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Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 1 MÓDULO DE: INTRODUÇÃO AOS ESTUDOS DE EAD AUTORIA: MARIA DA RESSURREIÇÃO COQUEIRO BORGES Copyright © 2008, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 2 Módulo de: Introdução aos Estudos de EAD Autoria: Maria da Ressurreição Coqueiro Borges Primeira edição: 2008 Todos os direitos desta edição reservados à ESAB – ESCOLA SUPERIOR ABERTA DO BRASIL LTDA http://www.esab.edu.br Av. Santa Leopoldina, nº 840/07 Bairro Itaparica – Vila Velha, ES CEP: 29102-040 Copyright © 2008, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 3 Apresentação O módulo de Introdução a Educação a Distância tem como objetivo apresentar uma contextualização dos aspectos que fazem parte deste novo modelo de educação e, de como as novas tecnologias da informação e da comunicação contribuíram para este impulso, trazendo, através da Internet, formas alternativas de geração e de disseminação do conhecimento, oferecendo possibilidades, quase inesgotáveis, para a aprendizagem. A Educação a Distância, via Internet, redefine substancialmente o papel do professor que agora assume posição diferenciada daquela conhecida historicamente, sendo pertinente que sua prática seja analisada, estudada e revisada. A emoção e o prazer que irão permear esta ação estarão refletidos em nossas conversas, ainda que on-line. Objetivo Compreender as transformações na aprendizagem na sociedade da informação; Possibilitar a aquisição de saberes/informações sobre as Novas Tecnologias da Informação e a Educação a Distância; Conhecer o postulado na LDB 9394/96 sobre Educação a Distância; Compreender a importância da modalidade de ensino EAD e a sua utilização, para a formação de profissionais da área; O papel do Tutor; Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 4 Contextualizar abordagens pedagógicas em EAD; Reconhecer, através de leituras específicas, o perfil do educador comprometido com a EAD; Estabelecer relações de construção de projetos nesta modalidade específica de ensino; Pontuar aspectos relacionados ao material didático; Construir um processo de avaliação específica para EAD. Ementa Histórico da EAD; LDB e EAD; Objetivos e Metas da EAD; Visão de Educação e Visão de educador; o perfil do educador de EAD; Metodologias educacionais em ambientes de aprendizagem; Avaliação em EAD; recursos educacionais; Sobre o Autor Mestrado em Educação pela Universidade São Marcos Pós-Graduação em Administração Escolar pela Universidade Salgado de Oliveira Filho Pós-Graduação em Psicopedagogia pela Parceria UVV/Universidade Estácio de Sá Pós-Graduação em Planejamento Educacional pela Universidade Salgado de Oliveira Filho Pós-Graduação em Supervisão Escolar pela Universidade Salgado de Oliveira Filho Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 5 Pós-Graduação em Tecnologia Educacional Aplicada ao Ensino de 1º Grau pela Associação Brasileira de Tecnologia Educacional Graduação em Pedagogia com Especialização em Orientação Educacional pela Universidade Federal do Maranhão Educadora de cursos de graduação na área pedagógica, professora de cursos de pós- graduação. Consultora educacional e palestrante motivacional e educacional. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 6 SUMÁRIO UNIDADE 1 .............................................................................................................................. 9 Sociedade do Conhecimento ................................................................................................ 9 UNIDADE 2 ............................................................................................................................ 14 O Computador na Educação ............................................................................................... 14 UNIDADE 3 ............................................................................................................................ 19 Educação e Aprendizagem ................................................................................................. 19 UNIDADE 4 ............................................................................................................................ 24 O que é Educação a Distância? .......................................................................................... 24 UNIDADE 5 ............................................................................................................................ 29 Histórico da Educação a Distância ...................................................................................... 29 UNIDADE 6 ............................................................................................................................ 35 O Que é Educação a Distância Mediada por Computador?................................................ 35 UNIDADE 7 ............................................................................................................................ 39 Fases da Educação a Distância .......................................................................................... 39 UNIDADE 8 ............................................................................................................................ 46 Políticas de EAD no Brasil .................................................................................................. 46 UNIDADE 9 ............................................................................................................................ 53 Viabilidade da EAD no Brasil: Aspectos Legais .................................................................. 53 UNIDADE 10 .......................................................................................................................... 59 Abordagem Comportamentalista ......................................................................................... 59 UNIDADE 11 .......................................................................................................................... 64 Do Presencial ao Virtual ...................................................................................................... 64 UNIDADE 12 .......................................................................................................................... 68 A Importância da Interação e Comunicação em EAD ......................................................... 68 UNIDADE 13 .......................................................................................................................... 72 Educação a Distância e Tecnologia de Comunicação ........................................................ 72 UNIDADE 14 .......................................................................................................................... 75 Revolução Tecnológica na Educação ................................................................................. 75 Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 7 UNIDADE 15 .......................................................................................................................... 79 Concepções sobre Aprendizado Cooperativo e Colaborativo ............................................. 79 UNIDADE 16 .......................................................................................................................... 83 A Emergência de Ambientes Virtuais de Aprendizagem ..................................................... 83 UNIDADE 17 ..........................................................................................................................89 Sobre o Moodle ................................................................................................................... 89 UNIDADE 18 .......................................................................................................................... 98 Projetos Pedagógicos em EAD ........................................................................................... 98 UNIDADE 19 ........................................................................................................................ 106 Equipe Multidisciplinar: Docentes, Tutores, Corpo Técnico-Administrativo....................... 106 UNIDADE 20 ........................................................................................................................ 110 Gestão, Estrutura e Funcionamento de Cursos em EAD .................................................. 110 UNIDADE 21 ........................................................................................................................ 115 Formas de Organização da Educação a Distância ........................................................... 115 UNIDADE 22 ........................................................................................................................ 122 Tipos de Cursos On-line.................................................................................................... 122 UNIDADE 23 ........................................................................................................................ 129 Aspectos Teóricos e Práticos da Tutoria ........................................................................... 129 UNIDADE 24 ........................................................................................................................ 135 Origem da Tutoria ............................................................................................................. 135 UNIDADE 25 ........................................................................................................................ 140 Ferramentas para Tutoria: Softwares ................................................................................ 140 UNIDADE 26 ........................................................................................................................ 147 Considerações relevantes no sistema de comunicação em EAD ..................................... 147 UNIDADE 27 ........................................................................................................................ 151 Métodos de Avaliação ....................................................................................................... 151 UNIDADE 28 ........................................................................................................................ 158 Aplicação de EAD como solução ...................................................................................... 158 UNIDADE 29 ........................................................................................................................ 165 Necessidade de aprender a aprender ............................................................................... 165 Caso Prático – Projeto REDIGIR....................................................................................... 166 UNIDADE 30 ........................................................................................................................ 170 Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 8 Tendências da Educação On-line a Médio e Longo Prazo ............................................... 170 GLOSSÁRIO ........................................................................................................................ 175 BIBLIOGRAFIA .................................................................................................................... 196 Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 9 UNIDADE 1 Objetivo: Contextualizar a Educação a Distância na Sociedade do Conhecimento e as transformações que ocorreram na aprendizagem. Sociedade do Conhecimento A expressão “sociedade da informação” passou a ser utilizada, nos últimos anos do século passado, com o intuito de substituir o conceito complexo de “sociedade pós-industrial” como forma de transmitir o conteúdo específico do “novo paradigma técnico-econômico”. As transformações técnicas, organizacionais e administrativas têm como fator-chave não mais os insumos baratos de energia, como eram na época da sociedade industrial. No mundo atual, o fator chave é a informação, propiciado pelos avanços da tecnologia da informação e comunicação (TICs). Segundo Castells (2000), esta sociedade pós-industrial ou “informacional”, está ligada à expansão e reestruturação do capitalismo desde a década de 80. As novas tecnologias e a ênfase na flexibilidade – ideia central das transformações organizacionais – têm permitido realizar com rapidez e eficiência os processos de desregulamentação, privatização e ruptura do modelo de contrato social, entre capital e trabalho, característico do capitalismo industrial. As transformações em direção à sociedade da informação, em estágio avançado na atualidade, constituem uma tendência dominante mesmo para economias menos industrializadas e definem um novo paradigma, o da tecnologia da informação, que expressa a essência da presente transformação tecnológica em suas relações com a economia e a sociedade. O foco sobre a tecnologia pode alimentar a visão ingênua de um determinismo tecnológico segundo o qual, as transformações em direção à sociedade da informação resultam da tecnologia, seguem uma lógica técnica e, portanto, neutra e estão fora da interferência de fatores sociais e políticos. Segundo Werthein (2000), nada mais equivocado: processos Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 10 sociais e transformação tecnológica resultam de uma interação complexa em que fatores sociais preexistentes, a criatividade, o espírito empreendedor e as condições da pesquisa científica, afetam o avanço tecnológico e suas aplicações sociais. Ainda segundo Werthein, uma das vantagens de se promover esta sociedade é porque este novo paradigma oferece a perspectiva de avanços significativos para a vida individual e coletiva, elevando o patamar dos conhecimentos gerados e utilizados na sociedade, oferecendo o estímulo para constante aprendizagem e mudança, e deslocando o eixo da atividade econômica em direção mais condizente com o respeito ao meio ambiente. Transformações da Aprendizagem na Sociedade da Informação Desde os tempos mais remotos, o homem busca conhecer para controlar e criar meios de domínio dos estágios primários da natureza, transformando-a para sua sobrevivência. Segundo Benakouche (2006), é esta busca pelo conhecimento que faz o diferencial entre o ser humano, ser racional e com habilidades específicas, e os demais seres vivos da natureza. A nova sociedade vem instaurando e modificando relações sociais, econômicas, políticas, culturais, éticas e morais. A comunicação mundial, por meio do uso das novas tecnologias, torna-se cada vez mais rápida e de fácil acesso, possibilitando aproximação e troca de informações entre os povos. No seio dessas transformações, contradições estão presentes e são propulsoraslimitadoras do avanço da humanidade. Abrimo-nos para a globalização, nos fechamos para preservarmos nossa identidade; aumenta nossa facilidade de comunicação com o mundo, diminui nossa comunicação com quem está mais próximo. Este avanço tecnológico faz com que hoje a indústria procure acompanhar o processo de globalização, tanto com o avanço em seus sistemas informativos, como em relação à própria automatização de seus serviços. Entretanto, ao mesmo tempo em que a tecnologia faz com Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil11 que a indústria se torne mais produtiva para competir no mercado, gera novas demandas de especialização, gera o desemprego. Na sociedade da informação a empresa passa a ter necessidade de um processo contínuo de ensino e aprendizagem. Outra característica do avanço tecnológico é a universalização da comunicação. As informações mais atualizadas podem estar à disposição de qualquer pessoa, em qualquer parte do mundo que conte com a infraestrutura necessária. A interatividade permite não só emitir ou receber informações, mas também dialogar, discutir e transmitir informações e conhecimentos, sem limite de distância ou de tempo. Entretanto, não podemos deixar de pontuar que este avanço, que pode parecer essencialmente positivo, tem aumentado as desigualdades, pois ainda é um sistema relativamente caro, tornando-se de difícil acesso para a maioria da população. Além disto, a informação que chega acelerada pode ser portadora de potencial não construtivo, pois pode servir de canal de divulgação da mediocridade e da superficialidade. As pessoas, dentro desta sociedade, precisam construir um “pensamento crítico” devido aos constantes “bombardeamentos” por informações. Inúmeras transformações afetaram nossa cultura, o modo de vida, os modos de produção, a educação, principalmente as instituições de aprendizagem. Tais instituições não apenas tiveram transformações em conteúdo, mas em práticas e metodologia. De uma educação formal com um detentor do saber intitulado “mestre” transmitir seus saberes aos totalmente leigos, seus discípulos, “alunos”, os tempos atuais sinalizam novos modos onde o conhecimento é disponibilizado em diferentes meios e a presença do “mestre”, midiatizada por materiais e tecnologias. Surge como alternativa a Educação a Distância como acesso ao conhecimento, mas sem a necessidade imediata e presente de um docente. A Educação a Distância é uma alternativa de acesso ao conhecimento para inúmeras pessoas, impossibilitadas, por diferentes razões, de participar da formação pelo modo presencial. A Educação a Distância cativa adeptos pela praticidade com relação à distribuição do tempo de estudo, e a possível flexibilidade de horários, incorporada com sucesso a educação de adultos. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 12 Apesar dos esforços envidados por várias instituições competentes em praticar uma Educação a Distância de qualidade ainda há resistência, com relação a esta modalidade, e questionamentos quanto a sua qualidade educacional. Os principais motivos da atual expansão da EAD, por todo mundo, são basicamente: O aumento da demanda por formação ou qualificação; A multiplicação de meios técnicos capazes de garantir materialmente a efetivação desse tipo de educação; A emergência de uma cultura que já não vê com muito estranhamento o estabelecimento de situações de interação envolvendo pessoas situadas em contextos locais distintos. Esse último ponto destaca-se como fundamental para se distinguir o momento atual dos anteriores. É a emergência de uma cultura virtual que vai dar à EAD um novo significado, um novo impulso. Certamente não foram as novas mídias que criaram a EAD, haja vista que ela já conta com uma longa história: do ensino por correspondência, passando pelo uso do rádio e da televisão, diferentes gerações de tecnologias têm sido colocadas à disposição da educação. A educação de qualidade não pode ser definida pela sua modalidade presencial ou a distância, mas pela demonstração dos educandos em adquirir conhecimento e a responsabilidade das instituições em promover ensino de qualidade, facilitando o acesso e ampliando geograficamente o alcance aos saberes. Educação com qualidade é sinônimo de responsabilidade cidadã e ética social, não necessariamente definida pela modalidade empregada, se presencial ou a distância. Muitas vezes, a EAD vem a ser a única oportunidade de educação para uma região ou indivíduo e, portanto, esta possibilidade educadora atinge aquele que por algum motivo foi excluído do acesso aos saberes. A possibilidade de inclusão educacional, por si, justifica e qualifica a educação a distância. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 13 Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 14 UNIDADE 2 Objetivo: O papel do computador na educação e os desafio das escolas contemporâneas. O Computador na Educação O computador, símbolo e principal instrumento do avanço tecnológico, não pode mais ser ignorado pela escola. No entanto, o desafio é colocar todo o potencial dessa tecnologia a serviço do aperfeiçoamento do processo educacional, aliando-a ao projeto da escola com o objetivo de preparar o futuro cidadão. Surgem então questões: como utilizar de forma inteligente o computador na educação? O uso inteligente está alicerçado em dois pontos: investimento no processo de aprendizagem e não apenas no ensino; e na priorização do conhecimento, ao invés de restringir-se apenas à informação. Existe uma inter-relação entre os conceitos: DADOS, INFORMAÇÃO, CONHECIMENTO E SABER. Segundo Davenport (1998), o “dado” é considerado matéria-prima para a informação. As “informações” são dados com significados. O “conhecimento é a informação mais valiosa (...) é valiosa precisamente porque alguém deu à informação um contexto, um significado, uma interpretação (...)”. O conhecimento pode então ser considerado como a informação processada pelos indivíduos. Tem como característica a subjetividade e sofre influência da variação do contexto social e organizacional. O “saber” é produzido na relação e interação com outros sujeitos, são informações que o sujeito se apropria objetivamente e socializa com outras pessoas. A informação se torna conhecimento, quando utilizada para: Fazer comparações entre fatos; Determinar consequências; Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 15 Estabelecer elos; Possibilitar a conversação. O conhecimento se torna saber quando o sujeito apresenta as seguintes características: Está em atividade; Mantém relação consigo mesmo; Trabalha sua autoestima; Estabelece relação com as outras pessoas, partilham, constroem e reconstroem o saber. Lembrando CONFÚCIO (551-479 A.C) O que eu ouço, eu ESQUEÇO, O que eu vejo, eu LEMBRO, O que eu faço, eu COMPREENDO. Desafios à Escola Contemporânea Nesta perspectiva, cabem reflexões sobre: um repensar a educação na era da informação e um pensar a escola na era da informação. O conhecimento só tem valor se tiver produtividade, se você souber o que fazer dele, em seu favor e em favor da sociedade. É importante pensarmos numa sociedade que vai além da informação e se torna sociedade do conhecimento. A escola hoje deve deixar de ser: Centrada na figura do professor; Privilegiar o conteúdo e acúmulo de informações; Apresentar função controladora; Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 16 Estimular a competitividade; Não estar atenta às diferenças individuais. A escola necessária é aquela que: Preocupa-se com o desenvolvimento das habilidades e competências; Preocupa-se com a diversidade multicultural; Incentiva a cooperação; Possibilita o acesso de saberes além do tradicional; Mantém relação com a comunidade; Mantém-se antenada com as novidades; Adota flexibilidade curricular; Preocupa-se com a qualidade dos processos; Apresenta possibilidades de reconstrução de novas organizações curriculares; Apresenta um projeto político pedagógico construído coletivamente. Preocupa-se com o sujeito pensante e interventor na realidade em que vive. Diante dessas necessidades de transformações, surgem para a escola algumas questões: Questão 1: Porque incorporaro computador à educação? De acordo com Ilma Veiga (1995), “a escola deve assumir a função de proporcionar as camadas populares, através de um ensino efetivo, instrumentos que lhes permitam conquistar melhores condições de participação cultural e política e reivindicação social.”. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 17 Para a autora Olinda Evangelista (1994), ”a reivindicação social deve exigir também da escola que seus alunos sejam preparados para participar da modernização científica e tecnológica, qualificando-os para novos padrões exigidos pelo mundo do trabalho.”. Questão 2: Como incorporar o computador na educação? É preciso estar conectado com as inovações e possibilidades de renovação no ambiente pedagógico, pois esta ferramenta pode ser utilizada apenas para ensinar ou ser utilizada como ferramenta de transformação, enriquecendo espaços de aprendizagem. Numa práxis Conservadora de aprendizagem, o computador é uma ferramenta para ensinar. Numa práxis Renovadora, o computador é uma ferramenta enriquecedora de saberes, nos processos pedagógicos. O computador é uma ferramenta que deve possibilitar a integração em ambientes informatizados de aprendizagem. Um ambiente informatizado de aprendizagem requer informação, tecnologia e agentes de aprendizagem. Deve possibilitar ao aluno a aquisição de conteúdos que são necessários para a sua formação, mas que também possibilite o desenvolvimento de novas habilidades para sua inserção e atuação no mercado de trabalho. A informática, por si só não é resolução dos problemas que se apresentam na educação, antes deste pensar, devemos estar conscientes de que os problemas sociais e pedagógicos que atormentam as escolas são bem maiores e anteriores aos tecnológicos ou da área da informática. É importante um pensar e repensar das práticas pedagógicas adotadas nas escolas. A escola precisa desenvolver procedimentos educacionais, onde o aluno, mediado pela ação do professor, constrói o conhecimento, age e cria possibilidades de mudanças sociais. Para que ocorram transformações, um novo olhar acerca do processo ensino-aprendizagem deve acontecer, o aluno não é mais mero receptor de conteúdos definidos pelo professor, mas é aquele que se relaciona e interage com o saber. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 18 O uso do computador por si só não é capaz de inserir mudanças radicais no processo ensinar e aprender com reflexão crítica e postura de decisões renovadoras. Entretanto, existem várias possibilidades e formas eficazes onde a aplicabilidade do uso do computador pode possibilitar uma aprendizagem mais ativa e significativa, integrada com outras ações pedagógicas. Para que o uso do computador tenha sucesso, não é preciso que se crie uma disciplina específica na área de informática, com professores de informática, mas o mesmo deve ser introduzido como ferramenta de trabalho acessível aos professores e alunos nos diversos componentes curriculares. A questão do uso da informática nas escolas é muito mais uma questão pedagógica, educacional do que de computadores. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 19 UNIDADE 3 Objetivo: Contextualizar relação entre a educação, aprendizagem e as tecnologias para a construção do conhecimento. Educação e Aprendizagem Existe uma conexão conceitual entre educação e aprendizagem: não há educação sem que ocorra aprendizagem. A aprendizagem, por seu lado, pode resultar de um processo "de fora para dentro" (como o ensino) ou de um processo gerado "de dentro para fora" (autoaprendizagem, ou aprendizagem não decorrente do ensino). Segundo Chaves (1999), tanto o ensino como a aprendizagem são conceitos moralmente neutros. Podemos ensinar e aprender tanto coisas valiosas como coisas sem valor ou mesmo nocivas. A educação, porém, não é um conceito moralmente neutro. Educar (alguém ou a si próprio) é, por definição, fazer algo que é considerado moralmente correto e valioso. A aprendizagem é um processo que ocorre dentro do indivíduo. Mesmo quando a aprendizagem é decorrente de um processo bem-sucedido de ensino, ela ocorre dentro do indivíduo, e o mesmo ensino que pode resultar em aprendizagem em algumas pessoas pode ser totalmente ineficaz em relação a outras. Paulo Freire, em Pedagogia do Oprimido, afirma que "ninguém educa ninguém" – embora acrescente que ninguém se educa sozinho. Segundo essa visão, a educação, como a aprendizagem, de que ela depende, é um processo que ocorre dentro do indivíduo, e, que, portanto, só pode ser gerado pela própria pessoa. O ensino (presencial ou a distância) é uma atividade triádica que envolve três componentes: aquele que ensina (o ensinante), aquele a quem se ensina (vamos chamá-lo de aprendente), e aquilo que o primeiro ensina ao segundo (digamos um conteúdo). EAD, no sentido fundamental da expressão, é o ensino que ocorre quando o ensinante e o aprendente (aquele a quem se ensina) estão separados (no tempo ou no espaço). No Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 20 sentido que a expressão assume hoje (vamos chamá-lo de sentido atual), enfatiza-se mais (ou apenas) a distância no espaço e se propõe que ela seja contornada através do uso de tecnologias de telecomunicação e de transmissão de dados, voz (sons) e imagens (incluindo dinâmicas, isto é, televisão ou vídeo). Ressaltando que todas essas tecnologias, hoje, convergem para o computador. Educação e Tecnologia na Construção do Conhecimento: Desafios Aqui vamos iniciar uma reflexão elaborada por Peña (2003), sobre a relação do homem e a construção do conhecimento, para posteriormente relatar uma experiência sobre os modos de conceber o ensinar e o aprender na escola de hoje. A nova sociedade do conhecimento traz grandes desafios aos educadores da atualidade: como tratar o conhecimento na escola na perspectiva que hoje se impõe: a da interatividade, a não linearidade e a inclusão? Como conceber o ensinar e o aprender nessa perspectiva? Esses desafios nos conduz a repensar não só o conteúdo da disciplina, mas a forma, já que se tem a necessidade de tentar vivenciar o discurso pedagógico posto para o aluno em um novo ambiente - ambiente virtual. Outra questão é o fato de que na interação com o aluno a distância exige que nossas concepções de ensino sejam repensadas, já que estão voltadas para atender o aluno de forma presencial. Significa reconceber a interação professor-aluno e o material didático a ser utilizado. Como estamos falando em educação e construção do conhecimento, a abordagem construtivista de ensino é a mais adequada, pois significa possibilitar os processos de interação na construção dos significados a serem partilhados entre professor e aluno e entre estes. A construção do conhecimento nessa perspectiva pedagógica solicita: a parceria, na discussão de ideias, respeito à comparação de informação e aos dissensos entre ideias e conceitos, negociação de significados, revisão das conclusões iniciais e aplicação do novo conhecimento. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 21 Outro grande desafio é a limitação de ordem técnica, no que diz respeito à falta de habilidade que as pessoas manifestam com a utilização do computador, bem como os entraves que se encontra para disponibilizar recursos didático-pedagógicos no ambiente, dificultando a viabilização de aspectos pedagógicos importantes que poderiam emergir de diversos recursos didáticos, como a utilização das imagens de vídeo. Quanto ao modo de ensinar e aprender, uma das estratégias utilizadas para desencadear a interação entre professores e alunos e entre estes e o docente são questões problematizadoras, extraídas de textos disponibilizados no ambiente fórum. As questões provocaram e desencadearam discussões e argumentaçõesdos alunos, levando-nos a confirmar o significado do texto e do contexto utilizado para ser trabalhado o fórum de discussão. Sob o ponto de vista pedagógico, o acompanhamento dessas atividades é sempre muito interessante, uma vez que permite analisar as interações realizadas, pois ficam armazenadas. Nesse sentido, podemos dizer que, dada a incidência das respostas observadas nos registros, para a maioria dos alunos, o texto que disponibilizamos e as questões decorrentes foram significativas, algumas se caracterizaram como reflexões profundas, dando formato a novos textos, os quais em rede serviram de pretexto a outros tantos textos. As proposições ligadas "ao uso de novas tecnologias residem na capacidade dessas tecnologias de oferecer ao aprendiz a oportunidade de agir sobre seus próprios conhecimentos, de interagir com o meio e de dialogar com os outros" (Depover in: Alava 2002, p. 154). O ambiente de trabalho virtual se configura como um espaço de comunicação e mediatização propício para desencadear a cooperação entre docente e professor-aluno numa dinâmica de interação entre as pessoas e os conteúdos, culturalmente selecionados para esse fim. A dinâmica permite um leque de possibilidades tanto de articulação pedagógica quanto a tecnológica em ambiente virtual, pode ser mais bem explorada. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 22 Nesse sentido, a Educação a Distância toma como referência a atividade construtiva do educando, que é constituída de um sistema de interações mediado pelo professor, pelos conteúdos, pelos estudantes e pelo próprio contexto sociocultural no qual a atividade é produzida (Sigalés, 2001). Essa interação determinará a qualidade do processo de ensino- aprendizagem. A educação passa por um novo marco cultural. A educação a distância exige a familiarização com as novas tecnologias da comunicação e informação, nem sempre acessível aos professores e alunos, um novo paradigma de educação e ensino que requer da profissão docente apoio para implementar as suas práticas às novas tecnologias. Devemos levar em consideração que a inserção das novas tecnologias nas metodologias de ensino deve pressupor uma didática voltada para o sentido colaborativo e o desenvolvimento da autonomia do aprendiz. Uma destas novas tecnologias é a internet que, através da facilidade de acesso possibilitou este novo modo de ensinar e aprender. Segundo Moran (2006), a Internet nos ajuda, mas ela sozinha não dá conta da complexidade do aprender. Ele acredita no uso da Internet na educação, fundamentando seu pensamento na "interação humana", de forma colaborativa, entre alunos e professores. A tecnologia é tão somente um "grande apoio", uma âncora, indispensável à embarcação, mas não é ela que a faz flutuar ou evita o naufrágio. "A Internet traz saídas e levanta problemas, como por exemplo, saber de que maneira gerenciar essa grande quantidade de informação com qualidade" insiste. A questão fundamental prevalece sendo "interação humana", de forma colaborativa, entre alunos e professores. Continua a caber ao professor dois papéis: "ajudar na aprendizagem de conteúdos e ser um elo para uma compreensão maior da vida". Se o horizonte é o mesmo, os ventos mudaram de direção. A novidade é que "hoje temos a possibilidade de os alunos participarem de ambientes virtuais de aprendizagem". O grande desafio é "motivá-los a continuar aprendendo quando não estão em sala de aula". Numa sociedade inundada pela informação em consequência das tecnologias da informação e da comunicação podemos correr o risco de desenvolver práticas educativas voltadas mais Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 23 para a informação do que para o conhecimento. Devemos estar atentos para práticas de ensino que possam possibilitar a transformação da informação em conhecimento. Se essa premissa está sendo muito discutida pelos educadores há algum tempo, mesmo antes de se pensar o ensino virtual, hoje ela se configura como uma questão essencial para a contribuição e aperfeiçoamento da profissão docente. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 24 UNIDADE 4 Objetivo: Conceituar Educação a Distância e suas vantagens. O que é Educação a Distância? Inicialmente o conceito de educação a distância era definido pelo que ela não era ,isso se deve ao fato da demora em esta forma de educação se firmar. Tinham como referencial a educação presencial, também denominada educação convencional, direta ou face a face, onde o professor, presente em sala de aula, é a figura central. No entanto, estudos mais recentes apontam para uma conceituação, se não homogênea, mais precisa do que é educação a distância. Walter Perry e Greville Rumble (1987) afirmam que a característica básica da educação a distância é o estabelecimento de uma comunicação de dupla via, na medida em que professor e aluno não se encontram juntos na mesma sala, requisitando, assim, meios que possibilitem a comunicação entre ambos como correspondência postal, correspondência eletrônica, telefone ou telex, rádio, "modem", videodisco controlado por computador, televisão apoiada em meios abertos de dupla comunicação, etc. Afirmam, também, que há muitas denominações utilizadas correntemente para descrever a educação a distância, como: estudo aberto, educação não tradicional estudo externo, extensão, estudo por contrato, estudo experimental. Contudo, nenhuma dessas denominações serve para descrever com exatidão educação a distância; são termos genéricos que, em certas ocasiões, incluem-na, mas não representam somente a modalidade a distância. Para exemplificar: um livro ou fascículo, desses que se intitulam "faça você mesmo"; um texto isolado de instrução programada; uma programação isolada de rádio; não são formas de educação a distância. Esta pressupõe um processo educativo sistemático e organizado que exige não somente a dupla via de comunicação, como também a instauração de um Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 25 processo continuado, onde os meios ou os multimeios devem estar presentes na estratégia de comunicação. A escolha de determinado meio ou multimeios vem em razão do tipo de público, custos operacionais e, principalmente, eficácia para a transmissão, recepção, transformação e criação do processo educativo. Desmond Keegan (2007) afirma que o termo genérico de educação a distância inclui um conjunto de estratégias educativas referenciadas por: educação por correspondência, utilizado no Reino Unido; estudo em casa (home study), nos Estados Unidos; estudos externos (external studies), na Austrália; ensino a distância, na Open University do Reino Unido. E, também, téléenseignement, em francês; Fernstudium/Fernunterricht, em alemão; educación à distância, em espanhol; e teleducação, em português. Em português, é bom lembrar, educação a distância, ensino a distância e teleducação são termos utilizados para expressar o mesmo processo real. Contudo, algumas pessoas ainda confundem teleducação como sendo somente educação por televisão, esquecendo que tele vem do grego, que significa ao longe ou, no nosso caso, a distância. Abaixo, são apresentados conceitos de EAD, segundo alguns autores: G. Dohmem (1967) - Educação a distância (Ferstudium) ”é uma forma sistematicamente organizada de autoestudo onde o aluno se instrui a partir do material de estudo apresentado, onde o acompanhamento e a supervisão do sucesso do estudante são levados a cabo por um grupo de professores. Isto é possível de ser feito a distância através da aplicação de meios de comunicação capazes de vencer longas distâncias.” O oposto de "educação a distância" é a "educação direta" ou "educação face a face": um tipo de educação que tem lugar com o contato direto entre professores e estudantes. O. Peters(1973) - Educação/ensino a distância (Fernunterricht) é um método racional de partilhar conhecimento, habilidades e atitudes, através da aplicação da divisão do trabalho e de princípios organizacionais, tanto quanto pelo uso extensivo de meios de comunicação, especialmente para o propósito de reproduzir materiais técnicos de alta qualidade, os quais tornam possível instruir um grande número de estudantes ao mesmo tempo, enquanto esses materiais durarem. É uma forma industrializada de ensinar e aprender. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 26 M. Moore (1973) - Ensino a distância pode ser definido como a família de métodos instrucionais onde as ações dos professores são executadas a parte das ações dos alunos, incluindo aquelas situações continuadas que podem ser feitas na presença dos estudantes. Porém, a comunicação entre o professor e o aluno deve ser facilitada por meios impressos, eletrônicos, mecânicos ou outros. B. Holmberg (1977) - O termo "educação a distância" esconde-se sob várias formas de estudo, nos vários níveis que não estão sob a contínua e imediata supervisão de tutores presentes com seus alunos nas salas de leitura ou no mesmo local. A educação a distância se beneficia do planejamento, direção e instrução da organização do ensino. Keegan (1991) sumariza os elementos que considera centrais dos conceitos acima enunciados: Separação física entre professor e aluno, que a distingue do ensino presencial; Influência da organização educacional (planejamento, sistematização, plano, projeto, organização dirigida, etc.), que a diferencia da educação individual; Utilização de meios técnicos de comunicação, usualmente impressos, para unir o professor ao aluno e transmitir os conteúdos educativos; Previsão de uma comunicação de mão dupla, onde o estudante se beneficia de um diálogo, e da possibilidade de iniciativas de dupla via; possibilidade de encontros ocasionais com propósitos didáticos e de socialização; Diante dos elementos citados acima, a diferença com relação à educação regular consiste na mediatização das relações entre docentes e alunos. De modo essencial, substitui a proposta de assistência regular à aula por uma nova proposta na qual os docentes ensinam e os alunos aprendem mediante situações não convencionais, em espaços e tempos não compartilhados. As relações são estabelecidas pelo fato dos docentes e alunos estarem conectados por tecnologias como a internet, ou mesmo, correio, radio, TV, vídeo, CD-ROM, fax, entre outras. As tecnologias interativas estão evidenciando o cerne do processo de Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 27 educação sendo a interação e interlocução entre todos que estão no processo de comunicação virtual. O ensino e aprendizagem on-line são processos mediados por computador, e que implicam uma conexão com um sistema ou rede de computadores, sendo capaz de transportar informações de um computador para uma pessoa ou entre pessoas, como troca de informação entre pessoas e computadores. Com uma comunicação mais rápida, intensa e eficiente, tem-se a possibilidade de redimensionar os processos usuais de EAD atingindo o propósito pedagógico de intensificar o conhecimento da aprendizagem através de uma interação entre professor e alunos, e entre pares. O desenvolvimento de tal modalidade nos últimos anos serviu para implementar os mais diversos projetos educacionais e as mais complexas situações: cursos para o ensino profissionalizante, capacitação para o trabalho ou divulgação científica, alfabetização, estudos formais em todos os níveis e campos do sistema educacional. As vantagens da Educação a Distância? A EAD é caracterizada pela sua flexibilidade, pois possui múltiplas possibilidades em seus projetos educacionais, estes não obedecem a um modelo rígido, mas exigem organização que permita ajustar de forma permanente as estratégias desenvolvidas a partir da retroalimentação provida pelas avaliações parciais do projeto. Alia-se, também, a multiplicidade de recursos pedagógicos com o objetivo de facilitar a construção do conhecimento. Sendo assim, são objetivos da EAD: Aumentar o acesso ao conhecimento diminuindo barreiras geográficas (atendimento simultâneo de alunos em qualquer lugar no Brasil ou no exterior); Facilitar o estudo flexibilizando o local e o horário das aulas; Possibilitar a aprendizagem por demanda, atendendo especificidades institucionais; Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 28 Aprimorar as possibilidades de desenvolvimento do material educacional, por meio de equipe multidisciplinar de especialistas; Formar comunidades de aprendizagem; Utilizar diferentes estratégias pedagógicas, atendendo a diferentes perfis e necessidades de desenvolvimento de competências; Reduzir custos em até 50% em relação a capacitações presenciais; Auxiliar no processo de gestão do conhecimento, por meio do desenvolvimento de objetos de aprendizagem e do conhecimento explícito e tácito. Além dos objetivos didático-pedagógicos, é importante destacar que os aspectos organizacionais e administrativos devem ser eficientes, no sentido de oferecer: ágeis mecanismos de inscrição, eficiência na distribuição dos materiais de estudo, informação precisa, eliminando barreiras burocráticas do ensino convencional, atenção e orientação aos alunos no período inicial e transcurso, tudo graças à flexibilidade do ensino a distância. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 29 UNIDADE 5 Objetivo: Relatar o histórico da educação a distância com suas dificuldades. Histórico da Educação a Distância Moore e Kearsley (1996) apud Rodrigues, afirmam que o conceito fundamental da Educação a Distância é simples: alunos e professores estão separados pela distância e algumas vezes, também, pelo tempo. Partindo desta premissa, pode-se afirmar que a EAD está vinculada à mídia, ao meio de comunicação. Tem-se então uma linha histórica que descreve o início da EAD a partir da escrita. Já que é a primeira alternativa que permitiu as pessoas comunicarem-se sem estarem face a face, devido a isto, Landim (1997) sugere que as mensagens trocadas pelos cristãos, para difundir a palavra de Deus, são a origem da comunicação educativa, por intermédio da escrita, com o objetivo de propiciar aprendizagem a discípulos fisicamente. Alves (1994) compartilha, em parte, da opinião de Landim, ao defender a tese que a Educação a Distância iniciou com a invenção da imprensa, porque antes de Guttenberg "os livros, copiados manualmente, eram caríssimos e, portanto inacessíveis à plebe, razão pela qual os mestres eram tratados como integrantes da Corte. Detinham o conhecimento, ou melhor, os documentos escritos, que eram desde o século V a.C. feitos pelos escribas." Contextualizando a Educação a Distância (EAD) a partir da estratégia desenvolvida por sistemas educativos, temos em seu propósito oferecer Educação a setores ou grupos da população que, por razões diversas, têm dificuldade de acesso a serviços educativos regulares. A ideia é possibilitar professor e aluno, que estão separados no espaço e/ ou tempo, o aprendizado, que Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 30 neste cenário, é realizado mais intensamente pelo aluno do que pelo instrutor distante. Aqui a comunicação entre alunos e professores é mediada por documentos impressos ou alguma forma de tecnologia. Embora a tecnologia seja uma parte importante da EAD, qualquer programa bem- sucedido deve focalizar mais as necessidades instrucionais dos alunos do que na própria tecnologia. Devem ser considerados, por exemplo, a idade, a base cultural e socioeconômica, os interesses e experiências, o nível de escolaridade e a familiaridade dos alunos com os métodos de EAD. No finaldo século XIX instituições particulares nos EUA e Europa ofereciam cursos por correspondência destinados ao ensino de temas e problemas vinculados aos ofícios de pouco valor acadêmico. Esta origem é a provável identificação da apreciação negativa fixada na educação a distância. O fato de ter se transformado em segunda chance de estudos para pessoas que fracassaram na infância ou juventude não evitou a depreciação. Cita-se como primeira experiência em educação a distância um curso de contabilidade, criado em 1833, na Suécia. Na Inglaterra, 1840/1843 foi criada a Phonografic Correspondence Society, primeiros cursos por correspondência na Europa. Em 1856 ocorreram as primeiras práticas na Alemanha e em 1874, nos Estados Unidos. Em 1892, a Universidade de Chicago criou um curso por correspondência, incorporando os estudos da modalidade à universidade. No início da década de XX outras instituições, como a Calvert (Baltimore) desenvolveu cursos para a escola primária. Em 1930, foram identificadas 30 universidades norte-americanas que ofertavam cursos a distância. Na década de 60, com a criação de universidades a distância foram superados muitos preconceitos com relação à modalidade. Um marco importante foi a criação da norte americana Wisconsin. A Open University (Universidade Aberta da Grã Bretanha) trouxe um desenho complexo utilizando meios impressos, televisão e cursos intensivos em períodos de recesso da educação convencional, transformando-se em modelo de educação a distância e competitividade com os cursos presenciais. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 31 Na Europa foi criada a Fern Universitat (Alemanha) e a Universidade Nacional de Educação a Distância (Espanha) com propostas atrativas na graduação, pós-graduação, contando, inclusive com uma parcela expressiva em pós-graduação de alunos latino-americanos. Na America Latina, nos idos da década de 60, adotando o padrão inglês de produção e implementação foi criada a Universidade Aberta da Venezuela e a Universidade Estadual a Distância da Costa Rica. Neste momento, ocorre a mudança substancial da proposta inicial de cursos por correspondência. Foram criadas, também: Universidade Autônoma do México, Sistema de Educação a Distancia da Universidade de Honduras e o Pedagógico Nacional, e os Programas de Educação a Distancia da Universidade de Buenos Aires e Escolas Radiofônicas de Sutatenza (Colômbia). Hoje, o desenvolvimento crescente da modalidade nos diferentes níveis de ensino, demonstra as excelentes possibilidades da modalidade a distância para a educação permanente. Um segmento importante, na atualidade, é a oferta de cursos ministrados pelas diferentes associações profissionais ou relacionados aos sindicatos, meios de comunicação ou entidades comerciais, respondendo as diferentes demandas dos diferentes profissionais, dando credibilidade e gerando ampla oferta, a educação a distância coorporativa. O segmento de educação superior e pós-graduação apresentam indicadores de crescimento da adesão à modalidade pelo mundo. Hoje, a educação a distância na Espanha é fundamentalmente a educação superior a distância, de nível universitário. Na Espanha, a instituição mais importante nesse sentido é a Universidade Nacional de Educação a Distância. Uma universidade pública, que existe desde 1973 e depende diretamente do Ministério da Educação espanhol. Tem mais de 140 mil alunos, e há mais de 200 mil pessoas que já se formaram por essa universidade. É uma das duas ou três grandes universidades de educação a distância do mundo. É uma instituição bem reconhecida e contribui muito, na Espanha, para apagar o preconceito que existia na época contra a educação a distância. Hoje, a sociedade espanhola reconhece que as pessoas formadas no sistema espanhol de educação a distância são profissionais tão competentes quanto aqueles que se formaram nas universidades convencionais. (CORDERO, Jesús Martin depoimento in www.uned.es. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 32 Educação a Distância no Brasil A educação a distância no Brasil, em 1891, ocorreu através da oferta de um curso de datilografia por correspondência publicada no Jornal do Brasil em sua edição de classificados, mas o marco inicial desta modalidade no país foi a implantação das “Escolas Internacionais”, representando organizações norte-americanas interessadas no que parecia um novo e promissor mercado. Contudo, a precariedade do serviço postal brasileiro e a importância social quase nula atribuída ao ensino a distância fizeram com que a iniciativa não fosse em frente. Em 1923, Edgar Roquete Pinto e Henry Morize fundaram a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro dando início aos programas radiofônicos educativos. E em 1937 o Ministério da Educação e Saúde criou o Serviço de Radiodifusão Educativa, sob influência da ditadura de Getulio Vargas. Com a fundação do Instituto Rádio Monitor em 1939, que mantinha cursos por correspondência no campo da eletrônica, e depois o Instituto Universal Brasileiro em 1941, que buscava a formação profissional de nível básico e médio, deu-se início as primeiras experiências, de uma série futura de empreendimentos, iniciadas e levadas ao relativo sucesso. Ambos existem até hoje e já capacitaram milhões de brasileiros nas profissões mais simples. Em 1943, a Escola Rádio-Postal “A Voz da Profecia” oferecia, com apoio da Igreja Adventista, cursos bíblicos por correspondência. O SENAC, Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial, iniciou em 1946 suas atividades e desenvolveu a Universidade do Ar em 1950, cobrindo localidades fluminenses e paulistas, 318 localidades. Entre as décadas de 70 e 80 muitas instituições foram criadas com a finalidade de desenvolver cursos por correspondência, sendo algumas extintas e outras posteriormente, transformadas. Em 1970 existiam no Brasil, 31 empresas praticando métodos de ensino a distância, sua maior parte em São Paulo e Rio de Janeiro. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 33 Por muito tempo a educação a distancia dedicou-se à capacitação exclusivamente de trabalhadores menos qualificados, junto à população de baixa renda, por intermédio de cursos profissionalizantes e de reforço escolar, ou mesmo a educação cidadã, por meio de conteúdos direcionados pelo estado ditatorial que se instalou no país, por mais de uma vez. A criação do Projeto Minerva em 1970, um projeto radioeducativo que tinha como proposta alternativa ao sistema tradicional de ensino, como formação de suplementação, à educação continuada. Revisava conceitos escolares preparando para o exame Madureza, ao reforço do conteúdo escolar, transmitia curso de Moral e Civismo. Esta postura fora acentuada com a criação dos Telecursos de segundo e primeiro graus (respectivamente, 1978 e 1981), com apoio da Fundação Roberto Marinho (Rede Globo de Televisão) e convênio com Fundação Padre Anchieta (TV Cultura de São Paulo). Há uma parcela importante sobre o histórico dos cursos de educação a distância no Brasil que são os programas destinados à formação de professores, destinados aos professores leigos, em nível de segundo grau, muitas vezes destinados ao docente em exercício, com o objetivo de motivar a prática cotidiana de sala de aula. Um dos primeiros projetos foi o IRDEB com 10.000 professores entre 1969 e 1977. Outros programas de formação do professor foram o projeto FUNTEVE (Mato Grosso do Sul) em 1985, no mesmo ano, o Projeto Crescer, o CEN (Centro Educacional de Niterói) entre outros Com o avanço da informática e das telecomunicações este panorama alterou-se, absorvendo a agilidade da internet aos padrões atuais de educação a distância, sendo incorporada não apenas tecnologia, mas cursos de níveis diferenciados, graduação superior e pós-graduação a distância para formações nas mais diferentesáreas do conhecimento. Contudo não há ainda uma acolhida totalmente irrestrita às ações de Educação a Distância nos países, além de alguns problemas observados no Brasil. Abaixo serão descritos alguns dos problemas de acordo com Gonzáles (2005): Organização de projetos pilotos sem a adequada preparação de seu prosseguimento; Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 34 Ausência de critérios de avaliação dos programas / projetos; Inexistência de uma memória sistematizada dos programas desenvolvidos e das avaliações realizadas (quando existiram); Descontinuidade dos programas, sem nenhuma prestação de contas à sociedade e mesmo aos governos e às entidades financiadoras; Inexistência de estruturas institucionalizadas para a gerência dos projetos e a prestação de contas de seus objetivos; Programas pouco alicerçados às necessidades reais do país e organizados sem nenhuma vinculação exata com os programas de governo; Manutenção de uma visão administrativa e política que desconhece os potenciais e as exigências da EAD, fazendo com que essa área sempre seja administrada por pessoal sem a qualificação técnica e profissional necessária; Organização de projetos pilotos apenas com o intuito de testar metodologias. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 35 UNIDADE 6 Objetivo: Conceituar educação a distância, mediada por computador, e suas formas de comunicação – assíncrona e síncrona. O Que é Educação a Distância Mediada por Computador? Em função da consideração do processo histórico da EAD, parece compreensível que a evolução das redes de computadores impulsiona e expande a Educação a Distância Mediada por Computador – EDMC já referida como a versão mais atual da EAD. Trata-se de um sistema capaz de apresentar e/ou de transportar informações de um computador para uma pessoa ou entre pessoas. A EDMC como troca de informação entre pessoas e computadores, torna possível uma comunicação muito mais rápida, intensa e eficiente, que possibilita, sem dúvida, a redimensão de processos usuais de EAD pela intensificação do caráter pedagógico pela maior rapidez da interação entre professor e alunos, e entre pares, a propósito do conhecimento/da aprendizagem. Ressaltam-se, assim, algumas das principais características da EDMC como um meio sobremaneira eficiente de educação a distância que são rapidez e abrangência. Por exemplo, uma página disponibilizada em um servidor www (World Wide Web) pode ser instantaneamente visualizada em qualquer ponto do globo. Uma mensagem de correio eletrônico, em condições normais de funcionamento da rede pode, em alguns segundos, chegar a qualquer pessoa em qualquer parte do mundo. Além disso, é possível a utilização de ferramentas que permitem comunicações em tempo real. Sendo assim, a EDMC possui uma grande e crescente variedade de ferramentas que podem prover uma comunicação do tipo um para um, um para muitos e muitos para muitos. As ferramentas de EDMC são divididas geralmente em duas grandes categorias: síncronas e assíncronas. A forma de comunicação assíncrona e síncrona em ambiente de aprendizagem Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 36 virtual também conhecida como AVA, promove e desenvolve a interação e a interatividade entre professores-alunos, alunos-professores e alunos-alunos. Formas de Comunicação em Ambientes Virtuais de Aprendizagem Os ambientes virtuais de aprendizagem (AVA) são importantes ferramentas em EAD, pois possibilitam o estímulo e a inovação do processo de ensino-aprendizagem mediada por computadores em rede. Tais ambientes possibilitam a interação nas duas formas de comunicação: assíncrona e síncrona. As pessoas que não possuem experiência na construção de cursos que utilizam os recursos de EAD (Educação a Distância) podem encontrar dificuldades na escolha da forma de comunicação mais adequada a ser utilizada em seu projeto de curso. A descrição mais detalhada em relação às formas assíncrona e síncrona tem como propósito promover uma reflexão sobre as características de cada uma dessas formas de comunicação e sua condição de uso. a) FORMA SÍNCRONA Na interação síncrona (em tempo real), encontramos um fomento ao entrosamento entre os participantes do curso, evidenciando a formação de comunidade. Nela ocorre a sensação de agilidade no desenvolvimento dos trabalhos provocado, em parte, pelas características desse tipo de comunicação. Nos processos síncronos alunos e professor, estão conectados simultaneamente, isto é, ao mesmo tempo. Este tipo que comunicação normalmente é feita através de um “chat” com acesso restrito ao grupo de estudo e o orientador, com regras claras para não conturbar o processo de comunicação. Observa-se neste processo a facilidade no ensino-aprendizagem. É recomendável que na sessão de chat seja definido um tema específico como eixo das discussões para que não sejam levantados assuntos muito polêmicos e sem uma relação direta com os objetivos propostos, causando inadequação de uso dessa ferramenta em relação a um determinado curso. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 37 Algumas características da comunicação síncrona são: Comunicação espontânea; Resposta espontânea; Motivação – Evidencia a sinergia dos trabalhos individuais e em grupo e encoraja os estudantes a criarem e continuarem seus estudos; Presença – Fortalece o sentimento de comunidade; “Wegerif (1998) afirma que para criar uma comunidade de aprendizagem na qual uns possam aprender com os outros, compartilhando ideias e recursos, é preciso que cada participante “cruze a fronteira” de comunidade, sentindo-se parte dela e, consequentemente, contribuindo no processo educacional.” Feedback – O rápido retorno fomenta o desenvolvimento das atividades em especial as atividades em grupo; Ritmo – ajuda os alunos a serem criativos. b) FORMA ASSÍNCRONA A forma ASSÍNCRONA pode ser entendida como a forma de interação que está desconectada do tempo e do espaço, ou seja, o aluno pode a qualquer tempo, respeitado o cronograma do curso, acessar o material didático com uma interatividade descompromissada com o “On-line”. O aluno e professor podem manter relacionamento na medida em que tenham tempo disponível, criando uma situação mais confortável em relação às disponibilidades e necessidades do curso. A comunicação assíncrona se caracteriza por professor e alunos não estarem necessariamente conectados entre si ao mesmo tempo. O orientador deixa material para download, em um site previamente combinado, ou envia e-mail diretamente a cada aluno respondendo as suas dúvidas, que também lhe foram enviado através de e-mail. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 38 Essa forma de comunicação compartilha com os alunos a responsabilidade de administrar o tempo de participação nas atividades propostas para o curso. É preciso ter disciplina e uma agenda bem equacionada. Algumas características da comunicação assíncrona são: Flexibilidade – acesso ao material didático em qualquer lugar e a qualquer hora; Tempo para reflexão – O tempo poderá ser otimizado para a reflexão sobre o material didático proposto, tempo para ter ideias e preparar os retornos, verificar as referências bibliográficas e possibilidade de acesso ao material, quantas vezes for necessário; Facilidade de estudo – Possibilita a administração dos estudos de forma a aproveitar todas as oportunidades de tempo, seja no trabalho ou em casa, podendo ocorrer a integração de ideias e discussão sobre o curso em fóruns específicos. Como exemplo de comunicação ASSÍNCRONA, podemos citar os fóruns de discussão, ferramenta disponível em grande número de AVAs, no qual os assuntos polêmicos podem ser inseridos para que produzam resultados satisfatórios,sem um compromisso direto com o tempo e espaço. Na análise didático-pedagógica dos processos síncronos e assíncronos, em busca da interatividade entre os sujeitos (professor e alunos) e o conhecimento, parece-nos que os processos síncronos sinalizam com maiores possibilidades de reflexão e de elaboração de novos saberes pelos sujeitos-alunos. É importante destacar, que o nível de sucesso da interação ou de interatividade que acontecerá no curso dependerá da escolha que fizermos entre essas duas formas de comunicação. Nas duas encontraremos vantagens e desvantagens, porém as vantagens irão sempre superar as desvantagens, se a utilização for feita de forma adequada, harmônica e complementar no âmbito de um projeto educacional que envolva os recursos de educação a distância. Há que se ressaltar, no entanto, que o processo síncrono exige recursos tecnológicos mais sofisticados. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 39 UNIDADE 7 Objetivo: Descrever a evolução da EAD: fases, gerações. Fases da Educação a Distância Segundo SABA (1997), a Educação a Distância pode ocorrer por diferentes meios de comunicação, dependendo fundamentalmente da tecnologia de transmissão de informação, isto é, do meio de interação, a ser adotada. Dessa forma, a evolução da EAD pode ser compreendida em função de três fases cronológicas diferenciadas em termos tecnológicos, a saber: Uma primeira fase inicial da EAD corresponde à geração textual, que suscitou o autoaprendizado – dos que não podiam estar presentes e atender regularmente à escola - com suporte e apoio pedagógicos centrados apenas em simples textos instrucionais impressos, o que ocorreu predominantemente até a década de 1960. Uma segunda fase se caracteriza pelo estímulo ao autoaprendizado a distância com suporte e apoio pedagógicos em textos impressos intensamente complementados com recursos tecnológicos de multimídia, tais como gravações de áudio e de vídeo, o que ocorreu principalmente entre as décadas de 1960 e de 1980. A terceira e atual fase baseia-se no autoaprendizado com suporte, quase exclusivo, de recursos tecnológicos altamente diferenciados, como os modernos sistemas de telecomunicação digital e via satélite, os computadores pessoais e as redes computacionais locais e remotas como Intranets e lnternet. Cada uma destas fases expressa à relevância não apenas da trajetória temporal da EAD, mas também pode ressaltar concepções ideológicas diferenciadas, manifestadas nos movimentos da história da educação /ensino a distância neste país. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 40 É necessário ponderar qual tecnologia será melhor, para cada caso. As classificações das gerações em EAD contribuem para isso, enquanto fontes de análises dos avanços e das possibilidades de ampliação de acesso, tutoria, capacidade interativa. Porém, vale lembrar que, mesmo existindo uma nova geração, com novos meios tecnológicos, aqueles que foram utilizados anteriormente não são abandonados, ou seja, os meios coexistem. Os pressupostos filosóficos irão definir o significado pedagógico do meio e avaliar o contexto sociocultural em que ele é utilizado. Observe o quadro, elaborado por Correa (2000), apresentando os principais aspectos de cada geração: Gerações de EAD Aspectos 1ª. Geração 2ª. Geração 3ª. Geração Marco Popularização da imprensa Difusão de rádio e TV Difusão dos computadores e telecomunicações Objetivos pedagógicos Atingir alunos desfavorecidos Atingir alunos desfavorecidos Proporcionar uma educação permanente e ocupacional Métodos pedagógicos Guias de estudo, auto- avaliação, instrução programada Programas teletransmitidos, pacotes didáticos, mediação passiva Modularização das temáticas, desenhos didáticos a partir das necessidades formativas. Meios de comunicação Correio Rádio, TV e materiais audiovisuais Ciberespaço, satélites, videoconferência Tutoria Atendimento periódico, Atendimento esporádico, Atendimento dependendo de contatos eletrônicos Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 41 dependendo de deslocamentos dependendo de contatos telefônicos Interatividade Aluno/material didático Aluno/material didático Aluno/material didático/alunos/professores/sistema educativo Outra representação da evolução da EAD é a elaborada por Moore e Kearsley (1996) apud Rodrigues, identificando a característica geral das 3 gerações: Geração Início Características 1ª. até 1970 Estudo por correspondência, no qual o principal meio de comunicação eram materiais impressos, geralmente um guia de estudo, com tarefas ou outros exercícios enviados pelo correio. 2ª. 1970 Surgem as primeiras Universidades Abertas, com design e implementação sistematizadas de cursos a distância, utilizando, além do material impresso, transmissões por televisão aberta, rádio e fitas de áudio e vídeo, com interação por telefone, satélite e TV a cabo. 3ª. 1990 Esta geração é baseada em redes de conferência por computador e estações de trabalho multimídia. A busca dos valores e propósitos educativos envolvidos na seleção e na adoção de cada meio tecnológico inerentes à EAD, em cada contexto histórico, leva alguns teóricos a propor a existência de uma 4ª geração em EAD que seria caracterizada pelos consórcios e parcerias formadas entre universidades. Esta nova geração agregaria todos os meios tecnológicos e teria como principal vantagem a diminuição do custo operacional das ferramentas tecnológicas, com a consequente maximização da oferta de vagas. E, neste Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 42 sentido, Demo (1993) reforça a ideia de que, mais do que nunca, educação precisa prevalecer sobre conhecimento, aprendizagem sobre informação, ética sobre mercantilização. Evolução da Educação a Distância no Brasil Santo afirma que as demandas crescentes por educação no Brasil têm contrariado a tendência do que acontece nos países centrais, principalmente, no que se refere ao acesso à universidade. O acesso à educação superior é supostamente um dos caminhos clássicos da mobilidade social. Além disso, o sistema educacional sempre esteve ligado à construção de um projeto nacional elitista, que tem sido contestado pela adoção de políticas de ações afirmativas, modeladas sobre critérios raciais e socioeconômicos. Isto significa que os sistemas educacionais devem expandir suas ofertas de serviços, aumentarem o quantitativo de estudantes matriculados, tanto na formação inicial quanto na continuada. O aumento dos inúmeros cursos de extensão, graduação e pós-graduação no território brasileiro tem sido favorecido tanto pela legislação quanto pelos recursos técnicos. A expectativa de que a EAD seja o novo milagre educacional é tão prejudicial quanto o preconceito dos que apenas a criticam. Kiefer (2007) em pesquisa apresenta dados comparativos sobre números relativos à evolução da educação a distância no Brasil, a partir do ano 2000, tais dados foram extraídos do Anuário Brasileiro Estatístico de Educação Aberta e a Distância de 2005, lançado pelo Instituto Monitor e pela Associação Brasileira de Educação a Distância (ABED) em 2004, pelo menos um milhão de brasileiros participaram de algum curso a distância. Deste total 300 mil estavam matriculadas nas 166 entidades credenciadas, como universidades públicas e privadas que seguem a regulamentação específica do poder público. Estes estão distribuídos pelo Ensino Fundamental, Médio, Sequencial, Técnico, Educação de Jovens e Adultos, Graduação e Pós-Graduação. Este levantamento não considera os ambientes do mundo corporativo e cursos livres como música ou línguas estrangeiras. Mesmo com a falta de dados detalhados para períodos anteriores a 2004 é possível afirmar que houvecrescimento da modalidade de ensino a Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 43 distância no Brasil. No caso dos cursos de graduação e pós-graduação é possível, pelos números do Censo MEC, afirmar que a modalidade cresceu 44 (quarenta e quatro) vezes apenas até 2003. Incluindo-se os números de 2004 o crescimento é de 90 vezes. Segundo Kiefer, temos: 1. Cursos e matrículas em Graduação e Pós-Graduação ANO CURSOS MATRÍCULAS 2000 13 1.758 2001 17 5.480 2002 202 59.772 2003 278 76.769 2004 382 159.366 2005 467 300.829 2. Lançamento de Novos Cursos ANO CURSOS 2001 11 2002 19 2003 34 2004 77 2005 321 3. Distribuição geográfica, por Regiões – BRASIL Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 44 REGIAO % 2004 % 2005 SE 53(*) (**) 47 NE 18,7 13 S 17 25 CO 7,6 10 NO 3,7 5 (*) principalmente, estado de São Paulo (*) a região educa 53 % dos educandos de EAD ou 163.887 estudantes. Quanto à mídia mais utilizada, 84 % utilizam o material impresso. Em seguida o e-learning com 63% e o CD ROM 56%, em 2004. No ano de 2005 o material impresso apresenta 86 % e e-learning 56%. O Anuário Brasileiro Estatístico da Educação a Distância de 2006 confirma o crescimento da modalidade apontando um crescimento de 54% no número de alunos com 504 mil estudantes, em 2005, participantes de cursos nesta modalidade. O Anuário confirma, também, que o meio impresso (apostilas) ainda é o recurso mais utilizado. Quanto ao Anuário de 2007, há indicação de 2,2 milhões de estudantes em EAD, confirmando mais uma vez o crescimento ao uso desta modalidade de ensino, sendo o número de matrículas em instituições credenciadas 778 mil estudantes. Em 2006, aponta o anuário de 2007, a região Sul ultrapassa o percentual de participação geográfica da educação a distância no Brasil, ficando a frente da região Sudeste. A região Centro-oeste, também apresenta aumento de participação. Ainda segundo Kiefer (2007), números de alunos de Educação a Distância no Brasil – Instituições oficialmente credenciadas: Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 45 NÍVEL TIPO DE CURSO ALUNOS 2004 ALUNOS 2005 FEDERAL GRADUAÇÂO E TECNOLÓGICOS 89539 109391 PÓS-GRADUAÇÃO E SEQUENCIAIS 61637 104513 CONSOLIDADO GRADUAÇÃO E/OU PÓS 8190 86922 FEDERAL TOT. 158366 300826 ESTADUAL EJA/TÉCNICO/FUNDAMENTAL E MÉDIO 150571 202236 MUNICIPAL TÉCNICO 20 1142 TOTAL 309957 504204 Fonte: ABRAEAD 2007 Segundo análise do Portal e-learning, o investimento em educação a distância vem crescendo ano a ano, apresentando uma taxa de crescimento de 40% ao ano, mantendo até 2010 este patamar de crescimento, com uma expectativa de movimentar R$ 3 bilhões. Somente em 2005, o movimento foi de R$ 168 milhões, sendo que no período 1999 a 2005 os custos foram de R$ 470 milhões. Como qualquer instituição de ensino, a evasão também se encontra presente na educação a distância. Pesquisa feita com um grupo de 109 alunos evadidos aponta que a maior causa da desistência é a falta de tempo. Apesar da otimização do tempo de estudo ser possível nesta modalidade, ainda a administração do tempo para estudo parece contribuir para a retirada do aluno do ambiente de estudo. São apontadas, também, as faltas de recursos financeiros para a continuidade dos estudos e a não adaptação ao método como fatores para a desistência. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 46 UNIDADE 8 Objetivo: Apresentar as leis que regulam as políticas de EAD no Brasil Políticas de EAD no Brasil A Educação a Distância (EAD) foi regulamentada no Brasil em 1996 pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional- LDB (lei n° 9394, de 20 de dezembro de 1996), pelo decreto n.º 5.622, publicado no DOU. de 20/12/05 (que revogou o Decreto n.º 2.494, de 10 de fevereiro de 1998, e o Decreto n.º 2.561, de 27 de abril de 1998) com normatização definida na Portaria Ministerial n.º 4.361, de 2004 (que revogou a Portaria Ministerial n.º 301, de 07 de abril de 1998). Em 3 de abril de 2001, a Resolução n.º 1, do Conselho Nacional de Educação estabeleceu as normas para a pós-graduação lato e stricto sensu. Seus precursores, os antigos cursos por correspondência e, mais recentemente, os telecursos, ganharam vida nova com o advento da Internet. Aliada aos mais modernos recursos técnicos de comunicação, como CD-ROMs, tele e videoconferências interativas, DVDs, dentre outros, a rede mundial de computadores veio promover uma verdadeira revolução, não apenas tecnológica, mas também social e pedagógica na Educação. Segundo site do MEC, os principais pontos que se destacam nas leis que regulam a política da EAD no Brasil são: a) Educação Básica na modalidade de Educação a Distância: De acordo com o Art. 30º do Decreto n.º 5.622/05, "As instituições credenciadas para a oferta de educação a distância poderão solicitar autorização, junto aos órgãos normativos dos respectivos sistemas de ensino, para oferecer o ensino fundamental e médio a distância, conforme § 4o do art. 32 da Lei no 9.394, de 1996, exclusivamente para: Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 47 I - a complementação de aprendizagem; II - em situações emergenciais. Para oferta de cursos a distância, dirigida à educação fundamental de jovens e adultos, ensino médio e educação profissional de nível técnico, o Decreto n.º 5.622/05 delegou competência às autoridades integrantes dos sistemas de ensino de que trata o artigo 8º da LDB, para promover os atos de credenciamento de instituições localizadas no âmbito de suas respectivas atribuições. Assim, as propostas de cursos nesses níveis deverão ser encaminhadas ao órgão do sistema municipal ou estadual responsável pelo credenciamento de instituições e autorização de cursos (Conselhos Estaduais de Educação) – a menos que se trate de instituição vinculada ao sistema federal de ensino, quando, então, o credenciamento deverá ser feito pelo Ministério da Educação. b) Educação Superior e Educação Profissional na modalidade de Educação a Distância: No caso da oferta de cursos de graduação e educação profissional em nível tecnológico, a instituição interessada deve credenciar-se junto ao Ministério da Educação, solicitando, para isto, a autorização de funcionamento para cada curso que pretenda oferecer. O processo será analisado na Secretaria de Educação Superior, por uma Comissão de Especialistas na área do curso em questão e por especialistas em educação a distância. O Parecer dessa Comissão será encaminhado ao Conselho Nacional de Educação. O trâmite, portanto, é o mesmo aplicável aos cursos presenciais. A qualidade do projeto da instituição será o foco principal da análise. Para orientar a elaboração de um projeto de curso de graduação a distância, a Secretaria de Educação a Distância elaborou o documento “Indicadores de qualidade para cursos de graduação a distância – referenciais de qualidade”, disponível no site do Ministério para consulta. As bases legais são as indicadas no primeiro parágrafo deste texto. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 48 c) Pós-graduação a distância A possibilidade de cursos de mestrado, doutorado e especialização a distância foi disciplinada pelo Capítulo V do Decreto n.º 5.622/05 e pela Resolução nº 01, da Câmara de Ensino Superior-CES, do Conselho Nacional de Educação-CNE, em 3 de abril de 2001. O artigo 24 do Decreto n.º 5.622/05, tendo em vista o disposto no § 1º do artigo 80 da Lei nº 9.394, de 1996, determina que os cursos de pós-graduação stricto sensu (mestrado e doutorado) a distância serão oferecidos exclusivamente por instituições credenciadas, para tal fim, pela União e obedecem às exigências de autorização, reconhecimento e renovação de reconhecimento estabelecido
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