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MÓDULO Iii (complementar) Psinalização visual e tátil no piso (nbr 16537:2016) 1. INTRODUÇÃO Pouco tempo após a elaboração deste Curso, com as apostilas já finalizadas, entrou em vigor a norma ABNT NBR 16537:2016, que traz diretrizes para elaboração de projetos e instalação de pisos táteis. O tema é sempre um dos mais discutidos e, também, um dos que gera o maior número de dúvidas quanto à aplicação dos preceitos de acessibilidade. Este material é um complemento para as apostilas de todos os Módulos, mas será apresentado junto ao Módulo III para que o conhecimento possa ser aplicado já para as calçadas e espaços públicos. 2. DEFINIÇÕES E ABRANGÊNCIA A sinalização visual e tátil no piso tem, como objetivo, oferecer condições de acessibilidade a pessoas cegas ou com baixa visão, para que possam se locomover e realizar atividades diárias com autonomia e segurança. O item 3 da Norma traz uma lista de termos e definições relacionadas ao seu uso. É comum lembrar da deficiência visual apenas como a cegueira total, mas a abrangência do termo é muito maior. A própria ABNT NBR 16537:2016 informa que, conforme dados da OMS, “cerca de 70 % das pessoas com deficiência visual ainda possuem alguma visão residual aproveitável e passível de treinamento”. As pessoas com baixa visão, mesmo usando óculos, lentes de contato ou implantes, têm baixa acuidade visual, mas enxergam. Por isso, embora seja habitual o termo “piso tátil” ou “sinalização tátil”, é preciso sempre lembrar de que essa sinalização também é visual, e que a aplicação dos contrastes recomendados é de fundamental importância. Curso EAD de Acessibilidade Página 2 de 19 3. PRINCÍPIOS GERAIS Assim como já mencionado em outros Módulos do curso, existem dois tipos de sinalizações táteis no piso: alerta e direcional, que devem ser percebidas pela bengala de rastreamento, ou pela visão residual, quando houver (sentir com os pés é apenas complemento). Eles são utilizadas para cumprir, essencialmente quatro funções: • Identificação de perigos: A sinalização de alerta informa sobre riscos permanentes, incluindo desníveis. • Condução: A sinalização direcional orienta o deslocamento seguro. • Mudança de direção: A sinalização de alerta avisa sobre mudanças de direção ou opções de percurso. • Marcação de atividade: A combinação dos dois pisos posiciona o usuário para uso de equipamentos e serviços (elevador, autoatendimento etc.). As pessoas com deficiência visual são treinadas para se orientar usando esse recurso, por isso, é muito importante que sua aplicação seja sempre correta e padronizada, para que as “mensagens” possam ser compreendidas. A falta de informação ou excesso de informação interferem nessa leitura. Assim, um sistema de sinalização tátil no piso não será eficiente quando for muito complexo, o que concorda com o que diz a NBR 9050:2015: que apenas as informações essenciais devem ser sinalizadas. 4. SINALIZAÇÃO TÁTIL E VISUAL NO PISO Este item apresenta, de forma geral, os pisos táteis, os relevos táteis aplicados diretamente no piso e os contrastes visuais da sinalização. Para simplificação, costumamos nos referir à sinalização tátil e visual no piso como “pisos táteis”, e frequentemente isso acontecerá nesta apostila. Porém, Curso EAD de Acessibilidade Página 3 de 19 não se deve esquecer de que existem várias maneiras de executar essa sinalização. Os itens 5.2 e 5.3 da Norma apresentam dimensões e espaçamento entre relevos táteis de alerta, enquanto os itens 5.4 e 5.5 fazem o mesmo com os relevos táteis direcionais. É importante, quando consultar fabricantes de pisos ou relevos avulsos, que seja escolhido material adequado a estes parâmetros, inclusive para estimular que todos se adéquem. 4.1. Contraste de luminância (LRV) Para que a sinalização tátil seja percebida também por meio visual, deve haver contraste entre ela e o piso adjacente. As cores possuem um valor de luminância identificado como LRV (sigla em inglês para Valor de Luz Refletida), que deve ser informado pelo fabricante. A diferença de luminância entre sinalização e piso adjacente deve ser de, no mínimo, 30 pontos da escala relativa de LRV, evitando usar vermelho e verde ao mesmo tempo. Essa diferença deve continuar mesmo com o piso molhado. Provavelmente, será necessário tempo até que todos os fabricantes brasileiros forneçam dados sobre LRV de seus produtos. Essa é uma prática já adotada em outros países. A Figura 10 da Norma, porém, já fornece uma primeira referência, com os contrastes recomendados, devendo ser escolhida sempre uma cor clara e outra escura. Curso EAD de Acessibilidade Página 4 de 19 5. SINALIZAÇÃO TÁTIL DE ALERTA O item 6 da Norma trata dos pisos de alerta. Em geral, estes devem obedecer a alguns requisitos, como serem antiderrapantes sob qualquer condição, além de ter contraste de relevo e de luminância com o piso adjacente, para serem bem percebidos. Sua aplicação se dá em áreas públicas e de uso comum, internas ou externas, nos seguintes casos: a) informar à pessoa com deficiência visual sobre a existência de desníveis ou outras situações de risco permanente, como objetos suspensos não detectáveis pela bengala longa; b) orientar o posicionamento adequado da pessoa com deficiência visual para o uso de equipamentos como elevadores, equipamentos de autoatendimento ou Curso EAD de Acessibilidade Página 5 de 19 Imagem 1: Figura 10 da ABNT NBR 16.537:2016, apresentando contrastes recomendados. serviços; c) informar as mudanças de direção ou opções de percursos, estabelecidas na Seção 7; d) indicar o início e o término de escadas e rampas; e) indicar a existência de patamares, nas situações indicadas; f) indicar o local de travessia de pedestres. Lista reproduzida da ABNT NBR 16.537:2016, item. 6.3, pg. 10) É interessante perceber que a Norma faz diferenciação entre “desnível” e “patamar”. Muitas vezes, nos deparamos com desníveis como os meios-fios de calçadas e imaginamos que estes também deveriam ser sinalizados. Acontece que esses desníveis não estão no sentido de deslocamento do pedestre, então sinalizar o meio-fio em toda sua extensão pode confundir o usuário, dando a entender, equivocadamente, que ali há um patamar (parada de ônibus, por exemplo) ou travessia de pedestres. 5.1. Escadas e rampas O piso tátil de alerta é aplicado no início e no término de escadas, degraus isolados, rampas (qualquer inclinação longitudinal igual ou superior a 5% no percurso é uma rampa), escadas rolantes e esteiras rolantes. O item 6.4.1 da Norma apresenta a largura e o posicionamento correto dos pisos de alerta para escadas fixas, e várias das dimensões indicadas estão associadas à largura dos degraus, então é preciso dimensionar caso a caso. Há também parâmetros para quando a escada possuir grelha, mas, sempre que possível, as grelhas devem ser posicionadas fora da área de circulação, evitando interferências. Degraus isolados (quando há apenas um ou dois degraus, não constituindo escada) devem seguir posicionamento específico, também apresentado. Já para rampas, a principal diferença é que, na base, não pode haver Curso EAD de Acessibilidade Página 6 de 19 espaçamento entre o piso tátil e o começo do trecho inclinado. No topo, é permitido afastamento entre 25 e 32 cm, mas a redação da Norma não deixa claro se este afastamento é obrigatório ou não. Na dúvida, recomenda-se sua aplicação. Nas escadas e esteiras rolantes, a largura dos pisos táteis deve estar entre 26 e 60 cm, como nas rampas, e esses devem ser instalados ao redor dos alçapões do equipamento (aquelas bases metálicas que existem no começo e no fim do percurso). No caso de haver muretas em um ou nos dois lados do equipamento, o piso tátil é aplicado na(s) face(s) sem mureta. Os itens6.4.5, 6.4.6 e 6.4.7 da Norma esclarecem melhor esse posicionamento. 5.1.1. Patamares de escadas e rampas Via de regra, não deve haver sinalização tátil nos patamares, pois o usuário se orienta pelos corrimãos contínuos. Porém, se algum elemento interromper um dos corrimãos laterais, ou se o patamar tiver mais de 2,10 m de comprimento, ou se houver circulação adjacente ao patamar, essa sinalização será necessária. Estas exceções estão previstas e ilustradas no item 6.5.2 da Norma. Curso EAD de Acessibilidade Página 7 de 19 Imagem 2: Figura 14 da ABNT NBR 16.537:2016, com os afastamentos de sinalização tátil com relação a rampas. 5.2. Travessia de pedestres Nos locais de travessia, o piso tátil de alerta é instalado perpendicularmente à linha de caminhamento (diferente do uso equivocado nos meios-fios, que foi comentado anteriormente). O item 6.6 da Norma traz figuras ilustrando a aplicação dos pisos táteis nas seguintes situações: ➢ Rebaixamento de calçada sem e com rampas complementares (o mais comum é instalar a sinalização só no trecho inclinado, mas há a alternativa de aplicar também ao redor da base) ➢ Rebaixamento de calçada com canteiro ➢ Rebaixamento inclinado em relação à guia ➢ Faixa elevada para travessia de pedestre (a sinalização fica paralela às linhas) ➢ Rebaixamento de canteiro divisor de pistas, de diversas dimensões 5.3. Limite de plataformas em geral Em plataformas, a sinalização tátil de alerta fica a meio metro do limite da borda, e a largura, nas vias públicas, é diferente da aplicada em outros casos. Curso EAD de Acessibilidade Página 8 de 19 Imagem 3: Figura 31 da ABNT NBR 16.537:2016, ilustrando sinalização de limite de plataforma. 5.4. Elementos suspensos Ao longo do curso, vimos que obstáculos suspensos devem ser evitados nas áreas de circulação, devendo-se afastá-los das faixas livres. De todo modo, esses elementos, com altura livre entre 0,60 e 2,10 m, devem ser sinalizados. É importante lembrar que, se o obstáculo puder ser detectado por bengala longa (como no caso de postes altos, por exemplo), essa sinalização é dispensável. O objetivo é evitar que a pessoa com deficiência visual esbarre em algo que sua bengala não “enxergou” por ela. As Figuras 32 a 37, parte do item 6.8 da Norma, mostram vários desses elementos. Objetos fixados em paredes / muros, autoportantes, suspensos (lixeiras, caixas de correio etc.) suspensos com a base inclinada (postes decorativos), ou mesmo elementos construtivos como pilares curvos, ou os espaços sob as escadas, são obstáculos que precisam receber sinalização. 5.5. Equipamentos ou serviços de interesse de uso O item 6.9 da Norma remete ao uso de posicionamento do usuário, e de modo a ajudar a pessoa com deficiência a localizar e utilizar equipamentos como elevadores, plataformas de elevação vertical e máquinas de autoatendimento, ou serviços como bilheterias e balcões de informações, entre outros. Quando houver necessidade de direcionamento do usuário, pode ser usado, em associação, o piso tátil direcional. Diante de elevadores e plataformas de elevação vertical, o piso de alerta serve para indicar proximidade e ajudar na localização da botoeira, e tem comprimento igual ao do vão da porta. O item 6.9.1 apresenta como deve ser feita essa sinalização, considerando diversas configurações possíveis. Para bilheterias e balcões de atendimento, a sinalização deve ser aplicada a todos os guichês, seguindo orientações em 6.9.2. Já para equipamentos de autoatendimento, em 6.9.3, deve posicionar o usuário diante dos equipamentos acessíveis – embora, de acordo com o Desenho Universal, o objetivo é que todos Curso EAD de Acessibilidade Página 9 de 19 sejam. 6. SINALIZAÇÃO TÁTIL DIRECIONAL Pisos direcionais são abordados no item 7 da Norma. Assim como os pisos de alerta, devem ser antiderrapantes sob qualquer condição, além de ter contraste de relevo e de luminância com o piso adjacente. Quando for necessário orientar a pessoa com deficiência pessoal, segundo a Norma, “deve haver sinalização tátil no piso, desde a origem até o destino, passando pelas áreas de interesse, de uso ou de serviços”. Caso haja referência edificada a ser usada como linha-guia, dispensando o piso direcional, deve-se prestar atenção quanto a possíveis obstáculos, pois não pode haver nenhum tipo de obstrução no percurso. Conforme o texto da Norma, o projeto de sinalização direcional deve: a) considerar todos os aspectos envolvidos no deslocamento de pessoas com deficiência visual, como fluxos de circulação de pessoas e pontos de interesse; b) seguir o fluxo das demais pessoas, evitando-se o cruzamento e o confronto de circulações; c) evitar interferências com áreas de formação de filas, com pessoas sentadas em bancos e demais áreas de permanência de pessoas; d) considerar a padronização de soluções e a utilização de relevos e contraste de luminância semelhantes para um mesmo edifício. Lista reproduzida da ABNT NBR 16.537:2016, item. 7.3.3, pg. 25) Cabe pensar, porém, que não adianta a sinalização direcional conduzir do ponto A ao ponto B, passando por pontos de interesse intermediários, se o usuário não fizer ideia de quais pontos são esses. Assim, deve haver informação sobre origem, percurso e destino dessa sinalização, e essa informação deve seguir o Curso EAD de Acessibilidade Página 10 de 19 Princípio dos Dois Sentidos, conforme 7.3.4 da Norma. Para evitar excesso de informação, a largura dos pisos direcionais deve ser sempre a mesma, assim como a cor (a mesma dos pisos de alerta). Se o piso adjacente mudar de cor em cada ambiente, deve ser escolhida uma cor capaz de garantir contraste de luminância com todos esses pisos ao mesmo tempo. A largura recomendada para a faixa tátil direcional é de 25 a 40 cm. Caso o piso adjacente não seja liso, deve haver uma faixa de piso liso (sem textura, porém ainda antiderrapante) de 60 cm de cada lado do piso direcional, para favorecer o contraste tátil. Curso EAD de Acessibilidade Página 11 de 19 Imagem 4: Figura 45 da ABNT NBR 16.537:2016, mostrando piso tátil direcional e faixas laterais de piso liso. Vale notar que a NBR 16.537:2016 diz, no seu item 4.6, que “A utilização de sinalização tátil direcional em situações não abrangidas nesta Norma deve ser definida de acordo com a necessidade verificada.” Isso deixa claro que a Norma não pretende esgotar as possibilidades de utilização do piso tátil. Assim, cabe ao projetista conceber um sistema de sinalização tátil que possa facilitar a circulação de todas as pessoas, inclusive as que possuem deficiência. Por isso, é difícil classificar a instalação de uma sinalização tátil direcional como “correta” ou “incorreta”, já que projeto sempre envolve certa subjetividade. Porém, é importante compreender os critérios mínimos estabelecidos, pois quando estes não atendidos, podem gerar situações que sejam, de fato, inadequadas. 6.1. Mudanças de direção As mudanças de direção em pisos táteis direcionais devem ser executadas conforme o item 7.4 da Norma. Sua configuração depende do ângulo formado e de quantas faixas direcionais se encontram, nas seguintes situações: ➢ Ângulos entre 150 e 180 graus ➢ Ângulos entre 90 e 150 graus (inclusive) ➢ Encontro de três faixas direcionais ortogonais ➢ Encontro de uma faixa angular com duas faixas ortogonais ➢ Encontro de três faixas angulares ➢ Encontro de quatro faixas ortogonais ➢ Encontro de quatro faixas angulares Curso EAD de Acessibilidade Página 12 de 19 6.2. Direcionamento para escadas e rampas Quando houver piso direcional para escadas e rampas, deve haver continuidade nos patamares superior e inferior, bem como em patamares intermediários situados em circulações ou com mais de 2,10 m de comprimento.A posição para onde o piso deve levar o usuário depende da largura da escada ou rampa. O item 7.5 da Norma traz mais informações. 6.3. Direcionamento para equipamentos de circulação, equipamentos de autoatendimento ou áreas de circulação Para elevadores e plataformas de elevação vertical, a sinalização direcional encontra a sinalização de alerta no lado onde se encontra a botoeira. Esse tratamento deve ser repetido em todos os pavimentos. No caso de bilheterias e balcões de atendimento, é possível direcionar para uma das bilheterias acessíveis diretamente (de forma que a pessoa com deficiência visual não fiquei desorientada pelas múltiplas filas). Em caso de fila única, o direcionamento deve ser até um local próximo aos balcões, de forma que o atendente possa visualizar esse usuário e chamá-lo para atendimento preferencial. Já nas máquinas de autoatendimento, quando for necessário guiar para algum deles, o piso direcional deve coincidir com o eixo do equipamento. Informações e figuras podem ser vistas no item 7.6 da Norma. 6.4. Distâncias de objetos A sinalização tátil deve estar afastada de obstáculos em, pelo menos, 1 metro, contados a partir de sua borda. Ao adequar espaços existentes, é permitido ter uma distância menor, desde que todos os obstáculos sejam detectáveis por bengala longa ou estejam sinalizados no piso. Quanto ao afastamento de áreas com aproximação ou permanência de pessoas (bancos de sentar, balcões etc.), o afastamento mínimo é 1,20 m, sendo Curso EAD de Acessibilidade Página 13 de 19 recomendados 1,50 m (indica-se seguir sempre o recomendado). Isto evita que a faixa direcional seja obstruída, mas agora por pessoas, não por objetos. 6.5. Sinalização tátil nas calçadas O uso de pisos táteis nas calçadas costuma ser um dos assuntos de maior interesse quando se trata de sinalização acessível, e também um dos que gera maior número de questionamentos. Por isso, é abordada em tópico específico. 6.5.1. Calçada e passeio Antes de apresentar os parâmetros definidos pela Norma de pisos táteis, é importante rever conceitos de calçada e passeio, já que as definições podem se confundir. Como já foi visto no Módulo III deste Curso, a Norma ABNT NBR 9050:2015 apresenta as definições de “calçada” e “passeio” idênticas às constantes no Código de Trânsito Brasileiro. A partir dessas definições, é possível entender que passeio é sinônimo de “faixa livre”, uma vez que é a faixa da calçada destinada exclusivamente à circulação de pedestres. Já a calçada é mais abrangente, pois pode incorporar, além do passeio (faixa livre), áreas destinadas à implantação de mobiliário urbano (faixa de serviço), e, quando a sua largura permite, também pode haver a faixa de acesso, “área destinada à acomodação das interferências resultantes da implantação, do uso e da ocupação das edificações existentes na via pública, autorizados pelo órgão competente, de forma a não interferir na faixa livre” (NBR 16.537:2016). De acordo com a NBR 9050:2015, a faixa de acesso “é possível apenas em calçadas com largura superior a 2,00 m” [grifo nosso]. Já a NBR 16.537:2016, quando apresenta a definição de faixa de acesso, coloca a seguinte nota: “É recomendável para passeios com mais de 2 m.” [grifo nosso]. Pelo que vimos até aqui, é bem possível que a utilização do termo “passeios” nesta nota esteja equivocada. Curso EAD de Acessibilidade Página 14 de 19 Vale mencionar que esta Norma (NBR 16.537:2016) também admite a utilização do termo “passeios públicos” como sinônimo de “calçadas”. É bastante provável que a Nota da NBR 16.537:2016 sobre a faixa de acesso tenha sido redigida, por uma falha, sem a palavra “públicos”. Nesse caso, poderíamos entender que não há contradição entre as duas Normas e que: a faixa de acesso é recomendável para calçadas com mais de 2,00 m. 6.5.2. Aplicações Segundo a ABNT NBR 16.537:2016, a sinalização direcional é indicada quando está “contornando o limite de lotes não edificados onde exista descontinuidade da referência edificada”. Ou seja, quando há um posto de gasolina, garagem, ou recuos diversos da edificação, o piso tátil direcional se faz necessário. Nas situações em que o piso tátil direcional seja contínuo e esteja Curso EAD de Acessibilidade Página 15 de 19 Imagem 5: Figura 61 da ABNT NBR 16.537:2016, ilustrando sinalização direcional na interrupção da linha-guia. localizado na faixa livre, ele deve seguir bem no centro desta. Nos calçadões, parques e afins, segue o fluxo de pessoas. Nas travessias de pedestres, o piso direcional, geralmente, deve ligar a linha-guia (seja ela edificada ou tátil) ao piso de alerta do rebaixamento (ou outra solução adotada). Quando houver botão para foco semafórico, porém, o piso direcional deve conduzir até esse acionamento, não até o piso de alerta. Diversas ilustrações ao longo de 7.6.8 demonstram soluções para estes casos. Outras aplicações incluem: ➢ Identificar o acesso às passarelas elevadas e às travessias subterrâneas Curso EAD de Acessibilidade Página 16 de 19 Imagem 6: Figura 67 da ABNT NBR 16.537:2016, ilustrando alguns exemplos de sinalizações táteis direcionais em rebaixamentos. usando a referência edificada como linha- guia. ➢ Interligar diversos pontos de travessia em uma “ilha” ➢ Identificação de locais de embarque e paradas de ônibus ➢ Orientar travessia entre calçadas, sobre a faixa de pedestres Vale lembrar que, em alguns pontos, a própria Norma ilustra travessias de pedestres sem piso direcional, então sua aplicação deve ser avaliada dentro do contexto das calçadas. Caso seja necessário, é preciso ter em mente que o material a ser usado precisa ser resistente ao tráfego de veículos. Pisos táteis danificados podem ser piores para a leitura do espaço do que não colocá-los, em alguns casos. 6.5.3. Considerações complementares É importante observar, mais uma vez, que a Norma apresenta, para todas as opções descritas, duas alternativas: considerar a calçada co m ou sem sinalização direcional em toda a sua extensão. Sobre a instalação de sinalização tátil direcional em toda a extensão da faixa livre, a Norma não indica obrigatoriedade, apenas mostra as duas possibilidades. É preciso abolir a ideia de que todas as calçadas devam, necessariamente, ter sinalização tátil direcional ao longo de todo o percurso, já que há diversos exemplos, na própria Norma, em que as calçadas são isentas deste tipo de sinalização (Figuras 60, 61, 63, 65, 67, 67, 71). O importante é garantir uma linha-guia contínua, para que as pessoas com deficiência visual possam se orientar. Uma dúvida bastante comum é: quando se deve usar a sinalização tátil direcional em toda a extensão da calçada? A Norma não responde a esta pergunta, até porque, conforme já mencionado, a intenção não é esgotar as possibilidades de utilização dos pisos táteis. Cada configuração espacial pode envolver peculiaridades que demandam soluções diferentes. Mas, de uma maneira geral, pode-se dizer que calçadas largas, que possuem três faixas de uso, tornam o uso da sinalização tátil direcional mais conveniente, já que, nestes casos, é importante direcionar o pedestre ao caminho preferencial de circulação – a faixa livre (ou passeio), Curso EAD de Acessibilidade Página 17 de 19 distanciando-o das demais faixas (a faixa de acesso e a faixa de serviço envolvem outros usos que não a circulação, até por permitirem a existência de obstáculos). Em calçadões e outras calçadas largas, esse recurso pode ser aplicado mesmo que as três faixas não estejam formalmente definidas, desde que todo o percurso da sinalização esteja desobstruído e cumpra os requisitos da Norma. Já quando se tem calçadas estreitas, de até 2,00 m de largura, a utilização da sinalizaçãotátil direcional, em toda a extensão, normalmente fica prejudicada, e não há faixa de acesso. Neste caso, porém, é necessário que se mantenha uma referência edificada adjacente à faixa livre, prestando-se atenção para garantir um percurso sem obstruções, e colocando-se a sinalização tátil direcional apenas nas interrupções (descontinuidades). Nos casos de calçadas estreitas que não possuam guia de balizamento, poderia se considerar útil a instalação de sinalização tátil direcional. Contudo, esta só é viável de ser instalada se for possível atender aos critérios estabelecidos na Norma, dentre os quais destacam-se os itens 7.7.1 e 7.3.8, que correspondem às Figuras 58 e 45 (Imagem 4 desta apostila), respectivamente. 7. ASSENTAMENTO DA SINALIZAÇÃO TÁTIL NO PISO Depois de conhecermos as diversas aplicações dos pisos táteis, resta saber sobre o aspecto construtivo desses materiais, ou seja, como eles devem ser assentados em obra. Recomenda-se que os pisos táteis estejam integrados e nivelados com os demais, assim, apenas os relevos táteis se destacam. Caso o piso tátil tenha que ser aplicado sobre o outro, o desnível gerado, fora os relevos, deve ser de, no máximo, 2 mm. Relevos táteis podem ser aplicados diretamente ao piso do local, também. Todos os materiais sobrepostos devem resistir a arrancamento. Caso alguma porta ou portão passe por cima do piso tátil, ou a folha é ajustada para ficar mais alta, ou o piso é rebaixado o suficiente para que o topo dos relevos fique alinhado com o restante do piso acabado, conforme 8.4 da Norma. Curso EAD de Acessibilidade Página 18 de 19 Por fim, em seu item 8.5, a ABNT NBR 16.537:2016, apresenta orientações sobre como realizar cortes e emendas nos pisos táteis. 8. REFERÊNCIAS ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 16.537: Acessibilidade – Sinalização tátil no piso – Diretrizes para elaboração de projetos e instalação. Rio de Janeiro, Jun 2016. Curso EAD de Acessibilidade Página 19 de 19 1. INTRODUÇÃO 2. DEFINIÇÕES E ABRANGÊNCIA 3. PRINCÍPIOS GERAIS 4. SINALIZAÇÃO TÁTIL E VISUAL NO PISO 4.1. Contraste de luminância (LRV) 5. SINALIZAÇÃO TÁTIL DE ALERTA 5.1. Escadas e rampas 5.1.1. Patamares de escadas e rampas 5.2. Travessia de pedestres 5.3. Limite de plataformas em geral 5.4. Elementos suspensos 5.5. Equipamentos ou serviços de interesse de uso 6. SINALIZAÇÃO TÁTIL DIRECIONAL 6.1. Mudanças de direção 6.2. Direcionamento para escadas e rampas 6.3. Direcionamento para equipamentos de circulação, equipamentos de autoatendimento ou áreas de circulação 6.4. Distâncias de objetos 6.5. Sinalização tátil nas calçadas 6.5.1. Calçada e passeio 6.5.2. Aplicações 6.5.3. Considerações complementares 7. ASSENTAMENTO DA SINALIZAÇÃO TÁTIL NO PISO 8. REFERÊNCIAS