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Operações Unitárias na Área Farmacêutica Desidratação e liofilização Profa. Andreza Angélica Ferreira ALM030 1 Tópicos 2 Desidratação x liofilização Fundamentos da desidratação por ar quente Curva de secagem/desidratação Principais equipamentos desidratdores/secadores Fundamentos da liofilização Equipamentos liofilizadores Artigo científico DESIDRATAÇÃO x LIOFILIZAÇÃO Operações unitárias pela qual se elimina água (transferência de massa) ou outro solvente presente em material sólido, pastoso ou líquido, pela transferência de calor em condições perfeitamente controladas ou não. 3 DESIDRATAÇÃO x LIOFILIZAÇÃO Desidratação: eliminação de água (solvente) por evaporação pelo emprego de ar quente LÍQUIDO para GASOSO Liofilização: eliminação de água (solvente) por sublimação pelo emprego de frio e vácuo SÓLIDO para GASOSO 4 DESIDRATAÇÃO x LIOFILIZAÇÃO VANTAGENS • Melhorar a estabilidade; • Aumentar a conservação; • Minimizar a multiplicação microbiana; • Reduzir a velocidade de reações de decomposição química, microbiológica e enzimática; • Reduzir peso e volume; • Facilitar a utilização e o transporte; • Facilitar a elaboração posterior; • Aumento na biodisponibilidade de ativos; • Aumento da solubilidade do material; • Reduzir a reatividade química da água remanescente devido à redução da Atividade de água (Aw) do produto. 5 Atividade de água – Aw (definição) Aw: Exprime a quantidade de água livre Relação entre a pressão de vapor da água na solução (P) dividida pela pressão da água pura a mesma temperatura (P0) Aw = P P0 Aw água pura = 1 6 Atividade de água – Aw Quantifica o grau de ligação da água contida no produto e, consequentemente, sua disponibilidade para agir como um solvente e participar das transformações químicas, bioquímicas e microbiológicas – água livre; Micro-organismos necessitam de água para se multiplicarem! A água total presente em um produto, nem sempre se encontra disponível (água ligada); Atividade de água = estabilidade do produto 7 DESIDRATAÇÃO x LIOFILIZAÇÃO DESVANTAGENS – desidratação • Perda de atividade enzimática – uso de enzimas liofilizadas • Degradação e perda de compostos termosensíveis e/ou voláteis – Vitamina C • Oxidação de lipídios – vitaminas lipossolúveis, fármacos ricos em substâncias fenólicas, compostos poliinsaturados, leite em pó integral DESVANTAGENS – liofilização • Alto custo operacional e de investimento • Processo longo • Em muitos casos, os custos inviabilizam o processo 8 Secagem/Desidratação – aplicações Sais efervescentes, aspirina, pós, ácido ascórbico; Indústria farmacêutica: preparo de granulados (comprimidos e cápsulas); • Comprimidos e cápsulas desidratados representam cerca de 80% dos medicamentos comercializados no mundo Incorporação de extratos secos na formulação para produção de pomadas e cosméticos Pós para produção de colorantes de cabelo Chás, fitoterápicos 9 Secagem/Desidratação Remoção de líquido de um material pela aplicação de calor, sendo realizada pela transferência do líquido (massa) de uma superfície para uma fase gasosa insaturada. • A transferência de calor por convecção é o meio mais utilizado na desidratação comercial, em que um fluxo de ar aquecido passa através da camada do produto • A umidade migra do interior para a superfície do produto, de onde se evapora para o ambiente • Ar de secagem conduz calor para o produto e absorve umidade do produto: Tª moderadamente alta, Baixa UR, Alta velocidade 10 Fundamentos da desidratação o Transferência de calor Calor sensível: para aquecer e aumentar Tª do produto Calor latente: vaporização da água contida no produto o Transferência de massa Difusão da água no produto (pressão de vapor deve ser superior à pressão atmosférica) – saída de umidade Difusão do vapor na corrente de ar 11 Fundamentos da Desidratação Transferência de energia na forma de calor do ar para o produto e uma transferência de água (massa) do produto para o ar PRODUTO Transferência de água Ar de secagem Transferência de energia em forma de calor 200°C 1554 Pa 0,1% UR Ar em contato com o produto 40°C 9583 Pa 100% UR Adaptado SCHUCK, 2010 Baixa UR do ar Tª moderadamente alta do ar Alta velocidade do ar 12 Umidade relativa do ar Relaciona-se com a pressão de vapor; Expressa em %; Indica a quantidade de água que pode ser absorvida pelo ar de secagem; Dada pela expressão: Onde: UR = umidade relativa do ar a uma dada temperatura P1 = pressão parcial de vapor no ar a uma dada temperatura P0 = pressão de vapor no ar saturado a mesma temperatura 13 Temperatura do ar Deve-se manter moderadamente alta para gerar um gradiente (diferença) de temperatura e pressão entre o produto e o ar Quanto mais alta a temperatura do ar, menor a umidade relativa: ideal para manter a insaturação do ar de secagem e eficiência do processo Atenção!!! Temperaturas muito altas podem comprometer a qualidade do produto!!! 14 Velocidade do ar A camada limite entre o ar e o produto atua como uma barreira tanto para a transferência de calor quanto para a remoção de vapor de água A espessura da camada limite é determinada pela velocidade do ar = eficiência de secagem Baixa velocidade do ar = maior espessura da camada limite = reduz coeficiente de transferência de calor e a taxa de remoção de vapor de água Maior velocidade do ar = menor espessura da camada limite = maior taxa de secagem 15 Trajetória do vapor de água durante a secagem camada limite 16 Fatores que afetam a velocidade de secagem o VELOCIDADE DO AR O ar em movimento (velocidade) recebe a umidade vinda da superfície do produto impede a criação de uma atmosfera saturada; Quanto > a velocidade do ar, > a velocidade de desidratação; Risco: endurecimento superficial devido a velocidade de evaporação superficial ser superior à velocidade de difusão da umidade do interior do produto. 17 Fatores que afetam a velocidade de secagem o ÁREA SUPERFICIAL A subdivisão do produto acelera a transferência de calor e de massa; Maior área superficial: Proporciona > superfície em contato com o meio aquecedor e > superfície da qual pode-se liberar umidade; Partículas menores ou camadas mais finas: reduzem a distância que o calor tem que percorrer até o centro do produto e que a umidade tem que percorrer para alcançar a superfície. 18 Fatores que afetam a velocidade de secagem o TEMPERATURA Quanto > a diferença de temperatura entre o meio de aquecimento e o produto, > será a velocidade de transferência de calor do produto; A medida que a água é liberada do produto na forma de vapor, este deve ser removido para evitar saturação da atmosfera (diferença de Tª) – caso contrário, reduz a velocidade de secagem. 19 Fatores que afetam a velocidade de secagem o TEOR DE UMIDADE DO AR Quanto < a UR, > a velocidade de desidratação; O teor de UR do ar determina o conteúdo de umidade final no produto e influencia na Aw; Produtos com baixa Aw tendem a absorver mais umidade em ambientes com UR alta; Umidade relativa de equilíbrio: característica para cada produto e depende da temperatura e umidade do ar – ambiente de estocagem, embalagem 20 Fatores que afetam a velocidade de secagem o TEMPO E TEMPERATURA Deve-se otimizar a velocidade máxima de desidratação e a qualidade do produto; O tempo deve ser em função do tipo do produto e da quantidade a desidratar; 21 Fatores que afetam a velocidade de secagem Tempo curto e temperatura alta: • formação de camada dura na superfície com alteração de cor, sabor, textura e alteração no princípio ativo • dificuldade de reidratação. Tempo longo e temperatura baixa: • pode ocorrer contaminação microbiana • o produto pode não atingir o nível de desidratação desejado. Temperatura crítica: • Temperatura máxima que o produto pode suportar sem perdercaracterísticas desejáveis 22 Curvas de desidratação de sólido úmido em ar com temperatura e pressão constantes FASE A-B: Período de estabilização, superfície do produto é aquecida (período de taxa constante) FASE B-C: Período de velocidade constante continua até que um teor de umidade crítico é alcançado FASE C-D: Período de desidratação em velocidade decrescente (período de taxa decrescente) – produto em equilíbrio com ar de secagem tc: teor crítico de umidade 23 Secagem x concentração SECAGEM: remoção quase que total da água CONCENTRAÇÃO: remoção de parte da água (1/3 ou 2/3): • Etapa prévia antes da secagem • Mudança de textura (xaropes) • Economia na embalagem, transporte e armazenamento • Economia de energia, eficiência do processo • Aumentar a conservação pela diminuição da Aw • Pode ser feita na forma de: • Vapor: evaporação • Gelo: crioconcentração • Líquido: ultrafiltração e osmose inversa 24 Remoção de água em sólidos (sem aquecimento) COMPRESSÃO: de um sólido para remover líquidos EXTRAÇÃO: de líquido de um sólido pelo uso de solvente ADSORÇÃO: de água de um solvente pelo uso de dessecantes (cloreto de cálcio anidro) Remoção de umidade de um sólido pela colocação em um recipiente fechado contendo material que remova umidade (sílica) Os métodos de desidratação utilizados em maior escala são os que tem como base a exposição do alimento a uma corrente de ar aquecida, sendo que a transferência de calor do ar para o alimento se dá basicamente por convecção. 25 Equipamentos – secadores (classificação) • Método de aquecimento (direto ou indireto) • DIRETO: material é exposto diretamente ao ar quente; equipamentos mais simples e baratos; menor possibilidade de superaquecimento; eficiência térmica é menor. Ex.: secadores de bandeja, túnel ou esteira. • INDIRETO: calor é transmitido por superfície metálica aquecida; maior eficiência; risco de superaquecimento. Ex.: secador de tambor. Outros: micro-ondas ou radiação por infravermelho • Operação à vácuo ou a pressão atmosférica • Fluxo de carga (contínuos ou batelada) 26 Secador de leito estático • Secadores de bandeja ou estufa • Tipo de secador mais simples, baixo custo • Câmara com várias bandejas sobrepostas • Difícil uniformidade de secagem – o ar abosrve umidade e altera a T°C a medida que circula pelas bandejas • Troca de posição das badejas 27 Secador de leito estático • Secadores de bandeja 28 Secador de leito estático • Secadores de túnel e de esteira • Foram criados a partir da modificação dos secadores tipo bandeja para operação em modo contínuo • Bandejas são dispostas sobre estantes adaptadas a um sistema de movimento • O fluxo de ar pode ser paralelo ou contracorrente • Comprimento é variável 29 Secador de leito estático • Secadores de túnel e de esteira 30 31 Secadores de túnel e de esteira Secador de leito estático • Secadores de túnel e de esteira • Secadores de esteira são variantes dos secadores de túnel • Produto é depositado sobre uma esteira 32 Secador de leito fluidizado • Secadores de leito fluidizado • Processo de fluidização • Leito de material particulado comporta-se como fluido quando submetido ao escoamento de um líquido ou gás por meio das partículas – Ar de secagem fluidifica as partículas presentes no material 33 34 Secadores de leito fluidizado Secadores de leito com movimento • Secadores rotatório • Operação contínua, aquecimento direto ou indireto • Cilíndricos, ligeiramente inclinados com lento movimento giratório • Adequado para materiais com partículas que tendem a aglomerar – produção de xarope 35 Secadores de leito com movimento • Secadores de tambor • Secadores indiretos (vapor de água), apropriados para pastas • Um ou mais cilíndros (tambores) metálicos e ocos – tambor gira enquanto produto desidrata; • Transferência de calor por condução - O produto úmido é distribuído sob a forma de película sobre a superfície metálica aquecida 36 37 Secadores pneumáticos • Spray dryer ou atomizador • As partículas são circundadas por uma corrente de ar em alta velocidade, resultando em tempos de secagem muito curtos • O fluido concentrado (40 a 60% de umidade) é pulverizado dentro da câmara de secagem em milhões de micro-gotas formando finas gotículas que posteriormente são aspergidas dentro de uma corrente de ar quente a 150 a 300°C. • Fluxo de ar é co-corrente (paralelo) ou contra-corrente com o produto inserido na câmara de secagem 38 Spray dryer ou atomizador . 39 A rápida evaporação da água permite manter baixa a temperatura das partículas de modo que a alta temperatura do ar de secagem não afete o produto. Spray dryer 40 41 Co-corrente: fluxo de ar no mesmo sentido de alimentação do produto 42 Secador solar 43 44 Secador solar 45 A liofilizaçãoou criodesidratação ou ainda, criosecagem, é um processo diferenciado de desidratação de produtos, pois ocorre em condições especiais de pressão e temperatura, possibilitando que a água previamente congelada (estado sólido) passe diretamente ao estado gasoso (sem passar pelo estado líquido), ou seja, a mudança de estado físico ocorre por sublimação. Liofilização 46 47 48 49 50 51 52 CONGELAMENTO R ED U Ç Ã O D E P R ES SÃ O DESIDRATAÇÃO Liofilização –etapas e atividades Processo de desidratação sob condições de vácuo • 1. Congelamento (fase crítica - reações químicas biológicas –menos 0°C) • 2. Desidratação primária (90% da água livre é eliminada – produto com 15% de umidade) • 3. Desidratação secundária (10% da água ligada é eliminada – produto desidratado até 2% de umidade) 53 1.Congelamento Formação de núcleos de cristais de gelo • A água circundante é fixada ao redor dos locais de nucleação, resultando em cristais de diferentes tamanhos e formas – nucleação heterogênea. • A velocidade de congelamento, a composição do produto de base, o teor de água, a viscosidade do líquido e a presença de substâncias não-cristalizadas determinam a forma e tamanho do cristal, e influenciam o processo de sublimação. 54 Congelamento rápidoCongelamento rápido Congelamento lento 55 2. Desidratação primária Apóso congelamento do produto, reduz-se apressão abaixo de 600 Pa, e fornece-se o calor latente de sublimação do gelo – água é removida por sublimação que ocorre sob vácuo e com a adição de calor É necessário fornecer mais calor ao produto para iniciar a desidratação secundária Atemperatura e pressão devem ser mantidas abaixo do ponto triplo da água para evitar que o gelo sefunda Ao passo que o gelo sublima, a temperatura da superfície do produto começa aaumentar enquanto o interior permanece congelado e frio 56 2. Desidratação primária 20 Avelocidade de desidratação (primária) é lenta, cerca de 1,5 kg de água m- 2.h-1, podendo levar de 6 a 10 horas, até reduzir o conteúdo de água a 15 % de umidade. O final da desidratação primária pode ser constatado pelo aumento da temperatura do produto num valor próximo ao do ambiente ou pela observação visual quando desaparece a interface entre camada seca e camada congelada Em produtos muito sensíveis ao calor e cultivos microbianos o usual são temperaturas superficiais de 20 a30°Ce pressões inferiores a13 Pa 57 3. Desidratação secundária Também chamada de dessorção, ocorre depois que todo gelo já foi eliminado do produto, mas o produto continua retendo certa quantidade de águalíquida Para obtenção de um produto estável, o conteúdo de umidade deve ser reduzido acerca de 2 a8 %(água ligada) Este resultado pode ser obtido se o produto parcialmente seco permanecer no liofilizador por cerca de 2 a 6 horas e for aquecido até 20 a 60 °C(dependendo do produto), mantendo-se o vácuo, assim ocorre a evaporação de grande parte da água residual Outra possibilidade é a finalização por outro método de secagem, em decorrênciadoselevados custosdo processode liofilização. 58 3. Desidratação secundária Ao término da desidratação antes da retirada do produto da câmara, deve haver a introdução de um gás inerte, em geral utiliza-se o nitrogênio, para rompimento do vácuo, pois seocorrer àentrada de ar na câmaraos produtos imediatamente absorveriam umidade. O tempo desta etapa é cerca de 30 a 50 %do tempo gasto com a etapa anterior Dependendo do produto o processo completo pode durar até 48-72 horas 59 60 TADINI et al., 2016 Os equipamentos de liofilização comercias são constituídos pelas seguintes partes: • 1. Câmara de vácuo ou sublimação: local onde fica a amostra a ser desidratada –diminuir a pressão para não ocorrer a fusão do gelo • 2. Bomba de vácuo e motor elétrico acoplado a um compressor responsável pela baixa pressão dentro da câmera de sublimação podendo também funcionar de forma inversa aumentando a pressão dentro do sistema; • 3. Sistema de refrigeração (condensador); • 4. Coletor de vapor é o sistema responsável por coleta toda água proveniente da amostra. Liofilizador 61 62 TADINI et al., 2016 Diferenciam-se pelo modo como se proporciona calor para a superfície do produto (condução e radiação –comerciais) O aquecimento por convecção, que se dá por diferença de densidade de um fluido não é usado porque o aquecimento ocorre dentro da câmara de vácuo, e no vácuo não ocorre a movimentação por diferença dedensidade Atualmente também se utiliza a liofilização por micro-ondas ou radiação infravermelha Equipamentos – liofilizadores 63 Liofilizadores de contato 64 Liofilizadores de contato 65 3466 Liofilizadores de micro-ondas 67 MP alto valor comercial ou muito sensíveis ao calor Câmara de Vácuo Alto custo Batelada Longo tempo Sistema de refrigeração Desvantagens da liofilização 68 Produção de refeições instantâneas (vegetais, carne, peixe), assim como na preparação de fruta para uso emcereais Preservação de proteínas e enzimas Na indústria farmacêutica esta técnica permite preservar hormônios, medicamentos injetáveis, vacinas, plasma sanguíneo, tecidos humanos para transplantes, cultivos de bactérias evírus... Aplicações 69 70 • Tempo 0 – Não houve perda de viabilidade das amostras em SD (109 UFC.g-1) • Amostras em SD mantiveram 109 UFC.g-1 ao longo de 60 dias de estocagem (p>0,05) à 4 °C e 20 °C • Houve perda de viabilidade das amostras liofilizadas (107 UFC.g-1) após 60 dias • Manutenção das propriedades probióticas e acidificação em leite das amostras em SD Recapitulando... 71 Desidratação x liofilização Desidratação: envolve ar quente; evaporação Liofilização: congelamento e desidratação do material; sublimação Mais estudos ainda precisam ser realizados para melhor comparar as diferentes técnicas de desidratação/liofilização
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