Baixe o app para aproveitar ainda mais
Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original
1 TUTORIA 2 – “NASCEU, E AGORA?” 1. Caracterizar o RN a termo quanto ao peso, comprimento e idade gestacional (PIG,GIG,AIG,etc) e suas principais causas 2. Definir APGAR, descrever seus critérios e interpretá-los. 3. Compreender as alterações fisiológico-adaptativas dos sistemas cardiovascular e respiratório que ocorrem no período neonatal. 4. Reconhecer os princípios da perda de peso fisiológica no período neonatal em recém-nascidos a termo e prematuros 5. Descrever os mecanismos de termo regulação no recém-nascido, e as estratégias para garantir a manutenção da temperatura corporal. 6. Reconhecer as causas de icterícia própria do RN, exames diagnósticos e tratamento. 7. Identificar a importância da realização da triagem neonatal. 8. Reconhecer a importância do estabelecimento do vínculo mãe-filho. 9. Identificar os programas governamentais de atenção à saúde perinatal e de incentivo ao vínculo mãe-criança-família. 10. Reconhecer a importância da família, rede de apoio pessoal (pai da criança, amigos e familiares) da sociedade no processo anterior e posterior ao parto, inclusive na divisão do trabalho doméstico e cuidado com o concepto (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua -PNAD, Contínua – IBGE). 11. Discutir a importância do atendimento multidisciplinar integrado e a rede de atenção para boa condução e individualização do plano de cuidados. CARACTERIZAR O RN A TERMO QUANTO AO PESO, COMPRIMENTO E IDADE GESTACIONAL (PIG,GIG,AIG,ETC) E SUAS PRINCIPAIS CAUSAS. Avaliação da idade gestacional O período neonatal é o intervalo de tempo que vai do nascimento até o momento em que a criança atinge 27 dias, 23 horas e 59 minutos. • Período neonatal precoce: intervalo de tempo que vai do nascimento até o momento em que a criança atinge 6 dias, 23 horas e 59 minutos. • Período neonatal tardio: intervalo de tempo que vai do 7º dia até o momento em que a criança atinge 27 dias, 23 horas e 59 minutos. A idade gestacional (IG) é a duração da gestação estimada a partir do 1º dia do último período menstrual (DUM), pela ultrassonografia pré-natal no início da gravidez ou clinicamente pelos métodos de Capurro, Dubovitz ou Ballard. É expressa em dias ou semanas completas. Quando a mãe desconhece a DUM, pode se recorrer aos seguintes métodos: 2 Durante a gestação: – Medição do fundo do útero, medição do tamanho do feto pela ecografia (abaixo de 20 semanas) Ao nascer: – Exame somato-neurológico do RN: para os recém-nascidos com idade gestacional maior que 28 semanas, o método de Capurro tem sido amplamente empregado, podendo ser realizado logo ao nascer (método somático). Para os RN saudáveis e com mais de 6 hs, é feito o somático e neurológico. Ambas formas têm apresentado alta correlação com a DUM, sendo menor para os RN pequenos para a idade gestacional. Nestes RN tem sido observado uma subestimação da idade gestacional a partir da 35a semana. Utiliza apenas 5 parâmetros somáticos e 2 neurológicos, porém a verificação desses parâmetros em crianças deprimidas, doentes ou de difícil acesso fica limitada às variáveis somáticas. -Soma do Capurro somático: A + B + C + D + G + 204 = idade gestacional em dias. -Soma do Capurro somático e neurológico: A + B + C + D + E + F + 200 = idade 3 gestacional em dias (desvio padrão ± 8,4 dias). Quadro 1. Método de Capurro (Somático e Neurológico-24 h/vida) Quadro 2. Método de Capurro (somático) Textura da Pele – 0 = muito fina, gelatinosa. – 5 = fina e lisa. – 10 = algo mais grossa, discreta descamação superficial. – 15 = grossa, rugas superficiais, descamação nas mãos e pés. – 20 = grossa apergaminhada, com gretas profundas. Forma de Orelha – 0 = chata disforme, pavilhão não encurvado. – 8 = pavilhão parcialmente encurvado na borda. – 16 = pavilhão parcialmente encurvado em toda parte superior. – 24 = pavilhão totalmente encurvado. Glândula Mamária – 0 = não palpável. – 5 = palpável, menos de 5mm. – 10 = entre 5 e 10mm. – 15 = maior de 10mm. Pregas Plantares – 0 = sem pregas. – 5 = marcas mal definidas sobre a parte anterior da planta. – 15 = marcas bem definidas sobre a metade anterior e sulcos no terço anterior. – 20 = sulcos em mais da metade anterior da planta. Sinal do Xale – 0 = o cotovelo alcança a linha axilar anterior do lado oposto – 6 = o cotovelo situado entre a linha axilar anterior do lado oposto e a linha média – 12 = o cotovelo situado ao nível da linha média – 8 = o cotovelo situado entre a linha média e a linha axilar anterior do mesmo lado. 4 Posição da Cabeça ao Levantar o RN – 0 = cabeça totalmente deflexionada, ângulo toráxico 270%. – 4 = ângulo cérvico-toráxico entre 180° e 270°. – 8 = ângulo cérvico-toráxico igual a 180°. – 12 = ângulo cérvico-toráxico menor de 180°. Formação do Mamilo – 0 = apenas visível – 5 = aréola pigmentada - diâmetro menor que 7,5 mm.. – 10= aréola pigmentada, pontiaguda - diâmetro menor que 7,5 mm, borda não levantada – 15 = borda levantada - diâmetro maior que 7,5 mm. Para os RN extremamente prematuros, os seguintes critérios devem ser levados em consideração: pálpebras fundidas (geralmente menor que 26 semanas), pele gelatinosa, fragilidade dos vasos sanguíneos e escoriações da pele; pele pegajosa, mamilo imperceptível e ausência de lanugem ocorrem no RN com menos de 25-26 semanas de gestação. Utilizando medidas da população latino-americana saudável, o CLAP (Centro Latino- Americano de Perinatologia e Desenvolvimento Humano), elaborou uma fita neonatal que possibilita a estimação da idade gestacional nos prematuros segundo os valores do perímetro cefálico ao nascer, além de fornecer o peso médio e os valores máximos (P90) e mínimo (P10). Para RN Prematuro: Perímetro Cefálico (PC) e I.G. Estimada e Peso Mínimo, Médio e Máximo Correspondentes 5 Método de Ballard Utilizam-se 6 parâmetros somáticos e 6 neurológicos. Esse método é simples, consome pouco tempo na sua execução e é aplicável em todos os recém-nascidos, inclusive nos que estão em terapia intensiva. Em 1993, sofreu uma modificação para poder ser aplicado em prematuros com menos de 29 semanas de gestação. A despeito do método utilizado, a determinação da idade gestacional com base em critérios clínicos e neurológicos tem baixa acurácia (± 2 semanas), com tendência de que a idade seja superestimada em recém-nascidos muito prematuros. 6 Classificação do recém-nascido Qualquer dos métodos usados para obter a idade gestacional permite classificar os RN Em: – Prematuros: idade gestacional inferior a 37 semanas – A termo: idade gestacional entre 37 e 41 semanas e 6 dias – Pós-termo: idade gestacional igual ou maior que 42 semanas Quando associamos o peso à idade gestacional, o RN é classificado segundo o seu Crescimento em peso intra-uterino: – RN grande para a idade gestacional: Peso acima do percentil 90 - GIG. – RN adequado para a idade gestacional: peso entre o percentil 10 e 90 - AIG. – RN pequeno para a idade gestacional: peso abaixo do percentil 10 - PIG. Tabelas de peso, estatura, perímetro cefálico e índice ponderal de RN normal, segundo percentis e médias com desvio padrão para cada idade gestacional, assim como as curvas de crescimento intra-uterino correspondente, encontram-se em ANEXOS. 7 DEFINIR APGAR, DESCREVER SEUS CRITÉRIOS E INTERPRETÁ-LOS. Escala de Apgar Este sistema de pontuação é uma ferramenta clinicamente útil para identificar os neonatos que requerem manobras de reanimação assim como para avaliar a efetividade das medidas tomadas (Apgar, 1953). Conforme mostra a Tabela 28-2, cada uma das cinco características facil mente identificáveis -frequência cardíaca, atividade respiratória, tônus muscular, irritabilidade reflexa e coloração -deve ser avaliada para receber uma pontuação que varia de O a 2. A pontuação total, resultado da soma do valor assinalado para os cinco componentes, deve ser determinada 1 e 5 min após o nascimento. O Apgar de 1 minuto reflete a necessidade de reanimação imediata. O Apgar de 5 min e, particularmente, a alteração ocorrida no escore entre o primeiro e o quinto minutos, é um indicador útil da efetividade das manobras de reanimação. O Apgar de 5 min também tem significado prognóstico para a sobrevida do neonato, uma vez. que tal sobrevida está intimamente relacionada com seu estado na sala de parto. Na análise que fizeram de mais de 150.000 fetos nascidos no Parkland Hospital, Casey e colaboradores (2001b) avaliaram a significãncia atual do Apgar de 5 min para a predição de sobrevida nos primeiros 28 dias de vida. Índice 0 Índice 1 Índice 2 Component e (Acrônimo) Cor da pele Cianose (coloraçã o azulada) ou palidez Cianose nas extremidades ou acrocianose (coloraç ão arroxada) Sem cianose. Corpo e extremidad es rosados Aparência Pulsação arterial Não detectável < 100 batimentos por minuto > 100 batimentos por minuto Pulso Irritabilidade Reflexa (careta s) Sem resposta a estímulo Careta ou estimulação agressiva Choro vigoroso, tosse ou espirro Gesticulaçã o Atividade (tônus muscular) Flacidez (nenhuma ou pouca atividade) Alguns movimentos das extremidades (braços e pernas) Muita atividade: braços e pernas Atividade 8 flexionados, que resistem à extensão Esforço respiratório Ausente Fraco/lento, irregular Forte, choro vigoroso Respiração Interpretação dos resultados de 0 a 3 – Asfixia grave de 4 a 6 – Asfixia moderada de 7 a 10 – Boa vitalidade, boa adaptação O resultado do primeiro minuto geralmente está relacionado com o pH do cordão umbilical e traduz asfixia intraparto. Já o Apgar do quinto minuto se relaciona com eventuais sequelas neurológicas. Além disso, escore menor que 7 é indicativo de asfixia perinatal. O escore deixou de ser usado com o objetivo de determinar a reanimação neonatal e passou a ser usado para avaliar a resposta do RN às manobras realizadas. Estes autores observaram que, nos neonatos a termo, o risco de morte neonatal foi de aproximadamente 1 a cada 5.000 nascimentos naqueles com Apgar entre 7 e 10 contra 1 em 4 para recém-natos a termo cujo Apgar tenha sido igual ou inferior a 3. Escores de 5 m.in baixos mostraram-se igualmente predirivos de morte neonatal em lactentes prematuros. Estes pesquisadores concluíram que o sistema de pontuação de Apgar continua sendo tão relevante para predição de sobrevida neonatal quanto há quase 50 anos. Houve tentativas de usar o índice de Apgar para determinar se haveria lesão de asfixia e para predizer a evolução neurológica - utilizações para as quais o índice de Apgar jamais foi voltado. Tais associações são dificeis de medir de modo confiável, tendo em vista que tanto a lesão por asfixia quanto índices baixos de Apgar são ocorrências raras. Por exemplo, de acordo com os registros de nascimento de 2006 nos EUA, apenas 1,6% dos recém-natos tiveram índice de Apgar de 5 min abaixo de 7. De modo semelhante, em um estudo de base populacional com mais de 1 milhão de fetos nascidos a termo na Suécia entre 1988 e 1997, a incidência de índices de Apgar aos 5 min iguais 9 ou inferiores a 3 foi de aproximadamente 2 a cada 1.000 nascidos. Grupos definiram Independentemente das dificuldades metodológicas, muitos erroneamente asfixia com base apenas em índices baixos de Apgar. Tais definições levaram o American College of Obstetricians and Gynecologists e a American Academy of Pediatrics a editar uma comunicação conjunta em 1986 sobre o atualizado "Uso e uso abusivo do índice de Apgar". Este comunicado foi em 1996 e reafirmado diversas vezes, sendo a mais recente em 2006. Entre as importantes advertências relativas ao índice de Apgar abordadas nesse comunicado estão: 1. Considerando que determinados elementos do índice de Apgar são parcialmente dependentes da maturidade fisiológica do recém-nato, é possível que um neonato prematuro saudável receba uma pontuação baixa apenas em razão de sua imaturidade. 2. Considerando que o índice de Apgar pode ser influenciado por vários fatores, incluindo, mas não exclusivamente, malformações fetais, medicamentos administrados à mãe e infecção, a relação imediata entre Apgar baixo e asfixia ou hipoxia representa mau uso do índice. 3. A correlação entre índice de Apgar e evolução neurológica adversa aumenta quando o índice se mantém igual ou inferior a 3 aos 10, 15 e 20 min, mas ainda assim não implica causalidade para uma futura incapacidade. 4. O índice de Apgar isoladamente não é capaz de estabelecer que a h.ipoxia seja a causa da paralisia cerebral. Um neonato que tenha sofrido asfixia próximo ao nascimento suficientemente grave para resultar em lesão neurológica deve apresentar as seguintes características: (1) acidemia profunda com pH do sangue arterial do cordão < 7 e défice de base >/= 12 mmol/l; 2) Índice de Apgar entre O a 3 persistindo por 1 O min ou mais; (3) manifestações neurológicas como crises convulsivas, coma ou h.ipotonia e (4) disfunção mulrissistêmica -cardiovascular, gastrintestinal, hematológica, pulmonar ou renal. COMPREENDER AS ALTERAÇÕES FISIOLÓGICO- ADAPTATIVAS DOS SISTEMAS CARDIOVASCULAR E RESPIRATÓRIO QUE OCORREM NO PERÍODO NEONATAL. A transição de um feto para um recém-nascido é a adaptação mais complexa que ocorre na experiência humana. A adaptação pulmonar requer a eliminação 10 coordenada do fluido pulmonar fetal, a secreção de surfactante e o início de uma respiração consistente. Com a remoção da placenta de baixa pressão, a resposta cardiovascular requer mudanças marcantes no fluxo sanguíneo, pressões e vasodilatação pulmonar. O recém- nascido também deve controlar rapidamente seu metabolismo energético e termorregulação. Os mediadores primários que preparam o feto para o nascimento e apóiam a transição de múltiplos órgãos são o cortisol e a catecolamina. Anormalidades na adaptação são freqüentemente encontradas após o parto prematuro ou parto cesáreo a termo, e muitos desses bebês precisarão de reanimação na sala de parto para auxiliar nessa transição. A transição de um feto para um recém-nascido é a adaptação fisiológica mais complexa que ocorre na experiência humana. Antes da medicalização do parto, a transição precisava ocorrer rapidamente para a sobrevivência do recém-nascido. Todos os sistemas orgânicos estão envolvidos em algum nível, mas as principais adaptações imediatas são o estabelecimento da respiração aérea simultaneamente com as mudanças nas pressões e fluxos dentro do sistema cardiovascular. Outras adaptações essenciais são mudanças marcantes na função endócrina, metabolismo do substrato e termogênese. Os partos hospitalares aumentam as dificuldades de transição para muitos fetos devido ao uso frequente de cesarianas, partos anteriores ao início do trabalho de parto, clampeamento rápido do cordão umbilical e os anestésicos e analgésicos associados a esses partos hospitalares. O resultado líquido é a necessidade frequente de auxiliar o recém-nascido na transição do parto. Os partos prematuros causam dificuldades particulares para a transição e expõem o bebê prematuro a lesões pulmonares por ventilação mecânica. Esses componentes da transição fetal para neonatal serão revisados para partos prematuros e a termo. 11 - Alterações cardovasculares Mudanças profundas no sistema cardiovascular ocorrem após o parto em resposta à remoção da placenta de baixa resistência como fonte de troca gasosa e nutrição fetal. Muito do nosso conhecimento a respeito da adaptação cardiovascular após o nascimento é baseado em estudos em animais, principalmente em ovelhas. As principais mudanças são um aumento no débito cardíaco e a transição da circulação fetal para um tipo adulto de circulação. O aumento do débito cardíaco é necessário para fornecer aumentos no metabolismo basal, trabalho respiratório e termogênese. No feto próximo ao termo, o débito ventricular combinado é de cerca de 450 mL / kg / min, com o débito do ventrículo direito respondendo por 2/3 do débito cardíaco e o ventrículo esquerdo ejetando 1/3 do débito cardíaco ( 20) Logo após o nascimento, a circulação muda de “paralela” para “série”, onde a saída do ventrículo direito é igual à saída do ventrículo esquerdo. O débito cardíaco quase duplica após o nascimento para cerca de 400 mL / kg / min (para o ventrículo direito e esquerdo). Esse aumento acentuado no débito cardíaco é paralelo ao aumento no consumo de oxigênio. Os órgãos que apresentam aumento do fluxo sanguíneo após o nascimento são os pulmões, o coração, os rins e o trato gastrointestinal ( 21 ). Embora os mecanismos precisos que medeiam o aumento do débito cardíaco após o nascimento não sejam conhecidos, o aumento do cortisol e dos hormônios vasoativos, que incluem as catecolaminas, o sistema renina-angiotensina, a vasopressina e o hormônio tireoidiano contribuem para a sustentação da pressão arterial e da função cardiovascular ( 20 ). No feto, o sangue relativamente bem oxigenado da placenta é liberado pelo cordão umbilical e pelo ducto venoso. Esse sangue do ducto venoso entra no átrio direito pela veia cava inferior e é direcionado preferencialmente ao átrio esquerdo pelo forame óvulo e subsequentemente distribuído preferencialmente ao cérebro e à circulação coronária pelo ventrículo esquerdo do feto. O ventrículo direito é o ventrículo predominante no feto, e a maior parte da saída do ventrículo direito vai para a aorta descendente através do canal arterial, pois muito pouco sangue entra na circulação pulmonar. Com o nascimento e a remoção da placenta de baixa resistência, o fluxo sanguíneo aumenta para a circulação pulmonar. Logo após o nascimento, o fechamento funcional do canal arterial começa.2 do endotélio pulmonar ( 22 ). A exposição fetal à hipóxia aumentará a já elevada resistência vascular pulmonar e a hiperóxia diminuirá a resistência vascular pulmonar e aumentará o fluxo sanguíneo pulmonar fetal ( 23 ). 12 Experimentalmente, a ventilação do pulmão fetal sem alterar a oxigenação diminuirá a resistência vascular pulmonar e aumentará o fluxo sanguíneo pulmonar em 400%. Com entrega, ventilação e oxigenação, NO e PGI 2 aumentam com uma queda rápida na resistência vascular pulmonar. O uso de oxigênio suplementar para o início da ventilação fará com que a resistência vascular pulmonar diminua mais rapidamente com o aumento mais rápido resultante no fluxo sanguíneo pulmonar ( 24) No entanto, não há benefício na oxigenação sistêmica e os vasos pulmonares subsequentemente tornam- se mais refratários à dilatação por NO ou acetilcolina. A transição cardiovascular ao nascimento também é modulada por corticosteróides. A exposição de fetais de ovelhas à betametasona aumentou o fluxo sanguíneo pulmonar fetal, mas não alterou a vasodilatação pulmonar pós-natal em ovelhas prematuras ( 25 ). A função cardíaca após o nascimento prematuro é melhorada pela exposição pré- natal a corticosteroides ( 7 ). As pressões sanguíneas fetais e neonatais aumentam, assim como o débito cardíaco e a contratibilidade ventricular esquerda. Esses efeitos são parcialmente explicados por um aumento na sinalização do receptor beta para um aumento no AMP cíclico. Da mesma forma, a adrenalectomia elimina o aumento da pressão arterial que normalmente ocorre no nascimento ( 8 ) (Figura 2) Assim, embora existam mediadores específicos como NO e PGI 2 que facilitam a transição cardiovascular, o tema consistente é que os mesmos mediadores - corticosteroides e catecolinas também facilitam essa transição. A saturação normal de oxigênio do sangue fetal no átrio esquerdo é de cerca de 65% ( 26 ). Durante o trabalho de parto, o feto humano tolera saturações de oxigênio tão baixas quanto 30% sem desenvolver acidose ( 27 ). Após o nascimento, a saturação pré-ductal em bebês normais a termo aumenta gradualmente para cerca de 90% aos 5 minutos de idade ( 28 ). Esse conhecimento é importante para evitar a administração desnecessária de oxigênio suplementar durante a ressuscitação. - Alterações pulmonares 1. Fluido Pulmonar Fetal A adaptação mais essencial ao nascimento é o início da respiração, mas os espaços aéreos do pulmão fetal estão cheios de fluido pulmonar fetal. O que é fluido pulmonar fetal e como ele é eliminado dos espaços aéreos? O líquido pulmonar fetal é secretado pelo epitélio das vias aéreas como 13 um filtrado do líquido intersticial pulmonar pelo transporte ativo de cloreto ( 29 ). Consequentemente, o conteúdo de cloreto do fluido pulmonar fetal é alto e o conteúdo de proteína é muito baixo. A taxa de produção é alta, embora medições diretas não estejam disponíveis para o feto humano. O volume de fluido pulmonar do feto de ovelha aumenta a partir do meio da gestação e a taxa de secreção aumenta para cerca de 4ml / kg / h no final da gestação ( 30) A produção e manutenção do volume normal de fluido pulmonar fetal é essencial para o crescimento pulmonar normal. O gradiente eletroquímico para a produção de fluido pulmonar fetal é substancial e pode superdistender os espaços aéreos. Esse comportamento de produção de fluido pulmonar fetal é aproveitado para obstruir a traqueia, o que distenderá os pulmões hipoplásicos de fetos com hérnia diafragmática. Em experimentos com fetos de coelhos e ovelhas, Bland e colegas demonstraram que a produção de fluido pulmonar fetal diminuiu antes do início do trabalho de parto, e o volume de fluido pulmonar nos espaços aéreos diminuiu de cerca de 25 ml / kg para 18 ml / kg ( 31 ). O volume do fluido pulmonar fetal diminuiu ainda mais com o trabalho de parto, de modo que as vias aéreas continham cerca de 10 ml / kg no parto. Harding e Hooper mediram um volume de fluido do espaço aéreo de cerca de 50 ml / kg em fetos de ovelhas a termo e sem trabalho de parto, o que é cerca de duas vezes a capacidade residual funcional do cordeiro recém-nascido a termo após adaptação à respiração aérea ( 30 ). As adaptações endócrinas que começam antes do parto são críticas para a depuração de fluidos. Cortisol, hormônios tireoidianos e catecolaminas aumentam e desligam a secreção do fluido pulmonar fetal mediada por cloreto ativo e ativam a Na + , K + , ATPase basal das células do tipo II no epitélio das vias aéreas. O sódio no fluido pulmonar fetal entra nas superfícies apicais das células do tipo II e é bombeado para o interstício com água e outros eletrólitos em seguida de forma passiva, removendo assim o fluido das vias aéreas. Em fetos de ovelhas prematuras, a infusão de cortisol e T 3 ativará a bomba de sódio, o que normalmente ocorre a termo ( 16) Os componentes do fluido pulmonar fetal são então eliminados diretamente na vasculatura ou através dos vasos linfáticos do interstício pulmonar ao longo de muitas horas. Esta depuração de um grande volume de fluido do espaço aéreo é notavelmente eficiente normalmente. A contribuição essencial da ativação do transporte de Na + foi demonstrada pelo desconforto respiratório em animais pela https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3504352/#R29 https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3504352/#R30 https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3504352/#R31 https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3504352/#R30 https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3504352/#R16 14 inibição da amilorida de Na + , K + e ATPase. Camundongos com transportadores de Na + defeituosos morrerão após o parto devido à falha em limpar o fluido pulmonar fetal ( 32 ). O cenário clínico frequente em que o fluido pulmonar retido contribui para a má adaptação respiratória é o parto cirúrgico de bebês que não estavam em trabalho de parto. Esses bebês não aumentam suas saturações de oxigênio tão rapidamente quanto bebês nascidos a termo de parto normal ( 28), e há um aumento da incidência de taquipneia transitória do recém- nascido e outras morbidades respiratórias ( 29 ) (tabela 1) Em estudos experimentais em ovelhas, o volume aumentado de fluido pulmonar fetal interfere na adaptação respiratória e o parto vaginal facilita a adaptação em relação ao parto operatório com volumes equivalentes de fluido pulmonar fetal ( 33 ). A taquipneia transitória do recém-nascido é mais frequente em prematuros tardios. Acredita-se que essa síndrome resulte diretamente da eliminação ineficaz do fluido pulmonar fetal por causa do transporte inadequado de Na + , seja por causa da diminuição do número de transportadores ou da falta de ativação ( 34 ). Os prematuros também apresentam diminuição do transporte de Na + , e os prematuros tardios com taquipneia transitória do recém- nascido apresentam baixa quantidade de surfactante ( 35 ). Assim, o lactente com taquipnéia transitória do recém- nascido apresenta imaturidade do transporte de Na + e tendência à deficiência de surfactante, enquanto o lactente com RDS tem deficiência mais severa de surfactante que também inclui Na + imaturotransporte. Essas duas doenças provavelmente são, na verdade, um continuum dessas duas anormalidades, de leve a grave. Um cálculo hipotético pode ajudar o clínico a entender por que o fluido pulmonar pode comprometer a adaptação neonatal. Se o bebê a termo de 3 kg tiver cerca de 30 ml / kg de fluido pulmonar fetal nos espaços aéreos no momento do parto cesáreo sem trabalho de parto e esse bebê estiver intubado, nenhum fluido poderá ser drenado passivamente dos pulmões. Supondo que o volume de sangue dessa criança seja de 80 ml / kg e o hematócrito seja de 50%, então o volume de plasma é de 40 ml / kg. O fluido pulmonar fetal se moverá do espaço aéreo para o interstício pulmonar, interferindo inicialmente na mecânica pulmonar e nas trocas gasosas. Este fluido será então transferido para o plasma, que se isso ocorrer de forma aguda expandirá o volume do plasma de 40 ml / kg para 70 ml / kg. Essa transferência ocorre ao longo de horas na realidade. No entanto, https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3504352/#R32 https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3504352/#R28 https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3504352/#R29 https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3504352/#R33 https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3504352/#R34 https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3504352/#R35 15 2. Respiração no nascimento O componente essencial para a adaptação neonatal ao nascimento é a manutenção de um esforço respiratório adequado. Os estímulos que mudam o padrão respiratório fetal quase instantaneamente para a respiração contínua permanecem definidos de forma incompleta e provavelmente são redundantes, assim como os estímulos para outras adaptações ao nascimento. A maior parte das informações sobre a respiração fetal e sua transição após o nascimento vem de estudos bastante antigos usando modelos de ovelhas fetais, com alguma verificação em fetos humanos ( 36) O estado fetal in utero pode ser classificado em sono REM e sono tranquilo, sem períodos claros de vigília. Durante o sono REM, o feto apresenta atividade respiratória irregular caracterizada por longos tempos inspiratórios e expiratórios com movimento de volumes variáveis de líquido pulmonar fetal (misturado com líquido amniótico) para dentro e para fora do pulmão. As atividades fetais de respiração, deglutição e lambida estão confinadas ao sono REM, com movimentos mínimos durante o sono tranquilo. A hipóxia fetal abole a respiração fetal, enquanto os altos valores de PO 2 fetal estimulam a respiração fetal. Com o nascimento, o feto de ovelha não respirará de forma consistente até que o cordão seja preso. Essa observação gerou a hipótese de que a respiração é suprimida por uma substância derivada da placenta, exceto no estado REM. Ovelha fetal recebendo prostaglandina E2 infusões param de respirar e o tratamento com inibidores da prostaglandina sintetase, como a indometacina, causa respiração fetal contínua ( 37 ). O efeito líquido é que a transição fetal para neonatal normal resulta no rápido início de respiração vigorosa por causa dos estímulos combinados de pinçamento do cordão (e a provável remoção de prostaglandinas rapidamente catabolizadas que suprimem a respiração), estímulos táteis difusos e frios que agem centralmente, e mudanças no PCO 2 e PO 2níveis no sangue. O recém-nascido não iniciará a respiração se a hipóxia for grave. Surpreendentemente, na ausência de hipóxia, virtualmente todos os bebês nascidos a termo iniciarão a respiração com eficácia. A maioria dos bebês muito prematuros também iniciará a respiração com sucesso se tiver oportunidade ( 38 ). 3. Surfactante e adaptação pulmonar O desenvolvimento adequado do pulmão fetal para suportar as trocas gasosas é a adaptação essencial na preparação para o nascimento. Durante o último terço da https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3504352/#R36 https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3504352/#R37 https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3504352/#R38 16 gestação, o pulmão fetal se septa em cerca de 4 milhões de sáculos distais (bronquíolos respiratórios e ductos alveolares) derivados de 17 gerações de vias aéreas por cerca de 32 semanas e depois se separa para formar alvéolos ( 39 ). Paralelamente, a massa do tecido parenquimatoso pulmonar diminui em relação ao peso corporal, de modo que o volume potencial de gás das vias aéreas e dos alvéolos aumenta muito. Simultaneamente, a partir de cerca de 22 semanas de idade gestacional, o lipídio do surfactante e as proteínas lipofílicas SP-B e SP-C começam a ser sintetizadas e agregadas em corpos lamelares nas células do tipo II em maturação ( 40) Os corpos lamelares são os pacotes de armazenamento e secreção dos componentes biofisicamente ativos essenciais do surfactante. À medida que o pulmão amadurece, mais e mais corpos lamelares são liberados no líquido pulmonar fetal e, subsequentemente, se misturam ao líquido amniótico ou são engolidos. Pelo termo, as células do tipo II no pulmão fetal contêm muito mais surfactante do que o pulmão adulto, e esse grande pool de surfactante está pronto para ser liberado antes e no momento do parto. À medida que o parto se aproxima, a secreção de fluido pulmonar fetal cessa (ver acima) e o volume de fluido pulmonar fetal pode diminuir. Simultaneamente, o surfactante é secretado no fluido pulmonar fetal com o trabalho de parto, o que aumentará a concentração de surfactante no fluido pulmonar fetal ( 41) Os supostos mediadores dessa secreção são os aumentos das catecolaminas que estimulam os beta-receptores. Os agonistas purinérgicos, como o ATP, também podem promover essa secreção pré-entrega. Posteriormente, o início da ventilação após o nascimento causa alongamento alveolar e, portanto, deformações das células do tipo II, outro sinal de secreção. O grande aumento nas catecolaminas após o parto provavelmente estimula ainda mais a secreção de surfactante. Em animais a termo logo após o nascimento, o tamanho do pool alveolar de surfactante é de cerca de 100 mg / kg. Este valor é 5 a 20 vezes maior do que a quantidade de surfactante nos alvéolos de animais adultos saudáveis ou humanos. Embora nenhuma medição esteja disponível para o termo humano, um valor semelhante é provavelmente baseado na quantidade de surfactante presente no líquido amniótico no termo.42 ). O tamanho do pool de alto surfactante diminui para níveis adultos durante a primeira semana de vida em modelos animais. Após o parto operatório de cordeiros prematuros, um pool de surfactante alveolar estável é alcançado em cerca de 3 horas, apesar de não haver trabalho de parto ( 43 ). Embora não tenha havido secreção de https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3504352/#R39 https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3504352/#R40 https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3504352/#R41 https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3504352/#R42 https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3504352/#R43 17 surfactante antes do parto, os efeitos endócrinos e de alongamento do pulmão permitem que o pulmão fetal não trabalhado se adapte rapidamente à respiração aérea. Os eventos secretores concomitantes com o nascimento não esgotam apreciavelmente os estoques de surfactante nas células do tipo II porque a síntese e o empacotamento do surfactante nos corpos lamelares continuam e o surfactante que foi secretado também é reciclado de volta nas células do tipo II para secreção conforme necessário ( 44 ). O pulmão prematuro tem várias desvantagens na transição para a respiração aérea. O pulmão estruturalmente imaturo tem menos volume potencial de gás pulmonar em relação ao peso corporal e às necessidades metabólicas, e a secreção de fluido pulmonar fetal pode não cessar antes e após o parto, o que atrasará a eliminação do fluido pulmonar fetal. Além disso, a quantidade de surfactante armazenada nas células do tipo II é baixa e, portanto, menos surfactante pode ser secretado em resposta ao nascimento. O resultado é uma concentração mais baixa de surfactante para formar uma película superficial e estabilizar o pulmão. Surpreendentemente, muitos pulmões prematuros podem se adaptar, talvez com um pouco de ajuda da pressão positiva contínua nas vias aéreas. O pequeno tamanho do pool de surfactante alveolar não precisa ser mais do que cerca de 5 mg / kg para o cordeiro prematuro suportado por pressão positiva contínua nas vias aéreas ( 45) Esse resultado ilustra que o bebê a termo tem grandes excessos de surfactante para garantir uma transição bem-sucedida para a respiração aérea. 4. Lesão do pulmão prematuro A transição de um feto para um recém-nascido requer o início da respiração, eliminação de fluidos das vias aéreas e ventilação dos espaços aéreos distais. Recém-nascidos normais inflam seus pulmões ao nascer, gerando grandes respirações com pressão negativa, que puxam o fluido pulmonar das vias aéreas para os espaços aéreos distais. O bebê continua a limpar o fluido pulmonar com inflações subsequentes ( 46 , 47 ). Coelhos recém-nascidos com respiração espontânea movem rapidamente o fluido de suas vias aéreas para os alvéolos e, subsequentemente, para o interstício no nascimento, com 50% da aeração pulmonar ocorrendo nas três primeiras respirações. Eles usam uma relação entre o volume inspiratório e o volume expiratório aumentada para atingir a capacidade residual funcional (CRF) ( 47) A maior parte da depuração do fluido pulmonar fetal ocorre durante a inspiração, com um retorno do fluido https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3504352/#R44 https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3504352/#R45 https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3504352/#R46 https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3504352/#R47 https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3504352/#R47 18 pulmonar às vias aéreas durante a expiração quando a PEEP não é usada ( 47 ). Em coelhos prematuros recém-nascidos, o uso de PEEP durante o início da ventilação facilita o desenvolvimento da CRF e o tratamento com surfactante cria uma distribuição mais uniforme da CRF ( 48 , 49 ) Muitos bebês prematuros ou asfixiados a termo não apresentam respiração espontânea adequada ao nascimento e requerem ventilação com pressão positiva. Bebês prematuros têm pulmões imaturos que são mais difíceis de ventilar devido ao surfactante inadequado para diminuir a tensão superficial e manter a CRF. As vias aéreas no alongamento pulmonar prematuro com ventilação com pressão positiva e as piscinas diminuídas de surfactante contribuem para a expansão não uniforme do pulmão com áreas de hiperdistensão focal e atelectasia ( 50 , 51) A ventilação inicial do pulmão pré-termo ocorrerá antes que muito do surfactante endógeno seja secretado e a terapia com surfactante não pode ser administrada praticamente antes do início da ventilação. O movimento do fluido na interface do ar através das células epiteliais gera altas forças de superfície que distorcem as células e danificam o epitélio das pequenas vias aéreas, uma característica proeminente em bebês nos pulmões de bebês que morreram de SDR ( 52 , 53 ). O CPAP ou PEEP deve minimizar o movimento do fluido nas vias aéreas, e o surfactante irá diminuir a pressão necessária para mover o fluido para as pequenas vias aéreas e diminuir a lesão do movimento do fluido ( 48 , 54) Apenas seis respirações de grande volume corrente no nascimento podem eliminar o tratamento com surfactante nas respostas de ovelhas prematuras devido a lesão pulmonar aguda ( 55 ). Em modelos de ovelhas prematuras, demonstramos que o alongamento das vias aéreas ocorre durante o início da ventilação e a lesão https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3504352/#R47 https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3504352/#R48 https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3504352/#R49 https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3504352/#R50 https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3504352/#R51 https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3504352/#R52 https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3504352/#R53 https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3504352/#R48 https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3504352/#R54 https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3504352/#R55 19 inicial está localizada principalmente nos brônquios e bronquíolos ( 53 ). Genes de resposta de fase aguda envolvidos na inflamação, angiogênese, remodelação vascular e apoptose foram ativados no pulmão, e proteínas imunologicamente ativas (HSP70, HSP60) foram liberadas pelo epitélio das vias aéreas no fluido do espaço aéreo ( 56 ). Tal como acontece com ovelhas prematuras, bebês de muito baixo peso ventilados (MBPN) têm aumento de citocinas pró-inflamatórias (IL-8, IL-1β, IL-6 e MCP-1) em aspirados traqueais logo após o nascimento, que se correlacionam com um aumento risco de DBP ( 57 ). A ventilação de prematuros com dificuldade respiratória aumentou os níveis plasmáticos de IL-1β, IL-8 e TNF-α e diminuiu os níveis da citocina antiinflamatória IL-10 ( 58 ). Demonstramos anteriormente que, independentemente do volume corrente ou PEEP usado, o início da ventilação em cordeiros prematuros com deficiência de surfactante e cheios de líquido é prejudicial ( 56 , 59 ). Pequenos aumentos no tamanho do pool de surfactante endógeno podem aumentar a uniformidade da expansão pulmonar e, assim, diminuir a lesão focal ( 60) O pulmão prematuro está provavelmente em risco de lesões pequenas e grandes das vias aéreas a partir do início da ventilação durante a ressuscitação. RECONHECER OS PRINCÍPIOS DA PERDA DE PESO FISIOLÓGICA NO PERÍODO NEONATAL EM RECÉM- NASCIDOS A TERMO E PREMATUROS. - Princípios gerais A transição da vida fetal para a neonatal está associada a grandes mudanças no controle homeostático da água e dos eletrólitos. Antes do nascimento, o feto tem oferta constante de água e eletrólitos da mãe por meio da placenta. Após o parto, o neonato passa a ter controle de sua homeostase hidreletrolítica. A composição corporal do feto muda durante a gestação, e menor proporção do peso corporal compõe-se de água à medida que a gestação avança. O crescimento pós-natal distingue-se do crescimento intrauterino pelo fato de que começa com um período de perda ponderal, devido sobretudo à perda de líquido extracelular. A perda típica de 5 a 10% do peso no nascimento a termo pode chegar a 15% do peso no nascimento pré-termo. O nadir da perda ponderal geralmente ocorre aos 4 a 6 dias de vida, e o peso ao nascer é recuperado aos 14 a 21 dias na maioria dos bebês pré-termo. Atualmente, não existe uma medida consensual do crescimento neonatal que leve em conta a perda ponderal e o característico ganho ponderal subsequente desse https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3504352/#R53 https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3504352/#R56 https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3504352/#R57 https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3504352/#R58 https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3504352/#R56 https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3504352/#R59 https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3504352/#R60 20 período. Os objetivos na prática são limitar o grau e a duração da perda ponderal inicial em recém-nascidos prétermo e facilitar a recuperação do peso ao nascer nos primeiros 7 a 14 dias de vida. Distribuição da água corporal - Definições Água corporal total (ACT) = líquido intracelular (LIC) + líquido extracelular (LEC) (Figura 23.1). O LEC é formado pelos líquidos intravascular e intersticial. Perda hídrica insensível (PHI) = aporte de líquido – débito urinário + alteração do peso. - Mudanças perinatais na ACT Uma parcela da diurese, em recém-nascidos a termo e prétermo durante os primeiros dias de vida, deve ser considerada fisiológica. Essa diurese leva à perda ponderal de 5 a 10% em neonatos a termo e de até 15% em neonatos pré- termo. Em idades gestacionais inferiores, o LEC representa maior proporção do peso ao nascer (Figura 23.1). Portanto, os neonatos de muito baixo peso ao nascer (MBPN) devem perder maior porcentagem para manter as proporções do LEC equivalentes às de neonatos a termo. A perda de peso aumentada é possivelmente benéfica para o recém-nascido pré-termo, pois a administração excessiva de líquido e sódio (Na) aumenta o risco de doença pulmonar crônica (DPC) e persistência do canal arterial (PCA). A quase totalidade dos recém-nascidos (RN) apresenta perda ponderal nos primeiros dias de vida.1 Dada essa grande frequência, os autores a denominam de perda fisiológica de peso.2 A maioria dos estudos sugere que a perda corresponde, principalmente, à reduc¸ão de fluidos,1 mas também é consequência do uso, pelo RN, de tecido adiposo como fonte de energia.2 Nos primeiros 2-3 dias3 de vida, RN amamentados exclusivamente perdem, em média, entre 5%- 7% do peso do nascimento.1 Os limites fisiológicos máximos de perda de peso para RN amamentados exclusivamente ao seio são controversos. Assim, pode ser considerado normal ou aceitável a perda ponderal de até 10%,4---6 embora também haja referências a valores de 7%.7 A evoluc¸ão do peso do recém-nascido, nos primeiros dias de vida, é usada como um indicador da adequac¸ão da amamentac¸ão.7 Dessa forma, o percentual de reduc¸ão do peso em relac¸ão ao nascimento pode ser um dos parâmetros usados para a introduc¸ão de fórmula láctea. 21 DESCREVER OS MECANISMOS DE TERMO REGULAÇÃO NO RECÉM-NASCIDO, E AS ESTRATÉGIAS PARA GARANTIR A MANUTENÇÃO DA TEMPERATURA CORPORAL. Termorregulação A temperatura corporal fetal é cerca de 0,5 ° C acima da temperatura materna. Embora o feto produza calor a partir do metabolismo, esse calor é efetivamente dissipado pela placenta e pelas membranas fetais. Ao nascimento, a liberação simpática resultante dos estímulos redundantes de aumento da oxigenação, ventilação, oclusão do cordão e um estímulo frio para a pele ativa a termogênese pelo tecido adiposo marrom ( 18 ). Este potencial de resposta termogênica desenvolveu-se durante o final da gestação por um aumento no tecido adiposo marrom ao redor do rim e nas áreas intraescapulares das costas para se tornar cerca de 1% do peso fetal a termo ( 19 ). O tecido adiposo marrom gera calor desacoplando o metabolismo oxidativo da síntese de ATP na mitocôndria, com a liberação de calor ( 18) Esse desacoplamento é mediado pela proteína 1 da membrana mitocondrial desacopladora (UCP1), que é ativada pela norepinefrina liberada pela inervação simpática do tecido adiposo marrom. Os níveis de UCP1 aumentam no tecido adiposo marrom durante o final da gestação em resposta a uma conversão local de T 4 em T 3e à indução da síntese de UCP1 em resposta aos níveis crescentes de cortisol no plasma fetal à medida que o termo se aproxima. Assim, os mesmos hormônios que modulam a preparação fetal para o nascimento e o período de transição são centrais para a termogênese do tecido adiposo marrom. O bebê a termo também pode gerar algum calor por tremores de termogênese, que é um aumento na atividade muscular esquelética não intencional sinalizada por terminações nervosas cutâneas por meio de neurônios motores centrais. A termogênese dos tremores parece ser de importância secundária para o ser humano recém-nascido. O ser humano prematuro está em grande desvantagem para a termorregulação após o nascimento, pois o tecido adiposo marrom não se desenvolveu em quantidade ou potencial de resposta ao estresse pelo frio. O organismo materno é responsável pela manutenção da temperatura fetal, e ao ser expulso do ventre materno, o neonato sofre um brusco impacto térmico, tendo que se ajustar ao novo ambiente através da termogênese sem calafrio. A regulação e manutenção da temperatura é um dos fatores mais críticos na sobrevivência e estabilidade do https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3504352/#R18 https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3504352/#R19 https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3504352/#R18 22 recém-nascido, por esse motivo, deve-se proporcionar um ambiente termicamente neutro, para que o consumo de oxigênio seja suficiente para a manutenção da temperatura corporal. Logo após o nascimento e com a finalidade de evitar perdas de calor, a criança deve ser colocada em um berço de calor radiante e ser completamente enxuta, principalmente na cabeça, onde uma touca pode ser eficaz contra o resfriamento. É muito importante manter o recém-nascido aquecido, porque este possui uma labilidade térmica, onde o frio (ou até mesmo calor em excesso), podem provocar alterações metabólicas, como perda excessiva de calorias e acidose metabólica, que dificultam adaptação à vida extra- uterina. Quando o bebê está apresentando hipotermia, sua taxa metabólica elevará para gerar calor, podendo ocasionar angústia respiratória que pode evoluir para um quadro de acidose metabólica. As crianças nascidas a termo possuem depósitos de gordura marrom, que representam cerca de 2 a 6% do peso do recém-nascido, e se localizam principalmente no pescoço, região interescapular, mediastino, ao redor dos rins e das supra-renais. Esses depósitos são muito vascularizados e enervados, e quando sofrem estresse pelo frio, aumentam a produção de noradrenalina, que atua nesses depósitos, estimulando a lipólise e gerando calor. Os recém- nascidos prematuros possuem desvantagens para a manutenção da temperatura, porque possuem grande superfície de contato em relação ao peso, menor quantidade de tecido subcutâneo e gordura marrom, incapacidade de consumo de quantidade adequada de calorias para a termogênese e muitas vezes, devido aos problemas pulmonares, possuem consumo limitado de oxigênio. A manutenção da temperatura corporal no neonato se dá por interações entre a temperatura ambiental, perda e produção de calor, sendo que a capacidade de termorregulação é pouco limitada. A exaustão do mecanismo de termorregulação pode levar o recém-nascido à morte, por isso, a prevenção da hipotermia é um dos principais objetivos dos cuidados de enfermagem. Os tipos de mecanismos de perda de calor nos neonatos são: condução, evaporação, convecção e radiação. As superfícies de baixa temperatura que entram em contato com o recém-nascido contribuem para a condução do calor do neonato para essas superfícies. Deve-se forrar as superfícies e aquecer as mãos e os instrumentos antes de 23 encostar na criança, afim de evitar esse tipo de perda de calor. A evaporação provém do suor e perdas insensíveis de água, que dependem da temperatura ambiente, velocidade e umidade do ar. Ocorre quando os fluidos se tornam vapor no ar seco, conseqüentemente, quanto mais seco for o ambiente, maior será a perda de calor do neonato por evaporação. A evaporação insensível da pele (correspondente a 25% da perda de calor do neonato), da umidade da pele e da mucosa do trato respiratório pode ser evitada mantendo- se a pele do recém-nascido seca. O mecanismo de perda de calor por convecção ocorre da superfície da pele para o ar ambiente e depende da velocidade do ar e temperatura ambiente, onde quanto mais resfriado for o ambiente, maior será a perda de calor por convecção. O ar aquecido que é expirado durante a respiração e a movimentação do ar sobre a pele do recém- nascido contribuem para a perda de calor por convecção, por isso é necessário umedecer e aquecer o oxigênio administrado, quando este for necessário, e na necessidade de transporte da criança, envolvê-la em coeiros ou usar uma incubadora para o transporte. A transferência de calor da pele do recém-nascido para o ambiente, devido a diferença de temperatura entre eles, caracteriza a perda de calor por radiação. Ocorre principalmente em grandes áreas de superfície, como a cabeça, por esse motivo, deve-se manter sempre a criança vestida, envolta em coeiros e, de preferência, com uma touca. A radiação representa a fonte de perda de calor mais significativa, mas também é o mecanismo na qual o recém- nascido ganha calor, através do berço de calor radiante e de fototerapia. O neonato se defende da perda de calor através dos mecanismos de controle vasomotor, na qual ocorre uma vasoconstrição periférica, conservando o calor, ou uma vasodilatação periférica, dissipando o calor; isolamento térmico, favorecida pela presença de gordura subcutânea; atividade muscular, que aumenta a produção de calor; e termogênese sem calafrios, através da lipólise da gordura marrom. A instabilidade térmica tem como fatores de risco a prematuridade, anomalias congênitas, septicemia, asfixia, hipóxia, comprometimento do SNC, aporte nutricional e calórico inadequado, diminuição dos movimentos voluntários, imaturidade do sistema de controle térmico e quantidade de tecido subcutâneo insuficiente. Os equipamentos utilizados para aquecer a criança e 24 evitar a perda de calor, como incubadoras e berços aquecidos, podem causar hipertermia. O excesso de calor pode mascarar uma infecção, não detectando uma hipo ou hipertermia associadas a um quadro infeccioso; e pode causar desidratação, uma vez que os aparelhos provocam aumento das perdas insensíveis de água. A hipertermia no recém-nascido é considerada quando este apresenta temperatura superior a 37,4°C, podendo também apresentar taquipnéia, taquicardia, irritabilidade, desidratação, intolerância alimentar, diminuição ou aumento da atividade, choro fraco e acidose metabólica. Deve sempre ser detectada e evitada, porque pode levar o recém- nascido a óbito. A garantia de um ambiente termicamente neutro, o controle e a manutenção da temperatura do recém-nascido são tarefas prioritárias da enfermagem, que se baseiam no conhecimento dos mecanismos de controle térmico, perda de calor e dos riscos que a instabilidade térmica pode trazer ao neonato. RECONHECER AS CAUSAS DE ICTERÍCIA PRÓPRIA DO RN, EXAMES DIAGNÓSTICOS E TRATAMENTO. Introdução Icterícia no recém-nascido(RN) define-se como a coloração amarela da pele e das mucosas por deposição de bilirrubina, o que se verifica quando esta excede 5 mg/dl no sangue. A patobiologia no RN de termo e no prematuro(PT) é a mesma: a alteração na produção de hemoglobina fetal para a de adulto condiciona um aumento na destruição dos glóbulos vermelhos fetais e consequentemente aumento da quantidade de bilirrubina que chega ao hepatócito; a imaturidade limita o metabolismo e clearance da bilirrubina do plasma. É provavelmente, o processo de transição que requer maior intervenção médica. Aproximadamente 67% dos RNs de termo ficam ictéricos. No PT a hiperbilirrubinemia é mais prevalente (este valor chega a 80%), mais grave e com curso mais prolongado. Define-se hiperbilirrubinemia significativa no RN de termo o valor de bilirrubina total superior a 17 mg/dl, podendo cursar com encefalopatia bilirrubínica. Apesar de a hiperbilirrubinemia ser mais prevalente no PT, os casos de kernicterus descritos na literatura nos anos 90 são em RNs de termo “saudáveis”. 25 Metabolismo da bilirrubina A bilirrubina advém do catabolismo das proteínas do heme.Afonte mais significativa é a hemoglobina (figura 1). Setenta e cinco por cento da bilirrubina no RN resultam da destruição dos glóbulos vermelhos senescentes em circulação, no sistema retículo-endotelial do fígado e baço. Um grama de hemoglobina produz 35 mg de bilirrubina. A bilirrubina não conjugada, não ionizada, lipofílica, ao atravessar as membranascelularesétóxica,nomeadamente para as células do sistema nervoso central. Vinte e cinco por cento da bilirrubina resulta do catabolismo do heme livre, do heme tecidular e da eritropoiese ineficaz. No sistema reticulo- endotelial a bilirrubina é libertada para a circulação, onde se liga reversivelmente mas fortemente à albumina. Em condições fisiológicas só pequenas quantidades de bilirrubina circula livre. A bilirrubina é captada pelo hepatócito, transportada activamente para o sistema retículo-endotelial, onde é conjugada com o ácido glucorónico, tornando-se hidrossolúvel – bilirrubina conjugada, não tóxica para as células e suficientemente polar para ser excretada pelas vias biliares ou filtrada pelo rim. A bilirrubina conjugada uma vez no intestino não é absorvida e é eliminada como estercobilina e urobilinogéneo produzidos pelas bactérias intestinais. A escassa flora intestinal do RN deixa a bilirrubina conjugada disponível para a β-glucoronidase, enzima da bordadura em escova da parede intestinal, que a desconjuga, permitindo o retorno ao hepatócito (aumento da circulação entero- hepática). Icterícia Fisiológica A hiperbilirrubinemia está presente em cerca de 97% dos RNs de termo mas só 67% deles ficam ictéricos, isto é, acima de 5 mg/dl. Define-se como hiperbilirrubinemia fisiológica: 1) No RN de termo: aumento de bilirrubina nos primeiros 3 dias até 6-8 mg/dl, estando dentro dos limites fisiológicos se inferior a 12 mg/dl; 2) No RN PT: o valor máximo de bilirrubina pode ser de 10-12 mg/dl no 5ºdia, podendo atingir 15 mg/dl sem nenhuma anomalia no metabolismo. A principal causa de hiperbilirrubinemia é o aumento da quantidade de bilirrubina que chega ao hepatócito. Outros factores importantes que contribuem para a icterícia fisiológica são a deficiente captação; deficiente conjugação, deficiente excreção biliar; presença de β-glucoronidase na bordadura em escova da parede intestinal contribuindo para o aumento da circulação entero-hepática. Os factores genéticos também têm o seu papel. Os asiáticos e nativos americanos têm valores mais 26 elevados de bilirrubina e concomitantemente maior incidência de Kernicterus. Por motivos desconhecidos o sexo masculino tem valores mais elevados de bilirrubina. 27 28 29 Diagnóstico de hiperbilirrubinemia Exame físico A icterícia pode ser visualmente detectada através da digitopressão na pele do RN e percebida com níveis de BT maior que 4-8 mg/dl, porém a impressão visual não guarda relação estreita com o nível sérico de bilirrubina. A icterícia apresenta progressão craniocaudal e níveis mais elevados de bilirrubina estão associados à icterícia abaixo dos joelhos. Mensuração da bilirrubina transcutânea Forma não invasiva de estimar os níveis séricos de bilirrubina através do bilirrubinômetro. A avaliação da bilirrubina transcutânea (BTc) deve ser realizada na face e no esterno. O equipamento ainda é considerado uma ferramenta de triagem para definir quais RN terão dosados seus níveis séricos de bilirrubina, mas já é responsável pela diminuição significativa do número de bebês puncionados. A contínua evolução da técnica provavelmente permitirá, em futuro próximo, seu uso como método diagnóstico. Mensuração da bilirrubina sérica Dosagem de bilirrubina sérica para confirmar o aumento dos níveis de bilirrubina evidenciados através do BTc ou da avaliação visual. A hiperbilirrubinemia pode ser classificada como indireta, diagnosticada 30 com níveis de BI maiores que 1,5 mg/dl, ou direta, determinada pelo valor da BD maior que 2,0 mg/dl, desde que represente mais que 15% do valor de BT. Diagnóstico etiológico A investigação etiológica da hiperbilirrubinemia através de exames laboratoriais deve ser feita nos RN que apresentam icterícia nas primeiras 24 horas de vida ou valores de BT maiores que 15 mg/dl, independentemente da idade pós-natal. Diagnóstico Diferencial Icterícia ligada à amamentação ao seio Icterícia por baixo aporte de leite, levando ao aumento da circulação entero-hepática de bilirrubina. Ocorre em até 13% dos RN em aleitamento materno exclusivo, com pico de hiperbilirrubinemia maior que 12 mg/dl. Icterícia pelo leite humano Icterícia que ocorre em 2-4% dos RN por uma provável interferência de fatores presentes no leite materno com o processo de conjugação da bilirrubina. A hiperbilirrubinemia pode atingir um pico de 20 mg/dl por volta do 14º dia de vida, com redução gradual em até 12 semanas. Em certos casos, intervenção médica se fará necessária. Icterícia patológica Icterícia que ocorre por sobrecarga de bilirrubina no hepatócito, deficiência/inibição da conjugação da bilirrubina ou colestase (Quadro 2). Frequentemente, a bilirrubina sérica já atinge nível maior que 12 mg/dl nas primeiras 24 horas de vida. Tratamento Fototerapia A fototerapia é, sem dúvida, a modalidade terapêutica mais utilizada mundialmente para o tratamento da hiperbilirrubinemia neonatal2. Estima-se que só nos Estados Unidos um número superior a 350.000 31 recém-nascidos recebam anualmente este tratamento. Entretanto, apesar da vasta literatura de investigação em humanos, animais e laboratório a respeito do mecanismo de ação, efeitos biológicos, complicações e uso clínico da fototerapia, existe ainda considerável desinformação acerca de como a fototerapia age, qual a dose de energia luminosa necessária para a eficácia clínica e como ela deve ser administrada. Mecanismo de ação da fototerapia O sucesso da fototerapia depende da transformação fotoquímica da bilirrubina nas áreas expostas à luz. Essas reações alteram a estrutura da molécula de bilirrubina e permitem que os fotoprodutos sejam eliminados pelos rins ou pelo fígado, sem sofrerem modificações metabólicas. Portanto, o mecanismo de ação básico da fototerapia é a utilização de energia luminosa na transformação da bilirrubina em produtos mais hidrossolúveis6. A bilirrubina absorve luz na região de 400 a 500nm. A luz emitida nesta faixa penetra na epiderme e atinge o tecido subcutâneo. Dessa forma, somente a bilirrubina que está próxima à superfície da pele (até 2 mm) será afetada diretamente pela luz7,8. Dois mecanismos têm sido propostos para explicar a ação da fototerapia na redução dos níveis séricos de bilirrubina: fotoisomerização e fotooxidação9. - Fotoisomerização Uma vez irradiada pela luz, a molécula de bilirrubina dá origem a dois tipos de isômeros: o isômero geométrico ou configuracional e o isômero estrutural ou lumirrubina. O isômero geométrico forma-se rapidamente e é reversível à molécula de bilirrubina que lhe deu origem; entretanto, sua excreção é extremamente lenta em recém-nascidos. A formação de isômeros estruturais é mais lenta do que a do isômero geométrico; porém esta reação, ao contrário daquela, é irreversível. A lumirrubina, por ser solúvel em água, é rapidamente excretada pela bile e, principalmente, pela urina do recém-nascido ictérico em fototerapia, sem a necessidade de conjugação. - Fotooxidação Em ambiente aeróbico uma pequena parte da molécula ativa de bilirrubina sofre processo de oxidação, levando à produção de complexos pirólicos, solúveis em água e excretados na urina. A contribuição quantitativa da fotooxidação para a diminuição dos níveis séricos de bilirrubina ainda não está totalmente determinada. Entretanto, parece que sua contribuição é pequena. Exangüineotransfusão O objetivo principal da exangüineotransfusão é remover o excesso de bilirrubina, prevenindo, desta maneira, seus efeitos tóxicos. Com esta técnica, cerca de 85% das hemácias circulantes são substituídas quando o volume de sangue trocado equivale a duas vezes a volemia do recémnascido (80ml/kg). Geralmente, a concentração sérica de bilirrubina 32 é reduzida em 50%. Apesar de ser um procedimento relativamente seguro, em mãos experientes, a mortalidade gira em torno de 1%. As complicações de exangüineotransfusão incluem, entre outras, o trombo-embolismo, enterite necrosante, perfuração vascular, hemorragias, distúrbios eletrolíticos, metabólicos e ácidos-básicos e infecção50. As indicações de exangüineotransfusão devem ser individualizadas e sempre baseadas em julgamento clínico global do paciente ictérico. De um modo geral, existem dois tipos de indicações de exangüineotransfusão: uma precoce e outra dita tardia. - Exangüineotransfusão precoce: Os critérios para indicação de exangüineotransfusão precoce incluem hemoglobina no cordão menor do que 12mg%, bilirrubina no sangue do cordão acima de 4mg% e uma velocidade de ascensão nos níveis séricos de bilirrubina superior a 0,5mg% por hora50. Com freqüência estes recém-nascidos encontram-se hidrópicos e anêmicos. Podem, ainda, apresentar-se hemodinamicamente instáveis e em insuficiência cardíaca. Convém salientar que, apesar da anemia, estes pacientes não estão hipovolêmicos, portanto, a realização de exangüineotransfusão com duas volemias pode agravar a sua instabilidade cardiocirculatória. Em nosso serviço, diante de isoimunização grave em recém-nascidos hidrópicos e anêmicos, temos optado por uma terapia anticongestiva agressiva (diurético, aminas cardiotônicas e, quando necessário, digitalização) antes de procedermos à exangüineotransfusão. Uma vez o paciente estável, realizamos exangüineotransfusão com apenas uma volemia e utilizando sangue com hematócrito alto (geralmente em torno de 65%). Oito a doze horas após, com o paciente já mais estável e menos anêmico, realizamos uma segunda exangüineotransfusão (agora com duas volemias de sangue total). A administração de albumina antes da exangüineotransfusão, com o intuito de aumentar a remoção da bilirrubina circulante, é controversa, e nós não a utilizamos em nosso serviço. - Exangüineotransfusão tardia Geralmente é baseada no nível sérico de bilirrubina. Entretanto, o nível sérico pré-determinado de bilirrubina não deve ser analisado isoladamente. Segundo Watchko e Oski, nós hoje sofremos de uma paranóia chamada vigintifobia (medo do vinte). Em seu artigo, magistralmente escrito e publicado em l983, no Pediatrics, eles demonstram que não existem bases científicas para se preconizar a exangüineotransfusão em recém-nascidos a termo e sem evidência de hemólise, simplesmente com base num nível sérico de bilirrubina de 20mg%. O uso da concentração sérica de bilirrubina de 20mg% como indicador de exangüineotransfusão começou no início da década de 1950 através de estudos realizados em recém-nascidos com doença hemolítica por incompatibilidade de Rh. A partir daí, foi extrapolado para 33 recémnascidos sem doença hemolítica. Existe um consenso geral na literatura de que recémnascidos a termo com doença hemolítica por incompatibilidade de Rh ou outra forma de anemia hemolítica apresentam risco de desenvolverem kernicterus quando a concentração de bilirrubina excede a 20mg%. Entretanto, apesar da falta de evidência científica, recém- nascidos ictéricos a termo e sem doença hemolítica (Rh ou ABO) são também submetidos à exsangüíneotransfusão quando o nível sérico de bilirrubina atinge a 20mg%. A indicação de exangüineotransfusão com níveis de bilirrubina de 20mg% em recém-nascidos sem doença hemolítica se estabeleceu e se arraigou na prática clinica do pediatra através do uso rotineiro. É extremamente difícil mudar essa rotina hospitalar. IDENTIFICAR A IMPORTÂNCIA DA REALIZAÇÃO DA TRIAGEM NEONATAL. Programa Nacional de Triagem Neonatal – PNTN É um programa de rastreamento populacional que tem como objetivo geral identificar distúrbios e doenças no recém- nascido, em tempo oportuno, para intervenção adequada, garantindo tratamento e acompanhamento contínuo às pessoas com diagnóstico positivo, com vistas a reduzir a morbimortalidade e melhorar a qualidade de vida das pessoas. A missão é promover, implantar e implementar a triagem neonatal no âmbito do SUS, visando ao acesso universal, integral e equânime, com foco na prevenção, na intervenção precoce e no acompanhamento permanente das pessoas com as doenças do Programa Nacional de Triagem Neonatal. Legislação O Estatuto da Criança e do Adolescente, no inciso III, do Art. 10, da Lei n.º 8.069, de 13 de julho de 1990, estabeleceu que: [...] Os hospitais e demais estabelecimentos de atenção à saúde de gestantes, públicos e particulares, são obrigados a [...] proceder a exames visando ao diagnóstico e terapêutica de anormalidades no metabolismo do recém-nascido, bem como prestar orientação aos pais [...]. A Portaria GM/MS nº 822, de 6 de junho de 2001, instituiu, no âmbito do Sistema Único de Saúde – SUS, o PNTN, que estabelece ações de triagem neonatal em fase pré-sintomática em todos os nascidos vivos, acompanhamento e tratamento das crianças detectadas nas redes de atenção do SUS. As doenças que integraram o PNTN naquele momento foram: fenilcetonúria, hipotireoidismo congênito, doença falciforme e outras hemoglobinopatias e fibrose cística. A Portaria GM/MS nº 2.829, de 14 de dezembro de 2012, incluiu a triagem neonatal para hiperplasia adrenal congênita e deficiência de biotinidase no escopo do programa. 34 Está em fase de avaliação, pelo Ministério da Saúde, a proposta de reformulação do PNTN, para a inclusão de triagens clínicas: Triagem Neonatal Ocular - TNO, Teste do Reflexo-Vermelho “teste do olhinho”; Triagem Neonatal Auditiva-TNA “teste da orelhinha”; e Triagem da Cardiopatia Congênita “teste do coraçãozinho”. O aperfeiçoamento e adoção de modelo de gestão que assegure ao usuário o acesso universal, igualitário, equânime e ordenado às ações e serviços de saúde do SUS foram definidos pelo Decreto nº 7.508/2011. Esse Decreto regulamenta a Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990, e dispõe sobre a organização do SUS, o planejamento da saúde, a atenção à saúde e a 10 articulação interfederativa. A política deve orientar a gestão da triagem neonatal de forma integrada entre as esferas de gestão (Municípios, Unidades Federadas e União) para que possa ser implementada integralmente, articulada às políticas intersetoriais. O Ministério da Saúde tem concentrado esforços na implantação de redes temáticas e no fortalecimento da atenção básica, por entender que as Redes de Atenção à Saúde (RAS), em especial as Redes Cegonha e de Cuidados à Pessoa com Deficiência, representam um avanço na organização do SUS e em seus resultados. A integralidade da atenção só pode ser amplamente conquistada a partir das RAS nos diversos territórios. Sabemos que a triagem neonatal, conhecida como “teste do pezinho”, já é socialmente reconhecida como uma efetiva ferramento de prevenção a saúde, e tem a Atenção Básica como porta de entrada no Sistema de Saúde. Conceito de Triagem Neonatal O termo triagem origina-se do vocábulo francês triage que significa seleção. Em saúde pública, triar significa identificar, em uma população assintomática, os indivíduos que estão sob risco de desenvolver determinada doença ou distúrbio e que se beneficiariam de investigação adicional, ação preventiva ou terapêutica imediatas. O procedimento de triagem deve ser capaz de alterar a história natural da doença em uma parcela significativa da população elegível. A partir da identificação por testes específicos, pode-se iniciar o tratamento adequado visando minimizar riscos ou complicações advindas da condição identificada. Ao aplicarmos a definição de Triagem Neonatal, estamos realizando essa metodologia de rastreamento, especificamente na população com idade de 0 a 28 dias de vida. A triagem neonatal a partir da matriz biológica, “teste do pezinho”, é um conjunto de ações preventivas, responsável por identificar precocemente indivíduos com doenças metabólicas, genéticas, enzimáticas e endocrinológicas, para que estes 35 possam ser tratados em tempo oportuno, evitando as sequelas e até mesmo a morte. Além disso, propõe o gerenciamento dos casos positivos por meio de monitoramento e acompanhamento da criança durante o processo de tratamento. Etapas da Triagem Neonatal A triagem neonatal contempla o diagnóstico presuntivo, o diagnóstico de certeza, o tratamento, o acompanhamento dos casos diagnosticados e a incorporação e uso de tecnologias voltadas para a promoção, prevenção e cuidado integral. ► O diagnóstico presuntivo em triagem neonatal refere-se à interpretação de correlações clínicas e/ou clínico- laboratoriais, indicando impressão, suspeita ou probabilidade, obtidas por utilização unicamente dos testes de triagem conforme protocolos técnicos estabelecidos para os distúrbios ou doenças específicas; ► O diagnóstico definitivo ou de certeza refere-se à constatação da presença do distúrbio ou doença, nos casos previamente suspeitos à triagem, por meio de testes confirmatórios e/ou avaliação clínica; ► A melhoria da efetividade do acesso ao tratamento e acompanhamento dos casos diagnosticados, obtidos com as ações operacionais de monitoramento e acompanhamento das pessoas com diagnóstico positivo, incluem a busca ativa para a recoleta, reteste, reavaliação, agendamento de consultas e acompanhamento de comparecimento; ► A incorporação e uso de tecnologias voltadas para a promoção, prevenção e cuidado integral nas Redes de Atenção à Saúde (RAS), incluindo tratamento medicamentoso e fórmulas nutricionais quando indicados no âmbito do SUS, devem ser resultado das recomendações formuladas por órgãos governamentais, a partir do processo de avaliação e aprovação pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (CONITEC) e Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) do Ministério da Saúde. As ações do PNTN devem ser articuladas entre o Ministério da Saúde, Secretarias de Saúde dos Estados, Municípios, Distrito Federal e Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEI). Os entes federativos organizam os fluxos da triagem neonatal, incluindo-os nas Redes de Atenção à Saúde do SUS e os integram aos componentes: Atenção Básica, Atenção Especializada e Maternidades. Os níveis de atenção estão articulados entre si, de forma a garantir a integralidade do cuidado e o acesso regulado a cada ponto de atenção e/ou aos serviços de apoio, observadas as especificidades inerentes e indispensáveis à garantia da equidade na atenção às pessoas com diagnóstico positivo na triagem neonatal. 36 Orientações Gerais Cabe à equipe de enfermagem da maternidade, das casas de parto, das Casas de Saúde do Índio (CASAI) e das Equipes Multidisciplinares de Saúde Indígena (EMSI) alertar e orientar a puérpera e familiares sobre a necessidade de realização do teste de triagem neonatal no ponto de coleta da Atenção Básica adstrito à sua residência, quando a coleta não for realizada naquele local. Na atenção ao pré-natal, cabe esclarecer e orientar a população e a gestante sobre como e onde realizar o “teste do pezinho”, de acordo com a rede de coleta organizada em seu estado, preconizando a necessidade dessa ser realizada até o 5º dia de vida do bebê. É necessário orientar a família a respeito da importância do exame e informar que eles têm direito aos resultados. Estes deverão ser apresentados ao pediatra, que fará a transcrição na caderneta de saúde da criança, documento importante para acompanhar a saúde, o crescimento e o desenvolvimento, do nascimento até os nove (09) anos de idade. RECONHECER A IMPORTÂNCIA DO ESTABELECIMENTO DO VÍNCULO MÃE-FILHO & RECONHECER A IMPORTÂNCIA DA FAMÍLIA, REDE DE APOIO PESSOAL (PAI DA CRIANÇA, AMIGOS E FAMILIARES) DA SOCIEDADE NO PROCESSO ANTERIOR E POSTERIOR AO PARTO, INCLUSIVE NA DIVISÃO DO TRABALHO DOMÉSTICO E CUIDADO COM O CONCEPTO (PESQUISA NACIONAL POR AMOSTRA DE DOMICÍLIOS CONTÍNUA -PNAD, CONTÍNUA – IBGE). IDENTIFICAR OS PROGRAMAS GOVERNAMENTAIS DE ATENÇÃO À SAÚDE PERINATAL E DE INCENTIVO AO VÍNCULO MÃE-CRIANÇA-FAMÍLIA. DISCUTIR A IMPORTÂNCIA DO ATENDIMENTO MULTIDISCIPLINAR INTEGRADO E A REDE DE ATENÇÃO PARA BOA CONDUÇÃO E INDIVIDUALIZAÇÃO DO PLANO DE CUIDADOS.
Compartilhar