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GUIA PRÁTICO PARA PROJETOS DE AQUICULTURA GUIA PRÁTICO PARA PROJETOS DE AQUICULTURA GOVERNO DO ESTADO DE SERGIPE 20102010 GOVERNO DE SERGIPE SECRETARIA DE ESTADO DO MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS HÍDRICOS SUPERINTENDÊNCIA DE RECURSOS HÍDRICOS ANA AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS Ministério do Meio Ambiente Ministério da Integração Nacional Outorga e Fiscalização dos recursos hídricos GOVERNO DO ESTADO DE SERGIPE SECRETARIA DE ESTADO DO MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS HÍDRICOS SUPERINTENDÊNCIA DE RECURSOS HÍDRICOS GUIA PRÁTICO PARA PROJETOS DE AQUICULTURA ARACAJU-SE SETEMBRO DE 2010 A outorga de direito de uso é um dos instrumentos da Política Nacional de Recursos Hídricos, disposta na Lei Federal n°. 9.433/97 e da Política Estadual de Recursos Hídricos, disposta na Lei Estadual n°. 3.870/97, e tem como objetivo o controle quantitativo e qualitativo dos usos da água e o efetivo exercício dos direitos de acesso a esse bem público. Este importante instrumento foi regulamentado pelo Decreto Estadual n°. 18.456/99. Segundo este decreto, “a implantação de qualquer empreendimento que possa demandar a utilização de recursos hídricos e que implique alteração do regime, da quantidade ou da qualidade da água existente em um corpo hídrico superficial ou subterrâneo” está sujeito à outorga pelo poder público. As outorgas em corpos hídricos de domínio da União são facultadas pela Agência Nacional de Águas – ANA, entidade federal de implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos, enquanto que em corpos d'água de domínio do Estado, as outorgas são autorizadas pela Secretaria de Estado do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos – SEMARH, órgão gestor da Política Estadual de Recursos Hídricos, através de uma gestão de recursos hídricos descentralizada e contando com a participação do Poder Público, dos usuários e das comunidades. A SEMARH, por meio de sua Superintendência de Recursos Hídricos - SRH, pretende, através deste guia, divulgar para os profissionais que prestam serviços aos usuários de recursos hídricos, conhecimentos necessários a elaboração em projetos de aquicultura, para fins de outorga. Trata-se de um guia simples e resumido, que teve sua preparação baseada nas instruções técnicas presentes no Manual de Outorga, o qual foi elaborado por consultoria especializada viabilizada através do Convênio n°. 011/2005, firmado entre a SEMARH e a Agência Nacional de Águas – ANA. Esperamos que esta publicação se transforme em um instrumento útil de consulta e informação. APRESENTAÇÃO Genival Nunes Silva Secretário de Estado do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos GOVERNADOR Marcelo Déda Chagas VICE-GOVERNADOR Belivaldo Chagas SECRETARIA DE ESTADO DO MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS HÍDRICOS SECRETÁRIO Genival Nunes Silva SUPERINTENDÊNCIA DE RECURSOS HÍDRICOS SUPERINTENDENTE Ailton Francisco da Rocha DEPARTAMENTO DE ADMINISTRAÇÃO E CONTROLE DE RECURSOS HÍDRICOS/COORDENADORIA DE OUTORGA E VISTORIA Ana Carolina Oliveira Freitas Ana Paula Barbosa Ávila Macêdo João Carlos Santos da Rocha Renilda Gomes de Souza PROJETO GRÁFICO Rafael Gois Tomaz (www.lordpixel.com.br) GOVERNO DO ESTADO DE SERGIPE ARACAJU-SE 2010 SUMÁRIO Anexo II - Proposta de Arraçoamento para Cultivo de Peixes em Sistemas Intensivo e Super-intensivo de Criação Anexo III – Índice de Conversão Alimentar 5. DOCUMENTOS CORRELATOS 6 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 31 35 40 41 1. TERMINOLOGIA E DEFINIÇÕES 2. DIRETRIZES E PROCEDIMENTOS DE APLICAÇÃO 3. PROPOSTA DE ELABORAÇÃO DO PROJETO DE AQUICULTURA ESCAVADOS (VIVEIROS) 3.1.1 - Informações Gerais 3.1.2 - Dimensionamento da Rede de Água 3.1.3 - Sistema de Armazenamento de Água 3.1.4 - Proposta de Roteiro para Cálculo da Demanda de Água 3.2. SISTEMA DE PRODUÇÃO EM TANQUES-REDE 3.2.2. Capacidade de Suporte 3.3 - RECOMENDAÇÕES IMPORTANTES 4. ANEXOS Anexo I - Proposta de Monitoramento da Qualidade da Água em Viveiros de Aquicultura em SistemaI ntensivo 3.1. SISTEMA DE PRODUÇÃO EM TANQUES 3.2.1. Sustentabilidade de um Sistema em Tanques-rede 3.2.3. Capacidade de Produção e Área de Influência dos Parques Aquícolas em Função do Limite de Fósforo na Água 08 12 13 13 14 15 15 18 20 21 24 26 28 28 13 09 TE R M IN O LO G IA E D E FI N IÇ Õ E S Outorga e Fiscalização A seguir, apresenta-se a Terminologia e Definições necessárias ao entendimento das metodologias aplicadas aos projetos de aquicultura do escopo deste guia. • Ambiente lêntico – ambiente que se refere à água parada, com movimento lento ou estagnado, tais como lagos, lagoas e açudes. • Ambiente lótico – ambiente relacionado às águas continentais moventes (rios). • Aquicultura – cultivo de organismos aquáticos de valor econômicos, tais como criação de camarão (carcinicultura), peixe (piscicultura), rã (ranicultura), ostra (ostreicultura), dentre outros. • Capacidade de suporte de um sistema – o nível máximo de produção aquícola que um dado ecossistema pode sustentar sem extrapolar certos limites aceitáveis de indicadores de eutrofização. • Ciclo de produção – período que compreende o início de uma fase de produção até o produto final requerido. • Colmatação – acúmulo de materiais orgânicos e crescimento de algas que causam obstrução parcial das malhas. • Conversão alimentar – quantidade de alimento convertida em peso animal. • Cultivo estático – cultivo no qual a demanda de água vai depender do percentual de evaporação e infiltração diária dos viveiros ou tanques. • Densidade de estocagem - número de organismos aquáticos por unidade de volume ou superfície. • Efluentes – águas de drenagem dos viveiros ou tanques da exploração aquícola. • Epimnílio - extrato superior da coluna d'água com temperatura homogênea e que na maior parte do tempo não se mistura com a água dos extratos inferiores. • Fitoplancton – algas unicelulares em geral microscópicas que conferem uma coloração esverdeada à água dos tanques e viveiros, devido sua capacidade de realizar fotossíntese (alimento natural). • Fluxo contínuo – renovação constante de água, utilizado em raceways, com taxas de renovação que podem chegar a 200% em um dia. • Frequência de tratos – número de vezes que a ração é fornecida no dia. • Lagoa de decantação – lagoa ou reservatório construído a jusante dos viveiros ou tanques para receber os seus efluentes. • Piscicultura extensiva - sistema de criação de peixes em ambientes extensos, sem controle ou domínio das condições ambientais, com produtividade oscilando entre 100 e 1.000 kg/ha/ano. Criação no próprio açude, lago ou barragem. 08 1. TERMINOLOGIA E DEFINIÇÕES 11 TE R M IN O LO G IA E D E FI N IÇ Õ E S Outorga e Fiscalização • Piscicultura intensiva - sistema de criação de peixes em ambientes devidamente controlados, com produtividade oscilando entre 8.000 e 30.000 kg/ha/ano. Praticada em viveiros de terra ou em tanques de cimento, fibra de vidro ou plástico. • Piscicultura semi-intensiva - sistema de criação de peixe em ambientes controlados, com produtividade oscilando entre 1.000 e 8.000 kg/ha/ano. Ocorre geralmente em viveiros. • Piscicultura super-intensiva - sistema de criação em ambientes pequenos com alta densidade de estocagem, com produtividade oscilando entre 50.000 e 300.000 kg/ha/ano. Ocorre geralmente em raceways (produção com fluxo contínuo de água) e tanque- rede ou gaiolas. • Produtividade – relação entre a produção anual (toneladas) e o volume útil total (m³), calculada por ciclo anual. • Raceways – tanques de alvenaria com sistema de fluxo contínuo de água, geralmente captada de sistemas hídricos lóticos. • Sistema de contenção de enxurradas – diques ou canais construídos a montante do sistema de criação, com o objetivo de protegê-lo contra enxurradas. • Tanques-rede – estruturas flutuantes, de variados tamanhose formas geométricas, delimitadas por telas ou redes, que permitem o confinamento de espécies de pescado. • Taxa de alimentação – percentual de alimento em relação a biomassa. • Taxa de renovação de água – percentual de água renovada por unidade de volume ou superfície. • Trofia – indicador do estado de um ambiente, que pode ser eutrófico (ambiente rico em nutrientes) e oligotrófico (com pequeno suprimento de nutrientes ou espectro limitado de nutriente). • Vazão ou descarga – expressão utilizada para estimar a quantidade de água disponível a ser utilizada na piscicultura. • Viveiros de barragem – barramento transversal de um vale, para represamento de um curso natural de água, onde normalmente não se controla o fluxo da vazão de abastecimento. • Viveiros de derivação – estruturas escavadas ou elevadas em terreno natural, com total controle e facilidade de abastecimento e esvaziamento (viveiros de piscicultura e carcinicultura). 10 Capítulo 1 Terminologia e Definições 13 Outorga e Fiscalização A aquicultura apresenta-se como atividade economicamente emergente na competição pelo recurso água. Atualmente, a aquicultura enfrenta o desafio de moldar-se ao conceito de sustentabilidade, o que implica em agregar novos valores à produção de conhecimento e às práticas do setor. As atividades produtivas principalmente quando executadas de maneira inadequada e sem considerar o planejamento do uso de recursos naturais e as estratégias que assegurem o desenvolvimento pretendido, são impactantes ao meio ambiente. Para o gerenciamento eficiente da atividade aquícola, e, consequentemente, a geração de emprego e renda numa região, é necessário que se estabeleça a demanda de água requerida, e o destino da água residual do processo de produção, o que torna os parâmetros e dados utilizados na concepção do projeto decisivos para a definição da necessidade hídrica para a aquicultura. 2. DIRETRIZES E PROCEDIMENTOS DE APLICAÇÃO PR O PO ST A D E E LA B O R A Ç Ã O D O P R O JE TO D E A Q U IC U LT U R A 3. PROPOSTA DE ELABORAÇÃO DO PROJETO DE AQUICULTURA A aquicultura em águas continentais pode ser realizada em viveiros de barragem ou derivação, tanques-rede, canais de irrigação e raceways, tornando diferentes algumas especificações nos projetos. Com o objetivo de sistematizar as normas do pleito de outorga, tendo em vista a complexidade do projeto pela diversidade de situações, faz-se necessário à apresentação do projeto contendo, diversas informações. 3.1. SISTEMA DE PRODUÇÃO EM TANQUES ESCAVADOS (VIVEIROS) Os itens relacionados a seguir apresentam as informações necessárias à elaboração de projetos de sistema de produção em tanques escavados. 3.1.1 – INFORMAÇÕES GERAIS • Caracterização climática da região (temperatura, umidade relativa do ar, precipitação, velocidade de ventos, radiação etc.); • Estudo topográfico do local a ser usado para construção das instalações; • Análise da tipologia do solo (horizontes; propriedades físicas - cor, textura, estrutura, consistência, granulometria e permeabilidade e propriedades químicas); • Análises físico-químicas da água de abastecimento (temperatura, 12 15 Outorga e Fiscalização transparência, salinidade, pH, OD, material em suspensão, amônia, nitrito, nitrato, fosfato, silicato, clorofila “a” e coliforme termotolerante), conforme estabelecido no CONAMA 312/02); • Espécie(s) a ser(em) cultivada(s) (é importante que se faça um estudo de mercado); • Variáveis tecnológicas da espécie (densidade de estocagem, biomassa, taxa de alimentação, tipo de ração, frequência de tratos, ajuste de ração de acordo com a biomassa, conversão alimentar); • Variáveis tecnológicas do ambiente de cultivo (correção das características químicas do solo dos viveiros, se necessário: calagem, desinfecção, adubação etc.); • Sistema de exploração a ser adotado (sistemas extensivo, semi- intensivo, intensivo ou super-intensivo); • Produtos e produção esperada (porte do empreendimento, produtividade, tipo de produto a ser comercializado, ciclo de produção); • Alternativas de alimentação (fertilização química e/ou orgânica da água e/ou ração comercial); • Descrição e dimensionamento da área para cada uma das atividades (reprodução, larvicultura, alevinagem, engorda e/ou estocagem de peixe etc.); • Monitoramento da qualidade da água (ANEXO I). 3.1.2. DIMENSIONAMENTO DA REDE DE ÁGUA: • Captação de água - especificar a fonte de abastecimento (açude, represa, poço etc.), se já existe ou se será construída; 14 PR O PO ST A D E E LA B O R A Ç Ã O D O P R O JE TO D E A Q U IC U LT U R A • Distribuição de água - descrever e especificar a quantidade e capacidade de cada um dos itens de abastecimento, escoamento, drenagem (canais e/ou canos), lagoas de decantação e sistema de contenção de enxurradas. 3.1.3 SISTEMA DE ARMAZENAMENTO DE ÁGUA: • Tipo de construção, dimensões e capacidade de cada um dos viveiros e/ou tanques; • Capacidade total de armazenamento de água nos viveiros; • Planta baixa e memorial descritivo do sistema de cultivo e construções anexas. 3.1.4 PROPOSTA DE ROTEIRO PARA CÁLCULO DA DEMANDA DE ÁGUA A demanda d’água em tanques escavados no solo está na dependência direta de quatro componentes: • Composição física do solo, onde a infiltração é componente de consumo; • Fatores meteorológicos, tais como ventos e insolação, sendo estes responsáveis pelas perdas por evaporação, e a pluviosidade atuando como fonte de reposição; • Sistema de cultivo com alto fluxo (raceways), baixo fluxo ou fluxo estático; • Produto cultivado como pescado, camarão, alevino ou pós-larva de camarão. Quando a finalidade é produção de alevinos ou pós- larva, invariavelmente tem-se várias repleções e descargas durante o ano. Capítulo 3 Proposta de elaboração do projeto de aquicultura 17 PR O PO ST A D E E LA B O R A Ç Ã O D O P R O JE TO D E A Q U IC U LT U R A Outorga e Fiscalização Desta forma, de acordo com o Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS - 2005), o balanço hídrico para viveiros de aquicultura pode ser analisado pela seguinte equação: Em regiões tropicais de clima moderado, pode-se atribuir uma taxa de evaporação entre 5 e 10 mm/dia, sendo que para regiões críticas, essa taxa poderá elevar-se até 25 mm/dia de coluna d’água evaporada; e viveiros construídos em solos argilosos podem apresentar infiltração entre 1 a 2 mm de coluna d’água, o que é considerado normal (PINHEIRO e OLIVEIRA, 1998). Para melhor compreensão serão exemplificadas duas situações de demanda hídrica em tanques escavados: 16 Capítulo 3 Proposta de elaboração do projeto de aquicultura Equação 01V = (V - V )+ (V +V +V )d evrv infp re V = Volume de demanda total (m³) V = Área (m²) x Profundidade média (m) V = Área (m²) x Pluviosidade anual da região (m) V = Área (m²) x Evaporação anual da região (m) V = Área (m²) x Infiltração anual do solo (m) V = Volume de renovação (m³) d ev rv inf p re onde: Pela Equação 1, considerando que: V = V = 10.000m² x 0,450m= 4.500m³ V = 10.000m² x 0,25m x 365 dias= 91.250m³ V = 10.000m² x 0,001m x 365 dias= 3.650m³ V = 0 10.000m² x 1,0m= 10.000m³ V = (10.000m³ - 4.500m³)+(91.250m³ + 3.650m³ + 0) V = 100.400m³/ano d d ev rv inf p re SITUAÇÃO I Considera-se um cultivo anual realizado em viveiro de 1,0 ha, com profundidade média de 1 m, localizado em uma região com lâmina de evaporação de 25 mm/dia, solo com infiltração de 1 mm/dia, pluviosidade anual de 450 mm. Em virtude de escassez de recursos hídricos, o sistema será estático, havendo somente reposição das perdas. Então: 19 Outorga e Fiscalização SITUAÇÃO II Considera-se um cultivo quadrimestral em viveiro de 2.000 m², profundidade média de 1 m, lâmina de evaporação de12 mm/dia, lâmina de infiltração de 2 mm/dia e fluxo de renovação de 2 L/s,não havendo pluviosidade no período. 18 Capítulo 3 Proposta de elaboração do projeto de aquicultura PR O PO ST A D E E LA B O R A Ç Ã O D O P R O JE TO D E A Q U IC U LT U R A Pela Equação 1, considerando que: V = 2.000 V = 0 V = 2.000m² x 0,012m x 120 dias= 2.880m³ V = 2.000m² x 0,002m x 120 dias= 480m³ V = 2,0L/s x 3,6 x 24h = 172,8m³ / dia x 120dias = 20 m² x 1,0m= 2.000m³ V = 26.096m³ / 4 mesesd ev rv inf p re Então: • Espécie(s) a ser(em) cultivada(s); • Finalidade da criação; • Apresentar variáveis tecnológicas do cultivo (densidade de estocagem, biomassa, taxa de alimentação, conversão alimentar (CA) e características da ração de acordo com a fase de cultivo); • Dimensionamento da área dos tanques-rede de acordo com a população de peixes desejada e a área do reservatório (o somatório das áreas dos tanques-rede não deve ultrapassar 1% do espelho d’água médio dos últimos 10 anos); • Tamanho e número de tanques-rede (levar em consideração: densidade, biomassa dos peixes, ciclo de cultivo e frequência de despesca: semanal, quinzenal, mensal etc.); • • • • • • • • Localização dos tanques-rede na área de cultivo (levar em consideração: profundidade do local, proximidade das margens, o acesso à área, a distância do fundo do tanque ao fundo do reservatório – distância superior a 1,5m, hidrovia, navegação etc.); Produção anual de peixe em toneladas; Número de dias por ciclo de produção; Tempo de desaparecimento do fósforo estimado no projeto; Nível trófico do reservatório; Quantidade de ração usada por ano; Teor de fósforo na ração; Estimativa da capacidade de suporte do ambiente. 3.2. SISTEMA DE PRODUÇÃO EM TANQUES-REDE Faz-se necessário as seguintes informações para elaboração de projeto em sistema de produção em tanques-rede. • Caracterizar o reservatório (área, profundidade média, volume e renovação de água, vazão etc.); • Apresentar análises físico-químicas da água de abastecimento, conforme Tabela 04; 21 Outorga e Fiscalização 3.2.1. SUSTENTABILIDADE DE UM SISTEMA EM TANQUES-REDE As Tabelas 1 e 2 podem ser utilizadas como referência para estimar a capacidade de suporte de um ambiente de água doce (Classe II - CONAMA nº. 357/05).< 20 Capítulo 3 Proposta de elaboração do projeto de aquicultura PR O PO ST A D E E LA B O R A Ç Ã O D O P R O JE TO D E A Q U IC U LT U R A Tabela 1 - Valores máximos de P em ambientes de água doce (Classe II) estabelecido pelo CONAMA nº. 357/05 Ambiente Níveis máximos de P (mg/L/ano) Lêntico 0,030 Intermediários (tempo de residência entre 2 e 40 dias) 0,050 Lótico 0,1 Total Total 3.2.2. CAPACIDADE DE SUPORTE Capacidade de suporte é o nível máximo de produção aquícola que um dado sistema pode sustentar sem extrapolar certos limites aceitáveis de indicadores de eutrofização. Em geral, está relacionada de maneira inversa ao volume (tamanho) da unidade de produção. Quando a capacidade de suporte é atingida, o ganho de peso ou a biomassa da população estocada é zero. A Tabela 3 apresenta a estimativa da biomassa máxima de tilápias sustentável para dois tipos de tanques rede. Tabela 02 - Classificação do Estado Trófico Reservatórios Estado Trófico Critério Secchi-S(m) P-Total - P ( )µg/L Clorofila a (µg/L) Ultraoligotrófico IET < 47 S > 2,4 P < 8 CL < 1,17 Oligotrófico 47 < IET < 52 2,4 > S > 1,7 8 < P < 19 1,17 < CL < 3,24 Mesotrófico 52 < IET< 59 1,7 > S > 1,1 19 < P < 52 3,24 < CL < 13,51 Eutrófico 59 < IET < 63 1,1 > S > 0,8 52 < P < 120 13,51 < CL < 30,55 Supereutrófico 63 < IET < 67 0,8 > S > 0,6 120 < P < 233 30,55 < CL < 69,05 Hipereutrófico IET > 67 S < 0,6 P > 233 CL > 69,05 Tabela 02 - Classificação do Estado Trófico (CONTINUAÇÃO). Rios Estado Trófico Critério Secchi-S(m) P-Total - P ( )µg/L Clorofila a (µg/L) Ultraoligotrófico IET < 47 P < 13 CL < 0,74 Oligotrófico 47 < IET < 52 13 < P < 35 0,74 < CL < 1,31 Mesotrófico 52 < IET < 59 35 < P < 137 1,31 < CL < 2,96 Eutrófico 59 < IET < 63 137 < P < 296 2,96 < CL < 4,70 Supereutrófico 63 < IET < 67 296 < P < 640 4,70 < CL < 7,46 Hipereutrófico IET > 67 P > 640 CL > 7,46 Fonte: Relatório de qualidade de águas superficiais - CETESB/2006 23 Outorga e Fiscalização 22 Capítulo 3 Proposta de elaboração do projeto de aquicultura PR O PO ST A D E E LA B O R A Ç Ã O D O P R O JE TO D E A Q U IC U LT U R A Tabela 3 – Estimativa da biomassa máxima de tilápias sustentável (kg/m³), em tanques rede de pequeno volume/alta densidade (PVAD) ou grande volume/baixa densidade (GVBD), sob condição de corrente de água contínua com velocidade de 0,5 m/min. Parâmetro TR de PVAD TR de GVBD Volume submerso 4 m³ 50 m³ Troca por hora 15 6 O2 disponível / hora 4g/m³x4m³x15=240g 4g/m³x50m³x6=1.200g Biomassa máx. (toneladas) 240g÷300g/t/h =0,8ton 1.200g÷300g/t/h =4,0 ton kg de tilápia/m³ 800kg÷4m³=200 4.000kg÷50m³=80 Para estimativa dos valores presentes na tabela acima, os autores consideraram as seguintes suposições: • Consumo de O das tilápias: 300 g de O /tonelada/hora; • Oxigênio dissolvido na água que entra no tanque rede: 7mg/L; • Oxigênio dissolvido que deixa o tanque rede: 3mg/L; • Oxigênio disponível para o consumo: (7-3) = 4mg/L ou 4g/m³. Observa-se, portanto a importância do monitoramento de O2 tanto da água do reservatório (água que entra no tanque rede) quanto da água que deixa o tanque rede. Fonte: Ono e Kubitza (2003). 2 2 A capacidade de suporte pode ser calculada com a equação adaptada por Costa (2004): EXEMPLO Calcular a capacidade de suporte considerando a situação abaixo. Equação 02 onde: (ÁREA x B x 2F x 10.000 x 365) [(C x 1.000)x(1+G)x1.000] CS= CS = Capacidade de suporte (t de peixe/ano); ÁREA = Em hectares; B = Profundidade média (m); F = Limite de fósforo adicional na água (g/m³); C = Quantidade de fósforo lançado no meio ambiente por tonelada de peixe produzido (kg de P/t); G = Tempo de desaparecimento do fósforo (dias); • Área: 2,0 ha; • Profundidade média: 3,0 m ; • Limite de fósforo adicionado na água: 5 mg/L (Esteves, 1998); • Quantidade de fósforo lançado no meio ambiente: 22,6 kg de P/ t de peixe; • Tempo de desaparecimento do fósforo: 5 dias; • Ciclo de Produção: 2 ciclos de 180 dias por ano. OBS: Costa (2004) utilizou os dados da área dos meandros ou entrâncias selecionados para implantação dos tanques-rede, porém, neste exemplo será utilizada a área do reservatório. 25 Outorga e Fiscalização 24 Capítulo 3 Proposta de elaboração do projeto de aquicultura PR O PO ST A D E E LA B O R A Ç Ã O D O P R O JE TO D E A Q U IC U LT U R A Quando existir uma área pré definida e de dimensões limitadas para implantação de um parque aquícola, a capacidade de produção será estimada pela Equação 06. Equação 05 onde: onde: Equação 06CP= Área Total/(Área t / ciclo x [d/e]) Área Total= (V/b/10.000)x a x (d/e) Para águas doces de Classes 1 e 2, quando o nitrogênio for fator limitante para eutrofização, nas condições estabelecidas pelo órgão ambiental competente, o valor de nitrogênio total (após oxidação) não deverá ultrapassar 1,27 mg/L para ambientes lênticos e 2,18 mg/L para ambientes lóticos, na vazão de referência (CONAMA nº 357/05). onde: Equação 04Área /ciclo = (V/b/10.000)t Área t/ciclo= Área de influência para produção de uma tonelada de peixe por ciclo (ha/t/ciclo); b =Profundidade média do epilímnio (m). CP= Capacidade de produção (t/ano). a =Produção anual de peixe (t); e =Número de dias por ano. Substituindo-se os dados acima na Equação 02, tem-se: CS= 1,6 t de peixe/ano 3.2.3. CAPACIDADE DE PRODUÇÃO E ÁREA DE INFLUÊNCIA DOS PARQUES AQUÍCOLAS EM FUNÇÃO DO LIMITE DE FÓSFORO NA ÁGUA A capacidade de produção dos parques aquícolas pode ser determinada calculando-se o volume do epilímnio necessário para diluir o fósforo total lançado no ambiente por toneladade peixe produzida por ciclo (Equação 03), a área de influência para a produção de 1 (uma) tonelada de peixe por ciclo (Equação 04) e a área total do parque aquícola para alcançar a meta de produção anual (Equação 05), segundo Ono e Kaubitza (2003). Equação 03 onde: V= (c x 1.000/d)x [(1+g)/2]/f V= Volume do epilímnio necessário para diluir o fósforo total lançado no ambiente por tonelada de peixe produzida por ciclo (m³); c =Quantidade de fósforo lançado no ambiente por tonelada de peixe produzida (kg); d = Número de dias por ciclo de produção (dias); g = Tempo de desaparecimento do fósforo (dias); f =Limite máximo de fósforo adicional na água (g/m³); (2ha x 3,0m x 2 x 5g/m³ x 10.000 x 365dias) [(22,6kg/t)x(1+5dias)x1.000] CS= 27 Outorga e Fiscalização Amônia Semanal < 0,5 mg/L Nitrito Semanal < 0,5 mg/L Fonte: Body e Tucker, citado por Rotta e Queiroz, (2003). 26 Capítulo 3 Proposta de elaboração do projeto de aquicultura PR O PO ST A D E E LA B O R A Ç Ã O D O P R O JE TO D E A Q U IC U LT U R A Tabela 4 – Principais parâmetros físico-químico de qualidade de água, suas frequências de análise e seus limites mínimos adequados para aquicultura em tanque rede (Body & Tucker, 1998) Parâmetro Frequência Limite Temperatura Diária 26-28°C Oxigênio Dissolvido Diária 5-6 mg/L Diminuição brusca de O Semana < 30 mg/L pH Diária 6-9 Alcalinidade Total Semanal > 20 mg (CaCO ) Dureza Total Semanal > 100 mg (CaCO ) Transparência Diária 30-50 cm Sólidos Totais Suspensos Semanal < 30 mg/L Turbidez Semanal 25-30 UNT Condutividade Mensal < 1.000 mmol/cm² Fósforo Total Mensal < 0,5 mg/L Fósforo Solúvel Mensal <0,05 mg/L Nitrogênio Total Semanal 5-6 mg/L Nitrogênio Amoniacal Total Semanal 2-3 mg/L 2 3 3 3.3 - RECOMENDAÇÕES IMPORTANTES Nenhum projeto de aquicultura pode funcionar sem uma infra- estrutura mínima capaz de atender às necessidades gerais de uma produção, assim como suas peculiaridades. Em qualquer sistema de cultivo alguns instrumentos simples são indispensáveis, tais como: disco de Secchi (medição da transparência da água), termômetro (medição da temperatura da água), oxímetro (medição do oxigênio dissolvido da água) ou kits, redes de pesca (usada na despesca), tarrafas (usada na biometria - acompanhamento do desenvolvimento em peso e comprimento do animal) e tela protetora (protege a entrada de predadores e saída de animais cultivados) . Mudanças nas características da água, como temperatura, pH, transparência, oxigênio dissolvido, dentre outros, podem causar redução no consumo de alimentos pelos peixes ou camarões, o que provoca um aumento no desperdício de ração, e consequentemente, uma piora na qualidade da água e conversão alimentar, além do desperdício de dinheiro. Na Tabela 4, encontram-se os principais parâmetros de qualidade de água, recomendação de frequência de avaliações e limites ou níveis ideais para cultivo de peixes. Recomenda-se que pequenos e médios produtores e associações realizem, pelo menos, análises de temperatura, pH, OD, e transparência, uma vez que as mesmas são muito importantes para a eficiência do cultivo. 29 Outorga e Fiscalização 28 A N E X O S Temperatura (°C) • Depende principalmente da radiação solar, no entanto, é previsível em função da localização em que se encontra o corpo d’água; • Deve ser monitorada diariamente em cada um dos viveiros; • A faixa de conforto térmico está entre 26 e 30°C. pH e amônia • Recomenda-se monitorar semanalmente; • O pH deve ser medido, preferencialmente, ao final da tarde, quando tende a alcançar valores máximos em função da atividade fotossintética do fitoplâncton; • O pH da água deve estar em torno de 7 (6 – 8); • A concentração de amônia total deve estar abaixo de 6 mg/L; Alcalinidade e dureza total • Recomenda-se monitorar mensalmente; • Uma água com alcalinidade total em torno de 50 a 60 mg/L é ideal para o cultivo da maioria das espécies tropicais; • A dureza total ideal para a piscicultura de água doce está entre 50 a 150 mg/L; • No cultivo de camarão marinho os valores ideais de dureza total são aqueles acima de 150 mg CaCO /L. Anexo I - Proposta de Monitoramento da Qualidade da Água em Viveiros de Aquicultura em Sistema Intensivo O desempenho dos animais em cultivo e a maximização da produção dependem diretamente da qualidade da água. Assim, é de fundamental importância que haja o monitoramento da mesma para o melhor aproveitamento do sistema. Oxigênio dissolvido (OD) • Recomenda-se monitorar diariamente em cada um dos viveiros; • As concentrações máximas ocorrem geralmente ao final da tarde entre 17:00 e 18:00hs; • As concentrações mínimas ocorrem geralmente ao amanhecer entre 06:00 e 07:00hs; • Devem ser feitas, pelo menos, duas leituras diárias em cada viveiro. No entanto, o monitoramento noturno (período mais crítico) do OD otimiza o uso dos aeradores; • A concentração deve permanecer acima de 4 mg/L. Concentrações abaixo desse nível pode promover queda no desempenho, bem como um aumento na mortalidade. Dentre os diversos parâmetros de qualidade da água, Kubitza (2003) elencou aqueles mais importantes e sobre os quais se deseja ter maior controle. São eles: 4. ANEXOS 3 31 Outorga e Fiscalização Gás carbônico Recomenda-se monitorar semanalmente; • É, normalmente, monitorado ao amanhecer, pois ocorre geralmente, maior concentração; • Em água doce as concentrações ideais são: - A 25°C – 0,46 mg/L - A 30°C – 0,40 mg/L Transparência • Recomenda-se monitorar diariamente; • Em geral, a manutenção da transparência da água entre 30 a 50 cm em viveiros de peixes e camarões promove um bom desempenho e redução dos problemas com baixo nível de oxigênio. Salinidade • Recomenda-se monitorar semanalmente; • Para o cultivo de camarão Litopenaeus vannamei se desenvolver melhor, a salinidade deve estar entre 15 a 25 ppt. Anexo II - Proposta de Arraçoamento para Cultivo de Peixes em Sistemas Intensivo e Super-intensivo de Criação Em sistemas intensivo e super-intensivo de criação a ração pode chegar a representar mais de 70% dos custos da produção, portanto, é necessário um controle rigoroso sobre o manejo alimentar dos peixes. As Tabelas 05 e 06 apresentam valores de referência para alimentação de peixes. Capítulo 4 Tabela 5 – Recomendações de arraçoamento para cultivo de tilápias nilótica em diferentes fases de cultivo. Peso do peixe (g) Proteína Bruta (PB) da ração (%) Taxa de alimentação do peso médio (%) Tamanho da partícula (mm) Larvas e Alevinos até 5g 36 a 45 10 a 12 Farelada fina De 5 a 50g 32 5 a 8 Peletizada ou extrusada (2 mm) De 50 a 100g 30 3 a 5 Peletizada ou extrusada (2 - 4mm) De 100 a 300g 28 2 a 3 Peletizada ou extrusada (2 - 4mm) Maior que 300g 24 1 a 2 Peletizada ou extrusada (6 mm) Fonte: DNOCS (2005). 30 ANEXOS PR O PO ST A D E E LA B O R A Ç Ã O D O P R O JE TO D E A Q U IC U LT U R A 33 Outorga e Fiscalização Tabela 6 – Recomendação de arraçoamento para cultivo de tilápia nilótica em gaiolas de pequeno volume (sistema super – intensivo) (CONTINUAÇÃO). 32 Capítulo 4 ANEXOS Tabela 6 – Recomendação de arraçoamento para cultivo de tilápia nilótica em gaiolas de pequeno volume (sistema super – intensivo) Peso médio (g) Ração Dias de Cultivo PB (%) Forma (%) Biomassa Nº de Refeições Pré-engorda I (tanque rede # 4mm) 0,3 56 Pó 33,3 8 7 1,0 56 Pó 25,0 8 7 2,7 56 Pó 17,0 8 7 Pré-engorda II (tanque rede # 8mm) 5,8 42 Peletizada (2mm) 13,4 6 7 11,0 42 Peletizada (2mm) 8,4 6 7 17,0 42 Peletizada (2mm) 6,5 6 7 Pré-engorda III (tanque rede # 19mm) 85,0 32 Extrusada (5mm) 4,4 4 7 105,0 32 Extrusada (5mm) 4,1 4 7 128,0 32 Extrusada (5mm) 4,0 4 7 155,0 32 Extrusada (5mm) 3,7 4 7 185,0 32 Extrusada (5mm) 3,4 4 7 218,0 32 Extrusada (5mm) 3,4 3 7 255,0 32 Extrusada (5mm) 3,3 3 7 300,0 32 Extrusada (5mm) 3,2 3 7 360,0 30 Extrusada (8mm)3,2 3 7 410,0 30 Extrusada (8mm) 3,1 3 7 475,0 30 Extrusada (8mm) 3,0 2 7 545,0 30 Extrusada (8mm) 2,6 2 7 615,0 30 Extrusada (8mm) 2,3 2 7 685,0 30 Extrusada (8mm) 2,0 2 7 750,0 30 Extrusada (8mm) 1,8 2 7 Pré-engorda III (tanque rede # 19mm) 24 42 Extrusada (3mm) 5,4 6 7 32 42 Extrusada (3mm) 5,3 6 7 42 32 Extrusada (3mm) 5,0 6 7 54,0 32 Extrusada (5mm) 4,6 4 7 68,0 32 Extrusada (5mm) 4,6 4 7 Legenda: # = malha Fonte: Teixeira e Andréa (2003) A N E X O S 35 Outorga e Fiscalização A N E X O S 34 Capítulo 4 ANEXOS A alimentação deve ser efetuada tendo-se como base a temperatura da água: • Temperatura de 18 a 20°C alimentar com 45% do valor calculado; • Temperatura de 20 a 24°C alimentar com 75% do valor calculado; • Temperatura de 24 a 26°C alimentar com 85% do valor calculado; • Temperatura de 26 a 30°C alimentar com 100% do valor calculado; • Temperatura de 30 a 32°C alimentar com 80% do valor calculado; • Temperatura >32°C suspender ração. Faz-se uma coleta de aproximadamente 10% do total de animais presentes no viveiro, tanque-rede ou raceway, pesa-se e faz-se a contagem. A biometria será, então, igual a: Assim, tem-se o peso individual, aproximado, de cada peixe ou camarão. Conhecendo-se esse peso individual, multiplica-se pelo total de indivíduos e tem-se a biomassa total. Então, se calcula a quantidade de ração a ser fornecida, seguindo as tabelas de alimentação (Tabelas 05 e 06). O ganho de peso (GP) é calculado subtraindo-se da produção obtida em um viveiro, tanque-rede ou raceway, o peso total dos peixes na estocagem. É importante que a biomassa seja calculada semanalmente (através da biometria) para que se tenha a estimativa correta da quantidade de ração exigida pelos animais em cultivo. Assim, possibilita-se uma maximização na produção, bem como reduz-se o impacto ambiental causado com excesso de rações e excreta dos animais depositadas na água. A biometria pode ser calculada da seguinte forma: GP= Biomassa final - Biomassa inicial Quantidade total de ração fornecida Peso de amostra Ganho de peso Número de animais CA= Biometria= Anexo III – Índice de Conversão Alimentar O índice de conversão alimentar (CA) é calculado dividindo-se a quantidade total de ração fornecida (em um viveiro, tanque-rede, ou raceway) pelo ganho de peso dos peixes ou camarões. 37 Outorga e Fiscalização A N E X O S A correta determinação da CA e do tempo de cultivo é fundamental para avaliar a relação custo/benefício das rações comerciais disponíveis. Diversos fatores afetam a conversão alimentar dos peixes, tais como: qualidade do alimento, espécie de peixe, idade ou tamanho dos peixes, sexo e reprodução, disponibilidade e capacidade de aproveitamento do alimento natural, qualidade da água, densidade de estocagem, temperatura da água e nível de arraçoamento. Observa-se, então, que existe uma grande variação na CA dos peixes (Tabela 07), podendo variar entre as categorias de uma mesma espécie e entre espécies diferentes. No entanto, para algumas espécies mais difundidas e estudadas, como é o caso da tilápia, espécie bem difundida no Nordeste brasileiro com fim comercial, já se estabeleceu uma conversão alimentar que vai de 1,4 a 2:1, ou seja, para cada quilo de peixe produzido é importante que se gaste no máximo 2 quilos de ração para que o cultivo seja mais lucrativo, em especial aqueles em sistemas intensivo ou super-intensivo, onde o gasto com rações é mais elevado. 36 Capítulo 4 ANEXOS Tabela 7 – Estimativa das perdas de fósforo (P) para o ambiente em cultivo intensivo em gaiolas, sob diferentes taxas de conversão aparente (TCA) (modificado de Beviridge, 1991). Conteúdo de P na ração 1,3% 1,0 tonelada de ração 13,0 kg de P TCA = 2,0:1 P na ração = 26,0 TCA = 2,5:1 P na ração = 32,5 TCA = 3,0:1 P na ração = 39,0 TCA = 3,5:1 P na ração = 45,5 Perda de P para o ambiente TCA = 2,0:1 26,0 - 3,4* = 22,6 kg/t de peixe produzido TCA = 2,5:1 32,5 – 3,4* = 29,1 kg/t de peixe produzido TCA = 3,0:1 39,0 – 3,4* = 35,6 kg/t de peixe produzido TCA = 3,5:1 45,5 – 3,4* = 42,1 kg/t de peixe produzido (*) Conteúdo de P na tilápia = 0,34% do peso vivo = 3,4 kg/ton de peixe 39 Outorga e Fiscalização 38 Capítulo 4 ANEXOS Tabela 8 – Composição de proteína bruta e fósforo e estimativas da quantidade de fósforo oferecidos em rações e lançados no meio ambiente durante a produção de 1.000 kg de tilápia em gaiolas, com base em cinco rações comerciais usadas no Brasil (modificado de Kubitza, 1999) Ração Proteína bruta (%) P (%) Aplicados via ração (kg) Lançado no meio ambiente (kg) Retido no meio (%) Potencial poluente relativo 1 32,4 0,95 13 9 30,1 100 2 27,7 0,85 14 10 29,4 103 3 34,8 1,17 22 18 18,0 196 4 31,0 1,00 23 19 17,4 204 5 36,0 1,54 39 35 10,4 371 A N E X O S Tabela 9 – Potencial estimado de algumas opções de redução das perdas de P no cultivo intensivo de peixes (Beveridge, 1991) Opção Método Redução Redução da “poeira” adicionada ao corpo d’água Melhoria da manufatura (por ex: uso de vapor, aumento no tempo de trânsito nas peneiras sob vapor etc.); > 2% Peneiramento das rações antes do fornecimento aos animais. Redução das perdas de peletes para o ambiente Melhoria dos comedouros; > 10% Cuidadosa instalação das gaiolas; Ajuste cuidadoso do regime de alimentação às condições ambientais. Redução da carga de P total nos resíduos Redução do conteúdo de P nas rações; > 30 % Uso de dietas de alta digestibilidade. ~ 30 % Remoção do excesso de P adicionado ao lago ou reservatório durante o cultivo - Bombeamento e remoção dos resíduos de baixo das gaiolas; - Remoção dos animais mortos para local na margem; - Aprisionamento e remoção dos peixes escapados; - Utilização dos resíduos através da combinação com cultivo extensivo. 41 Outorga e Fiscalização 40 R E FE R Ê N C IA S B IB LI O G R Á FI C A S 6 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS5 - DOCUMENTOS CORRELATOS A seguir, encontram-se descritos os documentos relacionados à outorga de recursos hídricos, para atividade de aquicultura. - Resolução CNRH nº 16/01 - Estabelece diretrizes para a outorga de uso de recursos hídricos; - Resolução do CONAMA nº. 312/02 - Dispõe sobre Licenciamento Ambiental dos empreendimentos de carcinicultura na zona costeira; - Resolução do CONAMA nº. 357/07 - Dispõe sobre a classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento, bem como estabelece as condições e padrões de lançamento de efluentes. - POT-OUT-B.004 - Define procedimentos para análises de demanda quali-quantitativa em projeto de aquicultura; - IT-OUT-A.004 - Define orientações para apresentação de projetos de aquicultura. BOYD, C. E.; TUCKER, C. S. Pond aquaculture water quality management. Boston: Kluwer Academic, 1998. CLIFFORD, H. C. Marine shrimp pond management: a review. In: Chamberlain, G. W., Villalón, J., Wyban, J. (Eds.), Anais da Special Session on Shrimp Farming. Orlando-EUA: 1992. CLIFFORD, H. C. Semi-intensive sensation: a case study in marine shrimp pond management. World aquaculture. 25: 6-8, 10, 12, 98 – 102, 104. 1994. DEPARTAMENTO NACIONAL DE OBRAS CONTRA AS SECAS (DNOCS), Diretoria de Desenvolvimento Tecnológico e de Produção/Coordenadoria de Pesca e Aquicultura/Centro de Pesquisas em Aquicultura Rodolpho Von Ihering. Pentecostes-CE: 2005. KUBTIZA, F. Qualidade da água na produção de peixes. 3 ed. Jundiaí-SP:F. Kubtiza, 1999. KUBTIZA, F. Qualidade da água no cultivo de peixes e camarões. 1ª ed. Jundiaí-SP:F. Kubtiza, 2003. KUBTIZA, F. e ONO. A. E. Cultivo de peixes em tanques-rede. 3º Ed. Jundiaí-SP, Brasil: 2003. Secretaria de Estado do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos- SEMARH/ Gama Engenharia de Recursos Hídricos LTDA. Manual de Outorga, 2009. Página 1 Página 2 Página 3 Página 4 Página 5 Página 6 Página 7 Página 8 Página 9 Página 10 Página 11 Página12 Página 13 Página 14 Página 15 Página 16 Página 17 Página 18 Página 19 Página 20 Página 21
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