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Análise da Realidade Histórico e Localização A escola observada foi a Escola Municipal de Ensino Fundamental Santa Lú- cia. A escola teve sua nucleação na década de 90 onde era Escola Estadual, após em 1998 depois de confirmar o processo de transferência da antiga escola estadual, passou a denominar-se Escola Municipal de Ensino Fundamental Santa Lúcia. Segundo o Projeto Político Pedagógico visa oferecer o ensino fundamental obrigatório e gratuito e que tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educan- do. A escola é situada na localidade de Santa Lúcia do Piaí, distrito de Caxias do Sul. Em torno de 228 alunos frequentam a escola na parte da manhã e 210 pela tar- de. A escola por ser de interior apresenta características específicas, pois é uma lo- calidade onde se trabalha com agricultura e por isso enfrenta uma grande rotativida- de de alunos. Aproximadamente mais de sessenta por cento dos alunos vem de ou- tras localidades para trabalhar na lavoura em determinado período e nem sempre se estabelecem no distrito. A maior parte das famílias dos alunos não possui assinatura de jornais e revistas e o acervo da biblioteca é o único contato com os livros. Estrutura Física O primeiro prédio da escola, com dois andares é mais antigo tendo mais de oitenta anos. No primeiro andar conta com espaços divididos entre secretaria, dire- ção, sala de professores (com dois banheiros) e coordenação pedagógica. No se- gundo andar conta com cinco salas de aula, sendo uma delas sala de Atendimento Educacional Especializado. A secretaria é pequena e conta com uma secretária concursada, e alguns equipamentos. A direção conta com um bom espaço físico, e é dividida em dois ambientes, um para as vices e outro para a diretora, além de um computador e impressora colo- rida. A Coordenação também tem um bom espaço físico e dois computadores, um deles é para uso exclusivo dos professores onde se faz pesquisa de material para os alunos e o outro é destinado à coordenadora. A sala dos professores, porém não tem um espaço tão bom, é pequena e poucos escaninhos para toda a demanda de professores. A escola possui refeitório e nele contém bancos e mesas para os alunos reali- zarem suas refeições, além de um buffet, pois a escola participa do Projeto Prato Limpo da prefeitura, que oferece café da manhã na chega a escola, almoço e lanche na saída da tarde para os alunos. A escola conta também com uma quadra coberta onde os alunos realizam as aulas de educação física, e ao lado da quadra encontram-se as outras salas de aula, nota-se também um campo de futebol sete e ao lado um “parquinho” onde as crian- ças podem brincar nas aulas destinadas a ele, além de um amplo pátio com piso novo, recém-colocado para os alunos brincarem nos intervalos e na chegada. A escola possui sala de informática com Datashow e 17 computadores, sala de vídeo com DVD e televisão de 42’. Ao todo a escola é contemplada com quatorze salas de aula. Também há sala de arte, com um bom espaço para a realização de trabalhos. Em termos de recursos materiais, didáticos e pedagógicos a escola conta com dois projetores Datashow, um notebook, um retroprojetor, quatro computadores para o setor administrativo, duas máquinas de xerox, e duas impressoras a tinta. A Biblioteca está informatizada, com controle de acervo através do código de barras, porém não está funcionando. A escola conta também com serviço de Internet, via rádio, doada pela Paróquia. A escola conta com um corpo docente de qualidade, pois a maioria dos pro- fissionais tem formação em sua área específica de atuação, além de que a maioria conta com Pós Graduação e dois com Mestrado. A escola equipou-se este ano com câmeras de segurança, são quatorze ao total e em conversa com a diretora, ela relata que a segurança melhorou muito de- pois da instalação e problemas dos alunos fugirem da escola acabou sessando. Estrutura Organizacional Analisei a Proposta Pedagógica e o Requerimento Escolar, que são os docu- mentos norteadores da escola. Ambos os documentos foram reconstruídos este ano, o corpo docente de ambos os turnos (manhã e tarde) juntamente com a comunidade escolar foram responsáveis pela reelaboração destes, segundo relato da vice- diretora. De acordo com a Constituição Federal de 1988 que garante a educação a to- dos os cidadãos brasileiros, conforme Capitulo III da Educação, da Cultura e do Desporto na Seção I da Educação: Art. 208. O dever do Estado com a educação será efetivado median- te a garantia de: I - educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) aos 17 (de- zessete) anos de idade, assegurada inclusive sua oferta gratuita para todos os que a ela não tiveram acesso na idade própria; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 59, de 2009) (Vide Emenda Constitucional nº 59, de 2009): III - atendimento educacional especializado aos portadores de defi- ciência, preferencialmente na rede regular de ensino; VII - atendimento ao educando, em todas as etapas da educação básica, por meio de programas suplementares de material didático escolar, transporte, alimentação e assistência à saúde. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 59, de 2009). (BRASIL, 1988). Como a Constituição nos coloca toda criança a partir dos quatro anos de ida- de tem seu direito garantido de estar em uma escola de ensino regular, bem como atendimento especializado aos alunos com necessidades especiais, e com as ob- servações percebi que a escola está sempre se adequando as novas regras. Em uma de minhas observações analisei o Regimento Escolar da Educação Básica para as etapas da Educação Infantil e do Ensino Fundamental e Respectiva Modalidade da Educação Especial. Apontarei a seguir os principais pontos que chamaram a atenção durante a leitura. Com relação à escola, esta tem como finalidade desenvolver o educando, dar acesso à cultura ao conhecimento sistematizado e a promoção de uma educa- ção de qualidade que busque valorizar o ser humano nas suas diferentes dimen- sões. Os objetivos da Educação Infantil são o desenvolvimento integral da criança até 6 anos de idade, em seus aspectos físicos, psicológicos, intelectual e social. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc59.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc59.htm#art1 O Ensino Fundamental tem duração de 9 anos e tem por objetivo a formação básica do cidadão. A Educação Especial busca a identidade própria de cada educando, o reco- nhecimento e a valorização de suas potencialidades. O Currículo compreende o conjunto de aprendizagens que se pretende de- senvolver com os alunos de um ciclo, que vise experiências cognitivas, afetivas, so- ciais e os referenciais culturais. Os Planos de Estudo são a organização formal do currículo. Os professores se reúnem para construir ao longo do tempo e de forma planejada, o processo da educação em consonância com as Diretrizes Nacionais e Municipais. Os Planos de Trabalho são orientados pelo Coordenador Pedagógico e de- senvolvidos pelo professor. Para a Educação Especial os planos de trabalho elabo- rados pelo professor a partir dos planos de estudo e adaptações curriculares. A Metodologia de Ensino se dá pela Metodologia Dialética (Vasconcelos, 2002) de construção de conhecimento em sala de aula é a que mais se aproxima da realidade escolar: O calendário escolar é elaborado anualmente e aprovado pelo Conselho Es- colar e homologado pela Secretaria Municipal da Educação, para os alunos do Aten- dimento Educacional Especializado há temporalidade flexível do ano letivo, podendo ser prolongado ou reduzido, conforme as necessidades dos alunos. Regime Escolar A Educação Infantil adota o regime anual. O Ensino Fundamental é organizado anualmente por Ciclos de Aprendizagem: I Ciclo: 1º, 2º, 3º anos (constituído de 3 anos, faixa etária de 6 à 8 anos) II Ciclo:4º, 5º anos (constituído de 2 anos, faixa etária de 9 à 10 anos) III Ciclo: 6º, 7º anos (constituído de 2 anos, faixa etária de 11 à 12 anos) IV Ciclo: 8º, 9º anos (constituído de 2 anos, faixa etária de 13 à 14 anos) A avaliação é contínua e cumulativa do desempenho do aluno. No final de cada ano e no final de cada ciclo é informada a situação do edu- cando sobre o desenvolvimento de sua aprendizagem para os devidos encaminha- mentos no ano ciclo posteriores. A escola possui outros Serviços de Apoio, como: Biblioteca Escolar, Laborató- rio de Informática Educativa e Atendimento Educacional Especializado. A Biblioteca Escolar contribui para o desenvolvimento da leitura e consequen- temente da escrita. È um espaço que proporciona o contato com diferentes produ- ções, estimulando as formas de expressão. O Laboratório de Informática Educativa é um ambiente diferenciado de cons- trução de aprendizagens, integrado às ações pedagógicas da escola, atendendo as necessidades dos alunos e ao planejamento dos professores. O Atendimento Educacional Especializado constitui-se em um conjunto de ati- vidades, recursos de acessibilidade e pedagógicos organizados institucionalmente. O atendimento tem por objetivo identificar, elaborar e organizar recursos pedagógi- cos e de acessibilidade que eliminem as barreiras para a plena participação dos alu- nos. Após esta análise detalhada do Regimento Escolar pude perceber que a es- cola está bem amparada, com um Regimento muito bem elaborado. Após foi a vez de analisar a Proposta Pedagógica para a Educação Infantil, Ensino Fundamental e Modalidade da Educação Especial. De acordo com os objetivos da escola, esta busca uma concepção que reflita a realidade da escola. Possui um projeto que priorize as atividades educativas esco- lares, define suas intenções educativas e proporciona guias de ação adequados e úteis para os professores, que são diretamente responsáveis pela sua execução. Coordenação e avaliação De acordo com o observado e após algumas conversas com a direção e coordenação, percebe-se que o planejamento das professoras é semanal e individual com a coordenadora e às vezes acontece juntamente com as professoras que atendem no Mais Alfabetização e a professora da Sala de Recursos, para que assim possa ser desenvolvido um plano de ação que possa ser compartilhado. A escola oferece aos alunos oportunidade de aprendizagem em diferentes espaços, como sala de vídeo, biblioteca e o laboratório, porém para ter acesso a todos estes recursos, são organizados com agendamentos prévios e de acordo com o planejamento, somente a biblioteca todas as turmas tem horário fixo toda a semana. As notas e das provas funcionam como redes de segurança em termos do controle exercido pelos professores sobre seus alunos, das escolas e dos pais sobre os professores, do sistema sobre suas escolas. Controle esse que parece não garantir o ensino de qualidade que viemos pretendendo, pois as estatísticas são cruéis em relação à realidade das nossas escolas. (HOFFMANN, 1996, p. 26). Como Hoffmann nos coloca, não podemos mais deixar que a avaliação seja para classificar e ao mesmo tempo discriminar os alunos, essa não é a real função da avaliação, mas ainda muitos a utilizam como punição e instrumento de autoridade. A avaliação deve ser mediadora, capaz de fazer o aluno a pensar e ser ele o próprio instrumento de avaliação, onde o aluno consiga demostrar e relacionar de diversas maneiras o que aprendeu e o que construiu ao longo do tempo das aprendizagens. A avaliação acontece de forma processual e contínua. Porém se dá mais especificamente através de provas, trabalhos individuais e em grupos. As provas normalmente são individuais e sem consulta, salva algumas exceções. Os trabalhos geralmente são em grupos, no qual os alunos apresentam para os colegas e entregam o material pesquisado para o professor. Comunidade externa, cultura escolar e necessidade diagnosticada A comunidade em que a escola está inserida é pertencente a uma cultura onde o trabalho predominante é a agricultura. Os educandos atendidos neste espaço escolar são oriundos das mais variadas cidades do estado do Rio Grande do Sul, Caxias do Sul é a cidade com mais alunos atendidos, porém há outas tantas cidades que os alunos são de origem como, Vicente Dutra, Espumoso, Soledade, Arroio do Tigre, Segredo, Boqueirão do Leão, Barra- cão, Sobradinho, Formigueiro, entre outras tantas, há também alguns de Sapiranga, Rio Negrinho, Lages, Salto do Jacuí, ambas do estado de Santa Catarina e aqueles que são oriundos de Capanema, Quedas do Iguaçu, União da Vitória que são cidades pertencentes ao estado do Paraná e também alguns alunos vindos de Balsas no Maranhão. Atualmente frequentam a escola cerca de 230 alunos na parte da manhã e 210 pela tarde. A escola, por ser de interior, apresenta características específicas, pois é uma localidade onde se trabalha com hortifrutigranjeiros e por isso enfrenta uma grande rotatividade de alunos. Aproximadamente quase sessenta e cinco por cento dos alunos vem de outras localidades para trabalhar na lavoura em determinado período do ano e acaba que nem sempre se estabelecem no distrito. Uma parte considerável das famílias dos alunos pertence às classes sociais de média a baixa renda. Todas aquelas famílias que migram de outras cidades, acabam vindo por causa da oferta de trabalho, pois nas suas cidades de origem não encontram mais empregos e por isso encontram na agricultura alguma maneira de sustentar suas famílias, porém como o trabalho no campo é por safras, as famílias veem em alguns determinados meses do ano, mais próximos do verão, para ajudar no plantio e na colheita. Por determinada razão a escola enfrenta uma considerável rotatividade de alunos, o que acaba dificultando todo o processo de aprendizagem, pois na grande maioria das vezes estes alunos chegam com os conteúdos bastante atrasados, pois acabam ficando um grande período fora da escola, em função da mudança para a localidade. São presentes na grande maioria destas famílias uniões instáveis, analfabetismo, baixo nível de escolaridade. Isso tudo repercute na sala de aula, pois os pais, na grande maioria das vezes, não instigam e não propiciam aos alunos momentos de estudos em casa. O que pode resultar em baixo nível de aprendizagem e pouco interesse em realizar as atividades propostas em sala de aula. Isso tudo acaba saltando aos olhos quando se percebe que há muitos alunos que necessitam de apoio pedagógico pois não conseguem acompanhar sua turma no decorrer das aulas e não avançando nas aprendizagens. A sala do Programa Mais Educação possui vários alunos que enfrentam esse problema de baixo índice de aprendizagem o que faz com que a professora que atende esses alunos tente buscar alternativas que despertem nestes alunos a vontade de aprender e sair dessa zona de conforto e buscar a construção do conhecimento. Os alunos que frequentam o Programa Mais Alfabetização necessitam de um planejamento mais específico, que busque despertar o real interesse em aprender não discriminando e nem classificando os alunos. Partir do que cada aluno já sabe é um bom caminho, pois normalmente o que acontece é sempre “ver” o lado que eles não sabem e acabasse criando um pré-julgamento que afasta o aluno do professor e da vontade em aprender. Desenvolverei uma intervenção pedagógica que possa oportunizar aos alunos momentos de aprendizagem com o lúdico, pois sabemos que se apropriando do lúdico como forma de mediação será mais fácil ter sucesso nos objetivos que se quer. Escola obrigatória que não é lúdica não segura os alunos, pois eles não sabem nem têm recursos cognitivos para, em sua perspectiva, pensar na escola como algo que lhes será bom em um futuro remoto, aplicada a profissões que eles nem sabem o que significam.As crianças vivem seu momento. Daí o interesse despertado por certas atividades, como jogos e brincadeiras. (MACEDO; PETTY; PASSOS, 2005, p.17). Como a citação nos coloca, o aluno desperta interesse a partir do que ele gostar, como jogos e brincadeiras, alunos gostam de escola lúdica, que fuja do senso comum de somente fazer provas e trabalhos como forma de punição. Crianças vivem como crianças, gostam de brincar e o melhor ainda é que elas prendem e muito com o lúdico, sendo orientado para esse ensino o aluno atinge os objetivos. Com base nisso utilizarei o lúdico como forma de mediação com os alunos, para assim possibilitar uma aprendizagem mais prazerosa com o que eles gostam e se interessam. Referências BRASIL. Constituição (1988). Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/ConstituicaoCompilado.htm. Acesso em: 30/08/2016 HOFFMANN, Jussara Maria Lerch. Avaliação mediadora: uma prática de construção da pré-escola à universidade. 9.ed. Porto Alegre: Mediação, 1996. 199p. MACEDO, Lino de; PETTY, Ana Lúcia Sícoli; PASSOS, Norimar Christe. Os jogos e o lúdico na aprendizagem escolar. Porto Alegre: Artmed, 2005. 154 p. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/ConstituicaoCompilado.htm
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