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O Avivamento de Azusa Dando liberdade ao Espírito Santo, Sinais, Maravilhas, & Milagres Bispo Otis G. Clark & Dra. Gwyneth Williams O Avivamento de Azusa Dando liberdade ao Espírito Santo, Sinais, Maravilhas, & Milagres ©2018 Bispo Otis G. Clark & Dra. Gwyneth Williams. Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste livro deve ser reproduzida, armazenada, ou distribuída por quaisquer meios sem a permissão por escrito do autor. Contato: Life Enrichment Ministries P.O. Box 2717 Tulsa, OK 74101 USA Email: admin@lemglobal.org Website: www.lemglobal.org Ligue para: + 1-918- 288-0400 WhatsApp: + 1-918-409-7700 ISBN: 978-1-949594-03-4 Primeira publicação em 1993 como “The Azusa Mission by Life Enrichment with Holiness Mission.” Autores: Bispo Otis Clark and Dra. Gwyneth Williams Índice Apresentação.............................................................................................7 Prefácio......................................................................................................9 Introdução....................................................................................................13 Capítulo 1: O Movimento Santidade...........................................................15 Capítulo 2: O Avivamento Pentecostal....................................................21 Capítulo 3: William J. Seymour...............................................................27 Capítulo 4: Testemunhos de Azusa..........................................................47 Capítulo 5: Reportagens nos Jornais.........................................................61 Capítulo 6: Adoradores de Azusa.............................................................67 Capítulo 7: Panorama sobre o Dom de Línguas e o Espírito Santo..........75 Capítulo 8: A Igreja Carismática e Pentecostal nos dias de Hoje.............99 Sobre os autores........................................................................................107 Bibliografia...............................................................................................113 Considerações Finais.................................................................................117 Apresentação O Reino de Deus tem sido um assunto global desde quando João Batista entrou em cena para preparar o caminho do Messias. Após o seu batismo, Jesus continuou a mensagem de João: “Arrependam-se, porque o Reino dos céus está próximo”. Manifestações de Deus ao longo da história iniciaram-se a partir desta mensagem. Jesus ensinou seus discípulos a orar, “Venha o Teu Reino, seja feita a Tua vontade, assim na terra como no céu”. Tudo quanto é feito na terra, acontece como resultado de oração e se concretiza no céu primeiro. O céu quer avivamento, o céu deseja milagres, e nós somos os veículos através dos quais o Espírito de Deus trabalha. É preciso que haja pessoas que possuam grande visão e paixão para que possamos estabelecer o poder e autoridade do Reino em nossa geração. O poder e o propósito de Deus nunca mudaram, nem mesmo enfraqueceu a sua força. As gerações têm contado com homens e mulheres de Deus para tornar visível a presença invisível do Senhor através de sinais, maravilhas e milagres. O mesmo Espírito que ressuscitou Cristo da morte está aguardando por vasos (pessoas) que irão representar a sua causa a um mundo que está em busca de algo mais. Não precisamos ir muito além de nossos quintais para encontrar um campo aguardando a colheita. O mundo lá fora está clamando pelo sucesso com significado – significado eterno. Nossas vizinhanças estão florescendo com mentes jovens buscando por liderança. E as nações anseiam por uma mensagem de esperança. Esta é a nossa geração e o mandamento “ide” continua o mesmo. Vamos em nome daquele que é sobre todo nome, Jesus. A base de tudo o que fazemos deve ser o amor. O apóstolo Paulo nos adverte ao dizer: “Porque em Cristo Jesus nem circuncisão nem incircuncisão têm efeito algum, mas sim a fé que atua pelo amor” (Gálatas 5:6 NVI). Deixemos nossa expressão e nossa mensagem ser rica em amor. “o amor cobre uma multidão de pecados” (1 Pedro 4:8b). “O amor nunca falha” (1 Coríntios 13:8a). Não há obstáculos que sejam maiores que o nosso Deus. Não há nada impossível aos que creem. Como Patrick Snow um dia afirmou: “Apenas aqueles que podem ver o invisível podem realizar o impossível!”. Então, vejamos! Conforme você lê o livro de Dra. Williams e Bispo Clark, minha oração é que você ouça sons de avivamento em sua vida e sua terra. Comece a envolver-se e abrace seu papel na manifestação de Deus em nossa geração. Dra. Williams e o Bispo Clark têm viajado globalmente e adquirido uma variedade de experiências - assim como formações – para unir o trabalho do Espírito Santo, a história do avivamento e o Reino de Deus. Eles amam o Senhor, a igreja local e as nações da terra. Suas percepções nos ajudam a olhar para as manifestações de Deus a partir de diferentes períodos da história. O avivamento não precisa ser um sonho – pode ser realidade. Deixe o desejo pelo fogo do Espírito Santo entrar em você ao longo de sua leitura. Prefácio O bispo Otis Clark é grato pela oportunidade que teve de entrar no prédio da Rua Azusa onde aconteceu o maior avivamento da idade moderna. Ele teve uma experiência sobrenatural com Deus enquanto esteve em Los Angeles, uma visão que o levou ao céu. Mais tarde ele foi aconselhado pelos crentes locais, mais especificamente por Mother Emma Cotton, e, ao envolver-se com a Azusa Street Mission (Missão da Rua Azusa), foi lhe dado poder de procurador da Missão, pelo bispo Driscoll, William J., o sucessor de Seymour. Clark agradece a Deus por Jesus Cristo, seu filho, nosso Senhor e Salvador. Ele é grato ao Senhor por lhe permitir a vida neste grande e maravilhoso mundo por 109 anos, sendo extremamente abençoado por Deus. Procuração da Azusa Mission dada ao Bispo Otis Clark. Clark quer ver a igreja mundial seguindo os ensinos do apóstolo Paulo. Ele acredita que estes ensinamentos levarão as igrejas atuais a serem vitoriosas e não derrotadas. A igreja do Senhor é a única esperança. Como o apóstolo Paulo disse: "Desperta, ó tu que dormes, levanta-te dentre os mortos e Cristo resplandecerá sobre ti". Durante este tempo, devemos lembrar a bênção que Deus deu ao povo de Azusa. Este avivamento Pentecostal afetou o mundo inteiro, com mais de um bilhão de pessoas se proclamando Pentecostais. Aproximadamente um bilhão de pessoas foram afetadas de alguma forma pelo avivamento da Azusa Street Mission. Deus definitivamente fez uma afirmação, através do movimento, sobre a aceitação da igreja para com os dons do Espírito Santo. A Igreja de hoje deve seguir nos ensinamentos de Jesus, dando liberdade ao Espírito Santo para guiar-nos a todas as verdades espirituais. Quando a Igreja está totalmente quebrantada e aberta a receber - como Seymour fez quando orou atrás de duas caixas de sapatos - então Deus pode derramar um despertar sobre ela, como o mundo nunca conheceu. Se nos humilharmos, orarmos, e buscarmos a Sua face, o Senhor nos promete que ouvirá nossas orações e sarará a nossa terra. Foi a humildade e a oração que causaram o grande avivamento de 1906. Aqueles que primeiro buscaram o Espírito Santo estavam em oração quando o receberam e foram usados como instrumentos para mudar o mundo. O Espírito manifestou- se sobre Asuza de forma tão poderosa que pessoas vieram de vários lugares do mundo para ver este grande fenômeno do qual ouviram falar. Pessoas de todas as raças vieram de diferentes meios de vida e de cada continente. Foi como no dia de Pentecostes, na Bíblia. Deus quer e fará acontecer novamente, através de nós! O propósito deste livro é proporcionar ao leitor um pouco de conhecimento histórico, teológico e prático sobre o que aconteceu em Azusa. O conteúdo também reflete o grande e contínuo efeito que este movimento gerou sobre o mundo cristão. Tem-se celebrado enquanto esta onda continua a crescer e o poder de Deus continua a operar através da igreja nos dias de hoje. PeloTerceiro Grande Despertar da Igreja, Bispo Otis G. Clark and Dra. Gwyneth Williams Introdução As raízes das manifestações do Espírito Santo nos dias da idade moderna podem ser atribuídas aos eventos que ocorreram em um prédio de madeira, durante a virada do século, em Los Angeles, Califórnia. O bispo Otis Clark morou na casa de Emma (considerada mãe de Azusa) e Henry Cotton, tornando-se como parte da família. Clark chegou em Los Angeles em 1921 após a rebelião racial de Tulsa, Oklahoma. Mãe Emma Cotton foi a conselheira de Clark. Ele era seu motorista particular, enquanto Henry, marido de Emma, trabalhava como carregador de malas no trem, indo de cidade em cidade. Eles tentaram manter as Igrejas de Azusa abertas. Em 1922 Seymour adoeceu e partiu ao céu. O avivamento que ocorreu na Rua Azusa, de 1906 a 1919, desencadeou o notável crescimento global do movimento Pentecostal e de sua irmã, a Renovação Carismática. Embora este avivamento seja significante por muitos motivos, acredito que a maior lição da Rua Azusa para a geração atual seja o poder da unidade espiritual. Em Azusa, os longos cultos eram marcados pelas pregações de fogo, cantos espontâneos e orações fervorosas. Pessoas eram batizadas pelo Espírito Santo, falavam em línguas e caíam sob o poder de Deus. Liderado por William J. Seymour, um pregador negro, do Movimento Santidade (Movimento da Santidade), Azusa atraiu pessoas de todas as cores e estilos de vida. Brancos, Negros, Hispânicos e Asiáticos juntos experimentaram a presença manifesta do Espírito de Deus. Seymour, que havia recebido dos ensinos do Espírito Santo enquanto escutava através da porta de uma sala de aula toda branca, sabia que esta experiência era para todas as pessoas. É fato, que algumas das 26 maiores denominações, incluindo Assembléia de Deus, Igreja de Deus em Cristo, Igreja de Deus, Cleveland Tennessee, Fé Apostólica, Igreja Pentecostal Unida, e Assembléias Pentecostais do Mundo tem raízes do avivamento da Rua Azusa; além de 700 outras denominações, incluindo igrejas independentes. Somos gratos em ter o Bispo Otis G. Clark entre nós. Quando uma crônica é escrita, raramente os leitores tem o privilégio de receber informações de primeira mão. O bispo Clark conheceu muitos dos crentes da época e agora relembra os acontecimentos nas páginas deste livro. Junte-se a mim ao recontar os eventos da Missão de Azusa. Sinto-me entusiasmado com o privilégio de traçar novamente as raízes deste mover conforme nos esforçamos a completar o que Deus começou em 1906. Deixemo- nos, através destas páginas, encontrar o verdadeiro espírito de Azusa, o espírito da unidade. 1 ________________________________ Movimento da Santidade Contribuições do Movimento A principal preocupação da igreja não deveria ser sobre adesão de membros, mas sim sobre a salvação. Os avivamentos que ocorreram durante os séculos XIX e XX foram responsáveis pela salvação e restauração de muitos. Durante os últimos duzentos anos aconteceram várias renovações, reformas e avivamentos.1 No século XVI, a Igreja Luterana foi forte em sua persuasão. Depois disso, a Igreja Católica na Europa começou a perder um pouco de sua credibilidade.2 Os puritanos experimentaram um avivamento sob a liderança de Oliver Cromwell, John Bunyan e John Newton; e a Igreja Wesleyana trabalhou junto a eles, além de ajudar a Inglaterra no período em que a França estava lutando na revolução.3 Durante o século XIX, pessoas tiveram maravilhosas experiências sob a influência de Charles G. Finney e Dwight L. Moody. Em 1860, 23% da população americana participava de algum tipo de reunião de igreja.4 Dentro da Igreja Metodista no Norte e no Sul havia um interesse em retornar ao movimento de santidade, o qual prevalecia nos Estados Unidos em 1858.5 O movimento gerou grandes contribuições, que prepararam a terra para a ascensão pentecostal. A primeira delas foi a experiência que veio na seqüência, da crise à experiência de salvação, e a segunda foi a produção de outra onda de manifestações de Deus notável da história, o que incluiu o batismo pelo Espírito Santo. Em 1870, os bispos do Sul pediram pela restauração da santificação. Eles enfatizaram que não havia nada mais necessário naquele período. O retorno da santificação traria foco às verdades bíblicas e possivelmente produziria uma renovação.6 Eles chamavam esta doutrina de “as três obras da graça,” porém muitos cristãos a ignoraram devido ao seu interesse no “Evangelho social.” O movimento de santidade se tornou sólido e convicto em suas crenças.7 Era bastante independente e não era facilmente aceito por outras denominações. Este movimento foi marcado por seu início em Vineland, Nova Jersey, em uma reunião ao ar livre em 17 de Julho de 1867.8 O foco do evento era “exercer influência sobre o Cristianismo,” sobre a santidade e “trazer uma nova era ao Metodismo.” 9 Os Efeitos do Movimento Santidade nas Denominações O movimento teve também um efeito sobre outras denominações do século XX. Vinson Synan, um estudioso escritor afirmou: “estes homens em muito pouco se deram conta de que esta reunião eventualmente resultaria na formação de mais de 14.000 denominações ao redor do mundo, e nasceria a “terceira força” do Cristianismo, o Movimento Pentecostal.”10 Elmer T. Clark, autor de “The Small Sects in America” – Os pequenos grupos religiosos na America,” lista 60 grupos Pentecostais e Santidade que vieram à existência entre os anos de 1880 e 1930. 11 A Igreja Santidade e sua Teologia O movimento Santidade, em sua teologia, era convicto na fé de que se deve haver santidade, a qual vem do interior; e que os padrões de moral devem ser exemplificados.12 As intenções não eram diretamente de criar uma nova denominação, mas de sustentar os padrões Bíblicos. O movimento começou a refletir mudanças na Igreja a partir da virada do século. Ao mesmo tempo que se iniciavam os cultos na Rua Azusa, dava-se início a uma nova onda de renovação. O Movimento Pentecostal surgiu a partir das Igrejas do movimento de Santidade. Os focos teológicos eram a conversão, a santificação e habilidade dada por Deus de viver uma vida moral e pura. Outro foco era o batismo no Espírito Santo, onde uma pessoa era cheia pelo Espírito e agregava-se valor à sua vida. Os cristãos que desejavam ser completos em sua caminhada espiritual buscavam por todas estas três bênçãos.13 A Teologia de W.H. Durham A comoção Teológica que levou o movimento Pentecostal a separar-se do movimento Santidade continuou durante as duas primeiras décadas do século XX. O polêmico movimento “Só Jesus” foi uma fonte de conflito.14 O outro foi a “Doutrina da Obra Consumada”, de W.H Durham,15 o qual havia também visitado a Rua Azusa e retornado como convertido à nova doutrina Pentecostal. Foi pastor de uma missão em Chicago, Illinois. Era originalmente um pregador Batista que, mais tarde, se tornou pastor de uma pequena Igreja Santidade próximo a Houston, Texas. Ele apresentou uma nova visão que atribuía a santificação ao ato de conversão baseado na obra consumada de Cristo no calvário. Durham rejeitava a visão de Wesley sobre o pecado habitar no crente.16 Ele era pastor da missão em Chicago e originalmente Batista, mas apesar disso pregou sobre a visão Wesleyana de santificação. No entanto, em 1910, ele chegou a uma nova posição teológica, dando à sua nova doutrina o nome de “a Obra consumada.”17 Durham acreditava que fora santificado em sua conversão e não precisou de uma segunda mudança mais tarde. Deve-se notar que esta doutrina focava-se na posição tomada pela Igreja Metodista do Sul em 1894. A afirmação Metodista disputou o monopólio da verdade, reivindicado pelo povo da santidade (movimento Santidade). Os ensinos de Durham, por outro lado, atacaram a base doutrinal do movimento Pentecostal e rejeitaram sua reivindicação a qualquer verdade. Em fevereiro de 1911, Durham chegou a Los Angeles, Califórnia, para apresentar sua nova doutrina.18 William J. Seymour fundou a Azusa Mission em Los Angeles. Em sua ausência, Durham ensinava.Grandes multidões participavam e controvérsias ensinamentos. Após retornar, Seymour surgiram devido aos seus solicitou a Durham que reconsiderasse em ensinar sua nova doutrina na congregação. Ele se recusou e, como resultado, uma grande divisão causou inquietação na Azusa e dentro do movimento Pentecostal.19 Em Julho de 1912, com 39 anos, Durham morreu repentinamente – alguns afirmam que ele profetizou sobre sua própria morte. Ele afirmou: “Se um dia eu abandonar a vontade divina, morrerei inesperadamente.”20 Após sua morte, em abril de 1913, seus seguidores realizaram um grande evento ao ar livre, no local da Missão Azusa. Quase mil pessoas estiveram presentes na reunião, incluindo Seymour, o qual participou como espectador. Devido a este evento, iniciou-se o movimento da “unidade” ou “Só Jesus.” 2 ________________________________ O Avivamento Pentecostal Charles Parham Charles Parham nasceu em Muscatine, Iowa em 04 de Junho de 1873 e se tornou um ministro Metodista quando ainda jovem.21 Mais tarde ele retirou-se do meio Metodista e associou-se ao círculo Santidade. Em Outubro de 1900, Parham abriu uma pequena escola bíblica em Topeka, Kansas, chamada Escola Bíblica Betel.22 Em relação a este desafio um escritor afirmou, “Pouco sabia Parham que esta escola seria o berço do Movimento Pentecostal Moderno.” Parham iniciou sua escola em 189823 e por volta de 1901 tinha mais de quarenta alunos.24 Muitos acreditam que Parham foi o primeiro a ensinar sobre o movimento “glossolalia” (falar em línguas).25 Ele foi considerado o primeiro líder do avivamento e continuou a ocupar esta importante posição até sua morte, em 1929.26 Muitas pessoas o chamaram de “o pai do Movimento Pentecostal.” Quando se iniciaram os eventos de Azusa, Parham era considerado o pai teológico do movimento devido aos seus ensinos sobre o Espírito Santo. Após retornar de uma viagem, ele notou uma mudança nos alunos. Parham afirmou, “Para minha surpresa, eles todos contavam a mesma história de que, enquanto várias coisas aconteciam quando a bênção Pentecostal foi derramada, a prova era de que as pessoas falaram em línguas estranhas.”27 Parham retornou de sua viagem em 31 de dezembro de 1900. Ele solicitou aos estudantes que individualmente estudassem a Bíblia, enquanto estava fora. Eles leram e refletiram sobre o livro de Atos. Parham questionou aos alunos em um culto na capela sobre as conclusões que chegaram.28 Este acontecimento deu sequência aos maiores avivamentos Pentecostais da idade moderna, ainda que estes quarenta estudantes naquele momento não pudessem imaginar isso. Os alunos interpretaram, a partir das Escrituras, que o recebimento do dom de línguas marcava a recepção do Espírito Santo; as línguas seriam a primeira evidência de que o Espírito Santo habita no interior daquele que o recebe. Esta percepção fez com que os alunos da escola bíblica ansiassem por vivenciar esta mesma experiência que os crentes de Atos vivenciaram. Esta foi a “primeira vez”, que falar em línguas estranhas foi considerado a evidência física inicial de uma pessoa ter recebido o batismo no Espírito Santo.29 Parham e o Movimento Pentecostal Quando Parham visitou Azusa em 1906, ele não aprovou o que viu. Ele testemunhou lutas teológicas, inter-raciais e de poder dentro da missão Azusa.30 E quando ele tentou redirecionar as pessoas, acabou causando o início de outras reuniões da igreja.31 No entanto, apesar das discórdias que Parham percebeu, nada poderia parar o agir do Espírito Santo. O Movimento Pentecostal moderno havia nascido. O Movimento Pentecostal foi uma ocorrência do século XX que acompanhou e enfatizou o crescimento de uma nova denominação – a Igreja Pentecostal – particularmente durante a década de 1940. (Um novo tipo de Pentecostalismo, promulgado desde 1950).32 Muitas pessoas tiveram um papel importante no avivamento Pentecostal, porém Parham, Seymour e Agnes Ozman – a primeira pessoa conhecida por falar em línguas – foram instrumentos de Deus para causar o surgimento de uma segunda obra da Graça, a qual não foi bem recebida. Havia certa confusão sobre a discussão das denominações Santidade (de santidade) e outras. Alguns destes indivíduos mais tarde se tornaram Pentecostais. Santificação, o princípio que definia a presente visão Pentecostal, foi aprimorada na escola de Parham. A santificação não era para ser confundida com o batismo do Espírito Santo; esta era uma terceira experiência, separada em tempo e natureza, da segunda bênção. A santificação limpava e purificava o crente, enquanto que o batismo no Espírito Santo trazia grande poder para servir. A única evidência Bíblica de que uma pessoa havia recebido o batismo era o ato de falar em línguas estranhas, como aconteceu com os 12 discípulos no dia de Pentecostes. Os Pentecostais não estavam satisfeitos até o momento em que falaram em línguas como prova de que eles haviam recebido o Espírito de Deus.33 A Bíblia foi o único livro usado pelos quarenta alunos da Escola Bíblica Betel. Eles estudaram o batismo do Espírito Santo, pois Parham estava convicto de que um grande derramamento de poder ainda estava reservado para os cristãos após a santificação. Parham deu aos estudantes uma tarefa – um estudo incessante da Bíblia para explicar a evidência bíblica do batismo no Espírito Santo. Após seus estudos, eles eram unânimes em suas afirmações de que “falar em línguas conforme o Espírito dá expressão era a evidência de seu batismo.” Falando em Línguas (Glossolalia) Devido a muita oração, jejum e busca, uma jovem mulher, Agnes N. Ozman, recebeu a experiência de falar em glossolalia, ou línguas, em 01 de Janeiro de 1901, na Escola Betel.34 Seus colegas oraram por ela com suas mãos postas sobre sua cabeça. Ela testificou: O Espírito Santo veio sobre mim e eu comecei a falar em línguas, glorificando a Deus. Falei em várias linguagens. Alguns dias mais tarde outros estudantes oraram, e um após o outro, começaram a falar em línguas, e a alguns foi dada a interpretação. Alguns estudiosos da Igreja consideram este o nascimento do movimento Pentecostal moderno.35 Os estudantes de Parham receberam da Palavra de Deus que durante os tempos apostólicos, falar em línguas era a evidência física inicial de que uma pessoa havia recebido o batismo no Espírito Santo. O grupo começou a fazer cultos em vigília noturna, em 31 de Dezembro de 1900, buscando pelo batismo no Espírito, com evidência através de “expressões extasiadas em línguas.” Ozman nos dá a seguinte consideração: Na vigília da noite tivemos um culto abençoado, oramos para que as bênçãos do Senhor viessem sobre nós conforme o novo ano chegava. Durante o primeiro dia de 1901, um dia marcante, a presença do Senhor estava conosco, acalmando nossos corações para aguardar n Ele por coisas ainda maiores. Um espírito de oração estava sobre nós naquela noite. Era aproximadamente 23h00m. Foi neste primeiro dia de janeiro que senti em meu coração de pedir que mãos fossem postas sobre mim e eu então poderia receber do batismo no Espírito Santo. Conforme as mãos (de Parham) foram postas sobre minha cabeça, o Espírito veio sobre mim e comecei a falar em línguas, glorificando a Deus. Falei em várias linguagens. Foi como se rios de águas vivas fluíssem do mais profundo do meu ser.36 Os cultos continuaram adentro do novo ano. A aprovação de Deus estava lá. Os estudantes oravam e clamavam por Suas bênçãos. A partir deste dia (01 de Janeiro de 1901), os crentes Pentecostais ensinavam que o batismo do Espírito Santo deveria ser buscado e que este viera com evidência de línguas. Foi esta decisão que tornou o Movimento Pentecostal do século XX uma grande bênção para o bem estar da Igreja.37 Ocorrências de Glossolalia no Século XX No tocante das experiências de Ozman, J. Roswell Flower, um líder Pentecostal, acredita que podem ter havido outras ocorrências de pessoas falando em glossolalia.38 De acordo com Flower, houve várias instâncias onde pessoas falaram em línguas antes de 1900, porém em cada caso, este ato era visto como umaocorrência espiritual estranha ou um dom do Espírito Santo. A este acontecimento não era dada ênfase especial que causasse a outros que buscavam a plenitude do Espírito a esperar que devessem passar pela mesma experiência.39 Stanley H. Frodsham, autor de With Signs Following (Seguidos por Sinais), acredita que antes da virada do século pessoas tenham “falado em línguas estranhas.” Ele afirma: “Registros sugerem que pessoas tenham recebido o Espírito Santo e falado em línguas antes do Pentecostes em Los Angeles. 3 ________________________________ William J. Seymour A Vida de Seymour Retratado: William J. Seymour 175 William Joseph Seymour nasceu em 1870, em Centerville, Louisiana.40 Alguns de seus amigos mais próximos acreditavam que ele havia nascido durante a escravidão.41 Os nomes dos pais de Seymour são desconhecidos devido a ele ter sido separado deles ainda cedo em sua infância, porém o sobrenome Seymour estava correto. Este nome foi dado durante a escravidão entre os anos de 1800 e 1860.42 Seymour não possuía muito estudo. Ele amava o grande “Negro spiritual,” teve visões de Deus e veio a ser um apóstolo do Senhor. Em 1895, Seymour foi à Indianápolis, Indiana. Lá, juntou-se à Igreja Episcopal Metodista. Esta igreja possuía um programa de evangelização aos negros. Seymour, durante este período, tentou causar a reconciliação inter-racial. Em 1900, Seymour mudou-se para Cincinnati, Ohio. Lá ele fez parte do Movimento Reformador da Igreja de Deus (Evening Light Saints – Santos das Luzes da Noite). Esta igreja era a mais progressiva inter-racial da America naquela época. Durante este período, Seymour adoeceu com varíola. Ele pensava que isto teria acontecido devido a ele ter desobedecido ao seu chamado para o ministério. Alguns dizem que suas cicatrizes faciais e a perda da visão de um olho teria sido resultado de sua enfermidade, porém outras fontes afirmam que ele não era cego deste olho. Durante este período, ele recebeu credenciais para o ministério por parte dos “Santos das Luzes da Noite” e tornou-se um evangelista. Em 1903, mudou-se para Houston, em busca de familiares que foram separados durante os dias de escravidão. Pouco tempo depois, retomou suas atividades na propagação da Palavra de Deus e evangelização.43 Seymour e Parham Em 1905, Parham mantinha reuniões da igreja no centro de Houston, Texas. A pastora, negra, e do movimento de Santidade, Lucy Farrow foi governanta de Parham. Ela foi a uma viagem com Parham e convidou Seymour para pregar em sua igreja. Quando retornou, falou a Seymour sobre glossolalia.44 Seymour e Parham, entre os anos de 1901 e 1905, propagaram a doutrina Pentecostal ao redor de Kansas, Missouri, Oklahoma, e Texas. Devido aos avivamentos bem sucedidos mantidos na cidade e ao redor de Houston, Parham abriu uma escola Bíblica em Dezembro de 1905. Seymour era o único pregador negro do movimento de Santidade que frequentou a Escola Bíblica recém-criada em Houston, Texas. Seymour e Parham pregavam juntos na seção dos negros no centro de Houston à tarde. À noite, Seymour e outros negros tinham de sentar ao fundo, nas reuniões que mantinham no centro. Devido às políticas de segregação, eles não eram permitidos a ajudar no altar ou sentar-se à frente. Seymour foi a Los Angeles, Califórnia, na primavera de 1906.45 Ele veio a ser um dos mais importantes líderes do avivamento de Azusa. O período mais forte de cultos do avivamento de Los Angeles aconteceu por três anos e meio, porém o movimento continuou até 1919. Havia sempre algum tipo de reunião acontecendo. Os eventos ocorriam em uma antiga Igreja Metodista que mais tarde ficou conhecida como Azusa Mission (Missão Azusa). A partir da Califórnia, o avivamento Pentecostal se propagou ao redor do mundo. “A partir deste interesse generalizado no Pentecostalismo, vários grupos surgiram em forma de corpos religiosos organizados.”46 Donald Metz, um escritor moderno, descreve o movimento Pentecostal como um evento significante e o compara a “outro Pentecostes.” Ele acredita que o corpo Cristão reconhecerá a manifestação que ocorreu neste século.47 Alguns replicariam que há razões para aversão e não se identificam com o movimento Azusa. Era vontade plena de Deus que Seymour se matriculasse na escola de Parham. Eles ministravam juntos nas reuniões diurnas, ainda que nas reuniões noturnas, quando ministravam no centro, Parham não permitisse que os negros ministrassem devido às políticas de segregação. Deus ainda assim agiu, para sua Glória.48 Apesar dos conflitos e confrontos, muitas vidas foram transformadas. Seymour e Julia Hutchison Em 1906, Seymour foi convidado a pregar em uma Igreja Nazarena, em Los Angeles onde Julia Hutchison era a pastora.49 Quando Seymour deu seu primeiro sermão, proclamando a teoria da “evidência inicial” do batismo no Espírito Santo, ele foi excluído da Igreja. Em 1906, Hutchinson, membra da Igreja Batista Negra, começou a ensinar sobre a santidade e a santificação como duas obras da graça separadas, além da experiência do nascer de novo. Outros membros também acreditavam nesta doutrina. A pastora expulsou oito famílias da igreja. Os seguidores de Hutchinson, nos quais estavam inclusos Ruth e Richard Asberry, abriram uma missão na Rua Santa Fe, em Los Angeles. Lá, eles podiam adorar a Deus conforme sentiam a direção do Espírito Santo. Hutchinson sentiu que a congregação deveria ter um homem como pastor assistente. Neely Terry foi a Houston, Texas e havia recém retornado de sua visita. Lá ela havia conhecido Seymour, o qual veio à Missão. Sua passagem foi paga e enviada a ele, para que este pudesse viajar à Los Angeles. Sua primeira pregação foi sobre o batismo no Espírito Santo, assunto sobre o qual ele havia escutado um sermão, em uma reunião que ocorreu em uma tenda em Houston. A pequena congregação aceitou os dois, o homem e sua mensagem, porém Hutchinson imediatamente colocou um cadeado na missão Nazarena, porque não era receptiva à doutrina de Seymour. Retratado: William J. Seymour 176 Seymour e Edward S. Lee Depois de Seymour ter deixado a reunião da missão Nazarena, Edward Lee, um membro da Missão Peniel, convidou Seymour para um jantar em sua casa. Lee, em respeito, levou-o para dentro de seu lar. Ainda que ele não acreditasse em sua doutrina, não quisera deixar Seymour na rua, sem dinheiro algum. Após permanecer na casa de Lee por algumas noites, Seymour pediu a eles que orassem com ele. Logo, Lee e sua esposa se sentiram melhor em relação ao novo pregador.51 Deus tratou os corações de outros crentes também e de igual forma eles começaram a se aproximar e orar com Seymour, ainda que não concordassem com seus ensinamentos. Ruth Asberry veio às reuniões e ela e sua família pediram a Seymour que realizasse as reuniões em sua casa.52 Neste momento, Lee encontrava-se em constante oração.53 Um dia, dois homens apareceram a ele enquanto orava no trabalho, no porão de um banco. Os dois homens eram Pedro e João. Eles pararam e olharam para ele, então elevaram suas mãos aos céus e começaram a estremecer sob o poder de Deus e a falar em línguas.54 Lee disse: “Eu pulei e comecei a chacoalhar sob o poder de Deus, e não sabia o que estava acontecendo”. Naquela noite, Seymour explicou ao grupo de pessoas que escutava o testemunho de Lee, que esta havia sido uma manifestação do Espírito Santo. Após ouvir o testemunho da visão de Lee, as pessoas tiveram um desejo próprio de receber uma experiência com o Espírito Santo. Logo após, Lee pediu a Seymour que orasse com suas mãos sobre ele para que pudesse receber o batismo no Espírito Santo. Seymour disse: “O Senhor não quer que eu ore com minhas mãos postas sobre ninguém precipitadamente”. Porém mais tarde naquela noite, Seymour orou por Lee, ele foi tomado pelo poder do Espírito Santo. A esposa de Lee ficou assustada e não entendeu o que estava acontecendo. Lee levantou-se após alguns minutos. Ele havia recebido um toque do céu. Seymour conheceu Lucy Farrow no Texas. Ela ensinou sobre Atos 2:4. Quando Seymour falou aogrupo sobre ela, eles juntaram um dinheiro e enviaram a Lucy. Uma noite após Farrow ter chegado, ela orou por Lee com mãos postas e ele caiu de sua cadeira quando recebeu do Espírito Santo.56 Ele parecia ter desmaiado. Após levantar-se, falou em línguas.57 Retratado: A casa de Bonnie Brae, onde iniciou-se o avivamento de Azuza.177 A Rua Bonnie Brae O pequeno grupo de negros que buscava a verdade, o qual havia sido expulso de um estabelecimento e excluído de outro, continuava se encontrando na casa de Ruth e Richard Asberry. Após Lee ter recebido do batismo no Espírito Santo naquela noite, eles foram na reunião de oração na Rua Bonnie Brae. Quando Lee entrou na casa, outras pessoas estavam orando, de joelhos. O poder de Deus veio sobre Lee e ele começou a falar em línguas. Este evento ocorreu em 09 de Abril de 1906. Outras pessoas estavam sentadas na sala, em espírito de oração, aguardando no Senhor. De repente, como se acertados por um relâmpago vindo do céu, todos foram atirados de suas cadeiras para o chão; muitos começaram a falar em outras línguas. Entre estes estavam Jennie Moore, irmão Hughes, irmã Traynor e seu filho Bud e a filha da irmã Crawford. Willella Asberry correu da cozinha para a sala para ver o que estava acontecendo. O jovem Bud Traynor estava na varanda da frente, profetizando e pregando. Moore levantou-se e profetizou em língua que outros diziam ser Hebraico. Então ela foi até o piano e pela primeira vez em sua vida, começou a tocar e cantar uma música em linda linguagem e voz. Ela nunca perdeu estes dons e o piano ficou no chalé na Rua Bonnie Brae, 216 por anos, porém foi então levado à Pisgah. Atualmente a mesa original e o púlpito de Kathryn Kuhlman estão no local da missão. Clark, durante uma visita em 2010, relatou que havia estado naquela casa e comido sobre aquela mesa. Na manhã seguinte, pessoas vieram de todo lugar. Não havia jeito de chegar próximo à casa. Aqueles que entravam na casa caiam no poder do Espírito Santo, conforme iam entrando ou se aproximando. As pessoas gritaram por três dias e noites e toda a cidade de Los Angeles ficou agitada. Durante estes três dias pessoas foram salvas e muitos receberam o batismo do Espírito Santo.58 Ruth Asberry e Jennie Moore foram ao salão de Peniel, em Los Angeles – no mesmo local que ele está até hoje. Moore proclamou em línguas e Ruth explicou: “Isto é o que foi profetizado por Joel”. A multidão as seguiram até a Rua Azusa e o grande avanço havia começado. Pouco tempo depois, um avivamento maravilhoso aconteceu.59 Retratado: O local da Missão da Rua Azusa, onde muitos se reuniram para experimentar do poder do Espírito Santo.178 A Restauração de Azusa O Segundo piso da Azusa Mission era uma sala de oração, porém muitos recebiam o batismo simplesmente sentados nos cultos do andar abaixo. Centenas de pessoas entusiasmadas e ansiosas estavam lá para receberem o que Seymour pregava. Em 09 de Abril de 1906, um avivamento Pentecostal iniciou com manifestações que o caracterizava no CentroOeste. Rapidamente o fenômeno de Los Angeles se espalhou por todo o país. Arthur G. Osterberg, um ministro que trabalhou para a empresa J.V. McNeil, em Los Angeles, frequentava uma Igreja do Evangelho Pleno.60 Osterberg estava impressionado com Seymour e o ajudou a renovar a Azusa Mission. Ele era um mestre de obras e usou sua equipe para preparar o velho prédio para os cultos. A empresa J.V. McNeil é atualmente a Construtora McNeil e uma das maiores da costa do Pacífico. Duas pessoas ajudaram Seymour financeiramente a tornar o prédio apropriado para as reuniões da Igreja.61 As pessoas descartaram um considerável volume de lixo no local da Missão. Eles colocaram serragem no chão, compraram barris de pregos e fizeram bancos de madeira. Puseram duas caixas de sapatos de madeira uma sobre a outra e as usaram como púlpito. J.V. McNeill, um Católico devoto, também doou madeira para um altar.62 Os cultos então foram movidos da Rua Bonnie Brae para a Rua Azusa. Eram reuniões de fogo, mas havia liberdade para adorar a Deus. Aos ministros que visitavam era dada liberdade de expressar Deus. Pessoas oravam e gritavam, enquanto outras caíam sob o poder do Espírito Santo; havia longos períodos de silêncio e de cantos em línguas. As áreas do piso superior da Missão Azusa foram utilizadas como escritório para vários residentes, incluindo Seymour e, mais tarde, sua esposa. Era difícil de controlar o excesso no altar, então eles utilizavam o andar de cima para isso. No topo da agenda de muitos dos que permaneceram estava o batismo Pentecostal no Espírito e a habilidade de falar em línguas. As Reuniões na Califórnia Seymour residiu na Califórnia durante o resto de sua vida. Seu ensino era novo e ofensivo para alguns. Em geral, todos os cristãos declaravam-se cheios do Espírito Santo sem a evidência inicial de falar em línguas. O ensinamento sobre a glossolalia veio a se tornar a peça principal do ensino Pentecostal, com Seymour sendo o “apóstolo” do movimento. As reuniões de tendas, missões e igrejas estavam tão vazias que algumas fecharam e juntaram-se ao movimento. As reuniões de oração em casa logo cederam lugar e a varanda da frente transformou-se em um púlpito. A rua veio a ser os bancos que atraíram centenas de ouvintes ansiosos que vinham ouvir Seymour e seus seguidores que falavam em línguas. Em pouco tempo as multidões tornaram-se tão numerosas que estabelecimentos maiores eram necessários para o grupo que tão rapidamente crescia. Eles fizeram uma grande busca no centro de Los Angeles e encontraram uma construção antiga e abandonada na Rua Azusa, 312. O prédio havia sido previamente usado como uma Igreja Metodista, um estábulo e um depósito. Estava em ruínas. As janelas e portas estavam caídas e havia detritos espalhados por todo lugar. O grupo de Pentecostais que iniciou com os cultos lá em Abril de 1906 sentiu que o lugar era apropriado. Os convertidos, brancos e negros, encheram o prédio. A construção deserta de dois andares localizava-se em uma rua sem saída de apenas meia quadra de comprimento, na região industrial do centro de Los Angeles. Seymour Solicita Credenciais Seymour acreditava fortemente no que estava acontecendo na missão. Ele sabia que era algo importante e novo, mas primeiramente procurou reconhecer sua relação com o trabalho de Parham. Em Julho de 1906, ele escreveu à W. F. Carruthers, secretário de campo, pedindo por credenciais ministeriais prometidas por Parham. Carruthers enviou a notificação a Parham, ressaltando que havia atendido a solicitação. Seymour Fala em Glossolalia Tão estranho quanto possa parecer, alguns afirmam que Seymour não falou em línguas até um determinado período após o início de Azusa. Entretanto, Seymour e sua missão ganharam crescente respeito e fama. A Missão Azusa espalhou-se em partes através de testemunhos de primeira mão e através do Jornal “The Apostolic Faith – A Fé Apostólica,” o qual foi publicado entre Setembro de 1906 e Maio de 1908 por membros da equipe da Missão Azusa. O Estilo de Pregações e Ordem de Serviço de Seymour Seymour geralmente assentava-se atrás das duas caixas de sapatos vazias. Ele normalmente mantinha sua cabeça dentro da caixa da parte superior durante a reunião, enquanto orava. Seymour era um homem humilde e não queria revelar nenhum orgulho. Os cultos aconteciam quase em toda hora, dia e noite. A Azusa Mission nunca estava fechada ou vazia. Pessoas vinham para se encontrar com Deus. Ele estava sempre lá. Por este motivo, reuniões contínuas aconteciam conforme as pessoas eram transbordadas com a Presença do Senhor. As reuniões nem sempre dependiam de um líder humano. A presença de Deus se tornou ainda mais gloriosa naquela velha construção, com suas vigas baixas e assoalhos desencapados. O Senhor encontrava-se com as pessoas naquele local. Seymour se tornou como um certo moderador. Ele era um maravilhoso professor dos assuntos profundos de Deus e geralmente se assentava com sua cabeça curvada dentro do púlpito de caixa de sapatos enquanto Deusprosseguia em guiar a reunião. Apenas os ungidos pregavam. Tanto quanto nove cultos eram realizados em um dia. As reuniões continuavam dia e noite. Pessoas entravam, ajoelhavam-se e oravam, e então se assentavam com seus olhos fechados e, no silêncio, esperavam pelo agir de Deus. Duas canções favoritas eram “Under the blood” e “The Comforter is come”. Cantar no Espírito era glorioso, soava como um perfeito coral celestial. Os novos participantes enchiam-se de reverência pelo fluir do Espírito. Profecias, mensagens e interpretações eram dadas com poder convincente, como se Deus estivesse falando diretamente às pessoas. Conversões, o batismo no Espírito Santo, curas milagrosas, busca por perdidos e expulsão de demônios vieram a ser atividades regulares. O poder podia ser sentido até mesmo em cinco quadras de distância. Assuntos ou sermões não eram anunciados e não havia pregador especial. Ninguém sabia o que poderia acontecer ou o que o Senhor faria. Tudo era espontâneo, ordenado pelo Espírito Santo.63 Eles queriam ouvir da parte de Deus, através de quem Ele quisesse usar, e experimentar o que Ele iria fazer. Os ricos e estudados eram iguais aos pobres e sem conhecimento. Todos eram da mesma forma; eles podiam apenas reconhecer a Deus. Nenhum poder da carne podia ter glória na Sua presença. Deus não poderia usar os arrogantes. Eram reuniões do Espírito Santo, guiadas pelo Senhor. Elas realmente precisavam ter início em região pobre, para deixar longe o egoísmo, os elementos humanos. Todos juntos, em humildade, vieram aos pés de Deus. Todos se pareciam e tinham tudo em comum, pelo menos neste sentido. Ao chegar em Azusa, as pessoas tornavam-se humildes, prontas para a bênção. O Espírito vindo do trono de Deus controlava as reuniões. Aqueles foram dias realmente maravilhosos. Seymour frequentemente dizia: “Eu prefiro viver seis meses servindo a Deus em plenitude do que cinquenta anos de uma vida comum.” Retratado: William J. Seymour e sua esposa Jennie Moore.179 Seymour Casa & Surgem Conflitos Seymour mais tarde casou-se com Jennie Evan Moore.64 Ela era uma membra original da Missão Azusa. Jennie viajou algumas vezes com Seymour após seu casamento, porém ela era também uma evangelista antes de casar-se. Era conhecida por suas pregações únicas e cheias de poder. Ela possuía uma linda voz para cantar e era conhecida também por ser uma ótima cozinheira. Trabalhou muito e perdeu alguns cultos de Domingo para que pudesse ir em busca de provisão para ajudar nas despesas das igrejas. Normalmente ela escrevia cartas de encorajamento à congregação as quais eram lidas nos cultos em que ela não podia comparecer. Clara Lum, a principal administradora do jornal “Apostolic Faith,” não acreditava que havia tempo para casar e dar em casamento. Devido à decisão de Seymour de casar-se, ela desconsiderou as advertências do administrador e foi embora, levando consigo as importantes listas de envios nacionais e internacionais. A lista local de Los Angeles foi a única deixada para trás. Seymour recusou-se a tomar qualquer ação judicial para retomar as listas. Ele tentou continuar a publicar o jornal sem elas, mas não teve sucesso. Sem o efeito do jornal, Seymour e a Missão Azusa gradualmente perderam as forças. Retratado: Revivalista, William J. Seymour Seymour, a Figura Central O início oficial do movimento Pentecostal é geralmente atribuído a uma das duas fontes: o avivamento da Rua Azusa em Los Angeles em 1906, no qual Seymour era a figura principal, ou a Escola Bíblica administrada por Charles Parham em Topeka, Kansas, de 1900 a 1901. A escola e ensinos de Parham alcançaram uma grande popularidade, porém o famoso avivamento da Rua Azusa fez com que seus ensinamentos alcançassem o mundo. As práticas relatadas no avivamento que ele deu início não pareciam ser diferentes do avivamento Santidade, embora o ato de falar em línguas estivesse diretamente associado com o batismo no Espírito Santo como um princípio de doutrina. As pessoas gritavam, choravam, dançavam, caíam no Espírito, falavam e cantavam em línguas estranhas e interpretavam as mensagens em Inglês.65 O avivamento continuou na Rua Azusa por três anos e notícias se espalharam através da cidade e do país. No Sul, muitos ficaram familiarizados com o movimento através dos relatos regulares de Frank Bartleman no jornal “Way of Faith.” E o jornal “Apostolic Faith” circulou em mais de 50.000 casas. Deus usou Seymour, o qual se tornaria o líder do movimento em Los Angeles. Ele era um bom pastor e manteve-se comprometido com seu chamado até sua morte, em 1922. Seymour acreditava na união das raças e possuía muitos seguidores brancos e negros. Foi relatado que no início de Azusa, os negros eram a maioria. Quando o ministério cresceu, foi reportado ter mais brancos. Mais tarde, os brancos iniciaram suas próprias organizações em Los Angeles e registros indicavam que os negros eram predominantes na Missão.66 4 ________________________________ Testemunhos de Azusa Retratado: William J. Seymour e os principais líderes da Azusa Mission.180 J. Roswell Flower A avaliação do importante líder Pentecostal J. Roswell Flower dizia: “Nunca esquecerei o dia em que os primeiros mensageiros da Rua Azusa em Los Angeles vieram na comunidade onde eu vivia.”67 Flower compartilhava a sua experiência Pentecostal. Suas vivências eram baseadas na Escritura, em Atos 2:4. Ele falou em línguas e recebeu do batismo no Espírito Santo. Proclamava a bondade de Deus fervorosamente e com entusiasmo e era sedento por água viva, por receber do Senhor através de Sua Palavra e por viver experiências espirituais. Os cristãos queriam algo mais do que ensinos. Eles queriam uma experiência com o Deus vivo e verdadeiro. O Senhor encontrou-se com as pessoas conforme sua fé. Este evento aconteceu em Indianópolis, Indiana e centenas de outras pessoas receberam um bênção similar.68 T.B. Barrett T.B. Barrett (1862-1940), um pastor Metodista Norueguês, ouviu sobre o avivamento Pentecostal que acontecia em Los Angeles equanto estava na cidade de Nova York. Barret escreveu à Missão Azusa, recebeu aconselhamento e obteve um claro entendimento sobre o batismo no Espírito Santo. Ele mais tarde foi à Inglaterra, Noruega, Alemanha e Suécia para iniciar igrejas Pentecostais,69 ficando conhecido como o pai Europeu do movimento. Pessoas vieram de todos os cantos da terra para Los Angeles. Em menos de uma geração, o Pentecostalismo era “uma força reconhecida ao redor do mundo.”70 Barret também expôs testemunhos dos primeiros líderes Pentecostais em um livro com a ajuda de um homem que teve contato com o crescente Pentecostalismo que ocorreu a partir de 1909. Ele não assumiu a posição de Barret. Ele afirmou: “falar em línguas é certamente Pentecostal e não questiono que o Espírito de Deus possa conceder este poder hoje.”71 Barret não aprovava a idéia de que os dons não fossem para os dias atuais. Ele acreditava em milagres e na manifestação dos dons e não foi tendencioso sobre o assunto de Pentecostes.72 Algumas palavras proféticas não encontraram a aprovação de Barret. Ele baseou-se em suas próprias experiências e obteve informações escritas sobre Azusa em artigos e revistas. “Barret pinta uma imagem certamente inquietante, especialmente por muitas evidências serem de Pentecostais.”73 Antes de Barret receber seu batismo, ele se consagrou diante de Deus e buscou pelo dom. Há registros de que logo depois, ele recebeu uma manifestação especial em sua mandíbula e língua.74 Ele declarou que quando esta manifestação aconteceu, outra pessoa viu uma coroa de fogo sobre sua cabeça e uma língua de fogo dividida em frente à coroa, e logo ele estava deitado sobre o chão com seus olhos fechados, falando em muitas linguagens. Ele afirma que falou em aproximadamente sete ou oito diferentes línguas, até que sentiu dor em suas cordas vocais.75 O ambiente altamente carregado e os eventos sem dúvida notáveis não ocultam o simples fato de que todo tipo de ocorrências estranhas aconteceram. Estes eventos eramtotalmente diferentes do Pentecostes, simplesmente pelo fato de que eles não eram, em nenhum modo, a repetição do evento Pentecostal. Por exemplo: apesar de haverem somente quinze pessoas em uma sala, Barret era levado a gritar, falar em tom muito alto: “Sei que pela força de minha voz 10.000 pessoas poderiam facilmente ouvir tudo o que eu disse.”76 Além disso, sobre sua afirmação de que era divinamente inspirado, palavras saiam de sua boca como uma cachoeira e era como se uma mão de ferro estivesse posta sobre suas mandíbulas. Houveram relatos de que as mandíbulas e a língua de Barret soavam mais como uma possessão demoníaca do que o agir do Espírito.77 Ele foi um exemplo de equilíbrio dos primeiros dias do movimento. Em Os Carismáticos e a Palavra de Deus, de Victor Budgen, relatos descrevem pessoas caminhando pelo saguão e tocando piano com seus olhos fechados.78 Outros eventos incluem pessoas chorando em público, gritando dançando, pulando e deitando-se amontoados no púlpito, em frente à congregação. Havia pessoas caindo para trás sobre as escadas e ninguém podia explicar o porquê. Emma Cotton Emma Cotton retratou as reuniões de Azusa como algo de certa forma estranho. Cotton recebeu do batismo no Espírito Santo na Azusa Mission e relatou a Otis G. Clark e outros sobre os eventos. Ela tinha como princípio doutrinal que o ato de falar em línguas estava associado ao batismo espiritual. Ela cantava, pregava e se alegrava com liberdade no Espírito. Cotton foi uma respeitada pastora negra que implantou várias Igrejas na Califórnia. Muitas pessoas foram salvas e batizadas no Espírito Santo sob o seu ministério. Ela contava que Seymour parecia um líder simbólico, que geralmente mantinha sua cabeça dentro da caixa de sapatos sobreposta durante as reuniões, enquanto orava. Cotton afirmava: “Ás vezes o inimigo entrava e limitava os cultos. Algumas mulheres mantinham-se em oração e intercessão até que o ambiente fosse livre de interferência.” Cotton contava testemunhos dos eventos a Otis G. Clark e outros e afirmava: “As reuniões do avivamento que Seymour deu início em Los Angeles eram diferentes.” A Azusa Falhou? A Azusa começou a esfriar quando o ministério começou a abalar as estruturas.79 Budgen afirmou: “quando o movimento se desenvolveu, palcos eram construídos mais altos, casacos de cauda eram usados mais longos, corais eram organizados e bandas de instrumentos de cordas vieram à existência para agitar o povo. Os reis retornaram.” Então iniciaram-se as divisões na igreja; discussões exegéticas e hermenêuticas prevaleciam. Seymour era humilde e, enquanto ele manteve sua cabeça dentro da velha caixa vazia na Missão Azusa, tudo estava bem. “Agora sabemos qual é o remédio para preservar um Éden Espiritual. Manter o pregador com sua cabeça dentro de uma caixa de sapatos.”80 Eles sabiam que Deus deve ser o centro das atenções e o foco principal. É a humildade que ajudará a Igreja a elevar-se, como uma ilha no mar. “Após a doutrina do pregador com a cabeça na caixa, a próxima, em importância, é a doutrina de deitar-se no chão!”81 Azusa Alcançando o Exterior: Ministros e Servos de Nações Distantes Cotton também contava sobre um Inglês que veio de Londres, Inglaterra, ainda que ela nunca soube seu nome. Ele atravessou o oceano para participar das reuniões da Rua Azusa. Deus o batizou com o Espírito Santo e ele contribuiu em uma grande quantia em dinheiro para pagar os débitos da Igreja. O homem então retornou à Inglaterra com sua maravilhosa experiência do batismo espiritual. Este avivamento se espalhou em muitas partes do mundo. O trabalho tornava-se claro e forte na Missão Azusa. Deus operava poderosamente e parecia que todos que viajavam a Los Angeles tinham de conhecer Azusa. Missionários da África, Índia e Ilhas do Oceano reuniram-se lá. Pregadores e trabalhadores atravessaram o continente e alguns vieram de ilhas distantes.82 Era como se Deus estivesse dizendo: “Ajuntai-me os meus santos” (Sl 50:1-7). Eles vieram para o Pentecostes, ainda que talvez não tenham se dado conta disto. Era o chamado e a vontade de Deus que eles estivessem lá. Reuniões do movimento Santidade, tendas e missões começaram a fechar as portas por falta de membros devido às pessoas estarem na Missão Azusa. A família Garrs fechou o “Salão da Sarça Ardente” para participar. Lá eles receberam do batismo no Espírito Santo e logo estavam viajando à Índia para espalhar este fogo. O pastor Smale teve que ir à Azusa para procurar por seus membros. Ele os convidou de volta e prometeu a eles liberdade no Espírito. Então Deus por um período operou poderosamente também na Igreja do Novo Testamento. Um missionário de Los Angeles foi à Libéria, África e falou ao povo em linguagem Cru. Outra pessoa escreveu em uma linguagem desconhecida sob o poder do Espírito e sua escrita foi lida e entendida pelos reis na África.83 Crentes de todo o mundo foram beneficiados pelo que aconteceu em Azusa. O povo da Missão Azusa alegremente recebeu mensagens de que pessoas de Calcutá e Índia haviam recebido o batismo no Espírito Santo. Pessoas escreveram também da China, Alemanha, Suíça, Noruega, Suécia, Inglaterra, Irlanda, Austrália e outros países. Algumas destas cartas eram escritas em línguas estrangeiras. Missionários escreveram declarando estar famintos por este derramar do Espírito, o qual eles acreditavam ser o real Pentecostes.84 O mundo estava pronto a receber o avivamento que Deus enviou. Pessoas do mundo inteiro estavam receptivas aos planos do Senhor. A Compra da Missão Azusa A Apostolic Faith Mission (Missão da Fé Apostólica) comprou o lote e prédio da Rua Azusa, 312. Cinco homens crentes foram eleitos administradores da propriedade. Eles acreditavam que o Senhor escolhera aquele lugar para o serviço do Reino, porque Ele derramou seu Espírito sobre a Missão de forma maravilhosa.85 Eles compraram a propriedade por $15.000. Por volta de 1907, $4.000 já havia sido pago. A Missão estava localizada em uma região central e em seus arredores não havia ninguém que poderia se sentir incomodado por orações ou gritos – os quais muitas vezes duravam a noite toda. Durante 1906, o Jornal Fé Apostólica registrou que centenas de pessoas foram salvas, santificadas, curadas e batizadas pelo Espírito Santo.86 Pentecostes em São Francisco Em São Francisco, Deus tocou em Havaianos e Filipinos. Houve casos impressionantes de conversão e de santificação, e alguns casos notavelmente claros do batismo divino.87 Certa noite, cinco pessoas se converteram, e, entre eles, de forma gloriosa, um Havaiano e um Filipino. O estrangeiro declarou: “Eu não falar Inglês bem, mas mim conhecer Deus. Jesus, Ele tomou meu coração.” Já o havaiano não conseguia falar por um período, após levantar-se, porque o poder de Deus era muito forte sobre ele. A Carta de A.H. Argues à Azusa A.H. Argue escreveu de Winnipeg, Canadá à Azusa Mission. Ele havia retornado de uma viagem a qual nomeou viagem Pentecostal. O primeiro lugar que Argue visitou foi Toronto, no Canadá, onde ele se alegrou em comunhão com os crentes. O Pentecostes veio sobre pelo menos cinco Missões em São Francisco. A partir de lá, relatos se espalharam nas regiões de Ottawa, Canadá e Atenas, Grécia, que mantinham reuniões onde aconteceram casos excepcionais de conversão, santificação e batismo Pentecostal. Deus realmente estava com Argue, e todos se alegraram com a maneira maravilhosa em que Deus derramou seu Espírito em suas viagens. Após dezesseis dias em Atenas, o Senhor permitiu que Argue retornasse à sua casa, via cidade de Nova York.88 Equanto Argue estava lá, vinte e cinco pessoas receberam do batismo no Espírito Santo em uma semana e cinco pessoas jejuaram por dez dias. O Pentecostes veio também sobre outras missões em Nova York e nas cidades próximas como Filadélfia, Baltimore e Washington DC.89 Deus trouxe salvação a muitos durante a viagem de Argue.90 Retratado: Charles Harrison Mason, fundador da Igreja de Deus em Cristo (Church of God in Christ), o qual recebeu o Batismo no Espírito Santona Azusa Mission.181 Charles H. Mason Recebe o Batismo na Missão Azusa Charles Mason recebeu o batismo no Espírito Santo na Missão Azusa. Mais tarde ele veio a ser o fundador da Igreja de Deus em Cristo (Church of God in Christ). Charles Harrison Mason nasceu em 8 de Setembro de 1866, na Fazenda Prior, próximo à Menphis, Tennessee. O nome de seu pai era Jerry Mason e de sua mãe Eliza Mason.91 Eles eram membros de uma Igreja Missionária Batista. Pessoas ouviram sobre Azusa no Sul e no Mississippi. Mason foi até lá junto a outros - C.P. Jones, J.A. Jeter, D. J. Young. Alguns destes estavam entre os primeiros membros da Missão da Rua Azusa. No primeiro dia em que Mason participou da reunião na Azusa, ele viu e ouviu coisas que a ele não pareciam estar de acordo com as Escrituras. Ele agradecia a Deus em seu coração por todas as coisas quando ouviu falas em línguas estranhas. Ele sabia que estavam corretas, porém não conseguia entendê-las. Mason testemunhou, agradecendo a Seymour, o qual havia pregado um belíssimo sermão, com palavras suaves, porém poderosas. Na reunião, Seymour disse: “Todos aqueles que desejam ser santificados ou batizados pelo Espírito Santo devem ir à sala superior. Todos os que buscam a cura devem ir à sala de oração e aqueles que querem ser justificados, venham ao altar.” Então Mason disse: “Este é o lugar pra mim, pois talvez eu não esteja realmente convertido, e se não estiver, Deus sabe e converterá meu coração.”92 O diabo falou a Mason, dizendo: se você se converter, me dirá? Mason então respondeu: “Sim,” pois sabia que se não estivesse convencido, e Deus o convertesse, isso falaria por si mesmo. “Fiquei de pé enquanto aguardava no altar, com medo que alguém me incomodasse, porém disse a mim mesmo, que se eu chegasse ao altar, e me pusesse de costas para as pessoas, eu receberia o que Deus havia reservado para mim.”93 Quando Mason ajoelhou-se diante do altar, alguém o chamou e disse: “Irmãos, Seymour quer vocês três em seu escritório.” J.A. Jeter de Little Rock, Arkansas e D. J. Young de Pine Bluff, Arkansas acompanharam Mason. Os três subiram ao segundo piso onde Seymour os recebeu e alegrou-se por estarem ali. O pregador então disse: “Irmãos, o Senhor fará grandes coisas por nós e nos abençoará.” Ele os advertiu a não correrem pela cidade em busca de prazeres mundanos, mas a buscarem o desejo e a vontade do Senhor. Naquela noite, Deus falou a Mason que Jesus viu todas as coisas ruins no mundo, mas não tentou corrigi-las até que Deus o envolvesse com seu Santo Espírito. Mason repetiu as palavras do Senhor, “Eu não sou melhor do que meu Senhor e se eu quisesse que Ele me batizasse tinha de deixar de lado o que era certo e errado nas pessoas e olhar para Ele, não para outros e então Ele me batizaria.” Mason disse sim para Deus, pois era o Senhor que queria batizá-lo e não as pessoas. Deus falou com ele também na próxima noite. Na segunda noite em Azusa, Mason teve uma visão onde ele estava sentado sozinho com um rolo de papel seco, o qual ele comia. Quando todo o papel estava em sua boca, ele tentou engoli-lo. Quando Mason olhou para o céu, havia um homem ao seu lado. Então ele virou seus olhos e acordou. A interpretação veio a ele, que então declarou: “Deus me fez engolir o livro inteiro. E se eu não olhasse pra ninguém além do Senhor, somente o Senhor, Ele me batizaria. Eu disse sim a Ele e, pela manhã, quando levantei, escutei uma voz dizendo “Eu vejo.”94 Mais tarde Mason se tornou o Apóstolo Chefe e fundador da Igreja de Deus em Cristo. 5 ________________________________ Reportagens nos Jornais O Jornal Fé Apostólica Em Setembro de 1906, Seymour publicou uma carta no Jornal da Missão Azusa A Fé Apostólica. Em um artigo específico, Charles Parham mencionava sobre seus planos de visitar a Missão. A carta de Parham veio de Tonganoxio, Kansas. Ele informou a Missão que havia ouvido falar do derramamento Pentecostal em Los Angeles e que chegaria em 15 de Setembro. Ele afirmou: Alegro-me em Deus por vocês todos, meus filhos, ainda que eu nunca os tenha visto: porém, se vocês conhecem do poder do Espírito Santo, somos batizados em um só corpo. Mantenham-se unidos até que eu venha. Então, em um grande encontro, vamos todos nos preparar para as missões de campo. Eu desejo, a menos que o Senhor me direcione ao contrário, conhecer a todos que receberam do completo Evangelho.96 No próximo mês, Seymour soube que a mensagem do Pentecostes já havia sido pregada desde as experiências vividas por Agnes Ozman na Escola Bíblica de Parham em 1901, em Topeka, Kansas. Porém foi no período presente que este ficou conhecido com grande poder e se espalhou como notícia no mundo, desde a Costa do Pacífico. Reportagens do Jornal L.A. Times As reuniões iniciaram na Rua Bonnie Brae e em seguida passaram a acontecer na Rua Azusa. O Jornal Los Angeles Times publicou a primeira reportagem sobre Azusa em Abril de 1906. Chamando o dom de línguas de “murmúrio estranho” e os seguidores de Seymour de “um grupo de fanáticos.” A primeira página do artigo despertou curiosidade, aumentando a multidão nas reuniões.97 “A imprensa escreveu sobre nós de maneira vergonhosa,” declarou Bartleman, “mas isto somente aproximou mais pessoas.”98 A seguir, parte do artigo do L.A. Times: Suspirando declarações estranhas e declamando um credo que parece não ser compreensível a nenhuma pessoa sana, nasceu a mais nova seita religiosa em Los Angeles. As reuniões acontecem em um barraco em ruínas na Rua Azusa, próximo à Rua São Pedro onde devotos desta doutrina bizarra praticam o mais fanático ritual, pregam as mais selvagens teorias e colocam-se em um estado de entusiasmo mental de sua paixão peculiar. Negros e alguns poucos brancos compõem a congregação e a noite se torna hedionda em meio à vizinhança, pelos uivos dos adoradores, que passam horas balançando-se para frente e para trás em uma demasiada atitude nervosa de oração e súplica. Eles dizem ter “o dom de línguas” e conseguir compreender o murmúrio.99 Relatos de Seymour e Parham Parham chegou em Los Angeles em 15 de Setembro de 1906. Ele foi à Azusa para saudar as pessoas e para pregar a Palavra. Seymour e seus seguidores o consideravam um pai do Evangelho. Porém, a amizade de Seymour e Parham rompeu-se em Outubro de 1906.100 As pregações de Parham não eram de fácil aceitação para a congregação de Azusa. Ele sentia que algumas coisas não estavam sendo corretamente administradas e,101 devido à suas tentativas de corrigir alguns aspectos da Missão, ele foi convidado a retirar-se da igreja. Este acontecimento causou interferência no relacionamento de Seymour e Parham. De acordo com Vinson Synan, a amizade nunca foi restaurada.102 O avivamento continuou por mais três anos e meio na Azusa, com três reuniões diárias – pela manhã, à tarde e à noite. A maioria vinha para receber o dom de línguas, porém outros vinham em busca de cura. Frequentemente, interpretações acompanhavam as declarações em línguas. Passado um tempo, Seymour e seus seguidores afirmaram que Deus havia restaurado todos os dons do Espírito à Igreja.103 A Onda que Varreu o Mundo Havia ondas espontâneas da glória de Deus durante o avivamento.104 A corrente Azusa varreu o país e também o mundo. O Pentecostes bateu às portas de Igrejas em todo lugar. O espírito de avivamento veio sobre os Estados Unidos da América, direcionado por Deus e seu Espírito Santo. O avivamento, no entanto, não foi imediatamente aparente. Anos mais tarde, críticos ainda proclamavam que os acontecimentos em Azusa foram somente por um período curto. Uma observadora, Carrie Judd Montgomery – seu marido George havia visitado Azusa em dezembro de 1906 – fez brilhantes relatos sobre o que Deus estava fazendo lá. Foi relatado que: “não havia um avivamento real como um todo em Los Angeles, mas apenas algumas pessoas aqui e ali acreditavam em Deus completamente e recebiam uma rica experiência de Sua graça.” Na maior parte, estes relatos eram precisos. A abertura da Missão da Rua Azusa não escapou dos olhos demuitos, inclusive de membros da imprensa secular. O jornal Los Angeles Times enviou um repórter a uma das reuniões da noite na primeira semana de sua existência, conforme mencionado anteriormente. No entanto, o avivamento localizado da Azusa não permaneceu confinado à Missão. Mais tarde foi reportado que Jeannie Evans Moore, a qual era membra da Primeira Igreja do Novo Testamento, falou em línguas ao final de um culto de Páscoa, na manhã do dia 15 de Abril de 1906, causando um grande rebuliço na Igreja. Ela rapidamente decidiu frequentar Azusa regularmente, e outros logo fizeram o mesmo. O movimento foi como uma onda que cobriu a terra rapidamente.105 Houve outros locais durante 1906 e 1907 que, de igual forma, receberam desta experiência. Pessoas nas Ilhas Britânicas, Noruega, Dinamarca, Alemanha, Holanda, Suécia, Rússia, Bulgária, Letônia, Finlândia, França, Itália, Índia, África Central, África do Sul, Egito e América do Sul.106 As grandes experiências estavam sendo relatadas por todo lugar. Arthur Osterberg, o qual relembrava os primeiros cultos na Azusa, afirmou que em torno de cem pessoas estavam presentes enquanto ele frequentava. O Jornal Los Angeles Times reportou uma multidão que incluía em sua maioria negros e alguns brancos. Em 17 de Abril de 1906, o repórter Frank Bartleman visitou a Missão e disse que havia aproximadamente 12 crentes e que mais pessoas frequentavam nos finais de semana. A maioria das fontes afirma que havia entre 300 e 500 adoradores participantes dentro da estrutura de madeira caiada de 40 x 40 pés, com muitas pessoas sendo forçadas a ficar de pé do lado de fora do estabelecimento antes do fim do verão. Entre os frequentadores estavam pessoas que buscavam de Deus, importunos, e crianças. Em vezes a frequência pode ter ultrapassado os números de 600 a 1000 participantes. Em Setembro de 1906, W.F. Manly relatou que havia 25 negros e 300 brancos nas reuniões das quais ele participou. O que aconteceu em Azusa começou a se espalhar rapidamente a outras igrejas. Algumas igrejas denominacionais não estavam abertas ao novo avivamento e ao ato de falar em línguas e resistiram ao movimento. A.H. Post, um pastor Batista, tentou estabelecer um trabalho Pentecostal em Pasadena, em Julho de 1906, porém também experimentou resistência. 6 ________________________________ Adoradores de Azusa Retratado: Frank Bartleman, repórter de jornal e autor.182 Frank Bartleman estabeleceu uma igreja na esquina das Ruas 8 e Maple, em Los Angeles, em Agosto de 1906. Seymour, a família Lemons e outros da Missão Azusa mantiveram reuniões em Whittier em Agosto, Setembro e Outubro daquele ano. Um grupo de pessoas liderou uma reunião Pentecostal na Igreja Santidade, em Monrovia, Califórnia. Outros ministros viajaram em direção Norte para Oakland, Califórnia; Salem, Spokane e Seattle, Washington. E outros ainda, como Abundio e Rosade Lopez mudaram-se a Sul, para San Diego, Califórnia. Inicialmente, o núcleo de membros da Missão parecia não possuir mais do que cinquenta ou sessenta pessoas. A adesão oficial era racialmente integrada – embora predominantemente negra – porém os brancos serviam principalmente em posições de liderança. Seymour era negro assim como os administradores Richard Asberry e James Alexander. Havia um grupo unido de responsáveis e muito talentosas mulheres negras tais como Jennie Evans Moore, Lucy Farrow, e Ophelia Wiley, às quais se juntaram as mulheres brancas Clara E. Lum e Florence Crawford, em papéis públicos de liderança. Elas lideravam o louvor, liam testemunhos escritos, possuíam responsabilidades de liderança e ajudavam na publicação e distribuição do jornal A Fé Apostólica. Seymour foi pastor de uma congregação que não se encaixava nas normas da época. A igreja fazia um trabalho completamente integrado, com liderança de negros e brancos e com hispânicos e outras etnias em sua minoria, porém confortavelmente presentes na maioria dos cultos. Retratado: cinco dos primeiros líderes Pentecostais em foto tirada na Missão da Rua Azusa. Em frente está o pastor da Missão William J.Seymour e John G. Lake e, em pé, da esquerda para a direita, estão irmão Adams, F.F. Bosworth, e Tom Hezmalhalch.183 Homens que trabalhavam em local próximo frequentemente passavam seu intervalo de almoço na Missão Azusa. C.M. McGowan, um Metodista, ficou tão interessado que, em vezes, acabava perdendo a noção do tempo. Mais tarde, sua esposa recebeu do batismo no Espírito Santo. Deus a usou grandemente no círculo Pentecostal e ela compartilhou com outras igrejas sobre o batismo Espiritual. Carlos P. Huntington, um rico magnata das ferrovias e sua charmosa esposa vieram em uma elegante carruagem puxada por cavalos bem cuidados, para ver este mover de Deus. Outros vieram de todo país e de várias partes do mundo. Deus usou um estábulo em Los Angeles para abrir as comportas de salvação e libertação. O que um dia foi uma Igreja Metodista e um estábulo de cavalos se tornou um púlpito para pregações e profecias, a Missão Azusa. Jesus nasceu em uma estrebaria. É interessante como o início de grandes acontecimentos ocorreu em locais como este. O número de adoradores na Azusa era muito maior do que o seu núcleo de membros. A primeira onda de crescimento foi entre os anos de 1906 e 1908 e a segunda em 1911. Alguns dias antes do segundo pico, foi relatado que havia apenas um número próximo a 12 negros e nenhum branco. Ao mesmo tempo em que o segundo pico de crescimento foi de curta duração, este foi suficiente para causar Bartleman a descrevê-lo como “a segunda chuva do reino posterior.” Em 1912 um pastor Anglicano e editor do Confidence, A.A. Boddy, veio da Inglaterra e encontrou uma multidão de bom tamanho, embora tivesse sofrido uma grande redução comparada ao ano anterior. Apesar da Azusa ser descrita por alguns como um missão “negra,” as grandes multidões atraídas por ela foram provadas ser dominantemente brancas. Evangelistas como Gaston B. Cashwell, Frank Bartleman e “Mãe” Elizabeth Wheaton visitaram a Missão. Os pastores Elmer Fisher, William Pendleton, William H. Durham e Joseph S. Smale frequentavam. Editores como Carrie Judd Montgomery e outros também participaram. M.L. Ryan (Igreja Apostolic Light), e A.S. Worrell (Igreja Gospel Witness) passaram pela Missão e rapidamente espalharam as notícias. Missionários veteranos como Samuel e Ardell Mead e Mae F. Mayo estavam lá enquanto que administradores de igrejas como Charles H. Mason (Igreja de Deus em Cristo) e o superintendente do Distrito da Aliança Cristã e Missionária George Eldridge frequentavam. Alguns deles participaram por um longo período. A maioria, porém não todos, pareciam ter chegado na Missão por curiosidade, ainda que muitos vieram na esperança de receber algo que não poderiam encontrar em nenhum outro lugar – um novo ensino.107 Retratado: Demos Shakerian.184 Os Armênios estabeleceram uma Igreja Pentecostal na Rua Boston, 919 na grande casa de Demos Shakarian, pai de Isaac e avô de Demos, antigo presidente da organização Internacional FGBMFI (Full Gospel Business Men’s Fellowship International). O estabelecimento ainda existe e o segmento desta igreja localiza- se atualmente na casa de Goodrich e Carolina, no leste de Los Angeles.108 Por volta desta época, Demos Shakarian e seu cunhado M. Mushagian, junto a outro Armênio, estavam passeando pela Rua São Pedro e, ao aproximar-se da Azusa, ouviram sons familiares; gritos, cantos e orações similares aos que estavam acostumados a ouvir em seus próprios cultos. Ao chegarem na Missão, encontraram várias pessoas falando em línguas. Eles retornaram aos seus com a emocionante notícia de que Deus estava começando a agir na América da mesma forma que acontecera na Armênia, na Rússia, na igreja primitiva e no cenáculo. 7 ________________________________ Panorama sobre o dom de línguas e o Espírito Santo A base Bíblica para uma teologia Pentecostal do batismo divino é o som. O Pentecostalismo interpreta o batismo no “Espírito Santo como a doutrina central dasEscrituras e o clímax da vida cristã.”109 O Movimento Pentecostal surgiu e cresceu nos Estados Unidos no início do século XX. O destaque era o dom espetacular do Espírito Santo. Em torno da metade do século, o Movimento Carismático ou Neo-Pentecostal teve muito das mesmas ênfases. A teologia Pentecostal enfatiza os milagres, línguas e curas muito mais do que o Cristianismo em geral. Os Pentecostais, muitas vezes, não tentam realmente dar uma explicação teológica ou base para estas curas e outras manifestações do Espírito Santo. Quando a questão da base teológica aparece, muitos Pentecostais respondem que este agir do Espírito traz reconciliação, assim como também traz perdão de pecados e a salvação. Ao final do século XIX, quando Charles Parham foi a Topeka, Kansas, ele descobriu que seus alunos haviam focado no tópico do batismo no Espírito Santo. Algumas pessoas da classe viveram esta experiência. Este era, talvez, o início do Movimento Pentecostal Moderno. De acordo com Millard J. Erickson, autor de Christian Theology (Teologia Cristã), os estudantes chegaram à conclusão de que a Bíblia ensina que deve haver um batismo do Espírito Santo após a conversão e novo nascimento, e que falar em línguas seria o sinal de que uma pessoa recebera o dom. De acordo com Howard Ervin, autor de Conversion - Initiation and the Baptism in the Holy Spirit (Conversão – Iniciação Cristã e o Batismo no Espírito Santo): “Ele, o qual foi, portanto batizado no Espírito e por sua vez, batizou seus discípulos no dia de Pentecostes. A experiência de Jesus com o batismo no Espírito Santo provê e uni todas as subsequentes experiências espirituais à Sua, na história da salvação.” O Espírito Santo A pessoa do Espírito Santo é importante na teologia Pentecostal. Ele tem ocupado o centro do palco desde o tempo de Pentecostes – ou seja, do período descrito no livro de Atos e nas epístolas e durante os períodos seguintes, na história da Igreja. Para manter contato com Deus hoje, precisamos nos tornar familiares às atividades do Espírito Santo. Ele se engaja em ações morais e ministérios que podem ser realizados somente por uma pessoa. Estas atividades incluem mais do que simplesmente falar em línguas – ensinar, restaurar, buscar, falar, interceder, testemunhar, guiar, iluminar e revelar. O Espírito deu profecias e Escrituras.110 Outro trabalho do espírito de Deus no Antigo Testamento era o de veicular certas habilidades necessárias para diversas tarefas.111 Há, contudo, alguns casos no Novo Testamento onde se faz claro que o nome “Espírito de Deus,” no Antigo Testamento, refere-se ao Espírito Santo. Atos 2:16-21 é uma passagem eminente; Pedro explica que o que está acontecendo no Pentecostes é o cumprimento da declaração do profeta Joel: “Derramarei o meu Espírito sobre toda a carne.” Certamente os acontecimentos do Pentecostes foram a realização da promessa de Jesus: “Mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo.” (Atos 1:8). Em resumo, o “Espírito de Deus”, no antigo Testamento é sinônimo ao Espírito Santo.112 Jesus e o Espírito Santo Quando examinamos a história de Jesus, podemos encontrar uma presença de poder e persuasão do Espírito do início ao fim de sua vida.113 Até mesmo o princípio de sua existência na terra foi uma obra do Espírito Santo. Tanto a profecia quanto os registros do nascimento de Cristo apontam para um agir especial do Espírito de Deus.114 O Espírito Santo concebeu Jesus, ou seja, Seu nascimento físico aconteceu pela ação direta do Espírito. Ele era Palavra de Deus, que se fez carne. Através da ação do Espírito de Deus, o Filho unigênito – o Verbo, que existe junto ao Pai, por toda a eternidade e pelo qual o mundo foi também criado – tomou sobre si a forma humana em alma e corpo. Quando o fez, abriu mão de seu poder e temporariamente aceitou as limitações da humanidade natural (Filipenses 2:7- 8).115 O Espírito Santo é evidente desde quando Jesus iniciou seu ministério de forma pública. Ele veio sobre Cristo em forma de uma pomba (Mateus 3:16, Marcos 1:10, Lucas 3:22, e João 1:32). Mateus e Marcos não mencionam que Jesus teria visto a pomba descendo; da mesma forma, eles não afirmam que outros a tenha visto. Lucas não registra quem a viu. Somente no livro de João há menção de que o Espírito foi visto por João Batista, o qual testemunhou o fato. Nenhum dos livros menciona qualquer manifestação específica, efeitos visíveis ou algo similar. Sabemos, no entanto, que imediatamente após o evento, Jesus ficou “cheio do Espírito Santo” (Lucas 4:1). O Espírito de Deus operou na vida de Jesus ao longo de Seu ministério. Jesus dá ênfase à obra do Espírito Santo No ensino de Jesus podemos perceber um forte destaque sobre a obra do Espírito Santo ao apresentar as pessoas à vida cristã. Jesus explica claramente a Nicodemos que o renascimento é uma transformação milagrosa que acontece com o indivíduo e é um veículo do poder espiritual, necessário para a aceitação do Pai. Jesus faz referência nas Escrituras, de que o ato de nascer de novo é uma ocorrência sobrenatural, produzida por intermédio do Espírito Santo.116 Jesus afirma na Palavra, que o Espírito Santo habita e ilumina aquele que crê. E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, para que fique convosco para sempre; O Espírito da verdade, que o mundo não pode receber, porque não o vê, nem o conhece; mas vós o não pode receber, porque não o vê, nem o conhece; mas vós o 17) Outro ponto particular de interesse é a obra de intercessão do Espírito de Deus, o qual também trabalha, de forma progressiva, na santificação da vida dos que crêem. Azusa e o Espírito Santo Durante o avivamento de Azusa, as pessoas recebiam santificação, a qual era parte importante do movimento. O Espírito Santo também concedia aos crentes alguns dons – àqueles que viviam uma vida separada do mundo e em santificação. No período da Missão Azusa houve relatos de dons miraculosos. Entre a maioria deles estavam os dons de fé, cura, expulsão de demônios e especialmente a glossolalia (dom de línguas). O Espírito Santo dispõe à Igreja estes dons nos dias de hoje. Estes mesmos dons tem sido evidentes tanto nas igrejas denominacionais quanto nas interdenominacionais. No entanto, estes dons parecem ser predominantes em configurações interdenominacionais. “Não há indicação nenhuma de que o Espírito Santo cessaria em conceder este dom à Igreja.”117 Os Pentecostais, como são conhecidos hoje, são Cristãos que buscaram por uma bênção mais profunda, o que inclui o ato de falar em línguas.118 Línguas e Interpretação Os dons de palavra, línguas, interpretação e profecia não são somente para nos guiar em nossas vidas, mas também para revelar Deus a nós e nos ajudar em nossa resposta a Ele. Deus manifestou duas formas de falar em línguas. Uma delas foi uma linguagem devocional, para informações particulares, a qual não precisa de interpretação. E a outra foi através de línguas e sua interpretação. Relatos sobre Azusa em 1906 apontam que pessoas também falaram em línguas estranhas durante os cultos. Eles cantavam e oravam em línguas e alguns caíam ao chão, falando em uma linguagem que ninguém podia entender. Porém havia aqueles que interpretavam as canções ou mensagens em Inglês. O ato de falar em línguas era usado também como devocional ou uma oração a Deus entre os Cristãos. Frequentemente um argumento empírico é empregado para enfatizar os benefícios que o falar em línguas produz na vida espiritual do crente, especialmente no seu valor em vitalizar a vida de oração.119 Falar a Deus em outras línguas tem sido muito benéfico à vida dos Cristãos. Cessaram-se os dons? Algumas pessoas rejeitam a idéia de que o Espírito Santo ainda disponibiliza os dons à igreja, afirmando que estas ofertas de milagre cessaram. Eles eram praticamente desconhecidos ao longo da história da Igreja.120 Alguns argumentam que, ao contrário das profecias e conhecimento, Deus não tivera intenção de dar o dom de línguas, até o fim dos tempos. As línguas não estão incluídas nos dons imperfeitos
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