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PROCESSOS NEUROLÓGICOS EM CÃES E GATOS ALTERAÇÕES COGNITIVAS ............................................................................... 5 DETERIORAÇÃO COGNITIVA ............................................................................................... 5 DISFUNÇÃO COGNITIVA ............................................................................................................. 5 SÍNDROME DE DISFUNÇÃO COGNITIVA EM CÃES ........................... 5 SÍNDROME DE DISFUNÇÃO COGNITIVA EM GATOS ..................... 8 CONTROLE DA DETERIORAÇÃO COGNITIVA E DA SÍNDROME DE DISFUNÇÃO COGNITIVA ........................................................... 9 A NUTRIÇÃO NO ENVELHECIMENTO CEREBRAL ............................... 10 EPILEPSIA ...................................................................................................................................................... 13 DEFINIÇÃO E ETIOLOGIA ............................................................................................................ 13 FATORES DE RISCO ............................................................................................................................ 13 EFEITOS SOBRE A QUALIDADE DE VIDA .......................................................... 14 EFEITOS SOBRE O COMPORTAMENTO ............................................................ 14 EFEITOS SOBRE O METABOLISMO ENERGÉTICO CEREBRAL............................................................................................................ 15 DIAGNÓSTICO ............................................................................................................................................ 15 TRATAMENTO MÉDICO ................................................................................................................ 17 TRATAMENTO NUTRICIONAL............................................................................................ 18 MODELO DE QUESTIONÁRIO DE EPILEPSIA PROPOSTO PELA INTERNATIONAL VETERINARY EPILEPSY TASK FORCE (2015) ............................................................................................................................ 20 REFERÊNCIAS ...................................................................................................................................... 24 Sumário 3 A capacidade dos cães e gatos em aprender, pensar, solucionar problemas, recordar/lembrar e se comunicar, também chamada de cognição, é vital no dia a dia e no desempenho normal das funções. O envelhecimento provoca inúmeras alterações físicas, metabólicas e funcionais no cérebro, capazes de afetar as funções cognitivas de forma negativa.1-9 As alterações cerebrais associadas ao envelhecimento incluem atrofia (diminuição de tamanho) da substância branca e cinzenta em algumas áreas do cérebro; aumento de volume dos ventrículos cerebrais; perda de neurônios e sinapses neuronais; menor formação de novos neurônios (neurogênese); acúmulo de proteínas beta-amiloides; espessamento das meninges; redução progressiva do conteúdo de água; inflamação e estresse oxidativo (danos provocados pela presença de radicais livres); alterações vasculares, incluindo angiopatia amiloide cerebral; diminuição ou deterioração da mielinização; anomalias nos astrócitos e em outras células de sustentação dos neurônios; destruição e eliminação de proteínas danificadas ou anômalas; e alterações na expressão gênica.10 PROCESOS NEUROLÓGICOS EM CÃES E GATOS Como a glicose é a principal fonte de energia do cérebro, determinadas alterações no metabolismo desse nutriente podem ser críticas para as funções cerebrais normais.1-3 Em outras palavras, em virtude de sua alta demanda de energia, o cérebro é particularmente vulnerável a alterações do metabolismo energético que induzem um aporte inadequado de energia.11-13 O hipometabolismo da glicose implica uma “inanição funcional” das células cerebrais, o que contribui para a propagação de crises epilépticas nos animais com epilepsia, o comprometimento da função celular, a morte das células e a alteração das funções cognitivas.12.14,15 As doenças neurodegenerativas, como a disfunção cognitiva, estão associadas a graves reduções do metabolismo energético.16 A diminuição na capacidade de absorção de glicose e a redução no metabolismo cerebral parecem ser fatores precoces do processo de envelhecimento.16-18 O metabolismo cerebral da glicose diminui aproximadamente aos 6 anos de idade em cães, com declínios de até 25% em algumas áreas do cérebro, em comparação com os cães mais jovens.19 Tal como acontece com os seres humanos, os cães e gatos sofrem alterações relacionadas com o envelhecimento — alterações estas que podem causar um impacto imperceptível em suas vidas, evoluir para uma leve disfunção cognitiva (deterioração cognitiva) ou gerar um processo mais grave, como a síndrome de disfunção cognitiva.15,20,21,22 Os testes cognitivos padronizados demonstram que, mesmo naqueles indivíduos que envelhecem de forma saudável, é possível observar certo grau de deterioração cognitiva, ainda que essa alteração não afete as funções diárias.26,27 A deterioração cognitiva já foi detectada em cães e gatos aparentemente normais, inclusive em idades tão precoces quanto 6 e 7,7 anos, respectivamente.22 4 DETERIORAÇÃO COGNITIVA O termo “deterioração” descreve a disfunção cognitiva que pode ocorrer como parte do processo de envelhecimento. É equivalente a uma leve perda de memória demonstrada por alguns idosos saudáveis.11,23 Considerando as alterações físicas e metabólicas relacionadas com o envelhecimento, sempre parece razoável esperar algum tipo de deterioração cognitiva, com uma evolução individual variável.22 Os sinais comportamentais mais habituais incluem maior ansiedade; menor capacidade de desenvolver certas habilidades; comportamentos repetitivos; confusão mental; descuido/desleixo social, interações sociais alteradas e menor flexibilidade social; desorientação; menor capacidade de se adaptar a determinados ambientes; alterações nos padrões de sono; resposta diminuída a ordens/comandos aprendidos; mudanças nos comportamentos alimentares e nos hábitos de evacuação domiciliar.25,26 Muitos desses sinais comportamentais, se não todos, se sobrepõem aos observados na disfunção cognitiva. O número, a frequência e a gravidade dos sinais observados permitem determinar o nível de disfunção e o grau de deterioração. DISFUNÇÃO COGNITIVA Disfunção cognitiva é a expressão usada para descrever deficiências cognitivas mais graves do que aquelas que ocorrem nos processos normais de envelhecimento ou na deterioração cognitiva. A síndrome de disfunção cognitiva é uma doença neurodegenerativa de cães e gatos que produz uma deterioração progressiva nas funções cognitivas.31 Quando a deterioração observada interfere nas funções diárias de cães e gatos, ela se enquadra na categoria de disfunção. A síndrome de disfunção cognitiva pode se manifestar como desorientação; alteração nas interações com pessoas ou outros animais; alteração nos ciclos de sono/vigília; déficits de memória e aprendizado; alteração nos níveis de atividade; evacuação domiciliar indevida (perda da capacidade de aprendizagem) e ansiedade.28,29 Tal síndrome de disfunção cognitiva em animais de estimação é uma enfermidade semelhante à doença de Alzheimer em seres humanos.11,12,13,14,23,30,31,32,33 SÍNDROME DE DISFUNÇÃO COGNITIVA EM CÃES A prevalência da síndrome de disfunção cognitiva em cães é bastante variável (embora tenha sido estabelecida uma prevalência global de 14%) e aumenta com o avanço da idade: pelo menos metade dos cães com 15 anos ou mais é acometida.33-36 Muitas vezes, os tutores de animais de estimação acreditam que as mudanças de comportamento em seus pets são inevitáveis e façam parte do processo de envelhecimento35-37; por essa razão, os tutores não costumam falar sobre essas mudanças até que elasse transformem em problemas reais (como ansiedade, agressividade, transtornos de sono/vigília) ou, então, eles deixam de falar porque as alterações observadas são desejáveis (comportamento mais dócil ou relaxado). Sem o atendimento pró-ativo dos médicos veterinários, a síndrome de disfunção cognitiva é frequentemente subdiagnosticada.26,34 Uma ferramenta usada para facilitar a identificação de comportamentos associados à síndrome de disfunção cognitiva em cães idosos é o questionário DISHAA, um questionário que classifica os comportamentos em várias categorias: Desorientação; Interações sociais; Sono/Vigília (ciclos alterados); Higiene (evacuação indevida) Déficits de aprendizado e memória − urina e defeca em locais inadequados; não executa comportamentos previamente aprendidos); não executa comportamentos previamente aprendidos); Atividade; e Ansiedade. Utilizando um sistema de classificação por pontos, formulado com base em um questionário para tutores (Figura 1), os cães são avaliados individualmente para determinar a presença de comportamentos compatíveis com a síndrome de disfunção cognitiva. ALTERAÇÕES COGNITIVAS 5 PROCESSOS NEUROLÓGICOS EM CÃES E GATOS 6 Figura 1. Questionário DISHAA, uma ferramenta usada para facilitar a identificação e avaliação de comportamentos associados à síndrome de disfunção cognitiva em cães idosos, auxiliando os médicos veterinários no seu diagnóstico. 37-39 SISTEMA DE AVALIAÇÃO DISHAA Identifique sinais que surgiram ou pioraram principalmente a partir dos 8 anos de idade. A SDC tem um início lento e pode ser de difícil controle, afetando cerca de 14% dos cães com 8 anos ou mais. Classifique como 0=sem sinais, 1=sinais leves, 2=sinais moderados, 3=sinais graves Desorientação Classificação Fica encurralado ou não consegue contornar objetos e portas. Mantém um olhar fixo em objetos como paredes, pisos e/ou exibe um olhar vago ao longe. Não reconhece pessoas e/ou animais que antes lhe eram familiares. Fica perdido em seu próprio lar ou jardim. Exibe uma resposta diminuída a estímulos (por exemplo: sonoros ou visuais). Interações Sociais Classificação Demonstra maior irritabilidade, medo ou agressividade em relação a familiares e/ou outros animais. Apresenta uma diminuição no interesse por carícias e/ou evita o contato. Sono/Vigília (ciclos alterados) Classificação Dorme menos e/ou demonstra um sono inquieto, agitado e facilmente despertável durante a noite. Caminha de um lado para outro. Manifesta vocalização (latido) durante a noite. Higiene (evacuação inadequada), déficits de aprendizado e memória Classificação Apresenta menos habilidade para aprender novas tarefas, responder ao chamado de seu nome e/ou obedecer a outros comandos aprendidos previamente. Pede menos para sair para defecar e/ou urinar (faz as necessidades fisiológicas dentro de casa sem aviso prévio). Exibe déficit de atenção, além de maior distração e/ou menor concentração. Atividade Classificação Demonstra menos interesse em atividades exploratórias e/ou lúdicas com brinquedos, familiares e/ou outros animais. Exibe deambulação e/ou perambulação (andar a esmo). Manifesta comportamentos repetitivos, como lambedura, movimentos mastigatórios e/ou andar em círculo. Ansiedade Classificação Exibe maior ansiedade por separação de seus tutores. Manifesta maior reatividade e/ou medo a estímulos (sonoros ou visuais). Também manifesta medo quando exposto a novos ambientes. TOTAL ALTERAÇÕES COGNITIVAS A avaliação pode ser utilizada como um diagnóstico presuntivo da síndrome de disfunção cognitiva e também como um método de acompanhamento da evolução do animal. Os sinais comportamentais da síndrome de disfunção cognitiva em cães incluem os comportamentos descritos na ferramenta da Figura 2.37-39 O diagnóstico da síndrome de disfunção cognitiva é feito geralmente por exclusão após descartar outras possíveis causas de mudanças comportamentais.37-39 Os exemplos de processos patológicos capazes de gerar sintomas semelhantes aos da síndrome de disfunção cognitiva incluem osteoartrite, hipotireoidismo, hiperadrenocorticismo, neoplasia, neuropatia periférica, distúrbios metabólicos, processos gastrintestinais, dermatopatias e dor.31 A presença de doença concomitante pode agravar a deterioração cognitiva em animais idosos.22,35,40 Como a síndrome de disfunção cognitiva é uma doença progressiva, a deterioração cognitiva é gradual, mas variável. Os cães em processo normal de envelhecimento podem evoluir para deterioração cognitiva e aqueles com deterioração cognitiva podem progredir para disfunção cognitiva em apenas 6 meses.34,41 Um estudo22 revelou que 33% dos cães normais evoluíram para uma leve deterioração e 22% destes para a síndrome de disfunção cognitiva em um período de 24 meses. A síndrome de disfunção cognitiva não afeta a longevidade26, mas pode diminuir a qualidade de vida do cão e de seu tutor.7 A detecção precoce e a intervenção médica imediata podem ajudar a evitar complicações, reduzir a deterioração, aumentar a longevidade, reparar e melhorar o vínculo entre tutor-animal, além de enfrentar aspectos relacionados ao bem-estar e à qualidade de vida.31,22,40 A Purina conduziu pesquisas muito bem-sucedidas no campo da cognição canina e felina por meio do estudo de processos mentais nas áreas de aprendizagem, memória e atenção, utilizando ferramentas como os esquemas de alimentação e os ciclos de sono/ vigília. Em um desses estudos,74 os níveis de atividade e o padrão de sono de 24 cães foram comparados, dividindo-se esses animais em três grupos etários: fase adulta precoce (1-5 anos), fase adulta tardia (7-9 anos) e fase idosa/sênior (11-14 anos) por 5 dias consecutivos. 7 Figura 2. Manifestações clínicas da Síndrome de Disfunção Cognitiva em cães, avaliadas com base no método DISHAA.48 MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS DA SÍNDROME DE DISFUNÇÃO COGNITIVA EM CÃES D Desorientação: alguns animais se perdem em lugares conhecidos, tentam passar pelo lado errado da porta, são incapazes de contornar certos obstáculos e/ou permanecem parados (imóveis) diante desses obstáculos. I Interações sociais: as interações com pessoas e/ou animais também podem ser afetadas. Os animais acometidos diminuem o interesse por carícias / evitam o contato. Manifestam apego exagerado e/ou saudações com menos ênfase. Também surgem conflitos sociais, etc. S Sono/vigília: muitos desses cães sofrem alterações do ciclo de sono/vigília, dormindo mais durante o dia e menos à noite. H Higiene (evacuação indevida), déficit de aprendizagem e memória: em alguns casos, há uma perda da capacidade de aprendizagem dos hábitos de evacuação e, por conta disso, o animal urina e/ou defeca em locais inadequados na ausência de mudanças ambientais e/ou doenças clínicas. Também pode haver a perda de outros comportamentos aprendidos previamente (como uma resposta diminuída a comandos/ordens) e/ou a perda do interesse por atividades que antes eram realizadas. A Atividade: tanto uma diminuição da atividade como um aumento da atividade com comportamentos compulsivos (deambulação/perambulação [andar a esmo], hábitos repetitivos como andar em círculos, mastigação, lambedura excessivas, etc.) podem ser observados. A Ansiedade: os animais acometidos manifestam comportamentos de ansiedade quando separados de seus tutores e/ou de outros animais, além de maior reatividade/medo a estímulos (visuais / sonoros / novos ambientes). PROCESSOS NEUROLÓGICOS EM CÃES E GATOS As avaliações cognitivas realizadas mostraram que os níveis de atividade sofrem mudanças com o avanço da idade, de tal modo que os cães mais idosos se mostram menos ativos que aqueles da fase adulta tardia. Os cães em idade avançada revelam alterações nos padrões de sono noturno, maior atividade à noite e início precoce das atividades. Inúmeros estudos em cães demonstraram uma correlação entre diminuição das funções cognitivas e menor atividade atribuída ao movimento,bem como uma variação nos níveis de atividade diurna/noturna, que ocorrem com a idade. Um estudo recente avaliou a influência da idade nas atividades normais em cães e o efeito do padrão alimentar (uma ou duas vezes ao dia) sobre a regularidade das atividades. A diminuição no nível de atividades de cães idosos tanto de dia como de noite reduz as necessidades de ingestão calórica e aumenta o risco de obesidade. A alimentação de cães na fase adulta tardia duas vezes ao dia aumenta a atividade noturna e antecipa o início de suas atividades pela manhã, em comparação com aqueles alimentados uma vez ao dia; esse efeito, no entanto, é menos pronunciado em cães idosos. Independentemente da idade do cão ou da frequência de alimentação, a atividade noturna representa cerca de um quarto da atividade geral dos cães.75 O mesmo grupo de estudo mostrou que a alimentação de cães, incluindo idosos, duas vezes ao dia aumenta o tempo total de vigília durante o dia e induz a um início mais cedo (20 a 30 minutos antes) das atividades diárias, em comparação com aqueles alimentados uma vez ao dia.76 SÍNDROME DE DISFUNÇÃO COGNITIVA EM GATOS Embora a síndrome de disfunção cognitiva em gatos não tenha sido tão investigada quanto em cães, existe um grande interesse no estudo da prevalência, do diagnóstico e do manejo dessa síndrome. A prevalência da síndrome de disfunção cognitiva em gatos foi estimada em 30-43% dos gatos de 11 anos ou mais.35,42 Um estudo conduzido com 135 tutores de gatos dessa idade concluiu que 43% dos animais apresentavam sinais clínicos compatíveis com a síndrome de disfunção cognitiva, enquanto a prevalência era de 28% em gatos entre 11 e 14 anos de idade e de 50% naqueles com 15 anos ou mais.35 Os sinais comportamentais da síndrome de disfunção cognitiva em gatos incluem maior ansiedade; medo; vocalização; interações sociais alteradas com pessoas e outros animais; desorientação; resposta diminuída a 8 Figura 3. Porcentagem dos sinais comportamentais relatados pelos tutores de cães idosos (adaptada de Landsberg et al., 2011). * Os sinais comportamentais de disfunção cognitiva incluem desorientação, deambulação noturna e ansiedade. ** Os comportamentos compulsivos incluem estereotipias e movimentos repetitivos. 50% 45% 40% 35% 30% 25% 20% 15% 10% 5% 0% Ag re ss ivi da de *D isf un çã o co gn iti va An sie da de p or se pa ra çã o M ed os , f ob ia s, an sie da de Vo ca liz aç ão ** Co m po rta m en to co m pu ls ivo Co m po rta m en to de st ru tiv o Ev ac ua çã o do m ici lia r in ad eq ua da ALTERAÇÕES COGNITIVAS estímulos; alterações na atividade (mais sonolento ou mais inquieto); menor asseamento (auto-higiene diminuída); evacuação domiciliar em locais inadequados (ou seja, fora da bandeja sanitária); ciclos de sono/vigília alterados. Nos gatos entre 11 e 15 anos de idade, as alterações das interações sociais, as evacuações fora da bandeja sanitária e o excesso de vocalização são os sinais mais comuns; já naqueles com 15 anos ou mais, os sinais mais usuais são a perambulação (andar a esmo) e a vocalização excessiva.43-45 A desorientação na ausência de outros problemas neurológicos ou a vocalização excessiva não atribuída a processos dolorosos podem indicar de forma mais clara e evidente a presença da síndrome de disfunção cognitiva em gatos.43 Tal como acontece com os cães, o diagnóstico da síndrome de disfunção cognitiva em gatos é feito por exclusão. As condições clínicas que podem causar sinais comportamentais semelhantes incluem doença renal, hipertensão arterial, hepatopatia, cistite, endocrinopatias, diabetes, toxoplasmose, doenças virais (como leucemia ou vírus da imunodeficiência felina), cardiopatias e distúrbios neurológicos.43-45 Diante de perguntas específicas feitas pelo médico veterinário, 75% dos tutores de gatos indicam a presença de sintomas da síndrome de disfunção cognitiva em seus animais de estimação, enquanto apenas 12% falam por iniciativa própria. MANEJO DA DETERIORAÇÃO COGNITIVA E DA SÍNDROME DE DISFUNÇÃO COGNITIVA Embora não haja regeneração para a deterioração cognitiva nem para a síndrome de disfunção cognitiva, a intervenção precoce pode retardar a evolução desses quadros e melhorar a qualidade de vida, tanto do animal de estimação como de seu tutor.22,25,40 Os sinais comportamentais podem ser controlados através da atuação nos fatores de risco por meio de intervenções médicas, modificações ambientais e mudanças nutricionais. A estimulação mental exerce um efeito neuroprotetor e melhora a neuroplasticidade ou a capacidade do cérebro em se adaptar de forma contínua a estímulos internos e externos durante o envelhecimento em pessoas e seus animais de estimação.23,38 9 Figura 4. Porcentagem dos sinais comportamentais relatados pelos tutores de gatos idosos (adaptada de Landsberg et al., 2011). * Os sinais comportamentais de disfunção cognitiva incluem desorientação, deambulação noturna, medo e agressividade. 60% 50% 40% 30% 20% 10% 0% Ev ac ua çã o in de vid a/ m ar ca çã o te rri to ria l Vo ca liz aç ão *D isf un çã o co gn iti va M ed o/ ag re ss ivi da de La m be du ra ex ce ss iva De pe nd ên cia ex ce ss iva PROCESSOS NEUROLÓGICOS EM CÃES E GATOS As intervenções potenciais incluem: enriquecimento do ambiente para proporcionar estabilidade e estimulação cognitiva (rotina diária previsível para orientação temporal; interações agradáveis para diminuir o estresse e a ansiedade; adestramento e novas atividades lúdicas, formuladas com base nas capacidades físicas do animal de estimação, para uma melhor estimulação mental; exercício físico regular, adequado às condições físicas do animal, para melhorar a saúde e permitir a estimulação mental; e brinquedos para controlar a ingestão de alimentos e estimular a resolução de problemas; passeios por novos ambientes para melhorar a saúde e a estimulação mental; novas cores e sinais sonoros para uma melhor estimulação mental); modificações nutricionais: dieta suplementada com nutracêuticos e/ou suplementos nutracêuticos; intervenções farmacológicas para controlar a ansiedade e outros sinais comportamentais. Uma vez diagnosticada a síndrome de disfunção cognitiva, deve-se controlar o ambiente para diminuir o estresse e a ansiedade, além de manter as rotinas diárias (e o ambiente de modo geral) e introduzir as mudanças de forma progressiva.44,47 A NUTRIÇÃO NO ENVELHECIMENTO CEREBRAL A nutrição desempenha um papel fundamental em uma estratégia global para proteger o cérebro contra deterioração e disfunção cognitivas.48 A modificação da dieta pode atenuar muitas das alterações adversas associadas ao envelhecimento cerebral,20 particularmente quando instituída nas fases iniciais assintomáticas da doença.49 Antioxidantes Os antioxidantes, como as vitaminas C e E, incluem uma ampla gama de substâncias que inibem a formação de radicais livres, melhorando, por exemplo, a função e eficiência das mitocôndrias ou removendo-os antes de causarem danos.20 O corpo produz antioxidantes endógenos; no entanto, a capacidade antioxidante endógena diminui com a idade e a produção de radicais livres aumenta, o que provoca um desequilíbrio nocivo (estresse oxidativo), podendo acelerar a neurodegeneração. Existe uma correlação entre o aumento do estresse oxidativo e a gravidade das mudanças comportamentais associadas à síndrome de disfunção cognitiva.50 Vitaminas do complexo B Algumas vitaminas do complexo B, sobretudo a tiamina (B1), a piridoxina (B6), o folato (B9) e a cobalamina (B12), são de particular importância para o desenvolvimento cerebral e a função cognitiva.50,51 A deficiência das vitaminas do complexo B pode acarretar um aumento nos níveis sanguíneos de homocisteína,51-54 o que constitui um fator de risco para a atrofia cerebral, a deterioração cognitiva e a demência emseres humanos.50,51 A suplementação com vitaminas do complexo B a longo prazo em humanos idosos reduz os níveis de homocisteína e a atrofia do cérebro, melhorando a memória e a cognição, em comparação com pacientes de grupo-controle (placebo).53,55 As vitaminas do complexo B e o ácido docosaexaenoico (DHA, um ácido graxo ômega-3) atuam de forma sinérgica para reduzir a atrofia cerebral em pacientes com leve deterioração cognitiva; na presença de baixas concentrações de ácidos graxos ômega-3, a suplementação com vitaminas do complexo B não tem efeito sobre a deterioração cognitiva.54 Ácidos graxos ômega-3 Trata-se dos ácidos graxos poli-insaturados de cadeia longa. Em particular, o ácido docosaexaenoico (DHA) desempenha um papel neuroprotetor e anti-inflamatório crítico.47,56 O óleo de peixe é uma fonte eficiente de ácidos graxos essenciais, como os ácidos eicosapentaenoico (EPA) e docosaexaenoico (DHA).57 L-arginina A L-arginina é metabolizada nas células neuronais, formando o óxido nítrico (ON). A atividade neuronal durante as tarefas cognitivas está associada a um aumento do fluxo sanguíneo regional, mediado, principalmente, pelo óxido nítrico. 10 ALTERAÇÕES COGNITIVAS Combinação de nutrientes A combinação de nutrientes pode proporcionar benefícios adicionais além daqueles obtidos a partir da suplementação de um nutriente de forma isolada.59-61 Em um estudo conduzido por Pan et al.,62 foram pesquisados os efeitos de uma combinação de óleo de peixe, antioxidantes, arginina e vitaminas do complexo B sobre a função cognitiva de gatos idosos. Os gatos que receberam a dieta suplementada exibiram um desempenho melhor em três dos quatro testes cognitivos, em comparação com os gatos do grupo- controle. Os gatos suplementados revelaram sinais de melhora em 30 dias após o início da dieta e melhoraram de forma significativa em relação aos valores de referência no final do ano de estudo. Os pesquisadores concluíram que a combinação de nutrientes exerce benefícios cognitivos significativos e pode retardar a deterioração das funções cognitivas relacionada com o envelhecimento em gatos de meia-idade e idosos. Benefícios cognitivos semelhantes foram observados pela mesma equipe de pesquisadores com cães entre 9 e 11,5 anos de idade, cuja alimentação foi suplementada com uma combinação de óleo de peixe, antioxidantes, arginina e vitaminas do complexo B durante 6 meses. Os animais que receberam essa combinação apresentaram um melhor desempenho em tarefas cognitivas complexas, em comparação com aqueles não suplementados, e exibiram níveis plasmáticos mais elevados de arginina, alfatocoferol e ácidos graxos ômega-3 (DHA e EPA). Em outro estudo, também se avaliou a melhora da função cognitiva através do questionário DISHAA, em cães que haviam sido alimentados com uma dieta suplementada com triglicerídeos de cadeia média (conhecidos como MCts por sua sigla em inglês ) mais essa combinação de nutrientes; os cães que receberam essa dieta melhoraram em cinco das seis categorias (exceto o ciclo de sono/vigília) em comparação com os valores de referência após 30 dias e, em 90 dias melhoraram em todas as categorias DISHAA. Fontes de energia alternativa para os neurônios Para se contrapor ao metabolismo comprometido da glicose por causa da idade, os neurônios podem necessitar de uma fonte alternativa de energia. Os corpos 11 Figura 5. Diagrama simplificado do metabolismo de glicose e cetonas para a obtenção de energia. A glicose entra na célula, sofre glicólise e forma piruvato; o piruvato, por sua vez, é convertido em acetil-CoA na mitocôndria, entrando no ciclo de Krebs. Se a glicólise falhar, não haverá piruvato para conduzir os subsequentes processos de produção de energia. Em contraste, o Beta-hidroxibutirato difunde-se na mitocôndria e converte-se em acetoacetato que pode entrar no ciclo de Krebs. A energia obtida e a fosforilação oxidativa das cetonas são as mesmas que as da glicose, o que permite uma fonte de energia cerebral alternativa, durante a dimuição do metabolismo de glicose comum no envelhecimento. Glicose Acetoacetil CoA Acetoacetato β-Hidroxibutirato Piruvato Succinato Succinil CoA α-cetoglutarato Glutamato Glutamina GABA ATP Acetil CoA PROCESSOS NEUROLÓGICOS EM CÃES E GATOS cetônicos ou cetonas, incluindo o acetoacetato (AcAc) e o beta-hidroxibutirato (β-HB), são componentes derivados da oxidação dos ácidos graxos que podem ser utilizados pelas células neuronais para a obtenção de energia.63 Embora o metabolismo cerebral da glicose diminua com a idade, o metabolismo cerebral das cetonas não é afetado. As células neuronais podem oxidar os corpos cetônicos a uma taxa entre 7 e 9 vezes maior do que a glicose; além disso, as cetonas podem fornecer até 60-70% da energia do cérebro durante um jejum prolongado.64-66 As cetonas possuem benefícios neuroprotetores, além da produção de energia: diminuem a geração de espécies reativas de oxigênio, responsáveis pelo estresse oxidativo; aumentam a regulação da função sináptica através da biogênese mitocondrial; e estimulam a síntese de ácidos graxos poli-insaturados.17,49,51 Consideradas em conjunto, essas alterações podem estimular as sequências metabólicas que ajudam a eliminar as proteínas “mal dobradas” ou “mal pregueadas” como a proteína beta- amiloide.17 Os corpos cetônicos AcAC e B-HB também apresentam benefícios neuroprotetores para a retina. Triglicerídeos de cadeia média (MCTs) Os MCTs são uma importante fonte de cetonas. Esses triglicerídeos são encontrados em óleos botânicos tropicais, como óleos de coco e de palma, bem como na gordura do leite. Os MCTs são digeridos de forma rápida e simples, sem a necessidade da presença de lipases pancreáticas ou bile, e podem ser transportados diretamente pela veia porta até o fígado, onde são facilmente metabolizados e convertidos em cetonas. Além das cetonas geradas pelo seu metabolismo, os ácidos graxos dos MCTs podem ser utilizados como fonte de energia para as células cerebrais. Em especial, o ácido cáprico, também conhecido como decanoico (C:10) apresenta efeitos benéficos sobre a mitocôndria e o equilíbrio antioxidante.70,68,69 A suplementação das dietas de cães com o uso dos MCTs durante um período de dois meses resultou em aumentos significativos na função mitocondrial, particularmente no tecido cerebral parietal em cães entre 9 e 11 anos de idade.17,70,72 Em um estudo conduzido por Taha et al.,71 observou-se um aumento nas concentrações de ácidos graxos poli-insaturados no córtex parietal de cães idosos alimentados com MCTs, apesar de não receberem suplementação com ácidos graxos ômega-3, o que sugere um possível papel protetor. A dieta também reduziu os níveis de proteína precursora amiloide, o precursor da proteína ß-amiloide, correlacionado com uma função cognitiva diminuída,2,4 mas aumentou as concentrações de fosfolipídeos cerebrais e lipídeos totais. 12 EPILEPSIA DEFINIÇÃO E ETIOLOGIA A epilepsia é uma doença neurológica crônica do cérebro, caracterizada pela predisposição a crises epilépticas (normalmente duas ou mais) espontâneas (ou seja, não provocadas) que ocorrem em um intervalo de, no mínimo, 24 horas entre elas.67,72 A epilepsia afeta entre 0,5 e 5% da população canina em geral.73-76,77,86 Os cães acometidos costumam ter sua primeira crise epiléptica entre o primeiro e terceiro ano de vida, podendo variar em termos de gravidade e frequência; de modo geral, no entanto, a doença exige tratamento pelo resto da vida.78,79 A epilepsia idiopática é a forma mais comum e pode ser de origem genética, especialmente em determinadas raças de cães, mas também pode estar relacionada a um tipo de epilepsia em que não há lesão estrutural subjacente ou causa identificável. Outras causas de epilepsia se referem a doenças intracranianas ou cerebrais, incluindo lesões vasculares, inflamatórias, infecciosas, traumáticas, neoplásicas, degenerativasou evolutivas (ou seja, de desenvolvimento).80,81 Outra categoria de crises é representada pelas crises convulsivas reativas ou induzidas. Essas crises têm causas extracranianas, como etiologias metabólicas ou tóxicas.76 Caso não se consiga identificar nenhuma dessas causas físicas, a epilepsia é classificada como idiopática. As crises epilépticas são causadas por uma hipersincronização anormal da atividade elétrica dos neurônios no cérebro (o que é conhecido como “tempestade elétrica”) e podem afetar uma área localizada dentro de uma única região do cérebro (crise focal) ou múltiplas áreas em ambos os hemisférios cerebrais (crise generalizada).67,72 As manifestações clínicas das crises podem variar bastante, mas incluem uma série de sinais clínicos de ocorrência transitória (passageira), caracterizados por alterações musculares, autonômicas, cognitivas ou comportamentais.67,80,86 As crises musculares ou motoras são provavelmente os tipos de crises mais facilmente reconhecíveis, embora possam surgir de forma semelhante às manifestações de outros distúrbios episódicos.81 Existem outras causas de crises, além da epilepsia; por essa razão, é muito importante a realização de métodos diagnósticos adequados que confirmem a existência da epilepsia. FATORES DE RISCO Entre as raças caninas mais frequentemente diagnosticadas com epilepsia, destacam-se as seguintes: Boxer,75 Pastor Belga, Wolfhound Irlandês, Petit Basset Griffon Vendeen (também conhecido como Pequeno Basset Griffon da Vendeia), Spitz Finlandês e Spinone Italiano.73 Uma evolução mais grave de crises e um menor tempo de sobrevida foram encontrados em cães da raça Border Collie.82 De modo geral, a epilepsia canina está associada a menor qualidade e expectativa de vida.74,75,83 Embora seja possível ter uma vida quase normal na maioria dos cães, em alguns casos isso não acontece. Em seres humanos e cães, aproximadamente um terço dos pacientes com epilepsia idiopática não responde de forma satisfatória à medicação.84 Em um estudo de grande porte com 5.013 cães com epilepsia, 2.327 deles foram submetidos à eutanásia ou vieram a óbito pela doença.75 O tempo médio de sobrevida após o diagnóstico de epilepsia idiopática varia entre os diferentes estudos, de 1,5 a 5,6 anos, com sobrevida individual pós-diagnóstico variando de 1 dia a 9,2 anos.75,79,85 Um estudo75 revelou que apenas 10 de cada 78 cães com epilepsia idiopática (13%) alcançaram remissão completa das crises epilépticas; tal remissão é definida como a ausência dessas crises durante 3 anos ou mais, com ou sem medicamentos antiepilépticos. Outros estudos revelaram taxas de remissão semelhantes (15% para epilepsia idiopática).79 Apesar da existência de inúmeros medicamentos para o tratamento da epilepsia, é necessário implementar melhorias no manejo. 13 PROCESSOS NEUROLÓGICOS EM CÃES E GATOS EFEITOS SOBRE A QUALIDADE DE VIDA A qualidade de vida do cão e de seu tutor é gravemente afetada pela epilepsia. Várias pesquisas determinaram que a frequência das crises epilépticas exerce um maior impacto do que a gravidade delas sobre a qualidade de vida dos cães.79 A frequência de 1 crise a cada 3-6 meses é aceitável para a maioria dos tutores de cães epilépticos.80 Outro fator com grande influência sobre a qualidade de vida são os efeitos colaterais causados pelos medicamentos antiepilépticos, tais como polidipsia (aumento da sede), sonolência, inquietação ou perda de coordenação ao caminhar. O uso de 3 ou mais medicamentos também tem um impacto negativo na percepção da qualidade de vida.79 A maioria dos cães com epilepsia idiopática sofre mudanças comportamentais, tais como aumento do medo ou da ansiedade, transtorno afetivo, percepção anômala ou agressividade defensiva.81,93 Os cães acometidos exibem maior ansiedade em ambientes pouco familiares (ou seja, desconhecidos) ou quando expostos a pessoas ou outros animais fora de seu ambiente, agindo de forma mais agressiva nessas circunstâncias. Esses estados emocionais negativos e as interações sociais mais reduzidas também são encarados como adversos para a qualidade de vida.74 Do ponto de vista do tutor, os três aspectos mais importantes são: (a) qualidade de vida do cão, (b) frequência de crises em um nível tolerável e (c) perfil aceitável de efeitos colaterais dos medicamentos.80 Portanto, a otimização do controle das crises e da terapia com medicamentos antiepilépticos não só afetará a percepção da qualidade de vida do cão epiléptico, mas também a do tutor.79 EFEITOS SOBRE O COMPORTAMENTO Além das crises, a epilepsia está associada a alterações neurocomportamentais, tanto em pessoas como em cães. Entre essas alterações, destacam-se as seguintes: aumento do medo ou da ansiedade, transtorno afetivo, percepção anômala ou agressividade defensiva.74,85 Os transtornos psiquiátricos são comuns em pessoas com epilepsia, sendo mais frequentes alterações como depressão, ansiedade e transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH). Nos animais, também se observam comportamentos semelhantes aos do TDAH, tais como: excitabilidade, impulsividade e pouca atenção.86 14 Figura 6. Fatores de risco da epilepsia idiopática (EI) Boxer Pastor Belga Wolfhound Irlandês Petit Basset Griffon Vendeen Spitz Finlandês Spinone Italiano Border Collie Tempo médio de sobrevida após o diagnóstico de epilepsia idiopática: 1,5-5,6 anos. ~15% dos cães com EI apresentaram remissão completa de suas crises epilépticas (≥3 anos sem crises epilépticas). RAÇAS MAIS FREQUENTEMENTE DIAGNOSTICADAS EPILEPSIA EFEITOS SOBRE O METABOLISMO ENERGÉTICO CEREBRAL O metabolismo da glicose no cérebro está afetado em pacientes com epilepsia e outros processos que se manifestam com crises epilépticas.84,87 Embora uma quantidade maior de energia seja utilizada durante as crises, o hipometabolismo da glicose é evidente durante o período entre as crises em pacientes humanos com episódios focalizados.84 As regiões hipometabólicas detectadas pela tomografia por emissão de pósitrons (PET) com o uso de 18F-FDG (18F-fluordesoxiglicose) correlacionam-se com zonas epileptogênicas em pacientes humanos.88 Embora a área com metabolismo reduzido da glicose seja frequentemente extensa, as áreas de início da crise costumam estar situadas em locais com hipometabolismo mais grave. Do mesmo modo, os cães com epilepsia idiopática ou juvenil demonstram um declínio na utilização de glicose em vários locais do cérebro durante o período entre as crises, conforme detectado com o 18F-FDG PET.87 Tal como acontece com os pacientes humanos, a localização do hipometabolismo da glicose em cães parece indicar focos epilépticos. Inúmeras teorias foram propostas para explicar o hipometabolismo observado no cérebro epiléptico. Entre elas, destacam-se as perdas neuronais causadas por atividade crônica das crises, a diminuição da atividade sináptica atribuída à redução das conexões neuronais, a redução da densidade sináptica nas sequências associadas ao início e à expansão das crises, e os processos inibitórios entre as crises.87 No entanto, nenhuma teoria foi confirmada até o momento.A gravidade do hipometabolismo detectado pelo exame de PET com 18F-FDG depende do lapso de tempo transcorrido desde a última crise.89 O volume das áreas afetadas é influenciado pelo tipo de crise; sendo assim, áreas maiores de hipometabolismo são detectadas após crises generalizadas. Além disso, o volume de áreas hipometabólicas aumenta com o incremento do número de crises e de sua duração, o que sugere uma natureza progressiva do dano.88,89 As áreas de hipometabolismo da glicose além das áreas de crises podem contribuir para os déficits funcionais (cognitivos e comportamentais) em pacientes epilépticos.90 DIAGNÓSTICO O diagnóstico preliminar da epilepsia pode ser formulado com base no histórico, nas características e no exame neurológico do paciente. A predisposiçãogenética para epilepsia idiopática em inúmeras raças e o histórico familiar de epilepsia aumentam o risco; esse fato isolado, no entanto, não pode ser considerado diagnóstico.81,91 A maioria dos cães com epilepsia idiopática sofre sua primeira crise entre 1 e 7 anos de idade76 Os cães com epilepsia idiopática têm maior probabilidade de apresentar crises generalizadas, enquanto as localizadas são menos comuns.76 De grande importância no diagnóstico é a confirmação da ocorrência de uma crise epiléptica e da ausência de outros eventos como síncope, narcolepsia, tremores periféricos ou outros distúrbios paroxísticos.81 As crises epilépticas generalizadas costumam durar menos de 5 minutos e prosseguem com manifestações clínicas anômalas, como desorientação, sede, fome, inquietação ou mudanças comportamentais. Os sinais típicos que podem confirmar que o quadro se trata de uma crise epiléptica são: alteração da consciência, envolvimento da musculatura orofacial, sinais autonômicos e convulsões.81 Se a descrição do episódio ainda se mostrar ambígua, mesmo com as observações detalhadas feitas pelo tutor, pode ser útil o registro ou gravação da próxima crise por vídeo. A International Veterinary Epilepsy Task Force (Força-Tarefa Internacional para Epilepsia Veterinária, 2015) criou um questionário padronizado para os tutores de cães com crises. Além do histórico médico, é necessária a realização de exame neurológico exaustivo (ou seja, abrangente e completo). Os principais componentes incluem avaliação de itens como: marcha/postura, transtornos da consciência, reflexos dos nervos espinhais e cranianos, e palpação da coluna vertebral.76 Isso pode ajudar a descartar possíveis causas de atividade convulsiva. Os cães com lesões estruturais geralmente apresentam anormalidades durante o exame neurológico; tais anomalias, por sua vez, podem ser simétricas ou assimétricas, dependendo da localização da lesão. Os cães com crises convulsivas reativas e metabólicas frequentemente revelam indícios de envolvimento difuso, bilateral e, às vezes, simétrico do prosencéfalo.81 Os cães com epilepsia idiopática costumam ter exames neurológicos normais durante o período entre as crises, mas podem demonstrar alterações significativas até 48 horas após uma crise; por essa razão, é importante avaliar o paciente, pelo menos, nas 48 horas seguintes à interrupção dos comportamentos relacionados com as crises. 76 15 PROCESSOS NEUROLÓGICOS EM CÃES E GATOS Figura 7. Algoritmo diagnóstico para pacientes com crises epilépticas. Fonte: Moore, 2013. Há sinais cerebrais persistentes ou lateralizantes? É possível identificar a causa das crises reativas no histórico ou na anamnese? Há repetição da crise? Tratar a causa subjacente Tratar a causa subjacente Epilepsia primária – tratar se houver crise mais de uma vez ao mês Exame de RM para avaliar as causas estruturais da epilepsia secundária 1-7 anos <1 ou >7 anos É possível identificar a causa das crises reativas no histórico ou na anamnese? Não Observar Sim Uma vez feito o diagnóstico presuntivo de epilepsia, é necessária a obtenção de hemograma completo, perfil bioquímico e urinálise para descartar outras causas metabólicas. Testes adicionais, como as provas de função hepática, os testes de estimulação com os hormônios tireoidianos ou a determinação dos índices glicêmicos-insulina, podem ser adequados, com base na suspeita clínica.81 A menos que se suspeite de alguma lesão estrutural, outros exames, como a ressonância magnética (RM) ou a análise do líquido cerebrospinal, podem ser considerados opcionais. A RM é recomendada nos cães que sofrem a primeira crise epiléptica antes dos 6 meses de vida ou com mais de 6 anos, naqueles com anomalias neurológicas compatíveis com localização intracraniana e em outros com estado epiléptico (status epilepticus) ou crises em grupos (cluster).81 Crise epiléptica Sim Sim Sim Não Não Não 16 EPILEPSIA TRATAMENTO MÉDICO Na medicina veterinária, o objetivo do tratamento da epilepsia é reduzir ou eliminar as crises, além de manter uma boa qualidade de vida tanto para o paciente como para o tutor.83,92,100 Do ponto de vista clínico, o tratamento é considerado bem-sucedido quando se consegue uma redução de, no mínimo, 50% na frequência das crises.74 Três variáveis importantes podem provocar o aparecimento de crises epilépticas refratárias. Tais variáveis estão relacionadas com: (a) a doença causal em si, (b) os medicamentos e (c) o paciente.78 Os exemplos desses problemas podem ser doenças cerebrais não diagnosticadas, como aquelas associadas a traumatismo físico; desenvolvimento de intolerância aos medicamentos ou alterações em suas doses; diferenças entre os pacientes, como polimorfismos genéticos. Atualmente, a base da terapia em casos de epilepsia envolve o uso de medicamentos antiepilépticos.83 Basicamente, esses agentes antiepilépticos são utilizados para diminuir não só a excitabilidade elétrica dos neurônios, mas também a atividade elétrica excessiva e as crises. A ação dos medicamentos antiepilépticos pode ser mediada por: (a) alterações no nível de atividade dos canais de sódio ou cálcio na membrana celular dos neurônios; (b) aumento dos níveis do ácido gama- aminobutírico (GABA), um neurotransmissor inibitório que reduz a transmissão de mensagens ou diminui a absorção de glutamato, um neurotransmissor excitatório que aumenta a transmissão de mensagens. Os agentes antiepilépticos mais utilizados atualmente aumentam as sequências inibitórias, o que pode acarretar a geração de efeitos indesejáveis, como sedação ou ataxia. O medicamento antiepiléptico ideal deveria ter excelente eficácia e elevado índice terapêutico, com baixo potencial de efeitos colaterais adversos e propriedades farmacocinéticas favoráveis que permitiriam a sua administração uma ou duas vezes ao dia.78,83 Embora existam inúmeros medicamentos antiepilépticos disponíveis para o tratamento da epilepsia canina, não existe um fármaco ideal; entretanto, na hora de escolher o melhor protocolo terapêutico, os veterinários devem buscar o equilíbrio entre os benefícios proporcionados pelos medicamentos e os efeitos colaterais de cada um deles, levando em conta o processo sofrido pelo paciente e a sua capacidade de resposta.78,83 Entre os princípios ativos que devem ser considerados, destacam-se os seguintes: fenobarbital, brometo Figura 8. Princípios ativos mais utilizados no tratamento da epilepsia.78 Fenobarbital Brometo de potássio Imepitoína Levetiracetam Zonisamida Primidona Gabapentina Pregabalina Valproato de sódio Felbamato Topiramato 17 PROCESSOS NEUROLÓGICOS EM CÃES E GATOS de potássio, imepitoína, levetiracetam, zonisamida, primidona, gabapentina, pregabalina, valproato de sódio, felbamato e topiramato.78,93 Os medicamentos antiepilépticos devem ser utilizados isoladamente (ou seja, como monoterapia) ou em combinação com outros agentes, com o objetivo de (a) controlar a epilepsia refratária e os efeitos colaterais ou (b) reduzir a dose.75,78 Do ponto de vista histórico, o fenobarbital é o barbitúrico de eleição, em virtude de sua segurança, eficácia, custo e conveniência. Contudo, os níveis séricos desse fármaco devem ser monitorados, a fim de minimizar os efeitos adversos e a hepatotoxicidade.78,93 O fenobarbital provoca dependência física e, consequentemente, sua interrupção abrupta pode causar crises. Por esse motivo, as reduções da dose devem ser graduais.93 Uma metanálise de publicações científicas sobre o uso de medicamentos antiepilépticos na espécie canina indicou que o fenobarbital, a imepitoína e o brometo de potássio por via oral podem ser eficazes para o tratamento da epilepsia idiopática e que os dados de outros medicamentos eram insuficientes ou pouco efetivos.78 O tratamento com fenobarbital foi bem-sucedido (o sucesso terapêutico, no caso, era considerado como uma redução> 50% na atividade epiléptica) em 82% dos cães tratados, enquanto 31% deixaram de ter crises e 15% não exibiram melhora. Outro estudo mostrou que 74% dos cães tratados com brometo de potássio melhoraram com uma redução > 50% e 52% (não tiveram crises durante os 6 meses de estudo). A imepitoína, cuja utilização é aprovada na Europa e Austrália, mas não nos Estados Unidos, é tão eficaz quanto o fenobarbital, mas tem maior incidência de efeitos colaterais, como ataxia, sonolência, polidipsia, e hiperfagia.84 Outro estudo,94 no entanto, constatou mais ataxia no tratamento com o fenobarbital do que com a imepitoína. Todos os medicamentos antiepilépticos disponíveis atualmente têm efeitos colaterais. Tais efeitos podem (a) ter natureza transitória ou persistente, (b) ser potencialmente fatais ou (c) diminuir a qualidade de vida.78,92,94 O uso de combinações terapêuticas, com dois ou mais agentes antiepilépticos, tem como objetivo aumentar a eficácia e/ou reduzir os efeitos colaterais em alguns cães. Também se deve considerar a opção dos manejos nutricionais como terapia adjuvante. Em seres humanos, a terapia nutricional mais conhecida é a dieta cetogênica tradicional, composta de elevados níveis de gorduras e baixos níveis de carboidratos/proteínas. Essas dietas administradas a cães com epilepsia idiopática não demonstraram efeitos benéficos, nem tampouco a adição de suplementos de ácidos graxos ômega-3. Contudo, as dietas cetogênicas à base de triglicerídeos de cadeia média (MCTs) demonstram uma redução tanto na frequência como no número total de crises por mês, em comparação com uma dieta-controle.78 TRATAMENTO NUTRICIONAL O cérebro possui uma capacidade limitada de utilização dos ácidos graxos de cadeia longa. Todavia, os ácidos graxos de cadeia média ou triglicerídeos de cadeia média (MCTs) podem ser rapidamente oxidados nos astrócitos e têm efeitos anticonvulsivantes; além disso, a administração de MCTs na dieta dá origem a corpos cetônicos, uma fonte alternativa de energia.95,96 Os corpos cetônicos podem substituir uma grande parte da demanda de glicose, fornecendo até 60% das necessidades energéticas do cérebro durante um jejum prolongado. Foi determinado que, para cada mmoL (mM) de corpos cetônicos plasmáticos, o consumo de glicose é reduzido em aproximadamente 10%.97 As cetonas derivadas do fígado atravessam rapidamente a barreira hematoencefálica, onde se convertem em acetil-CoA e entram no ciclo do ácido cítrico para sua oxidação.98 As células neuronais podem oxidar os corpos cetônicos a uma taxa entre 7 e 9 vezes maior do que a glicose.99 Os benefícios do uso de cetonas para o tratamento da epilepsia refratária (ou seja, resistente a medicamentos) foram reconhecidos pela primeira vez há mais de 90 anos como uma forma de mimetizar os benefícios do jejum no controle das crises. Na ausência de carboidratos ou outros precursores da glicose, o fígado aumenta a produção de corpos cetônicos, liberando-os na circulação para uso como fonte de energia por vários tecidos, incluindo o cérebro e os tecidos neuronais. Tanto o jejum como o consumo de dietas com alto teor de gorduras e baixo conteúdo de carboidratos/proteínas estimulam a produção hepática de cetonas. Inúmeros estudos e ensaios clínicos em pacientes humanos com epilepsia demonstraram a eficácia de dietas cetogênicas tradicionais contra crises, embora tenham sido observadas taxas de resposta muito diferentes.100 Em função de seu perfil nutricional com alto teor de gorduras e baixo conteúdo de carboidratos/ proteínas, essas dietas tradicionais possuem seus 18 EPILEPSIA próprios efeitos colaterais, sendo os distúrbios gastrointestinais os mais comuns. Além disso, como todas as dietas restritivas, elas foram associadas a deficiências nutricionais.101 Poucos estudos avaliaram a eficácia das dietas cetogênicas tradicionais com alto teor de gorduras e baixo conteúdo de proteínas para cães epilépticos. Além de diversos casos de pancreatite, observaram-se diferentes resultados quanto à redução das crises epilépticas.102 Dietas com triglicerídeos de cadeia média Os MCTs sintetizados a partir dos óleos de coco e/ ou de palma são aproximadamente 100 vezes mais hidrossolúveis do que os de ácidos graxos de cadeia longa; além disso, são mais rapidamente digeridos no lúmen intestinal e não necessitam da atuação de lipases pancreáticas para a sua absorção. Os componentes dos MCTs são metabolizados com maior rapidez e transportados diretamente até a circulação porta-hepática; além de não dependerem da ligação às proteínas para atravessar as células, eles não necessitam da carnitina para o transporte mitocondrial.103 As dietas à base de MCTs combinam os benefícios da produção de cetonas através do rápido metabolismo de seus ácidos graxos e a ausência das graves restrições de proteínas e carboidratos de outras dietas (como aquelas existentes nas dietas cetogênicas tradicionais), o que melhora a palatabilidade do alimento para o animal e aumenta a adesão à dieta por parte do tutor. Além da produção de corpos cetônicos, os MCTs exercem um efeito direto sobre as crises epilépticas.96 Trinta e um cães de várias raças que apresentavam o diagnóstico de epilepsia idiopática e tiveram pelo menos 3 crises epilépticas em um período de três meses antes do início do estudo, apesar do uso de medicamentos antiepilépticos, foram objeto de um estudo conduzido para avaliação de uma dieta cetogênica formulada com base na adição de frações específicas de MCTs (C:08 e C:10).104 Durante três meses, esses cães foram submetidos à dieta com MCTs e, três meses depois, a uma dieta alternativa com gordura no lugar desses triglicerídeos. Setenta e um por cento dos cães submetidos à dieta com MCTs experimentaram menos crises, enquanto oitenta por cento apresentaram menos dias de crises. De modo geral, quase metade (48% dos cães) exibiu uma redução > 50% na incidência de crises, ao passo que 14% não sofreram nenhuma crise. Além disso, a resposta à dieta foi imediata desde a sua administração. Todos os cães receberam medicamentos antiepilépticos e suas doses não foram alteradas durante o estudo. Da mesma forma, a dieta à base de MCTs não afetou os níveis sanguíneos dos medicamentos antiepilépticos. Por fim, observou-se uma melhora dos comportamentos semelhantes aos do TDAH nos cães que receberam a dieta à base de MCTs, provavelmente relacionada com os potenciais efeitos ansiolíticos das dietas cetogênicas.74 Figura 9. Os cães podem metabolizar os triglicerídeos de cadeia média (MCTs) em corpos cetônicos e utilizá-los como uma fonte de energia alternativa para os neurônios. 19 MCTs da dieta Intestino Fígado Cérebro Ácidos graxos de cadeia média Veia porta Barreira hemato- encefálica Ácidos graxos de cadeia média Corpos cetônicos Fonte de energia alternativa MCTs ingeridos Caso nº: Nome do tutor: Raça: Nome do animal: Sexo: M / F Estado reprodutivo: Inteiro / Castrado Idade: Peso corporal: Dieta: Data: Existem muitas causas possíveis para os episódios epiléticos sofridos pelo seu animal de estimação e, infelizmente, alterações de vários sistemas do corpo podem causar sinais muito semelhantes. Por gentileza, reserve o tempo necessário para preencher esse questionário, pois as informações nele contidas podem ser de grande utilidade, para que possamos interpretar os eventos presenciados por você e, assim, nos ajudar a focar no diagnóstico. Se houver várias opções disponíveis, escolha tudo o que for pertinente. O termo “crise” nesse questionário se refere aos episódios epiléticos que o seu animal de estimação está sofrendo. MODELO DE QUESTIONÁRIO DE EPILEPSIA PROPOSTO PELA INTERNATIONAL VETERINARY EPILEPSY TASK FORCE (2015) Em relação ao histórico de seu pet: Seu animal teve complicações no nascimento? sim não não tenho certeza Seu animal já sofreu algum traumatismo craniano? sim nãonão tenho certeza Seu animal já sofreu meningite ou alguma infecção envolvendo o cérebro, a coluna vertebral ou os nervos? sim não não tenho certeza Seu animal sofre de alguma das alterações a seguir? Hepatopatia (enfermidade no fígado) Hipoglicemia (baixo nível de açúcar no sangue) Doença renal Hipocalemia (baixo nível de potássio) Hipocalcemia (baixo nível de cálcio) Algum animal da mesma família do seu pet teve epilepsia? sim não não tenho certeza Em caso de resposta afirmativa, solicitamos uma cópia do pedigree. Que idade seu animal tinha quando teve a primeira crise? _____ anos _____ meses Quantas crises seu animal costuma ter em um período de 24 horas? _______________ Qual o maior número de vezes que seu animal convulsionou em um período de 24 horas? ____________ Caso seu animal tenha mais de uma crise em 24 horas, com que frequência elas ocorrem? uma vez por mês uma vez a cada 3 meses outra frequência (especificar) _____________________________________________________________________________ 20 Seu animal já sofreu de status epilepticus (estado epiléptico)? (crises epilépticas de mais de 5 minutos) sim não não tenho certeza Quantas crises seu animal tem por mês? _______________ Se o seu cão é uma fêmea inteira/não castrada, a frequência das crises aumenta durante o cio? sim não não tenho certeza Possíveis fatores desencadeantes: Em que período as crises ocorrem: pela manhã à tarde à noite em qualquer hora Em que condições as crises ocorrem: em repouso durante o sono durante exercícios/atividades físicas situação de estresse após a refeição no horário previsto para a refeição após a exposição a flashes de luz após a exposição a ruídos sonoros elevados após outros estímulos (especificar) _______________________________________________________________________ Antes da crise: Você consegue prever que seu animal terá uma crise antes que aconteça? sim não não tenho certeza Em caso de resposta afirmativa, com quanta antecedência? ______ minutos ______ horas ______ dias Em caso de resposta afirmativa, que comportamento a seguir indica a iminência de uma crise para você? medo agressividade desorientação/agitação andar cambaleante dependência emocional comportamento de se esconder sonolência/letargia olhar vago/fixo no espaço comportamento antissocial “caça a moscas imaginárias’’ olfato exacerbado Outros: _________________________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________________________________ A crise em si: As crises são semelhantes entre si? sim não não tenho certeza Por gentileza, em relação às opções selecionadas anteriormente, descreva a(s) crise(s) com mais detalhes. Se o seu cão sofre mais de um tipo de crise, descreva primeiro os tipos mais comuns e, depois, os outros. __________________________________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________________________________ QUESTIONÁRIO DE EPILEPSIA 21 PROCESSOS NEUROLÓGICOS EM CÃES E GATOS Durante a crise: Qual é a primeira coisa que acontece durante a crise? _____________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________________ A cabeça está envolvida em um primeiro momento? sim não não tenho certeza Seu animal executa movimentos mastigatórios? sim não não tenho certeza Os membros anteriores ou posteriores estão envolvidos no início? sim não não tenho certeza A crise começa no lado esquerdo ou direito de seu animal? sim não não tenho certeza O corpo de seu animal fica rígido, mole ou normal? rígido mole normal Seu animal cai no chão? sim não não tenho certeza Em caso de resposta afirmativa, ele sempre cai do mesmo lado? sim, especifique ____________ não Seu animal realiza movimentos de “pedalar”? sim não não tenho certeza Seu animal treme? sim não não tenho certeza Seu animal consegue ouvi-lo? sim não não tenho certeza Seu animal pode vê-lo? sim não não tenho certeza Seu animal: urina defeca baba/espuma Por gentileza, em relação às opções selecionadas anteriormente, descreva a(s) crise(s) com mais detalhes. Se o seu cão sofre mais de um tipo de crise, descreva primeiro os tipos mais comuns e, depois, os outros. __________________________________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________________________________ Qual o tempo de duração das crises? ________________ Você já cronometrou as crises com um relógio? sim não Quanto tempo leva para o seu animal voltar a ficar em pé e a caminhar? ________________ Quanto tempo demora para ele voltar ao normal? ________________ 22 Depois da crise: Seu animal se apresenta com: medo agressividade desorientação/agitação andar cambaleante maior dependência emocional se esconde/comportamento antissocial sonolência/letargia olhar fixo no espaço caça moscas imaginárias/olhar vago farejamento cegueira normal Outros: _________________________________________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________________________________ Entre as crises: Seu animal se mostra completamente normal entre as crises? sim não não tenho certeza Em caso de resposta negativa, quais as alterações apresentadas pelo seu animal, em comparação com o estado anterior à crise? - Alteração da atividade mental. Exemplo: deprimido, hiperativo sim não não tenho certeza - Incapacidade de realizar atividades já aprendidas sim não não tenho certeza - Interação social anormal. Exemplo: dependência/comportamento de se esconder sim não não tenho certeza - Agressividade. Exemplo: em relação aos cães ou pessoas sim não não tenho certeza - Desobediência sim não não tenho certeza - Comportamento anormal. Exemplo: olhar fixo para os cantos/pressiona a cabeça contra a parede sim não não tenho certeza - Mudança do apetite sim não não tenho certeza - Ingestão de fezes/coisas anormais sim não não tenho certeza - Consumo maior ou menor de água sim não não tenho certeza - Lambedura excessiva ou arranhadura (“coceira”) sim não não tenho certeza - Destruição de objetos sim não não tenho certeza - Dificuldade para se sentar ou permanecer quieto. Exemplo: caminhadas, uivos e latidos sim não não tenho certeza - Mudança do comportamento sexual. Exemplo: em relação às pessoas (“masturbação”) sim não não tenho certeza - Alterações nos padrões de sono sim não não tenho certeza - Alterações nos padrões de exercício sim não não tenho certeza Se você tiver informações adicionais com as quais deseja contribuir, comente-as aqui. __________________________________________________________________________________________________________________ Por gentileza, forneça-nos os materiais a seguir caso você disponha deles: • Vídeo da crise • Cópia do “diário” (registro) das crises epilépticas e dos medicamentos • Resultados dos exames anteriores (hemograma completo, urinálise, RM/TC, análise do líquido cerebrospinal, entre outros). Muito obrigado pelo tempo dedicado! QUESTIONÁRIO DE EPILEPSIA 23 PROCESSOS NEUROLÓGICOS EM CÃES E GATOS Referências 1. Studzinski, C., Arauja, J. & Milgram, N. (2005). 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