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Lovelock (1991, p. 11), na teoria de Gaia, diz que "somos apenas uma espécie diferente, nem proprietários, nem guardiães desse planeta. O nosso futuro depende muito mais de um correto relacionamento com Gaia do que com o interminável drama dos interesses humanos". A reali dade que estamos construindo, desde o início da Revolução Industrial, é, portanto, uma grande insanidade insustentável. Nesse contexto, surge a indagação: Qual será o perfil adequado ao empreendedor do século XXI? O estrago dos dois últimos séculos foi devastador. O surgimento da era industrial alterou de forma intensa a realidade do planeta. Tudo que era artesanal desde os primórdios passou por processos de trans formação com a inserção de máquinas e tecnologias. Tais mudanças influenciaram a qualidade da água, do ar, da terra e tudo isso de modo insustentável. Em apenas algumas dezenas de décadas, o ser humano saiu dessa situação para um ponto de desequilíbrio que coloca em risco a continuidade da vida no planeta. E se há ainda um caminho de volta ao equilíbrio, esse passa pela ação do homem. Logo, o empreendedor sustentável pode escolher entre ser parte do remédio ou fazer parte da doença. Pela primeira vez na história da humanidade, reconhecemos os limites do Planeta em termos de destruição de florestas, poluição das águas e produção de resíduos. Esses não são apenas temas das conversas de cientistas ou de ativistas do meio ambiente. Estão presentes no nosso dia a dia, na conversa das crianças, nas escolas e nos jornais, motivando novos impostos e causando racionamento de água e energia. Isto influen cia o mundo dos negócios, criando desafios e oportunidades para todos. (Responsabilidade ... , 2003, p. 54) Em virtude desses limites, cabe ao empreendedor as seguintes reflexões: Posso pensar somente em mim, enquanto muitos pagam o preço do meu sucesso? Os produtos e os serviços que serão ofertados pelo negócio respeitam as regras ambientais e o espaço comum? Minhas ações empresariais são permeadas por ações de inclusão social e de distribuição de renda? De acordo com Zohar (2006, p. n), Os seres humanos têm um potencial, que vai desde o pior que podemos imaginar até o que pode haver de mais sublime. O problema é que na maior parte do tempo permanecemos atolados em um ponto abaixo da média dessa escala. Contentamo-nos em atravessar a vida como um sonâmbulo ou como uma folha seca deixando-se [sic] levar pelo vento. [ ... ]Nossa condição humana é definida por nossa capacidade de escolher entre o certo e o errado. Alguns de nós estamos empreendendo uma jor nada com o objetivo de descobrir novos rituais (práticas e filosofias de vida), capazes de acelerar nossa busca por um futuro mais significativo e sustentável. Criar um novo negócio, por si só, já é um grande desafio. Pensar e realizar esse negócio com a preocupação de reduzir as discrepâncias sociais e ambientais deixadas pelos precursores do progresso é ainda mais desafiador, principalmente porque exige criatividade e inovação na busca de soluções comuns, visando ao bem-estar coletivo e individual e fazendo com que a riqueza seja mais bem distribuída, a facilidade ao crédito seja estimulada e o meio ambiente seja respeitado. Esse é o desafio bioético. Na bioética, a preocupação diz respeito à humanidade de cada ser humano. Salles (2010) afirma que a bioética resgata a dignidade da pessoa, dando ênfase à quaJjdade de vida, e procura estabelecer a proteção da vida humana, ancorada na tolerância e na solidariedade. Os princípios que fundamentam a bioética são a beneficência, a autonomia e a justiça. A ausência dos princípios bioéticos na ação do homem tem desen cadeado consequências negativas que são fruto de uma distribuição de riquezas muito heterogênea. Países que não tiveram condições de evo luir e competir com os mais agraciados e preparados foram ficando para trás, o que acarretou em sérios problemas sociais para sua população. A diferença de Produto Interno Bruto (PIB) 1 , Índice de Desenvol vimento Humano (1DH)2 , coeficiente Gini3 e de outros indicadores 1 Produto lnterno Bruto (PIB): principal indicador da atividade econômica, o PIB mostra o valor da produção realizada dentro das fronteiras geográficas de um país, em um deter minado período, independente da nacionalidade das unidades produtoras. O PIB sintetiz. o resultado final da atividade produtiva, expressando monetariamente a produção, sem duplicações, de todos os produtores residentes nos limites da nação avaliada (Brasil, 2008, p. 433)- 2 Índice de Desenvolvimento Humano (1DH): o conceito de desenvolvimento humano inclui em sua medição da qualidade de vida de uma população, não somente aspectos econômicos, mas também sociais, ambientais, culturais e políticos. O IDH, indicador da ONU adotado em 1990, passou a incluir nos cálculos, além da riqueza nacional, a longevidade da população (média de anos de vida) e a educação - média de anos de estudo (Brasil, 2008, p. 435). 3 Coeficiente Gini: medida de desigualdade de renda ou riqueza elaborada pelo Italiano Corrado Gini em 1912. O índice vai de o a 1, em que o corresponde à completa igualdade de renda e I corresponde à completa desigualdade de renda (Matijascic; Diaz; Higa, 2008, p. 9). 98 99 -"' ::,. '<::! ..., s:: "' ...,"' ::s "' o E "'·-.... o "<::! l "' "<::! t s:: ·S "' • "' 1 .... li r::,_ 1 E ; "' o 1 "<::! o s• "' i "'"<::! • o r' • i § f < ª • 1 l i j• f i 1 k 1 1 ll t demonstra uma distribuição de riqueza e de qualidade de vida alta mente desigual tanto entre países quanto dentro de um mesmo país. Há sempre alguns poucos com muito e muitos com pouco, o que faz com que a maioria da população esteja obrigada a viver com muito pouco. Certamente isso é um problema para os governos, mas não cabe apenas a eles resolver essa questão. Todos os cidadãos deveriam ter uma parcela de contribuição para a reversão desse quadro, o qual se põe como um dos desafios também a quem pretende empreender: reduzir a injustiça social e a pobreza em sua sociedade. Segundo Rosnay (1997, p. 187), Gaia (o planeta Terra) está doente. O homem age como um parasita que coloca em perigo seus equilíbrios. O efeito estufa é a febre de Gaia. O buraco na camada de ozônio, o câncer da "pele" que a envolve. As chu vas ácidas, as pol uições por detritos sólidos e a poluição da água, suas doenças digestivas. Além de todo o problema social, há ainda uma questão séria e que coloca em risco todos os que vivem no planeta: a destruição do meio ambiente. No documentário Uma verdade inconveniente (2007), Al Gore faz um alerta sobre o atual estágio de degradação do planeta e suas implica ções em relação ao clima. A Terra está aquecendo, o que vem causando mudanças indesejáveis e perspectivas sombrias para as próximas déca das. Não se trata de um quadro irreversível, mas tende a sê-lo, caso não aconteça uma mudança global de comportamento, hábitos e consumo. O desafio da sustentabilidade proposto a esse novo estilo de empreen der envolve uma mudança completa de valores, de comportamentos, de atitudes dos seres humanos e da sociedade. A globalização pode ser pretexto para o acesso à informação, para a disseminação do conheci mento, para a realização de negócios globais, mas não pode ser pretexto para a criação de negócios e de uma sociedade menos sustentável. A responsabilidade pelo processo de manutenção e melhoria das condi ções devida sociedade envolve as empresas, a sociedade, o governo e os indivíduos. Faz-se necessário, portanto, um pensar e um fazer diferente, com criatividade, inovação e empreendedorismo voltados à geração de equilíbrio entre rentabilidade, respeito ao meio ambiente e responsa bilidade social. Isso sintetiza a busca por uma inteligência competitiva com respeito ao desafio da sustentabilidade, como ilustra a Figura 4.1. Figura 4.1 - O desafio da sustentabilidade Nesse cenário, é preciso contar com a colaboração dos governos. Contudo, o cidadão também deve participar dessa discussão e dividir a responsabilidade de tornar o mundo mais sustentável. Afinal, não há um planeta reserva. Portanto, é fundamental parar com a destruição do planeta e ajudá-lo em seu processo de recuperação. De acordo com Araújo (2003)1 a atual "pegada ecológica"4 é insus tentável e altamente prejudicial à vida no planeta. Este é outro desafio colocado a qualquer um que pretende empreender: reduzir o impacto sobre o planeta e colaborar para sua manutenção em condições ade quadas à vida para as próximas gerações. Com essas questões, fica nítida a necessidade de que os empreen dedores atuais e futuros não sejam "cegos", como a maioria dos que os antecederam e que colocaram o lucro a qualquer custo acima de outros 4 Representa a área de terra e água necessária para manter uma determinada população e seu padrão material de consumo indefinidamente, utilizando a tecnologia atual. A pegadi ecológica mundial, calculada em 1999, é de 2,3 hectares por pessoa e a capacidade do pla· neta 1,9 hectares por pessoa; ou seja, já estamos com um déficit de 20% (Araújo, 2003). No endereço eletrônico <http://wwf.org.br/wwf_ brasil/pegada_ ecologica> você pode calcular sua "pegada ecológica". 100 IOI valores em seus empreendimentos. Não se pode pensar em empreen dimentos sem sustentação econômica e mesmo lucro, mas tal foco não pode ser mais à custa de ampliação das injustiças sociais e degradação do planeta. Na caminhada empreendedora, antes de se partir para o planejamento e a ação, é necessário um momento de reflexão, de conscientização, para que o empreendedor busque novos parâmetros que deem sustentação ao seu negócio. O empreendedor do século XXI precisa ser aquele que tem consciência, planeja e age em prol do desenvolvimento local sustentável (DLS). Precisa atuar como um ser desperto. De acordo com Weil (1990, p. 14), "os pequenos seres que somos nós têm, assim, a escolha de serem seres despertos ou seres comuns; para estes últimos, um véu os faz viver num mundo dividido e fragmentado; num desperto não existe esse véu". Figura 4.2 - A consciência sustentável �� �� Estabelece alguns parâmrlros e"' relação ao empreend,.,erm, que se. pretende. desenvolver .----:--:--:-:-:--;------... Não é 'lluívc.l obter lucro por n,e,o da opressão, d� falta. deéheo e sem .sosteHl.ib,1,dade. De acordo com a Comissão Brundtland> (World, 1987, p. 143), desen volvimento local sustentável é aquele que "satisfaz as necessidades do presente, sem comprometer a capacidade de as futuras gerações satisfazerem suas próprias necessidades". Empreendedores sustentáveis não nascem prontos, é preciso formá -los. Nesse processo de formação, conceitos de responsabilidade social, ambiental e justiça social precisam estar presentes. Logo, pensar 5 O Relatório Brundtland, publicado em 1987, é o resultado dos trabalhos da Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, em que foi cunhado o conceito de desen· volvimento sustentável como sendo "aquele que atende às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem suas próprias necessidades" (Instituto Ethos, 2006, p. 57). o futuro é estar consciente de seu papel na sociedade, de maneira ética, com respeito aos valores como solidariedade, cooperação, comprome timento, inclusão e retorno econômico e social. Esses empreendedores, em qualquer momento ou situação em que estejam envolvidos, pensam sempre de forma holística, ou seja, empreendem com foco na conserva ção ambiental, na eficiência econômica e na equidade6 social, elementos que estão inter-relacionados, como mostra a Figura 4.3. Figura 4.3 - Empreendedorismo sustentável Na visão do DLS, suas dimensões representam partes que compõem um todo, o qual pode ser analisado individualmente, porém só tem sentido quando as ações acontecem nas dimensões apresentadas de forma sistêmica e integrada: - Ausência de viabilidade econômica: qualquer negócio, para existir, precisa de lucro, de retorno financeiro para o acio nista. Até mesmo as organizações não governamentais (ONGs) precisam de investidores dispostos a manter suas operações. - Ausência de equidade social: na ausência da equidade social, as organizações pecam em relação aos direitos humanos, nas 6 Equidade. (Do lat. aequit.ate) 1. Apreciação, julgamento justo. 1.1. Respeito à igualdade de direito de cada um, que independe da lei positiva, mas de um sentimento do que se considera justo, tendo em vistas as causas e as intenções (Houaiss, Vil lar; Franco, 2009). 102 103 -"' ::,. '<::! ..., :::: "'...,"' ::s "' o E "'·-.... o "<::! l "' "<::! t :::: ·S "' • "' 1 .... li r::,_ 1 E ; "' o 1 "<::! o s• "' i "' "<::! • o r' • i § f < ª • 1 l i j• f i 1 k 1 1 ll t relações de trabalho, nas relações de consumo, na ética e trans parência de negócios e no diálogo com os stake1wlders. - Ausência de conservação ambiental: os recursos ambien tais, renováveis ou não renováveis, são vistos como insumos de que a organização pode dispor e consumir sem se preocupar com a educação ambiental, como consumo eficiente de energia e água, destinação de resíduos, emissões de poluentes e ruídos. - Visão integrada: se a equidade social e a conservação ambien tal for obtida, mas o empreendimento não tiver eficiência econô mica, tem-se um empreendedor com consciência e uma falha em seu histórico. Por outro lado, se alcançar a eficiência econômica em conjunto com a conservação ambiental e falhar na equidade social, estará contribuindo para a manutenção ou mesmo para o aumento da pobreza e da desigualdade social. Por fim, se houver eficiência econômica em conjunto com a equidade social, sem obter sucesso na conservação ambiental, estará colaborando com a degradação do meio ambiente e, por conseguinte, com a piora das condições de vida no planeta. Daí o conceito de sus tentável. É necessário sustentar as três frentes ao mesmo tempo. Ao escolher a forma de negócios em que irá atuar, o empreendedor deixa claro algumas decisões estratégicas. Em outras palavras, define como vai gerar valor para o cliente ou mercado em que pretende atuar, bem como os valores e as práticas que serão incorporados ao conceito de negócio. A sustentabilidade corporativa de um negócio está atrelada a uma forte convicção sobre o que seja sustentabilidade. Para Pedroso (2007), o desenvolvimento sustentável requer das organizações um compro misso de que o atendimento das necessidades do presente não irão comprometer a capacidade das gerações futuras em atender suas pró prias necessidades. É o respeito a todos os stakeholders de uma organi zação, fornecedores e parceiros, funcionários e colaboradores, clientes e consumidores, meio ambiente, sociedade, acionistas e investidores. Em termos de conceito, o DLS é considerado uma estratégia de apoio aos negócios, baseada nos conceitos de desenvolvimento e sustentabili dade.Entende-se, aqui, que desenvolvimento é resultante da presença dos seguintes fatores: capital humano (conhecimentos, habilidades, com petências); capital social (confiança, cooperação, organização); capital produtivo (empreendimentos, serviços e tecnologia); cultura empreen dedora (iniciativa, autoestima, atitude proa tiva). Já a sustentabilidade Figura 4-4 - Conceito de sustentabilidade corporativa Fonte: Pedroso, 2007, p. 2. compreende a atividade que respeite a diversidade cultural, e que pode ser assim classificada: economicamente viável; socialmente justa; ambientalmente correta. O conceito de DLS esclarece que o desenvolvimento não é igual a crescimento econômico. Esse é um paradigma vigente que está em declínio, mas ainda prevalece na mente de muitos, causando um reforço da visão do "lucro a qualquer custo". O crescimento econômico é neces sário, mas precisa vir acompanhado da melhoria das condições de vida, da construção de uma sociedade mais justa e igualitária, de cuidado e atenção para com o planeta e sua preservação. Em face de todas essas questões, o empreendedor deve fazer valer o conceito de DLS, desde a busca de ideias, passando por sua análise e transformação em uma oportunidade inovadora, dando prossegui mento na montagem do plano de negócio, até chegar à execução do 104 105 -"' ::,. '<::! ..., :::: "' ..., "' :::s "' o E "'·-.... o "<::! l "' "<::! t :::: ·S "' • "' 1 .... li r::,_ 1 E ; "' o 1 "<::! o s• "' i "' "<::! • o r' • i § f < ª • 1 l i j• f i 1 k 1 1 ll t plano e gestão do empreendimento. Em nenhum momento ele deve ser incoerente com os preceitos do DLS, não somente em sua atuação nos negócios, mas como cidadão e ser humano. O DLS propõe: - geração de trabalho, renda e a inclusão social a todas as camadas da sociedade; - inserção de pessoas no mercado consumidor, permitindo o con sumo, o acesso a bens, a serviços, à educação e à inclusão digital; - democratização do acesso ao crédito, ao microcrédito, aos finan ciamentos do Sistema Financeiro de Habitação (SFH), com vistas a melhorar as condições de vida do povo e da sociedade; - disseminação da cultura empreendedora, seja por meio de novos negócios, de programas sociais, seja por meio do intraempreen dedorisismo nas organizações existentes; - desenvolvimento do capital humano, produtivo e social por meio da educação e do acesso a melhores condições de vida; - incentivo do associativismo e ao cooperativismo como forma de estímulo ao trabalho em equipe e à construção conjunta de sonhos de uma sociedade; - melhoria dos indicadores de qualidade de vida, nas áreas de saúde, educação, moradia e trabalho. local sustentado? A questão da sustentabilidade, adotada como estratégia de negócios, já pode ser considerada como uma realidade em empresas brasileiras, que já a adotam como diferencial competitivo. A responsabilidade social e o cuidado com o meio ambiente passam a fazer parte das estratégias de negócio e, nesse contexto, é preciso ter equidade de ações. Empresas mineradoras, por exemplo, não conseguem realizar suas atividades produtivas sem primeiro gerar um passivo ambiental. Logo, o que se espera delas é que seus planos e programas de recuperação ambiental sejam eficientes e efetivos na amenização dos problemas causados por suas operações. A aplicação do conceito de desenvolvimento sustentável pelas empre sas é feita sob a perspectiva da longevidade. Uma empresa que deseja se manter ativa por muito tempo deve compreender conceitos de sus tentabilidade que envolvam os seguintes requisitos: - ter respeito ao capital humano da organização; - buscar a qualidade de vida no trabalho e para o trabalho; - monitorar as ações da organização em relação ao meio ambiente e à sociedade em toda a cadeia produtiva, desde o fornecedor ao cliente final (veja-se o caso das pilhas de celulares, cujos fabri cantes devem recolhê-las); - desenvolver produtos e ações ambientalmente corretos; - ter consciência da fragilidade do ambiente físico; - ser economicamente viável; - ser sensível aos limites e ao potencial de crescimento econômico e seu impacto na sociedade e no ambiente, com o comprometi mento de reavaliar os níveis de consumo; - ser socialmente justa; - ter compreensão das instituições sociais e de seu papel na trans- formação e no desenvolvimento; - ser culturalmente aceita; - projetar valores respeitando as diversidades, o conhecimento e valorizar a educação. É preciso pensar e fazer diferente. Um empreendimento sustentá vel tem preocupações com o impacto que suas ações geram ao meio ambiente e à sociedade, preocupa-se com o uso exagerado de recursos renováveis e não renováveis, tem consciência de seu papel na sociedade e gera lucros. Além disso, desafia e muda hábitos a partir da concepção do negócio, incorpora os conceitos do DSL ao plano de negócios e executa um empreendimento que respeita o meio ambiente. Na busca constante e incessante pelo desenvolvimento sustentável, Krause (1997, p. 18) aponta os elementos constitutivos da cultura da sustentabilidade: Consciência social em relação ao direito a um ambiente saudável e produtivo. Reconhecimento do valor da diversidade biológica, da cultura e do plu ralismo político. Respeito a uma ética inter e intrageracional. Ênfase especial às prioridades voltadas às necessidades básicas, à eleva ção da qualidade de vida e à inclusão social. 106 107 -"' ::,. '<::! ..., :::: "' ...,"' ::s "' o E "'·-.... o "<::! l "' "<::! t :::: ·S "' • "' 1 .... li r::,_ 1 E ; "' o 1 "<::! o s• "' i "'"<::! • o r' • i § f < ª • 1 l i j• f i 1 k 1 1 ll t A presente obra pretende ser mais do que uma aglutinação de conteúdo sobre empreendedorismo. A ideia é apresentar conceitos e comentários a respeito do assunto, suscitando a reflexão e a prática. Para tanto, foram criadas algumas seções, a fim de orientar o leitor e levá-lo a pensar, a sentir e a agir, completando o processo de aprendizagem, o qual, de acordo com Bloom (citado por Roesch, 2007, p. 39), contempla com portamentos em três domínios que se sobrepõem: cognitivo, afetivo e psicomotor. As seções são as seguintes: representação gráfica das ideias centrais que constituem o capítulo, a ordem em que os temas serão abordados e os subitens de destaque em cada assunto, permitindo ao leitor a compreensão do modelo mental que norteou a elaboração do texto. Neurônios trabalhando Esta seção, apresentada no final dos capítulos, é destinada à reflexão a respeito dos conceitos e teorias abordados. O leitor é convidado a refletir sobre suas ações e seus pontos de vista em relação ao tema abordado, com o objetivo de se evidenciar a reflexão para a ação. e:, e.. > ·- - Reconhecimento da eficácia de práticas de descentralização econômica e gestão participativa. Incorporação de uma dialética que não apenas opõe, mas que aproxima o particular do universal, o local do global. Portanto, conforme se pode observar na Figura 4.5, o DLS é parte do caminho empreendedor e se relaciona, como um princípio de valor, às ações de criar, inovar, gerir e controlar. Pensar de modo sustentável não é algo opcional nos mercados globalizados, mas uma condição importante para que o empreendedor não seja agente de injustiça, de desequilíbrios socioeconômicos e ambientais e também para que não faça parte da última geração de empreendedores, aquela que não soube mudar de paradigma quando ainda era possível fazer algo em prol de um mundo sustentável. Figura 4.5 - Processo de criação de um empreendimento sustentável O Pacto Global advoga dez princípios universais, derivados da Declaração Universal de Direitos Humanos, da Declaração da Organização Internacional do Trabalho sobre Princípios e Direitos Fundamentais no Trabalho, da Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento e da Convenção das Nações Unidas Contra a Corrupção (Pacto Global Rede Brasileira, 2011): Direitos humanos 1. As empresas devem apoiar e respeitar a proteção de direitos huma nos reconhecidos internacionalmente. 2. Assegurar-se de sua não participação em violações destes direitos. Trabalho 3. As empresas devem apoiar a liberdade de associação e o reconhe- cimento efetivo do direito à negociação coletiva. 4. A eliminação de todas as formas de trabalho forçado ou compulsório. 5. A abolição efetiva do trabalho infantil. 6. Eliminar a discriminação no emprego. Meio ambiente 7. As empresas devem apoiar uma abordagem preventiva aos desafios ambientais. 8. Desenvolver iniciativas para promover maior responsabilidade ambiental. 9. Incentivar o desenvolvimento e difusão de tecnologias ambiental mente amigáveis. Contra a corrupção 10. As empresas devem combater a corrupção em todas as suas formas, inclusive extorsão e propina. A ONU, com seu alcance global, tem feito esforços no sentido de apre sentar e incutir novos princípios na consciência dos empreendedores. Tal esforço é reforçado por Capra (2005, p. 138), ao afirmar que "a longo prazo, as organizações realmente vivas só poderão florescer quando mudarmos nosso sistema econômico de modo que, em vez de destruir a vida, ele passe a apoiá-la". D desenvolvimento local sustentado na rática No campo das ideias, o DLS é fácil de ser defendido. Já nas práticas pessoal e empresarial, os desafios são grandes, porém não intranspo níveis. Lembrando que o processo de criação de um empreendimento sustentável requer criatividade, inovação, gestão e atitudes, as três 108 109 ! i ------· ll t primeiras características do empreendedor são apontadas como de vital importância para quem vai empreender, enquanto que a última é que vai determinar o caminho a ser seguido, os valores a serem respeitados. Portanto, o que é registrado no plano de negócio torna a ação prática mais facilitada. Em trabalho realizado por Louette (2007, p. 89), que envolveu o Instituto Ethos de Responsabilidade Social, órgãos de classe, sociedade, governo, empresas e outras organizações, foram estabelecidos os cri térios essenciais de responsabilidade social. Desse estudo resultaram sete áreas temáticas e 29 critérios essenciais de responsabilidade social empresarial: I - Direitos humanos I. Respeito aos direitos humanos. II - Direitos das relações de trabalho 2. Associação, sindicalização e negociação coletiva. 3. Não discriminação. 4. Trabalho forçado. 5. Trabalho infantil. 6. Educação e desenvolvimento profissional. 7. Remuneração justa e respeito aos direitos das relações de trabaiho. 8. Segurança, saúde e condições de trabalho. Ili - Proteção das relações de consumo 9. Proteção à saúde e à segurança. 10. Acesso a informações adequadas. Acesso a produtos e serviços. 11. Consumo sustentáveL 12. Direito ao recurso e à reclamação. 13. Respeito à privacidade. 14. Educação do consumidor. IV - Meio ambiente 15. Gestão tlos irnpac.:tos ambientais. 16. Redução, reutilização e reciclagem. 17. Educação e conscientização ambiental. 18. Inovação e tecnologia. V - Ética e transparência 19. Valores e princípios éticos. 20. Concorrência. 21. Divulgação de informações. 22. Cumprimento de obrigações fiscais e legais. 23. Campanhas políticas. 24. Combate à corrupção. VI - Diálogo/engajamento com stalteholders 25. Desenvolvimento ambiental, social e econômico. 26. Governo e sociedade. 27. Comunidade. 28. Cadeia produtiva. VII - Governança corporativa 29. Boas práticas de governança. O DLS não é atribuição somente de pessoas e empresas, mas prin cipalmente do governo, que deve estimular os processos de desenvol vimento da sociedade como um todo, criando condições para que as organizações possam desenvolver suas atividades. Dessa forma, o poder público deve propiciar: - a igualdade de oportunidades para todos, pessoas e empresas, propiciando igualdade de condições de acessibilidade a bens e serviços, à educação, à empregabilidade, à informação e ao conhecimento gerado pela sociedade; - a promoção da cidadania, do bem-estar coletivo, de formas soli dárias de estar e viver, desenvolvendo esses conceitos em escolas e repartições públicas; - o respeito pelo direito ao desenvolvimento de todos, com acessos à educação, à moradia, à saúde pública e ao bem-estar social. As discussões a respeito do meio ambiente não são recentes, embora apenas recentemente tenham sido buscadas explicações para muitos dos problemas atuais em função de características anormais perceptíveis no meio ambiente. Nesse sentido, toda e qualquer ação de pessoas e empresas, no sentido de eliminar as causas dos problemas ambientais, é bem-vinda. Para tanto, os fatores desencadeadores dos problemas ambientais precisam ser amplamente conhecidos e combatidos: aumento das áreas desérticas e da erosão dos solos; desmatamento e destruição de flores tas e hábitats naturais de muitos ecossistemas; extinção de espécies 110 III animais e vegetais; crescimento populacional além da capacidade do planeta; má qualidade de vida e de serviços públicos de saúde; mudanças climáticas; consumo exagerado de recursos naturais, sem programas de reposição e manutenção, principalmente de petróleo e água potável. O desenvolvimento da consciência e da responsabilidade ambientais deve ser gerenciado como se fosse o ciclo de vida de um produto, no qual a criação dos programas deve levar em conta a criatividade, as pessoas e as organizações na busca de alternativas para o problema. Na fase de planejamento, os recursos e a responsabilidade deverão ser atribuídos a todos(sociedade, governo, indivíduos e empresas), cada qual com seu papel. A fase de produção deve ser concebida como a fase de ação, na qual a atuação de todos fará a diferença na execução do plano de trabalho. A distribuição corresponde à etapa de disseminação das melhores práticas de gestão. O consumo consciente de produtos e serviços exige uma mudança de hábitos e cultura de um povo. Quando a consciência ambiental deixa de ser um modismo e passa a ser o que tem de melhor em termos de gestão e postura pessoal, a sociedade como um todo se transforma: as empresas adotam a gestão ambiental como técnica e as pessoas mudam seu comportamento de consumo. O descarte ou a morte do produto representa a necessidade constante de serem repen sadas soluções, visto que aquilo que hoje é a solução para problemas, amanhã pode não ser mais. As condições para o estabelecimento desse compromisso socioam biental envolvem o estabelecimento de responsabilidades muito cla ras de todas as instâncias sociais, sendo que cada uma delas deve se comprometer com o processo de desenvolvimento da consciência e responsabilidade ambiental, agindo com transparência, demonstrando capacidade de ação, reação e inovação. - I • • •A • 11rt.1E11111!1 Ili!! 11Ti111 b1rtt1Htt I IH i [ilfH li� f:1 A questão socioambiental está trazendo à tona novos termos e formas de gestão nas empresas. A eficiência na gestão dos processos produti vos sempre foi alvo de estudos dos mais diversos países e tamanhos de organização. O conceito e a filosofia de gestão, com base na eficiência, permitiram às empresas serem mais competitivas e inovadoras em seus processos, obtendo reduções de custos e aumentos de produtividade acentuados. A responsabilidade ambiental agora faz parte do processo de gerenciamento da eficiência, exigindo das empresas planejamento para a obtenção de matérias-primas sem agressão ao meio ambiente, processos produtivos com gerenciamento de resíduos, sobras e resíduos, acompanhamento, orientação e, muitas vezes, destinação do produto quando do final de sua vida útil. A introdução da filosofia de gestão com base na ecoeficiência está levando as empresas a adotarem a redução, a reutilização e a reciclagem como novas ferramentas de gestão, as quais contemplam os seguintes aspectos: redução no uso de matérias-primas; redução no consumo de energia; redução na produção de resíduos; reutilização de materiais; utilização de materiais reciclados e, principalmente, de materiais reci cláveis; uso máximo de recursos renováveis; aumento da durabilidade dos produtos; aumento da qualidade e possibilidade de reciclagem dos produtos. Entretanto, o estabelecimento dessas ações não garante que proble mas não irão acontecer, e, caso haja algum problema, o empreende dor deve agir de forma ordenada e planejada, enfocando os seguintes elementos: - Plano de ação: caso o negócio trabalhe com a possibilidade de ocorrer um grande problema ambiental, é preciso que a organi zação tenha um plano escrito sobre o que deverá ser feito para orientar as ações das pessoas. - Rapidez: não tentar negar o problema, mas sim demonstrar que sabe o que deve ser feito rapidamente (daí a importância do plano de ação). - Sinceridade e transparência: demonstrar que a empresa sabe o que está fazendo, desculpar-se, assumir a responsabili dade e mostrar os fatos como eles realmente se constituem em posturas recomendáveis. - Acompanhamento do problema e apresentação de resultados: superar as expectativas de todos, sendo justo em suas ações de recuperação e compensação; aprender com os erros, mudando seus processos e forma de atuação. Conjugados a esses elementos, Elkington e Burke (citados por Donaire, 1999, p. 50-51) apresentam os dez passos que uma empresa deve dar rumo à excelência na gestão ambiental: Passo 1: desenvolver e publicar uma política ambiental. Passo 2: estabelecer metas e avaliar os ganhos. Passo 3: definir as responsabilidades ambientais de cada área e do pessoal administrativo. II2 113 -"' ::,. '<::! ..., :::: "'...,"' ::s "' o E "'·-.... o "<::! l "' "<::! t :::: ·S "' • "' 1 .... li r::,_ 1 E ; "' o 1 "<::! o s• "' i "' "<::! • o r' • i § f < ª • 1 l i j• f i 1 k 1 1 ll t Passo 4: divulgar interna e externamente a política, os objetivos, as metas e as responsabilidades. Passo 5: obter recursos adequados. Passo 6: educar e treinar o pessoal, informar os consumidores e a comunidade. Passo 7: acompanhar a situação ambiental da empresa, fazer auditorias e relatórios. Passo 8: acompanhar a evolução da discussão sobre a questão ambiental. Passo 9: contribuir para os programas ambientais da comunidade, inves tir em pesquisa e desenvolvimento aplicados à área ambiental. Passo 10: ajudar a conciliar os interesses existentes entre todos os envol vidos - empresa, consumidores, comunidade, acionistas etc. desenvolvimento local sustentado As discussões em torno da sustentabilidade dos negócios vão desde a consideração de elementos conceituais até o papel do Estado como provedor e controlador das questões socioambientais. Nesse campo, podem-se distinguir três tipos de organizações: 1. As organizações "comprometidas" com o DLS: são aquelas que planejam suas ações a longo prazo, são proativas, trans formam problemas em oportunidades, estão envolvidas com o bem-estar da sociedade, são éticas e têm valores claros e con dizentes com a sua forma de atuação. 2. As organizações que "sobrevivem" ao DLS: são empresas que obedecem à lei, norteiam suas ações pelo mínimo exigido, mudam sob pressão, alardeiam suas ações, escondem-se da fis calização, pois sobreviver é mais importante do que desenvolver uma nova consciência. 3. As organizações que "ignoram" o DLS: são aquelas que não se sentem responsáveis pelos problemas ambientais atuais, socializam seus custos e não seus lucros, exportam proble mas para o meio ambiente e a sociedade, além de praticarem a maquiagem verde (produtos que se dizem ambientalmente corretos, mas que não têm como serem produzidos sem agredir o ambiente. Ex.: extração de minérios). Figura 4.6 - O modelo viciado de desenvolvimento d X�>< Indivíd )( Para aquelas organizações que desejam obter os benefícios dessa nova filosofia de gestão dos negócios, é importante lembrar que trabalhar com oDLS: - promove maior satisfação aos clientes, abre as portas para novos mercados; - melhora a imagem e o desempenho da empresa; - propicia a redução de custos e de riscos para o negócio e, por consequência, melhora a administração; - facilita o acesso ao crédito de organizações governamentais e instituições internacionais de crédito; - estende o ciclo de vida dos produtos e da organização; - propicia a obtenção de certificações nacionais e internacionais ao produto e ao negócio. Nesse cenário, vale lembrar que os resíduos sólidos, líquidos e gaso sos causam danos ao meio ambiente. A legislação brasileira aos poucos está sendo adequada a essa nova realidade, de maneira que a respon sabilidade ambiental dos fabricantes irá alcançar rapidamente a res ponsabilidade pelo pós-consumo de seus produtos. Ou seja, se uma população de um determinado local fica sem abastecimento de água 114 115 -"' ;:. -�.... s:::"' ...."' ::s "' e E"'·-.... e "<:S J. "' "i:::! s s::: "' i "' .... • � a E • i! "' • e i"i:::! e � �•"' "' t "i:::! o � t 1 t < ª • 1 l i j• f i 1 k 1 1 ll t pelo fato de o rio da região ter sofrido processo de assoreamento, devido ao acúmulo de vasilhames PET, será possível responsabilizar as empre sas fabricantes ou utilizadoras dessas embalagens - e até mesmo os consumidores - pela reparação dos danos causados a sociedade. Atualmente, já há legislação farta sobre agrotóxicos, pneus, pilhas, bate rias de telefone celular. Para combater o modelo viciado de desenvolvimento (como ilustra a Figura 4.6), faz-se necessária uma nova postura empresarial, contrária àquela que toma a degradação ambiental como justificativa para desen volvimento de empresas e da sociedade. A falta de punição para aqueles que degradam a natureza, bem como a falta de investimento em educa ção (que perpetua um povo pobre, sem perspectivas de melhoria de vida), fomentadas por governos e empresas que pensam em seus próprios interesses, devem ser substituídas por um modelo de desenvolvimento mais moderno e comprometido com o futuro das gerações vindouras. Atualmente, é necessário quebrar o modelo que permite que empre sas, pessoas e sociedade degradem o meio ambiente, seja por falta de consciência, seja devido à falta de condições básicas de subsistência. Nesse processo, empresas, governos, indivíduos e sociedade agem como rivais, eximindo-se de culpa, enfrentando-se e criando dificuldades para a melhoria das condições básicas da sociedade. No novo modelo de desenvolvimento da sociedade, representado na Figura 4.7, o DLS e a busca de soluções para os problemas da sociedade são analisados de forma mais ampla, com a devida interação entre indivíduos, sociedade, governo, legislação e empresas. Figura 4.7 - O novo modelo de desenvolvimento Nesse modelo, o ponto de partida é o de que o povo, embora carente de elementos essenciais à subsistência, é nobre em intenções, ações, valo res e atitudes e que para mudar querer, basta pensar e fazer diferente. Neurônios trabalhando I. O que significa a expressão lucro a qualquer custo? 2. Explique por que o DLS é um caminho para o empreendedor. 3. Pesquise a respeito da "pegada ecológica" e faça considerações sobre como seus comportamentos, suas crenças, seus hábitos atuais constoem uma pegada ecológica positiva ou negativa em termos de conservação do planeta. 4. Tomando como base o estudo do Sebrae-MG sobre as causas de sucesso e insucesso dos empreendedores, reflita sobre o que você entendeu e aprendeu com essa experiência. Praticando conceitos I. Considere que você faz parte de um grupo de consultores con- tratado por um hotel para implementar um programa de gestão com DLS. Quais medidas seriam propostas? Por quê? 2. Desenvolva uma lista de dez lições para reduzir a "pegada eco- lógica" de seu empreendimento, com conselhos direcionados a empresas para que reduzam o impacto de seus negócios sobre o planeta. 3. Pesquise três casos de empresas nacionais ou estrangeiras que são referências em DLS. Descreva o que elas estão fazendo para contribuírem com o DLS. Comente a respeito dessas iniciativas. 116 117 l t 1 ; 1' r • 1 l k ll Nesta seção, também no final dos capítulos, o leitor é convidado a colo car em prática os novos conceitos, criando ideias, exercitando a cria tividade, inovando em formas, processos e atitudes, demonstrando na prática o aprendizado, também com o objetivo de se evidenciar a reflexão na ação. o Plal'l'2jat1do .t :>be;,-tvra de """ "'9ócl<> o O plal'IO de �9o'cõoJ e.o""'º Çer,-ame,•·,tc11 P8"• � i,:,..- o s-h.o o Suce.uo e ; ... svc.e.N- "O ,e,,.,pree,,de.doris,.,.. ... o A pesq1.4is� de -ercado Planejando o negócio o A l"eclUdack e,,.pr�e.dorõ o A ��-\ão e,,.,pr�endedol'<ll de. ne3óci0S o A hor o\ de plan ej.;)(' o e--"\� e,e,.._di ""t,,,.+o O O pi�"'º de �e<Ol o A � "ª do pi.li"'º de. n�óc..<O\ o Co""Pone.'"'tt.S <!a Afl'e..le-+a� do pia...., de. "'f-ôóc.-oç o Conclusó�\ sob"e. o planeja""'e,...h d12. ne�6c.o$ Nessa altura da caminhada, o empreendedor já sabe qual será seu des tino, conhece o que pretende realizar e precisa, agora, aprofundar-se nessa questão da realização, sabendo o máximo possível de todos os aspectos relacionados ao empreendimento. Mas esse saber, até então, não passou por um planejamento mais profundo e se formou com base em opiniões e percepções pessoais, sem a devida avaliação e estudo. Partir de algumas premissas sem estudo mais aprofundado e verifica ção de sua pertinência no mercado é um dos grandes pecados cometidos pelos empreendedores ansiosos e/ou inexperientes que fazem parte das estatísticas de empresas que não completam muitos anos de vida. Para que isso não aconteça, o empreendedor deve incorporar em sua jornada um momento mais técnico, que requer atenção especial, visto que se trata da concepção do sonho, de modo que possa se tornar algo real, pertinente e efetivo. Porém, partir para o plano de negócios, sem antes verificar se seus pressupostos e definições estão de acordo com as necessidades, percep ções e desejos dos clientes e demais envolvidos, é um erro que muitos cometem. Somente depois de se ter a ideia bem definida (principalmente em relação aos desafios propostos pelo DLS), formatada e colocada em prova no mercado é que se pode partir para o desenvolvimento do plano de negócios. Para Maximiniano (2006, p. 7), o empreendedor precisa ter claro o que seja uma empresa, e a define "como uma iniciativa que tem o objetivo de fornecer produtos e serviços para atender a necessidades de pessoas, ou de mercados, e com isso obter lucro". Essa iniciativa deve ser sólida, articulada e planejada para ter sucesso, para poder assumir um compromisso com a satisfação plena das necessidades de um grupo de clientes ou mercados. Iniciar uma empresa exige conhecimento dos requisitos do cliente ou mercado, exige domínio de quais são e serão os recursos necessários para que o negócio entre em operação, exige entendimento de quais serão os processos de negócios e, principalmente, exige que se tenha domínio de quais os resultados possíveis de serem obtidos com esse empreendimento. Maximiniano (2006), afirma que as empresas são grandes sistemas de recursos, que envolvem pessoas, recursos mate riais, capital, instalações, móveis, tecnologia, entre outros. Entretanto, para ele, a noção mais importante a ser percebida é a de que as "empre sas precisam dominar informações sobre o mercado, a concorrência e muitos outros aspectos de suas operações" (p. 7). Dessa forma, ao empreender um novo negócio, a atividade que pre cede ao plano de negócios envolve a realização de uma pesq ulsa de mercado capaz de testar os pressupostos, definições, diferenciais e resoluções estabelecidas pelo empreendedor. Para Andrade (2010, p. 168), "embora, muitas vezes, possa parecer que você já sabe tudo sobre o assunto (ou fato) e não precisa mais de informações. Esse posiciona mento de 'já sei' poderá ser seu maior inimigo ao fazer uma análise para planejar o marketing de uma empresa". Por mais que o empreendedor tenha domínio do assunto sobre o negócio em que pretende entrar, ele deve ter claro que são os clientes que dizem sim ao produto ou serviço de uma empresa. 120 I2I "' e ·-.., 'C <:s> s::: ... e s::: <::S s::.. e... <::S ... e "1::$ ... "i:::i s::: ... s::.. E e l<::S ....."'... <:s> <::S e ·-.., '<:) <:s>... s::: e e "1::$ s::: <::S ...... s::: <::S l t ·S • 1 li ; 1 s • i • r ' f § f < 1 . 1 O sucesso ou insucesso do empreendedor na abertura do negócio está diretamente relacionado à sua capacidade de planejar o empreendi mento. É preciso que ele conheça suas motivações pessoais, as neces sidades do cliente, a forma como pretende gerar valor para o mercado. Considerando que há basicamente dois tipos de empreendimentos, os motivados por necessidade ou por oportunidade, o que precisa ficar claro aos candidatos a empreendedor é que as dificuldades e os dissa bores na realização do empreendimento serão muitos e constantes, e ainda colocam à prova a vontade de empreender. Logo, a motivação pessoal para o desafio deve ser frequente. Ser um empreendedor é muito mais que ter vontade de chegar ao topo de uma montanha: é conhecer a montanha e o tamanho do desafio; é planejar cada detalhe da subida, saber o que precisa levar e que ferra mentas utilizar; é encontrar a melhor trilha, estar comprometido com o resultado, ser persistente, calcular os riscos, preparar-se fisicamente; é acreditar na própria capacidade e começar a escalada. (Sebrae-MS, 2009) Para tanto, são necessários alguns pressupostos da jornada empreendedora: - Conhecimento: conhecer o negócio é uma atividade simples e, ao mesmo tempo, complexa. Simples porque a obtenção de informações a respeito do negócio nos dias de hoje é facilitada pela internet, pelas associações de classe, pelo Sebrae e outras instituições. Complexa porque, nesse mundo de informações, tudo precisa ser organizado e estruturado, de modo que possa auxiliar na execução do negócio. - Planejamento: representa a estruturação e a sistematização do negócio. É quando o empreendedor detalha suas intenções, objetivos, metas de desempenho, responsabilidades. Em suma, é sua carta de intenções. - Encontrar a melhor trilha: a elaboração de um plano de trabalho não garante resultados sem a ação. A busca do melhor caminho para a realização do negócio envolve redescobri-lo cotidianamente. Muito do que foi planejado não irá acontecer. Novas portas se abrirão, outras se fecharão, mas o importante é não perder a trilha do sonho. - Acreditar na própria capacidade: é impossível ser empreen dedor sem acreditar em si próprio. Muitas das ferramentas que o empreendedor irá precisar para tocar o negócio ainda serão desenvolvidas. A constante metamorfose é característica principal do empreendedor, que consiste em aprender sempre e continuamente, de maneira a internalizar o conhecimento, disseminá-lo e transmiti-lo por todo o negócio. Todas essas ações estão representadas na Figura 5.1. Figura 5.1 - Pressupostos da jornada empreendedora Será utilizado aqui o termo empresário, compreendendo-o como aquele que está agindo em prol da realização de algum objetivo, que pode ser a criação ou a união de empresas, o salvamento de instituições com problemas, novas propostas de produtos ou serviços para organizações já existentes, projetos dentro de instituições públicas ou mesmo em iniciativas do terceiro setor. Assim, não se pode entender o empreen der e a própria figura do empreendedor como sendo apenas como o ato de abrir uma empresa. O empreendedor que empresaria o faz em diferentes contextos, direções e magnitudes. Mas por que ser um empresário? Principalmente para realizar sonhos, uma vez que a caminhada empreendedora tem o objetivo de mudar a realidade, permitir novos planos de voo. Em termos de escalas de realização, empreender um negócio está no topo da pirâmide, de modo que a autorrealização e o status são obtidos quando se realiza o sonho de criar um negócio. O empresário tem independência nas decisões, cria equipes de trabalho, demonstra competência para gerir o negócio, com vistas a modificar o futuro possível de sua família e de si próprio. Maximiniano (2006) alerta para o fato de que o sucesso de uma empresa depende do desempenho das pessoas, dos funcionários e, 122 123 "' e ·-.., 'C <:s> s::: ... "i:::i e s::: <::S - s::.. e... l <::S ... t ·S e • "1::$ 1 ... li "i:::i 1 s::: ; .......... 1 s::.. E ' ... s e • l<::S i ..... "' •... r<:s> ' <::S e • " ·- f .., '<:) § <:s> f ... s::: < e 1 e "1::$ . s::: ª <::S ...... 1 s::: <::S o:: l i j• f i 1 k 1 1 ll t principalmente, da competência gerencial do empreendedor, que deve ser capaz de motivar as pessoas para um bom desempenho na realização de suas atividades, pois são elas que geram a satisfação dos clientes. A jornada empreendedora não é uma tarefa fácil, nem mesmo simples. O Sebrae (2004), em seu programa de formação de empreendedores, lista uma série de desafios a quem deseja abrir o seu próprio negócio: - Trabalho árduo: como empregado, geralmente o indivíduo trabalha oito horas diárias e recebe a remuneração condizente com sua função; como empresário, não tem hora para começar, nem mesmo para terminar, e ainda paga as contas. - Vida pessoal x vida profissional: a compatibilização da vida pessoal com a vida de empresário se torna um grande desafio, uma vez que férias, família e vida social perdem lugar para os compromissos profissionais. A busca constante do equilíbrio se faz necessária. - Riqueza, independência e estabilidade financeira: o sonho de ser dono do próprio negócio pode ser substituído pelo pesadelo de gerenciar clientes, fornecedores, bancos, funcioná rios e governos. O resultado financeiro consistente de um negó cio é conquistado com o tempo, dependendo de ações gerenciais, de competência, de técnica e, inclusive, de sorte. - Realização e satisfação pelo dever cumprido: criar um negócio pode se assemelhar a criar um filho - é o orgulho da família, é o motivo das preocupações de pais e mães; precisa ser educado e orientado para o crescimento; com o tempo, faz a família crescer, enche de orgulho e preocupações a cada passo, deixa os responsáveis realizados e satisfeitos a cada acerto e a cada bom desempenho apresentado. Mesmo depois de crescido e independente, continua sendo o "neném". Realizar sonhos é um grande bônus para todos; porém, a ação de realizá-los é algo que demanda não somente compromisso pessoal, mas também uma sequência de desafios, obstáculos e mudanças que normalmente alteram a vida, a percepção e, até mesmo, as emoções do empreendedor. Portanto, vale lembrar que empreender dá trabalho, envolve riscos, exige muito do empreendedor, mas é também uma forma de crescer como indivíduo, profissional e cidadão. D lano de ne ócios como f err ta ara realizar o sonho 1 li 1 1 O documento que reúne informações a respeito das características e das condições da empresa, do negócio e onde se pretende chegar é chamado de plano de negócios. Ele pode ser usado para nortear as ações dos mais diversos tipos de organizações, tais como: - Pequenas, médias e grandes empresas: não existem limi tações quanto ao tamanho do negócio para a elaboração de plano de negócios. Independentemente do tamanho do empreendi mento, tudo deve ser devidamente planejado. - Indústria, comércio e serviço: em cada ramo de atividade, há características específicas de estudo, de competências específicas a serem desenvolvidas. Com base nisso, pode-se dizer que o plano de negócios é essencial em qualquer um dos casos, visto que seu objetivo é identificar as características do empreendimento e aquilo que é necessário para o seu bom funcionamento e rendimento. - Empresas que estão iniciando, consolidadas ou em reestruturação: um dos objetivos principais da gestão de negócios é construir um caminho para que o negócio seja perene. A elaboração de um plano de negócios é fundamental para a organização, não importando seu estágio no ciclo de vida (nas cimento, crescimento e maturidade), pois consiste em construir a ponte para a realização e a manutenção do sonho ao longo do tempo e implica fixar metas de tempo, estabelecer objetivos, programas e responsabilidades. Quando se elabora um plano de negócios, o intuito é avaliar a oportu nidade percebida. Esta se relaciona às necessidades humanas, que, por sua vez, estão ligadas diretamente às ambições e motivações pessoais. Para que se identifique a oportunidade de negócio, o empreendedor deve se perguntar se existe realmente uma necessidade a ser atendida, se o potencial de lucro do negócio é momentâneo ou duradouro, se existe potencial de crescimento, se a concorrência está estabelecida ou é inexistente. Todos esses questionamentos levam a medir e a pesar a oportunidade, a tomar uma decisão com base em fatos e argumentos defensáveis, ponderando os pontos positivos e negativos do empreen dimento, conforme ilustra a Figura 5.2. I24 125 "' e ·- u 'C <:s> s:::... "i:::i e s::: <::S -s::.. e... l <::S .... t·S e • "1::$ 1 ... li "i:::i s::: ; ...... 1 s::.. E s e • l<::S i ..... "' •... r<:s> ' <::S e • "·- f u '<:) § <:s> f ... s::: < e 1 e "1::$ . s::: <::S ...... 1 s::: <::S o:: l i j • f ll t Figura 5.2 - Pesando a oportunidade Esses questionamentos servem para indicar o risco que se vai correr ao empreender em determinado ramo de negócio. Empreender com sucesso pressupõe correr riscos; porém, estes devem ser calculados, as metas de desempenho precisam ser estabelecidas de forma mensurá vel, específica, possível de ser alcançada, relevante e cronometrada. O planejamento deve prever o registro e o acompanhamento das metas estabelecidas, bem como o momento de desistir do negócio. Empreender sem planejar é uma aventura que até pode dar certo, mas é sempre um voo cego. Os novos negócios nascem de muitas formas. Todavia, o empreen dedor inovador "é capaz de transformar ideias em oportunidades de negócios" (Maximiniano, 2006, p. 21). Ele constrói negócios a partir de ideias ou de produtos, novos ou inexistentes, melhorando e acrescen tando funcionalidades; utiliza-se de competência técnica e criativi dade, observa tendências e novos padrões de comportamento; analisa o mercado, a concorrência, a tecnologia e, principalmente, os clientes. Sucesso e insucesso nos negócios andam juntos, como a vida e a morte, a saúde e a doença. Quanto mais precavido e proativo é o empreendedor, maiores serão as chances de tudo dar certo. Administrar bem o negócio traz consigo as características de bom planejamento, metas bem defi nidas, pessoal motivado, acompanhamento contínuo e incansável do empreendedor empresarial. É preciso juntar experiência e conhecimento com necessidades de mercado. A capacitação do empreendedor para o gerenciamento e funcionamento do negócio é fator fundamental para o sucesso do empreendimento. A busca por conhecimentos básicos de administração (marketing, custos, fluxo de caixa, motivação de pessoas) será a base para a boa administração do negócio. Esses conhecimentos (saber + competência técnica), conjugados às habilidades (saber fazer + experiência) e atitudes (saber agir + competência comportamental), ajudarão o empreendedor a desempenhar bem suas responsabilidades de administrador de um negócio. Ao buscar a formação de competências gerenciais, o empreendedor evitará alguns erros básicos, como fazer o que gosta sem contar com um mercado para isso; fazer o que o mercado quer, mas sem gostar ou conhecer o ramo de negócios. Por isso, precisa se conhecer e, ao mesmo tempo, conhecer o mercado para poder empreender. Para tanto, o empreendedor precisa elaborar planos de negócios que o ajudem a compatibilizar o sonho com a realidade. Para Sertek (2007), o plano de negócios se assemelha ao planejamento de uma viagem: deve-se saber qual é o objetivo, saber onde se está e para onde se quer ir. É necessário traçar um plano de voo, sabendo que obstáculos, chu vas e mau tempo farão parte da trajetória, mas que, sobretudo, existe um instrumento de navegação para enfrentar as adversidades: o plano de negócios. Ele deve colocar pontos a serem revisados antes de cada decisão e, para cada decisão, uma meta a ser alcançada. Para o máximo proveito do plano de negócio, é preciso considerar sua utilidade, que pode se resumida nos seguintes tópicos: - mostra uma sequência lógica de eventos, permitindo o enten dimento dos objetivos do negócio e as responsabilidades pela execução das fases; - serve para a tomada de decisões em relação à continuação do investimento ou à desistência do negócio; - orienta o planejamento do futuro e da ação, estabelecendo pon tos de controle, medidas a serem realizadas; - guia a condução do negócio, indicando o ponto do processo em que o negócio está, como está, qual é seu futuro, forçando o gestor a executar as devidas ações de correção de rumos para o negócio; - comunica ao mercado a postura do negócio, seus valores, sua conduta, sua política de atendimento ao cliente; - serve para avaliar o futuro e o andamento do negócio. Vale lembrar que o fato de um negócio ser bem planejado não é o suficiente para se afirmar que ele dará certo. Porém, ao se elaborar um plano de negócios, formalizando-o, destacam-se todos os pontos 126 I27 "' e ·-.., 'C <:s> s::: ... e s::: <::S s::.. o... l <::S .... t ·S o • "1::$ 1 ... li "i:::i s::: ; ... 1 s::.. E s e • l<::S i....."' • ... r <:s> ' <::S e ·- f .., 'O § <:s> f ... s::: < o 1 "1::$ . s::: <::S ...... 1 s::: <::S Estar feliz Estar feliz é tudo A vida não tem graça sem felicidade O mundo fica escuro e vazio Os dias aborrecidos e longos As pessoas frias e distantes. Mas se a gente está feliz nem as dificuldades parecem tão difíceis pois o mundo é mais estrada do que prisão e viver é sempre uma experiência agradável mesmo quando a experiência não é das mais agradáveis e toda pessoa está sempre de cara boa pra gente, mesmo quando se esforça para demonstrar o contrário ... Estar feliz é tudo e não custa nada. O que custa é viver infeliz por coisas que não valem nada. Geraldo Eustáquio de Souza importantes a serem verificados em sua execução, inclusive as possibi lidades de fracasso, as quais, por vezes, materializam-se de forma que o negócio não possa se tornar realidade. A esse respeito, o Sebrae (2004) sinaliza que a maior causa de "morte" de novos negócios está diretamente relacionada com a falta de planeja mento, seguida de deficiências de gestão e problemas mercadológicos. Portanto, se o plano de negócios é o procedimento pelo qual se elen cam todas as informações a respeito do sonho, é importante que tais informações sirvam para que a ideia seja devidamente apresentada, isto é, ele deve ser o cartão de visitas do empreendedor. Por essa razão, cuida dos devem existir em sua apresentação - tanto em volume e quantidade de dados quanto em relação às pessoas que terão acesso a esses dados. O plano de negócios não é uma garantia de sucesso, mas é uma "tomo grafia computadorizada" da ideia, com possibilidades de um diagnós tico de viabilidade altamente ampliado e uma redução fenomenal do risco envolvido. Mas vale lembrar que ele não tem o poder de trabalhar todas as variáveis - mudanças de leis, novas tecnologias, catástro fes naturais, ou seja, variáveis externas não controláveis, que podem comprometer a efetividade do plano. Contudo, empreender sem um plano de negócios é algo extremamente arriscado e com elevadíssima possibilidade de fracasso. Depois do exaustivo e criativo processo de ter e selecionar ideias, o empreendedor se depara com uma delas "eleita" como foco de seu empreendimento. Tem algumas percepções a respeito dela e de como poderá se tornar vencedora. Essas percepções, na verdade, estabelecem o perfil do negócio, ou seja, dão a ele certos contornos que o tornam mais interessante, viável e/ou competitivo. Disso decorre o grande perigo de se acreditar cegamente nessa per cepção e partir direto para a montagem do plano que irá dar detalha mento, aprofundamento, valores e todos os recursos necessários para a efetivação da ideia. Há o risco de se montar um negócio que o mercado não abarca, rejeita ou considera fora de propósito em termos de preço, produto ou serviço, processos ou mesmo design e forma de atendimento. O empreendedor não pode cometer um erro desses. Ele tem a obriga ção de pesquisar o mercado antes de planejar e agir. Para tanto, precisa coletar a preciosa informação oferecida pelo mercado, a fim de verifi car a validade de seus pressupostos, de suas hipóteses. A contar disso, pode fazer as adaptações e os ajustes necessários para, então, detalhar melhor plano de negócios. Figura 5.3 - Pressupor o que o mercado quer: o erro empreendedor Para Trenzano (1987), a pesquisa de mercado consiste "em um conjunto de técnicas destinadas a obter informação objetiva sobre os fatos do processo de comercialização de um produto". Ao realizarmos uma pes quisa de mercado, estamos perguntando diretamente ao nosso cliente quais são os requisitos mais valorizados por ele; assim, não estamos pressupondo com base em nossas convicções, mas agindo sobre dados concretos, obtidos com o uso de ferramentas e tecnologias adequadas, ou seja, nosso foco é entender quem é o nosso cliente ou mercado. Segundo o Sebrae (2004, p. r), pesquisa de mercado "é a coleta de informações junto ao consumidor, concorrente ou fornecedor para orientar a tomada de decisões ou solucionar problemas de empresários e empreendedores". O Sebrae (2004, p. 1) ainda cita uma definição mais formal de pesquisa de mercado, de acordo com a Associação Nacional de Empresas de Pesquisa de Mercado (Anep): A coleta sistemática e o registro, classificação, análise e apresentação obje tiva de dados sobre hábitos, comportamentos, atitudes, valores, neces sidades, opiniões e motivações de indivíduos e organizações dentro do contexto de suas atividades econômicas, sociais, políticas e cotidianas. Nessa definição, algumas palavras-chave merecem uma reflexão. A expressão coleta sistemática leva à compreensão de que pesquisar o mer cado não é algo que deva acontecer unicamente na época de montagem da empresa. É sempre recomendável verificar o mercado para detectar seu comportamento, gostos e tendências. 128 129 "' e ·-.., 'C <:s> s::: ... "i:::i e s::: <::S -s::.. o... l <::S ... t ·S o • "1::$ 1 ... li "i:::i 1 s::: ; .......... 1 s::.. E ' ... s e • l<::S i..... "' •... r<:s> ' <::S e • " ·- f .., 'O § <:s> f ... s::: < o 1 e "1::$ . s::: ª <::S ...... 1 s::: <::S o:: l i j• f i 1 k 1 1 ll t Outras palavras e expressões importantes são registro, classificação, análise e apresentação objetiva de dados. Essa é a essência da chamada gestão da informação, tema muitas vezes deixado à margem nas competências do empreendedor, que diz respeito a uma competência essencial, não ape nas no momento da pesquisa de mercado, mas no cotidiano do negócio. Destacam-se ainda os termos hábitos, comportamentos, atitudes, valores, necessidades, opiniões e motivações de indivíduos e organizações, o que significa dizer que a pesquisa não é um pequeno e simples questionário. Trata-se de um processo complexo de captação de informações, que exige pre paro e dedicação em sua execução. Por fim, destaca-se o termo contextos, que remete à reflexão de que os alvos da pesquisa podem ser diferen ciados, dependendo do ramo, dos objetivos, do momento e das condi ções ambientais. Alguns negócios podem pedir pesquisa em relação ao consumidor final, aos fornecedores, aos concorrentes, a legislações, aos mercados internacionais etc. Isso quer dizer que, para cada plano empreendedor, configura-se um rol de focos de pesquisa condizentes com as demandas, ameaças e oportunidades relacionadas à ideia. Apesar de ser algo relevante e importante, alguns ainda defendem a ideia de que a pesquisa de mercado é própria para grandes empre sas, e essas pesquisas são caras, complexas e não são compatíveis com pequenos empreendimentos. Mas isso é um engano, visto que qualquer empreendimento pode e deve ser precedido por uma pesquisa de mer cado. O importante é estruturar uma pesquisa que seja capaz de coletar a informação necessária e de modo confiável, a qual precisa ser real, correta e coletada em tempo e local adequado para permitir o avanço do planejamento do empreendimento com maior chance de efetividade. Estudos e obras de referência sobre marketing apresentam conteúdos amplos e profundos sobre o tema "pesquisa de mercado" e merecem ser pesquisados para que se estruturem boas pesquisas. Aqui são aborda dos alguns aspectos relacionados ao assunto para ajudar na compreen são e na montagem de pesquisas de mercado, que estão sintetizados na Figura 5-4. A primeira questão a se definir é o que se espera saber do mer cado. Em outras palavras, quais são os objetivos da pesquisa. Para Santa Maria (2004, p. 15), a pesquisa de mercado consiste em uma "investiga ção daquilo que é considerado como mercado, ou seja, tudo o que se relaciona com clientes e/ou consumidores". Já a pesquisa de marketing é mais ampla e pode englobar aspectos da pesquisa de mercado; porém, também pode ser mais específica e englobar alguns aspectos específicos, como pesquisa de produto, de opinião, de canais de distribuição, de Figura 5.4 - Coletando dados de forma sistemática �, O que quereMoS. sabv? J vir� �s inforrn&çlf(>s? { • I COMO ob-leremos êU i,,fc,,-,..,açóe� J >' Quais os cuidados na el�oração da pe�qui�a? � J Co""o apresen-tort"'o.l os dadol da peS<jui�? 1 � Qual o cart11n� a ser se9111do daqui para fr""+e? hábitos de consumo, entre outras. Esses objetivos estão relacionados com as dúvidas em relação ao cliente e ao mercado. Podem ser objetivos de uma pesquisa: - Identificar quem são ou serão os clientes: sexo, preferên cias, renda, comportamentos de compra, classe social, nível de escolaridade, onde mora etc. Se for outra empresa, vale questio nar o porte da empresa, sua situação financeira, quem são seus clientes, quais os critérios para seleção de fornecedores. - Definir por que os clientes compram o produto ou serviço que se pretende vender: se devido a necessidades fisiológicas (alimentação, sono, sexo, abrigo, saúde); necessi dade de aceitação pelos outros, autorrealização, prestígio e status, segurança física e emocional, razões profissionais, praticidade 130 131 "' o ·- u 'O <:s-, ... i::: ... "l::s o i::: t::s - s:,__ o ... J. t::s ... s o i "l::s ... • "l::s i! ... •... i .... s:,__ E ... � o • •t::s i ..., "' ... r <:s-, t::sº � ·- ' u '<:) • <:s-, t ... s:: < o i o "l::s 5i::: .,, t::s . ;;.- 1 i::: t::s o:: ! i f• 1 i 1 k 1 1 ll t e comodidade, lazer; necessidades técnicas (qualidade, preço, entrega, rapidez, flexibilidade). - Identificar com que frequência as pessoas/empre sas compram esse tipo de produto ou serviço e qual o volume de consumo por pessoa ou empresa por mês: 3 x ao dia x 30 dias = 90 vezes por mês - diariamente; 2 x ao mês - quinzenalmente; r x ao mês - mensalmente; r x ao ano - anualmente; dia das mães, dia dos pais, Natal e Páscoa - oca sionalmente; médico, dentista, exames - periodicamente; auto móveis, eletrodomésticos, móveis e imóveis - de acordo com a disponibilidade ou necessidade. - Determinar quem influencia nesse tipo de compra e por quê: pai, mãe, irmão, parente; gerente financeiro, conta dor, comprador, dono da empresa; moda, colegas, usuário do produto, propaganda. - Identificar de que modo a compra é feita: por impulso, pelo telefone, após pesquisa de mercado, pela conveniência ou pela internet. - Identificar quando a compra é feita: período do dia (café, almoço, jantar), dia da semana, datas especiais, finais de semana, de forma contínua. - Definir quem faz as compras: homem ou mulher, dono da empresa, usuário do produto ou serviço, pai, mãe1 filhos. - Identificar a compra: ver se ela é mais racional ou emotiva. - Identificar onde as compras são feitas: em lojas, por tele- fone, em feiras e eventos, no local de serviço do consumidor, no escritório da empresa, pela internet. - Identificar a satisfação atual do mercado com os forne cedores do produto ou serviço: saber se estão plenamente satisfeitos, satisfeitos, nada satisfeitos, pouco satisfeitos; não há soluções iguais. Considerando todos esses aspectos, é importante que a pesquisa seja feita com o público-alvo almejado, ou seja, aquele que se acredita ser o cliente que tende a adquirir o produto ou serviço, pois somente ele poderá dar as respostas certas. Portanto, para uma boa pesquisa de mercado, é preciso definir o público-alvo, ou seja, identificar quais serão as pessoas ou empresas que irão fornecer as informações para a pesquisa. Para tanto, é necessário estabelecer algumas situações: - A forma de segmentação de mercado que irá utilizar: por região, conveniência, faixa etária, classe econômica, sexo, cor, raça, gostos (ou preferências), nível educacional. - Os benefícios esperados pelo cliente ao comprar o pro duto ou serviço: segurança, conforto, qualidade, preço, serviço, atendimento, tecnologia, status, personalização. - O meio de comunicação/divulgação do produto: embala gem, jornais e revistas, mala direta, outdoor, televisão, internet, networking, fôlderes. - A personalidade dos compradores: de acordo com Dor nelas (2005), a personalidade dos consumidores pode ser dividida em cinco tipos - inovadores (5% da população), primeiros adeptos (10% da população), maioria inicial (35% da população), maioria tardia (35% da população) e retardatários (15% da população). 1 . Inovadores: são aqueles que enfrentam todos os riscos. Geralmente, são jovens e bem educados e possuem grande interesse em novas tecnologias. São bem informados e estão conectados a várias redes sociais, internet e celular. 2. Primeiros adeptos: são considerados como líderes de opinião na comunidade em que vivem e avaliam os fatos de modo cauteloso. Estão abertos a argumentos (desde que bem justificados) e são respeitados pelos demais. 3. Maioria inicial: tentam evitar riscos e agem de maneira deliberada. Só experimentam novos produtos se estes se tornarem populares. 4. Maioria tardia: desconfiados, cautelosos, relutantes. Possuem um "pé atrás" com novos produtos, respondendo apenas à pressão de amigos etc. 5. Retardatários: esperam até o último momento para com prar um produto e ainda hesitam na hora de comprá-lo. O passo seguinte é analisar as possibilidades de obtenção dessas informações. É possível que elas estejam disponíveis em fontes secun dárias de pesquisa: internet, revistas, jornais, livros, associações de classe, câmara de diretores lojistas, associações comerciais; Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE); Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea); Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (Ibope); fundações de pesquisa etc. Portanto, resta consultar a informação disponível, avaliar se ela é confiável, se não está defasada e, caso seja de boa procedência, se é possível utilizá-la para verificar se 132 133 "' e ·-.., 'C <:s> s::: ... "i:::i e s::: <::S -s::.. e... l <::S ... t ·S e • "1::$ 1 ... li "i:::i s::: ; ...... 1s::.. E s e • l<::S i ..... "' •... r<:s> ' <::S e • " ·- f .., '<:) § <:s> f ... s::: < e 1 e "1::$ . s::: <::S . ..... 1 s::: <::S o:: l i j • f ll t as hipóteses e os pressupostos são pertinentes. Porém, isso é muito raro de acontecer. De modo geral, em fontes secundárias são encontradas informações mais genéricas, nem sempre atualizadas e questionáveis em relação à sua atualidade e confiabilidade. Enquanto são preparadas e realizadas pesquisas primárias, pode -se pesquisar em fontes diversas, com vistas a trazer para o espaço de planejamento informações valiosas sobre o mercado e o foco de empreendimento. Figura 5.5 - Definições para a realização da pesquisa Ao se definir que a pesquisa será feita com fontes primárias, o passo seguinte é o de definição do método a ser utilizado. Nesse quesito, há dois caminhos: pesquisas quantitativas e pesquisas qualitativas. O método de pesquisa quantitativa é mais utilizado quando se quer resultados absolutos na pesquisa, percentuais de respostas positivas ou negativas para determinadas situações ou características do produto, serviço ou negócio. Nesse modelo de pesquisa, a amostragem utilizada deve ser sempre representativa da população que se quer conhecer, representada pelo público-alvo do negócio, do qual se quer medir e conhecer opiniões, hábitos, reações e sensações provocadas pelo produto/serviço oferecido. A pesquisa pode ser realizada mediante entrevista pessoal (questio nário), correspondência, e-mail ou telefone. Quanto mais direta for a forma, maiores são a rapidez e a confiabilidade, porém isso implica um aumento dos custos. É preciso avaliar bem a relação custo-benefício para a escolha do meio de aplicação da pesquisa. Por se tratar de um método com base estatística, é necessário que o pesquisador se atenha a critérios matemáticos para o estabelecimento de uma amostragem confiável. Realizar uma pesquisa com uma amostra pouco representativa do universo disponível pode levar a resultados pouco confiáveis, que irão disponibilizar ao empreendedor informações que podem comprometer o futuro dos negócios. Portanto, é importante conhecer mais sobre a coleta de amostras confiáveis. Para definir a amostra, o primeiro passo é estabelecer o tamanho do universo, ou seja, definir o número de clientes (público-alvo) que o empreendimento busca atender. Quanto maior for esse número, maior deverá ser a amostra para que exista consistência estatística na pesquisa. Em seguida, é necessário que se defina o erro amostral da pesquisa. Esse percentual depende muito do tipo de negócio que está motivando a pesquisa e indica se a variação dos resultados e sua amplitude é coe rente com o tipo de produto/serviço. O passo seguinte é o de distribuição da população. Isso quer dizer que quanto mais genérico for o público, maior tende a ser o tamanho da amostra. Por exemplo, considerando que o público-alvo da pesquisa é a classe econômica A e B, com idade entre 26 e 40 anos, em uma cidade como Curitiba, pode ser que esse número esteja na casa de 250 mil pessoas. A amostra desse universo seria bem maior do que a desse público nos três ou quatro bairros mais próximos do ponto em que o negócio seria estabelecido. Nesses bairros, a população-alvo se reduz para 10% a 15% desse universo e, portanto, a amostra será bem mais focada e menos expressiva. Considerando o nível de confiança, o erro amostral e a distribuição da população (split) de modo mais extenso e detalhado, tem-se a seguinte representação, ilustrada na Tabela 5.1: Tabela 5.1 - Nível de confiabilidade de pesquisa Nível de confiança= 95% População Erro amostral = Erro amostral= Erro amostral = +/-3% +/- 5% +/- 10% SPLIT SPLIT SPLIT SPLIT SPLIT SPLIT 50/50 80/20 50/50 80/20 50/50 80/20 100 92 87 80 71 49 38 250 203 183 152 124 70 49 500 341 289 217 165 81 55 750 441 358 254 185 85 57 (continua) 134 135 "' e ·- u 'C <:s> s::: ... e s::: <::S s::.. e... l <::S ... t ·S e • "1::$ 1 ... li "i:::i s::: ; ... 1 s::.. E s e • l<::j i ..... "' • ... r <:s> ' <::S e ·- f u '<:) § <:s> f ... s::: < e 1e "1::$ . s::: <::S ...... 1 s::: <::S (Tabela 5.1- conclusão) Nível de confiança= 95% I.000 516 406 278 198 88 58 2.500 748 537 333 224 93 60 5.000 880 601 357 234 94 61 I0.000 964 639 370 240 95 61 25.000 1.023 665 378 243 96 61 50.000 1.045 674 381 245 96 61 100.000 1.056 678 383 245 96 6I I.000.000 I.066 678 383 245 96 61 I.000.000.000 1.067 683 384 246 96 6I Fonte: Gomes, 2005, p. 31. Segundo Gomes (2005), ao se considerar um nível de confiança na ordem de 95%, as chances de serem obtidos dados iguais nessa pesquisa, se ela for repetida, é bastante alta. Além disso, é importante observar que: - cada pesquisa pede um erro amostral diferente, que pode ser de 3%, 5% ou 10%; quanto menor, melhor, mas a amostra será maior e, logicamente, a pesquisa será mais ampla e onerosa. - faz-se necessário definir um split a ser utilizado, que representa a homogeneidade do universo a ser pesquisado; um split 80/20 indica uma amostra mais homogênea, com respostas mais confiáveis. Com base nesses elementos, determina-se a população que corres ponde a 100% do público-alvo. Pode-se analisar o exemplo com base nos seguintes dados: - População do bairro XYZ = 25 mil habitantes - Nível de confiança da pesquisa= 90% - Split = 50/50 - Tamanho da amostra = 96 entrevistas ou questionários a serem aplicados. Para entender o cálculo, é importante realizar os seguintes passos: a. na primeira coluna da tabela, identifica-se o tamanho da população; b. na sequência, identifica-se o erro amostral ou nível de confiança a ser usado; há três colunas na tabela, e, nesse caso, erro de ro% ou nível de confiança de 90%; c. na sequência, identifica-se o split 50/50 e, na linha do tamanho da população, encontra-se o tamanho da amostra correspondente. Alguns cuidados são importantes na realização e na aplicação do instrumento de pesquisa. Entre eles, destacam-se os seguintes critérios: - se o seu público-alvo tem idade entre 20 e 46 anos, as entrevistas devem ser realizadas com pessoas dessa faixa etária; - o local para aplicação do instrumento deve ser condizente com o local onde o empreendimento será montado ou condizente com o público-alvo; - o instrumento de pesquisa deve ser aplicado respeitando-se sem pre os mesmos critérios de
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