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10 axiomas do Garantismo Penal de Luigi Ferrajoli

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Os 10 axiomas do Garantismo Penal 
O que é axioma? 
AXIOMA. S. m. (Gr. ´axioma) Herm. Preceito abstrato (geralmente formulado em latim, 
conquanto não necessariamente extraído das fontes romanas), que se evidencia por si 
mesmo, dispensando demonstração, e em que se arrima a interpretação enunciativa. 
No mesmo sentido, diz-se tb. adágio, anexim, apotegma, brocardo, ditado, máxima, 
parêmia, prolóquio, provérbio. 
Dicionário Jurídico : Academia Brasileira de Letras Jurídicas / Organização J. M. Othon Sidou ...[et.al]. - 
11. ed., rev. e atual. - Rio de Janeiro : Forense, 2016 
Axioma – S.m. Proposição filosófica admitida como universalmente verdadeira sem 
exigência de demonstração. 
Dicionário jurídico brasileiro / Washington dos Santos. - Belo Horizonte : Del Rey, 2001. 
 
Axiomas são premissas consideradas verdadeiras ou, ainda, verdades 
inquestionáveis e que são válidas de maneira universal. Assim, é partir de axiomas 
que são elaboradas teorias e teses. 
 
São 10 axiomas, sendo que os 6 primeiros se referem às condições penais, e os 4 
últimos às condições processuais. 
1. Nulla poena sine crimine 
2. Nullum crimen sine lege 
3. Nulla lex (poenalis) sine necessitate 
4. Nulla necessitas sine injuria 
5. Nulla injuria sine actione 
6. Nulla actio sine culpa 
7. Nulla culpa sine judicio 
8. Nulla judicium sine accusatione 
9. Nulla accusatio sine probatione 
10. Nulla probatio sine defensione 
Para uma melhor compreensão, vamos partir para uma rápida análise em cada um 
dos axiomas: 
1. Não há pena sem crime. 
Princípio da retributividade ou da consequencialidade da pena em relação ao delito. 
Princípio da retributividade: princípio que se refere a pena, e trata-se, nas palavras 
de Ferrajoli, de garantir que a pena deva ser aplicável quando se tenha cometido um 
delito, que constitui sua causa ou condição necessária e do qual se configura como 
efeito ou consequência jurídica; a pena não vem primeiro, senão depois, não uma 
medida preventiva ou antes do delito, mas uma sanção retributiva ou pós a prática 
do delito. 
Ferrajoli faz remissão a Ulpiano e Feuerbach com o brocardo latino: Não pode haver 
punição sem fraude (crime). Sem a fraude, a punição é uma fraude. Mas o que define 
o crime? A lei. 
2. Não há crime sem lei. 
Princípio da legalidade/reserva legal, no sentido lato e no sentido estrito. 
Princípio da legalidade: princípio consagrado por Feuerbach, no início do séc. XIX , 
sendo essencialmente uma armadura que protege os cidadãos do poder punitivo do 
Estado, tal princípio está claramente descrito no art. 5º, XXXIX CF/88 . 
Tal princípio fundamentalmente consagra que, essencialmente a lei deve dizer o que é 
crime e, que está lei juntamente com seu preceito secundário (pena) não poderá ser 
aplicada antes da prática da infração penal (isso remete ao princípio analisado 
anteriormente), está garantia é fundamental, visto que o Estado poderia criminalizar 
qualquer pessoa pela prática de qualquer conduta, sem que está estivesse descrita na 
lei penal, uma clara afronta a segurança jurídica, pela qual se garante aos sujeitos de 
direito uma previsibilidade dos atos estatais. 
Este princípio também pode ser referido como, o princípio da taxatividade, uma vez 
que uma conduta (e não a pessoa em si) criminosa deve estar descrita, por assim 
dizer, perfeitamente no tipo penal. 
Só a lei pode prever crimes, não podendo eles estarem definidos em outro lugar. Mas 
qualquer conduta pode se tornar crime? Não. Deve haver a necessidade da lei penal. 
3. Não há lei penal sem necessidade. 
 Princípio da necessidade ou da economia do direito penal. 
Este axioma principiológico carrega consigo a ideia de que só se deve criminalizar 
quando for de extrema importância (necessidade). Nesta seara garantista se destaca o 
fato de o Direito Penal ser conhecido como a ultima ratio (também conhecido como 
princípio da intervenção mínima) do Estado, assim o direito penal só deve atuar 
quando os outros meios legítimos de resolução dos conflitos falharem. 
 O direito não pode incriminar condutas irrelevantes ou desnecessárias, devendo ser 
efetivamente considerado como ultima ratio. Mas que critério podemos usar para dizer 
que há necessidade de lei penal? O dano, a lesão a um bem jurídico. 
4. Não há necessidade [da lei penal] sem ofensa [a bem jurídico]. 
 Princípio da lesividade ou ofensividade do evento. Dispõe este princípio que para, se 
caracterizar um crime é necessário que ocorra um claro perigo, real e efetivo de dano 
a um bem jurídico penalmente tutelado 
O direito penal não pode incriminar condutas que não ofendam um bem jurídico. E não 
basta qualquer lesão, sendo necessária uma lesão significativa. Mas quando podemos 
dizer que houve ofensa a um bem jurídico? Deve haver, no mínimo, a exterioridade da 
ação, materialidade da conduta. 
5. Não há ofensa a bem jurídico sem ação. 
 Princípio da materialidade ou da exterioridade da ação. De acordo com este princípio, 
nenhum dano, por mais grave que seja, pode ser considerado penalmente relevante, 
se não for praticado com uma ação, ou seja, tal se caracteriza pelo fato de ser 
somente punível como crime uma ação que se exteriorize, pois o direito penal, em um 
Estado democrático de direito, não pode punir os estados de ânimo internos, que não 
chegaram ao menos a ser exteriorizados no mundo físico, externo, assim, analisando 
o iter criminis (caminho do crime) nota-se que é em regra possível somente a punição 
na fase de execução, justamente quando a ação é exteriorizada, não se pune a fase 
de cogitatio, uma vez que está se encontra no interno do sujeito, é apenas um desejo 
que não se manifestou em uma ação. 
Ferrajoli o tempo todo se refere a ação e omissão, ok? Na verdade, aqui há a vedação 
de se incriminar o pensamento, os atos preparatórios, a mera intenção. Mais 
importante é a vedação da incriminação de personalidade. O crime deve se referir a 
uma conduta, não a um agente ou um traço de sua personalidade, ideologia ou 
pensamento. Mas basta a ação? É precisão também responsabilidade, o dolo ou a 
culpa. 
6. Não há ação sem culpa. 
 Princípio da culpabilidade ou da responsabilidade pessoal se caracteriza 
essencialmente pelo fato de proibir a responsabilidade objetiva no Direito penal, ou 
seja, ninguém responde criminalmente sem ter agido de forma dolosa ou culposa, 
ninguém responde pelo simples resultado, sem se analisar o seu elemento subjetivo 
(dolo ou culpa). 
 Veda-se a responsabilidade penal objetiva. É preciso que haja intenção do agente. 
Aqui se entra na questão da responsabilidade penal. E como podemos aferir a culpa 
de alguém? Pelo processo. 
7. Não há culpa sem processo. 
 Princípio da jurisdicionalidade no sentido lato ou estrito, relativo ao direito processual, 
é garantia contra as penas privadas, aqui o individuo tem a garantia de ser julgado 
pelo Estado, com esse observando todos as demais garantias dos cidadãos, não 
sendo possível punições privadas, como o eram as vinganças de sangue, conhecidas 
pela famosa lei de talião, sem limites para a atuação punitiva. 
O único meio adequado para se aferir a culpa de alguém é pelo processo. Mas 
qualquer processo? Claro que não, mas um processo que tenha acusação. 
8. Não há processo sem acusação. 
 Princípio acusatório ou da separação entre o juiz e a acusação. É uma garantia 
processual penal, e se sustenta no fato de haver uma clara distinção na atividade de 
julgar e de acusar, outro fato que o caracteriza é que a iniciativa probatória é das 
partes, e não do julgador, às partes fica dado o ônus de levar o conhecimento até o 
processo, além disso, o juiz deve se manter de forma imparcial, julgando conforme os 
fatos que lhes são apresentados e zelando, primordialmente, pela correta aplicação da 
lei. 
Isso significa que juiz e acusador não podem ser a mesma pessoa no processo. Há 
clara separação de funções. Quem julga não acusae quem acusa não julga. Há aqui a 
principal distinção entre os modelos acusatório e inquisitório. Basta acusar? Não, tem 
que provar. 
9. Não há acusação sem prova. 
 Princípio do ônus da prova ou da verificação. Quem o acusa deve provar os fatos que 
alega, assim o acusado deve esperar as provas apresentadas pela acusação e refutá-
las em contestação 
Cabe à acusação provar o alegado. Sem prova não pode haver aplicação de pena. 
Mas de nada vale a prova sem uma defesa. 
10. Não há prova sem defesa. 
Princípio do contraditório ou da defesa ou da falseabilidade. Caracteriza-se pela 
garantia de todo sujeito acusado de um crime poder contradizer sobre o que está 
sendo acusado, assim o juiz deve antes de proferir sua decisão, confrontar as 
acusações com a respectiva defesa do acusado. 
 É a defesa que torna o processo válido. Só se a defesa puder se manifestar sobre 
uma prova, tendo real possibilidade de contraprovar o alegado, que ela poderá ser 
utilizada no processo. Para o SG (sistema garantista), não basta o mero contraditório, 
mas a real possibilidade de contraprovar, de falsear a acusação. 
FONTES: 
https://deusgarcia.wordpress.com/2019/04/15/os-10-axiomas-do-garantismo-penal/ 
 
https://gustavogalonfernandes.jusbrasil.com.br/artigos/789763525/axiomas-do-
garantismo-penal?ref=serp 
 
 
https://deusgarcia.wordpress.com/2019/04/15/os-10-axiomas-do-garantismo-penal/
https://gustavogalonfernandes.jusbrasil.com.br/artigos/789763525/axiomas-do-garantismo-penal?ref=serp
https://gustavogalonfernandes.jusbrasil.com.br/artigos/789763525/axiomas-do-garantismo-penal?ref=serp

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