Buscar

história vista de baixo

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 3 páginas

Prévia do material em texto

História vista de baixo
Na segunda metade do século XX, houve um crescimento dos estudos historiográficos marxistas e a sua consolidação no meio acadêmico. Surgem os principais representantes dos estudos de história marxista, abordando diferentes aspectos da teoria, principalmente na Inglaterra: Eric Hobsbawm, Monton, Maurice Dobb, Dona Torr, Christopher Hill e Edward Thompson. Muitos engajados inicialmente no partido comunista inglês e, na sequência, formando uma ala de pensadores marxistas. Em grande parte, uma parcela desses historiadores será responsável pela produção do que se denomina História social.
Além dessa vertente historiográfica, imbuídos da concepção da "história vista de baixo”, expressão originária do texto homônimo de Thompson, alarga-se o objeto de estudo, e alguns historiadores destacam-se ao propor uma investigação sobre o popular, sobre novos os atores da história. São os casos dos trabalhos desenvolvidos por Ladurie e Ginzburg.
O marxismo inglês do séc XX
No século XX houve o surgimento de um número considerável de estudiosos. O debate com os não marxistas abre campo para perguntas históricas e áreas de pesquisa. O expoente desse momento é Eric Hobsbawm. Dentre as obras do autor, destacam-se: A era das revoluções; A era dos extremos e Breve século XX. Sequencialmente, há uma relação estreita entre o partido comunista e os historiadores. Novo impulso é dado na Inglaterra, por Monton, M. Dobb e D. Torr. Em seus trabalhos, é dado ânimo à pesquisa pelas trocas com o grupo e ao trabalho em conjunto. Prova dessa atividade é a obra lançada por Dobb, que no Brasil recebeu o nome de A evolução do capitalismo, de 1946. A base dos trabalhos estava na preocupação em compreender a história e o desenvolvimento do capitalismo inglês. O crescimento do grupo levou à sua organização estrutural e à publicação de Our History e da revista Past and Present (principal periódico internacional da área).
A nova esquerda inglesa 
A nova esquerda inglesa dá uma nova interpretação ao marxismo, procurando garantir maior relevância analítica a expressões culturais populares. Em parte, as influências desse período recaem sobre Thompson. O autor enfatizou a necessidade de um exame histórico da tradição marxista e criou conceitos submetidos a análises de processos históricos reais. É dele também a proposta de uma investigação do popular – experiência e contato. Surge, dessa forma, a partir de um texto homônimo de Thompson, a expressão "a história vista de baixo", que tece uma crítica à historiografia que não considerava a massa da população.
Ladurie
Le Roy Ladurie é um exemplo patente do pesquisador que observava e verificava a profusão de novos atores e de novos olhares na investigação histórica. A obra Montaillou: povoado occitânico 1224-1324 retrata uma pequena comunidade francesa no Sudoeste, que sofre os danos e as influências da heresia cátara e da presença da Inquisição francesa. As principais fontes do historiador foram os registros dos interrogatórios, relatos de pessoas comuns. Para Burke, a direção do trabalho de Ladurie tem um sentido antropológico.
Ginzburg e O queijo e os vermes
A obra O queijo e os vermes, de Carlo Ginzburg, utiliza como fonte histórica os documentos da Inquisição, lançando mão, principalmente, de dois processos. No centro da pesquisa está a vida de um único personagem – Menocchio (Domenico Scandella), morador de Friuli, Itália. A pesquisa de Ginzburg trabalha com os conceitos de cultura popular, cultura erudita e circularidade da cultura. O pesquisador comprova, por meio dos depoimentos, o quanto foi possível a Menocchio ter acesso ou não à cultura letrada/erudita e, ao mesmo tempo, discutir e falar na aldeia onde vivia sob concepções relacionadas à filosofia e à teologia, como a existência de Deus e de suas manifestações. São evidentes, nessas proposições de Ginzburg, a influência teórica das noções e os conceitos de Foucault, bem como as concepções marxistas, bebidas em conceitos de Gramsci sobre hegemonia e de Bakhtin sobre circularidade.
A micro história
Além das pesquisas desenvolvidas por Ladurie e Ginzburg, outras tantas sugeriram novas propostas metodológicas, como a composição heterogênea da microanálise. Nesse tipo de pesquisa, denominada de micro-história, há a multiplicidade de experiências de pesquisa e de referências teóricas, bem como o recurso recorrente da interdisciplinaridade. A principal área de aproximação é a antropologia. De Lévi-Strauss e Geertz são extraídas a noção da interpretação plural da cultura e a descrição densa dos eventos. Além disso, utilizando-se dos estudos de Geertz, os historiadores fizeram uso de estudo de sinais e símbolos (do campo público para o privado). A alternância das escalas de observação passou a ser o novo processo de observação para o historiador. Sem dúvida, a micro-história subverte as divisões sobre o conhecimento histórico.

Continue navegando