Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 cejurdelta@gmail.com.br / www.cejurnorte.com.br / @cejurnorteconcursos AULA 01 – DIREITO CONSTITUCIONAL Professor: PAULO MÁXIMO (@paulomaxim0) Curso: @cejurnorteconcursos Tema: 1- Teoria da Constituição 2- Constituição 1. Teoria da Constituição: 1.1. Noções introdutórias: 1.1.1. Alocação do Direito Constitucional: Apesar de uno, o Direito é classicamente dividido didaticamente em dois grandes grupos de disciplinas: Direito Público e direito Privado. O ponto central dessa divisão é a presença do Estado na relação jurídica em estudo. Considerando, portanto, que o Direito Constitucional diz respeito a um documento de formação e organização do Estado, a doutrina aloca a disciplina no âmbito do direito público. UadiLammêgoBulos (2018, p. 54) chega a afirmar que o termo Direito Constitucional designa "um Direito Público fundamental, um Direito do Estado por excelência". 1.1.2. Superação da dicotomia "público-privado" e a constitucionalização do Atualmente a classificação clássica do Direito vem se mostrado problemática, considerando que após a Segunda Guerra Mundial, os países europeus e latino-americanos reforçaram o princípio da supremacia da Constituição, enfraquecendo o primado do Parlamento. O enfraquecimento da supremacia do Parlamento e o retorno dos valores às Constituições modernas, impuseram um limite ao Legislativo no momento da produção das normas. Logo, os valores constitucionais passaram a influenciar toda produção normativa, gerando a chamada constitucionalização do direito privado. Tal fenômeno pode ser melhor observado quando comparados os Códigos Civis de 1916 e 2002, quando o cerne do Código deixa de ser o patrimônio para ser a pessoa humana: mailto:cejurdelta@gmail.com.br http://www.cejurnorte.com.br/ https://www.instagram.com/cejurnorteconcursos/?hl=pt-br https://www.instagram.com/paulomaxim0/ https://www.instagram.com/cejurnorteconcursos/?hl=pt-br Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce 2 cejurdelta@gmail.com.br / www.cejurnorte.com.br / @cejurnorteconcursos Além da influência da Constituição nos demais "ramos do Direito", a existência de "disciplinas transversais", como Direito Ambiental, Direitos Humanos e Direito do Consumidor, atenuaram a distinção clássica. Pedro Lenza (2017, p. 63) aponta ainda como fatores de enfraquecimento da dicotomia clássica do Direito o movimento de "descodificação do Direito Civil", com a criação de microssistemas jurídicos (CDC, ECA, Lei de Alimentos, Estatuto do Idoso, etc. 1.2. Constitucionalismo: 1.2.1. Conceito: O termo constitucionalismo não tem um único sentido. Enquanto J. J. Gomes Canotilho (2003, p. 51) conceitua-o como “a teoria (ou ideologia) que ergue o princípio do governo limitado indispensável à garantia dos direitos em dimensão estruturante da organização político-social de uma comunidade”, André Ramos Tavares (2017, p. 23) identifica quatro sentidos para o constitucionalismo: • Movimento político-social como fim de limitar o poder arbitrário; • Imposição de que haja cartas constitucionais escritas; • Identifica propósitos mais latentes e atuais da função e posição das constituições nas diversas sociedades; • Evolução histórico-constitucional de um determinado Estado. Uadi Lammêgo Bulos (2018, p. 64) por sua vez reduz os sentidos do termo constitucionalismo para dois: Código Civil de 1916 Patrimonialista Personalidade Jurídica Aptidão para ser titular de relação jurídica Capacidade Jurídica Incapacidade Jurídica Código Civil de 2002 Personalista Personalidade Jurídica Proteção fundamental (dignidade humana) Direitos da personalidade Capacidade jurídica Aptidão para ser titular de relações jurídicas mailto:cejurdelta@gmail.com.br http://www.cejurnorte.com.br/ https://www.instagram.com/cejurnorteconcursos/?hl=pt-br Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce 3 cejurdelta@gmail.com.br / www.cejurnorte.com.br / @cejurnorteconcursos • Sentido amplo: relacionada ao fato de todo Estado possuir uma constituição em qualquer época da humanidade, independentemente do regime político adotado o perfil jurídico. • Sentido restrito: a técnica jurídica de organização e limitação (através da organização do poder e pela outorga de direitos fundamentais) do Estado através de documentos escritos, surgida no Século XVIII pondo fim a seu poder arbitrário. ATENÇÃO: a ideia central do constitucionalismo é a limitação do poder do Estado, que se dá pela outorga de direitos fundamentais e pela separação dos poderes e por sua organização interna. Luís Roberto Barroso (2010, p. 27) ressalta que é possível se falar em constitucionalismo onde não há uma Constituição propriamente dita. No Reino Unido há um ideal constitucionalista sem uma Constituição escrita. QUESTÕES DE CONCURSO Assinale Certo ou Errado: 1) (CESPE - 2012 - DPE/ES) Na perspectiva moderna, o conceito de constitucionalismo abrange, em sua essência, a limitação do poder político e a proteção dos direitos fundamentais. 2) (CESPE - 2006 - ANATEL - Analista Administrativo – Direito) O constitucionalismo pode ser corretamente definido como um movimento que visa limitar o poder e estabelecer um rol de direitos e garantias individuais, o que cria a necessidade de se instituir uma carta, em regra escrita, que possa juridicizar essa relação entre Estado e cidadão, de forma a se gerar mais segurança jurídica. 1.2.2. Histórico do constitucionalismo: A doutrina aponta como prolegômenos do constitucionalismo os documentos históricos que tinham a finalidade de limitar o poder dos governantes. Por esse motivo é possível apontar como precursores remotos do constitucionalismona antiguidade, a Bíblia e a democracia ateniense. Na idade média, os pactos e os forais são citados (a Magna Charta Libertatum é o pacto mais famoso). Na América do Norte os contratos de colonização, como o Mayflower Compact de 1620 e as Fundamental Orders of Connecticut, de 1662, são os documentos precursores da experiência constitucional norte- americana. A noção de documento escrito limitador do poder do Estado ganha força no iluminismo. Manoel Gonçalves Ferreira Filho ressalta que as noções de indivíduo, razão, natureza, felicidade e progresso tem influência direta na criação da Constituição: • O homem passa é ser visto como indivíduo, dotado de direitos próprios que não se confundem com direitos da coletividade. mailto:cejurdelta@gmail.com.br http://www.cejurnorte.com.br/ https://www.instagram.com/cejurnorteconcursos/?hl=pt-br Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Nota AQUI NÃO FALA SOBRE O CONSTITUCIONALISMO SEM UMA CONSTITUIÇÃO ESCRITA Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce 4 cejurdelta@gmail.com.br / www.cejurnorte.com.br / @cejurnorteconcursos • O indivíduo é um ser racional, ou seja, determina sua vontadepela razão. • A razão faz com que o indivíduo se afaste de preconceitos, reconhecendo que vive em um mundo governado por leis naturais. • As leis naturais conduzem o indivíduo buscar a melhor situação possível, de modo que seu cumprimento gera felicidade. • O indivíduo racional, ao cumprir as leis da natureza, que visam a felicidade, deixam de buscar apenas a salvação eterna, para buscá- la também a salvação terrena. Em outros termos, em busca de sua felicidade o indivíduo busca melhorar suas condições de vida, gerando progresso. As ideias iluministas acabam por desaguar no liberalismo. O indivíduo buscando seu progresso não mais aceita um Estado que intervenha na economia. Por outro lado, o Estado acaba por ser um mal necessário, considerando a segurança dos indivíduos (afinal, o "homem é o lobo do homem", como dizia Thomas Hobbes). Assim sendo, a Constituição surge como um documento formal, escrito, solene, destinado à organização fundamental do Estado, com base nos princípios liberais. O constitucionalismo moderno nasce com a Constituição americana, de 1787. A primeira Constituição europeia foi a da Polônia, de 3 de maio de 1791. A França só promulgou sua Constituição em 3 de setembro de 1791. Ao contrário da experiência norte-americana, as Constituições europeias, ainda que elaboradas por uma Assembleia Constituinte, acabavam por ser promulgadas por reis. Ingo Sarlet(2018, p. 60) ressalta que a noção de supremacia da constituição, a falta de controle judicial das leis em face das constituições, a pouca relevância dos direitos fundamentais, a falta de representação popular e de direitos políticos foram elementos característicos desse período inicial. INDIVÍDUO RAZÃO NATUREZA FELICIDADE PROGRESSO LIBERALISMO CONSTITUIÇÃO mailto:cejurdelta@gmail.com.br http://www.cejurnorte.com.br/ https://www.instagram.com/cejurnorteconcursos/?hl=pt-br Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce 5 cejurdelta@gmail.com.br / www.cejurnorte.com.br / @cejurnorteconcursos Nas Américas, após a independência da maioria dos países, houve a proliferação da elaboração de constituições. Exceto o Brasil, quem manteve- se uma monarquia, a maioria dos Estados americanos se tornou república. Contudo, é possível afirmar que o todos eram Estados Constitucionais. QUESTÕES DE CONCURSO Assinale Certo ou Errado: 3) (CESPE - 2012 - PC-AL - Delegado de Polícia) O constitucionalismo moderno surgiu no século XVIII, trazendo novos conceitos e práticas constitucionais, como a separação de poderes, os direitos individuais e a supremacia constitucional. 4) (CESPE - 2012 - MPOG - Analista de Infraestrutura) De acordo com o constitucionalismo moderno, as constituições escritas são instrumentos de contenção do arbítrio decorrente do exercício do poder estatal. 1.2.3. Neoconstitucionalismo: Desde o final do séc. XX o constitucionalismo passou por uma reanálise.O objetivo passou a não apenas atrelar o constitucionalismo à ideia de limitação do poder político, mas também, buscar a eficácia da Constituição. A Constituição impõe diretrizes e opções políticas e ampla regulamentação jurídica. As normas, muitas das vezes, são vagas. Contudo, não deixam de limitar o legislador apenas na forma, mas também em seu conteúdo (NOVELINO, 2017, p. 58), daí dizer que o neoconstitucionalismo busca a materialização constitucional. Ademais, se antes cabia ao Parlamento a primazia normativa, concretizando os direitos, agora a Constituição passa a vincular o Legislativo, garantindo a produção efeitos jurídicos e limitando aquilo que lhe é contrária, pelo controle de constitucionalidade. Trata-se da passagem do Estado Legislativo de Direito, que se pautava pelo princípio da legalidade, ao Estado Constitucional de Direito, inserindo a Constituição no centro do ordenamento jurídico, com eficácia jurídica vinculante e obrigatória, dotada de supremacia (CUNHA JÚNIOR, 2017, p. 35). Os direitos fundamentais, que nasceram para limitar o Estado, passam a reger também as relações entre particulares (eficácia horizontal dos direitos fundamentais), não mais dependendo da interposição do Legislativo para serem válidos. O próprio texto constitucional passa por alterações no neoconstitucionalismo. Dirley da Cunha Júnior (2017, p. 35) aponta que foram incorporados valores às Constituições, como a dignidade humana, assim como opções políticas gerais (como a redução da desigualdade, a admissão do pluralismo político, etc.) e específicos (quando determina a destinação de dinheiro à saúde e à educação, bem como a gratuidade desses serviços mailto:cejurdelta@gmail.com.br http://www.cejurnorte.com.br/ https://www.instagram.com/cejurnorteconcursos/?hl=pt-br Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce 6 cejurdelta@gmail.com.br / www.cejurnorte.com.br / @cejurnorteconcursos públicos).Portanto, enquanto no constitucionalismo moderno a diferença entre normas constitucionais e infraconstitucionais era apenas de grau, no neoconstitucionalismo ela é também axiológica. Por fim, diante da materialização constitucional, de seu modelo axiológico e de sua supremacia perante todos os poderes, as normas infraconstitucionais serão válidas desde que interpretadas conforme a Constituição. Não se aceitam interpretações que contrariem os ditames e os valores previstos constitucionalmente. QUESTÕES DE CONCURSO Assinale certo ou errado: 5) (CESPE - 2015 - TRE-MT - Analista Judiciário) O neoconstitucionalismo desenvolvido pelo modelo neoliberal de Estado revisita a concepção de liberdade de mercado, resultando no enfraquecimento dos direitos sociais. 6) (CESPE - 2016 - TRE-PI - Analista Judiciário) O neoconstitucionalismo, ao promover a força normativa da Constituição, acarretou a diminuição da atividade judicial, dado o alto grau de vinculação das decisões judiciais aos dispositivos constitucionais. 7) (CESPE - 2017 - Prefeitura de Belo Horizonte - MG - Procurador Municipal) O neoconstitucionalismo, que buscou, no pós-guerra, a segurança jurídica por meio de cartas constitucionais mais rígidas a fim de evitar os abusos dos três poderes constituídos, entrou em crise com a intensificação do ativismo judicial. 8) (CESPE - 2012 - ANAC - Especialista em Regulação de Aviação Civil - Área 5) No constitucionalismo moderno, a Constituição deixa de ser concebida como simples manifesto político para ser compreendida como norma jurídica fundamental e suprema, que consiste em técnica específica de limitação do poder com fins garantísticos. 9) (CESPE - 2015 - AGU - Advogado da União) No neoconstitucionalismo, passou-se da supremacia da lei à supremacia da Constituição, com ênfase na força normativa do texto constitucional e na concretização das normas constitucionais. 10) (CESPE - 2014 - TJ-SE - Titular de Serviços de Notas e de Registros – Provimento) De acordo com o denominado neoconstitucionalismo, os princípios constitucionais devem ser considerados meros textos exortativos, sem qualquer força normativa ou eficácia positiva. 11) Acerca do constitucionalismo, assinale a opção incorreta. a. A origem do constitucionalismo remonta à antiguidade clássica, especificamente ao povo hebreu, do qual partiram as primeiras manifestações desse movimento constitucional em busca de uma organização política fundada na limitação do poder absoluto. b.O neoconstitucionalismo é caracterizado por um conjunto de transformações no Estado e no direito constitucional, entre as quais se destaca a prevalência do positivismo jurídico, com a clara separação entre direito e valores substantivos, como ética, moral e justiça. c. O constitucionalismo moderno representa uma técnica específica de limitação do poder com fins garantidores. d. O neoconstitucionalismo caracteriza-se pela mudança de paradigma, de Estado Legislativo de Direito para Estado Constitucional de Direito, em que a Constituição passa a ocupar o centro de todo o sistema jurídico. e. As constituições do pós-guerra promoveram inovações por meio da incorporação explícita, em seus textos, de anseios políticos, como a redução de desigualdades sociais, e de valores como a promoção da dignidade humana e dos direitos fundamentais. 12) (CESPE - 2009 - PGE-PE - Procurador do Estado) Chega de ação. Queremos promessas. Assim protestava o grafite, ainda em tinta fresca, inscrito no muro de uma cidade, no coração do mundo ocidental. A espirituosa inversão da lógica natural dá conta de uma das marcas dessa geração: a velocidade da transformação, a profusão de ideias, a multiplicação das novidades. Vivemos a perplexidade e a angústia da aceleração da vida. Os tempos não andam propícios para doutrinas, mas para mensagens de consumo rápido. Para jingles, e não para sinfonias. O mailto:cejurdelta@gmail.com.br http://www.cejurnorte.com.br/ https://www.instagram.com/cejurnorteconcursos/?hl=pt-br Cliente Realce princípio da interpretação conforme a constituição Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce 7 cejurdelta@gmail.com.br / www.cejurnorte.com.br / @cejurnorteconcursos direito vive uma grave crise existencial. Não consegue entregar os dois produtos que fizeram sua reputação ao longo dos séculos. De fato, a injustiça passeia pelas ruas com passos firmes e a insegurança é a característica da nossa era. Na aflição dessa hora, imerso nos acontecimentos, não pode o intérprete beneficiar-se do distanciamento crítico em relação ao fenômeno que lhe cabe analisar. Ao contrário, precisa operar em meio à fumaça e à espuma. Talvez esta seja uma boa explicação para o recurso recorrente aos prefixos pós e neo: pós- modernidade, pós-positivismo, neoliberalismo, neoconstitucionalismo. Sabe-se que veio depois e que tem a pretensão de ser novo. Mas ainda não se sabe bem o que é. Tudo é ainda incerto. Pode ser avanço. Pode ser uma volta ao passado. Pode ser apenas um movimento circular, uma dessas guinadas de 360 graus. L. R. Barroso. Neoconstitucionalismo e constitucionalização do direito. O triunfo tardio do direito constitucional no Brasil. In: Internet: (com adaptações). Tendo o texto acima como motivação, assinale a opção correta a respeito do constitucionalismo e do neoconstitucionalismo. a. O neoconstitucionalismo tem como marco filosófico o póspositivismo, com a centralidade dos direitos fundamentais, no entanto, não permite uma aproximação entre direito e ética. b. A democracia, como vontade da maioria, é essencial na moderna teoria constitucional, de forma que as decisões judiciais devem ter o respaldo da maioria da população, sem o qual não possuem legitimidade. c. No neoconstitucionalismo, a Constituição é vista como um documento essencialmente político, um convite à atuação dos poderes públicos, ressaltando que a concretização de suas propostas fica condicionada à liberdade de conformação do legislador ou à discricionariedade do administrador. d. O constitucionalismo pode ser definido como uma teoria (ou ideologia) que ergue o princípio do governo limitado indispensável à garantia dos direitos em dimensão estruturante da organização político-social de uma comunidade. Nesse sentido, o constitucionalismo moderno representa uma técnica de limitação do poder com fins garantísticos. e. O neoconstitucionalismo não autoriza a participação ativa do magistrado na condução das políticas públicas, sob pena de violação do princípio da separação dos poderes. 1.2.4. Modelos Constitucionais: Todas as constituições tenham a função de limitação do poder do Estado. Contudo, é possível distinguir alguns modelos constitucionais. Historicamente tais constituições surgiram em momentos cronológicos subsequentes, porém, atualmente elas ainda coexistem: Modelo liberal: Realça-se as liberdades jurídicas individuais. Ex.: Constituição americana. Modelo social: o Estado busca superar o antagonismo entre igualdade política e desigualdade social, tornando-se um Estado intervencionista nas relações sociais, econômicas e laborais, bem como um Estado prestador de serviços, como os de saúde, educação e previdência social. Ex.: Constituição Mexicana de 1917 e Constituição de Weimar de 1919. Estado democrático de Direito: Busca suprir as deficiências e consolidar as conquistas dos Estados liberal e social. Reforça-se o princípio da soberania popular, bem como preocupa-se com a efetividade dos direitos fundamentais. Ex.: Lei Fundamental de Bonn, de 1949 e a Constituição brasileira de 1988. mailto:cejurdelta@gmail.com.br http://www.cejurnorte.com.br/ https://www.instagram.com/cejurnorteconcursos/?hl=pt-br Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce 8 cejurdelta@gmail.com.br / www.cejurnorte.com.br / @cejurnorteconcursos 1.3. Direito Constitucional: Uadi Lammêgo Bulos (2018, p. 54) aponta que a terminologia Direito Constitucional foi cunhada no século XVIII, quando a Assembleia Constituinte francesa determinou às faculdades de Direito que ministrassem aulas sobre a recém promulgada Constituição francesa. Luís Roberto Barroso (2010, p. 70) explica que enquanto domínio científico o Direito Constitucional busca ordenar saberes distintos, relacionados a aspectos normativos do poder político e aos direitos fundamentais, nos seguintes âmbitos: Filosofia constitucional e teoria da Constituição: através de reflexões filosóficas de natureza jurídica, política, moral e sociológica. Dogmática jurídica: com a produção de doutrina sobre as normas e institutos jurídicos; e Jurisprudência: através do estudo da atividade dos tribunais na aplicação do Direito. ATENÇÃO: a análise das questões das bancas de concurso indica qual o viés da prova (“lei seca”, doutrina ou jurisprudência). Uma banca como o CESPE tende a cobrar as três competências ainda que em pesos distintos a depender do concurso. Já a FCC e a VUNESP, por outro lado, dão ênfase à “lei seca” e a súmulas dos tribunais. O direito constitucional positivo é, segundo Luís Roberto Barroso (2010, p. 71) o conjunto de normas jurídicas em vigor que detêm status de normas constitucionais: normas do corpo permanente da Constituição; normas do ADCT; emendas constitucionais; e tratados de direitos humanos ratificados nos termos do art. 5º, § 3º da Constituição. QUESTÃO DE CONCURSO 13) (VUNESP - Defensor Público MT-2014) É correto afirmar que os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos a. que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por maioria dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às leis complementares. b. que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais. c. que forem aprovados, em sessão unicameral pelo Congresso Nacional, por maioria absoluta, serão equiparados às emendas constitucionais. d. que forem aprovados pelo Congresso Nacional por meio de Decreto Legislativo serão equivalentes às leis complementares. 1.4. Conceito deConstituição: mailto:cejurdelta@gmail.com.br http://www.cejurnorte.com.br/ https://www.instagram.com/cejurnorteconcursos/?hl=pt-br Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce 9 cejurdelta@gmail.com.br / www.cejurnorte.com.br / @cejurnorteconcursos Ronald Dworkin explica que conceito é algo em que há um consenso sobre seu significado, enquanto concepções são visões distintas sobre uma mesma coisa ou fenômeno, que em razão de sua dissonância, impedem o consenso necessário ao conceito. Pedro Lenza(2017, p. 83) destaca que há várias concepções ou acepções a serem tomadas para definir o termo Constituição. Há autores que elencam mais de 12 concepções de Constituição. Do universo de concepções existentes três são fundamentais: Constituição sociológica, de Ferdinand Lassale; Constituição política, de Carl Schmitt; e Constituição jurídica de Hans Kelsen. 1.4.1. Concepção sociológica de Constituição – Ferdinand Lassale: Para Ferdinand Lassale, em sua obra “¿Qué es una Constituicion?” aConstituição não é fruto da razão, mas resultado das forças sociais de uma sociedade (fatores reais de poder). Em uma sociedade há várias formas de poder (econômico, religioso, etc.). Esses poderes estão divididos na sociedade de forma desconcentrada.Todos esses atores, que detém os diversos tipos de poder, estão lutando diariamente por seus interesses. São esses fatores reais de poder, enquanto força ativa e eficaz de uma sociedade, que informam todas as leis e instituições jurídicas de um Estado, determinando o que elas realmente são. Portanto, para Lassale, a Constituição não é o texto escrito (mera folha de papel), mas sim aquilo que é realmente aplicado pela sociedade, daí a distinção entre constituição formal e constituição real: Escrita ou formal: é o texto escrito. Real ou efetiva: é a soma dos fatores reais de poder. A constituição escrita deve refletir a constituição real, sob pena de se tornar ilegítima. 1.4.2. Concepção política de Constituição – Carl Schmitt: Para Carl Schmitt, em sua obra Teoria da Constituição (Verfassungslebre), de 1928, em seu sentido absoluto a Constituição é um todo unitário que significa: O próprio Estado em sua existência política; A forma de governo de uma sociedade; mailto:cejurdelta@gmail.com.br http://www.cejurnorte.com.br/ https://www.instagram.com/cejurnorteconcursos/?hl=pt-br Cliente Realce Cliente Realce NÃO EXISTE UM CONCEITO DA CONSTITUIÇÃO. EXISTEM CONCEPÇÕES Cliente Realce Cliente Realce NÃO É AQUILO QUE ESTÁ ESCRITO. É SIM AQUILO QUE SÃO FATORES REAIS DE PODER (MOVEM A SOCIEDADE - ESTÃO POR DE TRAZ DAS LEIS) RESULTADO PELA BRIGA - SOMA DOS FATORES REAIS DO PODER A CONSTITUIÇÃO ESCRITA TEM QUE ESTAR DE ACORDO A CONSTITUIÇÃO REAL Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce 10 cejurdelta@gmail.com.br / www.cejurnorte.com.br / @cejurnorteconcursos Um princípio dinâmico de sucessão, transformação, coordenação e agregação do Estado; e Uma regulação legal fundamental, consubstanciando um sistema de normas supremas e últimas. Já em seu sentido relativo, a constituição é a lei constitucional em particular. Conjunto de normas que não poderão ser alteradas por leis ordinárias. Por fim, em seu sentido positivo, a Constituição é a decisão política fundamental de uma sociedade. A Constituição não gera a unidade da sociedade, mas o contrário, a unidade política, dotada de uma vontade externalizada pelo Poder Constituinte, adota uma Constituição por si mesma e se dá a si mesma (CUNHA JÚNIOR, 2017, p. 77). A unidade política decide como irá se organizar e como o Estado deverá se portar. Por fim, em seu sentido ideal, a Constituição é um documento de conteúdo político e social, considerado ideal por sua correspondência aos postulados políticos do momento (CUNHA JÚNIOR, 2017, p. 79). 1.4.3. Concepção jurídica de Constituição – Hans Kelsen: Hans Kelsen, e os positivistas excludentes em geral, concebem a Constituição como uma norma jurídica fundamental de organização do Estado. A Constituição é, portanto, dissociada de qualquer fundamento político, social, filosófico. A Constituição é considerada norma pura, puro dever-ser, sem qualquer pretensão a fundamento sociológica, política ou filosófica. A concepção de Kelsen toma a palavra Constituição em dois sentidos: Lógico-jurídico: Constituição significa norma fundamental hipotética, cuja função é servir de fundamento lógico transcendental da validade da Constituição jurídico-positiva. Jurídico-positivo (posta): A Constituição é a norma positivada suprema, conjunto de normas que regula a criação de outras normas, lei nacional no seu mais alto grau. Dirley da Cunha Júnior (2017, p. 82) explica que a norma fundamental constitui a unidade das demais normas jurídicas do ordenamento, pois representa seu fundamento último de validade. Ela é o fundamento de validade e o princípio unificador das normas de um sistema jurídico. Por ser o ponto de partida do direito positivo ela é hipotética, afinal não está positivada ainda. mailto:cejurdelta@gmail.com.br http://www.cejurnorte.com.br/ https://www.instagram.com/cejurnorteconcursos/?hl=pt-br Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce SOCIEDADE SE REUNI E ELENCCA O QUE É MAIS IMPORTANTE E DEPOIS INSERE EM UM DOCUMENTO ESCRITO E FORMAL. O QUE SERÁ A CONSTITUIÇÃO Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce É QUANDO AQUILO QUE ESTÁ ESCRITO ESPELA O QUE FOI POSTULADO PELOS POLÍTICOS DO MOMENTO Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce SÓ EXISTE NA CONSTITUIÇÃO UM DIREITO PURO - NORMA PURA Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce 11 cejurdelta@gmail.com.br / www.cejurnorte.com.br / @cejurnorteconcursos QUESTÕES DE CONCURSO Assinale certo ou errado: 14) (CESPE - 2013 - DPF – Delegado de Polícia Federal) No sentido sociológico, a CF reflete a somatória dos fatores reais do poder em uma sociedade. 15) (CESPE – 2013 - ANTT – Analista Administrativo) Em sentido jurídico, a constituição é considerada norma pura, puro dever ser. 16) (CESPE – 2015 – TRF 5 – Juiz Federal Substituto - adaptada) Conforme a concepção política, a Constituição é a soma dos fatores reais de poder que regem o país. 17) (CESPE – 2013 – TJ-RN – Juiz - adaptada) Define-se constituição, no sentido jurídico, como decisão política fundamental. 18) (CESPE – 2012 – Banco da Amazônia – Técnico científico - adaptada) Consoante a concepção sociológica, a constituição de um país consiste na soma dos fatores reais do poder que o regem, sendo, portanto, real e efetiva. 19) (CESPE – 2011 – TJ-ES – Analista Judiciário) A concepção sociológica, elaborada por Ferdinand Lassale, considera a Constituição como sendo a somatória dos fatores reais de poder, isto é, o conjunto de forças de índole política, econômica e religiosa que condicionam o ordenamento jurídico de determinada sociedade. 20) (CESPE - 2018 - Polícia Federal - Delegado de Polícia Federal) A possibilidade de um direito positivo supraestatal limitar o Poder Legislativo foi uma invenção do constitucionalismo do século XVIII, inspirado pela tese de Montesquieu de que apenas poderes moderados eram compatíveis coma liberdade. Mas como seria possível restringir o poder soberano, tendo a sua autoridade sido entendida ao longo da modernidade justamente como um poder que não encontrava limites no direito positivo? Uma soberania limitada parecia uma contradição e, de fato, a exigência de poderes políticos limitados implicou redefinir o próprio conceito de soberania, que sofreu uma deflação. Alexandre Costa. O poder constituinte e o paradoxo da soberania limitada. In: Teoria & Sociedade. n.º 19, 2011, p. 201 (com adaptações). Considerando o texto precedente, julgue o item a seguir, a respeito de Constituição, classificações das Constituições e poder constituinte. A ideia apresentada no texto reflete a Constituição como decisão política fundamental do soberano, o que configura o sentido sociológico de Constituição. 21) (CESPE - 2008 - PGE-PB - Procurador do Estado) Acerca do conceito, do objeto, dos elementos e da classificação das constituições, assinale a opção correta. a. A constituição é, na visão de Ferdinand Lassalle, uma decisão política fundamental e, não, uma mera folha de papel. b. Para Carl Schimidt, o objeto da constituição são as normas que se encontram no texto constitucional, não fazendo qualquer distinção entre normas de cunho formal ou material. c. O dispositivo constitucional que arrola os princípios gerais da atividade econômica, como o da propriedade privada e sua função social, é considerado elemento socioideológico da constituição, revelador do compromisso de um Estado não meramente individualista e liberal. d. Como, no Brasil, a CF admite mudança por meio de emenda à constituição, respeitados os limites por ela impostos, ela é considerada semi-rígida. e. A distinção entre constituição formal e material é relevante para fins de aferição da possibilidade de controle de constitucionalidade das normas infraconstitucionais. 22) (CESPE - 2010 - DPU–Analista Administrativo) O termo constituição possui diversas acepções. Dessa forma, ao se afirmar que a constituição é norma pura, sendo fruto da vontade racional do homem e não das leis naturais, considera-se um conceito próprio do sentido a. culturalista. b. sociológico. c. político. d. filosófico e. jurídico. 1.5. Elementos da Constituição: Pedro Lenza explica que os dispositivos constitucionais trazem valores distintos, caracterizando a natureza polifacética da Constituição. mailto:cejurdelta@gmail.com.br http://www.cejurnorte.com.br/ https://www.instagram.com/cejurnorteconcursos/?hl=pt-br Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce 12 cejurdelta@gmail.com.br / www.cejurnorte.com.br / @cejurnorteconcursos Por esse motivo a doutrina agrupa as diversas normas constitucionais de acordo com a sua finalidade, surgindo, então, o que se denominou elementos da Constituição. Segundo Gilmar Ferreira Mendes, a generalidade das leis fundamentais revela, em sua estrutura normativa cinco categorias de elementos: Orgânicos: que se contêm nas normas que regulam a estrutura do Estado e do Poder; Limitativos: são os que limitam a ação dos poderes estatais e dão a tônica do Estado de Direito, consubstanciando o elenco dos direitos e garantias fundamentais: direitos individuais e suas garantias, direitos de nacionalidades e direitos políticos e democráticos; Sócio-ideológicos: consubstanciados nas normas sócio-ideológicas, que revelam o caráter de compromisso das constituições modernas entre o Estado individualista e o Estado Social, intervencionista; Deestabilizaçãoconstitucional: consagrados nas normas destinadas a assegurar a solução de conflitos constitucionais, a defesa da Constituição, do Estado e das instituições democráticas, premunindo os meios e as técnicas contra sua alteração e infringência, a não ser nos termos nela própria estatuídos; e Formaisdeaplicabilidade: consubstanciados nas normas que estatuem regras de aplicação das constituições, assim, o preâmbulo, o dispositivo que contém as cláusulas de promulgação e as disposições transitórias. 1.6. Classificação das Constituições: Classificar é distinguir coisas similares, com base em um critério diferenciador. (distinguish). Portanto, é possível afirmar que não existe classificação certa ou errada, mas sim útil ou inútil. Os principais critérios utilizados para classificar as Constituições são: Quanto à origem; Quanto à forma; Quanto à extensão/finalidade; Quanto ao conteúdo; Quanto à alterabilidade; Quanto à sistemática; Quanto à dogmática; Quanto à correspondência à realidade; Quanto ao sistema. 1.6.1. Quanto à origem: mailto:cejurdelta@gmail.com.br http://www.cejurnorte.com.br/ https://www.instagram.com/cejurnorteconcursos/?hl=pt-br Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce são direitos sociais Cliente Realce Cliente Realce intervenção federal, estado de sítio, de defesa e etc. Cliente Realce Cliente Realce preâmbulo, adct, art. 5 Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce 13 cejurdelta@gmail.com.br / www.cejurnorte.com.br / @cejurnorteconcursos De acordo com tal critério, as constituições poderão ser outorgadas, promulgadas ou ainda, segundo ensina Pedro Lenza são consideradas por alguns as cesaristas (ou bonapartistas) e as pactuadas (ou dualistas). 1.6.1.1. Outorgadas: São as constituições impostas de maneira unilateral pelo agente revolucionário (grupo, ou governante), que não recebeu do povo a legitimidade para em nome dele atuar. Exemplos de Constituições brasileiras: 1824, 1937, 1967 e EC nº 1969. OBS.: Há autores que entendem que o texto de 1967 teria sido promulgado, já que votado nos termos do art. 1º, §1º, do AI nº 4/66. Contudo, Pedro Lenza explica que em razão do autoritarismo implantado pelo Comando Militar da Revolução, não possuindo o Congresso Nacional liberdade para alterar substancialmente o novo Estado que se instaurava, o entendimento majoritário é que o referido texto foi outorgado unilateralmente pelo regime ditatorial militar implantado. O autor entende ainda que, dado seu caráter revolucionário, a EC nº 1/69 pode ser considerada como manifestação de um novo poder constituinte originário, imposta pelo governo de Juntas Militares, nos termos do AI nº 12/69. 1.6.1.2. Promulgada: Também chamada de democrática, votada ou popular, é a constituição fruto do trabalho de uma Assembleia Nacional Constituinte, eleita diretamente pelo povo, para, em nome dele, atuar, nascendo, portanto, da deliberação da representação legítima popular.São exemplos de constituições brasileiras: 1891, 1934, 1946, 1988. 1.6.1.3. Cesarista: Não é propriamente outorgada, mas tampouco democrática, ainda que criada com a participação popular. É formada por plebiscito popular sobre um projeto já elaborado por um Imperador (plebiscitos napoleônicos) ou um Ditador (plebiscito de Pinochet, no Chile), por exemplo. A participação popular, não é democrática, pois visa apenas ratificar a vontade do detentor do poder. Esse tipo de Constituição foi utilizado por Hugo Chavez na Venezuela e por Evo Morales na Bolívia. 1.6.1.4. Pactuadas: mailto:cejurdelta@gmail.com.br http://www.cejurnorte.com.br/ https://www.instagram.com/cejurnorteconcursos/?hl=pt-br Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce 14 cejurdelta@gmail.com.br / www.cejurnorte.com.br / @cejurnorteconcursos O poder constituinte originário se concentra nas mãos de maisde um titular. Por isso trata-se de modalidade anacrônica, dificilmente ajustando-se à noção moderna de constituição, intimamente associada à ideia de unidade do poder constituinte. Tais constituições foram bastante difundidas no seio da monarquia estamental da Idade Média, quando o poder estatal aparecia cindido entre o monarca e as ordens privilegiadas. Para Paulo Bonavides, a Constituição pactuada é aquela que exprime um compromisso instável de duas forças políticas rivais: a realeza absoluta debilitada, de uma parte, e a nobreza e a burguesia, em franco progresso, doutra. Surge então como termo dessa relação de equilíbrio a forma institucional da monarquia limitada. Entendem alguns publicistas que as constituições pactuadas assinalam o momento histórico em que determinadas classes disputam ao rei um certo grau de participação política, em nome da comunidade com o propósito de resguardar direitos e amparar franquias adquiridas. Na constituição pactuada o equilíbrio é precário. Uma das partes se acha sempre politicamente em posição de força. O pacto selado juridicamente mal encobre essa situação fática, e o contrato se converte, por conseguinte numa estipulação unilateral camuflada. 1.6.2. Quanto à forma: Quanto à forma, elas podem ser escritas (instrumental) ou costumeiras (não escritas ou consuetudinárias). 1.6.2.1. Escritas: São constituições formadas por um conjunto de regras sistematizadas e organizadas em um único documento, estabelecendo as normas fundamentais de um Estado. Para Alexandre de Moraes a constituição escrita é o mais alto estatuo jurídico de determinada comunidade, caracterizando-se por ser a lei fundamental de uma sociedade. A isso corresponde o conceito de constituição legal, como resultado da elaboração de uma Carta escrita fundamental, colocada no ápice da pirâmide normativa e dotada de coercibilidade. 1.6.2.2. Não escritas: Seria a Constituição que, ao contrário da escrita, não traz as regras em um único texto solene e codificado. É formada por textos esparsos, mailto:cejurdelta@gmail.com.br http://www.cejurnorte.com.br/ https://www.instagram.com/cejurnorteconcursos/?hl=pt-br Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce 15 cejurdelta@gmail.com.br / www.cejurnorte.com.br / @cejurnorteconcursos reconhecidos pela sociedade como fundamentais e baseiam-se nos usos, costumes, jurisprudência e convenções. O Reino Unido é o exemplo clássico deste tipo de Constituição. Contudo ressalta Pedro Lenza que atualmente, mesmo a Inglaterra assenta princípios constitucionais em textos escritos, em que pesem os costumes formarem relevantes valores constitucionais. Por isso afirma o autor que na época contemporânea inexistem Constituições totalmente costumeiras. 1.6.3. Quanto à extensão (e finalidade): Quanto à extensão (e finalidade, segundo Alexandre de Moraes) podem ser sintéticas (concisas, breves, sumárias, sucintas, básicas), ou analíticas (amplas, extensas, largas, prolixas, longa, desenvolvida, volumosa, inchada). 1.6.3.1. Sintéticas: São as constituições sintéticas que preveem somente os princípios e as normas gerais de regência do Estado, organizando-o e limitando seu poder, por meio da estipulação de direitos e garantias fundamentais. Para Pedro Lenza por não descerem às minúcias, são elas mais duradouras, na medida em que os seus princípios estruturais são interpretados e adequados aos novos anseios pela atividade da Suprema Corte. Para Pinto Ferreira, a constituição brasileira de 1891 é um exemplo de constituição sintética. 1.6.3.2. Analíticas: São as constituições que abordam todos os assuntos que os representantes do povo entenderem fundamentais. Descem às minúcias, estabelecendo regras, que, segundo Pedro Lenza deveriam estar em leis infraconstitucionais, como, por exemplo, o art. 242, §2º da CF. 1.6.4. Quanto ao conteúdo: Intimamente ligado à concepção política de Constituição. A Constituição acaba por tomar dois sentidos: materialeformal: mailto:cejurdelta@gmail.com.br http://www.cejurnorte.com.br/ https://www.instagram.com/cejurnorteconcursos/?hl=pt-br Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce 16 cejurdelta@gmail.com.br / www.cejurnorte.com.br / @cejurnorteconcursos 1.6.4.1. Material: Consiste no conjunto de regrasmaterialmente constitucionais, estejam ou não codificadas em um único documento. Explica Pedro Lenza que materialmente constitucional será aquele texto que contiver as normas fundamentais e estruturais do Estado, a organização de seus órgãos, os direitos e garantias fundamentais. 1.6.4.2. Formal: Constituição formal é aquela consubstanciada de forma escrita, por meio de um documento solene estabelecido pelo poder constituinte originário. Explica Pedro Lenza que é a constituição que elege como critério o processo de formação, e não o conteúdo de suas normas. Assim, qualquer regra nela contida terá o caráter de constitucional. 1.6.5. Quanto à alterabilidade/estabilidade/mutabilidade/consistência: Este critério recebe da doutrina diversas outras denominações tais como mutabilidade (Michel Temer; Luiz Alberto David Araujo e Vidal Serrano Nunes Júnior) estabilidade (José Afonso da Silva e Alexandre de Moraes) e consistência (Pinto Ferreira). Passada as questões terminológicas, as constituições poderão ser rígidas, flexíveis (também chamadas de plásticas, segundo Pinto Ferreira) e semi-rígidas (ou semiflexíveis). Há autores que também lembram as fixas ou silenciosas, as transitoriamente flexíveis, as imutáveis (permanentes graníticas ou intocáveis) e as superrígidas. 1.6.5.1. Rígidas: São aquelas constituições que exigem, para a sua alteração um processo legislativo mais árduo, mais solene, mais dificultoso do que o processo de alteração das normas não constitucionais. A exceção da Constituição de 1824 todas as Constituições brasileiras foram rígidas. 1.6.5.2. Flexível: mailto:cejurdelta@gmail.com.br http://www.cejurnorte.com.br/ https://www.instagram.com/cejurnorteconcursos/?hl=pt-br Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce 17 cejurdelta@gmail.com.br / www.cejurnorte.com.br / @cejurnorteconcursos É aquela constituição que não possui um processo legislativo de alteração mais dificultoso do que o processo legislativo de alteração das normas infraconstitucionais. A dificuldade em alterar a constituição é a mesma encontrada para alterar uma lei que não é constitucional. Em se tratando de constituição flexível, não há hierarquia entre constituição e lei infraconstitucional, ou seja, uma lei infraconstitucional posterior altera o texto constitucional se assim expressamente o declarar, quando forma com ele incompatível, ou quando regular inteiramente a matéria de que tratava a constituição. 1.6.5.3. Semiflexível ou semi-rígida: É aquela constituição que é tanto rígida como flexível, ou seja, algumas matérias exigem um processo de alteração mais dificultoso do que o exigido para alteração das leis infraconstitucionais, enquanto outras não requerem tal formalidade. 1.6.5.4.Fixas: São aquelas que somente podem ser alteradas por um poder de competência igual àquele que a criou, isto é, o poder constituinte originário. São conhecidas como constituições silenciosas, porque não estabelecem, expressamente, o procedimento para sua reforma. 1.6.5.5. Transitoriamente flexíveis: São as suscetíveis de reforma, com base no mesmo rito das leis comuns, mas apenas por determinado período. Ultrapassado o lapso, o documento constitucional passa a ser rígido. 1.6.5.6. Imutáveis: São as constituições onde se veda qualquer alteração, constituindo-se relíquias históricas e que se pretendem eternas, sendo também denominadas de permanentes, graníticas ou intocáveis. 1.6.5.7. Superrígida: Para Alexandre de Moraes a Constituição Federal de 1988 pode ser considerada como superrígida, uma vez que em regra poderá ser alterada mailto:cejurdelta@gmail.com.br http://www.cejurnorte.com.br/ https://www.instagram.com/cejurnorteconcursos/?hl=pt-br Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce 18 cejurdelta@gmail.com.br / www.cejurnorte.com.br / @cejurnorteconcursos por um processo legislativo diferenciado, mas excepcionalmente, em alguns pontos é “imutável” (CF, art. 60, § 4º - cláusulas pétreas). 1.6.6. Quanto à sistemática (critério sistemático): Pinto Ferreira, valendo-se de um critério sistemático divide as constituições em reduzidas (ou unitárias) e variadas. 1.6.6.1. Reduzidas: Também denominadas de codificadassão aquelas que se materializariam em um só código básico e sistemático. 1.6.6.2. Variadas: São aquelas que se distribuiriam em vários textos e documentos esparsos, sendo formadas de várias leis constitucionais, destacando-se a belga de 1830 e a francesa de 1875. Paulo Bonavides as chama de legais, também denominadas constituições escritas não formais. A Constituição brasileira de 1988, em um primeiro momento seria reduzida, codificada ou unitária. Contudo, aponta Pedro Lenza, diante da ideia de bloco de constitucionalidade, parece que se caminha para um critério que se aproxima da constituição esparsa (legal ou escrita não formal – escrita e que se apresenta fragmentada em vários textos), especialmente diante da regra contida no art. 5º, §3º. O Decreto Legislativo nº 186/2008 foi promulgado nos termos do referido dispositivo, recebendo força de EC (e, portanto, com natureza constitucional). Ademais, ressalta o autor que existem vários artigos de emendas constitucionais que não foram introduzidos no corpo da Constituição e, permanecendo como artigo autônomo das emendas, ainda sim têm natureza constitucional e, portanto, eventual lei que contrarie poderá ser declarada inconstitucional, servido a emenda como paradigma de confronto. 1.6.7. Quanto à dogmática: Valendo-se do critério ideológico Pedro Lenza divide as constituições em ortodoxa e eclética. 1.6.7.1. Ortodoxa: mailto:cejurdelta@gmail.com.br http://www.cejurnorte.com.br/ https://www.instagram.com/cejurnorteconcursos/?hl=pt-br Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce 19 cejurdelta@gmail.com.br / www.cejurnorte.com.br / @cejurnorteconcursos É aquela formada por uma só ideologia, como a soviética de 1977. 1.6.7.2. Eclética: Seria a formada por ideologias conciliatórias, como a brasileira de 1988. 1.6.8. Quanto à correspondência com a realidade (critério ontológico – essência): Karl Loewenstein, através de um critério ontológico, que busca identificar a correspondência entre a realidade política do Estado e o texto constitucional, distinguiu as constituições em normativas, nominalistas (nominativas ou nominais) e semânticas. 1.6.8.1. Normativas: Aquelas em que o processo de poder está de tal forma disciplinado que as relações políticas e os agentes do poder subordinam-se às determinações do seu conteúdo e do seu controle procedimental. 1.6.8.2. Nominalistas Contêm disposições de limitação e controle de dominação política, sem ressonância na sistemática de processo real de poder, e com insuficiente concretização constitucional. 1.6.8.3. Semânticas: As constituições semânticas são simples reflexos da realidade política, servindo como mero instrumento dos donos do poder e das elites políticas, sem limitação do seu conteúdo. Constituições normativas Limitam o poder social Constituições nominalistas Tentam limitar o poder social, mas não têm sucesso Constituições semânticas Sequer tentam limitar o poder social, buscando legitima o status quo mailto:cejurdelta@gmail.com.br http://www.cejurnorte.com.br/ https://www.instagram.com/cejurnorteconcursos/?hl=pt-br Cliente Realce Cliente Realce compromissórias Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce 20 cejurdelta@gmail.com.br / www.cejurnorte.com.br / @cejurnorteconcursos 1.6.9. Quanto ao sistema: Segundo Diogo de Figueiredo Moreira Neto, a Constituição, quanto ao sistema pode ser classificada em principiológica ou preceitual/perceptivas. 1.6.9.1. Principiológica: Aquela na qual predominam os princípios, identificados como normas constitucionais providas de alto grau de abstração, consagradores de valores, pelo que é necessária a mediação concretizadora, tal como a Constituição brasileira. 1.6.9.2. Preceitual ou preceptivas: Prevalecem as regras, individualizadas como normas constitucionais revestidas de pouco grau de abstração, concretizadoras de princípios, pelo que é possível a aplicação coercitiva, tal como a Constituição mexicana. QUESTÕES DE CONCURSO Assinale certo ou errado: 23) (CESPE - 2017 - Prefeitura de Fortaleza - CE - Procurador do Município) No que diz respeito ao direito financeiro, a CF pode ser classificada como semirrígida, uma vez que restringe a regulação de certos temas de finanças públicas a lei complementar e deixa outros à disciplina de lei ordinária. 24) (CESPE - 2016 - FUNPRESP-JUD - Analista - Direito) Quanto à forma e à origem, a CF é classificada em escrita e promulgada; quanto ao modo de elaboração, é classificada como histórica. 25) (CESPE - 2018 - FUB - Conhecimentos Básicos - Cargos de Nível Superior)Por conter, de forma sucinta, normas que tratam dos mais diversos temas de interesse da sociedade, a Constituição Federal de 1988 é classificada como sintética. 26) (CESPE - 2018 - Instituto Rio Branco - Diplomata) A vigente Constituição brasileira é, no que se refere à estabilidade, semirrígida, pois, além de conter normas modificáveis por processo legislativo dificultoso e solene, possui também normas flexíveis, que podem ser alteradas por processo legislativo ordinário. 27) (CESPE - 2018 - STM - Analista Judiciário - Área Judiciária) A rigidez constitucional é marca de todas as Constituições brasileiras desde, e inclusive, a de 1824. 28) (CESPE - 2018 - STM - Cargos de Nível Superior) O fato de o texto constitucional ter sido alterado quase cem vezes em razão de emendas constitucionais não é suficiente para classificar a vigente Constituição Federal brasileira como flexível. 29) (CESPE - 2019 - TJ-SC - Juiz Substituto) A respeito das constituições classificadas como semânticas, assinale a opção correta. a. São aquelas que se estruturam a partir da generalização congruente de expectativas de comportamento. b. São aquelas cujas normas dominamo processo político; e nelas ocorrem adaptação e submissão do poder político à constituição escrita. c. Funcionam como pressupostos da autonomia do direito; e nelas a normatividade serve essencialmente à formação da constituição como instância reflexiva do sistema jurídico. d. São aquelas cujas normas são instrumentos para a estabilização e perpetuação do controle do mailto:cejurdelta@gmail.com.br http://www.cejurnorte.com.br/ https://www.instagram.com/cejurnorteconcursos/?hl=pt-br Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce Cliente Realce 21 cejurdelta@gmail.com.br / www.cejurnorte.com.br / @cejurnorteconcursos poder político pelos detentores do poder fático. e. São aquelas cujo sentido das normas se reflete na realidade constitucional. 30) (CESPE - 2019 - MPE-PI - Promotor de Justiça Substituto) De acordo com a doutrina, o documento escrito estabelecido de forma solene pelo poder constituinte eleito pelo voto popular, modificável somente por processos e formalidades especiais nele mesmo contidos, e que contém o modo de existir do Estado é classificado como constituição a. formal. b. material. c. outorgada. d. histórica. e. flexível. 31) (CESPE - 2018 - SEFAZ-RS - Técnico Tributário da Receita Estadual) A Constituição que dificulte o processo tendente a modificá-la, ainda que permita emenda ou reforma, classifica-se como a. flexível. b. rígida. c. sintética. d. formal. e. eclética. 32) (CESPE - 2018 - PC-MA - Delegado de Polícia Civil) De acordo com a doutrina majoritária, quanto à origem, as Constituições podem ser classificadas como a. promulgadas, que são ditas democráticas por se originarem da participação popular por meio do voto e da elaboração de normas constitucionais. b. outorgadas, que surgem da tradição, dos usos e costumes, da religião ou das relações políticas e econômicas. c. cesaristas, que são as derivadas de uma concessão do governante, ou seja, daquele que tem a titularidade do poder constituinte originário. d. pactuadas, que são formadas por dois mecanismos distintos de participação popular, o plebiscito e o referendo, ambos com o objetivo de legitimar a presença do detentor do poder. e. históricas, que surgem do pacto entre o soberano e a organização nacional e englobam muitas das Constituições monárquicas. 33) (CESPE - 2017 - TRT - 7ª Região (CE) - Analista Judiciário - Oficial de Justiça Avaliador Federal) A respeito das concepções e classificações das constituições, assinale a opção correta. a. Conforme o critério ontológico, as constituições podem ser normativas (ou dogmáticas), nominalistas ou semânticas. b. Na classificação tradicional, que considera o conteúdo, uma constituição pode ser material (ou estável) ou formal (ou analítica). c. Segundo o critério político, a validade de uma constituição não se apoia na justiça de suas normas, mas na decisão política que lhe dá existência. d. Na concepção sociológica, constituição consiste no somatório dos fatores reais de poder em uma sociedade, sendo consideradas sinônimas a constituição real e efetiva e a constituição jurídica. 34) (CESPE - 2017 - TRT - 7ª Região (CE) - Conhecimentos Básicos) De acordo com a teoria constitucional majoritária, a constituição é classificada como a. consuetudinária, se fundamentada em documentos formais, rejeitando a possibilidade de as regras serem embasadas nos costumes constitucionais. b. rígida, se for passível de alterações por meio de um processo legislativo mais restrito do que o previsto para a edição de leis ordinárias. c. cesarista, se promulgada sem nenhuma submissão à ratificação popular. d. material, se for escrita e representada por meio de um único documento solene. 35) (CESPE - 2016 - TCE-PR - Analista de Controle - Jurídica) Assinale a opção correta no que concerne às classificações das constituições. a. As Constituições cesaristas são elaboradas com base em determinados princípios e ideais dominantes em período determinado da história. b. Constituição escrita é aquela cujas normas estão efetivamente positivadas pelo legislador em documento solene, sejam leis esparsas contendo normas materialmente constitucionais, seja mailto:cejurdelta@gmail.com.br http://www.cejurnorte.com.br/ https://www.instagram.com/cejurnorteconcursos/?hl=pt-br 22 cejurdelta@gmail.com.br / www.cejurnorte.com.br / @cejurnorteconcursos uma compilação que consolide, em um só diploma, os dispositivos alusivos à separação de poderes e aos direitos e garantias fundamentais. c. A classificação ontológica das Constituições põe em confronto as pretensões normativas da Carta e a realidade do processo de poder, sendo classificada como nominativa, nesse contexto, a Constituição que, embora pretenda dirigir o processo político, não o faça efetivamente. d. As Constituições classificadas como populares ou democráticas são materializadas com o tempo, com o arranjo e a harmonização de ideais e teorias outrora contrastantes. e. As Constituições semânticas possuem força normativa efetiva, regendo os processos políticos e limitando o exercício do poder. 2. Estrutura da Constituição: Estruturalmente a Constituição de 1988 contém um Preâmbulo, Corpo Permanente (com 9 títulos) e o Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT). 2.1. Preâmbulo: 2.1.1. Conceito: Dirley da Cunha Júnior (2018, p. 111) conceitua o preâmbulo constitucional como “a parte precedente do texto constitucional que sintetiza a carga ideológica que permeou todo o documento constitucional, prenunciando os valores que a Constituição adota e objetivos aos quais ela está vinculada”. Para Peter Häberle, o preâmbulo é como uma espécie de Constituição da Constituição. É tão importante que lhe é atribuído o papel de veículo de desentranhamento hermenêutico das cláusulas de eternidade, escritas e não escritas, das Constituições do Estado constitucional. Funcionam como importantes “pontes no tempo”, seja para evocar ou esconjurar o passado, a depender das circunstâncias históricas de cada processo constituinte; seja para falar ao presente, ocasionalmente orientando desejos; seja, para contemplar tanto o presente quanto o futuro e, com relação a este, para antecipar quanto possível, o encontro de um povo com esse almejado provir. ADCT Preâmbulo Corpo permanente Art. 250 Art. 1º Art. 114 Art. 1º mailto:cejurdelta@gmail.com.br http://www.cejurnorte.com.br/ https://www.instagram.com/cejurnorteconcursos/?hl=pt-br Cliente Realce 23 cejurdelta@gmail.com.br / www.cejurnorte.com.br / @cejurnorteconcursos Da Constituição Política do Império do Brasil, de 1824, à Constituição da República Federativa do Brasil, de 1988, todas as Constituições ostentaram preâmbulos, cujos termos, trouxeram a marca do tempo. As de 1824, 1937, 1967, a Carta/Emenda de 1969 não se fizeram preceder de preâmbulos liberatórios, antes se limitando a revelar os seus autores e os motivos que os levaram a golpear a democracia. As Constituições de 1891, 1934, 1946 e de 1988, porque vindas à luz em clima de liberdade, ostentam no seu conteúdo, às mais democráticas das constituições democráticas. 2.1.2. Natureza: A primeira polêmica sobre o preâmbulo refere-se à sua natureza. Em outros termos o preâmbulo tem natureza jurídica? A doutrina se divide em duas posições: 1ª posição: por expressa as ideias políticas, morais e religiosas o preâmbulo não tem natureza jurídica, mas sim política. 2ª posição: o preâmbulo tem natureza jurídica. 2.1.3. Posição topográfica: Intimamente ligada à primeira polêmica questiona-se ainda a posição topográfica. Em outros termos, o preâmbulo faz parte da Constituição? 1ª posição: para Hans Kelsen o preâmbulo é uma introdução solene, que expressa as ideias políticas,morais e religiosas que a Constituição tende a promover. Essa introdução precede a Constituição, não a integrando propriamente.Posição já adotada pelo CESPE. 2ª posição: o preâmbulo é tecnicamente parte integrante da Constituição. Afinal, fora produzido pelo mesmo Poder Constituinte originário, consta do mesmo documento das demais normas e fora promulgado pelo mesmo procedimento do resto da Constituição. QUESTÃO DE CONCURSO 36) (CESPE - 2011 - EBC - Analista – Advocacia) O preâmbulo da Constituição Federal não faz parte do texto constitucional propriamente dito e não possui valor normativo. 2.1.4. Força normativa do preâmbulo: mailto:cejurdelta@gmail.com.br http://www.cejurnorte.com.br/ https://www.instagram.com/cejurnorteconcursos/?hl=pt-br 24 cejurdelta@gmail.com.br / www.cejurnorte.com.br / @cejurnorteconcursos Por fim, a principal polêmica sobre o preâmbulo diz respeito à sua força normativa. Tese da irrelevância jurídica:O preâmbulo não se situa no domínio do Direito, situa-se no domínio da política ou da história. Logo, por se tratar de uma introdução solene, e não fazer parte da Constituição, ele não detém valor jurídico e, consequentemente, não pode servir de parâmetro para o controle de constitucionalidade. Posição já utilizada pelo STF. Tese da eficácia idêntica:O preâmbulo é também um conjunto de preceitos obrigatórios, visto que emanado pelo mesmo poder constituinte e junto com o restante da Constituição.Logo, não poderia uma norma infraconstitucional contrariá-lo. Assim sendo, ele serve de parâmetro para o controle de constitucionalidade. Tese da eficácia indireta:O preâmbulo participa das características jurídicas da Constituição, mas sem se confundir com o articulado.O preâmbulo não é um conjunto de preceitos, é um conjunto de princípios que se projetam sobre os preceitos e sobre os restantes setores do ordenamento e daí, a sua maior estabilidade, que se compadece, de resto, com a possibilidade de revisão.Para essa corrente o preâmbulo não pode ser invocado enquanto tal, isoladamente como parâmetro de controle de constitucionalidade. Mas ele pode servir como ponto de partida para a interpretação de uma norma do corpo permanente da Constituição. Posição já utilizada pelo STF JURISPRUDÊNCIA SOBRE O TEMA Preâmbulo da Constituição: não constitui norma central. Invocação da proteção de Deus: não se trata de norma de reprodução obrigatória na Constituição estadual, não tendo força normativa. (ADI 2.076, Rel. Min. Carlos Velloso, julgamento em 15-8- 02, Plenário, DJ de 8-8-03) Devem ser postos em relevo os valores que norteiam a Constituição e que devem servir de orientação para a correta interpretação e aplicação das normas constitucionais e apreciação da subsunção, ou não, da Lei n. 8.899/94 a elas. Vale, assim, uma palavra, ainda que brevíssima, ao Preâmbulo da Constituição, no qual se contém a explicitação dos valores que dominam a obra constitucional de 1988. Não apenas o Estado haverá de ser convocado para formular as políticas públicas que podem conduzir ao bem-estar, à igualdade e à justiça, mas a sociedade haverá de se organizar segundo aqueles valores, a fim de que se firme como uma comunidade fraterna, pluralista e sem preconceitos (...) E, referindo-se, expressamente, ao Preâmbulo da Constituição brasileira de 1988, escolia José Afonso da Silva que “O Estado Democrático de Direito destina-se a assegurar o exercício de determinados valores supremos. “Assegurar”, tem, no contexto, função de garantia dogmático-constitucional; não, porém, de garantia dos valores abstratamente considerados, mas do seu “exercício”. Este signo mailto:cejurdelta@gmail.com.br http://www.cejurnorte.com.br/ https://www.instagram.com/cejurnorteconcursos/?hl=pt-br 25 cejurdelta@gmail.com.br / www.cejurnorte.com.br / @cejurnorteconcursos desempenha, aí, função pragmática, porque, com o objetivo de “assegurar”, tem o efeito imediato de prescrever ao Estado uma ação em favor da efetiva realização dos ditos valores em direção (função diretiva) de destinatários das normas constitucionais que dão a esses valores conteúdo específico” (...). Na esteira destes valores supremos explicitados no Preâmbulo da Constituição brasileira de 1988 é que se afirma, nas normas constitucionais vigentes, o princípio jurídico da solidariedade. (ADI 2.649, voto da Min. Cármen Lúcia, julgamento em 8-5-08, Plenário, DJE de 17-10-08) Em comum as teses da irrelevância jurídica e da eficácia indireta a impossibilidade do preâmbulo servir isoladamente como parâmetro para o controle de constitucionalidade. Sendo essa a maior incidência em questões de concurso, principalmente em razão do julgamento da ADI 2.076. QUESTÕES DE CONCURSO Assinale C para certo e E para errado: 37) (CESPE - 2015 - Telebras - Advogado) No entendimento do STF, o preâmbulo da Constituição Federal não se situa no âmbito do direito, mas no domínio da política, pois reflete posição ideológica do constituinte, de caráter principiológico. 38) (CESPE - 2014 - TJ-SE - Titular de Serviços de Notas e de Registros - Provimento) O preâmbulo da CF tem eficácia positiva e pode servir de parâmetro para a declaração de inconstitucionalidade de ato normativo. 39) (CESPE - 2014 - Câmara dos Deputados - Analista Legislativo - Consultor Legislativo Área III) Quando um estado da Federação deixa de invocar a proteção de Deus no preâmbulo de sua constituição, contraria a CF, pois tal invocação é norma central do direito constitucional positivo brasileiro. 40) (CESPE - 2013 - STF - Analista Judiciário - Área Administrativa) Dada a subordinação dos entes federados à força normativa da CF, seu preâmbulo deve ser obrigatoriamente reproduzido nas constituições estaduais. 41) ( CESPE - 2013 - AGU - Procurador Federal) A jurisprudência do STF considera que o preâmbulo da CF não tem valor normativo. Desprovido de força cogente, ele não é considerado parâmetro Preâmbulo Tem natureza política Não integra a Constituição Não tem força normativa Não pode servir de parâmetro para o controle de constitucionalidade Tem natureza jurídica Integra a Constituição Tem força normativa idêntica às normas do corpo permanente Pode servir como parâmetro para o controle de constitucionalidade Tem eficácia jurídica indireta Não pode servir sozinho como parâmetro para o controle de constitucionalidade mailto:cejurdelta@gmail.com.br http://www.cejurnorte.com.br/ https://www.instagram.com/cejurnorteconcursos/?hl=pt-br https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/provas/cespe-2013-agu-procurador-federal 26 cejurdelta@gmail.com.br / www.cejurnorte.com.br / @cejurnorteconcursos para declarar a constitucionalidade ou a inconstitucionalidade normativa. 42) (CESPE - 2012 - PRF - Técnico de Nível Superior - Classe A Padrão I) As disposições constitucionais transitórias, assim como os preâmbulos constitucionais, não comportam valor jurídico relevante. 43) (CESPE - 2012 - MPE-PI - Analista Ministerial - Área Processual) O Preâmbulo e o Ato das Disposições Constitucionais Transitórias são exemplos dos denominados elementos de estabilização constitucional. 44) (CESPE - 2015 - TCU - Procurador do Ministério Público) Acerca das Constituições e das normas constitucionais, assinale a opção correta. a. O uso da analogia em matéria constitucional pode ser visto como uma imposição do princípio da isonomia. b. Por ser uma Constituição analítica, a CF não admite lacuna de nenhuma espécie. c. Por não ser dotado de caráter normativo, o preâmbulo da CF não pode ser utilizado pelo aplicador como vetor de interpretação. d. Entende-se por “silêncio eloquente" da Constituição um lapso do legislador constituinte que, pretendendo deliberadamente contemplar determinada hipótese de fato, acabe omitindo, por desaviso, a respectiva norma disciplinadora.e. Em modelos de Constituição formal e rígida como o da brasileira, é inadequado falar-se em normas constitucionais implícitas. 2.2. Disposições Constitucionais Transitórias: 2.2.1. Conceito: Para Gilmar Mendes igualmente com os preâmbulos, os preceitos contidos no Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT) também funcionam com ponte no tempo, porque são normas que se incorporam à nova constituição, um texto do presente, com a finalidade de trazer do passado e levar para o futuro aquelas situações jurídicas que embora tenham sido criadas sob a ordem constitucional expirante. Portanto, o constituinte atual, por algum motivo, não considera tais normas incompatíveis com o regime jurídico-político que está em vias de se estabelecer. É que salvo no caso de ruptura revolucionária radical, uma Constituição nova não acarreta a supressão total do ordenamento jurídico anterior.Para evitar o colapso que adviria do vazio jurídico, buscou-se a instituição de normas de recepção do direito anterior pela Constituição vigente. Portanto, para sua vigência, a legislação anterior não podecontrariar as disposições da nova Constituição (compatibilidade material) e as normas de transição são feitas para regular situações discrepantes das normas constitucionais permanentes. 2.2.2. Classificação das normas do ADCT: Raul Machado Horta classifica as normas do ADCT como: mailto:cejurdelta@gmail.com.br http://www.cejurnorte.com.br/ https://www.instagram.com/cejurnorteconcursos/?hl=pt-br 27 cejurdelta@gmail.com.br / www.cejurnorte.com.br / @cejurnorteconcursos Normas exauridas: seus efeitos já desapareceram pela realização da condições por elas previstas. Ex.: art. 1º e 4º. Normas dependentes de legislação e de execução: demandam uma complementação ainda não realizada pelo legislador infraconstitucional. Ex.: art. 10. Normas dotadas de duração temporária expressa: não necessitam de complementação infraconstitucional, mas detém em seu corpo a condição resolutiva. Ex. art. 40 Normas de recepção: buscam trazer ao novo ordenamento jurídico normas do ordenamento passado. Ex. art. 34. Normas sobre benefícios e direitos: instituem direitos a determinadas pessoas. Ex. art. 53 Normas com prazos constitucionais ultrapassados: normas que necessitam de complementação infraconstitucional com prazo fixado e desrespeitado pelo legislador. Ex.: art. 48 Quem também classifica as normas do ADCT é Luís Roberto Barroso: Disposições transitórias propriamente ditas: regulam a transição de relações jurídicas e contêm condição resolutiva ou termo. Ex. art. 40 Disposições de efeitos instantâneas e definitivos: não aguardam condição ou termo, operando imediatamente por um prazo estabelecido. Ex: art. 13 Disposições de efeitos diferidos: suspendem os efeitos de determinada norma presente no corpo permanente da Constituição até a ocorrência de uma condição suspensiva. Ex. art. 5º. QUESTÃO DE CONCURSO Assinale C para certo e E para errado: 45) (CESPE - 2010 - ABIN - Oficial Técnico de Inteligência - Área de Direito) A revisão constitucional realizada em 1993, prevista no ADCT, é considerada norma constitucional de eficácia exaurida e de aplicabilidade esgotada, não estando sujeita à incidência do poder reformador. 2.2.3. Desvirtuamento do ADCT: Pedro Lenza (2018, p. 190) discorre sobre o chamado desvirtuamento do ADCT. Por se tratarem de normas transitórias, o natural é que com o tempo as normas do ADCT tendam a perder sua eficácia, tornando-se, paulatinamente, exauridas, e com isso, com mero valor histórico. Contudo, algumas emendas constitucionais passaram a inserir normas permanentes no corpo do ADCT, como a EC nº 57/08, que inseriu o art. 96 no ADCT. mailto:cejurdelta@gmail.com.br http://www.cejurnorte.com.br/ https://www.instagram.com/cejurnorteconcursos/?hl=pt-br 28 cejurdelta@gmail.com.br / www.cejurnorte.com.br / @cejurnorteconcursos 2.2.4. Natureza jurídica das normas do ADCT: Não há dúvidas que as normas do ADCT têm natureza constitucional. Portanto, decorrem dessa natureza: 1. A necessidade de respeito por parte do legislador infraconstitucional; 2. A possibilidade de tais normas servirem como parâmetro de constitucionalidade. JURISPRUDÊNCIA - O Ato das Disposições Transitórias, promulgado em 1988 pelo legislador constituinte, qualifica-se, juridicamente, como estatuto de índole constitucional (RTJ 172/226-227). A estrutura normativa que nele se acha consubstanciada ostenta, em conseqüência, a rigidez peculiar às regras inscritas no texto básico da Lei Fundamental da República. Disso decorre o reconhecimento de que inexistem, entre as normas inscritas no ADCT e os preceitos constantes da Carta Política, quaisquer desníveis ou desigualdades quanto à intensidade de sua eficácia ou à prevalência de sua autoridade. Situam-se, ambos, no mais elevado grau de positividade jurídica, impondo-se, no plano do ordenamento estatal, enquanto categorias normativas subordinantes, à observância compulsória de todos, especialmente dos órgãos que integram o aparelho de Estado (RTJ 160/992-993). (RE 215107 AgR, Relator(a): Min. CELSO DE MELLO, Segunda Turma, julgado em 21/11/2006, DJ 02-02-2007 PP-00138 EMENT VOL-02262-06 PP-01083) “Nada sobrevive ao novo Texto Magno”, dada a impossibilidade de convívio entre duas ordens constitucionais originárias (cada qual representando uma idéia própria de Direito e refletindo uma particular concepção político-ideológica de mundo), exceto se a nova Constituição, mediante processo de recepção material (que muito mais traduz verdadeira novação de caráter jurídico-normativo), conferir vigência parcial e eficácia temporal limitada a determinados preceitos constitucionais inscritos na Lei Fundamental revogada, à semelhança do que fez o art. 34, caput, do ADCT/88. (AI 386.820-AgR-ED-EDv- AgR-ED, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 24-6-04, Plenário, DJ de 4-2-05) 2.2.5. Reforma do ADCT: Parte da doutrina chegou a se questionar sobre a possibilidade de reforma das normas presentes no ADCT. Contudo, o STF, no julgamento da ADI 829 dissipou qualquer dúvida, ao considerar constitucionais as alterações trazidas pela EC nº 2/92. Portanto, se o ADCT originariamente tinha 70 artigos, hoje tem 116 (114 da numeração ordinária + arts. 54-A e 92-A). mailto:cejurdelta@gmail.com.br http://www.cejurnorte.com.br/ https://www.instagram.com/cejurnorteconcursos/?hl=pt-br 29 cejurdelta@gmail.com.br / www.cejurnorte.com.br / @cejurnorteconcursos As alterações das normas do ADCT não são livres, estando o poder constituinte derivado reformador limitado nos seguintes termos: Normas exauridas não podem ser reformadas ou modificadas; Normas não exauridas podem ser alteradas, desde que observada a vontade do poder constituinte originário. Devem ser respeitadosos limites gerais (formais, materiais e circunstanciais) da reforma das normas do corpo permanente. JURISPRUDÊNCIA AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. ANTECIPAÇÃO DO PLEBISCITO A QUE ALUDE O ART. 2º DO ADCT DA CONSTITUIÇÃO DE 1988. - NÃO HÁ DÚVIDA DE QUE, EM FACE DO NOVO SISTEMA CONSTITUCIONAL, É O S.T.F. COMPETENTE PARA, EM CONTROLE DIFUSO OU CONCENTRADO, EXAMINAR A CONSTITUCIONALIDADE, OU NÃO, DE EMENDA CONSTITUCIONAL - NO CASO, A Nº 2, DE 25 DE AGOSTO DE 1992 - IMPUGNADA POR VIOLADORA DE CLÁUSULAS PÉTREAS EXPLÍCITAS OU IMPLÍCITAS. - CONTENDO AS NORMAS CONSTITUCIONAIS TRANSITÓRIAS EXCEÇÕES A PARTE PERMANENTE DA CONSTITUIÇÃO, NÃO TEM SENTIDO PRETENDER-SE QUE O ATO QUE AS CONTÉM SEJA INDEPENDENTE DESTA, ATÉ PORQUE E DA NATUREZA MESMA DAS COISAS QUE, PARA HAVER EXCEÇÃO, E NECESSÁRIO QUE HAJA REGRA, DE CUJA EXISTÊNCIA AQUELA, COMO EXCEÇÃO, DEPENDE. (...). (ADI 829, Relator(a): Min. MOREIRA ALVES, Tribunal Pleno, julgado em 14/04/1993,
Compartilhar