram as artérias nutridoras e saem as veias. A circulação da linfa nos linfonodos é unidirecional (exceto em suínos). Ela atravessa os linfonodos, penetrando pelos vasos linfáticos que desembocam na borda convexa do órgão (vasos aferentes) e saindo pelos linfáticos do hilo (vasos eferentes). A cápsula de tecido conjuntivo denso que envolve os linfonodos envia trabéculas para o seu interior, dividindo o parênquima em compartimentos incompletos. O parênquima do linfonodo apresenta a região cortical, que se localiza abaixo da cápsula, ausente apenas no hilo, e a região medular, que ocupa o centro do órgão e o seu hilo. Entre essas duas regiões encontra-se a cortical profunda ou região paracortical. A regiãocortical superficial é constituída por tecido linfoide frouxo, que Nódulos linfáticos; Centro germinativo Corpos salivares Seio subcapsular Cápsula Trabécula Marina Morena 19 forma os seios subcapsulares e peritrabeculares, e por nódulos ou folículos linfáticos (condensações esféricas de linfócitos). Os nódulos linfáticos podem apresentar áreas centrais claras, os centros germinativos. As células predominantes na cortical superficial são os linfócitos B, ocorrendo também alguns plasmócitos, macrófagos, células reticulares e células foliculares dendríticas. As células foliculares dendríticas não são células apresentadoras de antígenos (não processam antígenos), mas retêm antígenos em sua superfície, onde eles podem ser "examinados" pelos linfócitos B. Os seios dos linfonodos são espaços irregulares delimitados de modo incompleto por células endoteliais, células reticulares com fibras reticulares, e macrófagos. Os seios têm um aspecto de esponja e recebem a linfa trazida pelos vasos aferentes, encaminhando-a na direção da medular. O espaço irregular dos seios dos linfonodos é penetrado por prolongamentos das células reticulares e dos macrófagos. A região cortical profunda ou paracortical não apresenta nódulos linfáticos e nela predominam os linfócitos T, ao lado de células reticulares, e alguns plasmócitos e macrófagos. A região medular é constituída pelos cordões medulares, formados principalmente por linfócitos B, mas contendo também fibras, células reticulares e macrófagos. Os plasmócitos, geralmente, são mais numerosos na medular do que na cortical. Separando os cordões medulares, encontram-se os seios medulares, histologicamente semelhantes aos outros seios dos linfonodos. Os seios medulares recebem a linfa que vem da cortical e comunicam-se com os vasos linfáticos eferentes, pelos quais a linfa sai do linfonodo. Os linfócitos deixam os linfonodos pelos vasos linfáticos eferentes, que confluem com outros vasos linfáticos até se formarem os grandes vasos linfáticos que desembocam em veias. Pelo sangue, os linfócitos retornam aos linfonodos através das vênulas, encontradas na região paracortical. Os linfócitos contêm em suas membranas glicoproteínas para as quais há receptores nas células endoteliais presentes nas vênulas. Eles são retidos por ligações fracas com esses receptores e migram, por diapedese, passando entre as células da parede do vaso. Após atravessarem as vênulas, os linfócitos entram no tecido linfático e finalmente saem do linfonodo pelo vaso linfático eferente. Graças a esse processo, os linfócitos recirculam numerosas vezes pelo linfonodo. Cápsula Córtex Zona paracortical Medula Folículo Centro germinativo Marina Morena 20 Tecido linfoide associado a mucosa Os tratos digestivo, respiratório e geniturinário estão sujeitos a invasões microbianas frequentes, porque são expostos ao meio externo. Para proteger o organismo, existem acúmulos de linfócitos (nódulos linfáticos) associados a tecido linfático difuso localizados na mucosa e na submucosa desses tratos que, em alguns locais, formam órgãos bem estruturados, como as tonsilas na cavidade oral e as placas de Peyer no intestino delgado (íleo). O tecido linfático das mucosas é denominado de MALT (mucosa associated lymphatic tissue), podendo ter as variações BALT (bronchi), GALT (gut), NALT (nose), SALT (skin) etc. Baço O baço é o único órgão linfoide interposto na circulação sanguínea. Em virtude de sua riqueza em células fagocitárias e do contato íntimo entre o sangue e essas células, o baço representa um importante órgão de defesa contra microrganismos que penetram o sangue circulante e é também o principal órgão destruidor de eritrócitos desgastados pelo uso (hemocaterese). Por sua localização na corrente sanguínea, o baço responde com rapidez aos antígenos que invadem o sangue, sendo um importante filtro fagocitário e imunológico para o sangue e grande produtor de anticorpos. O baço contém uma cápsula de tecido conjuntivo denso não modelado, a qual emite trabéculas que dividem o parênquima ou polpa esplênica em compartimentos incompletos. A superfície medial do baço apresenta um hilo, onde a cápsula mostra maior número de trabéculas, pelas quais penetram nervos e artérias. O tecido linfoide é disseminado, não sendo dividido em córtex/medula. Em contrapartida, o parênquima do baço possui folículos linfáticos que fazem parte da polpa branca, que é descontínua. Entre os nódulos há um tecido vermelho-escuro, rico em sangue, a polpa vermelha. A polpa branca é constituída de uma maior concentração de glóbulos brancos. Composta por folículos linfáticos, com predominância de linfócitos do tipo B, é dividido em coroa e centro germinativo. Os linfócitos T se concentram próximos as arteríolas, formando uma bainha linfática periarterial (PALS). A polpa vermelha é formada por cordões esplênicos, separados por sinusoides. Os cordões esplênicos são capilares contínuos e de espessura variável, conforme o estado local de PALS PALS Marina Morena 21 distensão dos sinusoides. É a principal região de hemocaterese. Os sinusoides esplênicos são revestidos por células endoteliais alongadas, com seu eixo maior paralelo ao sinusoide. Essa parede delgada e incompleta é envolvida por lâmina basal descontínua e por fibras reticulares que se dispõem principalmente em sentido transversal, como os aros de um barril. Ao redor dos sinusoides há um predomínio de linfócitos do tipo B. A polpa branca do baço produz linfócitos, que migram para a polpa vermelha e alcançam o lúmen dos sinusoides, incorporando-se ao sangue já contido. Sistema respiratório É o sistema responsável por trazer o ar rico em O2, realizar a troca gasosa com o CO2 e eliminá-lo. O aparelho respiratório é constituído pelos pulmões e um sistema de tubos que comunicam o parênquima pulmonar com o meio exterior. É costume distinguir no sistema respiratório uma porção condutora, que compreende a cavidade nasal, nasofaringe, laringe, traqueia, brônquios e bronquíolos; e uma porção respiratória, que é onde efetivamente ocorre a troca gasosa (bronquíolos respiratórios, ductos alveolares e alvéolos). O sistema respiratório também pode ser dividido em trato respiratório superior, que abrange as estruturas da região do crânio (cavidade nasal, nasofaringe e laringe), e trato respiratório inferior, composto pelas estruturas da cavidade torácica. Porção condutora Além de possibilitar a entrada e a saída de ar, a porção condutora exerce outras funções, como limpar, umedecer e aquecer o ar inspirado. A maior parte da porção condutora é revestida por epitélio ciliado pseudoestratificado colunar com muitas células caliciformes, denominado de epitélio respiratório. Muco; Epitélio respiratório; Glândula serosa Marina Morena 22 A célula caliciforme é responsável por produzir o muco, que se aloja acima dos cílios. Esse muco retém partículas e conforme os cílios fazem a movimentação em direção a cavidade nasal, o muco é conduzido até lá, onde sofre desidratação e é eliminado como algo sólido ou semissólido. Cavidade nasal É a região de entrada do ar, distinguida por três porções: vestíbulo, área respiratória e área olfatória. O vestíbulo é a porção mais rostral e possui uma mucosa que é a continuação da pele do nariz, portanto um epitélio plano estratificado queratinizado. Conforme penetra na direção caudal, torna-se não queratinizado e, depois passa para um epitélio cúbico. Por fim, torna-se um epitélio cilíndrico, característico do epitélio respiratório que acompanha basicamente todo o trato respiratório que vem em seguida. A partir da porção de epitélio respiratório, está a região respiratória, que tem como função não só a limpeza através do muco, mas também de umedecer e aquecero ar que passa. Além disso, contém um tecido linfoide associado a mucosa (NALT). A porção olfatória da cavidade nasal também é composta de epitélio respiratório, porém, na submucosa existem muitas glândulas com formato tubular. Essas glândulas produzem uma secreção serosa que umedece a região, que serve como um método de difusão para as partículas do ar, que conduzem a informação de odor para o sistema nervoso. Órgão vômeronasal Também chamado de órgão de Jacobson, está presente entre a cavidade nasal e a cavidade oral. É um órgão que possui inúmeras terminações nervosas que se conectam direto com o SNC. O epitélio lateral é mais espesso, enquanto o medial é mais delgado. O reflexo de flemming ou sinal de flemming é quando o animal abre a boca para captar mais partículas diretamente para este órgão e, desse modo, obter mais informações sobre o que há ao redor. Répteis, como cobras, possuem um órgão vomeronasal bem desenvolvido e crucial para suprir sua baixa visibilidade e audição. Seios paranasais São cavidades que incluem os ossos frontal, maxilar, etmode e esfenoite revestidas por epitélio respiratório. É a porção responsável por aquecer o ar. Marina Morena 23 Nasofaringe É a parte rostral da faringe, continuando caudalmente com a orofaringe, porção oral do órgão. A nasofaringe, que é separada da orofaringe pelo palato mole, é revestida por epitélio respiratório com glândulas serosas e mucosas na região da submucosa. Laringe Tubo irregular que une a nasofaringe e a traqueia. É revestido por epitélio respiratório e glândulas mistas, que secretam tanto substância mucosa quanto serosa, em sua submucosa. Além disso, possui NALT associado. Taqueia Dando início ao trato respiratório inferior, a traqueia possui em sua região mais externa uma mucosa composta por epitélio respiratório e lâmina própria. Assim como na laringe, sua submucosa contém glândulas mistas e, abaixo, uma camada de cartilagem hialina que forma um anel incompleto em formato de “C”. A camada mais interna do tecido é a adventícia, que mantém a traqueia unida de forma imóvel aos órgãos adjacentes. Os anéis de cartilagem hialina impedem que a traqueia colabe quando o diafragma gera uma pressão negativa na inspiração. Há uma porção de músculo liso preso nas pontas do anel cartilaginoso. Esse músculo liso tem a função de se contrair em momento que o animal precisa de um maior espaço para passar mais ar, como em momentos de estresse. Taqueia de aves As aves possuem uma região chamada siringe, que é o órgão vocalizador. Entre a traqueia e os brônquios há uma membrana timpaniforme, que é controlada por músculos contratores da traqueia. Quando o ar passa, essa membrana vibra e há vocalização. Nas aves a traqueia possui os anéis de cartilagem completos, além de membranas elásticas e músculos estriados. Brônquios A traqueia se divide em dois brônquios extrapulmonares, ou primários, compostos por epitélio respiratório, lâmina própria e glândulas seromucosas, igual a traqueia. Entretanto, nos brônquios as cartilagens hialinas não possuem um formato de anel incompleto, está apenas distribuída de forma aleatória em formatos de placas. Ainda assim, a função da cartilagem é a mesma. Por fora também há uma camada de adventícia. Cartilagem hialina Adventícia Músculo liso Glândula mista Mucosa Marina Morena 24 Pulmão O pulmão é composto por brônquios, bronquíolos, parênquima e pleura, que é a porção mais externa composta por um tecido conjuntivo frouxo com uma fina membrana de mesotélio por fora, constituindo a serosa do pulmão. A porção condutora do pulmão é composta apenas pelos brônquios e os bronquíolos. Os brônquios intrapulmonares também possuem uma camada de musculatura que permite a expansão para uma maior passagem de ar. A diferença efetiva entre os brônquios intra e extrapulmonares é que os intrapulmonares estão envoltos pelo parênquima pulmonar. Conforme os brônquios vão se ramificando, o epitélio passa pela transição de cilíndrico para cúbico. Uma vez que ocorre a transição total para epitélio cúbico, torna-se um bronquíolo. Os bronquíolos são classificados em terminais ou respiratórios. Os bronquíolos terminais fazem parte da porção condutora, enquanto os bronquíolos respiratórios da porção respiratória. Os bronquíolos terminais são compostos por epitélio cúbico e lâmina própria, formando a mucosa, e uma submucosa com glândulas, tecido conjuntivo frouxo e a camada muscular. Porção respiratória Os bronquíolos respiratórios são a zona de transição entre a porção condutora e a respiratória. Possui um tecido linfoide associado a mucosa (BALT), uma vez que já não possui mais a capacidade de produzir muco por não haver mais glândulas. O epitélio tem porções descontínuas que se conectam com os alvéolos. Os carnívoros possuem mais bronquíolos respiratórios que os herbívoros, para que tenham uma maior capacidade respiratória para caçá-los. Ductos alveolares e alvéolo À medida que a árvore respiratória se prolonga no parênquima pulmonar, aumenta o número de alvéolos que se abrem no bronquíolo respiratório, até que a parede passa a ser constituída apenas de alvéolos, e o tubo passa a ser chamado de ducto alveolar. Tanto os ductos alveolares como os alvéolos são revestidos por um epitélio simples plano, onde as células são extremamente delgadas. O alvéolo é a unidade básica funcional de troca gasosa. A parede alveolar é comum a dois alvéolos adjacentes, constituindo uma parede ou septo interalveolar. Esse septo consiste em duas camadas de pneumócitos, especialmente do tipo I, e uma rede de capilares sanguíneos. Os pneumócitos do tipo I são responsáveis por realizar a troca gasosa entre o capilar e o alvéolo. Um segundo tipo celular presente é o pneumócito II, que possui um formato cuboide. São menos frequentes e possuem a função de produção da substância surfactante. Essa substância reveste o alvéolo internamente, impedindo que as paredes colabem no momento da expiração. Além dos pneumócitos I e II, os alvéolos também apresentam células de defesa, macrófagos, que migram dos capilares e monitoram o tecido afim de fagocitar Marina Morena 25 partículas patogênicas. O macrófago pode percorrer os alvéolos pelos ductos, o que seria mais lento, ou por poros alveolares presentes nos septos, que é mais rápido. Esses poros são justamente para otimizar a ação do macrófago. Aves As aves possuem, ao longo do seu trato respiratório, sacos aéreos revestidos por membranas. A função desses sacos é apenas armazenar ar durante o voo, para mantê-la leve; portanto, não possuem função respiratória. Os sacos interclaviculares são os que se enchem permitindo a vibração da membrana timpaniforme, realizando a vocalização. Sistema digestivo Consiste em uma série de órgãos tubulares e glândulas associadas, cuja função principal é fracionar o alimento ingerido em pequenas unidades que possam ser absorvidas até a circulação e utilizadas para manutenção do organismo. Os componentes do trato digestivo apresentam certas características estruturais em comum. Trata-se de um tubo oco composto por um lúmen, ou luz, cujo diâmetro é variável, circundado por uma parede formada por quatro camadas distintas: mucosa, submucosa, muscular e a túnica (serosa ou adventícia). A camada mucosa é composta por: revestimento epitelial, lâmina própria de tecido conjuntivo frouxo, rico em vasos sanguíneos e linfáticos, e células musculares lisas (muscular da mucosa - presente em apenas algumas porções do sistema). A submucosa é composta por tecido conjuntivo denso, glândulas e vasos sanguíneos e linfáticos. A camada muscular é responsável por auxiliar no peristaltismo, uma vez que é composta por músculo liso dividido em dois feixes. A camada interna possui feixes em direção circunferencial,enquanto na camada externa os feixes são em direção longitudinal. Esôfago O esôfago é um tubo muscular cuja função é transportar o alimento da boca para o estômago. De modo geral, o esôfago contém as mesmas camadas que o resto do trato digestivo. A mucosa esofágica é revestida por um epitélio plano estratificado não queratinizado em carnívoros, enquanto em herbívoros e suínos há uma camada de queratina para proteger, pois o alimento é áspero/fibroso. Marina Morena 26 A submucosa é composta de tecido conjuntivo frouxo com grupos de glândulas secretoras de muco, as glândulas esofágicas (tubulosa enovelada), cuja secreção facilita o transporte de alimento (lubrificação) e protege a mucosa. A camada muscular é diferente entre as espécies. Em ruminantes e cães, a túnica muscular é composta inteiramente de músculo esquelético. Em cavalos, o músculo esquelético abrange os dois terços craniais da túnica muscular, mas gradualmente vai mudando para músculo liso no terço caudal. A túnica muscular de porcos é parecida com a de cavalos, exceto que o terço médio exibe uma mescla de músculo liso e músculo esquelético. Em gatos, o músculo esquelético pode se estender ao longo de 4/5 do comprimento do esôfago antes de mudar para músculo liso. A porção final de músculo liso é a responsável por formar o esfíncter cardíaco. Em equinos esse esfíncter é especialmente forte, o que o impede de eructar e regurgitar. Na parte cervical e torácica do esôfago, a túnica muscular está circundada por uma adventícia, um tecido conjuntivo frouxo que contém vasos sanguíneos, vasos linfáticos e nervos. A parte abdominal do esôfago é revestida por uma serosa na maioria das espécies. Pró-ventrículo Consiste no pré-estômago dos ruminantes, é o local em que ocorre a fermentação dos alimentos. Não possui glândulas, camada muscular ou GALT. O epitélio varia de acordo com a câmera, onde no rúmen há papilas, no retículo são cristas (retém impurezas) e no omaso são lâminas, responsáveis pela fricção final do alimento. Estômago A partir desse estágio, o bolo alimentar passa a ser chamado de quimio (bolo + HCl). O estômago é dividido em porção glandular e aglandular. A região aglandular é a porção que o epitélio esofágico passa de plano estratificado queratinizado (ou não) para um epitélio cilíndrico simples, enquanto a região glandular é composta por uma mucosa pregueada com epitélio cilíndrico simples e fossetas gástricas (início das glândulas). Quando o animal se alimenta, o estômago dilata e as cristas diminuem, expondo as glândulas responsáveis por liberar as secreções. Na região da cárdia, as fossetas e as glândulas são curtas, responsáveis por secretar muco e lisozima (bactericida). Tanto no fundo (saco cego que retém gás) como no corpo as fossetas e as glândulas (tubulares) são longas. Essa região possui quatro tipos celulares: as células mucosas, que produzem muco e estão localizadas até o início da fosseta/glândula; as células principais, são as mais numerosas e estão na porção do colo, que são responsáveis Lúmen Mucosa Submucosa Muscular Glândula esofágica Marina Morena 27 por secretar o pepsinogênio; células parietais, que formam o HCl; as células enteroendócrinas, presentes na base, responsáveis por secretar hormônios como gastrina, secretina e colecistocinina para fora do estômago. Na região do piloro as fossetas são profundas e as glândulas curtas (células G que secretam gastrina). Intestino delgado O intestino delgado se divide anatomicamente em três partes: duodeno, jejuno e íleo, ainda que histologicamente sejam muito semelhantes. A camada mucosa apresenta várias estruturas que ampliam sua superfície, aumentando assim a área disponível para absorção de nutrientes, as pregas permanentes/circulares, compostas por tecido conjuntivo com artérias, veias e vasos linfáticos. Além disso, também há na mucosa vilosidades intestinais macroscópicas, caracterizadas por projeções alongadas formadas pelo epitélio cilíndrico simples com microvilosidades (borda em escova). Estão presentes células caliciformes, que liberam muco para lubrificar e proteger o trato digestório. As glândulas intestinais (criptas de Lieberkühn com células de Paneth) estão mais concentradas na porção do duodeno e são responsáveis pela secreção de lisozima, que controla a microbiota intestinal. A submucosa contém, apenas na porção do duodeno em cães e estende-se até o jejuno em cavalos, grupos de glândulas (glândulas de Brunner). Estas glândulas liberam uma secreção mucoglicoproteica alcalina que protege contra a acidez do quimo. Criptas de Lieberkühn Células de Paneth Marina Morena 28 Na submucosa também contém agregados de nódulos linfoides (GALT), que nos animais adultos estão majoritariamente no íleo (animal jovem possui no jejuno e no íleo), neste órgão são chamadas de placas de Peyer. Em associação com as placas de Peyer estão células M, que são células apresentadoras de antígeno. As camadas musculares são bem desenvolvidas nos intestinos, compostas de uma túnica circular interna e outra túnica longitudinal externa. Uma serosa reveste todo o intestino delgado. A serosa consiste em uma camada fina de tecido conjuntivo frouxo revestida por mesotélio. Intestino grosso O intestino grosso é constituído por: ceco, cólon ascendente, cólon transverso, cólon descendente, reto e ânus. Ainda que as porções sejam macroscopicamente diferentes, são microscopicamente bem semelhantes. Em algumas espécies o ceco possui função fermentativa, mas em geral a principal função do intestino grosso é a de reabsorção de água. Desse modo, a mucosa não apresenta vilosidades e é composta por um epitélio cilíndrico simples com microvilosidades e abundantes células caliciformes, que possuem o papel de secretar muco para ajudar a passagem do bolo fecal. A submucosa é composta de tecido conjuntivo denso. Em porcos e cavalos, a camada longitudinal externa das túnicas musculares do ceco e cólon forma grandes feixes musculares que contém numerosas fibras elásticas, chamados de tênias ou haustros (modelam as fezes). A mucosa do reto é composta por um epitélio simples com bastantes células caliciformes. Conforme chega próximo ao ânus, há uma transição para epitélio plano estratificado não queratinizado. No final do ânus esse epitélio torna-se queratinizado, ou seja, basicamente pele. Na porção final há um esfíncter anal composto de musculatura esquelética. Aves As aves apresentam algumas estruturas específicas em seu trato digestório, como o inglúvio (papo), o pró-ventrículo e o ventrículo (moela). O Inglúvio é apenas uma dilatação do esôfago para o armazenamento de alimentos, enquanto o pró-ventrículo consiste no estômago químico e o ventrículo é o estômago mecânico (maceração do alimento). Inglúvio Consiste em um divertículo saculiforme do esôfago. Trata-se de um órgão de armazenamento onde o alimento ingerido é umedecido pelas secreções mucosas das glândulas esofágicas. A mucosa é composta por um epitélio plano estratificado queratinizado (exceto aves carnívoras), com a lâmina própria, camada muscular da mucosa, submucosa (aglandular – apenas tecido conjuntivo) e, por fim, a túnica muscular. Algumas regiões do inglúvio podem ter glândulas na submucosa, que crescem quando a ave tem filhotes. Essas regiões específicas ficam com o epitélio espesso que passa por uma degeneração gordurosa e se desfaz, servindo de alimento para filhotes (“leite” – não é lácteo, apenas faz referência ao leite). Fêmeas e machos podem produzir essa secreção gordurosa. Glândulas de Brunner Vilosidades Marina Morena 29 Pró-ventrículo Considerado o estômago glandular da ave, semelhante ao estômago químico dos mamíferos, com a superfície pregueada (fossetas) e epitélio cilíndrico simples. Uma das diferençasé que, na região da submucosa, as glândulas são chamadas de proventriculares e possuem um tipo de célula que produz o pepsinogênio e o ácido clorídrico (como uma mistura das células parietais e as células principais), chamadas de células oxínticas. Ventrículo Caracterizado pela camada de músculo liso extremamente espessa (túnica muscular), por isso é chamado de estômago muscular. Na submucosa há um tipo de glândula tubular que produz uma secreção proteica (coilina) responsável por formar uma película espessa que protege a mucosa. Essa proteção rígida é necessária, pois a ave ingere pedras para auxiliar na maceração do alimento no ventrículo, o que seria agressivo e danoso para a mucosa. Glândulas anexas ao sistema digestivo Glândulas salivares As glândulas salivares maiores são: parótida, mandibular (ou submandibular) e sublingual. As glândulas salivares menores são denominadas conforme sua localização, por exemplo, labial, lingual, bucal, palatina, molar (gatos) e zigomática (carnívoros). As glândulas sublingual e submandibular produzem secreções seromucosas, enquanto a parótida produz uma secreção predominantemente serosa. A saliva é uma secreção seromucosa importante no umedecimento e a lubrificação do alimento ingerido. Além disso, é responsável por dissolver componentes hidrossolúveis do alimento, facilitando o acesso às papilas gustativas. Em alguns animais, como nos herbívoros, a saliva tem o papel de iniciar a digestão a partir da enzima amilase salivar. De modo geral, as glândulas apresentam um revestimento externo de uma cápsula de tecido conjuntivo denso não modelado que insere septos (ou trabéculas) que subdivide a glândula em lóbulos. No interior dos lóbulos estão os ácinos salivares, que são as unidades funcionais da glândula, responsáveis por produzir a secreção salivar. Cada ácino possui um ducto de epitélio cúbico simples (ducto intercalar). Os ductos intercalares 1. epitélio plano estratificado queratinizado espesso com degeneração gordurosa 1. coilina; 2. T. mucosa; 3. T. submucosa; 4. T. muscular 2- Glândulas salivares; 6- Fígado; 8- Pâncreas. Marina Morena 30 se encontram e formam o ducto estriado, composto de epitélio cilíndrico simples, que leva a secreção até a boca. Desse modo, são glândulas do tipo tubuloacinar composta, onde a porção acinar libera a secreção serosa e a tubular é composta por ácinos mais longos que produzem o componente mucoso da saliva. Ao redor dos ductos e ácino são encontradas as células mioepiteliais, que possuem um arranjo epitelial e capacidade contrátil, importante para ajudar na liberação das secreções produzidas. Pâncreas É uma glândula que possui tanto porção endócrina quanto exócrina. A função da parte exócrina é produzir uma série de enzimas, como amilase, lipase e tripsina, que atuam nos produtos da digestão gástrica ao chegarem ao duodeno. A parte endócrina produz principalmente insulina (hipoglicemiante), glucagon (hiperglicemiante) e somatostatina. Anatomicamente acompanha a curvatura do estômago e intestino delgado. O ducto pancreático desemboca no intestino delgado no mesmo ponto da liberação da bile. É composto externamente por uma cápsula de tecido conjuntivo que emite trabéculas que divide o órgão tanto em lobos quanto em lóbulos. Porção exócrina Glândula acinosa ou tubuloacinosa composta, onde o ácino pancreático é a unidade funcional. As células acinares possuem receptores para colecistocinina, que é produzida por células endócrinas no intestino delgado e estimula a liberação de secreções pancreáticas e a contração da túnica muscular da vesícula biliar. A partir desse estímulo, os grânulos com pré- enzimas são liberados. É importante que essas secreções sejam armazenadas na forma inativa para elas não passem a agir e digerir o próprio órgão. Ainda assim, o ácino pancreático tem uma camada protetora por uma inserção do ducto intercalar, que possui um epitélio mais resistente. Essa camada extra de epitélio impede que a secreção das pré- enzimas não extravase. Porção endócrina As células endócrinas do pâncreas formam ilhotas no interior do tecido pancreático exócrino, chamadas de ilhotas pancreáticas ou ilhotas de Langerhans. Por ser uma porção endócrina, não apresenta ductos, apenas muitos capilares. As células Ducto intercalar (seta) com ácinos em volta Marina Morena 31 formam um cordão ao redor dos capilares e liberam suas secreções nele (formação cordonal). As células principais que compõe as ilhotas são células alfa (α), beta (β) e delta (δ), que só podem ser diferenciadas a partir de uma coloração especial. As células α são responsáveis por produzir o glucagon, as células β a insulina e as células δ a somatostatina. Desse modo, são células exclusivas que só produzem um tipo de secreção. As ilhotas são compostas de um tipo predominante de célula, caracterizando em uma ilhota de células α, β ou δ. Fígado É a maior glândula do organismo, responsável por diversas funções complexas. Seu suprimento sanguíneo é proveniente majoritariamente da veia porta (≈70% - sangue não oxigenado), com a participação em menor escala da artéria hepática (≈30% - sangue oxigenado). A veia porta traz o sangue vindo do intestino, ∴ rico em nutrientes, para que seja processado/metabolizado toxinas, microrganismos e outras substâncias, evitando que sigam para o coração. Além disso, é o fígado também exerce a função de produzir proteínas plasmáticas, como a albumina, importante no transporte de substâncias pelo sangue e na regulação da pressão osmótica sanguínea. O fígado é revestido por uma cápsula delgada de tecido conjuntivo que divide o órgão em lobos e lóbulos. Os lóbulos hepáticos possuem um formato poligonal, com diversos ângulos. A porção funcional, o parênquima, é composto por hepatócitos, também em formato poligonal, com cordões de capilares sinusoides. O sangue circula em um fluxo centrípeto da ponta de cada lóbulo até o Ilhota com células β na coloração de Fucsina aldeída (insulina) Marina Morena 32 centro, onde há a veia central (ou centrolobular). Cada vértice dos lóbulos estão presentes três componentes básicos: um ramo da veia porta, um ramo da artéria hepática e um ducto biliar (ou mais de um). Esses componentes são conhecidos como a tríade portal ou espaço porta, que são compartilhados pelos lóbulos anexos. Os ramos da veia porta e da artéria hepática passam por dentro dos cordões hepáticos por capilares sinusoides até a veia central. Entre os hepatócitos e os capilares há um espaço, chamado de DISSE, que possui um papel importante na movimentação das células de defesa (células de kupffer e células dendríticas) e é onde o plasma fica disponível para que os hepatócitos processem os componentes. Os canalículos biliares não possuem uma membrana própria, sendo delimitado apenas pela membrana do hepatócito. Próximo ao vértice (fluxo centrífugo) eles se unem e passam a ter um revestimento de epitélio cúbico, formando os dúctulos biliares, que se unem e formam os ductos biliares. Os canalículos são tão pequenos que não podem ser vistos em coloração normal, são utilizadas colorações especiais para identificá-los. Vesícula biliar Obs: Ausente nos cavalos. Caracterizada por ser uma bolsa com mucosa pregueada, que permite a expansão quando cheia, de epitélio cilíndrico simples, lâmina própria e submucosa. É um órgão oco e aglandular. Sistema endócrino Composto por uma série de glândulas, que tem como função a produção de hormônios, reguladores de atividades metabólicas. O sistema endócrino é o sistema glandular desprovido de dutos, ou seja, glândulas de secreção interna. As secreções endócrinas são liberadas no compartimento intercelular, e não em uma superfície ou no interior de um duto conducente a uma superfície (como ocorre com
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