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A p o io 34 O SETOR ELÉTRICO Fevereiro 2008 Nomearemos como sistemas de iluminação o conjunto de equipamentos necessários para obtermos efeitos de luz, compreendendo luminárias, lâmpadas e todos os equipamentos auxiliares, tais como reatores, transformadores, fontes de alimentação, etc. Neste capítulo, abordaremos alguns conceitos fotométricos de sistemas de iluminação relacionados às luminárias técnicas. As luminárias são aparelhos que têm a função de distribuir, filtrar ou modificar a luz emitida pela(s) lâmpada(s). A iluminação emitida pode ser classificada conforme a sua distribuição: para cima (iluminação indireta) ou para baixo (iluminação direta). A Figura 1 indica os tipos de iluminação provenientes das luminárias. CAPÍTULO II SISTemAS de ILUmInAçãO e fOTOmeTrIA CAPÍTULO II SISTemAS de ILUmInAçãO e fOTOmeTrIA L U M IN O T É C N IC A A P L IC A D A Por Juliana iwashita A forma como a luz é distribuída é dada pela fotometria da luminária. Fotometria é o ramo da ciência encarregado de medir a luz e como o seu brilho é percebido pelo olho humano. Segundo a Sociedade de Engenharia da Iluminação da América do Norte (Iesna), o desempenho de uma luminária pode ser considerado uma combinação entre a qualidade fotométrica, mecânica e elétrica. O desempenho fotométrico está relacionado com a eficiência e a eficácia da luminária ao direcionar luz para o alvo desejado. É determinado pelas propriedades fotométricas da lâmpada e do projeto da luminária e pela qualidade dos componentes de controle da luz. O desempenho mecânico descreve o comportamento da luminária sob stress, incluindo condições extremas de temperatura, jatos de água Figura 1: Classificação das luminárias conforme tipo de distribuição luminosa ou pó, choques mecânicos e fogo. Já o desempenho elétrico descreve a eficiência da luminária e de seus equipamentos auxiliares ao produzirem luz e seu comportamento elétrico. Para análise do desempenho fotométrico de lumi nárias, é necessário conhecimento de suas características fotométricas. Nesse sentido, apresentamos, a seguir, os principais conceitos fotométricos: Fluxo luminoso (φ): É a quantidade total de luz emitida por uma fonte luminosa em todas as direções. Unidade: lúmen [lm]. Intensidade luminosa (I): É a radiação luminosa emitida em um determinado ângulo sólido (em esferorradiano) em uma determinada direção. Unidade: candela [cd]. Iluminância (E): Indica a quantidade de luz que atinge uma superfície por unidade de área. Relativa à luz incidente, não visível. Unidade: lux [lx] = lm/m2. Luminância (L): É o brilho ou intensidade luminosa emitida ou refletida por uma superfície iluminada em direção ao olho humano. Relativa à luz refletida, visível. Unidade: Candela/m2 [cd/m2]. Curva de distribuição de intensidade luminosa (CDL) Curva, geralmente representada em coordenadas polares, que representa a intensidade luminosa em um plano que passa através da luminária, em função de diversos ângulos e a partir de uma direção determinada. A Figura 2 representa as curvas de distribuição de intensidades luminosas nos planos longitudinal, transversal e diagonal de uma luminária. Figura 2: Curvas de distribuição de intensidades luminosas de uma luminária a p o io 35O SETOR ELÉTRICO Fevereiro 2008 As curvas de distribuição luminosa são geralmente representadas em cd/1.000 lm, visto que luminárias com lâmpadas de mesma dimensão possuem a mesma curva de distribuição, alterandose apenas as intensidades luminosas conforme o fluxo luminoso das lâmpadas. Os valores em cd/1.000 lm encontrados na CDL devem ser multiplicados pelo fluxo luminoso da lâmpada em questão (dado em catálogos de lâmpadas) e, posteriormente, esses valores são divididos por 1.000 lm para se obter os valores de intensidade luminosa em cada ângulo. As intensidades luminosas são obtidas por meio de ensaios fotométricos em goniofotômetros e permitem a obtenção de todos os demais dados fotométricos das luminárias, que são necessários para a especificação de uma luminária técnica, tais como rendimento, tabela de fator de utilização e diagramas de luminância. Rendimento da luminária O rendimento ou a eficiência de uma luminária é definido como a razão do fluxo luminoso emitido pela luminária e o fluxo luminoso total da(s) lâmpada(s). Uma questão muito importante a ser observada quanto ao rendimento é que ele não considera a distribuição luminosa da luminária, englobando tanto o fluxo emitido para o hemisfério inferior como para o superior. Para a escolha de uma luminária eficiente, devemse considerar as luminárias com os maiores rendimentos no hemisfério inferior, visto que a luz emitida para o hemisfério superior participa da iluminância somente indiretamente, via reflexão do teto. Notase que as luminárias com maiores rendimentos são luminárias sem componentes de controle de luz. Elementos como refletores, refratores, difusores e louvres diminuem o rendimento da luminária na medida em que absorvem, refletem e transmitem a luz pelos materiais utilizados na sua confecção. Dessa forma, na especificação de uma luminária, o rendimento ou a eficiência deve ser ponderado, analisandose conjuntamente a distribuição luminosa e o controle de ofuscamento que a luminária deve possuir para a atividade a ser desenvolvida. Recomendase, portanto, que o rendimento seja considerado para comparar luminárias do mesmo tipo. O rendimento de uma luminária varia de acordo com a sua forma e curva ótica, com a presença de componentes de controle de luz, tais como refletores, aletas e difusores, com as características dos materiais da luminária e com o tipo de lâmpada utilizada e suas dimensões. Fator de utilização É a razão entre o fluxo luminoso recebido em uma superfície de referência e o fluxo luminoso emitido pelas lâmpadas. Indica a eficiência luminosa da luminária, lâmpada e recinto, levando em consideração as dimensões do ambiente e as refletâncias do teto, paredes e piso. O fator de utilização é empregado em cálculos luminotécnicos por meio do Método dos Lúmens e é dado pelo fabricante de luminárias em tabelas. A p o io 36 O SETOR ELÉTRICO Fevereiro 2008 Continua na próxima edição Juliana iwashita é arquiteta pela Faculdade de arquitetura e urbanismo da universidade de são Paulo, mestre em engenharia elétrica pela Escola Politécnica da universidade de são Paulo, consul tora luminotécnica e diretora da arquilum arquitetura e iluminação. juliana@arquilum.com.br Diagrama de luminância É a representação das luminâncias de uma luminária nos ângulos críticos de visualização contraposta a um diagrama que indica os limites de luminâncias, para luminárias em classes diferentes de qualidade. A Comissão Internacional de Iluminação (em francês, Commission Internationale de L'Éclairage – CIE) define os ângulos entre 45° e 85°, de acordo com a Figura 3, como críticos para evitar ofuscamentos e define cinco classes de qualidade, conforme Tabela 1. Figura 3: Ângulos críticos de visualização que causam ofuscamentos diretos Classe de qualidade para limitação de ofuscamento Classe A Classe B Classe C Classe D Classe E Qualidade muito elevada Qualidade elevada Qualidade média Qualidade baixa Qualidade muito baixa Tabela 1: Classe iluminância em serviço [lx] A B C D E 2000 a 1000 2000 b 500 1000 2000 c ≤300 500 1000 2000 d ≤300 500 1000 2000 e ≤300 500 1000 f ≤300 500 g ≤300 h O diagrama de luminância possibilita a avaliação do grau de controle de ofuscamento da luminária por meio da análise das curvas de luminância no plano longitudinal e no plano transversal da luminária e as curvas de limitação de ofuscamento, nos ângulos críticos de visualização. Cada curva de limitação de ofuscamento na Figura 4 (linhas representadas de “a” a “h”) referese aum valor de iluminância em serviço e uma classe de qualidade. Para analisar a adequação de uma luminária a uma determinada atividade, devese cruzar o nível de iluminância e a classe de qualidade requerida no ambiente, obtendose a sua respectiva curva de limitação (“a” a “h”). Se as curvas de luminâncias (curva azul e vermelha) mantiveremse à esquerda da curva de limitação selecionada, significa que a luminária é apropriada, de acordo com o nível de controle exigido, em termos de ofuscamento. A CIE define, para os diversos tipos de ambiente, as classes de qualidade e os níveis de iluminância. A Tabela 2 indica alguns desses valores. Área ÁrEAs gErAis Do EDiFíCio Áreas de circulação, corredores Escadas, escadas rolantes Vestiários, lavabos Armazéns EsColAs salas de aulas, auditórios laboratórios, bibliotecas, salas de leitura, salas de arte EsCriTórios Escritórios gerais, mecanografia, salas de gerência Escritórios gerais de grandes dimensões salas de desenho salas de reunião EDiFíCios E proCEssos inDusTriAis Oficinas de montagem _Trabalho grosseiro: montagem de maquinaria pesada _Trabalho médio: montagem de motores e carrocerias _Trabalho fino: montagem de equipamentos eletrônicos e máquinas de escritório _Trabalho muito fino: montagem de instrumentos lojAs E ÁrEAs DE Exposição lojas convencionais lojas de auto-serviço supermercados salas de exposição Museus e galerias de arte: _Exposições de material com sensibilidade à luz _Exposições de materiais não sensíveis rEsiDênCiAs Quartos _geral _Cabeceira Banheiros _geral _Espelho Estar _geral _leitura, costura _Escadas Cozinhas _geral _Áreas de trabalho iluminância padrão em serviço (lux) 100 150 150 150 300 500 500 750 750 750 300 500 750 1500 300 500 750 500 150 300 50 200 100 500 100 500 100 300 500 Classe D – E C – D C – D D – E A – B A – B A – B A – B A – B A – B C – D B – C A – B A – B B – C B – C B – C B – C B – C B – C B – C B – C B – C B – C B – C B – C B – C B – C B – C L U M IN O T É C N IC A A P L IC A D A
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