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38347920-inquerito-policial - Direito Processual Penal - 2020GRAN CURSOS

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SISTEMA DE ENSINO
DIREITO 
PROCESSUAL 
PENAL
Inquérito Policial
Livro Eletrônico
2 de 145https://www.facebook.com/groups/2095402907430691
Geilza Diniz
Inquérito Policial
DIREITO PROCESSUAL PENAL
Inquérito Policial . ................................................................................................................................................................ 4
Conceito . .................................................................................................................................................................................... 4
“Pacote anticrime” e Contraditório no Inquérito (?) . ................................................................................5
Finalidade e Valor Probatório do Inquérito . ................................................................................................... 7
Polícia Judiciária . ..................................................................................................................................................................9
Atribuição dos Delegados . ............................................................................................................................................9
Vícios do Inquérito . ......................................................................................................................................................... 10
Poder de Investigação do MP: . ................................................................................................................................ 10
Características .................................................................................................................................................................... 13
Formas de Instauração do Inquérito Policial . ..............................................................................................17
Notitia Criminis e Delatio Criminis . ...................................................................................................................... 18
Identificação Criminal: Datiloscópica, Fotográfica (Lei n. 12037/09), do Perfil 
Genético (Lei n. 12654/2012) . ................................................................................................................................. 19
Indiciamento: . ...................................................................................................................................................................... 21
Conclusão do Inquérito Policial . .......................................................................................................................... 23
Relatório . ............................................................................................................................................................................... 24
Arquivamento do Inquérito Policial . ................................................................................................................. 25
Fundamentos para o Arquivamento do Inquérito . .................................................................................27
Formas de Arquivamento . ........................................................................................................................................ 28
Coisa Julgada no Arquivamento do Inquérito Policial ........................................................................ 32
Desarquivamento ............................................................................................................................................................ 36
Juiz das Garantias . ...........................................................................................................................................................37
Acordo de Não Persecução Penal ....................................................................................................................... 48
***
C
U
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A
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C
U
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SO
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divisão
de custos
ClIqUe PaRa InTeRaGiR
Facebook
Gmail
Whatsapp
3 de 145https://www.facebook.com/groups/2095402907430691
Geilza Diniz
Inquérito Policial
DIREITO PROCESSUAL PENAL
Resumo ................................................................................................................................................................................... 54
Súmulas Pertinentes: . ................................................................................................................................................. 55
Jurisprudência Pertinente: . ...................................................................................................................................... 56
Questões de Concurso . ............................................................................................................................................... 63
Gabarito................................................................................................................................................................................... 87
Gabarito Comentado . ....................................................................................................................................................88
Referências . ........................................................................................................................................................................142
***
4 de 145https://www.facebook.com/groups/2095402907430691
Geilza Diniz
Inquérito Policial
DIREITO PROCESSUAL PENAL
INQUÉRITO POLICIAL
ConCeito
O tema do inquérito policial é um dos mais cobrados em concursos da magistratura e 
Ministério Público e, por isso, requer total atenção do candidato.
A persecução criminal é dever do Estado, consistindo o processo penal em um instrumen-
to para a aplicação da lei penal, instrumento esse que deve ser exercitado mediante a obser-
vação dos direitos e garantias fundamentais do autor do crime.
Ao Estado incumbe o esclarecimento dos fatos e de suas circunstâncias, e o inquérito po-
licial é destinado à apuração da justa causa, para que o titular da ação penal, posteriormente, 
ingresse em juízo.
Assim, podemos conceituar o inquérito policial como sendo um complexo de diligências 
que são efetivadas pela polícia investigativa, com objetivo de reunir elementos de informação 
suficientes a respeito da autoria e da materialidade de uma determinada infração penal, a fim 
de propiciar a futura ação penal, por parte de seu titular.
É importante ressaltar que o inquérito policial não é a única forma de investigação de cri-
mes e de sua autoria e que o STF entendeu ser possível a condução de investigações criminais 
pelo Ministério Público (RE 593727). Saliente-se, todavia, que não cabe ao MP a presidência 
do inquérito, mas sim de outras formas de investigação. Também são possíveis outras formas 
de investigação, como as realizadas pelo COAF, a investigação defensiva por Defensores etc.
Embora a inquisitorialidade seja característica do inquérito, não é correto afirmar que o 
inquérito é um sistema inquisitorial, pois a expressão “sistema” se refere tão somente aos 
processos e não a procedimentos.
Podemos, com essas noções iniciais, voltar ao conceito de “inquérito”: procedimento de 
natureza administrativa que tem por finalidade levantar requisitos mínimos, elementos de 
informação, para o futuro exercício da ação penal, ou seja, indícios de autoria e materialidade.
Como um procedimento administrativo, do inquérito policial não decorrem sanções pe-
nais, diversamente do que ocorre com processos administrativos e judiciais. Por exemplo, 
***
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Geilza Diniz
Inquérito Policial
DIREITO PROCESSUAL PENAL
quando alguém responde a um processo administrativo, pode receber uma sanção ao final do 
processo, como é o caso da advertência, suspensão e demissão.
Deve-se lembrar dos sistemas processuais, ou seja, o sistema acusatório, inquisitório e 
misto.Essa noção de sistemas se refere apenas ao processo, de forma que o inquérito poli-
cial, não sendo processo, não se enquadra nessa classificação de sistemas.
Por isso, sabendo que o inquérito não é processo, o contraditório e a ampla defesa a ele não 
se aplicam, pois a CF assevera que o contraditório e ampla defesa são aplicáveis ao processo.
“PaCote antiCrime” e Contraditório no inquérito (?)
Importante alteração na sistemática do inquérito foi introduzida pela Lei n. 13.964/2019, 
ao prever, expressamente, a hipótese de citação no inquérito policial, quando forem investi-
gados policial e demais servidores vinculados às instituições disposta no art. 144 da Consti-
tuição, ou seja:
Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida 
para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos 
seguintes órgãos:
I – polícia federal;
II – polícia rodoviária federal;
III – polícia ferroviária federal;
IV – polícias civis;
V – polícias militares e corpos de bombeiros militares.
VI – polícias penais federal, estaduais e distrital.
Além do investigado ser policial, é necessário, para aplicação do procedimento previsto no 
art. 14-A do CPP, que o objeto do inquérito seja a investigação de fatos relacionados ao uso da 
força letal e que esses fatos tenham sido praticados no exercício profissional, tanto na forma 
tentada como na forma consumada, mesmo que o fato tenha sido praticado em situação de 
excludente de ilicitude.
Satisfeitos tais requisitos, o investigado será citado e poderá constituir defensor no prazo 
de 48 horas, a contar do recebimento da citação. Caso não constitua defensor, a autoridade 
policial deverá intimar a instituição a que estava vinculado o investigado, para que constitua 
defensor para o investigado, em novo prazo de 48 horas.
***
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Geilza Diniz
Inquérito Policial
DIREITO PROCESSUAL PENAL
Esse procedimento também se aplica aos servidores militares vinculados às Forças Arma-
das, se os fatos investigados disserem respeito a missões para a Garantia da Lei e da Ordem.
Essa previsão de uma citação no inquérito policial não foi uma opção tecnicamente cor-
reta do legislador, considerando que a citação é um ato de comunicação processual, por meio 
do qual se dá ciência de uma acusação ao réu. Logo, a citação pressupõe um processo e 
completa a relação jurídico-processual. Tecnicamente, portanto, não é correto falar em “cita-
ção” no inquérito. Melhor teria feito o legislador se previsse a notificação do investigado.
Obs.: � Chamo a atenção do aluno, todavia, para o fato de que as bancas examinadoras deve-
rão cobrar o texto expresso da lei. Assim, apesar da falta de técnica, como a expres-
são utilizada pelo legislador foi “citação”, assim deverá ser cobrada.
Em resumo, temos que, no caso de policial investigado por fato relacionado ao uso da 
força letal praticado no exercício da profissão, na forma tentada ou consumada, inclusive sob 
excludente da ilicitude, deverá ele ser citado para constituir defensor no prazo de 48 horas a 
contar do recebimento da citação. Caso não o faça, a autoridade policial deverá intimar a ins-
tituição a que ele era vinculado, para que constitua defensor em 48 horas.
Vejamos o texto da lei:
Art. 14-A. Nos casos em que servidores vinculados às instituições dispostas no art. 144 da Cons-
tituição Federal figurarem como investigados em inquéritos policiais, inquéritos policiais militares 
e demais procedimentos extrajudiciais, cujo objeto for a investigação de fatos relacionados ao uso 
da força letal praticados no exercício profissional, de forma consumada ou tentada, incluindo as 
situações dispostas no art. 23 do Decreto-Lei n. 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), 
o indiciado poderá constituir defensor. (Incluído pela Lei n. 13.964, de 2019)
§ 1º Para os casos previstos no caput deste artigo, o investigado deverá ser citado da instauração 
do procedimento investigatório, podendo constituir defensor no prazo de até 48 (quarenta e oito) 
horas a contar do recebimento da citação. (Incluído pela Lei n. 13.964, de 2019)
§ 2º Esgotado o prazo disposto no § 1º deste artigo com ausência de nomeação de defensor pelo 
investigado, a autoridade responsável pela investigação deverá intimar a instituição a que estava 
vinculado o investigado à época da ocorrência dos fatos, para que essa, no prazo de 48 (quarenta 
e oito) horas, indique defensor para a representação do investigado. (Incluído pela Lei n. 13.964, 
de 2019)
§ 3º (VETADO). (Incluído pela Lei n. 13.964, de 2019)
§ 4º (VETADO). (Incluído pela Lei n. 13.964, de 2019)
§ 5º (VETADO). (Incluído pela Lei n. 13.964, de 2019)
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Geilza Diniz
Inquérito Policial
DIREITO PROCESSUAL PENAL
§ 6º As disposições constantes deste artigo se aplicam aos servidores militares vinculados às 
instituições dispostas no art. 142 da Constituição Federal, desde que os fatos investigados digam 
respeito a missões para a Garantia da Lei e da Ordem. (Incluído pela Lei n. 13.964, de 2019).
Finalidade e Valor Probatório do inquérito
O objetivo central do inquérito é a formação da opinio delicti, a opinião acerca do delito, 
para fins de instauração, ou não, da futura ação penal, tanto para o Ministério Público, no caso 
das ações penais públicas, como para o querelante, nas ações penais privadas.
Essa formação da opinio delicti se dá pela colheita de elementos de informação. Em regra, 
não há provas produzidas no inquérito, pois o CP, em seu art. 155, distingue provas de elemen-
tos de informação, sendo as provas aquelas produzidas em contraditório judicial e tudo o que 
não observar esses dois elementos, será elemento de informação.
Observe ainda, da leitura do art. 155 do CP, que os elementos de informação podem ser 
utilizados para fundamentar uma condenação, mas não de forma exclusiva:
Art. 155. O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em contraditório 
judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos informativos colhi-
dos na investigação, ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e antecipadas.
Desse dispositivo, observe a diferença:
Provas Elementos de informação
Produção em contraditório judicial Não há contraditório judicial
Pode fundamentar uma condenação, por si só Não pode, por si só, fundamentar uma condenação.
Se forem provas cautelares, repetíveis ou 
antecipadas, possuem o “status” de prova.
Esse artigo foi objeto da chamada microrreforma do CPP e passou a prever expressamente 
o que já era consolidado na jurisprudência, no sentido de que os elementos de informação co-
lhidos no inquérito policial precisavam ser corroborados por provas colhidas em contraditório.
Podemos, assim, concluir acerca do valor probatório do inquérito. Como os elementos de 
informação não são produzidos com contraditório ou ampla defesa, seu valor probatório é 
relativo, devendo ser olhado de forma mitigada, já que os referidos elementos de informação 
não podem fundamentar, de forma exclusiva, uma condenação.
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Geilza Diniz
Inquérito Policial
DIREITO PROCESSUAL PENAL
Observe, todavia, que algumas provas foram excepcionadas pelo legislador, que conferiu 
a elas um status de prova independente do momento em que foram produzidas e indepen-
dente se foram produzidas perante o juiz ou não: são as provas cautelares, antecipadas e não 
repetíveis. Essas, ainda que produzidas durante o inquérito, poderão fundamentar, por si sós, 
uma condenação.
Observe que o art. 155 do CPP deve ser interpretado em consonância com o art. 386 do 
CPP, do que deriva que os elementos de informação não servem, por si sós, para fundamentar 
uma condenação, mas podem ser utilizados para fundamentar uma absolvição, o que é con-
sentâneo com o princípio favor rei.Deve-se observar ainda o teor da Súmula n. 14 do STF:
É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de 
prova que, já documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com 
competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa.
A súmula não instituiu a ampla defesa e o contraditório no inquérito policial, mas tão 
somente o direito de vista, e apenas em relação ao que já foi documentado no procedimento 
investigatório. Além disso, é necessário que esse acesso diga respeito ao direito de defesa do 
investigado, patrocinado pelo defensor.
O enunciado não andou bem ao utilizar a expressão “elementos de prova”, pois, em se tra-
tando que inquérito policial, não há provas, mas sim elementos de informação, ressalvadas, 
repise-se, as provas cautelares, antecipadas e não repetíveis.
O STF decidirá, ainda, sobre a tramitação direta do inquérito policial, entre delegacia e o MP. 
Atualmente, diversos estados e a Justiça Federal tem adotado a tramitação direta, tendo o 
STJ assim decidido sobre o tema:
REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. TRAMITAÇÃO DIRETA DE INQUÉRITOS ENTRE A 
POLÍCIA JUDICIÁRIA E O MINISTÉRIO PÚBLICO. POSSIBILIDADE.
***
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Geilza Diniz
Inquérito Policial
DIREITO PROCESSUAL PENAL
CELERIDADE E ECONOMIA PROCESSUAL. INCIDÊNCIA DO ÓBICE DO ENUNCIADO N.º 83 
DA SÚMULA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. AGRAVO DESPROVIDO.
1. Esta Corte Superior de Justiça já firmou entendimento no sentido não haver nenhuma 
ilegalidade na tramitação direta de inquéritos entre a Polícia Judiciária e o Ministério 
Público, pois tal procedimento atende à garantia da duração razoável do processo, assim 
como aos postulados da economia processual e da eficiência.
2. Aresto que se alinha a entendimento pacificado neste Sodalício, situação que atrai o 
óbice do Verbete Sumular n.º 83/STJ, também aplicável ao recurso especial interposto 
com fundamento na alínea a do permissivo constitucional.
3. Agravo regimental desprovido.
(AgRg no REsp 1543205/SC, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, julgado em 
04/05/2017, DJe 10/05/2017)
Nesse caso, só seria necessária a distribuição do inquérito no caso de pedido sujeito à reser-
va de jurisdição, como, por exemplo, pedido de interceptação telefônica, de prisão preventiva, 
dentre outros.
PolíCia JudiCiária
As atribuições da polícia podem ser dividas em:
• Polícia administrativa: possui viés preventivo, ou seja, tem a finalidade de evitar crimes.
• Polícia judiciaria: é a que atua em cumprimento de determinações judiciais, como, por 
exemplo, a que cumpre mandado de busca e apreensão.
• Polícia investigativa: é a que tem por atribuição coletar elementos de informação para via-
bilizar indícios e materialidade, ou seja, atribuição que envolve a presidência do inquérito 
policial.
atribuição dos delegados
Da análise literal do art. 4º do CPP, poderíamos auferir que o delegado possui competência:
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Geilza Diniz
Inquérito Policial
DIREITO PROCESSUAL PENAL
Art. 4º A polícia judiciária será exercida pelas autoridades policiais no território de suas respectivas 
circunscrições e terá por fim a apuração das infrações penais e da sua autoria.
Parágrafo único. A competência definida neste artigo não excluirá a de autoridades administrati-
vas, a quem por lei seja cometida a mesma função.
A competência, no entanto, é medida de jurisdição, de forma que não é correto falar em 
“competência da autoridade policial”, mas sim de “atribuição”. Essa atribuição é firmada, 
como regra geral, pelo local do fato e natureza da infração.
VíCios do inquérito
Sendo o inquérito um procedimento administrativo e não processo, não há que se falar 
em “nulidade no inquérito”. Com efeito, o conceito de “nulidade” se refere a atos processuais 
e não a atos de procedimento administrativo.
Lembre-se que o inquérito é procedimento administrativo (e não processo) porque dele 
não decorre nenhuma sanção penal. Ao fim do inquérito, ele será relatado, não havendo qual-
quer aplicação de sanção possível, ao investigado. Veja que a possibilidade de haver alguma 
medida cautelar decretada não se confunde com sanção.
Sendo assim, por ser procedimento administrativo, eventuais vícios (e não nulidades) 
existentes não contaminam a futura ação penal. Mas, atenção: se o vício for referente a prova 
ilícita, ela deverá ser desentranhada do inquérito. Isso porque, embora a Constituição, ao tra-
tar das provas ilícitas, refira-se à inadmissibilidade no processo, havendo violação a direito 
fundamental, deve ser estendido o entendimento ao inquérito, com o desentranhamento de 
eventual elemento de informação ilícito.
Confira o teor do art. 5º da CF:
LVI – são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos;
Poder de inVestigação do mP:
Vimos que a presidência do inquérito é feita pela polícia judiciária, que tem função repres-
siva e atua após a prática do crime. Relembremos que o art. 4º do CPP dispõe:
***
11 de 145https://www.facebook.com/groups/2095402907430691
Geilza Diniz
Inquérito Policial
DIREITO PROCESSUAL PENAL
Art. 4º A polícia judiciária será exercida pelas autoridades policiais no território de suas respectivas 
circunscrições e terá por fim a apuração das infrações penais e da sua autoria.
Assim, quem tem atribuição de presidir o inquérito é a polícia judiciária.
Mas, sendo o Ministério Público o titular da ação penal pública, o titular da opinio delicti, 
podendo ele o mais, que é ajuizar a ação penal, não poderia o menos, que é o procedimento 
administrativo de colheita de provas?
Para isso, devemos diferenciar as expressões “poder de investigação” de “presidência de 
inquérito”. O MP pode efetivar investigações, mas não presidir inquérito.
Ao decidir sobre o tema, o STF entendeu que como cabe ao MP controle externo da ati-
vidade policial, cabe também a ele a possibilidade de investigar, ou seja: “quem pode o mais, 
pode o menos”.
O órgão decidiu ainda que essa atividade do MP deve ser eventual, subsidiaria, em casos 
específicos e não atividade principal. Ex.: corporativismo comprovado, inercia policial, dentre 
outras. Veja esse precedente:
Repercussão geral. Recurso extraordinário representativo da controvérsia. Constitu-
cional. Separação dos poderes. Penal e processual penal. Poderes de investigação do 
Ministério Público. 2. Questão de ordem arguida pelo réu, ora recorrente. Adiamento 
do julgamento para colheita de parecer do Procurador-Geral da República. Substituição 
do parecer por sustentação oral, com a concordância do Ministério Público. Indeferi-
mento. Maioria. 3. Questão de ordem levantada pelo Procurador-Geral da República. 
Possibilidade de o Ministério Público de estado-membro promover sustentação oral 
no Supremo. O Procurador-Geral da República não dispõe de poder de ingerência na 
esfera orgânica do Parquet estadual, pois lhe incumbe, unicamente, por expressa defi-
nição constitucional (art. 128, § 1º), a Chefia do Ministério Público da União. O Ministé-
rio Público de estado-membro não está vinculado, nem subordinado, no plano proces-
sual, administrativo e/ou institucional, à Chefia do Ministério Público da União, o que lhe 
confere ampla possibilidade de postular, autonomamente, perante o Supremo Tribunal 
Federal, em recursos e processos nos quais o próprio Ministério Público estadual seja 
um dos sujeitos da relação processual. Questão de ordem resolvida no sentido de asse-
gurar ao Ministério Público estadual a prerrogativa de sustentar suas razões da tribuna. 
***
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Geilza Diniz
Inquérito Policial
DIREITO PROCESSUAL PENAL
Maioria. 4. Questão constitucional com repercussão geral. Poderes de investigação do 
Ministério Público. Os artigos 5º, incisos LIV e LV, 129, incisos III e VIII, e 144, inciso IV, 
§ 4º,da Constituição Federal, não tornam a investigação criminal exclusividade da polí-
cia, nem afastam os poderes de investigação do Ministério Público. Fixada, em reper-
cussão geral, tese assim sumulada: “O Ministério Público dispõe de competência para 
promover, por autoridade própria, e por prazo razoável, investigações de natureza penal, 
desde que respeitados os direitos e garantias que assistem a qualquer indiciado ou a 
qualquer pessoa sob investigação do Estado, observadas, sempre, por seus agentes, 
as hipóteses de reserva constitucional de jurisdição e, também, as prerrogativas profis-
sionais de que se acham investidos, em nosso País, os Advogados (Lei 8.906/94, artigo 
7º, notadamente os incisos I, II, III, XI, XIII, XIV e XIX), sem prejuízo da possibilidade – 
sempre presente no Estado democrático de Direito – do permanente controle jurisdicio-
nal dos atos, necessariamente documentados (Súmula Vinculante 14), praticados pelos 
membros dessa instituição”. Maioria. 5. Caso concreto. Crime de responsabilidade de 
prefeito. Deixar de cumprir ordem judicial (art. 1º, inciso XIV, do Decreto-Lei n. 201/67). 
Procedimento instaurado pelo Ministério Público a partir de documentos oriundos de 
autos de processo judicial e de precatório, para colher informações do próprio suspeito, 
eventualmente hábeis a justificar e legitimar o fato imputado. Ausência de vício. Negado 
provimento ao recurso extraordinário. Maioria.
(RE 593727, Relator(a): Min. CEZAR PELUSO, Relator(a) p/ Acórdão: Min. GILMAR 
MENDES, julgado em 14/05/2015, publicado em 08/09/2015, Tribunal Pleno)
Veja que o STF decidiu sobre os poderes de investigação do MP e não sobre poder de pre-
sidir inquérito policial, sendo muito importante que você perceba essa diferença.
Assim, o MP não pode presidir o inquérito, mas pode fazer outras investigações, inclusive 
investigações paralelas ao inquérito policial. Perceba que na decisão do STF, foram estipula-
dos alguns requisitos a serem observados pelo MP:
• respeitar os direitos e garantias fundamentais do investigado;
• observar a reserva constitucional de jurisdição, ou seja, as providências que só o juiz 
pode autorizar, como, por exemplo, uma interceptação telefônica;
• preservar as prerrogativas dos advogados.
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13 de 145https://www.facebook.com/groups/2095402907430691
Geilza Diniz
Inquérito Policial
DIREITO PROCESSUAL PENAL
O Supremo entendeu, portanto, que a investigação promovida pelo MP deve seguir os 
mesmos preceitos informativos do inquérito, ou seja, ato formal, instauração procedimento e, 
se eventualmente, não for o caso de ajuizamento de ação penal, deverão ser arquivados pelo 
juiz. (STF, HC 84965/MG).
CaraCterístiCas
São conhecidas as características do IP com o mnemônico “É IDOSO”.
Em primeiro lugar, o inquérito é um procedimento escrito, nos termos do art. 9º do CPP:
Art. 9º Todas as peças do inquérito policial serão, num só processado, reduzidas a escrito ou dati-
lografadas e, neste caso, rubricadas pela autoridade.
Já com relação aos Juizados Especiais Criminais, nas infrações de menor potencial ofen-
sivo, o procedimento é o termo circunstanciado, que é menos formal e não se submete ao 
art. 9º do CPP.
Não esqueça que o CPP é da década de 40 e, portanto, não houve a previsão de gravação 
áudio visual em inquérito. Todavia, caso isso seja feito, não gerará nulidade da futura ação penal.
O inquérito é indisponível, para a autoridade policial, o que significa que, uma vez instau-
rado, não pode o delegado dispor, desistir ou arquivar o inquérito:
Art. 17. A autoridade policial não poderá mandar arquivar autos de inquérito.
Isso não se confunde com a instauração do inquérito. Para instaurar, o delegado deverá 
analisar a presença dos requisitos legais, só sendo obrigado a instaurar o inquérito na pre-
sença de todos os requisitos.
O inquérito é inquisitivo. Recorde que há três sistemas processuais: acusatório, inquisi-
tório e misto. Mas o inquérito não é processo, logo não há que se falar em que o sistema do 
inquérito é inquisitório, mas sim que ele possui características inquisitivas.
Aury Lopes Júnior e Antônio Scarance Fernandes afirmam que o inquérito seria uma in-
vestigação preliminar sujeita a contraditório diferido e ampla defesa, mas prevalece o enten-
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dimento de que o inquérito é uma investigação preliminar com características inquisitoriais. 
Assim, não se aplicam ao inquérito os princípios do contraditório e ampla defesa.
O inquérito é discricionário, pois há um rol não taxativo dos arts. 6º e 7º do CPP.
O princípio do devido processo legal possui dois aspectos: um procedimental e outro 
substancial. No procedimental, esse princípio significa observar as fases do rito. O Código de 
Processo Penal dispõe toda uma sequência procedimental que, se não for observada, poderá 
gerar a nulidade do processo.
Já no inquérito policial isso não acontece. Os arts. 6º e 7º do CPP dispõem algumas dili-
gências que a autoridade policial poderá tomar, mas esse rito não é taxativo, pois, para o in-
quérito, não se aplica o devido processo legal. A autoridade policial poderá fazer uma ou mais 
das diligências previstas de forma não taxativas, não precisando seguir uma ordem legal.
Vejam os dispositivos:
Art. 6º Logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, a autoridade policial deverá:
I – dirigir-se ao local, providenciando para que não se alterem o estado e conservação das coisas, 
até a chegada dos peritos criminais;
II – apreender os objetos que tiverem relação com o fato, após liberados pelos peritos criminais;
III – colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e suas circunstâncias;
IV – ouvir o ofendido;
V – ouvir o indiciado, com observância, no que for aplicável, do disposto no Capítulo III do Título 
VII, deste Livro, devendo o respectivo termo ser assinado por duas testemunhas que lhe tenham 
ouvido a leitura;
VI – proceder a reconhecimento de pessoas e coisas e a acareações;
VII – determinar, se for caso, que se proceda a exame de corpo de delito e a quaisquer outras 
perícias;
VIII – ordenar a identificação do indiciado pelo processo datiloscópico, se possível, e fazer juntar 
aos autos sua folha de antecedentes;
IX – averiguar a vida pregressa do indiciado, sob o ponto de vista individual, familiar e social, sua 
condição econômica, sua atitude e estado de ânimo antes e depois do crime e durante ele, e quais-
quer outros elementos que contribuírem para a apreciação do seu temperamento e caráter;
X – colher informações sobre a existência de filhos, respectivas idades e se possuem alguma de-
ficiência e o nome e o contato de eventual responsável pelos cuidados dos filhos, indicado pela 
pessoa presa.
Art. 7º Para verificar a possibilidade de haver a infração sido praticada de determinado modo, a au-
toridade policial poderá proceder à reprodução simulada dos fatos, desde que esta não contrarie a 
moralidade ou a ordem pública.
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O inquérito, sob a ótica do titular da ação penal, é dispensável, o que decorre dos arts. 12, 
27, 39, §5º e 46, §1º CPP. Assim, o titular da ação penal prescinde do prévio inquérito policial 
para a propositura da ação penal, ou seja, o inquérito não é uma condição de procedibilidade 
para a futura ação penal.
Veja, portanto, que sob a ótica da autoridade policial, presentes os requisitos legais, es-
pecialmente a justa causa, o inquérito é de instauração obrigatória. Já para o titular da ação 
penal, para fins de ajuizamento da demanda, o inquérito é dispensável.
Dispõe o art. 12, do CPP:
Art. 12. O inquérito policial acompanhará a denúncia ou queixa, sempre que servir de base a uma 
ou outra.
Lendo o dispositivo a contrario sensu, temos que se o inquérito não servir de base à de-
núncia ou queixa,ele não a acompanhará e, por isso, é dispensável.
Tem-se ainda no CPP:
Art. 39. O direito de representação poderá ser exercido, pessoalmente ou por procurador com po-
deres especiais, mediante declaração, escrita ou oral, feita ao juiz, ao órgão do Ministério Público, 
ou à autoridade policial.
§ 5º O órgão do Ministério Público dispensará o inquérito, se com a representação forem ofere-
cidos elementos que o habilitem a promover a ação penal, e, neste caso, oferecerá a denúncia no 
prazo de quinze dias.
Veja que aqui o legislador se refere à ação penal pública condicionada, mas prevalece o 
entendimento que a dispensabilidade é aplicável à qualquer ação penal, o que decorre da lei-
tura conjunta desse dispositivo com o art. 12 do CPP.
E se o inquérito estiver em tramitação, ou seja, já há inquérito instaurado, o MP poderia 
oferecer a denúncia antes da conclusão do inquérito?
Sim, se o MP, que é dominus litis entender que aqueles elementos de informação são su-
ficientes, o MP pode propor a ação penal.
O inquérito será dispensável sempre que o titular da ação penal entender que o inquérito 
não é necessário para embasar a denúncia ou queixa.
O inquérito policial é sigiloso, nos termos do art. 20 do CPP:
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A autoridade assegurará no inquérito o sigilo necessário à elucidação do fato ou exigido pelo inte-
resse da sociedade.
Nesse sentido, o sigilo pode ser aplicado até mesmo em todo os inquéritos abertos por 
determinada autoridade policial, pois trata-se de algo que é discricionário, ou seja, é de esco-
lha do Delegado de Polícia.
Verifique que, pela fórmula do art. 20 do CPP, a autoridade “assegurará no inquérito o 
sigilo necessário”, ou seja, cabe à autoridade verificar se é necessário, mas o CPP não exige 
fundamentação nesse sentido.
A Súmula Vinculante n. 14, STF, previu:
É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de 
prova que, já documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com 
competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa.
Essa súmula não revogou o sigilo, pois instituiu um acesso apenas aos elementos de in-
formação já documentados.
Por outro lado, veja que a incomunicabilidade prevista no CPP, que é de 1941, não foi 
recepcionada pela CF, pois está veda a incomunicabilidade do preso mesmo na vigência do 
estado de defesa, que é medida excepcional. Assim, em tempos normais, com mais razão 
não pode subsistir a incomunicabilidade (art. 136, §3º, IV, CF). Assim, o artigo abaixo não foi 
recepcionado pela Constituição:
Art. 21. A incomunicabilidade do indiciado dependerá sempre de despacho nos autos e somente 
será permitida quando o interesse da sociedade ou a conveniência da investigação o exigir.
Parágrafo único. A incomunicabilidade, que não excederá de três dias, será decretada por despa-
cho fundamentado do Juiz, a requerimento da autoridade policial, ou do órgão do Ministério Públi-
co, respeitado, em qualquer hipótese, o disposto no artigo 89, inciso III, do Estatuto da Ordem dos 
Advogados do Brasil (Lei n. 4.215, de 27 de abril de 1963)
O inquérito é procedimento oficial, pois não pode ser feito por qualquer pessoa, incumbindo 
ao Delegado de Polícia, seja ela federal ou civil, a presidência do inquérito policial, como já vimos. 
Assim, é de atribuição de órgão oficial, como previsto no art. 144, § 1º e 144, §4º da Constituição.
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Por fim, o inquérito é oficioso, pois cabe à autoridade policial o dever de agir de ofício, 
ao tomar conhecimento de crime de ação penal pública incondicionada, nos termos do art. 5º, 
inciso I, do CPP.
Nas ações penais públicas condicionadas e privadas, é necessária a manifestação do 
ofendido para o início do inquérito policial, para a sua instauração, mas, após, a autoridade 
policial age de ofício.
Formas de instauração do inquérito PoliCial
As formas de instauração do inquérito policial vão variar de acordo com a natureza da 
ação penal respectiva. Assim, colhe-se do CPP:
• De ofício pela autoridade policial (inciso I) – Ação penal pública incondicionada: como 
regra geral, o inquérito policial é instaurado de ofício, pois a maioria dos crimes pre-
vistos no Direito Penal brasileiro é de ação penal pública incondicionada. Apenas nos 
casos em que há previsão expressa do legislador é que a ação penal não será do tipo 
pública incondicionada.
• Por requerimento do ofendido ou seu representante (inciso II): a segunda forma de ins-
tauração do inquérito é mediante requerimento do ofendido ou de seu representante le-
gal, situação em que o requerimento, sempre que possível, deverá conter a narração do 
fato, com todas as suas circunstâncias, a individualização do indiciado ou seus sinais 
característicos e as razões de convicção ou presunção de ser ele o autor da infração, 
ou ainda as razões da impossibilidade de fazê-lo e a nomeação das testemunhas, com 
indicação de profissão e residência, tudo na forma no art. 5º, §1º, do CPP.
O CPP, no art. 5º, prevê as formas de instauração do inquérito policial, o que é feito a partir 
da natureza da ação penal:
Nos crimes de ação pública o inquérito policial será iniciado:
I – de ofício;
II – mediante requisição da autoridade judiciária ou do Ministério Público, ou a requerimento do 
ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo.
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§ 2º Do despacho que indeferir o requerimento de abertura de inquérito caberá recurso para o chefe 
de Polícia.
Em regra, não cabe recurso no inquérito policial; entretanto, quando se tratar de ação pe-
nal privada, se o ofendido fizer o requerimento para a instauração do inquérito e o delegado 
indeferir esse requerimento, caberá recurso ao chefe de polícia.
Veja-se que esse recurso previsto é, na verdade, um recurso administrativo, já que ainda 
não há ação penal.
Notitia CrimiNis e Delatio CrimiNis
Dá-se o nome de notitia criminis ao conhecimento da autoridade policial, que poderá ser 
espontâneo ou provocado, sobre determinado fato criminoso. A notitia criminis poderá ser de 
cognição imediata, direta ou espontânea, quando a autoridade policial toma conhecimento do 
crime por intermédio de suas atividades do dia a dia, por suas atividades rotineiras, como por 
exemplo, por meio da leitura de um jornal que narra um crime ocorrido no dia anterior.
Por outro lado, a “notitia criminis de cognição mediata, indireta ou provocada” é aquela 
que, como o nome diz, se dá de maneira indireta, como por meio de um requerimento do ofen-
dido para a instauração do inquérito policial.
Já na “notitia criminis de cognição obrigatória ou compulsória”, tem-se o conhecimento a 
respeito do crime, pela autoridade policial, pela prisão em flagrante e sua consequente apre-
sentação à autoridade policial.
Frise-se que a delatio criminis nada mais é do que uma espécie de notitia criminis, referin-
do-se à comunicação de um crime por terceira pessoa, à autoridade policial. Poderá ser “sim-
ples”, quando não contiver nenhum requerimento, ou “postulatória”, quando for acompanhada 
de requerimento de instauração de inquérito.
Chama-se de “notitia criminis inqualificada ou apócrifa” a denúncia anônima que serve 
para dar início às investigações, mas não é suficiente para a instauração do inquérito policial. 
Confira o entendimento do STF, noticiado no Informativo 819:
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As notícias anônimas (“denúncias anônimas”) não autorizam, por si sós, a propositura 
de ação penal ou mesmo, na fase de investigação preliminar, o emprego de métodosinvasivos de investigação, como interceptação telefônica ou busca e apreensão. Entre-
tanto, elas podem constituir fonte de informação e de provas que não podem ser sim-
plesmente descartadas pelos órgãos do Poder Judiciário. Procedimento a ser adotado 
pela autoridade policial em caso de “denúncia anônima”:
• Realizar investigações preliminares para confirmar a credibilidade da “denúncia”;
• Sendo confirmado que a “denúncia anônima” possui aparência mínima de procedência, 
instaura-se inquérito policial;
• Instaurado o inquérito, a autoridade policial deverá buscar outros meios de prova que 
não a interceptação telefônica (esta é a ultima ratio).
Se houver indícios concretos contra os investigados, mas a interceptação se revelar 
imprescindível para provar o crime, poderá ser requerida a quebra do sigilo telefônico ao 
magistrado. STF. 1ª Turma. HC 106152/MS, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 29/3/2016 
(Info 819).
identiFiCação Criminal: datilosCóPiCa, FotográFiCa (lei n. 12037/09), 
do PerFil genétiCo (lei n. 12654/2012)
Segundo disposto no CPP, a autoridade policial deverá ordenar a identificação do indicia-
do pelo processo datiloscópico:
Art. 6º Logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, a autoridade policial deverá:
...
VIII – ordenar a identificação do indiciado pelo processo datiloscópico, se possível, e fazer juntar 
aos autos sua folha de antecedentes.
Por ouro lado, dispõe a CF, em seu art. 5º:
LVIII – o civilmente identificado não será submetido a identificação criminal, salvo nas hipóteses 
previstas em lei.
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A identificação criminal poderá ser feita por meio da identificação datiloscópica, da iden-
tificação fotográfica e da identificação do perfil genético. Deve-se observar que o art. 6º, VIII, 
do CPP, deve ser aplicado em conformidade com o art. 5º, LVIII, da CF, de forma que, somente 
nas hipóteses previstas em lei, o civilmente identificado será criminalmente identificado.
A Lei n. 12.037/2009 previu as situações em que o civilmente identificado será submetido a 
identificação criminal, além de estabelecer que a identificação civil é atestada pela carteira de 
identidade, carteira profissional, passaporte, carteira de identificação profissional e outro do-
cumento público que permita a identificação do indiciado, prevendo ainda, tudo no art. 2º, que 
equiparam-se aos documentos de identificação civil os documentos de identificação militares.
Prevê ainda a lei:
Art. 3º Embora apresentado documento de identificação, poderá ocorrer identificação criminal 
quando:
I – o documento apresentar rasura ou tiver indício de falsificação;
II – o documento apresentado for insuficiente para identificar cabalmente o indiciado;
III – o indiciado portar documentos de identidade distintos, com informações conflitantes entre si;
IV – a identificação criminal for essencial às investigações policiais, segundo despacho da au-
toridade judiciária competente, que decidirá de ofício ou mediante representação da autoridade 
policial, do Ministério Público ou da defesa;
V – constar de registros policiais o uso de outros nomes ou diferentes qualificações;
VI – o estado de conservação ou a distância temporal ou da localidade da expedição do documento 
apresentado impossibilite a completa identificação dos caracteres essenciais.
A lei dispõe ainda que deve a autoridade tomar as providencias necessárias para evitar o 
constrangimento do identificado (art. 4º).
Saliente-se que a Lei n. 13.964/2019 trouxe alterações na Lei n. 12.037/2009, passando 
a prever hipóteses de exclusão dos perfis genéticos dos bancos de dados e regulamentando 
que a identificação de perfil genético deverá ser armazenada em banco de dados sigilosos, 
ficando autorizada a criação de Banco Nacional Multibiométrico e de Impressões Digitais, que 
tem por objetivo armazenar dados de registros biométricos, de impressões digitais e, quan-
do possível, de íris, face e voz, para subsidiar investigações federais, estaduais ou distritais 
(art. 7º-C, §2º).
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A lei estipula ainda que poderão ser colhidos os registros biométricos, de impressões di-
gitais, de íris, face e voz dos presos provisórios ou definitivos, quando estes não tiverem sido 
extraídos por ocasião da identificação criminal (art. 7º-C, §4º).
A partir da entrada em vigor da Lei n. 13.964/2019, a autoridade policial e o Ministério 
Público poderão requerer ao juiz competente, no caso de inquérito ou ação penal instaurados, 
o acesso ao Banco Nacional Multibiométrico e de Impressões Digitais.
A Lei n. 12.654/2012 é a responsável, por outro lado, pela disciplina da coleta de perfil ge-
nético como forma de identificação criminal, tendo alterado tanto a Lei n. 12.037/2009 como 
a Lei de Execução Penal.
indiCiamento:
Podemos definir o “indiciamento” como o ato formal de indicar a autoria a uma pessoa, 
como provável autora ou partícipe de crime. A Lei n. 12.830/2013, que dispõe sobre a investi-
gação criminal conduzida pelo delegado de polícia, prescreve:
Art. 2º As funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais exercidas pelo delegado de 
polícia são de natureza jurídica, essenciais e exclusivas de Estado.
...
§ 6º O indiciamento, privativo do delegado de polícia, dar-se-á por ato fundamentado, mediante 
análise técnico-jurídica do fato, que deverá indicar a autoria, materialidade e suas circunstâncias.
Se pudéssemos sugerir uma gradação no “status” do réu (em sentido amplo), diríamos 
que o investigado tem menores elementos em seu desfavor, enquanto que contra o indiciado 
há maiores indícios de autoria, tanto assim que a autoridade policial fará o indiciamento de 
forma fundamentada, indicando os elementos relativos à autoria.
O indiciamento pode ser feito diretamente, quando o indiciado está presente, e de forma 
indireta, quando o indiciado não está presente.
A fundamentação necessária para o indiciamento não é a mesma que se exige para o 
recebimento da denúncia, e os tribunais, em regra, não reconhecem nulidade (até porque a 
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nulidade é vício de ato processual e no indiciamento não há processo em curso) em face de 
eventual defeito na fundamentação. Confira:
INDICIAMENTO.FUNDAMENTAÇÃO NECESSÁRIA. INDÍCIOS DE AUTORIA. DELITOS EM 
TESE PRATICADOS PELOS INVESTIGADOS. ORDEM DENEGADA. 1. Após o advento da Lei 
12.830/2013 o ato do Delegado de Polícia que determina o indiciamento dos investiga-
dos deve ser fundamentado. 2. A fundamentação exigida para o ato de indiciamento não 
é a mesma que se exige para o recebimento da denúncia. Indícios mínimos de autoria e 
de materialidade revelam-se suficientes para fundamentá-lo. 3. A capitulação do crime 
fixada no ato de indiciamento é provisória, e não constitui nulidade a errônea indicação 
de tipo penal. 4. Não existe contraditório no inquérito policial, não havendo direito sub-
jetivo à defesa na fase de investigação pré-processual. Descabe falar em nulidade do 
indiciamento por ausência de possibilidade de contestação dos fatos pelo investigado. 
5. Ordem de Habeas Corpus denegada.
(TRF-1 - HC: 303779520144010000, Relator: DESEMBARGADOR FEDERAL NEY BELLO, 
Data de Julgamento: 01/07/2014, TERCEIRA TURMA, Data de Publicação: 11/07/2014)
Pode-se também falar de “desindiciamento”, quando for constatado que o autor do crime 
não é o indiciado.
Por fim, o art. 17-D da Lei n. 9.613/1998 prevê que, se o servidor público for indiciado 
por crime de lavagem de capitais, ele será afastado, sem prejuízo da remuneração e demais 
direitos previstos em lei, até que o juiz competente autorize, de forma fundamentada, o seu 
retorno.
Confira:
Art. 17-D. Em caso de indiciamento deservidor público, este será afastado, sem prejuízo de remu-
neração e demais direitos previstos em lei, até que o juiz competente autorize, em decisão funda-
mentada, o seu retorno.
Alguns doutrinadores, como Renato Brasileiro (Manual de Processo Penal, pág. 154) 
apontam a inconstitucionalidade desse dispositivo, por afronta ao princípio da presunção de 
inocência e da jurisdicionalidade.
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ConClusão do inquérito PoliCial
O inquérito policial tem prazo para a conclusão, e isso pode variar. A regra geral, do art. 10 
do CPP, é que o prazo de conclusão é de 10 dias, em se tratando de réu preso, e de 30 dias, se 
o réu estiver solto.
A Lei n. 13.964/2019 trouxe a possibilidade de o juiz das garantias prorrogar o prazo de 
conclusão do inquérito relativo a investigado preso, uma única vez, por 15 dias, mediante re-
presentação da autoridade policial e com oitiva previa do MP:
Art. 3º-B. O juiz das garantias é responsável pelo controle da legalidade da investigação criminal e 
pela salvaguarda dos direitos individuais cuja franquia tenha sido reservada à autorização prévia 
do Poder Judiciário, competindo-lhe especialmente:
...
§ 2º Se o investigado estiver preso, o juiz das garantias poderá, mediante representação da auto-
ridade policial e ouvido o Ministério Público, prorrogar, uma única vez, a duração do inquérito por 
até 15 (quinze) dias, após o que, se ainda assim a investigação não for concluída, a prisão será 
imediatamente relaxada.
Vejamos uma tabela com os prazos de conclusão do inquérito, matéria muito cobrada em 
concursos públicos:
Investigado preso (dias) Investigado solto (dias)
Regra geral do art. 10, CPP 10 + 15 30
Inquérito policial federal
(Lei n. 5.010/1966, art. 66)
15 + 15 30
Inquérito policial militar (CPPM, art. 20) 20 40 + 20
Lei de drogas
(art. 51, Lei n. 11.313/2006)
30 + 30 90 + 90
Crimes contra a economia popular
(art. 10, §1º, Lei n. 1.521/1951)
10 10
Com relação a investigado solto, o art. 10, §3º, do CPP, prescreve que, se o fato for de difícil 
elucidação e o indiciado estiver solto, a autoridade policial poderá requerer ao juiz a devolu-
ção dos autos para novas diligências, em prazo a ser definido pelo juiz, o que pode ocorrer 
reiteradas vezes. Confira:
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Inquérito Policial
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§ 3º Quando o fato for de difícil elucidação, e o indiciado estiver solto, a autoridade poderá requerer 
ao juiz a devolução dos autos, para ulteriores diligências, que serão realizadas no prazo marcado 
pelo juiz.
relatório
Ao fim do inquérito policial, estabelece o art. 10, §1º do CPP que a autoridade policial de-
verá elaborar minucioso relatório do que já tiver sido apurado.
Art. 10. O inquérito deverá terminar no prazo de 10 dias, se o indiciado tiver sido preso em flagrante, 
ou estiver preso preventivamente, contado o prazo, nesta hipótese, a partir do dia em que se exe-
cutar a ordem de prisão, ou no prazo de 30 dias, quando estiver solto, mediante fiança ou sem ela.
§ 1º A autoridade fará minucioso relatório do que tiver sido apurado e enviará autos ao juiz 
competente.
§ 2º No relatório poderá a autoridade indicar testemunhas que não tiverem sido inquiridas, men-
cionando o lugar onde possam ser encontradas.
O relatório, portanto, é a peça elaborada pela autoridade policial que, como o nome indi-
ca, deve relatar as diligências efetivadas durante o inquérito, o que de regra é feito na ordem 
cronológica. É uma peça de conteúdo descritivo, que não deve conter juízo de valor, pois o do-
minus litis é o MP ou querelante, a eles cabendo o juízo de valor, para o ajuizamento da futura 
ação penal ou para o arquivamento.
No entanto, apesar de não ser tecnicamente correto, caso o delegado faça juízo de valor 
no relatório final do inquérito, não há qualquer vício a contaminar a futura ação penal. O MP 
ou o querelante não ficam vinculados a eventual juízo de valor feito pela autoridade policial e 
nem mesmo à capitulação jurídica indicada no inquérito.
Não devemos esquecer que a autoridade policial não pode requerer, representar ou man-
dar arquivar os autos do inquérito:
Art. 17. A autoridade policial não poderá mandar arquivar autos de inquérito.
Pois bem, relatado o inquérito policial, está concluída a investigação, surgindo, para o MP, 
três possibilidades:
• Promover o arquivamento;
• Requerer a remessa dos autos à delegacia de origem para novas diligências; ou
• Ajuizar a ação penal.
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Sobre o pedido de devolução dos autos para novas diligências, prevê o CPP:
Art. 16. O Ministério Público não poderá requerer a devolução do inquérito à autoridade policial, 
senão para novas diligências, imprescindíveis ao oferecimento da denúncia.
Vejamos, agora, como ocorre o arquivamento do inquérito policial.
arquiVamento do inquérito PoliCial
O chamado “pacote anticrime” trouxe importante alteração no processo de arquivamento 
do inquérito policial. Podemos analisar, por meu de um esquema, como era antes, e como 
ficou com o advento da nova lei:
Redação anterior Redação dada pela Lei n. 13.964/2019
Art. 28. Se o órgão do Ministério Público, 
ao invés de apresentar a denúncia, reque-
rer o arquivamento de inquérito policial ou de 
quaisquer peças de informação, o juiz, no caso 
de considerar improcedentes as razões invo-
cadas, fará remessa do inquérito ou peças de 
informação ao procurador-geral, e este ofe-
recerá a denúncia, designará outro órgão do 
Ministério Público para oferecê-la, ou insistirá 
no pedido de arquivamento, ao qual só então 
estará o juiz obrigado a atender.
Art. 28. Ordenado o arquivamento do inquérito policial ou 
de quaisquer elementos informativos da mesma natureza, 
o órgão do Ministério Público comunicará à vítima, ao inves-
tigado e à autoridade policial e encaminhará os autos para 
a instância de revisão ministerial para fins de homologação, 
na forma da lei.
§ 1º Se a vítima, ou seu representante legal, não concordar 
com o arquivamento do inquérito policial, poderá, no prazo 
de 30 (trinta) dias do recebimento da comunicação, subme-
ter a matéria à revisão da instância competente do órgão 
ministerial, conforme dispuser a respectiva lei orgânica.
§ 2º Nas ações penais relativas a crimes praticados em detri-
mento da União, Estados e Municípios, a revisão do arquiva-
mento do inquérito policial poderá ser provocada pela chefia 
do órgão a quem couber a sua representação judicial.
Na redação anterior, caso o juiz discordasse da promoção de arquivamento do Ministério 
Público, deveria encaminhar os autos ao Procurador Geral de Justiça, o qual teria três pos-
sibilidades:
• Oferecer a denúncia, concordando com o juiz;
• Designar outro promotor para oferecer a denúncia, concordando com o juiz;
• Insistir no arquivamento, concordando com a manifestação do promotor de justiça, 
hipótese em que o juiz estará obrigado a arquivar o inquérito.
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Essa sistemática foi profundamente alterada com o “pacote anticrime”. Observe que não 
houve alteração no arquivamento do inquérito em si, nas hipóteses de arquivamento e nas 
modalidades de arquivamento, mas tão somente nos casos em que o juiz discordava do MP, 
na atribuição para o arquivamento e na forma de revisão do arquivamento. Vejamos cada uma 
dessas alterações.
A primeira questão que certamente será alvo de muita discussão é sobre a atribuição para o 
arquivamento. Veja que não é correto falar em legitimidade para o arquivamento, considerando 
que a legitimidade é condição da ação. Logo, não há que se falar em “legitimidade no inquérito”.
Quem arquiva o inquérito?
Antes da alteração, a doutrinamencionava o arquivamento do inquérito como um ato 
complexo, pois dependia de uma manifestação de vontade do MP e da decisão do juiz, deter-
minando o arquivamento. Com a nova redação, o art. 28 não menciona expressamente quem 
arquiva, apenas afirma que
Art. 28 Ordenado o arquivamento do inquérito policial ou de quaisquer elementos informativos da 
mesma natureza, o órgão do Ministério Público comunicará à vítima, ao investigado e à autoridade 
policial e encaminhará os autos para a instância de revisão ministerial para fins de homologação, na 
forma da lei.
A princípio, e pela leitura do texto legal, subentende-se que o próprio promotor ordena 
o arquivamento do inquérito, comunicando a vítima, o investigado e a autoridade policial e 
encaminhando os autos para a instância de revisão ministerial para homologação, sem qual-
quer participação do juiz.
Todavia, outros dispositivos do CPP que previam uma decisão judicial de arquivamento 
não foram alterados, como o art. 18:
Art. 18. Depois de ordenado o arquivamento do inquérito pela autoridade judiciária, por falta de 
base para a denúncia, a autoridade policial poderá proceder a novas pesquisas, se de outras provas 
tiver notícia.
Duas possíveis interpretações devem surgir:
• Dispositivos como os art. 18, 67 e 779 foram parcial e tacitamente revogados, deven-
do-se entender que o arquivamento é feito pelo MP;
• O juiz deve ordenar o arquivamento do inquérito, após a promoção do arquivamento 
pelo MP, mas sem possibilidade de discordar do arquivamento.
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No bojo da ADI 6299 MC/DF, o Ministro Luiz Fux, relator, concedeu medida cautelar para 
suspender sine die a eficácia da alteração do procedimento do inquérito policial, ou seja, 
o novo art. 28 do CPP, até que a matéria seja julgada pelo plenário do STF.
Nos autos da ADI 6305, a Associação Nacional dos Membros do Ministério Público impug-
nou esse dispositivo, não pelo fato do arquivamento passar a ser promovido diretamente pelo 
MP, o que a referida associação considerou “muito elogiável, tratando-se de medida que, há mui-
to tempo, é aguardada pela comunidade jurídica brasileira, preservando a imparcialidade judicial 
e o protagonismo ministerial que são medidas estruturais do sistema acusatório”, mas pela ne-
cessidade de submissão de todos os arquivamento à homologação pela instância de revisão.
O Ministro Fux, assim, determinou que “a redação revogada do artigo 28 do Código de 
Processo Penal permanece em vigor enquanto perdurar esta medida cautelar”. Portanto, o ar-
quivamento do inquérito, até que a questão seja apreciada pelo plenário do STF, segue sendo 
feito mediante promoção do MP e decisão do juiz, o qual, caso discorde, deverá submeter o 
feito ao Procurador-Geral de Justiça.
Outra alteração da lei foi a possibilidade da vítima, caso discorde do arquivamento, sub-
meter, no prazo de 30 dias a contar do recebimento da comunicação de arquivamento, a maté-
ria à revisão da instância competente do órgão ministerial, nos termos do art. 28, §1º do CPP.
Por fim, nas ações penais relativas a crimes praticados em detrimento da União, Estados e 
Municípios, a revisão do arquivamento do inquérito policial poderá ser provocada pela chefia 
do órgão a quem couber a sua representação judicial, conforme previsto no §2º do art. 28, na 
redação da Lei n. 13.964/2019.
Fundamentos Para o arquiVamento do inquérito
O CPP, embora mencione o arquivamento do inquérito, não elenca as hipóteses em que 
o promotor deve promover o arquivamento. Com isso, e utilizando-se do art. 3º do CPP, que 
autoriza o uso da analogia no processo penal, pode-se concluir que as hipóteses de arquiva-
mento do inquérito são as mesmas que ensejam a rejeição da peça acusatória ou a absolvi-
ção sumária, ou seja, aquelas dos arts. 395 e 397 do CPP.
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Assim, o arquivamento pode ocorrer, considerando o princípio da obrigatoriedade da ação pe-
nal, em caso de ausência de pressuposto processual ou condição para o exercício da ação penal; 
falta de justa causa – ou seja, falta de indícios de autoria e materialidade –; atipicidade; excludente 
da ilicitude; excludente da culpabilidade, salvo inimputabilidade ou causa extintiva da punibilidade.
Formas de arquiVamento
A regra geral – e prevista no CPP – é que o arquivamento do inquérito ocorra de forma 
direta. O art. 28, do CPP, com a redação dada pela Lei n. 13.964/2019, dispõe que “ordenado o 
arquivamento”, ou seja, há determinação expressa de arquivamento.
Doutrinariamente, menciona-se o “arquivamento implícito do inquérito”, que ocorreria 
quando, havendo mais de um crime ou mais de um réu, o promotor denuncia apenas por um 
crime ou denuncia apenas um réu.
Ocorre que, por força da indivisibilidade da ação penal pública, o MP a qualquer momento 
pode aditar a denúncia para inserir o corréu ou o outro crime, desde que dentro do prazo pres-
cricional. Dessa forma, o arquivamento implícito não é admitido pelos tribunais superiores. 
Confira:
AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. ARTIGO 2º DA LEI N. 
8.176/1991. CRIME AMBIENTAL E CRIME CONTRA A ORDEM ECONÔMICA. ACÓRDÃO QUE 
AFASTOU O CRIME POR ENTENDER TER OCORRIDO ARQUIVAMENTO IMPLÍCITO. FUNDA-
MENTAÇÃO INIDÔNEA. EMENDATIO LIBELLI. POSSIBILIDADE. REVALORAÇÃO DOS ELE-
MENTOS FÁTICO-PROBATÓRIOS. POSSIBILIDADE. INAPLICABILIDADE DA SUM 7/STJ.
I – O entendimento consolidado nesta Corte Superior de Justiça é que “em razão do 
princípio da indivisibilidade, não se admite arquivamento implícito em crimes de ação 
penal pública incondicionada...” (AgRg no REsp n. 1.499.292/RS, Quinta Turma, Rel. Min. 
Reinaldo Soares da Fonseca, Dje de 23/2/2016).
II – No caso em tela, não há surpresa da defesa com a condenação nas penas do art. 2º 
da Lei n. 8.176/91, pois, apesar de não ter sido capitulado na denúncia, os fatos encon-
tram-se narrados na exordial acusatória. Precedentes.
III – Conforme orientação remansosa desta Corte, “[n]ão há violação à Súmula 7 desta 
Corte quando a decisão limita-se a revalorar juridicamente as situações fáticas cons-
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tantes da sentença e do acórdão recorridos” (AgRg no REsp n. 1.444.666/MT, Sexta 
Turma Relª.
Minª. Maria Thereza de Assis Moura, DJe de 4/8/2014).
Agravo regimental desprovido.
(AgRg no AREsp 1495795/RO, Rel. Ministro LEOPOLDO DE ARRUDA RAPOSO (DESEM-
BARGADOR CONVOCADO DO TJ/PE), QUINTA TURMA, julgado em 12/11/2019, DJe 
28/11/2019)
RECURSO ESPECIAL. DENÚNCIA. ARQUIVAMENTO IMPLÍCITO. ILEGALIDADE. TRÁFICO 
DE DROGAS PRIVILEGIADO. REDUÇÃO DA PENA. QUANTIDADE E NATUREZA DA DROGA. 
TERCEIRA FASE DA DOSIMETRIA. POSSIBILIDADE. RECURSO PROVIDO.
1. Este Superior Tribunal de Justiça possui entendimento consolidado no sentido de 
que, em virtude dos princípios da indisponibilidade e da indivisibilidade da ação penal 
pública incondicionada, considera-se inadmissível o arquivamento implícito, podendo 
o Ministério Público, até a prolação da sentença condenatória, aditar a denúncia para 
fazer incluir fatos novos na inicial acusatória. Precedentes.
2. Esta Corte Superior entende que, na dosimetria da pena dos crimes previstos na Lei 
de Drogas, o juiz deve considerar, com preponderância sobre o previsto no artigo 59 do 
Estatuto Repressivo, a natureza e a quantidade da substância entorpecente, a personali-
dade e a conduta social do agente, conforme o disposto no artigo 42 da Lei 11.343/2006.
3. Este Sodalício detém o entendimento de que não há impedimento para considerar-se, 
no crime de tráfico de drogas privilegiado, a quantidade e a natureza da droga para limitar 
a aplicação da fração redutora prevista no art. 33, § 4º, da Lei 11.343/2006, inexistindo,desse modo, óbice para sua incidência na terceira fase da dosimetria, desde que o men-
cionado critério não tenha sido mencionado na fixação da sanção básica. Precedentes.
4. Recurso provido.
(REsp 1637447/RJ, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, julgado em 23/08/2018, 
DJe 31/08/2018)
Já o “arquivamento indireto” ocorreria quando o promotor, ao invés de oferecer a denún-
cia, requeresse o declínio de competência para outro juízo. Por exemplo: após a conclusão de 
inquérito para apuração de crime de tráfico de entorpecentes, o promotor entende que não se 
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trata de tráfico, mas sim de uso de entorpecente e requer a remessa dos autos para o juízo 
que considera competente1. O juiz, por outro lado, entende ser o caso de tráfico e não declina 
da competência. Nesse caso, haveria um arquivamento indireto, ante a recusa do promotor 
em oferecer a denúncia.
Na realidade, ante uma situação como essa, o juiz deveria aplicar, analogicamente, o art. 28 
do CPP, provocando o Procurador-Geral de Justiça para dirimir a questão. O STJ tem alguns 
importantes entendimentos sobre o tema:
CONFLITO DE COMPETÊNCIA. HOMICÍDIO PRATICADO POR POLICIAIS MILITARES DE 
SERVIÇO CONTRA CIVIL. EXCLUDENTES DE ILICITUDE. VERIFICAÇÃO. COMPETÊNCIA 
DA JUSTIÇA COMUM ESTADUAL.
1. Em conformidade com a Constituição da República (art. 125, § 4º) e com as normas 
infraconstitucionais que regulam a matéria (art. 9º, parágrafo único, do CPM e art. 82 do 
CPPM), a competência para processar e julgar policiais militares acusados da prática de 
crimes dolosos contra a vida é do Tribunal do Júri.
2. Não é conforme ao direito a iniciativa do juiz militar que, em face de pedido do Ministé-
rio Público para a declinação de competência para a jurisdição criminal comum, arquiva 
o IPM, sem a observância do procedimento previsto no art. 397 do CPPM (Decreto-Lei N. 
1.002, de 21 de outubro de 1969), em tudo similar ao mecanismo previsto no art. 28 do 
CPP, que determina a remessa dos autos ao Procurador-Geral em caso de discordância 
judicial das razões apresentadas pelo órgão de acusação (arquivamento indireto).
Precedente.
3. Sob diversa angulação, no restrito exame da competência mínima, não pode o juiz 
avançar - em sede inquisitorial, ausente a imputação formalizada em denúncia do órgão 
ministerial - na verificação de causas justificantes da conduta investigada, quando, ante 
a sua adequação típica, seja possível de plano visualizar a incompetência absoluta da 
justiça militar, ratione materiae, para o processo e julgamento do caso.
4. Não se há, outrossim, de conferir grau de imutabilidade a decisão proferida por juízo 
constitucionalmente incompetente, notadamente porque lançada em fase ainda investi-
gativa, onde não há ação e, portanto, não há processo e menos ainda jurisdição, máxime 
1 TÁVORA, Nestor e ALENCAR, Rosmar. Curso de Direto Processual Penal. 12. Ed. rev e atual. Salvador: Ed. JusPodvm, 2017, 
pg. 213.
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em situação como a versada nos autos, na qual, como destacado, o Ministério Público 
Militar não pleiteou o arquivamento do inquérito, mas tão somente a sua remessa para 
o Juízo comum estadual, competente para o exame da causa.
5. Conflito conhecido para declarar competente o Juízo de Direito da 3ª Vara do Júri de 
São Paulo - SP.
(CC 145.660/SP, Rel. Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 
11/05/2016, REPDJe 19/05/2016, DJe 17/05/2016)
PENAL E PROCESSO PENAL. AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL.
POSICIONAMENTO DIVERGENTE ENTRE MINISTÉRIO PÚBLICO E MAGISTRADO.
TENTATIVA DO MINISTÉRIO PÚBLICO DE ARQUIVAR A QUESTÃO EM DETERMINADA 
ESFERA. ARQUIVAMENTO INDIRETO. APLICAÇÃO ANALÓGICA DO ART. 28 DO CPP. 
AGRAVO REGIMENTAL IMPROVIDO.
1. Havendo divergência de posicionamento entre o Ministério Público e o magistrado, no 
sentido de que o membro do Parquet entendeu que não possuía atribuição para oficiar 
no feito, requerendo a remessa para outra esfera judicial, e, ao contrário, o magistrado 
considerou-se competente para tal finalidade, opera-se uma tentativa do Ministério 
Público de arquivar a questão perante a Justiça Castrense, com a consequente remessa 
dos autos à Justiça Comum Estadual, que deve ser entendida como um arquivamento 
indireto, a receber, por analogia, o tratamento designado nos artigos 28 do Código de 
Processo Penal e 397 do Código de Processo Penal Militar.
2. Agravo regimental improvido.
(AgRg nos EDcl no REsp 1550432/SP, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, 
SEXTA TURMA, julgado em 18/02/2016, DJe 29/02/2016)
Observemos com atenção o posicionamento da jurisprudência acerca do tema, com a 
alteração do art. 28 do CPP, efetivada com o “pacote anticrime”.
Em suma:
• Arquivamento direto  regra geral, com manifestação expressa pelo arquivamento
• Arquivamento implícito  quando houver mais de um réu ou mais de um crime e o pro-
motor denuncia apenas em relação a parte deles
• Arquivamento indireto  quando o promotor se manifesta pelo declínio de competên-
cia e o juiz não concorda
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Fala-se ainda em “arquivamento originário”, que ocorre quando a promoção do arquiva-
mento é feita pelo Procurador-Geral, nas ações em que atue originariamente. Nessa situação, 
como o relator não pode invocar a aplicação do art. 28, do CPP, não pode recusar o arquiva-
mento, devendo acolher o arquivamento, conforme procedimento de arquivamento anterior 
ao “pacote anticrime”.
Menciona a doutrina, ainda, o “arquivamento provisório”, que ocorre quando o inquérito 
depende de uma condição de procedibilidade para seu prosseguimento, como ocorre nas 
ações penais públicas condicionadas à representação.
Coisa Julgada no arquiVamento do inquérito PoliCial
Via de regra, por força do disposto no art. 18 do CPP, a decisão de arquivamento do inqué-
rito não faz coisa julgada material.
Art. 18. Depois de ordenado o arquivamento do inquérito pela autoridade judiciária, por falta de 
base para a denúncia, a autoridade policial poderá proceder a novas pesquisas, se de outras provas 
tiver notícia.
Lembre que a “coisa julgada formal” impede modificações dentro do processo em que foi 
proferida, ao passo que a “coisa julgada material” se projeta para fora do processo, impedindo 
alteração até mesmo em relação a outros feitos, falando-se em imutabilidade da coisa julgada.
Em regra, portanto, o arquivamento do inquérito tem força tão somente de “coisa julgada 
formal”, pois é possível o desarquivamento do inquérito, se surgirem novas provas.
Lembremos, ainda, do teor da Súmula n. 524, do STF:
Arquivado o inquérito policial, por despacho do juiz, a requerimento do promotor de jus-
tiça, não pode a ação penal ser iniciada, sem novas provas.
O STJ tem importante precedente no sentido de que o art. 18 do CPP apenas se aplica ao 
caso de arquivamento do inquérito por falta de provas:
PENAL. PROCESSUAL PENAL. RECURSO ESPECIAL. INQUÉRITO POLICIAL ARQUIVADO 
POR RECONHECIMENTO DA LEGÍTIMA DEFESA. DESARQUIVAMENTO POR PROVAS 
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NOVAS. IMPOSSIBILIDADE. COISA JULGADA MATERIAL. PRECEDENTES. 1. A permissão 
legal contida no art. 18 do CPP, e pertinente Súmula 524/STF, de desarquivamento do 
inquérito pelo surgimento de provas novas, somente tem incidência quando o funda-
mento daquele arquivamento foi a insuficiência probatória – indícios de autoria e prova 
do crime.
2. A decisão que faz juízo de mérito do caso penal, reconhecendo atipia, extinção da 
punibilidade (por morte do agente, prescrição…), ou excludentes da ilicitude, exige cer-
teza jurídica – sem esta, a provade crime com autor indicado geraria a continuidade da 
persecução criminal – que, por tal, possui efeitos de coisa julgada material, ainda que 
contida em acolhimento a pleito ministerial de arquivamento das peças investigatórias.
3. Promovido o arquivamento do inquérito policial pelo reconhecimento de legítima 
defesa, a coisa julgada material impede rediscussão do caso penal em qualquer novo 
feito criminal, descabendo perquirir a existência de novas provas. Precedentes. 4. 
Recurso especial improvido.
(REsp 791.471/RJ, Rel. Ministro NEFI CORDEIRO, SEXTA TURMA, julgado em 25/11/2014, 
DJe 16/12/2014)
Assim, pode-se dizer que há situações em que a decisão de arquivamento pode fazer “coi-
sa julgada material”. São elas:
• Atipicidade;
• Excludente de ilicitude;
• Excludente da culpabilidade;
• Extinção da punibilidade.
Veja o precedente abaixo:
RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. ART. 1º, §§ 2º E 4º, DA LEI N. 9.455/1997. 
TRANCAMENTO DA AÇÃO PENAL. BIS IN IDEM. OCORRÊNCIA. DECISÃO DA JUSTIÇA 
MILITAR QUE DETERMINOU O ARQUIVAMENTO DE INQUÉRITO POLICIAL MILITAR COM 
BASE EM EXCLUDENTE DE ILICITUDE. COISA JULGADA MATERIAL. OFERECIMENTO 
DE DENÚNCIA POSTERIOR PELOS MESMOS FATOS. IMPOSSIBILIDADE. CONSTRANGI-
MENTO ILEGAL EVIDENCIADO.
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1. A par da atipicidade da conduta e da presença de causa extintiva da punibilidade, 
o arquivamento de inquérito policial lastreado em circunstância excludente de ilicitude 
também produz coisa julgada material.
2. Levando-se em consideração que o arquivamento com base na atipicidade do fato 
faz coisa julgada formal e material, a decisão que arquiva o inquérito por considerar a 
conduta lícita também o faz, isso porque nas duas situações não existe crime e há mani-
festação a respeito da matéria de mérito.
3. A mera qualificação diversa do crime, que permanece essencialmente o mesmo, não 
constitui fato ensejador da denúncia após o primeiro arquivamento.
4. Recurso provido para determinar o trancamento da ação penal.
(RHC 46.666/MS, Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, SEXTA TURMA, julgado em 
05/02/2015, DJe 28/04/2015)
Não obstante, a 1ª Turma do STF tem decisão no sentido de que é possível o desarqui-
vamento do inquérito no qual foi reconhecida a excludente de ilicitude, conforme noticiado 
no Informativo 538. Decidiu-se que a jurisprudência da Corte seria farta quanto ao caráter 
impeditivo de desarquivamento de inquérito policial nas hipóteses de reconhecimento de ati-
picidade, mas não propriamente de excludente de ilicitude:
O Min. Ricardo Lewandowski suscitou questão de ordem no sentido de que os autos 
fossem deslocados ao Plenário, porquanto transpareceria que as informações as quais 
determinaram a reabertura do inquérito teriam se baseado em provas colhidas pelo pró-
prio Ministério Público. Contudo, a Turma entendeu, em votação majoritária, que, antes, 
deveria apreciar matéria prejudicial relativa ao fato de se saber se a ausência de ilicitude 
configuraria, ou não, coisa julgada material, tendo em conta que o ato de arquivamento 
ganhara contornos absolutórios, pois o paciente fora absolvido ante a constatação da 
excludente de antijuridicidade (estrito cumprimento do dever legal). Vencido, no ponto, 
o Min. Ricardo Lewandowski que, ressaltando o contexto fático, não conhecia do writ por 
julgar que a via eleita não seria adequada ao exame da suposta prova nova que motivara 
o desarquivamento. No mérito, também por maioria, denegou-se a ordem. Aduziu-se 
que a jurisprudência da Corte seria farta quanto ao caráter impeditivo de desarquiva-
mento de inquérito policial nas hipóteses de reconhecimento de atipicidade, mas não 
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propriamente de excludente de ilicitude. Citando o que disposto no aludido Verbete 524 
da Súmula, enfatizou-se que o tempo todo fora afirmado, desde o Ministério Público 
capixaba até o STJ, que houvera novas provas decorrentes das apurações. Ademais, 
observou-se que essas novas condições não afastaram o fato típico, o qual não fora 
negado em momento algum, e sim a ilicitude que inicialmente levara a esse pedido de 
arquivamento. Vencidos os Ministros Menezes Direito e Marco Aurélio que deferiam o 
habeas corpus por considerar que, na espécie, ter-se-ia coisa julgada material, sendo 
impossível reabrir-se o inquérito independentemente de outras circunstâncias. O Min. 
Marco Aurélio acrescentou que nosso sistema convive com os institutos da justiça e da 
segurança jurídica e que, na presente situação, este não seria observado se reaberto o 
inquérito, a partir de preceito que encerra exceção (CPP, art. 18).
HC 95211/ES, rel. Min. Cármen Lúcia, 10.3.2009. (HC-95211)
Posteriormente, no Informativo n. 858, o STF reiterou esse entendimento, consolidando 
que o arquivamento do inquérito policial com base em excludente de ilicitude realizado a par-
tir de prova fraudada não faz “coisa julgada material”. Vejamos:
ADI DIREITO PROCESSUAL PENAL - PROVAS Desarquivamento de inquérito e excludente 
de ilicitude - 4 O arquivamento de inquérito policial por excludente de ilicitude realizado 
com base em provas fraudadas não faz coisa julgada material. Com base nesse enten-
dimento, o Plenário, por maioria, denegou a ordem de habeas corpus. No caso, após o 
arquivamento do inquérito, o Ministério Público reinquiriu testemunhas e concluiu que 
as declarações prestadas naquele inquérito teriam sido alteradas por autoridade poli-
cial. Diante dessas novas provas, o “Parquet” ofereceu denúncia contra os pacientes 
— v. Informativos 446, 512 e 597. O Tribunal entendeu possível a reabertura das investi-
gações, nos termos do art. 18 do CPP (*), ante os novos elementos de convicção colhi-
dos pelo Ministério Público. Asseverou que o arquivamento do inquérito não faz coisa 
julgada, desde que não tenha sido por atipicidade do fato ou por preclusão. Vencidos os 
ministros Marco Aurélio, Joaquim Barbosa e Cezar Peluso, que deferiam a ordem. Frisa-
vam que o arquivamento com base em excludente de ilicitude faz coisa julgada material, 
o que impediria o desarquivamento do inquérito policial, mesmo com novas provas. (*) 
CPP, art. 18: “Depois de ordenado o arquivamento do inquérito pela autoridade judiciária, 
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por falta de base para a denúncia, a autoridade policial poderá proceder a novas pes-
quisas, se de outras provas tiver notícia”. HC 87395/PR, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 
julgamento em 23.3.2017. (HC-87395) - 3662
Assim, podemos concluir que o arquivamento do inquérito sempre faz “coisa julgada for-
mal” e que faz “coisa julgada material” nos casos de atipicidade, excludente de culpabilidade, 
excludente de ilicitude e extinção da punibilidade, havendo polêmica, todavia, com relação à 
coisa julgada material fundada em excludente da ilicitude, conforme entendimentos do STF 
acima indicados. Para o STJ, naqueles quatro casos, haverá “coisa julgada material”.
desarquiVamento
O art. 18 do CPP preceitua que, depois de ordenado o arquivamento do inquérito policial 
por falta de base para a denúncia, a autoridade policial poderá proceder a novas pesquisas, se 
de outras provas tiver notícias.
Com a nova redação do art. 28 do CPP, dada pela Lei n. 13964/2019, surge aparente in-
compatibilidade entre os dois dispositivos, pois como o arquivamento, na sistemática atual, 
será ordenado pelo MP, o art. 18 deve ser interpretado em consonância com a nova redação.
Na redação anterior, o STF tinha editado a Súmula n. 524, com o seguinte teor:
Arquivado o inquérito policial, por despacho do juiz, a requerimento do promotor de jus-
tiça, não pode a ação penal ser iniciada, sem novas provas.
Enquanto a

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