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as profecias do tempo do fim

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Hans K. LaRondelle 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Hans K. LaRondelle 
Dr. em Teologia 
Professor emérito de Teologia 
 
As Profecias do Tempo do Fim 2 
O SERMÃO PROFÉTICO DE JESUS: MATEUS 24 
A PROFECIA DE PAULO: 2 TESSALONICENSES 2 
O APOCALIPSE DE JOÃO 
 
 
Título do original em inglês (5ª edição inglesa, 1997) 
How to Understand The End-Time Prophecies of the Bible 
FIRST IMPRESSIONS 
Miami Beach, Florida, E.U.A., 1997 
Tradução: Carlos Biagini 
"O Dr. LaRondelle fez uma contribuição extremamente importante para nossa 
compreensão da profecia bíblica". 
Dr. George R. Knight, professor de História Eclesiástica no 
Seminário Teológico de Universidade Andrews. 
 
 "Este livro faz uma contribuição fundamental a uma necessidade absolutamente 
crucial em todas as igrejas cristãs: A necessidade de não só interpretar a Bíblia, mas 
também a de entender corretamente sua mensagem apocalíptica e escatológica. Este é 
um livro bem a tempo". 
Wilmore D. Eva, diretor da revista Ministry. 
 
"LaRondelle tira o apocalíptico do reino da fantasia e especulação que 
caracteriza as apresentações de tantos que nos deslumbram mas que não nos 
alimentam. O enfoque do LaRondelle leva a uma fé mais amadurecida em Cristo. Isto 
é erudição cristã, responsável e equilibrada da melhor classe". 
Charles E. Bradford, presidente aposentado da 
Divisão Norte-americana da igreja adventista. 
 
Hans K. LaRondelle é professor emérito de Teologia no Seminário Teológico da Universidade 
Andrews, em Berrien Springs, Michigan, Estados Unidos. Serve nos Países Baixos como pastor 
evangelista e professor durante 14 anos, e na Universidade Andrews como professor de teologia 
durante 25 anos. Recebeu seu título doutoral em Teologia Sistemática e Ética do distinto teólogo 
holandês G. C. Berkouer na Reformed Free University [Universidade Livre Reformada], em 
Amsterdã, em 1971. 
É o autor dos livros Perfection and Perfectionism [Perfeição e Perfeccionismo], Christ Our 
Salvation [Cristo nossa salvação], Deliverance in the Psalms [Libertação nos Salmos], Chariots of 
Salvation [Carruagens de Salvação], The Israel of God in Prophecy [O Israel de Deus na profecia] e 
The Good News About Armageddon [Boas Novas Sobre o Armagedom]. Também é co-autor nos 
livros A Symposium on Biblical Hermeneutics [Um Simpósio Sobre Hermenêutica Bíblica] (editado 
pelo G. M. Hyde), Symposium on Revelation, Book II [Simpósio Sobre o Apocalipse, Livro II] 
(editado por F. B. Holbrook) e The Sabbath in Scripture and History [O Sábado na Escritura e na 
História] (editado por K. A. Strand). 
 
 
 
 
As Profecias do Tempo do Fim 3 
CONTEÚDO 
 
 
 
Prólogo . ...........................................................................................7 
Introdução geral.................................................................................9 
Chave de abreviaturas ....................................................................11 
Agradecimentos..............................................................................14 
 
 
PRIMEIRA PARTE: A PROFECIA BÍBLICA 
 
1. A esperança apocalíptica dos judeus do século I.........................15 
2. A distinção entre profecia clássica e profecia apocalíptica….....21 
Profecia clássica .....................................................................21 
Profecia apocalíptica ..............................................................25 
Resumo ...................................................................................28 
3. A aplicação que Cristo fez da Bíblia Hebraica............................30 
Jesus e a Palavra de Deus .......................................................30 
A nova revelação de Jesus o Messias......................................33 
Cristo, o representante do novo Israel.....................................34 
4. Como Cristo empregou os símbolos apocalípticos ....................38 
5. A interpretação que os apóstolos fizeram do 
cumprimento da profecia..................................................45 
A unidade orgânica dos cumprimentos cristológicos 
e eclesiológicos ................................................................47 
O princípio de universalização das promessas 
territoriais feitas a Israel....................................................49 
O inadequado da hermenêutica do literalismo........................51 
 
 
 
SEGUNDA PARTE: MATEUS E TESSALONICENSES 
 
6. A compreensão de Cristo das profecias do Daniel......................54 
A estrutura cronológica do discurso profético de Jesus 
em Marcos 13....................................................................59 
A aplicação que Cristo fez da tipologia .................................61 
Cristo, a chave para entender a profecia ................................63 
O anticristo abominável..........................................................65 
O anticristo pós-apostólico .....................................................69 
O estilo apocalíptico de Mateus 24 ........................................70 
A ênfase de Lucas sobre o curso da história...........................71 
As Profecias do Tempo do Fim 4 
A teologia de Cristo sobre os sinais cósmicos........................74 
A universalização que Cristo fez das profecias 
do tempo do fim ...............................................................78 
Resumo ...................................................................................79 
FONTES BIBLIOGRÁFICAS DO CAPÍTULO 6.......................82 
7. A compreensão de Paulo das profecias de Daniel.......................85 
O enfoque contínuo-histórico em Daniel ...............................86 
Paralelos entre os esboços apocalípticos de Jesus e Paulo............88 
A ênfase de Paulo sobre a apostasia religiosa.........................90 
Como Paulo emprega a frase "o templo de Deus"..................92 
Como Paulo emprega os tipos de adoração falsa 
no Antigo Testamento.......................................................94 
A aplicação que Paulo faz do antimessias predito por Daniel....96 
O momento histórico exato do anticristo segundo Paulo........98 
O anticristo de Paulo como uma paródia de Cristo...............100 
O mistério da iniqüidade.......................................................102 
O ato que coroará o drama do engano...................................104 
Resumo..................................................................................105 
FONTES BIBLIOGRÁFICAS DO CAPÍTULO 7.....................107 
 
 
TERCEIRA PARTE: O APOCALIPSE 
 
8. Introdução ao Apocalipse..........................................................109 
9. O propósito do Apocalipse........................................................114 
10. Chaves interpretativas dentro do Apocalipse............................120 
11. A composição literária do Apocalipse.......................................129 
FONTES BIBLIOGRÁFICAS DO CAPÍTULO 11................................140 
12. A visão do trono do Criador: Apoc. 4.......................................141 
13. A entronização do Cordeiro de Deus: Apoc. 5..........................147 
FONTES BIBLIOGRÁFICAS PARA APOCALIPSE 4 E 5......................153 
14. Compreendendo os sete selos: Apoc. 6.....................................153 
FONTES BIBLIOGRÁFICAS PARA APOCALIPSE 6..........................182 
15. Segurança de libertação no tempo do fim: Apoc. 7..................184 
FONTES BIBLIOGRÁFICAS PARA APOCALIPSE 7..........................202 
16. Compreendendo as trombetas em seus contextos: 
Apoc. 8 e 9................................................................................204 
17. Uma aplicação histórica das trombetas.....................................225 
FONTES BIBLIOGRÁFICAS PARA ENTENDER AS 
TROMBETAS EM SEUS CONTEXTOS............................................245 
18. O refletor profético sobre opovo de Deus do 
tempo do fim: Apoc. 10............................................................247 
FONTES BIBLIOGRÁFICAS PARA APOCALIPSE 10........................264 
As Profecias do Tempo do Fim 5 
19. A missão profética das testemunhas de Deus: 
Apoc. 11....................................................................................266 
FONTES BIBLIOGRÁFICAS PARA APOCALIPSE 11…......................296 
20. Compreendendo os "1.260 dias" em Apocalipse 11-13 ...........299 
FONTES BIBLIOGRÁFICAS PARA ENTENDER OS "1.260 DIAS"......326 
21. A mensagem do tempo do fim na perspectiva histórica: 
Apoc. 12-14...............................................................................331 
22. O conflito final de lealdade do tempo do fim: Apoc. 13...........366 
23. Identificando o anticristo...........................................................393 
24. Os últimos companheiros do Cordeiro: Apoc. 14:1-5...............403 
25. A mensagem do primeiro anjo: Apoc. 14:6, 7..........................412 
26. A mensagem do segundo anjo: Apoc. 14:8...............................429 
27. A mensagem do terceiro anjo: Apoc. 14:9-12...........................437 
28. A dupla ceifa da terra: Apoc. 14:14-20.....................................450 
FONTES BIBLIOGRÁFICAS PARA APOCALIPSE 12-14....................458 
29. O significado das sete últimas pragas: Apoc. 15 e 16...............467 
FONTES BIBLIOGRÁFICAS PARA APOCALIPSE 15 E 16.................489 
30. A sétima praga: A retribuição de Babilônia: Apoc. 17.............492 
31. O significado do veredicto de Deus sobre Babilônia: 
Apoc. 18 ...................................................................................520 
FONTES BIBLIOGRÁFICAS PARA APOCALIPSE 17 E 18.................540 
32. Compreendendo o milênio: Apoc. 19 e 20................................544 
FONTES BIBLIOGRÁFICAS PARA ENTENDER O MILÊNIO.............576 
33. O significado da Nova Jerusalém: Apoc. 21 e 22 ....................581 
FONTES BIBLIOGRÁFICAS PARA APOCALIPSE 21 E 22.................603 
 
Epílogo…………………………………………….…………..….606 
 
APÊNDICES 
 
A. Relação do dom de profecia do tempo do fim 
com a Bíblia......................................................................609 
B. Alguns textos problemáticos com respeito à 
Nova Terra........................................................................618 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
As Profecias do Tempo do Fim 6 
PRÓLOGO 
 
O propósito deste estudo da profecia bíblica é singelo: É meu testemunho como 
professor de Teologia, alguém que ensinou Escatologia Bíblica e Interpretação 
Apocalíptica por mais de 25 anos no Seminário Teológico da Universidade Andrews 
(em Berrien Springs, Michigan, Estados Unidos) e em seminários de extensão ao redor 
do mundo. 
Este livro é o resultado de meus contínuos esforços por aprender com o passar do 
tempo. O presente estudo não é um tratamento exaustivo de cada profecia de longo 
alcance da Sagrada Escritura. Os capítulos problemáticos do Daniel 8-12 constituem 
uma estudo à parte, e estão além do alcance deste livro. Os eruditos bíblicos 
adventistas estudaram recentemente estes capítulos apocalípticos no livro do Daniel. 
Os resultados de seus estudos podem encontrar-se nos livros The Sanctuary and the 
Atonement, Biblical Historical, and Theological Studies [O Santuário e a Expiação: 
Estudos Bíblicos, Teológicos e Históricos] (A. V. Wallenkampf e W. R. Lesher, eds., 
Biblical Research Committee [Comissão de Investigação Bíblica]; Washington DC: 
Review and Herald, 1981), Symposium on Daniel [Simpósio Sobre Daniel] (Frank B. 
Holbrook, ed., Biblical Research Institute [Instituto de Investigação Bíblica]; 
Hagerstown, Maryland: Review and Herald, 1986), e no número de "Daniel" da 
Journal of the Adventist Theological Society [Revista da Sociedade Teológica 
Adventista] (T. 7, N.° 1, 1996). 
O tema central da presente obra é o discurso profético de Jesus em Mateus 24 (e 
seus capítulos paralelos no Marcos e Lucas), o esboço apocalíptico de Paulo em 2 
Tessalonicenses 2, e Apocalipse de João. 
Estou convencido de que a interpretação contínuo-histórica das grandes séries 
apocalípticas proporciona o método mais adequado para a desafiante tarefa de 
compreender a perspectiva bíblica do tempo do fim. Isto requer uma comprovação 
cuidadosa das tradicionais aplicações historicistas à história da igreja, de modo que 
possamos aprender dos enganos do passado. Nosso enfoque é primariamente a 
exegese contextual-bíblica de cada passagem apocalíptica antes que se possa extrair 
qualquer aplicação histórica. 
Por um lado, a redação deste livro reflete o estilo de minhas classes com os 
estudantes de Teologia, como também com o dos encontros com pastores e leigos nos 
seminários bíblicos. E, por outro lado, tem a intenção de beneficiar a todos os 
estudantes sinceros da Bíblia que desejam investigar esta parte importante e desafiante 
das Escrituras, 
 
 
 
 
 
 
 
As Profecias do Tempo do Fim 7 
INTRODUÇÃO GERAL 
 
O propósito deste livro é ajudar ao leitor a compreender melhor o plano de Deus 
para a redenção do planeta Terra. A Sagrada Escritura dá a conhecer o significado do 
plano de Deus até que alcance sua revelação total e completa no último livro da Bíblia, 
o Apocalipse, que é "a revelação do Jesus Cristo" (Apoc. 1:1). O Apocalipse é 
reconhecido como o mais destacado e um resumo de todas as profecias anteriores; isto 
sugere sua profunda unidade espiritual com os outros livros da Bíblia. Portanto, 
requer-se um conhecimento básico de toda a Escritura antes de poder obter uma 
revelação mais profunda do Apocalipse. 
O Apocalipse adota seus símbolos, imagens e termos principalmente do Antigo 
Testamento, por isso estes não podem ser compreendidos se forem isolados de suas 
raízes hebraicas. Posto assim, para ler o Apocalipse dentro de seu amplo contexto 
bíblico se requer que nos familiarizemos com as Escrituras Hebraicas, com sua forma 
de falar e com sua linguagem profética. Além disso, também é de proveito a 
interpretação que fazem da profecia os rabinos do judaísmo posterior. Este 
antecedente revela a surpreendente novidade da mensagem evangélica, tal como a 
apresentaram Jesus e os escritores do Novo Testamento. 
Nosso exemplo autoritativo para a aplicação cristã das profecias do tempo do fim 
será a maneira como Cristo e o apóstolo Paulo usaram os símbolos apocalípticos do 
livro do Daniel. O sermão profético do Jesus em Mateus 24 (e paralelos) e o esboço 
profético de Paulo em 2 Tessalonicenses 2 constituem os dois elos indispensáveis 
entre os livros do Daniel e Apocalipse. Tanto Jesus como Paulo aplicam as profecias 
do Daniel 7-12 do ponto de vista de sua própria época. Assim sendo, como crentes 
cristãos devemos derivar nossos princípios de interpretação profética de suas 
aplicações históricas de Daniel. Estes princípios hermenêuticos, ou de interpretação, 
são de uma importância decisiva para nossa compreensão das profecias bíblicas do 
tempo do fim. 
A primeira parte de nossa investigação se concentra em Mateus 24 e em 2 
Tessalonicenses 2. Em Apocalipse, o enfoque estará sobre a da prova final de fé no 
grande conflito dos séculos. A profecia bíblica nunca foi dada para satisfazer nossa 
curiosidade sobre o futuro. Mais bem, sua finalidade divina é animar o povo de Deus 
para que persevere na sagrada fé e revitalize sua bem-aventurada esperança na breve 
volta de Cristo como o Rei-Salvador. Quando o Apocalipse, a revelação de Jesus 
Cristo, fizer pleno impacto em nossas mentes e corações, experimentaremos suas 
descrições poéticas e dramáticas como a mensagem mais sublime da misericórdia e 
justiça divinas para a humanidade. A culminação da profecia é a segurança celestial de 
que o Criador se importa conosco e com nosso mundo, e de que Sua justiça 
prevalecerá durante toda a eternidade sobre a terra assim como prevalece no céu. 
No final da maioria dos capítulos se sugere material bibliográfico como uma guia 
paraum estudo exaustivo. A menos que se indique outra coisa, usa-se a versão 
Almeida Atualizada, revisão de 1997 (toda ênfase na transcrição do texto dos 
versículos, em negrito ou em itálico, é do autor). 
As Profecias do Tempo do Fim 8 
CHAVE DE ABREVIATURAS 
 
Bíblias (versões) 
BC Bover-Cantera 
BJ Bíblia de Jerusalém 
CI Cantera-Iglesias 
BLH Bíblia na Linguagem de Hoje 
JS Juan Straubinger 
LXX Septuaginta, ou Versão dos Setenta 
NASB New American Standard Bible 
NBE Nova Bíblia espanhola 
NC Nácar-Colunga 
NEB New English Bible [Nova Bíblia inglesa] 
NVI Nova Versão Internacional 
NKJV New King James Version 
RA Revista e Atualizada 
TA Torres-Amat 
 
Espírito de Profecia 
AA Atos dos apóstolos 
CE Colportor evangelista, O 
DTN Desejado de Todas as Nações, O 
Ed Educação 
Ev Evangelismo 
FE Fundamentos da Educação Cristã 
GC Grande Conflito, O 
MS Mensagens Escolhidas 
PE Primeiros Escritos 
PP Patriarcas e Profetas 
PR Profetas e Reis 
TS Testemunhos Seletos, vol. 1, 2, 3 
 
Revistas teológicas 
 
AUSS Andrews University Seminary Studies [Estudos do Seminário da 
Universidade Andrews] 
CBQ Catholic Biblical Quarterly [Revista Trimestral Bíblica Católica] 
JATS Journal of the Adventist Theological Society [Revista da Sociedade 
Teológica Adventista] 
JBL Journal of Biblical Literature [Revista de Literatura Bíblica] 
JETS Journal of the Evangelical Theological Society [Revista da Sociedade 
Teológica Evangélica] 
As Profecias do Tempo do Fim 9 
JSNT Journal for the Study of The New Testament [Revista para o estudo do 
Novo Testamento] 
NTS New Testament Studies [Estudos do Novo Testamento] 
SBTh Studia Bíblica et Theologica [Estudos Bíblicos e Teológicos] 
SJT Scottish Journal of Theology [Revista Escocesa de Teologia] 
 
Miscelânea 
a.C. antes de Cristo 
ANF The Ante-Nicene Fathers [Os Pais antenicenos] 
cap. Capítulo 
caps. Capítulos 
CBA Comentário bíblico adventista (espanhol) 
cf. Compare-se com 
d.C. depois de Cristo 
ed. Editor / editado por / edição de 
eds. Editores 
gr. grego 
lit. Literalmente 
p. Página 
pp. Páginas 
p.ex. Por exemplo 
QM Regra de guerra (Qumrán) 
trad. Tradutor/ Traduzido por 
vol. Volume 
v. Versículo 
vs. Versículos 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
As Profecias do Tempo do Fim 10 
AGRADECIMENTOS 
 
O material bibliográfico que se encontra no final da maioria dos capítulos mostra 
a enorme dívida que tenho com os eruditos bíblicos que procuraram descobrir o 
significado do Apocalipse, a revelação de Jesus Cristo. Estou agradecido 
especialmente a meus colegas no campo da teologia, e aos estudantes, que leram o 
manuscrito e estimularam a um estudo renovado de certas passagens das Escrituras. 
De maneira especial desejo mencionar ao Dr. Peter M. van Bemmelen, professor 
de Teologia Sistemática no Seminário Teológico da Universidade Andrews, Berrien 
Springs, Michigan, Estados Unidos; ao Dr. Ángel M. Rodríguez, do Instituto de 
Investigação Bíblica da Associação Geral da Igreja Adventista, Silver Spring, 
Maryland; ao Dr. Norman R. Gulley, professor de Teologia Sistemática no Southern 
College, Collegedale, Tennessee; ao Dr. Roy C. Nadem, professor aposentado de 
Educação Religiosa na Universidade Andrews; ao Dr. George R. Knight, professor de 
História da Igreja no Seminário Teológico da Universidade Andrews; ao Pr. Graeme 
S. Bradford, secretário ministerial da União Trans-Tasmânia, Austrália; ao Pr. Jac 
Colombo, secretário de campo da Associação de Washington, Bothell, Washington; a 
todos eles por seu interesse especial no livro, por suas conversações estimulantes, e 
por suas úteis sugestões para esclarecê-lo e melhorá-lo. 
Estou agradecido à minha esposa Bárbara pela correção final das provas, quem 
também me indicou a necessidade de simplificar porções complicadas. A todos meus 
colegas, professores e estudantes da profecia bíblica lhes expresso minha profunda 
gratidão. É obvio, sou o único responsável pelas deficiências e enganos que possam 
encontrar-se. O livro tão-só reflete minha percepção presente como teólogo experiente 
na profética Palavra de Deus, mas em caminho para uma compreensão mais completa 
da mensagem divina. 
 
A ESPERANÇA APOCALÍPTICA DOS JUDEUS DO SÉCULO I 
 
O Apocalipse de João está em marcado contraste com os vários escritos 
apocalípticos judeus que estiveram em atualidade no primeiro século de nossa era. 
Desde que o general romano Pompeu invadiu a Palestina em 63 a.C. e sujeitou à nação 
judia ao governo romano, intensificou-se a esperança judia em um Messias prometido. 
A maioria dos judeus esperava a vinda de um Rei-Messias poderoso, da casa de Davi, 
quem mataria ao dragão romano com seu poder militar ajudado pelo poder divino. 
Então o Messias restauraria a nação do Israel à suprema grandeza política como o 
reino messiânico sobre a terra. 
 
Esta esperança apocalíptica era vibrante entre os fariseus. Pode demonstrar-se 
pelos denominados Salmos de Salomão, um documento farisaico escrito pouco depois 
da morte do general Pompeu no 48 a.C. 
 
"Olha-o Senhor, e lhes suscite um rei 
As Profecias do Tempo do Fim 11 
o filho de Davi, no momento que tu escolhas, oh Deus, 
para que reine em Israel teu servo. 
Rodeia-o de força para quebrantar aos príncipes injustos, 
para purificar a Jerusalém dos gentios 
que a pisoteiam destruindo-a; 
expulsa em sabedoria e justiça 
aos pecadores da herança; 
para despedaçar a arrogância dos pecadores 
semelhante a um cântaro de oleiro; 
para quebrantar toda sua solidez com uma vara de ferro; 
para destruir as nações ilícitas com a palavra de tua boca; 
a sua advertência as nações fugirão de sua presença; 
e condenará aos pecadores pelos pensamentos de seus 
corações".1 
 
O Testamento do Moisés, um hino escrito pelos essênios ou pelos fariseus antes 
da queda de Jerusalém no 70 D.C., também expressava o desejo premente do pronto 
advento do reino de Deus: 
"Pois o Altíssimo Deus eterno se elevará sozinho, 
aparecerá para tomar vingança das nações 
e destruirá todos os seus ídolos. 
Então, tu, Israel, serás feliz. 
Montarás sobre pescoço e asas de águia. 
Sim, todas as coisas se cumprirão".2 
No Quarto livro do Esdras, conhecido também como o Apocalipse de Esdras, um 
documento escrito depois da queda de Jerusalém no 70 D.C., lemos que o Messias 
viria para liberar à remanescente do Israel da tirania de Roma e para estabelecer o 
reino messiânico por 400 anos (cap. 12).3 
A esperança dominante no Israel era a da libertação política, similar à forma 
como Deus os tinha libertado do Egito. Só que esta vez a expectativa era por uma 
redenção permanente dos males da história. A partida dos zelotes [fanáticos] tinha uma 
febre apocalíptica tal, que apoiou uma guerra de guerrilhas contra Roma na segurança 
de que Deus destruiria os opressores do Israel e criaria um mundo no qual Satanás e a 
dor não existiriam mais. 
Josefo, o historiador judeu do primeiro século, ordem que um certo Judas, galileo, 
originou um levantamento a princípios do século I. Sua filosofia era que o povo de 
Deus devia reconhecer só a Deus como seu soberano e Senhor, e recusar-se a pagar 
impostos a um amo pagão.4 O Novo Testamento registra que essa rebelião chegou a 
um fim desventurado (At. 5:37). 
Entre os rolos do Mar Morto, descobertos nas cavernas de Qumran, encontrou-se 
um denominado Regra de guerra (QM), escrito a começos da era cristã. Descreve um 
plano de batalha para que os pactuantes de Qumran travem a última guerra santa 
contra Roma (Quitim) e Belial. A esperança era de novo que Deus interviria com seu 
santos anjos e daria ao fiel remanescente de Israel uma vitória eterna por meio de um 
desdobramento do poder do Miguel como o guerreirodivino.5 
As Profecias do Tempo do Fim 12 
Esta esperança política de um futuro mais brilhante alcançou um tom tão febril no 
século I, que conduziu ao levantamento judeu contra Roma nos anos 66-72 e no 132. 
Em ambas as ocasiões os judeus começaram uma guerra militar contra o Império 
Romano confiando em que Deus os vindicaria com uma vitória sobrenatural. 
Salomão Schechter resume com quatro características os elementos essenciais da 
esperança apocalíptica no primeiro século: (1) o Messias, da casa de Davi, restaurará o 
reino do Israel e estenderá seu governo sobre toda a terra; (2) os inimigos de Deus 
lançarão um ataque maciço contra Israel, no qual o Messias destruirá a todos seus 
oponentes pagãos; (3) todas as nações sobreviventes aceitarão o Deus de Israel, 
reconhecerão seu reino e procurarão a instrução de seu Torah (lei); e (4) a era do 
reinado messiânico será uma era de prosperidade material e sorte espiritual; até a 
morte seria abolida por meio da ressurreição dos justos mortos. Este reino do Messias 
era, de acordo com algumas fontes, uma preparação para o tempo quando Deus 
mesmo reinaria.6 
Infelizmente, os judeus estavam tão dominados por seu ódio para Roma que 
enfatizaram unilateralmente a missão da vinda do Messias como o libertador do jugo 
romano e o restaurador do reino nacional a Israel. Por esta razão, os rabinos estudaram 
as profecias messiânicas das Escrituras Hebraicas com uma mente preconcebidas que 
lhes impediu de ver a revelação da plenitude da missão do Messias para salvar do 
pecado a todos os homens. Esperando um Messias político só para sua própria nação, 
passaram por cima das profecias e dos tipos que prediziam a morte expiatória do 
Messias em sua primeira vinda. Interpretando a profecia para encontrar evidências 
com o fim de sustentar sua ambição nacional, os judeus se prepararam para rechaçar o 
Salvador do mundo. Quando Cristo veio em uma maneira contrária a suas 
expectativas, ficaram completamente desapontados e não o receberam. 
Cristo tratou de lhes mostrar que tinham interpretado mal a promessa de Deus de 
conceder favor eterno a Israel. Tinham chegado a considerar sua descendência natural 
de Abraão como uma pretensão para essa promessa (João 8:33-40). Na verdade, em 
seu orgulho racial, os dirigentes judeus passaram por cima das condições prévias que 
Deus tinha especificado. O favor de Deus estava assegurado só a um Israel espiritual e 
em cujos corações ele tinha escrito sua lei: "Darei minha lei em sua mente, e a 
escreverei em seu coração; e eu serei a eles por Deus, e eles me serão por povo... 
Porque todos me conhecerão, do mais pequeno deles até o maior, diz o Senhor" (Jer. 
31:31-34). 
As promessas divinas de salvação e bênção para o mundo estavam asseguradas a 
um Israel regenerado como o verdadeiro povo do pacto. O povo espiritual de Deus são 
constituídos pelos que estão "circuncidados" em seus corações (ver Deut. 10:16; 30:6; 
Jer. 4:4). Um povo assim não reclamará as promessas de Deus e renderá um serviço 
exterior a Deus meramente pelo puro prazer de alcançar grandeza nacional. O 
essencial da Bíblia Hebraica não é o Israel, e sim o Messias de Israel! As profecias 
messiânicas constituem o coração tanto da Escritura como dos sagrados serviços do 
santuário no Israel. Muitos rabinos e fariseus chegaram a acreditar que por meio de um 
conhecimento da Escritura e uma conformidade exterior a ela, possuíam vida eterna. A 
As Profecias do Tempo do Fim 13 
Mishná ensina: "Grande é a lei, porque lhe dá vida aos que a praticam tanto neste 
mundo como no vindouro".7 Mas Jesus assinalou uma falta fundamental de visão: 
"Vós perscrutais as Escrituras, porque julgais ter nelas a vida eterna; ora, são elas que 
dão testemunho de mim; vós, porém, não quereis vir a mim para terdes a vida" (João 
5:39, 40, BJ). 
A vida está centrada no Messias, o Filho de Deus, e não na Escritura. Jesus 
afirmou: "As palavras que eu lhes falei são espírito e são vida" (João 6:63). Ao perder 
de vista a Cristo como o coração vivente das Escrituras, os judeus já não entenderam 
mais o significado espiritual do serviço ritual em seu templo. Começaram a confiar 
nos mesmos sacrifícios e cerimônias em vez de contemplá-lo a ele, a quem 
assinalavam os sacrifícios. De modo que perderam o significado espiritual de sua 
adoração no templo. Aferrando-se a fórmulas mortas, esses rituais chegaram a ser um 
mistério inexplicável. 
Até as restrições rabínicas quanto à observância do sábado revelam que os judeus 
já não percebiam que no sábado havia uma promessa divina do descanso messiânico. 
Os dirigentes judeus interpretaram mal o ato do Jesus ao curar milagrosamente a um 
paralítico no sábado como a evidência de uma atitude contra na sábado (João 5:16-18). 
Entretanto, o oposto era verdade. Jesus ensinou que as obras de misericórdia não só 
estavam permitidas, mas também eram obrigatórias no sábado para que as fizesse o 
Messias, e em perfeita harmonia com a vontade do Pai celestial. "Meu Pai, até o 
presente, continua trabalhando e eu também trabalho" (João 5:17, NBE). O erudito 
evangélico Leão Morris o explica desta maneira: "Ele [Jesus] não estava dizendo que 
não devia guardar-se o sábado... Estava dizendo que seus críticos não entendiam o que 
significava na sábado e por que tinha sido instituído".8 
Não surpreende que Jesus censurasse os judeus por sua falta de percepção 
espiritual, por não discernir quem era ele, o Enviado ao Israel pelo Pai. E desafiou-os 
perguntando: "Não vos deu Moisés a lei? Contudo, ninguém dentre vós a observa. Por 
que procurais matar-me?... Não julgueis segundo a aparência, e sim pela reta justiça" 
(João 7:19, 24). Enquanto desejavam a vinda do Messias, os judeus já não tinham o 
verdadeiro conceito de sua missão divina como Redentor do pecado e de Satanás. 
Cristo lhes disse: "Todo o que comete pecado é escravo do pecado... Se, pois, o 
Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres" (João 8:34, 36), mas eles afirmaram 
que eram livres porque, disseram, "jamais fomos escravos de ninguém" (v. 33). Não 
compreenderam o significado espiritual do pecado ou o significado da natureza da 
dignidade real de Cristo. O Messias devia vir como o verdadeiro intérprete dos 
profetas de Israel. Devia definir os princípios do reino e o plano de redenção. Isso foi 
o que fez Cristo, e seus ensinos estão registrados nos Evangelhos, os quais formam a 
chave essencial para entender corretamente o Antigo Testamento. Também formam a 
ponte teológica entre as profecias do Antigo Testamento e o livro do Apocalipse. 
Portanto, antes de podermos entender corretamente o último livro da Bíblia, é 
indispensável descobrir primeiro como Jesus interpretou a perspectiva profética dos 
profetas clássicos e o livro do Daniel. 
 
As Profecias do Tempo do Fim 14 
Referências 
 
1. "Salmos de Salomão", 17:21-25, citado em J. H. Charlesworth, The Old 
Testament Pseudepigrapha, T. 2, p. 667. 
2. "Testamento de Moisés", 10:7, 8, chamado em G. Aranda Pérez, F. García 
Martínez e M. Pérez Fernández, Literatura judía intertestamentaria (Estella, 
Navarra: Verbo Divino, 1996), p. 301. 
3. "O Messias que o Altíssimo reservou para o final dos tempos: Ele surgirá da 
estirpe de Davi " (Ibid., p. 329). 
4. Flavio Josefo, Obras completas de Flavio Josefo: Antigüedades judías 
(Buenos Aires: Acervo Cultural, 1961), XVIII, 1, 1-6 (t. 3, pp. 225-228); La 
guerra de los judíos, 11, 8 (t. 4, pp. 136-142). 
5. 1 QM 6; 12-14. 
6. Schechter, Salomão, Aspects of Rabbinic Theology (Nova York: Schocken 
Books, 1961), p. 102. 
7. Abot [Pais] 6: 7. 
8 Leão Morris, Reflections on the Gospel of John (Grand Rapids, Michigan: 
Baker Book House, 1987), T. 2, pp. 265, 266. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
As Profecias do Tempo do Fim 15 
A DISTINÇÃO ENTRE PROFECIA CLÁSSICA E PROFECIA 
APOCALÍPTICA 
 
Os profetas do Antigo Testamento tais como Amós, Isaías, Sofonías, Ezequiel e 
Jeremias são chamados profetas clássicos. Suas mensagens foram em primeirolugar 
pronunciados em voz alta, seja ao reino rebelde do Israel no norte (as 10 tribos) ou à 
apóstata Jerusalém e Judá (as 2 tribos). Com freqüência suas mensagens foram um 
clamor em favor da justiça social, econômica e política para as classes oprimidas. Os 
profetas convocaram Israel e Judá para que voltassem para a torah ou lei do pacto do 
Moisés, e para que servissem a Deus com arrependimento verdadeiro. Se os líderes 
políticos e religiosos do povo eleito originavam justiça social e uma renovação da 
adoração, o reino de Deus viria sobre a terra em sua história futura. Em realidade, o 
"dia do Senhor", ou o "dia do Jeová", não viria como Israel o tinha antecipado 
popularmente. 
 
Profecia Clássica 
 
Amós: Este profeta, como porta-voz de Deus, pronunciou em forma fulminante 
estas horríveis palavras às 10 tribos: 
"Ai de vós que desejais o Dia do Senhor! Para que desejais vós o Dia do Senhor? É 
dia de trevas e não de luz ...Não será, pois, o Dia do Senhor trevas e não luz? Não será 
completa escuridão, sem nenhuma claridade? 
"Por isso, vos desterrarei para além de Damasco, diz o Senhor, cujo nome é Deus 
dos Exércitos" (Amós 5:18, 20, 27). 
Amós deu a conhecer dois castigos sobre Israel: Em primeiro lugar, a nação infiel 
seria levada cativa ao exílio em Assíria ("além de Damasco") como resultado da 
maldição do pacto do Deus do Israel, em harmonia com suas ameaças do pacto 
pronunciadas mediante Moisés (Deut. 28; Lev. 26). Esta sentença teve lugar no ano 
722 a.C., e se conhece como o desterro assírio das dez tribos. Em segundo lugar, o 
significado pleno deste juízo nacional chega a compreender-se só quando se vê este 
acontecimento como um tipo ou prefiguração do juízo cósmico de Deus ao fim da 
história sobre todas as nações que se rebelem contra Deus. 
Amós apontou ao juízo final de Deus quando se referiu aos sinais cósmicos: 
"Farei que fique o sol ao meio dia, e cobrirei de trevas a terra no dia claro" (Amós 
8:9), e: "Não se estremecerá por isso a terra, e fará luto tudo o que nela habita? (v. 8, 
BJ). Escuridão repentina ao meio-dia ou um terremoto catastrófico podem ser mais 
que um desastre natural. O fogo apocalíptico consumirá a terra e o mar (7:4) e levará a 
seu fim a história de Israel! 
Na escatologia (a ordem dos acontecimentos finais) que apresenta Amós, o dia do 
Senhor seria um juízo iminente sobre Israel a mãos de seu inimigo nacional: Assíria 
(no 722 a.C.). Mas Amós anunciou uma catástrofe ulterior, na qual Deus julgará a uma 
sociedade mundial apóstata e libertará a seus fiéis em todas as nações. A esta relação 
do juízo local iminente e do juízo mundial do tempo do fim chamamos "conexão 
As Profecias do Tempo do Fim 16 
tipológica". Ambos os juízos procedem do mesmo Deus, mas o juízo sobre a nação é 
um tipo ou modelo profético que garante que Deus julgará finalmente a todo mundo 
pelos mesmos princípios morais. Só mediante sua retribuição final se cumprirá 
completamente o propósito redentor de Deus para esta terra. O tipo histórico pode ser 
local e incompleto, mas o antitipo escatológico será universal e completo em seus 
resultados. 
 
Sofonías: O duplo foco do juízo de Deus em Amós também o descrevem 
graficamente os outros profetas. Em geral se considera que Sofonías é o profeta mais 
grandioso que fala do juízo de Deus. Inclusive começa seu pequeno livro com uma 
admoestação da destruição universal vindoura: 
"De fato, consumirei todas as coisas sobre a face da terra, diz o Senhor. Consumirei 
os homens e os animais, consumirei as aves do céu, e os peixes do mar, e as ofensas com 
os perversos; e exterminarei os homens de sobre a face da terra, diz o Senhor" (Sof. 1:2, 
3). 
Assim como Amós, Sofonías contempla o futuro histórico imediato contra o 
fundo do juízo final, porque é o mesmo Deus o que visita Israel e o mundo para juízo e 
salvação. A mensagem principal é que Deus atua, não a duração do período de tempo 
entre os juízos. 
 
Joel: O profeta Joel estruturou sua perspectiva profética de forma tal que uma 
praga histórica de lagostas (1:4-12) serve como um tipo profético do juízo 
escatológico de todo o mundo, que é seu antitipo (2:10, 11; 3:11-15). A história local e 
a escatologia do tempo do fim estão tão mescladas entre si que não podem ser 
completamente separadas na descrição profética. O presente corresponde ao futuro 
porque é o mesmo Deus quem vem agora e no futuro. Este é a mensagem principal do 
Antigo Testamento. O propósito moral de cada anúncio de um juízo de Deus é levar a 
seu povo a caminhar em harmonia com sua vontade redentora no presente. O objetivo 
final da profecia não é a catástrofe e a destruição, a não ser uma nova criação e a 
restauração do paraíso perdido na terra. 
 
Isaías: Um exemplo de como o juízo de Deus sobre um arquiinimigo histórico do 
Israel e seu juízo final do mundo estão intimamente misturas, como se ambos fossem 
um só dia do Senhor, encontra-se no Isaías 13. Isaías anuncia a iminente queda do 
Império Neobabilônico às mãos dos medos: " Uivai, pois está perto o Dia do 
SENHOR; vem do Todo-Poderoso... Eis que eu despertarei contra eles os medos" (Isa. 
13:6, 17). Neste oráculo profético de guerra, Deus atuará logo como o guerreiro divino 
para liberar a seu povo oprimido: "O Senhor dos exércitos revista seu exército para o 
combate" (v. 4, NBE). O resultado será a destruição: "Babilônia, a jóia dos reinos, 
glória e orgulho dos caldeus, será como Sodoma e Gomorra, quando Deus as 
transtornou. Nunca jamais será habitada, ninguém morará nela de geração em geração" 
(vs. 19, 20). 
As Profecias do Tempo do Fim 17 
Depois, o profeta acrescenta a dimensão cósmica do dia apocalíptico do Senhor: 
"As estrelas dos céus e seus luzeiros não darão sua luz; e o sol se obscurecerá ao 
nascer, e a lua não dará seu resplendor" (V. 10). Deus castigará "ao mundo por sua 
maldade, e aos ímpios por sua iniqüidade" (V. 11). Deus fará "estremecer os céus, e a 
terra se moverá de seu lugar... no dia do ardor de sua ira" (V. 13). 
Esta é uma descrição de um juízo universal. Por isso, a profecia de Isaías de 
condenação sobre Babilônia contém a estrutura de uma perspectiva tipológica. É claro 
que o dia apocalíptico do Senhor, com seus sinais cósmicos e seu terremoto universal, 
não ocorreu durante a queda histórica de Babilônia ante os medo-persas no 539 a.C. 
Aquele juízo sobre Babilônia serve só como um tipo ou símbolo do juízo final da 
humanidade; por esta razão se descrevem os dois juízos como se fossem um só dia de 
retribuição divina. A natureza tipológica da queda de Babilônia da antiguidade não 
requer que cada rasgo da profecia se cumpra no tipo. Antes, o cumprimento parcial 
das antigas profecias de condenação e liberação indicam que ainda precisam encontrar 
sua consumação definitiva. O livro do Apocalipse nos assegura que todas as profecias 
antigas de condenação e liberação ocorrerão em escala mundial por ocasião da 
segunda vinda de Cristo. Por definição, o antitipo sempre é maior que o tipo. Por isso 
encontramos que a característica da profecia clássica é seu duplo foco, sobre o 
próximo e o longínquo, sem nenhuma diferenciação de tempo. Ensina-nos que o Deus 
do Israel é o Deus da história. É o rei que vem na história e ao fim da história da 
humanidade. Sua vinda traz o fim desta era maligna, para restaurar o reino de Deus 
sobre nosso planeta por meio do Jesus Cristo. 
Outra característica vital da profecia clássica são suas preocupações éticas, seu 
chamado ao arrependimento e a uma vida santificada. Os profetas de Israel não 
fizeram predições incondicionais mas sim desafiaram tanto ao Israel como aos gentios 
com a vontade imediata de Deus. De fato, as predições divinas satisfazem o propósito 
mais elevado de chamar o povo ao arrependimento e a obedecer a vontade de Deus e 
dessa forma, evitar o juízo vindouro. O resultado significativo desta preocupação ética 
dos profetas do Israel é a segurança de que só um remanescente do Israel, fiel e 
purificado, entrará no reino escatológicode Deus. 
Os profetas anunciaram que só um fragmento ou remanescente da nação como 
um tudo seria salva, assim como o "tronco" que fica de uma árvore (Amós 3:12; 5:14, 
15; Ouse. 5:15; 6:1-3; Isa. 4:2-4; 6:13; Jer. 23:3-6). A razão é que só o remanescente 
restaurado se voltará para Senhor com arrependimento verdadeiro (Isa. 10:20-23; Zac. 
12:10-13); só um Israel espiritual dentro do Israel nacional receberá um coração 
"circuncidado" (Deut. 10:15, 16; 30:6; Jer. 4:4). A distinção no Antigo Testamento 
entre um verdadeiro o Israel de Deus dentro da nação do Israel não se apóia na relação 
de raça ou de sangre com Abraão, e sim na fé e na obediência a Deus. O fator decisivo 
é possuir a relação espiritual de pacto com Deus. De acordo com esta teologia do 
remanescente do Antigo Testamento, o apóstolo Paulo chegou a esta conclusão: 
"Porque nem todos os que descendem de Israel são israelitas" (Rom. 9:6). Seu ensino 
apostólico enfatizou que só quando israelitas reconheçam que Jesus é o Messias da 
profecia, são os portadores de luz das promessas do novo pacto de Deus. E enquanto 
As Profecias do Tempo do Fim 18 
que os gentios são chamados para serem os herdeiros das mesmas promessas, Paulo 
insistiu: "Só o remanescente será salvo" (v. 27). 
 
Profecia Apocalíptica 
 
O livro do Daniel forma uma classe de profecia por si mesmo dentro do Antigo 
Testamento. Aqui nos encontramos com um fenômeno: Não se prediz um só evento ou 
juízo, e sim uma seqüência total de acontecimentos que começam nos próprios dias do 
Daniel e se estendem adiante sem interrupção até o estabelecimento do reino de glória 
de Deus. Um contínuo histórico ininterrupto em profecia, como apresenta Daniel, não 
tem precedentes na profecia clássica. Alguns profetas, como Joel e Ezequiel, 
revelaram o princípio de uma sucessão de dois períodos em seus esboços proféticos 
(Joel 2:28; Ezeq. 36-39), mas nenhum havia predito uma história contínua religiosa e 
política do povo do pacto de Deus terminando com o juízo final do dia do Senhor. Um 
panorama tão amplo da história da salvação adiantado é a característica específica da 
profecia apocalíptica. Este contínuo apocalíptico na história está em um marcado 
contraste com a profecia clássica, com seu dobro foco e sua perspectiva tipológica 
futura. 
O segundo aspecto único no livro apocalíptico do Daniel é que contém uma 
quantidade de esboços históricos e cada um culmina no juízo universal do Deus de 
Israel. Podem distinguir-se 4 séries proféticas principais (Dan. 2; 7; 8; 11). Cada uma 
reitera a mesma ordem básica de acontecimentos, mas todas acrescentam detalhes com 
respeito ao conflito do povo do pacto de Deus com as forças que se opõem a Deus. 
Estas visões paralelas mostram um interesse crescente em enfocar a era do 
Messias e seu conflito com o antimessias ou o anticristo (especialmente em Dan. 8 e 
9). A idéia chave de cada série profética é o triunfo do governo de Deus sobre o mal. 
Portanto, precisamos compreender que a meta da apocalíptica bíblica não é predizer 
acontecimentos específicos da história secular do mundo em si. A apocalíptica bíblica 
não é um exibicionismo da presciência de Deus. Antes, o seu interesse é inspirar 
esperança entre o oprimido povo de Deus. Anima-os a perseverar até o fim, porque o 
Deus fiel do pacto estabeleceu ao anticristo limite de tempo e poder. Deus vindicará a 
seus fiéis na luta entre o bem e o mal. O foco definitivo da apocalíptica bíblica não é o 
primeiro advento do Messias e sua morte violenta (Dan. 9:26, 27), e sim seu segundo 
advento quando voltar como o vitorioso Miguel para resgatar o remanescente fiel 
(Dan. 12:1, 2). 
O que forma a culminação de toda a profecia apocalíptica do Antigo Testamento 
é este evento final da história da humanidade. É este "fim" o que está em vista na 
singular frase do Daniel: "o tempo do fim" (5 vezes em Dan. 8-12). Este foco notável 
do tempo do fim também é a razão de por que a profecia apocalíptica enfatiza mais o 
aspecto incondicional do plano determinado de Deus para a redenção da humanidade. 
Mas este aspecto distintivo de determinismo não deve ver-se como um contraste 
fundamental com as profecias clássicas do Israel com seu chamado ao 
arrependimento. 
As Profecias do Tempo do Fim 19 
As profecias apocalípticas de Daniel se centram ao redor da libertação final do 
fiel remanescente do Israel, o povo espiritual do pacto de Deus, em quem se realizarão 
finalmente as preocupações éticas de todos os profetas (Dan. 11:32-35; 12:3; Ezeq. 
11:17-20; 18:23, 30-32; 33:11; Isa. 26:2, 3). 
Em Daniel, a preocupação fundamental, tanto dos capítulos históricos (caps. 1-6) 
como dos proféticos (caps. 7-12), parece ser a vindicação que Deus faz de seu santos 
acusados falsamente. Esta soberania de Deus como Rei e Juiz está expressa pelo foco 
centralizado no Messias que se apresenta em muitos capítulos (Dan. 2; 7; 8; 9; 10-12), 
e em suas divisões predeterminadas de tempo da história da redenção (Dan. 7:25 [3 ½ 
tempos]; 8:14, 17 [2.300 dias]; 9:24-27 [70 semanas de anos]; 12:4, 7, 11, 12 ["o 
tempo do fim", 1.290 e 1.335 dias]). 
Em todos os tempos, Deus proporciona um povo remanescente fiel, coloca os 
limites sobre a história pecaminosa deste mundo, permite tempos especificamente 
atribuídos para a apostasia e a perseguição, determina "o tempo do fim", ordena o 
mundo para a hora de seu juízo final e levará a cabo a libertação dos santos na segunda 
vinda. Estes característicos únicos pertencem à soberania de Deus e constituem a 
pedra angular da profecia do Daniel. 
Pode fazer-se uma observação adicional a respeito da parte histórica do livro de 
Daniel. Nos capítulos 3 (a liberação do forno de fogo) e 6 (a liberação do fosso dos 
leões), os relatos da intervenção divina e o resgate sobrenatural têm a finalidade de ser 
mais que simplesmente um pouco de interesse histórico. O autor do livro chama a 
atenção a sua inerente perspectiva tipológica, em vista da libertação futura do povo 
remanescente de Deus ao fim da história da redenção. Isto chega a ser evidente a partir 
da repetição enfática do verbo chave "libertar" ou "resgatar" que se encontra no Daniel 
3:15 e 17 (e 5 vezes no capítulo 6), e que volta a aplicar-se na seção apocalíptica do 
Daniel 12:1, quando Miguel "libertará" o verdadeiro o Israel de Deus por meio de sua 
intervenção pessoal. 
Além desta conexão literária entre a seção histórica e a apocalíptica de Daniel, 
também existe uma correspondência temática fundamental entre as duas seções do 
livro. As narrações que Daniel faz da lealdade religiosa à sagrada lei de Deus por uns 
poucos fiéis, proporciona os tipos ou as prefigurações essenciais da natureza da crise 
final para o povo de Deus no tempo do fim. Estes acontecimentos históricos no livro 
de Daniel servem como o pano de fundo para a crise vindoura do tempo do fim e seu 
resultado providencial, tal como se descreve no livro de Apocalipse (caps. 13 e 14). 
 
Resumo 
 
O livro apocalíptico de Daniel revela ao menos quatro características únicas: 
(1) Uma repetição dos esboços apocalípticos que mostram um contínuo da 
história da redenção. Cada esboço culmina no estabelecimento do reino de 
glória (Dan. 2:44, 45; 7:27; 8:25; 12:1, 2); 
(2) O foco centrado no Messias de todos seus esboços (Dan. 2:44; 7:13, 14; 8:11, 
25; 9:25-27; 10:5, 6; 12:1); 
As Profecias do Tempo do Fim 20 
(3) As divisões predeterminadas de tempo, que servem como o calendário 
sagrado da história progressiva da redenção de Deus (Dan. 7-12). Estas 
profecias de tempo únicas determinam o começo do famoso "tempo do fim", 
particularmente a terminação do período de tempo profético dos 2.300 "dias" 
na visão selada de Daniel 8 (vs. 14, 17, 19); 
(4) O aspecto incondicional da história da redenção, o qual recalca uma sessão 
predeterminada de juízo no céu e a vindicação dos santos fiéis por um Filho do 
Homem. Isto também está expresso pela imagem de um guerra santa final e o 
triunfo do Miguel como o guerreiro divino, e a ressurreiçãode todos os mortos 
para receber sua recompensa (Dan. 2:7-12). 
 
Em resumo, o livro apocalíptico de Daniel contém o fundamental da profecia 
clássica (o duplo foco de uma perspectiva tipológica na seção histórica do livro) e o 
esboço profético de um contínuo histórico em sua seção apocalíptica. 
A unidade orgânica da profecia clássica e da apocalíptica pode observar-se na 
harmoniosa combinação de sua perspectiva do tempo do fim: O juízo universal com a 
libertação cósmica de um povo remanescente fiel na última guerra entre o bem e o 
mal, e a restauração do reino de Deus em paz e justiça eternas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
As Profecias do Tempo do Fim 21 
A APLICAÇÃO QUE CRISTO FEZ DA BÍBLIA HEBRAICA 
 
O propósito deste livro é triplo: (1) Descobrir como entendeu Cristo os livros de 
Moisés, os Profetas e os Salmos; (2) formular os princípios hermenêuticos de Cristo 
para interpretar as profecias da Bíblia; (3) aplicar esses princípios às profecias não 
cumpridas, especialmente às do Apocalipse. 
Como cristãos que acreditam na verdade do evangelho, que Jesus é o Messias 
prometido, precisamos saber como entendeu Cristo os livros de Moisés, os Profetas e 
os Salmos. Jesus é o verdadeiro intérprete das Santas Escrituras. Sua mensagem é 
nossa chave para descobrir o significado correto do Antigo Testamento. Se queremos 
compreender o Antigo Testamento, devemos compreendê-lo do ponto de vista de 
Deus. Portanto, nosso ponto de partida é a forma como Jesus explica o Antigo 
Testamento. A aplicação que Cristo fez das Escrituras de Israel é nosso modelo de 
interpretação bíblica. Nosso princípio guiador está apoiado sobre a convicção de que a 
atividade redentora de Deus na história do Israel alcançou seu cumprimento em Cristo. 
Portanto, trataremos de interpretar o Antigo Testamento à luz da vida e mensagem de 
Cristo como a Palavra encarnada de Deus, pois só dele se escreveu o seguinte: 
"No princípio era o Verbo, e o Verbo era com Deus, e o Verbo era Deus. Ele 
estava no princípio com Deus... E o Verbo foi feito carne, e habitou entre nós" (João 
1:1, 2, 14). 
 
Jesus e a Palavra de Deus 
 
Deus enviou ao Jesus para revelar plenamente ao Deus do Israel em sua vida e 
ensino. Cristo afirmou que foi enviado com uma mensagem de Deus e que suas 
palavras procediam de Deus mesmo: 
"Porque eu não tenho falado por mim mesmo, mas o Pai, que me enviou, esse me 
tem prescrito o que dizer e o que anunciar. E sei que o seu mandamento é a vida eterna. 
As coisas, pois, que eu falo, como o Pai mo tem dito, assim falo" (João 12:49, 50). 
"Nada faço por mim mesmo; mas falo como o Pai me ensinou (João 8:28). 
Só Cristo pode revelar o significado e o sentido algumas vezes oculto da 
Escritura e da história do Israel. Tanto os judeus como os samaritanos esperavam que 
viesse o Messias, pois ele "nos explicará isso tudo" (João 4:25, NBE). Sem vacilação, 
Jesus declarou: "Eu sou, o que fala contigo" (v. 26). "Jesus lhes disse: De certo de 
certo lhes digo: Antes que Abraão existisse, eu sou" (8:58). 
O testemunho da autoridade de Jesus como o Messias se repete várias vezes no 
Novo Testamento (ver João 1; Col. 1 e 2; Heb. 1), e é de crucial importância para 
compreender as visões simbólicas do Apocalipse de João. No último livro da Bíblia, as 
imagens e os símbolos hebreus se aplicam consistentemente a Cristo e a sua nova 
comunidade do pacto como o novo Israel. 
É evidente a necessidade que existe de ter um enfoque correto do Apocalipse. 
Primeiro devemos conhecer a verdade do evangelho de Cristo como foi ensinada por 
Jesus antes que possamos compreender o Apocalipse. Em interpretação profética, 
As Profecias do Tempo do Fim 22 
freqüentemente se descuidou o método adequado. É indispensável reconhecer a 
natureza progressiva e desdobrada da revelação divina dentro da Bíblia. 
Deve permitir-se que os livros do Antigo Testamento nos contem sua própria 
mensagem, mas não como se fossem a última palavra de Deus. As Escrituras 
Hebraicas não são um cânon fechado da Escritura. Formam um registro incompleto da 
totalidade da revelação divina. Em sua major parte apresentam as promessas de Deus 
de um Messias vindouro como o maior dos profetas, o Rei supremo e o único 
Supremo Sacerdote. O Antigo Testamento termina com a promessa do Elias vindouro 
antes do dia de Jeová (Mal. 4:5, 6). Por outro lado, os escritos inspirados do Novo 
Testamento registram o começo dos cumprimentos das promessas messiânicas na 
vinda de Cristo (o Messias) Jesus, e em sua criação de uma nova comunidade 
messiânica: os cristãos (um nome que significa "povo do Messias"). 
O Apocalipse de João se concentra especialmente na gloriosa consumação de 
todas as realizações. Para receber uma compreensão mais profunda de Moisés, os 
Profetas e os Salmos, devemos aceitar o ensino de Cristo e seus apóstolos como a 
verdadeira interpretação das profecias e dos tipos hebraicos. O Novo Testamento 
funciona como a revelação final da verdade de Deus tal como se ensina nestas 
palavras apostólicas: 
"Deus, tendo falado muitas vezes e de muitas maneiras em outro tempo aos pais 
pelos profetas, nestes últimos dias nos falou pelo Filho, a quem constituiu herdeiro de 
tudo, e por quem deste modo fez o universo" (Heb. 1:1, 2). 
Assim como o Filho de Deus é imensamente maior que qualquer profeta de 
Israel, assim a palavra de Cristo é a norma para interpretar os escritos do Antigo 
Testamento. Jesus ensinou que as Escrituras Hebraicas estavam centradas na promessa 
messiânica. Sua especial preocupação foi ensinar aos judeus que a Escritura não é um 
fim em si mesma, que memorizar as palavras da Sagrada Escritura não produz méritos. 
O propósito da Escritura é levar a Cristo! "Vós perscrutais as Escrituras, porque 
julgais ter nelas a vida eterna; ora, são elas que dão testemunho de mim; vós, porém, 
não quereis vir a mim para terdes a vida" (João 5:39, 40, BJ). 
Segundo Jesus, a Bíblia Hebraica está centrada em Cristo. Portanto, é essencial 
para um cristão descobrir o novo método com o qual Cristo explicou o Antigo 
Testamento. Dois dos discípulos de Jesus foram privilegiados para ouvir o Cristo 
ressuscitado explicar-lhes todas as Escrituras que se referiam a ele (Luc. 24:25-27). 
Como resultado, seus corações começaram a arder com um novo entusiasmo. Cristo 
"abriu-lhes o entendimento para que compreendessem as Escrituras". Mostrou-lhes 
como "era necessário que se cumprisse tudo o que está escrito de mim, na lei de 
Moisés, nos profetas e nos salmos" (Luc. 24:44, 45). 
A pergunta provocadora para nós é: Podemos chegar a saber como interpretou 
Jesus o Antigo Testamento numa forma centrada em Cristo? Podemos descobrir a 
hermenêutica de seu enfoque cristocêntrico? Se podemos estabelecer os princípios 
hermenêuticos de Jesus para a profecia cumprida, saberemos como entender a profecia 
não cumprida, especificamente as profecias apocalípticas de Daniel e Apocalipse. 
 
As Profecias do Tempo do Fim 23 
A Nova Revelação de Jesus o Messias 
 
Para Jesus, as profecias messiânicas não eram predições isoladas, senão uma 
parte do extenso plano de Deus para a redenção do homem. Inclusive viu a história de 
Israel como uma série de eventos redentores que prefiguravam a grande salvação 
operada pelo Messias. Portanto, Cristo reconheceu que as promessas de Deus lhe 
foram dadas em dois níveis a Israel: tanto mediante predições verbais como mediante 
tipos históricos de libertação e juízo. Na Bíblia, um "tipo" é um acontecimento 
histórico, ou uma pessoa ou uma instituição, ordenado por Deus para prefigurar uma 
verdade redentora de Cristo. Jesus aplicou publicamente à sua pessoa a missão de 
Isaías de pregar as boas novas de Deus, de sarar as feridas de Israel e de pôr em 
liberdade aos oprimidos (Luc. 4:17-21 e Isa. 61:1, 2). 
Entretanto, o que pôde ter deixado ainda mais pasmados os judeus foi a 
surpreendente declaração de Jesus de que ele era o Antítipo prometido ou a 
consumação de todos os profetas, dos reise da mediação sacerdotal de Israel: 
"E eis aqui está quem é maior do que Jonas" (Mat. 12:41). 
"E eis aqui está quem é maior do que Salomão" (Mat. 12:42). 
"Aqui está quem é maior que o templo" (Mat. 12:6). 
Jesus incluso declarou que sua morte abnegada proveria o "sangue do novo pacto, 
que por muitos é derramado" (Mar. 14:24). Por todas estas afirmações, Jesus 
introduziu no judaísmo a assombrosa idéia de que tinha chegado o tempo dos 
antítipos. Apresentou-se a si mesmo como a realidade à qual apontavam todos os 
símbolos das instituições redentoras do Israel. Por conseguinte, anunciou solenemente 
na sinagoga que nele tinha começado a idade messiânica ou o ano do jubileu 
(libertação). Tendo citado a promessa messiânica do Isaías 61:1, disse: "Hoje se 
cumpriu esta Escritura diante de vós" (Luc. 4:21). Apontou seu triunfo sobre os 
demônios como uma prova de que o governo de Deus agora estava presente em Israel: 
"Mas se eu pelo Espírito de Deus expulso os demônios, certamente chegou o reino de 
Deus" (Mat. 12:28). 
Onde se rechaça a Satanás, o reino de Deus se faz manifesto. Com Jesus entrou 
em operação o princípio salvífico soberano de Deus. Em outras palavras, com a 
primeira vinda de Cristo se inaugurou o tempo escatológico. "O tempo está cumprido", 
disse Jesus, "e o reino de Deus está próximo; arrependei-vos e crede no evangelho" 
(Mar. 1:15). Tinha terminado o tempo de espera para o reino de Deus, e tinha 
começado o tempo do reinado de Deus no ministério de Cristo. Jesus é o iniciador do 
reino da graça de Deus. Como o Rei-Messias, representa o reino de Deus; como o 
doador da misericórdia divina, é o Mediador sacerdotal do reino de Deus. Em qualquer 
lugar que Cristo está presente, o reino de Deus irradia seu poder. 
Jesus assegurou: "Eis que o reino de Deus está entre vós" (Luc. 17:21). A graça 
de Deus está dentro do alcance do homem onde quer que Jesus é proclamado como o 
Messias. Esta é a essência do evangelho. A verdade de que o Cristo ressuscitado é 
Senhor e está sentado à mão direita do trono de Deus, foi respaldado no dia de 
Pentecostes pelo derramamento do Espírito. O apóstolo Pedro anunciou então que os 
As Profecias do Tempo do Fim 24 
"últimos dias" tinham chegado, que tinham começado os dias do reinado espiritual de 
Cristo (At. 2:17; cf. Heb. 1:2). 
 
Cristo, o Representante do Novo Israel 
 
Que Jesus afirmasse ser o Messias da profecia não deve obscurecer o fato de que 
o Messias também foi designado para ser o perfeito representante de Israel. O pacto de 
Deus com Israel tem que realizar-se em obediência perfeita ao Messias. Como a 
personificação de Israel, o profeta descreve a Cristo como "o servo do Senhor" assim 
como Israel tinha sido designado o servo do Senhor (Isa. 42-53). Assim como Israel, 
Cristo também foi chamado "Filho" de Deus (Êxo. 4:22; Isa. 42:1; Mat. 3:17). Jesus 
foi enviado para suportar a mesma enxurrada de provas que teve Israel, para vencer 
onde Israel tinha fracassado. Depois de seu batismo, esteve durante 40 dias no deserto 
para ser tentado pelo diabo e assim igualar simbolicamente os 40 anos que Deus 
provou os israelitas no deserto (Deut. 8:2; Mat. 4:1). 
A maioria dos eruditos do Novo Testamento reconhecem que Jesus se viu a si 
mesmo, em um sentido tipológico, como o novo Israel. Este tinha falhado, mas Jesus 
cumpriu o pacto de Deus em favor de Israel e da humanidade. Desta forma, a história 
de Israel alcança um cumprimento feliz em Cristo. Portanto, de decisiva importância 
para o correto entendimento da profecia de Israel e do livro do Apocalipse é a verdade 
do Novo Testamento de que Jesus Cristo incorpora Israel e dessa maneira leva a 
missão de Israel a um fim em sua própria vida. 
O rechaço pela nação judaica dos sofrimentos, morte e ressurreição de Cristo não 
foram tragédias inesperadas que frustrassem o plano de salvação de Deus para a 
humanidade. Deus não depende dos judeus para o cumprimento de suas promessas. 
Depende do Messias. O profeta tinha assegurado: "A vontade do Senhor será em sua 
mão prosperada" (Isa. 53:10). Pedro disse que o que aconteceu com Jesus na cruz e em 
sua ressurreição, ocorreu "por conselho e antecipado conhecimento de Deus" (At. 
2:23). Dois exemplos do livro de Salmos ilustram como Jesus soube o que tinha que 
esperar na providência de Deus. 
Cristo percebeu nas experiências do rei Davi uma prefiguração de suas próprias 
provas e rechaço por parte de Israel. Jesus recorreu especificamente a Salmos 41:9 
para revelar sua intuição de que a traição de Davi por seu amigo em quem confiava era 
um tipo dos sofrimentos do Messias, que era maior que Davi (ver João 13:18-27). No 
momento de sua agonia mais profunda na cruz, Cristo clamou a grande voz: "Meu 
Deus, Meu deus, por que me desamparaste?" (Mat. 27:46; Mar. 15:34). Estava citando 
Salmos 22:1, que Davi tinha clamado em seu próprio desespero enquanto estava 
rodeado por seus inimigos sedentos de sangue. Como o salmo é uma unidade que 
consiste de uma lamentação prolongada sobre o sofrimento intenso (vs. 1-21), Cristo 
viu na experiência do Davi um tipo de sua própria agonia. Muitos comentadores não 
consideram a lamentação histórica de Davi no Salmo 22 como uma profecia 
diretamente messiânica, não obstante, Cristo e os escritores do Novo Testamento 
aplicam muitos aspectos do Salmo 22 à cruz e à glória que seguiu. 
As Profecias do Tempo do Fim 25 
Este modelo surpreendente de tipologia no livro de Salmos, que foi trazido à luz 
por Jesus Cristo, justifica que salmos como este se classifiquem como profecias 
messiânicas. 
O propósito de tais entrevistas do Novo Testamento não é simplesmente para 
mostrar de que maneira se cumpriram com toda exatidão na vida de Jesus as predições 
messiânicas ocultas, mas sim para proclamar a Jesus como a meta da história de Israel 
e como a realização do pacto que Deus tinha feito com eles. 
Os escritores dos Evangelhos declaram com freqüência que os eventos do 
passado de Israel se "cumpriram" na vida de Cristo. Mateus cita o profeta Oséias, "do 
Egito chamei a meu filho" (Ouse. 11:1), o que recordava a Israel seu êxodo histórico 
do Egito. Mateus aplica estas palavras à fuga do José e Maria para o Egito até a morte 
de Herodes: "Para que se cumprisse o que disse o Senhor por meio do profeta, quando 
disse: Do Egito chamei o meu Filho" (Mat. 2:15). O aspecto da entrevista de Mateus é 
que a Escritura de Oséias se "cumpriu" no menino Jesus. Entretanto, as palavras de 
Oséias não foram uma profecia, a não ser um recordativo significativo da experiência 
histórica de Israel como "filho" de Deus (cf. Êxo. 4:22). Então, como pôde declarar 
Mateus que Oséias 11:1 se "cumpriu" em Jesus? Pela mesma razão fundamental com 
que justificou a interpretação messiânica das experiências do Davi (ver Sal. 41:9 e 
22:1). 
Como o Filho de Deus, Cristo não só representa o Israel ante Deus, mas também 
representa o destino de Israel em sua própria vida. Mateus ensina que o significado da 
história de Israel se revela completamente na vida de Jesus Cristo. Desta maneira, o 
Novo Testamento insinua com força que os acontecimentos na vida de Jesus – como 
seu nascimento em Belém, sua morte humilhante, sua ressurreição e exaltação à direita 
de Deus – não foram eventos imprevistos ou acidentais. Todos formaram parte do 
determinado conselho de Deus (ver At. 2:23; 4:28). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
As Profecias do Tempo do Fim 26 
 
 
 
 
 
COMO CRISTO EMPREGOU OS SÍMBOLOS APOCALÍPTICOS 
 
Como observamos no primeiro capítulo, Jesus viveu em um tempo quando a 
esperança judia de uma pronta vinda de um Messias político se intensificou 
grandemente. Uma quantidade de escritos apocalípticos, sob nomes falsos ou 
pseudônimos, circulavam com grande profusão, e mantinham a esperança messiânica 
candente aplicando a mensagem do juízo de Daniel e de outras passagens proféticas a 
seu próprio tempo e situação. Os títulos de algumas destas obras pseudoepigráficas 
são: 4 Esdras, 1 Enoc, Apocalipse de Baruque,Livro dos Jubileus. 
Os termos "apocalíptico" e "apocalipticismo" foram usados mais tarde pelos 
eruditos para indicar as escatologias especulativas e contraditórias contidas nesses 
escritos do judaísmo tardio. As três características dominantes desse apocalipticismo 
judeu foram as seguintes: (1) O juízo cósmico-universal em torno do Israel nacional 
ou a um fiel remanescente judeu; (2) a substituição súbita da presente era pecaminosa 
pela criação de um mundo sem pecado e um novo cosmos; e (3) o fim predeterminado 
deste mundo pecaminoso e a vinda iminente do Messias. Esta urgência 
freqüentemente estava apoiada por cálculos contraditórios de períodos de tempo na 
história mundial. 
A maioria dos escritores apocalípticos acreditavam que o fim desta era 
pecaminosa estava perto, e que ocorreria em sua geração. Também acreditavam que 
eles eram os verdadeiros intérpretes dos profetas canônicos de Israel com respeito à 
sua própria crise. Um exemplo notável foi a comunidade de Qumran, cujo fundador e 
professor ensinou que a predição de Habacuque de um remanescente do povo de Deus 
que sobreviveria (Hab. 2:4) estava cumprindo-se em sua própria e única seita nas 
cavernas do Mar Morto. 
Contra o fundo desta esperança iminente comum do judaísmo do século I de 
nossa era, o emprego que Jesus fez de alguns símbolos apocalípticos bem conhecidos 
chega a ser mais significativo. Mostra o enfoque inovador da mensagem do evangelho 
que proclamou Jesus. Cristo deu novo significado a termos apocalípticos tão populares 
como: "Filho do Homem", "juízo", "vida eterna e ressurreição", "reino de Deus", "esta 
era e a era por vir". Todas estas expressões eram mais ou menos termos técnicos nos 
esquemas apocalípticos do judaísmo tardio. A mensagem de Jesus surpreendeu os 
judeus de seu tempo porque deu a cada símbolo apocalíptico um novo significado 
messiânico ou cristocêntrico que despedaçou seus sistemas escatológicos. Os odres 
velhos não podiam conter o espumoso vinho novo de sua mensagem de um 
cumprimento presente em si mesmo (ver Luc. 5:37, 38). 
A conexão mais dramática do Jesus com o livro do Daniel e os escritos judeus 
tardios foi sua autodesignação explícita como "o Filho do Homem" (65 vezes nos 
As Profecias do Tempo do Fim 27 
Evangelhos sinóticos e 12 vezes no quarto Evangelho). Ele se aplicou este titulo em 
forma consistente. Era a forma própria como Jesus se referia a si mesmo. O emprego 
extraordinário que Jesus fez deste símbolo convenceu em forma geral à erudição 
bíblica de nosso tempo de que Cristo adotou o termo apocalíptico "um como o filho de 
homem", da visão do Daniel 7:13 e 14, e o elevou a um título messiânico. As 
similitudes do livro 1 Enoc 37-71 e a sexta visão em 4 Esdras 13 (ambos os 
documentos pós-cristãos) refletem como alguns círculos apocalípticos judeus 
interpretavam o personagem daniélico "filho de homem": um Messias preexistente e 
celestial que viria à terra como o Juiz de toda a humanidade e governaria sobre um 
novo reino terrestre. 
A questão é: Como empregou Jesus o título e o que contido colocou nesta 
expressão apocalíptica, o "Filho do Homem"? Jesus explicou que seus milagres de 
cura ele os fez com um propósito mais elevado: "Para que saibam que o Filho do 
Homem tem potestade na terra para perdoar pecados" (Mar. 2:10). Mas, como pôde 
ser Jesus ao mesmo tempo o humilde Filho do Homem e o glorioso ser preexistente da 
visão de Daniel? O mistério se intensificou quando Jesus começou a dizer que o Filho 
do Homem celestial "devia" sofrer e ser morto, e que ressuscitaria depois de três dias 
(Mar. 8:31; 9:31; 10:33, 34). 
Entretanto, sua declaração mais profunda foi: "Porque o Filho do Homem não 
veio para ser servido, mas para servir, e para dar a sua vida em resgate por muitos" 
(Mar. 10:45). Aqui Jesus se identificou com o servo sofredor de Isaías 53, que 
morreria para o benefício de todos. Ao fazê-lo, Jesus fundiu o servo sofredor da 
profecia de Isaías com o Filho do Homem da visão do Daniel. Por assim dizê-lo, 
esvaziou o conteúdo do servo sofredor no personagem apocalíptico do Filho do 
Homem. Tal combinação de dois personagens messiânicos em profecia era 
desconhecido. Aos judeus parecia algo completamente paradoxal. Foi a idéia criadora 
de Jesus introduzir esta reinterpretação radical do Filho do Homem daniélico. Cristo 
viu sua missão como Messias em forma completamente diferente a todas as 
expectativas messiânicas no judaísmo. Colocou sua missão de um Messias sofredor e 
moribundo dentro da estrutura apocalíptica de Daniel. Entretanto, a maior surpresa dos 
judeus foi o escutar que este humilde filho de um carpinteiro afirmava ser o 
apocalíptico Filho do Homem, não só em seus dias, mas também no juízo final. 
Considere estas afirmações de Jesus (as ênfases são minhas): 
"Porque o que se envergonhar de mim e de minhas palavras nesta geração adúltera 
e pecadora, o Filho do Homem se envergonhará também dele, quando vier na glória de 
seu Pai com os santos anjos" (Mar. 8:38). 
"Então verão o Filho do Homem, vindo sobre as nuvens com grande poder e glória" 
(13:26). 
"Tornou a interrogá-lo o sumo sacerdote e lhe disse: És tu o Cristo, o Filho do Deus 
Bendito? Jesus respondeu: Eu sou, e vereis o Filho do Homem assentado à direita do 
Todo-Poderoso e vindo com as nuvens do céu" (14:61, 62). 
Nestas declarações dramáticas, Jesus afirmou que a profecia do Daniel 7 até 
esperava seu cumprimento futuro e apocalíptico quando Deus julgue a todos os 
homens, mas que o Filho do Homem daniélico já tinha aparecido com outro propósito: 
As Profecias do Tempo do Fim 28 
trazer salvação da escravidão do pecado. Cristo declarou claramente que ele, como o 
Filho do Homem, tinha descido "do céu" (João 3:13), e que "os anjos de Deus... sobem 
e descem sobre o Filho do Homem" (1:51). Dessa maneira Cristo ensinou que tinha 
estabelecido em Israel uma nova comunicação entre o céu e a terra por sua autoridade 
divina (3:31; 6:62). Isto também envolve sua missão para julgar ao Israel em nome de 
Deus: "E [Deus] também lhe deu autoridade de fazer juízo, porquanto é o Filho do 
Homem" (5:27), embora o propósito da primeira vinda do Jesus foi explicitamente 
salvação e não juízo no sentido de condenação (3:17; 12:47). 
Não obstante, João pôde também informar que Jesus veio ao mundo para um 
juízo presente: "Para juízo vim eu a este mundo; para que os que não vêem, vejam, e 
os que vêem, sejam cegados" (João 9:39). Esta classe de juízo ou processo de 
sacudidura era inerente ao oferecimento da salvação de Cristo, oferecimento que 
implica necessariamente juízo. Os que rechaçam o dom de Deus de Jesus o Messias, 
pronunciaram indevidamente seu próprio juízo. Escolheram ser condenados. O 
evangelho de Cristo separa aos que aceitam o oferecimento da graça daqueles que o 
rechaçam (ver João 3:18-21; 5:24). A presença de Cristo produz um tempo 
escatológico de decisão, e esse tempo é agora. Cada pessoa está compelida a rechaçá-
lo ou a reconhecê-lo, e assim determina de antemão o veredicto do juízo final sobre si 
mesmo. Cristo considera como de importância decisiva o que o confessemos como o 
Filho do Homem. Por isso, ao cego a quem tinha sarado perguntou: "Crês tu no Filho 
do Homem?" (João 9:35). Desse modo Jesus deu a tal pessoa uma revelação mais 
elevada de si mesmo. Jesus revelou que era o Messias celestial de que se falava no 
livro de Daniel, que viria nas nuvens do céu ao "Ancião de dias" para receber a glória 
e o domínio e o reino sobre todos os povos (Dan. 7:14). Este conhecimento conduz a 
uma fé mais amadurecida em Jesus. 
O ponto importante nos quatro Evangelhos é a mensagem em que Cristo se 
referiu à missão do Filho do Homem em uma forma dupla: com respeito a um 
cumprimento presente e terreno, e também a uma consumação cósmica futura. Em 
outras palavras, Cristo explicou que o apocalíptico Filho do Homem de Daniel teve 
um cumprimento histórico em salvação e juízo desde seu humilde primeiro advento, 
enquanto que também olhou para o futuro, à consumaçãoem salvação e juízo em seu 
segundo advento. Em resumo, o juízo de Deus, a vida eterna e a ressurreição por meio 
do Filho do Homem são tanto presente como futuras. Esta dupla aplicação está 
expressa no Evangelho de João por meio desta frase peculiar: 
"Vem a hora, e agora é, quando os mortos ouvirão a voz do Filho de Deus; e os que a 
ouvirem viverão. Porque como o Pai tem vida em si mesmo, assim também deu ao Filho o 
ter vida em si mesmo" (João 5:25, 26; ver também 4:23 e 16:32). 
Quão surpreendente é que Jesus ensinasse que não é suficiente crer que haverá 
uma ressurreição no último dia, como se promete em Daniel 12:2. Sua nova 
mensagem foi: "Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em mim, ainda que esteja 
morto, viverá. E todo o que vive e crê em mim, não morrerá eternamente" (João 11:25, 
26). Em outras palavras, a vida futura no glorioso reino de Deus está à nossa 
disposição pela fé em Cristo agora como uma qualidade espiritual de vida. 
As Profecias do Tempo do Fim 29 
Um emprego duplo similar da terminologia apocalíptica pode ver-se na forma em 
que Jesus aplica os conceitos do reino de Deus e sua "era" (aion) correspondente. 
Ambas idéias estão combinadas na proclamação de Jesus: "O tempo está cumprido, e 
o reino de Deus está próximo; arrependei-vos e crede no evangelho" (Mar. 1:15; cf. 
Mat. 3:2; 4:17; 5:17). O chamado de Cristo parece estar motivado por uma urgência 
apocalíptica da vinda do reino de Deus, e muito bem pode estar inspirado na profecia 
de tempo messiânico das 70 semanas do Daniel 9. (Particularmente Daniel 2 e 7 
prometem a vinda do reino de Deus; Dan. 2:44, 45; 7:27.) 
O conceito de Jesus do reino universal de Deus também era parte das Escrituras. 
Estas ensinavam que Jeová, o Deus de Israel, é agora Rei e chegará a ser Rei no futuro 
"sobre toda a terra" (Núm. 23:21; Deut. 33:5; Sal. 103:19; Isa. 6:5; Dan. 2:44; 4:3; Isa. 
24:23; Zac. 14:9). Além disso, os profetas haviam predito que um filho de Davi 
chegaria a ser o Rei de Israel e que, como o Messias do mundo, representaria o 
governo régio de Jeová para sempre (2 Sam. 7:12-16; Sal. 2:7-9; 132:11-18; Isa. 9:7; 
11 :1-5; Miq. 5:2; Dan. 7:14, 27). 
Como já indicamos no capítulo I, o judaísmo farisaico tinha desenvolvido a 
esperança de que nos últimos dias o Messias viria no tempo indicado por Deus, subiria 
ao trono de Israel e por seu poder quebrantaria aos príncipes injustos, purificaria a 
Jerusalém de gentios, quebrantaria toda sua solidez com vara de ferro e, por último, 
submeteria todas as nações da terra a seu governo. 
Na pregação de Cristo, o reino de Deus foi o conceito principal. Seu ensino do 
reino de Deus, sua proximidade, tal como está representada por sua própria vida, seu 
ministério de cura e seu domínio sobre os demônios, revolucionaram o 
apocalipticismo judeu que tinha perdido toda esperança de que Deus reinasse no 
presente histórico. O primeiro advento de Cristo não foi o fim do tempo a não ser o 
poder régio de Deus que pôde "atar" a Satanás e liberar os homens do poder do mal 
(ver Mat. 12:29). Jesus insistiu em afirmar que nele o reino dos céus se aproximou 
como uma soberania espiritual de Deus que agora estava ativa em seu oferecimento 
messiânico de graça e seu domínio sobre os demônios; uma realidade totalmente 
diferente do que esperavam os rabinos judeus e os escritores apocalípticos, pois seu 
reino não era deste mundo (João 18:36). 
Em resumo, a mensagem de Jesus é que em sua própria pessoa Deus invadiu a 
história humana e triunfou sobre o mal. Ao mesmo tempo, Cristo ensinou que a 
liberação final viria no fim do tempo, em sua segunda vinda (Mat. 6:10; 13:41-43; 
16:27; 19:28; 25:31). 
 
A nova idéia que Jesus apresentou foi que tanto no presente como no futuro reino 
de Deus ele intervém como Filho do Homem, e em conexão com isto aplicou a 
terminologia apocalíptica de "as duas eras" à sua nova estrutura escatológica. 
Enquanto que os apocalipticistas conceberam um dualismo claro de duas eras ou 
períodos nos quais a futura era isenta de pecado substituiria por completo a esta era 
pecaminosa, Cristo ensinou que com seu ministério tinha começado a era messiânica e 
As Profecias do Tempo do Fim 30 
a salvação. Ao mesmo tempo reconheceu que "a era vindoura" começaria só com a 
ressurreição dos mortos (Luc. 20:34-36). 
A identificação por parte do Jesus da era messiânica com "esta era" (Mar. 10:29, 
30) destruiu a idéia básica da doutrina das duas eras dos apocalipticistas. A ênfase de 
Cristo em sua mensagem foi chamar o arrependimento (metanoia) e aceitá-lo como 
Senhor e Messias (Mat. 4:17; 19:21), condição básica para entrar no reino de Deus no 
momento presente. Desta forma, a paz e o gozo messiânicos serão experimentados já 
agora na alma (João 15:11; 16:33). Esta tensão entre a escatologia inaugurada e a 
escatologia apocalíptica, entre o reino da graça e o reino da glória, entre o "já" e o 
"ainda não", é característica da mensagem do evangelho do Novo Testamento em sua 
totalidade. 
O evangelho não é simplesmente as boas novas a respeito da obra de Cristo no 
passado ou no futuro. Os poderes da era vindoura já invadiram esta era em forma 
dramática desde o Pentecostes, e agora os verdadeiros crentes "provam" dos poderes 
do século vindouro mediante Cristo (Heb. 6:5). Esta verdade do evangelho dissipa o 
desespero do apocalipticismo judeu. Os apóstolos afirmaram que a história da 
salvação entrou agora na era messiânica, ou os "últimos dias", no qual o poder 
libertador do Espírito de Deus está totalmente à disposição de todos os que se 
encontram em Cristo Jesus (Heb. 1:1, 2; At. 2:17-39). 
 
 
 
 
 
 
 
A INTERPRETAÇÃO QUE OS APÓSTOLOS FIZERAM DO 
CUMPRIMENTO DA PROFECIA 
 
A aplicação que faz Pedro da profecia do Joel é altamente instrutiva. O apóstolo 
aplica a promessa do Espírito de Deus profetizada pelo Joel ao derramamento 
pentecostal do Espírito Santo sobre os judeus cristãos reunidos em Jerusalém. Pedro 
cita a predição do Joel de um futuro derramamento do Espírito (Joel 2:28) e ato 
seguido assinala a experiência presente como o cumprimento "nos últimos dias", 
declarando: "Isto é o dito pelo profeta Joel" (At. 2:16). Um olhar mais detalhado aos 
assuntos mencionados no esboço profético do Joel expõe o problema seguinte: por que 
anunciou Pedro o cumprimento histórico dos "últimos dias" no dia de Pentecostes? 
Pedro citou Joel 2:28-32 embora algumas dos sinais preditos ainda não se cumpriam 
visivelmente, incluindo as seguintes: (1) "Toda carne" incluso no tinha recebido o 
derramamento milagroso do Espírito, porque só 12 apóstolos, ou no máximo 120 
crentes, tinham-no recebido (At. 1:15); (2) os sinais milagrosos de "sangre, fogo e 
colunas de fumaça" parecem incluir mais que as "línguas de fogo" assentadas sobre 
cada um dos discípulos, sacudidos por um vento robusto; e (3) os sinais cósmicos do 
As Profecias do Tempo do Fim 31 
sol e da lua, no melhor dos casos só se cumpriram parcialmente, até se se aceita o 
obscurecimento do sol por três horas durante a crucificação como um dos sinais (Mat. 
27:45). 
Isto nos leva a um princípio básico de interpretação apocalíptica na mensagem 
apostólica: O cumprimento em Pentecostes constitui só uma escatologia parcialmente 
realizada. Do ponto de vista apostólico, o cumprimento dos "últimos dias" não requer 
um cumprimento imediato de cada detalhe. O cumprimento se enfoca na realização 
messiânica da promessa de Deus na história da salvação. O derramamento do Espírito 
demonstrou ser a indicação nesta terra da coroação do Jesus ressuscitado como o Rei-
Sacerdote no céu (At. 2:33, 36). Em outras palavras, o cumprimento não requer a 
verificação de cada detalhe da profecia na história presente. O cumprimento está 
determinado pelo progresso da história da salvação no ministério de Cristo e seus 
apóstolos. 
Agora se tinha aberto um novo caminho de salvação para todo aquele que invocar 
o nome do Senhor Jesus (At. 2:21; ver também Rom. 10:9-13; 1 Cor. 1:2). Era-a 
escatológica do Joel

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