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Direito Constitucional - Ordem Social

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Aula 10
Direito Constitucional p/ PC-PR
(Delegado) Com Videoaulas - Pós-Edital
Autor:
Nelma Fontana
Aula 10
15 de Junho de 2020
 
 
 
Sumário 
Introdução .......................................................................................................................................................... 3 
Da Seguridade Social .......................................................................................................................................... 5 
1 – Saúde ........................................................................................................................................................ 8 
2 – Previdência Social ................................................................................................................................... 12 
3 – Assistência Social .................................................................................................................................... 19 
Da Educação, Cultura e Desporto .................................................................................................................... 21 
1 – Educação ................................................................................................................................................ 21 
2 – Cultura .................................................................................................................................................... 31 
3 – Desporto ................................................................................................................................................. 34 
Da Ciência, Tecnologia e Inovação ................................................................................................................... 35 
Da Comunicação Social .................................................................................................................................... 38 
1 – Propriedade de empresa jornalística e de radiodifusão sonora e de sons e imagens ........................... 41 
2 – Concessão, permissão e autorização ..................................................................................................... 42 
Do meio ambiente ............................................................................................................................................ 44 
Da família, do adolescente, da criança, do jovem e do idoso ......................................................................... 52 
1 – Da família ............................................................................................................................................... 52 
2 – Criança, adolescente e jovem ................................................................................................................. 55 
2 – Idosos ...................................................................................................................................................... 58 
Do Índio ............................................................................................................................................................ 59 
1 – Direito à Diferença.................................................................................................................................. 60 
2 – Direito à terra ......................................................................................................................................... 60 
3 – Capacidade processual ........................................................................................................................... 63 
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Resumo ............................................................................................................................................................. 65 
Destaques da legislação ................................................................................................................................... 74 
Considerações Finais ........................................................................................................................................ 92 
Questões Comentadas ..................................................................................................................................... 92 
Lista de Questões ........................................................................................................................................... 128 
Gabarito.......................................................................................................................................................... 142 
 
 
Nelma Fontana
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ORDEM SOCIAL 
INTRODUÇÃO 
A Constituição Federal reservou o Título VIII para dispor sobre a ORDEM SOCIAL, o que demonstra 
claramente a intenção do legislador constituinte de frisar a característica de Constituição Social do novo 
texto. 
A ordem social, nos termos do artigo 193 da Constituição Federal, tem como base o primado do trabalho, 
e como objetivo o bem-estar e a justiça sociais. 
A ordem social não está dissociada da ordem econômica. Trabalho é direito social e está relacionado ao 
bem-estar social, pois dele o indivíduo conquistará meios de acesso a outros direitos sociais, como a 
educação, a saúde, o lazer, a previdência, dentre outros. Nessa linha, é dever do Estado propiciar meios de 
adequados de trabalho, respeitando a dignidade da pessoa humana, para que o indivíduo possa produzir 
riqueza para o país e esta possa promover a justiça social. 
Direitos fundamentais e a ordem social formam a base do Estado Democrático de Direito. 
 
 
Na ordem social estão elencados direitos sociais, serviços públicos sociais, direitos difusos e direitos de 
personalidade, associados ao envelhecimento, à juventude, à infância e à formação de família. 
O Supremo Tribunal Federal, na ADI 1.923, entendeu que os setores de saúde (CF, art. 199), educação (CF, 
art. 209), cultura (CF, art. 215), desporto e lazer (CF, art. 217), ciência e tecnologia (CF, art. 218) e meio 
ambiente (CF, art. 225) configuram serviços públicos sociais, em relação aos quais a Constituição, ao 
mencionar que “são deveres do Estado e da Sociedade” e que são “livres à iniciativa privada”, permite a 
atuação, por direito próprio, dos particulares, sem que para tanto seja necessária a delegação pelo poder 
público. 
Com efeito, nos termos do Título VIII da Constituição Federal, compõem a ordem social: 
Ordem Social
Base
Primado do 
trabalho
Objetivo 
Bem-estar e 
justiça sociais
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(2019/VUNESP/TJ-RO/Juiz de Direito Substituto) De acordo com a jurisprudência do Supremo Tribunal 
Federal, as áreas da saúde, educação, cultura, desporto e lazer, ciência e tecnologia e meio ambiente 
configuram 
A) serviços sociais, para os quais a Constituição Federal autoriza que particulares atuem, por direito 
próprio, sem que, para tanto, seja necessária delegação pelo poder público. 
B) serviços sociais de titularidade do poder público, podendo ser prestados pela iniciativa privada em 
regime de exclusividade mediante celebração de contrato de gestão, precedido de licitação. 
C) atividade econômica, pois a Constituição Federal autoriza que sejam prestados em regime de 
concorrência, por particulares e pelo poder público, sem que, para tanto, seja necessária delegação ou 
fiscalização pelo poder público. 
D) serviços sociais de titularidade do poder público, podendo ser prestados pelas entidades do Terceiro 
Setor integrantes da Administração Pública indireta. 
E) típicos serviços públicos, podendo ser prestados pela iniciativaprivada em regime de delegação, sem 
transferência de titularidade, após regular procedimento de licitação. 
Gabarito: A 
O
rd
em
 S
o
ci
al
Seguridade Social
Educação, Cultura e Desporto
Ciência, Tecnologia eInovação
Comunicação social
Meio ambiente
Família, criança, adolescente, 
jovem e idosos
Índios
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Comentário: Para o Supremo Tribunal Federal, as áreas da saúde, educação, cultura, desporto e lazer, 
ciência e tecnologia e meio ambiente configuram serviços sociais, para os quais a Constituição Federal 
autoriza que particulares atuem, por direito próprio, sem que, para tanto, seja necessária delegação pelo 
poder público (ADI 1.923). 
 
DA SEGURIDADE SOCIAL 
Nos termos do artigo 194 da Constituição Federal, a seguridade social compreende um conjunto integrado 
de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à 
saúde, à previdência e à assistência social. 
Note que a seguridade social são as ações praticadas pelos trabalhadores, aposentados, empregadores e 
Governo (gestão quadripartite). Seguridade social não é um direito, mas dela são decorrentes três direitos 
sociais: saúde, assistência social e previdência social. 
Destaque-se que saúde e assistência social estão desvinculados de qualquer tipo de contraprestação, já os 
direitos relativos à previdência social dependem de contribuição. 
Cabe ao Poder Público, nos termos da lei, organizar a seguridade social, com base nos seguintes objetivos: 
I - universalidade da cobertura e do atendimento; 
II - uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais; 
III - seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e serviços; 
IV - irredutibilidade do valor dos benefícios; 
V - equidade na forma de participação no custeio; 
VI - diversidade da base de financiamento, identificando-se, em rubricas contábeis 
específicas para cada área, as receitas e as despesas vinculadas a ações de saúde, 
previdência e assistência social, preservado o caráter contributivo da previdência 
social; 
VII - caráter democrático e descentralizado da administração, mediante gestão 
quadripartite, com participação dos trabalhadores, dos empregadores, dos aposentados 
e do Governo nos órgãos colegiados. 
Agora, de onde vem os recursos destinados ao custeio da seguridade social? Da sociedade, do empregador, 
do trabalhador e dos cofres públicos. 
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O artigo 195 da Constituição Federal dispõe que a seguridade social será financiada por toda a sociedade, 
de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, 
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: 
I - do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes sobre: 
a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa 
física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício; 
b) a receita ou o faturamento; 
c) o lucro. 
As contribuições sociais do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada poderão ter alíquotas 
diferenciadas em razão da atividade econômica, da utilização intensiva de mão de obra, do porte da 
empresa ou da condição estrutural do mercado de trabalho. 
II - do trabalhador e dos demais segurados da previdência social, podendo ser adotadas alíquotas 
progressivas de acordo com o valor do salário de contribuição, não incidindo contribuição sobre 
aposentadoria e pensão concedidas pelo Regime Geral de Previdência Social; 
1. Temos aqui uma diferença entre servidores públicos e trabalhadores integrados ao RGPS, uma vez que a 
Constituição Federal, no artigo 40, § 18,dispõe que incidirá contribuição sobre os proventos de 
aposentadorias e pensões concedidas pelo regime próprio de previdência quando superarem o limite 
máximo estabelecido para os benefícios do regime geral de previdência social. 
2. O produtor, o parceiro, o meeiro e o arrendatário rurais e o pescador artesanal, bem como os 
respectivos cônjuges, que exerçam suas atividades em regime de economia familiar, sem empregados 
permanentes, contribuirão para a seguridade social mediante a aplicação de uma alíquota sobre o 
resultado da comercialização da produção e farão jus aos benefícios nos termos da lei (§ 8º, artigo 195, 
CF/88). 
III - sobre a receita de concursos de prognósticos. 
IV - do importador de bens ou serviços do exterior, ou de quem a lei a ele equiparar. 
 
1. Outras fontes destinadas a garantir a manutenção ou expansão da seguridade social poderão ser 
instituídas, desde que não cumulativas e mediante lei complementar. Perceba: as contribuições acima 
enumeradas são instituídas por lei, mas novas contribuições de seguridade social dependerão de lei 
complementar. 
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2. As contribuições sociais destinadas ao custeio da seguridade social não se sujeitam à anterioridade 
tributária, mas só poderão ser exigidas após decorridos noventa dias da data da publicação da lei que as 
houver instituído ou modificado (§ 6º, 195, CF/88). 
3. As entidades beneficentes de assistência social que atendam às exigências estabelecidas em lei são 
isentas de contribuição para a seguridade social (artigo 195, § 7º, da CF/88). 
4. A pessoa jurídica em débito com o sistema da seguridade social, como estabelecido em lei, não poderá 
contratar com o Poder Público nem dele receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios (artigo 195, 
§ 3º, da CF/88). 
A proposta de orçamento da seguridade social será elaborada de forma integrada pelos órgãos 
responsáveis pela saúde, previdência social e assistência social, tendo em vista as metas e prioridades 
estabelecidas na lei de diretrizes orçamentárias, assegurada a cada área a gestão de seus recursos. 
A lei definirá os critérios de transferência de recursos para o sistema único de saúde e ações de assistência 
social da União para os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, e dos Estados para os Municípios, 
observada a respectiva contrapartida de recursos. 
As receitas dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios destinadas à seguridade social constarão dos 
respectivos orçamentos, não integrando o orçamento da União. 
A Constituição Federal proíbe a criação, a majoração ou a extensão de benefício ou de serviço da 
seguridade social sem a correspondente fonte de custeio (§ 5º, artigo 195). 
 
(2020/VUNESP/AVAREPREV-SP/Procurador Jurídico) Considerando o que dispõe a Constituição Federal 
no que diz respeito à seguridade social, assinale a alternativa correta. 
A) São alguns dos objetivos da seguridade social a uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às 
populações urbanas e rurais, além da seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e serviços. 
B) A seguridade social caracteriza-se pelo seu caráter democrático e descentralizado de administração, 
mediante gestão tripartite, com participação dos trabalhadores, dos empregadores e do Governo nos 
órgãos colegiados. 
C) As receitas dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios destinadas à seguridade social constarão 
dos respectivos orçamentos, e deverão integrar o orçamento da União. 
D) A pessoa jurídica em débito com o sistema da seguridade social, como estabelecido em lei, não poderá 
ser impedida de contratar com o Poder Público, mas poderá deixar de receber benefícios ou incentivos 
fiscais ou creditícios. 
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E) A lei não poderá instituir outras fontes com o objetivo de garantir a manutenção ou expansão da 
seguridade social, além daquelas já expressamente previstas na Constituição Federal. 
Gabarito: A 
Comentários: 
A) Certo. Dentre outros, são objetivos da seguridade social, nos termos do artigo 195 da Constituição 
Federal: uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais (II) e a 
seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e serviços (III). 
B) Errado. A seguridade social caracteriza-se pelo seu caráter democrático e descentralizado da 
administração, mediante gestão quadripartite, com participação dos trabalhadores, dos empregadores, dos 
aposentados e do Governo nos órgãos colegiados (VII). 
C) Errado. Nos termos do § 1º do artigo 195 da Constituição Federal, as receitas dos Estados, do Distrito 
Federal e dos Municípios destinadas à seguridade social constarão dos respectivos orçamentos, não 
integrando o orçamento da União. 
D) Errado. A pessoa jurídica em débito com o sistema da seguridade social, como estabelecido em lei, não 
poderá contratar com o Poder Público nem dele receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditício (195, 
§ 3º, CF/88). 
E) Errado. A lei poderá instituir outras fontes destinadas a garantir a manutenção ou expansão da 
seguridade social, obedecido o disposto no art. 154, I (artigo 195, § 4º, da CF/88). 
 
1 – SAÚDE 
Saúde é direito fundamental a todos assegurado e deve ser interpretado como direito indissociável de vida. 
Cabe ao Poder Público, independentemente da esfera federativa, envidar todos os esforços necessários ao 
atendimento da população. 
O artigo 196 da Constituição Federal dispõe que a saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido 
mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao 
acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação. 
A norma constitucional, embora programática, não pode ser interpretada pelas autoridades públicas 
apenas como promessa constitucional. Todas as normas constitucionais são dotadas de eficácia jurídica, 
ainda que a integralidade de algumas dependa de normatividade futura ou de realidade socioeconômica 
do Estado. 
Nessa toada, não pode o Estado alegar a escassez de recursos para deixar de cumprir o mínimo essencial. 
É dever do Estado atender aos enfermos, fornecer os medicamentos necessários, realizar cirurgias, custear 
internações. É fato que nem sempre será possível prestar atendimento público a toda a população, com a 
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qualidade prevista na Constituição e nas leis, porém as autoridades públicas não poderão simplesmente se 
omitir. 
Com relação à oferta de medicamentos, duas decisões do Supremo Tribunal Federal merecem destaque, 
sendo uma referente aos medicamentos de alto custo e outra a respeito de remédios não cadastrados na 
ANVISA. Vejamos. 
1. O Supremo Tribunal Federal, no RE 566.471, decidiu que o Estado não é obrigado a fornecer, em regra, 
medicamentos de alto custo solicitados judicialmente quando não estiverem registrados na Agência 
Nacional de Vigilância Sanitária. Para o Tribunal, nos casos de remédios de alto custo não disponíveis no 
sistema, o Estado só poderá ser obrigado a fornecê-los se preenchidos três requisitos: a) comprovação de 
extrema necessidade do medicamento, b) incapacidade financeira do paciente e de sua família para sua 
aquisição e c) o fármaco deve estar registrado na agência reguladora. 
2. O STF, no RE 657.718, entendeu que o Estado não pode ser obrigado a fornecer medicamentos 
experimentais. A ausência de registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) impede, como 
regra geral, o fornecimento de medicamento por decisão judicial. Para o Tribunal, será possível, 
excepcionalmente, a concessão judicial de medicamento sem registro sanitário, em caso de mora 
irrazoável da Anvisa em apreciar o pedido (prazo superior ao previsto na Lei 13.411/2016), quando 
preenchidos três requisitos: 1) a existência de pedido de registro do medicamento no Brasil (salvo no caso 
de medicamentos órfãos para doenças raras e ultrarraras); 2) a existência de registro do medicamento em 
renomadas agências de regulação no exterior; e 3) a inexistência de substituto terapêutico com registro no 
Brasil. As ações que demandem fornecimento de medicamentos sem registro na Anvisa deverão 
necessariamente ser propostas em face da União. 
São de relevância pública as ações e serviços de saúde, cabendo ao Poder Público dispor, nos termos da lei, 
sobre sua regulamentação, fiscalização e controle, devendo sua execução ser feita diretamente ou através 
de terceiros e, também, por pessoa física ou jurídica de direito privado. 
Nos termos do artigo 198 da Constituição Federal, as ações e serviços públicos de saúde integram uma 
rede regionalizada e hierarquizada e constituem um sistema único. 
O SUS deve ser organizado a partir das seguintes diretrizes: 
I - descentralização, com direção única em cada esfera de governo; 
Sendo a saúde direito de todos e responsabilidade do Estado, qualquer dos entes da federação, 
isoladamente, ou conjuntamente, poderá figurar no polo passivo de demanda judicial que requeira 
tratamento médico adequado a necessitado (RE 855.178). 
II - atendimento integral, com prioridade para as atividades preventivas, sem prejuízo dos serviços 
assistenciais; 
III - participação da comunidade. 
 
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Fontes de custeio 
O sistema único de saúde será financiado com recursos do orçamento da seguridade social, da União, dos 
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, além de outras fontes. 
A Constituição Federal determina que entes federativos apliquem, anualmente, em ações e serviços 
públicos de saúde recursos mínimos derivados da aplicação de percentuais de suas receitas. 
No caso da União, a receita corrente líquida do respectivo exercício financeiro, não podendo ser inferior 
a 15%. No caso dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, o produto da arrecadação de seus 
respectivos tributos e sobre transferências tributárias constitucionalmente previstas, recebidas de entes 
federativos de maior nível, em percentuais definidos por lei complementar, que será reavaliada a cada 
cinco anos. 
 
Gestão 
O § 4º do artigo 198 da Constituição Federal, excepcionando a regra geral do concurso público para 
admissão de pessoal, autoriza que os gestores locais do sistema único de saúde admitam agentes 
comunitários de saúde e agentes de combate às endemias por meio de processo seletivo público, de 
acordo com a natureza e complexidade de suas atribuições e requisitos específicos para sua atuação. Esses 
servidores poderão perder os cargos em caso de descumprimento dos requisitos específicos, fixados em 
lei, para o seu exercício. 
Lei federal disporá sobre o regime jurídico, o piso salarial profissional nacional, as diretrizes para os Planos 
de Carreira e a regulamentação das atividades de agente comunitário de saúde e agente de combate às 
endemias, competindo à União, nos termos da lei, prestar assistência financeira complementar aos 
Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, para o cumprimento do referido piso salarial (artigo 198, § 
5º, da CF/88). 
 
Iniciativa Privada 
A assistência à saúde poderá ser exercida pela iniciativa privada (artigo 199 da CF/88). Entretanto, é 
vedada a participação direta ou indireta de empresas ou capitais estrangeiros na assistência à saúde no 
País, salvo nos casos previstos em lei. 
As instituições privadaspoderão, inclusive, participar de forma complementar do SUS, segundo diretrizes 
deste, mediante contrato de direito público ou convênio, tendo preferência as entidades filantrópicas e as 
sem fins lucrativos. As instituições privadas com fins lucrativos não poderão receber recursos públicos 
para auxílios ou subvenções. 
Atribuições do SUS 
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Nos termos do artigo 200 da Constituição Federal, ao Sistema Único de Saúde compete, além de outras 
atribuições, nos termos da lei: 
I - controlar e fiscalizar procedimentos, produtos e substâncias de interesse para a saúde 
e participar da produção de medicamentos, equipamentos, imunobiológicos, 
hemoderivados e outros insumos; 
II - executar as ações de vigilância sanitária e epidemiológica, bem como as de saúde do 
trabalhador; 
III - ordenar a formação de recursos humanos na área de saúde; 
IV - participar da formulação da política e da execução das ações de saneamento básico; 
V - incrementar, em sua área de atuação, o desenvolvimento científico e tecnológico e a 
inovação; 
VI - fiscalizar e inspecionar alimentos, compreendido o controle de seu teor nutricional, 
bem como bebidas e águas para consumo humano; 
VII - participar do controle e fiscalização da produção, transporte, guarda e utilização de 
substâncias e produtos psicoativos, tóxicos e radioativos; 
VIII - colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreendido o do trabalho. 
 
(2019/MPE-SP/MPE-SP/Promotor de Justiça Substituto) Considerando o entendimento consolidado do 
Supremo Tribunal Federal, assinale a alternativa INCORRETA. 
A) A ausência de registro na Anvisa não impede o fornecimento de medicamento por decisão judicial. 
B) Os entes da Federação, em decorrência da competência comum, são solidariamente responsáveis nas 
demandas prestacionais na área da saúde, e diante dos critérios constitucionais de descentralização e 
hierarquização, compete à autoridade judicial direcionar o cumprimento conforme as regras de repartição 
de competências e determinar o ressarcimento a quem suportou o ônus financeiro. 
C) O Estado não pode ser obrigado a fornecer medicamentos experimentais. 
D) É possível, excepcionalmente, a concessão judicial de medicamento sem registro sanitário, em caso de 
mora irrazoável da Anvisa em apreciar o pedido (prazo superior ao previsto na Lei no 13.411/2016), 
quando preenchidos três requisitos: I – a existência de pedido de registro do medicamento no Brasil, salvo 
no caso de medicamentos órfãos para doenças raras e ultrarraras; II – a existência de registro do 
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medicamento em renomadas agências de regulação no exterior; III – a inexistência de substituto 
terapêutico com registro no Brasil. 
E) As ações que demandem o fornecimento de medicamentos sem registro na Anvisa deverão ser 
necessariamente propostas em face da União. 
Gabarito: A 
Comentários: 
A) Errada. Segundo posicionamento do Supremo Tribunal Federal, o Estado não pode ser obrigado a 
fornecer medicamentos experimentais, de maneira que a ausência de registro na Agência Nacional de 
Vigilância Sanitária (Anvisa) impede, como regra geral, o fornecimento de medicamento por decisão judicia 
(RE 566.471). 
B) Certa. Segundo entendimento do STF (RE 855.178), qualquer dos entes da federação, isoladamente, ou 
conjuntamente, poderá figurar no polo passivo de demanda judicial referente à saúde. 
C) Certa. A Assertiva tem a mesma justificativa da letra A. 
D) Certa. A assertiva faz referência à decisão do STF proferida no RE 657.718, segundo a qual será possível, 
excepcionalmente, a concessão judicial de medicamento sem registro sanitário, em caso de mora 
irrazoável da Anvisa em apreciar o pedido (prazo superior ao previsto na Lei 13.411/2016), quando 
preenchidos três requisitos: 1) a existência de pedido de registro do medicamento no Brasil (salvo no caso 
de medicamentos órfãos para doenças raras e ultrarraras); 2) a existência de registro do medicamento em 
renomadas agências de regulação no exterior; e 3) a inexistência de substituto terapêutico com registro no 
Brasil. 
E) Certa. No RE 657.718, o STF fixou que as ações que demandem fornecimento de medicamentos sem 
registro na Anvisa deverão necessariamente ser propostas em face da União. 
 
2 – PREVIDÊNCIA SOCIAL 
A previdência social é direito fundamental positivo, de segunda geração, classificado como direito social. 
A previdência social será organizada sob a forma do Regime Geral de Previdência Social, de caráter 
contributivo e de filiação obrigatória, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial 
(artigo 201 da CF/88). Seus propósitos são atender, na forma da lei: 
1) cobertura dos eventos de incapacidade temporária ou permanente para o trabalho e 
idade avançada; 
2) proteção à maternidade, especialmente à gestante; 
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3) proteção ao trabalhador em situação de desemprego involuntário; 
4) salário-família e auxílio-reclusão para os dependentes dos segurados de baixa 
renda; 
5) pensão por morte do segurado, homem ou mulher, ao cônjuge ou companheiro e 
dependentes. 
Os requisitos para concessão de benefícios previdenciários devem ser iguais para todos, exceto a 
possibilidade de aposentadoria especial, com redução de idade e tempo de contribuição, na forma da lei 
complementar, para: 
1) deficientes, desde que tenham sido previamente submetidos a avaliação biopsicossocial realizada por 
equipe multiprofissional e interdisciplinar; 
2) trabalhadores expostos a agentes químicos, físicos e biológicos prejudiciais à saúde, ou associação 
desses agentes, vedada a caracterização por categoria profissional ou ocupação; 
A respeito dos benefícios, a Constituição Federal determina: 
 
A gratificação natalina dos aposentados e pensionistas terá por base o valor dos proventos do mês de 
dezembro de cada ano. 
É vedada a filiação ao regime geral de previdência social, na qualidade de segurado facultativo, de 
pessoa participante de regime próprio de previdência (artigo 201, § 5º, da CF/88). 
B
en
ef
íc
io Valor mínimo mensal de um salário mínimo.
Atualização, na forma da lei, de todos os salários de 
contribuição utilizados para o cálculo do benefício.
Reajustamento dos benefícios para preservação do valor real, 
nos termos da definidos em lei.
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(2019/IBFC/Prefeitura de Cabo de Santo Agostinho/Procurador Municipal) A respeito das disposições 
constitucionais acerca da previdência social, analise as afirmativas abaixo e dê valores de Verdadeiro (V) 
ou Falso (F). 
( ) É possível a filiação ao regime geral de previdência social, na qualidade de segurado facultativo, de 
pessoa participante de regime próprio de previdência. 
( ) A previdência social será organizada sob a forma de regime geral, de caráter contributivo e de filiação 
obrigatória, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial. 
( ) Nenhum benefício que substitua o salário de contribuição ou o rendimento do trabalho do segurado 
terá valor mensal inferior ao salário mínimo. 
Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta de cima para baixo. 
A) V, V, V 
B) V, F, F 
C) F, V, V 
D) F, V, F 
Gabarito: C 
Comentário: 
Primeira assertiva: falsa. É vedada a filiação ao regime geral de previdência social, na qualidade de 
segurado facultativo, de pessoa participante de regime próprio de previdência (artigo201, § 5º, da 
CF/88). 
Segunda assertiva: verdadeira. A previdência social será organizada sob a forma do Regime Geral de 
Previdência Social, de caráter contributivo e de filiação obrigatória, observados critérios que preservem o 
equilíbrio financeiro e atuarial (artigo 201, caput, da CF/88). 
Terceira assertiva: verdadeira. Nenhum benefício que substitua o salário de contribuição ou o rendimento 
do trabalho do segurado terá valor mensal inferior ao salário mínimo (artigo 201, § 2º, da CF/88). 
 
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Regras para aposentadoria 
A Emenda Constitucional 103/2019 alterou significativamente as regras para aposentadoria. As idades e os 
tempos de contribuição foram modificados e uma série de regras de transição foram enumeradas. 
Nos termos do artigo 201 da Constituição Federal, é assegurada aposentadoria no regime geral de 
previdência social, nos termos da lei, obedecidas as seguintes condições: 
Regra Geral 
Homem Mulher 
65 anos (20 anos de contribuição). 62 anos (15 anos de contribuição). 
Para homens filiados ao RGPS antes da EC 103/2019, o tempo mínimo de contribuição é de 15 anos. 
 
Trabalhador rural, garimpeiro, pescador artesenal e os de regime de economia familiar 
Homem Mulher 
60 anos (15 anos de contribuição) 55 anos (15 anos de contribuição) 
 
Professor 
Homem Mulher 
60 anos (25 anos de contribuição) 57 anos ( 25 anos de contribuição) 
(observado o tempo de efetivo exercício das funções de magistério na educação básica, nos termos de lei 
complementar) 
 
Cálculo do benefício 
O valor das aposentadorias não será inferior a um salário mínimo nem poderá ultrapassar o teto do RGPS 
(atualmente, R$ 5.839,45 por mês). 
O valor da aposentadoria considerará todas as contribuições feitas pelo segurado desde julho de 1994. Ao 
atingir a idade e o tempo de contribuição mínimos, os trabalhadores do RGPS poderão se aposentar com 
60% da média de todas as contribuições previdenciárias efetuadas desde julho de 1994. A cada ano a mais 
de contribuição, além do mínimo exigido, serão acrescidos dois pontos percentuais aos 60%. Assim, para 
ter direito à aposentadoria no valor de 100% da média de contribuições, as mulheres deverão contribuir 
por 35 anos e os homens, por 40 anos. 
Para fins de aposentadoria, será assegurada a contagem recíproca do tempo de contribuição entre o 
Regime Geral de Previdência Social e os regimes próprios de previdência social, e destes entre si, 
observada a compensação financeira, de acordo com os critérios estabelecidos em lei (§ artigo 201, 9º, da 
CF/88). 
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O tempo de serviço militar e o tempo de contribuição ao Regime Geral de Previdência Social ou a regime 
próprio de previdência social terão contagem recíproca para fins de inativação militar ou aposentadoria, e 
a compensação financeira será devida entre as receitas de contribuição referentes aos militares e as 
receitas de contribuição aos demais regimes. 
Os ganhos habituais do empregado, a qualquer título, serão incorporados ao salário para efeito de 
contribuição previdenciária. 
É vedada a contagem de tempo de contribuição fictício para efeito de concessão dos benefícios 
previdenciários e de contagem recíproca. 
 
Alíquotas 
▪ Até um salário mínimo: 7,5% 
 
▪ Entre um salário mínimo e R$ 2 mil: 9% 
 
▪ Entre R$ 2 mil e R$ 3 mil: 12% 
 
▪ Entre R$ 3 mil e o teto do RGPS: 14% 
 
 
O § 12 do artigo 201 da Constituição Federal estabelece que a lei instituirá sistema especial de inclusão 
previdenciária, com alíquotas diferenciadas, para atender aos trabalhadores de baixa renda, inclusive os 
que se encontram em situação de informalidade, e àqueles sem renda própria que se dediquem 
exclusivamente ao trabalho doméstico no âmbito de sua residência, desde que pertencentes a famílias 
de baixa renda. Nesse caso, a aposentadoria corresponderá a um salário mínimo. 
 
Acúmulo de benefício 
Nos termos do § 15 do artigo 201 da Constituição Federal, lei complementar estabelecerá vedações, regras 
e condições para a acumulação de benefícios previdenciários. 
Nos casos em que o acúmulo for permitido, serão pagos 100% do benefício de maior valor a que a pessoa 
tem direito, mais um percentual da soma dos demais. Esse percentual vai variar de acordo com o valor do 
benefício: 100% do valor até um salário mínimo; 60% do valor que estiver entre um e dois salários 
mínimos; 40% do que estiver entre dois e três salários; 20% entre três e quatro salários mínimos; e 10% do 
que ultrapassar quatro salários mínimos. 
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Regras de transição 
No Regime Geral de Previdência Social, a EC 103/2019 fixou cinco regras de transição, sendo quatro por 
tempo de contribuição e uma por idade. Cabe ao contribuinte verificar qual delas trará situação mais 
favorável. Vejamos: 
1) Transição por sistema de pontos 
Nessa regra, o tempo de contribuição é somado com a idade. Mulheres poderão se aposentar a partir de 
86 pontos e homens, de 96, já em 2019. O tempo mínimo de contribuição para mulheres é de 30 anos e 
para homens, de 35 anos. A cada ano, será exigido um ponto a mais, chegando a 105 pontos para os 
homens, em 2028, e 100 pontos para as mulheres, em 2033. 
Os professores da educação básica que comprovarem, exclusivamente, exercício da função de magistério 
na educação infantil e nos ensinos fundamental e médio terão redução de cinco pontos. 
 
2) Transição por tempo de contribuição e idade mínima 
Por essa regra, as mulheres poderão se aposentar aos 56 anos, desde que tenham pelo menos 30 anos de 
contribuição, em 2019. Já para os homens, a idade mínima será de 61 anos e 35 anos de contribuição. A 
idade mínima exigida subirá seis meses a cada ano, até chegar aos 62 anos de idade para elas, em 2031, e 
aos 65 anos de idade para eles, em 2027. 
Os professores da educação básica que comprovarem, exclusivamente, exercício da função de magistério 
na educação infantil e nos ensinos fundamental e médio terão redução de cinco anos na idade e no tempo 
de contribuição. 
 
3) Transição com fator previdenciário (pedágio de 50%) 
Por essa regra, as mulheres com mais de 28 anos de contribuição e os homens com mais de 33 anos de 
contribuição poderão optar pela aposentadoria sem idade mínima, desde que cumpram um pedágio de 
50% sobre o tempo mínimo que faltava para se aposentar (30 anos para elas e 35 anos para eles). 
 
4) Transição com idade mínima e pedágio de 100% 
Essa regra estabelece uma idade mínima e um pedágio de 100% do tempo que faltava para atingir o 
mínimo exigido de contribuição (30 anos para mulheres e 35 anos para homens). Para mulheres, a idade 
mínima será de 57 anos e, para homens, de 60 anos. 
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Professores da educação básica que comprovarem, exclusivamente, exercício da função de magistério na 
educação infantil e nos ensinos fundamental e médio terão redução de cinco anos na idade e no tempo de 
contribuição (52 anos de idade e 25 de contribuição, para mulheres, e 55 anos de idade e 30 de 
contribuição, para homens). 
5) Aposentadoria por idade 
A regra da aposentadoria por idade exige idade mínima de 65 anos para homens. Para as mulheres, a idade 
mínima começa em 60 anos, em 2019, e sobe seis meses a cada ano, até chegar a 62 anos em 2023. Em 
ambos os casos é exigido tempo de contribuição mínima de 15 anos. 
 
Aposentadoria Compulsória 
O § 16 do artigo 201, incluído pela EC 103/2019, criou para os empregados dosconsórcios públicos, das 
empresas públicas, das sociedades de economia mista e das suas subsidiárias a aposentadoria compulsória 
aos 75 anos de idade, observado o cumprimento do tempo mínimo de contribuição. 
 
Previdência privada complementar 
Nos termos do artigo 202 da Constituição Federal, o regime de previdência privada, de caráter 
complementar e organizado de forma autônoma em relação ao regime geral de previdência social, será 
facultativo, baseado na constituição de reservas que garantam o benefício contratado, e regulado por lei 
complementar. 
A lei complementar que instituir o regime de previdência privada complementar assegurará ao participante 
o pleno acesso às informações relativas à gestão de seus respectivos planos. 
As contribuições do empregador, os benefícios e as condições contratuais previstas nos estatutos, 
regulamentos e planos de benefícios das entidades de previdência privada não integram o contrato de 
trabalho dos participantes, assim como, à exceção dos benefícios concedidos, não integram a remuneração 
dos participantes, nos termos da lei (§ 2°). 
É vedado o aporte de recursos a entidade de previdência privada pela União, Estados, Distrito Federal e 
Municípios, suas autarquias, fundações, empresas públicas, sociedades de economia mista e outras 
entidades públicas, salvo na qualidade de patrocinador, situação na qual, em hipótese alguma, sua 
contribuição normal poderá exceder a do segurado (§ 3º). 
Lei complementar disciplinará a relação entre a União, Estados, Distrito Federal ou Municípios, inclusive 
suas autarquias, fundações, sociedades de economia mista e empresas controladas direta ou 
indiretamente, enquanto patrocinadores de planos de benefícios previdenciários, e as entidades de 
previdência complementar. No que couber, a mesma legislação será aplicada às empresas privadas 
permissionárias ou concessionárias de prestação de serviços públicos. 
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Desaposentação e reaposentação 
Pode o aposentado pelo RGPS que tenha voltado (ou continuado) a trabalhar, e consequentemente, a 
contribuir, requerer o recálculo de sua aposentadoria, para aumentar o seu valor, considerando o 
montante das novas contribuições? 
Dito de outra forma, pode o aposentado desaposentar-se e aposentar-se novamente com valor majorado? 
O Supremo Tribunal Federal, no RE 381.367, em tese de repercussão geral com julgamento de mérito, 
definiu que apenas por meio de lei é possível fixar critérios para o recálculo de benefícios com base em 
novas contribuições decorrentes da permanência ou da volta do trabalhador ao mercado de trabalho após 
concessão da aposentadoria. 
 “No âmbito do Regime Geral de Previdência Social – RGPS, somente lei pode criar 
benefícios e vantagens previdenciárias, não havendo, por ora, previsão legal do direito à 
‘desaposentação’ ou ‘reaposentação’, sendo constitucional a regra do artigo 18, 
parágrafo 2º, da Lei 8.213/1991”. 
Em sede de embargos de declaração, o STF definiu que: 
1) os aposentados pelo Regime Geral de Previdência Social que tiveram o direito à desaposentação ou à 
reaposentação reconhecido por decisão judicial definitiva mantiveram seus benefícios no valor recalculado. 
2) Em relação às pessoas que obtiveram o recálculo por meio de decisões das quais ainda cabe recurso, 
ficou definido que os valores recebidos de boa-fé não serão devolvidos ao INSS. Entretanto, daí para frente, 
ficou definido que os valores dos benefícios deveriam voltar aos anteriores à data da decisão judicial. 
 
3 – ASSISTÊNCIA SOCIAL 
A assistência social é parte da seguridade social e, além de direito social, constitui uma política pública 
definida pela Constituição Federal, de caráter não contributivo, para que todos possam ter os seus direitos 
básicos garantidos. 
Por meio dela, as pessoas vulneráveis ou que enfrentam dificuldades na família ou na convivência com a 
comunidade têm apoio, orientação, acolhimento e proteção, além de encaminhamento aos serviços da 
assistência social ou a outras políticas públicas, como saúde e educação. 
A gestão da política de assistência social é compartilhada entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os 
Municípios. As ações governamentais são realizadas com recursos do orçamento da seguridade social e por 
meio de outras fontes. 
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O artigo 203 da Constituição Federal dispõe que a assistência social será prestada a quem dela necessitar, 
independentemente de contribuição à seguridade social. 
Perceba: 1) a assistência social é destinada a brasileiros e estrangeiros residentes no Brasil; 2) para ser 
beneficiado pela assistência social não é necessário ser contribuinte, uma vez trata-se de política pública 
em benefício de vulneráveis e não de seguro social. 
São objetivos da assistência social (artigo 203 da CF/88): 
I - a proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice; 
II - o amparo às crianças e adolescentes carentes; 
III - a promoção da integração ao mercado de trabalho; 
IV - a habilitação e reabilitação das pessoas portadoras de deficiência e a promoção de 
sua integração à vida comunitária; 
V - a garantia de um salário mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de 
deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover à própria 
manutenção ou de tê-la provida por sua família, conforme dispuser a lei. 
Mensalmente, o INSS deve pagar o Benefício de Prestação continuada (BPC) à pessoa com deficiência e aos 
idosos que atenderem aos requisitos contidos em lei. 
O BPC beneficia tanto brasileiros como estrangeiros com residência fixa e regular no Brasil. A respeito do 
assunto, o STF, no RE 587.970, fixou a seguinte tese de repercussão geral: “Os estrangeiros residentes no 
país são beneficiários da assistência social prevista no artigo 203, inciso V, da Constituição Federal, uma 
vez atendidos os requisitos constitucionais e legais.” 
Nos termos do artigo 204 da Constituição Federal, a assistência social será organizada com base nas 
seguintes diretrizes: 
I - descentralização político-administrativa, cabendo a coordenação e as normas gerais à esfera federal e 
a coordenação e a execução dos respectivos programas às esferas estadual e municipal, bem como a 
entidades beneficentes e de assistência social; 
II - participação da população, por meio de organizações representativas, na formulação das políticas e no 
controle das ações em todos os níveis. 
A Constituição autoriza que os Estados e o Distrito Federal vinculem a programa de apoio à inclusão e 
promoção social até cinco décimos por cento de sua receita tributária líquida, vedada a aplicação desses 
recursos no pagamento de: 1) despesas com pessoal e encargos sociais; 2) serviço da dívida; 3) qualquer 
outra despesa corrente não vinculada diretamente aos investimentos ou ações apoiados. 
 
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DA EDUCAÇÃO, CULTURA E DESPORTO 
 
1 – EDUCAÇÃO 
Educação, dever do Estado e da família, é direito fundamental a todos assegurado (brasileiros e 
estrangeiros) e deve ser promovido e incentivado com a colaboração da sociedade, visando ao pleno 
desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. 
O dever do Estado com a educação compreende a oferta de educação básica e educação superior. 
1. Educação Básica 
A educação básica é obrigatória e gratuita dos quatro aos dezessete anos de idade, assegurada inclusive 
sua oferta gratuita para todos os que a ela não tiveram acesso na idade própria. 
A educação básica obrigatória compreende a educação infantil(a partir dos 4 anos), o ensino fundamental 
e o ensino médio. 
Cuidado! A educação infantil é dividida em seis categorias: creche e berçário; grupo 1 (crianças de 1 a 2 
anos); grupo 2 (crianças de 2 anos); grupo 3 (crianças de 3 anos); grupo 4 (crianças de 4 anos) e grupo 5 
(crianças de 5 anos). Somente a partir do grupo quatro (crianças de quatro anos) é que a educação 
infantil passa a compor a educação básica obrigatória. 
O ensino fundamental tem nove anos de duração e está dividido em anos iniciais (do primeiro ao quinto 
ano) e anos finais (do sexto ao nono ano). 
O ensino médio tem três anos de duração (do primeiro ao terceiro ano). 
O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito público subjetivo, de maneira que o seu não 
oferecimento pelo Poder Público, ou sua oferta irregular, importará a responsabilidade da autoridade 
competente. 
A exigência de idade mínima de quatro e seis anos para ingresso, respectivamente, na educação infantil e 
no ensino fundamental, bem como a fixação da data limite de 31 de março para que referidas idades 
estejam completas foram declaradas constitucionais pelo Supremo Tribunal Federal, quando do 
julgamento da ADPF 292, exigências previstas na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional e em 
resoluções do Conselho Nacional de Educação. Fixou-se a seguinte tese: “é constitucional a exigência de 
seis anos de idade para o ingresso no ensino fundamental, cabendo ao Ministério da Educação a 
definição do momento em que o aluno deverá preencher o critério etário”. 
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É dever do Poder Público prestar atendimento ao educando, em todas as etapas da educação básica, por 
meio de programas suplementares de material didático-escolar, transporte, alimentação e assistência à 
saúde. 
O ensino noturno regular, adequado às condições do educando, deve ser oferecido pelo Poder Público. 
É dever do Estado prestar atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, 
preferencialmente na rede regular de ensino. Por outro lado, o ensino inclusivo em todos os níveis de 
educação é obrigação constitucionalmente imposta às escolas públicas e particulares. 
 
Educação Infantil (creche e pré-escola) 
A educação infantil constitui a primeira etapa do processo da educação básica e representa prerrogativa 
constitucional indisponível, que assegura às crianças, para efeito de seu desenvolvimento integral, o 
atendimento em creche e o acesso à pré-escola. 
A Constituição Federal assegura a educação infantil, em creche e pré-escola, às crianças de zero até cinco 
anos de idade (artigo 208, IV). O Estado deve criar condições objetivas que possibilitem, de maneira 
concreta, em favor das crianças até cinco anos de idade o efetivo acesso e atendimento em creches e 
unidades de pré-escola. 
Segundo o Supremo Tribunal Federal, a educação infantil constitui direito subjetivo público de crianças 
até cinco anos de idade ao atendimento em creches e pré-escolas, de modo que é possível a intervenção 
do Poder Judiciário para sua efetivação (RE 554.075 AgR). Dito de outra forma, para o STF, a norma 
constitucional tem eficácia plena e aplicabilidade imediata. 
 
Ensino Fundamental (do primeiro ao nono ano) 
É dever do Poder Público recensear os educandos no ensino fundamental, fazer-lhes a chamada e zelar, 
junto aos pais ou responsáveis, pela frequência à escola. É papel da família combater a evasão escolar e 
promover a devida assistência aos educandos. 
O ensino fundamental regular será ministrado em língua portuguesa, mas a Constituição Federal assegura 
às comunidades indígenas também a utilização de suas línguas maternas e processos próprios de 
aprendizagem. 
Serão fixados conteúdos mínimos para o ensino fundamental, de maneira a assegurar formação básica 
comum e respeito aos valores culturais e artísticos, nacionais e regionais. 
O ensino religioso constituirá disciplina dos horários normais das escolas públicas de ensino fundamental, 
mas a sua matrícula será facultativa. 
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O Supremo Tribunal Federal, na ADI 4.439, conferiu interpretação conforme à Constituição ao art. 
33, caput e §§ 1º e 2º, da Lei 9.394/1996 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional), e ao art. 11, § 1º, 
do acordo Brasil-Santa Sé aprovado por meio do DL 698/2009 e promulgado por meio do Decreto 
7.107/2010, para assentar que o ensino religioso em escolas públicas pode ter natureza confessional. A 
rede pública, em igualdade de condições, oferecerá ensino confessional das diversas crenças, mediante 
requisitos formais de credenciamento, de preparo, previamente fixados pelo Ministério da Educação. O 
ensino deve ser ministrado por integrantes, devidamente credenciados, da confissão religiosa do próprio 
aluno, a partir de chamamento público já estabelecido em lei para hipóteses semelhantes e, 
preferencialmente, sem qualquer ônus para o poder público (Informativo 879). 
 Ensino Médio 
Quanto ao ensino médio gratuito, a Constituição Federal dispõe no artigo 208, II, que é dever do Estado 
promover a sua progressiva universalização. 
 
(2019/MPE-SC/MPE-SC/Promotor de Justiça) O ensino religioso, de matrícula facultativa, constituirá 
disciplina dos horários normais das escolas públicas de ensino fundamental, e somente pode ter 
natureza não confessional, conforme o atual entendimento do Supremo Tribunal Federal. 
Gabarito: Errado. 
Comentário: 
De fato, nos termos do artigo 210, § 1º, da Constituição Federal, o ensino religioso é um componente 
curricular que deve ser oferecido aos alunos. Entretanto, a sua matrícula será facultativa. 
Quanto à natureza não confessional, o Supremo tribunal Federal decidiu em sentido diverso, ao garantir 
que a disciplina seja ministrada por professores credenciados, da religião dos alunos, e seja oferecida como 
ensino religioso confessional (ADI 4.439). 
 
2. Educação Superior 
A Constituição Federal impõe como dever do Estado quanto à educação, o acesso aos níveis mais elevados 
do ensino, da pesquisa e da criação artística, segundo a capacidade de cada um (artigo 208, V), do que 
resulta a oferta de educação superior. 
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Nos termos do artigo 207 da Constituição Federal, as universidades gozam de autonomia didático-
científica, administrativa e de gestão financeira e patrimonial, e obedecerão ao princípio de 
indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão. As instituições de pesquisa científica e tecnológica 
também gozam das mesmas garantias. 
A autonomia é o espaço de discricionariedade conferido constitucionalmente à atuação normativa 
infralegal de cada universidade para o desempenho de suas funções. As universidades são espaços de 
liberdade e de libertação pessoal e política. Seu título indica a pluralidade e o respeito às diferenças, às 
divergências para se formarem consensos, legítimos apenas quando decorrentes de manifestações livres. 
Por isso, a Constituição ali garante, de modo expresso, a liberdade de aprender e ensinar e, ainda, de 
divulgar livremente o pensamento. 
Frise-se: 
1. A Constituição Federal assegura às universidades e às instituições de pesquisa científica e tecnológica 
autonomia. 
 
No uso de sua autonomia administrativa, é facultado às universidades admitir professores, técnicos e 
cientistas estrangeiros, na forma da lei. 
2. A atuação das universidades deve ser pautada na tríade ensino, pesquisa e extensão. 
 
1. Segundo posicionamento do Supremo Tribunal Federal, a Lei 8.112/1990 aplica-se aos professores 
universitários federais, que integram os quadros dos servidores públicos civis da União. Dessa forma, oafastamento remunerado de servidor para participar em programa de pós-graduação stricto sensu em 
instituição de ensino superior no País e no exterior deve obedecer aos requisitos mínimos fixados pela 
lei, não havendo que falar em ofensa à autonomia universitária (artigo 96ªA da Lei 8.112/90). Para o 
Tribunal, inexiste na autonomia universitária espaço discricionário para a liberação dos professores 
A
u
to
n
o
m
ia
didático-científica
administrativa
gestão financeira e 
patrimonial
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universitários federais para participar de pós-graduação stricto sensu a qualquer tempo, sem observância 
dos requisitos mínimos legalmente determinados (ADI 4.406). 
2. Fere a autonomia universitária a lei estadual que autoriza o Chefe do Poder Executivo local a criar 
campus universitário (ADI 2.367). 
3. Para o STF, em razão de sua autonomia didático-científica, administrativa, financeira e patrimonial, as 
universidades estaduais podem criar e organizar procuradorias jurídicas, para a defesa dos interesses das 
universidades, inclusive em face dos próprios Estados-membros que as constituíram (ADI 5.215). 
4. Na ADPF 548, o STF, em defesa da autonomia universitária, suspendeu os efeitos de atos judiciais 
proferidas por juízes eleitorais que determinaram a busca e apreensão de panfletos e materiais de 
campanha eleitoral em universidades e nas dependências das sedes de associações de docentes e que 
proibiram aulas com temática eleitoral e reuniões e assembleias de natureza política, impondo a 
interrupção de manifestações públicas de apreço ou reprovação a candidatos nas eleições gerais de 2018, 
em ambiente virtual ou físico de universidades federais e estaduais. 
5. Fere a autonomia universitária a imposição legal de que o escritório de prática jurídica preste serviço 
aos finais de semana, para atender necessitados presos em decorrência de flagrante delito (ADI 3.792). 
6. O STF, no RE 601.580, revisou a sua jurisprudência e passou a considerar compatível com a Constituição 
Federal a previsão normativa que asseguradora ao servidor público federal civil ou militar matrícula em 
instituição pública de ensino na localidade para onde foi removido, ainda que originariamente o servidor 
estivesse estudando em universidade privada, caso não exista na localidade instituição particular 
semelhante. Foi aprovada a seguinte tese: “É constitucional a previsão legal que assegure, na hipótese de 
transferência ex officio de servidor, a matrícula em instituição pública, se inexistir instituição congênere à 
de origem” 
7. Para o STF, o sistema de cotas para ingresso nas Universidades e faculdades públicas para alunos que 
comprovem ter cursado integralmente os ensinos fundamental e médio em escolas públicas ou para 
negros é compatível com a ideia de igualdade material (ADI 4.868). 
 
(2019/FUNDEP (Gestão de Concursos)/MPE-MG/Promotor de Justiça Substituto) O dever do Estado em 
relação à educação, consoante a Constituição de 1988, será efetivado mediante a garantia de, exceto: 
A) progressiva universalização do ensino médio gratuito. 
B) atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede 
regular de ensino. 
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C) educação infantil, em creche e pré-escola, às crianças de até 6 (seis) anos de idade. 
D) acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística, segundo a capacidade de 
cada um. 
Gabarito: C 
Comentários: 
Letras A, B e D estão certas. O artigo 208 da Constituição Federal elenca o dever do Estado com a 
educação. No inciso II, consta a progressiva universalização do ensino médio gratuito. No inciso III, atendimento 
educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino. No inciso V, 
acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística, segundo a capacidade de cada um. 
A letra C está errada, uma vez que a educação infantil é destinada às crianças de zero a cinco anos (artigo 
208, IV, da CF/88). 
 
3. Princípios constitucionais de organização do ensino 
No artigo 206, a Constituição Federal prescreve os princípios básicos norteadores do ensino no Brasil. São 
eles: 
I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; 
II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber; 
O Supremo Tribunal Federal negou provimento ao RE 888.815, com repercussão geral reconhecida, no qual 
se discutia a possibilidade de o ensino domiciliar (homeschooling) ser considerado como meio lícito de 
cumprimento, pela família, do dever de prover educação, uma vez que não há legislação que regulamente 
preceitos e regras aplicáveis a essa modalidade de ensino. 
Para o Tribunal, a Constituição Federal não veda de forma absoluta o ensino domiciliar, mas proíbe 
qualquer de suas espécies que não respeite o dever de solidariedade entre a família e o Estado como 
núcleo principal à formação educacional das crianças, jovens e adolescentes. 
III - pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas, e coexistência de instituições 
públicas e privadas de ensino; 
IV - gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais; 
1. O STF considera inconstitucional a cobrança de taxa de matrícula em universidades públicas, por afronta 
ao artigo 206, IV, que assegura a gratuidade de ensino público em estabelecimentos oficiais. A respeito do 
tema, foi editada a Súmula Vinculante 12: “A cobrança de taxa de matrícula nas Universidades Públicas 
viola o disposto no artigo 206, inciso IV, da Constituição Federal.” 
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2. Lado outro, no que tange ao oferecimento de cursos de especialização pelas universidades públicas, o 
STF, no RE 597.854/GO, admitiu a cobrança de tarifa. Sobre o tema, foi aprovada a seguinte tese de 
repercussão geral: “A garantia constitucional da gratuidade de ensino não obsta a cobrança por 
universidades públicas de mensalidade em cursos de especialização.” 
3. Os Colégios Militares possuem peculiaridades aptas a diferenciá-los dos estabelecimentos oficiais de 
ensino e qualificá-los como instituições educacionais sui generis, de maneira que a quota mensal escolar 
nos Colégios Militares, segundo o STF, não representa ofensa à regra constitucional de gratuidade do 
ensino público, uma vez que não há ofensa concreta ou potencial ao núcleo de intangibilidade do direito 
fundamental à educação (ADI 5.080). 
4. É inconstitucional a cobrança de anuidade relativa à alimentação por instituição profissionalizante (RE 
357.148). 
V - valorização dos profissionais da educação escolar, garantidos, na forma da lei, 
planos de carreira, com ingresso exclusivamente por concurso público de provas e 
títulos, aos das redes públicas; 
A lei disporá sobre as categorias de trabalhadores considerados profissionais da educação básica e sobre a 
fixação de prazo para a elaboração ou adequação de seus planos de carreira, no âmbito da União, dos 
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. 
VI - gestão democrática do ensino público, na forma da lei; 
VII - garantia de padrão de qualidade. 
VIII - piso salarial profissional nacional para os profissionais da educação escolar 
pública, nos termos de lei federal. 
 
4. Iniciativa Privada 
Os serviços de educação configuram serviço público não privativo, podendo ser prestados pelo setor 
privado independentemente de concessão, permissão ou autorização. Tratando-se de serviço público, 
incumbe às entidades educacionais particulares, na sua prestação, rigorosamente, acatar as normas gerais 
de educaçãonacional e as dispostas pelo Estado-membro, no exercício de competência legislativa 
suplementar. 
Nos termos do artigo 209 da Constituição Federal, o ensino é livre à iniciativa privada, desde que atendidas 
a duas condições: 
✓ cumprimento das normas gerais da educação nacional; 
 
✓ autorização e avaliação de qualidade pelo Poder Público. 
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5. Organização dos sistemas de ensino 
A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios organizarão em regime de colaboração seus 
sistemas de ensino, de modo a assegurar a universalização do ensino obrigatório (artigo 211 da CF/88). 
A educação básica pública atenderá prioritariamente ao ensino regular. 
Os Municípios atuarão prioritariamente no ensino fundamental e na educação infantil. 
Os Estados e o Distrito Federal atuarão prioritariamente no ensino fundamental e médio. 
Cabe à União: 
✓ organizar o sistema federal de ensino e o dos Territórios; 
✓ financiar as instituições de ensino públicas federais; 
✓ exercer, em matéria educacional, função redistributiva e supletiva, de forma a garantir equalização 
de oportunidades educacionais e padrão mínimo de qualidade do ensino mediante assistência 
técnica e financeira aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios. 
 
6. Aplicação de recursos públicos 
A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios devem aplicar percentual mínimo da receita 
resultante de impostos, compreendida a proveniente de transferências, na manutenção e 
desenvolvimento do ensino. 
A parcela da arrecadação de impostos transferida pela União aos Estados, ao Distrito Federal e aos 
Municípios, ou pelos Estados aos respectivos Municípios, não é considerada receita do governo que a 
transferir, mas receita do governo que a receber. 
Os percentuais das receitas de impostos são os seguintes: 
União Estados Distrito Federal Municípios 
Sistema federal de 
ensino 
Sistema estadual de 
ensino 
Sistema distrital de 
ensino 
Sistema municipal de 
ensino 
18% 25% 25% 25% 
 
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A aplicação desses percentuais mínimos constitui princípio constitucional sensível, de modo que a sua 
inobservância poderá gerar a intervenção federal nos Estados e no Distrito Federal (artigo 34, VII, “e”, da 
CF/88). Pelo mesmo motivo, os Municípios poderão sofrer a intervenção estadual (artigo 35, III, da 
CF/88). 
Para efeitos de gastos com manutenção e desenvolvimento do ensino, não se inclui o pagamentos de 
proventos de profissionais da educação inativos (STF. ACO 2.799 AgR). 
A distribuição dos recursos públicos assegurará prioridade ao atendimento das necessidades do ensino 
obrigatório, no que se refere a universalização, garantia de padrão de qualidade e equidade, nos termos do 
plano nacional de educação. 
Os programas suplementares de alimentação e assistência à saúde serão financiados com recursos 
provenientes de contribuições sociais e outros recursos orçamentários. 
A educação básica pública terá como fonte adicional de financiamento a contribuição social do salário-
educação, recolhida pelas empresas na forma da lei. 
As cotas estaduais e municipais da arrecadação da contribuição social do salário-educação serão 
distribuídas proporcionalmente ao número de alunos matriculados na educação básica nas respectivas 
redes públicas de ensino. 
Nos termos do artigo 213 da Constituição Federal, os recursos públicos serão destinados às escolas 
públicas, podendo ser dirigidos a escolas comunitárias, confessionais ou filantrópicas, definidas em lei, 
que: 
✓ comprovem finalidade não-lucrativa e apliquem seus excedentes financeiros em educação; 
 
✓ assegurem a destinação de seu patrimônio a outra escola comunitária, filantrópica ou confessional, 
ou ao Poder Público, no caso de encerramento de suas atividades. 
A Constituição Federal autoriza a utilização de recursos públicos para concessão de bolsas de estudo para o 
ensino fundamental e médio, na forma da lei, aos que demonstrarem insuficiência de recursos, quando 
houver falta de vagas e cursos regulares da rede pública na localidade da residência do educando (artigo 
213, § 1º). Entretanto, a prioridade do Poder Público deve ser a de investir prioritariamente na expansão 
de sua rede na localidade. 
As atividades de pesquisa, de extensão e de estímulo e fomento à inovação realizadas por universidades 
e/ou por instituições de educação profissional e tecnológica poderão receber apoio financeiro do Poder 
Público (§ 2º do artigo 213 da CF/88). 
 
Plano Nacional de Educação 
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Nos termos do artigo 217 da Constituição Federal, a lei estabelecerá o plano nacional de educação (PNE), 
de duração decenal, com o objetivo de articular o sistema nacional de educação em regime de colaboração 
e definir diretrizes, objetivos, metas e estratégias de implementação para assegurar a manutenção e 
desenvolvimento do ensino em seus diversos níveis, etapas e modalidades por meio de ações integradas 
dos poderes públicos das diferentes esferas federativas que conduzam a: 
I - erradicação do analfabetismo; 
II - universalização do atendimento escolar; 
III - melhoria da qualidade do ensino; 
IV - formação para o trabalho; 
V - promoção humanística, científica e tecnológica do País. 
VI - estabelecimento de meta de aplicação de recursos públicos em educação como 
proporção do produto interno bruto. 
 
(2019/FCC/MPE-MT/Promotor de Justiça Substituto) De acordo com o ordenamento jurídico e o 
entendimento do Supremo Tribunal Federal sobre a disciplina da Ordem Social na Constituição Federal, 
A) o ensino religioso nas escolas públicas brasileiras não pode ter natureza confessional, de modo que não 
pode ser vinculado a nenhuma religião específica. 
B) somente as universidades particulares gozam de autonomia didático-científica, administrativa e de 
gestão financeira e patrimonial, subordinando-se as públicas, sob tais aspectos, ao Ministério competente 
para a matéria no âmbito da Administração federal. 
C) a assistência à saúde é livre à iniciativa privada, sendo, contudo, vedada a destinação de recursos 
públicos para auxílios ou subvenções às instituições privadas com fins lucrativos. 
D) é admissível, atualmente, o ensino domiciliar (homeschooling) como meio lícito de cumprimento, pela 
família, do dever de prover educação. 
E) tendo em vista o direito universal à saúde, o Estado, em regra, poderá ser obrigado a fornecer 
medicamentos experimentais por decisão judicial, ainda que ausente o seu registro na Agência Nacional de 
Vigilância Sanitária (ANVISA). 
Gabarito: C 
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Comentários: 
A) Errada. O Supremo Tribunal Federal, na ADI 4.439/DF, firmou o entendimento de que o ensino religioso 
nas escolas públicas brasileiras pode ter natureza confessional, isto é, poderá estar vinculado às religiões. 
B) Errada. As universidades, públicas ou privadas, gozam de autonomia didático-científica, administrativa e 
de gestão financeira e patrimonial (artigo 207 da CF/88). 
C) Certa. O artigo 199 da Constituição Federal dispõe que a assistência à saúde é livre à iniciativa privada. 
Entretanto, o § 2º do dispositivo veda a destinação de recursos públicos para auxílios ou subvenções às 
instituições privadas com fins lucrativos. 
D) Errada. Embora a Constituição Federal não vede de forma absoluta o ensino domiciliar, parar Supremo 
Tribunal Federal, o dever de prover educação não podeser integralmente assumido pela família por falta 
de legislação que regulamente preceitos e regras aplicáveis a essa modalidade de ensino (RE 888.815). 
E) Errada. O Supremo Tribunal Federal decidiu, no RE 657.718, com repercussão geral reconhecida, que o 
Estado não pode ser obrigado a fornecer medicamento experimental ou sem registro na Agência Nacional 
de Vigilância Sanitária (Anvisa), salvo em casos excepcionais. 
 
2 – CULTURA 
A Constituição Federal trata do direito à cultura em seus artigos 215, 216 e 216A. Direito de segunda 
dimensão, tem como destinatários brasileiros e estrangeiros, independentemente de idade. Típico direito 
positivo, traz para o Estado o dever de desenvolver ações que socializem a cultura e que fomentem a sua 
difusão. 
É papel do Estado garantir a todos o pleno exercício dos direitos culturais e o acesso às fontes da cultura 
nacional. Deve, ainda, apoiar e incentivar a valorização e a difusão das manifestações culturais (artigo 
215 da CF/88). 
É plenamente compatível com tal determinação constitucional, segundo entendimento do STF, a lei 
estadual que interfere no domínio econômico para garantir, por meio da chamada “meia entrada” 
(desconto de 50% nos ingressos), o acesso de jovens e estudantes à educação, à cultura e ao desporto (ADI 
2.163). 
O Estado deverá também proteger as manifestações das culturas populares, indígenas e afro-brasileiras, 
e das de outros grupos participantes do processo civilizatório nacional (§ 1º, 215, CF/88). 
Faz parte das ações do Estado, por meio de lei, a fixação de datas comemorativas de alta significação para 
os diferentes segmentos étnicos nacionais (§ 2º, 215, CF/88). 
 
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Patrimônio cultural brasileiro 
Nos termos do artigo 216 da Constituição Federal, constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de 
natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à 
identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se 
incluem: 
I - as formas de expressão; 
II - os modos de criar, fazer e viver; 
III - as criações científicas, artísticas e tecnológicas; 
IV - as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às 
manifestações artístico-culturais; 
V - os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, 
paleontológico, ecológico e científico. 
 
O Supremo Tribunal Federal, na ADI 5.450, em abril de 2020, reconheceu o futebol como patrimônio 
cultural brasileiro, o que não significa, evidentemente, que o Brasil tenha criado o esporte, mas que este 
faça parte da identidade do povo brasileiro. 
O Poder Público, com a colaboração da comunidade, promoverá e protegerá o patrimônio cultural 
brasileiro, por meio de inventários, registros, vigilância, tombamento e desapropriação, e de outras formas 
de acautelamento e preservação (§ 1º). 
Por determinação constitucional, todos os documentos e os sítios detentores de reminiscências históricas 
dos antigos quilombos ficam tombados (§ 5º). 
Os danos e ameaças ao patrimônio cultural serão punidos, na forma da lei (§ 4º). 
A Constituição Federal permite que os Estados e o Distrito Federal vinculem a fundo estadual de fomento à 
cultura até cinco décimos por cento de sua receita tributária líquida, para o financiamento de programas e 
projetos culturais. Entretanto, fica vedada a aplicação desses recursos no pagamento de: 1) despesas com 
pessoal e encargos sociais; 2) serviço da dívida e 3) qualquer outra despesa corrente não vinculada 
diretamente aos investimentos ou ações apoiados. 
 
Plano Nacional de Cultura (PNC) e Sistema Nacional de Cultura (SNC) 
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 A Emenda à Constituição 48/2005 alterou o artigo 215, para incluir o parágrafo terceiro e determinar a 
criação do Plano Nacional de Cultura. 
O Plano Nacional de Cultura (PNC) é um conjunto de princípios, objetivos, diretrizes, estratégias e metas 
que devem orientar o Poder Público na formulação de políticas culturais. 
A Constituição Federal determina que a lei estabelecerá o Plano Nacional de Cultura, de duração 
plurianual, visando ao desenvolvimento cultural do País e à integração das ações do poder público que 
conduzem à: 
✓ defesa e valorização do patrimônio cultural brasileiro; 
✓ produção, promoção e difusão de bens culturais; 
✓ formação de pessoal qualificado para a gestão da cultura em suas múltiplas dimensões; 
✓ democratização do acesso aos bens de cultura; 
✓ valorização da diversidade étnica e regional. 
 
O PNC que está em vigor neste momento foi criado em 2010 (Lei 12.343/2010), com prazo de dez anos de 
duração, e será aplicado até dezembro de 2020. Frise-se que a Constituição não exige os dez anos de 
vigência, apenas diz duração plurianual. A lei é que fixou o período de dez anos. 
Cuidado para não confundir com o Plano Nacional de Educação, que deve ser decenal. 
A Emenda à Constituição 71/2012 criou o artigo 216A, para instituir o Sistema Nacional de Cultura (SNC). 
Por meio dele, a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios atuam no planejamento e na gestão 
compartilhadas das políticas culturais. As ações desenvolvidas no âmbito do SNC são as orientadas pelo 
Plano Nacional de Cultura- PNC, cujas diretrizes e metas devem nortear a formulação das políticas públicas 
de cultura. 
O Sistema Nacional de Cultura, organizado em regime de colaboração, de forma descentralizada e 
participativa, institui um processo de gestão e promoção conjunta de políticas públicas de cultura, 
democráticas e permanentes, pactuadas entre os entes da Federação e a sociedade, tendo por objetivo 
promover o desenvolvimento humano, social e econômico com pleno exercício dos direitos culturais. 
Nos termos do § 1º do artigo 216A, o Sistema Nacional de Cultura fundamenta-se na política nacional de 
cultura e nas suas diretrizes, estabelecidas no Plano Nacional de Cultura. Lei federal disporá sobre sua 
regulamentação, bem como sobre sua articulação com os demais sistemas nacionais ou políticas setoriais 
de governo. 
O SNC rege-se pelos seguintes princípios: 
✓ diversidade das expressões culturais; 
✓ universalização do acesso aos bens e serviços culturais; 
✓ fomento à produção, difusão e circulação de conhecimento e bens culturais; 
✓ cooperação entre os entes federados, os agentes públicos e privados atuantes na área cultural; 
✓ integração e interação na execução das políticas, programas, projetos e ações desenvolvidas; 
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✓ complementaridade nos papéis dos agentes culturais; 
✓ transversalidade das políticas culturais; 
✓ autonomia dos entes federados e das instituições da sociedade civil 
✓ transparência e compartilhamento das informações 
✓ democratização dos processos decisórios com participação e controle social; 
✓ descentralização articulada e pactuada da gestão, dos recursos e das ações; 
✓ ampliação progressiva dos recursos contidos nos orçamentos públicos para a cultura. 
A estrutura do Sistema Nacional de Cultura, nas respectivas esferas da Federação, é constituída de: 
✓ órgãos gestores da cultura; 
✓ conselhos de política cultural; 
✓ conferências de cultura; 
✓ comissões intergestores; 
✓ planos de cultura; 
✓ sistemas de financiamento à cultura; 
✓ sistemas de informações e indicadores culturais; 
✓ programas de formação na área da cultura; e

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