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CIÊNCIAS DO SOLO E FERTILIDADE Raquel Finkler Princípios básicos de fertilidade Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Definir os conceitos básicos de fertilidade. Apontar os principais componentes da análise química do solo. Reconhecer as principais formas de interpretação de análise química do solo. Introdução A fertilidade do solo se relaciona à possibilidade de ele sustentar a pro- dução agrícola e pecuária com resultados otimizados. Para definir se um solo é fértil, é importante determinar parâmetros químicos que permitem identificar a concentração de substâncias no meio. Isso contribui para que os técnicos da área indiquem as medidas corretivas (adição de corretivos e fertilizantes) que podem melhorar a fertilidade do solo. Neste capítulo, você vai estudar os principais conceitos relacionados à fertilidade do solo. Além disso, você vai ver como interpretar os resultados das análises químicas de determinação da fertilidade. Conceitos de fertilidade A fertilidade do solo envolve a disponibilização de nutrientes para o desenvol- vimento adequado de culturas. Lopes e Guilherme (2007) afi rmam que uma boa condição de funcionamento do solo garante a produtividade. Além disso, contribui para a preservação de serviços ambientais, como fl uxo e qualidade da água, biodiversidade e equilíbrio dos gases atmosféricos. A fertilidade do solo pode ser conceituada como: A capacidade do solo de fornecer quantidades suficientes e proporcionadas de elementos químicos essenciais (nutrientes) e água necessários para o cresci- mento ótimo de plantas específicas, conforme o determinado pelos atributos químicos, físicos e biológicos do solo (FAIRHURST, 2014, documento on-line). Guerra (2015) afirma que as condições de fertilidade do solo são estudadas há milhares de anos. Lopes e Guilherme (2007) conta que a fertilização de solos surgiu no período em que o homem deixou as atividades nômades e passou a se estabelecer em áreas definidas. Referências mencionam que em 2500 a.C. já havia relatos sobre a fertilidade da terra e a sua relação com a produtividade em algumas áreas da Mesopotâmia, o que levou a um acréscimo na colheita (LOPES; GUILHERME, 2007). Ainda conforme o mesmo autor, o historiador Heródoto relatou, cerca de 2.000 anos mais tarde, produtividades significativas na mesma região, muito possivelmente devido a sistemas de irrigação avançados e solos com alta fertilidade. A seguir, você pode ver como a fertilidade é classificada (GUERRA, 2015; TONHOLI, 2018). Fertilidade natural: decorrente do processo de formação do solo. Corresponde a um solo nunca lavrado, incluindo o material de origem, o ambiente em que está inserido, os organismos e o tempo. Fertilidade atual: posterior à ação antrópica, obtida por meio de práticas de manejo que visam a fornecer nutrientes e/ou correção para as culturas. Fertilidade potencial: pode se manifestar a partir de determinadas condições. Ou seja, alguns fatores podem impedir a capacidade real da área de liberar nutrientes para as plantas. Fertilidade operacional: determinada a partir de estimativas de teores de nutrientes no solo por determinados extratores químicos. Outro aspecto importante é diferenciar um solo fértil de um solo produtivo. Nesse sentido, Ronquim (2010) afirma que solo fértil é aquele que contém quantidades suficientes e balanceadas de todos os nutrientes essenciais em forma assimilável. Já um solo produtivo, segundo o mesmo autor, é aquele que, sendo fértil, localiza-se em uma zona climática capaz de proporcionar umidade, nutriente e estrutura para o desenvolvimento de culturas (RONQUIM, 2010). Além disso, Guerra (2015) afirma que um solo produtivo é um solo fértil, entretanto o contrário não é verdade. O autor comenta que um solo produtivo Princípios básicos de fertilidade2 (que também é um solo fértil) contém nutrientes na quantidade adequada para o desenvolvimento de plantas e está livre de substâncias tóxicas. Por fim, a fertilidade solo pode ser proveniente de causas naturais ou da adição de nutrientes. Lopes e Guilherme (2007) comentam que mesmo os solos férteis podem transformar-se em solos de baixa fertilidade. Isso é consequência, segundo os autores, da ação antrópica (manejo inadequado) ou de causas naturais, como gênese do solo e intemperismo. A fertilidade potencial não é exatamente a fertilidade natural ou a atual; ou seja, um solo pode ter baixa produtividade ainda que seja fértil. O Brasil possui uma geografia rica, com solos que têm diferentes níveis de fertilidade. Segundo Borsari (2018), os principais tipos de solos encontrados no Brasil possuem baixa fertilidade, alta acidez e elevados teores de alumínio. Isso os torna limitantes quanto ao desenvolvimento das raízes em profundidade. Contudo, eles possuem boas condições para o uso agrícola, pois estão associados a uma boa permeabilidade (BORSARI, 2018). O mesmo autor ainda afirma que os solos brasileiros apresentam alto potencial agrícola, dadas as suas condições físicas e os seus relevos mais suaves. Assim, eles são utilizados principalmente para a produção de soja, milho, arroz, cana-de-açúcar, eucaliptos, entre outros. Esses solos, contudo, possuem limitações relacionadas à baixa fertilidade e à retenção de umidade — especialmente quando têm texturas mais grosseiras e se localizam em climas mais secos (BORSARI, 2018). Análises para a determinação da fertilidade do solo A realização de análises químicas permite identifi car as condições nutricionais do solo para a implementação de uma cultura. Assim, Ronquim (2010) comenta que a avaliação da fertilidade química do solo permite a determinação de quantidades e tipos de fertilizantes e corretivos que devem ser aplicados para a manutenção e a recuperação da produtividade. De acordo com Cardoso, Fernandes e Fernandes (2009), a análise de solos é o método que permite conhecer a capacidade de um solo para suprir nu- 3Princípios básicos de fertilidade trientes para as plantas. Ela é uma forma simples, econômica e eficiente para o diagnóstico e para a recomendação da quantidade adequada de corretivos e fertilizantes a serem aplicados. Os autores indicam ainda como aspectos favoráveis das análises de solo: o baixo custo e a rapidez de obtenção de dados; o planejamento da compra de corretivos e fertilizantes; a racionalização dos gastos com insumos e mão de obra; a prevenção de desequilíbrios nutricionais; a mitigação de danos ambientais, em especial os relacionados à conta- minação de água por fertilizantes. As amostras de solo devem ser enviadas para laboratórios capacitados e habilitados para a realização das determinações químicas. Os laboratórios devem ter sistemas de qualidade que garantam a confiabilidade das análises. De acordo com Prezotti e Guarçoni (2013), os processos e métodos de laboratório são realizados com exatidão, sendo que a qualidade pode ser ratificada por meio de amostras-padrão e programas de controle. As análises químicas permitem identificar as necessidades do solo. Portanto, elas são fundamentais para a verificação das condições antes do cultivo de uma lavoura. Assim, a adesão de um laboratório a programas de qualidade garante que as análises realizadas reproduzam as condições em campo. No Brasil, a Rede Oficial de Laboratórios de Análise de Solo e de Tecido Vegetal dos Estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina (ROLAS) foi a primeira rede de laboratórios de solo, criada em 1968. Para saber mais, acesse o link a seguir. https://goo.gl/3TjWNV Para a determinação da fertilidade do solo, indica-se analisar as concen- trações listadas a seguir (GUERRA, 2015; INSTITUTO DA POTASSA & FOSFATO, 1998). Macronutrientes primários: referem-se aos nutrientes que as plantas utilizam em quantidades relativamente grandes, como fósforo (P), nitrogênio (N) e potássio (K). Princípios básicos de fertilidade4 Macronutrientessecundários: são utilizados em quantidades menores pelas plantas, mas importantes para a fertilidade, como cálcio (Ca), enxofre (S) e magnésio (Mg). Micronutrientes (ou elementos-traço): da mesma forma que os macro- nutrientes secundários, suas quantidades são menores, mas as plantas eventualmente precisam deles. São eles: boro (B), cloro (Cl), cobre (Cu), ferro (Fe), manganês (Mn), molibdênio (Mo) e zinco (Zn). A seguir, você vai ver os principais métodos e as particularidades da determinação dos macronutrientes citados. Você deve notar que o procedi- mento para a determinação de compostos químicos no solo é composto por duas fases: extração e quantificação. Assunção e Silva (2012) comentam que a extração é realizada por meio da homogeneização da amostra com soluções extratoras. Na sequência, ocorre a decantação ou filtração, em que o extrator permite que as formas extraíveis de teor trocável do nutriente sejam deslocadas para o sobrenadante. Essa parcela (sobrenadante) é que será utilizada para a determinação da concentração do elemento químico desejado. Dependendo da análise realizada, diferentes extratores devem ser utilizados. Extratores distintos de um mesmo elemento resultam em dados diferentes e pouco comparáveis entre si. Portanto, é importante saber o extrator químico ao qual o dado de análise se refere e os teores relativos ao método (ROSSETO; SANTIAGO, 2010). Fósforo Segundo Raij (1981), o fósforo encontra-se na forma de ânions ortofosfato. Segundo o mesmo autor, o fósforo encontra-se combinado em compostos de ferro, alumínio e cálcio, bem como na matéria orgânica. Por fi m, os compostos inorgânicos de fósforo são condicionados pelo pH e pelos minerais na fração de argila. No Manual de Métodos de Análises de Solo publicado pela Embrapa (DO- NAGEMA et al., 2011), consta que o fósforo pode ser solubilizado em extrato sulfúrico, o que resulta na sua concentração total, ou pode ser determinado o fósforo assimilável (teor utilizado pelas plantas), por meio da formação do complexo fósforo-molíbdico, determinado por espectrofotômetro UV/visível (colorímetro). Os extratores utilizados para essa análise são: Mehlich 1, Bray 1, resina trocadora de ânions e Mehlich 3. 5Princípios básicos de fertilidade Nitrogênio O nitrogênio é um macronutriente que pode ser encontrado como cátion, na forma de amônio, e como ânion, na forma de nitrato (RAIJ, 1981). Quanto à determinação desse elemento, a Embrapa (DONAGEMA et al., 2011) afi rma que estão em jogo duas técnicas. São elas: o método Kjeldahl por câmara de difusão e o método Kjeldahl por destilação a vapor. O princípio se baseia na conversão em sulfato de amônio em meio ácido. Posteriormente, em meio alcalino, o sulfato de amônio libera amônia, sendo complexado em solução de ácido bórico contendo indicador, e sendo fi nalmente determinado por titulometria com ácido. Potássio O potássio pode ser encontrado no solo na forma de cátions (RAIJ, 1981). Ele não integra compostos orgânicos nas plantas e tem como principal função o metabolismo vegetal (INSTITUTO DA POTASSA & FOSFATO, 1998). Prezotti e Guarçoni (2013) citam como extratores de potássio o extrator Mehlich 1 e a resina de troca iônica. Após a extração, os teores desse elemento são determinados via espectrofotômetro de absorção atômica. Cálcio e magnésio Da mesma forma que o potássio, o cálcio se apresenta no solo como cátions (RAIJ, 1981). Prezotti e Guarçoni (2013) afi rmam que o cálcio (Ca+2) e o magnésio (Mg+2) estão relacionados à acidez do solo. Assim, baixos teores ocorrem em solos ácidos, enquanto maiores teores desses elementos indicam solos de boa fertilidade. Silva (1999 apud ASSUNÇÃO; SILVA, 2012) afirma que os processos utilizados para a quantificação de cálcio e magnésio trocáveis são a titulação com o emprego do ácido etilenodiaminotetracético (EDTA 0,025 mol.L–1) e a posterior determinação com espectrofotometria de absorção atômica. Enxofre O enxofre é um elemento que pode ser facilmente alterado por meio do ma- nejo do solo ou com a precipitação pluviométrica. Seu maior teor ocorre nas camadas inferiores do solo (PREZOTTI; GUARÇONI, 2013). Princípios básicos de fertilidade6 Teixeira et al. (2017) comentam que a dinâmica do enxofre no solo envolve uma série de reações de oxirredução, mineralização, imobilização e adsorção de sulfato nos coloides. Assim, a complexidade dessas reações dificulta a avaliação da disponibilidade de enxofre. Os autores mencionados afirmam que o método de determinação do elemento se inicia com o tratamento da amostra com ácido e envolve também a precipitação com cloreto de bário (BaCl2), a calcinação do composto resultante e a determinação gravimétrica do precipitado. Além desses nutrientes, é importante salientar a relevância da matéria orgânica e do pH para a fertilidade dos solos. No caso da matéria orgânica, sua presença mantém o meio em equilíbrio, podendo contribuir para o aumento da fertilidade, uma vez que favorece a absorção de nutrientes e água pela planta. Já o pH pode interferir na disponibilidade de nutrientes no solo. A seguir, você vai ver métodos para a determinação desses dois parâmetros. Matéria orgânica Segundo Cunha, Mendes e Giongo (2015), a maior parte da matéria orgânica provém dos organismos vegetais em decomposição. A matéria orgânica é considerada um dos indicadores de qualidade do solo, pois exerce efeitos sobre: retenção de água no solo, formação de agregados, densidade, pH, capacidade tampão, capacidades de troca catiônica (CTC), mineralização, sorção de metais pesados, pesticidas e agroquímicos, infi ltração, aeração e atividade microbiana. A determinação do teor de matéria orgânica pode ocorrer por meio de métodos diretos e indiretos. O método de determinação direta refere-se à calcinação da matéria orgânica a 500ºC. Já o método indireto se baseia na oxidação da matéria por via úmida com dicromato de potássio em meio ácido e posterior titulação com solução de sulfato ferroso amoniacal. Esse método é conhecido como Walkley-Black. O resultado é expresso na forma de carbono orgânico (DONAGEMA et al., 2011). Para determinar o teor de concentração de matéria orgânica no solo, você deve mul- tiplicar o resultado obtido na determinação de carbono orgânico pelo fator de 1,724, que se refere à composição média do húmus no solo, 58% (PREZOTTI; GUARÇONI, 2013). 7Princípios básicos de fertilidade pH De acordo com o Instituto da Potassa & Fosfato (1998), o pH do solo mede a atividade de íons de hidrogênio, expressos em termos logarítmicos. Isso signifi ca que uma unidade de mudança de pH do solo representa alteração de dez vezes do grau de acidez ou de alcalinidade do solo. Prochnow (2014) comenta que o pH indica o nível de acidez que uma planta encontra ao crescer em um solo. Quando utilizado isoladamente, não é um bom indicador da necessidade de calagem. O método para a determinação de pH é o potenciométrico. A amostra pode ser diluída em água ou cloreto de cálcio. É importante você perceber também que o pH influencia a disponibilidade de nutrientes. Observe a Figura 1. Figura 1. O pH e a disponibilidade de nutrientes no solo. Fonte: Instituto da Potassa & Fosfato (1998, documento on-line). Princípios básicos de fertilidade8 Interpretação de dados Os resultados obtidos nas determinações químicas devem ser interpretados com relação a valores críticos estabelecidos na literatura. A interpretação de resultados busca verifi car o grau de sufi ciência de nutrientes e quantifi car con- dições adversas às plantas — acidez, salinidade, toxicidade, teor de nutrientes, entre outros (ARRUDA; MOREIRA; PEREIRA, 2014). De acordo com Cardoso, Fernandes e Fernandes (2009), as tabelas com as classes de interpretação de dados podem variar em função dos métodos de extração utilizados pelo laboratório prestador de serviços. Dessa forma, têm-se os níveis de fertilidade e, a partir desses dados, é possível definir as quantidadesde corretivos e fertilizantes. Segundo a Coelho et al. (2008), para que os resultados das análises de solo e a sua interpretação sejam fidedignos, são necessárias correlações entre os valores obtidos por um método de extração e a resposta de culturas à adubação ou à calagem em condições de campo. Dessa forma, são desen- volvidos estudos na fase de correlação e na fase de calibração de métodos de análise de solo. Na correlação, são avaliados diferentes tipos de extratores. São seleciona- dos os que mais se aproximam do método padrão, que é a quantidade de um dado nutriente absorvida e acumulada pelas plantas (COELHO et al., 2008). Já na calibração são definidos os níveis críticos e as doses dos nutrientes a serem aplicados. Conforme Sobral et al (2015), nos resultados de análises de solos é utilizado o Sistema Internacional de Unidades, como você pode ver no Quadro 1. Determinação Anterior Atual Fator pH Adimensional -- -- M. O. % g dm-3 x 10 P.S.K Micros ppm mg dm-3 igual K mg dm-3 cmolcdm -3 /391 Ca. Mg. K. Al meq (100 cm-3) mmolcdm -3 x 10 Quadro 1. Unidades para a expressão dos resultados de análises de solo (Continua) 9Princípios básicos de fertilidade Para a análise dos macronutrientes, é importante determinar o tipo de extrator, visto que ele deve simular como as raízes da planta reagiriam. O resultado dessas análises permite avaliar a necessidade de calagem e adubação do solo. Observe o Quadro 2. Nele, você pode ver um exemplo de classes de interpretação para fósforo em função da cultura e do fósforo remanescente. Essa análise foi realizada pelo método Mehlich 1. Cultura P remanescente Baixo Médio Alto mg/L mg/dm3 Perene < 20 < 5 5 – 10 > 10 20 – 40 < 10 10 – 20 > 20 > 40 < 20 20 –30 > 30 Anual < 20 < 20 20 – 40 > 40 20 – 40 < 40 40 – 60 > 60 > 40 < 60 60 – 80 > 80 Hortaliça < 20 < 30 30 – 60 > 60 20 – 40 < 60 60 – 100 > 100 > 40 < 100 100 – 150 > 150 Quadro 2. Calssificação de fósforo em função da cultura de plantio Fonte:Sobral (2015, documento on-line). Determinação Anterior Atual Fator Ca. Mg. K. Al meq (100 cm-3) cmolcdm -3 igual CTC: H + Al meq (100 cm-3) cmolcdm -3 igual V % % -- Quadro 1. Unidades para a expressão dos resultados de análises de solo (Continuação) Princípios básicos de fertilidade10 No Quadro 2, você pode observar que cada cultura apresenta um teor de P. Esse é o teor “disponível” para as culturas. As faixas de teor são utili- zadas como referência para indicar a disponibilidade do nutriente e auxiliar nos cálculos que indicam quanto fertilizante deve ser aplicado ao solo para a máxima eficiência das culturas (PREZOTTI; GUARÇONI, 2013). Na análise química de micronutrientes em solos, o tipo de extrator utilizado também é fundamental para a interpretação dos dados de disponibilidade de micronutrientes. Contudo, segundo Prezotti e Guarçoni (2013), a análise de micronutrientes apresenta limitações que dificultam a avaliação da sua disponibilidade no solo. As principais limitações são: baixos teores extraídos, teor de argila presente no solo e teor de matéria orgânica no solo. Ainda é possível realizar a classificação química por meio da análise de pH. No Quadro 3, você pode ver a classificação química, bem como a classificação agronômica do pH no solo. Você deve notar que o pH varia ao longo do tempo, alterando seu valor conforme o manejo do solo, os cultivos sucessivos e as adubações. Fonte: Adaptado de Prezotti e Guarçoni (2013, documento on-line). Classificação química Acidez muito elevada Acidez elevada Acidez média Acidez fraca Neutra Alcali- nidade fraca Alcali- nidade elevada < 4,5 4,5 – 5,0 5,1 – 6,0 6,1 – 6,9 7,0 7,1 – 7,8 > 7,8 Classificação agronômica Muito baixo Baixo Bom Alto Muito alto < 4,5 4,5 – 5,4 5,5 – 6,0 6,1 – 7,0 > 7,0 Quadro 3. Classificação química e agronômica de pH Por fim, Prezotti e Guarçoni (2013) afirmam que o teor de matéria orgânica do solo é um indicativo do seu potencial produtivo. Afinal, solos com altos teores apresentam maior capacidade de fornecimento de nutrientes às plantas. 11Princípios básicos de fertilidade ARRUDA, M. R.; MOREIRA, A.; PEREIRA, J. C. R. Amostragem e cuidados na coleta de solo para fins de fertilidade. Manaus: EMBRAPA Amazônia Ocidental, 2014. ASSUNÇÃO, D. B.; SILVA, F. A. N. Análises químicas do solo e o controle de qualidade dos laboratórios. Revista Trópica: Ciências Agrárias e Biológicas, Boa Vista, v. 6, n. 3, p. 120-136, 2012. BORSARI. G. Solo brasileiro necessita de cuidados específicos. [2018]. Disponível em: <http://ruralcentro.uol.com.br/analises/solo-brasileiro-necessita-de-cuidados-espe- cificos-4872>. Acesso em: 30 out. 2018. CARDOSO, E. L.; FERNANDES, A. H. B. M.; FERNANDES, F. A. Análise de solos: finalidade e procedimentos de amostragem. Corumbá: EMBRAPA, 2009. (Comunicado Técnico, 79). COELHO, A. M. et al. Planejamento da adubação e calagem. 2008. 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