Buscar

Projetos Sociais

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 92 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 92 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 92 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Projetos Sociais
Universidade do Sul de Santa Catarina
UnisulVirtual
Palhoça, 2015
Universidade do Sul de Santa Catarina
Projetos 
sociais
Créditos
Universidade do Sul de Santa Catarina – Unisul
Reitor
Sebastião Salésio Herdt
Vice-Reitor
Mauri Luiz Heerdt
Pró-Reitor de Ensino, de Pesquisa e de Extensão
Mauri Luiz Heerdt
Pró-Reitor de Desenvolvimento Institucional
Luciano Rodrigues Marcelino
Pró-Reitor de Operações e Serviços Acadêmicos
Valter Alves Schmitz Neto
Diretor do Campus Universitário de Tubarão
Heitor Wensing Júnior
Diretor do Campus Universitário da Grande Florianópolis
Hércules Nunes de Araújo
Diretor do Campus Universitário UnisulVirtual
Fabiano Ceretta
Campus Universitário UnisulVirtual
Diretor
Fabiano Ceretta
Unidade de Articulação Acadêmica (UnA) – Ciências Sociais, Direito, Negócios e Serviços
Amanda Pizzolo (coordenadora)
Unidade de Articulação Acadêmica (UnA) – Educação, Humanidades e Artes
Felipe Felisbino (coordenador)
Unidade de Articulação Acadêmica (UnA) – Produção, Construção e Agroindústria
Anelise Leal Vieira Cubas (coordenadora)
Unidade de Articulação Acadêmica (UnA) – Saúde e Bem-estar Social
Aureo dos Santos (coordenador)
Gerente de Operações e Serviços Acadêmicos 
Moacir Heerdt
Gerente de Ensino, Pesquisa e Extensão
Roberto Iunskovski
Gerente de Desenho, Desenvolvimento e Produção de Recursos Didáticos 
Márcia Loch
Gerente de Prospecção Mercadológica 
Eliza Bianchini Dallanhol
Livro didático
UnisulVirtual
Palhoça, 2015
Designer instrucional
Marina Melhado Gomes da Silva
Projetos 
sociais
Walery Luci da Silva Maciel
Livro Didático
Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Universitária da Unisul
Copyright © 
UnisulVirtual 2015
Professor conteudista
Walery Luci da Silva Maciel
Designer instrucional
Marina Melhado Gomes da Silva
Projeto gráfico e capa
Equipe UnisulVirtual
Diagramador(a)
Noêmia Mesquita
Revisor(a)
Diane Dal Mago
ISBN
978-85-7817-875-8
e-ISBN
978-85-7817-874-1
Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida por 
qualquer meio sem a prévia autorização desta instituição.
361.25
M14 Maciel, Walery Luci da Silva
Projetos sociais : livro didático / Walery Luci da Silva Maciel ; 
designer instrucional Marina Melhado Gomes da Silva. – Palhoça: 
UnisulVirtual, 2015.
 91 p. : il. ; 28 cm.
Inclui bibliografia.
ISBN 978-85-7817-875-8
e-ISBN 978-85-7817-874-1
1. Política social 2. Serviço social – Administração – Brasil. 3. 
Ação social. I. Silva, Marina Melhado Gomes da. II. Título.
Sumário
Introdução | 7
Capítulo 1
Projetos sociais: mitos e fatos | 9
Capítulo 2
Elaborando projetos sociais | 23
Capítulo 3
Sustentabilidade dos projetos sociais | 41
Capítulo 4
A gestão do projeto social | 61
Considerações Finais | 85
Referências | 87
Sobre a Professora Conteudista | 91
Introdução
Caro(a) estudante,
Estamos iniciando com você mais uma Unidade de Aprendizagem, tendo como 
tema de estudo projetos sociais.
Os projetos sociais, sua elaboração, execução, gestão, avaliação e 
monitoramento constituem campo de ação e reflexão do assistente social em 
sua atuação profissional, tanto na esfera pública quanto na privada. Dessa 
forma, deve constituir objeto permanente de estudo e pesquisa, tendo em vista o 
aprimoramento e a excelência dessa ação. 
A complexidade das questões sociais com as quais trabalhamos diariamente 
constitui um desafio tanto para seu entendimento quanto para a busca de 
soluções. Sabemos que a compreensão dessas questões só é possível por meio 
do cruzamento de diferentes olhares, perspectivas e saberes, o que envolve 
pesquisa, estudo e ação multidisciplinar. Dentro dessa perspectiva, os projetos 
sociais surgem como uma ferramenta de grande relevância, à medida que 
permitem a ação coletiva, a construção a partir de diferentes olhares e a gestão 
conjunta e partilhada. 
Veremos que, como toda ferramenta de intervenção, os projetos sociais 
apresentam possibilidades e limites. Para compreendê-los, vamos iniciar 
nosso estudo buscando entender o que são projetos sociais, os mitos e fatos 
que rondam sua prática. Avançaremos refletindo sobre sua elaboração, sua 
sustentabilidade; encerrando, será debatido acerca de sua gestão, para o que 
tomaremos conhecimento de algumas metodologias. 
Sugerimos que você estude com empenho, pois o tema é interessante e de 
extrema relevância a sua formação profissional. Para tanto, leia os textos com 
atenção, explore os exercícios e demais ferramentas de aprendizagem que estão 
a sua disposição, reflita, questione, critique. Vamos construir juntos(as) mais essa 
etapa, em direção da consecução de seu projeto profissional. 
Bons estudos!
Professora Walery. 
9
Habilidades
Seções de estudo
Capítulo 1
Projetos sociais: mitos e fatos
Seção 1: O que é um projeto social 
Seção 2: Os projetos no cotidiano da gestão social
Neste capítulo, dialogaremos com o(a) estudante, 
abordando o que é um projeto social, os mitos e 
fatos que perpassam sua elaboração, gestão e 
avaliação, bem como enfocaremos a sua relevância 
no cotidiano das organizações. Com este conteúdo, 
o(a) estudante desenvolverá habilidades baseadas 
na compreensão a respeito do que é um projeto 
social e sua importância para sua práxis profissional.
10
Capítulo 1 
Seção 1
O que é um projeto social
Um projeto (social) nasce de uma ideia de um desejo ou interesse 
de realizar algo, ideia que toma forma, se estrutura e se expressa 
através de um esquema (lógico), o qual, no entanto, é apenas 
esboço(sempre) provisório, já que sua implementação exige 
constante aprendizado e reformulação. (ARMANI, 2004, p. 18).
Quando nos referimos a um projeto de forma genérica, estamos nos reportando 
a algo que se espera alcançar em uma situação futura, algo a ser construído; 
estamos, portanto, falando de sonho, visão, desejo de realizar alguma coisa para 
mudar uma determinada situação. Quando tratamos de projetos sociais não é 
diferente, pois seu conceito e conteúdo sempre irão tratar de sonhos, esperanças, 
desejos de mudança. O diferencial é o de estarmos lidando, prioritariamente, com 
ideias e aspirações coletivas, voltadas para a construção do bem comum.
Antes de iniciarmos nosso estudo para o entendimento do que seja o projeto 
social, precisamos situá-lo dentro da lógica de planejamento, lógica essa 
que opera tanto na gestão das organizações públicas, quanto na gestão das 
organizações do terceiro setor.
Segundo Armani (2004), os projetos não acontecem de forma isolada; eles fazem 
parte de um processo de tomada de decisão que compreende três níveis de 
formulação: o nível dos grandes objetivos e eixos estratégicos de ação, a política 
(que em nosso estudo trataremos como planos); o nível intermediário em que os 
planos são traduzidos em linhas mestras de ações temáticas, os programas; por 
fim, o nível das ações concretas, demarcadas em tempo e espaço, os projetos. 
De acordo com Baptista (2002), a planificação acontece logo após a tomada de 
decisão, tendo como alvo a busca de soluções para uma determinada realidade, 
para o que serão ordenadas as ações então necessárias. “Estas decisões 
são explicitadas, sistematizadas, interpretadas e detalhadas em documentos 
que representam graus crescentes de níveis de decisão: planos, programas e 
projetos”. (BAPTISTA, 2002, p. 97). 
1.1 Planos
Os planos, conforme Cury (2001), fornecem um referencial teórico e político, bem 
como as estratégias que permitirão a elaboração dos programas e projetos. No 
plano, os problemas são selecionados e concentrados em áreas de interesses, 
para as quais serão elaborados posteriormente os programas e projetos. 
11
Projetos Sociais 
Para Cohen e Franco (2000), um plano concentra a soma de programas que 
buscam objetivos comuns, dispondo as ações programáticas em uma sequência 
temporal conforme sua racionalidade técnica e suas prioridades de atendimento. 
De acordo com Baptista (2002), o plano esboça as decisões de caráter geral do 
sistema, suas linhas políticas e estratégicas. Alémdisso, define responsabilidades, 
sendo um marco de referência para elaboração dos programas e projetos 
específicos, zelando pela coerência interna da organização, e também pela 
externa, no que concerne a sua relação com o contexto com o qual se relaciona. 
1.2 Programas 
Quando nos referimos aos programas, de acordo com Cohen e Franco (2000), 
estamos falando de um conjunto de projetos que buscam o mesmo objetivo. 
Segundo os autores, o programa estabelece as prioridades de intervenção, 
identificando e ordenando os projetos, definindo o âmbito institucional e alocando 
os recursos que serão necessários. Corroborando com esse pensamento, Tenório 
(1999) afirma que o programa agrupa projetos que se assemelham em termos de 
objetivos e áreas de atuação. 
Para Baptista (2002), o programa é basicamente um desdobramento do plano, 
com projeções mais detalhadas a partir de informações mais específicas com 
relação aos diferentes níveis e modalidades de intervenção. Para a autora, não 
se trata apenas de junção de vários projetos, pois pressupõe a coerência e a 
vinculação entre esses. 
Segundo Cury (2001, p. 41), 
o programa é o aprofundamento do plano, o detalhamento 
por setor das políticas e diretrizes do plano. Podemos 
definir um programa como um conjunto de projetos que 
buscam os mesmos objetivos. Ele estabelece as prioridades 
nas intervenções, ordena os projetos e aloca os recursos 
setorialmente.
Os planos e os programas organizam e sistematizam as ações, de forma que, em 
relação ao tempo, os planos são elaborados para execução entre 1 a 20 anos, e 
os programas entre 1 a 5 anos. Quanto à abrangência, os planos são definidos 
no nível das estratégias; já os programas, partindo das estratégias que definem 
as linhas programáticas para a ação, portanto, são demarcados no nível tático. 
Dentro dessa cadeia de tomada de decisão, chegamos, finalmente, aos projetos, 
os quais passamos a estudar agora.
12
Capítulo 1 
1.3 Projetos 
Como nascem os projetos sociais? O que motiva pessoas, grupos, movimentos e 
organizações a empreenderem em projetos sociais? A resposta a essas questões 
podem ser encontradas nas diversas conceituações em torno do tema. De 
acordo com Stephanou (2003, p. 11): 
Os projetos sociais nascem do desejo de mudar uma realidade. 
Os projetos são pontes entre o desejo e a realidade. São ações 
estruturadas e intencionais, de um grupo ou organização social, 
que partem da reflexão e do diagnóstico sobre uma determinada 
problemática e buscam contribuir, em alguma medida, para “um 
outro mundo possível”. 
Os projetos consistem na materialização dos sonhos, da expectativa, do 
atendimento do que está sendo demandado. Bomfim (2004, p. 61) compreende 
projeto como “um conjunto de hipóteses acerca de uma situação problemática 
e das estratégias de solução, de forma que o futuro seja diferente da situação 
presente”. Para Tenório (1999), Cohen e Franco (2000) e Kelling (2002), um projeto 
concentra um trabalho, ou conjunto de atividades inter-relacionadas, a serem 
realizadas com prazo determinado, em um esforço temporário, contando com 
recursos preestabelecidos, tendo em vista o alcance de objetivos específicos. 
Os projetos podem apresentar diferentes formas e tamanhos. Alguns são de 
curta duração e dispendem de recursos mínimos; outros, de médio e longo prazo, 
exigem maior volume de recursos, e uma estrutura (física, humana, administrativa) 
mais complexa para sua realização. De acordo com Kelling (2002), os projetos 
têm com características comuns: são empreendimentos independentes com 
propósitos e objetivos distintos e de duração limitada. Podem contar, ainda, com 
data para início e fim, recursos e estrutura administrativa própria. 
De acordo com Baptista (2002), o projeto é o documento que sistematiza e 
ordena o desenho prévio da operação de uma série de ações, consistindo na 
unidade elementar do processo sistemático de racionalização de decisões. 
Segundo a autora, é o instrumental mais próximo da execução, trazendo em 
seu conteúdo o detalhe das atividades a serem desenvolvidas, os prazos para 
execução e a definição dos recursos necessários a sua execução. Com esse 
pensamento, corrobora Cury (2001, p. 41) quando afirma que 
um projeto é um empreendimento planejado que consiste num 
conjunto de atividades inter-relacionadas e coordenadas para 
alcançar objetivos específicos dentro dos limites de um orçamento 
e de um período de tempo dados. é a unidade mais específica 
e delimitada dentro da lógica do planejamento, é a unidade mais 
operativa de ação, o instrumental mais próximo da execução.
13
Projetos Sociais 
De acordo com Armani (2004), a grande utilidade dos projetos está no fato de 
eles possibilitarem a prática de planos e programas sob a forma de unidades 
de intervenção concreta. Complementa o autor: “os projetos ainda são a melhor 
solução para organizar ações sociais uma vez que eles “capturam” a realidade 
complexa em pequenas partes, tornando-as mais compreensíveis, planejáveis e 
manejáveis”. (2004, p. 18).
Dentro desse pensamento, Stephanou (2003) afirma que os projetos sociais 
não são realizações isoladas; dessa forma, não mudam a realidade sozinhos, 
pois estão sempre em interação por meio de diferentes modalidades de relação 
com planos e programas, numa visão mais abrangente da questão social, seja 
no âmbito público ou no terceiro setor. Assim, “projetos sociais não existem 
a partir de si mesmos. Em geral, são construídos a partir de organizações 
que têm intervenções sociais de maior amplitude do que os próprios projetos” 
(STEPHANOU, 2003, p. 25). 
Cabe ainda ressaltar que o projeto é muito mais que um documento organizado 
para ser encaminhado na busca de apoio financeiro: ele é um conjunto de 
possibilidades em torno de uma situação problema e das estratégias para 
sua solução, visando à mudança futura de uma determinada realidade. Dessa 
forma, segundo Bomfim (2004), os projetos apresentam uma dimensão política 
e científica: política, pois demandam de decisão para o alcance de uma 
solução; e científica, pois acontecem a partir de uma metodologia que envolve o 
conhecimento e a intervenção de forma intencional e planejada.
Seção 2
Os projetos no cotidiano da gestão social
“Projeto é o lado pragmático da crença de que podemos construir o 
futuro de acordo com o que desejamos. Mas será que podemos, de fato, 
construir o futuro?” (BOMFIM, 2004, p. 59).
A execução de projetos como parte da concretização do que foi planejado nos 
planos e programas, tanto no contexto da esfera pública quanto no terceiro setor, 
isto é, na gestão social, envolve algumas questões que precisam ser conhecidas 
e observadas para que esses alcancem os resultados desejados, observados 
seus limites e possibilidades, o que é característico a todas as ferramentas de 
planejamento e gestão. 
14
Capítulo 1 
2.1 O porquê dos projetos sociais
Como mencionamos anteriormente, os projetos sociais nascem do desejo 
de mudar uma determinada realidade, constituindo-se como pontes entre a 
realidade vivida e a desejada. Mais que isso: os projetos também constituem a 
possibilidade de expressão e participação no que é público e coletivo, e esse fato 
se dá em um momento de profundas e marcantes transformações das relações 
entre o público e o privado, passando a constituir uma importante ferramenta de 
gestão utilizada tanto pelo Estado quanto pela sociedade civil organizada. 
De acordo com Stephanou (2003), o entendimento da importância dos 
projetos sociais, na atual conjuntura, demanda da percepção das mudanças 
ocorridas nas últimas décadas, tanto na esfera estatal quanto na sociedade 
civil. A implementação das políticas públicas passaram a acontecer de formas 
alternativas a partir da democratização em aspectos fundamentais da intervenção 
do Estado na sociedade, o que pode ser observado pelo estabelecimento das 
eleições livres e diretas, descentralização, maior comunicação e controle social, 
criação e implementação de instrumentosde governança que permitem maior 
visibilidade, inauguração de novas formas de participação na elaboração das 
políticas públicas e de seus orçamentos. Tudo isso é viabilizado por meio de 
instrumentos como: conselhos de direitos, orçamentos participativos, estatutos 
de cidadania, fóruns, entre outros. 
Concomitantemente, a sociedade civil, independente de sua heterogeneidade, 
vem se fortalecendo e desenvolvendo novas formas de organizações, que 
possibilitam o protagonismo na ação social, passando a atuar de forma direta 
nas questões sociais, como também participando ativamente na elaboração de 
políticas públicas.
Diferente de uma concepção assistencial, os projetos sociais se 
inscrevem num horizonte de construção de direitos e afirmação 
cidadã. Sua ênfase é a noção de justiça social, o que somente 
pode ser alcançado através da participação e do exercício da 
cidadania. (STEPHANOU, 2003. p. 25).
2.2 O lugar dos projetos sociais
Qual o lugar que os projetos sociais adquirem dentro deste novo contexto de 
relações entre o estado e sociedade civil? De acordo com Stephanou (2003), os 
projetos sociais atuam como uma ferramenta capaz de delimitar a ação social, 
possibilitando uma avaliação contínua do que está sendo realizado e apontando 
para novas direções, quando isso se faz necessário. 
15
Projetos Sociais 
Quando se trata do estabelecimento de novas relações, continua o autor, os 
projetos sociais possibilitam a associação de diferentes agentes, estatais e da 
sociedade civil, de forma ágil, dispensando a criação formal de novos órgãos 
para a execução de ações comuns em torno de problemas que precisam de 
rápida e eficiente solução. 
O projeto social facilita o estabelecimento de parcerias entre 
atores sociais que, embora não compartilhem a mesma visão em 
termos de política global, estão dispostos a agir conjuntamente 
em intervenções delimitadas (parcerias inter-governos que 
possuem programas diferenciados; parcerias entre órgãos 
públicos e a iniciativa privada, organizações comunitárias, ONGs 
etc. (STEPHANOU, 2003.p.16).
Ações deste tipo mobilizam mais gente para participar, 
promovem parcerias e motivam o grupo participante, facilitando a 
administração mais racional e transparente dos recursos. É o que 
chamamos de eficiência (ARMANI, 2004, p. 19).
Os projetos sociais permitem o estabelecimento de relações transparentes, nas 
quais são definidos os compromissos e responsabilidades de cada ator social 
envolvido com a ação. Dentro desse contexto, um novo paradigma surge na 
ação social, que busca maior racionalidade nos desempenhos e resultados, bem 
como inaugura novos instrumentos que deem conta dessas novas exigências. 
Esse novo paradigma é o que Cury (2001) denomina de compromisso ético, em 
que predomina a otimização de recursos, o controle e avaliação de resultados, a 
clareza nos compromissos e responsabilidades, os quais não têm um fim em si 
mesmo, mas passam a ser expressão das exigências trazidas nessa nova forma 
de gestão das questões sociais.
No que diz respeito ao protagonismo do Estado e da sociedade civil em torno 
das questões e ações sociais, os projetos sociais proporcionam ao Estado 
uma nova forma de execução das políticas públicas, e para a sociedade civil 
possibilitam experiências inovadoras, o enraizamento ou renovação de políticas 
públicas, o fortalecimento da democracia e o empoderamento da sociedade civil. 
(STEPHANOU, 2003; CURY, 2001). 
Ações sociais planejadas e estruturadas favorecem a 
participação efetiva de todos os setores envolvidos com a ação, 
especialmente aqueles que serão beneficiados, na medida em 
que exige objetivos, metas e critérios de avaliação bastante 
claros. Surge então, espaço para expressões de interesses e 
visões diferentes e de negociação e construção de consensos, 
assim como o fortalecimento do protagonismo dos setores 
excluídos. A esse processo chamamos de empoderamento (ou 
“empowerment”). (ARMANI, 2004. p. 19)
16
Capítulo 1 
2.3 O perfil das organizações e a execução dos projetos sociais 
Quando se trata da elaboração e execução de projetos no âmbito das 
organizações do terceiro setor, faz-se necessária uma reflexão em torno do perfil 
destas organizações, seus elementos culturais e organizacionais, seu estilo de 
pensar e agir. Para que a elaboração e execução de projetos não seja uma 
ação isolada dentro do contexto de uma organização, ou seja, algo temporal, 
fortuito, visando unicamente ao atendimento de interesses de financiadores ou a 
alavancagem temporária de recursos, a instituição precisa desenvolver e manter 
em sua cultura alguns elementos, os quais, juntos, contribuem não só para o 
êxito do projeto, como também para o seu sucesso como um todo. 
De acordo com Armani (2004), alguns elementos são fundamentais para que uma 
organização obtenha eficácia com seus projetos. Vejamos:
 • Flexibilidade e aprendizagem institucional: É imprescindível 
que a organização provoque, entre todos os envolvidos com seu 
trabalho, uma atitude crítica e que resulte num processo constante 
de reflexão, visando ao aprendizado e experimentação coletiva com 
a prática social. Para tanto, segundo o autor, é fundamental que o 
estilo e a cultura de gestão estejam baseados em: 
a) Uma prática de reflexão crítica, de aprendizado e de 
investigação permanentes;
b) Uma estrutura organizacional que permita diferentes formas de 
participação de todos os envolvidos;
c) Flexibilidade para experimentar, adaptar, inovar, de forma que 
os instrumentos metodológicos de gestão do projeto, tais como 
objetivos, resultados, indicadores, entre outros, não se tornem 
em elementos que venham “engessar” a organização. 
 • Planejamento estratégico institucional: Uma organização que 
orienta suas ações por meio do planejamento estratégico trabalha 
como mais possibilidade de alcançar êxito em seus projetos, pois 
o planejamento estratégico possibilita a criação de uma sólida 
base em termos de análise e conhecimento do contexto onde a 
organização atua, bem como o conhecimento de suas forças e 
fraquezas, das viabilidades e riscos das diferentes alternativas 
de ação, permitindo o estabelecimento de um marco estratégico 
orientador de suas ações. Dentro desse contexto, os projetos se 
caracterizam como uma expressão do plano estratégico, pois “já 
nascem com certo grau de maturação, a partir da interseção de uma 
boa análise de contexto com a visão estratégica de organização” 
(ARMANI, 2004, p. 27).
17
Projetos Sociais 
 • Participação: A participação de todos os envolvidos com 
a organização e seus projetos, equipe gestora e executora, 
apoiadores, público alvo, é de extrema relevância para que 
se alcancem os fins propostos. Armani (2004) destaca que a 
participação do público alvo ou cidadão beneficiário do projeto na 
sua gestão pode ser considerada um fim em si mesmo, uma vez 
que não podem ser considerados resultados positivos aqueles que 
acontecem sem que haja o devido envolvimento e participação 
dos potenciais beneficiários das ações do projeto. Para tanto, 
são necessárias as construções de consensos, a realização do 
planejamento participativo em todos os níveis da organização e do 
projeto, a definição e distribuição de papéis e responsabilidades 
entre todos os envolvidos e o estabelecimento de uma atitude 
dialógica que permita espaços de debate de reflexão. Nesse sentido, 
conclui o autor:
Talvez a contribuição mais relevante do elemento participação 
no desenvolvimento de projetos sociais seja o questionamento 
da visão tradicional segundo a qual apenas a organização que 
promove e projeto pode definir os termos e julgar seus resultados 
sociais. Se a participação de beneficiários e de outros atores 
dá-se de forma efetiva, ela fará com que os parâmetros de 
condução e de avaliação de um empreendimento social dêem-se 
pela construção coletiva a partir das várias visões e interesses de 
todos os atores envolvidos e não por apenas uma entidade de 
forma exclusiva. (ARMANI, 2004, p. 29).Dentro dessa perspectiva de participação, Baptista (2002, p. 34), ao analisar o 
papel do planejador, afirma, 
O profissional precisa, de partida, se preparar para a interlocução 
com esses sujeitos, conhecer suas representações, seus 
sistemas de valores, suas noções e práticas, os quais são de 
certa forma instrumentadores e orientadores de suas percepções, 
e da elaboração de suas respostas. 
Dessa forma, concluímos que a participação precisa estar inserida na cultura 
e na estrutura da organização como elemento facilitador para a construção 
de relações horizontalizadas, que permitam a expressão das expectativas e 
demandas de todos os envolvidos com e na organização e seus projetos.
18
Capítulo 1 
2.4 Articulação de projetos sociais 
De acordo com Stephanou (2003), os projetos se articulam a partir de redes de 
relacionamentos. Isso significa que os diferentes atores que protagonizam os 
projetos conversam entre si. 
O termo rede “sugere a ideia de articulação, conexão, vínculos, ações 
complementares, relações horizontais entre parceiros, interdependência de 
serviços para garantir a integralidade da atenção aos segmentos sociais 
vulnerabilizados ou em situação de risco social e pessoal” (BOURGUIGNON, 2001, 
p. 4). Estamos nos referindo a um conjunto integrado de profissionais de diversas 
áreas, organizações governamentais e não governamentais, que partilham 
informações e ideias na gestão e execução de serviços e programas que priorizam 
o atendimento integral ao cidadão, em situação de risco e vulnerabilidade social, 
na visão da garantia e vivência de direitos. Na rede são criados espaços de 
trabalho onde as práticas de cooperação constituem um meio para encontrar 
saídas e soluções para a intervenção na realidade social complexa.
A partir dessa perspectiva, o trabalho em rede exige grande sintonia com a 
realidade local, com uma sociedade civil fortalecida e organizada, com uma 
cultura de organização social capaz de mobilizar-se e de atuar participativamente 
na administração pública. Resgata-se, então, o papel das organizações do 
terceiro setor, as quais precisam ter definidos seus objetivos e propósitos, tendo 
bem esclarecida a noção de que seus planos e projetos de atuação não poderão 
dar conta de todas as problemáticas sociais das quais serão demandadas. Ao 
Estado, dentro da visão do trabalho em rede, caberá sempre a responsabilidade 
pela formulação e execução das políticas sociais, visto que as organizações 
serão parceiras e nunca responsáveis por essas políticas.
De acordo com Cury (2001), as redes constituem instrumentos eficazes na 
mobilização de diferentes agentes para ações coletivas nos espaços públicos, 
fortalecendo as organizações por meio da troca de experiências e capacitações. 
Também possibilitam que essas organizações invistam na capacidade relacional, 
permitindo o acesso a novos conhecimentos e informações, condição 
fundamental para o trabalho social e o desenvolvimento de projetos. 
19
Projetos Sociais 
Conforme Stephanou (2003), nenhuma organização pode esperar obter apoio aos 
seus projetos a partir de relações fortuitas e ocasionais, ou a partir unicamente 
do conhecimento da realidade onde atua, ou do valor da causa defendia ou da 
solução pretendida. A busca de parceria ou outras formas de apoio, de acordo 
com o autor, está associada a três níveis de articulação:
a. Apoio e fomento: Neste nível acontece a articulação com 
grandes doadores ou financiadores individuais, agências de 
cooperação, bancos, fundos governamentais, fundo de empresas 
privadas, organismos e igrejas, entre outros. Neste nível se obtém 
apoio financeiro em menor escala, suporte para capacitação e 
treinamento de recursos humanos.
b. Mediações: Neste nível o projeto se articula com outras 
organizações, governamentais ou não governamentais, associações 
sociais ou comunitárias, organismos públicos de abrangência local 
ou regional. São obtidos recursos financeiros, ou estabelecidas 
parcerias para o desenvolvimento de projetos de interesse comum. 
A mediação acontece observando-se as afinidades entre as 
organizações, a similaridade de suas missões, além dos objetivos e 
ideologias que sejam comuns. 
c. Gestão local: Neste nível, o projeto vai se articular com a 
população beneficiária das ações e dos recursos então alocados, 
uma articulação que acontece com os grupos de base e com 
lideranças locais, atores importantes para o desenvolvimento 
do projeto, pois nenhum projeto avança sem o apoio e a adesão 
local. Para tal, é importante a leitura da realidade social e o 
conhecimento da cultura local, além da percepção acurada das 
situações de vulnerabilidade social, econômica, das carências e 
das potencialidades da população envolvida, assuntos a serem 
enfocados na realização do diagnóstico, um dos temas a serem 
tratados em nosso próximo capítulo de estudo.
Para concluir, conheça, no quadro a seguir, alguns dos mitos e fatos em torno dos 
projetos sociais nas organizações, para entender as dificuldades na implantação 
desse tipo de projeto em sua prática profissional. 
20
Capítulo 1 
Quadro 2.1 – Mitos e fatos em torno dos projetos sociais
Mitos Fatos
1. Os projetos sociais configuram como 
uma grande saída para os problemas 
financeiros da organização, pois têm a 
capacidade de alavancarem recursos de 
forma rápida e eficiente. 
Os projetos sociais configuram como uma 
ferramenta que têm prazo, duração, e 
recursos pré-definidos, estão voltados para 
problemas, situações pontuais no contexto 
da organização, diferem de seus serviços 
e ações de caráter permanente, para os 
quais os gestores devem prover os recursos 
necessários ao custeio. 
2. Basta escrever o projeto que os 
recursos já estão disponíveis. 
Vimos que a elaboração de projetos e sua 
posterior execução não podem acontecer 
de forma isolada. Devem fazer parte de um 
processo de articulação para que se obtenha 
êxito na mobilização dos recursos. Os 
recursos estão disponíveis para entidades e 
projetos que se articulam. 
3. Se a causa é boa, tudo vai dar certo e 
o apoio será alcançado. 
A obtenção de apoio a um projeto vai muito 
além do valor ou mérito da causa abraçada 
ou da solução que se busca. O apoio será 
alcançado a partir do nível e da qualidade das 
relações estabelecidas, bem como dos tipos 
de articulação construídas em seu entorno. 
4. Se há disponibilidade de um recurso 
ou o acesso a um determinado 
financiador, a organização deve elaborar 
um projeto e encaminhá-lo, não deixando 
passar a oportunidade.
A presença dos projetos no cotidiano de 
uma organização deve fazer parte do seu 
processo de planejamento, acontecendo 
de forma planificada, atendendo demandas 
percebidas, refletidas e discutidas com todos 
os envolvidos, não obedecendo a modismo, 
ofertas esporádicas, descoladas de seu 
cotidiano. 
5. Se a ideia, o sonho, surgiu no contexto 
da organização, ela poderá executar o 
projeto de forma isolada, pois o que vale 
é sua percepção e conhecimento da 
realidade onde atua. 
Por mais importante que seja o profundo 
conhecimento de uma causa ou realidade, a 
execução dos projetos sempre irá depender 
da capacidade da organização de se 
relacionar e de construir de forma articulada 
e conjunta as soluções desejadas. 
Fonte: Cury (2001), Stephanou (2003), Armani (2004). 
21
Projetos Sociais 
A intervenção profissional do assistente social, seja em organizações públicas ou 
do terceiro setor ou nos movimentos sociais, deve acontecer embasada na visão 
da complexidade que permeia esses contextos sociais, os quais apresentam 
diferenciados problemas, desafios, expectativas, necessidades e demandas, 
cuja solução precisa ser construída de forma debatida, articulada, negociada. 
Portanto, não existem soluções ou fórmulas mágicas, instantâneas, que possam 
produzir resultados significativos e duradouros. A elaboração e execução de 
projetos sociais precisa ser entendida a partir dessa visão, entendendo seus 
limites e possibilidades,para que resultem em construções e conquistas 
consequentes e permanentes. 
23
Habilidades
Seções de estudo
Capítulo 2
Elaborando projetos sociais
Seção 1: Ciclo de vida de um projeto social 
Seção 2: Viabilidade
Seção 3: Diagnóstico
Seção 4: Roteiro: escrevendo o projeto social 
Neste capítulo, estaremos aprofundando o estudo 
em torno dos projetos sociais, agora enfocando 
assuntos como sua viabilidade, diagnóstico, e o 
roteiro de elaboração. Ao finalizar este capítulo, 
o(a) estudante estará apto a realizar um estudo 
de viabilidade, bem como um diagnóstico, tendo 
subsídios que permitirão a elaboração de um 
projeto por meio do roteiro então desenvolvido.
24
Capítulo 2 
Seção 1
Ciclo de vida de um projeto social 
Um projeto não começa nem termina na elaboração de sua 
proposta. Há um caminho a ser percorrido. Em geral, no início, há 
um conjunto de idéias e desejos (mais ou menos vagas) a respeito 
de alguns objetivos ou do que se quer fazer. Estas idéias provêm 
do trabalho que o grupo já realiza ou de algum problema em vias 
de transformar-se em demanda (STEPHANOU, 2003, p. 41).
De acordo com CEPAL (1997), Keelling (2002) e Stephanou (2003), todo projeto 
social passa por uma série de fases ou etapas, que vão desde sua concepção 
até sua conclusão, sendo que nessas são encontradas necessidades e 
características próprias. Cada uma das etapas está associada a um conjunto de 
estudos que são necessários para conhecer e avaliar diversas características 
do projeto. À medida que as etapas são vencidas, maiores informações são 
adquiridas, diminuindo, dessa forma, o risco de implementação de um projeto 
que não atenda as demandas. Para Keelling, “a compreensão do ciclo de vida 
é importante para o sucesso na gestão de projetos, porque acontecimentos 
significativos ocorrem em progressão lógica e cada fase deve ser devidamente 
planejada e administrada” (2002, p. 13).
Neste sentido, CEPAL (1997), Stephanou (2003) e Armani (2004) identificam como 
partes do ciclo de vida de um projeto as seguintes etapas ou fases:
 • Fase da identificação: Entre o problema e a elaboração 
propriamente dita do projeto, existe um período de consultas e 
estudos preliminares em que se buscam informações sobre as 
questões mais importantes Nessa fase acontece a identificação 
da oportunidade da intervenção, delimitando-se seu objeto e seu 
âmbito. É a fase do diagnóstico e do reconhecimento dos limites 
institucionais, que devem ser levados em conta. Nessa fase, 
também, verifica-se a viabilidade técnica, política e financeira, que 
irão determinar, por fim, a sustentabilidade da ideia.
 • Fase da elaboração: Armani (2004) define como constituintes 
dessa fase: a formulação do objetivo do projeto, a proposição dos 
resultados imediatos, a indicação das atividades e ações, a análise 
lógica da intervenção, a identificação dos fatores de risco, a definição 
dos indicadores, seus meios de verificação e procedimentos de 
monitoramento e avaliação, a análise da sustentação lógica do 
projeto, a montagem do plano operacional, a determinação dos 
custos e da viabilidade financeira e, por fim, sua redação. 
25
Projetos Sociais 
De acordo com Stephanou (2003), o trabalho de redação fica 
sob a responsabilidade de um pequeno núcleo de trabalho com 
representação dos envolvidos com e no projeto social. 
 • Fase da aprovação: Considerando que a busca pelos recursos é 
o que permitirá a execução do projeto, deve, portanto, acontecer 
desde seu início, sendo aquela fase em que se têm aprovados e 
garantidos os recursos para sua implementação.
Com uma proposta redigida, fica mais fácil estabelecer contatos 
e articular parcerias ou apoios. Mesmo que ainda existam pontos 
obscuros ou idéias imprecisas, qualquer interlocutor sempre terá 
mais segurança em apoiar o projeto se conseguir visualizá-lo no 
papel. Por isso, o esforço para a articulação de um projeto ocorre 
após sua formulação. Na maioria das vezes, as articulações 
implicarão em mudanças no que já havia sido escrito. E isso é 
muito positivo. (STEPHANOU, 2003, p. 41). 
 • Fase de implementação: É a fase mais complexa de todo o ciclo, 
pois este é o momento do desenvolvimento das atividades e da 
utilização dos recursos, tendo como alvo o alcance dos resultados 
e objetivos estipulados. Na realidade, a implementação do projeto é 
um processo constante de pensar e repensar as ações, resultados 
e indicadores que se pretende alcançar. Significa estabelecer 
processos de monitoramento e avaliação, bem como um contínuo 
esforço de articulação e mobilização de recursos em torno dos 
objetivos do projeto.
 • Fase da avaliação: Corresponde ao momento em que se 
questionam os resultados e os impactos de todos os esforços e 
recursos envolvidos. Diferente da avaliação contínua, que acontece 
ao longo da implementação, essa acontece em espaços maiores de 
tempo, normalmente em períodos marcantes ao longo do projeto, 
como, por exemplo, ao final de cada ano. Dessa forma, a conclusão 
de um projeto pressupõe uma avaliação final seguida pela 
elaboração de relatórios, que apontem os resultados e ou impactos 
alcançados com suas ações. 
 • Fase de replanejamento: Tendo como base as conclusões da 
avaliação, no replanejamento buscam-se rever objetivos, resultados, 
premissas, fatores de risco. Enfim, é a hora de planejar novamente 
a partir do aprendizado adquirido até então. De acordo com 
Stephanou (2003), a conclusão de um projeto nem sempre é o 
seu fim, pois podem surgir outras ideias ou desafios que acabem 
gerando novos projetos, que, por sua vez, podem ser replicados em 
outros lugares, e assim o ciclo se retroalimenta. 
26
Capítulo 2 
Seção 2
Viabilidade 
Refletir sobre a viabilidade e interrogar-se sobre as possibilidades 
de realização da ação sem problemas, e sobre as possibilidades 
de que estas se mantenham quando a ajuda e os apoios findarem. 
É também perguntar-se, se os resultados esperados justificam os 
esforços e os investimentos previstos. (BEAUDOUX, 1993, p. 42).
O estudo de viabilidade dentro do processo de elaboração do projeto social, 
conforme citação acima, demonstra o cuidado que deve antecipar qualquer 
tomada de decisão ou ação. Lembrando que os projetos sociais caracterizam-
se por tratarem da construção de direitos e afirmação cidadã, num universo que 
envolve recursos, pessoas, organizações públicas e sociais, a realização das 
ações planejadas deverão ter seus resultados atestados por meio de relações e 
da prestação de contas transparentes. 
De acordo com Keelling (2002), o estudo de viabilidade é um dos passos mais 
importantes para o êxito no desenvolvimento do projeto; porém, na maioria das 
vezes, é negligenciado e ou subutilizado. Segundo o autor, se conduzido e realizado 
adequadamente, esse estudo torna-se o fundamento sobre o qual definições 
importantes no escopo do projeto, tais como seus objetivos e sua justificativa, 
podem ser estabelecidas, dando ao processo maior segurança e confiabilidade.
Para Stephanou (2003), os aspectos a serem considerados para a verificação da 
viabilidade de um projeto social dependem muito da sua natureza e do contexto 
onde será realizado. O autor, de maneira ampla, identifica esses aspectos a partir 
de dois agrupamentos: aspectos econômicos e socais. 
Os aspectos econômicos dizem respeito à capacidade da organização, e, 
consequentemente, do projeto, de alavancarem os recursos necessários a sua 
implementação. Para tanto, o estudo de viabilidade deve:
a. Realizar o levantamento prévio do tipo e da quantidade de recursos 
que serão necessários;
b. Considerar as fontes financiadoras e suas políticas de ação, 
modalidades de financiamento - fundo perdido, linhas de crédito, 
subsídios, empréstimos, incentivo fiscal, as formas de acesso - 
editais públicos, fluxo contínuo, concursos, contato direto;
c. Demonstrar que o projeto é economicamente viável e que os recursos 
a serem empregados são qualitativa e quantitativamente justificáveis;
27
Projetos Sociaisd. Prever a continuidade das parcerias por meio do estabelecimento 
de um processo de comunicação entre todos os envolvidos 
com o projeto – entidade, financiadores, público beneficiário - 
compatibilizando as urgências e prioridades das demandas com 
critérios e mecanismos de transparência.
e. Prever o apoio além do acordo financeiro, envolvendo, também, 
apoio técnico, político, além do compromisso mútuo com os 
objetivos e resultados das ações empreendidas. 
Quanto aos aspectos sociais do estudo de viabilidade, o autor afirma que esses 
devem envolver:
a. Em nível local, o apoio e adesão das instituições que atuam junto 
aos grupos sociais alcançados pelo projeto social, considerando que 
esse apoio é fundamental para a criação e manutenção de canais 
de comunicação e relacionamento entre os envolvidos “a fim de que 
as propostas ganhem sustentação, criando-se uma conjunção de 
esforços na mesma direção” (STEPHANOU, 2003, p. 37);
b. A participação ativa da população, visando ao fortalecimento da 
cidadania e ao enraizamento da proposta junto aos grupos sociais 
aos quais ela deseja alcançar, tornando-os agentes ativos em todo 
o processo de elaboração, execução e avaliação do projeto social.
c. O respeito e o reconhecimento aos saberes e representações 
próprios da cultura da população envolvida, não impondo código 
de valores e condutas, preservando, assim, a dimensão cultural da 
vida social, condição necessária para que as mudanças ocorram 
dentro de uma relação de horizontalidade e aceitação.
De acordo com Beaudeaux (1993) e Tenório (2002), o estudo de viabilidade parte 
de interrogações que envolvem a exequibilidade do projeto, sua capacidade de 
continuidade, além da justificativa entre ação e resultados. O autores, de forma 
mais detalhada, identificam as seguintes dimensões que devem constar do 
estudo de viabilidade. São elas:
a. Viabilidade técnica: deve prever se, do ponto de vista técnico, 
as ações são realizáveis e se podem ser exitosas, observando, 
também, se a população ou grupo beneficiário poderá se apropriar 
dessas técnicas. Trata de “ verificar se as tecnologias escolhidas 
serão adequadas quanto à relação: recursos aplicados e resultados 
possíveis de serem alcançados”. (TENÓRIO, 2002, p. 21). 
28
Capítulo 2 
b. Viabilidade organizacional: nessa dimensão, o estudo deverá 
responder questões ligadas à capacidade da organização na 
gestão do projeto, de forma abrangente e conclusiva, bem como 
a capacidade dos financiadores em aportar os recursos de acordo 
com as necessidades programadas. Segundo Armani (2004), trata 
de verificar se a organização promotora e os demais apoiadores 
detêm os recursos técnicos e a capacidade operacional adequada 
ao que está sendo planejado. 
c. Viabilidade política: segundo Beaudeaux (1993), esse estudo é 
de extrema importância e deve apontar o quanto e de que forma 
a organização e o projeto se relacionam com as políticas públicas 
e com o contexto político local. Para Armani (2004), o estudo da 
viabilidade política deve indicar até que ponto a iniciativa encontrará 
a adesão e o apoio da população beneficiária e dos membros da 
organização promotora. 
d. Viabilidade econômica: de acordo com Tenório (2002), o estudo da 
viabilidade econômica irá verificar qual a contribuição que o projeto 
dará para a população beneficiária como um todo, isto é, trata da 
combinação entre os recursos envolvidos no projeto e os resultados 
alcançados. Deve, portanto, responder à questão: as atividades 
previstas estão consolidadas em um equilíbrio econômico, 
observadas as regras de estabilidade entre despesas e receitas? 
e. Viabilidade financeira: quanto à viabilidade financeira, Beaudeaux 
(1993) ressalta que essa diz respeito ao fluxo de recursos, tanto de 
entrada quanto de saída, necessários ao programa de desembolso 
e de realização do projeto, devendo ser também analisados com 
precisão os fatores condicionantes à obtenção dos recursos e sua 
posterior utilização. 
f. Viabilidade ambiental: a preocupação com o meio ambiente deve 
estar presente em todos os projetos que podem afetar de forma 
direta ou indireta o equilíbrio ecológico, observando seus resultados 
no médio e longo prazo, e as consequências do projeto para o meio 
ambiente. 
g. Viabilidade social e cultural: para Tenório (2002), a viabilidade 
social e cultural diz respeito ao equilíbrio que deve existir entre 
as ações pretendidas e aos saberes e demandas dos grupos 
envolvidos com o projeto. O autor afirma que “é quando se faz o 
estudo de viabilidade social que serão verificadas as consequências 
sociais que surgirão em decorrência dos investimentos realizados 
pelo projeto” (TENÓRIO, 2002, p. 26). 
29
Projetos Sociais 
A coleta das informações que se faz necessária para a consecução do estudo 
de viabilidade deve acontecer a partir do levantamento de material bibliográfico 
acerca do tema/foco do projeto, dos dados de pesquisas e estudos, da análise 
de indicadores sociais e do amplo e constante debate entre todos os envolvidos 
com e na organização e, consequentemente, com o projeto. A possibilidade 
de êxito de um projeto está diretamente ligada ao nível de estudo e pesquisa 
empreendidos para a realização do seu estudo de viabilidade. Por outro lado, o 
estudo de viabilidade permite que a organização atue de forma estratégica, com 
a implementação de projetos bem elaborados, agregando qualidade e avanços às 
conquistas sociais pretendidas.
Seção 3
Diagnóstico
O diagnóstico pode, portanto, ser definido “como o 
aprofundamento das dinâmicas de mudança, potencialidades e 
obstáculos de uma determinada situação, sendo um processo 
permanente e sempre participado, pelo que está sempre 
inacabado. No entanto, vai tendo intensidades diferentes sendo 
inevitavelmente mais aprofundado –e mais extenso- na fase 
inicial de lançamento de um projecto e de definição do seu 
desenho para um horizonte determinado.” (MTS/SEEF, 1999, pp. 
6.2-6.3 apud Santos, 2012, p.5).
A partir do momento em que se identifica a necessidade e oportunidade de uma 
intervenção, objeto do projeto social, e é analisada a sua viabilidade, ainda na fase 
de identificação, os trabalhos avançam na direção de aprofundar o conhecimento 
da problemática em questão, e isso se dá por meio do diagnóstico. 
O diagnóstico, dentro do processo de elaboração do projeto social, tem a função 
de verificar as hipóteses que originaram o projeto, permitindo o aprofundamento 
das indagações levantadas no estudo de viabilidade e o avanço no conhecimento 
de todas as questões que envolvem a problemática e o projeto. 
Para Beaudeaux (1993), é um risco omitir tão importante etapa de conhecimento 
do meio em que se dá o projeto. Recomenda o autor que não se deve passar às 
fases mais operacionais de montagem, como busca de apoios e de execução, 
antes de metodicamente confrontar todas as hipóteses iniciais com a realidade 
concreta, possibilitando a identificação de fatores negativos e de potencialidades 
de todo o contexto. 
30
Capítulo 2 
Armani (2004) chama a atenção para o fato de que o diagnóstico não 
é neutro, pois sua condução e estrutura estão permeados pela visão 
político-ideológico de todos os que estão envolvidos no processo, o que irá 
influenciar todas as definições referentes à situação problema e às demais 
hipóteses preliminares estabelecidas anteriormente. 
A partir do diagnóstico, o projeto avança, pois as informações levantadas irão 
permitir a formulação dos objetivos, estratégias, resultados e ações. Essa é uma 
fase de extrema importância no ciclo de elaboração do projeto social, e deve 
acontecer a partir de uma atitude investigativa e participativa. 
De acordo com Stephanou (2003), investigar significa buscar conhecer os 
atores envolvidos no projeto, o que os interessa, suas motivações, relações, 
diferenças e divergências. Significa, também, envolvê-los ativamente na produção 
do conhecimento a respeito da realidade em que vivem, reconhecendo-se 
dentro deste processo. Poressa razão, recomenda o autor, “é necessário que 
os diversos grupos sociais sejam envolvidos na identificação dos problemas 
existentes, na definição de prioridades, na formulação de estratégias de ação e 
nos exercícios de avaliação” (2003, p.30).
A ideia da participação e reforçada por Tenório (1990, p. 163) quando afirma:
O que se precisa entender é que participar é fazer política e esta 
depende das relações de poder percebidas. Que participar é uma 
prática social na qual os interlocutores detêm conhecimentos que, 
apesar de diferentes, devem ser integrados. Que o conhecimento 
não pertence somente a quem passou pelo processo de educação 
formal, ele é inerente a todo ser humano. Que se uma pessoa é 
capaz de pensar sua experiência, ela também é capaz de produzir 
conhecimento. Que participar é repensar o seu saber em confronto 
com outros saberes. Participar é fazer com e não para.
No que é complementado por Cury (2001, p. 43) quando este autor afirma:
É preciso garantir que, independentemente do método 
utilizado, todos os atores envolvidos no projeto participem do 
processo, com seus conhecimentos específicos, com suas 
práticas diferenciadas e suas diferentes leituras da realidade 
(...). Assim, um dos aspectos fundamentais nesse momento 
é compreendermos essas diferentes visões de mundo, os 
diferentes interesses e desejos manifestos.
31
Projetos Sociais 
A mobilização de todos os envolvidos com a organização e com o projeto 
requer empenho por parte de quem o coordena. Para essa tarefa, existem várias 
metodologias participativas eficientes na realização de pesquisas, identificação de 
atores e levantamento de recursos, que colaboram com o processo de condução e 
elaboração do projeto social. Estamos falando de pesquisa participante, pesquisa-
ação, técnicas de construção de matriz de planejamento como o marco lógico, 
planejamento estratégico e técnicas de avaliação a partir de grupos de discussão.
Se você desejar conhecer um pouco mais sobre o assunto, sugerimos a leitura dos 
seguintes livros:
BROSE, Markus. Metodologia participativa: uma introdução a 29 instrumentos. 
Porto Alegre: Tomo Editorial, 2001.
MACIEL, Walery Luci da Silva. Gestão social: planejamento e avaliação: livro 
didático. Palhoça: UnisulVirtual, 2014. 
Para Armani (2004), o diagnóstico deve permitir:
 • Uma visão da situação inicial dos potenciais beneficiários por 
meio do levantamento detalhado de dados e informações que 
demonstrem suas condições de vida. Essas informações subsidiaram 
o monitoramento ao longo do projeto e suas avaliações finais. 
 • A identificação das dinâmicas sócio-políticas, culturais e 
econômicas captadas na situação problema.
 • A percepção e avaliação de todas as iniciativas similares já em 
andamento, na esfera pública ou privada.
 • A identificação das percepções, experiências, e o que esperam os 
potenciais beneficiários em relação à situação problema.
 • O engajamento de todos os envolvidos sejam cidadãos beneficiários 
ou equipe da organização promotora.
 • A pesquisa bibliográfica sobre o tema, considerando o ponto de 
vista teórico e as experiências já registradas. 
32
Capítulo 2 
De acordo com Cury (2001, p.44), o diagnóstico deve envolver as seguintes 
questões:
Quais as informações necessárias para que isso possa se 
realizar a contento? Quem são e como pensam os atores nessa 
realidade? Quais seus desejos e necessidades? Quais os 
problemas, suas causas e seus efeitos? Quais são os valores da 
equipe do projeto? Eles coincidem? Quais as características e as 
competências da equipe? Ou seja, analisar o contexto significa 
não só analisar a realidade externa ao projeto, mas também a sua 
dinâmica interna, criando uma base para a avaliação final, bem 
como identificar as situações que possam limitar ou potencializar 
o alcance dos resultados do projeto.
Por sua vez, Santos (2012) afirma que o diagnóstico tem, como finalidades, 
documentar o estado da ação em face da problemática, identificar as questões 
mais relevantes por meio das quais serão formulados os objetivos e determinar a 
importância da problemática e suas principais causas.
Em se tratando da definição da problemática, Armani (2004) refere-se a ela como 
um dos momentos mais importantes do diagnóstico, pois se busca analisá-la 
como um processo social complexo, com múltiplas causas, e que deve finalizar 
com a identificação dos problemas mais relevantes para a compreensão da 
situação como um todo. 
O autor sugere como passos: 
 • Identificar as situações problemas ou desafios que melhor 
expressam a problemática em estudo;
 • Organizar os problemas/desafios de forma que eles se identifiquem 
por causa e efeito;
 • Após os dois passos anteriores, identificar um problema central, 
chave para mudar a situação problema, e que possa ser trabalhado 
pela ação do grupo que executa o projeto;
 • Elencar as principais causas do problema central identificado;
 • Definir as linhas de ação estratégicas relacionadas às causas 
principais, desde que sejam realizáveis pelo grupo promotor do 
projeto. De acordo com Armani, “tais linhas de ação podem vir a 
se tornar projetos específicos ou diferentes objetivos em um único 
projeto, ou ainda diferentes resultados de um mesmo projeto”. 
(2004, p. 46).
33
Projetos Sociais 
Nesse mesmo esforço de identificação da problemática, o Manual de formulação 
e avaliação de projetos sociais/Division de Desarrollo Social (CEPAL, 1997) sugere 
como perguntas orientadoras ao processo:
 • Existe um problema? 
 • Qual é o problema? 
 • Quais são os elementos essenciais do problema? 
 • A quem o problema afeta, ou seja, qual é a população alvo? 
 • Qual é a amplitude atual do problema e suas consequências? 
 • Quais são as informações relevantes acerca do problema para 
realização de um estudo conclusivo? 
 • Dispõe-se de uma visão clara e definida do contexto geográfico, 
econômico e social do problema? 
 • Quais são as principais dificuldades para enfrentar o problema?
Com base nos autores estudados, sugere-se a matriz abaixo como uma 
possibilidade para o registro dos resultados dos debates em torno da definição 
do problema central.
Quadro 2.1 - Matriz para definição do problema central
Situações Problema Causas Efeitos Problema Central Causas
Linhas Estratégicas 
de Ação
 Fonte: Adaptação de CEPAL (1997) e Armani (2004).
A partir dessas questões realizam-se os debates, reflexões e pesquisas por meio 
das quais acontece a construção coletiva e participativa de mais uma etapa no 
ciclo de vida do projeto social. Concluído o diagnóstico, o grupo promotor avança, 
então, para a fase seguinte, que é a elaboração do projeto social, cujo roteiro 
passamos a estudar na próxima seção. 
34
Capítulo 2 
Seção 4
Roteiro: escrevendo o projeto social
Assim, o documento escrito do projeto é a sistematização, a 
concretização de todo o processo de planejamento e um 
instrumento poderoso na captação de recursos, a qual, se 
não é o fim de nossa ação, é condição necessária para a sua 
viabilização. (CURY, 2001 ,p. 49)
Dos instrumentos de planejamento, o projeto é aquele que apresenta maior nível 
de detalhamento. Dessa forma, de acordo com Baptista (2002), para que esse 
alcance seus objetivos e seja capaz de alavancar os recursos necessários à 
sua execução, sua apresentação, independente da metodologia utilizada, deve 
priorizar os seguintes aspectos: 
 • Simplicidade e clareza na apresentação.
 • Disposição gráfica que permita fácil visualização.
 • Ilustrações simples e claras.
 • Objetividade e exatidão na transmissão das informações, nas 
terminologias e definições técnicas.
 • Descrição adequada de cada operação.
 • Descrição exaustiva e abrangente de todos os aspectos que 
envolvem a questão a que se destina.
 • Coerência e compatibilidade em todas as suas etapas e na sua 
relação com os demais níveis da programação.
 • Relação visível entre suas fases ou etapas, com o alcance 
dos resultados e dos objetivos preestabelecidos dentrodo 
organograma previsto.
No que diz respeito à metodologia, uma busca não exaustiva na literatura vai nos 
mostrar uma série de opções, desde as mais simples a outras mais elaboradas. 
A metodologia para elaboração de um projeto geralmente acompanha um roteiro 
predeterminado, que, por sua vez, tem sua definição a partir das necessidades 
ou exigências próprias da organização executora ou do órgão financiador. A 
redação de uma proposta significa seguir um roteiro básico de questões que 
devem ser respondidas.
Considerando a experiência desta autora e com base em Baptista (2002), Keelling 
(2002), Armani (2004), Cohen e Franco (2000), Cury (2001), Stephanou (2003) e 
CEPAL (1997), elencamos os componentes fundamentais para a redação de um 
projeto, sobre o que passamos a refletir nesta altura de nosso estudo.
35
Projetos Sociais 
4.1 Identificação da organização propositora e executora 
Devem constar, neste item, os dados que permitem identificar as organizações 
ou grupos envolvidos com o projeto, tais como: nome, endereço, registros fiscais, 
número de telefones, homepage, e-mail, dados acerca da diretoria, contato, 
responsável pela elaboração do projeto e responsável por sua execução. Nesse 
item é importante constar, também, algumas informações acerca da trajetória 
das organizações envolvidas, informações que ofereçam indicadores de sua 
experiência e qualificação na execução e gestão de projetos e ações sociais. 
4.2 Título do projeto 
Neste item, as recomendações são de que este deve ser claro, objetivo e que 
permita visualizar o que será realizado.
Neste item, as recomendações são de que este deve ser claro o objetivo do 
projeto, de forma que se consiga visualizar o que será realizado. Cury (2001) 
sugere que o título do projeto reflita a natureza do problema enfocado e tenha um 
impacto significativo em seu leitor. De acordo com Stephanou (2003, p. 48):
A escolha do título também merece atenção: ele será um 
elemento importante para o reconhecimento do projeto junto 
aos grupos sociais envolvidos. Sendo assim, é interessante que 
o projeto tenha um título sugestivo e com significado para a 
população envolvida e os possíveis apoiadores.(...) Quando bem 
escolhido, o título pode ajudar um projeto a se tornar referência 
para a população. Além disso, se o projeto for bem sucedido, seu 
nome torna-se uma “marca”, isto é, uma referência que garante 
créditos para quem propôs e para quem participou da ação. Isto 
pode facilitar para a obtenção de novos apoios e fazer daquela 
ação um caso exemplar a ser seguido por outros grupos sociais.
4.3 Justificativa
Na justificativa constam as informações quanto à necessidade do projeto, 
seus antecedentes, prioridades e alternativas. Realiza-se, também, a análise 
do contexto, a natureza do problema e, por fim, evidencia-se a viabilidade 
da proposta, enfatizando as parcerias existentes ou possíveis. A justificativa 
é considerada a defesa da proposta, devendo ser capaz de demonstrar 
e convencer aos leitores de que o projeto está embasado em uma visão 
consistente, tanto da problemática quanto dos caminhos para sua abordagem 
e intervenção. Deve demonstrar, ainda, que as organizações e ou grupos 
propositores apresentam as qualificações necessárias para executá-lo e que este 
é o momento adequado para sua execução. Complementa Cury (2001, p. 50):
36
Capítulo 2 
A justificativa deve expor seus argumentos, correlacionando as 
deficiências locais, necessidades e potencialidades descritas 
e analisadas com a alternativa de intervenção escolhida, 
demonstrando a relevância e a necessidade de realização 
do projeto, bem como sua capacidade de transformação da 
realidade analisada. 
4.4 Objetivo geral, objetivos específicos e metas 
A definição dos objetivos é um momento singular no processo de elaboração e 
redação do projeto social, pois é neste item que se expressa com exatidão o que 
efetivamente o grupo ou organização deseja fazer e onde quer chegar. Portanto, a 
definição dos objetivos deve acontecer de forma debatida e refletida, pois esses 
irão expressar a “alma do projeto”. A definição dos objetivos, tanto os gerais 
quanto os específicos, bem como das metas, deve ser feita de forma precisa e 
clara, demonstrando sua operacionalização. 
Propor um objetivo é expressar a intenção transformadora da proposta, isto é, a 
transformação que poderá ser monitorada e avaliada. Por essa razão, deve haver 
compatibilidade e complementaridade entre metas, objetivos e coerência desses, 
com a questão foco do projeto e com os seus efeitos sobre a situação problema.
De acordo com Cury (2001, p. 45), 
Não é fácil formular objetivos, mas sua elaboração e delimitação, 
sua clareza e legitimidade são fundamentais para o êxito de 
qualquer projeto, já que será em função dos objetivos traçados 
que todas as ações serão pensadas, executadas e avaliadas. 
 • Objetivo geral: De acordo com Keelling (2002), o objetivo geral é 
a pedra angular do projeto, pois ele define, em termos simples, o 
propósito do projeto e o que ele deve alcançar. Toda atividade 
gira em torno da consecução do objetivo geral, pois sua definição 
está diretamente ligada aos motivos pelos quais o projeto deve 
ser desenvolvido. De acordo com Armani (2004), o objetivo geral 
deixa claro a partir de qual perspectiva o projeto se desenvolverá, 
expressando seu impacto geral e indo além dos efeitos produzidos 
na população beneficiária ou organizações envolvidas. A definição 
do objetivo geral deve ser feita de forma clara, precisa, colocando 
a problemática em termos de ação positiva, o que servirá como um 
guia para a definição dos objetivos específicos e das metas. 
37
Projetos Sociais 
1. Objetivo não é atividade, é intenção, é onde o projeto deseja chegar. Deve ser 
descrito com clareza e precisão, utilizando-se os verbos no infinitivo.
2. Cada projeto tem um objetivo geral; se houver mais de um, temos então dois 
ou mais projetos.
 • Objetivos específicos: De acordo com Stephanou (2003) e Cury 
(2001), os objetivos específicos apontam para os resultados 
concretos do projeto, estando vinculados às ações e aos resultados 
que se deseja alcançar com sua consecução. Configuram como 
um desdobramento do objetivo geral, expressando diretamente os 
resultados esperados. Além disso, são o foco imediato do projeto, 
orientando diretamente nossas ações. Diferentemente do objetivo 
geral, os objetivos específicos dificilmente serão somente um, pois 
eles respondem a diferentes perguntas, como: Para que o projeto 
será implantado? Quais efeitos são esperados? 
Os objetivos específicos servirão de referencial para o dimensionamento 
do êxito ou fracasso do projeto, portanto, há que se ter cuidado quanto à 
quantidade a ser definida, lembrando que, a partir deles, serão demarcadas 
as metas e ações a serem efetuadas.
 • Metas: As metas configuram uma parte essencial do projeto, pois 
são nelas que os objetivos específicos se traduzem em ações e 
resultados. Pode-se dizer que elas completam a tarefa iniciada com 
a definição dos objetivos específicos, respondendo o que se quer de 
um projeto e onde se pretende chegar. As metas devem esclarecer 
a abrangência (espaço geográfico), o setor de intervenção, os 
resultados esperados e os prazos. As metas se definem em termos 
de quantidade, qualidade e tempo. Devem ser claras, precisas 
e realistas. Considera-se um projeto efetivo na medida em que 
consegue atingir as metas propostas a partir de seus objetivos 
específicos. As metas podem ser entendidas como objetivos com 
prazo, quantidade, qualidade e lugar definidos, respondendo de 
forma precisa as seguintes questões: Quando? Quanto? Como? 
Onde?
38
Capítulo 2 
4.5 Público-alvo
Esse item define aspectos diretamente relacionados à população beneficiária do 
projeto, isto é, quem, onde e qual o número de pessoas que serão alcançadas 
pelas ações propostas. Sua definição deve abordar características como: faixa 
etária, sexo, nível de escolaridade, situação socioeconômicae sociodemográfica, 
entre outras.
 Deve-se considerar que um projeto envolve populações de duas formas: 
direta e indireta. A população diretamente envolvida com o projeto é aquela 
que está relacionada a ele de forma concreta, participando de forma ativa da 
elaboração de suas ações, e que será atingida diretamente por seus resultados. 
Já a população indiretamente envolvida diz respeito àquelas pessoas que se 
relacionam com o projeto de maneira mais passiva, e que serão atingidas de 
forma mais distante e indireta, não participando ativamente de sua elaboração 
e implantação. Stephanou (2003) sugere que o público alvo direto deva ser 
quantificado e o indireto estimado. Desta forma:
Um bom projeto sempre estará preocupado em transformar uma 
parte do público indireto em população diretamente envolvida, 
aumentando seu alcance. Isso significa tentar ampliar os acordos, 
ampliar o raio de ação do projeto e articular políticas de alianças 
e estratégias de inclusão de outras questões sociais ou públicos 
existentes em seu local de atuação. (STEPHANOU, 2003, p. 59). 
4.6 Metodologia
Na metodologia será abordada a maneira de agir ou o modo como as ações 
serão feitas, envolvendo todos os passos da elaboração do projeto, seus 
processos, métodos, técnicas e instrumentos para a ação. Serão descritos os 
caminhos, procedimentos e maneiras pelas quais se pretende organizar, realizar e 
avaliar o projeto. Dessa forma, são explicitados os sistemas de coordenação, os 
métodos de avaliação e seus responsáveis. Deverão ser descritas com clareza e 
concisão as etapas necessárias, quais e como serão desenvolvidas as ações para 
o alcance dos objetivos e metas propostos. Cury (2001, p. 51) acrescenta que
deve-se relatar, resumidamente, o modelo teórico utilizado, 
explicitar as rotinas e as estratégias planejadas, as 
responsabilidades e compromissos assumidos, como o projeto 
vai se desenvolver, todos os envolvidos e o nível de participação/
responsabilidade de cada um.
39
Projetos Sociais 
4.7 Requisitos técnicos
A abordagem dos requisitos técnicos diz respeito à descrição e previsão de todos 
os recursos físicos, humanos, tecnológicos e financeiros, que serão necessários 
para a implementação do projeto, conforme descrito abaixo:
a. Recursos humanos: Lista-se o pessoal necessário, especificando 
função, nível de escolarização, nível de salários, forma de 
recrutamento e seleção, qualificação profissional, número e tipo 
de vinculação, quantidade de horas de trabalho e a previsão do 
programa de capacitação. 
 
Abordando sob outro aspecto, Stephanou (2003) diferencia a 
equipe direta e indiretamente envolvida com o projeto. Para o autor, 
equipe direta é aquela formada por entidades, grupos ou pessoas 
que executarão as ações, colocando a “mão na massa”; já a equipe 
indireta é formada por 
setores, grupos ou indivíduos que, embora ligados à equipe 
que executa o projeto, não participam necessariamente 
de forma direta das ações. São aqueles que trabalham na 
retaguarda, dando apoio, mantendo a infraestrutura necessária, 
acompanhando e/ou monitorando o desenvolvimento do projeto. 
(STEPHANOU, 2003, p. 69). 
b. Recursos materiais: Previsão dos materiais de consumo e 
permanentes, instalações e equipamentos que serão necessários.
c. Recursos tecnológicos: Previsão de todo aparato tecnológico 
necessário ao projeto, tais como computadores, mídias, softwares, 
entre outros.
d. Recursos financeiros: A previsão dos recursos financeiros 
necessários para a execução do projeto é definida em orçamento, 
onde constam: os valores das despesas (gastos) e receitas 
(entradas de dinheiro), as fontes de financiamento, os prazos para 
desembolso e a prestação de contas. Esse item será mais bem 
detalhado mais adiante neste livro. 
e. Parcerias e interfaces: Neste item, são relacionadas as parcerias 
e interfaces estabelecidas para a consecução do projeto, sejam 
as de ordem financeira, técnica, ou de outro gênero. Aqui também 
devem ser identificados os apoios externos, bem como quem 
executará o projeto. 
40
Capítulo 2 
Por interfaces entendem-se os órgãos da esfera pública (federal, estadual ou 
municipal), que poderão estar cedendo suas estruturas técnicas, humanas, 
administrativas, financeiras e de materiais, ao projeto. Por parceria entendem-se 
empresas e /ou entidades e/ou organizações que estejam apoiando o projeto.
Para Stephanou (2003), parceiros em um projeto são instituições ou pessoas 
que, embora participando diretamente das ações, não são os responsáveis pelos 
objetivos ou resultados. 
Os parceiros podem atuar diretamente junto à população 
envolvida no projeto, responsabilizando-se pela execução de 
algum aspecto de sua implementação, ou por ações que se dão 
em períodos temporalmente delimitados (consultorias, auxílios, 
avaliações), sem que sejam confundidos com a equipe que está 
implementando diretamente o projeto. (2003, p. 69). 
4.8 Sistema de controle e avaliação 
A descrição do sistema de controle e avaliação a ser adotado deve detalhar a 
metodologia, os indicadores, o prazo, os tipos de documentos, bem como a 
equipe responsável por sua elaboração. 
Com o projeto elaborado e sua redação finalizada, passa-se às próximas 
etapas, em que acontece seu encaminhamento na busca dos recursos previstos 
e necessários a sua implementação, posteriormente são definidas as ações 
necessárias a sua execução, assuntos que passamos a abordar na continuidade 
de nossos estudos. 
41
Seções de estudo
Habilidades
Capítulo 3
Sustentabilidade dos projetos 
sociais
Seção 1: Orçamento e mobilização de recursos 
para o projeto social 
Seção 2: Prestação de contas: transparência e 
equidade na aplicação dos recursos
Seção 3: Análise de riscos, resultados e impactos
Neste capítulo, estaremos estudando acerca da 
sustentabilidade do projeto social, o que envolve 
seu orçamento e a mobilização de recursos 
para sua efetivação; analisaremos como se dá a 
prestação de contas e, dentro da visão ampliada de 
sustentabilidade, estudaremos como se processa a 
análise de impactos, riscos e resultados. Ao finalizar 
este capítulo, o(a) estudante terá desenvolvido 
habilidades para administrar e captar recursos para 
organizações e projetos sociais.
42
Capítulo 3 
Seção 1
Orçamento e mobilização de recursos para o 
projeto social
Dando continuidade ao processo de elaboração do projeto social, seu 
planejamento e redação não estarão completos sem a inserção do seu 
orçamento. Esse item é de vital importância na gestão do projeto social como um 
todo, e é ferramenta fundamental para a mobilização de recursos, sua gestão e 
posterior prestação de contas.
A menção de termos como planejamento, orçamento, cronograma, muitas vezes 
criam certo antagonismo, remontado a estruturas e processos complicados; 
porém, se observarmos nosso dia a dia, veremos que constantemente estamos 
fazendo uso destas ferramentas, na maioria das vezes de forma inconsciente, 
mas necessária para que nossos projetos e atividades pessoais possam 
acontecer no curto, médio e longo prazo. Não é diferente quando se trata da 
gestão dos projetos sociais. No entanto, neste caso, usamos essas ferramentas 
de forma estruturada e fazendo uso de metodologias, que nos dão segurança 
quanto à obtenção dos resultados pactuados e desejados. Vejamos. 
1.1 Orçamento
Tendo como referência o projeto já elaborado, definidas suas atividades, tempo 
de execução e elencados todos os recursos, físicos, humanos, tecnológicos 
que serão necessários (conforme vimos no capítulo anterior), passa-se para o 
detalhamento do nível e tipo destes recursos sob a forma de orçamento. De 
acordo com Keelling (2002), a eficiência na provisão e gestão dos recursos 
é de fundamental importância para o êxito do empreendimento. Afirma o 
autor que os recursos são a energia vital do projeto, portanto, eles devem ser 
“cuidadosamente escolhidos, acuradamente especificados, e sua aquisição 
cuidadosamente planejada”(2002, p. 91). 
Para Souza (2001)e Stephanou (2003), o orçamento pode ser definido como a 
demonstração do plano de ação em valores monetários para um determinado 
período de tempo, sendo a materialização do projeto em suas dimensões 
econômicas. De acordo com Tenório (1999), como instrumento de planejamento 
e controle, o orçamento possibilita fazer previsões, estabelecer padrões, avaliar 
resultados, comparando o que foi previsto e o efetivamente realizado. 
Um bom orçamento deve ser claro, objetivo e bem detalhado, devendo 
apresentar todos os itens e subitens de despesas a partir de um cronograma de 
desembolsos ao longo do tempo de duração do projeto. 
43
Projetos Sociais
Segundo Stephanou (2003, p. 73), “é fundamental que o orçamento seja 
compatível com o conjunto do projeto, demonstrando uma relação de adequação 
entre as ações propostas, os itens de despesa e seus valores de mercado”. 
Para sua elaboração, Souza (2001) e Armani (2004) recomendam que sejam 
observados:
 • A determinação dos recursos humanos, materiais, e financeiros 
necessários às atividades planejadas;
 • O cálculo dos recursos humanos, materiais e financeiros 
necessários às atividades relacionadas à gestão do projeto;
 • O cálculo do custo total do projeto a partir dos gastos relativos a 
todos os recursos anteriormente indicados;
 • A indicação da contribuição, sob a forma de recursos, de cada 
grupo ou instituição envolvida com o projeto;
 • A quantificação de todas as contribuições locais (contrapartida), tais 
como trabalho voluntário, equipamentos, materiais, espaço físico, 
recursos financeiros.
 • A apresentação das receitas e despesas de forma detalhada, de 
maneira que permita um bom planejamento da execução e gestão 
financeira do projeto;
 • O equilíbrio entre despesas e receitas. 
Conforme mencionamos anteriormente, a organização do orçamento deve 
ser um trabalho detalhado e atencioso, sendo todos os itens verificados e 
calculados cuidadosamente. A entidade ou grupo deve elaborá-lo de forma mais 
abrangente possível, pois, além de garantir transparência na gestão e prestação 
de contas, ele servirá de base quando forem necessárias as adequações aos 
critérios de financiamentos das fontes ou apoiadores para os quais o projeto 
será encaminhado na busca de recursos. Esses critérios podem se diferenciar de 
várias formas: itens que não sejam financiáveis (muitas fontes financiadoras não 
destinam recursos para pagamento de pessoal permanente, por exemplo), tempo 
de apoio ao projeto (trienal, bienal etc.) e outras. Dessa forma, a entidade ou grupo, 
de posse de todas as definições, poderá aproximar sua proposta aos critérios das 
organizações ou agências que sejam potenciais apoiadoras de seu projeto social. 
De qualquer maneira, o detalhamento do orçamento é uma 
condição inegociável para garantir a transparência da proposta 
apresentada. A organização ou grupo, se for fiel a esta proposta 
(já considerando possíveis ajustes) estará consolidando uma 
marca de seriedade com o trato dos recursos e respeito 
aos apoiadores. Em outras palavras, confeccionar um bom 
orçamento é mais do que levantar números “que fecham”. 
(STEPHANOU, 2003, p. 74). 
44
Capítulo 3 
No que diz respeito à contrapartida, chamamos a atenção para sua relevância 
dentro do escopo do orçamento. Como contrapartida, devem ser considerados 
todos os recursos locais, próprios ou já contratados pela entidade ou grupo 
propositor, que estarão sendo empregados ou poderão ser mobilizados para a 
realização das atividades do projeto social. Devem ser considerados: recursos 
materiais, tais como espaços físicos e equipamentos; recursos humanos, como 
trabalho voluntário; doações em bens ou espécie; recursos tecnológicos; 
recursos provenientes de convênios etc. 
O cálculo do valor da contrapartida nem sempre é uma tarefa fácil, e geralmente 
acaba por ser esquecida ou relegada a segundo plano. No entanto, Stephanou 
alerta que 
nem sempre a contrapartida oferecida pelos proponentes pode 
ser contabilizada de forma precisa em termos monetários. Nesses 
casos, vale a pena acrescentar uma observação ao orçamento, 
onde conste a referência e uma breve descrição dos recursos que 
serão disponibilizados para o projeto (recursos humanos, materiais, 
tecnológicos etc.). No caso da participação de organismos ou 
instituições públicas, é importante que essa referência seja 
feita a fim de que o uso de recursos públicos nessas ações seja 
reconhecido e devidamente valorizado. (2003, p. 73). 
A contrapartida é uma forma da organização ou grupo demonstrar sua 
maturidade e credibilidade, bem como sua capacidade de mobilização e de 
posterior sustentabilidade do projeto. 
Conforme mencionamos anteriormente, o modelo de orçamento poderá oscilar 
conforme os critérios e especificidades de cada ente financiador, porém, a título 
de exemplo do que seria um orçamento transparente e de fácil acompanhamento, 
sugerimos o modelo abaixo, tendo como base as recomendações dos autores 
estudados e a experiência da autora na elaboração de projetos. 
45
Projetos Sociais
Quadro 3.1 - Modelo de orçamento 
N.º Item de despesa/ discriminação Contrapartida Outros parceiros A ser solicitado Total 
Recursos Materiais 
1. Material Didático
2. Material de Escritório
3. Equipamentos
4. Matéria-Prima / 
Material Permanente
5. Material de Consumo
6. Espaço físico 
7. Outros (ESPECIFICAR) ( * )
Sub-total recursos materiais
RECURSOS HUMANOS
8. Coordenação do Projeto
9. Equipe Técnica
9.1 - Profissionais Liberais
9.2 - Professores / Educadores
9.3 - Técnicos Especializados
9.4 - Assistentes
10 Outros (ESPECIFICAR) ( ** )
Sub-total recursos humanos 
MANUTENÇÃO 
11. Água/luz/telefone/combustível 
12. Taxas e Impostos 
13. Aluguel 
14. Outros (ESPECIFICAR) ( ***)
Sub-total manutenção 
COMUNICAÇÃO DO PROJETO 
15. Cartazes/folders/ 
16. Boletim informativo 
17. Manutenção site/blog 
18 Outros (ESPECIFICAR) ( ****)
Sub-total comunicação do projeto 
TOTAL GERAL 
TOTAL PARCEIROS+CONTRAPARTIDA
( * ) - Recursos Materiais - Item 7 - Outros - Especificar
( ** ) - Recursos Humanos - Item 10 - Outros – Especificar
( *** ) - Manutenção - Item 14 - Outras - Especificar:
(****) – Comunicação do projeto – Item 18 – Outros – Especificar 
Fonte: Elaboração da autora, 2015.
46
Capítulo 3 
Para que o trabalho em torno do orçamento seja completo e visando sua gestão, 
é recomendável a elaboração de um cronograma físico financeiro, ferramenta que 
permitirá o acompanhamento dos gastos em relação às atividades planejadas no 
período de tempo estabelecido. De acordo com Souza (2001, p. 127),
O acompanhamento do cronograma físico-financeiro permite 
compará-lo com o que foi realizado e medir os resultados dos 
trabalhos (cumprimento das atividades) relativamente aos recursos 
aplicados. Esse acompanhamento, além de possibilitar a obtenção 
de informações objetivas sobre o andamento do projeto, orienta 
as tomadas de decisão e aponta eventuais necessidades de agir 
corretivamente. O cronograma físico-financeiro constitui-se em 
instrumento fundamental na gestão dos recursos financeiros.
Para fazer esse acompanhamento sugerimos o modelo abaixo com base nos 
autores estudados e na experiência da autora em elaboração de projetos. 
Observamos ser esse um modelo simplificado, considerando o que geralmente 
é demandado para o acompanhamento de um projeto social de pouca 
complexidade em termos de atividades e de uso e gestão de recursos. 
Quadro 3.2 - Modelo de cronograma físico-financeiro
Item de despesa Mês 1 Mês 2 Mês 3 Mês 4 Mês 5 Acumulado
Recursos materiais
Recursos humanos 
Manutenção 
Comunicação do projeto
Sub-total 
Outras despesas 
Total geral 
Fonte: Elaboração da autora, 2015.
1.2 Fontes de financiamento
As fontes potenciais de financiamento de um projeto social podem ser públicas 
ou privadas, nacionais ou estrangeiras, locais ou regionais. Aos gestores do 
projeto social cabe o cuidado e a reflexão em torno da afinidade que deve existir 
entre

Outros materiais