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37940175-acao-penal - Direito Processual Penal - 2020GRAN CURSOS

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SISTEMA DE ENSINO
DIREITO 
PROCESSUAL 
PENAL
Ação Penal
Livro Eletrônico
2 de 170https://www.facebook.com/groups/2095402907430691
Danielle Rolim
Ação Penal
DIREITO PROCESSUAL PENAL
Sumário
Apresentação . .................................................................................................................................................. 5
Ação Penal . ........................................................................................................................................................ 8
1. Introdução ...................................................................................................................................................... 8
2. Conceito . ........................................................................................................................................................ 9
3. Características do Direito de Ação ................................................................................................... 10
4. Espécies de Ação Penal ..........................................................................................................................13
5. Classificações Importantes . .................................................................................................................17
5.1. Ação Penal Popular . ..............................................................................................................................17
5.2. Ação Penal Ex Officio ...........................................................................................................................19
5.3. Ação de Prevenção Penal ...................................................................................................................19
5.4. Ação Penal Adesiva . .............................................................................................................................21
5.5. Ação Penal Secundária . ..................................................................................................................... 22
5.6. Ação Penal Extensiva . .........................................................................................................................24
5.7. Ação Penal de Segundo Grau . ..........................................................................................................24
5.8. Ação Penal Pública Subsidiária da Pública . ............................................................................. 25
6. Condições da Ação . ................................................................................................................................. 27
6.1. Noções Gerais . ....................................................................................................................................... 27
6.2. Teoria da Asserção . .............................................................................................................................28
6.3. Condições da Ação Tradicionais . ................................................................................................... 29
6.4. Condições Específicas da Ação ou Condições de Procedibilidade . ................................ 41
7. Condições Próprias do Processo Penal . .........................................................................................42
8. Princípios da Ação Penal . .....................................................................................................................43
8.1. Princípios Gerais . ..................................................................................................................................43
***
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C
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SO
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divisão
de custos
ClIqUe PaRa InTeRaGiR
Facebook
Gmail
Whatsapp
3 de 170https://www.facebook.com/groups/2095402907430691
Danielle Rolim
Ação Penal
DIREITO PROCESSUAL PENAL
8.2. Princípios da Ação Penal de Iniciativa Privada ....................................................................... 47
8.3. Princípios da Ação Penal Pública . .................................................................................................50
9. Ação Penal Pública Incondicionada . ............................................................................................... 57
10. Ação Penal Pública Condicionada à Representação do Ofendido ou do seu 
Representante Legal . ..................................................................................................................................58
10.1. Cabimento . .............................................................................................................................................58
10.2. Legitimidade para Propor a Ação . ...............................................................................................58
10.3. Legitimidade para Representar (e para iniciar a ação penal privada) e 
Procedimento da Representação . .........................................................................................................58
10.4. Natureza Jurídica da Representação. ....................................................................................... 63
10.5. Prazo Decadencial para a Representação e para a Queixa-Crime. .............................. 63
10.6. Retratação da Representação . ....................................................................................................66
10.7. Eficácia Objetiva da Representação ........................................................................................... 67
10.8. Requisição do Ministro da Justiça ...............................................................................................68
11. Ação Penal de Iniciativa Privada .......................................................................................................69
11.1. Ação Penal Exclusivamente Privada ........................................................................................... 70
11.2. Ação Penal Privada Personalíssima ........................................................................................... 70
11.3. Ação Penal Privada Subsidiária da Pública ou Acidentalmente Privada ou 
Supletiva ............................................................................................................................................................71
11.4. Causas Extintivas da Punibilidade Relativas à Ação Penal Exclusivamente 
Privada e Privada Personalíssima . ....................................................................................................... 74
11.5. Atuação do Ministério Público na Ação Penal Privada . ......................................................83
12. Ação Penal nas Diversas Espécies de Crimes . ..........................................................................84
12.1. Crimes contra a Honra de Funcionário Público Praticado no Exercício de suas 
Funções. . ..........................................................................................................................................................84
12.2. Crimes de Lesões Corporais Leves e Culposas na Lei n. 11.340/2006 . ......................86
12.3. Ação Penal nos Crimes contra a Dignidade Sexual . ........................................................... 87
13. Denúncia e Queixa ..................................................................................................................................89
13.1. Requisitos da Peça Acusatória . ....................................................................................................89
***
4 de 170https://www.facebook.com/groups/2095402907430691
Danielle Rolim
Ação Penal
DIREITO PROCESSUAL PENAL
14. Requisitos da Queixa-Crime . ............................................................................................................ 97
15. Prazo para Oferecimento da Peça Acusatória. . ........................................................................98
16. Custas na Ação Penal Privada . ......................................................................................................100
17. Denúncia Genérica . .............................................................................................................................. 100
18. Cumulação de Imputações . ............................................................................................................. 102
19. Aditamento à Denúncia . .................................................................................................................... 103
Questões de Concurso . ............................................................................................................................ 107
Gabarito . ......................................................................................................................................................... 130
Gabarito Comentado . ................................................................................................................................ 131
Referências Bibliográficas . .................................................................................................................... 167
***
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Danielle Rolim
Ação Penal
DIREITO PROCESSUAL PENAL
ApresentAção
Olá, querido(a) concurseiro(a), tudo bem?
Eu sou a Danielle Rolim, professora aqui do Gran Cursos Online e juíza do Tribunal de Justi-
ça do Distrito Federal, e nós vamos trabalhar juntos o direito processual penal para os concur-
sos jurídicos.
E como será a nossa preparação? O nosso material está extremamente completo e atu-
alizado. Preparei para você um curso baseado na doutrina, jurisprudência, legislação e ques-
tões de concursos, explicando o conteúdo de maneira objetiva, mas sem perder de vista que 
estamos nos preparando para carreiras jurídicas que exigem um embasamento teórico mais 
aprofundado. E é aqui que entra o diferencial. Você vai perceber que em alguns pontos nós tra-
tamos da matéria com bastante profundidade, discutindo teorias, correntes doutrinárias, diver-
gências na jurisprudência, aplicação da lei, ufa! Muita coisa! Em outros pontos, no entanto, eu 
vou de maneira mais direta, sem grandes delongas. E por que isso? Exatamente porque o meu 
foco aqui está nos pontos mais cobrados e/ou naqueles que são necessários para que você 
tenha uma excelente base para a sua prova. Isso ressalta a relevância do nosso material, pois 
ele vai te direcionar para que você passe mais tempo onde é necessário, e com isso garanta 
resultados mais precisos.
Nós temos que pensar que os concursos jurídicos mais complexos são compostos por vá-
rias fases, não é verdade? Então, eu desejo do fundo do meu coração que você tenha, o quanto 
antes, aprovação na fase objetiva. Mas isso não vai te bastar! Só a aprovação na fase objetiva 
não te leva ao teu cargo, nem garante que no próximo concurso você já comece da fase se-
guinte (várias vezes na minha vida de concurseira eu desejei que fosse assim, mas não é! E lá 
estava eu, começando tudo do zero de novo). Então o que eu quero de você? Que você tenha 
condições de passar na prova objetiva, pois sem ela não tem como prosseguir no certame, 
mas quero também e principalmente que você chegue ao pódio. E como isso vai acontecer? 
Com uma preparação séria e consolidada que vai envolver: legislação, doutrina, jurisprudên-
cia e treino. Coloquei treino aqui de uma forma genérica porque tenho muito claro que cada 
prova exige uma preparação específica, especialmente no quesito treino. Se você vai fazer a 
***
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Danielle Rolim
Ação Penal
DIREITO PROCESSUAL PENAL
prova objetiva, tem que fazer inúmeras, milhares de questões objetivas. Quando já estiver na 
fase discursiva, será hora de escrever, de redigir peças práticas. E na oral, o seu treino vai ser 
falando!
Então a proposta do material é que você tenha esse embasamento teórico e grande parte 
da prática reunidos em um único “caderno”. Sim, esse vai ser o seu caderno. Aqui tem o que 
você precisa para se preparar. Para conhecer o conteúdo, para treinar, para revisar.
E aqui tenho que te contar um segredo. Nem tenho como dizer aqui a alegria que é para 
mim poder te ajudar com esse material. E por que isso? Eu lembro com dor no peito (eita pro-
fessora exagerada!) dessa fase de preparação para concurso. Das angústias, dos medos, das 
incertezas! Eu, por exemplo, tinha certeza de que só passavam nesses concursos pessoas “do 
além”, pessoas dotadas de conhecimentos extraordinários. E obviamente eu não me sentia as-
sim. Mas mais adiante eu percebi que a questão é uma só: preparação. E preparação exige que 
você tenha em mãos um material de qualidade! Você não precisa estudar por cinco doutrinas 
de processo penal, por exemplo (inicialmente eu cheguei a achar que era isso, que só “engolin-
do” todos os livros de todas as matérias é que eu teria condições de estar lá, ao lado daqueles 
seres que eu considerava extraordinários). O que você precisa, em verdade, é ter o conteúdo 
facilmente acessível, para que na hora da prova a resposta venha rapidamente. E como isso é 
possível? Escolhendo uma única base de estudo, compreendendo o conteúdo e tendo condi-
ções de lembrar do que foi estudado no instante da prova. Só isso! E como faz para lembrar? 
Revisando! Revisão é a palavra-chave aqui! Então você precisa de um material de qualidade, 
com o máximo de conteúdo possível, mas que você tenha condições de ler e reler até que o 
conhecimento nele disponível esteja acessível também na sua cabeça! Porque de nada adian-
ta dizer “estudei pelos doutrinadores A, B e C”, se você não conseguir lembrar sequer do que 
consta na página 1 do livro A. Sabe aquela sensação de “eu já vi isso em algum lugar, mas não 
lembro direito como é?”. Pois é, essa aí mesmo que eu quero que você não tenha mais!
Quando percebi tudo isso, minha vida mudou. No meu caso, que não tinha ainda à dispo-
sição o mundo dos “pdfs”, escolhi uma doutrina de cada matéria e me desdobrei sobre ela. Li, 
grifei, revisei. Quantas vezes? Não tenho a menor ideia. Muitas. Diversas. Dezenas. Talvez cen-
tenas! A partir daí não teve mais erro! Chegava na prova e conseguia me recordar de tudo que 
eu tinha estudado. E o que eu não tinha estudado, por que não estava no livro que eu escolhi? 
***
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Danielle Rolim
Ação Penal
DIREITO PROCESSUAL PENAL
Eu errava (isso quando minha pontaria falhava, né?)! Mas e daí? Tenho certeza de que você 
sabe que para ser aprovado não precisa gabaritar a prova, não precisa saber de tudo! Precisa 
dar o seu melhor!
Então nosso combinado é o seguinte. Eu proponho que nosso material seja justamente 
esse conteúdo que você precisa para sua prova de processo penal. Para isso eu vou continuar 
me esforçando, dia e noite, para que você tenha em mãos um material de qualidade, profundo, 
quando necessário, direto, quando bastar. Vou dar o meu melhor! E não tenha dúvida de que 
isso é motivo de muita alegria para mim, poder estar aqui, contribuindo com sua aprovação! Aí 
do outro lado é o lugar seguro para você dar o seu melhor. E como vai ser isso? Lendo e relendo 
o material (Sabe aquelas centenas de vezes? Se for preciso, já pode começar a contagem!), 
resolvendo as questões que estão aqui. Além disso, você vai estar com a leitura dos informa-
tivos de jurisprudência sempre em dia e vai treinar muito! Mas professora, o treino não é com 
questões? Você já falou sobre isso! Falei e estou falando de novo, e sabe por quê? Porque é 
importante demais! A hora de errar é agora!
Ah, e teve dúvidas? Eu estou bem aqui; por favor, pergunte! 
Sem mais delongas, vamos começar a colocar tudo isso em prática? Daqui, já comecei 
a trabalhar. Prova disso é esse nosso primeiro material, que está incrível. (Professora com a 
modéstia em dia é outra coisa!) Agora é a sua vez. E o resultado desse nosso acordo só pode 
ser um: a sua aprovação! E eu torço demais por isso. Nadame alegra tanto na vida profissional 
como receber mensagens de alunos que foram aprovados e hoje estão felizes, realizados pro-
fissionalmente. Eu estou esperando a notícia da sua aprovação!
Então vamos começar os trabalhos? (Agora pra valer!).
Nessa primeira aula vamos tratar de ação penal, e também da denúncia e da queixa. Não 
se assuste com o tamanho da aula! Isso se justifica pela importância do conteúdo para os 
concursos da Magistratura e do Ministério Público. Além disso, estamos tratando de um tema 
que é basilar para o entendimento do processo penal, motivo pelo qual precisa ser muito bem 
compreendido. Isso tudo sem deixar de mencionar que é tema muito recorrente nas questões 
de provas, certo? Vem comigo?
***
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Danielle Rolim
Ação Penal
DIREITO PROCESSUAL PENAL
AÇÃO PENAL
1. Introdução
Vamos começar a falar de ação penal, passando rapidamente pelo conceito de jus pu-
niendi, para que possamos organizar sistematicamente nosso tema dentro do processo penal. 
O que é o jus puniendi? É o poder do Estado de punir, de exigir de quem quer que seja que 
cometa um fato criminoso, que se sujeite às sanções previstas na legislação penal. Assim, 
cometido um determinado fato criminoso, um fato que se amolde a um tipo penal incriminador 
previsto no Código Penal, surge para o Estado o poder/dever de punir.
E em razão de uma série de princípios processuais e constitucionais, o poder punitivo es-
tatal demanda, para o seu exercício, que sejam seguidas determinadas regras, determinados 
procedimentos. E sabe por que isso acontece? Porque o Estado está sim interessado na pu-
nição de quem comete um fato criminoso, mas está também interessado na preservação da 
liberdade do indivíduo, bem maior, previsto constitucionalmente. Nem sempre aquele que é 
suspeito da prática de um crime foi quem realmente o cometeu. Por isso, todas as garantias 
previstas na Constituição precisam ser preservadas. Não se pode simplesmente aplicar uma 
sanção imediata, mesmo para aqueles que tenham sido presos em flagrante delito.
Os institutos despenalizadores (a exemplo da transação penal e composição civil de danos), 
que se aplicam às infrações de menor potencial ofensivo, assim como o acordo de não perse-
cução penal, previsto no art. 28-A do CPP, inserido pela Lei n. 13.964/2019 não são exceção 
a essa regra. Há uma intervenção estatal visando à solução consensual do conflito, mas tudo 
isso mediante supervisão estatal! Há consenso e há presença do Estado! Diferente seria se eu 
pudesse chegar ao meu algoz, aquele que, por exemplo, subtraiu um bem meu, e dissesse para 
ele: ok, eu sei que foi você quem me furtou. Para resolver esse problema, você vai ao presídio, 
passa lá 1 ano preso, e eu estou satisfeita, não haverá mais qualquer ação minha ou do Estado 
contra você. Não, isso não pode acontecer! Justamente porque o poder/dever de punir é do 
Estado e só ele, ou perante ele, é que podem ser impostas sanções penais ou acordadas me-
didas restritivas de direitos.
***
9 de 170https://www.facebook.com/groups/2095402907430691
Danielle Rolim
Ação Penal
DIREITO PROCESSUAL PENAL
Então foca aqui! O exercício do direito de punir demanda um conjunto de atividades prati-
cadas pelo Estado, que se desenrolam precipuamente em duas fases:
1) na primeira fase, temos a investigação criminal, que, via de regra, desenvolve-se por 
meio de um inquérito policial. A fase investigatória tem por fim colher materialidade e indícios 
de autoria, para que uma ação penal seja instaurada no Poder Judiciário. Tem, pois, o inqué-
rito, o objetivo de buscar a denominada justa causa da ação penal: prova de materialidade e 
indícios de autoria – elementos necessários para que o Poder Judiciário seja movimentado, 
diante da prática de um fato criminoso – tema que se liga umbilicalmente com o direito de 
ação, como veremos com o avançar dos estudos;
2) encerrado o inquérito, ou dispensado ele, partimos para a segunda fase da persecução 
penal – a ação penal propriamente dita, objeto do nosso estudo. Antes disso: como assim 
dispensado o inquérito? O que acontece é que em determinados casos eu posso não precisar 
de uma investigação, por já ter em mãos elementos suficientes para iniciar minha ação penal: 
indícios de autoria e a prova da materialidade. Veja bem, eu quero com a investigação buscar a 
justa causa, mas se eu, titular da ação penal, já tiver em mãos os elementos necessários para 
indicar que ocorreu um crime e demonstrar quem é seu autor, o inquérito será dispensado. Tan-
to assim que o art. 12 do Código de Processo Penal traz a previsão de que o inquérito policial 
acompanhará a denúncia ou a queixa sempre que servir de base a uma ou outra, demonstran-
do não ser ele peça imprescindível. Então, encerrada a investigação criminal, ou desnecessária 
ela, vamos iniciar a ação penal!
2. ConCeIto
Vamos avançar no nosso tema ação penal, começando justamente pelo conceito. O que é 
ação penal?
Nos dizeres de Guilherme de Souza Nucci, ação penal é o direito do Estado-acusação ou da 
vítima de ingressar em juízo, solicitando a prestação jurisdicional, representada pela aplicação 
das normas de direito penal ao caso concreto.
***
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Danielle Rolim
Ação Penal
DIREITO PROCESSUAL PENAL
Portanto, por meio da ação penal, é possível se provocar o Estado juiz para que ele aplique 
a lei ao caso concreto. O Estado vai aplicar a lei penal objetiva ao caso concreto, a partir da 
provocação feita, seja pelo Ministério Público, nos casos de crimes de ação penal pública, seja 
pelo ofendido, nos crimes de ação penal de iniciativa privada, o que se dará por meio da ação 
penal. Gosto bastante desse conceito do Nucci, porque ele já nos apresenta muitas das carac-
terísticas do direito de ação, objeto do nosso próximo item. Então vamos a elas?
3. CArACterístICAs do dIreIto de Ação
1ª) Direito Público
A ação penal é proposta contra o Estado, em relação a alguém – essa é a terminologia 
tecnicamente precisa. Então, o direito de ação é o direito de provocar o Estado juiz para exer-
cer a atividade jurisdicional – função típica do Poder Judiciário. A atividade jurisdicional que 
se pretende provocar é de natureza pública! Mas e como fica a chamada ação penal privada, 
aquela que é iniciada por iniciativa do ofendido? Não há diferença! Na ação penal de iniciativa 
privada, o que se transfere ao titular é justamente e tão somente a iniciativa da ação. Mas o 
poder punitivo continua sendo do Estado. Continua sendo o Estado quem vai ser acionado e 
quem vai, ao final, proferir um julgamento sobre a conduta do réu.
Aproveitando esse ponto, chamo a atenção para um aspecto importante. Em uma prova 
escrita (ou oral), evitem a expressão “ação privada”, porque a ação penal tem sempre natureza 
pública. O melhor é dizer “ação penal de iniciativa privada”, por ser a terminologia tecnicamen-
te mais adequada. No dia a dia ou em aulas, por ser mais prático, acabamos por falar apenas 
“ação penal privada”. Mas o correto, tecnicamente, é usar a expressão ação penal de iniciativa 
privada e, na prova do concurso, o objetivo é mostrar esse conhecimento, tá bom?
2ª) Direito Subjetivo
Perceba: o titular do direito de ação tem, precisamente, o DIREITO de exigir do Estado a 
prestação jurisdicional. É subjetivo porque algumas pessoas são legitimadas para o exercício 
desse direito. Há um sujeito específico que é titular do direito de ação, um sujeito que se liga 
***
11 de 170https://www.facebook.com/groups/2095402907430691
Danielle Rolim
Ação Penal
DIREITO PROCESSUAL PENAL
ao direito de ação – Ministério Público na ação penal de iniciativa pública; ofendido, na ação 
penal de iniciativa privada.
Aury Lopes Jr. nos traz o seguinte ensinamento: a ação é ao mesmo tempo um direito subje-
tivo – em relação ao Estado-Jurisdição – e um direito potestativo em relação ao imputado.A primeira hipótese (direito subjetivo) já compreendemos – direito de exigir do Estado a pres-
tação jurisdicional. O que quer ele dizer com relação a ser um direito potestativo em relação 
ao imputado? Exercitada a ação processual penal, o réu passa a se sujeitar ao processo, vale 
dizer, ele se sujeita às consequências processuais da ação, delas não podendo escapar. O réu 
não pode, ao ser citado, dizer “não, não fui eu quem cometi esse crime, portanto eu nem quero 
saber desse processo, não vou me defender e, se for condenado, sinto muito, mas eu não vou 
cumprir a pena”. Isso é impossível! Dizer ele até pode, não é mesmo? Mas, a partir do instante 
em que ele se torna réu naquela relação jurídico-processual, ele se sujeita a eventuais conse-
quências que decorram do processo, como por exemplo pode estar sujeito à prisão preventi-
va, ao dever de comparecer aos atos processuais, além da necessidade de cumprir eventual 
pena imposta, em caso de condenação, dentre várias outras consequências.
3ª) Direito Autônomo
O direito de ação não se confunde com o direito material que se pretende tutelar. O que 
temos aqui é um direito (de ação) que vai ser o instrumento para viabilizar o pedido condena-
tório quanto a um determinado fato que foi praticado e que se entende criminoso, atribuído a 
alguém. Portanto, tem autonomia em relação ao direito material, são direitos que não se con-
fundem!
4ª) Direito Abstrato
A abstração do direito de ação liga-se com a autonomia. Sendo um direito autônomo, 
o exercício do direito de ação independe da procedência ou improcedência do pedido. Assim, 
ao acionar o Estado-juiz, buscando que determinada pessoa seja responsabilizada por um 
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Danielle Rolim
Ação Penal
DIREITO PROCESSUAL PENAL
fato criminoso, não tenho como saber o resultado final do provimento jurisdicional. E seja 
qual for ele, o direito de ação se exercitou. Explico: quando o Ministério Público, por exemplo, 
aciona o Estado visando à responsabilização de alguém, essa pessoa pode ser ao final con-
denada ou absolvida.
Temos que lembrar que em uma ação penal condenatória o pedido é sempre de condena-
ção (ou de absolvição imprópria, no caso do inimputável que não tinha condições de entender 
o caráter do fato criminoso, como falaremos adiante). Ninguém vai a juízo contando um fato 
criminoso, atribuindo-o a alguém e, ao final, pedindo a absolvição, dizendo que foi a juízo só 
fazer um desabafo. Não dá para ser assim! Claro que esse pedido pode ser feito mais à fren-
te, quando o promotor entende que as provas produzidas em juízo não são suficientes para 
condenar o réu, mas não faz sentido que o faça já no oferecimento da denúncia! A despeito 
de o pedido ser sempre condenatório (ou de absolvição imprópria), pode ser que o réu seja ao 
final absolvido e isso em nada afeta o direito de ação – ele foi devidamente exercitado e não 
se confunde com o pedido inicial, pois é abstrato. Vale dizer: a absolvição do réu não nega a 
existência de um direito de ação.
5ª) Direito Específico
O direito de ação, apesar de ser abstrato, apenas se desenvolve diante de um caso con-
creto. Apenas quando se tem um fato da vida que ofende, em tese, uma norma material, é que 
se pode falar no direito de ação penal. Então, cometido um fato criminoso, é que se exercita o 
direito de ação. A despeito disso, pouco importa a consequência do julgamento, pois o direito 
de ação já foi exercido.
Também importa destacar aqui, no nosso estudo introdutório, que a ação penal tem assen-
to constitucional, no art. 5º, XXXV da CRFB, que diz que a lei não excluirá da apreciação do Po-
der Judiciário lesão ou ameaça a direito, no consagrado princípio da inafastabilidade da juris-
dição. Então vejam: a ação vai movimentar o Estado, justamente diante da característica que 
vimos agora a pouco de ser um direito público, vai movimentar o Estado juiz para que ele diga 
o direito, para que ele exerça a jurisdição – a jurisdição é monopólio do Estado. Só o Estado 
pode punir, só o Estado pode, portanto, diante de um fato criminoso, aplicar o direito material.
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Ação Penal
DIREITO PROCESSUAL PENAL
Como já deixamos antever, há mais de uma espécie de ação penal, ou melhor, há mais de 
uma forma de se iniciar a ação penal, quando se está diante do cometimento de um fato cri-
minoso. Vamos ter agora um panorama geral dessas espécies e, mais adiante, vamos passar 
ao estudo de cada uma delas individualmente, destacando legitimados, princípios, caracte-
rísticas e institutos aplicáveis, além de subclassificações. Por agora, nos interessa essa visão 
geral.
4. espéCIes de Ação penAl
Temos as seguintes espécies de ação penal:
• ação penal pública incondicionada;
• ação penal pública condicionada à representação da vítima ou representante legal;
• ação penal pública condicionada à requisição do ministro da justiça;
• ação penal privada (exclusivamente privada ou propriamente dita, personalíssima, sub-
sidiária da pública).
Mas, professora, já ouvi falar de vários outros tipos de ação penal, por que elas não estão 
aqui listadas?
Segura a ansiedade! Como eu disse, a classificação até aqui posta traz apenas o panorama 
geral. Quando formos estudar cada uma delas, vamos verificar as subdivisões. Além disso, 
vamos tratar também de algumas denominações bem diferentes apresentadas na doutrina e 
que os examinadores adoram cobrar em provas de concurso.
Essa introdução feita agora foi justamente para que possamos avançar no próximo tópico, 
que é o que busca analisar COMO SABER QUAL A ESPÉCIE DE AÇÃO PENAL?
A primeira regra a que devemos nos atentar é a disposta no art. 100 do Código Penal, 
que diz:
Art. 100. A ação penal é pública, salvo quando a lei expressamente a declara privativa do ofendido.
O que leciona esse artigo? Que quando a lei não definir um crime como sendo de ação 
penal privada, isso significa que o crime será de ação penal pública. Ou seja, se o crime for 
de ação penal privada, a lei vai dizer expressamente que aquele crime apenas se processa 
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mediante queixa. Se não houver essa previsão, o crime será de ação penal pública. Ótimo, até 
aqui ficou fácil.
Mas, quando eu digo que, por exclusão, o crime se processará mediante ação penal públi-
ca, ainda resta uma dúvida: ação penal pública condicionada ou incondicionada? Atentem-se 
a essa observação: antes de mais nada, quando a lei disser que determinada ação penal será 
pública, sem especificar mais nada, ela está se referindo à ação penal pública incondicionada. 
Guardem isso, porque vai ser bastante útil para analisar algumas situações mais adiante!
Portanto, quando o art. 100 diz que, quando a lei não definir um crime como de ação penal 
privada, significa que ele será de ação pública, a interpretação que devemos fazer é: se a lei 
não disser que um crime apenas se processa mediante queixa, a ação será pública incondicio-
nada. Ou melhor, no silêncio da lei, a ação penal quanto àquele específico crime será pública 
incondicionada. No entanto, quando a lei quiser que o crime se processe mediante ação penal 
pública condicionada, ela vai especificar, a lei vai dizer expressamente: o crime se processa 
mediante representação ou mediante requisição do Ministro da Justiça. O que devemos fazer, 
portanto, é analisar a estrutura do crime cometido pelo réu para, a partir daí, saber qual o tipo 
de ação penal que se aplica àquele caso concreto, mediante a indicação feita pela lei.
Recapitulando:
• a lei diz que apenas se processa mediante queixa: ação penal privada;
• a lei diz que depende de representação ou de requisição: pública condicionada;
• a lei nada diz: ação penal será pública incondicionada.
Além dessa regra geral do diploma penal, temostambém que nos ocupar de algumas nor-
mas próprias que se extraem de outras leis.
A primeira delas é o que dispõe o art. 24, § 2º do CPP, ao dizer que seja qual for o crime, 
quando for praticado em detrimento de patrimônio ou interesse da União, Estado ou Município, 
a ação penal será pública. E aqui eu te pergunto: Pública condicionada ou incondicionada? 
Você já sabe! Se a lei parou por aqui, se a lei parou na afirmação de que será pública, a conclu-
são é de que será pública incondicionada.
Outra norma importante: art. 26 da Lei n. 9.605/1998, que trata dos crimes ambientais. 
O dispositivo diz que, nos crimes ambientais, a ação penal será pública incondicionada. Por-
tanto, ocorrendo um crime ambiental, ele será processado mediante ação penal pública in-
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condicionada. Não preciso nem procurar nos tipos penais específicos para verificar se tem 
alguma determinação diferente, porque não vou encontrar!
De igual modo, a Lei n. 13.869, de setembro de 2019 traz em seu art. 3º a informação de 
que os crimes previstos naquela lei – abuso de autoridade – processam-se mediante ação 
penal pública incondicionada. E acrescenta a específica previsão, no § 1º daquele mesmo 
dispositivo, da admissão da ação penal privada subsidiária da pública, sobre o que comenta-
remos mais adiante.
Prosseguindo, o art. 17 Decreto-Lei n. 3688/1941 especifica que a ação penal será pública 
incondicionada, no caso de cometimento de uma contravenção penal. Então, por expressa 
previsão legal, a ação penal no caso de contrações penais será pública incondicionada. Mas 
questiono a você, de antemão, com relação à contravenção penal de vias de fato, prevista no 
art. 21 da Lei das Contravenções Penais, para saber se também aqui a ação penal será pública 
incondicionada. E qual o motivo do meu questionamento?
Vamos lá. Em que consiste a contravenção de vias de fato? Aqui eu tenho o uso de violên-
cia pelo agente, mas sem causar lesão na vítima. Violência sem lesão. Por outro lado, na lesão 
corporal leve, eu também tenho uso da violência, mas uma violência que gera lesão, ainda que 
leve. A divergência surgiu – e daí o meu questionamento – porque em se tratando de lesão 
leve, o crime passou a ser de ação penal pública condicionada à representação, nos termos 
do disposto no art. 88 da Lei n. 9.099/1995. Sendo condicionada à representação, a lesão leve 
admite a extinção da punibilidade em razão da decadência, ou seja, quando o ofendido ou seu 
representante legal não efetivar a representação no prazo legal. Se admite decadência, a situ-
ação jurídica do autor deste crime é mais favorável, em razão da possibilidade de extinção da 
punibilidade, por conta da decadência. Já a contravenção penal de vias de fato, que é infração 
menos grave – violência sem lesão, não admitiria tal forma de extinção da punibilidade, por 
se cuidar de infração que se processa mediante ação penal pública incondicionada. Assim, 
o questionamento é: a alteração promovida pela Lei n. 9.099/1995 deve repercutir quanto à 
ação penal da contravenção de vias de fato? O STJ e o STF foram chamados a decidir sobre 
o tema. O STJ, ao apreciar o HC 136.732-MS, disse que era razoável a exigência da represen-
tação também para a contravenção de vias de fato. À época deste precedente, o STJ entendia 
que a lesão leve contra a mulher era de ação penal pública condicionada à representação.
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Hoje, no entanto, sabemos que o entendimento é de que, sendo vítima mulher e cuidando-
-se de crime cometido no contexto de violência doméstica e familiar contra a mulher, o crime 
de lesão corporal leve se processa mediante ação penal pública incondicionada, tendo em 
vista a vedação de aplicação da Lei n. 9.099/1995 aos casos de violência doméstica e familiar 
contra a mulher. Lembrando: foi a Lei n. 9.099/1995 que trouxe previsão, em seu art. 88, de que 
a ação penal do crime de lesões corporais leves dependeria de representação. Como o Código 
Penal não traz essa exigência, e a Lei Maria da Penha veda a aplicação da Lei n. 9.099/1995 
aos casos de violência doméstica, o entendimento é de que – se for a lesão corporal leve 
praticada no contexto da violência doméstica e familiar contra a mulher – vale a previsão do 
Código Penal, qual seja, e o crime se processa mediante ação penal pública incondicionada.
Por isso, e ponderando a gravidade dos delitos, decidiu a Corte àquela época:
1. A Terceira Seção desta Corte Superior de Justiça, ao julgar o Recurso Especial n. 1.097.042/DF, 
alçado à condição de recurso repetitivo representativo da controvérsia, entendeu que a ação penal 
nos crimes de lesão corporal leve cometidos em detrimento da mulher, no âmbito doméstico e fami-
liar, é pública condicionada à representação da vítima. 2. Na hipótese, o paciente se vê processado 
pela suposta prática da contravenção penal de vias de fato contra sua amásia – portanto, um minus
em relação ao delito de lesão corporal leve – mesmo tendo a ofendida consignado o desejo de não 
exercer seu direito de representação, entendendo o órgão acusatório e o juízo singular tratar-se de 
ação penal pública incondicionada. 3. Carecendo o respectivo processo de condição de procedibili-
dade, eis que necessária a manifestação de vontade da vítima para que seja instaurada a persecu-
ção contra o paciente, evidente o constrangimento ilegal a que está submetido.
A análise partiu daí. Para o STJ, pois, a contravenção de vias de fato demandaria represen-
tação, contrariamente ao que dispõe o art. 17 da lei de regência. Já o STF, no HC 80.617, trouxe 
entendimento em sentido diverso, fazendo prevalecer o disposto no art. 17 da LCP, que não 
fora alterado pela Lei n. 9.099/1995.
EMENTA: Ação penal pública incondicionada: contravenção de vias de fato (LCP, art. 17). 
A regra do art. 17 LCP – segundo a qual a persecução das contravenções penais se faz 
mediante ação pública incondicionada – não foi alterada, sequer com relação à de vias de 
fato, pelo art. 88 L. 9.099/1995, que condicionou à representação a ação penal por lesões 
corporais leves. (HC 80617, Relator(a): Min. SEPÚLVEDA PERTENCE, Primeira Turma, jul-
gado em 20/03/2001, DJ 04-05-2001 PP-00005 EMENT VOL-02029-04 PP-00733)
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Hoje o entendimento do STJ é no mesmo sentido do STF:
2. A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça vem se manifestando quanto à natu-
reza pública incondicionada da ação penal em caso de delitos de vias de fato praticados 
mediante violência doméstica e familiar contra a mulher. (AgRg no REsp 1738183/AM, Rel. 
Ministro NEFI CORDEIRO, SEXTA TURMA, julgado em 27/11/2018, DJe 06/12/2018).
Portanto, o que se evidenciou nestes julgados foi o entendimento de que a espécie de ação 
penal não está vinculada à gravidade da infração penal. Recapitulando: apesar de o crime de le-
são corporal ser mais grave do que a contravenção vias de fato, isso em nada altera o disposto 
na Lei de Contravenções Penais, que diz que os tipos lá previstos são processados mediante 
ação penal pública incondicionada. Vale dizer: ainda que menos graves as figuras lá previstas, 
não se pode alterar aquela previsão sob o pretexto de que figuras penais mais graves admitem 
a extinção da punibilidade em razão da decadência, por exemplo, enquanto aquelas menos 
graves não estariam acobertadas por tal possibilidade, tendo em vista se submeterem a um 
tipo de ação penal com regras mais rígidas.
Vamos avançar aqui em algumas classificações construídas pela doutrina e que importam 
muito em provas de concurso.
5. ClAssIfICAções ImportAntes
5.1. Ação penAl populAr
Conceitualmente, ação penal popular é aquela que pode ser iniciada por qualquer pessoado povo, visando à condenação do autor da infração penal, independentemente de quem seja 
a vítima direta do fato criminoso, ou mesmo da existência de uma vítima direta. A questão que 
surge aqui é: temos essa previsão em nosso ordenamento jurídico? Há doutrina que defende 
a existência de uma ação penal popular no Brasil, fazendo-o com base no disposto no art. 14 
da Lei n. 1.079/1950, que diz: “é permitido a qualquer cidadão denunciar o Presidente da Re-
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pública ou Ministro de Estado, por crime de responsabilidade, perante a Câmara dos Deputa-
dos”. Há também quem defenda que o habeas corpus é uma espécie de ação penal popular. 
Isso porque, o habeas corpus pode ser manejado por qualquer pessoa, física ou jurídica, nos 
interesses daquele que sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua 
liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder.
Esses exemplos te convenceram quanto à existência de ação penal popular em nosso or-
denamento jurídico? Vamos lá.
Quanto ao primeiro exemplo, o que temos que perceber é que o dispositivo legal mencio-
nado traz a previsão apenas de uma notitia criminis, que pode ser feita por qualquer pessoa 
do povo. Não se cuida, em verdade, da possibilidade de qualquer pessoa do povo iniciar efe-
tivamente uma ação penal, oferecendo uma peça inicial acusatória junto ao Poder Judiciário, 
visando à condenação do suposto autor de um fato criminoso. O que se tem aqui é uma incor-
reção técnica do legislador, ao confundir os termos denúncia (peça de início da ação penal pú-
blica, de titularidade exclusiva do Ministério Público) e notícia de crime. Como se não bastasse 
isso, temos que ter em mente que os ilícitos dispostos na Lei n. 1.079/1950 não cuidam de 
crimes propriamente ditos. Não há sequer a previsão de uma sanção penal para as condutas 
lá disciplinadas. O que se tem naquela norma são infrações político-administrativas, punidas, 
por consequência, também com sanções político-administrativas.
De igual forma, a classificação do habeas corpus como sendo exemplo de ação penal po-
pular não se esquiva de ser alvo de crítica da doutrina. E qual a razão disso? O habeas corpus
não se cuida, em verdade, de ação penal condenatória, mas sim de ação constitucional, que 
tem por finalidade tutelar a liberdade de locomoção do indivíduo.
Assim, caso venha a expressão ação penal popular em uma prova de concurso, saiba que o 
examinador está se referindo a essa possibilidade de qualquer pessoa poder dar início à ação 
penal, visando à condenação de alguém, e também que há defensores da existência dela com 
base nos dois institutos mencionados – os quais são, igualmente, rechaçados por aqueles 
que defendem a inexistência de exemplo dessa espécie de ação penal em nosso ordenamento 
jurídico, conforme as críticas supradiscriminadas.
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5.2. Ação penAl ex offICIo
É a ação penal que pode ser iniciada pelo juiz, de ofício.
Essa possibilidade vinha desenhada no art. 531 do Código de Processo Penal, revogado 
pela Lei n. 11.719/2008. O que dizia aquele dispositivo?
Art. 531. O processo das contravenções terá forma sumária, iniciando-se pelo auto de prisão em 
flagrante ou mediante portaria expedida pela autoridade policial ou pelo juiz, de ofício ou a reque-
rimento do Ministério Público.
Trazia a Lei a previsão de uma ação penal, no caso de contravenção penal, que poderia ser 
iniciada de ofício pelo juiz (ou por portaria da autoridade policial), em caso de contravenção 
penal. Tal possibilidade não foi recepcionada pela Constituição Federal, que prevê no inciso 
I do art. 129 que o Ministério Público é o titular da ação penal pública. Assim, antes mesmo 
da revogação da norma, a doutrina já construía a impossibilidade do então chamado proces-
so judicialiforme (nome dado ao processo iniciado nos termos do previsto naquele art. 531 
do CPP).
Dito isso, sobeja alguma hipótese de ação penal ex officio no nosso ordenamento jurí-
dico? Há quem diga que o art. 654, §2º do CPP traz previsão dessa ordem, ao disciplinar a 
possibilidade de os juízes e tribunais concederem, de ofício, ordem de habeas corpus sempre 
que alguém sofrer ou estiver na iminência de sofrer coação ilegal à liberdade de locomoção. 
A crítica que se faz aqui é que não se tem, com tal previsão, o início de uma ação penal conde-
natória. O que o dispositivo permite é apenas a concessão da ordem de habeas corpus pelos 
magistrados, em uma ação penal que já esteja em curso.
Para saber mais: Nestor Távora é um dos autores que traz a possibilidade de se consi-
derar o habeas corpus como exemplo de ação penal ex officio e assim explica: “não se deve 
esquecer que o habeas corpus tem natureza de ação penal, sendo assim a vertente legal da 
chamada ação ex officio no âmbito criminal”.
5.3. Ação de prevenção penAl
Partindo do pressuposto que o crime é o fato típico, ilícito e culpável (apesar das divergên-
cias quanto ao conceito analítico de crime), se alguém comete um fato que seja típico, sem 
qualquer causa excludente de antijuridicidade, mas não seja culpável, em razão da inimpu-
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tabilidade, nos termos do art. 26 do CP (não tinha condições de entender, ao tempo da ação 
ou omissão, o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento), 
a consequência será uma sentença absolutória imprópria (art. 386, parágrafo único, III, CPP). 
Ou seja: uma sentença que muito embora absolva o réu, por não vislumbrar o cometimento de 
um fato criminoso (não é culpável), imponha a ele uma medida de segurança.
Dito isso, a doutrina denomina tal ação de ação de prevenção penal – já tenho o conheci-
mento, desde o início, de que o acusado não tinha, à época do fato, condições de compreen-
der o caráter ilícito do fato ou de se comportar conforme aquele entendimento (art. 26, CP). 
A despeito disso, inicio uma ação penal visando não a que ele seja condenado, mas sim a que 
se demonstre o cometimento por ele de um fato típico e ilícito e, com isso, possa ser a ele 
aplicada uma medida de segurança.
Como as bancas de concurso estão cobrando o tema? No concurso para Promotor de 
Justiça de Santa Catarina, de 2019, o examinador buscou explorar exatamente o conceito de 
ação de prevenção penal, trazendo a seguinte indagação:
Questão 1 (MPE-SC/MPE-SC/PROMOTOR DE JUSTIÇA/2019) A ação de prevenção penal é 
aquela ajuizada com a finalidade de se aplicar medida de segurança a acusado que, em virtu-
de de doença mental ou de desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao tempo 
da ação ou omissão, absolutamente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de deter-
minar-se de acordo com esse entendimento.
Certo.
Alternativa correta, pois apresenta justamente o conceito de ação de prevenção geral que 
trouxemos em nosso curso. Lembrando: se eu tenho um fato típico e ilícito, mas praticado por 
quem não tinha condições de entender o caráter ilícito ou fato ou de determinar-se de acordo 
com esse entendimento, a ação penal terá por objetivo a imposição de uma medida de segu-
rança, em uma sentença absolutória imprópria.
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5.4. Ação penAl AdesIvA
Aqui precisamos observar que a doutrina aborda essa espécie de ação penal sob duas 
vertentes.
A primeira delas é a que se extrai do conceito trazido do direito alemão. Lá, se visuali-
zado um interesse público, o Ministério Público pode ingressar com ação penal pública até 
mesmo nos casos de crimes que se processam mediante ação penal privada. Nesse caso, 
o ofendido atua como acusador subsidiário, equiparando-se,grosso modo, à figura do assis-
tente de acusação do nosso ordenamento jurídico. Tourinho Filho, ao tratar do tema, traz a 
informação de que na Alemanha a ação penal adesiva está relacionada à satisfação do dano 
decorrente do crime já no juízo penal e não seria, propriamente, uma modalidade de ação, 
operando-se uma mera intervenção adesiva facultativa. Fazendo um paralelo com o nosso 
direito, teríamos hipótese que se assemelha à atuação do assistente de acusação, buscando 
no processo uma justa indenização da vítima.
Obs.: � Temos que ter o cuidado de não restringir a figura do assistente de acusação a um 
“buscador” de indenização. Na aula em que falaremos sobre os sujeitos processu-
ais vamos desmistificar essa atuação restritiva do assistente de acusação e mos-
trar que ele pode (e está atrás de) bem mais do que isso!
A segunda das vertentes que encontramos na doutrina como sendo exemplo de ação 
penal adesiva se dá na seguinte hipótese: a ação penal nos crimes de ação penal pública é 
iniciada pelo Ministério Público, enquanto os crimes de ação penal privada são movimenta-
dos por iniciativa do ofendido ou representante legal. Pode ocorrer a hipótese em que um 
crime de ação penal pública tenha sido cometido em conexão ou continência com um crime 
de ação penal privada. Aqui, abre-se a possibilidade de caminharem lado a lado duas ações 
penais, uma de ação penal pública e outra de ação penal privada, em uma construção que 
muito se assemelha ao litisconsórcio do processo civil. Mas perceba! Aqui eu não terei uma 
peça inicial única!
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Mas, professora, como o Ministério Público é o titular da ação penal pública (e ela costu-
ma se referir a crimes mais graves, ou pelo menos de maior interesse estatal), não pode ele já 
incluir na denúncia o crime de ação penal privada cometido em conexão?
Não! Esse raciocínio não se aplica ao nosso processo penal. Se assim fosse, estaríamos 
diante de uma hipótese de ilegitimidade ativa do Ministério Público para atuar com relação ao 
crime que se processa mediante ação penal privada, acarretando com isso a rejeição parcial 
da denúncia quanto àquele crime (de ação penal privada). Então, nessa hipótese, vamos ter 
em verdade duas peças, que seguirão juntas posteriormente: a denúncia promovida pelo órgão 
ministerial e a queixa pelo ofendido. Constatada a conexão, possibilita-se a reunião dos feitos.
Ah, e presta atenção aqui! Não confundir esse conceito de ação penal adesiva com recurso 
adesivo! Lá na aula de recursos, vamos discutir sobre a possibilidade ou não de termos recurso 
adesivo no processo penal. Fique ligado!
5.5. Ação penAl seCundárIA
Aqui estamos diante de uma espécie de ação penal que se apresenta da seguinte forma: 
o tipo penal é o local de onde vamos extrair a informação sobre qual o tipo de ação penal que 
a ele se aplica. Ou seja: praticada aquela conduta descrita na norma, como se processará a 
ação penal? Estaremos diante de um crime que se processa mediante ação penal pública 
incondicionada, condicionada ou privada, a depender do que foi previsto naquele tipo penal. 
Em algumas hipóteses, no entanto, após essa previsão expressa (ou a ausência dela, a nos 
evidenciar que se cuida de crime de ação penal pública incondicionada – lembra disso???), 
pode a lei agregar àquele fato criminoso algumas características específicas, que fazem com 
que, presentes elas, seja alterada a espécie de ação penal que irá se aplicar justamente àquele, 
digamos assim, fato modificado. Vamos aos exemplos? No crime de injúria, a ação penal é pri-
vada. Isso porque o art. 145 do Código Penal dispõe que os crimes previstos naquele Capítulo 
somente se processam mediante queixa. A injúria está lá, bem no mesmo capítulo em que está 
o art. 145. Mas prossegue aquele dispositivo dizendo em seu parágrafo único que se procede 
mediante representação do ofendido no caso do §3º do art. 140.
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Então vamos lá. O parágrafo mencionado traz o crime de injúria racial (se a injúria consiste 
na utilização de elementos referentes a raça, cor, etnia, religião, origem ou a condição de pes-
soa idosa ou portadora de deficiência). Aqui, a ação penal será pública condicionada à repre-
sentação! Logo, na injúria comum, estaremos diante de um crime de ação penal de iniciativa 
privada – essa é a ação penal primária. Já o crime de injúria racial, processa-se mediante ação 
penal pública condicionada à representação do ofendido – aqui estamos diante de uma ação 
penal secundária. É também o que ocorre no crime contra a honra que tem por vítima o presi-
dente da República. A ação penal que era privada (de acordo com a regra geral do art. 145 do 
CP), passa a ser pública condicionada à requisição do ministro da Justiça (art. 145, parágrafo 
único, CP) – ação penal secundária.
Ação penal secundária se dá, portanto, nos dizeres de Renato Brasileiro: “na hipótese em 
que a lei estabelece uma espécie de ação penal para determinado crime, porém, em virtude do 
surgimento de circunstâncias especiais, passa a prever, secundariamente, uma nova espécie 
de ação penal para essa infração”. 
Questão 2 (CESPE/TJSE/2008/JUIZ) Ação penal secundária ocorre quando a lei estabe-
lece um titular ou uma modalidade de ação penal para determinado crime, mas mediante o 
surgimento de circunstâncias especiais, prevê, secundariamente, uma nova espécie de ação 
penal para aquela mesma infração.
Certo.
A ação penal secundária é justamente aquela em que a lei, diante do surgimento de circuns-
tâncias especiais, prevê uma nova espécie de ação penal para a infração penal.
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5.6. Ação penAl extensIvA
O Código Penal dispõe em seu art. 101 que “quando a lei considera como elemento ou 
circunstâncias do tipo legal fatos que, por si mesmos, constituem crimes, cabe ação pública 
em relação àquele, desde que, em relação a qualquer destes, deva-se proceder por iniciativa do 
Ministério Público”.
O que temos aqui? Se eu estiver diante de um crime formado pelo somatório de condutas 
que, sozinhas, também já seriam criminosas, se qualquer um deles se processar mediante 
ação penal pública, o delito que decorre dessa soma também será de ação penal pública, o que 
se dará por extensão – daí a denominação ação penal extensiva.
Exemplo disso vem da injúria real. O que temos lá? O parágrafo 2º do art. 140 traz a seguin-
te previsão:
se a injúria consiste em violência ou vias de fato, que, por sua natureza ou pelo meio empregado, se 
considerem aviltantes:
Pena – detenção, de três meses a um ano, e multa, além da pena correspondente à violência.
O art. 145, por sua vez, diz que os crimes previstos naquele capítulo se processam median-
te queixa, salvo quando, no caso do art. 140, §2º, da violência resultar lesão corporal. O que 
temos aqui? O somatório de injúria e lesão corporal. À época da edição do tipo penal, toda e 
qualquer lesão corporal se processava mediante ação penal pública incondicionada. Assim, 
o resultado dessa equação é que o crime de injúria real que, em razão da violência, resulta em 
lesão corporal, processa-se mediante ação penal pública.
5.7. Ação penAl de segundo grAu
Ação penal de segundo grau é aquela ajuizada diretamente perante tribunal, não havendo 
atuação de juiz de primeiro grau. Ocorre nas hipóteses de competência originária dos tribunais, 
decorrente da previsão, para aquele caso concreto, de foro por prerrogativa de função.
Cuidado para não confundir com ação penal secundária! Como os nomes são um pouqui-
nho parecidos, não podemos dar chance para o examinador, não é?? Não custa avisar...
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Quanto a isso não podemos esquecer importante julgado do STF, que faz uma análise restritiva 
da competência decorrente do foro por prerrogativa de função, no seguinte sentido:
O foro por prerrogativa de função aplica-se apenas aos crimes cometidos durante o exercício do 
cargo e relacionados às funções desempenhadas. STF. Plenário AP 937 QO/RJ, Rel. Min. Roberto 
Barroso, julgado em 03/05/2018 (Info 900).
Saindo um pouco das ações penais condenatórias, também encontramos a hipótese de 
ação penal de segundo grau nas ações autônomas de impugnação, que via de regra tem a 
competência atribuída aos tribunais, a exemplo da revisão criminal.
Cenas dos próximos capítulos (sim, eu já fui noveleira um dia... agora isso não sai de mim!) 
– na aula de revisão criminal vamos destacar essa competência originária dos tribunais e na 
de recursos vamos enfatizar como descobrir a quem direcionar as ações autônomas de im-
pugnação, a depender de algumas circunstâncias que se deram no curso do processo, espe-
cialmente no julgamento do recurso daquela decisão que se pretende atacar!
5.8. Ação penAl públICA subsIdIárIA dA públICA
Já ouviu falar sobre essa? Nem toda doutrina traz essa classificação, em razão de críticas 
que traremos daqui a pouco. No entanto, vai que o examinador gosta justamente dessa e re-
solve te perguntar, não é mesmo? Para não correr o risco de não termos estudados, vamos em 
frente! É chamada de ação penal pública subsidiária da pública aquela ajuizada pelo Ministério 
Público Federal, em razão da inércia do Ministério Público Estadual, nos crimes praticados por 
prefeitos, previstos no Decreto-Lei n. 201, de 27/2/1967. Isso porque, o § 2º do art. 2º daquele 
decreto traz a seguinte previsão:
se as providências para a abertura do inquérito policial ou instauração da ação penal não forem 
atendidas pela autoridade policial ou pelo Ministério Público estadual, poderão ser requeridas ao 
Procurador-Geral da República.
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Qual a crítica que se faz aqui? Absoluta inexistência de atribuição do Procurador Geral da 
República para atuar neste caso! Onde ficaria a independência funcional do Ministério Público 
Estadual se entendêssemos como plausível essa previsão? Temos que lembrar: não existe hie-
rarquia entre o Ministério Público da União e os Ministérios Públicos Estaduais. Aqui temos o 
famoso “cada um no seu quadrado”, cada um com suas específicas atribuições. E olhe para a 
data do decreto-lei – 1967 – anterior à CRFB. Então o que temos aqui é uma previsão que não 
foi recepcionada por nossa Carta Magna. Apesar disso, como eu já falei, importante que você 
saiba dessa classificação, pois pode ser questionada pelo seu examinador.
Bom, eram essas as classificações que eu queria enfatizar aqui contigo. Fique muito atento 
a essas nomenclaturas! Nós bem sabemos que os examinadores de concursos ADORAM no-
mes diferentes! E por mais que tenhamos estudado, não é incomum que na hora da prova fa-
çamos confusão, trocando os termos. Também estão sendo pontos bem cobrados em provas 
subjetivas, em que precisamos do gatilho para saber como iniciar nossa resposta. Para ajudar 
você nisso, fiz esse pequeno resumo. E qual a dica? Depois de estudar e entender o tema, fo-
car aqui no resumo, para que, quando você visualizar qualquer um desses nomes na prova, já 
venha também o significado e os exemplos deles, ok? Vamos lá:
1. Ação Penal Popular – Pode ser iniciada por qualquer pessoa do povo. Exemplos? Art. 14 
da Lei n. 1.079/1950 – é, em verdade, uma notitia criminis. Para alguns: habeas corpus.
2. Ação Penal Ex Officio – Iniciada de ofício pelo juiz. Art. 531, CPP foi REVOGADO Lei n. 
11.719/2008 – trazia o processo judicialiforme. Doutrina traz como único exemplo na atualida-
de: concessão de HC de ofício pelos juízes e tribunais.
3. Ação Penal de Prevenção Geral – inimputável ao tempo do ato. Já inicia a ação penal 
buscando uma sentença absolutória imprópria.
4. Ação Penal Adesiva – Ministério Público oferece a denúncia com relação a determinado 
crime e o ofendido oferece uma queixa com relação a um outro crime, conexo àquele. Cami-
nharão juntos. Espécie de litisconsórcio no processo penal. Para alguns também a figura do 
assistente de acusação, baseado no conceito do direito alemão.
5. Ação Penal Secundária – Tipo principal traz a previsão de uma ação penal. Surgidas 
determinadas circunstâncias, é modificada a ação penal – ação penal secundária. Exemplo: 
Injúria – ação penal privada. Injúria racial – ação penal pública condicionada.
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6. Ação Penal Extensiva – Crimes complexos, formados da junção de mais de um crime. 
Se um dos crimes for de iniciativa pública, o crime que é formado da junção também será de 
iniciativa pública.
7. Ação Penal de Segundo Grau – Ação penal que já se desenvolve, desde o começo, em 
segundo grau de jurisdição.
Vamos em frente? Vamos analisar as famosas condições da ação. Como elas funcionam 
no direito processual penal? São as mesmas do direito processual civil? Hora de descobrir 
tudo isso!
6. CondIções dA Ação
6.1. noções gerAIs
Aqui nós temos dois grandes grupos: condições genéricas – que precisam estar presentes 
em todo e qualquer tipo de ação penal – e condições específicas, que como o nome indica, 
apenas são necessárias em determinados crimes, ou seja, alguns crimes precisarão, para que 
se inicie a respectiva ação penal, de condições específicas, além daquelas necessárias para 
todo e qualquer crime.
Mas afinal de contas, o que são as condições da ação? Tratam-se, em verdade, de condi-
ções para o exercício regular do direito de ação. Mas preste atenção aqui! Como o direito de 
ação é autônomo e abstrato, conforme vimos anteriormente, pode ser exercido mesmo que 
as condições não estejam presentes. O direito de invocar a tutela estatal é constitucional e 
incondicionado. Nada impede que o Ministério Público vá a juízo, pedindo a condenação de 
alguém, mesmo que se cuide de uma denúncia totalmente “fora da casinha”, sem qualquer 
sentido, sem a presença de qualquer condição, sem menor lastro em elementos de convicção 
que possam conduzir a uma mínima justa causa. Então, professora, essas condições aí não 
servem para nada, não é verdade? Servem sim! O que temos que diferenciar é o seguinte. Essa 
chamada dimensão constitucional do poder de invocar a tutela estatal, nos dizeres de Aury 
Lopes Jr, e a que nos referimos até agora, não se confunde com um segundo momento, que 
não é mais um momento atrelado ao plano constitucional, mas sim diretamente ligado ao as-
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pecto processual penal. É aqui que saberei se terei ou não uma resposta jurisdicional. É aqui, 
portanto, que adentro no campo das condições da ação. Quando falo em condições da ação 
penal, pois, tenho que ter em mente que elas são indispensáveis, em verdade, para que a má-
quina estatal seja efetivamente movimentada, para que o processo penal se desenvolva e eu 
possa ter, ao final, uma decisão sobre o mérito da causa. Resumindo: como o direito de ação é 
abstrato, eu posso ir a juízo falando um disparate qualquer. Agora, se esse meu clamor vai ou 
não seguir em frente, se vai ou não ser objeto de uma análise de mérito do Estado, isso sim é 
que depende do atendimento das condições da ação. Ficou claro?
Dito isso, perceba o que diz o art. 395 do CPP:
Art. 395. A denúncia ou queixa será rejeitada quando:
I – for manifestamente inepta;
II – faltar pressuposto processual ou condição para o exercício da ação penal;
III – faltar justa causa para o exercício da ação penal
Portanto, de acordo com o CPP, a presença das condições da açãoé verificada por ocasião 
da análise feita quando do oferecimento da peça acusatória. Ausente uma condição da ação, 
deve o juiz rejeitar a peça acusatória. O direito de ação já se exercitou, em sua concepção de 
direito público subjetivo (aspecto constitucional). Já fui a juízo pretendendo algo. No entanto, 
por não estar presente alguma ou alguma das condições da ação, não vou ter o recebimento 
da peça acusatória e o consequente prosseguimento do feito. A ausência de uma das condi-
ções da ação impede (veja que importante!) a análise sobre o mérito! Vale dizer, só vou ter uma 
sentença condenando ou absolvendo o réu se lá atrás for verificada a presença das condições 
da ação.
6.2. teorIA dA Asserção
Outro ponto bem bacana aqui! A presença das condições da ação deve ser analisada pelo 
juiz com base nos elementos fornecidos na peça acusatória, sem qualquer aprofundamento 
probatório. Em outros termos, oferecida a inicial, o juiz deve analisar se as condições da ação 
estão presentes ou não de acordo com o que foi narrado pelo autor da demanda. Assim, ofere-
cida denúncia em desfavor de “A”, como vou saber se ele é parte legítima para constar do polo 
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passivo daquela demanda? A partir da análise dos documentos que acompanham a inicial acu-
satória (que pode ser o inquérito policial ou não, conforme já falamos). Isso não significa que 
eu esteja dizendo que, por ser ele legítimo para estar no polo passivo da demanda, foi ele quem 
cometeu o fato criminoso. Fosse assim e o recebimento da peça inicial acusatória já implicaria 
em uma quase condenação do réu!
Desse modo é que a verificação das condições da ação é feita a partir de um juízo superfi-
cial, precário, prelibatório ou juízo de admissibilidade, mediante o qual, constatada a presença 
das condições da ação, deve o juiz receber a inicial acusatória. No entanto, se ocorrer de após 
a instrução criminal perceber a ausência de uma determinada condição da ação (como por 
exemplo: a parte não é legítima porque demonstrado que não foi ela quem praticou o crime), 
agora sim o juiz irá proferir um verdadeiro julgamento de mérito da causa, absolvendo o réu. 
E isso em nada influencia aquela condição da ação lá atrás verificada, justamente porque a 
análise se deu mediante esse juízo superficial, suficiente apenas e tão somente para deflagrar 
a ação penal.
6.3. CondIções dA Ação trAdICIonAIs
Antes de tratarmos das condições da ação que tradicionalmente são aplicadas ao proces-
so penal, preciso chamar a sua atenção para o seguinte. O Código de Processo Civil de 2015 
suprimiu qualquer menção ao termo “condição da ação”, apesar de ainda se referir à legitimi-
dade e ao interesse processual (art. 485, VI, CPC). Por outro lado, deixou de fazer qualquer re-
ferência à “possibilidade jurídica do pedido”. Tais alterações afetam o nosso direito processual 
penal? Precisamos analisar o seguinte. O Código de Processo Penal disciplina que a denúncia 
ou a queixa vai ser rejeitada quando ausente condição para o exercício da ação penal. Então 
temos aqui regra própria, disciplinando as condições da ação penal como necessárias para 
que a denúncia ou a queixa sejam devidamente recebidas pelo juiz. Mas quais seriam as con-
dições da ação?
Sempre bebemos da fonte do direito processual civil para de lá resgatar aquelas três fa-
mosas condições da ação, quais seja, legitimidade de parte, interesse de agir e possibilidade 
jurídica do pedido. A ausência de previsão da possibilidade jurídica do pedido no Código de 
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Processo Civil levantou vozes de parte da doutrina para dizer que ela agora também não mais 
interessa ao processo penal. Vale dizer também que há diversos doutrinadores que criticam o 
fato de irmos ao processo civil e pegar institutos que são próprios dele e aplicá-los sem uma 
adaptação ao processo penal. Por isso que alguns defendem a existência de condições pró-
prias da ação para o processo penal.
A despeito de toda essa divergência, vamos combinar o seguinte: 1) vamos analisar as 
condições da ação tradicionais, essas mesmas que vamos correndo lá no processo civil para 
pegá-las emprestadas, porque muitos concursos seguem essa orientação; 2) nesse pegar 
emprestado, vamos continuar tratando sobre a possibilidade jurídica do pedido, apesar de o 
proprietário (o Código de Processo Civil), não ter mais essa condição disponível para emprés-
timo – o famoso “o seguro morreu de velho” explica os motivos de darmos uma passadinha 
por esse tema; 3) vamos analisar também as condições trazidas por parte da doutrina como 
sendo próprias do processo penal, desgarradas daquele simples crtl C + crtl V das ideias do 
processo civil.
Dito tudo isso, vamos ao trabalho, explicando cada uma dessas condições da ação, em sua 
aplicação no processo penal.
6.3.1. Legitimidade para Agir
Aqui tratamos da pertinência subjetiva da ação. Vale dizer, preocupamos em saber quem 
pode ingressar em juízo com determinada pretensão (legitimação ativa) e quem pode estar 
como sujeito passivo daquela mesma demanda (legitimidade passiva).
Iniciemos pela legitimidade ativa, que diz respeito a quem pode ajuizar a ação penal. De 
início vale ressaltar que a análise da legitimidade ativa confirma o aspecto subjetivo da ação 
que mencionamos. Por quê? A ação penal já nasce ligada a um determinado sujeito que pode 
movimentar a atuação estatal. E como saber quem é o legitimado ativo? Como saber quem é 
o sujeito que pode ir a juízo pleiteando que o Estado-juiz aplique o direito penal ao caso con-
creto? Aqui depende da espécie de ação penal prevista na norma – se for ação penal pública, 
o legitimado será o Ministério Público; se for privada, será o ofendido ou seu representante 
legal. Pronto! Verifico isso com facilidade por meio de uma mera leitura da lei! Inclusive aqui 
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já verificamos uma das funções da análise de qual o tipo de ação penal de determinado crime, 
pois a partir dessa informação, vamos saber quem é legitimado para dar início à ação penal. 
Então se, por exemplo, determinada pessoa foi vítima de crime de estelionato, e muito chatea-
da com aquele fato resolve contratar advogado para que ele promova uma ação penal privada, 
isso não vai dar certo! E por que não? Porque o crime de estelionato apenas se processa, via 
de regra, mediante ação penal pública condicionada, conforme as alterações promovidas pela 
Lei n. 13.964, de 24 de dezembro de 2019! Então a vítima não tem legitimidade para ir a juízo, 
promover a ação penal privada. Faltará uma das condições da ação: a legitimidade para agir. 
E qual a consequência disso? A rejeição da peça inicial acusatória.
Obs.: � Isso não significa que a vítima nunca possa iniciar a ação penal no caso de crime de 
estelionato (ou outro crime que se processe mediante ação penal pública e que tenho 
uma vítima certa). E por que não? Temos que lembrar da ação penal privada subsi-
diária da pública, da qual falaremos mais à frente. Portanto, constatada a inércia do 
Ministério Público, pode sim a vítima ir a juízo para iniciar a ação penal privada subsi-
diária da pública no caso do crime do nosso exemplo, explicando que está agindo por 
conta da inércia do órgão ministerial. Mais adiante trataremos de todos os detalhes 
dessa iniciativa do ofendido. Segura aí!
Pessoa jurídica no polo ativo é possível quando, por exemplo, for ela vítima de crime contra 
a honra. Nesse caso, como fica a atuação da pessoa jurídica em juízo? O art. 37 do CPP nos 
responde:
As fundações, associações ou sociedades legalmente constituídas poderão exercer a ação penal, 
devendo ser representadas por quem os respectivos contratosou estatutos designarem ou, no si-
lêncio destes, pelos seus diretores ou sócios-gerentes.
E a legitimidade passiva? Aqui, diz respeito a quem pode ser réu no processo penal. Profes-
sora, pode ser réu no processo penal quem cometeu um crime, não é isso? Sem dúvida! Mas 
aqui, ainda estamos analisando as condições da ação! Lembra o que falamos anteriormente? 
É feita uma análise superficial, uma espécie de “cara crachá” para constatar se há elementos 
mínimos que indiquem aquela pessoa como sendo a possível autora do fato criminoso. Se o 
sujeito diz que não é o autor, que é inocente, isso é análise de mérito! Portanto, essa análise só 
vai ser feita mais adiante, após a regular instrução do feito.
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E quanto vamos verificar a ilegitimidade no polo passivo? Uma hipótese que pode se dar é 
a indicação na denúncia ou queixa de um homônimo. Você tem como réu de um determinado 
processo Tício da Silva Pereira. O juiz recebe a denúncia, pois verifica, a partir da análise do in-
quérito, indícios de ter sido Tício da Silva Pereira o autor do fato criminoso em apuração. Mas 
aí, citado, Tício demonstra que tem outra pessoa, com o mesmo nome dele, e que é o possível 
autor do fato criminoso. Feita a análise das impressões digitais, constata-se que, de fato, houve 
um equívoco na indicação do polo passivo daquela demanda, sendo acionada pessoa diversa 
do possível autor do fato criminoso, em decorrência da confusão causada pelo homônimo. Aqui 
estamos diante de uma clara ausência de condição da ação – legitimidade passiva. Também é 
possível que tenha se dado a incorreta indicação do nome do réu na peça de início, em virtude 
de erro no instante da confecção da denúncia ou queixa. O juiz analisa a peça e constata que foi 
indicado como réu determinado indivíduo cujo nome não aparece em instante algum na investi-
gação criminal, sequer como testemunha. Isso pode acontecer? Ora, em tempos de Crtl v + Crtl 
c, não se pode duvidar de nada! Então sim, é comum que esse erro ocorra, implicando na rejeição 
da denúncia, pois indicado no polo passivo pessoa diversa do possível autor do fato criminoso.
Então, quem pode estar no polo passivo de uma ação penal é a pessoa com idade igual ou 
superior a 18 anos, ainda que inimputável em razão de doença mental, e que seja o possível au-
tor do fato descrito na denúncia ou queixa. Lembra a ação de prevenção penal? O inimputável 
(em razão de doença mental) pode sim ser processado criminalmente. O que muda é eventual 
consequência da conclusão de ter sido ele efetivamente o autor da infração penal. Já quem 
tem menos de 18 anos não pode estar no polo passivo da ação penal. Se por algum motivo 
extraterreno resolver o Ministério Público denunciar um adolescente de 17 anos, não tem esca-
patória – essa ação penal vai ser rejeitada de plano! Portanto, pode ser réu no processo penal 
o possível autor de um fato criminoso, que tenha mais de 18 anos.
E as pessoas jurídicas? Elas também podem estar no polo passivo de uma ação penal? 
A Constituição da República diz no art. 173 que a pessoa jurídica pode ser responsabilizada 
criminalmente quanto aos crimes ambientais, mas também quanto aos crimes contra a or-
dem econômica, financeira e contra a economia popular, na forma da lei. Não há lei ordinária 
regulando a responsabilidade penal da pessoa jurídica no que diz respeito aos crimes contra a 
ordem econômica, financeira e contra a economia popular.
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Quanto aos crimes ambientais, no entanto, a situação é diferente. De início, o art. 225 
da Constituição da República, no seu parágrafo terceiro, fala sobre a responsabilidade pe-
nal da pessoa jurídica quanto aos crimes ambientais. A Lei n. 9.605/1998 regulamenta a 
responsabilidade penal da pessoa jurídica. Dessa forma, temos que no nosso ordenamen-
to jurídico é possível que a pessoa jurídica esteja no polo passivo de determinada ação 
penal, desde que se cuide de crime ambiental.
Quanto a este ponto – responsabilização criminal da pessoa jurídica, vale a pena falar-
mos rapidamente da teoria da dupla imputação. O que significa isso? Durante algum tem-
po, os tribunais superiores entenderam que era necessário, para responsabilizar a pessoa 
jurídica, que se indicasse também, no polo passivo da demanda, a pessoa física que agia 
em nome dela. Ou seja, a pessoa jurídica só poderia ser responsabilizada se também hou-
vesse a imputação do fato a uma determinada pessoa física. A jurisprudência, entretanto, 
evoluiu, tendo sido abandonada a teoria da dupla imputação. Nesse sentido:
DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL. DESNECESSIDADE DE DUPLA IMPUTAÇÃO 
EM CRIMES AMBIENTAIS. É possível a responsabilização penal da pessoa jurídica 
por delitos ambientais independentemente da responsabilização concomitante da 
pessoa física que agia em seu nome. Conforme orientação da Primeira Turma do 
STF, “O art. 225, § 3º, da Constituição Federal não condiciona a responsabiliza-
ção penal da pessoa jurídica por crimes ambientais à simultânea persecução penal 
da pessoa física em tese responsável no âmbito da empresa. A norma constitu-
cional não impõe a necessária dupla imputação” (RE 548.181, Primeira Turma, DJe 
29/10/2014). Diante dessa interpretação, o STJ modificou sua anterior orientação, de 
modo a entender que é possível a responsabilização penal da pessoa jurídica por deli-
tos ambientais independentemente da responsabilização concomitante da pessoa 
física que agia em seu nome. Precedentes citados: RHC 53.208-SP, Sexta Turma, DJe 
1º/6/2015; HC 248.073-MT, Quinta Turma, DJe 10/4/2014; e RHC 40.317-SP, Quinta 
Turma, DJe 29/10/2013. RMS 39.173-BA, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, jul-
gado em 6/8/2015, DJe 13/8/2015.
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Alguns “entes” também podem ir a juízo no processo penal, mesmo que não possuam perso-
nalidade jurídica! Quando temos esse cenário? O Código de Defesa do Consumidor possibilita 
que certas entidades e órgãos da administração pública, direta e indireta, ainda que sem per-
sonalidade jurídica, assim como as associações legalmente constituídas há pelo menos um 
ano e que incluam entre seus fins institucionais a defesa dos interesses e direitos protegidos 
por aquele código, atuem como assistentes do Ministério Público e, também, olhem aqui a 
importância, ajuízem a queixa-crime em caso de inércia do órgão ministerial! É isso mesmo! 
Abre-se a possibilidade de tais entes virem a juízo, no polo ativo, promovendo a ação penal, na 
chamada ação penal privada subsidiária da pública. Tal previsão está no art. 80 do CDC:
Art. 80. No processo penal atinente aos crimes previstos neste código, bem como a outros crimes e 
contravenções que envolvam relações de consumo, poderão intervir, como assistentes do Ministé-
rio Público, os legitimados indicados no art. 82, inciso III e IV, aos quais também é facultado propor 
ação penal subsidiária, se a denúncia não for oferecida no prazo legal.
Art. 82. Para os fins do art. 81, parágrafo único, são legitimados concorrentemente:
(...)
II – a União, os Estados, os Municípios e o Distrito Federal;
III – as entidades e órgãos da Administração Pública, direta ou indireta, ainda que sem personalidade 
jurídica, especificamente destinados à defesa dos interesses e direitos protegidos por este código;
Outro ponto importante que temos que visitar são os conceitos de legitimação ordinária 
e extraordinária. Na legitimação ordinária, alguém pede em seu próprio nome um direito 
também próprio. Essa é a regra: ir a juízo defender um direito seu. É o caso da legitimação 
do Ministério Público para iniciar a ação penal pública. Mas aqui pode surgir uma dúvida: 
como assim dizer que o

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