Buscar

~Israel de Deus na Profecia, O

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 257 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 257 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 257 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

1
5
O Israel de Deus na Profecia
O ISRAEL DE DEUS NA PROFECIA 
[Clique na palavra CONTEÚDO]
Princípios de Interpretação Profética
Hans K. LaRondelle
Título Original: The Israel of God in Prophecy – Principles of Prophetic Interpretation.
Tradução: Josimir Albino do Nascimento 
Revisão: Fernanda C. de Andrade 
Imprensa Universitária Adventista 
Impressão: Gráfica do UNASP- São Paulo, SP
Engenheiro Coelho, SP 
Copyright © 2002
1ª Edição 
[Contracapa]: 
A correta interpretação bíblica pressupõe corretos princípios de interpretação. Talvez em nenhum outro lugar uma hermenêutica deficitária tenha causado maior confusão e equívoco das Escrituras do que na interpretação profética relativa aos eventos culminantes da história da Terra. Este livro é uma correção vital e vibrante de uma visão amplamente ruidosa hoje em dia, proclamada por um segmento dominante do cristianismo evangélico a saber, o foco dispensacionalista nos eventos políticos modernos do Oriente Médio como sendo o cerne da mensagem escatológica da Bíblia. O Israel de Deus na Profecia do Dr. LaRondelle é, em meu ponto de vista, um excelente trabalho. Uma ferramenta essencial que deveria estar nas mãos de cada ministro cristão e de todos os leigos que necessitam lidar com os assuntos atuais relativos ao Israel e à profecia. Resumindo, posso dizer que esta obra é a melhor que já vi sobre o assunto. 
Dr. Kenneth A. Strand 
Professor emérito de 
História do Cristianismo no 
Seminário Teológico da 
Universidade Andrews, EUA. 
Hans K. LaRondelle, Th.D. – É professor emérito do Seminário Teológico da Universidade Andrews, onde lecionou entre 1966 e 1991. Nasceu na Holanda, onde foi educado nas universidades de Leyden, Utrecht e Universidade Reformada Livre de Amsterdã. Sob a orientação do Dr. G. C. Berkower, recebeu o título de doutor em Teologia Sistemática e Ética. Atuou também como pastor e evangelista na Holanda entre os anos de 1953 e 1966. É autor de vários livros e artigos publicados ao redor do mundo. 
CONTEÚDO
Prefácio............................................................................................. 6 
Agradecimentos ............................................................................... 8
Glossário de Termos Técnicos......................................................... 9 
Lista de Abreviações ..................................................................... 10 
Introdução .....................................................................................12 
1. O Foco Cristocêntrico de Toda a Escritura Sagrada.............15 
A Necessidade de um Foco Cristocêntrico na Interpretação 
Profética .....................................................................................18
2. A Chave para o Velho Testamento: O literalismo 
ou o Novo Testamento? .....................................................22
 
A Chave para o Velho Testamento: 
O Novo Testamento................................................................25
 
literalismo no Judaísmo no Período do Advento de Cristo.......26
A Chave para o Velho Testamento:
Cristo no Novo Testamento....................................................30
 
3. A Interpretação literal e a Alegórica ......................................37 
A Interpretação literal................................................................37 
A Interpretação Alegórica ..........................................................41 
4. A Interpretação Tipológica .....................................................51 
Limitações dos Tipos .................................................................65 
O Dispensacionalismo e a Tipologia ..........................................66 
A Tipologia na Escatologia Profética ........................................70 
5. A Interpretação Cristológica ...................................................80
As Profecias Messiânicas .................................................................80 
A Ressurreição de Cristo "ao Terceiro Dia" no Velho Testamento .....87
As Aplicações Messiânicas de Jesus nas Músicas Cúlticas 
de Israel...........................................................................................90
 
A Interpretação Cristológica das Descrições Históricas 
nos Livros Proféticos.......................................................................95
 
6. O Significado Teológico do Remanescente de Israel e 
 a Sua Missão ..........................................................................104
 
Israel no Velho Testamento ..........................................................104 
Propósito Universal da Eleição de Israel.......................................115 
7. Interpretação Eclesiológica do Remanescente 
 de Israel....................................................................................123
Cristo Reunindo o Remanescente de Israel:
O Início da Igreja .....................................................................124
 
A Igreja como o Remanescente das Profecias de Israel................129 
"O Israel de Deus" no Contexto da Gálatas .................................134 
Os Cristãos Gentios São Concidadãos em Israel..........................138 
A Aplicação Eclesiológica do Concerto Israelense.......................140
8. A Igreja e Israel em Romanos 9-11........................................152 
O Papel do Contexto nas Distinções Bíblicas ..............................152 
"Israel" no Contexto de Romanos.................................................153 
A Aplicação de Paulo da Teologia do Remanescente de Israel ...157
Paulo Esperava a Restauração da Teocracia de Israel na Palestina? ...159
9. A Promessa Territorial de Israel na Perspectiva 
 do Novo Testamento ...............................................................164
 
A Terra Foi Prometida Apenas ao Israel de Deus ........................165 
A Unidade da Escatologia Bíblica ...............................................167 
A Impropriedade da Hermenêutica do literalismo........................170 
Uma Só Esperança para Abraão, Israel e a Igreja.........................173 
10. Textos Problemáticos............................................................177
Amós 9:11-12 Como Aplicado em Atos 15:16-18........................177 
Isaías 11:1-12: Qual Será o Cumprimento do "Segundo" 
Ajuntamento de Israel?................................................................181
 
Mateus 23:39 Os Judeus Serão Salvos Quando Verem o Messias 
em Sua Glória?............................................................................192
 
Lucas 21:24 Jerusalém Já Não Está Mais Sendo Pisada 
Pelos Gentios desde 1967 A.D.? ................................................197
 
11. O Ultimato Divino a Israel: As Setenta Semanas 
 de Daniel.................................................................................203
 
A Unidade Inseparável das Setenta Semanas................................204 
Razões Para Dissecar as Semanas.................................................206 
Cristo Pôs Um Fim aos Sacrifícios de Israel?...............................210 
Em Que Ocasião Cristo Tornou-Se o Ungido? ............................212 
A Exegese Literal da Septuagésima Semana de Daniel Elimina 
a Hipótese da Brecha.................................................................214
 
12. A Tribulação Predita e a Esperança Para a Igreja ...........221
A Bendita Esperança da Igreja......................................................222
A Tribulação Profetizada para Israel e para a Igreja.....................224 
A Promessa de Cristo de Proteção na Tribulação.........................228 
A Parousia Pós-tribulacionista de Cristo em Mateus 24 ..............229 
Como Cristo Aplica a "Abominação" Predita em Daniel 9?.........232 
A Resposta de Paulo à Expectativa da Iminência.........................238
Sumário e Conclusão...........................................................................245 
Bibliografia...........................................................................................250PREFÁCIO
A correta interpretação bíblica pressupõe corretos princípios de interpretação. Talvez em nenhum outro lugar uma hermenêutica deficitária tenha causado maior confusão e equívoco da Escritura do que na interpretação profética relativa aos eventos culminantes da história desta Terra. É evidente que o Oriente Médio constitui o maior foco de atenção no mundo político hoje – como tem sido através dos séculos. Não obstante, é igualmente evidente que esta região geográfica também compreende o principal foco das profecias bíblicas relativas aos últimos dias?
O presente volume atinge o coração das questões sobre esses importantes assuntos através de uma abordagem que procura, acima de tudo, os fundamentos da adequada interpretação da Bíblia.
O autor, Dr. Hans LaRondelle, é um perito nessa área e sua obra, O Israel de Deus na Profecia, é o produto de vários anos de cuidadosa pesquisa e revela não apenas uma ampla e profunda compreensão das próprias Escrituras, mas também manifesta um arguto conhecimento da literatura secundária atual sobre questões relacionadas.
Este livro é uma correção vital e vibrante de uma visão amplamente ruidosa hoje em dia, proclamada por um segmento dominante do cristianismo evangélico – a saber, o foco dispensacionalista nos eventos políticos modernos do Oriente Médio como sendo o cerne da mensagem escatológica da Bíblia. LaRondelle apropriadamente desvia nossa atenção para a Escritura como sua própria intérprete, notando a importância tanto do contexto imediato quanto do contexto escriturístico mais amplo. Também coloca uma ênfase adequada no conceito de "remanescente" (básico para a teologia do Velho e do Novo Testamento). Enfatiza as aplicações cristológicas e eclesiológjcas do Novo Testamento relativas às profecias do Velho Testamento, a universalização dessas profecias contendo promessas territoriais a Israel e, finalmente, ressalta questões relacionadas que são essenciais para uma compreensão adequada da própria mensagem bíblica.
Deve-se observar que o capítulo dez trata de maneira proveitosa de vários problemas textuais (textos freqüentemente usados pelos modernos dispensacionalistas para sustentar as suas teorias concernentes ao Israel político), e que os capítulos onze e doze lidam com duas áreas particulares estreitamente relacionadas ao principal tema do livro, isto é, a teoria dispensacionalista colocando no futuro, no fim dos tempos a "septuagésima semana" de Daniel 9, e o assim chamado "arrebatamento secreto" ou o "segundo advento duplo". Estes últimos dois capítulos representam uma adaptação (com algum material adicional) de três artigos pertencentes a uma série mais longa publicada pelo Dr. LaRondelle na revista Ministry durante os anos de 1980 e 1981.
Deve-se notar também que este volume contém uma certa quantidade de redundância ou repetição, em alguns casos, necessários a fim de manter a coerência e uma seqüência lógica para uma linha particular de argumentação. Há lugares onde a pressão em cumprir-se os prazos para a publicação impediu uma maior atenção que teria evitado repetições, algo que seria apreciável. Contudo, esse fato não prejudicou o conteúdo do livro.
O Israel de Deus na Profecia de LaRondelle é, em meu ponto de vista, um excelente trabalho. Uma ferramenta essencial que deveria estar nas mãos de cada ministro cristão e de todos os leigos que necessitam lidar com os assuntos atuais relativos ao Israel e à profecia. Resumindo, posso dizer que esta obra é a melhor que já vi sobre o assunto.
Universidade Andrews KENNETH A. STRAND
Berrien Springs, Professor de
Michigan Dezembro de 1982 História da Igreja
AGRADECIMENTOS 
Desejo agradecer aos administradores da Universidade Andrews e ao Seminário Teológico Adventista do Sétimo Dia em Berrien Springs, Michigan pelo apoio no preparo deste manuscrito. Também sou grato ao Dr. Adrio Kônig, professor de Teologia Sistemática, Estudos Teológicos e Teologia Prática na Universidade da África do Sul em Pretória. Ao Dr. Kenneth A. Strand, professor de História da Igreja, e ao Dr. Gerhard F. Hasel, diretor do Seminário Teológico, ambos da Universidade Andrews, por suas críticas construtivas e encorajamento. E ao Dr. Robert Firth, diretor da Imprensa Universitária da Andrews pelo seu trabalho editorial que tornou esta obra muito mais versátil.
Agradeço aos editores da revista Ministry a permissão em usar os meus artigos sobre dispensacionalismo publicados entre maio de 1981 e julho de 1982. Sou agradecido ao senhor e à senhora Donald E. Loveridge por prover-me de um lugar tranqüilo para trabalhar nesta investigação em Melborne, Flórida. E especialmente à Bárbara, minha esposa, pelo seu amorável apoio e cooperação neste extenso projeto. 
– Hans K. LaRondelle
GLOSSÁRIO DE TERMOS TÉCNICOS 
Apocalíptico – relacionado ao julgamento final e ao glorioso segundo advento de Cristo. 
Cristológico – cumprindo-se ou realizando-se em Cristo. 
Eclesiológico – cumprindo-se ou realizando-se na igreja de Cristo. 
Escatológico – estudo dos eventos finais centralizados em ambos os adventos de Cristo. 
Exegese – ciência do significado de um texto em seu próprio contexto literário e histórico.
Hermenêutica – ciência da interpretação e aplicação. 
Parousia – a segunda vinda de Cristo. 
Teológico – relacionado ao Deus das Escrituras Sagradas.
LISTA DE ABREVIAÇÕES 
AUSS Andrews University Seminary Studies
Bsac Bibliotheca Sacra
BKAT Biblisher Kommentar Altes Testament.
 Neukirchen-Vluyn: Neukirchen Verlag
BWANT Beitrage zur Wissenschaft vom Alten und 
 Neuen Testament. Stuttgart: W. Kohlhammer.
EOTH Essays on Old Testament Hermeneutics.
 Edited by C. Westermann. English Translation 
 edited by James L. Mays. Richmond, Va.: 
 John Knox Press, 1963.
ISBE International Standard Bible Encyclopedia.
 Grand Rapids, Mich.: Wm. B. Eerdmans Pub. Cp., 1979.
JBL Journal of Biblical Literature
JETS Journal of the Evangelical Theological Society
JTS Journal of Theological Studies
KJV King James Version
NASB New American Standard Bible
NICNT New International Commentary on the New Testament. 
 Grand Rapids, Mich.: Wm. B. Eerdmans Pub. Co.
NIDNTT New International Dictionary of New Testament 
 Theology. Edited by Colin Brown. 3 vols. Grand Rapids, 
 Mich.: Zondervan, 1975-78.
NIV New International Version
NSRB The New Scofield Reference Bible (1967)
NTS New Testament Studies
NVI Nova Versão Internacional
OTS Oudtestamentische Studien. Leiden: E. J. Brill.
RSV Revised Standard Version
SDABC Seventh-day Adventist Bible Commentary.
 Edited by Francis D. Nichol. 7 vols. 
 Washington, D.C.: Review and Herald Pub. 
 Assn., 1957.
TDNT Theological Dictionary of the Old Testament.
 Edited by G. Johannes Botterweck and Helmer 
 Ringgren. Translated by John T. Willis and G.
 W. Bromiley. Grand Rapids, 34ich.: Wm. B.
 Eerdmans Pub. Co., 1974.
ThLZ Theologische Literatur Zeitug 
ThStKr Theologische Studien und Kritiken. Berlin:
 Ev. Verlag sanstalt.
TSF Theological Students Fellowship (Bulletin)
WTJ Westminster Theological Journal 
ZAW Zeitschrift für die alttestamentiche Wissenschaft .
INTRODUÇÃO
Os intérpretes modernos das profecias apocalípticas freqüentemente não reconhecem os problemas hermenêuticos envolvidos na interpretação profética por causa de suas pressuposições literalísticas. Nosso objetivo não é o empenho por um tratamento exaustivo de toda as profecias bíblicas e todos os assuntos escatológicos, mas ao invés disso procurar descobrire aplicar princípios teológicos ou normas fundamentais à interpretação profética adequada. Princípios bíblicos corretos de interpretação são muito mais decisivos do que a exegese de textos e palavras isolados, não apenas porque tais princípios afetam e guiam toda a exegese, mas também porque determinam como a falsa exegese e a má interpretação podem ser corrigidas.
Hoje em dia é amplamente reconhecido que as pressuposições filosóficas e teológicas de alguém afetam substancialmente as suas conclusões. Por isso, é de vital importância a idéia que a pessoa tenha de inspiração divina e do modo de transmissão profética da revelação, não importando se ela parte de proposições literalísticas de termos bíblicos ou se reconhece que Deus comunica Suas revelações através de símbolos culturais "emprestados" e processos de pensamentos contemporâneos com alcance maior e um novo conteúdo para palavras antigas.
Nosso propósito põe em evidência o inter-relacionamento das profecias do Velho Testamento e o seu cumprimento no Novo ou suas aplicações ulteriores. Desejamos perscrutar aqueles princípios teológicos que ressaltam a abordagem interpretativa dos escritores do Novo Testamento em relação às Escrituras hebraicas e estabelecer os seus padrões de cumprimento. Nosso objetivo é analisar como as profecias do Velho Testamento se cumpriram na história passada, a fim de usar os princípios evolvidos em seu cumprimento como guia e norma para interpretar as que ainda não se cumpriram.
Nosso profundo interesse é aceitar a Bíblia como uma unidade orgânica em Cristo e recobrar a perspectiva histórica apropriada sobre a ascensão e o desenvolvimento das declarações proféticas sobre Israel. A reconstrução do contexto histórico é essencial para estabelecer o fundamento exegético de cada interpretação profética. A História e a interpretação profética não podem ser separadas ou divididas.
Um dos maiores problemas em aplicar mensagens proféticas antigas aos nossos tempos é que muitos intérpretes modernos manifestam uma total desconsideração para com as dimensões teológicas essenciais das profecias do Velho Testamento e especificamente para com as cristológicas. A visão profética da História nunca foi dirigida a eventos seculares de natureza política desvinculados do Messias e Seu povo.
Cada profeta bíblico sustentava suas promessas de bênçãos ou ameaças de condenação sólida e consistentemente no foco da história redentiva. Interpretar as mensagens proféticas como meras predições de eventos sociais e políticos em curso no Oriente Médio transformaria o Deus de Israel em um adivinho. A característica predominante dos adivinhos tem sido sempre predizer eventos futuros fora da história redentiva, desassociada do verdadeiro Messias e do povo messiânico. Quando Deus fala, Seu nome está comprometido em ser fiel ao Seu santo concerto que é centralizado em Jesus Cristo e por Este confirmado como o único Mediador entre Deus e o homem, entre Deus e Israel. Ele nunca está interessado em tentar convencer o homem de Sua existência divina e de Sua veracidade por uma mera exibição de conhecimento prévio isolado de Seu plano de salvação. De Gênesis a Apocalipse o foco de todas as profecias é essencialmente sobre o eterno propósito de Deus para a reconciliação do Céu e da Terra através de Cristo Jesus (Efésios 1:4-19). Da mesma forma, os profetas e apóstolos insistem na soberania de Deus em todos os acontecimentos da história da salvação sobre a continuidade de Seus propósitos através de Cristo em particular. "Porque não importa quantas promessas Deus tenha feito, elas são 'Sim' em Cristo" (2 Coríntios 1:20). 
Este estudo é baseado na pressuposição de fé que tanto o Velho quanto o Novo Testamento não são documentos puramente históricos, mas escritos religiosos que são inspirados pelo Espírito de Deus, e por esta razão, constituem a autorizada Palavra de Deus. Acreditamos ser nossa tarefa interpretar os textos antigos das Escrituras Sagradas como os encontramos, isto é, enfocamos o texto canônico em sua forma presente como um produto literário acabado. Aplicamos a esses textos o princípio indutivo da analogia das Escrituras, que cuidadosamente relaciona essas passagens das Escrituras que revelam a mesma terminologia, imagens pictóricas ou eventos redentivos comparáveis, reconhecendo que apenas Cristo é o verdadeiro Intérprete das Escrituras Sagradas de Israel. 
Essas considerações nos levaram a assumir a posição tradicional cristã de que o Novo Testamento é o intérprete autorizado e abalizado do Velho Testamento. Nosso estudo pode ser considerado também um diálogo contínuo com os teólogos dispensacionalistas sobre sua escatologia focalizada exclusivamente no povo judeu e no território do Oriente Médio. Escatologia baseada em sua estrita aplicação do princípio literalista.
Se não forem indicadas de outra maneira, as citações das Escrituras são da Almeida Revista e Atualizada no Brasil (Sociedade Bíblica do Brasil).
O FOCO CRISTOCÊNTRICO DE TODA A ESCRITURA SAGRADA
A Bíblia é incomparável na literatura humana. Não há sequer um segundo livro como este, no qual o Criador do Céu e da Terra revelou-Se e revelou a Sua vontade à humanidade através de promessas e cumprimentos, como esboçados no Velho e no Novo Testamento.
A Bíblia é basicamente um livro espiritual porque Deus que é Espírito, revelou-Se nela. O homem, originalmente criado à imagem e semelhança de Deus, destituiu-se Dele pela futilidade dos pensamentos e desconfiança de Sua Palavra revelada. Paulo descreve a destituição mental, moral e religiosa do homem caído: 
obscurecidos de entendimento, alheios à vida de Deus por causa da ignorância em que vivem, pela dureza do seu coração (Efésios 4:18; cf. também 2:1-3).
Não é de se admirar que Jesus Cristo tenha salientado para Nicodemos, um dos principais intérpretes das Escrituras Hebraicas em Jerusalém, que "se alguém não nascer de novo não pode ver o reino de Deus" – isto é, não pode compreender a natureza ou partilhar as bênçãos do reino de Deus (João 3:3). Cristo explicou que o novo nascimento não é resultado de realizações do próprio homem, mas um ato sobrenatural e um dom de Deus: "O que é nascido da carne é carne; e o que é nascido do Espírito é espírito" (João 3:6).
Assim, Cristo ensinou que a experiência do renascimento pelo Espírito Santo é uma condição essencial para a compreensão do Velho Testamento em seu verdadeiro propósito espiritual, em sua mensagem teológica de salvação e para entender o reino de Deus.
Pedro relembra-nos que as profecias das Escrituras hebraicas se originaram, não na própria presciência ou invenção do profeta, mas "homens [santos] falaram da parte de Deus, movidos pelo Espírito Santo" (2 Pedro 1:21). Assim, as profecias do Velho Testamento possuem um propósito moral: salvação através do Messias.
Temos, assim, tanto mais confirmada a palavra profética, e fazeis bem em atendê-la, como a uma candeia que brilha em lugar tenebroso, até que o dia clareie e a estrela da alva nasça em vosso coração (2 Pedro 1:19; ênfase acrescentada).
A Brilhante Estrela da Manhã é Cristo (Apocalipse 22:16). Este foco cristológico da Bíblia hebraica em suas duas dimensões de um Messias-Servo sofredor e de um Messias real exaltado, não está óbvio ou claro para a mente natural, como a rejeição de Jesus pelos líderes judeus o demonstrou.
Não se deve, por isso concluir que o Velho Testamento não revela suficientemente a verdade sobre o sofrimento e a morte expiatória do Messias ou que Cristo proclamou um Reino e um Messias que era completamente diferente daquele que os judeus esperavam. O problema não estava num suposto obscurantismo ou incompreensibilidade da revelação divina das Escrituras hebraicas, mas na teimosia da mente não espiritual. Jesus reprovou mesmo aos Seus próprios seguidores:
Então, lhes disse Jesus: Ó néscios e tardos de coração para crer tudo o que os profetas disseram! Porventura, não convinha que o Cristo padecesse e entrasse na sua glória? E, começando por Moisés, discorrendo por todos os Profetas,expunha-lhes o que a seu respeito constava em todas as Escrituras.
Essa explicação do Velho Testamento pelo Cristo ressurreto trouxe uma nova visão da verdade messiânica à mente judaica que resultou em um renovado amor por Deus. Os discípulos testificaram, "E disseram um ao outro: Porventura, não nos ardia o coração, quando ele, pelo caminho, nos falava, quando nos expunha as Escrituras?" (Lucas 24:32; ênfase acrescentada). Cristo "lhes abriu o entendimento para compreenderem as Escrituras" (Lucas 24:45; ênfase acrescentada).
Portanto, concluímos: Por Jesus ser o Intérprete divino do Velho Testamento, Ele deve abrir as Escrituras para nós. Nossa mente deve ser aberta por Ele, a fim de vermos a luz messiânica nas Escrituras de Israel. Essa conclusão implica que a fé em Jesus como Cristo, o Messias das profecias, é uma qualificação essencial para o intérprete cristão das Escrituras hebraicas.
Aqueles intérpretes que não podem ver a Cristo no coração de todas os escritos do Velho Testamento não serão capazes de explicar os reais intentos das profecias de Israel. Paulo afirmou quanto à rejeição de Cristo pelos judeus:
Mas os sentidos deles se embotaram. Pois até ao dia de hoje, quando fazem a leitura da antiga aliança, o mesmo véu permanece, não lhes sendo revelado que, em Cristo, é removido (2 Coríntios 3:14).
Para o apóstolo Paulo, a verdade central da Bíblia hebraica não era a respeito de Israel e seu futuro nacional, mas a respeito do Messias Jesus, o Senhor de Israel, o Redentor do mundo (Romanos 16:25-27; Gálatas 3:16, 29; Filipenses 3:3-10).
O apóstolo diz que nenhum dos governantes desta geração compreendeu a sabedoria oculta de Deus nas Escrituras.
Mas Deus no-lo revelou pelo Espírito; porque o Espírito a todas as coisas perscruta, até mesmo as profundezas de Deus... Ora, nós não temos recebido o espírito do mundo, e sim o Espírito que vem de Deus, para que reconheçamos o que por Deus nos foi dado gratuitamente. Disto também falamos, não em palavras ensinadas pela sabedoria humana, mas ensinadas pelo Espírito, conferindo coisas espirituais com espirituais. Ora, o homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, porque lhe são loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente (1 Coríntios 2:10, 12-14; ênfase acrescentada).
Estas palavras de Paulo são plenas de promessas para o estudante da palavra profética. Ellen G. White nos assegura mesmo hoje: "Ainda há veios de verdade a serem descobertos; mas as coisas espirituais se discernem espiritualmente".1 O estudante da Bíblia, portanto, deve estar sempre disposto a considerar a Palavra profética no espírito de um constante aprendiz humilde sob a guia do Espírito Santo. Sempre disposto a esconder o eu em Cristo e a tirar do depósito sagrado, coisas novas e coisas velhas (Mateus 13:53). 
A Necessidade de um Foco Cristocêntrico na Interpretação Profética
A ampla confusão evidente entre os modernos intérpretes das profecias bíblicas relacionadas com os eventos dos últimos dias é, em grande medida, devida à falta de princípios claramente definidos de interpretação profética. A necessidade de princípios hermenêuticos sadios para a interpretação da Bíblia é geralmente reconhecida hoje e manifesta no recente desenvolvimento da ciência teológica da hermenêutica, o estudo da metodologia de interpretação das Sagradas Escrituras, a ciência e a arte da interpretação correta da Bíblia,
A tarefa básica da hermenêutica bíblica é determinar o que Deus disse nas Escrituras Sagradas e o que isso significa para nós hoje, "A hermenêutica é uma ciência que pode determinar certos princípios para descobrir o significado de um documento, e indicar em que esses princípios não são uma mera lista de regras, mas produzir uma ligação orgânica entre eles".2 
A habilidosa aplicação dos princípios da hermenêutica bíblica é tarefa da disciplina teológica da exegese, ou seja, ela é a hermenêutica aplicada. Comparativamente, pouco tem sido publicado sobre a hermenêutica especial de princípios proféticos que desvelam a natureza da revelação progressiva do eterno propósito de Deus nas porções apocalípticas das Escrituras. Em outras palavras, as regras hermenêuticas válidas de interpretação das Escrituras devem ser "princípios inspirados" que são legítima e sistematicamente derivados das próprias Escrituras e constituem, dentro do organismo vivo da Bíblia, a estrutura inerente e unificadora do corpo total dos Sagrados Escritos.
É um ato irresponsável lançar-se despreparado na arena das profecias bíblicas dos últimos dias. Ao considerar tais porções apocalípticas das Sagradas Escrituras isoladamente e sem levar em consideração a estrutura profético-messiânica do todo, o intérprete cairá necessariamente na cova de um literalismo geográfico e étnico.
Esses intérpretes não se envergonham de comparar as profecias bíblicas ao "quebra-cabeças" (H. Lindsey). Mas, sem o Espírito a letra permanece sem espírito e a bendita esperança torna-se especulação ociosa do cenário futuro, É necessário mais do que uma exegese histórico-gramatical de partes isoladas das Escrituras, Cada método de estudo do texto que apela para as letras dos versos bíblicos, não considerando o seu contexto teológico imediato e mais amplo, e conseqüentemente não relacionando os versos ao santo concerto de Deus com sua estrutura messiânica, nega a unidade teológica da Palavra de Deus e obscurece as questões religiosas e morais da guerra apocalíptica entre o Céu e a Terra.
O "método" como tal é um instrumento muito limitado para assimilar a profunda verdade teológica. Mais básico ainda do que ele, é a perspectiva espiritual e as pressuposições teológicas com as quais o intérprete aborda os textos proféticos das Escrituras.
Os intérpretes cristãos aproximam-se do Velho Testamento com uma perspectiva teológica diferente dos expositores judeus. Suas conclusões serão inteiramente diferentes em relação à guerra final na profecia.
A compreensão cristã do Velho Testamento é determinada pelo foco cristocêntrico com o qual os escritores do Novo Testamento interpretavam as Escrituras hebraicas. Por isso, é essencial para um cristão descobrir os princípios e procedimentos com os quais Cristo e os Seus apóstolos compreendiam e expunham os Escritos de Moisés, os Salmos, e os Profetas hebreus. De outra maneia, ele estará em grande perigo de ler as profecias do Velho Testamento de uma maneira não cristã e dessa forma, equivocar-se e destorcer as profecias bíblicas simplesmente por não interpretar o Velho Testamento tendo o novo como chave. O Velho Testamento não é mais a última palavra sobre profecias do tempo do fim, uma vez que o próprio Messias da profecia veio como a última Palavra. O Novo Testamento foi escrito como a norma final para o cumprimento e interpretação das profecias de Israel.
Um cristão negaria sua fé e o Seu Senhor se lesse o Velho Testamento como uma entidade fechada, como a mensagem plena e final de Deus para os judeus independente da cruz e da ressurreição de Jesus, o Messias, e à parte da explicação neotestamentária dos Escritos hebraicos.
É de vital importância, por isso, preparar-nos para o estudo das profecias ainda não consumadas do Velho Testamento analisando, primeiramente os padrões de promessa e cumprimento nas profecias já cumpridas. Uma clara compreensão desses padrões neotestamentários é essencial para a adequada interpretação de todos os símbolos e imagens da profecia. Devemos partir do conhecido para o desconhecido.
Um conhecimento prático dos princípios neotestamentários de aplicar o Velho Testamento é indispensável para a acurada compreensão das Escrituras como um todo. Nossa pressuposição cristã fundamental é a confissão histórica protestante da unidade espiritual em Cristo do plano e do concerto de Deus em ambos os Testamentos.
Tanto para Lutero quanto para Calvino, a escatologia era essencialmente cristocêntrica, com a mensagem de Cristo como a verdade central das Escrituras Sagradas. Muito embora a escatologia desses reformadores deixava muito a desejarquanto à amplitude cósmica e a grandeza da esperança bíblica por causa da negligência de certos aspectos de conteúdo profético, a perspectiva cristológica da teologia evangélica dos reformadores é uma salvaguarda válida contra toda a interpretação especulativa tanto do literalismo exegético quanto do alegorismo. Precisamos de princípios bíblicos derivados da plenitude da própria Escritura, a fim de detectar qualquer abordagem especulativa às imagens e símbolos proféticos.
O apóstolo Paulo adverte ao seu associado mais jovem, Timóteo, a fazer o seu melhor a fim de apresentar-se "a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade" (2 Timóteo 2:15).
Essas interpretações modernas da Palavra profética que excluem a Cristo, Sua graça salvadora, e o Seu povo do novo concerto do centro das profecias do tempo do fim relativas a Israel, basicamente carecem da marca divina e exaltam uma tocha de falsa profecia. Cristo é "o Alfa e o Ômega, o Primeiro e o Último, o Princípio e o Fim" (Apocalipse 22:13) de toda a Palavra profética. Ele é a brilhante Estrela da manhã, que ilumina cada promessa do concerto e cada profecia com Sua presença salvadora. Ele é "Raiz e a Geração de Davi" (Apocalipse 22:16), o que significa que Ele é o Senhor de Davi, bem como o Seu Filho. Representa Jeová, o Deus de Israel em tudo que diz e faz (João 12:44-50). Cristo, o Espírito Santo e Deus o Pai estão tão intimamente unidos que o foco cristocêntrico é a marca inalienável de uma exposição bíblico-teológica da Palavra profética de Israel.
Os adventistas do sétimo dia receberam conselhos especiais para lançarem todos os olhares sobre Cristo como o centro da esperança em suas interpretações proféticas:
Deixemos que Daniel fale, que fale o Apocalipse e digam a verdade. Mas seja qual for o aspecto do assunto apresentado, elevai a Jesus como centro de toda a esperança, "a Raiz e a geração de Davi, a resplandecente Estrela da manhã".3
De todos os professos cristãos, devem os adventistas do sétimo dia ser os primeiros a levantar a Cristo perante o mundo.4
Referências Bibliográficas:
1. Ellen G. White, Fundamentos da Educação Cristã (CD "Obras de Ellen White", 1ª Edição), p. 188. 
2. Bernard Ramm, Protestant Biblical Interpretation, 3rd ed. (Grand Rapids, Mich.: Baker Boork House, 1970), p. 11.
3. Ellen G. White, Testemunhos Para Ministros e Obreiros Evangélico, p. 118. 
4. Ellen G. White, Evangelismo, p. 188. 
A CHAVE PARA O VELHO TESTAMENTO: O LITERALISMO OU O NOVO TESTAMENTO?
O dispensacionalismo representa o sistema de interpretação bíblica o qual afirma que os termos "Israel" e "Igreja" nas Escrituras sempre se referem a dois concertos totalmente diferentes entre Deus e o Seu povo: Israel representa um reino nacional-teocrático e terreno, mas a Igreja, um espiritual e celestial, Como propõe Lewis S. Chafer:
Os dispensacionalistas acreditam que Deus está buscando dois propósitos distintos através das gerações: um relacionado à Terra, envolvendo pessoas e objetivos terrenos, o outro relacionado ao Céu, envolvendo pessoas e objetivos celestiais.1
Por isso, Daniel P. Fuller conclui: "A premissa básica do Dispensacionalismo é os dois propósitos de Deus expressos na formação de dois povos que mantém as suas distinções através da eternidade".2 Em outras palavras, o dispensacionalismo mantém diferentes escatologias para "Israel" e a "Igreja", cada um tendo suas próprias contrastantes promessas do concerto. A essência do dispensacionalismo, portanto, consiste em "causar divisão" nas Escrituras, não meramente em compartimentos de tempo ou dispensações, mas também em suas seções que se aplicam ou a Israel ou a Igreja, ou ainda aos gentios. Uma divisão derivada de 1 Coríntios 10:32. Chafer foi ainda mais longe ao ensinar que apenas o Evangelho de João, o livro de Atos e as Epístolas são dirigidos especificamente aos cristãos.3 
O conflito final ou a tribulação mencionada em Apocalipse 6-20 acontece entre o anticristo e os judeus piedosos, não entre o anticristo e a Igreja, porque "o livro como um todo não é ocupado primariamente com o programa de Deus para a igreja'' J. F. Walvoord).4 
O princípio fundamental sobre a qual essa divisão das Escrituras se origina é chamado de "literalismo consistente". Um dos seus modernos porta-vozes, Charles C. Ryrie, categoricamente afirma: 
Desde que o literalismo consistente é o princípio lógico e óbvio de interpretação, o dispensacionalismo está mais do que justificado.5
O Dispensacionalismo é o resultado da aplicação consistente do princípio hermenêutico básico de interpretação literal, normal ou direta, Nenhum outro sistema de teologia pode reivindicar isso.6
O literalismo consistente está no coração da escatologia dispensacionalista.7
As implicações desse princípio pré-determinado de literalismo são de grande alcance em matéria de teologia, especialmente em escatologia, tendo em vista que ele requer o cumprimento literal das profecias do Velho Testamento, que por isso devem ocorrer durante algum período futuro na Palestina, "pois a Igreja não as está cumprindo em nenhum sentido literal".8 Assim, o literalismo leva necessariamente ao futurismo dispensacionalista em interpretação profética.
De acordo com o dispensacionalismo, a Igreja de Cristo, que nasceu no dia de Pentecostes conforme relatado em Atos 2, não é definitivamente uma parte do concerto de Deus com Abraão e Davi. A Igreja cristã, com o seu evangelho da graça, é apenas uma "interrupção" do plano original de Deus com Israel, um "parêntesis" (H. Ironside) ou uma "intercalação" (L. S. Chafer), não previstos pelos profetas do Velho Testamento e não tendo ligação com as promessas de Deus de um reino terrestre para Abraão, Moisés e Davi.
Para o sistema dispensacionalista é básica a pressuposição de que Cristo ofereceu-Se para a nação de Israel como o Rei messiânico para estabelecer o glorioso reino terrestre que fora prometido a Davi. Sobre essa suposição repousa a inferência de que Cristo "adiou" o oferecimento de Seu reino quando Israel O rejeitou como seu legítimo rei. Por isso, Ele começou a oferecer o Seu reino da graça (de Mateus 13 em diante) como um concerto de graça temporário que terminará tão logo estabeleça novamente a nação judaica como Sua teocracia.
A igreja dos crentes renascidos deve, por isso, primeiramente ser tirada deste mundo através de um "arrebatamento" repentino e invisível para o Céu antes que Deus possa cumprir Suas promessas "incondicionais" feitas a Israel no Velho Testamento.
O dispensacionalismo assegura que as promessas do concerto veterotestamentárias feitas a Israel podem se cumprir apenas na nação judaica (em todos os detalhes como escrito) durante o futuro milênio judaico de Apocalipse 20. Somente então o propósito distintivo e incondicional de Deus com "Israel" será gloriosamente consumado. Isso implica a reconstrução do templo em Jerusalém e a reinstituição dos sacrifícios animais em "comemoração" à morte de Cristo. Todas as nações reconhecerão, então a Israel como o povo favorecido de Deus. Ryrie afirma, "essa culminação milenial é o clímax da História e o grande objetivo do programa de Deus para as gerações".9 
Assim, está bem claro que o dispensacionalismo separa a Igreja de Cristo de todo o plano redentivo de Deus para Israel e a humanidade e restringe o Seu reino futuro à restauração de um reino estritamente judaico – o assim chamado reino milenial.
Essa dicotomia entre Israel e a Igreja, entre esta e o reino de Deus na Terra, entre o Evangelho de Jesus Cristo e o Evangelho da graça de Paulo, é o desenvolvimento lógico do princípio literalista de interpretação profética adotado para a Palavra de Deus, O literalismo não tem raízes na fé cristã histórica, mas foi criado em torno de 1830 em reação às espiritualizações da teologia liberal do século 19. O dispensacionalismo moderno ascendeu basicamente nos ensinos do ex-advogado John N. Darby (1800-1882), líder de um grupo cristão chamado Os Irmãos de Plymouth (na Inglaterra), e popularizadonas notas de rodapé da Scofield Reference Bible (New York: Oxford University Press, 1967).
A teologia dispensacionalista é elaborada sistematicamente por Lewis Sperry Chafer (sucessor de C. I. Scofield) em sua obra apologética Systematic Theology (8 vols.) e nos escritos de John F. Walvoord, presidente do Seminário Teológico de Dallas. O dispensacionalismo é ensinado por princípio no Instituto Bíblico Moody (Chicago) e, em aproximadamente duzentos institutos bíblicos nos Estados Unidos. A revista dispensacionalista é a Bibliotheca Sacra (herdada pelo Seminário Teológico de Dallas em 1934). Autores populares como Hal Lindsey, Salem Kirban e outros influenciam milhões de pessoas através de seus escritos e filmes a aceitarem a interpretação dispensacionalista como o verdadeiro quadro profético do plano de Deus para o povo judeu: uma guerra do Armagedom no Oriente Médio e um milênio judaico.
A Chave para o Velho Testamento: O Novo Testamento
É a hermenêutica dispensacionalista do "literalismo consistente" a chave genuína para a interpretação do cumprimento futuro das profecias do Velho Testamento? Está organicamente (isto é, genuinamente e intrinsecamente) relacionada às Sagradas Escrituras, ou é uma pressuposição forçada, impondo sobre a Palavra de Deus elementos externos como um "padrão objetivo"10, a fim de salvaguardar a Bíblia contra espiritualizações e alegorizações injustificadas? Não seria melhor que o princípio "objetivo" para a compreensão da Palavra de Deus fosse indutivamente derivado do próprio relato inspirado?
O ponto importante é esse: Ao cristão é permitido encarar os escritos do Velho Testamento como uma unidade fechada em si mesma, isolada dos testemunhos do Novo Testamento sobre o seu cumprimento, ou deve aceitar o Velho e o Novo Testamentos juntos como uma revelação natural de Deus em Cristo Jesus?
Em primeiro lugar, o Velho Testamento em si mesmo carece de uma norma indicadora de Jesus Cristo e dos Seus apóstolos para a compreensão cristã das Escrituras hebraicas, O princípio do "literalismo" é, então, introduzido nesse vácuo de um cânon não terminado da Escritura para suprir uma norma indicadora de interpretação apontada por Deus para se consumar em Cristo e no Novo Testamento, O próprio termo "literalismo" torna-se dúbio em significado se for definido como exegese gramático-histórica literal ou normal do Velho Testamento, mas então exalta essa exegese como a verdade final dentro do cânon total da Bíblia de maneira que Cristo e o evangelho apostólico não têm autoridade de desvelar, modificar ou (re) interpretar suas promessas, Charles C. Ryrie afirma que a visão dispensacionalista da revelação progressiva pode aceitar luz adicional, mas não aceita que o termo '"Israel" possa significar "Igreja". Isso significaria uma inaceitável "contradição" de termos e conceitos.11 
O dispensacionalismo nega um relacionamento dependente entre as profecias do Velho Testamento e a Igreja de Cristo Jesus. Rejeita a aplicação tradicional das promessas do Reino davídico do governo espiritual de Cristo sobre Sua Igreja, porque tal aplicação interpretaria a profecia alegórica e não literalmente, e portanto, ilegitimamente.
Temos aqui uma questão crucial: Os dispensacionalistas realmente aceitam o caráter dependente da Bíblia como um todo, isto é, a unidade espiritual e teológica das revelações do Velho e do Novo Testamentos? Aos expositores cristãos é permitido interpretar o Velho Testamento como um cânon fechado, como a revelação de Deus completa e final para o povo judeu, sem deixar que Cristo seja o verdadeiro intérprete de Moisés e dos profetas, sem permitir que o Novo Testamento tenha a suprema autoridade de aplicar as profecias do Velho?
O cristão não pode interpretar o Velho Testamento num sentido final e completo como se Cristo ainda não tivesse vindo e como se o Novo Testamento não tivesse sido escrito. Não seria preferível a posição de que Cristo rejeitou o Judaísmo e o Sionismo?12 
literalismo no Judaísmo no Período do Advento de Cristo
Está bem claro, a partir da perspectiva cristã, que os líderes judeus do tempo de Jesus tinham uma compreensão confusa e unilateral do Messias prometido. Interpretavam mal a Palavra profética devido ao seu literalismo, passando por alto o caráter condicional das bênçãos do concerto prometidas a Israel.13 Os judeus não estavam esperando um Messias sofredor; nem mesmo os discípulos de Cristo estavam (Lucas 24:20-27; Mateus 26:21-22).
Em todos os escritos judeus apócrifos que refletem vários conceitos do Messias esperado e do reino de Deus, nem uma vez é previsto um Messias que deveria morrer pelos pecados de Israel em cumprimento de Isaías 53.14 O que a teologia judaica do judaísmo no período do advento de Cristo ensinava a respeito do Messias e do Seu reino nunca devem, por isso, ser um guia seguro ou uma norma cristã para compreender o que as profecias do Velho Testamento realmente significavam.
Os discípulos de Cristo, incluindo João Batista (Mateus 11:26), descobriram um significado novo e mais profundo envolvendo a missão messiânica e o reino de Deus. Jesus não veio para oferecer-Se a Israel como o rei da glória ou conceber um reino terreno com poder político. Quando os judeus tentaram fazê-Lo rei pela força (João 6:15), Jesus recusou tornar-Se o rei de Israel, como interpretavam o Seu reinado, e "retirou-se novamente, sozinho, para o monte". E para Pilatos, governador romano, Ele esclareceu, "O meu reino não é deste mundo. Se o meu reino fosse deste mundo, os meus ministros se empenhariam por mim, para que não fosse eu entregue aos judeus; mas agora o meu reino não é daqui" (João 18:36; ênfase acrescentada). 
Aqui está a razão porque os judeus como nação rejeitaram a Cristo como seu Rei. Haviam interpretado extremamente mal a missão do Messias e a natureza profunda e religiosa de Seu governo e do Seu reino.15 Por se concentrarem primariamente na glória terrena e política do Messias vindouro e do Seu reino e por negligenciar o panorama basicamente religioso da missão e reino messiânicos, o judaísmo rabínico passou a esperar um Messias político que libertaria a nação judaica da opressão romana.16 A expectação judaica da vinda do reino messiânico era, portanto, o oposto do que Jesus tencionava introduzir em Israel. Aquele que veio, acima de tudo, para vencer a Satanás e seu poder escravizador sobre o coração dos judeus através de Sua vitória no deserto e para redimir os israelitas, exorcizando os demônios de sua alma, foi denunciado pelos judeus como realizando a obra de Belzebu (Mateus 12:22-28), como tendo um "espírito imundo" (Marcos 3:30). Cristo, contudo, interpretou o exercício de Seu poder salvador em favor de Israel como o verdadeiro reino de Deus: "Se, porém, eu expulso demônios pelo Espírito de Deus, certamente é chegado o reino de Deus sobre vós" (Mateus 12:28; ênfase acrescentada; cf. Lucas 17:21 na RSV).
Mesmo os próprios discípulos de Cristo não haviam compreendido a natureza do reino de Deus. Quando Pedro quis impedir Jesus de ser o Messias sofredor e moribundo, Cristo o repreendeu veementemente: "Arreda, Satanás! Porque não cogitas das coisas de Deus, e sim das dos homens" (Marcos 8:33). T. W Manson faz a sua tradução livre assim: "Fora do meu caminho, Satanás! Tu és para mim uma pedra de tropeço; porque estais mais interessado em um império humano do que no reino de Deus".17
 Jesus ofereceu-Se a Israel exatamente como a Palavra profética havia determinado, primeiramente não como Rei da glória, mas como Messias servo. Esse fato está claro, pois, Jesus não ofereceu um Império Davídico glorioso. Ao invés disso, Ele rejeitou o messianismo político da esperança judaica, mesmo de Seus próprios discípulos (Lucas 19:41-42; Mateus 23:37-38). G. E. Ladd concluiu:
O próprio fato de que Ele não veio como Rei glorioso, mas como um Salvador humilde, deveria ser uma evidência adequada em si mesma para provar que o Seu oferecimento do reino não era exterior, terreno, mas correspondia à forma na qual o seu Rei chegou aos homens.18
Qual foientão a causa da rejeição de Jesus pelos judeus como o Príncipe da Paz, de Seu reino espiritual como o reino de Deus? Desde o começo de Seu ministério público Cristo desapontou a expectativa judaica de um Messias glorioso no mundo secular e sua esperança de que Israel como nação deveria ser exaltada como a cabeça de um reino universal (Lucas 4:16-30; Mateus 5:1-12).
Contudo, a causa fundamental pode ser encontrada em um literalismo freqüentemente aplicado nas exegeses judaicas do primeiro século.19 Esta forma de tratamento atomístico das Escrituras levava muito a sério as letras e as palavras de Moisés e dos profetas, e ainda dissecava e fragmentava as Escrituras por negligenciar relacionar as palavras proféticas à história da salvação e ao centro teológico da Escritura. Esse centro unificador do Velho Testamento é o Deus vivo de Israel,20 de quem emana toda a revelação da verdade e com quem toda a revelação deve relacionar-se, a fim de compreender todo o Seu eterno propósito para o mundo e para o Seu povo do concerto. Por isso, o literalismo ou o letrismo judaico pode ser descrito como uma forma de legalismo.
Uma forma peculiar de literalismo judaico e de divisão dos Escritos proféticos era empregada pela seita de Qumran ou membros do concerto do Mar Morto. Eles não apenas explicavam partes da lei mosaica de uma maneira mais dissecada do que o judaísmo farisaico (e.g. sobre Êxodo 16:29),21 mas as suas interpretações das Escrituras proféticas (e.g. Habacuque) mostram que ignoravam completamente o contexto histórico e literário das profecias do Velho Testamento. Interpretavam as passagens proféticas como estando exclusivamente preocupadas com o período em que viviam como sendo o tempo do fim e a sua própria seita como o remanescente fiel de Israel.22 A convicção dos essênios de serem possuidores do único discernimento verdadeiro das Escrituras foi construída sobre a implícita confiança na direção divina do "Mestre da Justiça", o fundador da comunidade de Qumran. Deus havia revelado inquestionavelmente para ele o verdadeiro significado das profecias, a chave para desvendar todos os seus mistérios e a pedra de toque para todas as aplicações da crise iminente. Por isso, a seita de Qumran identificou inteiramente as interpretações das Escrituras feitas por seu mestre "justo" com a revelação divina e tomava as suas palavras específicas como norma absoluta de interpretação.23 Essa forma de apocalipsismo com suas reivindicações exclusivas de significado "literal" das profecias e sua negligência da exegese histórico-gramatical foi realmente apenas uma forma de literalismo especulativo, uma caricatura da interpretação literal genuína. É desnecessário afirmar que sua esperança desorientada terminou em um desapontamento catastrófico para os seus seguidores. Qumran começou literalmente de um ponto de partida errado, ou seja, mais interessada na aplicação da palavra profética do que no significado original do texto bíblico. Sua exegese levou os crentes a aceitarem incondicionalmente as reivindicações de um mestre carismático contemporâneo como a norma superior de interpretação das Escrituras.
A Chave para o Velho Testamento: Cristo no Novo Testamento
Deus mesmo é o Intérprete de Sua Palavra, isto é, as palavras das Escrituras recebem o seu significado e a sua mensagem do próprio Autor divino e devem estar constantemente relacionadas com Sua vontade dinâmica e progressiva, a fim de que possamos ouvir o desdobramento feito por Ele da interpretação de Suas promessas iniciais através de um "assim diz o Senhor".
Promessas concernentes a Israel como um povo, relacionadas à dinastia, à terra, à cidade e aos montes não são auto-abrangentes, isoladas por causa de Israel, mas são partes integrantes do plano de salvação progressivo de Deus para o mundo e a raça humana. O Velho Testamento revela esse plano universal que pode ser detectado por uma abordagem diacrônica, longitudinal que presta atenção à seqüência cronológica das mensagens proféticas do Velho Testamento.
Em nossos dias, Walter C. Kaiser Jr., conduziu uma pesquisa indutiva do Velho Testamento em seu livro erudito Toward an Old Testament Theology (Grand Rapids, Mich.: Zondervan, 1978). Concluiu que o centro focal do Velho Testamento como uma unidade orgânica é a promessa de Deus em abençoar todos os povos através da semente de Abraão, também sumarizada na fórmula tripartida: "Eu serei o Teu Deus e tu serás o Meu povo, e Eu habitarei contigo" (pp. 12, 32-35). Este plano de Deus inclusivo e singular, esta promessa, é o cerne fixo na revelação progressiva de todos os concertos de Israel. Ele não é claramente uma "vara divina abstrata" imposta aos textos do Velho Testamento, mas provê "seu próprio padrão para um modelo permanente e normativo pelo qual julgar aquele dia e todos os outros dias por uma régua que reivindica ter sido estabelecida para o escritor da Bíblia e todos os subseqüentes leitores simultaneamente" (p. 14).
Kaiser mostra que a promessa messiânica é o foco central de todo concerto de Deus com o homem desde o começo. Essa promessa se relaciona com as predições divinas do Velho Testamento. Os escritores do Novo Testamento reconhecem a Cristo como o perfeito cumprimento das promessas de Deus aos patriarcas e a Israel. Paulo sumaria a totalidade da esperança messiânica em uma promessa definida: 
E, agora, estou sendo julgado por causa da esperança da promessa que por Deus foi feita a nossos pais, a qual as nossas doze tribos, servindo a Deus fervorosamente de noite e de dia, almejam alcançar; é no tocante a esta esperança, ó rei, que eu sou acusado pelos judeus (Atos 26:6-7).
Nós vos anunciamos o evangelho da promessa feita a nossos pais, como Deus a cumpriu plenamente a nós, seus filhos, ressuscitando a Jesus (Atos 13:32-33).
E, se sois de Cristo, também sois descendentes de Abraão e herdeiros segundo a promessa (Gálatas 3:29).
Cristo é o alvo da missão de Abraão e de Israel. Veio para redimir o mundo e a raça humana como um todo. A salvação vem dos judeus, mas não para os judeus apenas.
Mas a Escritura encerrou tudo sob o pecado, para que, mediante a fé em Jesus Cristo, fosse a promessa concedida aos que crêem (Gálatas 3:22).
O Novo Testamento enfatiza a verdade de que Deus cumpriu a promessa Abraãmica em Jesus de Nazaré e renovou o Seu concerto com Israel através de Jesus Cristo por uma "superior afiança'' (Hebreus 7:22), introduzindo uma "esperança superior" (Hebreus 7:19) para todos israelitas e gentios crentes em Cristo (Hebreus 8).
Assim, o Novo Testamento testifica de um cumprimento básico das promessas do Velho no Messias Jesus. Nas palavras do apóstolo Paulo, "Porque quantas são as promessas de Deus, tantas têm nele o 'sim' " (2 Coríntios 1:20). Para ele, cada interpretação que se centraliza no Israel nacional, nas promessas terrenas e políticas do concerto, falha em compreender o sentido real e o centro teológico da promessa divina.
Sem reconhecer a Jesus Cristo como a Chave, a Raiz e o Centro de todos os concertos de Deus com Israel (Apocalipse 22:16), qualquer compreensão "literal" dos antigos concertos do Senhor com Seu antigo povo, se constituiria em apenas uma dramática incompreensão e as reivindicações às bênçãos prometidas, uma presunção. "Mas até hoje, quando é lido Moisés, o véu está posto sobre o coração deles. Quando, porém, algum deles se converte ao Senhor, o véu lhe é retirado" (2 Coríntios 3:15-16).
Sem Cristo ou o Espírito, as aplicações do concerto de Israel apenas endurecem o coração. "A letra mata, mas o espírito vivifica" (2 Coríntios 3:6). Apenas quando os judeus aceitam a mensagem do Novo Testamento de que Jesus é o Messias da profecia e O recebem de todo o coração como Senhor e Salvador, o véu escuro é removido das letras do Velho Testamento e eles são capazes de compreender o verdadeiro significado literal das Escrituras e a intenção original do Velho Testamento. Por isso, é necessário fazer uma distinção fundamental entre uma interpretação literal genuína e o literalismo ou letrismo. A chave para oVelho Testamento não é um método ou princípio racionalista, seja literal ou alegórico, mas Cristo Jesus, o Filho de Deus, como revelado no Novo Testamento. 
O intérprete cristão do Velho Testamento é, de uma vez por todas, obrigado a ler as Escrituras hebraicas à luz do Novo Testamento como um todo, porque o Velho é aí interpretado autorizadamente, como a contínua história da salvação, sob a inspiração divina.
O cristianismo histórico sempre confessou que o Novo Testamento é o alvo e o cumprimento do Velho.24 G. E. Ladd representa a posição de gerações da Igreja quando afirma: "Nosso ponto de partida deve ser a maneira como o Novo Testamento interpreta o Velho''.25 F. F. Bruce declara mais especificamente: "O uso que Nosso Senhor faz do Velho Testamento bem pode servir como modelo e padrão na interpretação bíblica e os cristãos ainda podem relembrar que a obra presente do Espírito Santo é abrir-lhes as Escrituras assim como o Cristo ressurreto fez aos discípulos no caminho de Emaús".26 
The Ecumenical Study Conference (A Conferência Ecumênica de Estudo), ocorrida em Oxford, Inglaterra em 1949, aceitou como "Princípios Normativos para a Interpretação da Bíblia", entre outras, a seguinte pressuposição teológica necessária: 
Concorda-se que a unidade do Velho e do Novo Testamento não deve ser encontrada em qualquer desenvolvimento naturalístico ou em qualquer identidade estática, mas na continua atividade redentiva de Deus na história de um povo, alcançando o seu cumprimento em Cristo.
Conseqüentemente, é de importância decisiva para o método hermenêutico de interpretar o Velho Testamento á luz da revelação total na pessoa de Jesus Cristo, a palavra de Deus encarnada, do qual ascende a fé plena trinitariana da Igreja.27
E em relação à interpretação teológica de uma passagem, depois que a exegese gramatical e histórica for completada:
Concorda-se que no caso de uma passagem do Velho Testamento, ela deve ser examinada e exposta em relação à revelação de Deus para Israel, tanto antes quando depois de seu próprio período. Em seguida, o intérprete deveria voltar-se para o Novo Testamento, a fim de ver a passagem na perspectiva deste. Procedendo dessa forma, a passagem do Velho Testamento pode receber limitações e correções, e também ainda desvelar, à luz do Novo Testamento, um novo e mais profundo significado, desconhecido ao escritor original.
Concorda-se que no caso de passagem do Novo Testamento, ela deveria ser examinada à luz de seu cenário e contexto. Em seguida, volta-se para o Velho Testamento para descobrir o seu background na revelação primária de Deus. Ao voltar-se mais uma vez para o Novo Testamento, o intérprete será capaz de ver e expor a passagem à luz do escopo total da Heielgeschichte (História da Salvação). Aqui, o nosso entendimento da passagem do Novo Testamento pode ser aprofundado através de nossa compreensão do Velho.28
Referências Bibliográficas:
1. Lewis S. Chafer, "Dispensacionalism," BSac. 93 (1936):448.
2. Daniel P. Fuller, "The Hermeneutics of Dispensacionalism" (dissertation, Northern Baptist Theological Seminary, Chicago, Ill., 1957), p. 25.
3. Chafer, "Dispensacionalism," pp. 406-407.
4. John F. Walvoord, The Revelation of Jesus Christ (Chicago: Moody Press, 1967), p. 103.
5. Charles C. Ryrie, Dispensacionalism Today, (Chicago: Moody Press, 1965), p. 97.
6. Idem, p. 96.
7. Ibid., p. 158.
8. Ibid.
9. Ibid., p. 104.
10. Ryrie (ibid., p. 88) afirma: "Que controle haveria sobre a variedade de interpretações que a imaginação do homem pode produzir se não houvesse um padrão objetivo provido pelo princípio literal?" 
11. Ibid., 94. 
12. O objetivo do Sionismo é criar para o povo judeu um lar na Palestina garantido pela lei pública (o programa de Basel para o Mundo Judaico, 1897). A "Proclamação de Independência" do Estado de Israel (1948) declara que a Assembléia Nacional dos Judeus Palestinos e o Movimento Sionista Mundial, juntos apelam para "os dons naturais e históricos do povo judeu" para a Palestina como sua terra natal e se referem à sua "grande luta" para o cumprimento do sonho de gerações pela redenção de Israel." Ver F. H. Epp, Whose Land is Palestine? (Grand Rapids, Mich.: Wm. B. Eerdmans Pub. Co.., 1974), pp. 117, 191, 192.
13. Ver S. Mowinckel, He That Cometh (Nashville, Tenn.: Abingdon Press, 1954), capítulo 9, "The National Messiah." 
14. G. E. Ladd, Crucial Questions About the Kingdom of God (Grand Rapids, Mich.: Wm. B. Eerdmans Pub. Co., 1961), p. 115. Ladd mostra que nem mesmo o Messias moribundo de IV Esdras 7:27-31 tem um propósito vicário. Também G. Scholem, The Messianic Idea in Judaism (New York: Schockn Books, 1974), pp. 17-18.
15. Ver o excelente tratado "Kingdom of God" de G. E. Ladd em Baker's Dictionary of Theology, ed. E. F. Harrison (Grand Rapids. Mich.: Baker Book House, 1973). E também seu, "Theology of the New Testament" (Grand Rapids.: Mich.: Wm. B. Eerdmans Pub. Co., 1974), capítulo 4.
16. T. W. Manson, The Servant Messiah (Grand Rapids, Mich.: Baker Bock House, 1977: reimpressão da edição de 1953), capítulo 1, referindo-se especialmente à natureza da esperança messiânica nos Psalms of Salomon (8 e 17).
17. Ibid., p. 36, nota 3.
18. Ladd. Crucial Questions About the Kingdom of God, p. 117.
19. Ver R. Longenecker, Biblical Exegesis in Apostolic Period (Grand Rapids.: Mich.: Wm. B. Eerdmans Pub. Co., 1977), capítulo 1, "Jewish Hermeneutics in the First Century," para alguns exemplos de "hiperliteralismo". A interpretação literalista "foi considerada básica para todos os desenvolvimentos exegéticos" (p. 29). Cf. também Ramm, Protestant Biblical Interpretation, p. 45-48, que conclui: "Há uma lição maior a ser aprendida da exegese rabínica: o mal do letrismo. Na exaltação da própria letra da Escritura o seu verdadeiro significado era perdido" (p. 48). Cf. G. F. Moore, Judaism (Cambridge: Harvard University Press, 1932), vol. 1, p. 248.
20. Ver G. F. Hasel, "The Problem of the Center in the OT Theology Debate," 2AV 86 (1974): 65-82.
21. A interpretação literal extremada de Êxodo 16:29 aparece no relatório de Flávio Josefo de que no sábado os essênios se recusavam até mesmo a "remover qualquer vaso do seu lugar, ou ir ao banheiro" (War II, 8, 9 [Josephus, Complete Works., trad. W. Whiston (Grand Rapids, Mich.: Kregel Publ., 1966]).
22. Ver F. F Bruce, Biblical Exegesis in the Qumran Texts (Grand Rapids, Mich.: Wm. B. Eerdmans Pub. Co., 1959), pp. 9f., 15-17.
23. See H. K. LaRondelle, Perfection and Perfectionism, Andrews University Monographs, Studies in Religion, Vol. 3, 3d ed. (Berrien Springs, Mich. : Andrews University Press, 1979), pp. 272-275.
24. Para a confissão Católica Romana mais recente da unidade progressiva de ambos os Testamentos, ver The Documents of Vatican II, W. M. Abbot e J. Gallagher, eds. (New York: Guild Press, 1966), capítulo 4, seção 16, "Dogmatic Constitution on Divine Revelation." 
25. Ladd, Crucial Questions About the Kingdom of God, p. 139. Ver também, The Last Things (Grand Rapids, Mich.: Wm. B. Eerdmans Pub. Co., 1978), pp. 18, 19.
26. F. F. Bruce em Baker's Dictionary of Theology (1973), p. 293.
27. In G. Ernest Wright, "The Problem of Archaizing Ourselves", Interpretation 3 (1949): 457f.
28. In Wright, "The Problem of Archaizing Ourselves", Interpretation 3 (1949): 458.
A INTERPRETAÇÃO LITERAL E A ALEGÓRICA
Necessitamos definir tão precisamente quanto possível o que pretendemos dizer com os termos teológicos que empregamos Tais vocábulos como "literalismo", "alegorismo", "literal" e "tipológico", não são usados no mesmo sentido por todos os grupos. E isso causa confusão na comunicação de idéias.
A Interpretação literal
Primeiramente, o que se pretende afirmar com as expressões: interpretação "literal" e "literalismo"? O dispensacionalismo as define como "atribuir à linguagem o seu significado razoável e gramatical" ou "a forma natural, literal e gramatical, implicadas nas predições" (Chaferl); como "o significado literal, normal ou claro" (Ryrie2); o "significado primário, ordinário,normal e literal" (D. Cooper como citado e aceito por Hal Lindsey3), 
Há aqui, contudo, uma suposição secreta subentendida que tem valor axiomático e fundamental para o dispensacionalismo: que a exegese literal de uma profecia do Velho Testamento "demanda" um cumprimento idêntico ou absolutamente literal. J. D. Pentecost declara: "De acordo com princípios estabelecidos de interpretação, o concerto davídico demanda um cumprimento literal. Isso significa que Cristo deve reinar para sempre no trono e sobre o povo de Davi na Terra."4 Tal conclusão seria válida apenas se o Velho Testamento fosse interpretado por si mesmo, separado do Novo.
Não obstante, o intérprete cristão é obrigado, por sua fé em Cristo, a reconhecer o Novo Testamento como a interpretação autorizada das promessas do Velho. Até aqui observamos que o escopo da interpretação profética da Bíblia para o cristão é mais amplo do que a tarefa de fazer exegese no Velho Testamento. Isso também inclui, o estudo da unidade essencial de toda a Bíblia e os padrões de promessa e cumprimento no inter-relacionamento dos dois Testamentos.
O erudito evangélico B. Ramm chama o termo "literalismo" de ambíguo, porque para alguns ele se afigura negativamente como "letrismo". Por isso, distingue literalismo de interpretação "literal" ao extrair a expressão "literal" de seu dicionário (Webster's), como sendo "a designação socialmente reconhecida, costumeira e usual" das palavras.5 Ele chama o método literal de "histórico-gramatical" ou "filosófico". Seu objetivo é apenas exegese, "descobrir o significado original e a intenção do texto"6 à luz da situação na qual ele foi primeiramente escrito sem incluir o campo de aplicação e cumprimento. Esta distinção entre exegese e aplicação é crucial, pois elas não são, necessária e inteiramente idênticas.
As palavras das Escrituras não devem ser um fim em si mesmas, mas ao invés disso, servir como instrumento para transmitir um sentido ou uma mensagem. Palavras e significados nem sempre são sinônimos, como está claro nas figuras de linguagem ou na linguagem simbólica.
Por isso, o ponto essencial é "extrair literalmente o significado da Bíblia. Nossa consciência dor ser cativada pela Palavra de Deus!... Portanto, é o significado dessa Palavra que devemos procurar"7
A interpretação literal ou normal reconhece o simbolismo poético em sua tentativa "de atribuir à Escritura o seu significado original, divinamente intencionado", aquilo "que Deus queria que a passagem designasse no período em que foi escrita".8 A interpretação literal ou filosófica não fará justiça à peça de literatura como uma coisa habitual, mas a exegese literal sempre deve ser o ponto de partida necessário tanto na literatura extrabíblica quanto bíblica. Todos os significados secundários de documentos, como figuras de linguagem, alegorias, tipos, parábolas, etc., encontram o seu controle básico e o seu sentido na camada literal da linguagem. A interpretação literal reconhecerá a natureza peculiar de cada gênero ou tipo de literatura com a qual ela lida.
Ramm compreende a interpretação "literal" das Escrituras como o posicionamento de forma independente entre os extremos do literalismo (ou letrismo) e o alegorismo (um método alegórico não controlado). Ele não aceita a pressuposição dispensacionalista de que a interpretação literal das predições do Velho Testamento também demanda um cumprimento literal. Explica: "Em nosso uso da palavra literal temos em mente literal no sentido filosófico".9 
Nesse respeito, não há diferença entre os evangélicos dispensacionalistas e os da reforma. "A questão central na interpretação profética entre os evangélicos é esta: A literatura profética pode ser interpretada pelo método geral de exegese gramatical ou é necessário um princípio especial?10 Este princípio especial tem sido normalmente chamado pelos evangélicos da reforma de "interpretação teológica".
Esses eruditos afirmam que é absolutamente necessário complementar as habituais interpretações gramatical e histórica com uma terceira (interpretação teológica), a fim de manter a unidade teológica e a dimensão espiritual de ambos os Testamentos. L. Berkhof chama esta dimensão teológica de "o sentido mais profundo da Escritura"11 que não é um segundo sentido adicionado ao significado gramatical, mas é o sentido próprio da Bíblia. Ele afirma:
O verdadeiro significado das Escrituras nem sempre repousa na superfície. Não há verdade na alegação de que a intenção dos autores secundários [Deus sendo o autor primário], determinado pelo método gramático-histórico, sempre exaure o sentido da Escritura, e represente em toda a sua plenitude o significado pretendido pelo Espírito Santo.12
Outros eruditos bíblicos também enfatizam que uma "exegese que não alcança a teologia do texto é incompleta"13 e mesmo os profetas de Israel tentaram esquadrinhar as suas predições (1 Pedro 1:10, 11), compelidos a confessar ignorância sobre as suas próprias visões (Daniel 8:27; Zacarias 4:13) ou palavras (Daniel 12:8).14 Isto é, a exegese gramático-histórica não é suficiente para a interpretação das Sagradas Escrituras. A exegese teológica também é necessária.15 
Seja como for, o dispensacionalismo rejeita categoricamente esse princípio "teológico" da hermenêutica, porque este permitiria uma combinação entre Israel e a Igreja, empregando uma aplicação não literal ao lado da exegese literal dos escritos proféticos do Velho Testamento. Contudo, precisamos considerar o fato de "que a identidade da frase [nas citações feitas pelo NT das profecias do VT] não implica necessariamente absoluta correspondência de significado''.16 
O dispensacionalismo não quer negar a unidade das Escrituras, mas começa de outra pressuposição. Não o Plano da Salvação, mas "a glória de Deus é o princípio governante e o propósito global''.17 Sobre a base da primazia desse princípio doxológico, como seus propósitos divididos para Israel e a Igreja, os dispensacionalistas acusam todos os outros evangélicos de um "erro redutivo" (Walvoord) e de comprometer o princípio do literalismo, especialmente nos domínios da interpretação profética.
C. I. Scofield afirmou inequivocamente que as seções proféticas específicas da Escritura devem ser interpretadas e aplicadas com absoluto literalismo: "As profecias jamais podem ser espiritualizadas, mas são sempre literais".18 Tal literalismo absoluto na interpretação profética, não obstante, leva irrevogavelmente a uma interpretação forçada. Não apenas Israel deve ser restaurado como uma nação teocrática, mas também Edom, Moabe e Amon o serão como nações, porque a predição diz assim: "Eles [os israelitas] se infiltrarão pelas encostas da Filístia, a oeste; juntos saquearão o povo do leste. Porão as mãos sobre Edom e Moabe, e os amonitas lhes estarão sujeitos" (Isaías 11:14, NVI). Esse literalismo consistente não pode ser injustamente chamado de "a insanidade do literalismo".19
A posição cristã histórica reconhece que a exegese literal da Escritura veterotestamentária permite a aplicação tipológica como empregada por Cristo e Seus apóstolos no Novo Testamento. Ela admite que o Velho Testamento é "um livro cristão".20 
O literalismo dispensacionalista não permite que Jesus providencie uma nova perspectiva para interpretar o Velho Testamento, por essa razão, ele é orientado basicamente para o Velho Concerto ao invés da cruz.21
A Interpretação Alegórica
Em relação aos termos "alegoria", "alegorismo" e "alegórico", não observamos nenhuma compreensão uniforme no seu uso entre os intérpretes cristãos. Prevalece um acordo geral na definição de alegoria como uma forma mais extensiva de uma metáfora ou de uma figura de linguagem. A alegoria é uma história que contém vários pontos de comparação. Conta a verdade em termos de narrativa. Alguns exemplos bíblicos são: A alegoria da velha geração sob a figura de uma casa se deteriorando em Eclesiastes 12:37; de Israel como uma vinha trazida do Egito em Salmo 80:8-15; dos falsos profetas em Israel que construíam muros frágeis em Êxodo 13:8-16.22Cristo usou alegorias em Suas parábolas do bom samaritano em João 10:1-16 e da vinha em João 15:1-8. Paulo escreve uma profunda alegoria a respeito da armadura do cristão em Efésios 6:11:17. Todas essas tencionam ser alegorias e reconhecidas como tais como uma maneira legítima de ensinar a verdade.
Seria uma situação diferente se um intérprete alegorizasse uma narrativa claramente histórica na Bíblia. Tal alegorização transformaria a narrativa bíblica em um trampolim para ensinar uma idéia diferente daquela pretendida pelo escritor bíblico.
Quando uma interpretação alegórica arbitrariamente converte uma narrativa histórica em ensino de uma verdade espiritual ou teológica, essa alegorização especulativa é negativamente denominada "alegorismo". Impõe um significado ao texto bíblico que ele realmente não tem. Ela é adicionada ao texto pelo intérprete apenas com o propósito de edificação e para encontrar verdades espirituais e sentidos mais profundos. 
A alegorização foi um método muito popular entre os expositores judeus (especialmente Filo), entre os pais da Igreja Cristã primitiva e os teólogos escolásticos medievais.23 B. Ramm rejeita essas alegorizações porque elas assumem um "significado plural da Escritura. A unidade de sentido da Escritura elimina toda sua alegorização antiga e moderna".24 
Entretanto, Paulo usa uma aplicação alegórica quando lida com a história de Sara e Agar de Gênesis 21 em Gálatas 4:24-31, a fim de "ampliar para os seus leitores o contraste entre a escravidão e a liberdade".25 Ele realmente declara em Gálatas 4:24 que interpreta a narrativa do Gênesis alegoricamente, isto é, "figurativamente" (NIV). Em 1 Coríntios 9:9, ele faz uma interpretação alegórica de um texto legal em Deuteronômio 25:4.
Mesmo reconhecendo que esse procedimento é raro no Novo Testamento, ele nos impede de condenar cada interpretação alegórica de uma narrativa histórica ou de um texto legal. Paulo declara que neste caso ele faz uma aplicação alegórica edificada sobre a verdade histórica de uma narrativa particular em Gênesis e não em lugar dela. A interpretação alegórica como tal não pode ser descrita como "anti-histórica em caráter".26 Ela não deveria ser definida pelas suas aberrações em Filo, mas ao invés disso, pela sua alegorização homogênea que permanece em harmonia básica com as doutrinas gerais cristãs.
A crítica do método alegórico deveria, por essa razão, concentrar-se em seu mau uso, que tem perdido o respeito pela realidade histórica e a forma dos textos originais.27 Se a alegorização for definida como "a interpretação de um texto em termos de algo mais, sem levar em consideração o que esse algo mais representa"28, não haverá norma ou padrão pelo qual se possa determinar o que constitui uma espiritualização legítima ou ilegítima. Contudo, um erudito argumentou que a interpretação alegórica válida deve repousar em "uma analogia genuína" entre o significado original e a aplicação feita.29 Tal alegorização pressupõe a unidade e a continuidade da revelação bíblica. Em outras palavras, na alegorização falsa não há relacionamento dependente, nem base analógica, nenhuma harmonia existente entre o texto e o seu "algo mais" místico com o qual ele está relacionado.
A alegorização de Filo e a rabínica eram ilegítimas porque relacionavam o texto sagrado à tradição oral dos pais. Jesus condenou essa alegorização quando disse aos líderes religiosos de Seus dias que eles haviam anulado a Palavra de Deus pelas suas próprias tradições (Mateus 15:6). Da mesma forma, a alegorização patrística e medieval das Escrituras eram ilegítimas, pois não estabeleciam um relacionamento dependente entre o texto bíblico e a tradição católica romana.
Essa foi a razão pela qual Lutero e Calvino explicitamente rejeitaram o método de alegorização como princípio de interpretação das Escrituras. Os reformadores partiam do pressuposto de que o Velho e o Novo Testamentos estão organicamente relacionados um ao outro. A despeito das diferenças na forma de administrar a graça de Deus, os dois Testamentos são substancialmente os mesmos. Ambos ensinam a redenção pelo mesmo Mediador e Redentor, ambos têm uma esperança e uma filiação com o mesmo concerto, sumariado nas palavras: "E eu serei o teu Deus e tu serás o meu povo." 
Por causa dessa unidade fundamental em Cristo e dessa correspondência ou analogia teológica, é legítimo interpretar o Velho em termos de Novo. Alguns, contudo, se recusam a fazer distinção entre uma interpretação alegórica que é homogênea com a totalidade das Escrituras e uma interpretação tipológica. Por isso, parece mais correto concluir que a alegorização incidental de Paulo "repousa em uma estrutura tipológica e não é alegoria no sentido usual judaico ou helênico".30 Na alegorização de Paulo da história de Sara e Agar (de Gênesis 21) em Gálatas 4:24-31, ele enfatiza o significado teológico que é comum – a base analógica – tanto da história do Velho Testamento e da situação histórica de Jerusalém (Judaísmo) presente, quanto da Igreja. 
O que o dispensacionalismo ensina em relação à interpretação alegórica? Ele acusa os não dispensacionalistas de alegorização ou espiritualização quando se fala em interpretação de profecia e, conseqüentemente, de inconsistência no uso que faz da interpretação literal. Ryrie assevera, "Os dispensacionalistas reivindicam aplicar o seu princípio literal à toda a Escritura, incluindo à profecia, enquanto os não dispensacionalistas não o aplicam à profecia".31 
É realmente verdade que o dispensacionalismo aplica consistentemente o seu princípio de literalismo "à toda a Escritura"? As anotações da Scofield Reference Bible freqüentemente aplicam a interpretação alegórica (figurativa) e a tipológica às narrativas do Velho Testamento. Os exemplos seguintes são encontrados na New Scofield Reference Bible (1967). O livro inteiro de Cantares de Salomão (ou Cântico dos Cânticos) tem uma interpretação tripla: (1) do amor de Salomão pela Sulamita; (2) "como uma revelação figurativa do amor de Deus pelo Seu povo do concerto, Israel, a esposa do Senhor (Is. 54:5-6; Jr 2:2...)"; (3) "como uma alegoria do amor de Cristo por Sua noiva celestial, a Igreja (2 Cor 11:1-2; Ef. 5:25-32)" (P. 705; ênfase acrescentada).
Aqui, o dispensacionalismo oficial e explicitamente adota o princípio da alegorização de uma narrativa do Velho Testamento, mesmo de um livro inteiro. Como justificativa para essa alegorização em grande escala de oito capítulos do Cântico dos Cânticos, ele afirma que o amor do Noivo divino, "simbolizado aqui pelo amor de Salomão", segue "a analogia do relacionamento matrimonial" (p. 705; ênfase acrescentada).
Dessa forma, o dispensacionalismo adota uma interpretação alegórica ou espiritualizada de todo livro histórico do Velho Testamento na base de uma dupla analogia: (1) A analogia do concerto conjugal e a do concerto de Deus com Israel. (2) A analogia do concerto de Deus com Israel e a do amor de Cristo por Sua Igreja. Essa é uma dupla alegorização de uma história de amor: primeiro, em relação a Israel; segundo, em relação à Igreja de Cristo. As referências bíblicas apresentadas sustentam essa interpretação alegórica dupla como uma hermenêutica legítima.
Porém, isso significa a aceitação de uma analogia teológica básica entre a velha e a nova dispensação, o velho e o novo concertos, o Velho e o Novo Testamentos. Portanto, essa correspondência dupla é teologicamente não heterogênea ou dissimilar, mas homogênea ou similar uma a outra.
A Scofield Reference Bible também interpreta outras passagens do Velho Testamento alegoricamente. O cordão escarlate que Raabe amarrou na janela de sua casa em Jericó (Josué 2:21) é aplicada alegoricamente por causa de sua cor vermelha "da segurança através do sacrifício (Heb 9:19-22)" (p. 261). Muitos intérpretes rejeitam esse alegorismo como uma espiritualização ilegítima. A passagem de Israel através do rio Jordão (em Josué 3) é vista como "uma figura de nossa morte em Cristo (Rom 6:3-4, 6-11)" (p. 261).
A narrativa de José em Gênesis 37-45

Continue navegando