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Nádia Raquel Rodrigues 1700723 1 Preparação para P-fólio de Introdução às Ciências socias 2017/18 1. Perspetiva da vida quotidiana e do que é a especificidade do social 1.1 Reflexão sobre o que é a vida quotidiana e as relações sociais 1.2 Definição do conceito de social no âmbito das Ciências Sociais (a especificidade do social) 2. Aprender a ser membro da sociedade: formas de sociabilidade 2.1 O Processo de socialização - Socialização primária e secundária/ Agentes de socialização / Interiorização e estrutura social 2.2. Papéis sociais – interpretação e interiorização de normas sociais – Definição do conceito de papel social / A aprendizagem de múltiplos papéis sociais 3. Construção do conhecimento científico 3.1. O processo de construção do conhecimento científico - Rutura com o senso comum - A função de comando da teoria 3.3. Construção e verificação de teorias: problemas e controvérsias - Teorias e paradigmas nas ciências - O problema da verificação 4. Objetividade e neutralidade nas ciências sociais: os obstáculos epistemológicos 4.1 Definição de obstáculos epistemológicos e a sua configuração 4.2 Familiaridade do social e senso comum 4.3 Dicotomias natureza e cultura e indivíduo e sociedade 4.4 Etnocentrismo cultural 5. A explicação e a compreensão em ciências sociais 5.1 Contextualização das duas principais correntes teóricas em Ciências Sociais 5.2 Singularidade e complementaridade entre explicação e compreensão 6. O domínio das ciências sociais – unidade e pluralidade 6.1 Visão global sobre as ciências sociais – o centro de interesse das ciências sociais 6.2 Unidade e pluralidade das ciências sociais 7. Visão global sobre as ciências sociais 7.1 Breve apresentação de algumas ciências sociais 7.2 Dinâmica e transformação das ciências sociais “O olhar das Ciências sociais tem que ser rigoroso, objetivado e cirúrgico.” (Olga Magano) Nádia Raquel Rodrigues 1700723 2 Preparação para P-fólio de Introdução às Ciências socias 2017/18 Tópico 1 Quotidiano; social; problema social; problema sociológico. Quotidiano: é um lugar privilegiado de análise da sociologia, lugar esse revelador de processos de funcionamento e transformações da sociedades e de conflitos que se opõem aos agentes sociais. Não é possível separar o quotidiano do social da mesma maneira que não existem fronteiras entre a vivência do dia-a-dia e as suas tensões, mudanças e reflexões sociológicas dela proveniente, através do estudo do quotidiano podemos aprender muito sobre os seres sociais. A sociedade é uma construção de relações estabelecidas entre os seres e é impossível separar o quotidiano do social. Cada individuo tem desde sempre rotinas que definem o quotidiano, consciente ou inconscientemente. Além de construído por rotinas, o quotidiano também é revestido de situações inesperadas. Importa saber que social é a revelação da vida em sociedade, é tudo o que diz respeito ao processo real da vida social, são todas as ações humanas tomadas e vividas em sociedade. Já sociológico é a perspetiva de abordagem do real-social característica da sociologia, é a forma cientifica de procura de conhecimento sobre o social, é o conjunto de métodos, instrumentos e técnicas de produção de conhecimento cientifico da vida social. Problema social ≠ Problema sociológico Um problema é uma dificuldade sentida em relação a algo com que nos deparamos. Um problema social tem a sua essência no desconforto, na insatisfação experimentada em relação a uma realidade social. Afeta um nº significativo (desconhecido) de pessoas para quem é uma fonte de dificuldades e infelicidade, gerando também insatisfação e que por sua vez concordam ser necessário fazer algo para alterar a situação. A ação humana não é capaz por si só de resolver um problema social. O problema social dispõe de 2 dimensões: a dimensão objetiva, em que se pode afirmar que o problema social é a própria situação/problema; e a dimensão subjetiva, que é a visão que nós temos do problema social. O problema social surge aquando o aparecimento da vontade de mudar alguma coisa. Ex: trabalho infantil, outrora banal na nossa sociedade, contemporaneamente inaceitável e considerado um problema social de alguns países. O problema sociológico é o trabalho critico de análise das noções e de reconstrução de conceitos; é a interrogação que o investigador formula acerca dos processos de interação social, acerca dos processos de organização do sistema social e dos fenómenos que dele decorrem, e não se justapõe ao problema social. Tópico 2 Processo de socialização; socialização primária; socialização secundária; agentes de socialização; papéis sociais. Processo de socialização: processo através do qual o individuo adquire determinados conhecimentos, mecanismos e respostas às circunstancias da vida social, por via dos quais se se adaptam às exigências da vida coletiva e se integram nas suas estruturas. Através da socialização o individuo aprende as normas, costumes e hábitos da sociedade que integra, de forma a adaptar-se a ela. É um processo dinâmico, continuo e ativo, uma vez que decorre ao longo de toda a vida do ser humano, e é também um processo bilateral na medida em que conta com interação entre 2 partes: individuo e sociedade. Nádia Raquel Rodrigues 1700723 3 Preparação para P-fólio de Introdução às Ciências socias 2017/18 O processo de socialização conta com 2 fases distintas: socialização primária e socialização secundária. A socialização primária é a 1º socialização do individuo que se inicia logo a partir da nascença, pois o individuo nasce já com predisposição para a sociabilidade e socialização. Nesta fase acontece o primeiro contacto com a interiorização, em que através de agentes como família, creche e escola, o individuo interioriza as mais básicas normas e hábitos aceites na realidade social em que está inserido, e cria a sua própria personalidade individual. A socialização primária é a que tem mais impacto e a mais importante na medida em que vai servir de base, de estrutura para a socialização secundária. A socialização secundária pressupõe sempre a prévia existência da soc. Primária e a existência de personalidade individual já formada. Ocorre numa transição de jovem adulto para adulto, nas escolhas que faz respetivamente a grupos em que se insere, ou relações de sociabilidade que pratica. Diz-se socialização bem sucedida quando o individuo conseguiu interiorizar na perfeição as normas sociais impostas pela sua sociedade, sem criar relações de oposição com os agentes sociais nela existentes, e correspondendo favoravelmente ás expectativas. Sociabilização – as próprias relações sociais que o individuo mantém durante a socialização, o convívio com outros, a sociabilidade. Ao longo de todo o processo de socialização e das suas diferentes fases, os agentes sociais desempenham um importante papel, pois são os grupos onde acontecem os processos de socialização. A família é o principal e o 1º agente de socialização, mas as creches, as escolas e os trabalhos também são importantes agentes. Qualquer agente de socialização influencia e condiciona de alguma forma a socialização do individuo. Papel social é o que o individuo desempenha na sociedade, na família, no trabalho, na escola, comportando-se da forma que é esperada pelas pessoas com quem se relaciona. Os indivíduos devem comportar-se ajustadamente ao que se espera deles, podendo desempenhar múltiplos papeis: progenitor, profissional, estudante, vizinho, tio, neto, amigo, cônjuge, etc. A aprendizagem dos múltiplos papeis sociais é conseguida través da socialização. Contudo, na multiplicidade de papeis pode existir um confronto de papeis sociais, confronto esse que se dá quando se desempenha papeis contraditórios entre si, e que violem as normas sociais impostas pela sociedade em que se encontram.Tópico 3 Processo de construção do cientifico: Rutura, construção, verificação; teorias e paradigmas; o problema da verificação. Bachelard distinguiu 3 fases importantes na construção do conhecimento cientifico: A rutura com o senso comum, a construção do cientifico e a verificação. Com rutura com o senso comum pretende-se romper com as evidências, pôr de parte o que pensamos que sabemos acerca daquele caso concreto, o conhecimento de senso comum dificulta e põe em causa a construção de conhecimento cientifico. Esta rutura não acontece de forma absoluta nem de uma só vez, uma vez que o investigador faz ele próprio parte da realidade que investiga e porque é um processo através do qual a ciência se questiona a si própria. Para romper com sucesso com o senso comum o investigador Nádia Raquel Rodrigues 1700723 4 Preparação para P-fólio de Introdução às Ciências socias 2017/18 deve usar instrumentos como a relativização e a relacionação. Relativizar um fenómeno social humano é considera-lo como parte integradora do meio e do tempo em que está inserido, e não considera-lo como absoluto. Relacionar factos é também importante na medida em que através das relações e correlações consegue chegar-se à origem do problema. Boaventura sinaliza a importância de uma “dupla rutura” epistemológica, quer com isto dizer, que é imprescindível romper com o senso comum, numa 1º rutura, em que se constrói cientificamente um novo conhecimento, deixo o velho para trás, mas continua a existir senso comum, no entanto, numa 2ª rutura, é transforma-se o senso comum com base na ciência, a 2ª rutura é o que há de novo. O passo seguinte, a construção do conhecimento cientifico, é feito através de métodos e técnicas científicos que servem como ferramentas de investigação e pesquisa. Através destes métodos científicos obtêm enunciados, constroem teorias que explicam como acontecem os fenómenos em estudo. Para os enunciados serem considerados como conhecimento cientifico terão que ser verificados, dando-se nesse sentido a fase da verificação da validade dessas teorias através do confronto com informação empírica. O justificacionismo afirmava só ser verdadeiro o que pudesse ser provado. Problemática teórica e Matriz disciplinar Problemática teórica consiste na elaboração de questões pelo investigador que serve como inicio ou ponto de partida para a investigação, são interrogações sobre a realidade social sob estudo que vão originar o método que o investigador irá adotar. Ao longo de todo o processo de construção de conhecimento cientifico a teoria tem um papel de comando, ela define o objeto de análise, confere através dela orientação à investigação, dá-lhe significado, atribui-lhe potencialidades explicativas assim como limites. É necessário que o investigador mantenha uma teoria principal e várias outras auxiliares, de forma a conseguir explorar todas as possibilidades de cada uma até se esgotar. A matriz disciplinar é o conjunto de teorias, a organização de conceitos e relações entre conceitos substantivos. A matriz disciplinar é a abordagem do real social sobretudo a partir de elementos como teorias e métodos de científicos. É o conjunto de conhecimentos que dão suporte à conceção de questões cientificas. Matriz disciplinar é sinónimo de paradigma, é um conjunto organizado de elementos que servem para desconstruir ideias e construir conhecimento cientifico. “Na ciência nada é dado, tudo se constrói” Tópico 4 Nádia Raquel Rodrigues 1700723 5 Preparação para P-fólio de Introdução às Ciências socias 2017/18 Objetividade e neutralidade nas ciências sociais: os obstáculos epistemológicos; 1.Familiaridade do social e senso comum; 2.Dicotomias natureza e cultura e indivíduo e sociedade; 3.Etnocentrismo cultural Nas ciências sociais o investigador faz parte integrante do objeto de estudo: o social, a sociedade, as relações sociais em sociedade. Para uma investigação eficaz o investigador terá que ser efetivamente objetivo e neutro durante a análise da realidade social sob estudo, no entanto, depara-se com alguns obstáculos epistemológicos. Obstáculos epistemológicos são todos aqueles que o investigador enfrenta ao longo de uma investigação, enquanto membro da sociedade e dotado também ele de senso comum, senso comum esse, que lhe confere uma tendência natural para julgar e explicar uma realidade apenas a partir do que vê, e do que sabe previamente sobre o assunto. Alguns dos obstáculos epistemológicos com que se depara um investigador prendem-se com a familiaridade do social e senso comum, dicotomias natureza/cultura e sociedade/individuo e etnocentrismo. A familiaridade com o social e senso comum é um dos maiores desafios para um investigador na medida em que ele próprio é membro da sociedade que investiga, faz parte da realidade social vivida e isso pode fazer com que não tenha necessidade de procurar novos conhecimentos sobre ela. Este obstáculo terá que ser devidamente controlado e contornado pelo investigador, para que não influencie a análise do social, afastando-se das relações sociais habituais e rompendo com ideias previamente adquiridas, com o objetivo de uma eficaz desconstrução de conhecimentos de senso comum. A dicotomia natureza e cultura é reveladora do relativismo cultural embrenhado nas sociedades e é uma forma de atribuir causas físicas e biológicas a comportamentos sociais. Por um lado o individuo é um ser físico e biológico, dotado de instintos, por outro, o individuo é parte integrante de uma cultura, em que teve que aprender normas para fazer parte dela sem conflitos, o que faz com que tenha comportamentos sociais esperados pela sua cultura. Isto é, todo o comportamento social (cultura) tem uma base biológica (natureza). Na dicotomia individuo e sociedade é importante a individualidade de cada ser humano, tornando-o diferente de todos os outros, mas no entanto dificulta explicações sociológicas, principalmente porque os comportamentos sociais de um individuo são sempre imprevisíveis. Mas no entanto, um individuo não vive sem sociedade, nem uma sociedade o é sem indivíduos. Se por um lado um individuo quer acentuar a sua individualidade através de comportamentos sociais, por outro, terá que respeitar as normas da sua sociedade, não podendo extrapolar o que é esperado dele. No entanto, se o mote “todo o individuo é Nádia Raquel Rodrigues 1700723 6 Preparação para P-fólio de Introdução às Ciências socias 2017/18 diferente, é singular” fosse levado até às últimas circunstancias, tornar-se-ia impossível fazer análises e previsões de comportamentos. O etnocentrismo é o modo que cada individuo ou sociedade tem de ver o seu mundo como o centro de tudo, e a sua realidade como a mais acertada, tomando tudo o resto por errado ou deslocado. É a sobrevalorização da sua cultura em detrimento de todas as outras. Todo o individuo considera a sua cultura como a melhor. Nesse sentido, o investigador terá que ultrapassar este obstáculo, mantendo uma mente aberta aquando a análise cientifica do real social de uma cultura que não seja a sua. Tópico 5 A explicação e a compreensão em ciências sociais: Contextualização das duas principais correntes teóricas em Ciências Sociais; Singularidade e complementaridade entre explicação e compreensão. Durkheim e o modelo explicativo. Durkheim desenvolveu o modelo explicativo e designou-o por “regras do método sociológico” e a conceção de laços sociais (o positivismo sociológico). O autor preocupa-se em estabelecer o método e definir o objeto da sociologia, sob o ponto de vista positivista (segundo modelos retirados das ciências da natureza). “O social só se explica pelo social” (Durkheim) Durkheim foi um dos fundadores da sociologia, e acreditava que a vida social deveria ser estudada com a mesma objetividade com que se estuda o mundo natural. Era positivista, influenciado por Comte,e considerava que que a sociedade poderia ser analisada da mesma forma que os fenómenos da natureza e um dos seus princípios básicos era estudar os factos sociais como coisas. Afirmava que o social apenas se explica pelo social, isto é, o social apenas se pode explicar a partir da observação, análise e comparação de outros factos sociais, e um facto social só pode ser entendido como fenómeno social pela sociedade que o produziu. Durkheim só admite observar, comparar e explicar um facto social com base noutro ou noutros factos sociais. O social explica-se pelo social através do corte epistemológico com o senso comum. Factos sociais Ao afirmar e defender que os factos sociais deveriam ser estudados como coisas, Durkheim atribui-lhe estatuto cientifico, e considerava que para uma explicação cientifica o investigador deveria manter a neutralidade e distancia em relação aos factos, assim, os factos como exteriores ao individuo, poderiam ser Nádia Raquel Rodrigues 1700723 7 Preparação para P-fólio de Introdução às Ciências socias 2017/18 observados, medidos e comparados sem que os indivíduos demonstrassem opinião a seu respeito. A preocupação central da sociologia reside no estudo dos referidos factos sociais. Factos sociais são maneiras de agir, sentir e pensar, e Durkheim atribui-lhes 2 características fundamentais: exterioridade – um facto social é sempre exterior ao individuo; e coercibilidade – Um facto social tem o poder coercivo sobre o individuo, atuando como imposição, através destas 2 características fundamentais os factos sociais atuam de forma constrangedora sobre os indivíduos, no entanto, não são reconhecidos como constrangedores pois os indivíduos atuam de livre vontade e acreditam que agem segundo as suas opções. Durkheim afirmava que as pessoas apenas seguiam os padrões comuns que faziam parte da sociedade em que se encontravam inseridas. Solidariedade social; solidariedade mecânica; solidariedade orgânica. Através da preocupação revelada por este autor com as mudanças e transformações notadas na sociedade do seu tempo, desenvolveu interesse pela solidariedade social e moral, defendendo que era o que mantinha uma sociedade unida impedindo a sua queda no caos. Este tipo de solidariedade é apenas sentida por indivíduos que integram eficazmente os seus grupos sociais. Mas Durkheim foi mais além, e com a análise das mudanças sociais em consequência da evolução da era da industrialização, considerou e defendeu a emergência de um novo tipo de solidariedade, que se subdividia em 2 categorias – solidariedade mecânica e solidariedade orgânica. A solidariedade mecânica baseia-se no consenso e crenças semelhantes. Em contexto de culturas tradicionais existia uma reduzida divisão do trabalho, e a maior parte dos membros da sociedade estão envolvidos e partilham ocupações parecidas, partilhando experiencias e crenças comuns. A solidariedade orgânica desenvolveu-se a partir da especialização de tarefas e maior diferenciação social, e a divisão do trabalho levou as pessoas a ficarem mais dependentes umas das outras. Alguns conceitos importantes desenvolvidos por Durkheim foram também a consciência coletiva: conjunto de crenças, normas, valores, atitudes e sentimentos comuns aos membros da mesma sociedade, cujo enfraquecimento ou ausência serão causadores de desregulação da sociedade originando caos. Também considerou que a anomia tivesse um papel ativo na sociedade do seu tempo, na medida em que as mudanças sociais verificadas com a evolução da era da industrialização foram tão rápidas que tiveram problemas sociais importantes. A anomia revelou-se através do sentimento de ausência de objetivos e desespero causado pela vida social moderna, em que os padrões tradicionais são quebrados. Um exemplo de causa foi o suicídio, estudado por Durkheim. Nádia Raquel Rodrigues 1700723 8 Preparação para P-fólio de Introdução às Ciências socias 2017/18 Através da divisão do trabalho os indivíduos revelam também consenso moral, que se traduzem na existência de valores comuns numa sociedade complexa com altos grau de divisão de trabalho. Max Weber e o modelo compreensivo ou interpretativo Para Weber a sociologia era uma ciência que pretendia compreender a ação humana através da interpretação, para isso, é exigida a construção racional de conceitos, e Weber desenvolveu o Tipo ideal. Weber interpreta os indivíduos como atores sociais e tenta compreender qual o sentido que estes dão ás suas ações, tenta compreender o significado subjetivo às ações racionais. Weber deu grande atenção ao desenvolvimento do capitalismo moderno e à forma como a sociedade transitou de tipos anteriores de organização social para tipos modernos. Na sua perspetiva, além dos fatores económicos, eram também importantes fatores as ideias e os valores, acabando por terem também estes impacto na sociedade. Para Weber, ideias, valores e crenças tinham o poder de originar transformações sociais e a sociologia deveria centra o estudo nas ações humanas e não nas estruturas. Através de estudos demonstrou que outras formas de estratificação além de classes influenciam as pessoas e deu particular atenção à relação entre classes, status e partido e em como estes permitem um vasto leque de posições na sociedade. Demonstrou que quanto mais saberes e qualificações um individuo possuir melhores condições de trabalho conseguem, por exemplo, um gestor tem condições mais favoráveis que um trabalhador fabril. Definiu status pelas diferenças entre grupos em termos de prestigio social e honra, e partido por uma forma de poder que pode influenciar a estratificação da classe e do status, pois é um grupo de individuo que reúne esforços para alcançar um objetivo comum aos seus membros. Weber estudou as sociedades e as relações sociais através da religião, e verificou que em países capitalistas a religião predominante era o protestantismo, mais precisamente o puritanismo, religião na qual os crentes não usavam a riqueza para ter um estilo de vida luxuoso., tinham antes uma vida pacata e modesta, o que ajudou ao arranque do desenvolvimento económico ocidental. Analisou o espirito do capitalismo, conjunto de crenças e valores defendidos pelos primeiros capitalistas mercantis e industriais, que tinham uma forte tendência para acumular riqueza, para o qual considerava que para existir teria de existir um excedente populacional que permitisse a contratação de trabalho a baixo preço. Segundo a perspetiva sociológica de Weber, o tipo ideal era um conceito chave para análise social. O tipo ideal é um recurso metodológico em que o autor construiu modelos típicos baseados em generalizações e que servem de apoio para estudar várias realidades. Nádia Raquel Rodrigues 1700723 9 Preparação para P-fólio de Introdução às Ciências socias 2017/18 Se para Durkheim os factos sociais são estudados como coisas, para Weber não, para este autor os factos sociais têm que ser estudados como acontecimentos que o cientista percebe e tenta explicar, sem nunca fazer juízos de valor. Juízos de valor ≠ Juízos de facto Enquanto juízos de facto são meramente descritivos e correspondem à verdade dos factos, juízos de valor indicam como devemos avaliar as coisas, revelando-se parcialmente normativos. Para Weber, a sociologia interessa-se pela compreensão e interpretação das ações sociais, concebendo assim a sociologia como uma ciência interpretativa, em que o objeto de estudo é a ação social, e esta deverá ser compreendida pelo sentido que lhe atribuem os atores sociais. Por ação compreende-se um comportamento, então, por ação social, compreende-se um comportamento ou conjunto de comportamentos referente ou dirigido a outros. O individuo é um agente social e dá sentido à sua ação, esse sentido pode ser compreendido através da análise do motivo que desencadeou a ação, nunca dos efeitos,pois os efeitos nem sempre são controláveis. Para Weber existem 4 tipos de ação: ação racional nos propósitos – escolha dos meios adequados para um fim; ação racional com respeito a valor – escolha dos meios mais adequados para atingir um fim que é um valor, podendo ser ético, religioso, politico, estético, etc; ação afetiva ou emocional – ação não racional, inspirada por emoções imediatas como ex vingança, ação segue um impulso; a ação tradicional, também não racional, pois o agente cumpre hábitos e costumes porque é o que sempre foi feito. O autor analisou as formas de domínio, considerando que o conceito de domínio se refere ao exercício de poder em que um agente social obedece a uma ordem dada por outrem. Considerou 3 tipos de domínio, sendo eles o tradicional – crenças, regras e poderes á muito estabelecidos; legal – individuo que detém autoridade; carismático – qualidade que caracteriza uma personalidade individual, considerando-a extraordinária. Para Weber a emergência da sociedade moderna foi acompanhada por importantes mudanças nos padrões de ação social. O desenvolvimento da ciência, da tecnologia e da burocracia foi designada por este autor por racionalização. A revolução industrial e emergência do capitalismo provaram uma maior tendência no sentido da racionalização. Diferenças entre Durkheim e Weber: Nádia Raquel Rodrigues 1700723 10 Preparação para P-fólio de Introdução às Ciências socias 2017/18 Durkheim desenvolveu o modelo explicativo: regras do método sociológico e a conceção de laços sociais, estabeleceu o método e definiu o objeto de estudo da sociologia, do ponto de vista positivista, e desenvolveu conceitos como: facto social, consciência coletiva, solidariedade mecânica e orgânica. Weber desenvolveu o modelo teórico compreensivo sobre a realidade social do seu tempo e tentou interpretar a ação social em busca de sentido e não só a explicação que se verificava na corrente explicativa. Através do estudo da natureza capitalista e das característica europeias, desenvolveu conceitos como subjetividade e objetividade, juízos de facto e juízos de valor, sociologia interpretativa e compreensiva e estatuto social. Tópico 6 O domínio das ciências sociais – unidade e pluralidade: Visão global sobre as ciências sociais – o centro de interesse das ciências sociais; Unidade e pluralidade das ciências sociais Contexto histórico, social e político presente no desenvolvimento das Ciências Sociais. Entre o sec. XIII e o sec. XIX a sociedade passou por grandes transformações, em que desapareceu a sociedade feudal e apareceram as sociedades capitalistas. Com a Revolução industrial surgiram evoluções tecnológicas, económicas e sociais, fazendo desparecer as sociedades tradicionais com a emergência de classes na sociedade como o proletariado. Através destes eventos os cientistas sociais tentaram procurar explicações para os fenómenos, e houve a necessidade de uma abordagem disciplinar polivalente da realidade humana e social, visto a complexidade que esta acartava, assim, desenvolveram-se várias ciências sociais, todas elas com interesse na mesma realidade, mas distinguindo-se pelos problemas que abordam, e pelos métodos e técnicas de investigação. “Todas as ciências perspetivam de forma diferente a ação humana” (Ana Pinheiro) Especificidade do social : Unidade e pluralidade O social é único e irredutível ao individuo. Embora existam vários tipos de abordagens, perspetivas, olhares e interpretações, realizados pelas várias ciências sociais, o social é um todo, inseparável e irredutível ao individuo, é uma soma complexa de elementos que tem o ser humano e a sua maneira de estar no mundo como elemento dinâmico predominante. O social é um todo, que inclui diferentes tipos de relacionamento e um conjunto de processos que tem o ser humano e a sua posição no mundo como elemento fundamental, realçando a importância das ações sociais e socialização. Entende-se por unidade das ciências sociais o facto de todas elas terem apenas um objeto de estudo –a realidade social humana. No entanto, cada uma das ciências sociais – demografia, sociologia, antropologia, Nádia Raquel Rodrigues 1700723 11 Preparação para P-fólio de Introdução às Ciências socias 2017/18 psicologia, etc – aborda e analisa de forma diferente os mesmos fenómenos sociais, adotando uma ótica de análise diferente, percebendo-se assim a pluralidade das ciências sociais. Adérito Sedas Nunes distinguiu 4 níveis da forma como se diferenciam as ciências umas das outras: os fins ou objetivos; a natureza dos problemas de investigação; critérios para selecionar variáveis relevantes e métodos e técnicas de pesquisa e interpretação teórica. Assim, a realidade social é uma realidade pluridimensional, que não pode ser analisada unicamente só pela perspetiva de uma ciência social, mas sim captada no seu todo, em todas as suas dimensões, tal como Marcel Mauss defendia: um facto social total, tem que ser investigado em toda a sua totalidade, em todas as suas dimensões. Nas ciências sociais todos os factos são factos sociais totais, passiveis de serem abordados, analisados e interpretados pela perspetiva de várias disciplinas, com o objetivo de o compreender na sua totalidade. Além das ciências sociais iniciais, com a evolução das investigações houve também necessidade de criar novas ciências sociais, subdisciplinas ou cruzamentos entre ciências, que têm como fim um objeto mais complexo, por exemplo: psicologia social, antropologia económica, ciência politica. Nas ciências sociais é importante o intercambio de saberes com vista à complementaridade do conhecimento, para melhor explicar os fenómenos sociais na sua totalidade, só através da interdisciplinaridade se consegue uma análise mais completa dos fenómenos sociais. Tópico 7 Visão global sobre as ciências sociais Algumas ciências sociais e subdisciplinas: Sociologia – estuda a sociedade a partir das relações entre seres humanos Psicologia – centra-se nas estruturas psíquicas gerais, estuda o comportamento e funções da mente Ramificação: psicologia social – estudo da interação social entre indivíduos e grupos Antropologia – estudo do homem e da humanidade Ramificação: Antropologia social – estudo do homem em contexto social Economia – estudo da atividade económica do homem Ramificação: antropologia económica – estudo da atividade económica em contexto de culturas diferentes Demografia – estudo dos movimentos humanos em termos de espaço, dinâmica populacional Ramificação: Demografia social - estuda a distribuição e organização das comunidades História – estuda o homem e a sua ação no tempo e no espaço Ramificação: psicologia histórica - entendimento da relatividade dos costumes e normas sociais e sua transformação através do tempo e espaço Nádia Raquel Rodrigues 1700723 12 Preparação para P-fólio de Introdução às Ciências socias 2017/18 Questões com critérios de correção De forma sucinta caracterize o processo de produção de conhecimento científico de acordo com a conceção avançada por Gaston Bachelard. Referir a teoria apresentada por Gaston Bachelard sobre o processo de produção de produção de conhecimento científico com a distinção de 3 etapas: - rutura com as evidências do senso comum; - construção do objeto de análise (desenvolvimento de teorias explicativas); - verificação –validade dessas teorias pelo confronto com a informação empírica. Esclarecer em que consiste cada uma das fases do conhecimento científico. · Salientar o carácter indissociável das 3 etapas de construção do conhecimento científico. · Acentuar a centralidade assumida pela construção teórica neste processo. · Referir a importância da relativização e da relacionação no processo de rutura. · Importância de questionar, problematizar demodo permanente os conhecimentos adquiridos. Nádia Raquel Rodrigues 1700723 13 Preparação para P-fólio de Introdução às Ciências socias 2017/18 Tendo em conta que a objetividade é primordial em ciências sociais, clarifique de que forma se procura atingir essa objetividade através do método científico. -Referir em que consiste a objetividade e a importância de definir as valorizações que podem condicionar as conceções teóricas e investigações práticas. - Procedimentos metodológicos a cumprir - as ciências orientam-se por um conjunto de regras e procedimentos estabelecidos sobre a forma de um método científico que deve acompanhar todo o processo desde a colocação das hipóteses de trabalho e no decorrer de todo o processo de investigação. - Discutir o carácter fluido e inconsistente da realidade social que apenas pode ser analisado pelo rigor metodológico. - Diferenciar o processo de estudo científico sobre a realidade social da própria realidade social. - Equacionar o facto de o investigador também ser parte integrante da realidade social. Uma das tarefas essenciais para isso é a identificação dos obstáculos e a progressão no sentido de fazer a rutura com o senso comum. - A ciência constrói-se contra o senso comum – obriga à construção de um novo código de leitura do real, assente no universo conceptual e da relação entre conceitos. Apresente uma breve definição de teoria em ciências sociais. Apresentar a definição de teoria: teoria ou matriz teórica pode ser entendida como o conjunto organizado de conceitos e relações entre conceitos substantivos, ou seja, referidos direta ou indiretamente ao real. Desenvolva o significado assumido pela expressão “problemática teórica”. - Configurar os contornos da noção de problemática teórica. A construção da teoria é fomentada pela colocação de questões, pela interrogação sobre determinados aspetos da realidade social. À teoria é atribuído o papel de comando do conjunto do trabalho científico que se traduz em articular os vários momentos: define o objeto de análise, confere à investigação, orientação e significado, constrói-lhe as potencialidades explicativas e define-lhe os limites. - Cada formação científica propõe um conjunto articulado de questões que é a problemática teórica, sendo o que delimita zonas de visibilidade, o ponto de partida das pesquisas (as teorias), que são os conhecimentos que cada uma das disciplinas científicas foi acumulando em termos de saber acumulado. Nádia Raquel Rodrigues 1700723 14 Preparação para P-fólio de Introdução às Ciências socias 2017/18 Enumere de forma sucinta as condições sócio-históricas que favoreceram o aparecimento e desenvolvimento das ciências sociais e indique alguns dos principais aspetos que permitem a distinção entre as ciências sociais. - Compreensão do que é a noção do social. As ciências sociais desenvolveram-se sobretudo pela conceção de que o social não é redutível ao individual. - Contribuição do desenvolvimento de outras ciências sobretudo da biologia e da física – a importância do método científico de análise e a sua tentativa de transposição para a análise do social. - Transformações económicas, demográficas, políticas e culturais - Industrialização, urbanização e crescimento populacional, revoluções liberais, movimentos sociais, novas instâncias e padrões de socialização. - As ciências sociais acompanham o desenvolvimento histórico e social das sociedades. - Cada uma das ciências sociais tem o seu próprio tempo de desenvolvimento, sendo possível distingui-las no que se refere aos objetos, processo de desenvolvimento, diferentes abordagens de acordo com as transformações sociais, etc. Caracterize em que consiste o fenómeno social total. - Apresentar a noção de fenómeno social total desenvolvida por Marcel Mauss – defende que o fenómeno social total é irredutível a uma única dimensão do real. Coloca em causa a divisão fictícia criada por cada uma das ciências sociais no tratamento do real. Ou seja, pretende introduzir a noção de que o real social é pluridimensional, suscetível de ser analisado de inúmeras maneiras diferentes, mas único, sem ser, redutível a uma só dimensão. - Referir a unicidade da realidade social – o facto social é único, as formas de abordar, de privilegiar determinados aspetos é que variam consoante os interesses que orientam as perspetivas em que se situa o investigador em ciências sociais. Refira em que consiste o processo de socialização e caracterize de forma sucinta os principais agentes de socialização e as transformações sociais que se podem observar ao longo das últimas décadas. - Enquadrar a noção de processo de socialização. - Discutir a socialização como processo complexo de aprendizagem social de integração nas unidades sociais a que o indivíduo adere de forma “automática” ou por sua decisão. Corresponde ao processo de interiorização de aprendizagem como ser um membro da sociedade em que se reside. Traduz-se em “assumir” como seu um mundo social em que Nádia Raquel Rodrigues 1700723 15 Preparação para P-fólio de Introdução às Ciências socias 2017/18 os outros já vivem antes de si. - Distinguir entre socialização primária e secundária. - Identificar os principais agentes de socialização: a família, a escola, grupos de pares, comunicação social, etc. Estes agentes têm sofrido alterações de configuração ao longo dos tempos: por exemplo, as famílias alteraram-se, tendo perdido o seu papel central na educação das crianças. Desde muito cedo, atualmente, as crianças são socializadas com outros elementos exteriores às famílias. Evidencie a importância da interdisciplinaridade entre as ciências sociais. Ilustre a sua reflexão com um exemplo. - Indicar em que consiste a noção de interdisciplinaridade. Embora privilegiando uma determinada instância da vida social, cada uma das ciências sociais tem como objetivo comum estudar a realidade social que é única. Apesar da sua unicidade, pode ser abordada de múltiplas formas. - Considerar a complexidade e a pluridimensionalidade dos comportamentos e experiências sociais, implica a interdependência e a complementaridade entre as ciências sociais, o intercâmbio de conhecimentos científicos, fundamentais para a descomplexificação do real no sentido de acesso à sua globalidade. Os autores das várias ciências sociais têm-se preocupado em explicar e compreender as sociedades em que se encontram inseridos. Realize uma comparação entre os principais contributos de Karl Marx e Émile Durkheim. - Identificar o objetivo visado pelos cientistas sociais. Os cientistas sociais têm procurado explicar e compreender a realidade social. Importa para esta análise ter em conta a contextualização social e histórica em que são desenvolvidas as teorias: visam explicar e compreender uma determinada sociedade num determinado tempo. - K. Marx concebe a organização da sociedade como resultante das relações de produção e toma as relações de classe como o objeto próprio da sociologia, enquanto que o maior contributo de É. Durkheim se situa na forma de conceber o próprio objeto de análise da sociedade: a procura da objetividade com a definição de facto social e as regras do método sociológico. Este último autor inaugura uma nova forma de analisar e explicar a realidade social. - Marx desenvolve a teoria do materialismo dialético, em que a história assenta num processo de criação, satisfação e recriação contínua das necessidades humanas. O desenvolvimento da sua teoria tem por base a denúncia das desigualdades sociais que o autor explica através das relações sociais de produção que determinam as relações entre Nádia Raquel Rodrigues 1700723 16 Preparação para P-fólio de Introdução às Ciências socias 2017/18 os indivíduos e a divisão do trabalho. - Durkheim preocupou-se em estabelecer um método e definiro objeto da sociologia e encontrar explicação para a organização social - iniciou a perspetiva de que o social apenas pode ser explicado recorrendo ao social, ou seja pela construção social através do corte epistemológico com o senso comum. “A noção de obstáculo epistemológico assenta numa perspetiva em que o conhecimento do real é uma luz que projeta sempre algumas sombras.” Comente tendo em conta os obstáculos epistemológicos existentes à produção de conhecimento científico em ciências sociais. - O conhecimento científico depara-se com alguns obstáculos epistemológicos como por exemplo, a familiaridade do investigador com o social, o senso comum, o etnocentrismo, a diferenciação entre o nós e os outros. - Necessidade de fazer a desconstrução de pré-noções que dificultam o desenvolvimento do raciocínio científico. O conhecimento que temos e que julgamos o mais correto não é mais do que uma leitura subjetiva do real, do nosso ponto de vista e que deve ser afastado ou questionado em ciências sociais. - Salientar a diversidade de pontos de vista sobre a realidade social. Perspetivar abordagens redutoras que não têm em conta a diversidade existente. Refira o significado da expressão “matriz disciplinar”. Apresente um exemplo. A matriz teórica de uma ciência é o conjunto de teorias, a organização de conceitos e relações entre conceitos substantivos, ou seja, referidos direta ou indiretamente ao real. Por exemplo, no caso da sociologia, a matriz teórica é o conjunto de noções sobre a realidade social, as relações sociais, as teorias clássicas e modernas que visam a explicação e a compreensão do social. O campo de estudo das ciências sociais distingue-se do campo de estudo de outras ciências. O que as distingue? A principal distinção é que o campo de análise das ciências sociais é o social, a realidade social, é a reflexão da sociedade sobre si própria o que não acontece com as ciências da natureza, cujo objeto de estudo não é intrínseco ao investigador. Indique algumas das principais diferenças entre as diversas ciências sociais. Identificar os elementos que distinguem as várias ciências sociais entre si: objetos, Nádia Raquel Rodrigues 1700723 17 Preparação para P-fólio de Introdução às Ciências socias 2017/18 perspetivas e metodologias de análise, processo de desenvolvimento, abordagem de acordo com as transformações sociais, etc. Indique o significado da expressão “unidade do social” e “pluralidade das ciências sociais”. Indicar em que consiste a unidade do social – significa que apenas existe uma realidade social que é objeto de todas as ciências sociais – todos os fenómenos são fenómenos sociais totais - Identificar em que consiste a pluralidade das ciências sociais – significa que cada uma delas tem uma forma específica de abordar e analisar os mesmos fenómenos sociais, ou seja, cada uma adota uma ótica de análise diferente que no caso das ciências nomotéticas se distinguem em quatro níveis: Os fins e objetivos que comandam a investigação, aquilo que interessa explicarem; A natureza condicionada por esses fins, dos problemas de investigação que os investigadores defendem como sendo aqueles sobre os quais a pesquisa deve incidir; Os critérios usados para selecionar as variáveis relevantes; Os métodos e técnicas de pesquisa empírica e de interpretação teórica. Adérito Sedas Nunes defende que o que “muda em cada uma das ciências sociais é o centro de “interesse” da investigação que difere de disciplina para disciplina”. Clarifique o sentido dado pelo autor a esta afirmação. - Identificar os fatores que permitem a definição do centro de interesse: fins ou objetivos prosseguidos por cada ciência que determinam a definição de distintos problemas de investigação o que leva à seleção de diferentes variáveis relevantes para o estudo de determinados problemas sociais e será essa seleção que conduz à opção por determinado método ou técnica, ou seja, são os que se revelam mais adequados para trabalhar com as variáveis selecionadas. Por esta lógica, cada ciência distingue-se de todas as outras porque a forma de perspetivar determinado fenómeno social difere segundo a ciência social de suporte. - Apresentar os aspetos de diferenciação entre as ciências sociais: relativamente aos fins e objetivos, a natureza de cada uma, os critérios subjacentes e os métodos e técnicas adotados por cada uma. - Apresentar exemplos de “centro de interesse”, por exemplo da sociologia ou da antropologia. Nádia Raquel Rodrigues 1700723 18 Preparação para P-fólio de Introdução às Ciências socias 2017/18 Esclareça em que consiste o significado de “socialização bem sucedida”. - Indicar a importância da socialização primária e secundária para a aprendizagem de papéis sociais; - Processo de interiorização de normas sociais. Cada um interpreta de uma forma singular mas condicionada pelas regras sociais da sociedade em que está inserido. - Equacionar como se processa a conformidade às normas sociais. Uma “socialização bem sucedida” significa que o indivíduo interiorizou plenamente as normas sociais da sociedade em que se está inserido e as sente como suas, como se fossem “naturais”. Elabore um pequeno texto sobre o significado da expressão “explicação do social pelo social”. Para a elaboração deste trabalho, fundamente-se nos vários autores estudados. - Elaborar uma reflexão sobre o significado da frase “explicação do social pelo social”: A reflexão sobre esta frase pode ter diferentes abordagens, sendo possível recorrer a quase toda a matéria da unidade curricular, desde que devidamente fundamentada e justificada, Algumas referências ou tópicos que podem /devem ser consideradas: - A discussão sobre a objetividade nas ciências sociais: - A noção de que a realidade social é uma construção elaborada pelos cientistas sociais. - Que esse conhecimento deve ser produzido tendo por base os pressupostos do método científico. - Os fenómenos sociais devem ser explicados pela análise de outros factos sociais é uma noção que remonta aos autores clássicos das ciências sociais, tendo sido o contributo de Durkheim o que mais impacto teve em termos de produção de conhecimento sociológico, sobretudo, pela implementação dos “regras do método sociológico”. - Perspetiva de Max Weber advoga a compreensão da interpretação da causalidade social assente na noção de sentido subjetivo da ação. - Para ilustrar o raciocínio, pode-se recorrer às noções de socialização, papel social, etc., à classificação das sociedades desenvolvida por Durkheim tendo por base a noção de laço social e de consciência coletiva ou o estudo de Weber sobre a Ética protestante e o espírito do capitalismo em que relaciona os efeitos da religião dominante numa determinada sociedade sobre as formas de organização social, permitindo o maior ou menor desenvolvimento do modelo capitalista. Podem ser aceites outros exemplos desde que adequados e devidamente justificados.
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