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FERNANDA_M_REGAZZI

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Fernanda Machado Regazzi 
 
 
 
 
 
 
Modificações pulmonares morfométricas e 
funcionais de neonatos da espécie canina 
em resposta à corticoterapia pré-natal 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
São Paulo 
2011 
 
 
FERNANDA MACHADO REGAZZI 
 
 
Modificações pulmonares morfométricas e 
funcionais de neonatos da espécie canina em 
resposta à corticoterapia pré-natal 
 
 
 Dissertação apresentada ao Programa de 
Pós-Graduação em Reprodução Animal da 
Faculdade de Medicina Veterinária e 
Zootecnia da Universidade de São Paulo 
para a obtenção do título de Mestre em 
Ciências. 
 
 Departamento: 
Reprodução Animal 
 
 Área de concentração: 
Reprodução Animal 
 
 Orientador: 
Profa. Dra. Camila Infantosi Vannucchi 
 
 
 
 
São Paulo 
2011 
 
Autorizo a reprodução parcial ou total desta obra, para fins acadêmicos, desde que citada a fonte. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAÇÃO-NA-PUBLICAÇÃO 
 
 
(Biblioteca Virginie Buff D’Ápice da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da 
Universidade de São Paulo) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 T.2507 Regazzi, Fernanda Machado FMVZ Modificações pulmonares morfométricas e funcionais de neonatos da espécie canina em resposta à corticoterapia pré-natal / Fernanda Machado Regazzi.-- 2011. 104 f. : il. Dissertação (Mestrado) - Universidade de São Paulo. Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia. Departamento de Reprodução Animal, São Paulo, 2011. 
 Programa de Pós-Graduação: Reprodução Animal. Área de concentração: Reprodução Animal. Orientador: Profa. Dra. Camila Infantosi Vannucchi. 1. Corticoterapia. 2. Neonatos. 3. Morfometria. 4. Surfactante. I. Título. 
 
 
 
FOLHA DE AVALIAÇÃO 
 
 
Nome: Regazzi, Fernanda Machado 
 
Título: Modificações pulmonares morfométricas e funcionais de neonatos da espécie 
canina em resposta à corticoterapia pré-natal 
 
 
 
 Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Reprodução Animal da 
Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia 
da Universidade de São Paulo para a obtenção 
do título de Mestre em Ciênias. 
 
 
 
Data:____/____/____ 
 
Banca Examinadora 
 
 
Celso Moura Rebello 
FM/USP 
 
 
Francisco Javier Hernandez Blazquez 
FMVZ/USP 
 
 
Camila Infantosi Vannucchi 
FMVZ/USP 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Aos meus pais e irmãos, pelo amor e confiança. 
A Deus, por sempre me guiar. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Agradecimentos 
 
 
Diferentes pessoas cruzaram nossos caminhos, algumas percorreram ao 
nosso lado, vendo luas passarem, outras apenas vimos entre um passo e outro. Há 
os que levaram muito, mas não há os que não deixaram nada, simplesmente por 
que cada pessoa foi única e responsável pela construção do meu ser. Crescer e ver 
o belo nas diferenças é um grande trunfo e responsabilidade. Para todos que 
desempenharam, no anfiteatro desta caminhada, os mais diferentes papéis, 
contribuindo, de alguma forma, na estruturação desta história, ofereço estas 
páginas... 
 
Agradeço... 
 
...a minha mãe, Clea, por ter acreditado e investido tanto em mim e me 
permitido sonhar e viver a Medicina Veterinária, bem como a ciência, mas 
principalmente por ser exemplo intangível de mulher, doce e sábia, de determinação, 
afrontando os mais diversos desafios, exemplo de caráter, bondade, humanidade e 
por ter me ensinado a sempre enxergar com os olhos do coração. “Você supera 
qualquer expectativa”. 
Ao meu pai, Evanildo, amável e doce, que sem pesar e com sorriso nos olhos 
fazia-se de paciente ouvinte de uma menininha, que com apenas 13 anos, viu seu 
sonho de Veterinária borbulhar ao ganhar o seu eterno e muito amado Farofino. 
Agradeço a Deus a honra de tê-los como mestres. 
Aos meus mais que irmãos, amigos e companheiros Edilson, Kauê e Mayra. 
Obrigada pelo amor, sorrisos e união, eu seria um quarto sem vocês. 
Aos meus avós que, em histórias, fizeram-se sempre onipresentes. Obrigada 
pela estruturação familiar. 
Ao Jô, por estar sempre ao meu lado, presente, incentivando, apoiando, por 
ter sido, em muitos momentos, refúgio, pelas alegrais, amor e conforto. 
A toda minha família, tios, tias e primos, pelos tão aguardados encontros. 
À minha orientadora, Camila, pelo acolhimento e capacidade de ensinar 
possibilitando o granjeio de um sonho. Pela forma precisa e afetiva de captar minhas 
necessidades, quando me deixar ou guiar, de proferir uma palavra de saber. 
 
 
Agradeço o incentivo, todo ensinamento, crescimento, oportunidade e compreensão 
em momentos difíceis, também por ser exemplo de humanidade, liderança, 
competência e amor à profissão. 
Às minhas irmãs Lilica, Cris, Gi e irmãozinho Dani, sem os quais nada seria 
possível. Cris, doce e amiga; Lilica, atenciosa e cúmplice; Gi, engraçada, 
companheira; Dani, vulgo “Peter Pan ou SPP”, adorável e companheiro. Talvez um 
maior domínio das palavras me permitisse expressar o tamanho da minha admiração 
e gratidão por cada um de vocês. Obrigada por tudo! 
A Jaque Aguiar, que esteve presente no início desta caminhada, pelas 
palavras de incentivo e encorajamento. Muito obrigada! 
Realmente somos mais do que uma equipe. 
A Dani Kishi, pelas conversas, empenho, companhia, determinação. A Marília, 
pela atenção, ajuda, compromisso e carinho. Vocês foram fundamentais ao meu 
crescimento. 
As minhas meninas Jurema, Lica (Winnie), Preta, Mega, Branca, Pretinha, 
Bruna e Berenice, pelo carinho, apego, doçura, pelas noites juntas e mal dormidas 
na Veterinária...por que era impossível dormir enquanto a Bruna não conseguisse 
ocupar metade do meu colchão. Não nos encontramos ao acaso. 
Ao Zequinha, pela disponibilidade em todos os momentos em que precisei de 
sua colaboração. Obrigada pelos cães, dicas, e carinho. 
A Carol, nossa anestesista, pela prontidão em aceitar nosso convite, obrigada 
por nos presentear com sua competência e amizade. 
As minhas amadas amigas, irmãs Campineiras, Daniela, Karina, Mariana e 
Mau pelo companheirismo, dedicação, pela sinceridade de uma amizade a qual 
vimos que a distância não foi e nunca será suficiente para apagar. Vocês são 
fundamentais em minhas caminhadas. 
A minha “ex roommate”, Fê, pela paciência em me ouvir antes de dormirmos, 
pelas palavras de apoio e risadas; Fi, pela atenção, simpatia, trapalhadas; ao Bê, 
pelas diversas ajudas com trabalhos e dúvidas, por ser um exímio ouvinte e me 
fazer rir dos problemas, minhas noites de estudo não seriam as mesmas sem vocês. 
Obrigada! A Mari, pelos conselhos, passeios, companhia. Todo sucesso Má! A 
Stopitia, obrigada pelas conversas e previsões de tarô, você vai fazer falta! 
Aos companheiros de VRA: Tha, Ju, Lindsay, Mari, pelos conselhos, 
passeios, viagens, e muitas risadas; Marcílio, por alegrar nossos churrascos e 
 
 
colaborar com os dados de estatística; Fu, pela amizade e apoio nesta reta final; Rô, 
nem sei por onde começar! Obrigada pelas conversas, amizade e alegra. A todos do 
LDH, em especial a Priscila, pelas dosagens hormonais, a Lili, por todo carinho e 
companheirismo; Patrícia, por compartilhar dúvidas e pesares. E também a Carina, 
Bruna, Robertinha, Manuel, Samir, Pedro, Flávia, Rafa, Robinson, Camila, Everton e 
todos os demais pós-graduandos, estagiários e ICs. 
Ao Prof. Francisco, por abrir caminhos para o desenvolvimento deste estudo e 
por sua disponibilidade. O empréstimo gentil de seu laboratório, e equipe, os quais 
foram muito importantes para a conclusão deste trabalho. Em especial ao Di, pelas 
boas gargalhadas, pelo empenho e colaboração no cumprimento dos processos de 
histologia pulmonar, pela confiança e diponibilidade; ao Thi, por toda competência, 
paciência, alegria, dedicação, ensinamentos e carinho; Valdir, pelo apoio e 
companheirismo.Ao Ronaldo, pela gentileza em ceder seus micrótomos. Adorei 
estar com vocês! 
Aos Prof. Maiorka e Profa. Malu por também cederem seus laboratórios e 
equipe; em especial ao Caio, pelo tempo, amizade e conhecimento disponibilizados, 
ao Buga e Claudio, pela prontidão. Muito obrigada à todos! 
Aos professores do Departamento, pelos ensinamentos, oportunidades e 
estímulos. Em especial à Profa. Eneiva Carla, Profa. Claudia e Prof Marcelo. 
Aos funcionários: Alice, Belau, Dona Sílvia, Harumi, Roberta, Iraílton, Jocimar, 
Miguel, Maria Amélia, Luis, Thaís. Às secretárias da pós-graduação e aos 
funcionários da biblioteca Virgine Buff D’Apice. 
A Silvana. Sil, muito obrigada pelo entusiasmo, competência e fundamental 
auxílio nas avaliações radiográficas. 
As ONGS, canis e funcionários, em especial ao Anderson, pela prontidão e 
carinho. 
Aos nossos estagiários, em especial a Melissa e Thainá. Muito obrigada pelo 
empenho! 
Ao Departamento de Reprodução Animal, por me acolher e me fazer evoluir 
profissionalmente! Sinto-me muito feliz e lisonjeada por fazer parte deste time! 
Ao CNPq e FAPESP pelas bolsas de mestrado e auxílio pesquisa. 
 
 
Muito Obrigada a todos! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“Não há progresso sem mudança. 
 E, quem não consegue mudar a si, acaba por não mudar coisa alguma” 
 
 (George Bernard Shaw) 
 
 
 
 
 
RESUMO 
 
REGAZZI, F. M. Modificações pulmonares morfométricas e funcionais de 
neonatos da espécie canina em resposta à corticoterapia pré-natal. [Lung 
morphometric and functional changes in canine neonates after prenatal 
corticoterapy]. 2011.102f.Dissertação (Mestrado em Ciências) – Faculdade de 
Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2011. 
 
 
O final do período gestacional é marcado por importantes processos que 
caracterizam a maturação pulmonar fetal, dentre os quais destacam-se alterações 
estruturais, como a expansão das áreas de troca gasosa; e funcionais, tais como o 
aumento na produção de surfactante, cuja principal função é reduzir a tensão 
superficial na interface ar-líquido alveolar, evitando o colapso dos alvéolos na fase 
final da expiração. Estudos realizados em diferentes espécies animais indicam a 
influência de fatores endócrinos, incluindo os glicocorticóides, no desenvolvimento 
pulmonar fetal e transição para a vida extra-uterina. Até o momento, não há estudos 
na espécie canina, com o objetivo primordial de avaliar a ação da corticoterapia 
materna na melhora da função pulmonar. Desta forma, são objetivos deste estudo 
identificar as alterações morfométricas e funcionais pulmonares de neonatos pré-
termos e termos submetidos à corticoterapia materna pré-natal e correlacioná-las à 
melhora da função pulmonar no período neonatal. Para tanto, 25 neonatos da 
espécie canina, nascidos por cesariana programada, foram alocados aleatoriamente 
em 2 grupos: Grupo Controle (CONT) (sem corticoterapia materna; n=15) e Grupo 
Betametasona (BETA) (corticoterapia materna aos 55 dias de gestação; n=10), por 
aplicação de betametasona (Celestone Soluspan
®
) em dose única de 0,5 mg/Kg de 
peso materno, por via de administração intra muscular (IM). No grupo Controle, os 
neonatos foram avaliados aos 55, 57 e 63 dias de gestação, enquanto no Grupo 
Betametasona, aos 57 e 58 dias de gestação. Perfez-se a avaliação clínica por 
escore Apgar, hemogasometria e radiografia pulmonar. Ainda, as modificações 
pulmonares estruturais e funcionais foram verificadas por análise morfométrica e 
imunoistoquímica para detecção do número de pneumócitos tipo II produtores da 
proteína B do surfactante (SP-B) no parênquima pulmonar. Houve melhor evolução 
clínica nos neonatos pertencentes ao grupo BETA 57 já aos 60 minutos de vida. Os 
valores de freqüência cardíaca foram estatisticamente maiores nos grupos tratados 
 
 
e controle termo, em comparação ao grupo CONT 57. O escore de freqüência e 
padrão respiratórios foi estatisticamente superior nos grupos BETA 57 e CONT 63, 
seguido pelo grupo BETA 58. Valores estatisticamente semelhantes de irritabilidade 
reflexa foram observados entre os grupos tratados e termo. Do nascimento aos 60 
minutos de vida não houve diferença estatística na avaliação do tônus muscular 
entre os grupos, com valores significativamente superiores aos 240 minutos de vida 
nos grupos tratados e controle termo. Os neonatos do grupo CONT 63 apresentaram 
escore de mucosas aparentes da avaliação Apgar estatisticamente superior em 
relação aos demais grupos ao nascimento, com valores estatisticamente iguais aos 
grupos tradados e CONT 57 aos 60 minutos de vida. Ao nascimento e após 2 horas 
de vida, todos os neonatos apresentaram acidemia, com melhor resposta 
compensatória ao desequilíbrio ácido-básico no grupo BETA 58. Houve maior 
septação nos grupos tratados e controle termo, em relação aos demais grupos. Um 
percentual estatisticamente superior de alveolização foi observado no grupo CONT 
63, seguido pelo grupo BETA 58. Um menor percentual de sáculos foi identificado no 
grupo CONT 63 seguido pelos grupos BETA 57 e CONT 55. Não evidenciou-se 
diferença estatística quanto ao número de pneumócitos tipo II marcados para a 
proteína SP-B entre os grupos tratados e CONT 57. A avaliação radiográfica 
mostrou menor percentual de broncograma aéreo, bem como áreas de atelectasia, 
no grupo BETA 57, associado à melhor visualização do parênquima pulmonar. Em 
conclusão, a administração de betametasona materna no período pré-natal induz 
alterações estruturais do parênquima pulmonar, resultando em melhores valores de 
escore Apgar. Houve melhor resposta compensatória nos grupos tratados, reflexa ao 
aumento da capacidade de troca gasosa pulmonar. Não foi possível identificar 
aumento na síntese de surfactante pulmonar entre os grupos, em resposta à 
administração pré-natal de betametasona. 
 
 
Palavras- chave: Corticoterapia. Neonatos. Morfometria. Surfactante 
 
 
 
 
 
 
ABSTRACT 
 
REGAZZI, F. M. Lung morphometric and functional changes in canine neonates 
after prenatal corticoterapy [Modificações pulmonares morfométricas e funcionais 
de neonatos da espécie canina em resposta à corticoterapia pré-natal]. 2011. 104f. 
Dissertação (Mestrado em Ciências) – Faculdade de Medicina Veterinária e 
Zootecnia, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2011. 
 
 
The final gestational period is marked by an important processes that characterize 
the lung fetal maturation, like structural changes such as expansion of the areas of 
gas exchange, and functional changes, such as increased production of surfactant, 
whose main function is to reduce the surface tension in the air-liquid interface 
alveolar, preventing the alveoli from collapsing during late expiration. Studies in 
different species indicate the influence of endocrine factors, including glucocorticoids 
in fetal lung development and transition to extrauterine life. Up till now, there is not 
studies in dogs, with the primary objective to evaluate the action of maternal 
corticosteroid therapy in improving lung function. Thus, the objectives of this study 
was to identify morphological changes in lung function in preterm and terms 
neonates submitted to prenatal maternal corticosteroids and correlate them to the 
improvement in lung function during the neonatal period. For it 25 canine neonates, 
born by scheduled cesarean section, were randomly divided into 2 groups: control 
group (CONT) (no maternal corticosteroid therapy, n = 15) and Group 
betamethasone (BETA) (maternal corticosteroid therapy at 55 days gestation; n = 
10), by application of betamethasone (Celestone Chronodose Injection ®) in a single 
dose of 0.5 mg / kg of maternal weight, route of administration by intra-muscular (IM). 
Control group neonates were evaluated at 55, 57 and 63 days of gestation, and the 
betamethasone group,at 58 and 57 days of gestation. The clinical assessment was 
made by Apgar score, blood gas and pulmonary radiography. Still, the structural and 
functional lung changes were verified by morphometric analysis and 
immunohistochemistry to detect the number of type II pneumocytes producers 
surfactant protein B (SP-B) in the lung parenchyma. There was better clinical 
outcome in the groups BETA 57 at 60 minutes of life. The values of heart rate were 
significantly higher in term treatment and control groups compared to the group 
CONT 57. The score of respiratory frequency and pattern was statistically higher in 
 
 
groups BETA 57 e 63 followed by the group BETA 58. Statistically similar reflex 
irritability were observed between the treated groups and term. From birth to 60 
minutes of life there was not statistical difference in the assessment of muscle tone 
between the groups, with significantly higher values at 240 minutes of life in term 
treatment and control groups. Neonates of CONT 63 has mucous apparent 
assessment of Apgar statistically superior to other groups at birth, with values 
statistically equal to tratads and group CONT 57 at 60 minutes of life. At birth and 
after 2 hours of life, all neonates had acidemia, with better compensatory response to 
acid-base balance in the group BETA 58. There was an increased septation in 
treated and control groups comparing other groups. A statistically higher percentage 
of alveolarization was observed in group CONT 63, followed by the group BETA 58. 
A lower percentage of saccules was identified in the group CONT 63 followed by 
groups BETA 57 and CONT 55. There was not statistical differences in the number 
of type II pneumocytes marked for protein SP-B between the treated groups and 
CONT 57. The radiographic evaluation showed a lower percentage of air 
bronchogram, and atelectasis in the group BETA 57, associated with better 
visualization of the pulmonary parenchyma. In conclusion, maternal administration of 
betamethasone in prenatally period induced structural changes of the lung 
parenchyma, resulting in higher values of Apgar score. There was greater 
compensatory response in the treated groups, the reflex of an increase capacity of 
pulmonary gas exchange. It was not possible to indentify increases synthesis of 
surfactant between the groups in response to prenatal administration of 
betamethasone. 
 
Keywords: Corticosteroid therapy. Neonates. Morphometry. Surfactant 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE QUADROS 
 
 
 
Quadro 1 - Interpretação da concentração sérica de progesterona, 
avaliada pela técnica de radioimunoensaio, durante o ciclo 
estral de cadelas..................................................................... 
 
 
 
50 
Quadro 2 - Condutas experimentais e os respectivos momentos de 
execução nos neonatos dos grupos CONT e BETA.............. 
 
 
50 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE FIGURAS 
 
 
 
Figura 1 – Escore médio do tônus muscular (0 a 2) dos neonatos 
pertencentes aos grupos controle (CONT) 55, 57 e 63 e grupos 
betametasona (BETA) 57 e 58 aos 0, 5, 60, 120 e 240 minutos do 
nascimento. São Paulo, 2011....................................................... 
 
 
 
 
64 
Figura 2 – Escore médio de coloração de mucosas aparentes (0 a 2) dos 
neonatos pertencentes aos grupos controle (CONT) 55, 57 e 63 e 
grupos betametasona (BETA) 57 e 58 aos 0, 5, 60, 120 e 240 
minutos do nascimento - São Paulo - 2011................................... 
 
 
 
 
65 
 
Figura 3 - Fotomicrografia de tecido pulmonar de neonatos caninos sob 
avaliação morfométrica. A) Neonato pré-termo do grupo BETA 58. 
B) Neonato pré-termo do grupo BETA 57. C) Neonato termo do 
grupo CONT 63. D) Neonato pré-termo do grupo CONT 57. E, F) 
Neonatos pré-termo do grupo CONT 55. Sáculos (SAC), 
subsáculos (SS), alvéolos (AL), septos (SEP), bronquíolo 
respiratório (BR), bronquíolo terminal (BT). Coloração: 
Hematoxilina-eosina. Ampliação 400X........................................... 
 
 
 
 
 
 
 
71 
Figura 4 - Média e desvio padrão do número de pneumócitos do tipo II 
marcados para a proteína SP-B em cada 100µ2 de parênquima 
pulmonar nos neonatos pertencentes aos grupos CONT 57 e 63 e 
grupos BETA 57 e 58. A, B, C entre grupos indicam diferença 
estatística (p≤0,05) - São Paulo - 2011.......................................... 
 
 
 
 
 
72 
Figura 5 Fotomicrografia do tecido pulmonar de neonatos caninos com 
marcação citoplasmática positiva para a proteína SP-B (→) no 
citoplasma de pneumócitos tipo II. A) Neonatos do grupo BETA 57. 
B) Neonatos do grupo CONT 63. Técnica de Imuno-histoquímica. 
Ampliação 400X - São Paulo - 2011.............................................. 
 
 
 
 
 
72 
Figura 6 – Fotomicrografia do tecido pulmonar de neonatos caninos com 
marcação nuclear positiva para ciclinas (→) em células 
pulmonares. A) Neonato do grupo BETA 57. B) Neonato do grupo 
CONT 57. C) Neonato do grupo BETA 58. D) Neonato do CONT 
63. E, F) Neonatos do grupo CONT 55. Técnica de Imuno-
histoquímica. Ampliação 400X...................................................... 
 
 
 
 
 
 
73 
Figura 7 – Fotomicrografia do tecido pulmonar de neonatos caninos. A) 
Neonato do grupo BETA 57 com marcante distinção entre epitélio 
bronquiolar e sacular. B) Neonato do grupo CONT 57 com menor 
diferenciação epitelial. C) Neonato do grupo BETA 58 com 
marcante distinção entre epitélio bronquiolar e sacular. D) Neonato 
do CONT 63 com áreas saculares e bronquiolares bem definidas. 
E, F) Neonatos do grupo CONT 55 com menor diferenciação 
epitelial. Epitélio bronquiolar (→), saculos (S) Técnica de Imuno-
histoquímica. Ampliação 400X...................................................... 
 
 
 
 
 
 
 
74 
 
 
 
 
 
Figura 8 – Fotomicrografia do tecido pulmonar de neonatos caninos. Técnica 
de Vernhoeff para identificação de fibras elásticas. Ampliação 
400X. A) Neonato do grupo BETA 57. B) Neonato do grupo CONT 
57. C) Neonato do grupo BETA 58. D) Neonato do CONT 63. E, F) 
Neonatos do grupo CONT 55 com menor diferenciação epitelial.. 
 
 
 
 
 
75 
Figura 9 – Imagens radiográficas de neonatos caninos. A) Neonato pré-
termo do grupo BETA 57. Projeção LLE. Leve opacificação 
de parênquima pulmonar, mais evidente em lobo cranial 
esquerdo compatível com o período pós-natal imediato. B) 
Neonato pré-termo do grupo CONT 57. Projeção LLE. 
Intensa opacificação observada em todo parênquima, 
compatível com menor volume de ar pulmonar. São Paulo, 
2011.......................................................................................... 
 
 
 
 
 
 
 
 
76 
Figura 10 – Imagens radiográficas de neonatos caninos. A) Neonato pré-
termo do grupo CONT63. Projeção LLD. Intensa opacificação 
e bloqueio da função alveolar em lobos pulmonares cranial e 
médio direito, com pouca definição de silhueta cardíaca. B) 
Neonato pré-termo do grupo BETA 57. Projeção LLD. Leve 
opacificação observada em todo parênquima, com boa 
definição da silhueta cardíaca. São Paulo, 2011...................... 
 
 
 
 
 
 
 
77 
Figura 11 – Imagens radiográficas de neonatos caninos com alteração 
em campos pulmonares. A) Neonato pré-termo do grupo 
CONT 55. Projeção VD. Não visualização da silhueta 
cardíaca com intensa opacificação de parênquima pulmonar, 
sugerindo função alveolar bloqueada (óbito nos primeiros 
minutos de vida). B) Neonato pré-termo do grupo CONT 55. 
Projeção VD. Pouca definição de silhueta cardíaca com 
moderado opacificação pulmonar difusa, evidenciando pouco 
volume de ar pulmonar. São Paulo, 2011................................. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
78 
Figura 12 - Valores percentuais de neonatos dos grupos controle 
(CONT) 55, 57 e termo e grupos betametasona (BETA) 57 e 
58 com broncograma aéreo. São Paulo, 2011......................... 
 
 
 
78 
Figura 13 – Imagens radiográficas de neonatos caninos. A) Neonato pré-termo do grupo CONT 57. Projeção LLE. Visualização de 
broncograma em loco caudal esquerdo opacificado. B) 
Neonato pré-termo do grupo BETA 57. Projeção LLD. Pouca 
identificação de broncograma aéreo em lobos pulmonares. 
São Paulo, 2011........................................................................ 
 
 
 
 
 
 
79 
Figura 14 - Valores percentuais de neonatos dos grupos controle 
(CONT) 55, 57 e termo e grupos betametasona (BETA) 57 e 
58 com ausência ou graus leve, moderado ou intenso de 
atelectasia pulmonar. São Paulo, 2011.................................... 
 
 
 
 
80 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 15 – Imagens radiográficas de neonatos caninos. A) Neonato pré-
termo do grupo BETA 57. Projeção LLD. Moderada 
opacificação pulmonar em loco cranial direito, compatíveis 
com grau leve de atelectasia. B) Neonato termo do grupo 
CONT 63. Projeção LLD. Intensa opacificação difusa em 
parênquima pulmonar sugestivo de grau intenso de 
atelectasia por edema pulmonar. C, D) Fotomicrografia de 
tecido pulmonar de neonatos caninos do grupo CONT 63 
evidenciando edema alveolar (ED). Coloração: Hematoxilina-
eosina. Ampliação 600X. São Paulo, 2011............................... 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
80 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE TABELAS 
 
 
 
Tabela 1 - Estágios do desenvolvimento pulmonar (em dias) nas espécies 
animais domésticas. São Paulo, 2011.......................................... 
 
 
33 
Tabela 2 - Parâmetros adotados para o escore APGAR de vitalidade 
neonatal. São Paulo, 2011............................................................ 
 
 
51 
Tabela 3 - Valores de probabilidade (p) para os efeitos principais Grupos 
(CONT55 vs. CONT57 vs. CONT63 vs BETA 57 vs BETA 58) e 
Momentos de Avaliação (0 vs. 5 vs. 60 vs. 120 vs. 240 min) e 
sua interação para a avaliação neonatal. São Paulo, 2011.......... 
 
 
 
 
60 
Tabela 4 - Intervalo entre a administração de betametasona materna e o início 
do trabalho de parto (minutos) para as gestantes 1 e 2 - São Paulo – 
2011................................................................................................. 
 
 
 
61 
Tabela 5 - Média e desvio padrão do escore Apgar (0 a 10) dos neonatos 
pertencentes aos grupos controle (CONT) 55, 57 e 63 e grupos 
betametasona (BETA) 57 e 58, nos momentos 0, 5, 60, 120 e 240 
minutos do nascimento - São Paulo - 2011........................................ 
 
 
 
 
62 
Tabela 6 - Média e desvio padrão do escore (0 a 2) da freqüência cardíaca (FC), 
freqüência respiratória (FR) e irritabilidade reflexa (IR) dos neonatos 
pertencentes aos grupos controle (CONT) 55, 57 e 63 e grupos 
betametasona (BETA) 57 e 58 - São Paulo – 2011............................. 
 
 
 
 
63 
Tabela 7 - Média e desvio padrão da temperatura corpórea (
oC) nos grupos 
controle (CONT) 55, 57 e 63 e grupos betametasona (BETA) 57 e 58 
aos 0, 5, 60, 120 e 240 minutos do nascimento. São Paulo, 2011........ 
 
 
 
66 
Tabela 8 - Média e desvio padrão dos valores de HCO3
-, BE, PvCO2 e pH em 
neonatos dos grupos controle (CONT) 55, 57 e 63 e grupos 
betametasona (BETA) 57 e 58 nos momentos 0, 120 e 240 minutos 
do nascimento - São Paulo – 2011..................................................... 
 
 
 
 
68 
Tabela 9 – Média e desvio padrão dos valores de SvO2, PvO2 e oximetria 
venosa em neonatos dos grupos controle (CONT) 55, 57 e 63 e 
grupos betametasona (BETA) 57 e 58 - São Paulo – 2011.................. 
 
 
 
 
69 
Tabela 10 - Média e desvio padrão dos valores de SvO2, PvO2 e oximetria 
venosa neonatal nos momentos 0, 5, 60, 120 e 240 minutos do 
nascimento - São Paulo - 2011......................................................... 
 
 
 
 
 
 
 
69 
 
 
Tabela 11 - Média e desvio padrão do percentual de bronquíolos respiratórios 
(BR), sáculos (SAC), subsáculos (SUBSAC), alvéolos (AL) e septos 
(SEP), presentes no parênquima pulmonar dos neonatos 
pertencentes aos grupos controle (CONT) 55, 57 e 63 e grupos 
betametasona (BETA) 57 e 58 - São Paulo – 2011............................. 
 
 
 
 
 
70 
Tabela 12 – Média e desvios padrão do escore de identificação do coração e 
parênquima pulmonar (1 a 3) dos neonatos pertencentes aos 
grupos controle (CONT) 55, 57 e 63 e grupos betametasona 
(BETA) 57 e 58. São Paulo, 2011................................................. 
 
 
 
 
77 
Tabela 13 – Coeficiente de correlação e de significância do HCO3, BE, 
SvO2, pH, PvCO2, FR, TM, IR, CM, Apgar, temperatura (Temp), 
Pneumócitos tipo II (P. II), bronquíolo terminal (BRQ.T), saculo 
(SAC), subsaculo (SUBSAC), septos, alvéolos, coração, 
broncograma, pulmão, atelectasia. São Paulo, 2011.................... 
 
 
 
 
 
 
82 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS 
 
 
 
AL Alvéolo 
Apgar Escore de vitalidade Apgar 
BE Base excess 
BETA Termo Grupo betametasona de neonatos nascidos termo (63 dias de 
gestação 
BETA 57 Grupo betametasona de neonatos nascidos com 57 dias de 
gestação 
BR Bronquíolo respiratório 
°C Graus Celsius 
CEUA Comissão de Ética no Uso de Animais 
CM Coloração de mucosa 
cm
3
 Centímetro cúbico 
CO2 Dióxido de Carbono 
CONT Termo Grupo controle de neonatos nascidos termo (63 dias de 
gestação) 
CONT 57 Grupo controle de neonatos nascidos com 57 dias de gestação 
CONT 55 Grupo controle de neonatos nascidos com 55 dias de gestação 
DP Desvio padrão 
FC Frequência cardíaca 
FR Frequência respiratória 
H+ Hidrogênio 
H2O Água 
HCO3 Bicarbonato 
HE Hematoxilina-eosina 
IM Intra-muscular 
IR Irritabilidade reflexa 
Kg Quilograma 
kV Kiliwatts 
LDH Laboratório de Dosagens Hormonais 
 
 
LH Hormônio luteinizante 
mEq/L Miliequivalente por litro 
mg Miligrama 
mL Mililitro 
mmHg Milímetros de mercúrio 
n Número 
µg Micrograma 
O2 Oxigênio 
PaCO2 Pressão arterial de dióxido de carbono 
PaO2 Pressão arterial de oxigênio 
PCO2 Pressão de dióxido de carbono 
PO2 Pressão de oxigênio 
PvCO2 Pressão venosa de dióxido de carbono 
PvO2 Pressão venosa de oxigênio 
TCO2 Dióxido de carbono total 
mRNA Ácido ribonucleico mensageiro 
RX Raio X 
SAC Saculo 
SEP Septo 
SNC Sistema nervoso central 
SRD Síndrome do Desconforto Respiratório 
SO2 Saturação de oxigênio 
SP-A Proteína A do surfactante 
SP-B Proteína B do surfactante 
SP-C Proteína C do surfactante 
SP-D Proteína D do surfactante 
SUBSAC Subsaculo 
PCNA Antígeno celular de proliferação nuclear 
Temp Temperatura 
TM Tônus muscular 
UTIs Unidades de Terapia Intensiva 
Vvbr Volume dos bronquíolos respiratórios 
Vvs Volume de sáculos 
 
 
Vvst Volume de sáculos terminais 
Vva Volume alveolar 
Vv Densidade Volumétrica 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE SÍMBOLOS 
 
 
 
 
> Maior 
< Menor 
% Porcentagem 
® Marca registrada 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
 
 
 
1 INTRODUÇÃO................................................................................................. 
 
28 
1.1 HIPÓTESE..................................................................................................... 30 
2 REVISÃODE LITERATURA............................................................................. 
 
32 
2.1 DESENVOLVIMENTO DO APARELHO RESPIRATÓRIO............................ 32 
2.2 COMPOSIÇÃO, FUNÇÃO E METABOLISMO DO SURFACTANTE 
PULMONAR........................................................................................................ 
 
35 
2.3 DISTÚRBIOS RESPIRATÓRIOS RELACIONADOS À PREMATURIDADE. 37 
2.4 AVALIAÇÃO NEONATAL.............................................................................. 38 
2.4.1 Exame clínico neonatal............................................................................ 38 
2.4.1.1 Fisiologia neonatal...................................................................................39 
2.4.2 Exames complementares......................................................................... 40 
2.4.2.1 Avaliação radiográfica pulmonar............................................................. 40 
2.4.2.2. Avaliação hemogasométrica venosa...................................................... 41 
2.5 CORTICOTERAPIA PRÉ-NATAL.................................................................. 43 
3 MATERIAIS E MÉTODOS............................................................................. 
 
48 
3.1 ANIMAIS E GRUPOS EXPERIMENTAIS...................................................... 48 
3.2 DELINEAMENTO EXPERIMENTAL.............................................................. 49 
3.2.1 Avaliação da Vitalidade Neonatal ........................................................... 51 
3.2.2 Colheita e Análise das Amostras Sangüíneas para Hemogasometria 52 
 
 
3.2.3 Avaliação Radiográfica Pulmonar........................................................... 52 
3.2.4 Morfometria .............................................................................................. 53 
3.2.4.1 Inclusões, fixação e coloração do material.............................................. 53 
3.2.4.2 Morfometria pulmonar.............................................................................. 53 
3.2.5 Imuno-histoquímica pulmonar................................................................ 54 
3.2.5.1 Detecção da proteína SP-B .................................................................... 54 
3.2.5.2 Detecção de proliferação celular (antígeno celular de proliferação 
nuclear - PCNA) .................................................................................................. 
 
56 
3.2.5.3 Detecção de citoqueratina no epitélio respiratório pulmonar................... 56 
3.2.6 Coloração para microscopia de luz....................................................... 56 
3.3 VALORES DE REFERÊNCIA ADOTADOS.................................................. 56 
3.4 ANÁLISE ESTATÍSTICA............................................................................... 57 
4 RESULTADOS................................................................................................. 
 
61 
4.1 EFEITOSDACORTICOTERAPIA PRÉ-NATAL COM BETAMETASONA 61 
4.2 AVALIAÇÃO CLÍNICA NEONATAL............................................................... 61 
4.3 HEMOGASOMETRIA VENOSA.................................................................... 66 
4.4 MORFOMETRIA ........................................................................................... 70 
4.5 IMUNO-HISTOQUÍMICA PULMONAR.......................................................... 71 
4.6 COLORAÇÃO PARA MICROSCOPIA DE LUZ............................................. 75 
4.7 AVALIAÇÃO RADIOGRÁFICA PULMONAR................................................. 76 
4.6 TESTE DE CORRELAÇÃO........................................................................ 81 
5 DISCUSSÃO.................................................................................................... 
 
 
86 
5.1 AVALIAÇÃO CLÍNICA NEONATAL (ESCORE APGAR E TEMPERATURA 
NEONATAL)....................................................................................................... 
 
86 
 
 
5.2 HEMOGASOMETRIA VENOSA.................................................................... 89 
5.3 MORFOMETRIA PULMONAR...................................................................... 91 
5.4 IMUNO-HISTOQUÍMICA PULMONAR.......................................................... 92 
5.5 RADIOGRAFIA.............................................................................................. 93 
6 CONCLUSÃO................................................................................................... 
 
96 
REFERÊNCIAS................................................................................................... 98 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Introdução
28 
 Introdução 
 __________________________________________________________________ 
 
1 INTRODUÇÂO 
 
 
Em Medicina Veterinária, a neonatologia é definida como a ciência 
responsável pelo estudo atinente às duas primeiras semanas de vida dos recém-
nascidos. Apresenta-se em gradual desenvolvimento, objetivando reduzir as taxas 
de mortalidade neonatal. Neste período, são necessárias significativas adaptações 
ao meio externo, acompanhadas pelo desenvolvimento de funções vitais não 
cumpridas durante a vida intra-uterina, como a respiração pulmonar em substituição 
à atividade placentária para efetiva troca gasosa. Portanto, o sucesso da adaptação 
imediata à vida extra-uterina depende essencialmente da adequada função 
pulmonar, incluindo a maturação morfológica, fisiológica e bioquímica do 
parênquima pulmonar. 
Os distúrbios respiratórios são os mais freqüentes em UTIs neonatais 
humanas, presentes em recém-nascidos pré-termos, termos e pós-termos. Dentre os 
problemas de origem pulmonar descritos em Medicina, a Síndrome do Desconforto 
Respiratório do Recém-nascido (SRD) é a de maior importância clínica e 
epidemiológica, sobrevindo em resposta à deficiência da produção de surfactante, 
cuja prevalência está intimamente relacionada à prematuridade neonatal (AVERY; 
FLECHER; MACDONALD, 1999). Dentre as funções do surfactante, destaca-se a 
diminuição da tensão superficial na interface ar-líquido pulmonar. Sua deficiência 
torna o recém-nascido inapto à vida extra-uterina (MIYOSHI; GUINSBURG; 
KOPELMAN, 1998). 
As primeiras descrições clínicas da Síndrome do Desconforto Respiratório 
Neonatal (SRD) foram publicadas na Europa, ainda no século XIX (PARMIGIANI; 
SOLARI, 2003). Porém, foi somente em 1959 que Avery e Mead relacionaram a 
ocorrência da SRD, antes definida como Doença da Membrana Hialina, à deficiência 
de uma substância tensoativa denominada “surfactante pulmonar”, capaz de diminuir 
a tensão superficial alveolar (AVERY; MEAD, 1959; AVERY, 2000). 
A maturação e crescimento do sistema respiratório fetal assinalam-se por 
eventos complexos e contínuos, os quais iniciam-se na vida intra-uterina e 
estendem-se ao período pós-natal (BOLT et al., 2001). Recentes observações 
sugerem que diversos fatores endócrinos, incluindo os glicocorticóides, apresentam 
importante papel na regulação do desenvolvimento pulmonar e transição para a vida 
29 
 Introdução 
 __________________________________________________________________ 
 
 
extra-uterina, especialmente em ovinos, roedores, primatas e no homem. Com o 
avanço do tempo gestacional, observa-se aumento da produção de cortisol fetal nas 
referidas espécies, associado à maior expressão do receptor de glicocorticóide no 
tecido pulmonar (BOLT et al., 2001). Em humanos, altas concentrações de cortisol 
na circulação fetal coincidem com importantes eventos que caracterizam a 
maturação estrutural e funcional pulmonar, tais como aumento na produção de 
proteínas e fosfolipídios formadores do surfactante, redução do duplo sistema capilar 
para uma única camada, diminuição de tecido intersticial e desbaste de septo 
alveolar facultando as trocas gasosas após o nascimento (BOLT et al., 2001). 
A utilização do corticosteróide pré-natal, objetivando induzir artificialmente a 
maturação pulmonar fetal, iniciou-se em 1972, após pesquisa pioneira de Graham 
Liggins e seu colaborador, o pediatra Ross Howie. Com tal conduta, evidenciaram 
significativa redução na incidência da SDR em neonatos pré-termos (PELTONIEMI 
et al., 2007). Estudos posteriores confirmaram tais achados e demonstraram 
marcante redução da morbi-mortalidade com a utilização da betametasona em 
neonatos pré-termos(BONNANO; WAPNER, 2009;). A corticoterapia antenatal é 
utilizada rotineiramente em Medicina e considerada um dos raros exemplos de 
terapia que permite diminuir custos e aumentar a sobrevivência neonatal (MURPHT, 
2007). 
Resultados positivos com a utilização da corticoterapia materna no período 
pré-natal já foram descritos para mulheres com risco de parto prematuro (BOLT et 
al., 2001). Por outro lado, faltos são os estudos sistemáticos para a espécie canina 
ou as demais espécies animais, sendo tal abordagem terapêutica realizada de forma 
empírica. A corticoterapia pré-natal com o intuito de promover maturação pulmonar 
fetal é freqüentemente fundamentada em protocolos humanos. 
Em face do exposto, os objetivos do presente estudo são: 
1) Avaliar o efeito da administração da betametasona pré-natal na função 
pulmonar de neonatos da espécie canina termos e pré-termos, tomando como base 
o sistema Apgar de avaliação de vitalidade neonatal. 
2) Verificar as principais alterações pulmonares estruturais e funcionais em 
resposta à corticoterapia pré-natal por meio das avaliações histológicas e 
imunoistoquímica e análise hemogasométrica neonatal, respectivamente. 
30 
 Introdução 
 __________________________________________________________________ 
 
 
3) Identificar e correlacionar os achados histológicos, imunoistoquímicos, 
radiográficos e do exame clínico do neonato submetido à corticoterapia pré-natal. 
4) Propor um protocolo terapêutico objetivando maturação pulmonar e, 
conseqüente, melhora da função respiratória em neonatos pré-termos, contribuindo 
para a Perinatologia canina. 
 
 
1.1 HIPÓTESE 
 
A utilização pré-natal de betametasona (Celestone Soluspan
®
), na dose única 
de 0,5 mg/kg de peso materno, exerce efeito na maturação estrutural e funcional do 
tecido pulmonar de neonatos caninos prematuros, nascidos aos 57 e 58 dias de 
gestação, com melhora na condição respiratória e clínica geral. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
31 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Revisão de Literatura 
32 
 Revisão de Literatura 
 __________________________________________________________________ 
 
 
2 REVISÃO DE LITERATURA 
 
 
2.1 DESENVOLVIMENTO DO APARELHO RESPIRATÓRIO 
 
 
O desenvolvimento do sistema respiratório fetal é um fenômeno complexo e 
contínuo, o qual inicia-se durante a gestação e perdura à vida extra-uterina. Tal 
processo é, cronologicamente, dividido em três períodos: embrionário, fetal e pós-
natal (BOLT et al., 2001), apresentando singular progresso entre as espécies 
animais. 
Durante o estágio embrionário, os folhetos endoderma e mesoderma 
organizam-se para originar a estrutura pulmonar. As células que revestem o trato 
respiratório – vias aéreas condutoras e alvéolos – desenvolvem-se a partir do 
endoderma, enquanto o mesoderma esplâncnico dá origem à musculatura lisa, 
cartilagens, tecido conectivo e sistema vascular (MIYOSHI; GUINSBURG, 1998). 
Neste período, o início do processo de crescimento e desenvolvimento 
pulmonar dá-se pela formação do broto pulmonar na parede ventral do intestino 
primitivo (primórdio da faringe). No decorrer do desenvolvimento, observa-se a 
divisão do broto pulmonar em dois brotamentos brônquicos revestidos por epitélio 
colunar alto (MIYOSHI; GUINSBURG, 1998). Na fase fetal, o pulmão sofre 
mudanças constantes em sua forma, tamanho e composição, preparando-se para a 
funcionalidade extra-uterina. Com base no aspecto histológico predominante na área 
pulmonar, tal período subdivide-se em quatro estágios de desenvolvimento: 
pseudoglandular, canalicular, sacular e alveolar. Em humanos, as diferentes fases 
do desenvolvimento pulmonar estão bem caracterizadas (MIYOSHI; GUINSBURG, 
1998). Em carnívoros, contudo, os dados são escassos, dispondo-se apenas de 
estimativas do estágio de desenvolvimento, conforme demonstrado na tabela 1. 
 
 
 
 
 
33 
 Revisão de Literatura 
 __________________________________________________________________ 
 
 
Tabela 1 - Estágios do desenvolvimento pulmonar (em dias) nas espécies animais 
domésticas - São Paulo – 2011 
 
Estágio Ovinos Bovinos Suínos Eqüinos Carnívoros 
Embrionário <40 <50 <55 <50 - 
Pseudoglandular 40-90 50-120 50-80 50-190 >32 
Canalicular 95-120 120-180 80-92 190-300 >47 
Sacular 120-140 180-240 92-110 300+ >55 
Alveolar >140 >240 >110 - Pós-natal 
Fonte: LATSHAW (1987). 
 
Na fase pseudoglandular do desenvolvimento pulmonar, há completa 
formação da via aérea condutora, até a formação dos bronquíolos terminais 
(AVERY; FLETCHER; MACDONALD, 1999). O interstício pulmonar torna-se 
abundante e a rede capilar é formada, porém, com baixo fluxo sanguíneo e distante 
do epitélio respiratório, inviabilizando a respiração (BANKS, 1992; MIYOSHI; 
GUINSBURG, 1998; AVERY; FLETCHER; MACDONALD, 1999). Os brônquios 
dividem-se em brônquios segmentares e, então, bronquíolos, os quais são 
desprovidos de elementos de apoio cartilaginosos e glândulas, sendo revestidos por 
células colunares ciliadas e musculatura lisa subepitelial, dispostas em espiral ou 
obliquamente. Os bronquíolos são as últimas seções do sistema condutor gasoso, 
não possuem alvéolos pulmonares em suas paredes, e dividem-se em bronquíolos 
terminais. Estes últimos são revestidos proximalmente por células cubóides ciliadas 
e distalmente por células não-ciliadas (BANKS, 1992). 
O estágio canalicular caracteriza-se pela grande proliferação dos capilares no 
interstício pulmonar e pelo início do desenvolvimento dos ácinos, unidade 
respiratória composta pelos bronquíolos respiratórios, ductos alveolares, sacos 
alveolares e alvéolos (AVERY; FLECHER; MACDONALD, 1999; MIYOSHI; 
GUINSBURG, 1998). Os bronquíolos respiratórios são revestidos distalmente por 
epitélio cubóide, achatado. São observados com pouca freqüência nos ruminantes e 
nos suínos, pouco desenvolvidos nos eqüinos e no homem, bem desenvolvidos nos 
carnívoros e ausentes no camundongo (BANKS, 1992). Ainda nesta fase, há 
diferenciação das células cubóides do epitélio respiratório ricas em glicogênio, 
34 
 Revisão de Literatura 
 __________________________________________________________________ 
 
 
adquirindo características de pneumócitos tipo II, com corpúsculos lamelares 
responsáveis pelo armazenamento do surfactante. Em seguida, ocorre o 
achatamento do epitélio acinar à custa da transformação das células do tipo II em 
pneumócitos tipo I. Durante este período, aumenta a atividade secretora das células 
epiteliais, dando início à formação do líquido pulmonar, canalizando as vias aéreas 
(MIYOSHI; GUINSBURG, 1998). Tais modificações estruturais transformam o 
pulmão em um órgão potencialmente viável para a realização das trocas gasosas 
(BONANNO; WAPNER, 2009). 
O estágio sacular de desenvolvimento é caracterizado pela grande expansão 
da área de troca gasosa ou respiratória do pulmão fetal (MIYOSHI; GUINSBURG, 
1998). As vias aéreas terminais (bronquíolos respiratórios e ductos de transição) 
ramificam-se para formar uma estrutura cilíndrica constituída por uma parede lisa 
denominada sáculo (AVERY; FLECHER; MCDONALD, 1999). O sucessivo 
remodelamento sacular pode ser observado com o aparecimento de projeções 
laterais na sua parede (septos primários), transformando-os em septos secundários. 
Estes últimos dividem os sáculos em espaços menores denominados subsáculos.O 
surgimento de tais unidades amplia significativamente a superfície de trocas 
gasosas. Ademais, ocorre um adelgaçamento progressivo do epitélio, redução 
importante na quantidade de tecido intersticial e crescimento da rede capilar. Tais 
modificações intensificam as áreas de contato íntimo entre os capilares e a camada 
epitelial, aumentando a superfície de trocas gasosas (AVERY; FLECHER; 
MACDONALD, 1999). À medida que ocorre a expansão da barreira hematogasosa, 
aumenta a quantidade dos corpos lamelares no interior dos pneumócitos tipo II 
(MIYOSHI; GUINSBURG, 1998). 
No estágio alveolar de desenvolvimento, há grande aumento da superfície e 
volume pulmonar. O período exato para o início da alveolização é controverso, em 
virtude da dificuldade na distinção histológica entre sáculos e alvéolos (MIYOSHI; 
GUINSBURG, 1998). Entretanto, a presença alveolar no período gestacional pôde 
ser identificada em diferentes espécies, tais como o homem, bovinos, ovinos e 
suínos (LATSHAW, 1987). Para a espécie canina, pesquisas inferem que o início do 
desenvolvimento alveolar é pós-natal (LATSHAW, 1987; SIPRIANI et al., 2009). 
O desenvolvimento alveolar inicia-se com o alongamento e afilamento dos 
septos secundários em direção ao espaço aéreo. No início da alveolização, tanto o 
35 
 Revisão de Literatura 
 __________________________________________________________________ 
 
 
septo primário como secundário contêm em seu interior uma dupla rede de 
capilares, de tal forma que os vasos sanguíneos entram em contato com o epitélio 
respiratório somente em uma das suas paredes. À medida que a alveolização 
progride, observa-se mudança na estrutura do septo secundário, com transformação 
da dupla rede de capilares em uma única camada de vasos. Tal estruturação faz 
com que as duas paredes dos capilares entrem em aposição com o epitélio 
respiratório, viabilizando as efetivas trocas gasosas (MIYOSHI; GUINSBURG, 1998). 
Embora o estágio do desenvolvimento pulmonar ao nascimento seja variável 
entre as espécies animais, em mamíferos, o período pós-natal caracteriza-se pela 
grande expansão da superfície de trocas gasosas (MIYOSHI; GUINSBURG, 1998). 
No homem, ocorre às custas da alveolização, com 85% de sua formação sobrevindo 
no período pós-natal (MIYOSHI; GUINSBURG, 1998). O adequado desempenho da 
função respiratória ao nascimento provem, não apenas, do adequado 
desenvolvimento estrutural pulmonar, mas de múltiplos fatores, tais como a 
satisfatória síntese e secreção de surfactante (REBELLO, 1969). 
 
 
2.2 COMPOSIÇÃO, FUNÇÃO E METABOLISMO DO SURFACTANTE PULMONAR 
 
 
A interação físico-química entre as moléculas de ar e água presentes no 
interior dos alvéolos resulta em força variável chamada de tensão superficial. Com a 
redução do diâmetro alveolar na fase expiratória, esta força aumenta de grandeza e 
tende a causar o colabamento alveolar (atelectasia) (REBELLO; DINIZ, 2000). Tanto 
os componentes lipídicos como protéicos são essenciais para que o surfactante, 
presente entre as camadas de ar e água no interior dos alvéolos, desempenhe sua 
principal função: reduzir a tensão na superfície alveolar prevenindo seu colapso ao 
final da expiração (CHAIWORAPONGSA et al., 2008). 
Muitos estudos referem-se às propriedades estruturais e físico-químicas da 
maior parte dos componentes do surfactante, o qual caracteriza-se por um complexo 
predominantemente lipídico-protéico secretado pelos pneumócitos do tipo II, 
semelhante entre várias espécies (PÉREZ-GIL, 2008). A porção lipídica representa 
cerca de 90% do surfactante em massa (REBELLO; DINIZ, 2000), sendo a 
36 
 Revisão de Literatura 
 __________________________________________________________________ 
 
 
fosfatidilcolina (lecitina) seu principal componente (76,6%) e representante lipídico. 
Dentre os demais lípides, o mais abundante é o fosfatidilglicerol (9,9%), seguido da 
fosfatidiletanolamina (3%) e esfingomielina (2,3%). A massa total do surfactante 
perfaz-se por cerca de 10% de proteínas denominadas de proteína A (SP-A), 
proteína B (SP-B), proteína C (SP-C) e proteína D (SP-D) (MIYOSHI; GUINSBURG, 
1998; REBELLO; DINIZ, 2000). Em cães, a composição do surfactante pode 
apresentar variações significativas em razão da idade materna. Clercx et al. (1985) 
demonstraram haver significativo aumento na concentração da fosfatidilcolina e 
diminuição nas concentrações de fosfatidilserina e esfingomielina em cadelas 
gestantes com idade mas avançada, quando comparadas às mais jovens da mesma 
raça. 
A proteína hidrofóbica SP-B é considerada o componente protéico crítico para 
adequada formação e função do surfactante (SCHÜRCH, 2010). Além de sua 
importância na organização e estabilidade do filme alveolar, favorecendo a redução 
da tensão superficial intra-alveolar (SUZUKI; FUJITA; KOGISHI, 1989), atua 
modulando a captação, pelo pneumócito tipo II, de vesículas de surfactante 
presentes na luz alveolar (RICE, 1989). A combinação de SP-B com os fosfolípides 
do surfactante mimetiza a maioria das propriedades biofísicas fisiológicas in vivo 
(NOGEE, 1993). A deficiência da proteína SP-B, por ausência congênita ou 
inativação por auto-anticorpos, resulta em falha respiratória letal ao nascimento 
(NOGEE, 1993). 
Os processos de síntese, reciclagem e catabolismo do surfactante são 
realizados nos pneumócitos tipo II (REBELLO; DINIZ, 2000). Os fosfolípides e as 
proteínas SP-B e SP-C são sintetizados no retículo endoplasmático rugoso e, 
posteriormente, armazenados nos corpos lamelares (REBELLO, 2002). As proteínas 
hidrofílicas SP-A e SP-D, também sintetizadas no reticulo endoplasmático rugoso, 
são, provavelmente, adicionadas aos corpos lamelares após sua formação 
(REBELLO; DINIZ, 2000). Por meio da exocitose dos corpos lamelares, o surfactante 
é secretado para as vias aéreas, local de organização das moléculas de gordura 
(com auxílio das proteínas), para formar a monocamada que reveste a superfície 
alveolar, conhecida como mielina tubular (REBELLO, 2002). Com as sucessivas 
compressões e descompressões do filme de surfactante, em decorrência do ciclo 
respiratório normal, partes desta mielina desprendem-se na forma de pequenas 
37 
 Revisão de Literatura 
 __________________________________________________________________ 
 
 
vesículas e são reabsorvidas para o interior do pneumócito tipo II. Neste, uma 
pequena parte é catabolizada, enquanto a maior parte é reabsorvida e misturada 
aos corpos lamelares, reorganizando-se num processo de reciclagem, permitindo 
uma meia-vida da fosfatidilcolina bastante longa (REBELLO; DINIZ, 2000). 
 
 
2.3 DISTÚRBIOS RESPIRATÓRIOS RELACIONADOS À PREMATURIDADE 
 
 
Em Medicina, a prematuridade é a principal causa de morbi-mortalidade 
neonatal, sendo responsável por 75% das mortes, ao passo que a morbidade está 
diretamente relacionada aos distúrbios respiratórios, complicações infecciosas e 
neurológicas (RADES et al., 2004). Entre as múltiplas complicações da 
prematuridade, a Síndrome do Desconforto Respiratório (SRD), relacionada à 
imaturidade estrutural e inadequada produção de surfactante, constitui a afecção de 
maior gravidade em Medicina (HERMANSEN; LORAH, 2007). 
A produção insuficiente de surfactante pulmonar resulta em aumento da 
tensão superficial e força de retração elástica, levando à instabilidade e formação de 
áreas de atelectasia. À medida que tal processo evolui, observa-se diminuição da 
complacência pulmonar, capacidade residual funcional (GRIESE, 1999) e da relação 
ventilação/perfusão, acarretando em hipoxemia, hipercapnia e acidose (PARANKA, 
1999). O quadroclínico da SRD caracteriza-se por insuficiência respiratória ao 
nascimento, combinada à fase de taquipnéia, retração intercostal ou subcostal, 
ruídos expiratórios e cianose (BITTAR, 2002). 
Em Medicina Veterinária, os distúrbios respiratórios, dentre eles a SDR, são 
freqüentes e responsáveis por altas taxas de mortalidade neonatal. Em potros, os 
principais sinais clínicos reportados são: aumento da freqüência e esforço 
respiratórios, hipoxemia, hipercapnia e acidose respiratória (LAMB; O’CALLAGHAN; 
PARADIS, 1990). Em bezerros, os principais achados são dispnéia expiratória com 
evidente retração dos dois últimos pares de costela e agravamento progressivo nas 
60 horas seguintes, culminando em óbito (EIGENMANN et al., 1984). Para a espécie 
canina, não há relatos desta afecção no período neonatal. 
 
38 
 Revisão de Literatura 
 __________________________________________________________________ 
 
 
 
2.4 AVALIAÇÃO NEONATAL 
 
 
Os cuidados intensivos em Neonatologia Veterinária continuam figurando 
como expressivos desafios. Não há condutas de avaliação neonatal estabelecidas e 
procedimentos médicos de eleição para a propedêutica dos neonatos das distintas 
espécies animais. Em literatura especializada, constam procedimentos pontuais, 
abordados a seguir. 
 
 
2.4.1. Exame clínico neonatal 
 
 
Em Medicina, a avaliação da vitalidade neonatal ao nascimento é, 
rotineiramente, desempenhada por meio do escore Apgar, o qual avalia as principais 
funções vitais do neonato já nos primeiros minutos de vida. Tal método é 
considerado efetivo para o acesso das condições gerais neonatais e, em certo grau, 
da viabilidade do recém-nascido imediatamente após o nascimento. Permite, ainda, 
avaliar a eficácia de manobras de ressuscitação e a identificação de adequada 
conduta preventiva e corretiva (FINSTER; WOOD, 2005). Entretanto, Yeomans et al. 
(1985) afirmam que o escore Apgar pode auxiliar na diferenciação de neonatos 
hígidos e severamente comprometidos, porém não apresenta sensibilidade 
suficiente para diferenciação do comprometimento neonatal menos evidente. 
Em Medicina, a avaliação Apgar é geralmente desempenhada entre 1 e 5 
minutos após o nascimento e, posteriormente, repetida para neonatos de baixo 
escore. Em humanos, o escore inferior a 3 é usualmente considerado critico, de 4 a 
6, baixo e normal quando maior que 7 (VERONESI et al., 2009). 
Por tratar-se de uma prática eficaz na identificação da condição clínica 
neonatal, o escore Apgar foi adaptado à Medicina Veterinária de acordo com a 
fisiologia de cada espécie, sendo utilizado para potros, bezerros, leitões (VERONESI 
et al., 2009) e cães (SILVA et al., 2008; VERONESI et al., 2009). Para a espécie 
canina, são avaliadas a freqüência cardíaca, freqüência respiratória, irritabilidade 
39 
 Revisão de Literatura 
 __________________________________________________________________ 
 
 
reflexa, mobilidade ou tônus muscular e coloração de mucosas aparentes. Ainda, 
considera-se valor ideal de escore Apgar ao nascimento entre 7 e 10 (SILVA et al., 
2008; VERONESI et al., 2009). Notas entre 6 e 4 são avaliadas como moderada 
angústia e entre 3 e 0, angústia severa (VERONESI et al., 2009). 
 
 
2.4.1.1 Fisiologia neonatal 
 
 
Os mecanismos controladores da atividade respiratória neonatal mostram-se 
desenvolvidos já antes do parto, entretanto, requerem maturação no período pós-
natal (GRUNDY, 2006). O neonato é suscetível à relativa hipoxemia por diferentes 
fatores, tais como: imaturidade dos quimioreceptores carotídeos; discreta 
capacidade de expansão pulmonar, podendo ser resultante da produção inadequada 
de surfactante; obstrução de vias aéreas; constituição mais flexível da parede 
torácica; menor diâmetro e rigidez das vias aéreas traqueobrônquicas e elevado 
requerimento metabólico de O2 (GRUNDY, 2006; MEYER, 2007; RICKARD, 2010). 
Os neonatos caninos apresentam depressão do centro respiratório frente à 
elevação e queda dos níveis de CO2 e O2 sanguíneos, respectivamente (MEYER, 
1987). A resposta à hipoxemia é caracterizada por taquipnéia transitória com padrão 
ventilatório superficial, seguida de bradipnéia, inspiração entrecortada e apnéia 
(MEYER, 2007). Em comparação aos adultos, os neonatos caninos apresentam 
baixa pressão arterial sistólica, baixo volume sanguíneo e resistência vascular 
periférica. Deste modo, para que a perfusão sanguínea periférica seja ideal é 
necessário manter a freqüência e débito cardíacos elevados, assim como o volume 
plasmático e a pressão venosa central (RICKARD, 2010). 
A termorregulação é deficitária em neonatos caninos, em resposta a sua 
inabilidade em promover reflexos de tremor e vasoconstrição em situação de baixa 
temperatura (RICKARD, 2010). Ainda, possuem escasso tecido adiposo subcutâneo, 
superfície corpórea relativamente extensa e imaturidade hipotalâmica. As respostas 
fisiológicas à hipotermia incluem bradicardia, falência cardiovascular, injúria cerebral 
e parada gastrointestinal (JOHNSTON; KUSTRITZ; OLSON, 2001). Após o 
nascimento, os neonatos caninos apresentam gradual queda da temperatura 
40 
 Revisão de Literatura 
 __________________________________________________________________ 
 
 
corpórea. Neste período, temperaturas inferiores a 34,4ºC são consideradas 
hipotermia, com temperatura ideal variando de 34,4ºC a 36ºC na primeira semana 
de vida (MOON, MASSAT, PASCOE, 2011). 
 
 
2.4.2 Exames complementares 
 
 
A expressão clínica das disfunções pulmonares são variáveis e muitas vezes 
inespecíficas, dificultando o esclarecimento da possível etiologia. Deste modo, faz-
se necessário a solicitação de exames subsidiários para tal esclarecimento. 
 
 
2.4.2.1 Avaliação radiográfica pulmonar 
 
 
A avaliação radiográfica dos pulmões é fundamental para o diagnóstico 
diferencial das diversas afecções pulmonares e, freqüentemente, utilizadas em UTIs 
neonatais humanas (MIYOSHI; GUINSBURG, 1998). Em Medicina Veterinária, a 
avaliação radiográfica dos pulmões de neonatos caninos, com o intuito de 
estabelecer o diagnóstico diferencial das afecções pulmonares, não é 
freqüentemente solicitada, o que limita a escolha da conduta terapêutica a ser 
instituída. 
As imagens radiográficas do tórax de filhotes caninos demonstram aumento 
de opacidade intersticial generalizada, por haver baixo volume de ar alveolar. Por 
este motivo, sugere-se que a imagem radiográfica torácica seja utilizada como 
ferramenta diagnóstica adjuvante (SILVA et al., 2008). Já o aspecto radiológico da 
SDR em humanos mostra infiltrado reticulogranular difuso, referente à representação 
radiológica das vias aéreas distais atelectasiadas, broncogramas aéreos 
superpostos e aumento de líquido pulmonar, em intensidades variáveis (MIYOSHI; 
GUINSBURG, 1998; BITTAR, 2000). 
 
 
41 
 Revisão de Literatura 
 __________________________________________________________________ 
 
 
2.4.2.2 Avaliação hemogasométrica venosa 
 
 
Em Medicina, a determinação de valores hemogasométricos tornou-se 
importante avaliação das condições cardiopulmonares, ácido-básicas e perfusão 
tecidual, contribuindo para o diagnóstico diferencial de afecções neonatais com 
origens distintas (DAY, 2002). A avaliação dos gases do sangue arterial fornece 
importantes informações vinculadas às variáveis pulmonares. A avaliação da 
pressão arterial de dióxido de carbono (PaCO2) repercute condições ventilatórias, 
enquanto a oxigenação está relacionada à pressão arterial de oxigênio (PaO2).Porém, quando a colheita do sangue arterial é inacessível, o sangue venoso pode 
ser obtido da veia jugular e, ainda, oferecer importantes informações quanto ao 
equilíbrio ácido-básico, oxigenação cerebral e perfusão tecidual (DAY, 2002), 
tornando-se importante avaliação para pacientes sob tratamento intensivo em 
Medicina Veterinária. 
A interpretação de valores hemogasométricos consiste inicialmente na 
avaliação do pH, seguida da análise dos valores da pressão de dióxido de carbono 
(PCO2), pressão de oxigênio (PO2), base excess (BE), bicarbonato (HCO3
-
) e dióxido 
de carbono total (TCO2), respectivamente, com o intuito de identificar alterações de 
origem respiratória, metabólica ou mista (ROBERTSON, 1989). 
Para a sustentação do pH sanguíneo e intra-celular em limites compatíveis 
com os processos vitais, o organismo utiliza uma série de mecanismos bioquímicos, 
tais como: sistema de tampão químico, alteração dos equilíbrios respiratórios e renal 
(GUYTON; HALL, 2002). A primeira defesa contra alterações no pH é o sistema 
tampão. A quantidade total de bases no sangue, incluindo bicarbonato e 
hemoglobina, constitui o componente metabólico que determina o pH sanguíneo 
(HOUPT, 1996). A ação do bicarbonato na acidose baseia-se na reação de 
Henderson-Hassembalch, ou seja, quando há maiores concentrações de H
+
, este 
liga-se ao HCO3
-
 e desvia a reação para a formação de H2O e CO2, sendo este 
último composto eliminado pela respiração (HARPER, 1977; LEHNINGER, 1986; 
GUYTON; HALL, 2002). O mecanismo respiratório para compensação do 
desequilíbrio ácido-básico baseia-se na eliminação de CO2 na mesma proporção de 
sua produção tecidual, por meio do aumento da freqüência respiratória. A eliminação 
42 
 Revisão de Literatura 
 __________________________________________________________________ 
 
 
de CO2 favorece a diminuição das concentrações de H
+
 sanguíneo (HARPER, 1977; 
HOUPT, 1996). 
Os valores aumentados de PCO2 (hipercapnia) resultam em aumento 
compensatório na concentração do íon bicarbonato na maioria dos neonatos (DAY, 
2002). O aumento ou diminuição anormal da PCO2, provocados por alterações 
respiratórias, são denominados, respectivamente, por acidose e alcalose respiratória 
(HOUMPT, 1996). As principais causas de acidose respiratória em Medicina 
Veterinária incluem qualquer alteração respiratória crônica ou aguda, doenças 
neurológicas, fármacos e doenças pleurais. O sistema nervoso simpático é sempre 
estimulado pela hipercapnia, predispondo os pacientes às arritmias. O aumento da 
PCO2 leva à vasodilatação, com sinais de mucosa congesta, e pode resultar em 
hipotensão. A hipercapnia e hipoxemia concomitantemente devem ser 
agressivamente tratadas com ventilação mecânica (DAY, 2002). 
Tanto o sistema tampão quanto a alteração da freqüência respiratória são 
mecanismos rápidos, que promovem alterações sanguíneas em minutos. O 
mecanismo de compensação renal baseia-se na reabsorção de bicarbonato e 
eliminação de íons de H
+
 com efeitos perceptíveis após 1 ou 2 horas (HOUMPT, 
1996). 
Quando em baixas concentrações, a pressão venosa de oxigênio (PvO2) 
oferece evidência de máxima utilização tecidual, enquanto valores elevados podem 
indicar baixa perfusão tecidual. Os valores de PvO2 abaixo de 27 mmHg indicam a 
presença de metabolismo anaeróbico com produção de ácido lático. Em cães com 
função pulmonar adequada e perfusão tecidual deficitária, é possível identificar 
valores normais ou aumentados de PaO2 e comprometidos de PvO2 (DAY, 2002). 
O base excess (BE) refere-se ao número de miliequivalentes de um ácido ou 
base necessário para manter um litro de sangue com pH de 7,4 a 37°C e PCO2 
constante em 40 mmHg (RUSSEL; HANSEN; STEVENS, 1996). Tanto no sangue 
arterial como venoso, os valores de bicarbonato (HCO3
-
) e base excess (BE) são 
semelhantes (DAY, 2002). 
A saturação de oxigênio (SO2) é um valor derivado do estado de saturação 
das hemácias pelo oxigênio, o qual depende de muitos fatores, tais como PaO2, 
inabilidade das hemoglobinas em transportar O2 (metahemoglobina, 
carboxihemoglobina, sulfahemoglobina) e pH sanguíneo (DAY, 2002). 
43 
 Revisão de Literatura 
 __________________________________________________________________ 
 
 
Os neonatos caninos termo, nascidos por cesariana, apresentam hipóxia ao 
nascimento, permanecendo com baixos valores de PvO2 e SvO2 aos 60 minutos de 
vida. Infere-se que a causa para tal quadro seja o efeito depressor dos agentes 
farmacológicos utilizados na anestesia materna (SILVA et al., 2008). Quando em 
hipóxia, os neonatos da espécie canina desenvolvem rápida acidose metabólica, 
inclusive do sistema nervoso central (SNC). Porém, após recuperação dos baixos 
níveis de oxigênio, ocorre rápida correção do desbalanço, possivelmente por 
atividade de bases tamponadas presentes nos fluídos extra e intracelular e pelo 
metabolismo de ácidos orgânicos, como o lactato (NATTIE; EDWARDS, 1988). 
 
 
2.5 CORTICOTERAPIA PRÉ-NATAL 
 
 
O principal objetivo da Medicina Perinatal é diminuir a morbidade e 
mortalidade neonatal. Com tal esforço, atualmente, uma das mais importantes 
intervenções refere-se à utilização pré-natal de corticosteróides para gestantes com 
risco de parto prematuro (BONANNO; WAPNER, 2009). Em 1994, tal prática foi 
aceita pelo Instituto Nacional de Saúde, o qual estabeleceu que o uso pré-natal de 
corticosteróides, para gestantes entre a 24ª e 32ª semana de gestação, é efetivo na 
redução da mortalidade relacionada à prematuridade, sem riscos neonatais a longo 
e curto prazo, reverberando em aceitação por diferentes países (BONANNO; 
WAPNER, 2009). 
Nos dias que antecedem o parto, observa-se aumento fisiológico nas 
concentrações plasmáticas de corticosteróides endógenos, importante para o 
processo final de maturação pulmonar, refletindo em insatisfatório desenvolvimento 
pulmonar em neonatos prematuros (BONANNO; WAPNER, 2009). 
A betametasona é utilizada em Perinatologia como fármaco de eleição para 
promover melhora da função pulmonar neonatal. Em conformidade com o trabalho 
pioneiro de Liguins e Howie (1972), a preparação de betametasona (Celestone 
Chronodose, Celestone Soluspan®) consiste em partes iguais de fosfato dissódico 
de betametasona, o qual é solúvel e rapidamente absorvido pelos tecidos após a 
administração, e acetato de betametasona, o qual atua como depósito a partir do 
44 
 Revisão de Literatura 
 __________________________________________________________________ 
 
 
qual a betametasona é lentamente absorvida (MOSS et al., 2003). Após 
administração, a circulação materna atua como reservatório a partir do qual a 
passagem trans-placentária de betametasona é gradual, com pico de concentração 
fetal após 1 a 4 horas da administração e meia vida de 12 horas em fetos humanos 
(MOSS et al., 2003). 
Os efeitos favoráveis do tratamento pré-natal com corticosteróides na redução 
da SRD e hemorragia intraventricular, em neonatos pré-termos, são bem descritos. 
Entretanto, resultados conflitantes quanto ao período de ação e efeitos deletérios 
associados a múltiplas aplicações culminam em divergências quanto à melhor 
dosagem e intervalo de administração (VERMILLION; SOPER; NEWMAN, 2001). 
Em Medicina, recomenda-se a utilização de ciclo único, referente a duas aplicações 
de 12 mg de betametasona com intervalo de 24 horas (MOSS et al., 2003). Em dose 
única, também foi possível identificar maturação pulmonar em neonatos ovinos 
(LOEHLE et al., 2010). Tornou-se evidente em ovinos, homem e coelhos que a 
restrição no crescimento fetal está associada ao longo período (fetalou materno) de 
exposição a doses repetidas de betamentasona (WILLET et al., 2001; MOSS et al., 
2003). 
Em estudo realizado por Polglase et al. (2007), comprovou-se a melhora na 
função pulmonar com a betametasona antenatal na dose de 0,5 mg/Kg, via intra 
amniótica, resultados semelhantes à via de administração intra muscular. Em ovinos 
pré-termos, a corticoterapia materna em dose única promove efeitos benéficos 
adicionais à maturação pulmonar. Porém, o tratamento repetido está associado ao 
retardo de crescimento, perda de peso fetal ao nascimento (IKEGAMY et al., 1997; 
WILLET et al., 2001) e prejuízo à septação pulmonar (WILLET et al., 2001). Estudos 
remetem à melhora nas características estruturais pulmonares quando a intervenção 
medicamentosa é cumprida com intervalo mínimo de 24 horas antes do nascimento 
(LIGGINS; HOWIE, 1972; WILLET et al., 2001), com redução de complicações 
relacionadas à prematuridade quando em intervalos inferiores (REBELLO et al., 
1997). 
A melhora da função pulmonar reflexa ao uso pré-natal de glicocorticóides 
resulta de alterações tanto estruturais como funcionais pulmonares. Durante a 
gestação, receptores citoplasmáticos de glicocorticóide são expressos em diferentes 
órgãos e sistemas. A ligação dos glicocorticóides às células do parênquima 
45 
 Revisão de Literatura 
 __________________________________________________________________ 
 
 
pulmonar estimula a produção de proteínas e fosfolipídeos do surfactante, induz 
maturação e diferenciação celular, mudanças nos componentes dos tecidos 
intersticiais e regulação do metabolismo de fluídos pulmonares (BOLT et al., 2001). 
Apesar de resultados conflitantes, estudos relatam aumento na síntese de 
surfactante endógeno após tratamento com betametasona e dexametasona. Gilbert 
et al. (2001) demonstraram, por avaliação imunoistoquímica de lobos pulmonares de 
primatas submetidos a administração intra-amniótica de betametasona, aumento na 
produção da proteína SP-A do surfactante. Após sua utilização em ovelhas, 
observou-se aumento neonatal do mRNA para as proteínas SP-A, B, D e elastina 
(LOEHLE et al., 2010). 
O tratamento com corticosteróide também estimula o desenvolvimento 
estrutural pulmonar, por diminuição da espessura da parede alveolar, aproximando 
os vasos da luz alveolar (BONANNO; WAPNER, 2009), maior ramificação das vias 
aéreas, aumento do número de glândulas e achatamento das células epiteliais, com 
o conseqüente aumento de volume do espaço aéreo potencial (REBELLO, 1969). 
Em ratos, a exposição pré-natal a corticosteróides favoreceu a transição da rede 
dupla de capilares para uma única na parede alveolar (REBELLO et al., 1997). O 
edema pulmonar neonatal, normalmente associado à prematuridade, sobrevém da 
alterada permeabilidade da microvascularização às proteínas plasmáticas, 
desencadeando graves quadros respiratórios e inativação do surfactante pelas 
proteínas do edema pulmonar. O tratamento materno com corticosteróide diminui de 
maneira significativa a alta permeabilidade endotelial, mesmo com intervalos entre o 
tratamento materno e o nascimento inferiores a 8 horas (REBELLO; IKEGAMI, 
1997). Também é possível observar, a partir de 14 horas de exposição aos 
corticosteróides, aumento da relação entre as concentrações de colágeno e elastina 
no parênquima pulmonar, favorecendo sua maior complacência (REBELLO, 1969). 
Os corticosteróides antenatais possuem efeito em diferentes órgãos e 
sistemas neonatais. No sistema nervoso central, atuam por meio de receptores 
intracelulares, regulando a neurogênese e morte celular. Recentemente, estudos 
relacionam múltiplos cursos de corticosteróides à diminuição da área de superfície 
cerebral resultante da inabilidade de neurodesenvolvimento (SIZONENKO et al., 
2006). Em primatas gestantes, a administração de betametasona resultou em 
46 
 Revisão de Literatura 
 __________________________________________________________________ 
 
 
aumento na pressão sanguínea e diminuição de importantes proteínas neuronais no 
cérebro fetal (LOEHLE et al., 2010). 
A corticoterapia antenatal é rotineiramente utilizada na clínica médica para 
induzir a maturação pulmonar, reduzindo significativamente a incidência de 
mortalidade entre os pré-termos (POLGLASE et al., 2007). Por outro lado, em 
Medicina Veterinária, pesquisas relacionadas à influência desta conduta terapêutica 
para indução da maturação pulmonar são escassas, porém fundamentais para o 
emprego sistemático desta terapia como rotina médica. 
47 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Materiais e Métodos
48 
 Materiais e Métodos 
 __________________________________________________________________ 
 
 
 
3 MATERIAIS E MÉTODOS 
 
 
O presente projeto foi conduzido utilizando-se de 6 fêmeas da espécie canina, 
com idade reprodutiva entre 1 e 6 anos, sem discriminação em relação à raça e 
clinicamente saudáveis. As condições experimentais obedeceram às normas éticas 
de utilização de animais em experimentos, adotadas pela Comissão de Ética no Uso 
de Animais (CEUA) da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da 
Universidade de São Paulo. 
 
 
3.1 ANIMAIS E GRUPOS EXPERIMENTAIS 
 
 
Ao longo do presente trabalho, 25 neonatos foram utilizados e alocados nos 
respectivos grupos experimentais: 
GRUPO CONTROLE (CONT): neonatos oriundos de fêmeas não submetidas 
à corticoterapia pré-natal (n=15), porém às quais foi administrada solução fisiológica 
a 0,9% em volume correspondente à posologia da betametasona. De acordo com a 
idade gestacional no momento da cesariana, o grupo controle foi, ainda, subdividido 
em: 
- CONT Termo: neonatos nascidos aos 63 dias de gestação (n=5); 
- CONT 57: neonatos pré-termos nascidos aos 57 dias de gestação (n=5); 
- CONT 55: neonatos pré-termos nascidos aos 55 dias de gestação (n=5). 
GRUPO BETAMETASONA (BETA): neonatos oriundos de fêmeas 
submetidas à corticoterapia pré-natal aos 55 dias de gestação (n=10) com uso de 
betametasona (Celestone Soluspan
®
, Mantecorp), em dose única de 0,5 mg/Kg de 
peso materno, por via de aplicação intra muscular (IM). O grupo betametasona foi, 
ainda, subdividido de acordo com a idade gestacional no momento da cesariana em: 
- BETA Termo: neonatos nascidos aos 63 dias de gestação (n=5) 
- BETA 57: neonatos pré-termos nascidos aos 57 dias de gestação (n=5) 
 
 
49 
 Materiais e Métodos 
 __________________________________________________________________ 
 
 
 
3.2 DELINEAMENTO EXPERIMENTAL 
 
 
Para acurada determinação da idade gestacional, as fêmeas foram 
submetidas ao acompanhamento reprodutivo, seguido de protocolo de inseminação 
artificial, para o qual um único macho foi utilizado. O acompanhamento reprodutivo 
foi realizado por meio da observação dos sinais de cio, exame colpocitológico, 
vaginoscopia e dosagem hormonal. 
As fêmeas foram avaliadas semanalmente por meio de exame 
colpocitológico, bem como por inspeção diária do edema vulvar e secreção vaginal 
serosangüínea, indicando início do proestro. Após reconhecimento de tal período, as 
cadelas foram monitoradas diariamente com a utilização de exame colpocitólogico 
até a identificação do primeiro dia do diestro. A avaliação por vaginoscopia foi 
desempenhada em dias alternados, do início do proestro até

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