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GLOSSÁRIO • Panegírico: discurso público em louvor a alguém ou a um ser abstrato. • Proletariado: conjunto dos trabalhadores de um determinado país, região, cidade etc., ou do mundo inteiro • Concorrência desleal: toda atividade econômica contra os bons costumes e direitos econômicos numa situação de concorrência • Monopólio: Circunstância ou conjuntura comercial na qual um único comerciante ou vendedor possui o controlo total e absoluto de um produto ou serviço; Domínio total e exclusivo de determinado serviço ou atividade, normalmente conferido a certa corporação ou instituição; • Numerus clausus: O termo Numerus Clausus deriva do latim e, em uma tradução literal, significa números fechados. Tal vocábulo é utilizado para designar um rol taxativo. • Hereditariedade: Transmissão de caracteres dos pais aos filhos. • Cerravam-se: Se fecharam, contraíram. • Dissolução: ato ou efeito de dissolver(-se) • In-natura: obtidos diretamente de plantas ou de animais para o consumo sem que tenham sofrido qualquer alteração. • Séquito: Cortejo, conjunto de pessoas que acompanham alguém, por um dever oficial ou por cortesia. • Pretexto: Motivo ou justificação usada como desculpa para não se fazer ou para se praticar algo; alegação, desculpa ou argumento. • Festins: é o plural de festim. O mesmo que: bodas, banquetes. • Pantagruélico: relativo a Pantagruel, personagem caricatural de um romance de Rabelais, o qual se singulariza por ser amante da boa mesa e do bom vinho. • Deglutir: Ingerir algo, geralmente, o bolo alimentar; fazer com que o que está sendo ingerido passe da boca para o estômago • Declínio: Estado de decadência; condição do que está ruindo: declínio de lucros. Redução ou diminuição da força, da intensidade; enfraquecimento. • Próspero: Que se desenvolve e progride; que melhora; desenvolvido. Em que há prosperidade, abundância, fartura. Que obteve sucesso e êxito; bem-sucedido. Que conseguiu acumular bens e riquezas; rico.Com características adequadas para; favorável, propício. Que está melhor que os demais; desenvolvido: país próspero. • Levantes: Rebelião, insurreição ou motim • Aristocracia: Ser da nobreza, pertencer à aristocracia • Enclosures: Foi o fenômeno pelo qual as terras de uso coletivo na Grã- Bretanha começaram a ser cercadas para que passassem a ser terras de uso individual. • Arrendatários: Aquele que arrenda (alguma coisa); pessoa que toma um imóvel em arrendamento; inquilino. • Faccionistas: Diz-se de um trabalho terceirizado, porém domiciliar, o qual se encarrega de dar acabamentos artesanais a diversos tipos de peças • Subsistência: Junção do necessário para manter a vida; Conservação das coisas • Semiproletária: (definição não encontrada) • Monopsônio: é uma forma de mercado com apenas um comprador, chamado de monopsonista. É um tipo de competição imperfeita, inverso ao caso do monopólio, onde existe apenas um vendedor e vários compradores. • Plutocráticas: é um sistema político no qual o poder é exercido pelo grupo mais rico. Esta concentração de poder nas mãos da elite econômica é acompanhada de profunda desigualdade de renda e baixo grau de mobilidade social. • Campesinato: Conjunto de agricultores de uma região, de um Estado; Condição dos camponeses. • Despojavam: Despojavam vem do verbo despojar. O mesmo que: esbulhavam, espoliavam, desapossavam, enganavam, burlavam, falsificavam, fraudavam,... Capitalismo Manufatureiro A primeira forma de produção capitalista marcada na história foi a manufatura, que era constituída por empresas que produziam mercadorias de formas artesanais, bem semelhante as corporações de ofício, como o trabalho era dividido havia uma grande produtividade, tal aspecto é fortalecido e mostrado por Adam Smith, a respeito da produção de alfinetes . “ (parafraseando) Um trabalhador que não tinha treinamento nem familiarização com o maquinário usado dificilmente seria capaz de produzir um alfinete em um dia, dando o máximo de trabalho, ainda assim não faria vinte. Porém, da forma como a produção é atualmente executada, O trabalho todo não somente constitui uma indústria específica, mas as suas divisões em diversos setores, que por sua vez também compõem um ofício especial. ‘Um operário desenrola o arame, um outro o endireita, um terceiro corta[...]’ ” Neste panegírico, ou seja, neste discurso em louvor a divisão do trabalho, Adam Smith atribui a esse sistema de trabalho a capacidade de aumentar em centenas de vezes a produtividade, devido ao fato de todos os operários responderem a apenas um patrão que distribui os trabalhos, dando a cada operário sua tarefa especifica. Muitos acreditam que todo o avanço da produtividade tenha sido pelo sacrifício da independência do trabalhador. Que deu a superioridade do sistema capitalista de produção, em comparação ao seu antecessor, o sistema artesanal de produção. Na produção simples de mercadorias (artesanal), cada mestre trabalhava com um número mínimo de aprendizes e oficiais, o que reduzia grandemente o desempenho e desenvolvimento da divisão de trabalhos dentro das oficinas. Além de que, os mestres das corporações de ofício, que guardavam as técnicas de produção, para que não fossem alteradas. E se um mestre tentasse alterar a maneira de produzir para melhorar a produtividade, vender com custos mais baixos, para obter mais lucros era punido pelas corporações, por promover a “concorrência desleal” as outras companhias. Formação do proletariado manufatureiro Origem da classe operária A classe operária, supostamente surgiu da dissolução das relações feudais, que constituía um processo grande e diversificado, descontínuo no tempo, e se estende, tomando a Europa inteira, do século XIII até o século XIX. Como já visto anteriormente e nas atividades anteriores, as cidades feudais se fundamentavam nas corporações de ofício. Cada área de serviço era organizada por uma corporação, que os membros eram divididos em mestres, oficiais e aprendizes que tinha o controle do monopólio da referida atividade, os mercadores também faziam parte das corporações. As corporações de oficio também respondiam a algumas regras de caráter feudal: Numerus clausus, e a hereditariedade de lugar. Mas internamente ela era regida originalmente de forma democrática: eram elegidos seus dirigentes e tomavam decisão com a participação de todos os membros. As cidades livres eram uma contradição do mundo feudal, mas o feudalismo compatibilizou com o desenvolvimento das cidades livres em novas forças de produção, mediante o artesanato e o comércio. Enquanto as cidades cresciam e as corporações eram abertas, os servos que vinham fugidos de domínios encontravam abrigo nas cidades e tinham a oportunidade de viver e se inserir na economia urbana. Mas após um tempo, e os interesses capitalistas tomando conta, as corporações se fechavam, excluindo os novos e recém chegados, que deu inicio aos mercados negros, abastecidos por ex-mestres, e clandestinos que trabalhavam ilegalmente, dentre as corporações. O Início do proletariado A dissolução das relações feudais, assim como já dito anteriormente, teve um grande impulso da expansão comercial, e o comércio internacional, “Inicialmente foi substituído o justo preço que havia sido cultivado durante quase toda a Idade média, mas quando passou a ser regulado pela oferta e procura, utilizada pelo atual capitalismo, abalou severamente a estrutura das corporações, com o aumento da procura pelo lucro, começou a se instaurar a desigualdade entre mestres, uns mais ricos, influentes e poderosos, que os outros. O que era caracterizado como fraternidade e ajuda mutua, se configurava por uma disputa de classes e poder.” Mas mesmo antes disso, séculos antes uma exponencial pressão sobre os camponeses já podia ser notada,sendo levado em conta que o mais-produto-arrancado deles podia ser convertido em dinheiro tendo em vista a sua venda. O que era pego da exploração dos camponeses era consumido in natura(na forma pura) pelo senhor e seu séquito(seu cortejo), um dos únicos fatores que continham o avanço da exploração dos camponeses por parte dos senhores era a própria limitação do corpo humano, porque não havia motivos pra pegar trigo e vinhos além do que poderiam comer. Os senhores usavam de todo e qualquer pretexto para aumentar o mais-produto extraído dos camponeses. E como consequência a esses abusos, o padrão de vida dos camponeses sofreu de um grande declínio. Passaram de prósperos trabalhadores para miseráveis esfomeados e maltratados. O que o senhor deixava como sobra da exploração muitas das vezes era menor que o plantio passado, assim fazendo com que a colheita fosse menor e as parcelas pegas pelo castelo maior. Os camponeses desesperados, começaram a organizar levantes, para invadir, queimar e matar os nobres que tanto os oprimiam. Na Inglaterra e Alemanha eram realmente guerras camponesas. Porém mesmo quando iniciavam as guerras vitoriosos, os camponeses não foram capazes de impor à aristocracia, foram derrotados e reprimidos mais uma vez. Em outros lugares os camponeses optaram por fugir dos domínios, diversas vezes registradas fugas em massa, a fuga era a forma mais difícil que os senhores tinham para combater, pois, mesmo comprometidos a se ajudar na captura dos servos, a falta de mão de obra devido as fugas e as pestes, os induziu a ficar com os ex-servos. Apesar da forma cruel ao qual os camponeses capturados eram submetidos, os senhores se sentiram obrigados a ceder por grandes regiões em toda a Europa e emancipar seus servos. A forma mais comum adotada por toda a Europa foi a renúncia do senhor às prestações de produtos naturais e em trabalho em troca do pagamento de uma renda anual fixa em dinheiro. Dessa forma os camponeses conquistaram o seu direito de se deslocar no território em busca de melhores condições de arrecadamento, além de serem libertos das exigências dos senhores. Alguns dos senhores reagiram as emancipações com as Enclosures, que era a expulsão em massa dos inquilinos, para a transformação das terras de cultivo em pastagens para ovelhas. Os camponeses quais foram expulsos dos terrenos compuseram uma grande e importante parte do proletariado manufatureiro. Mesmo com um numero consideravelmente pequeno de aproximadamente 30 a 40 mil camponeses, eles representavam cerca de um quinto do total assalariado do país. Por diversas razões, a dissolução dos laços servis teve como consequência a proletarização da maior parte dos camponeses. Pela disposição de pouca terra, os camponeses viviam em situações precárias. Muitos tinham que complementar seus ganhos agrícolas com os trabalhos remunerados nas cidades ou enviando seus filhos para a cidade, para arranjarem empregos nas oficinas. Esses e outros motivos explicam a prontidão dos camponeses a atender trabalhos domésticos como faccionistas, ou seja, faziam trabalhos artesanais domésticos. Para garantir a mínima subsistência a família inteira trabalhava de sol a sol, em uma condição que pode ser nomeada como semiproletária. Só eram considerados proletários os que não tinham mais ligação com o trabalho com a terra, que dava aos camponeses uma base, mesmo que insuficiente, para buscar a autonomia. Com a total separação da terra, iniciou-se verdadeiramente a classe operaria que era desde o inicio urbana. O Trabalho e O Capital Na luta que existia entre o capital comercial e o artesanato corporativo, com o ultimo se fazendo contra o Monopsônio do primeiro, restringindo o seu número de membros e dificultando cada vez mais a ascensão de jornaleiros para a posição de mestres. E os camponeses que migravam cada vez em maiores números para as cidades, se encontraram em uma situação onde não tinham a possibilidade de se integrar a economia urbana, a não ser meios ilegais como o mercado negro que estava em expansão na época, mas o mais importante era que o próprio desenvolvimento do comércio, que impulsionava o processo de transformação que levava à proletarização dos artesãos urbanos. Esses artesãos foram provavelmente uma das primeiras ondas da classe operária manufatureira. OS grupos de trabalhadores que eram específicos em uma área produtiva de série, acabaram por se tornar produtores parcelados, que deixaram de ser um trabalhador independente que confecciona um produto em seu todo, para parte de um coletivo subordinado ao dono dos meios de produção. No texto apresentado é ressaltada a ironia da qual, as cidades quando pequenas e pobres, eram mais democráticas e igualitárias, do que as grandes e ricas cidades, porque quando tornaram grandes e ricas, elas passaram a ostentar a desigualdade, e a ser dominada por grupos plutocráticos. Que indica assim como mostrado no decorrer desta atividade, a natureza do enriquecimento urbano, provocado pela expansão provocado pela expansão comercial, vinda também da exploração por parte do mais poderoso monetariamente sobre o conjunto de habitantes da cidade ou ocupação local. Esses monopólios normalmente não enriqueciam os habitantes da cidade. Toda essa renda vinda da exploração vinha essencialmente do capital comercial que se obtinha à custo do artesanato e do campesinato. Esse processo de diferenciação que acontecia, a partir de um tempo, começou a se alimentar de seus próprios resultados, quanto mais ricos os mercadores ficavam mais se apoderavam da direção das corporações de oficio e proibiam os artesãos de vender os produtos a outras pessoas que não fossem um deles. Os mercadores usavam da sua grande influência política na época para obter mais trabalhadores e estender seu monopólio. E a proporção em que adquiriam mais privilégios comerciais, eles despojavam os cidadãos de seus direitos civis “excluindo-os” da cidade, tomando todo o poder de decisão local. Desse modo os ricos eram os únicos cidadãos das cidades. Durante um século, o desenvolvimento capitalista e a consequente proletarização do artesanato não foram interrompidas. Apenas no século XV, uma aliança do capital comercial com a nobreza conseguiu submeter a autonomia dessas cidades a uma administração centralizada. Começaram a se iniciar novas lutas armadas por toda a Europa, o propósito dessas revoltas principalmente era a volta ao passado, enquanto o interesse dos artesãos era o particularismo urbano, o projeto do capital comercial contemplava a exploração das ocasiões proporcionadas pelo comércio continental e intercontinental. É irrefragável que os propósitos do grande capital comercial calhavam com o desenvolvimento das forças produtivas. Forças essas que só poderiam ser colocadas em prática em estabelecimentos de grande porte, em manufaturas. Esse era o grande triunfo de superioridade da burguesia manufatureira, o seu isolamento era fatal, em ponto de vista econômico em prazo longo. Porém mais cedo ou mais tarde, os tesouros acumulados pelos capitalistas comerciais os permitiriam armar exércitos mais poderosos, que logravam ganhar a batalha final. Durante os próximos três séculos a classe operária foi tratada com um rigor extremo, vivendo der forma miserável, muitos vivendo como mendigos, vagabundos, assaltantes, e etc. No período manufatureiro, que se estendeu do século XIII ao século XVIII, a classe operária estava formada, porém com diversos traumas pela ruptura dos vínculos sociais e separação violenta, de uma grande parcela dos trabalhadores de seus meios de produção. Nos países cuja essas transformações ocorreram, o proletariado constituía uma parcela ridícula dos trabalhadores, que em sua maior parte ainda trabalhavam de forma autônoma, como camponeses e artesãos. Mesmo nos países onde mais houve um desenvolvimento maisextenso da manufatura, a maior parte da atividade agrícola ainda era realizada por arrendatários e servos, e a confecção de objetos, por artesãos independentes. A classe operaria, somada aos empregados domésticos que não viviam com o empregador, representavam apenas 23% da população Europeia.
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